História Do Brasil
História Do Brasil
História Do Brasil
Pré-cabralino
Imperial - Independência;
- Primeiro reinado;
- Regência;
- Segundo reinado.
A população ameríndia era repartida em grandes nações indígenas compostas por vários
grupos étnicos entre os quais se destacam os grandes grupos tupi-guarani, macro-jê e
aruaque. Os primeiros eram subdivididos em guaranis, tupiniquins e tupinambás, entre
inúmeros outros. Os tupis se espalhavam do atual Rio Grande do Sul ao Rio Grande do
Norte de hoje. Segundo Luís da Câmara Cascudo, os tupis foram «a primeira raça
indígena que teve contato com o colonizador e (…) decorrentemente a de maior
presença, com influência no mameluco, no mestiço, no luso-brasileiro que nascia e no
europeu que se fixava». A influência tupi se deu na alimentação, no idioma, nos
processos agrícolas, de caça e pesca, nas superstições, costumes, folclore, como explica
Câmara Cascudo:
“O tupi era a raça histórica, estudada pelos missionários, dando a tropa auxiliar,
recebendo o batismo e ajudando o conquistador a expulsar inimigos de sua terra. (…)
Eram os artífices da rede de dormir, criadores da farinha de mandioca, farinha de
pau, do complexo da goma de mandioca, das bebidas de frutas e raízes, da carne e
peixe moqueados, elementos que possibilitaram o avanço branco pelo sertão.”
Do lado europeu, a descoberta do Brasil foi precedida por vários tratados entre Portugal
e Espanha, estabelecendo limites e dividindo o mundo já descoberto do mundo ainda
por descobrir.
Destes acordos assinados à distância da terra atribuída, o Tratado de Tordesilhas (1494)
é o mais importante, por definir as porções do globo que caberiam a Portugal no período
em que o Brasil foi colônia portuguesa. Estabeleciam suas cláusulas que as terras a leste
de um meridiano imaginário que passaria a 370 léguas marítimas a oeste das ilhas de
Cabo Verde pertenceriam ao rei de Portugal, enquanto as terras a oeste seriam posse dos
reis de Castela (atualmente Espanha). No atual território do Brasil, a linha atravessava
de norte a sul, da atual cidade de Belém do Pará à atual Laguna, em Santa Catarina.
Quando soube do tratado, o rei de França Francisco I teria indagado qual era "a cláusula
do testamento de Adão" que dividia o planeta entre os reis de Portugal e Espanha e o
excluía da partilha.
Há algumas teorias sobre quem foi o primeiro europeu a chegar nas terras que
hoje formam o Brasil. Entre elas, destacam-se a que defende que foi Duarte Pacheco
Pereira entre novembro e dezembro de 1498, e a que argumenta que foi o espanhol
Vicente Yáñez Pinzón no dia 16 de janeiro de 1500, possivelmente no Cabo de Santo
Agostinho, litoral sul de Pernambuco. No entanto, oficialmente, o Brasil foi descoberto
em 22 de abril de 1500 pelo capitão-mor de uma expedição portuguesa em busca das
Índias, Pedro Álvares Cabral, que chegou ao litoral sul da Bahia, na região da atual
cidade de Porto Seguro, mais precisamente no distrito de Coroa Vermelha.
“E, porque el Rei sempre foi mui inclinado às coisas que tocavam a nossa Santa
fé católica, mandou nesta armada oito frades da ordem de S. Francisco, homens
letrados, de que era Vigário frei Henrique, que depois foi confessor del Rei e
Bispo de Ceuta, os quais como oito capelães e um vigário, ordenou que ficassem
em Calecut, para administrarem os sacramentos aos portugueses e aos da terra se
se quisessem converter à fé.”
O rei D. Manuel I recebeu a notícia do descobrimento por cartas escritas por Mestre
João, físico e cirurgião de D. Manuel e Pero Vaz de Caminha, semanas depois.
Transportadas na nau de Gaspar de Lemos, as cartas descreviam de forma
pormenorizada as condições geográficas e seus habitantes, desde então chamados de
índios. Atento aos objetivos da Coroa na expansão marítima, Caminha informava ao rei:
“Nela até agora não podemos saber que haja ouro nem prata, nem alguma coisa de
metal nem de ferro lho vimos; pero a terra em si é de muitos bons ares, assi frios e
temperados como os d'antre Doiro e Minho, porque neste tempo de agora assi os
achamos como os de lá; águas são muitas infindas e em tal maneira é graciosa, que
querendo aproveitar-se dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem; pero o
melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente (…) boa e
de boa simplicidade.”
“Navegando a loeste, aos xxiiii dias do mes Dabril viram terra, do que forão muito
alegres, porque polo rumo em que jazia, vião não ser nenhuma das que até então
eram descubertas. Padralures Cabral fez rosto para aquela banda & como forão bem
à vista, mandou ao seu mestre que no esquife fosse a terra, o qual tornou logo com
novas de ser muito fresca & viçosa, dizendo que vira andar gente baça & nua pela
praia, de cabelo comprido & corredio, com arcos & frechas nas mãos, pelo que
mandou alguns dos capitães que fossem com os bateis armados ver se isto era assi,
os quaes sem sairem em terra tornaram à capitaina afirmando ser verdade o que o
mestre dixera. Estando já sobrancora se alevantou de noite hum temporal, com que
correram de longo da costa ate tomarem hum porto muito bom, onde Pedralures
surgio com as outras naos & por ser tal lhe pos nome Porto Seguro.”
Além das cartas acima mencionadas, outro importante documento sobre o
descobrimento do Brasil é o Relato do Piloto Anônimo. De início, a descoberta da nova
terra foi mantida em sigilo pelo Rei de Portugal. O resto do mundo passou a conhecer o
Brasil desde pelo menos 1507, quando a terra apareceu com o nome de América na carta
(mapa) de Martin Waldseemüller, no qual está assinalado na costa o Porto Seguro.
Expedições Exploratórias
Em 1503 houve nova expedição, desta vez comandada (sem controvérsias) por
Gonçalo Coelho, sem ser estabelecido qualquer assentamento ou feitoria. Foi
organizada em função um contrato do rei com um grupo de comerciantes de Lisboa para
extrair o pau-brasil. Trazia novamente Vespúcio e seis navios. Partiu em maio de
Lisboa, esteve em agosto na ilha de Fernando de Noronha e ali afundou a nau capitânia,
dispersando-se a armada. Vespúcio pode ter ido para a Bahia, passado seis meses em
Cabo Frio, onde fez entrada de 40 léguas terra adentro. Ali teria deixado 24 homens
com mantimentos para seis meses. Coelho, ao que parece, esteve recolhido na região
onde se fundaria depois a cidade do Rio de Janeiro, possivelmente durante dois ou três
anos.
Outras expedições ao litoral brasileiro podem ter ocorrido, já que desde 1504 são
assinaladas atividades de corsários. Holanda, em Raízes do Brasil, cita o capitão francês
Paulmier de Gonneville, de Honfleur, que permaneceu seis meses no litoral de Santa
Catarina. A atividade de navegadores não-portugueses se inspirava doutrina da
liberdade dos mares, expressada por Hugo Grotius em Mare liberum, base da reação
europeia contra Espanha e Portugal, gerando pirataria alargada pelos mares do planeta.
Extração de pau-brasil
Em 1503, toda a terra do Brasil foi arrendada pela coroa a Fernão de Noronha
(ou Loronha) e outros cristãos-novos, que extraíram por volta de 20 mil quintais de
madeira vermelha. Segundo Capistrano de Abreu, em Capítulos da História Colonial,
cada quintal era vendido em Lisboa por 21/3 ducados, mas levá-lo até lá custava apenas
meio ducado. Os arrendatários pagavam 4 mil ducados à Coroa. Comerciantes de
Lisboa e do Porto enviavam embarcações à costa para contrabandearem pau-brasil, aves
de plumagem colorida (papagaios, araras), peles, raízes medicinais e índios para
escravizar. Surgiram, assim, as primeiras feitorias.
A expedição enviada em 1530 sob a chefia de Martim Afonso de Sousa tinha por
objetivos explorar melhor a costa, expulsar os franceses que rondavam o sul e as
cercanias do Rio de Janeiro e estabelecer núcleos de colonização ou feitorias, como a
estabelecida em Cabo Frio. Em 1532 Martim Afonso fundou o núcleo de São Vicente,
primeira vila do Brasil, onde foi feita a primeira eleição no continente americano e
instalada a primeira câmara municipal.
Administração colonial
As capitanias hereditárias
A apatia só iria cessar quando D. João III ascendeu ao trono. Na década de 1530,
Portugal começava a perder a hegemonia do comércio na África Ocidental e no Índico.
Circulavam insistentes notícias da descoberta de ouro e de prata na América Espanhola.
Então, em 1532, o rei decidiu ocupar as terras pelo regime de capitanias, mas num
sistema hereditário, pelo qual a exploração passaria a ser direito de família. O capitão e
governador, títulos concedidos ao donatário, teria amplos poderes, dentre os quais o de
fundar povoamentos (vilas e cidades), conceder sesmarias e administrar a justiça. O
sistema de capitanias hereditárias implicava na divisão de terras vastíssimas, doadas a
capitães-donatários que seriam responsáveis por seu controle e desenvolvimento, e por
arcar com as despesas de colonização. Foram doadas aos que possuíssem condições
financeiras para custear a empresa da colonização, e estes eram principalmente
"membros da burocracia estatal" e "militares e navegadores ligados à conquista da
Índia" (segundo Eduardo Bueno em "História de Brasil"). De acordo com o mesmo
autor, a sugestão teria sido dada ao rei por Diogo de Gouveia, ilustre humanista
português, e respondia a uma "absoluta falta de interesse da alta nobreza lusitana" nas
terras americanas.
Foram criadas, nesta divisão, quinze faixas longitudinais de diferentes larguras
que iam de acidentes geográficos no litoral até o Meridiano das Tordesilhas, e foram
oferecidas a doze donatários. Destes, quatro nunca foram ao Brasil; três faleceram
pouco depois; três retornaram a Portugal; um foi preso por heresia (Tourinho) e apenas
dois se dedicam à colonização (Duarte Coelho na Capitania de Pernambuco e Martim
Afonso de Sousa na Capitania de São Vicente).
Das quinze capitanias originais, apenas as capitanias de Pernambuco e de São
Vicente prosperaram. As terras brasileiras ficavam a dois meses de viagem de Portugal.
Além disso, as notícias das novas terras não eram muito animadoras: na viagem, além
do medo de "monstros" que habitariam o oceano (na superstição europeia), tempestades
eram frequentes; nas novas terras, florestas gigantescas e impenetráveis, povos
antropófagos e não havia nenhuma riqueza mineral ainda descoberta. Em 1536, chegou
o donatário da capitania da Baía de Todos os Santos, Francisco Pereira Coutinho, que
fundou o Arraial do Pereira, na futura cidade do Salvador, mas se revelou mau
administrador e foi morto pelos tupinambás. Tampouco tiveram maior sucesso as
capitanias dos Ilhéus e do Espírito Santo, devastadas por aimorés e tupiniquins.
Governo-Geral (1549-1580)
Tomé de Sousa
Após o fracasso do projeto de capitanias, o rei João III unificou as capitanias sob
um Governo-Geral do Brasil e em 7 de janeiro de 1549 nomeou Tomé de Sousa para
assumir o cargo de governador-geral. A expedição do primeiro governador chegou ao
Brasil em 29 de março do mesmo ano, com ordens para fundar uma cidade para abrigar
a sede da administração colonial. O local escolhido foi a Baía de Todos-os-Santos e a
cidade foi chamada de São Salvador da Baía de Todos os Santos. A excelente posição
geográfica entre as capitanias de Pernambuco e São Vicente e num ponto mais ou
menos equidistante das extremidades do território, as favoráveis condições de
assentamento e defesa, o clima quente e o solo fértil fizeram com que o rei decidisse
reverter a capitania para a Coroa (expropriando-a do donatário Pereira Coutinho). As
tarefas de Tomé de Sousa eram tornar efetiva a guarda da costa, auxiliar os donatários,
organizar a ordem política e jurídica na colônia. O governador organizou a vida
municipal, e sobretudo a produção açucareira: distribuiu terras e mandou abrir estradas,
além de fazer construir um estaleiro.
Desse modo, o Governo-Geral centralizou a administração colonial,
subordinando as capitanias a um só governador-geral que tornasse mais rápido o
processo de colonização. Em 1548, elaborou-se o Regimento do Governador-Geral, que
regulamentava o trabalho do governador e de seus principais auxiliares - o ouvidor-mor
(Justiça), o provedor-mor (Fazenda) e o capitão-mor (Defesa). O governador também
levou ao Brasil os primeiros missionários católicos, da ordem dos jesuítas, como o
padre Manuel da Nóbrega. Por ordens suas, ainda, foram introduzidas na colônia as
primeiras cabeças de gado, de novilhos levados de Cabo Verde. Ao chegar à Bahia,
Tomé de Sousa encontrou o velho Arraial do Pereira com seus moradores, e mudaram o
nome do local para Vila Velha. Também moravam nos arredores o náufrago Diogo
Álvares "Caramuru" e sua esposa Paraguaçu (batizada como Catarina), perto da capela
de Nossa Senhora das Graças (hoje o bairro da Graça, em Salvador). Consta que Tomé
de Sousa teria pessoalmente ajudado a construir as casas e a carregar pedras e madeiras
para construção da capela de Nossa Senhora da Conceição da Praia, uma das primeiras
igrejas erguidas no Brasil. Tomé de Souza visitou as capitanias do sul do Brasil, e, em
1553, criou a Vila de Santo André da Borda do Campo, transferida em 1560 para o
Pátio do Colégio dando origem à cidade de São Paulo.
Duarte da Costa
Em 1553, a pedidos, Tomé de Sousa foi exonerado do cargo e substituído por
Duarte da Costa, fidalgo e senador nas Cortes de Lisboa. Em sua expedição foram
também 260 pessoas, incluindo seu filho, Álvaro da Costa, e o então noviço José de
Anchieta, jesuíta basco que seria o pioneiro na catequese dos nativos americanos. A
administração de Duarte foi conturbada. Já de início, a intenção de Álvaro em
escravizar os indígenas, incluindo os catequizados, esbarrou na impertinência de Dom
Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil. O governador interveio a favor do
filho e autorizou a captura de indígenas para uso em trabalho escravo. Disposto a levar
as queixas pessoalmente ao rei de Portugal, Sardinha partiu para Lisboa em 1556 mas
naufragou na costa de Alagoas e acabou devorado pelos caetés antropófagos.
Durante o governo de Duarte da Costa, uma expedição de protestantes franceses
se instalou permanentemente na Guanabara e fundou a colônia da França Antártica.
Ultrajada, a Câmara Municipal da Bahia apelou à Coroa pela substituição do
governador. Em 1556, Duarte foi exonerado, voltou a Lisboa e em seu lugar foi enviado
Mem de Sá, com a missão de retomar a posse portuguesa do litoral sul.
Mem de Sá
O terceiro Governador-Geral, Mem de Sá (1558-1572), deu continuidade à
política de concessão de sesmarias aos colonos e montou ele próprio um engenho, às
margens do rio Sergipe, que mais tarde viria a pertencer ao conde de Linhares (Engenho
de Sergipe do Conde). Para enfrentar os colonos franceses estabelecidos na França
Antártica, aliados aos tamoios na baía de Guanabara, Mem de Sá aliou-se aos
Temiminós do cacique Arariboia. O seu sobrinho, Estácio de Sá, comandou a retomada
da região e fundou a cidade do Rio de Janeiro a 20 de Janeiro de 1565, dia de São
Sebastião.
Economia colonial
O Ciclo da Cana-de-Açúcar
A conquista do sertão, povoado por diversos grupos indígenas foi lenta e se deveu muito
à pecuária (o gado avançou ao longo dos vales dos rios) e, muito mais tarde, às
expedições dos Bandeirantes que vinham prear índios para levar para São Paulo.
O Ciclo do Ouro
No final do século XVII foi descoberto, pelos bandeirantes paulistas, ouro nos ribeiros
das terras que pertenciam à capitania de São Paulo e mais tarde ficaram conhecidas
como Minas Gerais. Descobriram-se depois, no final da década de 1720, diamante e
outras gemas preciosas. Esgotou-se o ouro abundante nos ribeirões, que passou a ser
mais penosamente buscado em veios dentro da terra. Apareceram metais preciosos em
Goiás e no Mato Grosso, no século XVIII. A Coroa cobrava, como tributo, um quinto
de todo o minério extraído, o que passou a ser conhecido como "o quinto". Os desvios e
o tráfico de ouro, no entanto, eram frequentes. Para coibi-los, a Coroa instituiu toda uma
burocracia e mecanismos de controle. Quando a soma de impostos pagos não atingia
uma cota mínima estabelecida, os colonos deveriam entregar joias e bens pessoais até
completar o valor estipulado — episódios chamados de derramas.
O período que ficou conhecido como Ciclo do Ouro iria permitir a criação de um
mercado interno, já que havia demanda por todo tipo de produtos para o povoamento
das Minas Gerais. Era preciso levar, Serra da Mantiqueira acima, escravos e
ferramentas, ou, rio São Francisco abaixo, os rebanhos de gado para alimentar a
verdadeira multidão que para lá acorreu. A população de Minas Gerais rapidamente se
tornou a maior do Brasil, sendo a única capitania do interior do Brasil com grande
população.
As minas propiciaram uma diversificação relativa dos serviços e ofícios, tais como
comerciantes, artesãos, advogados, médicos, mestre-escolas entre outros. No entanto foi
intensamente escravagista, desenvolvendo a sociedade urbana às custas da exploração
da mão de obra escrava. A mineração também provocou o aumento do controle do
comércio de escravos para evitar o esvaziamento da força de trabalho das lavouras, já
que os escravos eram os únicos que trabalhavam. Os escravos mais hábeis para a
mineração eram os "Minas" trazidos da Costa ocidental africana, onde eram
mineradores de ouro, e saídos do porto de Elmina, em Gana, onde ficavam no Castelo
de São Jorge da Mina. Foi muito comum a fuga de escravos e a formação de muitos
quilombos em Minas Gerais, sendo o mais importante foi o "Quilombo do Ambrósio".
Também foi responsável pela tentativa de escravização dos índios, através das
bandeiras, que com intuito de abastecer a região centro-sul promoveu a interiorização
do Brasil.
A época colonial foi marcada por vários conflitos, tanto entre portugueses e outros
europeus, e europeus contra nativos, como entre os próprios colonos. O maior deles,
sem dúvida, foi a Insurreição Pernambucana, que marca a expulsão dos holandeses do
Nordeste do Brasil.
Já no Ciclo do Ouro, a Capitania de Minas Gerais sofreu a Revolta de Filipe dos Santos
e a Inconfidência Mineira, seguida pela Conjuração Baiana na Capitania da Bahia. Esses
movimentos ficaram marcados por terem a intenção de proclamar a independência.
Nos últimos anos do período colonial ocorre a Revolução Pernambucana, que chegou a
proclamar a República de Pernambuco. O movimento foi derrotado após forte repressão
organizada por D. João VI.
Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira foi um movimento que partiu da elite de Minas Gerais. Com a
decadência da mineração na segunda metade do século XVIII, tornou-se difícil pagar os
impostos exigidos pela Coroa Portuguesa. Além do mais, o governo português pretendia
promulgar a derrama, um imposto que exigia que toda a população, inclusive quem não
fosse minerador, contribuísse com a arrecadação de 20% do valor do ouro retirado. Os
colonos se revoltaram e passaram a conspirar contra Portugal.
Em Vila Rica (atual Ouro Preto), participavam do grupo, entre outros, os poetas Cláudio
Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e
Francisco Antônio de Oliveira Lopes, o padre Rolim, o cônego Luís Vieira da Silva, o
minerador Inácio José de Alvarenga Peixoto e alferes Joaquim José da Silva Xavier,
apelidado Tiradentes. A conspiração pretendia eliminar a dominação portuguesa e criar
um país livre. Pela lei portuguesa a conspiração foi classificada como "crime de lesa-
majestade", definida como "uma traição contra a pessoa do rei" nas ordenações
afonsinas.
O crime de lesa-majestade era o mais grave dos regimes monarquistas absolutistas e era
definido pelas ordenações filipinas, como traição contra o rei. Crime este comparado à
hanseníase pelas Ordenações filipinas, no livro V, item 6:
“Lesa-majestade quer dizer traição cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real
Estado, que é tão grave e abominável crime, e que os antigos Sabedores tanto
estranharam, que o comparavam à lepra; porque assim como esta enfermidade enche
todo o corpo, sem nunca mais se poder curar, e empece ainda aos descendentes de
quem a tem, e aos que ele conversam, pelo que é apartado da comunicação da gente:
assim o erro de traição condena o que a comete, e empece e infama os que de sua linha
descendem, posto que não tenham culpa.”
Conjuração Baiana
Principado do Brasil
O Principado do Brasil era um título nobiliárquico que existiu em Portugal entre 1645 a
1815, se referindo ao Estado do Brasil, instituído em 1549.
Tendo sido o Brasil uma colônia do Império Português, careceu de bandeira própria por
mais de trezentos anos. Não era costume, na tradição vexilológica lusitana, a criação de
bandeiras para suas colônias, quando muito de um brasão. Hasteava-se no território a
bandeira do reino, ou do representante direto do monarca, como o governador-geral ou
o vice-rei. Ainda que não seja considerada uma bandeira brasileira, visto que seu uso
era exclusivo aos herdeiros aparentes do trono português, o pavilhão dos príncipes do
Brasil pode ser tido como a primeira representação flamular do Brasil. Sobre campo
branco – cor relacionada à monarquia – inscreve-se uma esfera armilar – objeto que
viria a ser, por muito tempo, o símbolo do Brasil. Já no pavilhão pessoal de D. Manuel
I, aparece este que foi um objeto crucial para viabilizar as explorações marítimas de
Portugal.
Reino (1815-1822)1
1
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves foi a designação oficial assumida em 16 de dezembro de
1815, a elevação do então Estado do Brasil (1621-1815), uma colônia portuguesa, a reino unido com o
Elevação a Reino Unido
Revolução Pernambucana
No começo do século XIX, Pernambuco era a capitania mais rica do Brasil Colônia.
Recife e Olinda, as duas maiores urbes pernambucanas, tinham juntas cerca de 40 mil
habitantes (o Rio de Janeiro, capital da colônia, possuía 60 mil habitantes). O porto do
Recife escoava a produção de açúcar — das centenas de engenhos da Zona da Mata,
cujo litoral se estendia da foz do rio São Francisco até a vila de Goiana —, e de algodão.
Além de sua importância econômica e política, os pernambucanos tinham participado de
diversas lutas libertárias. A primeira e mais importante tinha sido a Insurreição
Reino de Portugal (sua metrópole soberana até então) e Algarve, devido à transferência da família real e
da nobreza portuguesa para o Brasil. Tal aconteceu por ordem do então Príncipe-regente Dom João Maria
de Bragança (futuro Rei Dom João VI), após as invasões napoleônicas a Portugal
Pernambucana, em 1645. Depois, na Guerra dos Mascates2, foi aventada a possibilidade
de proclamar a independência de Olinda.
A sucessão dos acontecimentos nos meses seguintes foram responsáveis por incitar no
Brasil a ruptura com Portugal, uma vez que, como mencionado, isso não era certo em
janeiro de 1822. Ao longo do processo de independência, duas pessoas tiveram grande
influência na tomada de decisões de D. Pedro: sua esposa Maria Leopoldina e José
Bonifácio de Andrada e Silva.
O rompimento ficou cada vez mais evidente com algumas medidas aprovadas no Brasil.
Em maio de 1822, foi decretado o “Cumpra-se”, medida que determinava que as leis e
as ordens decretadas em Portugal só teriam validade no Brasil com o aval do príncipe
regente. No mês seguinte, em junho, foi determinada a convocação de eleição para a
formação de uma Assembleia Constituinte no Brasil.
Essas medidas reforçavam a progressiva separação entre Brasil e Portugal, uma vez que
as ordens de Portugal já não teriam validade aqui conforme determinava o “Cumpra-se”
e, além disso, esboçava-se a elaboração de uma nova Constituição para o país com a
convocação de uma Constituinte.
Na ocasião, D. Pedro I estava sofrendo de problemas intestinais (que não se sabe sua
origem específica). O príncipe regente leu todas as notícias e ratificou a ordem de
independência com um grito às margens do Rio Ipiranga, conforme registrado na
história oficial. Atualmente, os historiadores não têm evidências que comprovem o grito
do Ipiranga.
3
O Primeiro Reinado é o nome dado ao período da história brasileira em que Pedro I do Brasil governou o Brasil como Imperador,
entre 7 de setembro de 1822, data em que proclamou a independência do Brasil, e 7 de abril de 1831, quando abdicou do trono
brasileiro. Este período caracterizou-se por ser de transição, marcado por uma grande crise econômico-financeira, social e política.
A efetiva consolidação da independência do Brasil ocorreria a partir de 1831, com a abdicação de D. Pedro I. É historicamente
incorreto referir-se a este período como "primeiro império", já que o Brasil teve um único período imperial contínuo, dividido em
primeiro reinado, período regencial e segundo reinado.
4
D. Pedro, agora Imperador Dom Pedro I , buscou retirar possíveis focos de resistência portuguesa dentro do território brasileiro.
Encontrou ferrenha oposição nas províncias de Maranhão, Bahia, Pará e Piauí sem contar tropas portuguesas que ainda estavam
instaladas no Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras. Assim, D. Pedro I contratou alguns militares europeus, a maioria
ingleses e franceses. Comandados pelo marechal britânico Thomas Cochrane, os soldados brasileiros e mercenários contratados
conseguiram retirar a resistência. Thomas Cochrane chegou a dissipar a resistência maranhense com apenas um navio de guerra.
Aclamado primeiro imperador do país em 12 de outubro de 1822, D. Pedro I enfrentou a resistência de tropas portuguesas. Ao
vencê-las, em meados de 1823, consolidou sua liderança. Seu primeiro grande ato político foi a convocação da Assembleia
Constituinte, eleita no início de 1823. Foi também seu primeiro fracasso: dada a uma forte divergência entre os deputados e o
soberano, que exigia poder pessoal superior ao do Poder Legislativo e ao do Poder Judiciário, a assembleia foi dissolvida em
novembro.
Em 1831 o imperador decidiu visitar as províncias, numa última tentativa de estabelecer
a paz interna. A viagem deveria começar por Minas Gerais; mas ali o imperador
encontrou uma recepção fria, pois acabara de ser assassinado Líbero Badaró, um
importante jornalista de oposição. Ao voltar para o Rio de Janeiro, Dom Pedro deveria
ser homenageado pelos portugueses, que preparavam-lhe uma festa de apoio; mas os
brasileiros, discordando da festa, entraram em conflito com os portugueses, no episódio
conhecido como Noite das Garrafadas5.
Dom Pedro tentou mais uma medida: nomeou um gabinete de ministros com suporte
popular. Mas desentendeu-se com os ministros e logo depois demitiu o gabinete,
substituindo-o por outro bastante impopular. Frente a uma manifestação popular que
recebeu o apoio do exército, não teve muita escolha, assim criou o quinto poder. Mas
não deu certo a ideia, e não restou nada ao imperador a não ser a renúncia, no dia 7 de
abril de 1831.
Confederação do Equador
5
Em março de 1831, D. Pedro I viaja para Minas Gerais, sendo hostilizado pelo povo mineiro. No dia 11 de março
ele retorna ao Rio de Janeiro, onde volta a encontrar oposição aberta nas ruas da cidade. O conflito culminou na noite
do dia 13, quando os portugueses organizavam uma grande festa para recepcionar o governante, mas os brasileiros
revoltosos atacaram com pedras e garrafas.
Período regencial
Durante o período de 1831 a 1840, o Brasil foi governado por diversos regentes,
encarregados de administrar o país enquanto o herdeiro do trono, D. Pedro II, ainda era
menor. A princípio a regência era trina, ou seja, três governantes eram responsáveis pela
política brasileira, no entanto com o ato adicional de 1834, que, além de dar mais
autonomia para as províncias, substituiu o caráter tríplice da regência por um governo
mais centralizador.
O primeiro regente foi o Padre Diogo Antônio Feijó , que notabilizou-se por ser um
governo de inspirações liberais, porém, devido às pressões políticas e sociais, teve que
renunciar. O governo de caráter liberal caiu para dar lugar ao do conservador Araújo
Lima, que centralizou o poder em suas mãos, sendo atacado veementemente pelos
liberais, que só tomaram o poder devido ao golpe da maioridade. Destacam-se neste
período a instabilidade política e a atuação do tutor José Bonifácio, que garantiu o trono
para D. Pedro II.
Segundo reinado
O Segundo Reinado teve início com o Golpe da Maioridade (1840), que elevou D.
Pedro II ao trono, antes dos 18 anos, com quinze anos. A economia, que teve como base
principal a agricultura – tornando-se o café o principal produto exportador do Brasil
durante o reinado de Pedro II, em substituição à cana-de-açúcar –, apresentou uma
expansão de 900%. A falta de mão-de-obra, na época chamada de "falta de braços para
a lavoura", em consequência da libertação dos escravos foi solucionada com a atração
de centenas de milhares de imigrantes, em sua maioria italianos, portugueses e alemães.
O que fez o país desenvolver uma base industrial e começar a expandir-se para o
interior.
Nesse período, foi construída uma ampla rede ferroviária, sendo o Brasil o segundo país
latino-americano a implantar este tipo de transporte, e, durante a Guerra do Paraguai, foi
possuidor da quarta maior marinha de guerra do mundo. A mão-de-obra escrava, por
pressão interna de oligarquias paulistas, mineiras e fluminenses, manteve-se vigente até
o ano de 1888, quando caiu na ilegalidade pela Lei Áurea. Entretanto, havia-se encetado
um gradual processo de decadência em 1850, ano do fim do tráfico negreiro, por
pressão da Inglaterra, além de que o Imperador era contra a escravidão, pela opção dos
produtores de café paulistas que preferiam a mão de obra assalariada dos imigrantes
europeus, pela malária que dizimou a população escrava naquela época e pela guerra do
Paraguai quando os negros que dela participaram foram alforriados.
“Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi
deles, deles só porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo
assistiu àquilo tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que
significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada!”
Para poupar conflitos, não houve violência e a Família Imperial pôde exilar-se na
Europa em segurança.
D. Pedro II assinou sua renúncia com a mesma assinatura de seu pai ao abdicar em
1831: Pedro de Alcântara.
Em 28 de setembro de 1885 promulgou-se uma outra lei, a Lei dos Sexagenários (Lei
Saraiva–Cotegipe) que determinava a "extinção gradual do elemento servil" e criava
fundos para a indenização dos proprietários de escravos e determinava que escravos a
partir de 60 anos poderiam ser livres. Assim, com estas duas leis (Ventre Livre e
Sexagenários), a abolição dos escravos seria gradativa, com os escravos sendo libertos
ao atingirem a idade de 60 anos.
Em 1880 fora criada a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão que, juntamente com a
Associação Central Abolicionista e outras organizações, passou a ser conhecida pela
Confederação Abolicionista liderada por José do Patrocínio, filho de uma escrava negra
com um padre. Em 1884, os governos do Ceará e do Amazonas aboliram, em seus
territórios, a escravidão, no que foram pioneiros.
As fugas de escravos aumentaram muito, após 1885, quando foi abolida a pena de açoite
para os negros fugidos, o que estimulou as fugas. O exército se negava a perseguir os
negros fugidos. Há que lembrar ainda os Caifases, liderados por Antônio Bento de
Souza e Castro, que promoviam a fuga dos negros, perseguiam os capitães-de-mato e
ameaçavam os senhores escravistas. Em São Paulo, a polícia, em 1888, também não ia
mais atrás de negros fugidos.
Uma Missa campal realizada em 1888 em ação de graças pela Abolição da Escravatura
no Brasil.
Em resposta, Isabel replicou: "Se mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para a
libertação dos negros".