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1- EXPANSO MARTIMA E COMERCIAL EUROPIA 1.1 - A Transio do Feudalismo para o Capitalismo Antes do final da Idade Mdia, o feudalismo foi desaparecendo, dando lugar a novo perodo da Histria Ocidental, a Idade Moderna, graas a fatores decisivos, como: No campo socioeconmico, o surgimento da burguesia mercantil e a expanso comercial europeia atravs das Grandes Navegaes; No campo poltico, o fortalecimento do rei e a formao dos estados nacionais; No campo religioso, a Reforma protestante, a partir da qual o catolicismo deixou de ser a nica religio crist da Europa ocidental; No campo cientfico, o desenvolvimento da cincia moderna, no mais fundamentada na autoridade, mas em mtodos de observao e experincia; Nicolau Coprnico e Galileu Galilei mostraram que a Terra gira em torno do Sol; No campo da comunicao, a inveno da imprensa por Gutemberg permitiu a difuso mais rpida dos conhecimentos; No campo tecnolgico, houve grandes avanos com o uso da bssola, da plvora e do papel. O monoplio de Veneza e Gnova, os altos preos das mercadorias e, em 1453, a tomada de Constantinopla pelos turcos, que passaram a criar mais problemas ao comrcio europeu, estimularam diversos pases europeus a procurar caminhos que os levassem diretamente fonte das especiarias e de outros produtos orientais. 1.2 - O pioneirismo portugus nas navegaes Alguns fatores contriburam para o pioneirismo portugus no processo de expanso martima: Ao contrrio de outros reinos europeus, j em 1143 Portugal foi unificado como reino independente e concentrou-se em expulsar os rabes e expandir-se pelos mares; Joo I, rei em 1385, apoiado na burguesia mercantil enriquecida, impulsionou a expanso; No incio do sculo XV, Portugal tornou-se centro de estudos de navegao com estmulo de Henrique, o Navegador, que se estabeleceu em Sagres e se beneficiou com a localizao de Lisboa, escala dos navios que, vindos do Mediterrneo, iam para o norte europeu; Avanos, como o uso da bssola, mapas e as caravelas, mais velozes que as embarcaes anteriores, tudo consequncia dos estudos realizados em Portugal. Posio geogrfica privilegiada. Os navegadores portugueses tinham por objetivo alcanar as ndias contornando o sul africano. Foram mais de oitenta anos de tentativas, da tomada de Ceuta no norte da frica em 1415, at a chegada s ndias, em 1498, em viagem realizada por Vasco da Gama. Depois de tantos riscos e perigos, a burguesia mercantil exultou: os lucros da primeira viagem de Vasco da Gama chegaram a 6.000%. 1.3 Consequncia da Expanso Martima DECADNCIA DAS CIDADES ITALIANAS: Os italianos insistiam em realizar o comrcio no Mediterrneo. Com as navegaes ultramarinas a oferta da produo oriental cresceu. Os preos despencaram e os italianos perderam os mercados de consumo para lusos, holandeses e espanhis.
ACUMULAO PRIMITIVA DE CAPITAL: Os imprios coloniais, em especial dos pases iberos propiciaram um intenso comrcio para a Europa. Fortaleceram o mercantilismo internacional, sobretudo com a descoberta em grande escala de metais preciosos. O eixo econmico do Mediterrneo deslocouse para o Atlntico como um empreendimento mundial.
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A DESTRUIO DAS CIVILIZAES: As civilizaes locais na Amrica so assacadas. Milhares de ndios so mortos pelos descobridores (Cortez, Pizarro, Almagro). As riquezas naturais carreadas para a Europa. Os selvcolas sobreviventes, em grande parte, foram utilizados em setores produtivos como mo-deobra escrava. CONHECIMENTO DE UM MUNDO NOVO: Os conhecimentos de Histria e, em especial, de geografia mudaram. Conheceram-se novos continentes e novas civilizaes. A tese da esfericidade da terra foi confirmada em 1519 1521 com a viagem ao redor do mundo realizada por Ferno de Magalhes. O PRIPLO: A expresso priplo se refere circunavegao de um Continente. Como os portugueses, inicialmente, se preocuparam mais com a conquista das ndias afirma-se que eles realizaram o priplo africano (contorno da frica). Os espanhis se dirigiam Amrica, em consequncia, realizaram o priplo americano.
1.4 - Tratado de Tordesilhas Depois de vrias discusses diplomticas, a exigncia feita por Portugal foi aceita pela Espanha. Esses dois pases assinaram ento um novo acordo, chamado Tratado de Tordesilhas, em 1494.
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Por esse tratado, a linha divisria deveria passar a 370 lguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Tudo o que ficasse a oeste dessa linha seria da Espanha e o que ficasse a leste seria de Portugal. Com o Tratado de Tordesilhas, Portugal garantia a posse legal de parte das terras onde hoje o Brasil, conforme voc v no mapa abaixo. BULA INTER COETERA E O TRATADO DE TORDESILHAS Pela Bula Inter Coetera, a Amrica deveria ficar s para a Espanha. J pelo Tratado de Tordesilhas parte das terras americanas deveria pertencer a Portugal. 1.5 A chegada dos portugueses Comandada por Pedro lvares Cabral, a expedio partiu de Lisboa no dia 9 de maro de 1500 e, distanciando-se do litoral africano, cruzou o oceano Atlntico. No dia 22 de abril, os portugueses avistaram um monte redondo e alto, batizado monte Pascoal. A seguir, desembarcaram em terras habitadas por tupiniquins e tomaram posse da terra em nome do rei de Portugal. No dia 26 de abril, Frei Henrique Soares de Coimbra celebrou a primeira missa na terra que acabou por se chamar Brasil, pois em seu litoral havia grande quantidade de uma rvore chamada pau-brasil. No dia 23 de abril, os portugueses fizeram com os nativos os primeiros contatos, muito cordiais segundo o escrivo Pero Vaz de Caminha. Em 2 de maio, Cabral seguiu para as ndias, evidenciando qual era o mais importante objetivo da viagem. Apesar de perder quatro navios, a expedio de Cabral foi outro sucesso comercial, pois apenas a primeira trazida do Oriente rendeu duas vezes o custo da viagem. 1.6 A Teoria do Descobrimento Duas questes relacionadas ao Descobrimento do Brasil provocaram muitas dvidas e discusses. Primeiro, a questo dos precursores de Cabral: h indcios fortes de que, em 1499, Amrico Vespcio e Vicente Pinzn estiveram em terras hoje pertencentes ao Brasil. A Segunda questo a da intencionalidade: sabiam os portugueses da existncia dessas ou Cabral se desviou da rota e chegou aqui por acaso? H argumentos a favor das duas hipteses, mas parece que os portugueses, se no tinham certeza, desconfiavam da existncia de terras neste lado do Atlntico. Caso contrrio, como se explicaria a insistncia de Joo II em transferir a linha demarcatria entre terras espanholas e portuguesas para 370 lguas a oeste de Cabo Verde, tal e qual estabeleceu o Tratado de Tordesilhas? mais seguro afirmar que a expedio de Cabral teve dois objetivos principais: estabelecer o domnio portugus sobre a parte j assegurada em Tordesilhas, fixando a bases de operao que facilitassem as viagens para as ndias; e continuar as relaes polticas e comerciais com o Oriente, iniciadas por Vasco da Gama. 2 BRASIL PR-COLONIAL: 1500 1530 2.1 As expedies exploradoras 1501 Expedio de Gaspar de Lemos: percorreu o litoral brasileiro de norte a sul e nada de ouro. Lemos batizou os acidentes geogrficos com o nome do Santo do dia: da termos, ainda registros como: o Rio So Francisco o Ilha de So Vicente o So Sebastio o Morro de So Janurio. 1503 Expedio de Gonalo Coelho, Amrico Vespcio e Ferno de Noronha. Construram uma feitoria no Rio de Janeiro Cabo Frio e enviaram ao serto a primeira entrada
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em busca de ouro. Seus participantes jamais retornaram ao litoral. Ferno de Noronha assinara contrato com D.Manuel para extrair pau-brasil no arquiplago que mais tarde levaria seu nome; Ao final de 1503 retornou das ndias Cabral com seus navios abarrotados de especiarias e artigos de luxo. A corte, em consequncia, abandonou literalmente o Brasil e passou a explorar as riquezas orientais. 1516 1526 Expedies de Cristvo Jacques. Tinham a finalidade de combater os corsrios franceses que extraam do litoral brasileiro pau-brasil em grande escala. Provavelmente em 1516 tenha vindo para o Brasil (localizando-se na regio de Pernambuco) a enorme cl familiar de Duarte Coelho, dando incio ao cultivo do acar.
2.2 A explorao do Pau-brasil A economia pr-colonial centrou-se no pau-brasil, madeira avermelhada existente em toda a Mata Atlntica, desde o litoral do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. O pau-brasil era conhecido na Europa desde a Idade Mdia, pois dele se extraa um corante utilizado na tintura de tecidos e tingimento de mveis. A extrao do pau-brasil foi declarada estanco (monoplio real): s o rei concedia o direito de explorao. O primeiro arrendatrio a ser beneficiado com o estanco foi Fernando de Noronha, em 1502. A explorao era feita por conta e risco do arrendatrio, e a Coroa, sem nada investir, recebia uma parcela dos lucros. Como a extrao de madeira era feita de maneira predatria, no havendo preocupao em reimplantar a rvore, essa riqueza florestal esgotou-se rapidamente. A rvore era cortada e transportada aos navios portugueses pelos indgenas, que, em pagamento, recebiam objetos de pouco valor. Essa relao de trabalho chama-se escambo. O ciclo do pau-brasil no criou ncleos povoadores: gerou apenas algumas feitorias de pouco significado, como a de Cabo Frio (1503). 2.3 A primeira expedio colonizadora Cinco navios e uma tripulao de mais ou menos 400 pessoas. Era assim composta a expedio comandada por Martin Afonso de Souza, que partiu de Lisboa em dezembro de 1530. Seu principal objetivo era iniciar a colonizao do Brasil; por isso ficou conhecida como expedio colonizadora. Alm de iniciar a colonizao, Martin Afonso tambm tinha como objetivos combater os corsrios estrangeiros, procurar ouro e fazer um maior reconhecimento geogrfico de nosso litoral. Em 22 de janeiro de 1532, Martin Afonso fundou a primeira vila do Brasil, a vila de So Vicente. Alm dessa vila, fundou alguns povoados, como Santo Andr de Borda do Campo e Santo Amaro. Na regio de So Vicente, Martin Afonso iniciou o plantio da cana-de-acar. Um ano aps o plantio das primeiras mudas, instalou-se o primeiro engenho produtor de acar no Brasil chamado So Jorge. 3 A COLONIZAO A partir de 1530, mudou a posio de Portugal em relao ao Brasil. O rei se convenceu de que s poderia manter a posse da terra estabelecendo ncleos permanentes de povoamento, colonizao e defesa. Mas a coroa tambm tinha esperana de haver aqui riquezas minerais, em propores semelhantes s encontradas pelos espanhis em suas possesses. A experincia de Portugal como produtor de acar em suas ilhas do Atlntico (Madeira e Cabo Verde) contribuiu para a escolha do produto e a forma de produo: eram semelhantes as condies ecolgicas do Brasil e das ilhas; o acar era das especiarias mais bem pagas e apreciadas no mercado europeu; por seu valor, o acar poderia atrair investimentos; navios holandeses poderiam colaborar no transporte; os ndios poderiam ser obrigados a trabalhar na lavoura e, se no se adaptassem, havia os africanos, muitos deles j escravizados pelos portugueses.
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O governo portugus no tinha recursos econmicos para investir na colonizao brasileira. Por isso, implantou um sistema transferindo essa tarefa para a iniciativa particular. Assim, em 1534, o rei de Portugal dividiu o Brasil em grandes lotes de terra: as quinze capitanias ou donatrias. E as entregou a pessoas de razoveis condies financeiras: os donatrios. O donatrio, nomeado pelo rei, era a autoridade mxima dentro da capitania. Com a morte do donatrio, a administrao da capitania passava para seus descendentes. Por esse motivo, as capitanias eram chamadas de capitanias hereditrias. O vnculo jurdico ente o rei de Portugal e os donatrios era estabelecido em dois documentos bsicos: Carta de doao - conferia ao donatrio a posse hereditria da capitania. Os donatrios no eram proprietrios das capitanias, mas apenas de uma parcela das terras. Tinham, entretanto, o direito de administrar toda a capitania e explorla economicamente. Carta foral estabelecia os direitos e deveres dos donatrios, relativos explorao da terra. 3.2 - Direitos e deveres dos donatrios Dentre os principais direitos dos donatrios, podemos destacar as seguintes: Criar vilas e distribuir terras (sesmarias) a quem desejasse cultiv-las. Exercer plena autoridade no campo judicial e administrativo, podendo inclusive autorizar a pena de morte. Escravizar os ndios, obrigando-os a trabalhar na lavoura. Tambm podiam enviar ndios, como escravos, para Portugal, at o limite de 30 por ano. Receber a vigsima parte dos lucros sobre o comrcio do pau-brasil. Em contrapartida, o donatrio estava obrigado a assegurar ao rei de Portugal: Dez por cento dos lucros sobre todos os produtos da terra. Um quinto dos lucros sobre os metais e pedras preciosas que fossem encontrados. O monoplio da explorao do pau-brasil. Observando essa diviso de direitos e deveres, percebe-se claramente que o rei de Portugal reservava para si os melhores benefcios que a terra poderia oferecer. Quanto s despesas necessrias obra colonizadora, todas ficavam por conta dos donatrios. Resultados das capitanias
O sistema de capitanias no alcanou, do ponto de vista econmico, o sucesso esperado governo portugus. S as capitanias de Pernambuco e de So Vicente progrediram e obtiveram lucros com a produo de acar. As demais capitanias no prosperaram em decorrncia de problemas como: Falta de recursos dos donatrios- as terras eram muito extensas, e os donatrios geralmente no tinham dinheiro para desenvolv-las. Muitos donatrios perderam o interesse pelas capitanias, pois precisavam investir, produzir (plantar e colher), e no acreditavam que o retorno financeiro compensaria todo o trabalho e capital empenhados. Alguns nem chegaram a tomar posse de sua capitania. Constantes revoltas das tribos indgenas os ndios lutaram contra a invaso de suas terras e contra a escravido que o conquistador queria lhes impor, dificultando a colonizao. Problemas de comunicao entre as capitanias e Portugal as grandes distncias e as precrias condies dos meios de transporte provocaram o isolamento das capitanias. Dificuldades com a lavoura nem todas as terras das diversas capitanias eram propcias as cultivo de cana-de acar, produo que mais interessava ao sistema colonial. Restava ao donatrio explorar o pau-brasil; porm, nessa atividade, sua participao era muito reduzida (5%), contribuindo para diminuir seu interesse pela capitania. Do ponto de vista poltico, entretanto, o sistema das capitanias alcanou at certo ponto os objetivos desejados. Lanou as bases da colonizao. Contribuiu para preservar a posse das terras. Ajudou a revelar as possibilidades de explorao econmica da colnia. 3.3 Governo-Geral O isolamento das capitanias em relao a Portugal foi apontado como um dos primeiros problemas do sistema de capitanias. A coroa portuguesa passou, ento, a participar diretamente da obra colonizadora. Implantou, na colnia, o governo-geral, um governo centralizado, encarregado de auxiliar e defender as capitanias. O governo-geral tinha, portanto, o objetivo de coordenar a ao dos donatrios e no, propriamente, extinguir o sistema de capitanias existente. Como sede do governo-geral, escolheu-se a capitania da Bahia, resgatada pelo rei de Portugal do filho de Francisco Pereira Coutinho, o primeiro donatrio. Essa escolha deveu-se a interesses administrativos, pois a capitania da Bahia localizava-se num ponto mdio do nosso litoral, o que facilitaria a comunicao com as demais capitanias. Normas para o governo-geral Entre as normas que regulavam o governo-geral, criado em 1548, destacavam-se: O comando e a defesa militar da colnia ficavam a cargo do governo-geral; Os poderes judiciais dos donatrios passariam a ser exercidos pelo governador-geral; Proibia-se, de modo geral, a escravizao do ndio; O governador-geral teria trs auxiliares: o ouvidor-mor, encarregado dos negcios da Justia; o provedor-mor, encarregado dos assuntos da Fazenda; e o capito-mor, encarregado da defesa do litoral. Primeiros governadores-gerais Vejamos os principais acontecimentos que marcaram a atuao dos trs primeiros governadores gerais do Brasil: Tom de Souza, Duarte da Costa e Mem de S. Tom de Souza: a fundao de Salvador O primeiro governador-geral do Brasil, Tom de Souza, desembarcou na Bahia em 1549 e governou at 1553.
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Sua frota de seis navios trazia, aproximadamente, mil pessoas (soldados, degredados1, funcionrios da administrao, jesutas etc.) Os jesutas (seis ao todo), chefiados pelo padre Manuel da Nbrega, vieram ao Brasil com a misso oficial de converter os indgenas religio catlica. Dentre as principais realizaes do governo de Tom de Souza, podemos citar: Fundao da cidade de Salvador (primeira cidade do Brasil), onde foi sediada a capital do governo-geral; Criao do primeiro bispado brasileiro (territrio subordinado autoridade do bispo), em 1551, chefiado pelo bispo Dom Pero Fernandes Sardinha; Incio da pecuria e incentivo ao cultivo da cana-de-acar; Organizao de expedies, chamadas de entradas, que penetravam nas matas procura de metais preciosos. Duarte da Costa: a invaso francesa O segundo governador-geral, Duarte da Costa, governou de 1553 a 1558 e trouxe mais jesutas para o Brasil, dos quais destacou-se Jos de Anchieta. Em janeiro de 1554, Jos de Anchieta e Manuel da Nbrega fundaram o colgio de So Paulo. Junto a esse colgio nasceu a vila de origem cidade de So Paulo. Em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro e fundaram um povoamento que se chamou Frana Antrtica. Sem armas e soldados suficientes, Duarte da Costa no pde impedir a invaso nem conseguiu expuls-los do Riode Janeiro. Mem de S: a expulso dos franceses O terceiro governador-geral, Mem de S, governou o Brasil por 14 anos (1558-1572). Entre os principais acontecimentos de seu longo perodo de governo, destacam-se: Expulso dos franceses do Rio de Janeiro, em 1567, com a ajuda de seu sobrinho, Estcio de S. Alm de chefe militar, Estcio de S lembrado como fundador da cidade do Rio de Janeiro, que nasceu de um pequeno povoado militar organizado para a luta contra os franceses; Combate aos indgenas que lutavam contra a conquista colonial portuguesa, levando ao extermnio de muitas tribos; Crescente incentivo importao de escravos negros da frica, que passou a ser considerada a soluo para o problema da falta de mo-de-obra na agricultura; A dissoluo da confederao dos Tamoios. Por suas realizaes, Mem de S considerado o consolidador do governo-geral. MUDANAS POLITICO-ADMINISTRATIVAS Depois de praticar a centralizao administrativa com os governos-gerais, o rei de Portugal resolveu dividir a administrao do Brasil em dois governos: Governo do Norte - com sede na cidade de Salvador, chefiado pelo conselheiro Lus de Brito de Almeida (15731578); Governo do Sul com sede na cidade do Rio de Janeiro, chefiado pelo desembargador Antnio Salema (1574-1578). Todavia, em 1578, insatisfeito com os resultados prticos da experincia, o rei de Portugal decidiu voltar atrs e estabeleceu novamente um nico centro administrativo no Brasil, com sede em Salvador. Loureno da Veiga, nomeado pela coroa portuguesa, exerceu o cargo at 1581, ano de sua morte. Cmaras municipais Paralelamente formao das primeiras vilas, foi sendo estruturada uma administrao de mbito local, a cargo das
cmaras municipais, institudas somente nos municpios mais importantes. As cmaras eram controladas pelos chamados homens bons, representantes dos grandes proprietrios de terra, de escravos ou de gado. A atuao administrativa das cmaras abrangia diversos setores, como o de abastecimento, de tributao, de execuo das leis, de relacionamento do colonizador com os indgenas etc. Assim, as cmaras municipais constituam poderosos rgos da administrao colonial, controlados pela elite rural da colnia. Nessa condio, opunha-se ao centralismo administrativo, representado pelos rgos da coroa portuguesa. 4 FORMAO ECONMICA DO BRASIL: A CANA-DEACAR A colonizao no Brasil foi organizada em torno do cultivo da cana-de-acar. Investimento, transporte, refinao e distribuio foram problemas que se apresentaram aos portugueses e cuja soluo foi dada pela Holanda. Portugal lucraria atravs dos impostos resultantes do pacto colonial e teria a garantia de posse das terras brasileiras. A montagem da produo aucareira obedeceu ao sistema de plantation, resultando na criao de uma sociedade patriarcal e escravista. Para defender a posse da terra, protegendo-a de ameaas estrangeiras, Portugal decidiu colonizar o Brasil. Mas para isso, seria preciso desenvolver uma atividade econmica lucrativa que compensasse o empreendimento. A soluo encontrada por Portugal foi implantar a empresa aucareira, em certos trechos do litoral brasileiro, uma vez que o acar era produto de grande interesse para o comrcio europeu. Por meio dele seria possvel organizar o cultivo permanente do solo, iniciando o povoamento sistemtico da colnia. Ao decidir implantar a empresa aucareira no Brasil, Portugal deixava a atividade meramente predatria extrao de pau-brasil) e iniciava a montagem de uma organizao produtiva dentro das diretrizes do sistema colonial. Caracterstica da propriedade agrcola A grande propriedade agrcola, na qual se baseava o sistema colonial, tinha duas caractersticas fundamentais. Era: Monocultura especializada na produo em larga escala de apenas um gnero tropical de alto valor, tendo em vista as necessidades do mercado europeu; Escravocrata utilizava o trabalho de negros escravos importados da frica. O engenho de acar, exemplo tpico da grande propriedade agrcola, enquadrava-se perfeitamente dentro dos mecanismos do sistema colonial. Mo-de-obra escrava A empresa aucareira, alm de experincia produtiva e capitais, necessitava tambm de mo-de-obra, isto , pessoas que trabalhassem nos engenhos. No seria de Portugal que viriam essas pessoas, pois sua populao, em meados do sculo XVI, era escassa. O colonizador insistiu em escravizar o ndio, procurando aproveit-lo, agora, na empresa aucareira. Entretanto, a escravizao do ndio no era to conveniente ao sistema colonial mercantilista. coroa portuguesa interessava uma soluo mais lucrativa, ou seja, o uso de mo-de-obra africana, o que alimentaria o trfico negreiro. 4. 1 - Atividades Complementares A pecuria - O gado, alm de constituir fonte alimento, era indispensvel na moenda e no transporte das caixas at os portos. Mesmo assim, a pecuria, inicialmente desenvolvida no engenho, acabou sendo empurrada para o interior. A criao de gado deu origem a um novo tipo de latifndio, onde o trabalho escravo no tinha condies de ser implantado; nele, o vaqueiro, em geral ndio ou mestio,
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trabalhava em regime de parceria, recebendo reses em pagamento pelo seu servio. O tabaco Ocupava o segundo lugar na lista de produtos exportados pela Colnia. Assim como a aguardente, o fumo era utilizado no escambo de escravos africanos. O algodo - No sculo XVI, o algodo tinha um papel secundrio na economia; fornecia material para a confeco de roupas para os escravos.
4.2 - O negro no engenho Os escravos so as mos e os ps do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil no possvel fazer, conservar e aumentar fazenda, nem Ter engenho corrente. Essa afirmao foi feita por Antonil, em Cultura e opulncia do Brasil por suas drogas e minas, obra publicada em 1711. A frase expressa com grande realismo o papel do negro na sociedade brasileira. No ano de 1550, chegou ao Brasil a primeira leva de escravos, que desembarcou em Salvador. No comeo, eram trocados por cachaa, fumo, bugigangas, instrumentos de metal e outras quinquilharias. Os principais grupos negros trazidos para o Brasil forma os sudaneses, originrios da Nigria, Daom e Costa do Ouro; os bantos, de Angola, Congo e Moambique; e os mals, sudaneses islamizados. 5 FORMAO TERRITORIAL Em 1494, o Tratado de Tordesilhas dividiu entre Espanha e Portugal as terras recm-descobertas na Amrica. As duas naes formaram vastos imprios coloniais, o que gerou nos demais pases europeus um sentimento de marginalizao. Frana, Inglaterra e Holanda reagiram contra essa situao atravs da pirataria e de invases aos novos territrios. 5.1 Invases francesas
Apesar da morte de Estcio de S, fundador da cidade do Rio de Janeiro, os portugueses conseguiram, em 1567, expulsar os franceses, colocando fim consolidao da Frana Antrtica. Desalojados do Rio de Janeiro, os franceses tentaram estabelecer-se no litoral norte e nordeste do Brasil. Foi na luta contra eles que teve incio o povoamento da Paraba, Rio Grande do Norte, Cear, Par e Maranho. Nesta ltima regio, os combates foram mais violentos. Em 1612, os franceses invadiram o Maranho e fundaram a Frana Equinocial. Daniel de La Touche, lder dos franceses na nova tentativa, iniciou a formao da cidade de So Lus, que recebeu esse nome em homenagem ao ento rei francs, Lus XIII. Jernimo de Albuquerque, auxiliado por Alexandre de Moura e seus comandados, articulou a reao contra os franceses, atingindo seu objetivo em 1615. 5.2 Invases Inglesas J as tentativas inglesas de ataque limitaram-se a saques em portos brasileiros e apresamento de carga de navios que se dirigiam para a Europa. Edward Fenton, em 1583, e Robert Withrington, em 1587, tentaram tomar de assalto o porto de Santos, sendo ambos derrotados. Um outro corsrio, Thomas Gavendish, aproveitou o dia de Natal de 1591 para fazer um ataque de surpresa. Foi bem sucedido, saqueando inteiramente a cidade de Santos. Um ano depois tentou repetir a faanha no litoral do Esprito Santo, dessa vez fracassando. Em 1595, James Lancaster pilhou a cidade de Recife. No geral, essas expedies de corsrios ingleses pretendiam apossar-se de cargas de acar para revendlas na Europa. 5 . 3 A Unio Ibrica (1580 1640) Em 1580, o rei de Portugal, D. Henrique, morreu sem deixar herdeiros. Era o fim da dinastia de Avis. Surgiram disputas poltico-militares entre os pretendentes do trono portugus. O vencedor dessa disputa foi Felipe II, rei da Espanha, que invadiu e conquistou Portugal, alm de subornar a classe dominante portuguesa. Com a ascenso de Felipe II ao trono portugus, em 1580, teve incio o perodo do domnio espanhol, que se estendeu at 1640. Esse perodo tambm chamado de Unio Ibrica ou Unio Peninsular. Dominando Portugal, a Espanha passou a controlar tambm todas as colnias portuguesas, constituindo, assim, um vasto imprio. Por causa da Unio Ibrica, o Brasil tambm ficou proibido de comercializar com a Holanda. Na poca, porm, os holandeses controlavam a lucrativa operao de transporte, refino e distribuio comercial do acar brasileiro. E no pretendiam perder a fonte fornecedora de acar: os engenhos do Nordeste. Reagindo ao bloqueio econmico espanhol, os holandeses fundaram a Companhia das ndias Ocidentais, em 1621. Decidiram, por meio dessa empresa, conquistar o Nordeste brasileiro e apoderar-se da produo de acar. 5.4 Invaso da Bahia: derrota holandesa A primeira tentativa de invaso holandesa ocorreu em 8 de maio de 1824, na cidade de Salvador, Bahia. Mas os holandeses no conseguiram consolidar a ocupao. Utilizando tticas de guerrilha e contando com o reforo de tropas espanholas, as foras luso brasileiras conseguiram expulsar os holandeses um ano aps a invaso. Com a expulso dos holandeses da Bahia, a Companhia das ndias Ocidentais teve grande prejuzo financeiro, entretanto foi compensado em 1628, quando a esquadra holandesa de Piet Hein assaltou uma frota de navios espanhis carregados de prata. Com o lucro do assalto, a Companhia das ndias ocidentais pde preparar um novo ataque ao Brasil.
Os protestantes franceses, denominados huguenotes, passaram a ser perseguidos em seu pas por questes religiosas. Liderados por Nicolau Durand de Villegaignon e com o auxlio do almirante Coligny, os franceses invadiram e conquistaram a regio do Rio de Janeiro, em 1555. Pretendiam fundar uma colnia de explorao econmica e, ao mesmo tempo, fugir das guerras religiosas que assolavam a Frana. O prprio rei francs, Henrique II, incentivava a iniciativa. Instalaram-se nas ilhas de Serigipe, Paranapu (atual ilha do Governador), Uruumirim (Flamengo) e em toda essa regio de Frana Antrtica. As dificuldades materiais e o inimigo comum aproximaram os franceses e os ndios Tamoios, que se agruparam, constituindo a chamada Confederao dos Tamoios. Sob as ordens do governador-geral Duarte da Costa, os portugueses reagiram. No obtendo xito, o governador-geral terminou por ser substitudo por Mem de S.
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5.5 - Invaso de Pernambuco: nasce um Estado holands Uma poderosa esquadra composta de 56 navios, 3500 soldados e 3780 pessoas, foi aparelhada para invadir Pernambuco, na mais rica capitania da poca devido produo aucareira. A nova esquadra holandesa chegou ao litoral pernambucano no dia 14 de fevereiro de 1630. Sem foras suficientes para enfrentar os holandeses, Matias de Albuquerque, governador de Pernambuco, refugiou-se no interior do territrio, onde fundou o Arraial do Bom Jesus. O arraial tornou-se o principal foco de resistncia contra os holandeses. A ttica empregada por Matias de Albuquerque tambm foi a guerrilha. Durante cinco anos de luta, os holandeses no conseguiram dominar totalmente a regio dos engenhos de acar. A guerrilha estava obtendo bons resultados, at que Domingos Fernandes Calabar, profundo conhecedor da regio, passou a ajudar os holandeses, fornecendo-lhes informaes. Em 1635, aps uma srie de derrotas, Matias de Albuquerque desistiu da luta. Retirando-se para Alagoas, conquistou a cidade de Porto Calvo, que era controlada por holandeses, e a prendeu e enforcou Calabar. 5.6 Governo de Nassau (1637 1644) Com o fim da luta armada em Pernambuco, a Companhia das ndias Ocidentais passou a organizar a administrao da regio conquistada. Os anos de luta tinham causado grande desordem econmica. Tanto os senhores de engenho quanto os holandeses queriam um ambiente de ordem e paz para que pudessem obter lucros com a atividade aucareira. Para cuidar dessa tarefa a Companhia enviou ao Brasil o conde Joo Maurcio de Nassau Siegen, nomeado governador geral do Brasil holands. Maurcio de Nassau chegou ao Brasil em 1637 e logo ps em prtica uma habilidosa poltica administrativa. Pretendia pacificar a regio e conseguir a colaborao dos luso-brasileiros. Dentre as principais medidas adotadas em seu governo, destacam-se: Concesso de crditos a Companhia concedeu crditos aos senhores de engenho, que se destinaram ao reaparelhamento dos engenhos, recuperao dos canaviais e compra de escravos, reativando a produo aucareira; Tolerncia religiosa as diversas religies (catolicismo, judasmo, protestantismo etc.) foram toleradas pelo governo de Nassau. Os holandeses no tinham como objetivo expandir a f religiosa. Entretanto, a religio oficial do Brasil holands era o calvinismo, sendo, por isso, a mais incentivada; Obras urbanas a cidade do Recife foi beneficiada com a construo de pontes e obras sanitrias. Criou-se tambm a cidade de Maurcio, hoje bairro da capital pernambucana; Vida cultural o governo de Nassau promoveu a vinda de artistas, mdicos, astrnomos, naturalistas. Entre os pintores, estava Franz Post e Albert Eckhout, autores de diversos quadros inspirados das paisagens brasileiras. No setor cientfico destaca-se Jorge Marcgrave, um dos primeiros a estudar nossa natureza, e Willen Piso, mdico que pesquisou a cura das doenas mais comuns da regio. Maurcio de Nassau ganhou prestgio como administrador, mas surgiram, desentendimentos ente ele e a Companhia das ndias Ocidentais. Os lderes da Companhia o acusaram de furtar dinheiro e quiseram limitar seus poderes. Por sua vez, Nassau acusava a Companhia de no entender os problemas locais e agir com excessiva ganncia. Esses desentendimentos levaram sada de Nassau do cargo de governador, em 1644. 5.7 A Insurreio Pernambucana Depois da sada de Maurcio de Nassau do Brasil, a administrao holandesa tornou-se extremamente dura. Interessada somente em aumentar seus lucros, a Companhia das
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ndias Ocidentais passou a pressionar os senhores de engenho para que aumentassem a produo, pagassem mais impostos, liquidassem as dvidas atrasadas. A Companhia ameaava confiscar os engenhos de seus proprietrios, caso as exigncias no fossem cumpridas. At mesmo a tolerncia religiosa havia acabado. Os catlicos passaram a ser proibidos de praticar livremente sua religio. Reagindo a essas presses, os habitantes da colnia iniciaram, em 1645, a luta pela expulso dos holandeses, conhecida como Insurreio pernambucana. Vrias batalhas foram travadas contra os holandeses; dentre elas, destacam-se as batalhas dos Guararapes (1619 e 1648), vencidas pelos colonos. Depois de sucessivas derrotas, os holandeses renderam-se, em 1654, na Campina da Taborda. Com isso, Portugal retomou seu domnio na regio aucareira do Nordeste do Brasil. Durante dez anos, os brasileiros do Nordeste lutaram para expulsar os holandeses, sem receber nenhuma ajuda de Portugal. Destacaram-se nas lideranas o paraibano Andr Vidal de negreiros, o senhor de engenho Joo Fernandes Vieira, e o ndio Felipe Camaro, conhecido como Poti. A expulso dos holandeses ficou conhecida por Insurreio Pernambucana (1645 1654). 5.8 As consequncias da expulso dos holandeses Os holandeses abandonaram nossas terras, mas no o comrcio aucareiro. Dirigiram-se para as Antilhas (ilhas da Amrica Central), onde iniciaram uma produo aucareira prpria. Com grande capital, tecnologia mais avanada e facilidade para distribuio do produto na Europa, o acar das Antilhas foi se impondo. No difcil imaginar as consequncias disso para o Brasil. A Segunda metade do sculo XVII foi marcada pela decadncia da cultura da cana-de-acar em nosso pas. Extingue-se o primeiro ciclo econmico de nossa histria. 6 EXPANSO E OCUPAO TERRITORIAL A expanso e a ocupao do territrio brasileiro foram ocasionadas por diversos fatores, entre os quais destacam-se as atividades econmicas, as expedies para expulso de estrangeiros, a busca de riquezas minerais e de ndios para escravizar. Em 1750, com o Tratado de Madrid, praticamente estavam delineados os contornos de nossas fronteiras atuais. Lentamente, entretanto, desenvolveu-se a penetrao no interior do territrio brasileiro, removendo seu povoamento. A conquista e a ocupao resultaram das aes de: Expedies militares organizadas pelo governo para expulsar estrangeiros que ocupavam partes do territrio; Bandeirantes que percorriam o serto aprisionando ndios ou procurando metais preciosos; Padres jesutas que fundavam aldeias para catequizao dos ndios e explorao econmica de riquezas naturais do serto; Criadores de gado que tiveram seus rebanhos e fazendas empurrados para o interior do territrio. 6.1 Criao de gado: povoao do serto Para a Coroa portuguesa interessava o aumento da exportao de cana, mesmo que com isso o gado fosse levado para o interior. Por isso, em 1701, o monarca portugus proibiu a criao de gado a menos de 10 lguas do litoral. A busca de novas pastagens levou os fazendeiros de gado para o interior de Maranho. Com isso surgiram postos avanados de povoao no serto. A ocupao da atual regio do Piau foi decorrncia da criao bovina. Duas regies podem ser consideradas zonas de irradiao da pecuria. A primeira era Olinda, de onde o gado se expandia para o interior de Pernambuco e Paraba, da espalhando-se pelos campos do Piau e Maranho. A criao de gado a atendia a um mercado consumidor especfico: os engenhos de acar.
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A Segunda zona de irradiao era Salvador, na Bahia, em direo ao rio So Francisco e espalhando-se pelo seu vale. Essa regio, conhecida como Currais de Dentro, desenvolveu-se em funo do mercado consumidor surgido com a minerao. A pecuria integrava os diversos centros econmicos brasileiros da poca, pois era a nica atividade voltada para o mercado interno. Serviu tambm para amenizar as disputas no seio da prpria classe dominante, pois um senhor de engenho falido sempre tinha a possibilidade de se tornar fazendeiro de gado. A pecuria entrou em decadncia com o declnio de seus centros consumidores, primeiro os engenhos de acar, depois as reas de minerao.
A obteno desses produtos, entretanto, no era fcil; os ndios teriam de ser conquistados e convencidos a realizar essa tarefa. Os jesutas, interessados na catequeses dos ndios,
assumiram a liderana desse empreendimento. Assim, graas a essa atividade, o Norte foi ocupado, iniciando-se seu povoamento. 6.4 - A Expanso Territorial alm de Tordesilhas Durante o sculo XVII, o territrio brasileiro sofreu uma grande expanso para o interior, graas a expedies desbravadoras chamadas entradas e bandeiras. Ambas eram expedies que se embrenharam no interior do Brasil, procura de riquezas minerais e ndios para escravizar. Costuma-se dizer que as entradas eram organizadas pelo governo, e as bandeiras, por particulares. Essa diferenciao no totalmente correta, mas a que mais se aproxima da realidade. Ciclo de caa ao ndio Na primeira metade do sculo XVII, um fato novo estimulou os paulistas a prenderem milhares de ndios a fim de vend-los como escravos. Que fato foi esse? Como vimos, houve um tempo em que os holandeses conquistaram o Nordeste brasileiro, de Sergipe ao Maranho, e a regio de Angola, na frica, passando assim a controlar quase todo o trfico negreiro para o Brasil. As regies brasileiras que nessa poca no pertenciam a eles, como a Bahia, por exemplo, ficaram sem Ter como comprar escravos negros. Por isso, os senhores dessas regies comearam a comprar os ndios aprisionados pelos paulistas. Como havia um grande nmero de ndios nas misses de Guair (Paran), Itatin (Mato Grosso) e Tape (Rio Grande do Sul), os bandeirantes paulistas decidiram atac-las. Esses ndios despertavam ainda a cobia dos paulistas por suas qualidades, pois havia entre eles bons agricultores, artesos, boiadeiros, que estavam acostumados ao trabalho sedentrio e convivncia com o homem branco. De 1628 a 1638, as bandeiras de caa ao ndio (tambm chamadas bandeiras de apresamento), chefiadas principalmente por Manuel Preto a Antnio Raposo Tavares, arrasaram essas misses, espantaram o gado que a vivia e prenderam e escravizaram cerca de 300 mil ndios. A caa ao ndio foi chegando ao fim, principalmente porque os holandeses foram expulsos de Angola e do Brasil, e com isso normalizou-se o trfico negreiro para todo o territrio brasileiro. Ciclo do ouro e diamantes Como a caa ao ndio j no dava os lucros desejados (inclusive porque os jesutas passaram a distribuir armas de fogo para que os ndios se defendessem), os paulistas voltaram a procurar ouro e pedras preciosas na Segunda metade do sculo XVII. Nessa busca, foram muito incentivados e ajudados pelo rei de Portugal. O pequeno reino portugus tinha empobrecido muito durante os 60 anos em que fora dominado pela Espanha, e
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6.2- Conquista do litoral norte do Par e do Amazonas Por vezes, as expedies luso espanholas entraram em luta com os franceses, que, apoiados pelos ndios da regio, dificultavam a misso das expedies. Data dessa poca a fundao de vrias fortalezas litorneas que mais tarde viriam a ser importantes cidades. Em 1584, Frutuoso Barbosa fundava Filipia de Nossa Senhora das Neves, atual Joo Pessoa, capital da Paraba. Em 1597, erguia-se o Forte dos Reis Magos, atual cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Em 1613, mais um forte era inaugurado, o Forte de Nossa Senhora do Amparo, atual Fortaleza, capital do Cear. Mas coube aos prprios franceses a criao de uma vila, So Lus, atual capital do Maranho, onde conseguiram se fixar, resistindo at 1615, quando foram definitivamente expulsos. A regio da foz do rio Amazonas era um paraso para os contrabandistas europeus. No foi esse o nico motivo, entretanto, que levou os luso-espanhis a povo-la. O temor de novas invases estrangeiras e a inteno de explorar os ricos recursos naturais da regio tambm foram fatores que impulsionavam o povoamento dessa rea. Com esses objetivos, Caldeira Castelo Branco fundou, em 1615, no esturio do Amazonas, o Forte do Prespio, que deu origem a Belm do Par. 6.3 As drogas do serto Como os portugueses haviam perdido o monoplio do comrcio com as ndias, a descoberta das especiarias brasileiras vinha preencher, pelo menos em parte, o vazio comercial surgido. Entre essas especiarias, as chamadas drogas do serto estavam: cravo-do-maranho, canela, castanha-do-par, cacau, urucum, tabaco silvestre, essncias para perfume, resinas, plantas medicinais etc.
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esperava recuperar-se da crise explorando fontes de riqueza no Brasil. Como a produo de acar estava em decadncia, voltaram-se para os metais e pedras preciosas. Apesar de os paulistas j terem encontrado pequenas quantidades de ouro de lavagem, foi somente no final do sculo XVII que eles descobriram o ouro de mina, no atual estado de Minas Gerais. No se conhece com certeza nem a data e nem o local exato da primeira descoberta. Sabe-se, porm, que entre 1693 e 1695 o ouro foi encontrado por paulistas em vrios pontos da regio mineira. Entre as principais bandeiras de procura de ouro e pedras preciosas bem-sucedidas, destacam-se as de: Antnio Rodrigues Arzo (no atual estado de Minas Gerais, provavelmente em 1693); Pascoal Moreira Cabral (no estado do Mato Grosso, em 1719); Bartolomeu Bueno da Silva (no atual estado de Gois, em 1725). As mones Assim que a notcia de descoberta de ouro em Mato Grosso chegou a So Paulo, centenas de paulistas se aventuraram a viajar para l em canoas que sempre partiam do rio Tiet. Essas expedies, que se dirigiam s regies mineradores do centrooeste utilizando o curso dos rios, receberam o nome de mones. No comeo as mones se dirigiam para as reas de minerao apenas para levar novos mineradores. Com o tempo, passaram a transportar grandes quantidades de alimentos, roupas e instrumentos de trabalho, que eram vendidos aos mineradores que l viviam. 6.5 Tratados e Fronteiras Os portugueses ampliaram as fronteiras do Brasil ocupando o territrio, mas foi preciso uma srie de tratados para oficializar juridicamente a situao. Os principais tratados internacionais assinados por Portugal para a fixao das fronteiras do Brasil foram: Tratado de Utrecht (1713) assinado entre Portugal e Frana. Estabelecia que o rio Oiapoque, no extremo norte da colnia, seria o limite de fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa. Tratado de Utrecht (1715) assinado entre Portugal e Espanha. Estabelecia que a Colnia do Sacramento pertenceria ao Brasil. Houve, porm resistncia dos espanhis que l moravam. Tratado de Madri (1750) assinado entre Portugal e Espanha. Estabelecia que a Colnia do Sacramento pertenceria aos espanhis e a regio dos Sete Povos das Misses (que ocupava parte do atual estado do Rio Grande do Sul) pertenceria aos portugueses. O tratado de Madri no pde ser cumprido, pois jesutas e ndios guaranis dos aldeamentos dos Sete Povos das Misses no aceitaram o controle portugus. Houve violenta guerra (Guerra Guarantica) contra a ocupao portuguesa. Diante dessa situao, Portugal tambm no entregou Espanha a Colnia do Sacramento. Tratado de Santo Ildefonso (1777) assinado entre Portugal e Espanha. Estabelecia que a Espanha ficaria com a Colnia do Sacramento e a regio dos Sete Povos das Misses. Mas a Espanha devolveria a Portugal terras que, nesse perodo, havia ocupado no atual estado do Rio Grande do Sul. O Tratado de Santo Ildefonso foi considerado desvantajoso pelos portugueses, que perdiam a Colnia do Sacramento e no recebiam quase nada em troca. Tratado de Badajs (1801) assinado entre Portugal e Espanha. Estabelecia que a regio dos Sete Povos das Misses ficaria com os portugueses, e a Colnia do
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Sacramento ficaria com os espanhis. Depois de muitas lutas, confirmavam-se as fronteiras que, basicamente, tinham sido estabelecidas pelo Tratado de Madri. 7 A MINERAO Com a decadncia da economia aucareira no Brasil, Portugal voltou a estimular a procura de ouro. O precioso metal foi finalmente encontrado na ltima dcada do sculo XVII, e sua explorao alterou a sociedade e a economia brasileiras. Surgiram novos grupos sociais e criou-se um mercado interno. O negro, no entanto, continuaria escravizado e reagiria atravs de formas variadas, da fuga formao de quilombos. No final do ciclo do ouro, a decadncia da minerao seria seguida por um renascimento agrcola. No final do sculo XVII, graas longa expedio de Ferno Dias, busca de esmeraldas, encontraram-se os primeiros veios de ouro no leito de rios, alm da Serra da Mantiqueira, no atual estado de Minas Gerais. A notcia espalhou-se rpido no Brasil e em Portugal. Na ltima dcada do sculo, em 1693, Antnio Rodrigues Arzo encontrou ouro em Minas Gerais; em 1698, Antnio Dias de Oliveira descobriu esse metal em Ouro Preto; em 1700, Borba Gato encontra o metal em Sabar. Essas expedies partiam de Taubat, cidade paulista prxima de Minas Gerais. Em 1719, Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro em Cuiab, na regio de Mato Grosso. Trs anos depois, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, encontrava o precioso metal em Gois. Os primeiros caminhos para o Brasil Central estavam abertos. A extrao do ouro foi realizada inicialmente atravs da faiscao ou garimpagem. Ligada ao ciclo do ouro de lavagem, a faiscao se dava de forma rudimentar e utilizando mo-de-obra livre. Nas grandes minas, a extrao chamava-se lavra, baseandose na mo-de-obra escrava. 7.1 A Intendncia e a diviso das Minas Em 1702 Portugal criou uma legislao especial para minerao no Brasil e dentre ela despontava a Intendncia das Minas. Este rgo fiscalizava o contrabando, julgava os crimes relativos ao fisco e ao ouro, cobrava impostos, entre outros. A legislao portuguesa considerava toda minerao no Brasil propriedade exclusiva do Rei, que podia ceder sua explorao a particulares. Descoberta uma mina a Intendncia a dividia em datas da seguinte maneira: Duas datas preferenciais ao descobridor; Uma reservada Coroa por ser proprietria; Uma para os superintendentes; Seriam vendidas a particulares na medida em que tivessem, no mnimo, doze escravos. 5.2 Impostos e Instituies O quinto Desde o incio da colonizao do Brasil o reino portugus estabeleceu como imposto sobre pedras preciosas e metais vinte por cento de imposto (a Quinta parte). Os mineradores, descontentes com o tributo, consideravam-no confisco abusivo. A capitao (1735) No auge da produo mineradora, Minas contava com 600.000 escravos. O Rei criou um novo imposto que visava aumentar a arrecadao em ouro: a capitao, 17 gramas ouro/ano por cabea escravo. As casas de fundio Como no era fcil efetuar o controle sobre a circulao do ouro em p, o governador D. Pedro de Almeida, conde de Assumar, instituiu as casas de fundio, por onde todo o ouro
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extrado na Colnia tinha de passar para ser transformado em barras, das quais era retirado o quinto real. Em 1725, a circulao do ouro em p estava terminantemente proibido. A derrama Em funo do esgotamento do ouro, o reino quis incentivar busca de novas jazidas e decretou a finta: 100 arrobas de ouro-imposto ao ano. O no pagamento da finta deu origem s Derramas, cobrana militar do atraso, com implicao violenta de se tirar at a propriedade do minerador. 5.3 - O Diamante A explorao do diamante por representar uma riqueza mpar, passou por trs fases distintas. At 1739 a extrao do diamante obedecia s mesmas normas do ouro quanto ao descobrimento da mina, demais datas e tributos. De 1740 a 1770 vigoraram os contratos de monoplio mediante os quais a Coroa repassava o direito de explorao a uma pessoa por mina: o contratador, mediante tributos e taxas sobre escravos. A partir de 1771 instituiu-se a real extrao quando o reino assumiu, atravs de seus agentes (os reinis) a explorao do diamante. Afinal toda riqueza natural era do Reino. 5.4 A Sociedade Mineradora A explorao de ouro e diamantes tornou mais complexa a composio social brasileira. Surgiram grupos sociais com funes distintas das de senhores ou escravos. O comrcio, o artesanato e a prestao de servios formaram uma camada mdia ligada s cidades: comerciantes, militares, profissionais liberais, artesos, clrigos e burocratas eram alguns dos seus representantes. Com exceo dos comerciantes, os outros componentes dessa camada mdia tiveram grande participao nos movimentos que resultaram na ruptura com Portugal. A sociedade da minerao, como voc pode observar, oferecia maior flexibilidade social se comparada com a sociedade formada no ciclo da cana-de-acar. A urbanizao e a consequente complexidade das relaes sociais criaram uma elite de intelectuais que se exprimia nas letras, msicas e artes plsticas. Predominava uma cultura extremamente aristocratizada, Onde quem aparentasse maior ociosidade era possuidor de maior prestgio. 5. 5 As revoltas de escravos Para o negro, portanto, s o local de trabalho mudou. Os escravos continuavam a ser a classe mais explorada. Sua condies de vida nas minas chegavam a ser piores que nos canaviais: nas minas, a mdia de vida de um escravo girava entre dois e cinco anos. Essa opresso gerou resistncias. O contrabando de ouro era uma das formas utilizadas por alguns negros para obter dinheiro para comprar sua liberdade, a alforria. As fugas e a posterior formao de quilombos eram outra maneira de lutar pela liberdade. Mas a maior ameaa para a ordem colonial era certamente a reao coletiva. As fugas em massa geralmente resultavam na formao de quilombos. Nessas comunidades, os negros reorganizavam sua vida como na frica. O mais importante reduto de luta contra a escravido em toda a histria brasileira foi o Quilombo dos Palmares (1600 1695). Liderados inicialmente por Ganga Zumba e de pois por Zumbi, os negros formaram em Alagoas e no sul de Pernambuco um verdadeiro Estado livre. A invaso holandesa em 1630 ampliou bastante a populao do quilombo. Agregando cerca de 20.000 escravos foragidos, resistiu durante quase todo o sculo XVII.
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Em 1690, os lusos decidiram organizar um ataque arrasador cidadela africana. Para chefiar o ataque foi escolhido o bandeirante Domingos Jorge Velho, conhecido especialista em massacre de escravos. Em troca, ele recebia privilgios e favores reais que incluam sesmarias no Nordeste. Palmares foram completamente aniquilados em 1695. Zumbi s foi capturado um ano depois. Teve sua cabea cortada e exposta em praa pblica, em Olinda. O governador disse, na ocasio, que o fato servia para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros. 7.6 Com quem ficou nosso ouro ? A produo aurfera brasileira foi bastante significativa nos primeiros 70 anos do sculo XVII. Nesse perodo, o Brasil produziu mais ouro do que toda a Amrica espanhola em 357 anos. A quantidade de ouro extrado do Brasil correspondeu a 50% de toda a produo mundial entre os sculos XV e XVIII. Toda essa riqueza, porm, no foi utilizada para o desenvolvimento da colnia. inegvel que a regio de Minas apresentou visvel progresso econmico e cultural, como mostram as igrejas, as ruas e os edifcios da poca. Contudo, a maior parte do ouro brasileiro escoou para fora do Brasil, servindo ao enriquecimento de outras naes. Nem mesmo Portugal lucrou com o ouro brasileiro, apesar de Ter recebido um quinto de toda a produo. A balana comercial portuguesa equilibrou-se momentaneamente, mas no o suficiente para livrar-se da dependncia econmica em relao aos ingleses. A Administrao Pombalina (sculo XVIII) No sculo XVIII, em virtude da pregao das ideias liberais, surge em Portugal uma tentativa de reformulao especialmente no campo econmico: a poltica pombalina. Sebastio Jos de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras (Marqus de Pombal), era primeiro ministro do rei D. Jos I, de Portugal. A administrao pombalina visava a recuperao da economia do Brasil em benefcio de Portugal, a fim deste pas se livrar do domnio econmico da Inglaterra. Pombal incentivou as atividades comerciais, agrcolas e de construo naval. Algumas medidas tomadas por Pombal: Promoveu a transferncia da capital do Brasil para o Rio de Janeiro (1763); Criou duas Companhias de Comrcio: Maranho/Gro-Par e Pernambuco/Paraba; Expulsou os padres jesutas e criou as escolas rgias; Impulsionou a construo naval, incrementou algumas indstrias como laticnios e anil; deu maior ateno minerao; Criou o Tribunal de Relao no Rio de Janeiro e Juntas de Justia nas demais Capitanias; Extinguiu o Estado do Maranho e o sistema de Capitanias Hereditrias; Com a morte de D. Jos I (1777) sobe ao trono D. Maria I, ocasio em que a obra de Pombal paulatinamente desfeita (Viradeira). 8 A SOCIEDADE COLONIAL Participaram da formao do povo brasileiro trs elementos tnicos, o ndio, o negro e o branco. Durante a colonizao, as miscigenaes entre essas matrizes tnicas (ndio, negro e branco) deram origem a trs tipos de mestios: o mulato - mestio do negro com o branco; o caboclo mestio do ndio com o branco; o cafuzo mestio do ndio com o negro.
O ndio Considerando o critrio lngua, os indgenas podem ser classificados em quatro grandes grupos: Tupi-guarani - ocupava o litoral brasileiro e vrias regies do serto (interior); J ou tapuia ocupava o Brasil central; Nuaruaque ocupava certas regies da Amaznia e do estado do Mato Grosso; Carabas ocupava o norte da regio amaznica. Presena cultural indgena So muitas as contribuies culturais do indgena para o povo brasileiro: Alimentos - mandioca, milho, guaran, palmito; Objetos e utenslios rede de dormir, jangada, armadilhas de caa e pesca, instrumentos musicais; Vocabulrio palavras da lngua tupi como Curitiba, Piau, caju, mandioca, jacar, sabi, Tiet, tatu, abacaxi, entre outras; Tcnicas trabalhos com cermica, preparo da farinha de mandioca e de milho; Hbitos uso do tabaco, banho dirio, diminuio das roupas. O NEGRO Principais grupos africanos Os principais grupos africanos trazidos para o Brasil foram: Bantos - tribos do sul da frica, geralmente de Angola e Moambique. Os negros eram levados principalmente para o Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais; Sudaneses tribos de Daom, Nigria e Guin. Os negros eram levados principalmente para a Bahia. Presena cultural negra enorme a influncia negra na cultura brasileira. Vejamos alguns exemplos dessa influncia: Alimento - feijoada, cocada, vatap, acaraj, quindim, caruru, p-de-moleque; religio umbanda, candombl; msica ritmos musicais como samba, maxixe, maracatu, congada. Instrumentos musicais como atabaque, berimbau, ganz, agog, cuca, reco-reco; vocabulrio palavras como batuque, bengala, banana, gingar, macumba, quitanda, samba, chuchu, cachaa, moleque, fub, caula. O BRANCO Presena cultural portuguesa Como conquistador e colonizador, o portugus transportou para o Brasil os elementos bsicos de sua cultura, adaptando-os nova terra. Assim, recebemos dos portugueses a maior parte das influncias que formam a cultura brasileira. Vejamos alguns exemplos: o idioma portugus; o sistema poltico, jurdico, administrativo e econmico; o modo de vida dominante: roupas, habitaes, comidas; o conhecimento cientfico e artstico europeu. 9 AS REBELIES NATIVISTAS As primeiras rebelies no se manifestaram com a ideia de conseguir a independncia do Brasil. Essas manifestaes, chamadas rebelies nativistas, a princpio apenas contestavam os aspectos especficos do pacto colonial, no a dominao integral da metrpole. Alm disso, tinham um carter regionalista, no se preocupando com a unidade nacional. Ocorreram entre 1641 e
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1720 e foram na prtica, esforos de defesa contra certos aspectos da explorao colonial. Da ideia de autonomia completa em relao a Portugal foi um longo processo. 9.1 Aclamao de Amador Bueno (1641) No incio do sculo XVII as condies econmicas da regio de So Vicente eram precrias, sustentando-se basicamente no apresamento de ndios. Os jesutas reagiram contra a escravido indgena efetuada pelos bandeirantes, exigindo que a Metrpole a proibisse. Autoridades da Colnia no aceitaram a interdio metropolitana e incentivaram a expulso dos jesutas. Em 1641, ocorria a botada dos padres fora. No mesmo ano, os paulistas tentaram desligar-se de Portugal e aclamaram rei Amador Bueno. O movimento, entretanto, esfriou e a ideia foi abandonada. 9.2 A revolta de Beckman (1684) Revolta de Beckmann (Maranho, 1684) A economia voltada para a exportao e a consequente falta de alimentos tornava a vida difcil. As dificuldades ficaram insuportveis no Maranho em fins do sculo XVII. Os colonos queriam ver pelas costas ou de preferncia mortos, dois inimigos: os jesutas, que se opunham escravido dos ndios; e a Companhia de Comrcio, que monopolizava a compra e venda de mercadorias. Como se no bastasse isso, a Companhia s comprava produtos que lhe dessem muito lucro e vendia artigos caros e ruins. Estava difcil conter a revolta. No dia 24 de fevereiro, Sexta-feira de Passos, o povo aproveitou a festa para dar vazo ao descontentamento. Na ausncia do governador, os rebeldes prenderam seu substituto e foram acertar contas com os jesutas: derrubaram o porto de seu colgio, invadiram dormitrios, ofenderam os padres e profanaram o oratrio. Faltava a Companhia Geral do Comrcio do Maranho. Os populares saquearam lhe os armazns e destruram tudo o que encontraram pela frente. Nesse levante, assumiram posio de liderana os irmos Beckman, Manuel e Toms, grandes proprietrios rurais. J fazia quinze anos que Manuel manifestava oposio aos jesutas. Por isso, os rebeldes o puseram frente da Junta Revolucionria. A metrpole reagiu um ano depois, com violncia. Enforcou os chefes do movimento e assumiu o controle absoluto da capitania. 9.3 A Guerra dos Emboabas (1707 1709) Os paulistas, descobridores do ouro na regio de Minas Gerais, comearam a reclamar exclusividade no direito de explorao do metal. Consideravam estrangeiros e invasores os portugueses, mestios, ndios, brancos e negros que chegavam regio. Como a regio das minas fazia parte da capitania de So Vicente, a cmara municipal de So Paulo pediu ao rei, em abril de 1700, direitos exclusivos sobre a regio de Minas Gerais. O clima comeava a ficar tenso. Os paulistas se diferenciavam muito dos outros colonos; sua lngua no era o portugus e sim o tupi guarani; eram mais pobres, andavam vestidos de forma bastante simples e quase sempre descalos. Por essa razo, chamavam os outros colonos de emboabas, isto , aqueles que andavam de botas. Os paulistas concentravam-se entre o rio das Velhas e o rio das Mortes na regio de Vila Rica de Ouro Preto, liderados por Borba gato, superintendente das minas. Os emboabas, liderados por Manuel Nunes Viana, manifestaram constantes atritos com os paulistas por quase um ano. O episdio mais famoso foi o do chamado Capo da traio, onde vrios paulistas foram massacrados. A pacificao s se deu quando foi nomeado o novo governador, em janeiro de 1709, que expulsou o lder emboaba e
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atendeu a algumas das reivindicaes dos paulistas, como a de garantir o retorno dos que haviam sado da regio. O governador, D. Antnio de Albuquerque Coelho, ainda determinou a proibio de uso de armas por negros, ndios e mestios, instituindo uma companhia de soldados para garantir a ordem. 9.4 A Guerra dos Mascates (1710) Guerra dos Mascates (Pernambuco, 1710) Olinda e Recife eram famosas pela rivalidade. Na primeira, moravam ricos fazendeiros; na Segunda, os comerciantes, chamados pejorativamente de mascates pelos aristocratas. Olinda era vila, tinha Cmara Municipal e pelourinho, o poste na praa que servia para torturar escravos e criminosos. Recife tinha de pagar impostos a Olinda. Com o crescimento do comrcio, Recife desenvolveu mais que Olinda e a metrpole atendeu sua reivindicaes de se tornar vila. Os fazendeiros de Olinda no gostaram. Invadiram Recife, destituram o Governador e derrubaram o Pelourinho. A luta durou quase um ano e acabou com a interveno da metrpole, quando os fazendeiros de Olinda comearam a falar de um governo republicano. Da em diante, Recife consolidou posio de destaque em relao a Olinda. 9.5 A Revolta de Filipe dos Santos (1720) As casas de fundio mostraram-se o sistema mais eficiente para a fiscalizao e arrecadao de impostos, e por isso passaram a funcionar com mais intensidade depois de 17919, o que gerou violentamente protestos. Um dos protestos mais importantes dessa poca foi de Filipe dos Santos, que se rebelou contra a extorso da Coroa. Por isso foi preso, executado e esquartejado em 1720. Estabeleceu-se mais tarde uma taxa obrigatria de 100 arrobas (1.500 quilos) de ouro por ano. Caso no se atingisse essa quantia, institua-se a odiada derrama, isto , confiscava-se o ouro ou outras riquezas at alcanar a taxa estipulada. No mesmo ano em que ocorreu a revolta de Filipe dos Santos, o governo portugus transformou Minas Gerais em capitania separada de So Paulo (eram uma s capitania desde 1710). 10 MOVIMENTOS DE LIBERTAO NACIONAL 1.1 Inconfidncia Mineira (1789) Causas da Inconfidncia Mineira (1789) Durante os sculos XVII e XVIII, o Brasil foi palco de motins, conspiraes, revoltas e rebelies, mas a Inconfidncia Mineira foi o primeiro movimento que manifestou claramente a inteno de promover a separao poltica de Portugal. Vrios fatores, em conjunto, contriburam para desencadear a conspirao contra Portugal. Arrocho das restries metropolitanas A explorao econmica portuguesa sobre o Brasil chegou ao ponto mximo no final do sculo XVIII. As deficincias da economia lusitana e sua dependncia da Inglaterra obrigaram Portugal a sugar violentamente as riquezas da Colnia. Por outro lado, o ouro das Minas gerais esgotava-se. A influncia do liberalismo e da independncia americana Na Segunda metade do sculo XVIII, tornou-se rotineira a ida de filhos de famlias ricas da Colnia para estudar na Europa. Lderes da Inconfidncia Mineira: elite econmica Com exceo de Tiradentes, todos os lderes da Inconfidncia Mineira eram ricos ligados extrao mineral e produo agrcola. Esse fato perfeitamente compreensvel, pois os grandes proprietrios eram os que mais interesses tinham em romper o pacto colonial.
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Para eles, a independncia era essencial. J os escravos e as camadas mais pobres da populao viam os seus senhores como os responsveis diretos pelas condies de trabalho e vida a que estavam submetidos. Para eles a independncia pura e simples pouco ou nada mudaria. Pretendiam mais do que isso, como veremos mais adiante na Conjurao Baiana. Os principais lderes da Inconfidncia Mineira foram Cludio Manuel da Costa, poeta e rico minerador; Lus Vieira da Silva, cnego; Alvarenga Peixoto, prspero minerador e latifundirio; Toms Antnio Gonzaga, intelectual e ouvidor de Vila Rica; Carlos Correia de Toledo e Melo, vigrio e prspero minerador; Jos lvares Maciel, estudante de Qumica; Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente-coronel comandante do Regimento de Drages; os irmos Francisco Antnio e Jos Lopes de Oliveira, o primeiro militar e o segundo padre, ambos grandes proprietrios rurais; Joaquim Jos da Silva Xavier, o Tiradentes, principal organizador poltico da rebelio e indivduo de poucas posses; era alferes, posto militar logo acima do de sargento. Os rebeldes defendiam o fim do pacto colonial e o desenvolvimento de manufaturas txteis e siderrgicas, alm do estmulo produo agrcola. No plano poltico, alguns pretendiam uma monarquia constitucional. Os interesses de uns e de outros ficaram claros quando surgiu a discusso sobre o problema da escravatura. Tiradentes e poucos outros advogaram a causa dos escravos. A denncia e a devassa O movimento no chegou a Ter sucesso, uma vez que os grandes planos no iam muito alm das salas de reunies. Isolados da grande massa popular, sem pensar em armas para o levante, bastou uma denncia para acordar os conspiradores de seu grande sonho. O traidor foi Joaquim Silvrio dos Reis, devedor de vultuosas quantias aos cofres reais, que tencionava conseguir o perdo de suas dvidas atravs da delao, o que realmente ocorreu. Avisado da conspirao, o visconde de Barbacena suspendeu a derrama e iniciou a captura dos implicados. Quase trs anos depois terminava a devassa. A sentena que condenava morte 11 dos acusados foi modificada por dona Maria I. Estabeleceu-se o degredo perptuo para 10 inconfidentes e apenas um serviria de bode expiatrio: Tiradentes. Durante o processo, ao contrrio de seus companheiros, Tiradentes tentou aliviar a implicao dos outros participantes, o que fica claro nos autos da devassa: ...que verdade que se premeditou o levante, que ele, respondente, confessa Ter sido quem ideou tudo, sem que nenhuma outra pessoa o movesse nem lhe inspirasse cousa alguma. A 21 de abril de 1792 executou-se a sentena de Tiradentes com requintes de crueldade: ....depois de morto, lhe seja cortada a cabea e levada a Vila Rica, onde em lugar mais pblico seja pregada em poste alto, at que o tempo a consuma, e o seu corpo ser dividido em quatro quartos e pregado em postos onde o ru teve suas infames prticas, e a casa em que vivia ser arrasada e salgada. Aps a devassa e a execuo das sentenas sobrava o lema da Inconfidncia, continuando a inspirar novos movimentos: Liberdade ainda que tardia.
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10. 2 Conjurao Baiana (1798) Na Bahia tambm crescia a insatisfao com a carestia de produtos, os baixos soldos etc. E tambm corriam de boca em boca as ideias de liberdade, igualdade e fraternidade, que ecoavam da recente Revoluo Francesa (1789). Para discutir e divulgar essas ideias, a burguesia baiana fundou a loja manica Cavaleiros da Luz. Em 12 de agosto de 1798, Salvador amanheceu com papis afixados nas casas, exortando o povo revoluo. Os panfletos falavam em Repblica, liberdade, igualdade, melhores soldos para os soldados, promoo de oficiais, comrcio com todos os povos etc. Um traidor denunciou ao governo dia, hora e local da reunio que daria incio ao movimento. Alguns conspiradores conseguiram fugir, mas 49 foram presos, entre eles nove escravos e trs mulheres. Nenhum dos Cavaleiros da Luz estava entre os presos. Os advogados de defesa mostraram que a linguagem dos panfletos estava acima das possibilidades intelectuais dos acusados, homens simples. Mas quatro foram condenados morte: Lus Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas de Amorin Torres, Joo de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos. Os outros foram expulsos do Brasil. Para o historiador Affonso Ruv, a conspirao de 1798 foi a primeira revoluo social brasileira, por no se tratar de simples motim de quartel, inquietao de descontentes ou levante de escravos, mas sim de trabalho lento, persistente, de massas doutrinadas. Que pleiteava um governo onde todas as classes colaborassem, prometendo extinguir privilgios e restries propriedade dos produtos comerciveis com escoadouro franco nos portos, abertos a todas as naes, alm da independncia espiritual, com a fundao da igreja brasileira Americana, desligada da Cria romana. A Conjurao tambm ficou conhecida como Revolta dos Alfaiates, pelo grande nmero desses profissionais envolvidos. Ao lado de homens letrados e padres, tambm participaram homens simples, como mulatos, negros libertos e mesmo escravos. 10.3 Revoluo Pernambucana (1817) Vrios fatores levaram Revoluo Pernambucana de 1817: Econmicos - crise na produo de acar e algodo, luta dos senhores rurais e homens livres contra o domnio comercial dos portugueses e os altos preos pelos quais estes vendiam gneros de primeira necessidade; polticos - desejo de substituir a monarquia absoluta de direito divino por uma forma mais liberal de governo, como a Repblica, j adotada nos Estados Unidos; sociais - as grandes desigualdades sociais e raciais. Ideias de liberdade espalhavam-se por sociedades secretas, quartis, clero e populao. O prprio governador ateou fogo ao estopim da revolta ao mandar prender os lderes do movimento: os comerciantes: o Domingos Jos Martins o Antnio Gonalves da Cruz; o o padre Joo Ribeiro; o o cirurgio Vicente Guimares Peixoto; o os tenentes Manuel de Souza Teixeira o Jos Mariano Cavalcanti; o os capites Domingos Teotnio Jorge e Jos de Barros Lima. o capito Lima matou o oficial que lhe deu voz de priso. E a revoluo comeou. Os revolucionrios bateram as foras do governador e organizaram um governo provisrio com cinco membros, representando comrcio, exrcito, clero, agricultura e justia. Enviaram emissrios para capitanias do Nordeste e exterior (Estados Unidos, Argentina e Inglaterra). Paraba, Rio Grande do
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Norte e Alagoas aderiram. Os emissrios enviados ao Cear foram presos; o que foi Bahia, fuzilado. Foras militares enviadas da Bahia e do Rio venceram os revolucionrios e tropas leais aos portugueses ocuparam Recife, praticando desordens e assassinatos. Os lderes principais, uma dzia deles, foram executados. No incio de 1818, o prncipe regente anistiou outros 72 condenados morte. A Revoluo Pernambucana de 1817 conseguiu congregar, em torno do ideal de emancipao poltica e republicanismo, populares, intelectuais, militares e religiosos (havia mais de 60 padres envolvidos). RESUMO Movimentos brasileiros de rebelio contra o sistema colonial Portugal mantinha o Brasil sob o regime colonialista tpico da poca: mercantilismo monopolista, fiscalizao rgida, absolutismo poltico. Nos fins do sculo XVIII, sob inspirao das ideias liberais europeias e do exemplo da Independncia dos EUA, ocorreram as primeiras rebelies pela liberdade. A Conjurao Mineira (ou Inconfidncia) foi planejada em Vila Rica (hoje Ouro Preto), em 1789. Reunia membros das altas camadas da sociedade local, intelectuais, militares e padres, alm do Alferes Joaquim Jos da Silva Xavier, o Tiradentes. Denunciados, os conjurados foram presos antes que a rebelio eclodisse. Tiradentes foi enforcado a 21 de abril de 1792; os demais acusados foram exilados. A Conjurao Baiana (ou dos Alfaiates) ocorreu em Salvador, em 1798. Reunia pequenos comerciantes soldados artesos, o que lhe deu um carter mais popular que o da Inconfidncia, bem como um contedo social mais avanado. Dentre os lderes, destacou-se o mdico Cipriano Barata. A represso foi rpida com seis condenados morte. A Revoluo Pernambucana de 1817 foi a nica que chegou a tomar o poder: ocorreu, em Recife, reunindo brasileiros de vrias classes, revoltados contra os privilgios assegurados aos portugueses, a falta de trabalho para os mais humildes e a opresso do governador Montenegro. Muitos sacerdotes participaram, destacando-se o Padre Roma. Os rebeldes tomaram o poder e proclamaram a Repblica, em maro de 1817. Em maio, porm a represso os venceu. Mas as idias liberais permaneceram. 11 O PROCESSO DE INDEPENDNCIA (1808 1822) A independncia do Brasil no foi um fato isolado, restrito ao dia 7 de setembro de 1822, mas um processo histrico cujas origens remontam as tentativas de emancipao poltica do final do sculo XVIII, tendo relao com a abertura dos portos e com a elevao do Brasil condio de Reino Unido a Portugal, mas a consolidao da independncia s viria a ocorrer com a abdicao de D. Pedro I, em 1831. 11.1 A vinda da famlia real (1808) Em outubro de 1807, aproveitando-se da difcil situao em que Portugal se encontrava, o representante ingls em Lisboa, lorde Strangford, imps a D. Joo de Bragana, o prncipe regente, um acordo secreto, segundo o qual a famlia real e a sede do governo seriam transferidas para o Brasil sob a proteo da poderosa esquadra inglesa. Em troca, a Inglaterra teria algumas vantagens: estabelecer bases militares na ilha da Madeira; utilizar os portos brasileiros tarifas alfandegrias preferenciais para seus produtos. A corte embarcou em 29 de novembro, quando j chegavam as notcias do avano das tropas napolenicas comandadas por Junot. A corte era composta pela famlia real e mais 15.000 pessoas, entre nobres e altos funcionrios do Estado, que levaram consigo metade do dinheiro circulante no reino. A retirada da famlia real, mantida em segredo at o ltimo momento, pegou a populao de surpresa. Vrios
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historiadores descrevem as cenas do dia da partida, em que populares, revoltados com seus governantes e assustados com a perspectiva da invaso francesa, saam s ruas de Lisboa sem nada poder fazer. Em meio confuso geral, a rainha D. Maria I, a Louca, afastada do trono em 1792 por problemas de sade, dizia: No corram tanto! Pensaro que estamos fugindo. No dia seguinte, as tropas de Junot chegavam a Lisboa. 11.2 O governo de D. Joo VI Abertura das portas - 1808 Diante dessas circunstncias, ainda em Salvador, D. Joo assinou a carta rgia de 28 de janeiro de 1808, decretando a abertura dos portos brasileiros. Ficava liberada a importao de quaisquer mercadorias transportadas em navios portugueses, ou estrangeiros em paz com a Coroa. Portugal pagaria 16% de taxas alfandegrias e os outros pases, 24%. A Inglaterra obteve maior vantagem, 15% de impostos alfandegrios. Revogao do alvar de 1785 A ofensiva contra os estatutos coloniais prosseguiu. Em 1 de abril de 1808, dona Maria I revoga o alvar de 1785, liberando o estabelecimento de indstrias e manufaturas no Brasil. Na prtica essa providncia no atingiu seus objetivos: dava-se liberdade industrial, mas no condies para o desenvolvimento de indstrias, pois faltava o capital e um mercado consumidor interno. Alm disso, sem proteo alfandegria, tornava-se impossvel competir com os produtos britnicos. Apesar dos incentivos de D. Joo e do visconde de Cairu s indstrias txtil e metalrgica, a nossa industrializao ficou apenas na possibilidade legal, porque novos tratados foram assinados com a Inglaterra, ampliando os privilgios da burguesia inglesa. Dois tratados e o domnio ingls Em 1810, lorde Strangford, representante ingls, e Souza Coutinho, ministro de D. Joo, realizavam acordos atravs do Tratado de Aliana e Amizade e do Tratado de Comrcio e Navegaes. O tratado de Comrcio e Navegao estabelecia: nomeao de juzes ingleses para julgar os sditos britnicos que viviam no Brasil; liberdade religiosa dos ingleses; cobrana de taxa de 15% na importao de mercadorias inglesas, taxa mais baixa que os 16% cobrados pelas portuguesas; um porto livre o de Santa Catarina. O tratado de Aliana e Amizade determinava a proibio da Santa Inquisio no Brasil e a gradual extino do trfico negreiro para o Brasil. Consolidava-se a preponderncia inglesa. Importantes setores da elite luso-brasileira manifestaram seu descontentamento com relao aos tratados de 1810. A Igreja catlica, os comerciantes reinis e os proprietrios escravocratas sentiam-se prejudicados. Elevao Reino Unido Em fevereiro de 1815, o Brasil foi elevado categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves. A medida legitimava a permanncia de D. Joo, agora D. Joo VI, no Brasil e era apoiada pelos participantes do Congresso de Viena, reunio de pases que derrotaram Napoleo. Os interesses ingleses eram contrariados, mas dava-se mais um passo rumo independncia. Medidas de incentivos cultura Alm de rgos administrativos, D. Joo VI criou no Brasil a Escola Mdico-Cirrgica da Bahia, a Escola Cirrgica, Anatmica e Mdica do Rio de Janeiro, a Academia Real de Belas Artes, a Academia Real Militar, o Arquivo Militar, a Biblioteca
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Real, um curso de Cincias Econmicas, a Imprensa Rgia, o Teatro Real de So Joo, o Horto real e o Banco do Brasil.
Em 1816 desembarcava no Brasil a Misso Artstica Francesa, trazendo, entre outros, o grande pintor Jean Baptiste Debret, retratista de costumes brasileiros. Poltica externa Quanto poltica externa, j em 1809, com apoio militar britnico, D. Joo VI ordenou a invaso da Guiana Francesa. Esse territrio seria determinao do Congresso de Viena. O velho sonho portugus de estender as fronteiras brasileiras at o rio da Prata tornou-se realidade em 1816. Liderados pelo general Lecor, as tropas luso brasileiras dominaram Montevidu. A regio anexada ao Brasil passou a chamar-se Provncia Cisplatina. Em 1825, ao conquistar sua independncia, ganhou seu nome atual, Uruguai. A provncia Cisplatina A Revoluo do Porto de 1820 Em outubro de 1820, Lisboa foi tomada pelos rebeldes. O movimento denominado Revoluo do Porto dava incio a um novo perodo da histria portuguesa. Os principais objetivos desse movimento eram: a sada de Beresford e demais militares ingleses de Portugal; a elaborao de uma constituio; a volta de D. Joo para Portugal; a recolonizao do Brasil. Formou-se um governo provisrio: a Junta Provisional do Governo Supremo do reino. Em novembro, foram convocados eleies para compor a Assembleia Constituinte, reunida em janeiro de 1821. Era o fim do absolutismo em Portugal. Era tambm o incio de um liberalismo ambguo. Na verdade, os portugueses procuraram conciliar o velho e o novo. Lutavam pela constituio, mas no questionavam a monarquia, as eleies para as Cortes de Lisboa (nome pelo qual ficou conhecida a Assembleia Constituinte) obedeceram ao critrio censitrio (s votaram os ricos) e, finalmente, estavam reivindicando a restaurao de seus privilgios monopolistas no comrcio colonial. 11. 3 Os passos para a independncia Influenciado pelos lderes do Partido Brasileiro, D. Pedro desobedeceu vrias vezes s ordens das Cortes portuguesas. A primeira desobedincia ficou conhecida como Dia do Fico e ocorreu no dia 9 de janeiro de 1822. Nesta data, D. Pedro recebeu das mos de Jos Clemente Pereira um manifesto assinado por 8 mil pessoas, pedindo para que ele ficasse no Brasil.
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Contam que ao receber as listas, D. Pedro disse: Como para o bem de todos e felicidade geral da nao, estou pronto: diga ao povo que fico. Apesar disso, as Cortes continuavam enviando cartas ao Brasil e exigindo o seu retorno. A Segunda desobedincia ficou conhecida como o cumpra-se e ocorreu no dia 4 de maio de 1822. Nessa data, D. Pedro assinou um decreto determinando que qualquer ordem vinda de Portugal s deveria ser obedecida no Brasil mediante a chancela do Prncipe Regente: cumpra-se. Meses depois, s margens do riacho do Ipiranga, em So Paulo, D. Pedro recebeu duas importantes cartas: uma das Cortes portuguesas e outra de Jos Bonifcio. A carta das Cortes anulava os atos de D. Pedro no Brasil e exigia seu regresso imediato. E ameaava mandar tropas caso o Regente no obedecesse a essas determinaes. A carta de Jos Bonifcio continha um aviso: S existem dois caminhos: ou voltar para Portugal como prisioneiro das Cortes portuguesas ou proclamar a independncia, tornando-se imperador do Brasil. D. Pedro preferiu o ltimo. A terceira desobedincia ficou conhecida como Grito do Ipiranga e ocorreu no dia 7 de setembro de 1822. Contam que, nessa data, depois de ler com ateno as duas cartas, D. Pedro disse: De agora em diante nossa divisa ser Independncia ou Morte!. Eram 4 horas e 30 minutos da tarde do dia 7 de setembro de 1822: oficialmente, o Brasil conseguia a sua independncia poltica. 7 de setembro: o que mudou ? Em 7 de setembro de 1822 politicamente o Brasil mudou: libertou-se de Portugal, passando a Ter seu prprio governo e podendo fazer suas prprias leis. Na economia e na sociedade brasileira, porm quase nada mudou: O Brasil se livrou do Pacto Colonial que o prendia a Portugal, mas, no plano econmico, tornou-se ainda mais dependente da Inglaterra; o valor de nossas principais exportaes (acar, algodo, couro e fumo) continuou sendo menor do que o valor das nossas importaes (produtos industrializados que vinham, em sua maior parte, da Inglaterra); as terras brasileiras continuaram nas mos de grandes proprietrios rurais, os maiores beneficiados com o 7 de setembro; a escravido foi mantida. Os escravos, cerca de metade da populao brasileira na poca, continuaram a produzir a maior parte de nossas riquezas; a imensa maioria dos brasileiros continuou afastada da vida poltica, pois apenas os mais ricos tinham o direito de votar. 12 O PRIMEIRO REINADO (1822 1831) 12. 1 Consideraes sobre a independncia Os maiores beneficiados pela independncia foram os grandes proprietrios rurais brasileiros e a Inglaterra. A elite brasileira que participou do processo da independncia desejava um sistema de governo independente, com alguns traos liberais, mas sem alterar a estrutura socioeconmica interna que mantivera o colonialismo, ou seja, a escravido, o latifndio, a monocultura e a produo para exportao. 12. 2 Guerra de Independncia A independncia no foi aceita imediatamente por todos. Governadores de algumas provncias reagiram negativamente deciso de D. Pedro. Apoiadas pelas foras militares lusitanas, desencadearamse lutas em alguns pontos do territrio nacional, principalmente na Bahia e Gro-Par, onde o nmero de comerciantes com interesses vinculados a Portugal era maior.
12. 3 Reconhecimento da Independncia O primeiro pas a reconhecer a nossa independncia foram os Estados-Unidos (26 de maio de 1824), por fora da Doutrina Monroe. O reconhecimento da Europa foi difcil, devido poltica da Santa Aliana, que no Congresso de Viena recomendava a recolonizao das colnias americanas. Em 1825, assinvamos o Tratado de Lisboa, ou de Paz e Amizade, atravs do qual Portugal reconhecia a nossa independncia custa de uma indenizao de 2 milhes de libras esterlinas. Em 1826, os ingleses reconheceram a independncia do Brasil; em troca os Tratados de 1810 foram ratificados. 12.4 Crise Poltica Conservadores e Liberais O Partido Brasileiro estava dividido em duas faces: a conservadora e a liberal. A primeira, liderada pelos irmos Andrada, pretendia o governo forte e centralizado, com uma monarquia de amplos poderes e assessorada por um ministrio. Os liberais defendiam uma monarquia constitucional, que restringisse o poder do monarca. O perodo que antecedeu coroao de D. Pedro transcorreu em meio a grande agitao, com prejuzo para os liberais. A Maonaria foi fechada e a imprensa liberal mais atuante foi reprimida. Em dezembro de 1822, D. Pedro foi coroado imperador do Brasil. 12.5 A Constituio de 1824 A Assembleia encarregada de elaborar a Constituio do Imprio, a primeira do Brasil, Inaugurada sesses em 3 de maio de 1823. Seus propsitos liberais (Constituio da Mandioca) inquietavam o imperador, que esperava o momento adequado para dissolv-la. Os jornais O Tamoio e Sentinela, publicaram artigo contra oficiais portugueses, o que foi reprimido pelo imperador. Na Assembleia, esse episdio agrava as divergncias. Em 11 de novembro, as constituintes se declararam em sesso permanente, denominada Noite da Agonia. No dia seguinte, por ordem de D. Pedro, a Constituinte foi dissolvida. Dissolvida a constituinte, D. Pedro I terminou a elaborao de uma Constituio, que ele outorgou ao pas no dia 25 d maro de 1824. Dentre suas principais caractersticas, podemos destacar: O Brasil foi dividido em provncias; A forma de governo era monarquia hereditria; Religio oficial do estado: catlica; Os quatro poderes do estado: executivo, legislativo, judicirio e moderador; O poder legislativo era composto por duas cmaras (deputados e senadores) ; O senado era vitalcio; Voto censitrio (por renda). 12. 6 A Confederao do Equador Os descontentamentos resultantes da Carta outorgada em 1824 foram claramente manifestados em Pernambuco, onde reinava um clima revolucionrio, que lembrava o do ano de 1817, quando explodiu a Insurreio Pernambucana. A nomeao da nova junta no foi aceita pela populao. O antigo governador, Pais de Andrade, eleito pelo povo, foi mantido no cargo com o apoio popular. Isso significava rompimento com o poder central. A partir de ento, os liberais liderados por Cipriano Barata e Frei Caneca, veteranos de 1817, exigiam o federalismo e a repblica.
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A 2 de julho de 1824, Pais de Andrade proclamava a Confederao do Equador. Publicou-se um manifesto convidando outras provncias do Norte e Nordeste a aderirem ao movimento. Cear, Rio Grande do Norte e Paraba juntaram-se causa. A Confederao do Equador adotou o regime republicano e provisoriamente utilizou a Constituio da Colmbia. O nome dado ao movimento veio do fato de a regio rebelde estar prxima linha do Equador. 12.7 A Guerra da Cisplatina O territrio que hoje corresponde ao Uruguai era a antiga Colnia do Sacramento, fundada pelos portugueses, mas colonizada por espanhis. Os acordos internacionais estabelecidos entre Espanha e Portugal diziam que a Colnia do Sacramento pertencia Espanha. Mas, em 1816, D. Joo VI, que se encontrava no Brasil, enviou tropas a Montevidu e invadiu a regio. O territrio foi incorporado ao Brasil, com o nome de Provncia Cisplatina. Os habitantes da Cisplatina, porm no aceitavam pertencer ao Brasil, pois tinham idioma e costumes diferentes. Em 1825, sob a liderana de Joo Antnio Lavalleja, explodiu um movimento de libertao da Cisplatina. Apoiado pela Argentina. Reagindo revolta D. Pedro I declarou guerra Argentina. Sucederam-se vrios combates que obrigaram o imperador a gastar grande parcela do dinheiro pblico, agravando os problemas econmicos do pas. Resultado do conflito A Guerra da Cisplatina terminou em 1828, quando foi assinado um acordo entre as partes em conflito. Mais uma vez, a Inglaterra, que tinha interesses econmicos na regio, agiu como mediadora. O acordo estabeleceu que a Provncia Cisplatina no pertenceria nem ao Brasil nem Argentina. Em seu lugar, seria criado um novo pas independente, a Repblica Oriental do Uruguai. A Guerra da Cisplatina e seu desfecho desfavorvel ao Brasil contriburam para desgastar a imagem poltica de D. Pedro I. O dinheiro gasto para sustentar a guerra desequilibrou de vez a economia do Brasil 12.8 O fim do Primeiro Reinado Um fato contribuiu para agravar a impopularidade de D. Pedro I. Com a morte do rei portugus D. Joo VI. D. Pedro foi proclamado sucessor, mas renunciou em favor da filha menor de idade; esta devia casar com um tio. D. Miguel, irmo de D. Pedro, que exerceria o poder como regente at a maioridade da princesa. A forma que D. Pedro encontrou para manter o poder fracassou, l como aqui. D. Miguel fez-se proclamar rei de Portugal em 1828, mandou a sobrinha de volta ao Brasil e implantou um governo desptico. O imperador brasileiro rumava a destino inglrio. Para obter apoio popular, viajou a Minas em fins de 1830; foi recebido sem entusiasmo. A insatisfao provocou em maro de 1831 as Noites das Garrafadas, conflitos de rua que sacudiram o Rio de Janeiro, entre partidrios e opositores do imperador. Em 20 de maro, D. Pedro fez a ltima tentativa de reconciliao. Nomeou um Ministrio s de brasileiros natos. Quinze dias depois, inesperadamente, substituiu-o por outro, composto de nobres estreitamente ligados a ele: o Ministrio dos marqueses. Mais de 2.000 manifestantes fizeram passeata, exigindo a volta do Ministrio de 20 de maro. O monarca preferiu renunciar em favor do filho Pedro de Alcntara, com 5 anos de idade e viajou para a Europa, na madrugada de 7 de abril de 1831. Estava encerrada a primeira e tumultuada etapa da monarquia brasileira.
13 PERODO REGENCIAL (1831 1840) 13.1 O povo e a aristocracia rural A aristocracia rural, ao assumir o poder passou a organizar a sociedade brasileira conforme seus interesses. Isto significava frear o mpeto revolucionrio popular que ela mesma havia instigado. A reao comeou logo aps a abdicao. No entanto, o afloramento das aspiraes populares no poderia ser sufocado com facilidade. Assim, durante todo o perodo regencial, a agitao foi intensa e os grupos que detinham o poder mostraram-se incapazes de pr fim onda revolucionria que se desencadeara. 13.2 Grupos Polticos Experincia Republicana Durante o perodo das regncias, o Brasil teve uma forma de governo que apresentava semelhanas com o regime republicano, por exemplo, a eleio e a troca de governantes depois do cumprimento do mandato. Grupos polticos Aps a abdicao de D. Pedro I at 1834, a vida poltica do pas foi dominada por trs grupos polticos que disputavam o poder: restauradores, liberais moderados e liberais exaltados. Vejamos, resumidamente, as tendncias e os lderes de cada grupo. 13.3 As Regncias Trinas (1831 1835) No dia da abdicao, os parlamentares que se encontravam na capital do pas reuniram-se s pressas e designaram uma Regncia Trina Provisria, integrada pelos senadores Nicolau de Campos Vergueiro, Jos Joaquim de Campos Vergueiro, Jos Joaquim de Campos e pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Essa regncia durou de abril a julho de 1831. A lei regencial de 14-06-1831 tornou permanente a Regncia trina, tendo sido mantida sua nomeao pelo parlamento. Surgiu assim a Regncia Trina Permanente, que atuou de 1831 a 1835 e era composta por Jos da Costa Carvalho, Brulio Muniz e pelo brigadeiro Lima e Silva. A lei regencial suprimiu o poder de dissolver a Cmara e de suspender as liberdades constitucionais, defendendo assim o Parlamento de qualquer investida do Executivo. Ainda em 1831, criou-se a Guarda Nacional, cujos membros eram recrutados entre os eleitores. Formada por pessoas de posses, transformou-se na principal fora repressiva da aristocracia rural. O objetivo desse organismo paramilitar era reprimir as constantes manifestaes promovidas por exaltados ou por restauradores. Em 1832 era promulgado o Cdigo de Processo Penal, o qual atribua aos municpios ampla autonomia judiciria, sendo os juzes de paz eleitos pela populao local. Por outro lado, a autonomia municipal foi utilizada para garantir a impunidade. 13.4 A Regncia Una de Feij (1835 1837) Em 12 de agosto de 1834 promulgou-se um Ato Adicional, que tentava conciliar os interesses das trs faces polticas, atravs das seguintes medidas: Criao das Assembleias Legislativas Provinciais, substituindo os Conselhos provinciais; Extino do Conselho de Estado, que assessorava o imperador no exerccio do Poder Moderador; Concesso de autonomia s provncias; Substituio da regncia trina pela Regncia Una e eletiva. Nas eleies para regente nico - 1835, Feij, candidato dos moderados; saiu vencedor. Essas eleies tiveram um carter de experincia republicana para o pas. Feij, enquanto regente, procurou cercear o conflito surgido na Cmara devido ambiguidade do Ato Adicional, que por um lado, centralizava o poder na figura do regente e, por
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outro, concedia s provncias relativa autonomia poltico-administrativa. O parlamento eleito em 1836 apresentava maioria contrria a Feij. Responsabilizado pelo grande nmero de rebelies que eclodia pelo Brasil, o regente renunciou em 1837. 13.5 A Regncia Una de Arajo Lima (1837 1840) Feij renunciou em favor de Arajo Lima, poltico ultraconservador, que organizou um movimento pela anulao das medidas descentralizadoras. O lema do movimento era Regresso ordem e pregava o pleno restabelecimento da Constituio de 1824. Ao assumir o poder, Arajo Lima organizou um ministrio composto s de polticos regressistas, conhecido como Ministrio das Capacidades. Originaram-se nessa poca os dois partidos que marcariam o Segundo reinado: o Partido Liberal e o Partido Conservador. A regncia de Arajo Lima caracterizou-se pela violenta represso s revoltas polticas nas provncias, que, segundo o governo, ameaavam quebrar a unidade territorial do Brasil. As classes dominantes queriam a todo custo parar o carro da revoluo, como dizia o Ministro da Justia Bernardo Pereira de Vasconcelos. Durante essa regncia, a autonomia administrativa das provncias foi reformulada pela Lei Interpretativa do Ato Adicional, de 12 de maio de 1840. Essa lei tinha como objetivo limitar a autonomia das provncias e promover uma nova centralizao do poder poltico. A polcia e a justia ficariam sob o controle central. Antecipao da maioridade: D. Pedro assume o poder
interessava aos grandes proprietrios de terra. e senhores de escravos. Em 1840, a Assembleia Nacional aprovou a tese da maioridade. O episdio ficou conhecido como Golpe da maioridade. Pedro de Alcntara, com 15 anos incompletos, foi aclamado imperador, recebendo o ttulo de D. Pedro II, em 23 de julho de 1840. Iniciava-se o Segundo Reinado, um perodo que durou quase meio sculo (1840 1889). Rebelies regenciais
Queremos Pedro II, Embora no tenha idade, A nao dispensa a Lei e viva a maioridade
Os polticos progressistas, opondo-se regncia de Arajo Lima, passaram a defender a ideia de que o meio mais eficiente para preservar a unidade territorial do Imprio e acabar com a falta de autoridade do governo central seria transferir o poder para as mos de Pedro de Alcntara. O prncipe, porm, ainda era menor de idade. A Assembleia Nacional, entretanto, tinha poderes para antecipar a maioridade de D. Pedro. Foi, ento, fundado o Clube da Maioridade, organizao poltica que tinha como objetivo lutar pela antecipao da maioridade do prncipe junto Assembleia Nacional. A tese do Clube da Maioridade teve o apoio das classes dominantes e uniu polticos progressistas e parte dos regressistas. A elite poltica acreditava que a figura de um imperador com forte poderes seria essencial para liquidar as revoltas provinciais e desse modo, restabelecer a ordem social que
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As rebelies regenciais comearam numa poca em que a crise econmica, agradava pela dvida externa, marginalizava e empobrecia a maior parte da produo brasileira. Durante essas rebelies, pobres e ricos, pees e fazendeiros, escravos e senhores uniram-se, muitas vezes, para combater o governo. Porm, enquanto as elites lutavam pela autonomia das provncias, os grupos de negros, ndios destribalizados e brancos pobres lutavam contra a escravido, a pobreza e o abandono. As principais rebelies desse perodo foram: A Rebelio dos Mals, a Cabanagem, a Sabinada, a Balaiada e a Farroupilha. A Rebelio dos Mals ( Bahia, 1835) Loruba a lngua africana falada atualmente na Nigria por milhes de pessoas. Mals, nesse idioma, quer dizer indivduo de religio muulmana. Os lderes da rebelio negra ocorrida em Salvador no ano de 1835 eram mals. Ou seja seguia as palavras do profeta Maom. Liam o Alcoro, rezavam vrias vezes por dia e faziam uma dieta especial durante o ramad, ms de jejum muulmano. Os trabalhadores paraenses em sua maioria, negros (livres ou escravos), ndios e mestios, eram explorados e mal alimentados, moravam em cabanas erguidas sobre estacas na beira dos rios. Por isso eram chamados cabanos. Embora tivessem poder econmico, os fazendeiros e comerciantes do Gro-Par no conseguiam participar da poltica local, pois as autoridades de cada provncia eram nomeadas pelo governo central. Aproveitando-se da enorme insatisfao popular, alguns fazendeiros paraenses juntaram-se aos cabanos, invadiram o palcio, mataram o governador e colocaram no poder os cabanos e por isso foi morto por eles. O prximo presidente dos cabanos foi Francisco Pedro Vinagre, que na luta contra as foras governistas tambm acabou traindo seus companheiros.
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A falta de um governo cabano capaz de conciliar os rebeldes entre si, a escassez de recursos materiais e a traio dos presidentes cabana contriburam para o fim da Cabanagem Os soldados governistas foram violentssimo: invadiram casas, incendiaram e saquearam vilas inteiras. Quando se iniciou a rebelio, a provncia do Gro-Par possua cerca de 100 mil habitantes. Mais de 40 mil foram mortos durante a Cabanagem A Sabinada ( Bahia, 1837 1839)
A Bahia foi palco de importantes movimentos populares, como por exemplo, a Conjurao dos Alfaiates, as lutas pela independncia e a Rebelio dos Mals. Em 1837, explodiu em Salvador uma rebelio liderada pelo mdico e jornalista baiano, Francisco Sabino. Da o nome Sabinada. A Sabinada foi um movimento liderado e organizado por profissionais liberais e militares da capital baiana. Por isso se diz que essa revolta foi feita pelas camadas mdias urbanas. O que levou os militares baianos a participarem dessa rebelio, foi o fato de que o governo central Ter ordenado que eles fossem combater os rebeldes farroupilhas no Rio Grande do Sul. Os sabinos chegaram a conquistar a capital baiana, proclamando a Repblica e declarando a Bahia , separada do Brasil. Porm, eles queriam manter a Repblica Baiense s at a maioridade de D. Pedro I. A reao do governo regencial foi, mais uma vez muito violenta. As foras governastes, ajudadas por fazendeiros baianos, massacraram os rebeldes, incendiando bairros inteiros de Salvador. A luta de gente humilde do Maranho, ficou conhecida como Balaiada porque um dos seus lderes era o arteso Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, que fazia balaios. Comandados pelo vaqueiro Raimundo Gomes, os balaios chegaram a conquistar a cidade de Caxias, na poca a Segunda mais importante do Maranho. Em seguida, eles avanaram em direo ao Piau, onde chegaram a vencer as foras enviadas pelo governo. A Balaiada ficou mais forte com a adeso de 3 mil quilombolas, chefiados pelo lder negro Cosme Bento das Chagas. Contudo, a desunio existente entre os balaios, que geralmente agiam em bandos isolados, enfraqueceu a revolta e facilitou a ao das tropas imperiais chefiadas por Lus Alves de Lima e Silva, O Baro de Caxias. Calcula-se que cerca de 11 mil balaios morreram resistindo s foras governistas. Quanto aos lderes, Raimundo Gomes foi preso,, Francisco dos Anjos morreu lutando e o negro Cosme foi enforcado. Sufocada a revolta, a maioria dos maranhenses continuou marginalizada: andando pelo serto em busca de sobrevivncia ou trocando trabalho por comida.
A Revoluo Farroupilha foi principalmente a luta dos fazendeiros gachos apoiados pelo grupo populares, os farrapos, contra poltica imposta pelo governo central. Desde o sculo XVIII o Rio Grande do Sul vendia charque (carne conservada com bastante), couro, sebo e mulas para outras provncias brasileiras. Na dcada de 1830, porm, estava saindo mais produtos da Argentina e do Uruguai. Isso acontecia por dois motivos: As mercadorias estrangeiras pagavam baixas taxas de importao, enquanto os produtos gachos pagavam altos impostos para entrar em outras partes do Brasil; As estncias gachas ( fazendas de criao de gado) utilizavam o trabalho escravo enquanto as uruguaias e argentinas empregavam assalariados, conseguindo por isso produzir mais e com melhor qualidade. Insatisfeitos, os estancieiros dirigiam vrias reclamaes ao governo central. Mas no tiveram nenhuma resposta do Rio de Janeiro. Alm disso, os gachos ainda eram obrigados a aceitar no governo de sua provncia homens nomeados pelo poder central. Excludos da poltica e sobrecarregados de impostos, os gachos revoltaram-se. Em 20 de setembro de 1835, centenas de pees e escravos armados, sob o comando do coronel Bento Gonalves, conquistaram Porto Alegre, obrigando o presidente da provncia a fugir. Um ano depois, proclamaram a Repblica Rio-Grandense, com sede na vila de Piratini. Depois de controlar o Rio Grande do Sul, os rebeldes farroupilhas, chefiados pelos revolucionrios Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro, conquistaram Laguna, em Santa Catarina, proclamando ento a Repblica Juliana, aliada Rio-Grandense,. Formavam-se e ento dois novos pases na Regio Sul, independente do Imprio brasileiro. importante considerar que, enquanto estiveram no governo, os farroupilhas conservaram o voto censitrio e a escravido. Isso mostra o carter conservador desse movimento. Em 1842, o governo central mandou para o Sul 12 mil soldados comandados pelo Baro de Caxias. Este fez seus soldados ocuparem os principais pontos onde os farroupilhas se abasteciam de cavalos, armas e munies. Ao mesmo tempo, Caxias ofereceu aos gachos um acordo de paz que atendia s principais exigncias dos rebeldes. Entretanto, somente em 1845 os farroupilhas assinaram a chamada paz honrosa. Por esse acordo, os gachos podiam escolher seu presidente de provncia; os comandantes farroupilhas passariam para o exrcito brasileiro com os mesmos postos que
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ocupavam nas tropas rebeldes; o governo libertava os escravos que lutaram nas tropas farroupilhas; o charque estrangeiro passava a pagar 25% a mais de imposto.
grandes proprietrios de terra e escravos. Em questes importantes, capazes de alterar a estrutura socioeconmica do pas, estavam sempre de acordo. Concordavam, por exemplo, em manter quase a totalidade da populao afastada das decises polticas. Devido exigncia de renda, apenas 1% da populao brasileira tinha direito a voto. Os dois partidos discordavam quanto aos meios de atingir os objetivos almejados pelas elites brasileiras. Embora no tivessem grandes divergncias, disputavam com unhas e dentes as eleies para a Cmara dos Deputados, movidos por disputa pessoal e ambio de poder. 14. 3 Violncia e fraude nas eleies Aps assumir o poder, D. Pedro II escolheu para o seu primeiro ministrio, polticos do Partido Liberal, que tinham lutado pela antecipao de sua maioridade. Como participavam do ministrio os irmos Andrada e os irmos Cavalcanti, ele ficou conhecido como Ministrio dos Irmos. Marcadas as eleies para a nova Cmara dos Deputados, a disputa poltica entre candidatos liberais e conservadores tomou conta do pas. No dia da eleio (13 de outubro de 1840), bandos de capangas contratados pelos liberais invadiram os locais de votao distribuindo cacetadas e ameaando de morte os adversrios polticos. Alm disso, houve fraudes na contagem dos votos, com a substituio de urnas autnticas por outras contendo votos falsos. Os liberais venceram na base da fraude e da violncia. Por isso, essas eleies ficaram conhecidas como eleies do cacete. Os membros do Partido Conservador reagiram, exigindo que o imperador anulasse o resultado das eleies. D. Pedro II, influenciado pelos conservadores, resolveu dissolver a Cmara e convocar novas eleies. Em So Paulo e Minas gerais, em 1842, polticos do Partido Liberal revoltaram-se contra a anulao das eleies. Os lderes dos liberais eram Tobias de Aguiar e Diogo Antnio Feij ( em So Paulo) e Tefilo Otoni ( em Minas gerais). O governos imperial, por meio das tropas comandas por Lus Alves de Lima e Silva, sufocou essa revolta liberal e prendeu os lderes do movimento. S em 1844 esses lderes foram anistiados. 14.4 Parlamento no Brasil Em 1847, foi criado o cargo de presidente do Conselho de Ministros. Esse presidente ( primeiro ministro) seria o chefe do ministrio e encarregado de organizar o Gabinete do governo. A criao do cargo de presidente do Conselho de Ministros assinala, a introduo do parlamentarismo2 no imprio. O sistema parlamentarista no Brasil funcionava de forma peculiar. Realizada a eleio, D. Pedro II nomeava um lder poltico do partido vencedor para o cargo de primeiro-ministro. Esse lder formava o gabinete ministerial que, em seguida, era apresentado Cmara dos deputados em busca de um voto de confiana, que deveria ser dado pela maioria parlamentar. Obtida a aprovao da Cmara, o Gabinete assumia suas funes de governo. Caso no fosse aprovado, cabia a D. Pedro II titular do poder moderador, definir o gabinete ou dissolver a Cmara para convocar novas eleies. Parlamentarismo s avessas Nos sistemas parlamentaristas europeus, o poder legislativo tem fora efetiva no comando da nao. Mas no Brasil isso no ocorreu. D. Pedro II, devido ao poder moderador, subordinava todos os demais poderes do Estado. Por isso, o parlamentarismo brasileiro foi chamado de parlamentarismo s avessas . Na Inglaterra, que adotava o parlamentarismo, dizia-se entre os ingleses que: o rei reina, mas no governa. No Brasil, o centro de poder poltico continuava sendo o imperador.
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SINOPSE HISTRICA As revoltas provinciais principais revoltas no perodo das Regncias: Cabanagem, Revoluo Farroupilha, Sabinada, Balaiada. A seguir, voc tem um resumo das mais importantes revoltas ocorridas no perodo das regncias. 14 SEGUNDO REINADO ( 1840 1889)
14.1 Situao poltica Com a antecipao da maioridade de Alcntara, em 1840, iniciou-se o Segundo Reinado, que se estendeu at 1889. Para fazendeiros e comerciantes, a subida de D. Pedro ao trono representava a manuteno de seus privilgios polticos e econmicos, num ambiente de tranquilidade social. Acreditavam que o imperador com sua autoridade, liquidaria as rebelies provinciais, submetendo os revoltosos e descontentes. O imperador exercia o poder apoiado pela mesma minoria de ricos, aqueles que possuam 95% das propriedade do pas. Por isso, diziam os versos de uma trova popular: Por subir Pedrinho ao trono, No fique o povo contente. No pode ser boa coisa, Servindo pra mesma gente. 14.2 Disputas entre liberais e conservadores Os partidos polticos que dominavam a vida pblica do Segundo reinado foram o Partido Liberal e o Partido Conservador. Como vimos, esses partidos no tinham grandes divergncias ideolgicas. Era frequente a passagem de polticos de um partido para outro, ambos representando os interesses dos
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Entre os brasileiros, dizia se que: o rei reina, ri e ri. Reina sobre o Estado, ri do parlamento e ri o povo. Durante o Segundo Reinado ( 1840 1889), houve 36 gabinetes ministeriais no governo. A tabela a seguir resume a participao dos liberais e dos conservadores no poder. PARTIDO N DE GABINETES N DE ANOS NO PODER
Liberal Conservador 21 Gabinetes 15 Gabinetes 19 anos e 5 meses no governo. 29 anos e 9 meses no governo.
que acompanharam e sucederam o movimento de independncia do Brasil. A partir de 1848, a aristocracia rural passava a ser senhora absoluta dos destinos polticos do pas. Obteve-se a pacificao que tanto se desejava, e a maioria da populao estava definitivamente afastada da disputa pelo poder. Poltica externa no Segundo Reinado A questo Christie Dois fatos deram origem a esta crise, conhecida como Questo Christie. 1. o desaparecimento da carga do navio ingls Prncipe de Gales, que havia naufragado nas guas do Rio Grande do Sul; 2. a priso de trs oficiais ingleses acusados d estarem bbados e de fazerem desordens nas ruas do Rio de Janeiro. Considerando-se ofendido, o embaixador ingls exigiu do governo brasileiro a soma de 3.200 libras como compensao pelo desaparecimento da carga do navio, e o pedido de desculpas pela deteno dos oficiais. Tambm exigiu a demisso dos policias que prenderam os militares ingleses. D. Pedro II pagou a quantia exigida pelo embaixador ingls, mas negou-se a atender as suas outras exigncias. Diante disso, barcos de guerra ingleses bloquearam o porto do Rio de Janeiro e apreenderam cinco navios mercantes brasileiros. Para decidir se a razo estava com o Brasil ou com a Inglaterra, foi escolhido como rbitro o rei Leopoldo I, da Blgica. Leopoldo I foi favorvel ao Brasil. Mas , como os ingleses no acataram essa deciso, em 1863 o Brasil rompeu relaes diplomticas com a Inglaterra. Dois anos depois, entretanto, vendo seus interesses comerciais prejudicados, a Inglaterra tratou de pedir desculpas oficiais ao governo brasileiro, reatando assim os laos diplomticos com o nosso pas. Conflitos no Prata A regio platina banhada por vrios rios navegveis. Os principais so o rio da Prata, o rio Uruguai, o rio Paran e o rio Paraguai. Atravs desses rios, mercadorias de vrios pases sul americanos e europeus chegavam aos portos de Buenos Aires e Montevidu, de onde seguiam para o interior do continente. Ou eram exportadas para a Europa. Ao Brasil interessava que suas embarcaes pudessem navegar livremente pelos rios da regio: que o comrcio com o Mato Grosso era feito por via fluvial, pois naquela poca havia pouqussimas estradas. Pelos portos de Montevidu e Buenos Aires, s margens do esturio do Rio da Prata, escoava todo o comrcio platino do sculo XIX. Muitos negociantes ingleses e sul-americanos a instalados lucravam com esse comrcio. Alm de disputarem o comrcio da regio platina, os sulamericanos disputavam tambm as terras frteis e de pastagens existentes nessa rea. Era comum um pas desrespeitar a fronteira do outro. Da nascia o desentendimento e logo a seguir o conflito armado. A luta contra Oribe e Rosas Como vimos, em 1828 a Provncia Cisplatina conseguiu sua independncia e passou a se chamar Repblica Oriental do Uruguai. A partir da, dois partidos polticos passaram a disputar o governo do Uruguai: o Partido Blanco, chefiado por Manuel Oribe, e o Partido Colorado, chefiado por Fructuoso Rivera. Os blancos eram em sua maioria criadores de gado. Entre os colorados predominavam os comerciantes de Montevidu. Em
Em geral, liberais e conservadores intercalaram-se no poder. Mas houve um perodo em que decidiram governar juntos, atravs de acordos polticos. Foi chamada era da conciliao (1853 1868), concretizada a partir da no existncia de diferenas ideolgicas fundamentais entre esses dois partidos. Revoluo Praieira ( 1848)
A Revoluo Praieira foi a ltima grande revolta interna corrida no imprio. Explodiu na provncia de Pernambuco, em 1848. Partido da Praia, constitudo por liberais pernambucanos, combatia essa desigualdade da sociedade. Suas idias eram expressa atravs do jornal Dirio novo, cuja sede ficava na Rua da Praia, na cidade de Recife. Os praieiros apoiavam o presidente de Pernambuco, Antnio Pinto Chichorro da Gama, homem no comprometido com os donos de engenho e comerciantes. Quando foi nomeado um enrgico conservador, representante da elite dominante, para substitu-lo no governo, os praieiros recusaram-se a aceitar a nova autoridade. Organizaram uma revolta, que eclodiu no dia 7 de novembro de 1848. Iniciava-se a Revoluo Praieira. Liderados por Pedro Ivo (comandante militar) e Borges da Fonseca (jornalista), os praieiros divulgaram seus planos num documento intitulado Manifesto ao Mundo. As principais propostas desse manifesto eram: Voto livre e universal para o povo brasileiro (fim do voto censitrio); Total liberdade de imprensa; Garantia de trabalho para o cidado brasileiro; Extino do poder moderado; Comrcio a varejo s para brasileiros (os portugueses seriam proibidos de exercer essa atividade); Garantia dos direitos individuais do cidado. O programa poltico dos praieiros era liberal e democrtico, mas no tocava na questo da escravido. Fim da revolta A luta armada entre os revoltosos praieiros e as tropas imperiais no chegou h durar um ano. Sem recursos militares, contavam com apenas 2 mil homens. Os praieiros no resistiram represso imperial. Com a derrota dos praieiros, chegava ao fim o ciclo de revoltas populares
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1834, Manuel Oribe foi aleito presidente do Uruguai e, para se fortalecer, aliou-se ao ditador argentino Juan Manuel Rosas. Apoiado por Oribe, Rosas mandou bloquear o porto de Montevidu, impedindo a livre navegao em direo ao Mato Grosso e prejudicando os negcios brasileiros no Uruguaios. A fim de defender seus interesses econmicos, o Brasil resolveu invadir o Uruguai. Para isso, aliou-se aos colorados e s provncias argentinas de Corrientes e Entre Rios, que no aceitavam o poder de Rosas. Em 1851, um poderoso exrcito, formado em sua maioria por brasileiros, combateu e derrotou Oribe, colocando no governo do Uruguai um poltico do partido Colorado. No ano seguinte, esse mesmo exrcito venceu Rosas. A Argentina passou ento a ser governada por um aliado do Brasil. Com essas intervenes, o imprio brasileiro conseguiu manter a liberdade de navegao nos rios da regio e colocar seus aliados nos governos do Uruguai e da Argentina. A luta contra Aguirre Os conflitos de fronteira entre brasileiros e uruguaios eram bastante comuns naquela poca. Tanto os fazendeiros gachos quanto os uruguaios costumavam atravessar a fronteira entre os seus pases para atacar fazendas e roubar gado. O governo brasileiro enviou vrios protestos ao governo uruguaio de Atansio Aguirre, mas no teve resposta. Em 1864, porm o Brasil ameaou: ou o Uruguai pagava a indenizao pelo gado roubado, ou seria invadido. Aguirre reagiu rompendo relaes com o Brasil e pedindo o apoio de Francisco Solano Lpez, presidente do Paraguai. Ento o Brasil aliou-se aos colorados e invadiu o Uruguai para combater o chefe blanco Atansio Aguirre. O general Mena Barreto comandou por terra a invaso do Uruguai, conseguindo a adeso dos colorados, liderados por Venncio Flores, enquanto a esquadra brasileira, comandada pelo almirante Tamandar, postou-se diante da capital uruguaia. Montevidu se viu cercada em curto espao de tempo. Aguirre renunciou e as exigncias brasileiras foram atendidas. O Brasil venceu a guerra. Mas a interveno brasileira provocou a reao do poderoso aliado de Aguirre: o presidente do Paraguai, Francisco Solano Lpez. A Guerra do Paraguai ( 1865 1870)
Francia apoiou-se nas massa camponesas, aniquilando a oligarquia Paraguai, ao mesmo tempo em que se isolava de seus vizinhos, comprometidos com o capital ingls. Nacionalismo paraguaio desagrada Inglaterra. Ofensivas de Solano Lopes. Trplice Aliana. Os governos que sucederam Francia mantiveram essa mesma postura e, em 1865, o Paraguai contava com uma linha telegrfica, uma ferrovia e um bom nmero de indstrias de materiais para construo, tecidos, papel, tinta, loua e plvora. Tcnicos estrangeiros supervisionavam essa produo, recebendo um rgio ordenado por sua colaborao. Todo o material blico era produzido no pas. A frota mercante era nacional e no era poucos os navios construdos nos estaleiros de Assuno. As atividades econmicas essenciais eram controladas pelo Estado, sendo exportados produtos como ervamate, tabaco e madeira. A balana comercial apresentava supervit, a moeda mantinha-se forte e estvel, havendo riqueza suficiente para investimentos em obras pblicas, sem recorrer a capital estrangeiro. Conforme Eduardo Galeano, 98% do territrio Paraguai eram de propriedade pblica. O Estado cedia aos camponeses a explorao das parcelas em troca da obrigao de povo-las, e explor-las de forma permanente, sem o direito de vend-las. Tinha alm disso 64 Fazendas da ptria administradas pelo Estado. A Inglaterra preocupava-se com o desenvolvimento nacionalista do Paraguai, que poderia servir de exemplo aos outros pases sul-americanos. O embaixador ingls em Buenos Aires, Edward Thornton, elaborou com o presidente da Argentina, Bartolomeu Mitre, o plano que culminaria com o acordo argentino-brasileiro, selando a sorte do Paraguai. Solano Lpez , presidente paraguaio, se opusera invaso brasileira no Uruguai, argumentando que essa medida contrariava interesses de seu pas. Em 1864, no sendo atendido em seus apelos, aprisionou o navio brasileiro Marqus de Olinda e, em seguida, atacou a cidade de Dourados, em Mato Grosso. Em maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai firmaram um tratado criando a Trplice Aliana, cujo comando coube ao presidente argentino Mitre. Batalha de Riachuelo. Substituio de Osrio por Caxias: sucesso de vitrias. Paraguai derrotado.
O Paraguai, h pouco mais de cem anos, era uma exceo na Amrica Latina, por ser a nica nao que sobrevivia sem capital estrangeiro. O longo governo de Gaspar de Francia (18141840) criara condies para um desenvolvimento econmico autossuficiente.
Na primeira fase da Guerra do Paraguai, os brasileiros, chefiados pelo almirante Barroso, venceram os paraguaios na Batalha de Riachuelo. Em maio de 1866, desenrolou-se a Batalha de Tuiuti, em que as foras paraguaias sofreram pesada derrota. Em setembro, no entanto, brasileiros e paraguaios foram batidos em Curupaiti. Os desentendimentos entre o general Osrio, comandante das foras brasileiras, e o argentino Mitre, levaram D. Pedro II a substituir Osrio por Caxias no comando geral das tropas brasileiras.
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Em 1867, os brasileiros fracassaram na tentativa de retomar Mato grosso, ocupada pelos paraguaios, culminando com a Retirada da Laguna. Ainda em 1867, o Uruguai e a Argentina se retiraram da guerra. Caxias reorganizou ento o exrcito, conseguindo mais armamentos, aumentando a quantidade de suprimentos e tornando mais eficientes as operaes militares brasileiras. Resultou da uma srie de vitrias, especialmente em Humait. Em dezembro de 1868, Caxias conseguiu sucessivas vitrias nas batalhas de Itoror, Ava, Lomas Valentinas e Angostura. No incio de 1869, Assuno foi finalmente tomada pelo exrcito brasileiro. Caxias cedeu o comando das foras brasileiras ao genro de D. Pedro II, o conde DEu, que empreendeu violenta e desnecessria perseguio a Solano Lopes, que morreu em 1870 na Batalha de Cerro Cor. No final da guerra, a populao do Paraguai ficara reduzida a menos da metade da existente em 1867. A partir de ento, o Paraguai se transformou num paraso para os produtos estrangeiros e para os latifundirios, enquanto a misria se tornou a herana legada imensa maioria de sua populao. Os pases vencedores, Brasil, Argentina e Uruguai, saram da guerra mais endividados do que nunca com os bancos ingleses. O Paraguai, por sua vez, aceitou o primeiro emprstimo financeiro de sua histria ingls, naturalmente. No Brasil, o fim da Guerra do Paraguai marcou o incio da decadncia do Segundo Reinado. 15 AS TRANSFORMAES ECONMICAS, SOCIAIS E POLTICA NO SEGUNDO REINADO A economia cafeeira
O hbito de beber caf foi virando moda nos Estados unidos e na Europa. Como a procura aumentou, o preo subiu, incentivando a formao de novas fazendas de caf. Os cafezais subiram ento a serra do mar e avanaram pelo vale do paraba. Iam derrubando matas, exigindo braos e fazendo a fortuna dos bares do caf. Nessa regio, todo tipo de trabalho nas fazendas era feito pelos negros escravos. Eram eles tambm que ajudavam as tropas de mulas e os carros de boi a transportar o caf pelas estradas de terra.
O porto por onde escoava toda a produo era o do Rio de Janeiro. Em 1850, quase metade das exportaes brasileiras eram de caf vale-paraibano. Por isso, na poca se dizia: O Brasil o vale. O Vale do paraba foi prspero enquanto produziu caf. Em pouco tempo, o desmatamento e a eroso (desgaste da terra pela ao da gua chuvas e outros agentes) foram esgotando o solo. Nessa regio, os arbustos de caf eram plantados em terrenos altos e muito inclinados. Sem a proteo das rvores na poca das chuvas, a enxurrada acabava arrastando a camada frtil do solo. A imigrao Primeiros imigrantes A experincia pioneira do senador Vergueiro O senador paulista Nicolau de Campos vergueiro foi o primeiro fazendeiro a trazer imigrantes para trabalhar na cafeicultura. Entre os anos de 1847 e 1857, levou para sua fazenda de Ibicaba, no interior de So Paulo, os primeiros grupos de imigrantes alemes, suos, belgas, italianos e espanhis. O senador vergueiro dizia que financiar o imigrante europeu ficava mais barato do que comprar e manter escravos. Entretanto, essa experincia no deu certo, pois os imigrantes se revoltaram contra a excessiva explorao de seu trabalho. Esses imigrantes foram contratados do sistema de parceria: davam ao proprietrio uma parte da colheita e ficavam com a outra parte. No entanto, eram enganados e maltratados pelos fazendeiros. Trabalhavam de sol a sol, como escravos. Por causa disso, os imigrantes se uniram e se revoltaram contra a explorao de que eram vtimas. As consequncias foram o completo fracasso do sistema de parceria e o desestmulo vinda de novos imigrantes. Na Itlia, o governo desaconselhava a vinda de imigrantes para So Paulo devido s notcias sobre as pssimas condies sociais. Somente a partir de 1871, o governo paulista empreendeu novos esforos para atrair imigrantes para as fazendas de caf. Passou a financiar, por exemplo, parte das despesas de viagem. Mas a imigrao s comeou a crescer nos ltimos quinze anos do sculo XIX. Com o fracasso do sistema de parceria, implantou-se o trabalho assalariado.
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A crescente produo de caf no imprio tem duas razes principais: 1. o aumento cada vez maior do consumo de caf brasileiro nos estados unidos. Esse pas chegou a comprar mais da metade de nossa exportao; 2. a existncia , no sudoeste do Brasil, de condies ideais de clima e de solo para o cultivo dessa planta. O caf comeou a ocupar o Rio de janeiro a partir do litoral. No comeo do sculo XIX, os cafezais j cobriam de verde as reas montanhosas da provncia. Da, desceram para Angra dos Reis e Parati, no sul do Rio de Janeiro, caminhado depois para Ubatuba, Caraguatatuba e So Sebastio, no litoral norte de So Paulo. Essa regio foi a primeira rea importante de plantao de caf no Brasil. O Brasil o Vale
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Lei do Ventre Livre 1871 Crescimento industrial O capital proveniente das exportaes de caf no s foi aplicado na expanso da prpria cafeicultura como tambm financiou a instalao de indstrias e a modernizao do pas. Alm do dinheiro da cafeicultura, duas importantes medidas favoreceram o crescimento da indstria: a tarifa Alves Branco e a extino do trfico negreiro. Tarifa Alves Branco Em 1844, o ministro da fazenda Manuel Alves Branco decretou uma nova alfandegria sobre os produtos importados. A elevao da tarifa aumentou o preo dos produtos importantes, forando o consumidor brasileiro a procurar produtos nacionais semelhantes. Antes de 1844, os produtos importados eram tributados em 15% sobre seu valor nas alfndegas brasileiras. Com a tarifa Alves Branco, a maioria dos produtos importados passou a ser tributada em 30%. Mas se houvesse a fabricao no Brasil de produto semelhante, o valor do imposto passava a ser de 60%. Fim do trfico negreiro Em 1850, pela lei Eusbio de Queirs, foi extinto o comrcio de escravos para o Brasil. Isso liberou grande soma de dinheiro, at ento destinada compra de escravos, para se aplicada em outros setores da economia. Comearam a surgir indstrias de sabo, vela, chapu, cigarro, cerveja, tecido de algodo etc. Surgiram tambm bancos, empresas de navegao, ferrovias, companhias de seguros, mineradoras etc. Na ltima dcada do imprio ( 1880 1889), o Brasil j contava com 600 indstrias, que empregavam quase 55 mil operrios nos setores txtil, alimentar, qumico, de madeira, vesturio e metalrgica. A era da conciliao A ideia de se criar o ministrio da Conciliao surgiu entre os conservadores mais moderados, como Nabuco e Caxias. A primeira consequncia da conciliao foi uma forte centralizao do poder, que possibilitou a realizao de feitos administrativos de porte, paralelamente a um acomodamento poltico. O principal idealizador da conciliao foi o conservador Honrio Hermeto Carneiro leo, marqus de Paran. Em 1862, a conciliao ressurgia como uma soluo aos impasses ocorridos durante o perodo dominado pelos conservadores. Criou-se ento a Liga progressista, resultados da fuso de liberais e conservadores. Em contrapartida, os liberais mais combativos fundaram o Partido Liberal Radical, que deu origem, em 1870, ao Partido republicano, marcando o incio do declnio do imprio. 16 O DECLNIO DO SEGUNDO REINADO Aps uma fase de apogeu, iniciada por volta de 1850, assinala-se, a partir de 1870, perodo em que termina a Guerra do Paraguai, o comeo da decadncia do Segundo Reinado. As campanhas abolicionistas e republicanas, bem como as questes religiosas e militares, so fatores decisivos do que viria a culminar com a queda da monarquia, em 1889. Abolio da escravatura Origens A Revoluo Industrial, iniciada em 1760 na Europa, j havia levado grandes potncias, como a Inglaterra, a lutarem pelo fim da escravido, embora as prprias mudanas socioeconmicas internas encaminhassem a produo baseada no trabalho escravo para um colapso.
A primeira lei que contribuiu para o fim da escravido no Brasil foi a Lei Eusbio de Queirs, decretada em 1850, que extinguia o trfico negreiro em nosso pas. A Lei Visconde do Rio Branco ou Lei do Ventre Livre estabelecia que a partir de 1871 todos os filhos de escravos seriam considerados livres, devendo os proprietrios cri-los at os oito anos, quando poderiam entreglos ao governo e receber uma indenizao, ou mant-los at os 21 anos, utilizando seus servios como forma de se ressarcir dos gastos que haviam tido com seu sustento. Essa lei tentava promover uma libertao lenta e gradual dos escravos, com indenizao para os proprietrios. Lei dos Sexagenrios
A resposta do Imprio s agitaes populares veio atravs da Lei dos Sexagenrios ou Lei Saraiva- Cotegipe, em 1885, a qual estabelecia que depois de completar 65 anos os escravos estariam em liberdade. A reao popular logo se fez sentir, ficando a lei conhecida como a Gargalhada Nacional, chegando Rui Barbosa a firmar que era uma afronta atirada s faces da nao. Essas reaes negativas deviam-se ao fato de que poucos eram os escravos que alcanavam to avanada idade, alm de que, libertos, deixavam de ser um peso para os proprietrios, j que no podiam executar trabalhos pesados. Lei urea - 1888 Com essas leis, os proprietrios de escravos conseguiram adiar ao mximo a abolio. Somente em 1888, com a Lei urea, promulgada pela princesa Isabel, no dia 13 de maio, a escravido foi extinta do Brasil.
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Movimento Republicano A crise do imprio brasileiro resultou de fatores econmicos, sociais e polticos que, juntos levaram diversos setores da sociedade ( parcela do Exrcito, fazendeiros do oeste paulista, representantes das classes mdias urbanas) a uma concluso: a monarquia estava superada. A crise do imprio foi marcada por uma srie de questes que favoreceram a proclamao da repblica. Questo abolicionista Os senhores de escravos, principalmente do vale do paraba e da baixada Fluminense, no se conformaram com a abolio da escravido e com o fato de no terem sido indenizados pelo governo. Sentiram-se abandonados pela monarquia e acabaram tambm por abandon-la. Passaram a apoiar a causa republicana. Por isso, eram chamados republicanos do 13 de maio. Significava que, no continente americano, o Brasil era o nico pas que mantinha o regime monrquico. Trs anos depois do aparecimento do Manifesto Republicano, foi fundado o Partido Republicano Paulista, na Conveno de It, em So Paulo. Esse partido era apoiado por importantes fazendeiros de caf de So Paulo e contava com seguidores no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul. Questo religiosa Desde o perodo colonial, a igreja catlica era uma instituio submetida ao Estado, pelo regime do padroado. Isso significava, por exemplo, que nenhuma ordem do papa poderia vigorar no Brasil, sem que fosse aprovada pelo imperador. Em 1872, porm D. Vidal e D. Macedo, bispos de Olinda e de Belm, respectivamente, resolveram seguir ordens do papa Pio IX, punindo irmandades religiosas que apoiavam os maons. D. Pedro II, influenciado pela maonaria, decidiu intervir na questo, solicitando aos bispos que suspendessem as punies. Como estes se recusaram a obedecer ao imperador, foram condenados a quatro anos de priso. Em 1875, os bispos receberam o perdo imperial e foram colocados em liberdade. Contudo, o imprio foi perdendo a simpatia da Igreja catlica. Questo militar Depois da Guerra do Paraguai, o Exrcito brasileiro foi adquirindo maior importncia na sociedade. Entretanto, os tradicionais polticos civis do imprio continuavam indiferentes ao Exrcito. Importantes oficiais eram punidos por suas atitudes pblicas quando denunciavam contra a escravatura. Inconformados com a situao, os oficiais do Exrcito queriam ser tratados com dignidade e Ter voz na vida pblica. Os ideais republicanos, divulgados por homens como o coronel Benjamim Constant, professor da Escola Militar do Rio de Janeiro, contagiaram os militares. Foi em meio a essa situao que surgiu, em 1884, a questo militar, provocada pela revolta de oficiais de alta patente (como o marechal Deodoro da Fonseca) contra as punies ao tenente-coronel Antnio Sena Madureira (favorvel abolio dos escravos) e ao coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos ( que denunciou a corrupo poltica de sua poca). Evolucionistas X revolucionista Os evolucionistas, como Quintino Bocaiva, por exemplo, esperavam chegar Repblica por via pacfica. Ou seja, atravs da eleio de um grande nmero de deputados republicanos que, por via legal, mudariam o regime de monarquia para Repblica. Os revolucionrios, liderados pelo advogado Silva Jardim, pretendiam chegar Repblica atravs de uma revoluo popular. Nos seus comcios, Silva Jardim deixava claro o seu projeto: queria ver instalada no Brasil uma Repblica com ampla participao popular.
Quem fez a abolio Participaram da campanha abolicionista intelectuais, jornalistas, polticos e escritores, como Joaquim Nabuco, Jos do Patrocnio, Raul Pompia, Lus gama, castro Alves etc. Mas a abolio no foi obra exclusiva dessa elite de intelectuais. O fim da escravido era uma exigncia do capitalismo industrial e do desenvolvimento econmico do pas. Na prtica do dia a dia, ningum lutou ou resistiu mais escravido do que os prprios negros, que rebelaram-se contra feitores, fugiram das fazendas, organizaram quilombos etc.
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Fim de Imprio O governo imperial, percebendo, embora tardiamente, a difcil situao em que se encontrava com o isolamento da monarquia, apresentou Cmara dos Deputados um programa de reformas polticas, contendo itens como: Liberdade de f religiosa; Liberdade de ensino e seu aperfeioamento; Autonomia para as provncias; Mandato temporrio para os senadores. Entretanto, as reforma chegaram tarde demais. No dia 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca assumiu o comando das tropas revoltadas, ocupando o quartel-general do Rio de Janeiro. O gabinete imperial foi deposto. Os ministros Ouro Preto ( chefe do gabinete) e Cndido de Oliveira (ministro da justia) foram presos. Na noite do dia 15, formou-se o Governo Provisrio da Repblica dos Estados Unidos do Brasil. D. Pedro II, que estava em Petrpolis durante esses acontecimentos, recebeu, no dia seguinte, um respeitoso documento do novo governo, solicitando que se retirasse do pas juntamente com sua famlia. 17 BRASIL - REPBLICA A Repblica da espada ( 1889 1894) O perodo se estende da queda da monarquia, em 1889, at a Revoluo de 1930, conhecido em nossa histria como Repblica velha. Esta, por sua vez, divide-se em: Repblica da Espada ( 1889 1894), controlada pelos militares, e Repblica Oligrquica ( 1904 1930), dominada pelos fazendeiros do caf. A Repblica da Espada, conhecida tambm como Repblica Jacobina, corresponde poca de consolidao do regime republicano federativo contra as tentativas de restaurao monrquica no Brasil. 17.1 Governo Provisrio As primeiras providncias da repblica. A monarquia caiu. Nasceu a repblica. O Brasil mudava a forma de governo em revolucionar a sociedade. Trocamos de bandeira, separamos a Igreja do Estado, fizemos uma nova Constituio. Tudo isso foi feito no clima de ordem que interessava classe dominante. Mantinha-se, assim, o povo em sua pobreza e a elite em sua explorao. Primeiras providncias Na noite de 15 de novembro de 1889, formou-se o governo provisrio da repblica, chefiado pelo marechal Deodoro da Fonseca, que deixara de ser monarquista somente nas vsperas do golpe republicano. Logo nas primeiras deliberaes, o governo provisrio revelou seu carter conservador. Deixou claro que sua principal misso era defender a ordem pblica e o direito de propriedade dos habitantes nacionais e estrangeiros. Para acalmar os possveis temores dos pases capitalistas, o governo comprometeu-se a assumir, em nome da repblica, todos os compromissos financeiros contrados durante o regime monrquico. Entre as primeiras providncias tomadas pelo governo provisrio destacam-se: Federalismo - as provncias brasileiras foram transformadas em estados-membros da Federao, obtendo maior autonomia administrativa em relao ao governo federal, cuja sede recebeu o nome de Distrito federal era a capital da repblica; Separao entre Igreja e Estado o Estado deixou de controlar a Igreja catlica. Era o fim do padroado. A Igreja passava a Ter independncia em relao ao governo. Em consequncia, foram criados o registro civil de nascimento (antes havia s a certido de batismo) e o casamento civil (antes os noivos casavam-se s na Igreja). O catolicismo deixou de ser a religio oficial do Estado;
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Grande naturalizao todos os estrangeiros residentes no Brasil seriam legalmente considerados cidados brasileiros. Quem no quisesse ser naturalizado brasileiro deveria manifestar, individualmente, sua vontade de ficar com a antiga cidadania; Bandeira da repblica uma nova bandeira nacional foi criada para substituir a antiga bandeira do imprio. O lema da bandeira nacional, Ordem e Progresso, foi sugerido pelo ministro da Guerra, Benjamim Constant. O lema tem sua origem no positivismo do filsofo francs Augusto Comte ( 1798 1857), que pregava o amor por princpio, a ordem por base e o progresso por fim; Assembleia Constituinte convocao de uma Assembleia Nacional Constituinte para elaborar a primeira Constituio da repblica.
O positivismo e a ideia de progresso As idias positivistas de Augusto Comte tiveram grande influncia sobre os militares do Brasil. Comte tinha entusiasmo pelo desenvolvimento das mquinas, da tecnologia, da industrializao. Para ele, tudo isso representava o progresso da humanidade. O positivismo confiava no capitalismo industrial. E tinha grande f na evoluo das cincias. Nossos militares positivistas queriam ser soldados cidados, ditando o rumo para o desenvolvimento do pas. Defendiam a modernizao da sociedade atravs da ampliao dos conhecimentos tcnicos, do crescimento da indstria, da expanso das comunicaes. 17.2 A crise do Encilhamento Encilhamento3: a especulao financeira Uma medida de grande tomada pelo governo provisrio foi a reforma financeira, conhecida como encilhamento, executada pelo ministro da Fazenda, Rui Barbosa, a partir de janeiro de 1890. O objetivo de Rui Barbosa era incentivar o crescimento econmico nacional, principalmente o desenvolvimento da indstria. Para isso, permitiu grande emisso de dinheiro por bancos espalhados pelo pas ( Bahia, Rio de Janeiro, So Paulo, Rio grande do Sul). Essas emisses tinham como finalidade aumentar a moeda circulante para, por exemplo, facilitar o crdito na implantao de novas indstria, atender ao pagamento dos salrios dos operrios etc. Encilhamento colocao dos arreios em cavalos. A reforma financeira de Rui Barbosa foi assim chamada porque a agitao econmica da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, nesse perodo, lembrava o barulho do jquei Clube, onde se encilhavam os cavalos. A expresso encilhamento contm a ideia de aposta de jogo. De certo modo, foi nisso que se transformou a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro: uma aventura especulativa baseada, muitas vezes, nas aes de empresas fantasmas. No entanto, o dinheiro emitido foi alm das necessidades. A enorme quantidade de dinheiro que passou a circular no tinha correspondncia com a produo real da economia. O resultado foi uma grande inflao com o aumento generalizado dos preos. O dinheiro fcil gerado pelas emisses incentivou a criao de empresas-fantasmas, que surgiram apenas para obter o crdito dos bancos. A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro foi tomada por grande agitao e especulao financeira. A desorganizao econmica atingiu um ponto insuportvel. Os cafeicultores protestavam contra a reforma financeira de Rui Barbosa, pois no lhes interessava uma poltica que desse mais importncia indstria do que ao caf. Alm disso, no prprio ministrio, muitos colegas tambm criticavam a reforma de Rui Barbosa. Pressionado demitiu-se do cargo, em janeiro de 1891.
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17. 3 A Constituio de 1891 Primeira Constituio da repblica No primeiro aniversrio da repblica, em 15 de novembro de 1890, reuniu-se na cidade do Rio de Janeiro a Assembleia Constituinte, com a misso de elaborar a primeira Constituio republicana. Seu modelo era a Constituio dos Estados Unidos. No dia 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada a primeira Constituio, cujos dispositivos fundamentais consistiam de: forma de governo o Brasil adotava como forma de governo a repblica, e seus agentes polticos (presidente, governador, prefeito, deputados, senadores, vereadores) exerceriam mandatos por tempo limitado e seriam eleitos pelos cidados; forma de Estado o Brasil adotava como forma de Estado o federalismo. Os estados teriam autonomia para eleger governador e deputados. Cada estado teria sua Constituio prpria, que, entretanto, no poderia contrariar as normas superiores da Constituio Federal; sistema de governo o Brasil adotava como sistema de governo o presidencialismo. Ou seja, o presidente da repblica era o chefe do governo e o chefe do Estado, exercendo seu cargo com o auxlio de ministros; diviso de poderes instituio dos poderes executivos, legislativos e judicirio, que deveriam atuar de modo harmnico e independente entre si: a) Executivo exercido pelo presidente da repblica, eleito para um mandato de quatro anos. Em caso de afastamento, o presidente seria substitudo pelo vice-presidente; b) Legislativo- exercido pelo Congresso nacional, composto de Cmara dos Deputados e Senado; c) Judicirio exercido pelos juzes e tribunais. Composto pelo Supremo Tribunal Federal e por tribunais federais espalhados pelo pas; Voto o direito ao voto foi garantido aos brasileiros maiores de 21 anos, excetuando-se analfabetos, mendigos, soldados e religiosos sujeitos obedincia eclesistica. As mulheres tambm no tinham direito a voto. O voto era aberto, isto , o eleitor era obrigado a revelar publicamente o candidato em que votou, o que possibilitava aos grandes fazendeiros pressionar os eleitores na hora da votao. Governo de Deodoro da Fonseca Depois de elaborar a Constituio de 1891, a Assembleia Constituinte foi transformada em Congresso Nacional e, nessa condio, deveria eleger os primeiros presidente e vice-presidente da repblica. O marechal Deodoro da Fonseca era o candidato presidncia e tinha o apoio de muitos militares. Porm, os poderosos fazendeiros de caf, representantes da elite econmica do pas, receavam o autoritarismo de Deodoro, e muitos o responsabilizavam pela crise econmica do encilhamento, pois Rui Barbosa era seu ministro. Nessas primeiras eleies, a oligarquia cafeeira de So Paulo apresentou seus candidatos: Prudente de Morais para presidente e o marechal Floriano Peixoto para vice-presidente. Os setores militares insistiam na candidatura de Deodoro da Fonseca para presidente e do almirante Eduardo Wandenkolk para vicepresidente. Deodoro dissolve o Congresso Embora tivesse vencido a eleio, Deodoro no contava com suficiente apoio poltico para governar com tranquilidade. Sofria oposio da oligarquia cafeeira, que dispunha de diversos representantes no Congresso Nacional.
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No conseguindo conviver politicamente com o Congresso, Deodoro dissolveu-o em 3 de novembro de 1891, mandando prender seus principais lderes. Essa atitude autoritria representava grave desrespeito Constituio. Uma forte oposio poltica foi organizada contra Deodoro da Fonseca, incentivada pelas oligarquias. Em protesto contra o autoritarismo do governo, os trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil; decidiram entrar em greve. Enquanto isso, a Marinha, liderada pelo almirante Custdio Jos de Melo, ameaava bombardear o Rio de Janeiro, no episdio conhecido como a Primeira Revolta Armada. Governo de Floriano Peixoto
Medidas econmicas Por meio do ministro da Fazenda, Serzedelo Correia, o governo de Floriano procurou estimular a industrializao. Para isso, facilitou a importao de equipamentos industriais e a concesso de financiamentos a empresrios da indstria. Essas medidas bastaram para provocar a reao dos fazendeiros tradicionais, aferrados defesa da vocao agrcola do pas. Alm disso, Floriano fez importante reforma bancria, pela qual proibia os banqueiros particulares de emitir dinheiro. A emisso de moeda passava a ser responsabilidade exclusiva do governo federal. Essa medida conferia ao governo maior controle sobre o dinheiro em circulao na economia. Para conquistar a simpatia das camadas urbanas (comercirios, profissionais liberais, funcionrios pblicos, o nascente operariado), Floriano tomou medidas de repercusso popular: baixou o preo da carne, dos aluguis residenciais e aprovou uma lei de construo de casas populares. Conflitos polticos O perfil de Floriano, entretanto, no encobria sua face autoritria. Certa vez lhe perguntaram como receberia um grupo de manifestantes de oposio. Rapidamente respondeu: Sero recebidos a bala! Por suas atitudes enrgicas, Floriano ficou conhecido como Marechal de Ferro, o consolidador da repblica. Mesmo assim, as reaes contra seu governo continuaram. No Rio de Janeiro, o almirante Custdio de melo tornou-se lder de uma Segunda Revolta da Armada, que explodiu em setembro de 1893. Com alguns navios ancorados na baa de Guanabara, Custdio de Melo ameaava bombardear o Rio de Janeiro, caso o presidente no convocasse novas eleies.
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Revoluo Federalista Ainda em 1893, estourou no Rio Grande do Sul, um violente conflito entre dois partidos polticos: Partido Republicano Rio-grandenses ( PRR) defendia a forma de governo republicana e o sistema presidencialista. Era adepto do positivismo e tinha o apoio poltico-militar de Floriano Peixoto. Mantinha aliana com o chefe do governo gacho Jlio de Castilhos. Apelido dos republicanos: pica-paus. Partido Federalista apoiava a forma de governo republicana, mas defendia o parlamentarismo. Pretendia revogar a Constituio gacha, que naquela poca permitia a reeleio indefinida do presidente do estado ( atual governador). Os federalistas eram liderados por Silveira Martins e contavam com muitos partidrios ente os tradicionais estancieiros gachos. Apelido dos federalistas: maragatos. Os federalistas uniram-se aos rebeldes da Armada, no Rio de Janeiro e ameaaram atacar o estado de So Paulo. 18 A REPBLICA DO CAF- COM-LEITE ( 1894 1930)
favorecer os integrantes da classe social que o sustentava no poder: os cafeicultores. Embora Prudente de Morais tenha lanado as bases para a hegemonia das oligarquias rurais, sua obra somente se consolidaria no governo de Campos Sales, seu sucessor. Prudente de Morais conseguiu cumprir todo o seu mandato ( 1894 1898); entretanto, no foram poucos os problemas que enfrentou. Entre eles, destaca-se a Revolta de Canudos. A poltica do caf-com-leite Como vimos, as alianas entre os coronis, os governos estaduais e o governo federal fortaleceram ainda mais o poder dos grandes fazendeiros. Entre esses fazendeiros, dois se destacaram: o dos paulistas, representados pelo Partido Republicano Paulista (PRP) e o dos mineiros, representados pelo Partido Republicano Mineiro (PRM). O PRP e o PRM uniram-se e combinaram escolher sempre um nico candidato a cada eleio para a presidncia da Repblica. Numa eleio o candidato seria indicado por So Paulo e teria o apoio de Minas Gerais; na outra seria indicado por Minas Gerais e apoiado por So Paulo. O combinado deu certo, pois alm de serem os estados mais ricos, So Paulo e Minas Gerais possuam juntos mais de um tero da populao do pas. Resultado: dos onze presidentes escolhidos por eleies diretas na repblica Velha, seis foram paulistas, trs mineiros e apenas dois de outros estados. Como So Paulo era o maior produtor de caf e Minas liderava a produo de laticnios, o revezamento desses dois estados na presidncia da Repblica ficou conhecido como poltica do caf-com-leite. O coronelismo e o voto de cabresto
Em 1894 a transferncia do poder dos militares para os civis assinalou a passagem da Repblica da Espada para a Repblica Oligrquica. O coronelismo, o voto de cabresto, a poltica dos governadores e a poltica de valorizao do caf foram as principais caractersticas da dominao poltico-econmica das oligarquias rurais sobre o pas. A partir de 1922 a ecloso do movimento tenentista assinalou o declnio da Repblica Velha. Governo de Prudente de Morais ( 1894 1898)
Prudente de Morais, um republicano histrico, foi o primeiro presidente civil da repblica. Com ele, a oligarquia cafeeira chegava efetivamente ao poder. Agora, o objetivo do governo era reorganizar a vida financeira do pas, obter a pacificao dos conflitos internos e
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Quando o padre Diogo Feij criou a Guarda Nacional, em 1831, no perodo regencial, os grandes proprietrios rurais que a formavam passaram a usar o ttulo de coronel. Mais tarde, no s aqueles que ocupavam tal posto, mas todos os chefes polticos locais, passaram a ser indistintamente chamados de coronis pelos sertanejos. O voto havia sido estendido a uma ampla parcela da populao e poderia ser um arma importante no processo de transformao da sociedade. Mas a pouca politizao das camadas populares, aliada utilizao de toda forma de violncia por parte dos coronis, terminou por transform-lo em uma mercadoria de barganha. A votao era aberta, ou seja, permitia que os chefes polticos locais formassem os currais eleitorais, controlando o voto em funo dos interesses das oligarquias estaduais. O coronel tinha um poder proporcional ao nmero de eleitores que conseguisse assegurar para os candidatos das oligarquias
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estaduais. A esse tipo de voto, que forava o eleitor a apoiar o candidato do coronel local, chamava se voto de cabresto. Os coronis, por sua vez, recebiam favores pessoais das oligarquias e consolidavam seu poder tambm nos municpios. Segundo o historiador Edgard Carone, o coronel era temido e respeitado, relacionava-se de maneira ntima com seus eleitores, fazia-se padrinho e compadre de todos, realizava visitas de cortesias e era prdigo em favores. Arranjava escola, hospitalizava doentes e conseguia empregar pessoas no setor pblico. Tirava gente da cadeia, doava terras ou as expropriava daqueles que no se enquadrassem ao seu mando. Geralmente era o festeiro, patrocinando as festas dos santos. Fazia as doaes de prendas para as quermesses. Em troca exigia fidelidade. A poltica dos governadores A poltica dos governadores foi criada posta em prtica no governo de Campos Sales, um rico cafeicultor do interior paulista, que foi presidente da Repblica entre 1898 e 1902. A poltica dos governadores foi um compromisso poltico entre o governo federal e as poderosas famlias que governavam os estados. Essas oligarquias estaduais fariam de tudo para ajudar a eleger os deputados e senadores favorveis ao governo federal; este, por sua vez, retribua com apoio poltico e financeiro para que continuassem no poder. Para ajudar a eleger deputados e senadores favorveis ao governo, as oligarquias estaduais apoiavam-se nos coronis que, como vimos, controlavam a maior parte dos eleitores. Apesar de toda a corrupo, porm, alguns candidatos da oposio poderiam chegar a vencer as eleies. Prevendo isso, Campos Sales criou a comisso verificadora, cuja tarefa era decidir se os candidatos vitoriosos podiam tomar posse ou no. Se o candidato vitorioso fosse da situao receberia um diploma e tomaria posse . Se o candidato vitorioso fosse da oposio seria
Esse acordo estabelecia que o governo devia comprar dos cafeicultores todo o caf que sobrasse aps as vendas ao exterior. O caf comprado pelo governo devia ser armazenado nos portos brasileiros para ser vendido quando houvesse procura. Alm disso, devia pedir dinheiro emprestado aos bancos estrangeiros. A greve geral de 1917 Aps a morte de um operrio em confronto com a polcia, a paralisao grevista atingiu toda a cidade de So Paulo e outras regies do pas. Mais de 50 mil operrios participaram da greve. Nas ruas, surgiram muitos conflitos entre a polcia e os trabalhadores. Revoltados com a violncia das autoridades, os operrios fizeram passeatas, comcios e piquetes e levantaram barricadas para se defender da polcia. Assustados com o movimento operrio, o governo e os industriais resolveram negociar. Prometeram melhores salrios e novas condies de trabalho. E assumiram o compromisso de no punir os grevistas caso todos voltassem normalmente ao trabalho. Todas essas concesses eram provisrias. No havia srio interesse das classes dominantes em melhorar a condio social dos trabalhadores. O ltimo presidente da Repblica Velha, Washington Lus, dizia que a questo social era caso de polcia. Para a classe dominante, a revolta social dos trabalhadores devia ser tratada e contida na base da violncia policial. A Indstria na Repblica do Caf Como vimos antes, durante a Repblica do Caf-comleite, os governantes brasileiros deram total apoio agricultura. O presidente campos Sales, por exemplo, costumava dizer: o Brasil deve produzir o que sabe e comprar o que os outros pases sabem fazer melhor. Com essa frase ele queria dizer que o Brasil devia produzir caf e outros gneros agrcolas e importar industrializados. Mas apesar de no Ter recebido praticamente nenhum apoio do governo, a indstria brasileira teve um razovel crescimento durante a Repblica Velha. Veja, na tabela abaixo, os nmeros desse crescimento:
Como se pode ver, ente 1889 e 1920, o nmero de empresas aumentou mais de vinte vezes, enquanto o nmero de operrios tornava-se mais de cinco vezes maior. Esse surto de industrializao foi provocado em grande parte pela Primeira Guerra Mundial ( 1914 1918). O motivo simples: como os pases europeus, de onde comprvamos produtos estavam envolvidos no conflito, o Brasil foi forado a fabricar o que antes importava. Surgiu, ento, a indstria de substituio, que produzia tecidos, alimentos, mveis e material de construo. A poltica externa Conflito fronteirio: a Questo do Acre O aumento da procura da borracha depois da inveno da vulcanizao transformou a economia da Amaznia, como j vimos. Vrios brasileiros, principalmente nordestinos fugidos da seca, iam para a regio procurar melhor sorte. Muitos deles se embrenhavam na selva amaznica e chegavam regio fronteiria do Acre, pertencente Bolvia. Muitos desses brasileiros resolviam ficar morando na regio, e o governo boliviano no punha obstculos a isso. Mas por esse perodo algumas empresas inglesas, alems e principalmente americanas formaram uma espcie de associao, chamada Bolivian Syndicate, para explorar a borracha da regio.
degolado, isto , o seu nome seria riscado da lista. O Convnio de Taubat Inconformados com a diminuio de seus lucros, os cafeicultores pressionaram as autoridades para que ajudassem a valorizar o caf brasileiro. Atendendo s exigncias dos cafeicultores, os governadores de So Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro ( os principais produtores de caf) reuniram-se na cidade paulista de Taubat, em 1906, e nesse local assinaram o chamado Convnio de Taubat.
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Para isso fizeram um acordo com a Bolvia, pelo qual, na prtica, arrendavam grande parte do Acre. A empresa instigava o governo boliviano a pressionar o governo brasileiro pela presena dos seringalistas na regio. Os brasileiros, sob a liderana de um caudilho gacho chamado Plcido de castro, organizavam um movimento de resistncia e entraram em choque com as foras bolivianas, apoiadas pelo Bolivian Syndicate. Depois disso, tropas do exrcito brasileiro rumaram para a fronteira, gerando um incidente de carter diplomtico entre o Brasil e a Bolvia. Numa tentativa de chegar a um acordo, o diplomata brasileiro baro do Rio Branco iniciou negociaes. Finalmente, em novembro de 1903, chegava-se a uma soluo pelo Tratado de Petrpolis: o Brasil ficava com as atuais fronteiras com a Bolvia. O Brasil pagou 2 milhes de libras esterlinas pelo territrio adquirido e se comprometeu a construir uma estrada de ferro ligando o rio Madeira ao Mamor, dando Bolvia uma sada para o mar via rio Amazonas. A disputa pela regio do Acre no pode ser entendida somente como uma disputa fronteiria entre brasil e a Bolvia; ela deve ser entendida como um atrito que envolvia principalmente os interesses das grandes empresas capitalistas ligadas ao comrcio e industrializao da borracha.
Finalmente, um poderoso exrcito de 5 mil homens foi organizado pelo ministro da Guerra, e, depois de sangrentas batalhas, Canudos foi completamente destruda. Era 5 de outubro de 1897. Mais de 5 mil casas foram incendiadas pelo exrcito. A populao sertaneja morreu defendendo sua comunidade. Guerra do Contestado ( 1912 1916)
19 REVOLTAS NA REPBLICA VELHA Respostas contra a misria O brasileiro no conformado Durante muito tempo, a histria tradicional ignorou a opresso e a msica que vitimava o povo. Quando era impossvel ocultar a explorao, criaram mentiras sobre o carter do brasileiro. Diziam que o povo era conformado com a vida subdesenvolvida. Mas as revoltas poltico-sociais provam que no somos to passivos como a histria tradicional desejaria. Revolta de Canudos, Guerra do Contestado, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata, entre outras, so respostas contra a situao de misria e opresso que se vivia na Repblica Velha. Na Repblica Velha, os dois principais exemplos de messianismo foram os movimentos de Canudos e do Contestado. Revolta de Canudos ( 1893 1897) No governo de Prudente de Morais eclodiu um grande movimento de revolta social entre os humildes sertanejos baianos. O lder dos sertanejos era Antnio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antnio Conselheiro. Esse homem, senhor de fervorosa religiosidade, foi considerado um missionrio de Deus pela vasta legio de sertanejos que, desiludidos com as autoridades constitudas, escutavam suas pregaes polticoreligiosas. No compreendendo certas mudanas surgidas com a repblica, Antnio Conselheiro declarava-se, por exemplo, contra o casamento civil e por isso foi identificado como fantico religioso e monarquista. Reunindo grande nmero de sertanejos, em 1893, Antnio Conselheiro estabeleceu-se em Canudos, um velho arraial no serto baiano. Em pouco tempo, Canudos transformou-se numa das cidades mais povoadas da Bahia, com aproximadamente 30 mil habitantes. Canudos tinha leis e governo prprios. No obedecia s autoridades que governavam o pas. Os fazendeiros baianos e a elite poltica passaram a temer o crescente poder de Antnio Conselheiro e exigiam que o governo estadual acabasse com o arraial de Canudos e sua experincia comunitria alternativa. Insuficientes para esmagar Canudos, as tropas do governo estadual baiano receberam reforos do governo federal de Prudente de Morais. Mesmo assim, vrias expedies militares do governo foram derrotadas.
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Alm de Canudos, outro grande movimento messinico ocorreu na fronteira entre Paran e Santa Catarina, numa regio contestada (disputada) pelos dois estados. Nessa regio, era muito grande o nmero de sertanejos sem-terra e famintos que viviam sob a dura explorao dos fazendeiros e de duas empresas norte americanas que ali atuavam: a Southern Brazil Lamber and Colonization, de madeira e colonizao; e a Brazil Railway, ferroviria. Os sertanejos do Contestado, nome pelo qual ficou conhecida a regio, comearam a se organizar contra a situao que os oprimia sob a liderana de um monge chamado Joo Maria. Aps a morte de Joo Maria, surgiu em seu lugar um outro monge, conhecido como Jos Maria ( seu nome verdadeiro era Miguel Lucena Boaventura). Jos Maria reuniu mais de 20 mil sertanejos que lutavam por um pedao de terra e uma vida mais justa. Fundou com eles alguns povoados que compunham a chamada Monarquia Celeste. Semelhante a Canudos, a monarquia do Contestado tinha um governo prprio, normas igualitrias e no obedecia s ordens das autoridades da Repblica Velha. Como ocorrera em Canudos, os sertanejos do Contestado foram violentamente perseguidos pelos coronis e pelos donos das empresas estrangeiras, com o apoio das tropas do governo. O objetivo era destruir a organizao comunitria dos sertanejos e expuls-los das terras que ocupavam. Em novembro de 1912, Jos Maria foi morto em combate. Seus seguidores, entretanto, criaram novos ncleos da Monarquia Celeste, todos combatidos e destrudos pelas tropas do Exrcito brasileiro. Os ltimos ncleos foram arrasados por tropas de 7 mil homens armados de canhes, metralhadoras e at avies de bombardeio.
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No governo do presidente Rodrigues Alves ( 1902 1906). O Rio de Janeiro, capital da Repblica era uma cidade com graves problemas urbanos e sociais: pobreza, desemprego, lixo amontoado pelas ruas, ratos e mosquitos transmissores de doenas. Milhares de pessoas morriam em conseqncia de epidemias como as de febre amarela, peste bubnica e varola. Era desejo dos primeiros governos republicanos transformar o Rio de Janeiro na capital do progresso, uma espcie de carto postal da Repblica. Coube ao presidente Rodrigues Alves a iniciativa de reformar e modernizar a cidade. Isso implicou tomar decises e medidas enrgicas no combate s epidemias. As obras de modernizao do Rio de Janeiro, comandadas pelo prefeito pereira Passos, incluam o alargamento das ruas principais, a construo da Avenida Central ( atual Avenida Rio Branco), a ampliao da rede de gua e esgoto e a remodelao do porto. Para combater as epidemias, o governo contou com a ao enrgica do mdico sanitarista Osvaldo Cruz, diretor da Sade Pblica, que convenceu o presidente Rodrigues Alves a decretar a lei da vacinao obrigatria contra a varola. A populao, entretanto, no foi corretamente esclarecida sobre a necessidade da vacina. Diversos setores da sociedade reagiram vacina obrigatria. Uns diziam ser falta de vergonha obrigar mulheres a se vacinarem, pois pensavam que a vacina s era aplicada nas partes ntimas do corpo. O resultado de tantas presses foi uma grande revolta popular que explodiu pelas ruas do Rio de Janeiro, no perodo de 12 a 15 de novembro de 1904. Revolta da Chibata
marujos da Marinha brasileira, liderada pelo marinheiro Joo Cndido. Primeiramente, os revoltosos tomaram o comando do navio encouraado Minas Gerais, matando, na luta, o comandante do navio e mais trs oficiais que resistiram. Depois, outros marujos assumiram o controle dos navios So Paulo, Bahia e Deodoro. Para espanto dos oficiais comandantes, os marinheiros mostraram que sabiam manobrar os navios com percia e habilidade. Em seguida, apontaram os canhes de bombardeio para a cidade do Rio de Janeiro e enviaram um comunicado ao presidente da Repblica, explicando as razes da revolta e fazendo suas exigncias. Queriam mudanas no cdigo de disciplina da marinha, que punia as faltas graves dos marinheiros com 25 chibatadas. Os marinheiros no suportavam mais as terrveis e humilhantes punies. Tropa reunida, som de tambores, e mais um marinheiro, sem camisa e de mos amarradas, a levar dezenas de chicotadas nas costas. Alm dos castigos fsicos, os marinheiros reclamavam tambm da m alimentao e dos miserveis soldos. Acreditando no governo, os marinheiros entregaram os navios aos novos comandantes. Entretanto, o governo no cumpriu as promessas. Decretou a expulso de vrios marinheiros e a priso de alguns lderes. No dia 9 de dezembro, explodiu outra rebelio de marujos. Desta vez, porm, o governo se preparara para reagir. Dezenas de marinheiros foram mortos, centenas foram presos e mandados para a Amaznia, mais de mil foram expulsos da Marinha. Joo Cndido foi preso e jogado numa masmorra da ilha das Cobras. Foi julgado e absolvido em 1912, passando para a histria como o Almirante Negro, que acabou com a chibatada na Marinha do Brasil. 20 EVOLUO POLTICA NA REPBLICA VELHA 20.1 O governo de Prudente de Morais ( 1894 1898) A conduta de seu governo foi cautelosa e comedida, prosseguindo com a poltica de Floriano de pacificao e unificao. Aceitou, em vrias ocasies, a colocao de homens de confiana do marechal Floriano em cargos importantes. Entretanto, habilmente, imprimiu uma direo precisa a essa unificao: os interesses oligrquicos mais especificamente, os da oligarquia cafeeira paulista. Prudente de Morais, primeiro presidente civil brasileiro, fez um governo cauteloso. 20.2 O governo de Campos Sales (1898 1902) Campos Sales demonstrara radical discordncia com os ministros da Fazenda dos governos da Repblica da Espada. Afirmava que as tentativas de industrializao e nacionalizao de nosso recursos eram responsveis pelo caos econmico e pelos conflitos sociais existentes. sua a declarao: tempo de tomarmos o caminho certo. E nos esforarmos para importar tudo quanto eles possam produzir em melhores condies do que ns. A inteno de Campos Sales era manter o Brasil especializado na exportao de produtos agrcolas e riquezas minerais: algodo, acar, erva-mate, borracha, cacau, minrio e principalmente caf, importando mquinas, ferramentas e bens industrializados de todos os tipos.
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No final do governo do presidente Nilo Peanha, em 22 de novembro de 1910, estourou uma revolta envolvendo 2 mil
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Com essa meta econmica, amplamente apoiado pelas potncias industrializadas, Campos Sales e seu ministro da fazenda, Joaquim Murtinho, suspenderam o auxlio indstria. Novamente nossas portas foram abertas livre entrada dos manufaturados estrangeiros. Vingava a velha e enganadora tese do Brasil essencialmente agrcola to ao gosto das potncias capitalistas da poca. Quando Campos Sales assumiu a presidncia, a situao financeira do pas era crtica: a inflao avanava galopante e o preo do caf caia bruscamente nos mercados internacionais. A economia brasileira encontrava-se beira da falncia, impossibilitando a amortizao da enorme dvida externa . 20.3 O governo de Rodrigues Alves (1902 1906) Rodrigues Alves teve a sorte governar o brasil na poca do surto da borracha, o que, junto com emprstimos externos, lhe propiciou dinheiro para investir no setor pblico. Ambicionando transformar o Rio de Janeiro na sala de visitas do Brasil, o prefeito Pereira Passos, apoiado nas metas presidenciais para realizar seus projetos. Efetuava desapropriaes desordenadas, derrubando logo as casas para alargamento de ruas e construo de praas. A cidade rapidamente se tornou um mar de entulhos e de desabrigados. A indignao popular foi violenta, e rapidamente o prefeito passou a ser conhecido pelo apelido de Bota Abaixo. 20. 4 O governo de Afonso Pena ( 1906 1909) Na administrao de Afonso Pena, o governo federal implantou o Plano Nacional de Valorizao do Caf, passando a comprar toda a safra do produto para armazen-la e vend-la no final da crise, a preos mais altos. Pena aumentou nossa dependncia em relao Inglaterra, realizando um emprstimo de 15 milhes de libras. A burguesia cafeeira usava e abusava do seu controle sobre o aparelho estatal. Em 1907 o Brasil participou da Segunda Conferncia de paz de Haia, na Holanda, tendo sido representado por Rui Barbosa. Grande orador, defendeu os interesses das naes exploradas, e sua interveno na conferncia lhe valeu o ttulo de guia de Haia. 20. 5 O governo de Nilo Peanha ( 1909 1910) Na sua gesto, criou o Servio de Proteo ao ndio, presidido pelo marechal Cndido Mariano da Silva Rondon, e o Ministrio da Agricultura, Indstria e Comrcio. Devido sua durao ( um ano e meio), o governo de Nilo Peanha foi marcado pela agitao em torno da luta sucessria. Nessa disputa, romperam-se as relaes entre So Paulo e Minas Gerais. Uma parcela da oligarquia paulista lanou como candidato Rui Barbosa, de comum acordo com a Bahia. Minas Gerais, em aliana com o Rio Grande do Sul, apoiava o marechal Hermes da Fonseca. Rui Barbosa pregava a necessidade de reformas polticas e moralizao nas eleies, e prometia o
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antimilitarismo nas eleies, e prometia o antimilitarismo. Sua campanha passou a ser conhecida por Campanha Civilista, gozando de grande popularidade nos principais centros urbanos. O marechal Hermes da Fonseca, por sua vez, tinha grande apoio dos setores mais conservadores das oligarquias, contrrias s idias reformistas de Rui Barbosa. 20.6 O governo de Hermes da Fonseca (1910 1914) Com a eleio do marechal Hermes da Fonseca, o posto mximo da nao voltava a ser ocupado por um militar, em meio diviso entre as oligarquias: So Paulo, de um lado, e Minas Gerais e Rio Grande do Sul, de outro. O presidente envolveu-se numa aliana entre militares e jovens polticos vinculados sua famlia que, juntamente com oligarquias locais menores, procuraram alterar a influncia poltica das oligarquias mais tradicionais. Senador pelo Rio Grande do Sul, Pinheiro Machado era o poltico mais influente da poca, estendendo seu controle inclusive sobre oligarquias do Norte e do nordeste. Em 1910, no auge de sua carreira poltica, criou o Partido Republicano Conservador (PRC). Para diminuir a influncia de Pinheiro Machado e do PRC, o presidente instituiu uma prtica que ficou conhecida como poltica salvacionista. Sob a justificativa de eliminar a corrupo e salvar a pureza das instituies republicanas, faziam-se, em alguns estados, intervenes de tropas federais para substituir uma oligarquia por outra. Mantinha-se assim, a desigualdade, mudando apenas os beneficiados. A poltica salvacionista gerou inmeras revoltas, das quais a mais violenta ocorreu no Cear, envolvendo o padre Ccero. 20.7 O governo de Venceslau Brs (1914 1918) Eleito, Venceslau Brs governou em meio aos efeitos da Primeira Guerra Mundial. A guerra desenrolada na Europa gerou um perodo de prosperidade e enriquecimento nos pases da Amrica Latina, pois as naes em conflito compravam tudo que pudssemos vender, j que suas indstria dedicavam-se prioritariamente produo de material blico. Assim, o Brasil, sem ter de onde importar manufaturados, passou a fabric-los aqui. Pequenas oficinas, j existentes, transformaram-se em fbricas, fazendo nascer um operariado e uma burguesia industrial em funo das condies criadas pela guerra, o que levou o governo a interferir mais diretamente na esfera industrial. A preparao do Brasil na Primeira Guerra Mundial verificou-se atravs do fornecimento de alimentos e matriasprimas aos pases da Trplice Aliana (Inglaterra, Frana, e Rssia), alm de Ter colaborado no policiamento do oceano Atlntico. No governo de Venceslau prosseguiu denominada Guerra Santa do Contestado.
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20. 8 O governo de Delfim Moreira ( 1918 1919) e Epitcio Pessoa ( 1919 1922) Aps a Primeira Guerra, a economia brasileira passou da dependncia em relao Inglaterra para a sujeio norte americana. Em 1921, diante da ascenso do movimento operrio Epitcio Pessoa Promulgou a Lei de Represso ao Anarquismo; Revolta dos dezoito do Forte de Copacabana (1922), que deu incio ao movimento tenentista. Comemorao do Centenrio da Independncia do Brasil (1922), com uma grande exposio internacional. Nomeao de dois civis para os ministrios militares - Pandi Calgeras, que reorganizou o Exrcito e Raul Soares (Marinha), o que desagradou os militares; Criao da Inspetoria Geral de Obras contra as Secas; Revogao do banimento da Famlia Real (1920); Semana de Arte Moderna (1922), movimento de artistas e intelectuais brasileiros iniciado em So Paulo, que procurava criar uma cultura verdadeiramente brasileira, isto , uma cultura livre da influncia estrangeira; A Revolta dos Dezoito do Forte. No dia 05 de julho de 1922 o Forte de Copacabana revoltou-se e, logo depois, algumas guarnies militares do Rio de Janeiro e Mato Grosso. O movimento rebelde foi prontamente sufocado pelo governo, que decretou Estado de Stio, aprovado pelo Congresso. Dos dezoito, sobreviveram ao tiroteio apenas dois Tenentes: Eduardo Gomes e Siqueira Campos. Nota: A crise republicana teve incio em 1922 e terminou com a revoluo de 1930. Tem como causas principais: A contratao de emprstimos externos; A desvalorizao da moeda; A emisso (fabricao) de dinheiro sem lastro-ouro O pas era levado a crises e desequilbrios constantes, possibilitando diversas revoltas como a de 1922 (18 do Forte), a de 1924 em So Paulo e a prpria Revoluo de 1930. 20.9 O governo de Artur Bernardes (1922 1926) Os quatro anos de governo do ex-governador do estado de Minas Gerais foram de permanente estado de stio, sem garantia de liberdade individuais, acompanhado pelos movimentos revolucionrios de 1922, no Rio de Janeiro, 1923, no Rio Grande do Sul, e 1924, em So Paulo. Vingana dos adversrios. Reaes da oposio. Aliana Libertadora. Crise no Rio Grande do Sul. Artur Bernardes procurou vingar-se dos ataques sofridos durante sua campanha presidencial. Tentou desmontar as mquinas administrativas dos governos estaduais adversrios, atravs de leis repressivas, calando a imprensa e restringindo as garantias individuais dos cidados. Isso acirrou ainda mais as conspiraes civis e militares, que continuaram se espalhando pelo pas. Nesse perodo intensificou-se o tenentismo, como uma reao contra as oligarquias. As oposies aglutinaram-se na Aliana Libertadora, unindo-se para fustigar o governo.
20. 10 O governo de Washington Lus (1926 1930) Sob o lema Governar abrir estradas, implementou a construo das rodovias Rio So Paulo e Rio Petrpolis. Objetivando dar continuidade poltica de combate inflao de seu antecessor, Washington Lus procurou realizar uma reforma financeira que estabilizasse a moeda nacional. Para isso criou a Caixa de Estabilizao, com a misso de emitir papel moeda, lastrada no ouro que o pas possusse, ou que fosse depositado no estrangeiro em nome do Brasil. No entanto, a crise econmica mundial, reduzindo as reservas aurferas e os emprstimos de pases estrangeiros, inviabilizou a Caixa de Estabilizao, levando-a extino. Com relao ao crescente movimento operrio, Washington Lus declarava, inadvertidamente: A questo operria uma questo de polcia. 21 MOVIMENTO TENENTISTA O tenentismo, um movimento poltico-militar que, pela luta armada, pretendia conquistar o poder e fazer reforma na sociedade. Os tenentes pregavam a moralizao da administrao pblica e o fim da corrupo eleitoral. Queriam o fim do voto de cabresto e a criao de uma justia eleitoral autnoma e honesta. Defendiam um nacionalismo econmico e uma reforma na educao pblica para que o ensino se universalizasse para todos os brasileiros. Revolta do Forte de Copacabana ( 1922)
A primeira revolta tenentista eclodiu no 5 de julho de 1922. Foi a Revolta do Forte de Copacabana, liderada por 18 tenentes que, reunindo uma tropa de aproximadamente 300 homens, decidiram agir contra o governo e impedir a posse do presidente Artur Bernardes. Essa revolta provocou a imediata reao das tropas fiis s oligarquias. Era impossvel aos militares revoltosos, ante a brutal superioridade das foras governamentais, tornar o seu movimento vitorioso. Mesmo, numa atitude heroica, saram para as ruas, lanando-se num combate corpo a corpo com as tropas do governo. Dessa luta, somente dois tenentes escaparam com vida: Eduardo Gomes e Siqueira Campos. Por Ter sido liderada por 18 tenentes, essa primeira revolta tenentista ficou conhecida como Os 18 do Forte. Revolta de 1924 Fracassada a Revolta do Forte de Copacabana. Artur Bernardes tomou posse da presidncia da repblica.
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Teve, porm, de enfrentar, dois anos depois, uma nova revolta tenentista contra as poderosas oligarquias (Revoluo de 1924). A revolta, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, pelo tenente Juarez Tvora e por polticos, como Nilo Peanha, eclodiu em So Paulo, tambm no dia 5 de julho. Com uma tropa de aproximadamente 1000 homens, os revolucionrios rapidamente ocuparam os lugares mais estratgicos da cidade de So Paulo. Durante a ocupao, diversas batalhas foram travadas entre os rebeldes e as tropas governamentais. O governo paulista fugiu da capital, indo para uma localidade prxima, de onde pde organizar melhor a reao contra os rebeldes. Recebendo reforos militares do Rio de Janeiro, preparou uma violenta ofensiva. O general Isidoro Dias Lopes, percebendo que no tinha mais condies de resistir, decidiu abandonar a cidade de So Paulo. Com uma numerosa e bem armada tropa, formou a Coluna Paulista, que tinha como objetivo continuar a luta contra o governo, levando a revoluo para outros estados do Brasil. Coluna Prestes
poltica brasileira. Contudo, conseguiram manter a chama da revolta contra o jugo das oligarquias. 22 A ERA VARGAS ( 1930 1945 - A crise de 1929 Em 1929, o mundo foi abalado pela crise do capitalismo. A principal causa da crise foi a superproduo da indstria norte-americana, que cresceu mais do que as necessidades de seu mercado interno e mais que o poder de compra do mercado internacional. Sem poder vender, os Estados Unidos tambm deixaram de comprar. Isso afetou gravemente a economia dos pases que dependiam de exportaes para os norte-americanos. Foi o caso do Brasil, que deixou de vender milhes de sacas de caf. Em conseqncia, o preo do caf despencou. Em 1929, a produo de caf atingiu 21 milhes de sacas, das quais foram exportadas somente 14 milhes. Numa tentativa desesperada de segurar os preos, milhares de sacas foram queimadas, em vo. Foi impossvel conter a crise na cafeicultura, que provocou um desastre econmico, abalando as estruturas da Repblica Velha. O enfraquecimento econmico da oligarquia cafeeira contribuiu para desestruturar a organizao do poder da Repblica Velha. 22.1 A Revoluo de 1930
A Coluna Prestes seguiu em direo ao sul do pas, onde se encontrou com uma outra coluna militar, liderada por um jovem capito do exrcito. Lus Carlos Prestes, que ficou conhecido como O Cavaleiro da esperana. As duas foras revolucionrias uniram-se, tornando-se conhecidas, a partir de ento, como Coluna Prestes. Essa Coluna percorreu mais de 20 mil quilmetros atravs de estados brasileiro, procurando despertar na populao a revolta contra o poder das oligarquias. O governo perseguiu sem descanso as tropas da Coluna Prestes que, por meio de brilhantes manobras militares, conseguiu escapar s perseguies, permanecendo por dois anos no pas. Em 1926, ao final do mandato de Artur Bernardes, a Coluna ingressou em territrio boliviano, onde finalmente, se desfez. Lus Carlos Prestes, posteriormente, voltou ao pas, tornando-se um dos principais lderes do Partido Comunista (fundado em 1922). A Revolta do Forte de Copacabana, a Revoluo de 1924 e a Coluna Prestes no produziram efeitos imediatos na estrutura
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A maioria da populao estava descontente com o governo. Os salrios eram baixos e as condies de trabalho, pssima; trabalhava-se de dez a doze horas por dia. Os trabalhadores fizeram muitas greves e o governo reprimiu com a polcia. Muitos foram presos e expulsos do Brasil. Outros morreram na cadeia ou lutando por melhores condies de vida e trabalho. A classe mdia e os industriais tambm estavam descontentes, j que o governo s dava ateno produo agrcola, especialmente ao caf, pouco ou nada estimulando o desenvolvimento industrial. Muitos militares no escondiam sua insatisfao. Principalmente aqueles que tinham vindo de famlias de classe mdia baixa. Esses militares de modo especial os tenentes, estavam cansados de sustentar o governo que s ajudava os grandes fazendeiros e prejudicava a classe mdia, os pobres, os trabalhadores, enfim os grupos sociais dos quais esses prprios militares faziam parte. Por isso, os tenentes e outros militares se revoltaram e lutaram diversas vezes contra o governo, como vimos no captulo anterior. At mesmo os grandes fazendeiros de outros Estados, fora de So Paulo e Minas, estavam descontentes. Eles tambm queriam tirar proveito do governo. Estavam cansados de s So Paulo e Minas mandarem no Brasil. E, ao se aproximarem as eleies de 1930, at o presidente de Minas Gerais e os fazendeiros mineiros deixaram de apoiar o governo federal. Por que isso ocorreu?
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Isso ocorreu porque Washington Lus tinha sido indicado por So Paulo na eleio anterior para presidncia da repblica e, de acordo com a poltica do caf-com-leite, agora seria a vez de Minas Gerais indicar o candidato. Washington Lus, porm bateu o p e insistiu: O candidato vai ser Jlio Prestes, presidente do Estado de So Paulo Os mineiros no gostaram. Assim em 1930, nas eleies presidenciais para a sucesso de Washington Lus, apoiaram a organizao da Aliana Liberal, que lanou uma chapa de oposio. Nessa chapa, o cargo de presidente da Repblica era ocupado por Getlio Vargas, presidente do Rio Grande do Sul e o de vice-presidente, por Joo Pessoa, presidente do Estado da Paraba. Getlio Vargas e Joo pessoa queriam chegar ao governo na base do voto, das eleies. Mas voc j sabe bem como eram as eleies na poca; fraudulentas. E aconteceu o que estava previsto: Jlio Prestes venceu. Os oposicionista no se conformaram Alguns queriam partir para a revoluo armada. Outros no. Mas um fato levou todos a se unirem e pegarem em armas contra o governo: Joo Pessoa foi assassinado. Estourou a revoluo. Em 24 de outubro de 1930 Washington Lus foi deposto pelos militares. Em 3 de novembro de 1930 Getlio Vargas assumiu a presidncia como chefe vitorioso da revoluo que acabou coma Repblica Velha ( 1889 1930). O povo foi s ruas. Parecia uma festa. A esperana em dias melhores renasceu. 22.2 O governo provisrio (1930 1934) Getlio Vargas assumiu a presidncia em carter provisrio, at que fossem convocados as eleies para a escolha dos novos governantes. Nesse perodo, Getlio deteve todo o poder em suas mos, fechando o Congresso e nomeando interventores para os Estados. O novo governo comeou atendendo s principais reivindicaes dos trabalhadores: criou o salrio mnimo, estabeleceu a jornada de oito horas de trabalho, estabeleceu o repouso semanal remunerado e obrigatrio, as frias pagas, a indenizao pelo tempo de servio quando o trabalhador fosse demitido etc. As mulheres conseguiram o direito de votar. Mas, por outro lado, o governo tambm comeou a exercer um controle muito grande sobre os trabalhadores, os sindicatos deveriam obedecer s regras determinadas pelo governo. Os trabalhadores continuavam, portanto, sem liberdade para se manifestar, para reclamar seus direitos. Em resumo, a situao do povo no melhorou muito, apesar da propaganda do governo que apresentava Getlio como pai dos pobres e dos trabalhadores. Os paulistas, de modo especial os fazendeiros do caf, no se conformavam com derrota sofrida na Revoluo de 1930 e queriam reconquistar o controle do governo. No aceitavam o interventor que Getlio tinha nomeado para So Paulo, o tenente pernambucano Joo Alberto. Os paulistas queriam um interventor civil e paulista. As manifestaes de rua foram crescendo. Os manifestantes em sua maioria estudantes universitrios, comercirios e profissionais liberais, para conseguir mais apoio para seu movimento, apresentavam como principal causa da revolta o fato de Getlio Vargas no querer convocar eleies e dar uma nova Constituio ao Brasil. Isto , o governo provisrio estava se estendendo por muito tempo, com o presidente mandando e desmandando sem ter de prestar contas a ningum. Em maio de 1932 tornaram-se mais intensas as manifestaes paulistas contra o governo provisrio. Os oradores que falavam exaltados nos comcios criticavam violentamente os tenentes e os interventores nomeados pelo governo federal. Na noite do dia 23 de maio os conflitos de rua foram violentos. Primeiro os manifestantes contrrios a Getlio assaltaram uma casa de armas. Em seguida, atacaram as redaes dos jornais
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tenentistas e a Legio Revolucionria, que era o clube poltico dos tenentes. As foras do governo federal reagiram e quatro estudantes foram mortos: Martins, Miragaia, Drusio e Camargo. As iniciais de seus nomes MMDC tornaram-se o smbolo da Revoluo Constitucionalista paulista, que estourou a 9 de julho de 1932. Os revolucionrios paulistas esperavam que os Estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul aderissem ao movimento. Mas isso no ocorreu. Somente a regio sul do Mato Grosso, sob o comando do general Bertolo Klinger, acompanhou So Paulo. Como o Estado de So Paulo no estava preparado para uma ao militar to grande, todo seu parque industrial precisou se adaptar para fornecer material para a luta. Apesar do grande esforo de residncia e da cooperao do povo de So Paulo, a superioridade das foras federais era evidente. Assim, os paulistas renderam-se em 28 de setembro de 1932. Dentre as vrias causas que contriburam para que So Paulo perdesse a luta, podemos apontar as seguintes: So Paulo ficou isolado, lutando sozinho contra todos os outro Estados, que apoiaram Getlio Vargas. So Paulo, por isso mesmo, foi obrigado a lutar em trs frentes ao mesmo tempo: Minas Gerais, Paran e Vale do Paraba, na divisa com o Rio de Janeiro. Os prprios paulistas que participavam da Revoluo no se entendiam; militares e polticos de So Paulo nunca chegavam a um acordo. Os trabalhadores no estavam muito animados a lutar contra Getlio Vargas, que tinha tomado vrias medidas que os beneficiavam. O governo federal agiu rapidamente, reunindo as foras que tinha e fazendo-as marchar contra So Paulo. 22. 3 O governo constitucional ( 1934 1937) Embora derrotados, os constitucionalistas de 1932 conseguiram em parte os seus objetivos, pois Getlio Vargas apressou-se em convocar as eleies para a Assembleia Constituinte. Essas eleies aconteceram em maio de 1933. Foram as primeiras realizadas depois da Revoluo de 1930 e apresentavam algumas novidades em relao s da Repblica Velha. As possibilidades de fraude diminuram, mas continuaram a existir. As principais caractersticas dessas eleies foram: voto secreto e obrigatrio; todos os brasileiros alfabetizados que tivessem mais que 18 anos puderam votar, inclusive as mulheres, que votaram pela primeira vez; a organizao e a fiscalizao das eleies foram pela Justia Eleitoral que no existia durante a Repblica velha, quando as votaes eram organizadas pelo governo que, por isso mesmo, sempre saa vencedor; duzentos e cinquenta representantes foram eleitos pelo voto popular e cinquenta foram escolhidos pelas associaes de trabalhadores, por meio de eleio entre os seus filiados. A Assembleia Nacional Constituinte foi instalada no dia 15 de novembro de 1933. A nova Constituio, a Segunda do perodo republicano, foi promulgada no dia 16 de julho de 1934. Foi mantida a eleio direta para presidente da Repblica, com exceo de Getlio Vargas que foi eleito pela Assembleia Constituinte para exercer o mandato at o dia 3 de maio de 1938. Na constituinte que elaborou a Constituio de 1934 eram numerosos os representantes da classe mdia e dos trabalhadores brasileiros. Por isso mesmo fizeram uma Constituio mais voltada para os interesses do povo. Pela primeira vez colocou-se um captulo sobre a educao e a cultura, instituindo, entre outras coisas, o ensino primrio gratuito e obrigatrio. A Constituio previa que, com o
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tempo, o ensino secundrio e o superior tambm deveriam ser gratuitos para todos, o que nunca aconteceu. Outro aspecto dos interesses dos trabalhadores, como podemos ver no quadro que segue abaixo. A Constituio de 1934 foi a Segunda Constituio republicana. Uma Constituio bem mais preocupada com os problemas sociais, educao, trabalho etc. do que as anteriores ( a de 1824 e a de 1891). Era uma poca de intensos debates, de muitas manifestaes. Todos militares, polticos, estudantes, trabalhadores, queriam influir nos novos rumos que o Brasil haveria de seguir. A revoluo de 1930 havia trazido a possibilidade de mudanas na vida de grande parte da populao brasileira, sempre marginalizada. Havia a expectativa de melhoria salarial, melhor assistncia mdica e educao, enfim, mais justia social e oportunidade de uma vida melhor para todos. Por outro lado, havia fortes resistncias s mudanas que a populao esperava. Essas resistncias vinham dos que se beneficiavam da situao que existia no Brasil: os latifundirios, os industriais e os grandes comerciantes. Entre as correntes polticas existentes nessa poca havia algumas que defendiam mudanas mais profundas e imediatas no Brasil. Destacavam-se, entre elas, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922. Proibido de funcionar livremente, esse partido passou a agir na ilegalidade. Apesar disso, o PCB tinha ento cerca de 10.000 filiados e simpatizantes, que eram chamados de vermelhos devido cor da bandeira comunista. O Estado Novo ( 1937 1945) Corria o segundo semestre de 1937. As eleies estavam de novo na ordem do dia. Deveriam ocorrer no dia 3 de janeiro de 1938, j que Getlio deveria passar o governo ao novo presidente no dia 3 de maio do mesmo ano. Dois candidatos j estavam coma campanha nas ruas. Do lado do governo, Jos Amrico de Almeida, da Paraba. Pela oposio, Aramando de Salles Oliveira, ex-governador de So Paulo. Mas Getlio Vargas tinha outros planos. No lhe agradava muito a ideia de deixar o poder. Porm, como continuar no governo? A maneira encontrada foi forjar um plano, como se ele tivesse feito pelos comunistas, segundo o qual haveria greve, lderes polticos seriam assassinados, igrejas incendiadas. Seu autor foi o capito Olmpio Mouro Filho e recebeu o nome de Plano Cohen, tendo sido entregue ao ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra. Getlio Vargas no teve dvida. Com o plano nas mos, convenceu as Foras Armadas de que s um governo forte, uma ditadura, poderia enfrentar a ameaa dos comunistas. Assim, as Foras Armadas apoiaram o golpe de Getlio, preparado para o dia 10 de novembro de 1937, e que instalou o chamado Estado Novo. Nesse dia, os brasileiros acordaram como em qualquer outro dia, mas o pas j no era o mesmo: Getlio continuaria no poder, agora com fora total. Nada de eleies, nada de democracia. A nova Constituio, que j estava pronta; foi dada ao pas no mesmo dia, concedendo grandes poderes ao ditador. Entre os quais os seguintes: poder de fechar o Congresso Nacional; poder de acabar com os partidos polticos;
poder de acabar com a liberdade de imprensa, por meio da censura que era aprovado pelos censores do governo; poder de nomear interventores nos Estados; poder de governar at que fosse realizada uma consulta popular, um plebiscito para ver se os brasileiros aprovavam ou no o Estado Novo (isso nunca chegou a ser feito). Portanto, todos os poderes estavam nas mos do presidente, que era agora um verdadeiro ditador. Para fazer a propaganda de Getlio Vargas e do Estado Novo, foi organizado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Grandes festas cvicas eram organizadas em homenagem a Vargas, de modo especial no Dia do Trabalho ( 1 de maio), no aniversrio do Estado Novo (10 de novembro) e no aniversrio do prprio Getlio. O rdio foi muito utilizado por ele para falar aos trabalhadores do Brasil. A economia tambm passou a estar diretamente subordinada ao presidente da Repblica, que governava com o auxlio dos conselhos tcnicos, cujos membros era nomeados da seguinte forma: uma metade pelo governo e a outra pela associao dos trabalhadores das diversas profisses. Dessa forma foram organizados, entre outros, o Conselho Nacional do Trabalho, o Conselho Nacional de Servio Pblico, o Conselho Nacional de Comrcio Exterior etc. O governo do Estado Novo deu muita importncia indstria nacional. Para ajudar a desenvolver a indstria, planejou a Hidreltrica de Paulo Afonso, no Rio So Francisco, para o fornecimento de energia; fundou a Companhia do Vale do Rio Doce, para extrair e exportar ferro; criou o Conselho Nacional de Petrleo. Mas a obra mais importante foi a fundao da Usina Siderrgica de Volta Redonda, em 1943. Sua importncia foi muito grande, pois passou a fornecer ao indstria nacional. Com isso, toda a indstria se desenvolveu. Quem financiou a construo de Volta Redonda foram os Estados Unidos. Em troca desse financiamento, Getlio Vargas entrou na Segunda Guerra Mundial (1939 1945) ao lado dos aliados ( Inglaterra, Frana, Unio Sovitica e Estados Unidos) contra os pases do Eixo ( Alemanha, Itlia e Japo). A fora Expedicionria Brasileira (FEB) levou 25.000 soldados; os pracinhas a combater na Itlia. L morreram cerca de 2.000, sendo enterrados no cemitrio de Pistia. A volta dos pracinhas, com o fim da guerra, foi uma verdadeira festa. A guerra estava ganha. As ditaduras do Eixo tinham sido vencidas. Restava agora acabar com a ditadura brasileira do Estado Novo. Foi o que se fez. 22.5 O fim da ditadura do Estado Novo Sempre houve oposio ditadura. Mas o controle do governo sobre a sociedade era muito forte, perseguindo e prendendo quem era contra. Com toda a represso existente, a oposio quase no podia se manifestar. Uma das primeiras manifestaes claras a favor da redemocratizao do pas foi o chamado Manifesto dos Mineiros, lanado em 1943 por polticos de Minas, do qual surgiu a Unio Democrtica Nacional (UDN), partido de oposio a Getlio. J em 1945, em So Paulo, o I Congresso Brasileiro de Escritores defendeu a posio de que a cultura s poderia existir num clima de liberdade, sendo portanto necessrio o fim da ditadura. No mesmo ano, Jos Amrico de Almeida (homem de confiana de Getlio que, em 1937, fora candidato a presidente) deu uma entrevista contra o Estado Novo que teve muita repercusso. A populao, principalmente os estudantes e os trabalhadores, sempre que podiam se manifestavam a favor da redemocratizao. Foi o que aconteceu com a volta dos pracinhas brasileiros que lutaram na Itlia. Na festa da vitria muitas faixas apareceram nas manifestaes, pedindo democracia, Constituinte e
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anistia para os presos polticos. Diante das presses, Getlio Vargas convocou eleies para dezembro de 1945. Alm disso concedeu anistia aos presos polticos e deu liberdade para a organizao dos partidos que pretendessem participar das eleies. Mas, ao mesmo tempo, estimulou seus partidrios a realizarem manifestaes pblicas favorveis a sua continuao no poder. Nessas manifestaes a palavra de ordem era Queremos Getlio. Por isso o movimento foi chamado de Queremismo. CONSTITUIO DE 1934 Art. 121 A lei promover o amparo da produo e estabelecer as condies de trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteo social do trabalhador e os interesses econmicos do pas. 1 - A legislao do trabalho observar os seguintes preceitos, alm de outros que colimem melhorar as condies do trabalhador: a) proibio de diferena de salrio para um mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil; b) salrio mnimo capaz de satisfazer, conforme as condies de cada regio, s necessidades normais do trabalhador; c) trabalho dirio no excedente de oito horas (...); d) proibio de trabalho a menores de 14 anos; de trabalho noturno a menores de 16 anos; e em indstria insalubres a menores de 18 anos e a mulheres; e) repouso semanal, de preferencia aos domingos; f) frias anuais remuneradas; g) indenizao ao trabalhador dispensado sem justa causa; h) assistncia mdica e sanitria ao trabalhador e gestante, assegurado a esta descanso antes e depois do parto, sem prejuzo do salrio e do emprego (...); i) regulamentao do exerccio de todas as profisses.
Sistema presidencialista (5 anos) e federativo Liberdade de organizao partidria; Liberdade de manifestaes de massa ( reprimidas com violncia); Direito de greve (dependendo do parecer da Justia do Trabalho); Livre negociao sindical (mesmo os sindicatos estando subordinados ao Estado); Liberdade de imprensa. evidente que ela no corrigia profundas distores socioeconmica que criavam privilegiadas e desfavorecidos, o direito a educao, por exemplo, no garantia o acesso escola, para a populao pobre. 23. 2- Poltico Econmico do Liberalismo Econmico A partir da constituio de 1946, a poltica econmica de Dutra, orienta o pas para novos caminhos. Baseando-se na no interveno do estado na economia, congelamento de salrios e total liberdade ao capital estrangeiro, estas medidas visavam conter o avano inflacionrio oriundo do Estado Novo. Esta poltica foi um fracasso. Dutra abriu as portas para a importao de bens de consumo, foram importados produtos de luxo e suprfluos. A impresso que Dutra pretendia torrar todas as divisas acumuladas por Vargas durante a 2 Grande Guerra 700 milhes de dlares, e ele conseguiu, at 1948, 708 milhes foram gastos. 23.3- Plano Salte ( sade Alimentao Transporte e Energia) Segundo o plano, pavimentou-se a primeira estrada ( RioSo Paulo ), construiu-se a hidreltrica Paulo Afonso no Rio So Francisco e criou-se a merenda escolar. O plano acabou fracassando devido a falta de recursos. O MUT E O PCB Propositadamente o governo confundia movimentos sindicais e greves com comunismo e anarquia. Esta confuso se renovou a partir de 1964. Em 1946 Dutra proibiu a existncia do MUT (Movimento Unificador dos trabalhadores). Suspendeu eleies sindicais e interveio nos sindicatos. A adeso de Dutra Guerra Fria f-lo declarar ilegal o PCB, cassando, em conseqncia, seus deputados entre os quais, Lus Carlos Prestes. 23.4 Poltica Externa Em 1947, realizou-se em Petrpolis a Conferncia Interamericana para Manuteno da Paz e da Segurana do Continente. Harry Truman, Presidente norte americano visitou o Brasil na ocasio tambm para agradecer a participao brasileira na guerra. Guerra Fria Truman conseguiu a adeso de Dutra Guerra Fria (aprofundamento da rivalidade Russo-americana ). Em vista disso extingue-se o PCB e Dutra rompe as relaes diplomticas com a Rssia. 24 GOVERNO GETLIO VARGAS (1951 1954) Em 1951 Getlio Vargas voltava presidncia da Repblica, desta feita legitimado pelo voto popular. Consolida-se ento o populismo. De Vargas a Goulart os governos tentariam administrar as contradies geradas pela mobilizao de massas estimulada pelo prprio Estado e os limites impostos s suas reivindicaes.
LEITURA COMPLEMENTAR AS CONTRADIES DO ESTADO NOVO A INTENTONA INTEGRALISTA Menos de um ms aps a implantao do Estado Novo, Getlio Vargas desferiu um rude golpe a seus aliados de vspera, os integralistas. Getlio ordenou o fechamento da AIB ( Ao Integralista Brasileira). Inconformados os integralistas organizaram uma conspirao armada. Na madrugada de 11 de maio de 1938, foras integralistas atacaram o palcio da Guanabara, residncia de Vargas. Os integralistas no conseguiram vencer a resistncia empreendida pela guarda palaciana. Muitos integralistas foram fuzilados nas imediaes do palcio e seu lder Plnio Salgado foi banido do pas sendo-lhe permitido exilar-se em Portugal. POPULISMO Entende-se por populismo a ao; muitas vezes demaggica do governo de se aproximar das camadas populares e da burguesia nacional urbana. Favorece-se a burguesia e usa-se o povo como massa de manobra. Vargas conseguiu as duas coisas. No permitiu a presena, no Brasil, de empresas estrangeiras e atraiu o povo com a isca do salrio mnimo e da CLT (1943). uma contradio, pois dificilmente um autoritrio cai nas graas do povo como Vargas.
23 O GOVERNO DO GENERAL DUTRA (1946 1951) 23.1 - Constituio de 1946 Fruto de um perodo democratizante, a Quinta Constituio do Brasil, refletia os anseios liberais democrticos da sociedade. A Constituio consagrou a forma federativa, autonomia dos poderes e direitos polticos e sociais. Congresso
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estopim para que os militares exigissem a renncia de Getlio. Ele preferiu a morte. Reao Conservadora O vice-presidente Caf Filho substituiu Getlio. Eram conhecidas suas atividades veladas de boicote ao governo Vargas. Mal assumiu o governo, facilitou a entrada de capital estrangeiro: o que bom para os Estados Unidos, timo para o Brasil. A eleio de Juscelino Kubitschek que representava teoricamente os ideais varguistas, foi contestada pela UDN e setores militares. Atravs da cruzada democrtica desejavam o golpe. Caf Filho adoeceu e renunciou ao poder. Carlos Luz, presidente da cmara e udenista, demitiu o Ministro da Guerra nacionalista Teixeira Lott. Lott, apoiado pelos oficiais nacionalistas, deps Carlos Luz. Assumiu, at a posse de Juscelino, Nereu Ramos; Presidente do Senado. Governou dois meses em estado de stio, administrado por Teixeira Lott.
Se for eleito a 3 de outubro, no ano de posse; o povo subir comigo as escadas do Catete. E comigo ficar no governo. Com um linguajar demaggico e algumas propostas nacionalistas, Getlio pleiteou novamente a presidncia, candidatando-se pelo PTB e apoiado pelo Partido Social Progressista (PSP). Nas eleies no final do governo Dutra, foi eleito com 48,7% dos votos, derrotando nas urnas Eduardo Gomes (UDN), Cristiano Machado (PSD) e Joo Mangabeira (PSB). Getlio, de volta ao poder, procurou direcionar a economia para uma linha intervencionista e nacionalista, preocupado principalmente com o desenvolvimento da indstria de base: siderurgia, petroqumica, energia, transporte etc. Em dezembro de 1951, um projeto de Getlio para estabelecer o monoplio estatal do petrleo desencadeou uma apaixonada campanha. Sob o slogan O petrleo nosso, mobilizou-se a populao brasileira em uma das mais importantes lutas nacionalistas de nossa histria, resultando na criao da PETROBRS, empresa estatal monopolizadora da exportao e refinao do petrleo no Brasil. A ampliao do setor industrial de base implicava o aumento de divisas, que entretanto, diminuam devido remessa ilegal de lucros por firmas estrangeiras ao exterior e, ainda, pelo declnio dos preos do caf. Para prosseguir com o crescimento econmico da indstria, era preciso acabar com os privilgios do capital estrangeiro ao mesmo tempo em que se realizava uma reduo relativa dos salrios dos trabalhadores, evitando que os aumentos salariais fossem superiores taxa de produtividade. O Nacionalismo de Vargas BNDE ( Banco Nacional de Desenvolvimento) foi um banco voltado a financiar empresas nacionais. SUMOC (Superintendncia da Moeda e do Crdito), substitudo mais tarde pela SUNAB por Joo Goulart. Lei dos Lucros Extraordinrios, que limitava a remessa de lucros; obtidos pelas empresas estrangeiras no Brasil (Lei barrada no Congresso). Expanso da Companhia Siderrgica de Volta Redonda, organizou a companhia Vale do Rio Doce, e tentativa de criao da Eletrobrs obstaculizada pela UDN. O grande marco desta linha poltica foi a fixao do salrio mnimo. O petrleo nosso. Inspirado neste slogan fundouse a Petrobrs. Especialistas americanos, ainda, insistiam com seus estudos cientficos de que no Brasil no existia petrleo. O governo Vargas foi duramente combatido pelos lderes da UDN, por setores militares e pela grande imprensa, especialmente a Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda. Em agosto de 1954 Carlos Lacerda foi atacado na rua Toneleiros. Em vez dele, como desejava Gregrio Fortunato (homem de confiana de Vargas e que tomou para si as dores do chefe) morreu o major Rubens Vaz. O caso Toneleiros foi o
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25 GOVERNO DE JUSCELINO KUBITSCHEK ( 1956 1961) Nas eleies presidenciais de 1955, os vencedores foram os candidatos da coligao PTB-PSD, Juscelino para Presidente e Joo Goulart para vice. Este novo governo ser marcado por uma srie de medidas administrativas, seu lema era Avanar 50 anos em 5.
25.1 Plano de metas Para realizar as mudanas necessrias o governo idealizou um programa minucioso que priorizava setores: Energia: construo de usinas hidreltricas ( Furnas e Trs Marias); Indstria de base: indstria automobilstica entre outras; Transporte: abertura de rodovias ( Belm x Braslia, Rio Branco x Braslia, Belo Horizonte x Braslia). O plano se estruturava neste trip, mas ainda tnhamos mais dois setores, a alimentao e a sade. 25.2 Modernizao da administrao e industrial Sob a alegao da necessidade de se modernizar a administrao pblica, Juscelino criou uma srie de rgos pblicos e ministrios, proporcionando a um enxame de funcionrios mamarem nas sempre gordas tetas do governo. A industrializao gerou, sobretudo, bens de capital e bens de consumo durveis. Para isso criou: GEICON: grupo executivo da indstria de construo naval, modernizando a Marinha. GEIA: grupo executivo da indstria automobilstica, atraindo vrios grupos internacionais. GEIMP: grupo executivo da indstria de mquinas pesadas. -
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Braslia Sem dvida, a menina dos olhos de Juscelino foi a construo de Braslia com dinheiro que o pas nunca teve. Os volumosos emprstimos para gastos desta natureza, aliados ao dficit pblico com a modernizao administrativa, iniciaram um processo inflacionrio desenfrevel. 26 GOVERNO DE JNIO QUADROS ( 1961)
Condecorao do guerrilheiro Ernesto Ch Guevara, com a Ordem do Cruzeiro do Sul. Envio de uma misso diplomtica e comercial China comandada pelo Vice-presidente Joo Goulart. Poltica independente em relao aos Estados Unidos
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27. 1 Campanha da legalidade Uma corrente poltica defendida pelo PTB, especialmente Leonel de Moura Brizola, queria o cumprimento da Constituio: na ausncia do Presidente, assume o vice-presidente. Jango nunca A Segunda corrente, liderada por Carlos Lacerda da UDN, se opunha posse de Joo Goulart, pois temia-se o retorno situao de Vargas: a implantao de um governo nacionalista. Joo Goulart e Tancredo Neves 27. 2 Soluo para a instabilidade: O Parlamentarismo Enquanto se debatiam opositores e defensores de Joo Goulart, Tancredo Neves costurava o meio de campo. Convenceu a todos, militares, polticos e ao prprio Jango da convenincia do Sistema parlamentar de Governo. Tancredo foi eleito Primeiro Ministro. Joo Goulart governar amarrado pela camisa-de-fora parlamentar. A emenda constitucional foi apresentada pelo deputado federal Plnio Salgado, ex-chefe integralista. O Plebiscito Durante o perodo parlamentar, acelerou-se a crise econmica e social. Os movimentos de massas radicalizaram. Em 1961 foram 105 greves, em 1962, 128 greves. Em 1962 as lutas entre camponeses Ligas Camponesas lideradas pelo deputado Francisco Julio e latifundirio no Nordeste foram intensas e violentas. O Brasil no estava acostumado ao Sistema Parlamentar ( na verdade faltou seriedade poltica, ento, depois e hoje). Gabinetes ministeriais se organizavam a se desfaziam como castelinhos de areia margem do mar... Em janeiro de 1963, um plebiscito popular decidiu o retorno do Presidencialismo puro. Plano trienal O ministro da fazenda; Celso Furtado, pretendia administrar o Plano Trienal, pelo qual se desejava reduzir a inflao e desenvolver a indstria. Era um plano srio e austero. O plano chocou-se com a poltica de mobilizao popular de apoio ao governo. Tal poltica sempre inflacionria e no se coaduna com austeridade. Reformas de base J em 1963 Jango preparou um Programa de Reformas de base, que entre outras coisas visava: reforma agrria com a diviso de latifndios no produzidos e indenizao prvia em dinheiro; reforma eleitoral com o voto do analfabeto, e praas de p;
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Eleito Presidente da Repblica, o mato-grossense Jnio da Silva Quadros, chega ao pice de uma carreira meterica, de Vereador. Prefeito e Governador de So Paulo em 13 anos. Apresentava-se ao pblico como um moralista apoltico. Caracterizado por: Apresentava-se a classe mdia, como um poltico e administrador honesto. As camadas humildes com padres de vesturio e comportamento jamais vistos. ( Temos rasgados, cabelos mal penteados e cheios de caspa, demonstrava sempre estar com fome em seus comcios e fumava cigarros dos mais baratos) . Criao em todo pas dos comits Jan-Jan. Adoo de marchinhas musicais e da simbologia da vassoura. Principais medidas internas de governo Jnio durante seu curto mandato demonstrou ser um poltico conservador e autoritrio e tomou algumas decises que desagradaram a burguesia interna e, principalmente, a americana e assalariados: Poltica anti-inflacionria ortodoxa ( Introduo 240 da SUMOC), decretando desvalorizao de 100% do cruzeiro e retirada de subsdios cambiais para a importao e reduo do crdito bancrio, verdade cambial. Congelamento dos salrios; Corte de investimentos; Impopulares medidas moralistas, a ideia de governar era punir e proibir ( proibio do uso de biqunis nas praias, proibio do uso de lana-perfumes no Carnaval, proibio de brigas de galo, entre outras....); Saneamento do servio pblico (10.000 funcionrios pblicos foram demitidos). Poltica externa O fator mais positivo do governo, foi uma poltica externa independente, em uma linha prxima do bloco neutralista formado por vrios pases do Terceiro Mundo; dentre as principais medidas tivemos: Reatou relaes comerciais com a URSS e o bloco comunista. Voto de solidariedade na ONU, favorvel as colnias portuguesas na frica para se libertarem do colonialismo salazarista.
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Atendendo o objetivo do PAEG e de acordo com a doutrina de segurana nacional, o governo de Castelo Branco criaram condies para atrair capital estrangeiro: Facilidade na obteno de crditos internos Revogao da Lei de Remessas de Lucros Remessa de lucros sem limites Reduo no imposto sobre o lucro: 30% para 15% Rigorosa legislao de controle de greves Criao do (FGTS) Fundo de garantia por tempo de servio. Modelo poltico A represso A represso ser caracterstica deste perodo, represso cultural, a censura impedia que os meios de comunicao se manifestassem contra o governo, o movimento de caa as bruxas se fez sentir. Controle poltico partidrio Nas eleies para governadores em 1965, mesmo com todo o clima repressivo, os oposicionistas venceram em dois Estados. Minas Gerais e Guanabara. Castelo Branco garantiu a posse dos eleitos, mas criou condies para que isto no se repetisse mais, decretou em outubro de 1965 o Ato Institucional n2. Ato institucional II ( AI-2) Eleies para presidente indefinidamente indiretas; Extino de todos os partidos polticos; Competia ao Presidente decretar estado de stio e recesso no Congresso; Atos do governo ficavam excludos de apreciao judicial. Ato complementar n 12 Criao da Arena ( Aliana Renovadora Nacional) e MDB ( Movimento Democrtico Brasileiro). Ato institucional III (AI-3) Declarou eleio indireta para governador at 1978, onde as Assembleias Legislativas seriam os Colgios Eleitorais. Ato Institucional IV Em 1967 o governo golpista pretendeu que o Congresso votasse a nova Constituio. A AI IV transformou o Congresso em Assembleia Constituinte. Antes, porm, Castelo Branco cassou os deputados que sabia votariam contra a Constituio. A partir da o humor negro criou a expresso vacas de prespio para os deputados constituintes que s diziam sim aos pedidos do governo. Outras realizaes Castelo Branco reuniu todos os Institutos Previdencirios num s, INPS ( 1966); Criou o Banco Nacional de Habitao (BNH), responsvel pelo financiamento de moradias ( extinto por Collor); Instituiu a Lei de Segurana Nacional; Fundou a Telebrs 28. 3 Governo do Marechal Costa e Silva ( 1967 1969) A Linha Dura se impes. Novamente a farsa, por eleio indireta, o Congresso nacional elegeu Costa e Silva, pertencente ao grupo dos linha dura, que exigem maior vigor contra a subverso. Antes de passar o poder, Castelo Branco cassou vrios deputados, fechou o Congresso Nacional por 30 dias e fez aprovar a nova Constituio com uma nova Legislao da Imprensa ( com censura e tudo) e a lei de Segurana Nacional ( que reprimira as manifestaes da oposio).
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28. 1 Ato Constitucional Os militares do Supremo Comando Revolucionrio para salvar a democracia impuseram o Ato Institucional (AI I), redigido pelo velho Chico Cincia (Francisco campos), O AI I: imps ao congresso nacional a eleio do general castelo Branco como presidente do pas; cassou o mandato de centenas de polticos e de militares que se opunham ao golpe; extinguiu rgos de representao de massa ( UNE, CGT, Liga dos camponeses). 28. 2 Presidncia Castelo Branco (1964 1967) Modelo econmico do novo regime Para combater os problemas econmicos, principalmente a inflao, o principal estrategista econmico do governo, Roberto Campos, criou o PAEG Programa de Ao Econmica do Governo Castelo Branco. Foi um verdadeiro tratamento de choque, baseado num trip econmico: Concentrao rendas no governo (com a elevao e criao de novos impostos como IPI, ICM, IR) e nas empresas (liberao de lucros, remessa para o exterior, congelamento de salrios; Internacionalizao da economia; Empresas estatais. A caminho do endurecimento
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Frente ampla Em setembro de 1967 um forte grupo de polticos alijados pelos militares do processo do poder lideraram um movimento de oposio ditadura. Dentre eles um movimento de oposio ditadura. Dentre eles despontavam: Juscelino Kubitschek, Joo Goulart (exilado no Uruguai) e Carlos Lacerda. Impunham uma trplice bandeira: anistia ampla e irrestrita ao presos polticos e tidos como criminosos polticos, mesmo os foragidos; a eleio de uma assembleia constituinte para reinstitucionalizar a normalidade e a democracia; eleies diretas, livres e universais. Acordo Mec/ Usuaid e o movimento estudantil Em 1967 o Ministrio da Educao assinou com a Agncia Internacional de Desenvolvimento dos Estados Unidos (USA II) um acordo mediante o qual, entre outras coisas, os americanos interfeririam na estrutura educacional brasileira. No Brasil inteiro os estudantes realizavam manifestaes contra o acordo, sempre reprimidos com violncia pela polcia militar. Numa das manifestaes, no Rio de Janeiro, foi assassinado pela polcia o estudante secundarista Edson Luiz. Em represlia morte do menor, os estudantes realizaram a passeata das 100 mil, a maior demonstrao de repdio pblico ao regime militar, Invaso de Universidades e priso de estudantes tornaram-se rotineiras. Para calar a boca de estudantes e professores o governo editou o Decreto Lei 477. Proibia a quem lecionava e estudava a se manifestar contra autoridades constitudas em logradouros pblicos. Quem fosse enquadrado no decreto seria proibido de lecionar ou de estudar por dez ou cinco anos, respectivamente, professor e aluno. O AI - 5 Em setembro de 1968 o Deputado Federal Mrcio Moreira Alves fez um agressivo discurso com graves ofensas aos militares. Alm de acus-los de entreguistas, exortou ao povo para que no comparecesse ao desfile do dia 7 de setembro. O governo tentou processar o deputado, mas o Congresso negou licena para tanto ( o deputado protegido com a imunidade parlamentar). O governo inconformado, editou o Ato Institucional n 5, concedendo ao Presidente da Repblica inmeros poderes: Cassar mandatos de parlamentares; Suspender por 10 anos os direitos polticos de qualquer pessoa; Demitir remover e colocar em disponibilidade funcionrios pblicos; Demitir ou remover juzes; Decretar estado de stio; Confiscar bens Suspenso do habeas-corpus Dentre outras realizaes do governo ainda tivemos: -Aprovao do Fundo de Assistncia e Previdncia do trabalhador Rural ( FUNRURAL). Instituio da Fundao Nacional do ndio (FUNAI)
TELEBRS Telecomunicaes S. A da qual a Embratel passou a ser subsidiada. A represso O governo Mdici foi considerado o governo mais repressivo dos militares, atingiram o auge os atos terroristas, de direita e de esquerda a partir de 1968, ano em que os atentados de direita superaram largamente os da esquerda: 24 contra 10. A esquerda A esquerda, inconformada com as medidas repressivas e no vislumbrando sada democrtica para o pas, convenceu-se que s a guerrilha (a exemplo de Cuba) poderia por fim ditadura. Surgiram trs grupos de guerrilha urbana: a ALN ( Aliana libertadora Nacional) chefiada por Carlos Marighela, um dissidente do PCB; o MR-8 ( Movimento Revolucionrio 8 de outubro) dia da morte de Che Guevara na Bolvia; VAR-PALMARES (Vanguarda Armada Revolucionria) liderada pelo ex-capito do exrcito Carlos Lamarca. O falso milagre O modelo Econmico do regime militar conseguiria estagnar a inflao. O crdito ao consumidor fez com que o povo tivesse acesso maior ao mercado de consumo. Os incentivos atraram o capital estrangeiro. Tudo isso fez com que o Brasil crescesse de 1969 a 1973 de 7% a 13% ao ano ( considere-se que em 1993 o brasil cresceu 0,5%). O fantstico crescimento do PIB criou uma euforia generalizada. S se falava em Milagre. O governo se aproveitou do momento para animar psicologicamente o milagre com a adoo de Slogans( Brasil ame-o ou deixe-o ou ningum segura este pas). O clima de euforia foi ainda mais reforado, oficialmente, com a conquista do tricampeonato mundial de futebol no Mxico em 1970. GRANDES PROJETOS Outro sonho tomou conta do Regime Militar, em especial do Governo Mdici: a construo de obras faranicas, dentro do esprito do desenvolvimento a qualquer preo. Eis alguns exemplos: Rodovia Transamaznica (implantada) Ponte Rio-Niteri (concluda) Ferrovia do Ao (obra paralisada) Programa Nuclear (instalada uma usina) Polo Petroqumico da Bahia (implantado) Usina de Itaipu (em construo, operando parcialmente) Projeto Carajs (j produzindo) O trip de sustentao do MILAGRE O Brasil de 1970, j a oitava economia do mundo, em termos de capacidade produtiva, os sonhos da classe mdia entravam definitivamente na era do consumismo, levando o Brasil, em direo a modernizao industrial, o crescimento intenso e rpido da economia apoiou-se em trs bases: 28.5 Governo Ernesto Geisel ( 1974 1979) Lei Falco Em 1974 realizaram-se eleies para a renovao do Senado e da Cmara Federal. Embora o MDB elegesse menos Senadores e Deputados do que a Arena teve o dobro dos votos em relao ao partido de sustentao do governo.
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28. 4 Governo de Emlio Garrastazu Mdici (1969 1974) So criaes do governo Mdici: INCRA Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria CEME Central de Medicamentos Lei 5692 programa de integrao social, participao do operrio nos lucros das empresas PASEP programa de formao do patrimnio do servidor pblico Decreto 200 milhas nosso territrio martimo
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O ministro da justia; Armando falco, apresentou um projeto de lei (que a Arena aprovou), proibindo os candidatos futuros a cargos polticos se manifestarem pela imprensa. S podiam exibir sua foto e apresentar o currculo. Foi a Lei Falco. Ela teve o efeito de anular os candidatos de oposio.
utilizar o lcool no lugar da gasolina, ir sobrar gasolina, exportada a preo de banana. Acordo nuclear Em 1976 Geisel assinou com a Alemanha um acordo para a instalao no Brasil ( Angra dos Reis) de usinas nucleares para fins absolutamente pacficos. O governo no consultou nenhum especialista no assunto. Resultado: importou-se mais sucata do que tecnologia de ponta. Vrios pases contestaram o acordo. Houve at mesmo abalo das relaes diplomticas entre o Brasil (de Geisel) e os Estados unidos (de Carter). Em vista crticas de Carter, Geisel rompeu um antigo acordo militar, mediante o qual os americanos forneciam armas e tecnologia ao Exrcito brasileiro. No ltimo dia de governo, Geisel por decreto aboliu o A .I. 5, o Decreto 477, a censura imprensa, a pena de morte e a priso perptua. Governo do General Joo Batista Figueiredo (1979-1985)
Ernesto Geisel
Poltica externa Em agosto de 1974 o governo havia restabelecido relaes diplomticas com a China comunista e reconhecera os governos socialistas das ex-colnias portuguesas na frica, geando srias crticas da linha dura ao governo. Pacote de abril (1979) No incio de 1977 Geisel apresentou ao Congresso, uma emenda Constituio para reformar o poder judicirio brasileiro. Juizes e advogados do Brasil inteiro se manifestaram contra. A Arena no possua dois teros no Congresso para aprovar a medida. O MDB fechou questo em torno da rejeio da Emenda e ela no aprovada. Irritado Geisel fechou o congresso por trinta dias (abril) e na sua reabertura anunciou um conjunto de medidas legais, dentre elas a reforma do judicirio. O fato ficou conhecido como pacote de abril. Principais atos do pacote: para novas emendas Constituio seria necessria apenas maioria simples de votos de congressistas (a Arena era maioria); extenso do mandato presidencial para seis anos; manuteno da eleio indireta para governador ( em 1978 deveria ocorrer eleio direta); eleio indireta de um Senador em 1978 por Estado (depois denominado debochadamente de Senador binico) O fracasso do milagre Entre as realidades verificadas a economia brasileira deteriorava-se sendo impossvel repetir o milagre econmico. Em janeiro de 1974 o cartel dos pases produtores de petrleo ( a OPEP) elevou de uma s vez o preo do barril de petrleo de 2,80 para 9,46 dlares foi o primeiro grande choque, o segundo ocorreu em 1979 elevando de 15 para 38 dlares o barril. As despesas com importao contriburam para desequilibrar gravemente balana comercial. A crise gerou inflao, que desgastou o poder aquisitivo do povo (sobretudo assalariado). Greves foram consequncias inevitveis; principalmente no ABC paulista lideradas por Lus Incio da Silva, o LULA; criou-se o Prolcool projeto que visava
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O governo Figueiredo foi pressionado por uma articulao cada vez mais corajosa das foras oposicionistas da sociedade civil, que exigiam a volta de estado de direito a convocao de uma assembleia nacional constituinte, anistia poltica e justia social. Fatos ocorridos Dentre os principais fatos ocorridos em seu governo podemos destacar: Concedeu anistia aos presos polticos e a volta ao pas dos exilados, destacamos velhos inimigos dos militares que retornaram ao pas. Leonel Brizola e Lus Carlos Prestes. Ocorreram atentados terroristas de direita como os casos da OAB e da Bomba do RIO CENTRO- 1981 Aumento da crise econmica, poltica de desenvolvimento baseado em emprstimos de capitais estrangeiros;
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Nbrega em janeiro de 1989 criou o plano vero que procedeu uma nova troca de moeda para o cruzado novo. O governo Sarney limitou-se a impedir que a economia e os preos explodissem at a posse do novo presidente. A poltica nas eleies para prefeito das capitais, em 1985, o eleitorado demonstrou seu descontentamento. Com o plano cruzado o sucesso poltico foi marcante nas eleies, de novembro de 1986 para a escolha governadores e representantes no congresso e nas assembleias estaduais. Com o retorno da inflao, a credibilidade do governo despencou, como se revela a frase popular o povo no esquece Sarney PDS. Eleies diretas Em 1989, realizou-se a mais esperada eleio da histria do pas, a eleio direta para presidente. Eleies em dois turnos. CONSTITUIO DE 1988 Vejamos alguns dos pontos principais da atual Constituio Federal: Principais fundamentos O Brasil confirmou como regime poltico o estado democrtico de direito. O povo (governados) pode participar da formao da vontade pblica (governo) diretamente ou por meio de representantes eleitos. A forma de governo do pas a Repblica. A forma de Estado a federao, formada com as seguintes entidades autnomas: a Unio, os estudos, o Distrito Federal e os municpios. So poderes da Unio o legislativo, o Executivo e o Judicirio, cada qual responsvel pelas seguintes funes tpicas: funo legislativa, funo administrativa e funo jurisdicional. Crimes inafianveis e imprescritveis A Constituio determina que o racismo e a ao de grupos armados contra o estado democrtico so crimes inafianveis (no admitem o pagamento de fiana) e imprescritveis (no esto sujeitos prescrio). Direitos polticos A Constituio estabeleceu que o alistamento eleitoral e o voto so : Obrigatrio para os brasileiros maiores de 18 anos Facultativos para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os maiores de 16 anos e menores de 18 anos. Os analfabetos e os jovens com 16 ou 17 anos, embora possam votar, no podem ser eleitos para nenhum cargo poltico. Direitos do trabalhador A Constituio trouxe como novas conquistas para o trabalhador direitos como: Jornada de 44 horas semanais e pagamento de horas extras no valor de 50% a mais que a hora normal Frias remuneradas correspondentes a 1/3 a mais do que o salrio normal. Se o trabalhador for vtima de dispensa arbitrria ( ou sem justa causa), dever receber indenizao compensatria. Alm de outros direitos. Direito de greve estendido a, praticamente, todas as atividades e servios. Licena-gestante com durao de 120 dias, para a mulher. Ao pai, foi conferida a licena paternidade de 5 dias. Ao trabalhador domstico (cozinheiro, babs, arrumadeiras, caseiros etc.) foram assegurados vrios direitos, como: salrio mnimo, 13 salrio, repouso semanal remunerado, frias remuneradas com 1/3 amais que o salrio normal,
No final de 1979 extinguiu-se o bipartidarismo e procedeu-se reforma partidria, de carter nacional (proibindo-se partidos regionais). Para legalizar-se o partido deveria possuir organizao partidria em um tero dos Estados e dentro deles em um quinto de seus municpios. Surgiram os seguintes partidos: PDS (Partido Social Democrata), originrio da Arena PMDB (Partido do Movimento Democrtico Brasileiro) herdeiro do MDB. PP (Partido Popular) fundado por Tancredo Neves. PTB (Partido trabalhista Brasileiro) fundado s pressas, com auxlio do governo, para tirar esta sigla de Brizola. PT (Partido dos trabalhadores) fundado por Lula e os trabalhadores ligados aos sindicatos do ABCD. PDT (Partido Democrata Trabalhista) fundado por Brizola. Em 1984 foi legalizado o Partido Comunista, depois de ilegal desde 1947. Diretas J Em 1984 seria eleito o sucessor de Figueiredo. Uma organizao supra partidria promoveu uma ampla campanha por eleies diretas. O deputado Dante de Oliveira apresentou uma emenda Constituio propondo eleies diretas para presidente. Em clima tenso, com a convocao das Foras Armadas para cuidar da segurana do Congresso e com a invocao de medidas de emergncia a emenda foi rejeitada. 29 BRASIL CONTEMPORNEO 29. 1 Governo de Jos Sarney (19851990) O plano cruzado A poltica econmica de salvao, na tentativa de equilibrar a economia interna e combater a hper inflao, diminuir a insatisfao popular e calar a oposio; lanou mo em fevereiro de 1986, do plano cruzado, criado pela equipe econmica comandada por Dlson Funaro. O plano de estabilizao econmica, conhecido por plano cruzado estabeleceu: criao de uma nova moeda o Cruzado(cada 1.000 cruzeiros passaram a valer 1 cruzado); preos e salrios foram congelados (salrio acrescidos de 8%); foi criado o gatilho salarial(inflao superior a 20%, reajuste salarial); o fim da correo monetria como indexador (surgimento da tablita ndice de correo diria que objetivava deflacionar os valores); livre negociao salarial entre patres e empregados; surgimento dos Fiscais do Sarney. Queda do plano cruzado Em novembro de 1986 novo plano cruzado II sem a obteno de resultados prticos. Em julho de 1987, j com um novo ministro da fazenda Bresser Pereira, tiveram um novo plano o Plano Bresser (novo congelamento de salrios, preos e aluguis por 3 meses e combate ao dficit pblico) as medidas de combate eram austeras demais, sem apoio, Bresser renuncia, o novo ministro Malson da
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licena-gestante remunerada de 120 dias, aviso prvio e aposentadoria. Aposentadoria para preservar seu valor real. Nenhum
29.2 Governo Fernando Collor (1990 1992) Governo Collor O maior calote da histria do Brasil Com uma equipe ministerial fraca e inexperiente o presidente desportista cometia os maiores destinos. Ele e seu grupo poltico haviam no passado servido o regime militar em papis secundrios. Impacto econmico Collor baixou um pacote de medidas econmicas, financeiras e administrativas, o governo chamou de Plano Brasil ou Plano Collor. Os eixos bsicos do plano foram os seguintes: nova moeda cruzeiro; reteno por 18 meses (confisco-furto) de valores estipulados pelo governo em contas correntes poupanas, OVER e fundos de curto prazo.; congelamento parcial e controlado pelo estado; conteno de gastos pblicos; abertura para o capita l estrangeiro. A forma autoritria de sua preposio e execuo e a inconstitucionabilidade de algumas medidas levaram o pas ao caos. Os escndalos Logo no primeiro ano de seu mandato comearam os ESCNDALOS envolvendo ministros e outros escales do governo. O caador de marajs acabou caado. Denncias, da existncia de um verdadeiro esquema de corrupo, chefiado por Paulo Czar Farias, o PC (amigo e coordenador da campanha de Collor), fez eclodir uma irreversvel crise de relacionamento entre o governo e a sociedade. Nas ruas os caras pintadas estudantes e o povo em geral exigiram e os polticos (muitos com relutncia) votaram o impeachment do presidente. O governo do vice, Itamar Franco, fraco e hesitante, fez da estabilizao da economia sua nica bandeira. Impeachment
(posteriormente chamados de caras-pintadas, por terem seus rostos pintados de verde e amarelo) clamando por tica e dignidade na via pblica. Ao final dos trabalhos, a CPI votou pela incriminao do presidente Collor, por esmagadora maioria de votos (16 a favor e 5 contra ). Estava aberto o caminho legal para o processo de impeachment. Por fim, em 29 de setembro de 1992, o plenrio da Cmara dos Deputados aprovou a abertura do processo de afastamento do presidente, com 441 deputados votando contra sua permanncia no governo. Assim, Fernando Collor, foi impedido de exercer a funo de presidente da Repblica para se julgado pelo Senado Federal. No dia 2 de outubro de 1992, o vice-presidente, Itamar Franco, assumiu a presidncia da Repblica, governando interinamente at 29 de dezembro, quando durante julgamento no Senado Federal, Collor enviou sua carta-renncia. Mesmo aps a apresentao da renncia presidencial, o Senado prosseguiu o julgamento de Fernando Collor, cassando seus direitos polticos por oito anos. Governo Itamar Franco (1992 1994) Plano Real traz de volta a estabilidade econmica Por trs meses, enquanto aguardava o desfecho do impeachment de Collor, Itamar Franco governou temporariamente o pas. Em 29 de dezembro de 1992, aps a renncia de Collor, assumiu, no plano jurdico, o comando pleno da nao. Com reputao de homem honesto e nacionalista, Itamar Franco procurou montar um governo de entendimento nacional. Um governo que agradasse ao mais amplo espectro de correntes polticas. Assim, convidou para compor seu ministrio figuras das mais variadas tendncias ideolgicas, vindas de diversos partidos polticos, como Partido dos Trabalhadores (PT), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido do Movimento Democrtico Brasileiro (PMDB) e Partido da Frente Liberal (PFL). O presidente Itamar Franco recebeu o governo com uma pesada herana de graves problemas socioeconmicos. Citando alguns exemplos: a persistncia da inflao, com ndices mensais de 26%; a altssima concentrao de renda; a recesso econmica e o desemprego; o agravamento do problema da fome, afetando metade da populao do pas, e da indigncia, que atinge milhes de brasileiros. A nomeao do senador Fernando Henrique Cardoso para o ministrio da Fazenda deu novo Flego ao governo Itamar. Atravs de conversas conciliatrias com polticos, empresrios e sindicatos. Fernando Henrique foi ganhando a confiana da sociedade. E seu nome comeou a ser cogitado para disputar as eleies presidenciais de 1994. Alguns meses aps assumir o ministrio, Fernando Henrique anunciou o Plano Real, que tinha como objetivo acabar com a inflao e estabilizar a economia. A partir de 1 de julho de 1994, entrou em vigor no pas uma nova moeda, o real, em substituio ao cruzeiro real. Diferentes dos planos anteriores, no houve congelamento de preos ou de salrios, nem confisco da poupana. Um dos principais instrumentos de combate inflao estabelecido pelo plano governamental foi implantado, a partir de maro de 1994, com a Unidade Real de Valor (URV), um engenhoso mecanismo de desindexao da economia. A equipe econmica do governo trabalhava com o seguinte diagnstico: a indexao generalizada ( correo monetria de todos os valores) era correia de transmisso do processo inflacionrio. Pois, se todos os valores da economia
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A gravidade das denncias levou a Cmara dos Deputados a instituir uma Comisso Parlamentar de Inqurito (CPI), destinada a apurar as irregularidades. Aos poucos, foi sendo desmontada e exposta toda a rede de corrupo, sonegao fiscal e contas-fantasmas do esquema PC, causando grande indignao popular. Enquanto prosseguiam as investigaes, as principais ruas e praas do pas foram tomadas por multides que exigiam o impeachment (impedimento, afastamento) de Collor. Nesse movimento popular, destacou-se a presena dos estudantes
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forem reajustados pela inflao passada, a inflao futura jamais ficar abaixo da inflao passada. Acolhido com desconfiana pelas oposies polticas, o Plano Real, porm, foi ganhando o apoio da populao. A inflao desabou de 50%, em junho de 1994, para ndices prximos de 4%, no final de julho do mesmo ano. O ano terminou com inflao semestral de menos de 20%. Impulsionada pelo Plano real, a candidatura de Fernando Henrique a presidente da Repblica cresceu sem parar. Seu principal adversrio, Lus Incio da Silva, experimentava quedas cada vez maiores no ndices de pesquisa. Resultado: Fernando Henrique venceu no primeiro turno, realizado em 3 de outubro, com quase 55% dos votos. Itamar Franco deixou o governo com popularidade altssima, aprovado pela maioria. Governo Fernando Henrique Os desafios para manter a estabilidade O presidente Fernando Henrique Cardoso tomou posse no dia 1 de janeiro de 1995. Um ms depois, foi a vez dos recmeleitos governadores, deputados e senadores. Levando para seu governo nomes respeitados no meio poltico, Fernando Henrique anunciou sua disposio em manter a estabilidade econmica a qualquer preo e modernizar a administrao pblica. Com taxas inflacionrias na casa de 1,5% ao ms, Fernando Henrique tem uma arma poderosa para negociar com o Congresso renovando os ajustes que ainda faltam na economia. Os desafios so grandes, entre eles o do salrio mnimo, um dos mais baixos do mundo. O Brasil apenas comeou sua caminhada em direo h dias melhores, j que as desigualdades sociais ainda so imensas. Fatos marcantes de nossa histria 1439 1999 1839 incio da dinastia de Avis, com D. Joo I, iniciando-se a histria da expanso martima portuguesa. 1415 Os portugueses conquistam Ceuta (norte da frica). o marco inaugural da expanso martima. 1453 tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos. Dificuldades no comrcio cristo com o Oriente atravs do mar Mediterrneo do novo impulso busca de novos caminhos para as ndias. 1494 Tratado de Tordesilhas; Espanha e Portugal dividem o novo Mundo entre si. 1500 Pedro lvares Cabral chega ao Brasil, tomando posse da terra em nome da Coroa portuguesa. 1509 Diogo lvares Correia (o Caramuru) funda o primeiro estabelecimento portugus no Brasil. 1530 Expedio colonizadora de Martin Afonso de Souza ao Brasil. 1532 Fundao de So Vicente, a primeira vila do Brasil, por Martin Afonso. 1534 O Brasil dividido em capitania hereditrias. 1548 Cria-se o Governo-Geral no Brasil, com o intuito de centralizar a administrao colonial. 1550 Chega a Salvador a primeira leva de escravos africanos. 1555 Fundao da Frana Antrtica, no Rio de Janeiro, Primeira invaso francesa. 1556 proibio oficial da Coroa espanhola quanto ao emprego das palavras conquista e conquistador. 1567 Os franceses so expulsos do Rio de janeiro. 1570 Carta rgia de D. Sebastio garantindo a liberdade dos ndios no Brasil. Mas as leis no so suficientes para conter os ataques e violncias contra os ndios. 1571 D. Sebastio decreta que somente navios portugueses transportem mercadorias para o Brasil. 1612 Fundao da Frana Equinocial, no Maranho. Segunda invaso francesa.
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1615 Os franceses so expulsos do Maranho. 1624 Os holandeses invadem a capital da Colnia, Salvador. 1625 Os holandeses so expulsos da Bahia. 1630 Os holandeses iniciam a invaso de Pernambuco, de onde so expulsos somente em 1654. 1635 os holandeses liquidam a resistncia luso-brasileira comandada por Matias de Albuquerque. 1637 Chega ao Brasil o holands Maurcio de Nassau e inicia sua habilidosa administrao. 1644 Desentendendo-se com a Companhia das ndias ocidentais, Maurcio de Nassau deixa o cargo governador das reas nordestinas conquistadas pelos holandeses. 1648 Vitria dos luso-brasileiros contra os holandeses na primeira batalha dos Guararapes ( a Segunda foi em 1649). 1654 Os holandeses rendem-se aos luso-brasileiros na Companhia da Taborda. 1661 Os holandeses reconhecem oficialmente a perda do nordeste brasileiro e assinam o tratado de paz de Haia. 1674 bandeira de Ferno Dias Pais Leme parte em direo ao serto de Minas Gerais. 1684 Explode no Maranho, a revolta liderada pelo senhor de engenho Manuel Beckman. 1690-1695 So encontradas as primeiras jazidas de ouro no Brasil. 1694 O bandeirante Domingos Jorge Velho (sertanista de contrato) destri o quilombo de Palmares. 1701 proibida a criao de gado numa faixa de dez lguas a partir do litoral at o interior brasileiro. 1702 criada a Intendncia das Minas, tendo como funo bsica distribuir terras para a explorao do ouro brasileiro e cobrar tributos para a Fazenda Real. 1708 Tem incio a Guerra dos Emboabas entre mineradores paulistas e forasteiros. 1710 Explode a Guerra dos mascates, conflito entre senhores de engenho de Olinda e comerciantes portugueses de Recife. 1713 Tratado de Utrecht. A Frana aceita o rio Oiapoque como limite entre a Guiana e o Brasil. 1715 Tratado de Utrecht. A Espanha concorda em devolver a Colnia do Sacramento a Portugal. 1720 So criadas, no Brasil, as Casas de Fundio, onde todo o ouro deveria ser levado para transformao em barras. Ao receber o ouro, as casas retiravam a parte correspondente ao imposto (quinto). Explode a Revolta de Vila Rica, em protesto contra a criao das Casa de Fundio. 1729 Tem incio a explorao de diamantes no arraial da Tijuca, atual cidade de Diamantina, em Minas Gerais. 1750 determinado que a arrecadao do quinto no poderia ser inferior a 100 arrobas de ouro por ano. Tratado de Madri estabelece a posse portuguesa alm da linha de Tordesilhas. Alm disso, determinava que a Colnia do Sacramento pertencia aos espanhis, e a regio dos Sete Povos das Misses (Brasil), aos portugueses. 1759 Expulso dos jesutas do Brasil, por determinao do marqus de Pombal. 1761 Acordo do Pardo, entre Espanha e Portugal, anulando o Tratado de Madri. 1763 A capital do Brasil transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. 1765 Decretao da derrama, no Brasil. Obrigava-se a populao mineradora a completar a soma acumulada do imposto devido. 1771 Incio da atuao da Intendncia dos Diamantes, em Minas Gerais. 1772 Fundao da Academia Cientfica no Rio de Janeiro.
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1831 D. Pedro I abdica o trono brasileiro em favor de seu filho Pedro de Alcntara. A Regncia Trina Provisria assume o poder at junho desse ano. A partir dessa data, o governo transferido Regncia trina Permanente. O perodo regencial vai at 1840. 1832 O ministro da justia, padre Feij, renuncia ao cargo. Criao das faculdades nacionais de Medicina do Rio de janeiro e Bahia. 1834 D. Pedro I morre em Portugal. aprovado o Ato Adicional, induzindo modificaes na Constituio do Imprio. 1835 Incio da Regncia Una do padre Feij. No Par, explode a cabanagem; no sul, a Farroupilha. 1837 O regente renuncia ao cargo. Tem incio a Regncia Una de Arajo Lima. Na Bahia, explode a Sabinada. 1838 No Maranho explode a Balaiada. 1840 Termina o perodo regencial, com a decretao da maioridade de D. Pedro II. Incio do Segundo Reinado. aprovada a lei interpretativa do Ato Adicional, limitando a autonomia das provncias. O selo olho-de-boi do Brasil, o terceiro selo emitido no mundo. 1842 revolta dos liberais em So Paulo e em Minas Gerais. 1847 criado o cargo de presidente do Conselho de Ministros, no Brasil. Introduo dos primeiros imigrantes na fazenda de caf Ibicaba em So Paulo. 1848 Explode a Revoluo Praieira, a ltima grande revolta liberal do imprio. 1850 extinto o trfico de escravos no Brasil. 1865 Incio da Guerra do Paraguai. 1870 Fim da Guerra do Paraguai. Publicao do Manifesto Republicano, no Rio de Janeiro. 1888 Promulgao da lei urea, declarando extinta a escravido no Brasil. 1889 Fim do imprio. Proclamao da Repblica, instalando-se um governo provisrio. 1891 promulgada a primeira Constituio da Repblica brasileira. Deodoro da Fonseca eleito, pelo Congresso Nacional, o primeiro presidente brasileiro. Em novembro desse ano, renuncia ao cargo, e Floriano Peixoto assume o poder. 1892 Explode a Primeira Revolta da Armada. Manifesto dos treze generais, exigindo a convocao de novas eleies presidenciais. 1893 Explode a Segunda Revolta da Armada. Incio da Revoluo Federalista, no Rio Grande do Sul. 1894 Tem incio o governo de Prudente de Morais. Antnio Conselheiro comea a organizar o arraial de Canudos, que destrudo em 1897 por tropas federais. 1898 Incio do governo de Campos Sales e da montagem da poltica dos governadores. 1903 O Acre incorporado ao Brasil, pelo Tratado de Petrpolis, encerrando-se disputas com a Bolvia. 1904 Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro. 1906 Convnio de Taubat: solues para a crise de superproduo de caf. Os governos estaduais deveriam comprar e estocar a produo excedente. 1910 Revolta da Chibata, no Rio de Janeiro. Criao do Servio de Proteo ao ndio, patrocinado por Rondon. 1912 Incio da Guerra do Contestado, movimento messinico que perdurou at 1916. 1922 Revolta do Forte de Copacabana (Os 18 do Forte), sendo a primeira revolta do movimento tenentista. Fundao do Partido Comunista Brasileiro. Desenvolve-se em So Paulo outra revolta tenentista. Tem incio a Coluna Prestes. 1930 Estoura no Rio Grande do Sul, a Revoluo de 1930, que forou a deposio de Washington Lus, findando a Repblica velha. Instala-se o governo
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de
1989 Realizao da primeira eleio direta para presidente da repblica, no Brasil, aps quase 30 anos. 1990 Posse do presidente eleito, Fernando Color de Melo, implantao do Plano Collor I. 1991 Implantao do Plano Collor II. 1992 Impeachment do presidente Collor, acusado de corrupo. Assume o governo o vice-presidente, Itamar Franco. 1993 Plebiscito nacional para a escolha da forma e do sistema de governo para o Brasil. Vitria da forma republicana e do sistema presidencialista. 1994 Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai firmam um acordo para a criao do Mercosul *unio aduaneira). Implantao do Plano real. 1995 Incio do governo Fernando Henrique Cardoso. 1999 Incio do 2 governo de Fernando Henrique Cardoso.
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