Aula 05 PAR - Moscas, Piolhos, Ácaros e Carrapatos
Aula 05 PAR - Moscas, Piolhos, Ácaros e Carrapatos
Aula 05 PAR - Moscas, Piolhos, Ácaros e Carrapatos
Parasitologia
Elaboração: Prof. Dr. Alexandre Castelo Branco
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Parasitoses causadas por moscas, piolhos, ácaros e carrapatos 2
Parasitologia
Elaboração: Prof. Dr. Alexandre Castelo Branco
Bicheira: A mosca Cochliomyia hominivorax pousa na pele ferida e coloca de 200 a 300 ovos, que
se transformam em larvas em apenas 24 horas e que se alimentam dos tecidos vivos ou
mortos. Após esse período elas caem e se escondem no solo em forma de pupa, que após alguns
dias darão origem à novas moscas.
Berne: A mosca Dermatobia hominis coloca uma larva na pele e após cerca de 7 dias e penetra
ativamente pela pele onde permanecerá por cerca de 40 dias se alimentando dos tecidos vivos ou
mortos. Após esse período ela cai e se esconde no solo em forma de pupa, que após alguns dias
dará origem à uma nova mosca. A larva mantém um orifício aberto na pele por onde consegue
respirar, e por isso, ao cobrir essa abertura, a larva pode morrer.
Esse tipo de infestação pode afetar o homem e também os animais domésticos, gado,
ovinos e caprinos, por exemplo, e também é possível haver bicheira e berne ao mesmo tempo,
principalmente nos animais que não são diariamente inspecionados.
Os sintomas da miíase humana podem surgir em qualquer local do corpo, inclusive nos
olhos, ouvidos, boca ou nariz, causando grande desconforto. Seus principais sinais são:
Bicheira: Ferida aberta na pele, de tamanho variável, cheia de pequenas larvas e mau cheiro no
local, podendo causar hemorragias graves, quando se proliferam nas cavidades.
Berne: Ferida de 2-3 cm na pele, aberta, com pus e líquidos. Ao pressionar pode-se ver a larva
branca no local.
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Nos casos mais graves, pode ser necessário fazer uma pequena cirurgia para fazer um corte
na pele e alargar o orifício, permitindo retirar a larva. Além disso, quando a lesão é muito extensa
pode também ser necessária a realização de cirurgia plástica para reconstituição do tecido.
A profilaxia das miíases se baseia no tratamento dos animais infectados e na prevenção das
infecções, como proteger feridas ou cortes que poderiam atrair as fêmeas de moscas para
postura. Como é muito frequente a presença da berne em animais de criação, especialmente
bovinos, uma medida preventiva, inclusive contra infecções humanas, é o tratamento das miíases
nos animais, o que diminuiria a população de moscas no local.
As moscas domésticas também podem apresentar importância na saúde humana por se
alimentarem de matéria orgânica em decomposição, inclusive fezes, e transportarem bactérias,
cistos de protozoários e ovos de helmintos. Por isso, uma das medidas profiláticas contra as
doenças veiculadas por esses agentes é a proteção de alimentos contra os insetos. As moscas
domésticas podem ser muito prejudiciais em ambientes hospitalares, pois, como pousam em
vários ambientes, podem carrear microrganismos e podem ser fonte de infecção hospitalar. Assim,
nesses ambientes deve-se implementar o máximo de proteção contra esses insetos: combater
seus criadouros, acondicionar os resíduos adequadamente, telar janelas e manter o ambiente
limpo.
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PIOLHOS:
A ordem Anoplura agrupa todos os insetos conhecidos como piolho. Esses insetos não têm
asas e são ectoparasitos (parasitos que vivem na pele/pelos do hospedeiro) de mamíferos e aves.
Três espécies de piolho podem parasitar o homem:
Pediculus capitis, ou piolho-da-cabeça;
Pediculus humanus, ou piolho-do-corpo;
Pthirus pubis, ou piolho-do-púbis, conhecido popularmente como “chato”.
Pediculose da cabeça:
Agente etiológico: Pediculus capitis
Essa espécie é muito comum em todo o território nacional, principalmente entre crianças
na idade escolar. São insetos sem asas que se alimentam exclusivamente de sangue por toda sua
vida. Seu ciclo de desenvolvimento é do tipo hemimetábolo, ou seja, apresentam os estágios de
ovo, ninfa e adulto. Após a cópula, as fêmeas põem seus ovos na base do cabelo ao qual são
aderidos por uma substância excretada pela fêmea. O ovo do piolho preso ao fio de cabelo é
conhecido como lêndea.
Vários métodos de controle de piolhos são citados na literatura, mas deve-se incentivar
principalmente a catação manual ou com auxílio de pente fino. Há outros métodos que podem ser
utilizados: ar quente, o qual mata as fêmeas, e os inseticidas, que devem ser utilizados com
cautela, devido ao risco de intoxicação. O ideal são os xampus, que devem ser aplicados na cabeça
da criança, deixá-los agir por alguns minutos e enxaguar a cabeça para retirar o produto. É
completamente desaconselhável colocar algum produto na cabeça da criança e deixá-lo a noite
inteira para somente retirá-lo de manhã.
Um fator que atrapalha muito o controle desse parasita é o estigma que a pediculose
apresenta. O piolho é tido como um animal asqueroso ou nojento e sua presença relacionada com
sujeira no cabelo. Por isso, a criança esconde o fato de estar com piolhos, a mãe não avisa os
professores e assim por diante, o que atrapalha o controle.
A catação do piolho deve ser incentivada pelos professores para que seja realizada em casa
pelos pais, e recomendam-se atividades educativas sobre o assunto em sala de aula. O estigma
quanto à pediculose é tão grande que muitos estudantes, quando ouvem falar, sentem coceira na
cabeça e se imaginam com piolhos.
Pediculose do corpo:
Agente etiológico: Pediculus humanus
É morfologicamente idêntico ao P. capitis, mas não vive em cabelos, e sim no corpo. Não
forma lêndeas, e as fêmeas põem os ovos nas dobras de roupas, por isso, somente ocorre nas
pessoas que não trocam de roupa para dormir, como mendigos, por exemplo. É muito mais raro
que o piolho-da-cabeça e ocorre mais comumente em adultos. Somente o fato de trocar de roupa
ao dormir já faz com que os ovos morram, pois dependem do calor do corpo humano para viver.
Pitiríase:
Agente etiológico: Pthirus pubis
Difere morfologicamente dos Pediculus. Também coloca seus ovos em pelos, formando
lêndeas. É mais comum nos pelos pubianos, mas pode ser encontrado na barba, nos cílios, nos
pelos das axilas, etc. Quando presente nos pelos, considera-se uma IST (Infecção Sexualmente
Transmissível).
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ÁCAROS E CARRAPATOS:
Diferentemente do que muitos acreditam, ácaros e carrapatos não são insetos; eles
pertencem à classe Arachnida, subclasse Acarina. Uma característica marcante dessa subclasse é
que a cabeça, tórax e abdome são fundidos em uma só estrutura, chamada de idiossomo.
Os carrapatos são maiores que os ácaros; alimentam-se geralmente sugando o sangue de
animais vertebrados e podem transmitir doenças para o homem e animais de criação, como o boi,
o cavalo e o porco. Existe uma infinidade de espécies de carrapato, todas hematófagas. Sua
morfologia é caracterizada pela ausência de segmentação, composta por um única estrutura, o
idiossoma, quatro pares de patas na forma de ninfa e adulto e três pares de patas na forma de
larva.
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Existem carrapatos que fazem as mudas sobre os hospedeiros, nunca descendo ao solo, e
algumas espécies que fazem as mudas no solo, subindo no hospedeiro após cada muda. Nesses
últimos, pode haver infecção entre hospedeiros diferentes, inclusive no homem.
Entre as principais doenças causadas por carrapatos estão:
FEBRE MACULOSA:
✓ Agente etiológico: Carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia ricketsii.
✓ Forma de transmissão: Através da mordedura, injeta a mesma no sangue do hospedeiro,
sendo necessário que permaneça entre 6 e 10 horas.
✓ Manifestações clínicas: Manchas vermelhas em articulações, febre, dor abdominal e de
cabeça e mialgias.
✓ Tratamento: Antibióticos (Cloranfenicol e Tetraciclina)
DOENÇA DE LYME:
✓ Agente etiológico: Carrapato Ixodes infectado pela bactéria Borrelia burgdorferi.
✓ Forma de transmissão: Através da mordedura, injeta a mesma no sangue do hospedeiro.
✓ Manifestações clínicas: Podem surgir até 30 dias após mordedura – Edema e vermelhidão
local, mialgia, artralgia, febre e rigidez na nuca. Pode evoluir para complicações
neurológicas, cardíacas e meningite.
✓ Tratamento: Doxiciclina (4 semanas)
Já os ácaros são bem pequenos e podem existir em uma infinidade de ambientes terrestres
e aquáticos, inclusive no mar. Um dos ácaros mais conhecidos é o ácaro da poeira doméstica, o
qual é um artrópode microscópico muito comum dentro de casa, em tapetes, carpetes, colchões,
travesseiros, e podem causar alergias como rinites.
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A transmissão para outro hospedeiro se dá pelo contato com áreas da pele infectadas pelo
ácaro. O contato indireto, como o uso de toalhas logo após a utilização delas por pessoas
infectadas, também pode causar a transmissão.
O controle da sarna se faz através do uso de medicamentos, geralmente de uso tópico, ou
seja, utilizados na pele e sobre a lesão na forma de cremes, sabonetes ou pomadas. Embora a
sarna de animais seja causada pela mesma espécie de ácaro, parece haver variedades diferentes
do ácaro, como S. scabiei variedade canis, que parasita cães; S. scabiei var. suis, que parasita
suínos; S. scabiei var. bovis, que parasita bovinos; S. scabiei var. ovis, que parasita ovinos; e S.
scabiei var. hominis, que parasita humanos. Há outras variedades que não são hominis que podem
causar infecção no homem, tal como a sarna, que pode ser adquirida a partir de animais, mas isso
somente ocorrerá se houver um intenso contato com eles e, quando isso ocorrer, a infecção
durará somente alguns dias e apresentará cura espontânea.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FERREIRA, M. U. Parasitologia Contemporânea. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
PINTI, C. J. C.; GRISARD, E. C.; ISHIDA, M. M. I. Parasitologia. Florianópolis: UFSC, 2011.