Chuvas Intensas (SC)
Chuvas Intensas (SC)
Chuvas Intensas (SC)
4 –Out/Dez 2014,260-267
RESUMO
A chuva de projeto para instalações de águas pluviais pode ser estabelecida com base na análise de séries pluviográficas observadas no local do
projeto, em locais sem essas informações a NBR 10844 indica o valor de 150 mm.h-1. Este trabalho teve como objetivo determinar a intensidade da chuva
para ser usada em projetos de instalações prediais de águas pluviais no Estado de Santa Catarina. Foram usados os dados pluviométricos diários de 147esta-
ções pluviométricas de Santa Catarina. Para cada estação foi ajustada a equação IDF e estimada a intensidade da chuva com duração de 5 minutos e período
de retorno de 1, 5 e 25 anos. A intensidade da chuva com duração de 5 minutos e período de retorno de 5anos variou de 127,7 mm.h-1 a 266,5 mm.h-1. A
intensidade média das estações foi de 163,2 mm.h-1, para o intervalo de confiança de 95%, nas quais a variação ficou compreendida entre 158,9 a 167,4
mm.h-1. Também se observa que 82,8 % das estações apresentaram intensidade superior a 150 mm.h-1. Os resultados obtidos evidenciam a necessidade de
utilizar dados locais nos projetos de drenagem e a importância da atualização dos estudos de chuvas intensas.
as equações de chuvas intensas, também chamadas equações anos de dados, sendo selecionadas 147 estações, das quais 135
IDF, destacando-se os trabalhos de Fendrich (1998), Costa e são estações da ANA e 12 estações são da Epagri.
Brito (1999), Oliveira et al. (2000), Silva et al. (2002), Soprani e Para cada estação foi determinada a série de máximas
Reis (2007) e Back et al. (2011). anuais de chuva diária em que os anos com falha nos dados
As relações IDF são obtidas por meio de análises de foram excluídos da série de máximas. Na Tabela 1consta ainda
estatística de longas séries de dados observados em pluviógrafos. o ano inicial e final bem como o número de anos do período
No Brasil existe relativa facilidade para a obtenção de dados de de dados efetivamente utilizado.
chuva de duração diária, porém dados de chuvas de menor dura- Foram calculadas as chuvas máximas com período de
ção são limitados devido à escassez e falta de disponibilidade de retorno de 2, 5, 10, 20, 25, 50 e 100 anos, usando a distribuição
equipamentos registradores e imprecisão de registros de dados. de Gumbel-Chow, conforme:
Vários autores, como Assad et al. (1992), Wadt (2003), Ferreira
S
et al. (2005), Lima et al. (2005), Oliveira et al. (2008) e Back PT = x + ( Y − Yn ) (1)
(2009) relatam a dificuldade de obtenção de longas séries de Sn
dados de precipitação, principalmente de registros pluviográficos. em que:
Cecílio e Pruski (2003) destacam ainda que a metodologia para PT - precipitação máxima com período de retorno T
determinar as relações IDF de chuvas exige exaustivo trabalho anos, mm;
para tabulação, análise e interpretação de uma grande quantidade x - média da série de máximas anuais, mm;
de pluviogramas. Algumas metodologias foram desenvolvidas S - desvio padrão da série de máximas anuais, mm;
para obtenção das chuvas de menor duração, a partir dos dados Yn - média da variável reduzida;
pluviométricos diários. Torrico (1975) desenvolveu a metodo- Sn - desvio padrão da variável reduzida; e
logia das isozonas, que pode ser aplicada em todo o território Y - variável reduzida calculada por:
nacional. Dentre os métodos mais usados, destacam-se aqueles
que se baseiam nas relações entre precipitações de diferentes (2)
1
durações para desagregar a chuva máxima diária em chuvas com Y = − ln − ln 1 −
durações inferiores. Trata-se de um método com a vantagem de T
ser de uso simples, de fornecer resultados satisfatórios e com
grande similaridade para diferentes locais, o que lhe outorga em que: T é o período de retorno (anos).
validade regional. A Cetesb (1986) apresenta as relações entre A aderência das séries de máximas anuais à distribuição
precipitações de diferentes durações obtidas com base no trabalho da Gumbel-Chow foi verificada pelo teste de Kolmogorov-Smir-
de Pfafstteter (1957) com validade para o Brasil. nov com significância de 5%, conforme indicado por Kite (1978).
De acordo com Cetesb (1986), se as únicas informações A partir da chuva máxima diária foram estimadas as
disponíveis são as chuvas de 1 dia de duração, observadas em chuvas com duração de 24 horas usando a relação 1,14 conforme
postos pluviométricos, pode-se avaliar a chuva de 24 horas de recomendação da Cetesb (1986). Para a obtenção das alturas
determinada frequência e a partir dessa as chuvas de menor de chuvas com durações inferiores a 24 horas foram usadas as
duração com a mesma frequência, utilizando-se das relações relações entre precipitações recomendadas pela Cetesb (1986).
entre chuvas de diferentes durações. Para a obtenção dessas As alturas pluviométricas (mm) foram transformadas em inten-
chuvas, normalmente se utilizam as séries de máximas anuais sidade (mm.h-1). Back (2006), Back (2010) e Back et al.(2012)
observadas por um período superior a dez anos e ajustam-se mostraram que as relações entre precipitações de diferentes
distribuições teóricas de probabilidade para estimar a chuva durações observadas em estações pluviográficas de Santa Ca-
máxima com determinado período de retorno ou probabilida- tarina se aproximam das relações recomendadas pela Cetesb.
de de ser igualada ou superada. Para chuvas intensas existem Também Back et al. (2012) concluíram que a desagregação da
vários trabalhos mostrando que a distribuição de Gumbel se chuva máxima diária é uma alternativa viável para obtenção das
ajusta bem e por isso tem sido largamente empregada e para a intensidades de chuva em durações inferiores a 1 dia. Para cada
sua aplicação é indispensável ter uma série de máximos valores estação foi ajustada a equação de chuvas intensas válidas para
anuais (KITE, 1978; BACK, 2001). duração de 5 minutos a 120 minutos, na forma:
Este trabalho teve como objetivo determinar a intensi-
dade da chuva para ser usada em projeto de instalações prediais KT m (3)
de águas pluviais no Estado de Santa Catarina. i
( t b )n
MATERIAL E MÉTODOS
em que:
Foram usados os dados diários dos pluviômetros da i - intensidade da chuva (mm.h-1);
rede de estações pluviométricas da Agência Nacional de Águas K, m, b, n - coeficientes empíricos;
– ANA (ANA, 2009) e também dados dos pluviômetros das T - período de retorno (anos); e
estações meteorológicas da Epagri (Tabela 1). Adotou-se o t - duração da chuva (minutos).
critério de utilizar as estações com uma série mínima com 25
261
Chuva de projeto para instalações prediais de águas pluviais de Santa Catarina
3
262
RBRH – Revista Brasileira de Recursos Hídricos Volume 19 n.4 –Out/Dez 2014,260-267
Estação Período de dados Gumbel-Chow pode ser usada para a estimativa das chuvas
N° Código Município Inicial Final N máximas
RESULTADOScom duração E de DISCUSSÃO
1 dia.
119 02849002 São Ludgero 1940 2011 66 Na Tabela 2 constam os valores dos coeficientes da
120 02849004 Araranguá 1948 2011 62 equação IDF (equação 3) ajustada para cada estação, bem
Para todas as estações constatou-se que os valores da
121 02849006 Forquilhinha 1946 2001 51 como os valores estimados da intensidade da chuva com
estatística do teste de Kolmogorov-Smirnov (Dmáximo) foram
122 02849008 Grão Pará 1946 2011 66 duração de 5 minutos e período de retorno de 1, 5 e 25
inferioresosaoscoeficientes
anos.Com valores críticos das (D equações ) ao IDF
nível ajustados
de significância
123 02849009 B. Jard. da Serra 1970 2011 39 crítico
de 5%, indicando que a distribuição
pode-se estimar a intensidade máxima da chuva para de Gumbel-Chow pode ser
124 02849011 Urussanga 1949 2010 62
usada para a estimativa das chuvas
qualquer duração entre 5 a 120 minutos. Nesta faixa de máximas com duração de 1 dia.
125 02849019 Timbé do Sul 1977 2011 34
126 02849020 Jaguaruna 1977 2011 35 Na Tabela as
duração atendem-se 2 constam
necessidades os valores dos coeficientes
dos projetos para da
127 02849021 Urubici 1977 2011 32 equação IDF
drenagem urbana. (equação
Para 3) o ajustada para cadade
caso específico estação,
drenagembem como
128 02849022 Içara 1978 2011 32 os valores
pluvial, a duraçãoestimadosda chuva da intensidade
é de 5 minutos da chuva com duração
e os períodos
129 02849023 B. Jard. da Serra 1977 2011 33 dederetorno indicados
5 minutos são dede
e período 1, retorno
5 ou 25 anos. de 1, 5 e 25 anos. Com os
130 02849024 Meleiro 1978 2011 33 A intensidade
coeficientes das máxima
equaçõesdaIDF chuva com duração
ajustados pode-sedeestimar 5 a
131 02849027 Tubarão 1987 2011 25 minutos e período
intensidade máxima de da retorno
chuva de para1 qualquer
ano variou de 92,7
duração entre 5 a
mm.h -1 a 183,3 mm.h-1. Na média das estações do Estado
132 02849030 Braço do Norte 1987 2011 25 120 minutos. Nesta faixa de duração atendem-se as necessida-
133 02850004 Lages 1959 2011 47 dedes
Santa
dosCatarina
projetosa para intensidade
drenagem da chuva
urbana.é Parade 122,1 mm.h
o caso
-
específico
1(com intervalo de confiança de 95 % variando de 119,2 a
134 02949001 Praia Grande 1977 2011 34 de drenagem pluvial, a duração da chuva é de 5 minutos e os
135 02949003 Sombrio 1977 2011 33 125,0 mm.h-1de). retorno indicados são de 1, 5 ou 25 anos.
períodos
136 * Caçador 1961 2011 44 Para o período de retorno de 5 anos, observa-se que a
A intensidade máxima da chuva com duração de 5
137 * Campos novos 1969 2011 40 intensidade variou de 127,7 mm a 266,5 mm, com média -1
minutos e período de retorno de 1 ano variou de 92,7 mm.h a
138 * Chapecó 1973 2011 38 de 163,2 mm.h-1-1. O intervalo de confiança de 95% para a
183,3 mm.h . Na
média vai de 158,9 à 167,4 mm, média das estações do Estado superior
significativamente de Santa Cata-
139 * Florianópolis 1969 2009 41
ao valor de intensidade de 150 mm.h indicado na intervalo
rina a intensidade da chuva é de 122,1 mm.h (com de
-1
140 * Itajaí 1987 2011 25
-1 NBR
confiança de 95 % variando
10844. Também, observa-se que 82,8 % das estações de 119,2 a 125,0 mm.h -1
).
141 * Itapiranga 1987 2011 25
apresentaram Paraintensidade
o período desuperior retorno ade 150 5 anos, mm.hobserva-se
-1. O que
142 * Ituporanga 1987 2011 25
a intensidade
terceiro quartil variou (Q3) de 127,7que
indica mm 25 a 266,5% dasmm, estações
com média de
143 * Lages 1961 2011 45
144 * Laguna 1961 1988 26 163,2 mm.hintensidade
apresentaram -1
. O intervalo da de
chuva confiança
máximadecom 95%duração
para a média
145 * Ponte Serrada 1987 2011 25 devai
5 minutos
de 158,9 àe 167,4 período mm,designificativamente
retorno de 5 anos superior
superior a
ao valor de
146 * São Joaquim 1961 2011 48 177,1 mm.h-1(Tabela
intensidade de 1503). mm.h-1 indicado na NBR 10844. Também,
147 * Videira 1987 2011 25 Esses dados
observa-se que mostram
82,8 % das a necessidade de utilizar dados
estações apresentaram intensidade
locais nos projetos de -1 drenagem. Entre as 98 estações
superior a 150 mm.h . O terceiro quartil (Q3) indica que 25 %
*-Estação da Epagri
*-Estação da Epagri usadas por Pfafstetter
das estações apresentaram (1957), intensidade
três estavamdalocalizadas
chuva máxima em com
Santa Catarina. Para a estação de Blumenau,
duração de 5 minutos e período de retorno de 5 anos superior com base
O ajuste dos coeficientes foi realizado minimizando-se
em15 anosmm.hde dados, a NBR 3). 10844 indica as intensidades
a funçãoOS,ajuste
dada dos
por:coeficientes foi realizado minimizando-se a 177,1 -1
(Tabela
de chuva de 120 mm.h-1, 125 mm.h-1 e 152 mm.h-1
a função S, dada por: Esses dados mostram a necessidade de utilizar dados
respectivamente, para os períodos de retorno de 1, 5, e 25
em que: locais nos projetos de drenagem. Entre as 98 estações usadas por
anos. Observa-se que em Blumenau,SC existem três
S - somatório dos quadrados dos desvios (mm²); Pfafstetter (1957),
J
t estações (n° 17, 19 etrês20) estavam
com mais localizadas
de 60 anos em de Santa
dados Catarina.
t - duração da chuva
k (minutos);
S = ∑t =1 ∑ ( GdeT duração
k = número de intervalos
− i Tt )2 da chuva utilizados; (4)
pluviométricos, das quais obtiveram-se estimativas dedados,
Para a estação de Blumenau, com base em 15 anos de
T =1 a NBR
chuva 10844 indica as intensidades
significativamente superiores,com de chuva de 120da
valores mm.h-1,
T - período de retorno (anos); 125 mm.hdachuva
-1
e 152 mm.h -1
respectivamente, para os5 períodos de
intensidade com período de retornode anos
J - que:
em número de períodos de retorno utilizados (de 1 a 7); retorno de 1,155,9 5, e 25aanos. Observa-se que
variando 168,6mm.h -1. Noemcaso Blumenau,de SC
G - intensidade da precipitação com duração de i minutos
S - somatório dos quadrados dos desvios (mm²); existem trêsasestações
Florianópolis diferenças (n° 17,são19ainda
e 20)mais com expressivas.A
mais de 60 anos de
e período de retorno de T anos, obtida pela desagregação
NBR 10844 indica para período das quaisdeobtiveram-se
retorno de 5estimativas
anos e
da chuvat -máxima
duraçãodiária
da chuva
(mm.h (minutos);
-1); e dados pluviométricos, de
k = número de intervalos detduração duração de 5 minutos a superiores, intensidadecom de 120 mm.h ,
i - intensidade da chuva duração minutosdaechuva utilizados;
período de chuva significativamente valores da -1intensi-
T - período de retorno (anos); enquanto
dade danestechuvatrabalhocom período a estação 139 indica
de retorno de a5 intensidade
anos variando de
retorno de T anos, estimada pela equação IDF (mm.h-1).
J - número de períodos de retorno de155,9
266,5amm.h -1. Também Pompeu (1992) e Back as (2000)
foramutilizados (de 1osa 7); 168,6mm.h . No caso de Florianópolis diferenças
-1
Com as equações ajustadas calculados
G -intensidade
intensidadedadachuva
precipitação com duração analisando
de i mi- dados de pluviógrafos obtiveram
são ainda mais expressivas. A NBR 10844 indica para período intensidades
valores de com duração de 5 minutos
nutos e período de retorno máxima superiores
de 5 àanos 120 mm.h -1.
e período de retorno de 1,de5 eT25 anos, obtida
anos. pela desagregação
Os valores obtidos de retorno e duração de 5 minutos a intensidade
da chuva
foram máxima diária
espacializados com(mm.h ); e ArcGIS por meio de
o programa
-1
de 120 mm.h-1, enquanto neste trabalho a estação 139 indica a
interpolação matemática
i - intensidade da utilizando
chuva duração o método de krigagem
t minutos e período
intensidade de 266,5 mm.h-1. Também Pompeu (1992) & Back
ordinária.
de retorno de T anos, estimada pela equação IDF (mm.h-1). (2000) analisando dados de pluviógrafos obtiveram intensidades
Com as equações ajustadas foram calculados os valores máxima superiores à 120 mm.h-1.
de intensidade da chuva com duração de 5 minutos e período Na Figura 1 pode-se observa a variação espacial da
RESULTADOS
de retorno de 1, 5 Ee DISCUSSÃO
25 anos. Os valores obtidos foram espa- intensidade da chuva com duração de 5 minutos e período
cializados com o programa ArcGIS por meio de interpolação de retorno de 5 anos, onde 72 % da área do Estado de Santa
Para todas as estações constatou-se que os valores da
estatística do teste de Kolmogorov-Smirnov (Dmáximo)
Tabela 2. Coeficientes da equação IDF e intensidades
foram inferiores aos valores críticos (Dcrítico) ao nível de máximasde chuva estimadas para as estações
significância de 5%, indicando que a distribuição de pluviométricas de Santa Catarina.
263
Chuva de projeto para instalações prediais de águas pluviais de Santa Catarina
Tabela 2 - Coeficientes da equação IDF e intensidades máximasde chuva estimadas para as estações pluviométricas de Santa Catarina
5
264
RBRH – Revista Brasileira de Recursos Hídricos Volume 19 n.4 –Out/Dez 2014,260-267
Tabela 2 - continuação...
Equação IDF Intensidade (mm.h-1) Tabela 3. Resumo Equação IDF das intensidades
estatístico Intensidadede(mm.h
chuva-1)
Nº (
Nº-1) com duração de 5 minutos
mm.h
K m b n T=1 T=5 T=25 K m b n T=1 T=5 T=25
119 681,7 0,182 8,9 0,698 108,6 145,6 195,2 IC95133– Intervalo
751,7 de0,208 confiança
9,0 de0,700
95 % 118,7 166,0 232,0
120 643,4 0,194 9,0 0,701 101,3 138,4 189,1 134 974,2 0,211 8,9 0,699 154,6 217,1 304,9
121 720,0 0,174 9,0 0,700 113,7 150,5 199,1 Na Figura
135 812,2 1 0,161 pode-se8,9observa
0,700 a 128,4
variação espacial
166,4 da
215,6
122 694,0 0,174 9,0 0,700 109,6 145,1 191,9 intensidade
136 660,2 da chuva 0,139com8,9duração
0,698de 105,2
5 minutos
131,6e período
164,6
123 647,5 0,172 9,0 0,701 101,9 134,4 177,3 de retorno
137 784,1 de 5 anos,0,167 onde9,0 72 % da123,9
0,700 área do Estado
162,1 de
212,0
124 790,0 0,210 9,0 0,701 124,3 174,4 244,5 Santa138 Catarina
839,5 apresenta
0,173 intensidade
9,0 0,700 da
132,6chuva superior
175,1 231,3 a
125 918,7 0,149 8,9 0,698 146,3 185,9 236,3 150 mm.h
139 -1. Observa-se que as maiores intensidades de
1168,5 0,238 9,1 0,703 181,7 266,5 390,8
126 758,6 0,193 9,0 0,700 119,8 163,5 223,0 chuva140ocorrem
932,3 na0,217 região 8,9
do Litoral
0,699 Norte
147,9do209,7
Estado297,4
e no
127 659,5 0,167 9,0 0,701 103,9 135,9 177,8 Extremo
141 Oeste
883,2 e os menores
0,163 8,9 valores
0,698 no Alto 183,1
140,8 Vale do 238,0
Itajaí
128 722,9 0,175 9,0 0,700 114,2 151,3 200,6 e no142 Planalto
702,1do 0,157Estado.8,9 Esta0,700
variação da intensidade
111,0 142,9 184,0 da
129 740,5 0,159 9,0 0,700 117,0 151,1 195,1 chuva com duração de 5 minutos e
143 722,2 0,177 8,9 0,698 115,1 153,0 203,5 período de retorno de
130 804,4 0,170 9,0 0,700 127,1 167,1 219,7 5 anos
144 tem distribuição
879,8 0,233 espacial
8,9 0,699 semelhante a distribuição
139,6 203,1 295,5
131 889,5 0,201 9,0 0,701 140,0 193,5 267,4 da precipitação
145 829,4 média
0,165 anual.
8,9 Segundo
0,698 Monteiro
132,2 172,4&Furtado
224,8
132 690,1 0,173 9,0 0,700 109,0 143,9 190,1 (1995)
146 há
723,3 uma acentuadavariação
0,188 8,9 0,698 115,3na precipitação
156,0 211,1
133 751,7 0,208 9,0 0,700 118,7 166,0 232,0 pluviométrica
147 825,4dentro do estado
0,154 de SantaCatarina;
9,0 0,700 130,5 167,2em 214,2
geral,
134 974,2 0,211 8,9 0,699 154,6 217,1 304,9 a pluviosidade é menor na planície litorâneae os maiores
135 Tabela8,9
812,2 0,161 3 - Resumo estatístico
0,700 128,4 das intensidades
166,4 215,6 valores
de chuvade pluviosidade
(mm.h -1 são observados
) com duração próximosà encosta
de 5 minutos
136 660,2 0,139 8,9 0,698 105,2 131,6 164,6 da Serra Geral. Assis(1993) destacou que a atuação
T - Período das
diferenciada
de retorno
massas de
(anos)
ar éresponsável pelas diferenças
137 Estatística
784,1 0,167 9,0 0,700 123,9 162,1 212,0 T = 1 pluviométrico
nopadrão T=5 T =25
verificadasna região sul e sudeste
138 839,5 0,173 9,0 0,700 132,6 175,1 231,3
Média 122,1
do Brasil. 163,2 (2001)218,3
Monteiro e Monteiro (2007) afirmam que
139 1168,5 0,238 9,1 0,703 181,7 266,5 390,8
140
Limite inferior
932,3 0,217 8,9 0,699 147,9 209,7 297,4
do IC 95 119,2
osdiversos 158,9
sistemas 211,7
que atuam no Sul do Brasil imprimem,
a125,0SantaCatarina,
167,4 uma224,9 dinâmica climáticabastante
141 883,2 0,163 8,9 0,698Limite
140,8superior
183,1 do IC95
238,0
Maior valor acentuada,
183,3 com boadistribuição
266,5 390,8 de chuvas no decorrer do
142 702,1 0,157 8,9 0,700 111,0 142,9 184,0
Menor valor 92,7litorânea,127,7em que 162,9 as chuvas apresentam grande
143 722,2 0,177 8,9 0,698 115,1 153,0 203,5
intensidade e144,0
curta duração,190,2 assim, eventos máximos
144 879,8 0,233 8,9 0,699Quartil
139,6 1 203,1 295,5 108,8
anuais oriundos de chuvas convectivas determinam os
145 829,4 0,165 8,9 0,698Quartil
132,2 2 172,4 224,8 118,7 158,4 211,2
altos valores de intensidade de chuva, mas não
146 723,3 0,188 8,9 0,698Quartil
115,3 3 156,0 211,1
representam contribuição238,0
132,2 177,1 significativa aos totais anuais de
147 825,4 0,154 9,0 0,700 130,5 167,2 214,2
chuva.
Figura 1 - Intensidade da chuva com duração de 5 minutos e período de retorno de 5 anos para o Estado de Santa Catarina
265
6
Chuva de projeto para instalações prediais de águas pluviais de Santa Catarina
Catarina apresenta intensidade da chuva superior a 150 mm.h-1. as 147 estações de Santa Catarina;
Observa-se que as maiores intensidades de chuva ocorrem 4. A maioria das estações apresentou valores superio-
na região do Litoral Norte do Estado e no Extremo Oeste res ao valor de 150 mm.h-1 indicado na NBR 10844.
e os menores valores no Alto Vale do Itajaí e no Planalto do
Estado. Esta variação da intensidade da chuva com duração
de 5 minutos e período de retorno de 5 anos tem distribuição REFERÊNCIAS
espacial semelhante a distribuição da precipitação média anual.
Segundo Monteiro e Furtado (1995) há uma acentuada varia- ANA. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Inventário das
ção na precipitação pluviométrica dentro do estado de Santa estações pluviométricas. Brasília, ANA, SGH, 2009.
Catarina; em geral, a pluviosidade é menor na planície litorânea
e os maiores valores de pluviosidade são observados próximos ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
à encosta da Serra Geral. Assis (1993) destacou que a atuação NBR 10844: Instalações prediais de águas pluviais. Rio de
diferenciada das massas de ar é responsável pelas diferenças Janeiro: ABNT, 1989.
no padrão pluviométrico verificadas na região sul e sudeste do
Brasil. Monteiro (2001, 2007) afirmam que os diversos sistemas ASSAD, E. D.; MASUTOMO, R.; ASSAD, M. L. L. Estimativa
que atuam no Sul do Brasil imprimem, a Santa Catarina, uma das precipitações máximas prováveis com duração de 24
dinâmica climática bastante acentuada, com boa distribuição horas e de 30 minutos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 27,
de chuvas no decorrer do ano, tendo em vista que todos os n. 5, p. 677-686, maio 1992.
sistemas instáveis são produtores de chuva. As massas de ar
tropical continental ocorrem na região Sul e de forma restrita, ASSIS, F. N. Ajuste da função gama aos totais semanais de chuva
no verão. Monteiro e Furtado (1995) comentam que o relevo de Pelotas – RS. Revista Brasileira De Agrometeorologia, v. 1, n.
de Santa Catarina contribui fundamentalmente na distribuição 1, p. 131-136, 1993.
diferenciada da precipitação em distintas áreas do Estado, sendo
as precipitações mais abundantes nas áreas mais próximas às BACK, Á. J. Relação Intensidade-Duração-Frequência de Chuvas
encostas de montanha, pois a elevação do ar úmido e quente intensas de Florianópolis, SC. Engenharia Sanitária e Ambiental,
favorece o aumento do volume de precipitações. Neste sentido v. 5, p. 126-132, 2000.
são observados índices de precipitação maiores nos municípios
próximos à encosta da Serra Geral, quando comparados com BACK, Á. J. Relações entre precipitações intensas de diferentes
a zona costeira. Do Planalto ao Oeste do Estado as chuvas durações ocorridas no município de Urussanga, SC. Revista
também aumentam em valores totais anuais. Minuzzi (2010) Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 13, n. 2,
também destaca a influência dos eventos El Niño na distribuição p. 170-175, mar./apr. 2009.
das chuvas em Santa Catarina.
Observa-se que as intensidades máximas de chuvas de BACK, Á. J. Relações Intensidade-Duração-Frequência de
duração de 5 minutos, diferentemente do que foi observado nos chuvas intensas de Chapecó, Estado de Santa Catarina. Acta
totais anuais, apresentam maiores valores nas áreas próximas ao Scientiarum. Agronomy, v. 28, n. 4, p. 575-581, out./dez. 2006.
litoral. Esta observação pode ser justificada pela maior ocorrência
de processos convectivos na faixa litorânea, em que as chuvas BACK, Á. J. Relações Intensidade-Duração-Frequências de
apresentam grande intensidade e curta duração, assim, eventos chuvas intensas de Urussanga, SC. Irriga, v. 15, n. 2, p. 119-
máximos anuais oriundos de chuvas convectivas determinam 130, abr./jun. 2010.
os altos valores de intensidade de chuva, mas não representam
contribuição significativa aos totais anuais de chuva. BACK, Á Á. J. Seleção de distribuição de probabilidade para
chuvas diárias extremas do Estado de Santa Catarina. Revista
Brasileira de Meteorologia, v. 6, n. 2, p. 211-222, 2001.
CONCLUSÕES
BACK, Á. J.; HENN, A. & OLIVEIRA, J. L. R. Heavy rainfall
Com base nos resultados deste trabalho pode-se con- equations for Santa Catarina State, Brazil. Revista Brasileira
cluir que: de Ciência do Solo, v. 35, n. 6, p. 2127-2134, nov./dez. 2011.
1. A chuva máxima com duração de 5 minutos e
período de retorno de 5 anos em Santa Catarina BACK, Á. J.; OLIVEIRA, J. L. R. & HENN, A. Relações
varia de 127,7 a 266,5 mm.h-1; entre precipitações intensas de diferentes durações para
2. Os maiores valores de intensidade ocorrem na desagregação da chuva diária em Santa Catarina. Revista
faixa do Litoral Norte do Estado e no Extremo Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 16, n.
Oeste, com menores valores na região do Planalto 4, p. 391-398, abr. 2012.
Catarinense e Alto Vale do Itajaí;
3. Com as equações IDF ajustadas pode-se obter a BAZZANO, M. G. P.; ELTZ, F. L. F.; CASSOL, E. A. Erosividade
estimativa de chuva para duração entre 5 e 120 e características hidrológicas das chuvas de Rio Grande (RS).
minutos e período de retorno de até 100 anos para Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 34, p. 235-244, 2010.
266
RBRH – Revista Brasileira de Recursos Hídricos Volume 19 n.4 –Out/Dez 2014,260-267
CECILIO, R. A.; PRUSKI, F. F. Interpolação dos parâmetros de precipitação, duração e frequência de chuvas em 98 postos
equações de chuvas intensas com uso do inverso de potências com pluviógrafos. Rio de Janeiro: DNOCS, 1957.
da distância. Revista Brasileira de EngenhariaAgrícola e Ambiental,
v. 7, n. 3, p. 501-504, 2003. POMPEU, C. A. Equação de chuvas intensas para Florianópolis.
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina,
CETESB. Drenagem urbana – manual de projeto. 3. ed. São Paulo: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1992.
Cetesb, 1986. Disponível em: <http://www.labdren. ufsc.br/drenagem/
docs/ChuvasIntensas_para_Florianopolis.pdf>. Acesso em:
COSTA, A. R.; BRITO, V. F. Equações de chuva intensa para 23 mio 2013.
Goiás e Sul de Tocantins. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
RECURSOS HÍDRICOS, 13., 1999, Belo Horizonte. Anais... SILVA, D. D.; GOMES FILHO, R. R.; PRUSKI, F. F.; PEREIRA,
Belo Horizonte: ABRH, 1999. CD Rom. S. B.; NOVAES, L. F. Chuvas intensas no Estado da Bahia.
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 6, n. 2,
FENDRICH, R. Chuvas intensas para obras de drenagem no Estado p.3 62-367, 2002.
do Paraná. Curitiba: Champagnat, 1998.
SOPRANI, M. A.; REIS, J. A. T. Proposição de equações de
FERREIRA, J. C.; DANIEL, L. A.; TOMAZELA, M. Parâmetros intensidade-duração-frequência de precipitações para a bacia
para equações mensais de estimativas de precipitação de do rio Benevente, ES. Revista Capixaba de Ciência e Tecnologia,
intensidade máxima para o Estado de São Paulo – Fase I. n. 2, p. 18-25, 2007.
Ciência Agrotécnica, v. 29, n. 6, p. 1175-1187, 2005.
TORRICO, J. J. T. Práticas hidrológicas. Rio de Janeiro: Transcon,
KITE, G. W. Frequency and risk analysis in hydrology. 3.ed. Fort 1975.
Collins: Water Resources, 1978.
WADT, P. G. S. Construção de terraços para controle de erosão pluvial no
LIMA, H. M. F.; MATA, I. P.; LIMA, A. V. F. Aplicação e validação Estado do Acre. Rio Branco: Embrapa Acre, 2003. (Documentos,
de um simulador estocástico de variáveis climáticas: o caso 85).
da precipitação. Ingeniería del Agua, v. 12, n. 1, p. 27-37, 2005.
OLIVEIRA, L. F. C; ANTONINI, J. C.; GRIEBELER, N. Keywords: Heavy rain. Storm drainage. Rainfall
Métodos de estimativa de precipitação máxima para o Estado
de Goiás. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental,
v. 12, n. 6, p. 620-625, 2008.
267