Ensino Escrita
Ensino Escrita
Ensino Escrita
Adriana Baptista
Fernanda Leopoldina Viana
Luís Filipe Barbeiro
O Ensino da Escrita:
Dimensões Gráfica e Ortográfica
Adriana Baptista
Fernanda Leopoldina Viana
Luís Filipe Barbeiro
ISBN 978-972-742-307-1
CDU 811.134.3
371
373
Ficha técnica
Título
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Editor
Ministério da Educação
Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular
Autores
Adriana Baptista, Fernanda Leopoldina Viana, Luís Filipe Barbeiro
Design
Manuela Lourenço
Tiragem
4000 Exemplares
Depósito Legal
295 212/09
ISBN
978-972-742-307-1
Introdução 7
O que os Professores Precisam de Saber sobre a Escrita 9
Secção 1
Do Oral ao Escrito 11
1.1. Particularidades dos registos orais e escritos nas sociedades contemporâneas 12
1.2. A dimensão neurofisiológica da escrita 19
1.3. A evolução da escrita na perspectiva filogenética 23
1.4. A psicogénese da escrita na perspectiva ontogenética 26
Secção 2
Escrita e Caligrafia 35
2.1. O desenvolvimento da capacidade caligráfica 37
2.2. A dimensão gráfica da escrita 42
2.3. A gestão do espaço de suporte da escrita 44
2.4. Particularidades sobre a pontuação 46
Secção 3
A Competência Ortográfica 49
3.1. Desafios da aprendizagem da ortografia 51
3.2. Avaliar para intervir 60
3.3. Estratégias de intervenção sobre o erro e de ensino explícito da ortografia 72
3.4. Actividades de âmbito geral 94
3.5. Vertente reflexiva 101
Bibliografia 107
3
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Nota de Apresentação
Nota de Apresentação
5
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Introdução
Introdução
7
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
O que os Professores Precisam de Saber sobre a Escrita
9
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
O que os Professores Precisam de Saber sobre a Escrita
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Do Oral ao Escrito
Poderá a escrita ser anterior à própria oralidade?
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Do Oral ao Escrito
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
Quadro 1
Oralidade Escrita
– planeado + planeado
– prescritivo + prescritivo
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Do Oral ao Escrito
1
Consultar a brochura O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Linguística.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
2
Emoticons são símbolos gráficos (abusivamente designados por ícones) animados ou fixos, aptos a transmitir
emoções (como tristeza, espanto, raiva, etc.), de forma parcialmente isomórfica da realidade (através de
desenhos estilizados de rostos, por exemplo), mas também codificada, ou a substituir saudações, comentários
opinativos, críticas, etc. Consultar brochura As Implicações das TIC no Ensino da Língua.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
Quadro 2
Escrita virtual
Oralidade Escrita
[chats, Messenger, sms, etc.]
construção colectiva construção individual construção colectiva / individual
[co-enunciação]
3
Consultar a brochura O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Linguística.
17
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Do Oral ao Escrito
4
Consultar a brochura O Ensino da Escrita: A Dimensão Textual.
18
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Do Oral ao Escrito
5
Consultar brochura O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica.
6
In Grant, P. E. (1988). Language processing: a neuroanatomical primer (p. 267). In D. de Kerckhove & C. J.
Lumsden (Eds.), The alphabet and the brain. (pp. 246-296) Berlim: Springer-Verlag.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
Incorrecto Correcto
Figura 3
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
A mão deve estar relaxada e descansar completamente na mesa, a caneta deve ser
mantida quase na horizontal (20º-25º), o cotovelo deve repousar na mesa, o corpo
deve evitar estar curvado, os ombros devem ser mantidos relaxados e o papel deve
ser colocado diagonalmente face ao corpo.
Também a forma de pegar no lápis ou na esferográfica deve ser controlada (Fig. 3A).
Os hábitos de manuseamento incorrecto do riscador são muito difíceis de corrigir e
têm fortes implicações na caligrafia e na resistência ao cansaço muscular que a
escrita provoca, por isso, devem ser explicitamente demonstrados logo no início das
actividades gráficas. Se tal não for feito no Jardim-de-Infância, deve ser feito logo à
entrada do 1.º Ciclo e apresentado como uma exigência da escrita e uma compe-
tência dos que sabem escrever.
Para os esquerdinos, a atenção deve ser redobrada, quer na colocação da folha face
ao corpo (obliquamente face ao corpo, mas da direita para a esquerda e não da
esquerda para a direita, como nos dextros), quer da mão face ao papel, de modo a
que a criança consiga sempre ver as letras que escreve. Para tal, deve ser aconse-
lhada a agarrar o lápis cerca de 2,5 cm acima do bico, um pouco mais do que o
aluno dextro. A luz não pode incidir da direita, pois fará inevitavelmente com que a
mão faça sombra sobre o texto acabado de escrever.
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Do Oral ao Escrito
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Do Oral ao Escrito
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Orientação bustrofedónica é aquela em que a escrita flui como o arado que lavra a terra, da esquerda para a
direita numa linha e da direita para a esquerda na linha seguinte.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
8
Para alguns destes sinais, é ainda possível traçar uma evolução do icónico ao arbitrário. Veja-se o caso do A,
por exemplo, a primeira letra do alfabeto, primitivamente a representação icónica de uma cabeça de gado.
9
Consultar brochura O Ensino da Leitura: A Decifração.
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Do Oral ao Escrito
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
Uma das técnicas mais utilizadas, para analisar como as crianças se vão apro-
priando do sistema de escrita, consiste em pedir-lhes que nos digam como acham
que se escrevem determinadas palavras (ex.: nomes de animais ou objectos). Foi o
que foi feito com as crianças cujos exemplos de escrita se seguem, às quais pedi-
mos para escreverem gato, gata, gatinho, cavalo e formiga.
10
Em Portugal podem ver-se os trabalhos de:
10
Martins, M. A. (1996). Pré-História da Aprendizagem da Leitura. Lisboa: I.S.P.A.
10
Teixeira, M. M. V. R. A. (1993). Comportamentos Emergentes de Leitura: Aspectos Cognitivos e Linguísticos.
Braga: Universidade do Minho, dissertação de Doutoramento, não publicada.
10
Viana, F. L. & Almeida, L. (1999). As concepções precoces sobre a linguagem escrita e o posterior desempenho
em leitura. In A. P. Soares, S. Araújo e S. Caires (Org.), Avaliação Psicológica: Formas e Contextos (pp. 338-346).
Braga: Associação dos Psicólogos Portugueses.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
terão de usar mais letras para os nomes dos pais porque são mais altos e/ou mais
velhos, mais letras para objectos grandes, ou ainda que terão de usar mais letras
quando se referem a mais do que um objecto.
Figura 8 Figura 9
Ver escrever nomes de coisas grandes com poucas letras e nomes de coisas peque-
nas com muitas letras, ou constatar que o nome do pai ou da mãe (adultos) é mais
pequeno que o seu põe em causa as hipóteses explicativas anteriores, conduzindo a
criança ao levantamento de novas hipóteses. Se o número de letras não tem a ver
com o tamanho das coisas, de que depende então? Escrever à frente das crianças,
verbalizando à medida que o registo escrito progride, é suficiente para que muitas
delas descubram a resposta para as suas interrogações – afinal o número de letras
não tem a ver com o tamanho dos objectos, mas com o tempo que a palavra demora
a dizer. Palavras que demoram mais tempo a pronunciar precisam de muitas letras.
Palavras que demoram menos tempo a pronunciar precisam de menos letras. Este
raciocínio é extremamente importante, pois revela o relacionamento estabelecido
entre oralidade e escrita, relevante para a descoberta do princípio alfabético.
Que medida minimamente fiável pode a criança usar para esta avaliação do compri-
mento das palavras? Sendo a sílaba facilmente identificada na corrente acústica, a
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
primeira hipótese levantada para este relacionamento entre o oral e o escrito é uma
hipótese silábica. A criança identifica os pedacinhos constituintes das palavras (síla-
bas) e representa cada um destes pedacinhos por uma letra (ou pseudo-letra).
Assim, se identificar quatro sílabas escreverá a palavra com quatro caracteres; se
identificar duas sílabas escreverá a palavra usando apenas dois caracteres.
Figura 10 Figura 11
Nestes exemplos, vemos que, apesar do reduzido conhecimento de letras que estas
crianças parecem revelar, elas já produzem uma escrita silábica. Não parecendo
conhecer muitas letras e utilizando pseudo-letras e algarismos, a Andreia e o Daniel
já evidenciam um importante conhecimento sobre a escrita, ou seja, já descobriram
que a escrita se relaciona com propriedades da oralidade.
Comparando a produção do Daniel (Fig. 11) com a do Filipe (Fig. 8), aparentemente,
o Filipe estaria mais «avançado», pois usa letras maiúsculas bem desenhadas e o seu
nome está escrito correctamente, enquanto o Daniel apresenta a letra N em espe-
lho, usa pseudo-letras e o seu grafismo é mais irregular. Todavia, a escrita do Daniel
revela que ele descobriu já que a escrita se relaciona com a fala, fazendo correspon-
der um carácter (pseudo-letra) a cada sílaba percepcionada nas palavras que se pro-
põe escrever. Ao recolher, junto das crianças, estas amostras de «escrita inventada»
é importante que se atenda às explicações que nos dão sobre como raciocinaram
para chegar àquelas produções, e que nos permitiram, por exemplo, confirmar que o
Daniel grafava OU à medida que segmentava a palavra em GA + TO.
A hipótese silábica é suficiente e resolve uma grande parte dos problemas das crian-
ças que querem escrever. Chegada a este nível de conhecimento sobre o impresso, a
atenção da criança que quer fazer um registo escrito passa a dirigir-se, de um modo
mais sistemático, para os sons das palavras. À medida que vão analisando o
impresso e o oral, as crianças (de forma espontânea, mas, essencialmente como res-
posta à estimulação por parte do adulto) vão, também, sentindo necessidade de
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
conhecer as letras, e muitas descobrem que as letras, afinal, remetem para sons que
encontram nas sílabas, como é o caso do André (Fig. 12). As letras seleccionadas por
esta criança mostram que, para além de identificar claramente as sílabas constituin-
tes das palavras, ela selecciona as letras de acordo com sons percebidos.
A análise ao nível dos fonemas, que no André parece acontecer de uma forma ainda
incipiente, é claramente visível na escrita dos exemplos das Figuras 13 e 14, que
evidenciam a transição de um nível de escrita silábica com fonetização para um
nível de escrita silábica-alfabética, isto é, um nível em que algumas letras represen-
tam ainda sílabas inteiras e outras representam unidades menores (fonemas ou
unidades intrassilábicas) – daí o nome de silábica-alfabética.
Figura 13 Figura 14
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
impresso (Evans, Shaw & Bell, 2000; Sénechal & LeFevre, 2002). Assim sendo, uma
criança pode ingressar no 1.º Ciclo considerando que escrita e desenho são coisas
semelhantes, o que apenas demonstra que, eventualmente, teve poucas oportunida-
des ou desafios para interrogar o impresso, e não um qualquer atraso de desenvolvi-
mento. Tal só comprometerá o seu percurso na aprendizagem da vertente escrita da
língua se, em termos pedagógicos, o professor não adequar o nível de explicitação
das estratégias de ensino ao nível de conhecimento possuído pela criança. Uma
criança poderá, também, desenhar na perfeição todas as letras ou copiar palavras
que vê grafadas no meio envolvente, sem, todavia, lhes atribuir significado.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Do Oral ao Escrito
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Escrita e Caligrafia
Como acabámos de ver, as crianças que contactaram com o
impresso chegam ao 1.º Ciclo com algumas práticas de escrita,
pelo menos de reprodução de alguns caracteres, e muitas consi-
deram mesmo que já escrevem, ainda que não se sintam capa-
zes de ler. Normalmente respeitam a orientação linear, mas,
relativamente às convenções gráficas, pouco mais sabem. Ao
lado destes conhecimentos, muitas vezes inconsistentes, trazem
também alguns vícios posturais e gráficos: escrevem dobradas
sobre a folha; com o rosto em cima da folha; fazem uma preen-
são incorrecta do lápis ao nível da postura da mão e/ou dos
dedos ou da distância dos dedos ao bico; etc.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
tem como fim último ser lida. O sistema gráfico deve, por isso,
ser eficaz, claro, simples e previsível. Toda a originalidade grá-
fica, vulgarmente atribuída a um estilo pessoal e confundida
com uma forte personalidade, atrasa o processo de transmissão
de informação e pode constituir-se como ruído.
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Escrita e Caligrafia
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
x
taças, argolas, arcos e laçadas das per-
s
nas), sobrando o z, o , o , o k e o f
como formas irregulares que deverão
ser trabalhadas individualmente. Nestas,
deve chamar-se exactamente a atenção
para aquilo que elas têm de único ou,
Figura 17 como no caso do f, por exemplo, para o
pormenor da laçada da perna que tem a barriga para a frente e
j y g
não para trás como o , o ou o . É nos casos em que a irregulari-
dade é mínima que a tendência para o engano é máxima.
11
Quadro adaptado de Danielle Dumont (2000: 15).
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Escrita e Caligrafia
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
Nas Figuras 19 e 20, podemos ver alguns grafismos básicos e exemplos de aplicação
desses grafismos em padrões decorativos que podem ser utilizados para decorar
os cadernos, as ombreiras da porta ou as paredes da sala de aula, de preferência
em tiras de papel com cerca de 15 cm de
altura para promover a orientação linear da
escrita.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
Figura 21 – Exemplos extraídos de Sousa & Lobo (2004). Cadernos Caligráficos n.º 2 (p. 5) e n.º 3 (p. 5).
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
Quadro 3
estilos de letra
(negros, itálicos, segunda cor)
espaçamento de palavras
Características intrínsecas formas da letra (inglesa, redonda...)
«negro»
tamanho
sublinhados
cor
linha interrompida
lista
configurações ramificadas
pontuação
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
Propostas de actividades
Divida a turma em dois grupos e forneça a cada grupo o mesmo texto, mas com
organizações gráficas diferentes, e peça às crianças que os leiam e memorizem a
informação num tempo pré-determinado. Analise com elas qual dos textos percebe-
ram melhor e mais rapidamente.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
cio da linha, nas aberturas de parágrafo e nos títulos. Quatro dedos de espaço à
esquerda antes do título, dois dedos antes da primeira palavra na primeira linha,
um dedo nas restantes, por exemplo; duas linhas de intervalo depois do título,
antes do texto. Estas são actividades de gestão do espaço gráfico numa dimen-
são activa, uma vez que a criança se apropria dele e das suas regularidades
através de medidas do próprio corpo.
3. Em casos extremos de dificuldade na gestão da proporcionalidade das letras na
área da página, podem usar-se folhas de duas linhas, feitas em computador. Ter
cuidado para que as linhas não sejam demasiado estreitas para o nível de des-
treza da criança, nem tão largas que dificultem a fluidez da escrita.
4. Usar cada uma das letras como referencial de proporcionalidade para a seguinte,
como se todas dialogassem entre si sobre as suas próprias características e fos-
sem tão orgulhosas do conjunto harmonioso que não deixassem que nenhuma
sobressaísse, a não ser as maiúsculas. Ou seja, deve ser explicitamente demons-
trado à criança e esta deve tomar consciência do tamanho relativo de cada letra,
da parte da letra que se situa abaixo da linha e da parte que se situa acima da
linha, do tamanho relativo das letras sem haste ao lado das letras com haste do
tamanho relativo das maiúsculas e das minúsculas, etc.
A caligrafia, já o dissemos, permite que o texto seja lido, mas também exibe o pra-
zer da escrita e um pouco da personalidade de cada um. Habitualmente, as crian-
ças lêem texto impresso. Se forem convidadas a ler escritas irregulares perceberão
a importância da caligrafia, que é uma espécie de embrulho ou roupagem para as
ideias ou informações que queremos partilhar. A caligrafia numa carta é como o
papel de embrulho e o laço numa prenda.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
Quadro 4
Sinais de pontuação
Funções
e sinais auxiliares de escrita
Adaptado de Halliday, M. A. K. (1989). Spoken and Written Language. Oxford: Oxford University Press (p. 3).
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Escrita e Caligrafia
Proposta de actividade
Em vez de marcar os espaços onde deverá ser colocado o sinal, disponibilizar ape-
nas o número de sinais e os tipos de sinais a utilizar.
Bocejo longo é fome sono preguiça ou ruindade do dono [, /, /.] duas vírgulas e um
ponto
Depois de almoçar deitar depois do jantar passos dar [, /, /; /.] duas vírgulas, um
ponto e vírgula e um ponto
Bem prega Frei Tomás faz o que ele diz não faças o que ele faz [, /; /.] uma vírgula, um ponto
e vírgula e um ponto
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A Competência Ortográfica
A iniciar esta secção, queremos deixar claro que a ortografia
continua a ter um valor social saliente, pois o seu domínio é
tomado como indicador em relação a aspectos como:
A capacidade de operar com um sistema complexo, esta-
belecido por uma norma numa comunidade alargada;
O grau de instrução e de literacia da pessoa em causa;
O nível de sucesso alcançado na aprendizagem escolar.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
12
Ver a brochura O Ensino da Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica.
13
Ver a brochura O Ensino da Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica.
14
Ver a brochura O Ensino da Escrita: A Dimensão Textual.
50
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Por exemplo:
Quando escrevem correctamente a palavra gato, mos-
tram que: 1) são capazes de identificar os quatro fone-
mas de gato [gatu]; 2) sabem como podem ser transcri-
15
Existem alguns casos de dupla ortografia, reforçados no novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Con-
tudo, o princípio geral é o de existência de uma forma ortográfica, estabelecida por uma norma, face à diver-
sidade de realizações que pode existir na oralidade.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
A maior dificuldade da representação escrita dos sons leva a que alguns alunos,
nomeadamente na fase inicial da aprendizagem, apresentem ainda bastantes difi-
culdades ortográficas, apesar de já lerem bem.
quem escreve deverá ter fixado que se escreve com –s- e não com –z-;
para as palavras paço e passo, que são homófonas, deverá fixar, com
recurso a esta via, a ortografia de cada uma, ligando a forma ortográfica
aos respectivos significados, que tem guardados na sua memória ou léxico
mental, associando a forma paço ao significado de «palácio», enquanto para
passo poderá activar a relação com o significado de «caminhar».
Esta via desempenha um papel relevante quando tentamos escrever uma palavra
desconhecida. Para o fazermos, recorremos à representação dos sons através da
sua conversão em grafemas. A consciência de que se pode tratar de uma palavra
irregular ou a existência de mais do que uma possibilidade para a representação de
determinado som, segundo as regras ortográficas, deixarão em aberto a necessi-
dade de uma confirmação. Nos alunos, essa consciência nem sempre existe, pelo
que é frequente, num único texto de um aluno, aparecer uma mesma palavra gra-
fada de formas diferentes. O professor deverá, por conseguinte, assegurar o acesso
à forma ortográfica correcta, a fim de promover o conhecimento do modo como a
palavra se escreve, designadamente nos casos de palavras irregulares, como
exame, em que o som [z] é grafado com a letra <x>. Todavia, o acesso à forma
ortográfica correcta não é suficiente para que a criança desenvolva uma represen-
tação gráfica estável da palavra. Esta tem de ser lida, grafada e activada um
número considerável de vezes. A frequência do contacto com a palavra e a activa-
ção reflectida permitem representações ortográficas estáveis.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Uma das limitações da via fonológica consiste no facto de nem sempre os sons da
forma fonológica encontrarem correspondência exacta na forma ortográfica. Para
além das palavras telefone e igreja, a que já nos referimos, pensemos também na
palavra muito. Nesta, a análise fonológica da maneira como normalmente é pro-
nunciada levaria à sua escrita como *muinto, ou seja, com um <n> para represen-
tar a nasalidade da vogal. Todavia, no caso desta palavra, dado o seu uso extrema-
mente frequente, com facilidade é criada uma representação consistente da mesma
no léxico ortográfico. Esta representação permite o abandono da via fonológica para
a sua grafia, que é produzida, em geral, correctamente. Estes casos de não corres-
pondência são mais frequentes, se considerarmos as diferenças entre a forma como
as palavras são frequentemente pronunciadas no dia-a-dia (por exemplo, [tl#f$n],
correspondente a telefone) e a forma como são representadas ortograficamente.
Outra limitação da via fonológica é o seu apoio na oralidade. As crianças que apre-
sentam problemas de linguagem oral tenderão a reproduzir na escrita os erros de
oralidade (ex.: escrevendo *prefessore porque dizem, de facto, *prefessore em vez
de professor).
Uma outra limitação consiste no facto de, por si só, a via fonológica não permitir
alcançar a diferenciação, existente na escrita, entre palavras homófonas (por exem-
plo, paço vs passo; conselho vs concelho; etc.). Na verdade, essas palavras têm a
mesma forma fonológica, o que pode conduzir a criança a escrever as duas da
mesma maneira.
A via lexical (ou ortográfica) é activada em relação às palavras com que já con-
tactámos e cuja ortografia fixámos. Assim, geralmente, as palavras muito frequen-
tes são escritas pela via lexical. Esta via permite-nos associar aos significados dife-
rentes as escritas diferentes das palavras homófonas, ou seja, leva-nos a ligar a
informação acerca da ortografia de cada uma delas à representação dissemelhante
que para elas já possuímos quer quanto ao significado, quer quanto a outras pro-
priedades combinatórias. No caso das palavras homófonas, para decidirmos qual a
palavra a usar, temos de ser capazes de proceder a uma análise das suas relações
sintácticas e semânticas em contexto de frase.
Por exemplo:
a hera (Nome, «planta trepadeira») vs ela era (Verbo, forma do verbo ser)
nós comemos (Pronome pessoal sujeito) vs a noz é dura (Nome, fruto)
o conselho não serviu de nada (Nome, vs o concelho do Porto (Nome, unidade
de «aconselhar») administrativa)
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
É também por meio da via lexical que fixamos a ortografia de palavras que apresentam
sons em contextos nos quais pode ocorrer a representação por mais do que um gra-
fema. Por exemplo: na palavra jibóia, o som inicial [%], atendendo apenas ao contexto
em que aparece, também poderia ser representado por <g>, como acontece em
gibão. O mesmo se passa com a escrita do som inicial de sino com <s> e não com
<c>. As razões, nestes casos, para a escrita com um ou outro grafema são de ordem
histórico-etimológica, que, de um modo geral, não se encontram disponíveis para os
alunos nos primeiros anos de escolaridade (e que, também elas, devem ser aprendidas
em associação a cada palavra ou família de palavras). Quando um aluno escreve
*cirene em vez de sirene, o seu problema é ao nível do domínio das convenções orto-
gráficas (de ordem histórico-etimológica) e não ao nível do domínio fonológico.
A via lexical é ainda a via que utilizamos para escrever as palavras irregulares. Por
exemplo, homem escreve-se com <h>, apesar de o [$] ser o som inicial; erva
escreve-se sem <h>, mas herbário já apresenta o <h> que existia no latim. Essas
irregularidades encontram as suas raízes na origem e na história (da ortografia) das
palavras na língua.
Tomemos novamente como exemplo a palavra, muito frequente, casa, cuja forma
fonológica e significado são conhecidos do aluno desde muito cedo. Ao surgir a
aprendizagem e o contacto com a sua forma escrita, a atenção deverá ser dirigida
para o facto de se escrever com <s> e não com <z>. O que dizemos para casa,
palavra extremamente frequente – dirigir a atenção do aluno para a forma como se
escrevem palavras que ele já conhece – pode ser aplicado em muitos outros casos.
Desta forma, o professor estará a promover a constituição do léxico ortográfico do
aluno.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
O facto de o acesso à forma ortográfica se poder processar pelas duas vias apre-
sentadas (fonológica e lexical) tem implicações para a acção do professor:
Em primeiro lugar, ele deve estar consciente da existência destas duas vias
e, perante uma dificuldade específica, deve ser capaz de:
i) analisar se o problema de escrita tem que ver com o facto de o aluno
não identificar todos os sons constituintes das palavras;
ii) analisar se o aluno, apesar de discriminar todos os sons constituintes
das palavras, tem dificuldades em identificar a(s) letra(s) que trans-
creve(m) esses sons;
iii) verificar se existe uma regra de correspondência som-grafia que possa
ser ensinada ou activada, ajudando a aluno a aplicá-la (ex.: uso do
<m> antes de <p> ou <b>; uso de <rr> entre vogais);
iv) verificar se pode activar regras ortográficas através da informação que a
derivação morfológica fornece (ex.: palavras da mesma família, infinitivo
dos verbos);
v) verificar se o domínio da ortografia da palavra implica a fixação na memó-
ria da forma ortográfica, recorrendo à via lexical (ex.: exame).
Em segundo lugar, na selecção das estratégias de ensino e/ou recuperação,
o professor deverá atender às dificuldades específicas que o aluno apre-
senta. O aluno pode sentir dificuldades no processamento por uma das vias,
mas a outra permanecer funcional, e pode mesmo acontecer que as duas
vias se encontrem afectadas16.
16
Não iremos aprofundar aqui o assunto relativo aos problemas específicos de aprendizagem da escrita/ortografia.
Diremos apenas que, para além das dificuldades naturais encontradas na aprendizagem da ortografia, a existência
de distúrbios nas vias de processamento referidas está na base das disortografias.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Quando o aluno não tem habitualmente contacto com registos mais formais, mas
apenas com as formas da oralidade corrente e, por vezes, com formas linguísti-
cas desviantes, típicas de estratos socioculturais desfavorecidos, a acção do pro-
fessor deverá passar por facultar ao aluno o acesso a registos mais cuidados e às
formas cultas; ao fazê-lo, estará também, na maior parte dos casos, a proporcio-
nar o acesso à forma tomada como referência para a ortografia. Entre as possibi-
lidades para proporcionar a descoberta dessa forma, encontram-se:
a sua realização pelo professor, que poderá ser mais ou menos enfática
para assinalar a presença de sons que nem sempre são ditos (por exem-
plo, em experiência, que muitas vezes é pronunciada como exp’riência,
pode ser colocada em realce a pronúncia do <e> a seguir ao <p>;
a separação das sílabas, pois, como as modificações características da
oralidade corrente têm geralmente consequências para o número e com-
posição das sílabas. A segmentação silábica, num discurso pausado, per-
mite reconstituir a forma mais cuidada, o que acontece com os exemplos
es-cre-ver ou ex-pe-ri-ên-ci-a;17
a consciencialização da existência de palavras que habitualmente se pro-
nunciam de uma forma muito diferente daquela como são escritas, a qual
poderá ser feita convidando os alunos a indicarem palavras do seu dia-a-
-dia em que tal acontece, elaborando-se uma lista. Nessa lista, poderão
incluir-se palavras como também, frequentemente pronunciada tamém,
está, pronunciada a todo o momento ‘stá ou ‘tá, etc., etc. Deste modo, de
forma dirigida, quer a ortografia quer a variação linguística ligada aos dife-
rentes registos estarão a ser alvo da aprendizagem.
Para realizar a sua acção, é, pois, essencial que o professor conheça a criança e o
seu modo de falar, em relação a características regionais e sociais, em relação ao
nível de desenvolvimento linguístico que possui e também em relação a caracterís-
ticas ou hábitos individuais que poderá apresentar.
17
Ver a brochura O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica.
59
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Intervir de forma eficaz nos problemas de ortografia exige que o professor avalie,
com rigor, a que nível se encontra a dificuldade ortográfica colocada pela palavra e
ainda não ultrapassada pelo aluno. Não chega dizer que uma criança tem proble-
mas de ortografia. As duas frases seguintes revelam dificuldades muito diferentes e
implicam intervenções também muito diferenciadas:
a) «a gosa vês dosa de sanora e salde de farotas»;
b) «Derepente a cirene do cuartel comessou a tocar».
A leitura da segunda frase não nos impede de perceber perfeitamente que palavras
a criança queria escrever. Nos erros apresentados, a criança efectuou uma conver-
são fonema-grafema que não está correcta, segundo a norma ortográfica, mas que
nos permite reconstituir a forma fonológica, pois os grafemas em causa represen-
tam os sons que pretendia transcrever. Porque se trata de casos em que existe
mais do que uma possibilidade para representar os fonemas em causa, a represen-
tação efectuada pela criança não corresponde à da norma ortográfica. Neste
segundo caso, falta ainda à criança fixar que de repente corresponde a duas pala-
vras gráficas, que sirene em relação ao som inicial [s] se escreve com <s>, quartel
com <q>, e o som [s] de começou com <ç>.
60
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
A partir de vários produtos dos alunos, sugere-se um registo, idêntico ao que apre-
sentamos, a partir do qual o professor deve proceder a uma análise e classificação
das alterações ortográficas.
61
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Exemplo de Registo
Nome: ________________________________________________________________________________________________________
Data Escreveu Devia ter escrito Data Escreveu Devia ter escrito
á à sonbra sombra
animale animal
Com crianças mais velhas (8-9 anos), esta estratégia permite que sejam elas pró-
prias a concluir em que tipo de palavras erram – o que pode originar um segundo
registo por tipologia – antecipando os erros e desenvolvendo estratégias de auto-
-regulação. Face a um registo deste tipo, uma criança de 4.º ano devolveu-nos a
sua conclusão dizendo «nunca sei se é ão ou am, nunca sei se os «mos» e os «ses»
são juntos ou separados… tenho duas palavras começadas por «ex» e eu escrevi
sempre eis18… e também me esqueço de alguns acentos…». Permite também selec-
cionar estratégias dirigidas para as dificuldades em causa, com economia de meios
e de tempo, e conduz a uma maior motivação e envolvimento dos alunos que se
vêem como parte activa no processo de recuperação.
18
Explicámos ao aluno que todas as palavras começadas por «eis» (oralidade) se escrevem sempre com ex, à
excepção da palavra EIS (Eis aqui o meu professor).
62
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Tendo em conta o que ficou dito acerca das vias de acesso à forma ortográfica e
das implicações para a acção do professor, apresenta-se de seguida uma sistemati-
zação de alguns aspectos implicados na aprendizagem da ortografia e que podem
ser tomados como base para a classificação das incorrecções e para o trabalho a
desenvolver com os alunos19.
As imagens que se seguem (Fig. 22 e Fig. 23) são exemplo destas dificuldades.
A Rita não consegue ainda identificar todos os fonemas das palavras a escrever e a
Bruna em apito produz inicialmente uma escrita silábica – ait – a que acrescenta
um O, depois de a professora responder a um colega que tinha perguntado se apito
se escrevia com O ou com U. Esta criança parece revelar dificuldades na percepção
do fonema [p] quando este não ocorre em início de palavra. Estas simples observa-
ções apontam já para um trabalho ao nível da consciência fonológica acompanhado
de escrita.
19
Esta proposta retoma a apresentada em Barbeiro (2007a e b).
20
Ver a brochura O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica.
63
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Figura 22 Figura 23
Perante esta categoria de incorrecções, surge a questão de saber qual deverá ser a
acção do professor. O treino da consciência fonológica, ou seja, da capacidade de
operar com as unidades sonoras da língua, constitui uma via de superação das
incorrecções integradas nesta categoria. Para além disso, poderá existir um traba-
lho de sistematização da aprendizagem de determinadas sequências sonoras/gráfi-
cas que colocam dificuldades, integradas em palavras. Deste modo, através do con-
tacto com essas palavras, mobilizar-se-á também a via lexical, reforçando o
processamento efectuado pela via fonológica.
21
Ver as brochuras O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica e O Conhecimento da Língua:
Percursos de Desenvolvimento.
64
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
No caso dos alunos que não têm o Português como língua materna e que ainda não
dominam o sistema fonológico da língua portuguesa, este tipo de incorrecções, liga-
das ao processamento dos fonemas, pode ser bastante frequente. Vejam-se, por
exemplo (Figura 24), as incorrecções apresentadas por um aluno do 4.º ano, em
que são visíveis também as interferências das conversões fonema/grafema da lín-
gua em que aprendeu a ler e a escrever (a língua inglesa).
Figura 24
Ao colocar em prática esta acção, o professor estará a focalizar a atenção dos alu-
nos na forma fonética das palavras, reforçando a sua consciência linguística.
65
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Estas regras ortográficas podem ter na sua base os seguintes aspectos: contex-
tuais, ou seja, relativos à combinação com outros sons; acentuais, ou seja, relati-
vos fundamentalmente à posição, tónica ou átona, em que se encontram.
66
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
67
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Não são previsíveis por regras — aprendizagem por via directa ou lexical.
Temo-nos vindo a referir a casos de regras que permitem decidir qual a ortografia
que deve ser adoptada para determinado contexto fonológico ou morfológico. No
entanto, nem sempre é possível recorrer a uma regra para decidir qual a grafia da
palavra. Nesses casos, a forma ortográfica da palavra em causa deve ser aprendida
pela via directa ou lexical, de forma a ser fixada e passar a fazer parte do léxico
ortográfico do aluno.
68
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
22
No novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, é estabelecido que os nomes dos meses e estações do ano
se escrevem com inicial minúscula.
69
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Para dominar a grafia de palavra, pode recorrer-se à via directa, reforçando a cons-
ciência das unidades em causa, enquanto palavras separadas ou enquanto uma
única palavra. Para o domínio da utilização do hífen, para além da via directa, pode
reforçar-se a consciência morfológica ligada às unidades em causa. A aprendizagem
explícita de algumas das regras, designadamente relativas à utilização do hífen na
composição e derivação, apresenta ainda dificuldades para este nível de ensino.
Um dos aspectos que deverá ser tido em conta é a distinção entre a divisão silábica
na vertente fónica e a divisão das palavras para efeitos de translineação. Assim,
para efeitos de translineação, existe a regra de separação das consoantes duplas,
23
Ver a brochura O Conhecimento da Língua: Percursos de Desenvolvimento.
70
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Outras regras da translineação que deverão ser objecto de aprendizagem por parte
dos alunos:
nas sequências <gu> e <qu>, o <g> e o <q> não se separam do <u>,
quer se trate de dígrafos, que representam os sons [g] ou [k], ou seja, dos
casos em que o <u> não se pronuncia, quer dos casos em que o <u> se
pronuncia: pe-gue, pe- queno, ambí- guo, averi- gueis, longín-quos, lo- quaz,
não se separam as vogais dos ditongos decrescentes: cadei- ra, entrinchei- rado,
enjau- lado, complica- ções;
as sequências de vogais que não pertencem a ditongos decrescentes sepa-
ram-se, se a primeira não for <u> precedido de <g> ou <q>,: ala- úde,
áre- as, co- ordenar, do- er, flu- idez, perdo- as, vo- os;
não se separam na translineação as consoantes dos grupos consonânticos for-
mados por uma consoante labial, labiodental, dental ou velar, seguida de <l>
ou de <r> (por exemplo, <bl>, <br>, <pl>, <pr>, <fr>, <fl>, <vr>, <tl>,
<tr>, <dr>, <cr>, <cl>; se se tiver de efectuar a divisão silábica nesse ponto
da palavra, as duas consoantes deverão passar para a linha seguinte: des-
blindar, cele- brar, du- plicação, im- provisar, in- fluir, ne- vrálgico,
a- tleta, des-truir, me- dronho, de- cretar, pro- clamar); deve ter-se em conta
que esta regra apresenta algumas excepções: no caso das palavras formadas
com prefixos que terminam em b ou d (ab-, ad-, sub-), a translineação
efectua-se separando as consoantes (ab- legação, ad- ligar, sub- lunar);
nas sequências de duas consoantes em que a segunda não é nem <r> nem
<l>, a segunda consoante passa para a linha seguinte: ab- dicar, op- tar,
af- ta, dis- ciplina, des- cer, ad- mirável, etc.
nas sequências de duas consoantes em que a primeira é <m> ou <n> com
a função de nasalar a vogal anterior, o <m> e o <n> permanecem junto da
vogal que nasalizam, separando-se da consoante seguinte: am- parar,
desen- formar, en- xame, etc.;
nas sequências de três ou mais consoantes, se existir um grupo formado
com <r> ou com <l>, este grupo deve permanecer junto, tal como estabe-
lecido na regra indicada acima, sendo a divisão efectuada antes deste
grupo: ex-plicar, in-cluir, ins-crição, subs-crever, trans-gredir, se não existir
um grupo formado com <r> ou com <l>, a divisão efectua-se antes da
última consoante: abs- tenção, disp- neia, inters- telar,
quando a translineação se efectuar num ponto da palavra em que existe um
hífen, o hífen deverá ser repetido no início da linha seguinte: ex- -alferes,
serená- -los-emos ou serená-los- -emos, vice- -almirante.
71
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
24
Em Mateus et al. (2006), poderão encontrar-se exercícios com imagens que colocam em oposição diversos
sons. Embora criados para alunos de Português Língua Não Materna, os materiais em causa seguem a mesma
estratégia.
25
Na brochura O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Fonológica, pode encontrar-se o quadro
de classificação dos sons da fala.
72
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Conjuntos de palavras
Objectivos: Desenvolver a competência ortográfica.
Desenvolver a capacidade de identificação de sons da fala e de
sequências de sons.
Materiais: Cartões com imagens de objectos; cartões com nomes dos
objectos.
Estratégias: Manipulação consciente.
73
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
1. O professor começa por chamar a atenção dos alunos para a forma como pro-
nunciamos determinadas palavras: ‘tá ou ‘stá por está; pa ou p’ra por para; etc.
2. Os alunos tentarão encontrar outras palavras que também sofram alterações
num registo menos cuidado. Se os alunos tiverem dificuldades em apresentar
novos exemplos, o professor poderá indicar palavras, ditas com uma pronúncia
cuidada, pedindo-lhes que indiquem como as dizem habitualmente:
experiência exp’riência
televisão tel’visão
telefone t’lefone
Filipe F’lipe
ministro *menistro
etc.
Formas populares
Objectivos: Desenvolver a consciência da variação linguística ligada a
camadas sociais.
Estabelecer relações entre formas de diferentes variedades
sociolectais.
Relacionar a forma ortográfica com variedades cultas.
Estratégias: Manipulação consciente.
74
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
O confronto com a norma deverá ser efectuado de uma forma explicativa que inte-
gre a variedade como uma das características da língua e não de um modo depre-
ciativo. Em relação à escrita, poderá ser colocado em realce o seu carácter formal,
cuidado e unificador.
Formas dialectais
Objectivos: Desenvolver a consciência da variação linguística ligada a
factores geográficos.
Estabelecer relações entre formas de diferentes variedades
dialectais.
Tomar consciência da maior ou menor distância da variedade
falada, em relação à forma ortográfica.
Estratégias: Manipulação consciente.
75
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
O carácter frequente de muitas destas palavras abre portas para que a sua forma
ortográfica seja aprendida por via lexical (segundo actividades que estarão em foco
na categoria E).
1. encontrar num texto formas que apresentem a terminação em causa: –ei ou –ou;
2. conjugar outros verbos, designadamente os que aparecem no texto, nesse
tempo e pessoas.
— <c> ou <qu>?
1. Dado um conjunto de palavras fornecido pelo professor, que podem estar escri-
tas numa folha ou em cartões, os alunos deverão proceder à sua separação em
dois grupos: um para as palavras em que o som [k] se representa por <c> e
outro para as palavras em que esse som se representa por <qu>.
2. Efectuada a separação, os alunos deverão dizer quando é que se escreve com
<c> ou com <qu>, extraindo regularidades.
3. Oralidade — O desafio seguinte consistirá em partir da oralidade, ou seja, o pro-
fessor dirá as palavras e solicitará aos alunos que indiquem se se escreve com
<c> ou com <qu>. Obtidas as respostas, confirmar-se-á na palavra escrita em
cartões, que o professor mostrará.
4. Em pequenos textos, dicionários ou livros, os alunos procurarão outras palavras
que se integrem num e noutro caso.
— <r> ou <rr>?
Um exercício semelhante poderá ser levado à prática para o caso mais complexo de
representação de [R] por <r> ou <rr>.
76
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Regras e exemplos
Objectivos: Desenvolver a capacidade de identificar contextos de aplicação
de regras.
Materiais: Cartões com as regras ortográficas; cartões com exemplos da
aplicação de regras.
Estratégias: Identificação, explicitação, tomada de decisão.
Num jogo simples, à semelhança do jogo da paciência, o aluno deverá associar uma
regra ortográfica a palavras em que a mesma se aplique.
Assim, incorrecções como *fomo por fumo, *somo por sumo não têm em conta
esta regularidade. A activação de um critério acentual por parte dos alunos, para
decidir a ortografia, pode revelar-se difícil. Contudo, é possível levar os alunos a
operarem com estes aspectos, uma vez que a distinção entre sílabas tónicas e áto-
nas constitui uma das competências a alcançar no 1.º Ciclo do Ensino Básico.
A capacidade de operar com estas propriedades acentuais pode ser também mobili-
zada na aprendizagem do contraste entre as formas verbais terminadas em –am vs
–ão, pois apresentam características acentuais diferentes (–am para as sílabas áto-
nas e –ão, no caso das formas verbais, para as sílabas tónicas).
77
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Copia para o teu caderno, as palavras em que a vogal da sílaba tónica é <u>.
Sublinha essa vogal com cor vermelha.
Repara agora nas palavras em que a vogal da sílaba tónica é <o>. Como se lêem essas
vogais? Copia também para o teu caderno estas palavras, formando dois conjuntos: as
palavras em que essa vogal se lê «ó» e as palavras em que essa vogal se lê «ô».
Copia para o teu caderno, numa coluna, as palavras em que a sílaba tónica é a
última (ou a única).
Como se escreve essa sílaba tónica?
Copia agora para o teu caderno, numa outra coluna, as palavras em que a sílaba
tónica é a penúltima.
Como se escreve a sílaba final, no caso destas palavras?
78
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Escreve no teu caderno novas palavras que também se escrevam com –o no final
que se leia «u».
26
Numa fase posterior, poderá ser explorado o carácter átono desta vogal, em contraste com o carácter tónico
de grafias com <u>: o peru, o tatu, o canguru; note-se que esta característica tem consequências para a pró-
pria pronúncia; o facto de o <o> não representar o som [u] tónico, como vimos antes, leva a que, se esti-
vesse escrito com <o> final, a sílaba tónica seria a anterior.
79
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Escreve no teu caderno formas das seguintes palavras (verbos), que também se
escrevam com –o no final e possam ser antecedidas por «eu»:
Escreve no teu caderno as formas das seguintes palavras (verbos), que também se
escrevam com –ei no final e possam ser antecedidas por «eu»:
Que conclusão podemos tirar quanto à forma como se escrevem estas palavras no final?
80
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
«Olha-se» ou «olhasse»?
Observa as frases seguintes:
81
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Deve ter-se em conta que nem todas as palavras, mesmo sendo difíceis, beneficiam
da técnica da lista de palavras difíceis. Por exemplo, no caso do contraste entre
olhasse e olha-se, o trabalho sobre apenas uma delas por meio da sua integração
nas palavras difíceis poderia trazer o risco de reforçar o uso dessa forma, em subs-
tituição da outra. Nesse caso, justifica-se a mobilização de informação morfológica
ou, como vimos, uma análise contrastiva, destinada a colocar em evidência as
características diferentes de uma e de outra, designadamente quanto aos aspectos
morfo-sintácticos.
82
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
As listas serão completadas, à medida que os alunos vão encontrando novas palavras
que correspondam às características em causa. Estas listas poderão ser elaboradas
no caderno e também afixadas na sala.
83
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Esta técnica constitui uma estratégia proposta nas orientações para a aprendiza-
gem da ortografia do inglês, um idioma de escrita pouco transparente, que exige,
em muitos casos, a aprendizagem por via lexical. Dirigindo a nossa atenção para as
estratégias ligadas a esta via, podemos retomar aqui esta técnica, pelas potenciali-
dades que apresenta.
1. Os alunos deverão encontrar num texto ou livro que se vai folheando palavras
com acento gráfico e escrever essas palavras no caderno. O registo no caderno
deverá ser efectuado por tipos de acento (agudo, grave, circunflexo).
2. Em relação às palavras encontradas, o professor deverá conduzir a reflexão
visando a explicação ou justificação para a presença do acento gráfico. Mesmo que
não se chegue à formulação de uma regra, os alunos deverão desenvolver a sensi-
bilidade para os efeitos na leitura da presença ou ausência do acento gráfico.
Obs.: A reduzida frequência do acento grave (que surge apenas nas contracções da
preposição a com as formas femininas do artigo definido a, as — à, às — e nas con-
tracções da preposição a com os demonstrativos aquele, aquela, aqueles, aquelas e
aquilo — àquele, àquela, àqueles, àquelas, àquilo) deverá tornar-se evidente e a
actividade constituirá uma oportunidade para o aluno tomar consciência da utiliza-
ção do acento grave nestes contextos específicos.
84
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Tal como já ficou expresso, para além dos cartões que o professor disponibilize ini-
cialmente, os alunos poderão ir construindo novos cartões ao longo do tempo, à
medida que vão encontrando novas palavras com acento gráfico.
1. Numa primeira etapa, pretende-se que os alunos tomem contacto com um con-
junto alargado de palavras que constituam um exemplo da aplicação de uma
regra de acentuação gráfica, para que cheguem à generalização da mesma. Por
exemplo: palavras graves terminadas em –vel.
1. Esse contacto poderá ser obtido à medida que se vão tirando cartões com as pala-
vras e observando a sua forma, designadamente a presença do acento gráfico.
2. Num segundo momento, poder-se-á formular a regra e confirmar o seu carácter
geral, por meio da pesquisa de novas palavras e verificação da ortografia em
dicionários, prontuários, dicionários de rimas ou terminações de palavras.
3. A actividade pode também dar lugar ao jogo de paciência, para associar regras e
casos ilustrativos.
Exemplos de regras.
— Levam acento agudo as palavras terminadas em -vel
— Levam acento agudo as palavras que terminam nos sons á [a], é ['], ê [e],
ó [$], o [o]
— Levam acento agudo as palavras agudas com mais de uma sílaba termina-
das em –ém.
— Levam acento agudo as palavras agudas terminadas nos ditongos –éu, –éi, –ói.
— As palavras esdrúxulas levam acento gráfico.
85
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Repare-se que o percurso traçado coloca em evidência que não se pretende que os
alunos partam da memorização da regra, mas antes que consigam construir gene-
ralizações a partir da observação de dados, testar essas generalizações e serem
capazes de as reactivar perante novos dados.
O acento perdido
Objectivos: Tomar consciência da alteração de acentuação fónica e gráfica
nos advérbios em –mente e sufixos iniciados por –z… (–zinho,
–zito,…).
Materiais: Palavras acentuadas graficamente e a partir das quais se possam
formar advérbios em –mente, outras palavras derivadas com
sufixos iniciados por –z….
Estratégias: Reforço da atenção prestada à acentuação gráfica; explicitação.
Escreveste com acento ou sem acento? Se escreveste com acento, está errado.
Por que razão as palavras da segunda coluna devem perder o acento?
Sublinha a sílaba tónica das palavras da primeira coluna.
Sublinha a sílaba tónica das palavras da segunda coluna. Onde é que passou a
estar a sílaba tónica?
Repara agora no novo conjunto de palavras e escreve na segunda coluna palavras
da mesma família terminadas em –zinho/a:
café cafezinho
herói
só
Escreveste com acento ou sem acento? Se escreveste com acento, está errado.
Já és capaz de dizer por que razão as palavras da segunda coluna perderam o acento?
Sublinha também as sílabas tónicas das palavras da primeira e da segunda colunas.
O que aconteceu?
Em relação às palavras da primeira coluna, verifica se podes formar palavras termina-
das em –zito/a; –zeiro/a; –zada e escreve-as numa nova coluna. Verifica a ortografia.
Que conclusões podes tirar, em relação às palavras que têm acento, quando se for-
mam novas palavras terminadas em -mente, ou em sufixos iniciados por –z, como
–zinho, –zito, etc.? Encontra novos exemplos.
86
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
1. Depois de terem escrito uma primeira versão de uma história, os alunos irão efectuar
alterações (pode ser exigido um número mínimo de três alterações), que afectem a
utilização de maiúsculas iniciais. Poderão, designadamente: i) introduzir ou eliminar
nomes próprios; ii) subdividir períodos longos em períodos mais pequenos.
2. Efectuadas as alterações, apresentá-las-ão ao professor e aos colegas, explici-
tando e justificando as mudanças.
3. Poderá ser submetida à apreciação do próprio e dos colegas qual a melhor ver-
são, do ponto de vista da expressão linguística.
87
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Hífen (ênclise)
Objectivos: Dominar a utilização do hífen na conjugação pronominal (casos
de ênclise).
Materiais: Frases para substituição de constituintes por pronomes clíticos.
Estratégias: Consciencialização; explicitação; reconhecimento visual.
Explica a diferença entre o que acontece ao pronome nas frases das duas colunas.
88
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Prática
Análise de produções
Objectivos: Professor:
Analisar as incorrecções ortográficas dos alunos, na perspectiva
do processamento efectuado.
Fundamentar estratégias e actividades no tipo de incorrecções
ortográficas encontradas.
Objectivos: Aluno:
Activar alternativas de representação gráfica.
Desenvolver a capacidade de comparar formas escritas.
Desenvolver a capacidade de encontrar razões para as
incorrecções ortográficas.
Materiais: Textos dos alunos.
Estratégias: Análise, explicitação.
89
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Figura 25
Na análise do primeiro nível, estão em causa relações de superfície que podem ser
descritas através das operações básicas de adição, queda ou omissão, deslocação e
substituição de grafemas (letras). Para a análise do segundo nível, podemos tomar
como base a tipologia apresentada, embora nem todas as categorias estejam formu-
ladas numa perspectiva explicativa; na segunda parte, as categorias remetem não
para as relações entre letras, mas para domínios da representação ortográfica que
autonomizámos, dada a sua visibilidade no ensino-aprendizagem (acentuação, utili-
zação do alfabeto maiúsculo e minúsculo, unidade da palavra e translineação),
sendo necessário complementá-las com a reflexão na vertente explicativa.
Deve ter-se em conta que a inclusão numa determinada categoria não é absoluta,
mas depende da forma como as palavras são pronunciadas e dos aspectos que
podem ter sido mobilizados para a sua produção. O trabalho directo, na interacção
com o aluno deverá esclarecer qual a causa mais próxima, isto é, qual o ponto de
partida e qual o processamento que está a ser efectuado por determinado aluno. Na
sua análise, considere o caso concreto dos seus alunos, ou seja, as características
dialectais da região em que vivem, a forma como pronunciam as palavras na orali-
dade corrente, eventuais características de fala específicas de um aluno, etc.
90
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Quadro 5
Forma Análise
Incorrecção Tipologia Comentários
correcta superfície
e é Falta de acento Acentuação (falta de – integra-se na regra de acentuação das palavras oxítonas;
agudo acento agudo) – sendo uma palavra muito frequente, reúne as condições para a mobilização da via lexical;
– pode ser explorado o contraste na leitura com e [i].
Coando Quando Substituição (de Forma ortográfica – provavelmente, o aluno não terá consciência da forma homófona coando, mas ela
<Qu> pelos específica da palavra mostra que a representação é possível para a mesma forma fonológica;
grafemas – é também uma palavra muito frequente, pelo que se deverá efectuar a focalização da
<Co>, que atenção na sua forma ortográfica, activando a via lexical.
também
representam os
sons em causa)
Intreio Entrei Substituição (de <I> por <E>: ou Inc. i) <I> por <E>: Será uma falha de transcrição se a criança pronunciar [e( ], transcrevendo
<E> por <I>); de transcrição ou <In>; corresponderá a uma transcrição da oralidade se pronunciar [ l( ], como acontece
adição de <o> transcrição da oralidade com frequência nas variedades populares; no primeiro caso, será necessário trabalhar a
no final corrente. distinção entre os sons [e( ]-[ l( ]; no segundo caso, será necessário reforçar o acesso à forma
Adição de <o>: Inc. de de referência do Português padrão [e( ], para o que a própria grafia constituirá uma ajuda.
transcrição ii) Adição de <o>: altera-se a sequência de sons; analisar com o aluno a própria forma
fonológica.
nósa nossa Adição de Inc. de acentuação (adi- i) A inc. de acentuação poderá ser devida à pronúncia da vogal aberta; reflexão: observar
acento agudo; ção de acento agudo) outros casos desta vogal aberta em palavras graves (paroxítonas) sem acentuação grá-
queda da letra Inobservância da regra fica; reforçar a aprendizagem por via lexical, favorecida por se tratar de palavra fre-
<s> no dígrafo fonológica contextual: quente;
<ss> entre vogais o som [s] ii) <s> por <ss>:
não é representado por por via fonológica, pode trabalhar-se a regra ortográfica;
<s>, mas tem de por via lexical, pode fixar-se a forma ortográfica.
representar-se por <ss>
ou <ç> (ou por <x>,
nalguns casos menos
frequentes)
ficai fiquei Substituição de Transcrição da oralidade Na região geográfica do aluno, segue-se a pronúncia [")] para este ditongo <ei>, daí
<e> por <a> (zona de Leiria) e por que o aluno recorra ao grafema <a>, representação habitual de [")] .
isso <c> antes de a e A acção a realizar poderá conjugar a vertente morfológica (neste caso o paradigma da
não <qu> (a cr. está a 1.ª conjugação, no pret. perf., 1.ª pessoa) com a aprendizagem por via lexical, uma vez
aceder à via fonológica) que a fonológica activará a forma [")].
prefessora professora Substituição de Transcrição de forma da A realização da vogal átona [u] como [z] (e também a sua queda) ocorrem num registo
<o> por <e> oralidade corrente, que aqui mostra consequências para a ortografia.
Deverá assim ser trabalhada a própria forma fonológica, dando acesso à forma de referência
cuidada; a ortografia e o reforço pela via lexical apoiarão a própria forma fonológica cuidada.
deunos deu-nos Falta de hífen Inobservância da uni- Podem conjugar-se a mobilização da informação morfológica para o reconhecimento e
dade gráfica da palavra aprendizagem da posição do pronome pessoal (ênclise) e o trabalho da via lexical.
(hífen)
fisto visto Substituição de Inc. de transcrição A incorrecção aponta para a possibilidade de não estar completamente dominada a dis-
<v> por <f> criminação entre [v], vozeado ou sonora, e [f] não vozeada ou surda. Deverá trabalhar-se
a própria forma fonológica (oposição /v/-/f/) e verificar se a incorrecção ocorre noutros
casos semelhantes.
comtantas com tan- Junção de pala- Inobservância da uni- A junção destas palavras pode ser objecto de um trabalho:
tas vras dade gráfica da palavra – na vertente fonológica, reforçando a consciência da existência de duas palavras que
(junção de podem ser separadas e substituídas autonomamente;
palavras) – na vertente lexical, associando à forma fonológica a representação ortográfica.
muintas muitas Adição de <n> Transcrição da oralidade A adição de <n> deve-se à nasalidade com que a palavra é correntemente pronunciada.
– pela via fonológica, poderá reforçar-se a pronúncia sem a nasalidade de <ui>, para
reconstruir a forma fonológica que serve de referência à ortografia;
– pela via lexical, poderá fixar-se a forma ortográfica.
estoria história Omissão de Forma ortográfica i) Partimos do princípio de que a criança está a tentar escrever história e não a forma
<h> e substi- específica da palavra (por vezes adoptada) estória (em que só existiria a falta de acento). Assim sendo, a
tuição de <i> Acentuação omissão de <h> remete para um trabalho de fixação da ortografia por via lexical;
por <e>; quanto à substituição de <i> por <e>, dado a inconstância na pronúncia de <e> em
Falta de acento posição inicial (frequentemente pronunciado como [i], por exemplo, em eléctrico, tam-
agudo bém se pode remeter para a aprendizagem por via directa.
ii) a aprendizagem por via lexical favorecerá que se ultrapasse a incorrecção de acen-
tuação; este caso integra-se na regra de acentuação das palavras proparoxítonas
(aparentes) podendo beneficiar de um trabalho alargado e sistematizado sobre outras
palavras com estas características.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Outras actividades
Observe o texto (Fig. 26) e o registo (Fig. 27) que se seguem. Tente descobrir
eventuais razões explicativas para os erros registados, de acordo com a tipologia
anteriormente apresentada. Não se limite a procurar relações de superfície entre a
forma incorrecta e a correcta (supressão ou adições de letras, trocas, mudanças de
posição, etc.), mas tente encontrar categorias que se aproximem do processamento
efectuado pelo aluno, isto é, tente levantar hipóteses explicativas para cada erro27.
27
Para um mesmo erro, pode considerar várias hipóteses explicativas, que depois deverão ser testadas através
de pedidos de escrita de palavras que partilhem os mesmos segmentos problemáticos, de explicações dadas
pelas crianças, de análises da oralidade, etc.
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A Competência Ortográfica
Figura 26 Figura 27
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A Competência Ortográfica
3.4.1. A cópia
No caso da cópia, pode parecer que a sua realização vai contribuir, de imediato,
para a aprendizagem, designadamente por via lexical ou visual, pois o aluno
deverá escrever as palavras que vê (lê) no texto original. No entanto, observa-se
que a leitura não é processada palavra a palavra, mas que ao escrever o aluno vai
operar com unidades sintácticas e de significado maiores que a palavra. Por conse-
guinte, não realiza a todo o momento o confronto com o original, mas serve-se
sobretudo dos seus próprios meios, ou seja, vai escrever as palavras a partir da
activação das vias que domina, quer fonológicas, quer lexicais. O resultado é que a
consolidação que se esperava pode não acontecer de forma tão linear e o aluno
continue a produzir vários erros na cópia, apesar de a palavra correcta estar ao
alcance dos seus olhos.
Considerando que a cópia consiste numa reprodução (manuscrita ou por outro meio)
do texto original, uma possibilidade de tirar partido desta actividade é inseri-la numa
situação em que essa reprodução cumpra uma função clara para o aluno.
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A Competência Ortográfica
Cópia funcional
Objectivos: Desenvolver a competência ortográfica.
Integrar o exercício de cópia num contexto funcional.
Materiais: Textos para copiar, inseridos na aprendizagem que está a ser
desenvolvida na turma.
Estratégias: Cópia de textos; utilização funcional.
Cópia e reescrita
Objectivos: Desenvolver a competência ortográfica.
Integrar o exercício de cópia numa actividade de reescrita.
Materiais: Textos para reescrita.
Estratégias: Cópia de textos; reescrita segundo indicações específicas.
28
Actividade que retoma a proposta do Prof. António Fraga.
http://blogs.esel.ipleiria.pt/interescolas/files/2008/03/a-aula-de-lingua-portuguesa_2ppt.pdf
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A Competência Ortográfica
3.4.2. O ditado
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A Competência Ortográfica
1. A tarefa será realizada por dois alunos: enquanto um dita, o outro digita o texto.
2. Ao longo da tarefa, os alunos que ditam irão assinalar ou tomar nota das pala-
vras nas quais foram sentidas dificuldades.
3. No final, esses casos serão objecto de análise com o professor e de atenção
específica por parte dos alunos que apresentaram dificuldades.
Continuar a história
O ditado para um grupo alargado de alunos pode ser conjugado com a tarefa de dar
continuidade a uma história.
1. Em vez de o professor distribuir uma folha com o início de uma história, para
que os alunos lhe dêem continuidade, pode ditar-lhes esse início. Antes, no
âmbito da preparação do ditado, poderá ter trabalhado a forma ortográfica de
determinadas palavras mais difíceis (as quais, no entanto, serão apagadas do
quadro, antes de se dar início ao ditado).
2. Após a conclusão da parte ditada, proceder-se-á à verificação/confirmação da
ortografia; essa verificação poderá ser individual, por parte do professor, mas
também pode ser parcialmente feita em grupo, através da escrita no quadro das
palavras em causa por parte de alguns alunos.
29
Atente-se nos títulos e surgirá de imediato a diversidade das propostas: ditado a pares, ditado de secretário
(reescrita de um texto a partir da tomada de notas tomadas durante a sua audição), ditado de memória (ditado
de um texto disponibilizado no verso da folha para preparação, durante a realização do ditado a folha é
dobrada, sendo novamente desdobrada para a auto-correcção), ditado-redacção colectivo e ditado colectivo
(construção de textos, a partir de frases propostas ditadas entre os colegas), meio ditado (ditado conjugado
com a reformulação do texto que se dita), ditado fonético (ditado de palavras difíceis, desconhecidas dos alu-
nos, que o professor repete), ditado telegráfico (ditado com supressão das palavras gramaticais, que os alunos
tentarão reconstituir), ditado para modificar (ditado em que o aluno deverá, de imediato, proceder a determina-
das alterações, por ex., singular para o plural, etc.), ditado cantado (Cassany et al., 1998); ditado preparado,
ditado consulta (ditado sem preparação específica, mas com possibilidade de consulta a recursos diversos, após
a sua realização, para desfazer dúvidas), ditado com gravador, ditado de palavras (difíceis), autoditado (escrita
de um pequeno texto, quadra, canção, etc., anteriormente memorizado), ditado sem palavras (reconstrução de
frases, a partir da representação espacial da dimensão das palavras (Camps et al., 2004).
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
Uma reserva que tem sido apontada, quer à cópia, quer ao ditado, consiste no facto
de, no formato tradicional, não se focalizarem nas dificuldades ou problemas ortográ-
ficos efectivamente experimentados pelos alunos. Para ultrapassar esse aspecto, têm
sido apresentadas propostas específicas, como o trabalho prévio sobre determinadas
palavras que se considera apresentarem maiores dificuldades, o seu registo em
inventários de dificuldades, etc. Entre as actividades propostas, encontra-se a activi-
dade de leitura-ditado, que estabelece a ligação entre o ditado de palavras mais difí-
ceis e o interesse que pode vir da leitura (Femia Godoy, 2000).
1. Escolha de um livro agradável para extrair os textos em relação aos quais serão
realizados os ditados. Os livros poderão ser escolhidos com o contributo dos pró-
prios alunos.
2. O professor lê em voz alta o texto e repete duas vezes as palavras que propõe
para serem escritas, por pertencerem ao vocabulário adequado ao nível dos alu-
nos e por apresentarem dificuldades ortográficas.
3. Os alunos deverão escrever as palavras assinaladas pelo professor.
4. No final da leitura, o professor revela a ortografia correcta das palavras ditadas.
Cada aluno poderá descobrir quais são as suas falhas.
5. Na continuação da actividade, poderão ser realizadas actividades como as
seguintes:
— cópia das palavras após a leitura;
— elaboração no caderno de um pequeno inventário individual de dificuldades;
— inclusão das palavras em frases;
— indução da regra ortográfica eventualmente presente.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
À medida que umas palavras saem (por irem atingindo o nível de sucesso pré-
-estabelecido), outras vão entrando. O importante é que muitas palavras saiam.
Esta actividade, pela sua simplicidade e carácter sistemático, pode ser realizada em
casa.
(sirene) ☺☺☺☺☺
órgão ☺☺☺
(flauta) """"""""
obstáculo """
…
Figura 28
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A Competência Ortográfica
Aluno A
Um dia, uma cabra do mato contou a um leão seu amigo que um lobo lhe andava a fazer a corte e que a queria visitar.
— _____________________________________________________________________ ? — perguntou a cabra ao leão.
— ______________________________________________________ !
Aluno B
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.
2. Começa a ditar aquele que tiver o início do texto e dita até lhe aparecer a sua
primeira lacuna. O outro colega começa a ler e assim sucessivamente.
3. No final, cada aluno corrige o seu ditado a partir do texto do colega; ou cada
aluno corrige o que foi escrito pelo colega.
Este ditado reproduz uma situação real, já que muitas vezes queremos a letra de
uma canção e ela não vem escrita no manual que acompanha o CD ou cassete.
Para esta actividade, é bom escolher canções em que se repitam fragmentos e haja
espaço com música para que os alunos tenham tempo de ir escrevendo o que
retêm na memória.
100
O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
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Ver a brochura O Ensino da Escrita: A Dimensão Textual.
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A Competência Ortográfica
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O conhecimento da sequência de sons possíveis numa língua é, correspondentemente, designado por conheci-
mento fonotáctico.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
A Competência Ortográfica
O que surge de forma espontânea na escrita colaborativa pode ser procurado inten-
cionalmente na actividade designada por ateliês de negociação ortográfica, pro-
posta por Haas e Maurel (2006). A actividade é assim descrita:
Repare-se que estão integrados nesta actividade alguns dos aspectos a que nos refe-
rimos anteriormente: a focalização da atenção na forma escrita das palavras, a capa-
cidade de explicitação para os colegas dessa forma, das suas características, das
relações que estabelece com outras palavras e das próprias regras ortográficas.
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O Ensino da Escrita: Dimensões Gráfica e Ortográfica
Notas Finais
Notas Finais
À medida que o aluno vai evoluindo na expressão escrita, esta passará, por sua
vez, a exercer influência sobre a oralidade, designadamente quando os contextos
de utilização da linguagem oral são mais formais e exigem um maior apuro linguís-
tico. Por seu lado, a descoberta da necessidade de pronunciar as palavras de forma
mais cuidada, que é exigida em alguns contextos, constitui uma oportunidade para
o aluno perceber melhor as particularidades ortográficas das palavras. A influência
mútua entre o desenvolvimento da expressão oral e da expressão escrita irá pros-
seguir ao longo da escolaridade, permitindo alcançar novos níveis de desempenho,
que se apoiam, ainda, na reflexão metalinguística. O desenvolvimento desta capaci-
dade de reflexão sobre a língua pode começar a ser levado à prática desde cedo,
designadamente tendo por base os aspectos formais da escrita, quer gráficos, quer
ortográficos.
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