C1ma9 LM 001-384 MKT
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Maria Helena Webster (Coord.)
Auber Bettinelli
Camila Carrascoza Bomfim
Dafne Sense Michellepis
Stella Ramos
Tiago Luz de Oliveira
ISBN 978-85-10-09349-1 Ensino Fundamental – Anos Finais
Componente curricular: Arte
22-113220 CDD-372.5
1a edição, 2022
IV
Caminhos da arte: aprendizagem e ampliação
Uma das transições mais significativas na vida de uma pessoa é a da infância para a adolescência, momento
em que, na escola, os estudantes vivenciam diversos desafios, desde os individuais, como o desenvolvimento da
própria cognição, aos coletivos, envolvendo questões comportamentais e até mesmo organizacionais, quando
passam a ter contato com maior número de professores, por exemplo.
No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, o estudante vivenciou o estudo da Arte por meio de diferentes expe-
rimentações em processos criativos, que permitiram a apropriação dos elementos constitutivos das linguagens das
artes em diferentes materialidades. Naquele percurso, ele foi convidado a observar diversas manifestações culturais e
incentivado a pensar criticamente sobre elas, para sensibilizar-se na apreciação de seu próprio caminho em direção ao
processo de criação. A curiosidade, presente desde a primeira infância, ganhou mais autonomia, tornando-se elemento
motivador para investigações e pesquisas cotidianas, com o principal intuito de descobrir sobre si mesmo, sobre o
outro e sobre o espaço que ocupa.
A chegada no Ensino Fundamental – Anos Finais, por sua vez, representa a consolidação dessa autonomia
que, além de promover descobertas, passa a fazer com que o estudante seja capaz de propor, criar e transformar
habilidades fundamentais para o seu desenvolvimento no estudo de Arte.
É importante considerar, como professor, que as fases de desenvolvimento se diferenciam dentro da mesma
etapa. A chegada do estudante ao 6o ano representa a entrada em um universo ainda mais plural, no qual o
reconhecimento do espaço, das linguagens e do comportamento do grupo é fundamental para a construção da
identidade e da sensibilidade.
Nos anos seguintes, as vivências se intensificam, assim como a atuação no contexto em que se vive, ao
mesmo tempo em que ocorre o estabelecimento dos papéis individuais dentro dos grupos de pertencimento. A
apropriação das linguagens artísticas já indica preferências, gostos e estilos que impactarão, por sua vez, suas
interações com o espaço.
A progressão no desenvolvimento das linguagens artísticas – que terão continuidade no Ensino Médio,
quando as expectativas estarão centradas no estudante protagonista, tanto na criação quanto na apreciação da
Arte – está intimamente relacionada à forma como elas são apresentadas, propostas e desenvolvidas nos Anos
Finais. Assim, olhar para o planejamento, à luz da realidade e interesse de cada estudante, poderá favorecer seu
envolvimento com a arte na atualidade e a continuidade desse envolvimento em diferentes momentos da vida.
Diante disso,MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
os livros desta coleção estão organizados com o objetivo de contemplar todas as mudanças
DA EDITORA
pelas quais os estudantes DOalém
passam, BRASIL
de permitir que desenvolvam a compreensão dos pontos significativos
da arte em suas quatro linguagens – Artes Visuais, Dança, Música e Teatro – e de seu desenvolvimento como
forma de expressão em diferentes épocas.
O foco principal de abordagem está nos novos percursos e conexões na arte contemporânea, pois a partir
dessa perspectiva é possível ampliar as possibilidades de expressão dos estudantes como criadores em potencial,
exercitando a crítica, a autonomia e o protagonismo. A abordagem de tópicos, conceitos e outros se dá em espiral,
buscando que todos possam vivenciar esses aspectos em diferentes momentos, oportunizando uma progressiva
maturidade dos estudantes.
Com isso, a organização da coleção possibilita, nos livros do 6º e 7º anos, o contato com os elementos bá-
sicos constitutivos de cada uma das quatro linguagens da Arte, abordando a importância do corpo como meio
expressivo nas diferentes camadas simbólicas das obras de artes visuais e de espetáculos de teatro, dança e
música. No 8º ano, o estudante pode experimentar os inúmeros espaços nos quais a arte se expressa – tanto os
físicos quanto os simbólicos –, compreendendo que a arte pode estar presente em todos os lugares. Por fim, no
9º ano, já se preparando para o Ensino Médio, ele amplia suas possibilidades de expressão por meio da tecnolo-
gia e do diálogo que ela propicia entre as linguagens artísticas. Neste livro, o estudante também vai conhecer as
profissões e os profissionais envolvidos nas produções artísticas e audiovisuais, incluindo as quatro linguagens,
suas fusões e os resultados da transdisciplinaridade.
V
Fotografias: Galeria Luisa Strina
Sentidos em construção
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Renata Lucas. Sala de aula I (onda). Cinco fotografias, dimensões variadas. São Paulo, 2005.
VI
A sequência de fotos que configura a obra Sala de aula, da artista Renata Lucas,
pode ser interpretada como uma metáfora para as próprias situações de ensino-apren-
dizagem que se deseja produzir em sala de aula. Observe as imagens com atenção
e verifique de que forma o seu repertório como docente é uma bagagem importante
para ativar a percepção desse trabalho. A leitura dessas imagens nesse início de jor-
nada é uma proposta prática de investigação sobre como nos relacionamos com os
conteúdos das aulas de arte ou como podemos agir em relação às proposições que
as manifestações artísticas podem mover em estudantes de diversas idades. Pode-
mos iniciar essa aproximação pensando no suporte desse trabalho. O formato em
que é apresentado nos instiga a questionar se a obra é a própria série de fotografias
que mostra uma ideia poética ou se as imagens fotográficas são apenas registros de
uma proposição artística que acontece em cinco momentos distintos. Qual das duas
abordagens você acredita que seja a mais acertada para entender essa sequência
de imagens?
A Arte é um campo de conhecimento que se refere a uma linguagem subjetiva e
é também expressão e reflexão, pois suas criações mobilizam sensibilidades, ativam
nossos sentidos e integram diferentes percepções. Sendo assim, as duas abordagens
podem ser consideradas pertinentes para esse trabalho. Ao analisarmos a situação
imagética apresentada na sequência de imagens, podemos atribuir à obra significa-
dos que se relacionam ao desenvolvimento de atividades com estudantes. O modo
como essa onda se forma até quebrar e se espalhar nos remete às dinâmicas que
pretendemos explorar ao longo do ano letivo. Renata interfere graficamente sobre
a imagem, movendo as carteiras de lugar enquanto altera os desenhos dos tampos
das carteiras e da lousa. Ao realizar essa ação, a artista usa uma imagem bastante
conhecida na história da Arte (A grande onda de Kanagawa, do artista japonês
Katsushika Hokusai, elaborada em 1831), dividindo a representação da onda em
várias partes e distribuindo-a sobre a superfície das carteiras. O movimento que
percebemos entre uma e outra fotografia também sugere o movimento do mar e,
MATERIAL
somado aos elementos DE DIVULGAÇÃO
comuns às salas de aula, nos provoca a refletir.
DA EDITORApodemos
Ao observar atentamente, DO BRASILperceber que tudo o que acontece na lousa
não está isolado nem começa apenas nela. A grande onda que se destaca nessa
área – para onde geralmente convertemos nossa atenção – é também formada na
superfície das carteiras distribuídas pela sala. Seu ápice acontece, justamente, com
a aproximação de todos os elementos que ocupam esse espaço. Ao se desmanchar,
a mesma onda se dilui por entre as carteiras que novamente se dispersam e abrem
espaços entre si. Você acrescentaria algum detalhe a essa descrição? Como ela espelha
uma visão sobre educação? Por uma perspectiva contemporânea, como educadores
em prática de ensino de arte, podemos compreender essa imagem para além de seu
sentido poético, mas também como uma representação de como podemos abordar
temas e experimentos com as linguagens da Arte em sala de aula. Ao possibilitar que
os conhecimentos sejam construídos em conjunto da turma, a docência deixa de ser
uma ação de exposição e explicação de conteúdo. Levando-se em conta os repertó-
rios de seus estudantes, a sala de aula se transforma em um local de participação e
protagonismo, que vai refletir e amplificar tais experiências para além da escola, em
aprendizagens que repercutem pela vida, como as águas que se espalham na última
imagem da sequência, para em seguida formarem uma nova onda em movimentos
cíclicos contínuos.
VII
Construindo caminhos pedagógicos
O título que Renata Lucas dá para as cinco imagens é revelador e possibilita uma leitura que reflete a dinâmica
em sala de aula. No contexto dessa coleção, essa imagem proporciona pensar a intrínseca relação entre o plane-
jamento pedagógico do professor, o desenvolvimento em conjunto dos estudantes e, ao mesmo tempo, o desen-
volvimento singular e a busca de novos caminhos a partir da proposta de imersão em temas e conteúdos da Arte.
Criar essa relação é o desafio das escolas. A transmissão tradicional e hierárquica do desenvolvimento da
arte não mais corresponde às expectativas do estudante. Propomos, assim, um caminho que pode ser realizado
em conjunto, mas resguardando as singularidades presentes na sala de aula. Em outras palavras, estamos falando
do ensino por projeto.
Se buscarmos a palavra “projeto” nos dicionários, encontraremos um significado relativo tanto ao que se
projeta, ou seja, o que é proposto (ou planejado para ser realizado), quanto aos caminhos possíveis de serem
percorridos para concretizar um objetivo. Esse movimento abre novos caminhos com muitas possibilidades de
construção a partir de um tema comum, que desperta diferentes interesses e preocupações.
A mudança aqui está na transformação de um planejamento metodológico, que antes seguia um método
preestabelecido para chegar a um objetivo (com acordos rígidos que apontavam apenas um caminho), em uma
proposta com potencial de pesquisa e investigação por diferentes abordagens.
Esse processo é iniciado com a escuta de como os estudantes percebem e se posicionam em relação ao que
é proposto. Essa primeira ação rompe com a “velha” proposta de o professor chegar com os conteúdos planejados
definidos, sem propostas de diálogo sobre eles.
Possibilitar ao estudante que perceba o significado de um conteúdo pressupõe um momento inicial para es-
cuta e diálogo, com tempo apropriado para a elaboração de processos de investigação e pesquisa a partir de um
ponto de vista, além do desenvolvimento propriamente dito. Essas são ações de um percurso que proporcionam
aprendizagens novas e valorizam o protagonismo do estudante por meio de descobertas coletivas, experimen-
tações, produções e criações em arte, gerando novos conhecimentos.
Mas onde está o espaço para o desenvolvimento de uma proposta em projeto? No desenvolvimento de um
projeto existem diferentes macroações: a discussão e a troca; o diálogo e a criação; e as investigações e as pes-
quisas. Assim, a sala de aula se transforma no lugar onde o compartilhar e o construir coletivamente acontecem.
Com isso, as investigações e as pesquisas são desenvolvidas a partir do envolvimento dos estudantes e seus
planos de investigação e testagem.
Projetos em Arte são propostas que partem de uma questão ou situação-problema e sempre têm dois objeti-
vos: primeiro, obter uma produção final; segundo, permitir o expressar-se e revelar a aprendizagem desenvolvida
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
a partir de uma ideia, um tema que vai orientar e dar sentido às ações desencadeadas, abrindo possibilidades para
DA EDITORA
expressões singulares. Esses DO
doisBRASIL
resultados ocorrem por contar com “a cumplicidade e o espaço” construído entre
os estudantes e entre os estudantes e o professor, provocando o surgimento de um ambiente de trabalho que
permite o desenvolvimento das competências gerais 2 – relacionada ao pensamento científico, crítico e criativo – e
3 – relacionada ao repertório cultural, a partir do
[...] diferentemente das árvores ou de suas raízes, o rizoma conecta um ponto qualquer com outro
ponto qualquer e cada um de seus traços não remete necessariamente de uma mesma natureza;
[...] Ele não tem começo, nem fim, mas sempre um meio pelo qual ele cresce e transborda.
(DELEUZE; GUATTARI, 2011, p. 43).
Com base na proposta desses filósofos, a educação e a elaboração de saberes foram se reconstruindo
de modo aberto, possibilitando ligações entre diferentes conteúdos, que devem ser considerados de forma
não centralizada e não hierárquica para garantir as múltiplas possibilidades de transitar entre vários pontos.
É possível afirmar que os dois filósofos prenunciaram o trabalho em rede, hoje tão comum nas conexões do
universo digital. Esse “novo pensar”, fortalecido pela internet, foi decisivo para a alteração de muitos processos
no ensinar e aprender.
IX
Assim, cada vez mais, a aprendizagem tem sido um território demarcado por encontros entre pessoas, entre
pessoas e ações formativas, entre pessoas e experiências vivenciadas e compartilhadas – e esses são apenas
alguns exemplos. Tais encontros geram situações de entrosamento e participação, nos quais todos têm seu
espaço de contribuição, reflexão, trocas e descobertas, de maneira similar às propostas de muitas obras de arte
contemporâneas.
Desse modo, trabalhar o conhecimento por meio dessas relações é fomentar o protagonismo do estudante
para que, imerso no mundo de informações infinitas disponíveis na rede, ele exerça um olhar panorâmico para
reconhecer um foco e “navegar” por diversos territórios.
Em outras palavras, é fundamental você ter como ponto de partida a escuta dos estudantes e as propostas
desenvolvidas para manter o foco no contexto da turma, além de observar como ampliar os sentidos, os proces-
sos e os impactos de suas proposições, provocando os estudantes a serem protagonistas de suas investigações
e a participarem em todas as etapas. A relação é de construção conjunta, com espaço para o protagonismo do
jovem nesse processo.
A BNCC coloca a importância de promover aprendizagens sintonizadas com as necessidades, as possibili-
dades e os interesses dos estudantes e, também, com os desafios da sociedade contemporânea. O documento
enfatiza a necessidade de considerar as diferentes infâncias e juventudes, as diversas culturas juvenis e seu
potencial de criar novas formas de existir.
Em um sentido mais amplo, a juventude é um momento na vida do estudante de descobertas, ques-
tionamentos e desafios em relação ao que acontece em seu entorno. Nesse contexto, ele busca se agrupar
em movimentos diversificados, de modo que se sinta representado em um coletivo e com possibilidade de
se localizar na sociedade. É comum escutar a expressão em relação a esses grupos e suas manifestações
como “tribos” – no sentido de tribos urbanas, expressão utilizada pelo sociólogo francês Michel Maffesoli
a partir de 1985, para designar microgrupos que têm como objetivo principal estabelecer redes de amigos
com interesses comuns.
A pesquisadora Paula Sibilia, no livro Redes ou paredes: a escola em tempo de dispersão (2012), coloca
a necessidade de uma nova forma de estabelecer acordos entre escola e estudantes, enfatizando que normas
rígidas preestabelecidas não são mais eficazes:
O que se verifica nos ambientes escolares e familiares da atualidade, entretanto, é que neles já não
é evidente o pleno vigor dessa norma: tornou-se necessário negociar constantemente as regras
que devem imperar em cada situação. (SIBILIA, 2012, p. 96).
MATERIAL
Essa situação expõeDE DIVULGAÇÃO
mais uma vez a necessidade de escutar o estudante, de dar a ele a possibilidade de
DA EDITORA DO BRASIL
se expressar, considerando, muitas vezes, esse conhecimento como o ponto de partida para a abordagem
dos conteúdos presentes nos planejamentos pedagógicos, como apresentado anteriormente. O estudante
traz em seu “drive” os aprendizados dos anos anteriores, as percepções do cotidiano e sua forma coletiva de
desenvolver pesquisas e investigações. Trabalhar em grupos nas investigações, como no desenvolvimento dos
trabalhos, no sentido coletivo, mas principalmente colaborativo, torna-se uma opção, principalmente para as
turmas mais numerosas.
Uma vez que os indivíduos não aprendem da mesma forma nem desenvolvem habilidades no mesmo perío-
do de tempo, quanto maior for a turma, mais estratégias diferenciadas precisarão ser mobilizadas para atender
todos estudantes e suas especificidades. Nesse sentido, é preciso propor atividades que se constituam como
desafios alcançáveis e, ainda, pensar e utilizar estratégias que permitam a superação de obstáculos e o avanço
nas aprendizagens. Além disso, possibilitar e incentivar a realização de atividades em sala de aula com os estu-
dantes organizados de formas variadas (ora individualmente, ora em pequenos grupos, ora em grupos maiores)
pode ser uma possibilidade interessante para dinamizar e personalizar as práticas pedagógicas de acordo com
as necessidades de cada um.
Um ponto importante nessa proposta de abordagem está na provocação e no questionamento, com perguntas
orientadoras, para que cada grupo de estudantes, em sala de aula, amplie suas reflexões, buscando entender o
porquê das decisões e como elas serão desenvolvidas. Muitas vezes, esse diálogo, que não tem formato avaliativo,
mas de estímulo, propicia descobertas de novos caminhos.
X
A cultura de paz e o combate ao bullying
Um cuidado necessário para a convivência respeitosa no ambiente escolar está em evitar situações de
violência psicológica ou física, como o bullying. O bullying é um ato contrário aos princípios éticos, solidários e
democráticos, o que o coloca como inadmissível no espaço escolar. Nesse sentido, a Lei no 13.185/2015 respalda
esse tema, classificando o bullying como um ato de intimidação sistemática:
[...] todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação
evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de inti-
midá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder
entre as partes envolvidas. (BRASIL, 2015, p. [1]).
Por ser essencialmente violento e contrário à paz, é fundamental promover debates e reflexões junto aos
estudantes, a fim de garantir um espaço seguro e propício para a educação.
Nos modos de interação e comunicação do grupo, a prática de bullying pode acabar sendo exercida por
um ou mais estudantes contra um ou mais colegas. Nessas situações, abre-se a oportunidade de observar se
estudantes que são silenciosos, que ficam retraídos, distantes física e intelectualmente do grupo, estão sendo
alvo de bullying de modo explícito ou velado. Caso isso aconteça, o indicado não é ignorar ou apenas repreender
o(s) autor(es) do bullying ou, ainda, fazê-lo(s) pedir desculpas à(s) vítima(s). Isso não é suficiente ou adequado.
Na situação de grupo operativo, a intervenção tem de ser imediata, para quebrar a dinâmica do bullying: autor-
-alvo-espectadores. Portanto, você deve intervir imediatamente, trazendo a conversa para as ações do projeto,
estimulando e valorizando a(s) fala(s) do(s) estudante(s) vítima(s) do bullying para elevar sua autoestima.
Além do bullying presencial, é importante destacar que existem também práticas de cyberbullying, realiza-
das nas mídias digitais. Ainda que seja mais difícil de identificar essa prática, segundo a Unicef Brasil ([2020]), o
presencial e o digital caminham quase sempre lado a lado. Assim, é provável que, caso algum estudante esteja
sofrendo esse tipo de abuso em sala de aula, isso pode se estender ao meio digital.
Dessa forma, é pela cultura da não violência que a escola se estabelece como um lugar de diálogo e com-
partilhamento, com práticas para a paz refletidas nas ações, nas regras para utilização dos espaços, no fazer
pedagógico. De acordo com a Unesco Brasil ([201-]), vista pelo ângulo da não violência, por meio da educação
é possível:
• aprender as nossas responsabilidades e obrigações, bem como os nossos direitos;
• aprender a viver juntos, respeitando as nossas diferenças e similaridades;
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
• desenvolver o aprendizado com base na cooperação, no diálogo e na compreensão intercultural;
DA EDITORA DO BRASIL
• ajudar as crianças a encontrarem soluções não violentas para resolverem seus conflitos e a experimentarem
conflitos utilizando maneiras construtivas de mediação e estratégias de resolução;
• promover valores e atitudes de não violência – autonomia, responsabilidade, cooperação, criatividade e
solidariedade;
• capacitar estudantes a construírem juntos, com seus colegas, os seus próprios ideais de paz.
A cultura da paz deve ser considerada como caminho e destino, isto é, como estratégia e objetivo da educa-
ção. Por meio dela, a escola pode ser reconhecida pelos estudantes como um espaço seguro e respeitoso para
sua formação, onde podem expor e construir suas identidades e projetos de vida.
Saúde mental
Além das competências gerais e específicas, a BNCC aborda também o desenvolvimento das competências
socioemocionais, as quais estão ligadas à importância de uma educação que entenda o ser humano na sua in-
tegralidade. Atualmente, observa-se um aumento nos relatos de crianças e jovens sobre suas dificuldades para
reconhecer e lidar com as formas de sentir, pensar e agir em relação a si e aos outros. Diante disso, é imprescindível
que a escola promova ações que permitam o desenvolvimento de competências de autogestão (foco, responsa-
bilidade, organização, persistência, autoestima) e a amabilidade (empatia, respeito e confiança).
XI
Formação de repertório
Como formar um repertório no dia a dia? Um filme, Essas três matrizes – familiar, local e global – com-
uma música, um livro, uma peça de teatro, um espetáculo põem um verdadeiro caleidoscópio de influências que
de dança, uma vivência em uma apresentação na rua, reforçam a necessidade da busca por uma identidade
uma situação vivenciada no cotidiano ou até mesmo por meio da qual seja possível exercer cidadania. Esses
observar a publicidade de um produto que se utiliza das três olhares, por meio dos quais devemos considerar
linguagens artísticas pode nos fornecer novos dados o panorama de vida dos jovens, são abordados nessa
sobre um assunto. Assim, o que lemos, presenciamos e coleção.
participamos torna-se significativo se nos permitirmos Mas por que o repertório é tão importante? Bem,
envolver, compreender e sentir o que foi vivenciado. porque é a partir dele que começamos a elaborar nos-
Tudo que nos acompanha desde a infância, como as sas próprias associações!
brincadeiras, a cultura familiar e do contexto em que Se a “pasta” permite armazenar e, ao mesmo
vivemos e as narrativas que construímos a partir dos tempo, disponibilizar, significa que é necessário pra-
livros de histórias que foram lidos, constituem a baga- ticar sempre essas duas funções, de modo similar à
gem que construímos ao longo dos anos. prática de exercícios físicos – é na continuidade que se
Esse conjunto de elementos forma o repertório ganha massa muscular. Assim, é na continuidade de
de cada um e tem similaridades com uma “pasta de abastecimento do repertório que se ganha conhecimen-
arquivos digitais”, na qual as experiências, vivências e to. E é fundamentalmente por meio da continuidade e
aprendizados são arquivados de forma dinâmica, pois da constância na ação de mediar a construção do re-
ficam, ao mesmo tempo, armazenados e disponíveis pertório dos estudantes que você os levará, individual
para novas conexões individuais ou simbólicas, o que e coletivamente, a serem protagonistas do processo
permite novos acessos, edições, transformações e res- de aprendizagem. As atividades de campo propostas
significações em novas experiências. nas trilhas contribuem e ampliam as possibilidades de
Um desses “arquivos” é o que traz as referên- construção do repertório do estudante.
cias familiares, principalmente no que diz respeito aos
costumes e saberes transmitidos e potencializados de Um processo constante
geração a geração. Esses saberes incluem as matrizes
Como educadores, sabemos que o fazer do estu-
étnicas e culturais, formando uma rede de conheci-
dante é um processo. Mas por que focar o processo?
mento. Uma vez que as famílias vivem em comunidade,
O fazer da arte é naturalmente investigativo e
elas são também transmissoras e receptoras de novas
referências – MATERIAL DE DIVULGAÇÃO nasce em propostas de projetos cujo resultado são
que se tornarão novos repertórios.
novas descobertas, ou seja, é um caminho singular que
DA EDITORA
Outro “arquivo” DO BRASIL
que dialoga com o “arquivo fa-
nasce na proposta acordada, segue pela investigação
miliar” é o formado pelas experiências do dia a dia,
e pesquisa e chega a um maior número de possibilida-
delimitando um contexto local. Ele é formado por tudo
des de expressão – e não um método confortável, sem
que é investigado, assistido, lido, ouvido e presencia-
desafios para a confirmação de um resultado muitas
do. Todo esse conjunto deixa marcas significativas na
vezes já conhecido.
maneira de ser e pensar do indivíduo e traz detalhes
Sobre a criação, e em relação aos diferentes per-
expressos nas alegrias e tristezas, nos medos, nos de-
cursos a serem percorridos, a pesquisadora Cecilia
sejos e expectativas – são as particularidades de cada
Almeida Salles coloca que
momento vivido.
Nos dias atuais, há uma avalanche de informa- [...] a continuidade do processo, aliada à
ções e conceitos trazidos pela globalização. Acessá-los sua natureza de busca e de descoberta,
amplia o conteúdo da “pasta” e, ao mesmo tempo que leva-nos a encontrar formulações novas,
derruba fronteiras culturais no acesso a tecnologia por trazidas por este elemento sensorial do
diversas mídias, também pode ampliar o sentido de de- pensamento, ao longo de todo o processo.
sorientação num momento delicado da vida dos jovens [...] A obra não é fruto de uma grande ideia
estudantes, diante de uma sociedade que depara com localizada em momentos iniciais do pro-
a urgência por soluções que envolvem novas visões cesso, mas está espalhada pelo percurso.
de mundo. (SALLES, 2006, p. 30).
XII
No texto crítico De onde vêm as ideias, a artista são desenvolvidos. A ampliação do repertório nasce
Leda Catunda afirma que e se fortalece nas pesquisas, ao observar soluções
encontradas pelos artistas. Não se trata de copiar
As ideias vêm de uma camada fininha e
produções, mas de criar inspirações e possibilidades
transparente que paira por sobre as cabe-
de caminhos que fortaleçam a imaginação e ampliem
ças, não só dos artistas, cientistas e filósofos
as referências visuais, teatrais, musicais ou de dança
como também de todas as pessoas do pla-
dos estudantes.
neta. Como um vasto mar onde, oscilando
Buscando unir os tópicos colocados até agora, e nos
em intensidade e qualidade, misturam-se as
valendo das colocações de Martins, Picosque e Guerra,
ideias boas com as ruins e as neutras tam-
acreditamos que o estudo da criação e investigação em
bém. (CATUNDA, 2018, p. [1]).
arte a partir de projetos e práticas
Para ela, essa camada seria formada pela união do
[...] pode oferecer a compreensão sobre o
senso comum, do inconsciente coletivo e de subjetivi-
percurso criador que envolve projetos, es-
dades, pontuando que o desejo é a base da criação. A
boços, estudos, protótipos, diálogos com a
artista também coloca que compartilhamento e con-
matéria, tempo de devaneio, de vigília cria-
sulta são as vias de acesso, explicando que o compar-
tiva, do fazer sem parar, de ficar em silêncio
tilhamento acontece
e distante, de viver o caos criador. (MAR-
[...] quando há identificação com o que as TINS; PICOSQUE; GUERRA, 2009, p. 192).
outras pessoas pensam. E consulta, em
De acordo com as autoras, a criação artística en-
momentos nos quais é preciso solução que
volve aprendizagem e, dessa forma,
se nos apresente na forma de uma nova
ideia. É necessário alcançar um determina- [...] todo fazedor de arte se forma traba-
do estado de espírito e sintonizar a mente lhando em processos de criação, com as
para estabelecer uma conexão. Não há uma informações, deformações e formações que
fórmula única, mas todas levam consigo os atos de criação propõem durante a pro-
doses variadas de angústia, necessida- cura incansável de uma poética pessoal de
de e vontade. Como bem ilustram casos tal forma que, enquanto a obra se faz, se
científicos como o da maçã que caiu na inventa o seu próprio modo de fazer. (MAR-
cabeça de Isaac Newton ou da descoberta TINS; PICOSQUE; GUERRA, 2009, p. 192).
do princípio de Arquimedes, que encon-
Para que todas essas colocações sejam mate-
trou solução ao reparar no deslocamento
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO rializadas, será interessante que diversos recursos
d’água provocado por seu próprio corpo
DA EDITORA DO BRASIL
na banheira. Saiu nu pelas ruas aos gritos
sejam utilizados no acesso a produções artísticas,
como a exibição de vídeos, de imagens em slides, o
de Eureka!; “encontrei”, em grego, até hoje
acesso a livros e catálogos de arte, a pesquisa com o
expressão comumente utilizada para um
celular, computador, tablet, entre outras possibilida-
achado fabuloso. (CATUNDA, 2018, p. [1]).
des de ampliação de repertório cultural. Essa fruição
Essas questões significam desafios? Sim, e muitas permite ao estudante a percepção de como, na arte,
vezes vêm acompanhados do receio de se expressar, foram encontrados caminhos para processos não
do medo do julgamento em relação à própria produção estereotipados.
e de outras emoções que podem inviabilizar o proces- Nesse percurso, você pode orientar diferentes
so de criação. Esses obstáculos devem ser superados possibilidades na pesquisa, estimular a ampliação e
por meio do diálogo entre o professor e o estudante e a investigação, incentivar a experimentação de for-
somados à experimentação, que possibilita a união dos mas e materiais diferenciados e propor várias tes-
diversos elementos da linguagem em materialidades e tagens amplas ou pontuais no decorrer do processo
outros processos. Em síntese, um caminho construído de criação, participando assim do processo – com
coletivamente pode superar essas questões. interferências que não dificultam o desenvolvimento
Assim, o diálogo entre as investigações realiza- do estudante mas buscam contornar as dificuldades,
das e o repertório do estudante, abordado no item que muitas vezes travam o processo de pesquisa e
anterior, é inerente à proporção em que os projetos experimentação.
XIII
Conexões e estudante, que pode transitar por múltiplas percepções
e encadeamentos.
interdisciplinaridade As conexões que cada estudante estabelece entre
Compreendendo cada etapa do ensino como um as informações surgem segundo seu conhecimento e
aprendizado específico e, ao mesmo tempo, como “an- leitura de mundo, ou seja, de um olhar singular que ele
fitrião” dos aprendizados anteriores, além de um prepa- cria conexões com vários campos de conhecimento.
rador para os próximos, os dois últimos anos do Ensino Os múltiplos conhecimentos são similares aos múlti-
plos sons de uma orquestra, cada um emitido por um
Fundamental têm a missão de preparar o estudante
instrumentista, com alguns momentos solo, outros em
para o novo Ensino Médio, um ensino por área. Abordar
conjunto.
nos planejamentos pedagógicos a interdisciplinaridade
Pensando nessa comparação, surge a pergunta:
e a transdisciplinaridade já propõe unir conhecimentos
O que os une? A resposta poderia ser “o maestro”.
de mais um componente curricular, consistindo em uma
Porém, no período de isolamento social ocasionado
das ferramentas para esse olhar plural sobre cada um
pela pandemia de covid-19, muitas orquestras apre-
dos conteúdos.
sentaram, em diversas mídias, músicas gravadas por
Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade são
instrumentistas que estavam, cada um, em sua resi-
termos que têm sido bastante utilizados no cenário
dência – ou seja, muito distantes do maestro. Voltando
educacional. Sua necessidade, na produção e na so-
à pergunta “O que os une?”, a resposta é: a música a
cialização do conhecimento, vem sendo discutida por
ser tocada, que foi acordada previamente.
vários autores. Há muitas concepções do que seja
Em um trabalho coletivo, a proposta começa
interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, não pa-
com um “tema ou assunto” acordado previamente,
recendo apresentar um sentido único e preciso entre
sobre o qual todas as áreas envolvidas expressam
os teóricos.
conhecimento. Para ser como “uma orquestra”, na
De modo geral, a literatura sobre esse tema mostra
qual os instrumentistas tocam juntos, mas cada um
que há pelo menos uma posição consensual quanto
executa a sua parte, todos têm de participar de forma
ao sentido e à finalidade da interdisciplinaridade: ela igualitária, percebendo e respeitando o momento no
busca responder à necessidade de superação da visão qual os outros tocam. Na educação, o pensamento
fragmentada nos processos de produção e socialização transdisciplinar é necessário, da mesma forma que,
do conhecimento. No percurso que estamos trilhan- em uma apresentação de orquestra, é preciso ter
do, a construção de repertório estimula os processos pensamento musical.
criativos, e estes a interdisciplinaridade – que se refe- Perceba que não é a união de dois componentes
re ao diálogo entre duas ou mais disciplinas, a partir curriculares que gera a interdisciplinaridade, mas sim a
de algo que éMATERIAL
comum entre DE DIVULGAÇÃO
elas. Essa ação amplia as forma como cada um contribuirá, com sua área de co-
possibilidades deDA EDITORA DO
conexões e BRASIL
propõe a capacidade de nhecimento, para a resolução de problemas ou desafios.
entender o conhecimento como um todo – e a transdis- Uma não está a serviço da outra, mas em igualdade – e
ciplinaridade, que ultrapassa essas barreiras, considera assim como os músicos, cada uma tem sua importância
o pensamento não dividido por disciplinas. Ela con- e contribuirá com ações diferentes.
templa a pluralidade de aproximações em torno de um Nessa coleção, o diálogo e as conexões entre
conteúdo, o que configura conhecimento global, com as linguagens da Arte e entre os componentes que
aberturas para a prática do olhar crítico sobre qualquer compreendem a área de Linguagens, destacando
tema abordado. É importante observar que, em ambas Língua Portuguesa, estão nas propostas práticas e
as abordagens, não há hierarquia entre conceitos ou na contextualização de alguns conteúdos. Da mesma
linguagens. forma, os componentes de Ciências Humanas são
Assim, estabelecer conexões entre os conteúdos intrínsecos a muitos conteúdos, principalmente na
propicia que um mesmo tema seja abordado de dife- abordagem das diferentes culturas encontradas no
rentes formas, por meio de diferentes olhares, o que fo- território brasileiro. É impossível separar esses con-
menta a construção do pensamento em rede, composto teúdos de sua contextualização histórica e geográfica
pela pluralidade das contribuições da turma e de áreas – ao contrário, cada tema trabalhado complementa
de conhecimento acessadas em cada abordagem. Essa outro e dialoga com ele. Cada abordagem começa
estrutura é capaz de abarcar as diversas realidades pelas fundamentações, mas dialoga com outros as-
do ambiente escolar, além de ampliar o repertório do pectos para compor um todo.
XIV
O processo avaliativo Avaliação diagnóstica
Os processos avaliativos compreendem a avaliação A avaliação diagnóstica pode integrar o planeja-
permanente do que foi vivenciado e fazem parte da vida mento pedagógico do professor como a primeira es-
pedagógica do professor. Em Arte, esses processos cuta dos estudantes. Ao fazer um levantamento do
também são um estímulo. Acompanhar o processo de conhecimento deles sobre o conteúdo de sua proposta,
criação de cada estudante envolve a percepção de suas você está possibilitando que se posicionem sobre o que
investigações e pesquisas nas múltiplas possibilidades fizeram e assimilem o significado que tiveram para eles.
que as artes hoje oferecem como desenvolvimento de Isso significa romper com a proposta de trabalhar
uma proposta. A quebra na utilização apenas de “ma- conteúdos predeterminados. É preciso, ao contrário,
teriais tradicionais em arte” amplia as possibilidades construir e adequar os conteúdos e temas conforme os
de descoberta. Ter um olhar nesse sentido permite a interesses e as necessidades dos estudantes. O proces-
percepção do estudante na construção do seu protago- so de escuta está diretamente associado à concepção
nismo. Em Arte, o percurso investigativo percorrido, as de educação que valoriza o protagonismo do estudante,
experiências realizadas em diferentes materialidades, solicitada pela BNCC, e à descoberta coletiva do grupo
os processos de criação distintos, o fazer e refazer e o – expressa nos exercícios, nas investigações, nas pro-
pesquisar são muito similares aos processos artísticos, duções e na criação do conhecimento.
e atores, dançarinos e músicos experimentam a mesma
atividade muitas vezes para encontrar uma forma sin- Avaliação formativa ou
gular de expressão.
Ao consultarmos o significado da palavra percur-
processual
so, vemos que, entre vários sentidos, ela indica o es- Essa avaliação deve integrar as demais e ser contí-
paço percorrido por um corpo em movimento. Nessa nua e formativa ao longo do ano, de modo que você seja
proposta, o corpo em movimento é o do estudante em levado a refletir sobre o seu próprio fazer pedagógico,
seu processo criativo, operando os elementos e as ma- observando as conquistas e os avanços dos estudantes;
terialidades das linguagens em seu próprio contexto, e e, para eles, a avaliação deve constituir uma revisão do
o do professor, observando o processo por vários lados que foi realizado, consolidando o que foi aprendido no
e reunindo as diferentes informações que constituem a passado.
diversidade dos estudantes. Dessa forma, é essencial As diferentes avaliações necessitam ser compreen-
compreender que um ponto importante de constar na didas como um recorte isolado dentro de um processo,
sua avaliação do desenvolvimento do trabalho está na ou seja, devem ser um olhar para uma ação que tem
não linearidade dos processos de criação. Uma ação um antes e um depois na mesma experimentação ou
está intrinsecamenteMATERIAL DE DIVULGAÇÃO
relacionada a outras de igual im- em mais de uma experimentação na construção de um
DA EDITORA
portância para o estudante poderDO BRASIL
pensar no processo percurso criativo.
como um todo. As possibilidades de avaliações são múltiplas ao
Assim, é essencial que os processos avaliativos sejam longo do processo. A autoavaliação é um exemplo de
formativos, e não classificatórios, uma vez que cada um avaliação formativa e pode partir de uma pergunta
tem uma origem e uma trajetória distintas, além de ca- provocativa, acompanhada de “por quê”, propiciando
racterísticas individuais e maneiras singulares de se ex- ao estudante ampliar sua reflexão, organizar seu pen-
pressar. A avaliação formativa é para a aprendizagem e samento, formar opinião e argumentar na resposta. A
não da aprendizagem. O importante é ter como ponto autoavaliação pode estar incluída na etapa diagnóstica,
de partida o conhecimento prévio do estudante, que é no processo ou no resultado.
um dos princípios básicos comprometidos com a apren- Essa é uma ação que leva à reflexão e à formação
dizagem ativa, conforme documento da BNCC intitulado de pensamento próprio acerca de aspectos significa-
Métodos de diagnóstico inicial e processos de avaliação tivos da atividade desenvolvida. O estudante exerce,
diversificados (BRASIL, [2019]). assim, o papel de coautor no desenvolvimento de sua
O processo avaliativo proposto nesta coleção traz aprendizagem, um dos principais focos da avaliação
três recursos distintos – avaliação diagnóstica, avalia- formativa.
ção formativa ou processual e avaliação de resultado –, Para conhecer o estudante, as avaliações de pro-
permitindo o acompanhamento da construção do co- cesso permitem, inúmeras vezes ao longo do ano leti-
nhecimento do estudante. vo, a observação de sua evolução. Variá-las possibilita
XV
a você ter múltiplas percepções da aprendizagem do Percursos em transformação
estudante e do desenvolvimento de suas competên-
Se observarmos com atenção, veremos que os per-
cias. Outra possibilidade é proporcionar momentos de
cursos metodológicos são construídos como rizomas,
apresentação do trabalho realizado, estabelecendo um
nos quais o cruzamento entre os elementos trabalhados
tempo para cada estudante apresentar e contar como
é contínuo e está sempre em crescimento. Assim, são
foi seu processo investigativo. A soma das apresenta-
criadas infindáveis possibilidades de reflexões.
ções permitirá que você avalie se os objetivos da pro-
A construção de um percurso metodológico autoral,
posta foram alcançados. Seu mapa diagnóstico estará
sobre o qual você vai embasar o trabalho com as turmas
nos próprios relatos dos estudantes.
atuais e futuras, é sinônimo de um permanente processo
A devolutiva da avaliação em cada etapa tem o ob-
de criação. E cada vez mais o trabalho lado a lado com
jetivo de direcionar o estudante em seu desenvolvimento
os estudantes propicia que eles edifiquem o próprio ca-
e avaliar sua atuação, ao experienciar os códigos das
minho (observando sempre a singularidade sociocultural
linguagens em seus trabalhos, individuais ou em grupo.
de cada um).
Essa construção é contínua, e a cada ano (e a cada
Avaliação de resultados turma), você encontrará novas pessoas, com perfis
Ao término de cada experiência, é necessário en- socioculturais e econômicos diferentes, constituindo
tender a avaliação de resultados na área de Arte – não novos desafios e novas inseguranças sobre as diversas
como um instrumento para medir o que o estudante questões a serem abordadas – não somente pelo fato
aprendeu com a prática (no sentido linear), mas o quan- da dinâmica mundial ser muito complexa, mas pelas
to ele percorreu, investigou, pesquisou e construiu no transformações geracionais, mudanças tecnológicas e
processo criativo. O protagonismo do estudante está muitas outras razões.
no quanto ele faz investigações criativas, de acordo Sobre essa questão, Cecilia Almeida Salles (2006,
com seu perfil. p. 13) diz que
A avaliação de resultados dessa coleção consiste
[...] esse percurso contínuo em permanente
em propostas que partem dos objetivos de aprendiza-
mobilidade nos leva ao conceito de inaca-
gem estabelecidos anteriormente e das suas reflexões
bamento, que sustenta nossa reflexão. Não
baseadas nas observações ao longo do ano, ao mapear
se trata do não acabamento provocado por
o que foi significativo para cada estudante.
restrições externas, [...] ou opção estética.
A proposta de mapear a progressão dos aprendi-
[...]. Estamos falando do inacabamento in-
zados contribui para relembrar o percurso percorrido,
trínseco a todos os processos, em outras pa-
refletir sobre a processualidade e compreender como
MATERIAL
cada um expressou DE DIVULGAÇÃO
as múltiplas camadas de significa-
lavras, o inacabamento que olha para todos
os objetos de nosso interesse [...] como uma
dos. Para isso, DA EDITORAaDO
novamente, BRASIL é um dos
autoavaliação
possível versão daquilo que pode vir a ser
principais instrumentos.
ainda modificado. Tornando a continuida-
Porém, visto que a avaliação é um instrumento
de do processo e a incompletude que lhe é
pedagógico, assim como as práticas propostas para
inerente, há sempre uma diferença entre
os estudantes, ela requer planejamento que não vise
aquilo que se concretiza e o projeto do ar-
classificá-los, mas levá-los a uma nova relação com a
tista que está para ser realizado.
aprendizagem.
Assim, os diálogos avaliativos entre professor e es- O percurso metodológico que embasou a elabo-
tudante – sem prejulgamento, mas que aborde como o ração dessa coleção é aberto e dinâmico, buscando
percurso foi percebido por cada um, seu processo criativo propiciar novas descobertas e investigações que levem
e as possibilidades das experimentações – possibilitam a a novos caminhos. Para isso, são incentivadas cone-
formação para o estudante encontrar sua singularidade xões entre as diversas linguagens da Arte e dos demais
expressiva, levando-o a refletir sobre sua trajetória. componentes curriculares, o que resulta em provoca-
As avaliações diagnóstica, processual e de resul- ções e questionamentos. As reflexões a partir desses
tado, contemplando a autoavaliação e a devolutiva da processos auxiliam o estudante em seu autoconheci-
avaliação pelo professor, são registros que levam o mento, ampliando suas potencialidades e reforçando
estudante a se conscientizar sobre seu desempenho e a importância de um caminho investigativo em sua
seu protagonismo. aprendizagem.
XVI
Pressupostos teórico-metodológicos
Nesta coleção, as quatro linguagens artísticas são trabalhadas em constante diálogo. Buscam trazer con-
teúdos que, entrelaçados nas diversas unidades, constroem caminhos diversos para o desenvolvimento integral
do estudante. Paralelamente, dentro de cada especificidade, tanto na fruição quanto na criação artística, elas
realizam construções com seus códigos, práticas e conteúdos particulares.
A pluralidade de suportes, materiais, linguagens, conceitos e visões para todo o espectro do que chamamos
de Artes Visuais, Artes Plásticas ou simplesmente Arte, por exemplo, é constantemente revista e revisitada a
cada nova proposta artística. Buscamos, ao longo dos livros, garantir uma visão panorâmica capaz de oferecer
instrumentos com os quais o professor possa transitar por tantas variantes. Do mesmo modo, apresentamos
diversas expressões de forma não cronológica, relacionando-as por meio de conexões que possam favorecer a
reflexão e o senso crítico do estudante. Alternadamente, abordamos elementos básicos da construção visual,
diferentes linguagens dentro do campo visual, além de produções de épocas variadas.
Com o intuito de convidar estudantes e professores a se aproximarem dessas produções de forma leve e
nítida, apresentamos obras e artistas de diferentes suportes e linguagens lado a lado. Nosso foco é, mais do que
criar uma cronologia, estabelecer diálogos entre os diversos modos de ler e entender arte, e de ler e repensar o
mundo. Buscamos apresentar diferentes possibilidades de produção e fruição nesse campo, assim como incluir
os repertórios imagéticos de estudantes e professores como agentes participantes dos processos de leitura
dessas imagens.
Por meio do diálogo criado entre imagens colocadas lado a lado, convidamos os estudantes para uma série
de práticas que busca fomentar a leitura comparativa de imagens, a investigação, a criatividade e a busca de
soluções próprias para cada um dos desafios. Nesse sentido, as práticas investigativas e autorais reforçam a ca-
racterística polissêmica da arte, ou seja, a partir de uma mesma ideia abrem-se diferentes leituras, interpretações e
aproximações, assim como se incentiva a capacidade de perceber e fazer escolhas dentro do processo de criação.
Em outros momentos, essas práticas exigem soluções coletivas, como forma de o estudante vivenciar ativamente
a pluralidade de ideias e experiências de cocriação. Desse modo, ao longo dos livros, construímos parâmetros para
que as discussões e produções relacionadas às obras abordadas sejam pautadas pela pertinência em relação às
leituras dessas imagens.
Isso significa que é possível – por meio de perguntas, informações contextuais, observações atentas e diá-
logos – ir além daquilo que se considera erro ou acerto, ampliar a capacidade de observação, de interpretação e
articulação de ideias e, consequentemente, o senso crítico e a sensibilidade dos estudantes, uma vez que esse
olhar é inerente aoMATERIAL
campo das DEartes.
DIVULGAÇÃO
DA EDITORA
Buscamos apresentar DO BRASIL
a diversidade da produção de artistas brasileiros para colocá-los em diálogo com
produções de outros lugares do mundo. Essas escolhas propiciam discutir identidade, sem perder a oportunida-
de de conhecer e aguçar o olhar para o que se produz em outras culturas. Em todas as unidades, caminhamos
por conceitos e formas de abordagem que se complementam na construção e ampliação do olhar e do pensar
sobre arte. Os agrupamentos de trabalhos apresentados ao longo dos capítulos oferecem chaves de acesso a
temas, conceitos e contextos que permeiam produções artísticas do passado e do presente. Abre-se a possi-
bilidade de o estudante construir sua autonomia no contato com expressões da arte em seu contexto de vida,
reconhecendo e valorizando patrimônios artísticos presentes tanto na sua comunidade como em outras culturas.
O Teatro dialoga com o ambiente escolar em diferentes níveis, convidando o estudante a conhecer-se, reco-
nhecendo no seu próprio corpo uma série de potências criativas relacionadas aos gestos, expressões e vocaliza-
ções, elementos centrais em grande parte das artes da cena. Sendo uma prática coletiva, sua aprendizagem se
dá em conexão com outras pessoas, a partir das potências criativas de cada um, em movimentos coletivos que
exigem o constante exercício de alteridade.
O teatro é também uma linguagem que acontece em espaços físicos e virtuais, e em determinado tempo.
Trabalhar a partir desses dois elementos abre um campo de explorações importante para que professores e es-
tudantes realizem experimentos práticos e se apropriem das particularidades dessa linguagem a cada exercício.
A capacidade das artes da cena para agrupar pessoas é amplamente reconhecida e discutida ao longo dos
quatro livros, por meio da apresentação de diversos grupos de teatro nacionais e estrangeiros, suas práticas e
XVII
modos de produção. Procuramos trazer grupos e coletivos de todas as regiões do país, como reflexo de nossa
diversidade territorial e cultural. Além disso, os estudantes de todo o Brasil podem se identificar com práticas e
questões de sua região e estabelecer relações com outras, diferentes da sua. Com a análise de espetáculos desses
grupos e de práticas relacionadas, oferecemos referências e inspiração aos estudantes para que se permitam
trilhar o caminho de seu próprio protagonismo.
Esse caminho foi pensado em diálogo com os temas das unidades ao longo dos quatro anos: a corporalidade
nas manifestações da cena (6o ano), as possibilidades de criações simbólicas e os códigos dessa linguagem (7o ano)
que se encontram nos territórios da arte (8o ano) e suas tecnologias (9o ano). Todos os percursos têm como ponto
de partida e inspiração a realidade dos próprios estudantes, assim como a potencialidade transformadora que as
proposições da arte podem mobilizar.
O Teatro, como linguagem das artes cênicas, ocorre por meio da ação, do fazer e, sobretudo, da presença:
é um acordo entre quem está em cena e quem assiste a essa cena. O teatro, como um lugar físico, é um edifício
construído para esse fim, e também é qualquer espaço onde o evento cênico aconteça. A elaboração e a vivência
desses espaços e desses acordos, no contexto da sala de aula, acontecem por meio de jogos teatrais. A ideia
de jogo teatral foi sistematizada por Viola Spolin e é uma ferramenta amplamente utilizada de forma artística
e pedagógica, colocando o foco na ação, no aprendizado pela experiência, que “nasce do contato direto com o
ambiente, por meio de envolvimento orgânico com ele. Isto significa envolvimento em todos os níveis: intelectual,
físico e intuitivo” (SPOLIN, 2012, p. 31).
A escolha pela estrutura dos jogos teatrais pretende oferecer um ambiente de imersão aos estudantes de-
senvolvendo as habilidades e a disponibilidade necessárias para o fazer teatral e o trabalho coletivo. Ainda de
acordo com Viola Spolin (2012, p. 27), “os jogos teatrais vão além do aprendizado teatral de habilidades e atitudes,
sendo úteis em todos os aspectos da aprendizagem e da vida”.
Nesse contexto de jogo, estimulamos os estudantes a perceberem a necessidade das regras enquanto parâ-
metros para o desenvolvimento de uma criação cênica em grupo e a desenvolverem um olhar sobre como cada
um lida com essas regras. Tudo isso dentro de um ambiente lúdico, experimentando a cena, de dentro (como eu
jogo) e de fora (como o outro joga) para a construção de um olhar crítico sobre a linguagem e a própria prática.
A lógica do ensaio, fundamental para essas práticas, é o espaço para tentativas, repetições, explorações e até
erros que devem ser considerados como parte importante da construção de conhecimentos. A cena se faz e se
resolve em tentativas, desvios e descobertas que podem se delinear como experiências prazerosas, em processos
criativos contínuos que não têm como foco o resultado final.
É desejo nosso, ainda, que os estudantes possam experimentar diferentes funções dentro da criação teatral.
Uma cena, por mais simples que seja, constitui-se a partir da colaboração entre diferentes artistas. O ator ou
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
a atriz em cena são responsáveis por compartilhar com o público o pensamento elaborado em um coletivo de
DA EDITORA
práticas: interpretação, DO iluminação,
direção, BRASIL sonoplastia, dramaturgia, maquiagem, cenografia, contrarregragem
e produção.
O conhecimento e a experimentação das diversas funções teatrais tornam-se relevantes no sentido de
permitir aos estudantes desenvolver a percepção da importância do trabalho coletivo e do diálogo entre as
partes na construção de um todo que é a cena ou o espetáculo que será oferecido a um público não apenas
como entretenimento, mas também como um possível disparador de discussão sobre assuntos de interesse
comum.
Nessa mesma lógica, apresentamos diferentes tipos de teatro, que acontecem dentro da caixa-preta ou no
espaço público, passando pelo teatro de sombra e o teatro de objetos. Visitamos também diferentes épocas, do
teatro grego ao contemporâneo, como forma de oferecer aos estudantes uma ampliação de repertório teatral,
um leque de possibilidades e inspiração para que descubram, busquem inspiração e pratiquem o teatro da forma
que mais se identifiquem e em outras que possam inventar e explorar.
Ao longo dos quatro livros, eles são convidados a desenvolver um pensamento e uma prática teatral
que parte do reconhecimento das potencialidades de seu próprio corpo-voz e história de vida, colocan-
do-os em relação aos parceiros e parceiras de turma, nas diversas funções do fazer teatral, construindo
uma expressão comum, a cena. Buscamos, desta forma, incentivá-los para que possam refletir, por meio
da linguagem teatral, sobre questões de interesse sobre si, sobre a comunidade onde vivem e sobre o
mundo que os cerca.
XVIII
Antes de se aprofundar nas propostas de corpo por intermédio da Dança nessa coleção, convém afirmar que
a dança no contexto escolar não é a mesma dança ensinada de forma acadêmica. Pensar a dança na educação
é um convite para compreender essa linguagem artística sob diferentes pontos de vista, fazendo-a ganhar uma
nova perspectiva, afinal a dança é uma atividade que se relaciona à necessidade fundamental e intrínseca a todo
ser humano: a experiência do movimento.
A educação em dança tem como objetivo proporcionar uma melhor percepção de si e do entorno, favorecendo
a aquisição de princípios do movimento por exercícios e práticas capazes de ampliar a consciência corporal e o
repertório estético, além de estimular a compreensão do corpo pela via sensível e expressiva.
A dança educativa inclui o professor e todos os estudantes. O professor de Arte que atua na Educação
Básica não precisa, necessariamente, ser um especialista em Dança para trabalhar os conteúdos específicos da
unidade temática, mas deve se interessar por buscar em si e nos saberes da área as respostas de que necessita
para complementar seus conhecimentos e sua prática pedagógica.
Ao longo das trilhas, o contato progressivo com diferentes contextos e práticas da dança indicará possí-
veis modos de exercer o ofício de professor, ajudando-o a montar sequências didáticas que facilitem processos
autorais de dança. Ressoando o pensamento de Jorge Larrosa que diz que ofício é o que faz com que alguém se
comporte de um modo coerente com aquilo que é (LARROSA, 2018), as propostas de dança foram elaboradas
para que o professor explore seus pontos de conexão com os temas apresentados neste livro e crie sua forma
de dar aulas de dança.
Apreciação, contextualização e práticas de criação embasam a Dança nesta coleção. A proposta central
foi elaborada a partir da Metodologia Triangular concebida por Ana Mae Barbosa (2007; BARBOSA; CUNHA,
2012) para o ensino de Artes Visuais e adaptadas ao ensino da Dança. A metodologia encoraja o professor a
não ficar preso ao modelo da cópia, no sentido de apenas fazer a reprodução mecânica de uma obra. Apresenta
também a criatividade como fruto do contato com a arte, não sendo um dote ou um talento que se manifesta
de forma espontânea.
Não existe um sistema único válido para se fazer o planejamento de aulas e desenvolver temas de movimento
com enfoque nas linguagens artísticas nas escolas, mas, de modo geral, a preparação dos planos de aula será mais
próxima das expectativas de ensino se permitir a experimentação cinética vinculada aos aspectos subjetivos dos
estudantes e dos grupos em questão. A possibilidade de incorporar ideias e sugestões dadas pelos estudantes
deve ser levada em conta, mesmo sabendo que em certas circunstâncias o plano inicial será alterado, o que não
representa problema algum desde que gere vínculo e conhecimento. A capacidade de o professor ser flexível e
autêntico é de extrema importância e essa capacidade deve ser treinada!
O principal suporte teórico específico aos elementos da linguagem baseia-se nos estudos de mo-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
vimento sistematizados a partir da Coreologia de Rudolf von Laban (1879-1958), que, em linhas gerais,
é composta de duas DA categorias
EDITORA DOintegradas
BRASIL entre si: a Corêutica, que aborda o espaço na dança, e a Eu-
cinética, que aborda as qualidades expressivas do movimento. Laban valoriza a relação entre o espaço e
a expressão corporal.
Adaptados para fins didáticos e mantendo a intenção de redimensionar o lugar do corpo na cultura e na
sociedade, tais elementos permitem analisar o movimento de danças conhecidas e desconhecidas, incenti-
vando a dança livre. Para Laban (1990), a dança livre possibilita vivenciar a gama total do movimento. Por
meio da combinação dos elementos da linguagem, ou seja, dos estudos das formas corporais e dos fatores do
movimento (espaço, tempo, peso e fluxo), surge uma variedade quase ilimitada de passos e gestos que estão
à disposição de todos.
Junto às fotos de espetáculos, ilustrações para exercícios ou tópicos de anatomia e suas respectivas con-
textualizações, apresentamos sugestões para incentivar os processos de criação em dança. Na seção Práticas
de criação são propostas atividades que buscam experimentar pelo corpo em movimento diferentes objetos e
espaços acessíveis na escola para dançar. Apresenta práticas de dança de diferentes origens estéticas e culturais
para ajudar o estudante a criar um vocabulário de movimento e poder argumentar e refletir sobre as ações e as
percepções. Em cada proposta das Práticas de criação, enfocamos o caráter exploratório, incluindo registros
visuais ou textuais e técnicas de coreografia e de improvisação em dança.
A dança tem significados distintos para povos e culturas diferentes. Por isso, trabalharemos danças brasileiras
e danças de outras partes do mundo, ressaltando a riqueza das manifestações de matrizes indígena, africana e
XIX
europeia, em complemento à experiência de se dançar outros estilos e ritmos. Todas as danças devem ser en-
tendidas como a manifestação de um pensamento sobre o corpo e o mundo. Elas materializam e dão visibilidade
a uma significativa base de transmissão oral e gestual.
Para ensinar a dança de hoje considerando a influência da internet e das novas tecnologias na vida contem-
porânea, é importante atentar para a profusão de estilos e ritmos que atraem os jovens. A apresentação do corpo
desprovido de intenções artísticas é de fácil acesso e, pelo viés do entretenimento, é estimulado pelas mídias.
Grande parte das referências em dança na atualidade chegam por intermédio das redes sociais e pelos meios de
comunicação de massa.
Por um lado, a globalização possibilita a pesquisa de grupos de dança aos quais antes não se tinha acesso.
Por outro, parece moldar os interesses da sociedade de modo geral. As pessoas se percebem conectadas por
aplicativos ou artifícios efêmeros que ilustram tendências do momento, mas não garantem a qualidade de en-
contros presenciais nem sustentam a educação em dança.
É preciso fornecer as bases de conhecimento do próprio corpo e dos princípios do movimento para ajudar
os estudantes a construírem noções de pertencimento e apropriação, convocando o autoconhecimento e o de-
senvolvimento do pensamento crítico ligado à singularidade de cada corpo e ao respeito à diversidade cultural.
Acreditamos que a aprendizagem da dança é fundamental para lidar melhor com as dinâmicas de humor e emo-
ções no dia a dia escolar e construir noções sobre qualidade de vida e saúde.
Por isso, buscamos , em cada um dos livros, mostrar a dança em contextos interdisciplinares, transdisciplinares
e no diálogo com as novas tecnologias, para que cada professor possa construir posicionamentos e adequações
no desenvolvimento dos desenhos curriculares para o ensino da dança na sua escola e ajudar seus estudantes a
desenvolver competências socioemocionais.
A linguagem do movimento também é fundamental para o aprendizado em Música, e o domínio do gesto é
essencial para o fazer musical.
O aprendizado da música na atualidade não pode ser distanciado da ideia do que é música, e esse foi o norte
para a construção do trabalho pedagógico nessa linguagem. Assim, buscamos, durante todo o percurso, trazer a
realidade sonora do estudante para a sala de aula, além de trabalharmos sons diversos e conceitos de paisagem
sonora. Ainda, as práticas musicais e auditivas têm a função de cultivar múltiplas escutas, nas quais a diversidade
musical é intensa, com o objetivo de ampliar os horizontes dos estudantes.
Embora a preocupação com o criar não seja nova, o ensino de música ainda se baseia grandemente
em procedimentos técnico/musicais e, em geral, não enfatiza as possibilidades abertas pela ver-
tente surgida em meados do século XX, que se alinha às tendências composicionais do período e
MATERIAL
incentiva DE DIVULGAÇÃO
a prática criativa e a capacidade de organização de materiais pelos próprios estudantes.
DA EDITORA DO p.BRASIL
(FONTERRADA, 2012, 97).
A repetição dos cânones da música clássica não reflete a realidade do mundo atual. Se, por um lado, não
podemos ignorar séculos de produção teórica e musical europeia, por outro, é fundamental que o estudante se
reconheça nas práticas musicais feitas na escola e na tecnologia, constantemente presentes em suas vidas, uma
vez que ele é um nativo digital.
É possível unir esses aspectos de modo que o fazer musical reflita a realidade e a visão de mundo do estu-
dante e da época atual. Para isso, é importante que não se hierarquize nenhuma manifestação em detrimento
de outra. Assim, é importante que possamos ampliar não só a visão de mundo dos estudantes, mas também a
nossa própria.
Nesta coleção, buscamos também fomentar o questionamento sobre a questão sonora na atualidade, uma
vez que a audição tem sido sistematicamente modificada na contemporaneidade.
A paisagem sonora do mundo está mudando. O homem moderno começa a habitar um mundo
que tem um ambiente acústico radicalmente diverso de qualquer outro que tenha conhecido até
aqui. Esses novos sons, que diferem em qualidade e intensidade daqueles do passado, têm alertado
muitos pesquisadores quanto aos perigos de uma difusão indiscriminada e imperialista de sons,
em maior quantidade e volume, em cada reduto da vida humana. A poluição sonora é hoje um
problema mundial. (SCHAFER, 1991, p. 17).
XX
Estrutura e organização da coleção
A coleção está dividida em quatro livros, um para cada ano do Ensino Fundamental – Anos Finais. A expe-
riência com a Arte acontece individualmente, por isso, optamos por não oferecer conteúdos segmentados, com
formatos já esgotados e, muitas vezes, distante das experiências dos estudantes. Ao contrário, abordamos as
quatro linguagens da Arte em diálogo entre si e com temas relacionados ao cotidiano deles, oportunizando um
desenvolvimento integral.
Reinaldo Vignati
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
6º ano – O corpo e a arte
Perceber, experimentar e participar
Conhecer, transformar e mover
Esta coleção trabalha o componente curricular Arte proposto pela BNCC, homologada em 2018. Tem como
proposta trabalhar lado a lado com os estudantes (como já foi abordado no início deste manual) e preocupa-se
em apoiá-los em sua autonomia e na construção do conhecimento. Essa proposta permeia os quatro anos que
compõem a coleção, seguindo os eixos norteadores descritos a seguir.
• Os objetos de conhecimento “Elementos da linguagem”, “Processos de criação” e “Contextos e práticas” como
norteadores das ações de investigação e pesquisa, experimentadas e vivenciadas, fruir e refletir no processo
de construção de uma forma de expressão singular. Esse processo demanda a utilização de inúmeras mate-
rialidades e a necessidade de entender a presença da imaterialidade em algumas linguagens.
• O protagonismo do estudante, que em continuidade à construção de sua autonomia, necessita de apoio para
começar a elaborar outros conhecimentos pela interdisciplinaridade.
XXI
• A necessidade de compreender o próprio corpo como suporte e forma de expressão, cada vez mais presente
nas criações.
• O reconhecimento dos signos e dos símbolos presentes em todas as linguagens da Arte.
• A descoberta de espaços não físicos, mas simbólicos e identitários, nos quais ocorre a expressão de grupos
e comunidades, fazendo com que o estudante perceba a força e as possibilidades dos espaços formados
pela cultura e pelo meio digital.
• A tecnologia, que exige uma nova forma de pensar e se comunicar, envolvendo novas maneiras de expressão,
muitas vezes propiciadas pelas novas mídias e sua influência na educação.
• A interdisciplinaridade, em diálogo permanente com os componentes de Língua Portuguesa, História e Geo-
grafia, e em interação com conteúdos dos demais componentes curriculares.
Um destaque se faz necessário: na progressão da coleção, cada livro, de forma diferenciada, traz o universo
digital e suas tecnologias para o âmbito educacional, conforme as possibilidades do ano escolar, por meio de
práticas e da identificação de seus usos, a fim de que o estudante possa construir sua forma de se expressar e
registrar sua investigação e pesquisa.
SpeedKingz/Shutterstock.com
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
XXII
A coleção e sua progressão
Toda caminhada tem um ponto de partida e uma linha de chegada. A coleção propõe essa jornada passando,
entre cada um desses marcos, por duas unidades, e em cada unidade, por duas trilhas.
O Ponto de partida
introduz o estudante ao tema
que será abordado, trazendo As unidades se
sempre reflexões em relação às quatro desenvolvem em progressão
linguagens da Arte, por meio de práticas e e conexão com o tema proposto
questionamentos relacionados ao tema do livro. em cada livro. Um destaque se
faz necessário: a progressão da coleção, e de
cada livro de forma diferenciada, traz nos títulos
das unidades os verbos cognitivos propostos
na BNCC de Arte. O objetivo é incentivar o
As unidades são compostas de
estudante a percorrer uma caminhada que passa
duas trilhas, e cada trilha tem como
pela experimentação, investigação e pesquisa
foco principal uma linguagem que,
e pelo desenvolvimento e análise desse
em vários momentos, dialoga com
percurso, instigando sua curiosidade, autonomia
as demais linguagens da Arte. As trilhas
e protagonismo e enfatizando ações de
propõem caminhos. Cabe a você, professor,
experimentação, investigação, criação e reflexão.
com base em seu contexto escolar e planejamento
A progressão, presente na BNCC de Arte e
pedagógico, definir como se dará a caminhada.
indicada nos focos de cada unidade, auxiliará o
Na coleção, os textos das trilhas dialogam com o
estudante na construção de seu conhecimento
estudante, e as seções aprofundam as questões
e no desenvolvimento de suas competências.
relacionadas com o tema trabalhado no livro. Além
disso, também são destacadas possibilidades
de ações interdisciplinares com os outros
componentes MATERIAL
curriculares,DE
emDIVULGAÇÃO
diversos conteúdos
DA EDITORA DO BRASIL
e por meio do diálogo com a arte em diferentes
períodos no passado, embasando a evolução das
linguagens artísticas na contemporaneidade.
A Linha de chegada,
última prática após o
estudante percorrer o Ponto
O Bate-papo com o artista de partida e as duas unidades
busca trazer para o universo (compostas, cada uma, de duas
do estudante a trajetória de trilhas), consiste em uma ação
profissionais das artes, apresentando que soma todas as propostas anteriores
as experiências e as descobertas e busca ajudá-lo a revisar e refletir, de
realizadas no decorrer de sua carreira. O objetivo forma mais ampla, sobre os aprendizados
é desmistificar a ideia de genialidade e valorizar percorridos e, com isso, destacar os mais
as habilidades desenvolvidas e os conceitos significativos na construção de uma forma
apreendidos, abrindo espaço para um novo de expressão mais autoral. As unidades
olhar sobre as profissões nas linguagens da se desenvolvem em progressão e conexão
Arte, além de ampliar o repertório em relação com o tema proposto em cada livro.
aos assuntos tratados em cada um dos livros.
XXIII
Seções
A caminhada em cada uma das trilhas apresentadas nas unidades é alimentada por diferentes seções, as
quais propiciam a abertura da percepção e a construção de um novo olhar e de uma escuta atenta à descoberta
das múltiplas possibilidades de se relacionar com as artes.
A seção Coordenada possibilita que o estudante A seção Contraponto aborda o assunto por um
conheça e aprofunde conceitos e outros elementos es- novo olhar, permitindo que esse seja compreendido
pecíficos relacionados ao tema tratado. de forma ampla.
É logico, é logica!
Viagem no tempo
Conexão
Referências
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
As Referências trazem uma listagem de todas as obras consultadas e justificativas teóricas de sua utilização.
Além de embasar cientificamente essa publicação, buscamos também fornecer, com essa seção, tanto ao estudante
quanto ao professor, caminhos para o aprofundamento de diversas questões e conceitos abordados na coleção.
Boxes
Apresenta os temas principais Tem o objetivo de alertar o es- Traz diferentes possibilidades
que serão desenvolvidos no decor- tudante para questões importantes de aprofundamento para as ques-
rer da unidade, buscando aproximar relativas às práticas e aos conceitos tões colocadas no texto principal.
o estudante a partir de reflexões. abordados.
Ícones
Este selo indica o trabalho sobre um Tema 1 Este selo indica que há áudios ou mú-
Contemporâneo Transversal. Escala musical sicas a serem escutados.
XXIV
Transcrição dos áudios
O objetivo da coletânea de áudios e músicas é possibilitar experiências sonoras que ampliem o repertório
do estudante, com elementos muitas vezes contrastantes, incentivando o olhar crítico e a reflexão. Os momentos
propícios para uso das faixas de música estão indicados no Livro do Estudante com o selo correspondente, mas
as possibilidades não se esgotam. As faixas a seguir estão distribuídas na coleção e identificadas nas orientações
específicas deste Manual do Professor no momento em que é mais propício utilizá-las. Além disso, ao final de
todos os volumes há a transcrição de áudios e músicas que foram trabalhadas no material.
6o ano
Faixa Localização Descrição
Sons: diferentes intensidades. Produção de Marcos Pantaleoni,
1 p. 72
gravada especialmente para esta obra, 2018.
XXV
8o ano
Faixa Localização Descrição
Som de tambores de bloco de carnaval de Salvador – Saudação à
1 p. 114 cachoeira. Produção de Marcos Pantaleoni, gravada especialmente
para esta obra, 2022.
9o ano
Faixa Localização Descrição
Som da marimba de orquestra, de Marcos Pantaleoni, gravado
1 p. 149
especialmente para esta obra, 2018.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
3 p. 154
Som de teremim, gravado por Marcos Pantaleoni especialmente para
esta obra, 2018.
DA EDITORA DO BRASIL Exemplos de uma mesma nota tocada por piano, violino e voz.
4 p. 155 Produção de Marcos Pantaleoni, gravada especialmente para esta
obra, 2022.
XXVI
As competências e habilidades da BNCC Maria Petrish/Shutterstock.com
Na abertura de cada unidade e de cada trilha, você encontra nos boxes “A BNCC nesta unidade” e “A BNCC
nesta trilha”, respectivamente, as competências gerais, as competências de área e específicas, os objetos do co-
nhecimento e as habilidades. Além disso, os objetivos definidos para as unidades e para as trilhas também são
elencados no início de cada uma, permitindo ao professor identificar de que maneira as ações voltadas para o
trabalho com as temáticas, as propostas, as atividades e as reflexões permitirão o desenvolvimento das habilidades
relacionadas. As habilidades identificadas na abertura de cada unidade e de cada trilha também aparecem na
página de cada item com os quais se correlacionam. As habilidades que compõem as Artes Integradas, por sua
abrangência, estão presentes ao longo das unidades em consonância com o tema abordado.
As dez competências gerais da Educação Básica são trabalhadas nos livros da coleção por meio de provoca-
ções, questionamentos, reflexões, práticas, experiências, compartilhamentos e possíveis desdobramentos. Mas a
ênfase em determinadas competências está propiciada nos livros, conforme proposta editorial, enfatizando que
trabalhar uma competência implica defini-la previamente, como um objetivo de seu planejamento. Assim você,
em seu planejamento, terá condições de trabalhar essas competências, mas a ênfase (definindo uma ou mais
escolhas) está diretamente relacionada à intenção pedagógica de um determinado projeto, de uma aula, de uma
pesquisa e/ou de uma prática proposta aos estudantes. Principalmente em um projeto que envolva o levantamento
do conhecimento da turma, tenha a experimentação como foco de trabalho e promova a reflexão posterior sobre
o que foi experimentado e o compartilhamento dos resultados.
O componente curricular Arte propicia, de forma igualitária, trabalhar as dez competências gerais, incluindo
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sua ludicidade, sua ampla forma de expressão nas quatro linguagens da Arte e nas conexões com outras formas
DA EDITORA
de expressão em outros DO BRASIL
componentes. Ele possibilita, além de um maior autoconhecimento e autocuidado, a
compreensão e organização de pensamento e a formulação de uma argumentação que será compartilhada por
uma forma de comunicação, propiciando trabalhar de forma mais contundente as competências socioemocionais,
que vão permitir a formulação de seu protagonismo.
A presença de verbos cognitivos nos títulos das unidades busca estimular a curiosidade, a autonomia e o
protagonismo do estudante, enfatizando ações de experimentação, investigação, criação e reflexão. A progressão,
presente na BNCC de Arte, está indicada nessas ações cognitivas que vão auxiliá-lo na construção do próprio
conhecimento e no desenvolvimento de competências.
A presença de diversos questionamentos, ao longo dos conteúdos abordados nos quatro livros, propicia
também situações para o estudante se perguntar, perguntar para os outros, elaborar hipóteses, discordar, propor
interpretações alternativas, criticar fatos, conceitos, ideias, entre outras ações. Essa linha de diálogo permanente
com o estudante é ampliada e instrumentalizada nas propostas práticas de pesquisas apresentadas nas seções
Práticas de criação e Mapeando a caminhada, que aparece no encerramento de cada trilha elaborada. A Linha
de chegada, ao final de cada volume, amplia essa proposta e possibilita ao estudante revisar os aprendizados e
perceber a ressignificação construída com as novas informações.
Ao propiciar essa caminhada para a aprendizagem de novos conteúdos, a coleção propõe ao estudante
vivenciar intrinsecamente as dimensões do conhecimento nas linguagens da Arte: criação, crítica, estesia,
expressão, fruição e reflexão.
XXVII
Competências gerais da Educação Básica
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar
1
a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica,
2 a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções
(inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas
3
da produção artístico-cultural.
Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como
4 conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas
5 diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos,
resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender
6 as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com
liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões
7 comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local,
regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas
8
emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos
9 direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas
e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base
10
em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
1 MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e
valorizando-as como formas de significação da realidade e expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
DA EDITORA DO BRASIL
Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana
2 para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a construção de uma
sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se
3 expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao
diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.
Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência
4 socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do mundo
contemporâneo.
Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais,
5 inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e
coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.
Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas
6 práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos,
resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
XXVIII
Competências específicas de Arte para o Ensino Fundamental
Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas,
1 das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um
fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas
2 tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada
linguagem e nas suas articulações.
Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que
3
constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
4 Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.
Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de produção
6
e de circulação da arte na sociedade.
Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções,
7
intervenções e apresentações artísticas.
9 Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.
Habilidades da BNCC
Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas
brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a
EF69AR01
experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de
simbolizar e o repertório imagético.
Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações,
EF69AR03
vídeos etc.), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etc.), cenográficas, coreográficas, musicais etc.
EF69AR04
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço,
movimento etc.) na apreciação de diferentes produções artísticas.
DA EDITORA DO BRASIL
Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura,
EF69AR05
escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etc.).
Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual,
EF69AR06
coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais.
Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas
EF69AR07
produções visuais.
Diferenciar as categorias de artista, artesão, produtor cultural, curador, designer, entre outras, estabelecendo relações
EF69AR08
entre os profissionais do sistema das artes visuais.
Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apreciando
EF69AR09
composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.
Experimentar e analisar os fatores de movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como elementos que, combinados,
EF69AR11
geram as ações corporais e o movimento dançado.
XXIX
Habilidades da BNCC
Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção de
EF69AR12
vocabulários e repertórios próprios.
Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e outras práticas de dança de diferentes matrizes estéticas e culturais
EF69AR13
como referência para a criação e a composição de danças autorais, individualmente e em grupo.
Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora etc.) e espaços (convencionais e
EF69AR14
não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica.
Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando
EF69AR15
estereótipos e preconceitos.
Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção
EF69AR16 e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica,
econômica, estética e ética.
Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do conhecimento
EF69AR17
musical.
Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o
EF69AR18
desenvolvimento de formas e gêneros musicais.
Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a
EF69AR19
capacidade de apreciação da estética musical.
Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de
EF69AR20 recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução
e apreciação musicais.
Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical,
EF69AR21
reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.
Explorar e identificar diferentes formas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e
EF69AR22
procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.
Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons
EF69AR23 corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais
de maneira individual, coletiva e colaborativa.
Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos
EF69AR24
de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.
Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a
EF69AR25
capacidade de apreciação da estética teatral.
Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário,
EF69AR26 MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.
DA EDITORA DO BRASIL
Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro
EF69AR27
contemporâneo.
Investigar e experimentar diferentes funções teatrais e discutir os limites e desafios do trabalho artístico coletivo e
EF69AR28
colaborativo.
Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no
EF69AR29
jogo cênico.
Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens,
EF69AR30 objetos etc.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a
relação com o espectador.
Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e
EF69AR31
ética.
EF69AR32 Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.
Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as
EF69AR33
diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etc.).
Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas
EF69AR34 matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório
relativos às diferentes linguagens artísticas.
Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar
EF69AR35
práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.
XXX
Práticas de pesquisa
A abordagem das metodologias ativas, também uma das bases desta coleção, aproxima as práticas formati-
vas dos estudantes daquelas que têm sido usadas para construir o conhecimento e a análise crítica das fontes. A
escolha de metodologias de trabalho e de exposição permeiam as práticas e capacitam os estudantes a formular
problemas – fazendo com que busquem informações em fontes apropriadas, usando métodos que incluem o
diálogo e a construção coletiva de soluções.
Rido/Shutterstock.com
Nesse sentido, para que os estudantes estejam preparados para atuar e se preparar para o Ensino Médio, mo-
mento no qual se inicia a definição profissional, é preciso que sejam capazes de problematizar a própria realidade,
MATERIAL
desenvolvendo alguns DE DIVULGAÇÃO
procedimentos que constituem a produção do conhecimento científico no mundo contem-
porâneo. As ações indicadas
DA EDITORA pelaDO BRASIL 2, que envolvem a investigação científica, crítica e criativa, devem
competência
ser um dos eixos estruturantes do itinerário formativo do estudante também na competência de Arte, por se tratar
de uma atitude de investigação e pesquisa, condição essencial da aprendizagem, conforme colocação na BNCC.
Nos termos das diretrizes curriculares brasileiras, a investigação científica na educação básica supõe
o aprofundamento de conceitos fundantes das ciências para a interpretação de ideias, fenômenos e
processos que devem ser utilizados em procedimentos de investigação voltados ao enfrentamento de
situações cotidianas e demandas locais e coletivas, e à proposição de intervenções que considerem o
desenvolvimento local e a melhoria da qualidade de vida da comunidade. (BRASIL, 2018, p. 7).
Em todos os livros, o estudante poderá desenvolver diversas práticas de pesquisa, como o estudo de recepção
(de obras de arte e de produtos da indústria cultural) mais explicitada no livro do 6o ano; a construção e o uso
de questionários e a elaboração e realização de entrevistas como prática de criação no livro do 7o ano; a análise
documental, focando a sensibilização para análise de discurso e todo o processo que permeia a observação,
tomada de nota e construção de relatórios no livro do 8o ano; a revisão bibliográfica e a análise de mídias sociais,
envolvendo a análise das métricas das mídias e sensibilização para análise de discurso multimodal no livro do 9o
ano. Cada metodologia é explicada no Livro do Estudante e detalhada nas orientações do Manual do Professor, a
fim de capacitar os estudantes para construir conhecimentos e elaborar argumentos de maneira crítica, complexa
e científica. No entanto, segue um resumo do que trata cada uma.
XXXI
• Revisão bibliográfica (Estado da Arte): trata-se de um levantamento de determinado tema, no qual se
procura identificar o que os pesquisadores estão discutindo sobre ele. Essa prática de pesquisa ajuda a
entender as linhas de pesquisa existentes e reconhecer a evolução do estudo de um determinado assunto.
• Análise documental (sensibilização para análise de discurso): trata-se de uma pesquisa científica qualitativa
sobre determinado assunto. Ela pode ser feita de maneira complementar a outras técnicas, aprofundando
informações coletadas, ou de forma independente, trazendo aspectos novos para o tema em questão.
• Construção e uso de questionários: apesar de parecer simples, a elaboração de um questionário tem al-
guns pilares principais para que ele possa cumprir sua meta de pesquisa, como levantamento de hipóteses,
objetivo principal que se espera alcançar com o resultado e os métodos para analisar os dados coletados.
Além disso, todas as questões devem ser escritas.
• Estudo de recepção (de obras de arte e de produtos da indústria cultural): trata-se de um detalhamento
dos aspectos midiáticos (especificamente de seus conteúdos) de uma obra, a partir da análise de consumo
do público sobre ela.
• Observação, tomada de nota e construção de relatórios: assim como a análise documental, essa prática
também pode ser feita ou não de forma complementar a outras. Ela consiste em realizar observações sobre
determinado tema ou aspecto, fazer anotações em tempo real e, por fim, construir um relatório apresentando
tudo o que foi observado, como o próprio nome diz.
• Entrevistas: diferentemente dos questionários, as entrevistas podem ser realizadas de forma oral ou escrita.
As respostas podem ser abertas e abrangentes, e o entrevistador pode aprofundar algum assunto que venha
a surgir durante a entrevista, porém sem perder o foco e o objetivo principal.
• Análise de mídias sociais (análise das métricas das mídias e sensibilização para análise de discurso
multimodal): esse método de pesquisa propõe a análise dos indicadores de alcance das mídias sociais sobre
determinado tema entre um público-alvo, atuando também como primeiro contato da análise do discurso
em plataformas multissemióticas.
As práticas de pesquisa estão presentes no Manual do Professor, como pode ser observado a seguir.
Práticas de pesquisa
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XXXII
Pensar digital
As transformações tecnológicas têm ocorrido, em relação ao conhecimento, pautadas pela colabora-
especialmente nos últimos 20 anos, a uma velocida- ção, pelo “faça você mesmo”, pela experimentação, pelo
de jamais experimentada pelos seres humanos. Elas desenvolvimento de modelos, pela simulação. Quantos
impactam a sociedade, a economia, os sujeitos, a cog- desses elementos já apareceram em suas aulas?
nição, as emoções. Por um lado, a vertigem parece ine- O ensino contemporâneo traz o desafio de cons-
vitável. Onde e como buscar referências para enfrentar truir as aulas em um contexto de ampliação das pos-
esse cenário no campo da Educação? sibilidades de comunicação e de informação sem
Ao investigarmos a história da relação humana precedentes nas sociedades. As Tecnologias da Infor-
com as tecnologias de uma perspectiva cultural, como mação e Comunicação (TIC) fazem parte do cotidiano
proposto nesta coleção, vemos direções que podem das pessoas e assumiram, para a maioria delas, status
orientar as ações de uma escola conectada com seu de complemento e companhia. Vivemos uma nova cul-
tempo. A BNCC corrobora a ideia de que o acúmulo de tura e, com ela, um novo modelo de sociedade surge.
informações não dá conta dos desafios contemporâ- Jenkins (2009) fala em cultura da convergência, ou seja,
neos em contextos locais e globais. Nesse sentido, o de- uma cultura em que novas mídias não simplesmente
senvolvimento de competências passa a ser norteador substituem as anteriores, mas interagem de formas
dos processos formais de educação, nos quais aprender cada vez mais complexas. A proposta desta coleção
a aprender ou aprender pela pesquisa assumem pro- é auxiliar a comunidade escolar nessa travessia, pos-
tagonismo entre gestores, professores e estudantes. sibilitando discussões e práticas que se integrem às
Nesse cenário, os professores precisam passar múltiplas realidades nas quais as escolas se situam.
cada vez mais a atuar como pesquisadores e investi-
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XXXV
Temas Contemporâneos Transversais
Com vistas à educação integral dos estudantes, a BNCC traz a proposta da inclusão de temáticas contem-
porâneas relevantes à vida, fundamentais para a formação de cidadãos atuantes na sociedade, que prezem pelo
respeito, justiça e sustentabilidade. Orienta-se que elas estejam nos currículos de forma transversal e integradora.
São sugeridos os seguintes temas, que, por sua vez, estão divididos em seis macrotemas (BRASIL, 2018, p. 19-20),
como evidencia o esquema a seguir.
Multiculturalismo
Reinaldo Vignati
Diversidade cultural
Educação das relações étnicos-raciais
e ensino de história e cultura
afro-brasileira, africana e indígena
TEMAS
CONTEMPORÂNEOS
TRANSVERSAIS
Saúde
Meio Ambiente
Saúde
Educação ambiental
Educação Alimentar e Nutricional
Educação para o consumo
Cidadania e Civismo
Nesta coleção, você encontrará o selo que indica os assuntos que exploram os Temas Contemporâneos Trans-
versais (TCTs) e mostra quais conteúdos ou atividades abarcam esses temas, relacionando-os com a diversidade
da realidade dos estudantes e contribuindo para o exercício da cidadania, da democracia e do projeto de vida.
A coleção trabalha diferentes Temas Contemporâneos Transversais em cada um dos quatro livro. Veja.
XXXVI
Plano de desenvolvimento anual
Apresentamos a seguir uma proposta de distribuição dos conteúdos da coleção no decorrer do ano letivo.
Ela foi elaborada com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que preconiza a carga ho-
rária mínima anual de 800 horas para o Ensino Fundamental, distribuídas por um mínimo de 200 dias de efetivo
trabalho escolar (BRASIL, 1996, p. [1]).
Assim, o plano de desenvolvimento anual considera o mínimo de 40 semanas letivas para o desenvolvimento
de todo o conteúdo proposto, porém valoriza também a autonomia do professor e pode ser adaptado à realidade
escolar e à quantidade de aulas destinadas à disciplina de Arte em seu estado ou município.
2o bimestre Unidade 2
Planejamento bimestral
3o bimestre Unidade 3
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
XXXVII
Quadro de conteúdos
Em consonância com a organização dos conteúdos, os quatro volumes da coleção estão divididos de forma
progressiva. A seguir, você encontra uma breve descrição de cada unidade. As informações detalhadas estão
disponíveis na parte específica de cada Manual do Professor.
VOLUME 6
Temas
Competências e
Ponto de partida Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 3, 4, 5,
7, 8, 9 e 10.
Competências específicas de
Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
• Elementos que caracterizam Competências específicas de
as linguagens da Arte: Artes Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8 e 9.
Visuais, Dança, Música e Habilidades: EF69AR01,
Teatro. EF69AR02, EF69AR03,
Jornada que se inicia! • O “corpo” na Arte. EF69AR04, EF69AR05,
• Interação entre as EF69AR06, EF69AR07,
linguagens da Arte. EF69AR09, EF69AR10,
• Processos de criação em EF69AR11, EF69AR12,
Arte. EF69AR13, EF69AR14,
EF69AR20, EF69AR21,
EF69AR24, EF69AR25,
EF69AR26, EF69AR29,
EF69AR31 e EF69AR35.
Temas
Competências e
Trilha Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 8, 9 e 10.
• Introdução da linguagem Competências específicas de
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
teatral.
• O Teatro como encontro de
Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Competências específicas de
Cidadania e Civismo
Vida familiar e social
1
DA EDITORA DOpessoas.
BRASIL Arte: 1, 2, 3, 4, 7, 6, 7, 8 e 9.
• Narração de histórias em Habilidades: EF69AR03, Multiculturalismo
Meu corpo e minhas histórias
comunidades. EF69AR05, EF69AR24, Diversidade cultural e
presentes
• Significados dos elementos EF69AR25, EF69AR26, Educação para valorização do
expressivos da linguagem EF69AR27, EF69AR28, multiculturalismo nas matrizes
teatral em conexão com o EF69AR29, EF69AR30, históricas e culturais brasileiras
corpo. EF69AR31, EF69AR32,
EF69AR33, EF69AR34 e
EF69AR35.
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
7, 8, 9 e 10.
Competências específicas de
• A Música e os sons do Multiculturalismo
Linguagens: 1, 2, 3, 4 e 5.
cotidiano. Diversidade cultural e
Competências específicas de
Educação para valorização do
• Qualidades dos sons. Arte: 1, 2, 3, 4, 8 e 9.
2 multiculturalismo nas matrizes
• Audição e comparação de Habilidades: EF69AR09,
Corpo e música históricas e culturais brasileiras
sons. EF69AR16, EF69AR17,
• Processos de criação na EF69AR18, EF69AR19,
Meio ambiente
linguagem da Música. EF69AR20, EF69AR21,
Educação ambiental
EF69AR22, EF69AR23,
EF69AR32, EF69AR33 e
EF69AR34.
XXXVIII
VOLUME 6
Temas
Competências e
Trilha Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
• O “corpo” no cotidiano e as 7, 8, 9 e 10.
expressões da Dança na Competências específicas de
sociedade. Saúde
Linguagens: 1, 2, 3, 4 e 5.
Saúde
• Elementos constitutivos da Competências específicas de
4 Dança. Arte: 1, 2, 3, 4, 8 e 9.
Multiculturalismo
Representações do corpo na • Consciência corporal, Habilidades: EF69AR06,
Diversidade cultural
dança inteligência espacial e EF69AR09, EF69AR10,
imaginação em danças EF69AR11, EF69AR12,
Cidadania e Civismo
autorais. EF69AR13, EF69AR14,
Educação em Direitos Humanos
• Saúde e diversidade de EF69AR15, EF69AR21,
movimentos do corpo. EF69AR32, EF69AR33 e
EF69AR34.
Temas
Bate-papo com a MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Conteúdo
Competências e
Contemporâneos
artista habilidades da BNCC
DA EDITORA DO BRASIL Transversais (TCTs)
Competências gerais: 3, 4, 7 e 8.
Competências específicas de
Linguagens: 1, 2, 3, 4 e 5.
• Entrevista com uma
Cristiane Paoli Quito Competências específicas de
profissional das artes.
Arte: 1, 2, 3, 4, 8 e 9.
Habilidades: EF69AR09,
EF69AR31 e EF69AR32.
Temas
Competências e
Linha de chegada Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 3, 4, 7, 8,
• Experiências vivenciadas 9 e 10.
nas diferentes linguagens Competências específicas de
da Arte. Linguagens: 1, 2, 3, 4 e 5.
• Aprendizados adquiridos por Competências específicas de
Caminhos trilhados
meio do corpo e suas formas Arte: 1, 2, 3, 4, 8 e 9.
de expressão. Habilidades: EF69AR04,
• Curadoria e mapeamento do EF69AR10, EF69AR11,
aprendizado adquirido. EF69AR20, EF69AR26 e
EF69AR32.
XXXIX
VOLUME 7
Temas
Competências e
Ponto de partida Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 3, 4, 7,
8 e 9.
• Análise e interpretação de Competências específicas de
imagens. Linguagens: 1, 2, 3, 4 e 5.
Competências específicas de
• A comunicação na
Arte: 1, 2, 3, 4 e 8.
Olhar, sentir, criar: signos, linguagem visual em
Habilidades: EF69AR01,
símbolos e a imaginação manifestações artísticas ou
EF69AR02, EF69AR03,
cotidianas.
EF69AR04, EF69AR05,
• Signos e significados em EF69AR06, EF69AR07,
manifestações artísticas. EF69AR16, EF69AR17,
EF69AR19, EF69AR23 e
EF69AR29.
Temas
Competências e
Trilha Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 8, 9 e 10.
• Música como manifestação Competências específicas de
simbólica nas artes e na Linguagens: 1, 2, 3, 4 e 5.
sociedade. Competências específicas de
• Manifestações e gêneros Arte: 1, 2, 3, 4, 8 e 9.
diferenciados da Música. Habilidades: EF69AR01,
1 • Elementos constitutivos da EF69AR02, EF69AR04, Meio ambiente
Música: a gente cria Música. EF69AR06, EF69AR09, Educação ambiental
• Conceitos e possibilidades EF69AR11, EF69AR12,
de notação musical. EF69AR13, EF69AR16,
• O papel da música na EF69AR17, EF69AR18,
sociedade. EF69AR19, EF69AR20,
• Práticas de criação sonoras. EF69AR21, EF69AR22,
EF69AR23, EF69AR33,
EF69AR34 e EF69AR35.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 8, 9 e 10.
DA EDITORA DO BRASIL Competências específicas de
• Artes Visuais e Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
manifestações em Arte. Competências específicas de
• Camadas simbólicas de Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
obras artísticas. Habilidades: EF69AR01,
2 • Função comunicativa dos EF69AR02, EF69AR03,
Arte: criar e recriar camadas códigos na linguagem e no EF69AR04, EF69AR05,
simbólicas cotidiano. EF69AR06, EF69AR07,
• Signos e símbolos. EF69AR08, EF69AR09,
• Expressões em Arte Visuais EF69AR11, EF69AR24,
e sua relação com outras EF69AR25, EF69AR26,
linguagens da Arte. EF69AR27, EF69AR29,
EF69AR31, EF69AR32,
EF69AR33, EF69AR34 e
EF69AR35.
XL
VOLUME 7
Temas
Competências e
Trilha Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
• Expressões em Dança e seus 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
elementos constitutivos. Competências específicas de
• Práticas de criação em Linguagens: 1, 2, 3, 4 e 5.
Dança. Multiculturalismo
Competências específicas de
Diversidade cultural e
• Signos e símbolos nas Arte: 1, 2, 3, 8 e 9.
3 Educação para a valorização do
linguagens das artes. Habilidades: EF69AR09,
Dança que expressa ideias multiculturalismo nas
• Matrizes culturais e africanas EF69AR10, EF69AR11,
matrizes históricas e culturais
na Dança. EF69AR12, EF69AR13,
brasileiras
• Dança moderna e EF69AR14, EF69AR15,
sua influência na EF69AR16, EF69AR19,
contemporaneidade. EF69AR31, EF69AR33,
EF69AR34 e EF69AR35.
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Competências específicas de
Linguagens: 1, 2, 3, 4 e 5.
• Recursos cênicos na Competências específicas de
contação de histórias. Arte: 1, 2, 3, 4, 8 e 9.
Habilidades: EF69AR01,
• Elementos cênicos e
4 EF69AR02, EF69AR03,
sentidos específicos. Multiculturalismo
Teatro: produzir cenas e criar EF69AR04, EF69AR09,
• Teatro dramatúrgico na Diversidade cultural
sentidos EF69AR14, EF69AR16,
composição cênica.
EF69AR17, EF69AR20,
• Linguagem teatral e o debate EF69AR21, EF69AR24,
de assuntos cotidianos. EF69AR25, EF69AR26,
EF69AR27, EF69AR28,
EF69AR29, EF69AR30,
EF69AR31, EF69AR32,
EF69AR33 e EF69AR34.
Temas
Bate-papo com o Competências e
Conteúdo Contemporâneos
artista habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Competências gerais: 1, 3, 4,
DA EDITORA DO BRASIL 7 e 9.
Competências específicas de
Linguagens: 1, 2 e 5.
• Entrevista com um
Binário Armada Competências específicas de
profissional das artes.
Arte: 1, 3, 7 e 9.
Habilidades: EF69AR01,
EF69AR02, EF69AR03,
EF69AR07 e EF69AR34.
Temas
Competências e
Linha de chegada Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 3, 4, 7,
8 e 9.
Competências específicas de
• Reflexão sobre a trilha de Linguagens: 1, 2, 3, 4 e 5.
aprendizagem. Competências específicas de
Signos para sentir, pensar e criar • Mapeamento das Arte: 1, 2, 3, 4 e 8.
experiências nas diferentes Habilidades: EF69AR01,
linguagens da Arte. EF69AR02, EF69AR04,
EF69AR05, EF69AR06,
EF69AR07, EF69AR21 e
EF69AR23.
XLI
VOLUME 8
Temas
Competências e
Ponto de partida Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 3, 4, 5,
7, 8, 9 e 10.
• Percepção dos elementos Competências específicas de
das linguagens da Arte: Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Artes Visuais, Dança, Música Competências específicas de Meio ambiente
e Teatro. Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 8 e 9. Educação ambiental
Habilidades: EF69AR01,
Arte em todos os lugares • Territórios e espaços na Arte.
EF69AR02, EF69AR05, Multiculturalismo
• Integração entre as
EF69AR07, EF69AR09, Diversidade cultural
linguagens artísticas.
EF69AR17, EF69AR18,
• Processos de criação em EF69AR19, EF69AR20,
Arte. EF69AR23, EF69AR24,
EF69AR31, EF69AR32,
EF69AR34 e EF69AR35.
Temas
Competências e
Trilha Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Competências específicas de
• Expressões em danças no Meio Ambiente
Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Brasil e no mundo. Educação ambiental
Competências específicas de
• Concepções de Dança no Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
tempo e no espaço. Saúde
Habilidades: EF69AR01,
1 Saúde
• Modos de relação com a EF69AR02, EF69AR03,
Arte no espaço e tempo da
Dança. EF69AR04, EF69AR09,
dança Cidadania e Civismo
• Processos de criação na EF69AR10, EF69AR11,
Educação para o trânsito
linguagem da Dança. EF69AR12, EF69AR13,
• Integração da Dança com EF69AR14, EF69AR15,
Ciência e Tecnologia
outras linguagens da Arte. EF69AR16, EF69AR19,
Ciência e Tecnologia
EF69AR31, EF69AR32,
EF69AR33, EF69AR34 e
EF69AR35.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
DA EDITORA DO BRASIL 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
• Elementos da linguagem Competências específicas de
teatral. Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
• Formas de criação em Competências específicas de
Meio Ambiente
diferentes espaços cênicos. Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Educação para o consumo
Habilidades: EF69AR01,
2 • Dramaturgia e espaço
EF69AR02, EF69AR03,
Teatro e espaço cênico. Multiculturalismo
EF69AR04, EF69AR06,
• Imaginação e criação na Diversidade cultural
EF69AR17, EF69AR19,
linguagem do Teatro. EF69AR24, EF69AR25,
• Processos de criação cênica: EF69AR26, EF69AR27,
improvisação e composição. EF69AR28, EF69AR29,
EF69AR30, EF69AR32,
EF69AR34 e EF69AR35.
XLII
VOLUME 8
Temas
Competências e
Trilha Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
• Interações musicais em seu 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
contexto de produção. Competências específicas de Meio Ambiente
• Paisagem sonora. Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Educação ambiental
Competências específicas de
• Transformações sonoras ao
3 Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. Multiculturalismo
longo do tempo.
A música nos conta quem Habilidades: EF69AR03, Diversidade cultural
somos • Sonoridades e música na EF69AR09, EF69AR16,
vida cotidiana. EF69AR17, EF69AR18, Cidadania e Civismo
• Discussões sobre as EF69AR19, EF69AR20, Direitos da criança e do
diferentes manifestações EF69AR21, EF69AR22, adolescente
musicais. EF69AR23, EF69AR31,
EF69AR34 e EF69AR35.
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
• Sentidos criados por meio de 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
recursos e da relação com o Competências específicas de
espaço. Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Meio Ambiente
• Construção e transformação Competências específicas de Educação para o consumo
de territórios. Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
4 Habilidades: EF69AR01, Cidadania e Civismo
• Práticas de criação: pesquisa
Habitar uma coletividade EF69AR02, EF69AR03, Educação em Direitos Humanos
e experimentação.
EF69AR04, EF69AR05,
• Manifestações culturais EF69AR06, EF69AR07, Multiculturalismo
nacionais e estrangeiras. EF69AR11, EF69AR24, Diversidade cultural
• Expressões artísticas no EF69AR31, EF69AR32,
tempo e no espaço. EF69AR33, EF69AR34 e
EF69AR35.
Temas
Bate-papo com a Competências e
Conteúdo Contemporâneos
artista habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 3, 4,
8 e 9.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Competências específicas de
Lilian Nakahodo DA EDITORA DO BRASIL
• Entrevista com uma
profissional das artes.
Linguagens: 1, 3 e 5.
Competências específicas de
Arte: 3 e 8.
Habilidades: EF69AR18 e
EF69AR21.
Temas
Competências e
Linha de chegada Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 3, 4, 7, 8,
• Retomada e discussão do 9 e 10.
conhecimento adquirido. Competências específicas de
• Reflexão final sobre os Linguagens: 1, 2, 3 e 5.
Construindo territórios territórios da Arte. Competências específicas de
• Prática coletiva sobre o Arte: 1, 3, 8 e 9.
conteúdo aprendido durante Habilidades: EF69AR01,
o ano. EF69AR09, EF69AR16,
EF69AR24 e EF69AR34.
XLIII
VOLUME 9
Temas
Competências e
Ponto de partida Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
5, 7, 8, 9 e 10.
Ciência e Tecnologia
Competências específicas de
• Técnica e tecnologia em Ciência e Tecnologia
Linguagens: 1, 2, 3, 5 e 6.
manifestações artísticas.
Técnicas e tecnologias Competências específicas de
• Interação entre as Cidadania e Civismo
Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8 e 9.
linguagens da Arte. Vida familiar e social
Habilidades: EF69AR31,
EF69AR32, EF69AR34 e
EF69AR35.
Temas
Competências e
Trilha Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
XLIV
VOLUME 9
Temas
Competências e
Trilha Conteúdos Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 1, 2, 3, 4,
• Iluminação cênica na criação 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
de sentidos. Competências específicas de
Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
• Iluminação teatral e seus Cidadania e Civismo
Competências específicas de
equipamentos no decorrer Educação em Direitos Humanos
3 Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
no tempo.
Teatro: linguagem em ação Habilidades: EF69AR03,
• Teatro de sombras e teatro Economia
EF69AR24, EF69AR25,
lambe-lambe. Trabalho
EF69AR26, EF69AR27,
• Tecnologias e a construção EF69AR28, EF69AR29,
de efeitos e significados. EF69AR30, EF69AR31 e
EF69AR35.
Ciência e Tecnologia
Ciência e Tecnologia
Economia
Trabalho
Temas
Bate-papo com a Competências e
Conteúdo Contemporâneos
artista habilidades da BNCC
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Transversais (TCTs)
Temas
Competências e
Linha de chegada Conteúdo Contemporâneos
habilidades da BNCC
Transversais (TCTs)
Competências gerais: 3, 4, 5, 6,
7, 8 e 9.
Competências específicas de
Linguagens: 2, 3, 5 e 6.
• Retoma dos conhecimentos Competências específicas de
Tecnologia na arte adquiridos e da relação entre Arte: 2, 4, 5 e 8.
arte e tecnologia. Habilidades: EF69AR03,
EF69AR08, EF69AR20,
EF69AR27, EF69AR29,
EF69AR30, EF69AR32 e
EF69AR34.
XLV
Referências comentadas
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino de arte: A BNCC é o documento do Ministério da Educação que
anos oitenta e novos tempos. 6. ed. São Paulo: define as aprendizagens, competências e habilidades
Perspectiva, 2007. que todos os estudantes do Brasil devem desenvolver
A autora, referência no ensino das artes, ao questionar o em cada etapa da Educação Básica.
antigo modelo de ensino e aprendizado de arte baseado
BRASIL. Ministério da Educação. Métodos de
na linha do tempo histórico, enfatizou a necessidade da
diagnóstico inicial e processos de avaliação
contextualização cultural, econômica, política e social.
diversificados. In: BRASIL. Ministério da Educação.
BARBOSA, Ana Mae; CUNHA, Fernanda Pereira da Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC,
(org.). Abordagem triangular no ensino das artes e [2019]. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.
culturas visuais. São Paulo: Cortez, 2012. gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/
A obra traz as principais pesquisas, discussões e aprofundamentos/194-metodos-de-diagnostico
teorias em torno deste tripé: ver, fazer e contextualizar -inicial-e-processos-de-avaliacao-diversificados.
arte, no panorama da educação brasileira. A Proposta Acesso em: 20 jun. 2022.
Triangular, que surgiu em 2007, foi revista ao longo Esse documento enfatiza a importância de verificar
dos anos e polida até ser divulgada como Metodologia o que os estudantes sabem para favorecer a escolha
Triangular. de estratégias didáticas que possibilitem ao professor
desafiá-los na construção de conhecimentos novos.
BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as diretrizes e bases da educação CATUNDA, Leda. Leia “De onde vêm as ideias”, texto
nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. crítico de Leda Catunda. In: PRÊMIO PIPA . [Rio de
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Janeiro], 20 jul. 2018. Disponível em:
leis/l9394.htm. https://www.premiopipa.com/2018/07/leia-de-onde
A LDB, como é conhecida essa lei, amplia o acesso ao -vem-as-ideias-texto-critico-de-leda-catunda/.
ensino público, tornando-o obrigatório a partir dos Acesso em: 20 jun. 2022.
4 anos de idade. Por meio dela, municípios, estados e a A artista plástica Leda Catunda, nesse texto escrito por
União são responsabilizados por diferentes segmentos ocasião da premiação do Prêmio Pipa em 2018, enaltece
da Educação Básica. A legislação também estabelece a imaginação e a construção das ideias nos processos de
o acesso ao ensino público de qualidade como direito, criação.
preconizando, entre outros aspectos, a carga horária
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs:
anual mínima para o Ensino Fundamental, distribuída
capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34,
pelos dias de efetivo trabalho escolar. Além disso, a
2011. v. 1.
LDB visa garantir a valorização dos profissionais da
educação. MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Esse volume trabalha a ideia de rizoma abordando os
princípios de conexão, heterogeneidade, multiplicidade,
DA EDITORA DO BRASIL
BRASIL. Lei no 13.185, de 6 de novembro de 2015. ruptura assignificante, cartografia e decalcomania.
Institui o Programa de Combate à Intimidação
FONTERRADA, Educação musical: propostas criativas.
Sistemática (Bullying). Brasília, DF: Presidência da
In: JORDÃO, Gisele et al. A música na escola.
República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.
São Paulo: Alluci & Associados, 2012. p. 97.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13185.htm.
Essa obra traz diversas propostas de utilização da
Acesso em: 20 jun. 2022.
música na sala de aula. O texto de Marisa Fonterrada
Lei que define o bullying como ato de violência física
trata das diversas propostas de educação musical
ou psicológica, sendo intencional e repetitivo, além
criativa a partir da música contemporânea.
de ser praticado sem motivação evidente por um
indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas. A lei JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo:
tem oito artigos e visa desencorajar atos de violência Aleph, 2009.
no âmbito escolar instituindo o Programa de Combate O autor explora o conceito de convergência, que tem
à Intimidação Sistemática (conceituação que a lei dá ao grande relevância no debate contemporâneo sobre as
termo bullying). novas tecnologias. Ele defende a ideia de que novas e
velhas mídias passam a coexistir e interagir, em um cenário
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional
em que as audiências são cada vez mais ativas e criativas.
Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível
em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/ LABAN, R. Dança educativa moderna. Tradução:
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Maria da Conceição Parahyba Campos.
Acesso em: 20 jun. 2022. São Paulo: Ícone, 1990.
XLVI
Partindo dos elementos da dança, a obra reforça que Nesse texto o autor apresenta a ideia central dos estudos
a função da dança na escola não é formar artistas, de Rudolf Laban e se aprofunda em possibilidades de
mas abordar a expressão em atitudes livres, criativas e suas aplicações no despertar do movimento corporal nos
conscientes, revelando a gama de movimentos que todo dias de hoje.
ser humano pode explorar.
MAFFESOLI, Michel. O tempo das tribos: o declínio do
LABAN, R. O domínio do movimento. Tradução: Anna individualismo nas sociedades de massa. São Paulo:
Maria Barros De Vecchi e Maria Sílvia Mourão Netto. Forense, 2010.
São Paulo: Summus, 1978. Nesse livro o autor faz uma análise da mudança de
Os estudos de Rudolf Laban são a principal referência enfoque da sociedade pós-moderna em relação à
para a construção do movimento dançado na educação. importância que a formação de grupos assume no lugar
Essa obra, organizada por Lisa Ullmann, explora o da individualidade.
relacionamento entre as intenções do movimento e o
MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias. Arte, só na
funcionamento do corpo.
aula de arte? Educação, Porto Alegre, v. 34, n. 3,
LANKSHEAR, Colin; KNOBEL, Michele. Digital p. 311-316, set./dez. 2011. Disponível em: http://
literacies: concepts, policies and practices. Nova York: revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/
Peter Lang, 2008. view/9516/6779. Acesso em: 20 jun. 2022.
Discute a pluralidade conceitual acerca do letramento A pergunta que dá título ao artigo é o mote da conversa
digital na educação de uma perspectiva sociocultural, que o texto deseja compartilhar. Um convite para
explorando os processos de ensino e aprendizagem dialogar sobre a potencialidade da arte contemporânea,
em práticas de letramentos e de novos letramentos na com o “olhar de missão francesa” que teima em
cultura digital. considerar a arte como expressão da beleza. Busca
instigar o pensamento rizomático.
LANKSHEAR, Colin; KNOBEL, Michele. New literacies:
changing knowledge in the classroom. Buckingham: MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA,
Open University Press, 2003. Maria Terezinha Telles. Didática no ensino da arte:
Os autores abordam o papel dos novos letramentos a língua no mundo – Poetizar, fruir e conhecer arte.
na Educação, colocando no centro da discussão a São Paulo: FTD, 2009.
cultura digital, os novos letramentos e as práticas As três autoras abordam a Arte de forma dialogada,
docentes no contexto escolar. Eles propõem ainda propiciando ao leitor uma aprendizagem singular e
reflexões e apontamentos sobre o trabalho com significativa. Os relatos que instigam cada assunto
tecnologias digitais no ensino, incorporadas a abordado trazem conceitos, procedimentos e atitudes.
MATERIAL
práticas sociais que dialogamDE DIVULGAÇÃO
com a sociedade atual OLIVEIRA, Raquel Mignoni; CORRÊA, Ygor;
e digital.
DA EDITORA DO BRASIL MORÉS, Andréia. Ensino remoto emergencial em
LARROSA, J. Esperando não se sabe o quê: sobre o tempos de covid-19: formação docente e tecnologias
ofício de professor. Tradução: Cristina Antunes. Belo digitais. Revista Internacional de Formação de
Horizonte: Autêntica, 2018. Professores, Itapetininga, v. 5, e020028, p. 1-18,
O autor fala com profundidade sobre a prática 2020. Disponível em: https://periodicoscientificos.itp.
pedagógica enquanto ofício de professor. Ele trata ifsp.edu.br/index.php/rifp/article/view/179/110.
também do envolvimento no exercício docente, seja no Acesso em: 20 jun. 2022.
diálogo com os estudantes, seja no preparo de aulas, Artigo científico sobre o ensino a distância na pandemia
cursos, entre outros. de covid-19 e os desafios enfrentados por professores e
estudantes nesse processo.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. São Paulo:
Editora 34, 2001. ROJO, Roxane (org.). Escol@ conectada: os
O autor aborda a escrita, a informática e a construção da multiletramentos e as TICs. São Paulo:
inteligência humana pela oralidade, além de expressar os Parábola, 2013.
novos rumos com essa mudança de paradigma temporal O livro traz uma coletânea de atividades de
e cognitivo. multiletramentos e novos letramentos, projetos que
exploram novas práticas de linguagem no contexto
MADUREIRA, José Rafael. A coreologia de Rudolf escolar e digital, considerando o estudante um
Laban e o ensino de artes corporais: uma síntese de nativo digital que também colabora na construção de
conceitos-chave. Revista Pensar a Prática, Goiânia, significados por meio da linguagem em ambientes
ano 22, n. 33, p. 137-157, 2019. digitais.
XLVII
SALLES, Cecilia Almeida. Redes da criação: construção SPOLIN, Viola. Jogos teatrais: o fichário de Viola
da obra de arte. Vinhedo: Horizonte, 2006. Spolin. São Paulo: Perspectiva, 2012.
A autora apresenta parte de sua pesquisa sobre o A autora destaca-se na linguagem do Teatro. A
processo de criação e os documentos do processo dos improvisação presente nessa linguagem por meio de
artistas. A leitura desse material abre novos caminhos jogos foi e é um marco na construção da expressão
para o professor de Arte compreender o fazer artístico. singular de cada estudante.
SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. São Paulo: UNESCO BRASIL. Cultura de paz no Brasil. Brasília,
Unesp, 1991. DF: Unesco, [201-]. Disponível em: https://pt.unesco.
Traz relatos das experiências práticas, reflexivas e criativas
org/fieldoffice/brasilia/expertise/culture-peace.
do autor com estudantes em sala de aula. Nas aulas,
Acesso em: 20 jun. 2022.
ele buscou trabalhar os conceitos de paisagem sonora,
Texto que trata sobre combate ao bullying e valorização
música contemporânea, criatividade, entre outros.
da cultura de paz.
SIBILIA, Paula. Redes ou paredes: a escola em tempos
de dispersão. Tradução: Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: UNICEF BRASIL. Cyberbullying: o que é e como pará-
Contraponto, 2012. -lo. [Brasília, DF]: Unicef Brasil, [2020]. Disponível em:
Nesse livro a autora discute os desafios, os https://www.unicef.org/brazil/cyberbullying-o-que-eh
problemas e as expectativas da instituição escolar -e-como-para-lo. Acesso em: 20 jun. 2022.
em tempos de dispersão, a partir de movimentos Texto que traz explicações do cyberbullying,
sociais, históricos, políticos, econômicos, tecnológicos relacionando-o ao bullying presencial, e maneiras de
e ideológicos. combatê-los.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
XLVIII
9
Maria Helena Webster Dafne Sense Michellepis
(Coordenação) • Formada em Dança pela Universidade
• Especialista em História da Arte pela Estadual de Campinas (Unicamp)
Universidade de Caxias do Sul (UCS) • Licenciada em Pedagogia pela Faculdade
• Graduada em Artes Plásticas pela Alfa América
Universidade Federal do Rio Grande do Sul • Certificada pelo San Francisco International
(UFRGS) Orff Course (SFORFF)
• Coordenadora de livros didáticos de • Artista de dança, pesquisadora e
Educação Infantil, Ensino Fundamental arte-educadora
e Ensino Médio • Professora especialista de dança no
• Formadora de coordenadores e professores ensino formal
em Arte • Mediadora em cursos de extensão sobre
• Autora de livros dirigidos aos professores corpo e movimento na educação
de Educação Infantil
• Idealizadora e autora de conteúdo de site Stella Ramos
de Educação Infantil • Formada em Educação Artística pela ENSINO
Universidade Estadual de Campinas FUNDAMENTAL
Auber Bettinelli (Unicamp) ANOS FINAIS
• Formado em Desenho Industrial com • Pesquisadora, formadora, mediadora e
COMPONENTE CURRICULAR
habilitação em Programação Visual pela coordenadora de projetos em Educação
Universidade Presbiteriana Mackenzie e Arte/Cultura ARTE
• Ator e criador de ações artísticas que • Desenvolvedora de materiais e jogos
mesclam teatro, performance, literatura educativos para instituições culturais
e educação em trabalhos coletivos • Autora e coautora de ações artísticas
• Arte-educador que pesquisa mediação em que mesclam poesia e artes visuais
espaços de educação não formal • Pesquisadora e arte-educadora em
• Autor, pesquisador, formador e coordenador artes visuais
de projetos em Educação e Arte-Cultura • Autora de livros didáticos para o Ensino
• Autor de livro didático para o Ensino Fundamental (Anos Finais) e o Ensino Médio
Fundamental (Anos Finais) e Ensino Médio • Autora de disciplina sobre artes híbridas e
educativos
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
• Desenvolvedor de materiais e jogos escola contemporânea em curso de formação
a distância para professores de Arte
DA EDITORA DO
Camila Carrascoza Bomfim
BRASIL
Tiago Luz de Oliveira
• Mestre e doutora em Música pela • Formado em Direção Teatral pela Escola de
Universidade Estadual Paulista (Unesp) Comunicações e Artes da USP
• Formada em Contrabaixo pela Faculdade de • Mestre em Artes Cênicas pela Escola
Artes Alcântara Machado (Faam) de Comunicações e Artes da USP
• Professora de História da Música e Teoria • Criador, mediador e performer de ações
Musical artísticas que mesclam teatro, literatura 1a edição
• Autora de livro didático para o Ensino e educação em espaços expositivos São Paulo, 2022
Fundamental (Anos Finais) • Autor de livro didático para o
• Autora de artigos e capítulos de livros de Ensino Fundamental (Anos Finais)
Educação Musical e Musicologia • Pesquisador e arte-educador em teatro
• Pesquisadora da área de Musicologia em espaços culturais
• Contrabaixista
1
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
22-113220 CDD-372.5
1a edição, 2022
2
Caro aluno e
cara aluna,
Este livro é um convite para uma caminhada por trilhas que
permitirão a você refletir, criar, expressar-se e, assim, dialogar
de formas diversas e prazerosas com a arte e a tecnologia.
Você convive com a arte e com a tecnologia no seu cotidiano.
O corpo se ajusta à sua maneira para se relacionar com uma série
de recursos técnicos que são fruto de pesquisa e experimentação.
Esses recursos estão presentes tanto nos aparelhos eletrônicos
e digitais quanto em ferramentas que precederam a descoberta
da eletricidade pelo homem. Vamos conhecer alguns desses
recursos para, dentro de seu contexto, explorar possibilidades
artísticas e criativas de expressões pessoais e coletivas.
O nosso convite é para que você seja o personagem principal
nesse cenário, deixando de ser apenas um observador para participar
intensamente dos processos que propomos no livro. Quando
você começa a investigar, faz descobertas a partir das próprias
experiências, ideias e valores, o que proporciona um novo olhar para
o que está próximo e parece familiar, e o que está distante e pode
gerar estranhamento. Nos diálogos entre você e as manifestações da
arte, é possível dar novos significados ao que está ao seu redor e até
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
mesmo olhar o mundo como um grande campo de possibilidades.
DA EDITORA DO BRASIL
Umas das formas de estabelecer essa relação é pelos
caminhos da arte. A construção desses significados se inicia
quando paramos, refletimos e formulamos um aprendizado.
Para que isso ocorra, você será convidado a observar e refletir
sobre suas percepções. O livro busca estabelecer diálogos: você consigo
mesmo, você com seus colegas, com o professor, com a família, com
o que está ao seu redor e com o que está acontecendo no mundo.
Você é o protagonista e está construindo sua história!
Um abraço,
Os autores
3
Ponto de partida
Crédito
um espaço urbano. São Paulo (SP), 2017. Janeiro (RJ), 2015. tica quadrada dos pixels e os distribuíram pelas cidades, criando
pontos de conexão entre a linguagem analógica e a digital.
Neste livro, vamos investigar obras de artistas das artes
visuais, da dança, do teatro e da música, refletindo sobre
Fernando Lemos / Agência O Globo
8-bitch project
Luca Bastolla em uma de um trem. Intervenção em art pixel
intervenção em art do projeto dos artistas Maria Carol e ético e responsável, manifestações da arte e da tecnologia
pixel inspirada em um Luca Bastolla. Vinhedo (SP), 2017.
nos dias atuais.
personagem de game no
espaço urbano. Rio de
Janeiro (RJ), 2015.
1. Quais elementos das imagens fazem parte do
vocabulário digital?
2. O que as intervenções de Luca Bastolla e Maria
Carol fazem você sentir em relação ao seu corpo?
3. O que elas fazem você pensar em relação ao espaço
urbano e à tecnologia?
Cristina Maranhão
Abertura de trilha
As trilhas exploram
Saber,
inventar e
diversas abordagens
inspirar
possíveis relacionadas
ao tema estudado. O teatro como vivência segue acontecendo em diferentes
regiões do país e do mundo, seja em um edifício teatral,
seja em um espaço público. Para quem está em cena e para
quem está na plateia, essa vivência é uma oportunidade de
diversão, de contar e ouvir histórias, de refletir sobre a vida
e o mundo que nos cerca.
Inovar, crescer
criações artísticas?
Marvel Studios/ Walt Disney Studios Motion Pictures/ Collection ChristopheL/AFP
e permanecer
Cena do espetáculo Black Brecht: e se Brecht fosse negro?, do Coletivo
Legítima Defesa. Direção: Eugênio Lima. São Paulo (SP), 2019.
Nesta unidade, você vai:
• refletir sobre diferentes modos de operar com a linguagem das
A palavra “tecnologia” geralmente é usada para se referir a aparelhos eletrônicos, com- artes cênicas e suas tecnologias;
putadores, robôs, inteligência artificial, objetos conectados a redes digitais etc. A arte • compreender o teatro como instrumento capaz de impulsionar
apropria-se dessas ferramentas e as subverte, inventando novas linguagens. mudanças, sejam elas pessoais, sejam coletivas.
100 101
Tecnologia: que assunto é esse?
Matt Kennedy/Marvel/ Walt Disney Studios Motion Pictures/ Everett Collection/Fotoarena
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Negra, dirigido por Ryan
Conexão
Coogler. Estados Unidos,
agregam qualidades à vestimenta e contribuem para comunicar a importância so-
2018.
cial da personagem Ramonda no mundo retratado pelo filme, vencedor do Oscar Essa fragmentação é uma característica da dança-teatro, muito explorada
É logico, é logica!
de melhor figurino. As tramas que vemos na imagem fazem referência a técnicas pela coreógrafa alemã. Em Café Müller, ela mistura dança, teatro, ópera e até
tradicionais, como a arte da renda e da cestaria. No caso desta personagem, ma- mesmo cenografia, além das memórias, sensações e histórias trazidas pelos
Dança-teatro
Cena do filme Pantera teriais sintéticos foram trabalhados com inspiração em materiais naturais, criando próprios bailarinos na elaboração da coreografia do espetáculo como um todo.
Traz as relações
Negra, dirigido por
DA EDITORA DO BRASIL
Ryan Coogler. Estados texturas que se assemelham a delicados trabalhos manuais, sobrepondo passado A relação entre arte e vida foi uma constante no trabalho dessa diretora. Ela
Unidos, 2018. e presente em uma peça de vestuário carregada de significados. Pina Bausch (1940-2009) foi uma bailarina e coreógrafa alemã cujo trabalho desenvolveu uma série de espetáculos inspirados em lugares ao redor do mun-
é reconhecido mundialmente. Ela foi a diretora artística da companhia Tanztheater do. Foi assim, por exemplo, com Masurca Fogo (1998), inspirado em Portugal;
entre as linguagens
O conjunto de dispositivos tecnológicos que fazem parte do nosso cotidia- Wuppertal. Wuppertal, além de integrar o nome da companhia, é também a cida- Água (2001), inspirado no Brasil; Ten Chi (em português, “Céu e terra”, 2004),
no, de celulares e satélites até novos materiais desenvolvidos e comercializados Processos de criação contemporâneos de alemã onde ela está localizada. Após sua morte, o grupo passou a se chamar inspirado no Japão; e Bamboo Blues (2007), inspirado na Índia.
pela indústria, muda nossa percepção de mundo, produzindo uma cultura que As técnicas manuais para a produção de objetos utilitários ou decorativos Tanztheater Wuppertal Pina Bausch (em português, Dança-Teatro Pina Bausch Todos esses trabalhos são apresentados no formato de palco italiano, e
da arte, ampliando
deseja consumir tecnologia. Essa tendência da sociedade é resultado direto de podem conectar épocas distintas, uma vez que são criações humanas que se de Wuppertal). o desafio para a cenografia é traduzir, em imagens e elementos, um pouco do
uma longa história de conhecimentos transmitidos de geração a geração. Esses apropriam de conhecimentos antigos ao mesmo tempo que os ressignificam, • Observando a imagem a seguir, o que chama mais sua atenção? Por quê? lugar que inspirou cada um deles.
Impressora 3-D:
máquina que produz saberes permitiram à humanidade manipular e transformar o mundo material à por meio de novas estéticas, materiais e utilizações desses saberes. Por serem Na foto abaixo, temos uma cena do espetáculo Água, que teve o Brasil
o olhar em relação
sua volta, durante milhares de anos, utilizando técnicas manuais e instrumentos abertas a diversas adaptações e transformações, as técnicas tradicionais são como inspiração.
David Baltzer/Zenit/Laif/Imageplus
objetos com alta
precisão utilizando sempre presentes nas suas criações. constantemente revisitadas nas produções de arte contemporânea.
UPPA/ZUMApress/Fotoarena
materiais maleáveis As roupas que usamos todos os dias são exemplos dos avanços técnicos De um ponto de vista mais amplo, podemos classificar as técnicas tradicio-
ao fazer artístico.
que se solidificam. e tecnológicos que permitiram sua produção em grande escala com materiais nais que lidam com variadas materialidades como habilidades de manipular ma-
A partir de cálculos sintéticos ou naturais. No filme Pantera Negra, a tecnologia tem papel central teriais usando-os para criar instrumentos, objetos, engrenagens, construções:
prévios, funciona
para o desenvolvimento do roteiro. A configuração visual do mundo fictício de um sapato, um vestido, uma cadeira, uma casa, uma ponte, por exemplo. Em
como se estivesse
Wakanda mistura referências étnicas tradicionais de vários países da África com contraposição, a tecnologia seria um conjunto de técnicas que produz artefatos,
imprimindo camadas
sobrepostas que elementos futuristas. Observe com atenção o figurino da personagem Rainha materiais, máquinas e construções de modo automatizado ou por meio de inte-
constroem formas Ramonda, que foi criado por meio de uma impressora 3-D. Olhando com aten- ligência artificial. Os dois modos de produção são frutos do conhecimento das
tridimensionais. ção a imagem a seguir, podemos perceber que suas tramas delicadas formam épocas e dos lugares em que surgiram, desempenhando funções que ajudam o
desenhos complexos, criados por computador e fabricados pela impressora. homem a perpetuar seu estilo de vida.
28 29
Cena de Café Müller, da
Companhia Tanztheater
Wuppertal Pina Bausch.
Berlim, Alemanha, 1999.
Café Müller marcou o início da chamada dança-teatro. Nesse tipo de espe- Cena de Ág
Tanztheater
táculo, as coreografias são construídas não apenas com músicas, solos e mo- Bausch. Fes
mentos em grupo mas também com cenas mais teatrais e com o uso da palavra Edimburgo,
pelos bailarinos. Em Café Müller, o espaço cênico é um elemento de destaque.
O cenário representa o que seria o salão de um café preenchido com cadeiras e Ao optar por um espaço em branco, a coreógrafa criou uma espécie de
mesas pretas de madeira, espalhadas de maneira aleatória. grande tela em que são projetados, em muitos momentos do espetáculo, ví-
Em silêncio, uma mulher entra nesse espaço. Aos poucos, fica nítido que ela deos de elementos brasileiros, como paisagens, rios, cidades e o próprio povo.
caminha de olhos fechados, e assim permanecerá durante todo o espetáculo. As imagens projetadas ocupam o espaço todo, do chão até o teto, criando uma
Em seguida, novas personagens entram em cena. Outra mulher entra e só então atmosfera de sonho, em que os bailarinos dançam e compõem cenas.
começa uma música. Essa segunda mulher, que também fica de olhos fechados,
Selo
Elas funcionam de maneira similar aos telões pintados que ficam no fundo
começa a dançar entre as mesas e cadeiras. Rapidamente, aparece um homem do palco, mas, como são vídeos, possuem movimento e, dessa forma, podem in-
que vai abrindo espaço para que ela possa dançar sem bater nos móveis. Assim, teragir com a cena. Jogando com diversos elementos cênicos, explorando-os de
vai se desenhando o jogo cênico com o espaço, que, de certa forma, passa a ser forma a criar novos significados na relação entre eles em cena, os espetáculos
quase um personagem: torna-se um lugar vivo, transformado o tempo todo pela realizados pela companhia de Pina Bausch se tornam uma experiência estimu-
ação de um dos bailarinos.
lante para quem os assiste, pois, em cada cena, em cada coreografia, surgem
trabalho sobre um
A trilha sonora não está presente o tempo todo. Trechos de óperas são interca-
lados com momentos de silêncio, criando um jogo sonoro. A soma de tudo isso • Como você descreveria essa cena? De que maneira a movimentação dos
forma um tipo de espetáculo fragmentado, cuja unidade se dá por causa do es- bailarinos se conecta com a projeção de folhas de palmeiras nas paredes
Tema Contemporâneo
paço criado pela cenografia onde ele acontece, nesse caso, o salão de um café. do espaço cênico?
72
Transversal.
4
O espaço cênico é formado por objetos que remetem a um
Fernando Ribeiro
tório e também a uma casa. Gavetas, luminárias, máquina
Práticas de criação
crever, telefones, computadores, pequenas mesas, televi-
violão e outros elementos são dispostos no espaço cênico Registrando memórias
o sendo reorganizados pelos próprios atores, de acordo
Africa Studio/Shutterstock.com
a necessidade das cenas.
de experimentações e criações.
contribuem para estabelecer uma atmosfera que faz refe-
a a determinada época. Basta deslocarmos um dos obje-
esse cenário e podemos criar outras camadas simbólicas Performance O datilógrafo, do artista Fernando
Ribeiro. São Paulo (SP), 2015.
gnificação.
A mesma dinâmica é utilizada na performance O datilógrafo, do artista Fernando Ribeiro, que vive
balha em Curitiba (PR).
Como você descreveria a imagem ao lado? Fitas cassete, 2016.
Essa performance foi desenvolvida em São Paulo (SP) durante a Exposição Terra Comunal: Marina
Renphoto/iStockphoto.com
Nirad/iStockphoto.com
movic + Mais, em 2015. Nos dois meses de duração da sua performance, Fernando passava de seis
o horas por dia transitando com sua máquina de escrever por todos os espaços do centro cultural
acontecia a exposição. Por vezes, escolhia um lugar e ali começava a registrar o que estava vendo
as sensações a respeito daquilo. Tudo isso acontecia com Fernando em silêncio, mesmo estando em
ato direto com o público. Para a maioria das pessoas que passeavam pelo espaço cultural, a presença
ernando poderia passar despercebida. Mas quando ele começava a datilografar, o som característico
áquina chamava a atenção de quem passava por perto ou mesmo de quem ouvia o barulho, que
urava sua fonte. • Membranofones: são os instrumentos nos quais o som é produzido com a vibração de uma mem-
Você conhece a máquina de escrever? Já teve a oportunidade de usar uma? É muito comum, hoje brana (que pode ser de pele de animais ou sintética).
ia, que as pessoas desconheçam a máquina de escrever. Esse fato, inclusive, foi aproveitado pela
Muitas marimbas
Cristiano Quintino
ormance para despertar a curiosidade das pessoas. Isso criou outro jogo temporal dentro do trabalho,
Cristiano Quintino
performance de longa duração que se apoia
Você já experimentou bater com a mão fechada em diferentes superfícies de madeira? Tente se
eia do registro, e que acontece por meio de um
Fernando Ribeiro
Modelo de aparelho antigo de toca-fita e gravador, 2009. Outro modelo de aparelho antigo de toca-fita e gravador, 2015.
lembrar dos sons que esse tipo de material produz, por exemplo, ao se bater em uma porta, esperando
ato mecânico quase não visto mais nos tempos
• Você conhece esses dispositivos e aparelhos? Já usou algum deles? que alguém abra. Tente se lembrar de diferentes sons que já ouviu, batendo em diferentes portas: cada
s. Dessa forma, o artista conseguia chamar a
Nas imagens, vemos fitas cassete, dispositivos que armazenam informações sonoras, e dois gravadores, porta tem o seu som, que varia de acordo com diversos fatores, como as dimensões, o tipo de madeira
ção para o ato do registro em si, mexendo com
usados para registrar e reproduzir vozes, sons e músicas. Esses objetos foram muito populares entre pessoas de que é feita, o revestimento etc.
mória de quem conhece e viveu a datilografia e
que viveram em uma época anterior aos celulares e à internet. Quando são tirados do cenário e do tempo em O mesmo se dá com os instrumentos: forma, textura e densidade dos materiais influenciam direta-
ertando o interesse daqueles que nunca viram
que eram utilizados, tais objetos podem ser vistos como símbolos de uma época. Se algum desses aparelhos mente sua sonoridade. Vejamos o exemplo da marimba, ouvindo o som da marimba de orquestra.
tecnologia ou ouviram falar dela.
Com essa performance, o exercício diário da está presente em sua casa, então você já teve contato com os significados que eles possuem para as pessoas.
furtseff/Shutterstock.com
rvação e da escrita vai ganhando novos signi- 1
• Que memórias são associadas a eles? Se você não conhece nenhum de perto, que imagens e signifi-
Marimba de
os. Partindo de um objeto cotidiano, Fernando cados pode atribuir a eles? orquestra
convida a refletir sobre a questão da intenção, Nessa prática, continuaremos seguindo os rastros de formas de expressão que remetem ao passado
ela pode mudar toda a nossa relação com qual- como suporte de uma ação poética. Para isso, convidamos você a encontrar maneiras de registrar algumas
ação que realizamos. O objetivo da performan- Performance O datilógrafo, do artista Fernando Ribeiro. memórias pessoais e ligadas ao meio escolar. Se possível, use um aparato mecânico ou eletrônico que re-
São Paulo (SP), 2015.
ão era produzir um livro, mesmo que o objeto meta a um tempo passado, como máquina de escrever e gravador de fita cassete. Ainda é possível usar o
o pelo artista pudesse ser usado para essa finalidade. A figura do datilógrafo, com sua máquina e seu gravador de som do celular. Se você não tem acesso a nenhum desses dispositivos, será que poderia con-
Aqualung,
no, provocava no público reflexões sobre o tempo, a prática da presença, da percepção e da escuta seguir com alguém que trabalhe na escola, solicitando à coordenação, ou mesmo pedindo emprestado a um membranofone de
e do entorno, das escolhas, da organização do conteúdo e do registro em si. professor ou pai de algum colega? Tome cuidado ao manusear os dispositivos e devolva-os nas mesmas água utilizado pelo
condições em que os recebeu. Trilobita, membranofone construído com tubos de grupo Uakti. Belo
PVC. Instrumento utilizado pelo grupo Uakti. Belo Horizonte (MG),
Horizonte (MG), 2008. 2008.
127
Cristiano Quintino
Como já vimos, marimba é um idiofone. Ela é composta geralmente de teclas de madeira que são
percutidas por baquetas – mas que podem, também, ser percutidas pelas mãos. Ouça o som do balafon,
tocado também com baquetas.
Charles O. Cecil/Alamy/Fotoarena
2
Balafon
Até o momento, exercitamos diferentes possibilidades de refletir, estranhar ou buscar novas formas
Viagem no tempo
de compreender as imagens do mundo. Vamos seguir adiante Tabla elétrica, melhor um movimento artís-
e conhecer
eletrofone utilizado
tico que revolucionou o modo de transportar o mundo visível peloparagrupo Uakti. das pinturas – o Cubismo.
as telas
Cubismo e suas imagens simultâneas Costuma-se determinar o ano de 1907 como marco de seu início, Beloquando
Horizonteo(MG),
artista Pablo Picasso pintou
a famosa obra Le Demoiselles d'Avingon, e um pouco antes da 2008.
Primeira Guerra Mundial, em 1914, como
Solomon R. Guggenheim Museum, New York, USA/The Hilla
o fim das pesquisas como um movimento integrado. Observe novamente todas as imagens desta Trilha
Rebay Collection/© Gleizes, Albert/AUTVIS, Brasil, 2018.
Contraponto
Barney Burstein/Corbis/VCG/Getty Images
Cabeça de mulher dormindo, de Pablo Picasso. Que relações você vê entre elas?
Stefania Valvola/Alamy/Fotoarena
Caminhando
pela História
Juan Gris. Cabeça de
44
período histórico, proporcionando a
45
Por exemplo, pode-se projetar a cena de uma pessoa discursando sobre o corpo de um ator que gesticula compositores; na cenografia, que podem ser arquitetos e também marceneiros, pedreiros; na contrarre-
e realiza seu discurso. gragem; no figurino, com estilistas e costureiras; além da produção teatral, incluindo a bilheteria.
Tente se lembrar de grupos e espetáculos que você conheceu, seja presencialmente no teatro, nos
3 Pensem nas relações entre os audiovisuais e os elementos da cena: Que tipo de iluminação é necessária
livros de Arte ou pesquisando na internet. Cada espetáculo produzido por um desses grupos, ou por qual-
para as explorações com o audiovisual? Como os recursos disponíveis podem ser usados em cena? quer grupo de teatro, é uma ação pensada e organizada para reunir pessoas interessadas em debater,
Tapumes, cortinas, tecidos e espelhos podem oferecer soluções para limitar a entrada da luz natural ou criar por meio da linguagem teatral, assuntos de interesse comum.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
focos específicos de iluminação. Também são úteis para estabelecer divisões no espaço da cena, o que vai Quem decide seguir a carreira teatral pode escolher e se especializar nas diversas áreas que a pro-
influenciar a movimentação dos atores. São elementos de fácil acesso que podem ampliar as possibilidades fissão oferece, tanto em nível técnico como em nível superior. De modo geral, os estudos teatrais podem
estéticas e os sentidos metafóricos do conjunto formado por cena + projeção. se iniciar ainda na escola ou em cursos livres oferecidos por espaços culturais.
Para ajudar, pesquisem na internet referências de outras peças, buscando verbetes como “teatro e vídeo”, A história do Fábrica das Artes, em Americana (SP), nos mostra como a parceria entre grupos de
“videocenário”, “videodança” etc. teatro que surgiram no contexto escolar é capaz de gerar espaços para que as artes cênicas possam
DA EDITORA DO BRASIL
existir e servir à comunidade.
4 Mostrem o projeto aos colegas, ouçam as opiniões deles e conheçam os trabalhos que fizeram também.
Coordenada
Fábrica de Artes
movimentos artísticos
e pessoas importantes
na temática trabalhada.
Da união dos grupos TAJ – Arte e Expressão e Grupo de Teatro Pé Preto –, formados por estudantes
Diversas profissões envolvidas no fazer teatral. de escola pública, surgiu o Grupo Teatral Ta’lento, conhecido como GTT. O grupo utilizava o anfiteatro
da escola, uma vez por semana, para fazer exercícios teatrais e arriscar a criação de cenas. Logo o GTT
Quando escolhemos fazer teatro, estamos escolhendo não apenas uma maneira de olhar para o
convidou o diretor Carlos Justi para ajudá-los a se aprofundar nas práticas teatrais, conduzir os ensaios
mundo mas também um modo de agir no papel de cidadãos diante de questões que nos instigam no dia
e montar um espetáculo.
a dia.
Assim, com a montagem do espetáculo O julgamento, inspirado no texto Mauser, do dramaturgo
E quando dizemos “fazer teatro”, devemos nos lembrar de que não se trata apenas de estar em cena
alemão Heiner Müller (1929-1995), o grupo tornou-se conhecido não somente na cidade de Americana
como atores e atrizes. Ainda que, de modo geral, essa seja uma das portas de entrada para esse univer-
Selo
mas em diversas cidades do estado de São Paulo, sendo convidado a participar de alguns festivais de
so, o fazer teatral se relaciona com diferentes profissionais de muitas áreas. A experiência de estar em
teatro. Enquanto preparavam o próximo espetáculo, o grupo soube que não poderia mais usar o espaço
cena pode ser interessante para auxiliar nas suas percepções quando você estiver em outras funções,
da escola para os ensaios e criações. E agora? Novamente, a união de dois grupos trouxe a solução. O
como direção ou dramaturgia, por exemplo. Nas demais áreas, diversos profissionais também podem ser
GTT se juntou ao grupo Macamã Arte e Cultura, também de Americana, e juntos alugaram o galpão de
chamados de artistas de teatro, tanto na Iluminação quanto na sonoplastia, que também inclui músicos e
uma fábrica desativada no centro da cidade. Assim nasceu o espaço cultural Fábrica das Artes.
138 139
5
No final dos anos 1990, quando a internet estava chegando, eu já gostava de trabalhar com a mistura
Bate-papo com o artista
João Caldas
Bate-papo com a artista da dança com elementos de outras linguagens. Assim, minha primeira mediação tecnológica foi utili-
zando um retroprojetor para propor a outras pessoas uma cena improvisada. A ideia era criar imagens
Ivani Santana é artista, professora e pesquisa-
no retroprojetor e dançar utilizando o dispositivo. Foram as práticas de criação que formaram meu
coreógrafo de dança
de dança porque algumas amigas próximas também faziam. Eu não iniciei moderna, nasceu no investigando um tipo de mediação. Então talvez seja melhor eu falar em fases. A fase do mestrado ao
pelo balé nem pelo jazz. Eu comecei na dança moderna, que naquela época México e fez carreira
fim do doutorado marcou minha vida. Foi a fase de discutir que corpo físico é esse que eu possuo e
André Bitencourtt
era um estilo meio desconhecido. Ter entrado na dança moderna foi significa- nos Estados Unidos.
Sua técnica trabalha pensar nas possibilidades perceptivas que uma obra pode ativar.
tivo, pois logo de início construí um entendimento de corpo que não era fixa- com a respiração Comecei então a pensar no corpo digital, e depois no corpo da telemática, com pessoas dançando
Repensando as tecnologias em música
do e estruturado pelo vocabulário do balé, mas sim pelas técnicas de Limón em relação ao
peso das partes do juntas mesmo estando separadas geograficamente. Nessa fase comecei pesquisando no Brasil e, a Este é o último ano do Ensino Fundamental, e estamos no final de nossa caminhada musical. Nesta
(1908-1972) e Graham (1894-1991). Com 11 anos, entrei na Escola Muni-
corpo, e enfatiza os seguir, convidei pessoas da Espanha para participar dos meus projetos de pesquisa. Elas nunca tinham Trilha, você conheceu diversos instrumentos e refletiu sobre sons digitais, eletrônicos e analógicos, além de
cipal de Bailado, onde o balé sempre predominou, mas, na ocasião, começou gestos de braços
trabalhado com a telemática, e seria importante a transmissão do conhecimento de uma pesquisa tec- conhecer algumas manifestações musicais e profissões na área de música.
a ter uma abertura para técnicas modernas e de musicais. Comecei a fazer e o uso das mãos
com organicidade nológica e artística brasileira feita por nós. Depois, entrei na fase de pensar no corpo sonoro, e junto Esta jornada foi construída buscando ampliar as suas concepções de tecnologia e música, mas também
aulas à noite com outras professoras, como Célia Gouvêa (1949-) e Ruth
em movimentos com ele veio o corpo da mídia locativa, esse corpo que ocupa espaços urbanos e com o qual se vai para estabelecendo um diálogo sobre como a música pode ser uma ferramenta de engajamento e transformação.
Rachou (1927-), para aprofundar os conhecimentos do moderno, e logo per- característicos de sua Avaliando tudo o que aconteceu desde o começo desta Trilha, o que mais você destacaria? Observe a
técnica.
vários lugares na própria cidade. A fase que estou iniciando agora é a do mergulho na realidade virtual,
cebi as diferenças entre as técnicas. Alguns elementos da dança moderna imagem.
que, com certeza, será meu foco de trabalho por vários anos.
não “funcionavam” nas aulas de balé, e fui da primeira para a última aluna da Martha Graham:
fila, pois meu corpo não expressava mais a “forma pura” do balé. Vale dizer dançarina e Que conselho você daria para aqueles que gostam de dança e de novas tecnologias?
178 179
Das técnicas da Antiguidade às Após a roca, foram inventadas outras máquinas manuais de tecer, como o
tear. Mas uma mudança crucial para a história ocorreu entre o meio e o fim do
tecnologias atuais século XVIII, com a invenção do tear mecânico, inicialmente movido por moinhos
Ao longo do tempo, diversas técnicas foram sendo criadas e aperfeiçoadas hidráulicos, e sua combinação com o motor a vapor, aperfeiçoado na mesma
de acordo com as necessidades dos seres humanos: caçar, sobreviver, registrar época. O acionamento dos teares pela força das máquinas a vapor diminuiu
informações, contar a passagem do tempo e melhorar o trabalho. Entre as má- enormemente a quantidade de pessoas necessárias para fabricar os tecidos –
quinas que se destacam na história, estão os moinhos e as máquinas de costura. que passaram então a ser produzidos em larga escala. Esse desenvolvimento da
O desenvolvimento técnico dos moinhos é parte do que agora chamamos de indústria têxtil é considerado o principal marco da Revolução Industrial.
Assim como os moinhos, as rocas e as máquinas de costura fizeram parte
Mapeando a caminhada
engenharia mecânica, engenharia civil e de aerodinâmica.
da vida das pessoas, transformando seu cotidiano, e temos hoje diversos outros
recursos que nos impactam diariamente, entre eles os computadores e smart-
StanislavBeloglazov/Shutterstock.com
um momento de autoavaliação.
multilinguagens. Assista, por exemplo, a um vídeo que mostre os processos de
produção de um show da sua banda favorita e note como a tecnologia faz parte Recursos tecnológicos fazem
do que vemos no palco. parte de todo o processo
cênico. Ucrânia, 2019.
Oleksandr Nagaiets/Shutterstock.com
20 21
182 183
6
Ponto de partida Técnicas e tecnologias................................................................ 11
Um novo ciclo .................................................................................................................................................................................................................................... 12
O olhar, as janelas, os sentimentos e as nuvens ..............................................................................................................................................13
Meios e modos .................................................................................................................................................................................................................................. 15
Técnica na Pré-História e na Idade Antiga ...........................................................................................................................................................18
Das técnicas da Antiguidade às tecnologias atuais......................................................................................................................................20
Mas o que é tecnologia? .......................................................................................................................................................................................................... 22
Práticas de criação – Classificando técnica e tecnologia para uma rede .............................................................................................23
Concluindo com fios soltos .................................................................................................................................................................................................. 24
MATERIAL da
Trilha 2 - Transformações DE DIVULGAÇÃO
dança pela tecnologia ............................................................................... 62
DA EDITORA DO BRASIL
Vídeo e arte nas obras de Analivia Cordeiro ...................................................................................................................................................... 63
Coordenada – Profissão dança: ingresso na vida acadêmica ........................................................................................................................65
Práticas de criação – Plano fixo de uma dança .........................................................................................................................................................66
Videodança: o que é isso? ..................................................................................................................................................................................................... 67
Cinema, dança e música .......................................................................................................................................................................................................68
Eu danço, eu filmo, nós criamos.....................................................................................................................................................................................70
Práticas de criação – Planos móveis de uma dança ..............................................................................................................................................71
Conexão – Dança-teatro ..............................................................................................................................................................................................................72
Sítio específico: uma dança para um local ............................................................................................................................................................74
Chão transparente, plateia diferente .........................................................................................................................................................................76
Por que não dançar aqui? ....................................................................................................................................................................................................78
Práticas de criação – Uma dança para um espaço específico .......................................................................................................................79
Dança e luz ........................................................................................................................................................................................................................................... 80
7
7
O LED na dança............................................................................................................................................................................................................................82
Iluminando temas antes apagados: a valorização do corpo negro na dança..........................................................................83
Desafio revelado ..........................................................................................................................................................................................................................85
Práticas de criação – Registros de um desafio: formar, apoiar e impulsionar ..................................................................................86
Dança de favela no cenário iluminado......................................................................................................................................................................87
Contraponto – Modos tradicionais e contemporâneos de dançar .............................................................................................................88
A dança telemática ....................................................................................................................................................................................................................... 93
Caminhando pela História – Tecnologia e mudanças na captura de imagens .................................................................................94
Investigar o gesto para entender o movimento ............................................................................................................................................... 96
Práticas de criação – Pesquisa e fichamento ..............................................................................................................................................................97
Mapeando a caminhada – Dança e tecnologia ..........................................................................................................................................................99
8
Criar e ouvir música na atualidade ............................................................................................................................................................................ 165
Transformando sons ............................................................................................................................................................................................................ 166
Práticas de criação – Construindo lugares com os sons ................................................................................................................................ 167
Um pouco da cultura hip-hop ...................................................................................................................................................................................... 168
Na terra e no espaço sideral............................................................................................................................................................................................. 170
Ações da música no cotidiano........................................................................................................................................................................................ 172
Música como ação e transformação ......................................................................................................................................................................... 173
Música e saúde.......................................................................................................................................................................................................................... 177
Mapeando a caminhada – Repensando as tecnologias em música ...................................................................................................... 179
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
9
A BNCC neste Ponto de
Life is a Bit
partida
Competências gerais: 1, 2, 3,
4, 5, 7, 8, 9 e 10.
Competências específicas de
Linguagens: 1, 2, 3, 5 e 6.
Competências específicas de
Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8 e 9.
Objetos e habilidades:
Contextos e práticas
EF69AR31
Processos de criação
EF69AR32
Patrimônio cultural
EF69AR34
Arte e tecnologia
EF69AR35
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
10
Justificativa
Com a proposição do tema “Técnicas e tecnologia nas Este Ponto de partida busca oferecer diferentes opor-
artes”, são abordados os espaços nos quais as linguagens se tunidades de atingir os objetivos propostos, adaptando as
expressam, referindo-se às relações entre as questões tec- estratégias com base nas características da turma e nas suas
nológicas na sociedade e nas artes. É importante esclarecer escolhas como professor. Nesta etapa inicial do trajeto, é im-
que esse tema inclui aspectos físicos e operacionais, além portante abrir os olhos e a mente para novas perspectivas
de dispositivos simbólicos acionados por recursos tecnoló- e descobertas.
gicos com os quais as pessoas interagem e pelos quais se
expressam.
10
Fernando Lemos / Agência O Globo
Orientações
As perguntas que aparecem na
abertura do Ponto de partida po-
dem gerar boas discussões sobre as
técnicas e as tecnologias na arte. O
Técnicas e
foco não é respondê-las de modo cer-
to ou errado, mas iniciar uma reflexão
que possa indicar como você e sua
tecnologias
turma relacionam-se com as artes e a
tecnologia. Na primeira pergunta, es-
pera-se que os estudantes apontem o
pixel e o armazenamento em nuvem.
Para as demais questões, a resposta
é pessoal.
Verbos como acessar, apreciar, produzir, registrar e com- Faça um diagnóstico inicial para
partilhar fazem parte das práticas artísticas e culturais de verificar o que a turma sabe sobre o
muitas sociedades e estão relacionados a verbos que fazem tema, destacando que a arte não faz
parte dos recursos tecnológicos e digitais que nos cercam, parte apenas do conteúdo das expo-
como baixar, curtir, disparar e viralizar, entre outros. sições organizadas em galerias ou de
Observe as imagens: elas fazem referência ao menor ponto na espetáculos apresentados em teatros,
composição das imagens digitais, o pixel. Os artistas Luca Bas- e que não necessariamente tudo que
tolla e Maria Carol fizeram pequenos mosaicos seguindo a esté- se vê compartilhado nas redes digitais
Crédito
tica quadrada dos pixels e os distribuíram pelas cidades, criando é arte. Elementos de manifestações
pontos de conexão entre a linguagem analógica e a digital.
que envolvem a cultura e os proces-
Neste livro, vamos investigar obras de artistas das artes sos de criação, tais como o artesana-
Hortaliças em pixels no muro da linha
visuais, da dança, do teatro e da música, refletindo sobre to, as estampas e as rendas, podem
temas e percursos criativos e discutindo, de modo reflexivo,
8-bitch project
Começo de conversa
Neste volume, aprofundaremos o
Nesta unidade, você vai:
tema “arte e tecnologia”, procurando
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
• perceber que a técnica e a tecnologia fazem parte da história
desenvolver referenciais para identi-
da humanidade desde sempre;
DA EDITORA DO• BRASIL
valorizar questões teóricas e reflexivas como componentes do
ficar o que está por trás dos recursos
conceito de tecnologia; tecnológicos atuais. Reconhecendo a
• cultivar o senso crítico e consciente para desenvolver recursos
presença de elementos técnicos na
criativos e expressivos; linha do tempo, espera-se colaborar
• contribuir para o conhecimento de si, da comunidade e do com o desenvolvimento de um pen-
contexto maior no qual se está inserido. samento crítico e consciente sobre
as diferentes tecnologias e recursos
11 digitais que existem para que os es-
tudantes possam, com responsabili-
dade, interagir e compartilhar práticas
artísticas que venham a formar o re-
Pré-requisitos Atitudes e valores pertório e o vocabulário deles.
Para o cumprimento dos objetivos, é esperado que os • Exercitar a percepção de si e do grupo com empatia, am-
estudantes: pliando a atenção sobre temas diversos e ouvindo com
• conheçam os elementos básicos do movimento para que respeito os colegas.
possam ampliá-lo para os elementos constitutivos das lin- • Não emitir comentários depreciativos contra as opiniões
guagens artísticas e audiovisual; diferentes.
• percebam e busquem identificar as relações entre técni- • Desenvolver uma postura ética com todas as pessoas e
ca e tecnologia para criar formas de expressão em arte; com as manifestações culturais da comunidade, da região
• investiguem os conteúdos de forma coletiva e colabo- e de outros lugares.
rativa.
11
Preparação
Reflita com os estudantes sobre a Um novo ciclo
conclusão dos Anos Finais do Ensi- Iniciar o 9o ano, o último do Ensino Fundamental, é uma conquista muito
no Fundamental e, em uma roda de importante na sua trajetória. Neste momento, podemos refletir como vemos
e interpretamos a vida tanto pelas lentes da realidade como da imaginação,
conversa, peça a todos que falem um
entendendo que estamos sempre em movimento e iniciando novos ciclos em
pouco sobre suas experiências indivi-
busca de conhecimento. Você se lembra de como se sentiu quando ingressou no
duais nestes quatro anos de estudos,
6o ano? Quais eram para você as maiores mudanças daquele momento? O que
práticas e reflexões sobre arte. lhe fez sentir medo ou insegurança e o que lhe causou entusiasmo?
Observe se, individualmente, os A abordagem mais profunda dos diferentes componentes, com professores
estudantes conseguem refletir sobre especialistas, e o ritmo de estudo intenso provavelmente são normais hoje na
seus processos e avaliar como cons- sua vida de estudante, mas três anos atrás devem ter sido uma grande novida-
truíram caminhos em direção ao au- de, assim como as mudanças que estavam por acontecer. Diante de uma nova
toconhecimento e à compreensão de etapa da vida, cada pessoa sente, reage e se expressa de forma singular. Res-
que a capacidade de criação é algo peitar as diferenças, os pontos de vista, as reações e modos de expressão pos-
que pertence a todos. síveis a partir de um estímulo, seja ele agradável ou não, faz parte do convívio
Verifique se eles apontam vivên- humano, assim como do exercício artístico. Em todas as suas manifestações, a
cias mais profundas em uma ou outra arte nos lembra que as percepções e expressões não precisam – nem devem –
linguagem da Arte, ou se têm algum ser iguais para todos.
questionamento sobre processos que Ao construir novos saberes por meio do encontro com as artes, pode-se
ocorreram no aprendizado das lin- descobrir, a cada passo, que todos somos seres criativos e temos capacidade de
guagens artísticas abordadas. expressão. São diversas camadas de autoconhecimento que podem fazer senti-
do imediatamente, ou alimentar ideias no futuro. Criar, explorar e aprender são
ações muito importantes para o desenvolvimento da humanidade. Mas, como
Atividade
as artes contribuíram – e ainda contribuem – para que isso aconteça? E como as
complementar Pessoa sentindo no corpo tecnologias entraram nessa história, mantendo a ideia de que cada novo ciclo
Sugira uma conversa sobre as sen- a imensidão do espaço. apresenta seus desafios e encantos?
África do Sul, 2018.
sações de medo e insegurança que as
jacoblund/iStockphoto.com
mudanças podem gerar, bem como
sobre a importância de ter coragem
para dar os primeiros passos na cons-
trução do próprio caminho. Apro-
veite para mencionar os elementos
que compõem a cultura de um povo:
culinária, vestimentas, língua, crenças,
festividades e valores.
Foco na BNCC
Ao relacionar as práticas
artísticas a aspectos da vida
cotidiana e ao compreender
a presença da tecnologia em MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
manifestações de arte são
trabalhadas as habilidades DA EDITORA DO BRASIL
EF69AR31 e EF69AR35.
Além disso, desenvolve-se o
objetivo de contribuir para
o conhecimento de si, da
comunidade e do contexto
no qual está inserido.
12
12
Orientações
O olhar, as janelas, os sentimentos Explore com os estudantes as per-
e as nuvens guntas apresentadas após a imagem
Vamos fazer um exercício de reflexão. Observe, em algum momento do seu do livro, elas têm respostas pessoais.
dia, se existem nuvens no céu – sabia que as nuvens que você vê podem ter Na segunda pergunta, contudo, es-
se originado do vapor d’água da cidade vizinha? Então, observe esta imagem: pera-se que eles reconheçam que as
nuvens parecem formar o mapa do
Leandro Erlich
continente americano.
Explore as reflexões sugeridas so-
bre a capacidade de interpretar o
mundo a partir dos nossos sentidos,
promovendo uma conversa sobre
o que são os sentidos e como uti-
lizamos cada um deles para as di-
versas situações que vivenciamos
no dia a dia.
Promova uma discussão sobre as
obras Skylight e Swimming Pool e so-
bre e o equilíbrio entre os extremos
opostos, como alto e baixo, explora-
dos nessas criações.
Depois, analise esses aspectos
quanto às hierarquias sociais, à cria-
ção e à fruição da arte, relacionando
essa reflexão com a ideia de técnica
e tecnologia presente na sociedade e
nos meios de comunicação.
13
13
Orientações Observe detalhadamente a imagem abaixo.
Instalação:
Considerando a foto da instalação modalidade de obra • O que chama sua atenção nesta imagem? Que relação é possível estabele-
Swimming Pool, de Leandro Erlich, a de arte que utiliza
materiais variados cer entre o “dentro” e o “fora” nessa instalação?
resposta para a primeira pergunta do na construção
de uma cena
• Quais processos técnicos você imagina que foram utilizados para criar
livro pode se dar no sentido visual,
ou de um ambiente, essa instalação?
devido aos reflexos que aparecem estimulando relações
em formas de desenhos de luz, ou do entre a proposta do
© Suzuki Ryo
artista e os diversos
gesto que conecta quem está dentro pontos de vista
com quem está fora. A relação possí- do público.
vel entre o “dentro” e o “fora” da ins-
talação baseia-se no sentido de que,
normalmente, o espaço de dentro de-
veria estar preenchido com água, mas
está seco, e quem está fora enxerga a
superfície ondulada da água e as ima-
gens distorcidas, como se vê em uma
piscina cheia d’água.
Quanto aos recursos técnicos utili-
zados na instalação, as respostas dos
estudantes dependerão do repertó-
rio pessoal de cada um. Não é preci-
so procurar uma resposta correta. De
qualquer modo, ela provavelmente
envolverá a escavação do espaço da
piscina, um vidro e a água.
Comente que a tecnologia dispo-
nibiliza, por meio de aplicativos di-
gitais, a possibilidade de manipular
registros audiovisuais, ou seja, fotos,
vídeos e áudios, criando ou alterando
suas formas.
Instalação Swimming
Pool (Piscina), de Leandro
Erlich, no Museu de Arte
Contemporânea do Século 21.
Kanazawa, Japão, 2009.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Claraboia e Piscina são duas obras de um mesmo artista, o argentino
DA EDITORA DO BRASIL Leandro Erlich (1973-). Em seus trabalhos, ele utiliza elementos simples e co-
nhecidos, como água, vidro e espelhos, que já foram usados em processos ar-
tísticos em diversas épocas e que aqui estão dispostos de formas inusitadas,
incentivando-nos a pensar no movimento de equilíbrio entre os extremos.
As obras apresentadas nas imagens nos convidam a ver o mundo de uma
forma diferente da usual. Como a tecnologia pode se relacionar com a arte para
criar novas formas de ver o mundo?
14
14
Preparação
Meios e modos
Foco na BNCC
Ao relacionar as práticas artísticas a aspectos
da vida cotidiana e ao compreender a presença
da tecnologia em manifestações de arte são
trabalhadas as habilidades EF69AR31 e EF69AR35.
Também é possível contemplar o objetivo de
promover a compreensão de como as linguagens
da Arte podem interagir entre si.
15
Orientações
16
16
Um dos grandes diferenciais do ser humano em relação aos outros animais Orientações
é o fato de sermos capazes de projetar nosso pensamento, ou seja, de pensar Peça aos estudantes que exempli-
antecipadamente sobre o que iremos fazer, e, ao mesmo tempo, de improvisar, fiquem como a arte e as manifesta-
criando sempre caminhos para ressignificar nossas ações. Essa habilidade inte- Teia de aranha na natureza. ções culturais podem ser associadas
lectual está relacionada à natureza humana, que Urubici (SC), 2018.
a eventos da natureza, a exemplo da
YES BRASIL/iStockphoto.com
considera o passado e projeta o futuro. trama dos tecidos, que pode ser re-
• Você já parou para pensar sobre como a cul- lacionada aos fios da teia de aranha,
tura se relaciona com a natureza? ou a fatos mais abstratos, como uma
Muitas vezes, observamos a natureza para iluminação cênica ligada à beleza do
transformar o que vemos em cultura e arte. As arco-íris, causando uma sensação de
construções das teias de aranha podem ter ins- magia no espectador. O que mais os
pirado as tramas dos tecidos de nossas roupas, estudantes podem imaginar? Discuta
mas elas em si não são obras de arte. A arte é os exemplos fornecidos por eles, re-
feita pelas pessoas. forçando que só podemos realmen-
Kaká Werá, escritor de origem tapuia, é o
te denominar como arte aquilo que
autor da peça Os filhos de Iauaretê, a onça-rei,
provém das ações humanas. Essa é
que narra uma lenda indígena. Os figurinos do
uma reflexão madura e objetiva, e
espetáculo são de Marichilene Artisevskis, que
pesquisou as linhas das pinturas corporais in-
será excelente você promovê-la em
dígenas e optou por trabalhar com a laicra, um sala de aula neste momento da vida
tecido sintético que adere ao corpo, em vez de dos estudantes.
usar fibras naturais. O autor, a direção, as atri- Entre as profissões relacionadas
zes e toda a equipe técnica (cenário, desenho e às artes cênicas, temos a do figuri-
operação de luz, projeção e som, entre outros), nista, responsável por manipular a
trabalharam em conjunto para levar para o público mensagens de respeito en- materialidade dos tecidos para aju-
tre os indivíduos e a sociedade. Para Marichilene, pesquisar tecidos para criar dar os artistas a incorporar seus per-
figurinos é equivalente a construir toda a movimentação e a interpretação dos sonagens. A figurinista Marichilene
Cena do espetáculo Os filhos
personagens de uma peça. Artisevskis trabalhou na peça teatral
de Iauaretê, a onça-rei, da
Você já sentiu que usar determinadas roupas pode alterar suas formas de Cia. Pé do Ouvido. Direção: Os filhos de Iauaretê, a onça-rei, uma
expressão? Thaís Medeiros. São Paulo
adaptação do livro As fabulosas fá-
(SP), 2021.
bulas de Iauaretê, do escritor indígena
Sawara Silva Santos
17
Para aprofundar
Kaká Werá é autor de livros que abordam a temática da
sabedoria ancestral da cultura tupi como percursos possíveis
para o autoconhecimento. Dos seus oito livros publicados,
três foram traduzidos para o alemão, francês e inglês: Todas
as vezes que dissemos adeus; Origem do mundo segundo os
Guaranis; Kuaracy-korá: o poder do trovão. É também am-
bientalista, terapeuta e especialista em saberes tradicionais.
17
Orientações
Este tópico faz parte do título
Técnica na Pré-História e na
“Meios e modos” e tem como obje- Idade Antiga
tivo aprofundar a ideia de técnica e Na Pré-História, o modo como as pessoas se organizavam em comunidade
tecnologia em arte. era muito diferente do que conhecemos e vivemos hoje. Não existiam cidades
Nele será feita uma imersão em al- nem estados, e os seres humanos viviam em pequenos grupos, clãs ou tribos.
guns períodos históricos, buscando As informações dessa época vêm de hipóteses construídas por pesquisado-
refletir sobre a utilização de técnicas res a partir de objetos desse período, encontrados ou descobertos em escava-
e tecnologias por diversas sociedades ções. Para estudar e levantar dados sobre as primeiras sociedades, arqueólogos
humanas. criaram divisões e subdivisões de períodos da Pré-História, levando em conta
Pergunte aos estudantes quais re- a matéria-prima com que os seres humanos faziam suas ferramentas e seus
ferências eles têm de objetos e técni- instrumentos. Entre as técnicas que marcaram a evolução da nossa espécie
durante a Pré-História, podemos mencionar as utilizadas para confecção de
cas da Pré-História, como o machado,
ferramentas práticas como o machado, a descoberta e o domínio do fogo e a
o fogo e a cerâmica.
queima da argila para fazer vasos mais resistentes e duradouros.
Proponha uma pesquisa sobre a
maquiagem feita em períodos re-
Atividade
complementar
Solicite uma pesquisa sobre como
o tempo começou a ser medido e
como funcionam os diversos calen- Lâmina de machado do acervo
dários no mundo. Promova uma roda do Museu Arqueológico de Além dos utensílios destinados a fins funcionais, vem desse período a fa-
de conversa na qual vocês possam Sambaqui de Joinville (MASJ).
bricação de pigmentos naturais, feitos a partir da pulverização de minerais,
Joinville (SC), 2016.
explorar as informações encontradas. utilizados para pintar panelas de barro, roupas e para enfeitar o corpo. Na busca
Caso seja possível, assistam em aula de minerais para produzir os pigmentos, os primeiros homens também desco-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ao documentário História dos calen- briram o cobre, que foi importante para o desenvolvimento da metalurgia. A
invenção da roda permitiu melhorar os processos relativos ao cultivo da terra,
dários, que traz diversas questões so-
DA EDITORA DO BRASIL
bre o tempo. Disponível em: https:// possibilitando a mudança de um estilo de vida nômade para o estabelecimento
youtu.be/l4hAKoWv9Vk. Acesso em: em um determinado local.
15 maio 2022. A escrita também é uma técnica, e a Sociologia moderna a qualifica como
uma das invenções mais importantes das civilizações. De acordo com o mesmo
princípio, a invenção do calendário também foi revolucionária, pois permitiu a
medição do tempo de forma regular e recorrente, dando ensejo para a marcação
dos meses, das estações do ano e o registro de eventos históricos.
18
Foco na BNCC
Ao estudar artefatos diversos e ter contato com
o patrimônio histórico material de diferentes
culturas é desenvolvida a habilidade EF69AR34.
18
Orientações
Album/Easypix Brasil
Oriente os estudantes a observar
com atenção os sulcos esculpidos na
placa do calendário asteca, conhecida
como Pedra do Sol. Pergunte a eles se
conhecem outros processos de grava-
ção semelhantes, como a xilogravura.
As perguntas propostas na pági-
na preveem respostas pessoais e têm
a intenção de suscitar uma reflexão
sobre formas de acompanhar a pas-
sagem do tempo, o que favorece o
desenvolvimento da competência
socioemocional relativa ao autoco-
nhecimento.
Pedra do Sol, artefato com Nessas perguntas não há julga-
função de calendário, originário mento sobre um modo melhor ou
de Tenochtitlán (atual Cidade do
México), século XVI, Reinado de pior. Elas foram elaboradas para aju-
Montezuma. dar o estudante a identificar como
administra seu planejamento rotinei-
A pedra também permitiu que a história de povos antigos chegasse até ro e ter, assim, uma referência pessoal
nós. A Pedra do Sol, por exemplo, é um calendário da civilização asteca. Pesqui- para melhor compreender os diferen-
sas modernas sugerem que a grande pedra, que pesa cerca de 21,8 toneladas,
tes elementos apresentados no livro.
tenha sido esculpida entre 1502 e 1521. Durante a colonização espanhola da
Reforce o aspecto móvel, ágil e co-
América (1519-1521), para proteger a Pedra do Sol evitando que ela fosse des-
laborativo trazido pelo universo digi-
truída pelos colonizadores, ela foi enterrada na principal praça de Tenochtitlán,
atual Cidade do México. A Pedra do Sol só foi redescoberta mais de dois sécu-
tal, mencionando os aplicativos que
los depois, em 1790, durante os reparos na Catedral da Cidade do México. Na ajudam a organizar os compromissos
ocasião, foi colocada em uma parede externa da catedral, onde ficou até 1885. agendados.
Atualmente, ela se encontra no Museu Nacional de Arqueologia do México e
segue contando como os astecas organizavam seus calendários. Atividade
• Como você organiza seu tempo? complementar
• Você anota seus compromissos em uma agenda? Acompanha o calendário? Leve para a aula outras represen-
tações de calendários, em formatos
• Sua agenda é de papel ou digital? Calendário digital em um
tablet. Alemanha, 2021. diferentes, músicas sobre as estações
do ano ou ainda movimentos co-
Panther Media GmbH/Alamy/Fotoarena
19
Interdisciplinaridade
A interdisciplinaridade entre os conteúdos de Arte e de
História pode ser reforçada ampliando as análises sobre as
questões que mobilizaram os conflitos causados por co-
lonizadores europeus na América do Sul e sobre como os
povos lutaram (e ainda lutam) para preservar sua cultura no
tempo e no espaço. É possível ainda fazer uma quantificação
e descrição dos diferentes tipos de calendários e seu valor
simbólico para diferentes épocas, analisando, em seguida, o
que esses objetos podem significar em uma análise histórica.
19
Preparação
Para esta aula, é interessante con-
Das técnicas da Antiguidade às
vidar o professor de História, para tecnologias atuais
que os estudantes possam ampliar as Ao longo do tempo, diversas técnicas foram sendo criadas e aperfeiçoadas
questões trabalhadas. de acordo com as necessidades dos seres humanos: caçar, sobreviver, registrar
O objetivo é fazer com que eles le- informações, contar a passagem do tempo e melhorar o trabalho. Entre as má-
vantem hipóteses sobre as mudanças quinas que se destacam na história, estão os moinhos e as máquinas de costura.
ocorridas no século XVIII, identifican- O desenvolvimento técnico dos moinhos é parte do que agora chamamos de
do o que permaneceu ao longo do engenharia mecânica, engenharia civil e de aerodinâmica.
tempo e o que representou inovações
StanislavBeloglazov/Shutterstock.com
e crescimento. Lembre-se de que, an-
tes da Revolução Industrial, a técnica
era usada para a vida prática e ob-
jetivava um determinado resultado,
movimentando a economia pelo ar-
tesanato. Após a Revolução Industrial,
a tecnologia se utiliza de um conjunto
de saberes relativos à técnica, forman-
do as áreas específicas do conheci-
mento e movimentando a economia
para fins industriais.
Orientações
Apresente em sala de aula o vídeo
indicado no boxe Assim também se
aprende, da página seguinte, explo- Moinho de vento medieval. Araisi, Letônia, 2016.
rando seus aspectos técnicos. Pergun-
te se algum estudante tem contato A roca ou roda de fiar esteve significativamente presente na história da
humanidade. Utilizada na produção de roupas, a roca transformava fibras ve-
com alguma técnica antiga de artes
getais ou lã natural em fios. Uma pessoa acionava com seus pés o pedal que
marciais, de artesanato com madeira
fazia girar uma roda.
ou de bordado, tricô ou crochê, en-
tre outros. Detroit Publishing Co./Wikimedia.org
20
Foco na BNCC
Ao conhecer instrumentos que fazem parte do
patrimônio histórico e cultural e ao reconhecer a
presença da tecnologia em práticas artísticas são
mobilizadas as habilidades EF69AR34 e EF69AR35.
20
Após a roca, foram inventadas outras máquinas manuais de tecer, como o Orientações
tear. Mas uma mudança crucial para a história ocorreu entre o meio e o fim do Pergunte se algum estudante tem
século XVIII, com a invenção do tear mecânico, inicialmente movido por moinhos contato com a tecnologia que uti-
hidráulicos, e sua combinação com o motor a vapor, aperfeiçoado na mesma liza aplicativos para criar formas de
época. O acionamento dos teares pela força das máquinas a vapor diminuiu expressão, no formato textual ou no
enormemente a quantidade de pessoas necessárias para fabricar os tecidos – audiovisual, relacionadas ao modo
que passaram então a ser produzidos em larga escala. Esse desenvolvimento da como a indústria de entretenimento
indústria têxtil é considerado o principal marco da Revolução Industrial. usufrui da tecnologia.
Assim como os moinhos, as rocas e as máquinas de costura fizeram parte
Direcione a melhor forma de com-
da vida das pessoas, transformando seu cotidiano, e temos hoje diversos outros
partilhar com a turma as pesquisas
recursos que nos impactam diariamente, entre eles os computadores e smart-
que os estudantes farão sobre a tec-
-phones, a proteção por criptografia e a conexão 5G.
nologia em shows da atualidade. Eles
De acordo com a época, podem surgir distintas percepções sobre a técnica
e a tecnologia. Inicialmente, as técnicas facilitaram a sobrevivência dos seres
podem ser agrupados por temas em
humanos e formaram comunidades. Hoje em dia, técnica e tecnologia estão comum e, em grupo, elencarem um
imbricadas, por exemplo, no uso de computadores, cujos benefícios para a pro- aspecto para mencionarem, como os
dução artística são incontestáveis. Os computadores tornaram-se fundamentais desenhos de luz, os figurinos, as pro-
em vários processos de criação, produção e difusão de obras de arte, bem como jeções, a mesa de som, entre outros.
na constituição e no armazenamento de dados ligados à arte digital e às obras Os grupos usaram computadores na
multilinguagens. Assista, por exemplo, a um vídeo que mostre os processos de pesquisa? Os estudantes repararam
produção de um show da sua banda favorita e note como a tecnologia faz parte Recursos tecnológicos fazem quais aplicativos simulam recursos
do que vemos no palco. parte de todo o processo utilizados nos processos de produção
cênico. Ucrânia, 2019.
e apresentação de shows?
Oleksandr Nagaiets/Shutterstock.com
Bate-papo com o
professor
Faça uma roda de conversa e peça
a cada estudante que fale uma fra-
se relacionada ao que aprendeu das
técnicas de outros tempos. Avalie se,
de modo geral, houve engajamento
com o tema, ampliação de vocabu-
lário e percepção de relações entre
técnicas e avanços tecnológicos. Por
fim, verifique se houve relação entre
as inovações da tecnologia e a cena
cultural da atualidade.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
21
21
Preparação
Observe com os estudantes a ideia Mas o que é tecnologia?
futurista trazida pelos elementos da Vamos repetir o exercício sugerido anteriormente em relação à técnica,
imagem. Pergunte se conhecem tec- pensando agora na palavra tecnologia. Analise com atenção esta imagem, con-
nologias como a realidade virtual ou verse com seus colegas e responda:
o metaverso. Em caso afirmativo, peça
RazoomGames/iStockphoto.com
que compartilhem suas percepções
com a turma.
Orientações
Procure explorar as perguntas pro-
postas, cujas respostas são pessoais,
promovendo uma discussão com
foco na ideia de que a tecnologia ul-
trapassa a associação com a indústria
de eletrônicos.
Aprofunde e amplie a concepção
que os estudantes têm sobre tecnolo-
gia, pedindo que eles deem exemplos
Tecnologias vistas apenas na
de recursos tecnológicos atuais. ficção estão se tornando cada
Após essa discussão, aproxime tec- vez mais possíveis e parte do
nologia e arte. Para isso, você pode nosso cotidiano. Rússia, 2019.
22
Foco na BNCC
Ao refletir sobre a presença da tecnologia
em práticas artísticas é trabalhada a
habilidade EF69AR35.
Assim, é contemplado o objetivo de incentivar a
aprendizagem dos conteúdos de Arte a partir do
tema: técnica e tecnologia.
22
Preparação
Separe os materiais solicitados,
garantindo que todos os estudantes
Classificando técnica e tecnologia para uma rede possam realizar a atividade. A primeira
Observe como as diferentes técnicas e tecnologias ao seu redor impactam sua vida. Considere utensí- parte, da montagem da tabela, é indi-
lios, instrumentos ou dispositivos que fizeram parte da sua infância e fazem parte do seu cotidiano. Eles são vidual, e a segunda é coletiva.
analógicos ou digitais? Esses objetos dependiam de energia elétrica ou de pilhas e baterias para funcionar?
Eles exigiam gestos, movimentos ou se relacionavam com a apreciação visual ou sonora? Como seu corpo Orientações
agia para se relacionar tecnicamente com eles? Se necessário, auxilie os estudan-
Para essa atividade, você precisará de papel, tesoura, caneta, lápis de cor e barbante, para criar uma tes com menos autonomia a monta-
rede e experimentar um jogo. rem suas tabelas. A orientação geral
1 Procure classificar alguns objetos ou máquinas em suas respectivas categorias. é inserir na primeira coluna o nome
do objeto. Na segunda, eles devem
2 Em uma folha de papel, faça uma tabela conforme o exemplo abaixo para descrever as características classificar os objetos em utensílio, ins-
mais marcantes de cada item. O ideal é que você se recorde de quatro exemplos diferentes. Guarde essa trumento ou dispositivo. Na terceira e
tabela, ela deverá ser vista apenas por você.
na quarta, entra a diferenciação entre
analógico e eletrônico, ou seja, que
Nome Classificação Analógico Digital Função depende de uma fonte de energia
para funcionar. Na quinta e última co-
luna, o estudante acrescentará uma
Vela Utensílio X Iluminar.
descrição, conforme exemplificado
no livro.
Tambor Instrumento X Tirar som. Essa descrição pode ser da seguinte
forma: vela – acender com um fósforo
Liquidificador Utensílio X Misturar conteúdos. ou um isqueiro; tambor – bater com
a palma da mão ou uma vareta sobre
Aparelho a superfície; liquidificador – misturar
Dispositivo X Múltiplas funções.
celular conteúdos no interior de um copo,
que tem hélices e lâminas que giram
3 Formem grupos de cinco integrantes. Vocês precisarão de cinco tiras de papel por grupo: cada pessoa pelo acionamento de um botão. Na
deverá recortar, a seu critério, uma tira de sua tabela e escolher uma cor para pintar o verso do papel. descrição das múltiplas funções de
4 Sentados em círculo no chão, embaralhem e disponham as tiras no centro da roda, com a parte colorida um aparelho celular, pode-se indicar
para cima e as descrições viradas para baixo. que é um objeto que cabe na mão e
que é capaz de realizar ligações, foto-
5 Cada estudante retirará uma tira e lerá a descrição em silêncio. Pela cor do verso do papel, você saberá grafar, filmar, funcionar como relógio
qual é a sua tira e não irá pegá-la. Quando todos tiverem lido, uma pessoa por vez produzirá uma cena
e lanterna. O objetivo é que eles cons-
curta, com base no que está descrito na tira. Os demais deverão observar e tentar adivinhar do que
truam uma tabela o mais detalhada
se trata.
possível.
6 Assim que a última pessoa se apresentar, todos voltam aos seus lugares na roda. Furem as tiras e pas- Depois, leia com eles as etapas pro-
sem o barbante por cada uma delas. O primeiro estudante que se apresentou deve, então, segurar a postas pela atividade, dizendo que
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ponta e passar o restante do barbante para quem estiver à sua frente na roda. Essa pessoa repetirá o cada integrante terá uma cor e deve-
DA EDITORA DO BRASIL
procedimento até que se forme uma rede de fios, papéis e memórias do grupo. rá escolher uma linha da sua tabela
Após a prática, os integrantes do grupo podem decidir como registrar a atividade e a rede que se para cortar no formato de uma tira.
formou: por desenhos, fotos ou montando um painel. Conversem sobre as próprias descrições e sobre as Convém evitar a repetição de objetos
escolhas de cada um. Houve exemplos parecidos? Se sim, suas representações foram distintas ou não? O dentro do grupo. A seguir, a proposta
que essas descrições contam sobre a presença da tecnologia no meio de onde vocês vieram e na sua ge- é interpretar a descrição de outra pes-
ração como um todo?
soa de uma forma criativa e, ao final,
confeccionar uma rede de barbante
23 com as tiras penduradas nele.
23
Preparação
Este Ponto de partida tem, Concluindo com fios soltos
como objetivo principal, trazer refle- Você participou de uma prática com fios e criou uma rede exclusiva do seu
xões sobre como a arte e a tecnologia grupo com o qual compartilhará experiências e descobertas ao longo deste ano.
se conectam, mas também como a Você resgatou suas memórias e investiu um tempo para criar, com os colegas,
tecnologia pode nos impactar, tanto uma forma de expressar suas vivências. Os fios que se entrecruzaram podem
de forma positiva quanto negativa. remeter tanto à rede de pesca quanto à rede da internet, que sustenta as tele-
Leve os estudantes a refletirem sobre comunicações no mundo globalizado. A palavra “nuvem” pode ser usada para
essas questões. indicar o que vemos no céu ou corresponder a um espaço para armazenar dados
digitais fora do computador.
Orientações Pelos exemplos que vimos até aqui, percebemos que a tecnologia atual-
mente é parte fundamental da vida do ser humano. No entanto, sabemos que a
Fale sobre a rede que os estu-
mesma tecnologia que aproxima pessoas e melhora a qualidade de vida na so-
dantes criaram na prática anterior ciedade pode ser usada para fins escusos e ter efeitos nocivos. Por isso, é preci-
e compare-a com as redes de pesca so manter o pensamento crítico e as ações equilibradas no dia a dia, usufruindo
artesanal e industrial. Da mesma for- dos benefícios e combatendo os malefícios. Durante a pandemia, por exemplo,
ma, procure mencionar a diferença escolas, museus, artistas, médicos e estabelecimentos comerciais, entre outros,
entre guardar objetos em locais espe- se reinventaram e sobreviveram graças à tecnologia – que também ajudou pes-
cíficos, tais como livros na estante ou soas a se conectar e a descobrir outras pessoas com gostos similares aos seus.
roupas na gaveta, e a possibilidade de
adamkaz/iStockphoto.com
usar a internet para guardar arquivos
fora do computador, na nuvem − ter-
mo utilizado na área da computação
para indicar o espaço de armazena-
mento de dados digitais.
É também importante que você
abra caminho para todas as ativida-
des que virão nas aulas seguintes, que
abordarão a tecnologia e suas rela-
ções com as linguagens da Arte.
O estudo a distância passou a fazer
Foco na BNCC parte do cotidiano com o avanço da
tecnologia. Estados Unidos, 2019.
Ao refletir sobre a presença
FilippoBacci/iStockphoto.com
da tecnologia no cotidiano
e, consequentemente,
em práticas artísticas
é trabalhada a
habilidade EF69AR35.
Além disso, desenvolve-se o
objetivo de contribuir para
o conhecimento de si, da
comunidade e do contexto MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
no qual está inserido. DA EDITORA DO BRASIL
O comércio on-line
expandiu sua atividade
durante a pandemia de
covid-19. Itália, 2021.
24
24
Se, por um lado, a facilidade e a velocidade de compartilhamento aproxi- Atividade
mam amigos e familiares, por outro, podem acarretar sérios problemas ao veicu- complementar
lar discursos de ódio e notícias falsas, além de causar transtornos na autoestima, Se considerar apropriado, organize
como depressão e ansiedade. Trata-se de dois extremos que coexistem, fazen- a turma em dois grandes grupos. En-
do com que tenhamos de lidar com nossas decisões e suas consequências a
tão, peça a cada um que elabore um
todo instante.
cartaz representando os lados positi-
vos ou os lados negativos do uso da
tecnologia na atualidade. Oriente-os
a fazer desenhos e buscar imagens
Caio Boracini
que descrevem cada um dos aspec-
tos apontados. Por fim, promova um
momento para compartilhamento e
discussão dos resultados finais.
Avaliação formativa
Antes de seguir em frente, verifi-
que se os estudantes compreende-
ram bem os principais conteúdos
deste Ponto de partida, pois eles
servirão de base e porta de acesso
para a jornada que se inicia na próxi-
ma unidade.
É possível promover uma roda de
conversa para a solução de eventuais
dúvidas e para o compartilhamento
Caio Boracini
25
25
A BNCC nesta unidade
Competências gerais: 1, 2, 3,
4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Competências específicas de
John MacDougall/AFP
Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Competências específicas de
Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Objetos e habilidades:
Contextos e práticas
EF69AR01, EF69AR02,
EF69AR03, EF69AR09,
EF69AR24, EF69AR25,
EF69AR31
Elementos da linguagem
EF69AR04, EF69AR10,
EF69AR11
Materialidades
EF69AR05
Processos de criação
EF69AR06, EF69AR07,
EF69AR12, EF69AR13,
EF69AR14, EF69AR15,
EF69AR32
Sistemas da linguagem
EF69AR08
Matrizes estéticas e culturais
EF69AR33
Patrimônio cultural
EF69AR34
Arte e tecnologia
EF69AR35
Objetivos desta
unidade
• Promover a reflexão sobre as rela-
ções entre a tecnologia e as cria-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ções das Artes Visuais, das artes
audiovisuais e das expressões da
Dança. DA EDITORA DO BRASIL
• Analisar estratégias e recursos por
meio dos quais conceitos, signos
Dançarinos da companhia Pilobolus Dance Theatre
e símbolos podem ser explorados em apresentação na IFA, uma feira internacional de
em diferentes mídias e aparatos tecnologia. Berlim, Alemanha, 2016.
tecnológicos.
• Investigar as diferentes camadas de
interpretação presentes em traba- 26
lhos artísticos concebidos a partir
de técnicas manuais e/ou tecnolo-
gias digitais.
• Fomentar o olhar crítico sobre os Justificativa
modos de criação em arte por Esta unidade tem como foco a percepção de que as ma- exercitarem as capacidades de manipular sentidos simbó-
meio de materialidades, apropria- terialidades, os saberes e fazeres, os processos técnicos e licos ligados à presença da tecnologia na sociedade. Nessa
ções de produtos e técnicas que os recursos tecnológicos articulam-se nas criações de Arte. etapa, é importante que a turma possa debater, apreender
dialogam diretamente com o tem- Espera-se que os estudantes se apropriem dos diferentes e vivenciar diversas maneiras de expressão que compreen-
po e a sociedade em que são pro- códigos expressivos dos modos de produção analógicos e dem os diferentes modos de criar (manuais, analógicos e
duzidas. das mídias digitais, desenvolvendo competências comuni- industriais) e as redes sociais, tanto das comunidades lo-
• Investigar e experimentar as fun- cacionais e ampliando seu repertório expressivo, além de cais quanto dos ambientes virtuais.
ções comunicativas das linguagens
das redes digitais e analógicas em-
pregadas em propostas artísticas.
26
Avaliação
diagnóstica
Nesta unidade, o foco será a rela-
ção da tecnologia com a criação e o
desenvolvimento dos processos ar-
tísticos, em Artes Visuais e em Dança.
Serão estabelecidas ligações entre as
pesquisas tecnológicas e os materiais,
Técnicas e
assuntos muito próximos quando se
trata de criação. Nesse trajeto, va-
mos dar visibilidade a alguns aspec-
tecnologias
tos, como a forma que a tecnologia
transforma e propõe novas criações,
ou ainda um olhar contemporâneo
nas produções
sobre processos tecnológicos antigos
ou tradicionais. Embora a tecnologia
seja comumente associada ao uni-
da arte
verso digital e virtual, acompanha a
humanidade desde sempre. O de-
senvolvimento dos modos de fazer
permitiram grandes saltos e mudan-
ças significativas na maneira como as
pessoas vivem, em diferentes épocas.
Nesta unidade, nos aproximaremos de técnicas e experi- Busque ter sempre em mente que
mentos que se relacionam com os aparatos tecnológicos e as relações com os processos variam
as redes virtuais. As manifestações das artes visuais e da conforme o tempo e o lugar. Essa re-
dança criadas a partir da interação com essas mídias ex-
lação com o contexto auxilia a apro-
ploram significados, estéticas e modos de produção que
fundar o olhar e criar relações entre
podem fazer surgir novas linguagens.
as linguagens artísticas e seu tempo,
mas, especialmente, permite a apro-
1. Como você interpreta o diálogo entre os
ximação com a vida dos estudantes,
movimentos de dança e a projeção de imagens na
tornando o conteúdo e as vivências
foto?
muito mais significativas. Busque
2. Você conhece uma manifestação da arte que
sempre adaptar as propostas à sua
dialoga com a tecnologia?
realidade, incluindo os estudantes no
3. Onde a tecnologia está presente em seu cotidiano? processo e criando conexões com seu
repertório cultural e de vida. Ao criar
pontes entre o que está sendo apre-
sentado e os elementos artísticos e
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO culturais da sua região, você torna
o processo mais significativo e mais
DA EDITORA DONesta
BRASIL
unidade, você vai: profundo, uma vez que isso amplia o
• reconhecer como técnicas tradicionais e tecnologias de diálogo com a vivência da sua comu-
produção industrial relacionam-se com arte e se misturam em nidade e, portanto, dos estudantes
criações diversas; da sua turma.
• entender como as tecnologias participam das criações de arte Faça a leitura da imagem, partin-
como suporte ou como tema de proposições artísticas. do da primeira pergunta indicada na
página. Peça a eles que explorem as
27 relações entre os movimentos dos
dançarinos e o cenário, aproveitan-
do o momento para começar a reco-
lher o repertório que possuem sobre
Pré-requisitos • experimentem processos de criação em diferentes terri-
essas relações. A segunda e a tercei-
tórios e temáticas;
Para o cumprimento dos objetivos, é esperado que os ra pergunta exploram os repertórios
• conheçam expressões de Artes Visuais e Dança do Brasil e pessoais dos estudantes; em um pri-
estudantes:
do mundo construindo o respeito à diversidade. meiro momento, na relação entre arte
• identifiquem diferentes produções artísticas e percebam
os sentidos criados pelos recursos utilizados e pela relação e tecnologia, e depois, na identifica-
Atitudes e valores ção da presença da tecnologia em
com o espaço;
• percebam os diferentes territórios em que as linguagens • Perceber e identificar as dimensões social, cultural, históri- seu cotidiano. Colete as respostas da
das Artes Visuais e da Dança se expressam; ca, econômica, política, estética e ética da Arte. turma para seguir relacionando-as
• contextualizem expressões em Artes Visuais e Dança no • Compreender e respeitar as expressões em diferentes ter- ao conteúdo trabalhado ao longo da
tempo e no espaço, entendendo melhor sua relação com ritórios e espaços de expressão cultural. unidade.
as pessoas; • Ter uma postura ética diante das diferentes formas de
expressão cultural.
27
A BNCC nesta Trilha
Inovar, crescer
Competências gerais: 1, 2, 3,
4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
e permanecer
Competências específicas de
Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Competências específicas de
Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Objetos e habilidades:
Contextos e práticas
EF69AR01, EF69AR02, A palavra “tecnologia” geralmente é usada para se referir a aparelhos eletrônicos, com-
EF69AR03, EF69AR24, putadores, robôs, inteligência artificial, objetos conectados a redes digitais etc. A arte
EF69AR25, EF69AR31 apropria-se dessas ferramentas e as subverte, inventando novas linguagens.
Elementos da linguagem
EF69AR04
Materialidade
EF69AR05
Tecnologia: que assunto é esse?
28
Você já parou para pensar sobre como as tecnologias podem influenciar as Orientações
criações artísticas? Aborde a dicotomia entre tecno-
logia e tradição: Como a Arte, nosso
Marvel Studios/ Walt Disney Studios Motion Pictures/ Collection ChristopheL/AFP
Foco na BNCC
Ao analisar estilos visuais
Para aprofundar e formas de expressão
Vamos começar a “trançar” épocas diferentes. Como o tex- com habilidades, técnicas e ações que refletem uma socie- artística, são desenvolvidas
as habilidades EF69AR02,
to diz, a arte contemporânea frequentemente se apropria dade de determinada época. Quando falamos de objetos
EF69AR05 e EF69AR34.
das técnicas tradicionais em seus procedimentos. Um objeto artísticos, acrescentamos uma camada de subjetividade, um
utilitário é sempre resultado de uma construção social e cole- olhar específico do artista sobre algo, uma camada de criação. Além disso, é contemplado
o objetivo de investigar
tiva, fruto dos conhecimentos adquiridos ou acumulados por Ainda assim, a marca dos processos de um tempo também
as diferentes camadas de
determinado grupo. A roupa que usamos, como ela foi criada, fica refletida nesses objetos. O que é interessante, entretanto, interpretação presentes
os materiais que foram empregados, o desenho da produção, é que, frequentemente, na contramão do que acontece com em trabalhos artísticos
as pessoas e o maquinário envolvidos, as pesquisas realizadas, os objetos produzidos para fins utilitários e com aspirações concebidos a partir de
o gerenciamento de transporte, enfim, tudo o que envolve a comerciais, em processos de criação artística as tecnologias técnicas manuais e/ou
existência de uma peça de roupa se relaciona diretamente antigas podem ser revisitadas e ressignificadas. tecnologias digitais.
29
Orientações No exemplo abaixo, vemos um trabalho da artista brasileira Jucélia Silva, que
O trabalho da artista Jucélia Silva se vale de um conhecimento tradicional de algumas regiões do país para realizar
é um exemplo de apropriação feita uma ação performática. Você conhece a técnica mostrada nestas imagens?
com um novo olhar. Ela usa um pro-
30
30
Sendo assim, podemos olhar para a rendaria sob dois pontos de vista que Orientações
se sobrepõem: como uma técnica bastante eficiente para a humanidade ao lon- Quando trazemos um pouco do
go de sua história, que pode ou não estar conectada a um tipo de tecnologia; e percurso da artista Jucélia Silva, li-
como uma arte que expressa valores estéticos de lugares e épocas, assumindo gando seu conhecimento em arte
qualidades distintas de acordo com o contexto em que foi produzida. Você co- adquirido na universidade ao conhe-
nhece pessoas que sabem fazer algum tipo de renda? Peça a elas que contem cimento adquirido por meio da famí-
sobre a técnica e suas vivências relacionadas a ela. lia, dentro do universo dos saberes
populares, estamos convidando os
Renda de bilros, encontro de gerações estudantes a refletir sobre essas rela-
Jucélia Silva tem uma trajetória singular como artista. Ao percorrer o uni- ções. A formação em arte é importan-
verso da moda e do desenho para se manter em contato com atividades que te e relevante, mas a prática artística
despertavam seu interesse desde criança, conheceu pessoas, lugares, traba- pode estar em todos os lugares. Esse
lhos e cursos que permitiram expandir seu olhar sobre a arte. Quando decidiu é um bom momento para confrontar
cursar uma faculdade de Artes Visuais, já se sentia próxima do desenho e das uma ideia muito difundida, que divide
artes têxteis, bem como da costura. À medida que seus conhecimentos sobre o campo das artes em duas esferas,
arte se aprofundaram, seu interesse pelos uma mais legitimada e consagrada
fazeres manuais, como a renda, que ob- e outra muitas vezes desvalorizada
Rita Barreto/Fotoarena
31
Atividade complementar
Proponha aos estudantes que pesquisem ou entrevistem interessante organizar uma atividade de campo envolvendo
parentes ou conhecidos a respeito dos diversos tipos de um bate-papo com os estudantes, para que ela possa com-
rendas, suas origens e sua relação com a comunidade. Vale partilhar sua experiência, ou até propor uma oficina para
também investigar como as rendas são feitas hoje em dia, na ensinar um pouco dessa técnica. Dessa forma, eles podem
indústria, e comparar os dois processos. Caso haja alguém na ver os instrumentos de trabalho, as peças produzidas e o
comunidade escolar ou algum familiar que se dedica a essa processo de criação dessa pessoa.
atividade, de modo artesanal ou industrializado, pode ser
31
Interdisciplinaridade Na ação performática Pelo Bilro e pelo Espinho, Jucélia se apropria dessa
Neste momento, cabe pensar em técnica para transformá-la em procedimento artístico. Para remeter à tradição
uma aula em parceria com os profes- da renda nordestina, a artista optou por manter o material original usado pelas
sores de Geografia e Ciências para fa- rendeiras, o espinho do mandacaru. Na ação, duas mulheres tecem fios com
lar sobre alguns elementos presentes bilros, criando uma trama que envolve completamente a cabeça da artista. Você
na performance. Uma ideia é abordar imagina quanto tempo esse processo levou? O resultado final, como vemos na
o mandacaru, os cactos e outras plan- imagem, é obtido quando as tecedoras invertem a função do espinho. Original-
tas típicas da vegetação da caatinga, mente, esse elemento teria a função de uma agulha grossa, que fixa o tecido
sobre a almofada onde normalmente se faz essa renda. Na performance, os
explicando as adaptações biológicas
espinhos são colocados com as pontas voltadas para cima. Na sua opinião, que
que tornaram essas espécies tão re- Ação performática Pelo
Bilro e pelo Espinho, de efeito essa “subversão” da técnica tradicional pode produzir em quem vê o re-
sistentes ao clima semiárido. Traçan- Jucélia Silva. São Paulo sultado dessa ação?
do um paralelo com a arte, pode-se (SP), 2020.
discutir como essas características de
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
32
32
Preparação
Embora esteja se popularizando,
não é em todo lugar que encontra-
Tempo e tecnologia mos uma impressora 3-D. Para falar
Toda a história da arte acompanha os avanços tecnológicos de cada época e cultura. A seguir, vemos sobre esse assunto, solicite aos es-
a imagem de uma impressora 3-D em ação. Esse aparato propiciou o desenvolvimento de peças e objetos tudantes que façam uma pesquisa
que não poderiam ser fabricados antes, contribuindo para o avanço de muitas áreas do conhecimento, a respeito do seu funcionamento e
como a Engenharia e a Medicina, na construção de casas e na confecção de próteses personalizadas para das suas diversas modalidades. Pre-
pessoas que não têm ou perderam algum membro do corpo. pare você também uma pesquisa, de
modo a complementar o que eles
Tinxi/Shutterstock.com
trouxerem.
Orientações
Muitas vezes, quando há um salto
tecnológico em determinado proces-
so ou dispositivo, ou mesmo a inven-
ção de algo novo, não conseguimos
ter a dimensão de todas as suas pos-
sibilidades. Esse é o caso da impres-
sora 3-D, invenção surgida na década
de 1980 e, desde então, vem sendo
aprimorada. Seus usos também fo-
ram sendo diversificados, e a ideia de
criar praticamente qualquer objeto
em três dimensões é uma inovação
realmente impressionante, que mexe
com a imaginação de quem tem con-
Modelo de impressora 3-D. Milão, Itália, 2015. tato com ela. Essa abertura criativa
permitiu um desenvolvimento ainda
maior no que diz respeito aos mate-
asharkyu/Shutterstock.com
riais utilizados e aos projetos que a
empregam.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
33
Foco na BNCC
Ao refletir sobre possibilidades de uso da
tecnologia em práticas artísticas é trabalhada a
habilidade EF69AR35.
33
Atividade No primeiro exemplo abaixo, vemos uma luminária cuja peça externa foi impressa em 3-D. Sua
complementar textura vazada foi desenhada e produzida com bastante precisão. Tecnologias como essa ampliam as
Peça aos estudantes que cami- possibilidades de manipular determinados materiais e abrem caminho para explorações diversas, muitas
nhem um pouco mais na pesquisa so- vezes com resultados inéditos. Você já havia imaginado que uma casa pode ser impressa? Pois é o que
vemos na segunda imagem abaixo, um exemplo da exploração dessa tecnologia empregada na arqui-
bre a tecnologia e os diversos usos da
tetura. A casa impressa em argila, uma construção com reduzido impacto ambiental, demonstra como
impressora 3-D. Ajude-os, sugerin-
uma tecnologia pode se apropriar de técnicas antigas e reinventar seu uso. Isto ocorre porque as cons-
do elementos a serem pesquisados,
truções em argila existem há muito tempo, sendo transmitida de geração em geração a partir de saberes
como dimensões, tempo de produ-
ancestrais. São técnicas que ressurgem como inspiração para novos projetos, integrando o passado e o
ção e tipos de materiais possíveis para presente por meio da tecnologia.
uso. A seguir, sugira um trabalho em
que eles devem imaginar como esses
Laurentiu Raicu/Shutterstock.com
recursos poderiam ser usados em prol
da sociedade, da comunidade onde
vivem ou de outros locais com fortes
questões de vulnerabilidade social.
Você pode citar o exemplo do uso
para confecção de estruturas per-
sonalizadas, que contribuem para a
conclusão mais rápida de projetos na
construção civil, diminuindo custos
e tempo de trabalho e permitindo
acesso à moradia para pessoas sem
casa própria.
Para aprofundar
Peça aos estudantes que façam
uma pesquisa sobre obras de lin- Luminária produzida
guagens diversas (cinema, literatura, com impressão 3-D.
Romênia, 2017.
quadrinhos, animações, entre outras),
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Primeira casa
impressa em
argila. Itália, 2021.
34
34
Orientações
Avanços tecnológicos Converse com os estudantes, pro-
criam novas linguagens pondo um olhar que vá além de um
caminho num só sentido. Novas tec-
Muitos materiais e instrumentos foram desenvolvidos especialmente para nologias são desenvolvidas, muitas
solucionar questões técnicas da arte, como é o caso da tinta a óleo, que subs- vezes para sanar um problema ou
tituiu a têmpera na pintura de quadros no século XIV. A têmpera, por ser uma
necessidade, e a partir desse novo
tinta feita com clara de ovo e outros materiais perecíveis, tinha pouca resistência
modo de operar surgem também
ao tempo, perdendo a coloração ao longo dos anos. Além disso, sua secagem
outras possibilidades do seu uso, que
rápida eliminava a possibilidade de retoques nas imagens enquanto eram pin-
tadas. A tinta a óleo foi uma revolução que apresentou diversas vantagens aos
não podiam ser pensadas antes, sem
pintores da época, pois sua secagem não acontecia sem o contato com o se- que o material ou a técnica existisse.
lante, permitindo ao artista continuar misturando tintas e fazendo alterações no
trabalho por muito tempo, às vezes, anos. A coloração da tinta a óleo, inclusive, Orientações
é mais resistente ao tempo, sem grandes alterações de tom. O caso da tinta a óleo, relatado
Isso não significa que a tinta a óleo é melhor do que a têmpera, mas que no texto, é exemplar nesse sentido.
propiciou novas possibilidades de realização em pintura. Cada técnica tem suas A mudança no tempo de secagem,
qualidades expressivas únicas, e elas se adaptam a diferentes produções. Os assim como a diferença na fixação
artistas contemporâneos têm liberdade para escolher qualquer técnica existen- do pigmento, por exemplo, são ele-
te, do passado ou do presente, de acordo com suas intenções estéticas e com mentos que possibilitaram novas ex-
suas possibilidades materiais. Podem até mesmo criar uma nova técnica, como perimentações estéticas. Uma tinta
costuma acontecer, para concretizar uma ideia. que demora mais tempo para secar
Foi pensando em novas soluções visuais que a figurinista do filme Pantera
permite a mistura mais amalgamada
Negra, Ruth E. Carter, convidou a designer Julia Koerner, que tem experiência
entre as suas camadas, trazendo um
interdisciplinar em arquitetura e design de moda, especialista em vestuário im-
resultado diferente e característico.
presso em 3-D, para caracterizar um personagem que representasse a força
da ancestralidade de uma sociedade conectada às suas raízes e ao mundo da
Do mesmo modo que a artista Ju-
alta tecnologia. célia Silva se aproxima da renda de
bilros, muitos artistas contemporâ-
neos se interessam por técnicas e tec-
nologias de outras épocas para criar
seus trabalhos. Essa é a beleza do de-
A mão que transforma o material senvolvimento tecnológico: em mui-
tos casos, ele pode ser acessado em
Inspirados pelos exemplos que abrem a Trilha 1 e pelo tema do livro, vamos experimentar uma propo-
tempos diferentes, de maneira similar
sição artística que lida com a manipulação de um material para transformar sua aparência. Toda a história
ou ressignificada, pois o conhecimen-
da arte é também a história dos seres humanos manipulando, transformando e ressignificando os elemen-
to que levou ao seu desenvolvimento
tos materiais do mundo para criar uma linguagem que remeta a mundos subjetivos, imateriais. Por essa
não se perde.
perspectiva, convidamos você a se apropriar de um tipo de material que seja de fácil acesso na escola ou
na sua casa. Vamos trabalhar com materiais lineares que possam sofrer amarrações e outras formas de
manipulação, como cordas, barbantes, fios, arames, cordas de varal, fitas ou similares. Atividade
complementar
1 Como ponto de partida, existem duas opções: você pode coletar uma grande quantidade de um mesmo
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
material ou selecionar um conjunto de materiais diferentes entre si, desde que atendam ao critério de
Peça aos estudantes que pesqui-
sem sobre as duas tintas citadas no
DA EDITORA DO BRASIL
permitir traçar linhas no espaço, tramar, amarrar ou entrelaçar. Formem equipes de aproximadamente
texto: têmpera e tinta a óleo. A pes-
dez pessoas. Quanto mais pessoas envolvidas, melhor, pois trata-se de uma criação coletiva focada
quisa deve contemplar sua história,
na repetição e no acúmulo, na modalidade de site-specific, ou seja, uma obra projetada especialmente
para um local, ou que tem como resultado as características únicas do lugar em que é construída. Junto
um panorama de sua composição,
com seu grupo e em cooperação com as outras equipes, escolham onde cada agrupamento vai realizar
de modo geral, e alguns exemplos de
sua instalação. Caso duas equipes queiram usar um mesmo espaço, escolham dias diferentes para as pinturas criadas com cada uma de-
respectivas montagens. las. Eles podem buscar na internet,
numa biblioteca ou pedir ajuda aos
35 familiares. Converse sobre as imagens
encontradas e pergunte se eles veem
diferenças no resultado que as duas
tintas produzem nas pinturas.
Preparação
Para essa prática, separe materiais que possam ser usados Foco na BNCC
como linhas. Verifique o que há disponível na escola ou faça
um mutirão para recolher o material com os próprios estu- Esta prática aborda a integração entre linguagens
artísticas e o contato com diferentes formas de
dantes. Podem ser usados barbante, linha de bordado, fios
expressão e criação, trabalhando as habilidades
diversos, linha de costura, cordão de varal, fitas, entre outros EF69AR03, EF69AR05 e EF69AR35. Ao propor
materiais. Se possível, invista na variedade, de modo a am- experimentações criativas em artes visuais
pliar a experimentação e a diversidade nos resultados. são desenvolvidas as habilidades EF69AR06
e EF69AR07. Assim, contempla o objetivo de
explorar processos de criação que envolvam
técnicas analógicas e digitais nas artes visuais.
35
Orientações 2 Antes de imaginar uma forma para a criação coletiva, seu grupo deverá explorar os materiais que
Nessa prática, vamos trabalhar a tem em mãos, manipulando-os de diversas maneiras, para que você e seus colegas descubram jun-
criação coletiva por meio de uma tos, na prática, como desejam lidar com os fios, cordas ou fitas que recolheram. Abaixo temos uma
instalação em um lugar determi- lista de ações exploratórias que podem ser realizadas. Escolham quatro delas para experimentar
nado, na modalidade chamada site em grupo.
specific. Por esse motivo, é impor- Entrelaçar
tante que o diálogo entre a ideia, os Tramar
materiais escolhidos e o lugar seja o Amarrar
ponto de partida para essa criação.
Delimitar
Converse sobre isso com os estu-
dantes, explicando a relação entre Transpassar
esses elementos. Emaranhar
Com o lugar e os materiais esco- Pendurar
lhidos, é hora de partir para a ação. Enrolar
A primeira etapa com as linhas é de Contornar
pura experimentação. Eles podem
Enredar
eleger quatro palavras da lista apre-
Esticar
sentada, para testar, sem receio, e co-
meçar a conhecer o material. Numa Prender
criação artística, a etapa de contato Esta etapa consiste em praticar as quatro ações escolhidas, uma de cada vez, ou combinadas, usando
o material de modos diversos. É importante atentar para o fato de que alguns dos verbos listados podem
direto com o material é essencial, pois
ser parecidos se forem lidos de modo genérico. Sejam rigorosos com essa leitura, delimitando com clareza
é preciso ganhar intimidade com ele
a diferença entre as ações que escolherem realizar. Assim, poderão ampliar as percepções e expandir as
para compreender suas possibilida-
maneiras de lidar com essa materialidade. Se possível, façam pesquisas na internet sobre técnicas manuais
des. Separe uma aula apenas para
para trabalhar com esses materiais e aprendam um novo modo de manuseá-los. O grupo deve aproveitar
essa experimentação. as possibilidades do espaço escolhido e tirar proveito da versatilidade dos materiais, tentando responder a
Esteja atento à natureza de cada perguntas do tipo:
palavra e busque ser rigoroso com
• Como podemos ocupar esse espaço com esses materiais e produzir novos significados para o mesmo?
elas. A limitação a partir de um enfo-
que é uma poderosa estratégia para • Como a repetição de procedimentos manuais pode transformar a aparência do material escolhido?
ampliar descobertas. Esteja aten- • Como podemos construir um espaço a partir do material reunido e manipulado?
to às perguntas indicadas no livro. • Que descobertas sobre os materiais ou sobre o espaço podem afetar o resultado final?
Elas foram pensadas com objetivos
específicos, que se relacionam com 3 Finalizadas as etapas de preparação, é hora de seu grupo mapear as vontades que foram desper-
as questões apresentadas aqui. A re- tadas no coletivo. O que aprenderam com as vivências? Que tipo de ocupação espacial poderia ma-
petição ou criação de módulos com nifestar uma ideia que contemplasse todo o grupo? Vocês podem criar um ambiente imersivo, que
pequenas variações é um procedi- convide o público a participar da obra, ou optar por uma intervenção que altere a função do espaço
mento muito usado nas artes visuais, escolhido. Podem também inventar uma manifestação plástica que tenha um sentido simbólico, a
ser interpretado por quem a observa. Todas essas alternativas serão concretizadas com base no
entre outros motivos, porque pro-
espaço escolhido e no material manipulado. Definidos os projetos, é o momento de partir para sua
porciona unidade ao conjunto, além
execução. Planejem os passos necessários e as atribuições de cada um para que todos participem
de fazer refletir sobre as escolhas
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
formais e possibilidades diversas de
e possam opinar.
36
Orientações
Tecnologia para ganhar o mundo As mudanças no uso e na comer-
Ao longo da história da arte, bem como da humanidade, o desenvolvimento cialização de tintas é um exemplo cla-
tecnológico gerou rupturas no modo de pensar, viver e ocupar o mundo. Nesta ro, e muito conhecido, de como uma
unidade, vamos conhecer alguns desses momentos importantes para perceber mudança tecnológica pode impactar
as diferentes formas de pensar e criar arte, buscando, a partir dessas reflexões,
diretamente a criação e o pensamen-
o diálogo com nosso olhar e a sociedade contemporânea.
to de arte de uma época. Você pode
partir disso para levantar com os estu-
Atividade
Como já vimos, o grupo de artistas que ficaram conhecidos como Impres-
Claude Monet. The Bodmer
Oak, Fontainebleau Forest (O
complementar
sionistas renovaram olhares em relação ao modo de observar e representar a luz carvalho de Bodmer, floresta Peça aos estudantes que pesqui-
de Fontainebleau), 1865.
e de lidar com temas simples e cotidianos, e inseriram a técnica de pinceladas Tinta a óleo, 96 cm × 129 cm.
sem sobre a fabricação de tintas, em
rápidas, capazes de captar aquele instante. Quando falamos desse momento, diversas épocas e, especialmente,
também nos chama a atenção um importante avanço tecnológico que fez parte na atualidade. Depois, vocês podem
das investigações desses artistas: a tinta em bisnaga, produzida industrialmen- compartilhar os resultados e refletir
te. Hoje, para nós, parece tão natural quanto abrir uma embalagem de picolé, sobre o impacto que os diferentes
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
mas, antes dessa invenção, não havia outro modo de pintar senão preparando
as próprias tintas. Esse processo era demorado e o trabalho do artista precisava
tipos de pigmentos podem ter na
construção de imagens de uma épo-
DA EDITORA DO BRASIL
ser realizado nos ateliês. Os esboços podiam ser feitos ao ar livre, mas a pintura ca, lembrando que o campo simbóli-
propriamente dita tinha de acontecer nesses espaços fechados. Por volta de co, imagético, age diretamente sobre
1850, uma indústria francesa começou a produzir as tintas em bisnagas, que a forma como uma determinada so-
tinham sido desenvolvidas, inicialmente, uma década antes, mas na época não
ciedade se vê.
se popularizaram entre os artistas. Sem essa inovação, dificilmente o grupo dos
impressionistas teria sido capaz de pensar a pintura de uma maneira rápida e Foco na BNCC
ligada às luzes e suas variações em ambientes externos e naturais.
Ao ter contato com variadas
37 formas de expressão em
artes visuais, ao conhecer
estilos visuais específicos e
ao analisar os elementos que
Para aprofundar formam as obras de arte são
O Impressionismo é um movimento artístico com caracte- momento, é buscar formas diversas de lidar com a pintura a trabalhadas as habilidades
EF69AR01, EF69AR02
rísticas bastante conhecidas, sobretudo nas obras de Claude partir desse olhar em comum.
e EF69AR04.
Monet. Peça aos estudantes que pesquisem outros pintores Para concluir, incentive os estudantes a mostrar para toda
impressionistas, com destaque para a escolha de pinturas a turma uma ou duas pinturas escolhidas, compartilhando Além disso, cumpre-se o
objetivo de refletir sobre
que dialoguem com a ideia da representação da luz ou seus olhares e impressões a respeito de cada uma delas.
a relação entre Arte e
com a percepção de tempo que podemos ter a partir des- Aproveite esse momento para observar, com o grupo, o que tecnologia de modo crítico.
sas obras, evitando, portanto, que esse levantamento fique há de semelhante ou de particular no modo como os dife-
centrado na biografia desses artistas. O interessante, neste rentes artistas trabalharam temas comuns.
37
Orientações Essa relação entre desenvolvimento tecnológico e produção artística per-
Os artistas que se utilizam de video meia muitos momentos da história da arte e da vida de uma sociedade. Algumas
mapping criam animações exclusivas mudanças interferem diretamente no modo como atuamos em determinadas
para serem projetadas em fachadas. atividades, e, por consequência, nos fazem olhar para o mundo a partir de ou-
A precisão das projeções sobre as for- tros ângulos. Podemos pensar em um exemplo bem contemporâneo: como a
mas e divisões da arquitetura causa a relação com a fotografia mudou graças a um desenvolvimento tecnológico que
sensação de que algumas partes des- popularizou intensamente o acesso a câmeras, que hoje ficam acopladas aos
sas fachadas estariam se movendo. smartphones. Como vimos em nossa trajetória até aqui, o desenvolvimento da
fotografia está intimamente ligado a esses saltos tecnológicos, mas vale pensar
É um tipo de composição visual que
sobre como isso impacta diretamente nossas vidas. Hoje, muitas vezes, registrar
explora as dimensões da arquitetu-
algo está muito próximo de vivenciar algo. O hábito do registro como legitima-
ra para gerar a ilusão de movimento.
ção de uma experiência muda intensamente a nossa relação com as imagens,
Se possível, mostre aos estudantes
em especial com a imagem fotográfica, que se aproxima muito mais de uma
artistas que trabalham com o video anotação do que de uma criação.
mapping. A proposta da exposição Recentemente, a experiência com a própria pintura passou também a con-
imersiva de Monet se utiliza desse tar com outra possibilidade, advinda do desenvolvimento de tecnologias digitais
mesmo aparato técnico para criar um e audiovisuais. São as exposições conhecidas como imersivas, que propõem
ambiente no qual o público pode “en- um contato com as obras por meio de registros fotográficos e audiovisuais,
trar” na obra do pintor. preparados para essa espécie de experiência de realidade aumentada. Nesses
Você pode explorar com a tur- casos, a própria pintura não está presente, mas sim um registro dela, preparado
ma composições visuais a partir da e ampliado para nos proporcionar sensações de proximidade e imersão. Embora
projeção de luzes e cores sobre uma possam ser interessantes, estar diante de uma pintura e visitar uma exposição
superfície. Caso seja possível, faça digital imersiva são experiências bem diferentes.
experimentos visuais com os estu- A imagem abaixo é um exemplo de uma experiência imersiva proporcio-
dantes, utilizando-se de lanternas nada por uma exposição que já percorreu várias cidades do mundo. Se, por um
(e materiais coloridos translúcidos lado, há motivações comerciais envolvidas nos objetivos da montagem, por ou-
tro, ela permite um tipo de experiência que concretiza algo que podemos sentir
como celofane) ou reflexos de espe-
no contato com uma pintura: um desejo de entrar nesse universo pictórico, de
lhos e sombras. Explore formas abs-
adentrar um ambiente criado pelo artista. Com projeções nas paredes, no teto
tratas para que as interações entre
e no chão, e, em alguns momentos, com imagens em movimento, a exposição
formas e cores fiquem mais evidentes.
propicia um olhar e uma percepção bem diferente das obras, com aproximações
que revelam pinceladas em detalhes ou com a criação de ambientes nos quais
podemos nos sentir dentro da imagem, como se estivéssemos, de fato, adentra-
do cada uma dessas obras. A experiência proposta com as obras de Monet faz
Exposição Claude Monet: parte de uma tendência de exposição tecnológica, e não é a única desse tipo.
The Immersive Experience. Muitos artistas e temas já foram foco de ambientações assim.
Nápoles, Itália, 2021.
KONTROLAB/LightRocket/Getty Images
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
38
38
Orientações
Arte e imaginação − cinema, pintura e imersão
Como já vimos, um dos impactos
do desenvolvimento tecnológico nas
Akira Kurosawa Inc./ Warner Bro/Collection ChristopheL/AFP
39
39
Preparação
Antes de apresentar o trabalho de
Julio Le Parc, faça uma pesquisa bre-
ve sobre arte cinética, de modo a ali- Julio Le Parc: arte cinética para os olhos e o corpo
mentar, em um primeiro momento,
Orientações
O trabalho do artista argentino
Julio Le Parc é um ótimo exemplo
de como arte e investigação de pro-
cessos se encontram. O artista se de-
bruçou durante toda sua vida sobre
diversos fenômenos científicos e seu
uso na criação artística. Seu trabalho é
impactante e pode ser uma boa opor-
tunidade para discutir e compreen-
der, de forma inequívoca, que nem
sempre a ideia de arte e tecnologia se
refere ao uso de ferramentas digitais.
Pesquise outros trabalhos do artista,
seja nas séries em que lida com co-
res e seu efeito no olho, seja com lu-
zes ou espelhos, e mostre-os para a
turma.
Como Julio Le Parc tem uma tra-
jetória longa, com muitos trabalhos
realizados, experimente um exercício
com a turma para observar a quan-
tidade de vezes que ele repete um
mesmo procedimento, gerando re-
sultados que, embora possam pare- Obra Continuel Lumière (Luz contínua), de Julio Le Parc, na exposição The Ilusion of Light. Veneza, Itália, 2014.
40
Foco na BNCC
Ao compreender a presença da tecnologia
em práticas artísticas é mobilizada a
habilidade EF69AR35.
Assim, cumpre-se o objetivo de ampliar o
repertório dos estudantes em relação aos códigos
comunicacionais presentes em criações de arte
que utilizam a tecnologia.
40
Preparação
Antes de iniciar a prática, conver-
se com os estudantes a respeito das
Roteiro: histórias sobre tempo e espaço em movimento extensas equipes que costumam es-
Vamos seguir aprofundando as reflexões sobre imagem e movimento, dessa vez pelo viés da lingua-
tar envolvidas numa produção audio-
gem audiovisual, cada vez mais presente em nossas vidas, seja como espectadores, seja como produto- visual. Um bom modo de chamar a
res de registros ou criações, como filmes de ficção, séries, animações e documentários, além de vídeos atenção para esse aspecto é pergun-
nas redes sociais. Muito provavelmente você já teve contato com produções audiovisuais em diferentes tar se alguém já permaneceu no ci-
plataformas: na televisão, no celular ou no cinema, entre outras possibilidades. Mesmo nas redes sociais, nema até acabarem os créditos que
vídeos são cada vez mais usados e muitas vezes chegam a substituir um conteúdo textual, por seu dina- passam no final de um filme. Será
mismo e objetividade. que eles já repararam na quantidade
Nem sempre nos damos conta, mas uma produção audiovisual precisa de dezenas de profissionais de nomes que aparecem, com suas
para que possa acontecer. Além dos que aparecem na frente das câmeras, há muitos outros envolvidos funções discriminadas? É claro que
por trás delas. O processo se inicia, geralmente, muito antes das filmagens e exige planejamento, criação uma superprodução de Hollywood
e resolução de problemas técnicos de diversos tipos. Podemos citar os seguintes profissionais: diretor, é diferente de uma produção mais
produtor executivo, produtor, editor de áudio e vídeo, maquiador, cabeleireiro, contrarregra, maquinista, modesta, mas as obras audiovisuais
eletricista, motorista, ator, compositor, além de assistente para várias dessas funções. Há também ocu- em geral são realizadas por grandes
pações bem técnicas, como iluminador, técnico de som, operador de câmera, entre outros. Você conhecia equipes. Vamos destacar nessa prá-
essas profissões? Faça uma pesquisa para descobrir as atribuições de cada uma delas no campo profis- tica a figura do roteirista. Aproveite
sional do audiovisual. a oportunidade para ressaltar mais
Um dos profissionais mais importantes em uma equipe de criação e produção audiovisual é o roteirista. uma vez que, quando pensamos em
Ele é responsável por definir a sequência da narrativa e organizar o modo como a história será contada, profissionais da área de arte e cultura,
seja ela uma adaptação da história de outra pessoa, no caso de uma obra literária, ou uma história original. nem sempre estamos falando de no-
Há muitos modos de contar uma história. Ela pode ser apresentada de maneira linear, por exemplo, ou mes que têm fama ou estão na frente
ainda ir se desdobrando em cenas com narrativas múltiplas, com enfoque em diferentes personagens e dos holofotes. Há muitas profissões e
cenários que aos poucos vão se conectando. Você consegue se lembrar de filmes ou animações com essas funções em cada uma das áreas que
características? são indispensáveis para o processo de
Vamos vivenciar essa experiência. Organizem-se em quatro grupos para criar narrativas que usem criação de uma obra. A área da cultu-
apenas imagens, sem falas. Ainda assim, a etapa de roteiro é fundamental para que o conjunto transmita ra movimenta a economia e contrata
uma narrativa. Esta prática será desenvolvida ao longo da Trilha e dará origem a um documentário. muitos profissionais, gerando empre-
gos e ocupações que nem sempre
1 Antes de mais nada, vocês devem escolher um tema. Todo o desenvolvimento parte dessa escolha. são conhecidas do público, mas que
Para ajudar na organização das ideias e iniciar o processo de criação, reúnam palavras, imagens e textos sem dúvida são parte fundamental de
curtos que se relacionem com o tema. Pesquisem, em casa e na escola, até selecionarem um repertório qualquer projeto cultural e artístico.
razoável.
2 Com as imagens e as palavras em mãos, é hora de pensar no modo de apresentar o tema: se querem Orientações
usar todas ou apenas algumas, se haverá alguma repetição… Os estudantes precisam com-
preender que escreverão um rotei-
3 Após o planejamento, iniciem a elaboração do roteiro, descrevendo, etapa a etapa, o que será visto no ro pensando no modo como podem
vídeo. apresentar essa narrativa de maneiras
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Para ajudar, observem se o roteiro contempla os seguintes itens: diferentes. O tema os levará a uma
• DA EDITORA
título que mostre o enfoque escolhido;DO BRASIL busca de imagens mais focada no
• discussão sobre possibilidades apresentadas pelo tema; que desejam. Os textos podem auxi-
Guarde seu roteiro, liá-los na criação do roteiro, mas não
• sinopse que deixe claro do que se trata a história;
pois ele será usado aparecem diretamente no resultado.
• organização, em ordem cronológica, do que será visto no vídeo; posteriormente, em
outra prática.
Estimule-os a não usar a mesma pa-
• créditos da equipe e as funções que desempenharam. lavra do tema escolhido no título, mas
a pensar num desdobramento que
41 instigue o pensamento de quem vai
assistir ao filme. Um bom uso do títu-
lo pode complementar a obra, guiar
nosso pensamento para alguma ideia,
Interdisciplinaridade ampliar significados ou mesmo agu-
Nesta prática, é possível propor um trabalho interdiscipli- çar a curiosidade. A sinopse também
Foco na BNCC
nar com Língua Portuguesa, para aprofundar e ampliar o as- é importante e vai ajudá-los a com-
sunto. É importante, entretanto, salientar que vamos criar um Ao experimentar processos de criação em preender melhor a totalidade do que
artes visuais que envolvem a integração com imaginaram.
roteiro, pensando numa narrativa, mas com uma demanda
a linguagem audiovisual são desenvolvidas as
específica: é uma narrativa formada por imagens. habilidades EF69AR03, EF69AR06 e EF69AR07.
Assim, cumpre-se o objetivo de explorar
processos de criação que envolvam técnicas
analógicas e digitais nas artes visuais.
41
Orientações
Eu vi o mundo diferente
Neste tópico, é proposta a refle-
xão sobre a relação entre desenvol-
Yackers1/iStockphoto.com
vimento tecnológico e artístico, a
partir da tridimensionalidade pre-
sente em fotografias que simulam
as três dimensões ou mesmo per-
mitem que naveguemos por elas,
proporcionando uma sensação de
movimento e proximidade, como se
pudéssemos estar imersos naquele
lugar ou paisagem. Como já vimos,
algumas experiências visuais da con-
temporaneidade permitem um pro-
cesso imersivo, que busca trazer uma
experiência que simula a ampliação
das imagens por meio de diversos
recursos.
Vamos explorar o modo como
podemos construir uma imagem
voyata/Shutterstock.com
Imagem de ponte sobre o
ou perceber sua construção. Esta- rio Wensum em 360 graus.
mos, também, falando do que cha- Norfolk, Inglaterra, 2021.
mamos de composição, ou seja, do
modo como as imagens são organi-
zadas dentro do campo visual que
a compõe.
Na sequência, vamos falar sobre
como artistas de outra época lida-
ram com essa questão, culminando
no surgimento do Cubismo. Antes de
entrar nesse assunto, vale lembrar os
estudantes de que estamos olhando
para resoluções formais com mais de
cem anos, que foram inovadoras para
a época. Talvez hoje não nos chamem
tanto a atenção, mas vale compreen-
der por que as razões dessas ruptu-
ras foram tão importantes. Peça aos
estudantes que observem as duas
imagens desta página e falem sobre Fotografia de área urbana
como foram construídas, do pontoMATERIAL DE DIVULGAÇÃO feita em 360 graus.
Tóquio, Japão, 2018.
DA EDITORA DO BRASIL
de vista da composição. Esse assunto
será importante para o que virá a se- É possível que você já tenha se deparado com uma imagem com o símbolo
guir e pode preparar o olhar para se de um círculo com a indicação de 360 graus. Ele sinaliza que uma imagem é
aprofundar nos elementos visuais tra- capaz de mostrar uma paisagem ou um ambiente de modo ampliado, pois po-
zidos pelo Cubismo. Você pode explo- demos “circular” pelo espaço arrastando a imagem para os lados. Do mesmo
rar as soluções apresentadas nas duas modo, alguns drones e filtros de smartphones são capazes de transformar pai-
imagens para abranger um campo sagens em imagens circulares, como a segunda foto acima.
maior do que as margens sugerem. 42
42
Esse é mais um desdobramento de como os avanços nas técnicas de fo- Orientações
tografia também geram mudanças no nosso olhar. A imagem fotográfica, nos Há alguns conteúdos sobrepostos
dois casos, tenta abarcar um espaço maior do que uma foto com um enqua- nestas páginas. Para além da ques-
dramento convencional poderia mostrar normalmente. As distorções, no caso tão da composição que transita en-
da imagem circular da cidade, e a reorganização dos ambientes que permite tre o bidimensional e o tridimensio-
que possamos “percorrer” um espaço em 360 graus por meio de uma ilusão nal, como já vimos, há também o
de tridimensionalidade que é construída por um aplicativo nos oferecem visões elemento da tecnologia interferindo
nada convencionais de um registro fotográfico. Percebemos que a imagem pode no modo como vemos e realizamos
concentrar muita informação de uma vez, nos dando a sensação de completu-
representações diversas – no livro,
de. A construção da imagem, entretanto, parte de distorções, necessárias para
isso é apresentado por meio da lin-
que possamos sentir que tudo coube ali. Já estudamos, nos volumes anteriores,
guagem da fotografia e retomado na
como o desenvolvimento da perspectiva linear foi crucial para estabelecer um
comparação com a pintura de Jean
olhar até hoje consolidado na representação de uma cena ou paisagem. De ma-
neiras diferentes, a questão da transposição tridimensional, de um lugar que o
Metzinger. A proposta de compara-
nosso corpo é capaz de perceber pelos sentidos para uma superfície limitada e ção entre duas imagens, geralmente,
bidimensional, tem sido objeto de constantes investigações e experimentações. oferece bons elementos para desen-
Veja as duas imagens a seguir. volver e aprofundar a leitura de am-
bas. Proponha aos estudantes que
voyata/Shutterstock.com
Acervo do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo – SP. © Metzinger, Jean/AUTVIS, Brasil,crédito
2022.
43
43
Preparação Viagem no tempo
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
44
Foco na BNCC
Ao conhecer diferentes formas e estilos de artes
virtuais, ao analisar os elementos históricos em
produções artísticas e ao identificar a presença da
tecnologia em práticas de arte são trabalhadas
as habilidades EF69AR01, EF69AR02, EF69AR33
e EF69AR35.
44
Até o momento, exercitamos diferentes possibilidades de refletir, estranhar ou buscar novas formas Orientações
de compreender as imagens do mundo. Vamos seguir adiante e conhecer melhor um movimento artís- O texto faz referência a um ponto
tico que revolucionou o modo de transportar o mundo visível para as telas das pinturas – o Cubismo. importante: a circulação de imagens,
Costuma-se determinar o ano de 1907 como marco de seu início, quando o artista Pablo Picasso pintou no final do século XIX e início do sé-
a famosa obra Le Demoiselles d'Avingon, e um pouco antes da Primeira Guerra Mundial, em 1914, como culo XX, era muito diferente do que é
o fim das pesquisas como um movimento integrado. Observe novamente todas as imagens desta Trilha hoje. Por isso, quando uma imagem
e preste atenção em cada uma delas, reparando nas legendas e no ano em que foram criadas. Muitas era trazida de um lugar distante, por
delas foram feitas depois desse movimento artístico, que transformou o olhar para a arte de um jeito tão meio de livros ou fotografias de via-
marcante que até hoje podemos perceber ecos das suas proposições.
gem, ela tinha um impacto grande
Antes de falar do movimento propriamente dito, vale reforçar: a arte nem sempre foi pensada da
sobre quem as via. Dentro dessa lógi-
mesma forma. Artistas de diferentes épocas e lugares propuseram seus olhares e concepções sobre
ca, fica fácil entender que as máscaras
a arte. Podemos concluir facilmente que a vida mudou muito ao longo dos diferentes séculos, desde a
africanas, extremamente interessantes
maneira como se curam os doentes e como as famílias se constituem até como nos locomovemos pelo
mundo, por exemplo. Então por que a arte não se transformaria também?
e diferentes das referências europeias,
Para que possamos compreender as origens e a importância do Cubismo, vale relembrar que tudo o foram recebidas com entusiasmo. Os
que nos cerca faz parte do modo como percebemos o mundo. Algumas vezes, entramos em contato com artistas que integraram esse movi-
algo que é totalmente diferente do que estamos acostumados a ver, e isso pode causar um impacto em mento estavam interessados em di-
nossa percepção sobre o mundo. Hoje em dia, é comum entrarmos em contato com imagens de grupos versos aspectos da representação e
com referências muito diferentes das nossas, já que a internet traz muito conteúdo visual. No início do da forma. O modo de representar a
século XX, porém, a troca de informações e referências não era tão simples, especialmente entre pessoas realidade, por outro prisma, estava na
de regiões distantes do globo. Nessa época, Georges Braque (1882-1963) e Pablo Picasso (1881-1973), ordem do dia. A pesquisa dos cubis-
dois dos artistas que estavam investigando novas formas de criar representações visuais, tiveram contato tas sobre a relação entre bidimensio-
com várias imagens de máscaras de diversos grupos africanos. nalidade e tridimensionalidade ecoa
Observe a imagem abaixo, de uma coleção de máscaras africanas, e, na página seguinte, a obra até hoje. Do mesmo modo, havia um
Cabeça de mulher dormindo, de Pablo Picasso. Que relações você vê entre elas? grande interesse em representar o
movimento em superfícies bidimen-
Stefania Valvola/Alamy/Fotoarena
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
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Orientações A imagem de máscaras que vemos na pá-
Museu de Arte Moderna, Nova York, Estados Unidos.© Succession Pablo Picasso /AUTVIS, Brasil, 2022
A relação dos artistas cubistas gina anterior nos apresenta a diversidade de
com a arte africana é fundamental modos de representar rostos e corpos humanos
na construção de figuras humanas presentes em diferentes grupos étnicos que ocu-
e do seu pensamento plástico. Nas pam o continente africano. Os códigos visuais
máscaras, a representação dos olhos, são variados, assim como a função desses ob-
do formato do rosto, do nariz ou mes- jetos nas sociedades em que foram construídos.
mo de partes do corpo tem um cará- Entretanto, o fato de seus criadores terem se uti-
ter bastante geométrico e estilizado. lizado de formas geométricas para sintetizar ou
Mostre as imagens das máscaras e evidenciar aspectos do corpo humano é uma ca-
os trabalhos de Pablo Picasso, pois na racterística comum a todas as peças. Olhos, na-
pintura essa relação fica ainda mais riz, maçãs e formato do rosto eram muitas vezes
evidente. A combinação desses as- semelhantes a círculos, triângulos e formas ova-
pectos, simultaneidade e represen- ladas. Esse modo de produzir figuras humanas
tação tridimensional em um espaço confere força expressiva aos objetos. Os resulta-
plano e geometrização, marcou pro- dos visuais intensos impressionaram os jovens
Braque e Picasso. Os dois, então, passaram a
fundamente não apenas os artistas
explorar em suas telas possibilidades diversas
que pertenceram ao movimento e a
para transformar os códigos de representação
essa época, mas também as diversas
vigentes na Europa na época. Tais explorações
gerações que os sucederam, como
passaram por uma fase de análise das formas,
podemos ver nas diversas imagens de
quando os artistas fragmentavam a imagem
artistas contemporâneos que apare-
tentado separar e observar cada uma de suas
cem nas próximas páginas. Peça aos Pablo Picasso. Cabeça de mulher dormindo, 1907.
partes. Esse momento das pesquisas passou a Óleo sobre tela, 61,4 cm × 47,6 cm.
estudantes que comparem todas
se chamar Cubismo Analítico. Depois disso, bus-
as imagens desta Trilha, buscando cou-se encontrar modos de indicar os mínimos elementos que permitem reconhecer um corpo, um rosto,
encontrar pontos em comum e re- um objeto ou uma paisagem na imagem. Essa fase chamou-se Cubismo Sintético.
fletir sobre como foram pensadas e Eles não foram os únicos a se interessar por essa pesquisa. Outros artistas caminharam nessa inves-
construídas. tigação, que foi além: Como é possível representar uma superfície tridimensional numa imagem bidimen-
sional? Se você reparar bem, já nos fizemos essa mesma pergunta em outros momentos desta unidade.
Os artistas que ficaram conhecidos nessa fase de seu trabalho como cubistas, entretanto, encontraram
possibilidades bem particulares e interessantes. Um jeito de trazer a ideia de um objeto que tem vários
lados e vistas diferentes é colocá-los dentro da imagem, um sobre o outro. Assim, as imagens, às vezes,
trazem uma vista frontal (de um corpo ou objeto visto de frente) junto com outros ângulos, sejam laterais,
de cima ou de baixo, por exemplo. O resultado, aos nossos olhos, pode parecer um pouco confuso no
início, mas depois pode ficar interessante tentar entender se todos fazem parte de um mesmo corpo ou
objeto. É como se, a cada vez que vemos um objeto, nosso olhar registre algo e, à medida que giramos em
volta dele, outros registros sejam feitos. No fim, todos ficam presentes numa espécie de anotação visual,
lembrando-nos de que, na verdade, o objeto ali representado tem muitos lados e ângulos diferentes.
Enquanto lê este parágrafo, faça pequenas pausas para rever as duas imagens que abrem essa se-
ção. Na imagem de Gleizes, a estrutura de um rosto é composta de linhas retas e curvas. Identificamos
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
detalhes como testa, olhos, nariz, boca vistos como se fossem peças de um quebra-cabeças, ou um tipo
DA EDITORA DO BRASIL
de mosaico. Cada parte desse rosto foi desenhada sob um ângulo e uma distância diferentes. Misturadas
às áreas que formam o rosto, identificamos partes dos elementos que compõem o local em que o perso-
nagem se encontra: o pedaço de uma construção arquitetônica, partes de nuvens do céu. Luz e sombras
também aparecem em cada pedaço de imagem. Ao observarmos a imagem de Juan Gris, vemos uma
composição que se assemelha a uma colagem. Áreas de cor com formatos bem definidos são justapostas.
Identificamos sua figura de terno e gravata que se mistura com o fundo do quadro, que pode ser uma
parede ou o próprio chão.
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O Cubismo, na época em que surgiu, dialogava com o desejo de vários artistas de romper com o Orientações
modo como a arte era feita até então: representando o mundo de maneira ilusionista, como se o qua- Peça à turma que volte a atenção
dro fosse uma “janela” para uma realidade visualmente semelhante à realidade tridimensional. Como aos retratos. Agora é a hora de reto-
qualquer mudança intensa no modo de ver e representar o mundo, o movimento sofreu muitas críticas mar o que foi visto, à luz do pensa-
e estranhamentos. Sua importância, entretanto, é tão grande que até hoje há muitos artistas que se ins- mento dos cubistas. Pode ser que
piram nesse pensamento para compor suas obras. As produções abaixo são bons exemplos de como as os estudantes tentem recriar a ima-
ideias cubistas ainda ecoam, em épocas e lugares diferentes, nas escolhas visuais feitas por artistas ao gem como um quebra-cabeça literal,
representarem algo ou alguém. onde tudo se encaixa perfeitamen-
te. Se isso acontecer, converse com
Loui Jover
©Jeremy Olson
eles, dizendo que não se trata de um
enigma a ser decifrado, onde tudo
se encaixa em uma lógica perfeita. A
experimentação e a ousadia desses
artistas consistiam justamente em re-
construir com propósito e consciên-
cia de suas pesquisas, mas também
com certa liberdade para inventar e
experimentar. Vemos muitas imagens
nas redes sociais e na mídia, de modo
geral, que nos levam a uma relação
unívoca, ou seja, de um único signifi-
cado ou interpretação. Aproveite para
conversar com eles sobre essa dife-
rença da arte em relação às imagens
publicitárias ou anedotas visuais. É
muito importante observar uma ima-
Loui Jover. Frida desconstruída, 2015. Colagem e pintura Jeremy Olson. [Sem título], 2010. Óleo sobre painel, gem artística sem a pressa de deci-
em papel, 16 cm × 21 cm × 0,3 cm. 30,48 cm × 22,86 cm.
frá-la rapidamente. Essa é uma das
© DEL ZOU, BRNO/ AUTVIS, Brasil, 2022.
©Jeremy Olson
características mais interessantes
das artes visuais: sua capacidade de
conter várias camadas de significa-
dos e ampliar nosso olhar sobre ela
mesma e sobre o mundo.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
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Brno Del Zou. Latyr, 2013. Sobreposição de fotografias, Jeremy Olson. [Sem título], 2009. Óleo sobre painel,
1 m × 8,5 m × 1,6 m. 20,32 cm × 15,24 cm.
47
47
Preparação
Deni Williams/Shutterstock.com
Pensar em imagens em movimen-
to nos dias de hoje é corriqueiro e
nem faz muito sentido como reflexão, Tempo e movimento no espaço
de tão incorporada que essa ação está Representar o movimento, a simultaneidade ou o
em nossas vidas. Cinema, televisão, próprio tempo é uma investigação recorrente nas artes
celular, vídeos no computador ou fil- visuais, com soluções diferentes para épocas diversas.
mes já são parte do modo como per- No Cubismo, entretanto, esse interesse foi intensificado.
cebemos a representação do mundo Suas propostas eram ousadas para o período em que fo-
e das histórias. ram criadas. Imagine a reação de uma pessoa acostumada
com pinturas que buscam semelhança com o que o olho
Orientações vê diante de uma obra cubista? Outro modo de unir tempo Vista das janelas do trem que chega a São João Del
Rei partindo de Tiradentes. Minas Gerais, 2016.
Houve uma época em que era im- e movimento é o cinema. Antes de sua popularização, as
pensável produzir ou mesmo fruir imagens em movimento não eram algo comum. Um passageiro que olhasse pela janela do trem, por
uma imagem dessa natureza. Viajar exemplo, via imagens em movimento com uma rapidez muito maior do que a percebida no cotidiano. O
de trem acabava por dar essa impres- próprio cinema se desenvolveu a partir de um encadeamento de quadros, ou imagens fotográficas, co-
são ao viajante, que via a paisagem locados em sequência. Pequenas mudanças entre as imagens, que se sobrepõem uma a uma com certa
passando, se movimentando, pelo re- velocidade, acabam criando a ilusão de movimento.
corte de uma janela. O cinema é fruto
das investigações sobre sobreposi-
ções de imagens, à busca do movi-
mento. Funciona pelo encadeamento
de imagens com pequenas mudanças
Reconstruindo imagens
e pelo modo como nosso olho fun-
ciona. Ele é capaz de compreender Certamente você já ouviu o termo “manipulação de imagem”. Geralmente o associamos a um proces-
so digital, mas isso não é uma condição necessária. Quando pensamos em transformar uma imagem já
apenas um determinado número de
existente, há outro caminho possível: podemos fazer interferências em imagens com recortes, colagens
imagens por segundo, e quando esse
ou sobreposições, procedimentos artísticos frequentes e usados desde muito antes do desenvolvimento
número é superado nosso cérebro
digital. Mesmo em alguns processos cinematográficos bem antigos, os quadros das películas eram colados
compreende a sequência como uma
fisicamente para emendas ou edições.
imagem contínua. Que tal recriar imagens e significados?
Vamos partir de um repertório de imagens que podem ser obtidas a partir de recortes de jornais, re-
Foco na BNCC
vistas, fotos pessoais ou mesmo da internet, de forma impressa. Os temas podem ser diversos e variados,
Ao estudar a integração das sem uma direção predefinida: pessoas, lugares, objetos etc.
linguagens das artes visuais
com outras linguagens é 1 Deixe todas as imagens expostas com clareza, organizadas numa mesa.
trabalhada a habilidade
2 Escolha uma imagem de onde partir. Pode ser uma que tenha chamado a sua atenção por qualquer
EF69AR03. Ao experimentar
motivo. Partindo dela, busque outras imagens que possam ser encaixadas nela, alterando seu sentido
processos de criação em
original e dando outros significados. É possível que a imagem inicial seja completamente modificada ou
artes visuais é mobilizada a
só mude em algumas partes. As duas escolhas são válidas.
habilidade EF69AR06.
Assim, esta prática contempla MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
3 Depois de selecionar as imagens, é hora da edição propriamente dita. Realize as intervenções neces-
o objetivo de explorar
processos de criação que
DA EDITORA DO BRASIL
sárias, como recortar pedaços das imagens que serão sobrepostas, para que o conjunto faça sentido e
fique como você imaginou. Depois que tudo for planejado e testado, é hora de colar.
envolvam técnicas analógicas
e digitais nas artes visuais. 4 Escolha um título para sua composição.
5 É hora de apresentar sua criação e conhecer as dos seus colegas. Contem sobre o processo e, principal-
mente, sobre as escolhas simbólicas e plásticas que vocês fizeram.
48
Preparação Orientações
Editar imagens é um procedimento muito usado atual- Deixe que cada um construa seu processo e esteja dispo-
mente e pode ser feito por meio dos aplicativos mais sim- nível para auxiliá-los quando necessário, chamando atenção
ples aos softwares mais sofisticados. Esta prática de criação, para possíveis repetições, toques de humor ou reconstru-
entretanto, busca propor uma edição feita de maneira ana- ções intensas. O principal objetivo é desenvolver o olhar e a
lógica, para aproximar o estudante do processo a partir da prática a partir de um processo analógico do que já é muito
experimentação. As associações que ele pode construir en- realizado em plataformas digitais. As dificuldades e mudan-
tre o repertório de imagens escolhidas podem ocorrer de ças de planos são parte natural desse processo, e devem ser
maneira intuitiva e inusitada ou de maneira bem planejada vistas como oportunidades para encontrar novas soluções
e organizada. plásticas.
48
Preparação
Arte e tecnologia hoje O trabalho de Rejane Cantoni e
Falamos bastante sobre a tecnologia nos processos criativos da arte, mas Leonardo Crescenti utiliza aparatos
ainda podemos ampliar nosso olhar, incorporando a ideia de que, às vezes, apa- tecnológicos capazes de respon-
relhos eletrônicos, presentes no nosso dia a dia com usos específicos, podem der a estímulos em tempo real. Isso
ser subvertidos e usados para a criação artística. significa que os dispositivos usados
A tecnologia digital pode ser vista como uma linguagem que cria novas pelos artistas recebem informações
possibilidades, diluindo fronteiras e participando de processos híbridos. Além do ambiente, no caso, da sala onde
dos processos criativos em si, é muito comum que esse tipo de obra conte com estão instalados, e processam os da-
uma participação muito intensa do público, podendo até mesmo inseri-lo como dos recebidos, como os movimen-
Rejane Cantoni e Leonardo
parte ativadora da obra. tos das pessoas dentro desse espaço,
Crescenti. Auto-Íris.
Observe a imagem do trabalho criado pela dupla de artistas Rejane Cantoni Exposição Consciência elaborando uma resposta a eles. Essa
(1959-) e Leonardo Crescenti (1954-2018). Cibernética, Itaú Cultural, São
Paulo (SP), 2017. resposta do sistema se reflete em pa-
drões e cores que se desdobram nas
telas, como um tipo de caleidoscó-
pio de cores. A obra está exposta ao
Leonardo Crescenti
Orientações
Essa situação criada pela dupla
de artistas pode ser vista como uma
metáfora da relação entre público e
obra, além de ser uma referência di-
reta à linguagem da pintura. Agora
o suporte não é mais a tela de teci-
do, mas a parede na qual o aparelho
projeta imagens. Outro diálogo com
a pintura é a relação da cor com o
campo visual da tela. A pintura, histo-
ricamente, sempre apresentou ques-
tões que envolvem os elementos cor
e ritmo. Uma estratégia para que os
estudantes olhem com mais atenção
para essas questões é solicitar que
pensem em uma trilha sonora para
essas obras, imaginando relações rít-
micas entre a composição visual e seu
movimento.
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DA EDITORA DO BRASIL
Nesse trabalho, percebemos uma relação muito próxima entre arte e ciên-
cia, numa abordagem diferente da que vimos no trabalho de Julio Le Parc, po-
rém, também partindo dessa relação intensa e intrincada. Embora ambos se
baseiem em um princípio científico e imersivo, divergem a partir das suas pes-
quisas, especialmente na relação entre o digital e o analógico.
49
Foco na BNCC
Ao conhecer diferentes formas de expressão em
artes visuais e ao entender como a tecnologia foi
utilizada em sua produção são desenvolvidas as
habilidades EF69AR01 e EF69AR35.
Assim, cumpre-se o objetivo de apresentar
artistas e conceitos de Arte que dialogam com as
tecnologias por meio de obras híbridas, diluindo
as fronteiras entre as linguagens da arte.
49
Orientações Ainda que uma foto não seja capaz de nos dar a dimensão da experiência,
Elabore, com a turma, uma situa- podemos perceber como as cores dominam o espaço. Essa é também uma ins-
ção lúdica de interação entre pessoas talação imersiva, mas que parte de uma pesquisa artística bem próxima à pes-
que simule os mecanismos tecnológi- quisa tecnológica. Uma está a serviço da outra e, nesse sentido, as diferenças
cos, experimentando uma situação de entre uma experiência imersiva de uma megaexposição, como a de Monet, e um
ação e reação em tempo real que pro- trabalho que parte de questões poéticas ficam bem evidentes.
duza um resultado estético. Separe a Na exposição Consciência Cibernética, câmeras foram acopladas a dispo-
turma em duplas: um faz e um reage. sitivos que se moviam, capturando informações do ambiente ao mesmo tempo
em que criavam projeções nas paredes. Essas imagens dividiam-se, multiplica-
Coloque todos os estudantes que “fa-
vam-se e recebiam uma camada de cor. O que controlava essas mudanças era
zem” de um lado da sala e todos os
a luminosidade das próprias imagens e das sombras projetadas a partir da pre-
que “reagem” do outro lado. O desafio
sença de pessoas na sala. Os equipamentos responsáveis por essa função pos-
é que parte dos estudantes deve estar
suíam uma espécie de “íris” robótica, criada para perceber e reagir a estímulos.
atenta e responder aos movimentos As combinações entre informações captadas pelos equipamentos óticos,
da outra parte da turma. as projeções criadas no ambiente e a movimentação das pessoas geravam uma
série de diferentes composições visuais, padrões e cores que podiam ser vistos
Atividade nas paredes. O modo como as projeções aconteciam criava um diálogo bem
complementar direto entre pintura, vídeo e cinema. Conseguimos identificar alguns elementos
Experimente produzir situações de comuns a eles, como ritmo, repetição, movimento, contraste, direção, cores e
interação entre grupos de estudantes oposição entre claro e escuro. À mistura dessas linguagens, como já vimos,
damos o nome de hibridismo, indicando a combinação e a criação de um con-
a partir de elementos visuais a serem
junto de pensamentos e procedimentos artísticos a partir de dois ou mais já
manipulados por eles. Uma sugestão é
existentes.
dividir a turma em quatro grupos dife-
No caso dos artistas criadores dessa obra, há ainda algo que nos chama
rentes, e os integrantes de cada grupo a atenção: diferentemente da maioria dos artistas que vimos nesta unidade,
devem ter em mãos um elemento com eles assinam em dupla (Cantoni-Crescenti), num formato que não chega a se
uma mesma cor. Se possível, faça essa configurar como um coletivo de artistas, mas que é desenvolvido num processo
dinâmica com materiais que oferecem diferente do que seria se a autoria fosse apenas de um artista. A contempora-
superfícies de cor, como na seguinte neidade na arte abriu espaço para criações que se desenvolvem de maneiras
situação hipotética: os estudantes do próprias. Uma delas diz respeito a uma pesquisa pensada e compartilhada por
primeiro grupo seguram pedaços de uma unidade formada por duas pessoas.
papel azul; os do segundo grupo, pe-
Rejane Cantoni
daços de pano vermelho; os do ter-
ceiro, folhas brancas; e os do quarto
grupo, cadernos com capa verde. Peça
a um dos estudantes que fique no cen-
tro da sala e, então, distribua os demais
pelo espaço disponível, de modo que
todos consigam ver a pessoa no cen-
tro. Combine com a turma que cada
cor será “conduzida” pelo movimento
de uma parte do corpo do estudante MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ao centro, por exemplo: azul – mão es-
DA EDITORA DO BRASIL
querda; vermelho – mão direita; bran-
co – pé esquerdo; verde – pé direito.
Feito isso, ative a instalação, soli-
Rejane Cantoni e
citando ao estudante ao centro que Leonardo Crescenti. Auto-
comece a se mover e aos demais inte- -Íris. Exposição Consciência
grantes, a sua volta, que movimentem Cibernética, Itaú Cultural,
São Paulo (SP), 2017.
ou não as cores que estão segurando,
sem sair do lugar, tendo como refe- 50
rência apenas os movimentos de cada
parte do corpo do estudante que está
no meio da sala. Desse modo, todo
o espaço é transformado pelo mo-
vimento de uma pessoa. Explore as
variações possíveis no modo de dis-
tribuir a turma pela sala e crie regras
novas para que todos se movimen-
tem em conexão com uma ou mais
pessoas. Peça ainda a alguns estudan-
tes que fiquem na plateia, apenas as-
sistindo, e realize um rodízio entre os
que seguram as cores, o que fica no
centro e os que assistem.
50
Orientações
A obra que te olha de volta O trabalho de Raquel Kogan pro-
duz outro tipo de interação entre pú-
Raquel Kogan
Bate-papo com o
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
professor DA EDITORA DO BRASIL
Aproveite o momento da apre- Gravura de máquina movida
sentação para chamar a atenção dos a vapor idealizada por Zadoc
estudantes acerca da complexidade Dederick e Isaac Grass de
Newark. Nova Jersey, Estados
de determinados processos artís- Unidos, século 19.
ticos, que podem envolver equipes
multidisciplinares com profissionais
de diferentes linguagens expressivas 52
52
Orientações
Ver o que não se vê: O trabalho de Camille Utterback
tecnologia como espelho ficcional propõe uma verdadeira brincadei-
ra entre as letras que caem e a ima-
gem do espectador projetada. Essa
situação lúdica provoca o público a se
Camille Utterback
53
Foco na BNCC
Ao conhecer diferentes estilos visuais e ao
reconhecer a presença da tecnologia na produção
de arte, são trabalhadas as habilidades EF69AR02
e EF69AR35.
Assim, cumpre-se o objetivo de analisar
estratégias e recursos por meio dos quais
conceitos, signos e símbolos podem
ser explorados em diferentes mídias e
aparatos tecnológicos.
53
Preparação É logico, é logica!
54
Foco na BNCC
Ao conhecer e valorizar o trabalho de artistas
e grupos de teatro brasileiros, ao verificar os
diferentes elementos cênicos e ao analisar a
integração entre as diferentes linguagens da
Arte são mobilizadas as habilidades EF69AR24,
EF69AR25 e EF69AR32.
Assim, cumpre-se o objetivo de analisar estratégias
e recursos por meio dos quais conceitos, signos
e símbolos podem ser explorados em diferentes
mídias e aparatos tecnológicos.
54
Bruta Flor Filmes
Orientações
As perguntas desta seção fomen-
tam as leituras das imagens. As três
fotos do espetáculo Os um e os outros
oferecem uma visão bastante nítida
de como o cenário contribui para um
evento teatral que mistura linguagens
da Arte. Na primeira foto, podemos
ver projeções de imagens diretamen-
te sobre os corpos dos artistas em
cena. Na segunda, as imagens pro-
jetadas no chão criam uma textura
visual que apresenta uma paisagem
por onde atrizes e atores se deslocam,
enquanto uma projeção na parede
indica o nome desse lugar. Na tercei-
Bruta Flor Filmes
Cenas de Os um e os outros,
espetáculo da Cia. Livre de
Teatro e da Cia. Oito Nova
Dança. São Paulo (SP), 2019.
55
55
Orientações
É possível estabelecer uma relação
Minha comunidade pelas lentes
entre a ação de levar indígenas para da câmera
participar de um espetáculo e o pro-
56
56
Preparação
Reconhecer e analisar os elemen-
tos que compõem a linguagem cine-
Elementos da linguagem do cinema matográfica é importante em vários
O desenvolvimento da linguagem do cinema foi incorporando as mudanças de equipamento e diver- sentidos. Promover o olhar crítico dos
sificando seus processos ao longo do tempo. A imagem mostra um estúdio no qual acontece a filmagem estudantes para detectar as formas
de um filme de ficção científica. Observe como a cena envolve, além dos atores, a equipe de técnicos em- de construção da narrativa dos filmes
penhada na captação da imagem e dos sons. Embora os recursos tecnológicos para a construção de um que assistem é um modo de expandir
filme se desenvolvam com rapidez, os códigos que compõem a linguagem do cinema continuam sendo seu repertório sobre arte e fomentar
fundamentais para entender e pensar essa arte. Vamos explorar um pouco alguns deles. a apropriação desses códigos de lin-
Os elementos básicos do cinema são enquadramento, plano, movimentos de câmera e montagem. guagem. Desse modo, a turma pode
Enquadramento: definir o enquadramento significa pensar e decidir qual área física aparecerá na entender com mais nitidez os proces-
imagem, ou seja, no quadro, e qual é o ponto de vista mais indicado para conseguir os efeitos pensados
sos de comunicação aos quais estão
na proposta. O enquadramento pode enfatizar a intenção da cena.
expostos. Afinal, a estética cinema-
Plano cinematográfico: diz respeito à proporção em que os objetos ou pessoas serão enquadra-
tográfica está presente também em
dos. Os planos são definidos em função do que será ressaltado. Além disso, um plano também se define
por ser uma sequência filmada – um plano-sequência, por exemplo, envolve cenas filmadas sem corte,
campanhas publicitárias e programas
sem interrupção. televisivos. Com o advento da tecno-
logia de imagens em alta definição,
o surgimento de televisores de tela
Lucasfilm/Alamy/Fotoarena
plana, a ampliação da capacidade de
transmissão de dados pelas redes e a
pandemia de covid-19, as fronteiras
entre televisão e cinema tornaram-se
difusas. Desde o período de pande-
mia, até mesmo as manifestações pre-
senciais da música e das artes cênicas
também passaram a ser transmitidas
pela internet. Essas tendências, que
nos impelem para uma vida cada vez
mais imersa em tecnologias digitais
em redes, devem ser vistas como
oportunidades para aprendizagens e
até mesmo como a abertura de novos
campos de trabalho. Pela perspectiva
dos avanços tecnológicos, esse fenô-
meno pode ser visto como reflexo do
desenvolvimento da sociedade. Entre-
tanto, do ponto de vista da inclusão
social, é preciso ter uma perspecti-
Imagens do set de filmagem do filme Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones. Direção: George Lucas. Estados Unidos, 2002. va crítica. Tais processos não podem
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO ser vistos sem reflexão, uma vez que
DA EDITORA DO BRASIL grande parte dessas mídias tem como
foco estimular o consumo e a padro-
Para revisar alguns conceitos básicos da linguagem cinematográfica e ampliar seus conhecimentos sobre nização de comportamentos. Além
posição e movimentos de câmera, planos de filmagem e enquadramento, assista ao vídeo “Conceitos
disso, a tecnologia não é igualmente
básicos da linguagem cinematográfica”, do canal AvMakers, disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=jxqNwqu0s8c. Acesso em: 7 jun. 2022. acessível a todas as pessoas. Como
Ele traz diversos exemplos de filmes e séries para demonstrar os conceitos abordados. bem de consumo, fica restrita a deter-
minados grupos. Nesse contexto, as
57
tecnologias também podem se con-
figurar como meio de exclusão para
quem não tem acesso a elas.
Foco na BNCC
Ao relacionar as linguagens das artes visuais com
a linguagem audiovisual, ao conhecer as variadas
formas de expressão em arte e ao conhecer
os profissionais envolvidos em produções de
artes visuais são desenvolvidas as habilidades
EF69AR03, EF69AR05 e EF69AR08.
Assim, cumpre-se o objetivo de promover a
reflexão sobre as relações entre a tecnologia e as
criações das artes visuais e das artes audiovisuais.
57
Orientações Há cinco tipos de plano de enquadramento normalmente utilizados:
Converse com a turma sobre • Plano geral: com um ângulo visual bem aberto, a câmera revela todos os elementos da cena.
suas possibilidades de acesso às tec-
nologias e quais benefícios podem
• Plano americano: reduz o plano médio para a figura retratada da cabeça até a altura dos joelhos.
Marvel Studios/ Walt Disney Stud
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
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58
• Primeiro plano: coloca o foco sobre um personagem, dando ênfase à Bate-papo com o
sua expressão, como no exemplo. Pode focar também objetos, mostran- professor
do detalhes. A linguagem do cinema pode pro-
porcionar aprendizagens e percep-
Marvel/Walt Disney Studios Motion Pictures/Everett Collection/Fotoarena
59
59
Preparação
Esta prática coloca em ação o rotei-
ro criado anteriormente. Após todas
as reflexões geradas pelos experimen- A linguagem que constrói a narrativa – Documentário
tos e pelas conversas em torno do Vamos colocar em prática os fundamentos da linguagem do cinema estudados na seção Coordenada?
eixo tecnológico da arte, conduza Nessa prática, retomaremos os roteiros que foram produzidos anteriormente e elaboraremos um documen-
uma revisão dos roteiros com a tur- tário. O roteiro será o documento norteador para a execução da filmagem. Você e seus colegas já escreve-
ma. Essa dinâmica permite que novas ram a proposta, agora é o momento de complementar essa elaboração.
percepções sobre a linguagem do ví-
1 Reúna-se novamente com seu grupo de trabalho e desenvolvam uma série de storyboards (desenhos
deo, ou mesmo novas reflexões sobre
que apresentam as opções de enquadramento para cada cena). Os storyboards são fundamentais para
o argumento desenvolvido, possam que toda a equipe envolvida numa produção cinematográfica visualize as ideias da direção e possa
ser incluídas no roteiro. Explique que concretizá-las durante as filmagens. O grupo deve realizar uma sequência de imagens para que se
esse processo de reaproximação com compreenda visualmente a organização da filmagem na ordem em que cada cena aparece no filme.
o material elaborado faz parte do pro-
cesso de criação e pode aprimorar o 2 O seu projeto de filme está pronto! Caso vocês tenham acesso a uma câmera e a possibilidade de gravar
projeto como um todo, por meio do e editar o material, os grupos podem avançar na produção até a concretização do documentário. Nesse
exercício do olhar crítico e amadure- caso, realizem pesquisas sobre o que define cada uma dessas etapas. Assistam a lives com especialistas
cimento das ideias. ou consultem livros em bibliotecas, conversem com professores e façam experimentos de linguagem
para entender como obter os resultados que visualizaram na etapa anterior.
Orientações 3 Depois de apresentarem o que foi elaborado para a turma, conversem sobre as diferenças que detec-
A transposição do roteiro para o taram entre os dois processos de preparação: o roteiro textual e o storyboard. Compartilhem também
formato de storyboard permite que suas impressões sobre o processo, tanto as descobertas quanto as dificuldades.
o grupo possa aguçar o olhar cine-
Tutatamafilm/Shutterstock.com
60
Foco na BNCC
Ao experimentar processos de criação em artes
visuais são trabalhadas as habilidades EF69AR06
e EF69AR07.
Assim, é contemplado o objetivo de propor
práticas que explorem as relações entre processos
e técnicas constituintes das produções de arte no
que diz respeito às redes sociais e às tecnologias.
60
Faça no caderno
Avaliação formativa
Chegamos ao final da Trilha 1, que
Avatar: interagir com um mundo inventado nos permitiu refletir sobre a relação
entre artes visuais, audiovisual e tec-
nologia. O universo dos games pode
ser uma metáfora para compreen-
dermos os caminhos percorridos.
Do mesmo modo que algumas das
obras apresentadas propuseram ima-
bennyb/iStockphoto.com
61
Avaliação formativa
Será importante que os estudantes retomem as desco- Aproveite este momento para avaliar seu percurso pes-
bertas feitas ao longo desta Trilha e mobilizem seus conhe- soal. É válido refletir sobre os pontos que você gostaria de
cimentos neste último exercício. Assim, as vivências mais sig- mudar e as descobertas que o surpreenderam. Assim, será
nificativas virão à tona e as experiências que tiveram menos possível ampliar o planejamento das aulas e experimentar
impacto poderão ser revistas. novas propostas visando a um vínculo maior entre você, a
turma e as linguagens da Arte.
61
Transformações
A BNCC nesta Trilha
Competências gerais: 1, 2, 3,
da dança pela
4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Competências específicas de
tecnologia
Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Competências específicas de
Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Objetos e habilidades:
Contextos e práticas
A arte acompanha as transformações das sociedades nas quais está inserida, por isso,
EF69AR03, EF69AR09,
nesta Trilha, vamos ver como os artistas da dança utilizaram em seus processos criati-
EF69AR25, EF69AR31
vos estratégias e ferramentas proporcionadas pelos recursos tecnológicos, seguindo os
Elementos da linguagem avanços do tempo e se reinventando.
EF69AR10, EF69AR11
Processos de criação
Observe as imagens e reflita:
EF69AR12, EF69AR13,
EF69AR14, EF69AR15, • Quais elementos da arte e da tecnologia podem ser reconhecidos nas fotos?
Dançarina Ayumi Tobaye
EF69AR32 e drone em apresentação • Qual é a relação entre as pessoas e as máquinas no contexto do espetáculo?
durante evento do Instituto
Arte e tecnologia Europeu de Inovação (EIT), • Se você estivesse presente nas cenas capturadas pelas imagens, que papel
EF69AR35 em Budapeste, na Hungria, gostaria de desempenhar?
em 2019.
Objetivos desta
Innovation and Technology
62
Preparação
Vídeo e arte nas obras Insira palavras-chave na lousa, si-
de Analivia Cordeiro nalizando o eixo da aula. Sugestões:
formas, vídeo, arte.
Observe a imagem abaixo, prestando atenção às posições das pessoas, ou Neste tópico, será trabalhada a
seja, às formas corporais nas quais elas estavam no momento do registro.
compreensão histórica da dança no
• Além das formas, o que mais chama sua atenção na imagem? Videoarte: forma
de expressão
formato audiovisual por meio da obra
A imagem abaixo é da primeira videoarte brasileira, feita por Analivia Cordei- surgida no final da de Analivia Cordeiro, pioneira na área.
ro, intitulada M3x3. A videoarte pode promover a integração de diversas lingua- década de 1960 que Ao observar a imagem, os estudan-
gens com as artes visuais. Com interesse em investigar possibilidades do corpo passou a utilizar a
tecnologia do vídeo tes podem ter a atenção atraída pela
em movimento interagindo com sons e cenários abstratos, Analivia Cordeiro para obras artísticas, pintura facial, pelo cabelo preso na
compôs uma complexa mistura dos elementos de cada uma dessas linguagens. que até então se
restringia a fins touca ou pelas roupas pretas justas
Você reparou nos figurinos usados nesse trabalho? As peças de roupa ora
comerciais (televisão com faixas brancas, além do cenário
se fundem, ora se destacam do fundo da cena. Isso foi feito a partir de estudos ou treinamento em
empresas).
branco. Complemente a análise per-
da Gestalt, teoria da Psicologia que estuda como o cérebro humano completa
as imagens que parecem inacabadas, ou, ainda, como preenche os espaços va-
guntando se os estudantes identifi-
zios das imagens. Estudiosos da Gestalt que pesquisaram a Lei do Fechamento cam situações cotidianas nas quais o
Videoarte M3x3, de Analivia corpo fica em posturas semelhantes.
comprovam que, quando vemos silhuetas ou formas inacabadas, nosso cérebro Cordeiro, durante a sessão de
“fecha” a formação das imagens. gravação do vídeo. São Paulo
(SP), 1973. Orientações
Elabore questões para que os es-
Analívia Cordeiro
63
63
Orientações Sabendo desse princípio de fechamento, experimente observar as imagens
Os exemplos da página ilustram abaixo.
como funciona uma das abordagens
64
Preparação
Escreva na lousa palavras-chave
como: dança e trabalho.
Profissão dança: ingresso na vida acadêmica Conforme visto no Ponto de par-
Analivia Cordeiro realizou parte de sua obra na Universidade de Cam- tida, desde a Revolução Industrial
pinas (Unicamp), em São Paulo. Ela é uma dançarina profissional com DRT, DRT: sigla para (técnico-científico-informacional),
nome dado ao registro de trabalho de artistas. Para dançar não é obrigatório Delegacia Regional
do Trabalho. Ter ocorreu uma série de mudanças nas
frequentar uma faculdade, mas, para se profissionalizar, os cursos superiores DRT significa que há diferentes sociedades, que passaram
são um caminho. Você já pensou como se faz para prestar o vestibular e se registro profissional
e regulamentado na
a ter a economia regida pelo comér-
candidatar para ingressar em um curso superior de dança? Cada curso tem
carteira de trabalho. cio e pela indústria, tornando menos
autonomia para aplicar as provas a seu modo, mas, como exemplo, vamos
evidente outras possibilidades de de-
observar os métodos utilizados pela Unicamp.
senvolvimento profissional. Por isso,
Para ingressar no curso de graduação em Dança no Departamento de Artes Corporais (Daco) do
Instituto de Artes da Unicamp, por exemplo, os estudantes devem fazer, além das provas teóricas, pro-
esta Coordenada traz aspectos de
vas práticas de habilidades específicas. As provas práticas acontecem em três dias, com focos distintos:
um curso de ensino superior gratuito,
oferecido pelo Departamento de Ar-
1 prova de apresentação coreográfica; tes Corporais (Daco) do Instituto de
65
65
Preparação
Promova um diálogo sobre as
danças apreciadas pelos estudantes,
questionando se eles gostam mais de Plano fixo de uma dança
ver os outros dançando ou de dançar.
Rawpixel/Shutterstock.com
Orientações
Para esta prática, é interessante
separar a turma em grupos de acor-
do com a disponibilidade de equi-
pamentos para filmar, considerando
no mínimo um celular para registrar
as apresentações. Se esse for o caso,
oriente-os para que façam todas as
etapas da prática simulando o local
onde estará o celular que será usado Jovens dançando em frente à câmera
fixa na posição vertical. Los Angeles,
na filmagem. Estados Unidos, 2021.
1. A função é, inicialmente, ajudar o
estudante a identificar as próprias Em uma roda de conversa, discuta com os colegas se há danças com as quais vocês se identificam e,
tendências, tanto em relação à dança se houver, em quais se sentem representados. É interessante registrar a conversa como for possível: com
quanto ao vídeo. Os estudantes que anotações, desenhos, fotografias, áudios e vídeos. Essa etapa é o início de um processo criativo da cons-
preferem dançar devem fazer uma trução de um audiovisual, um projeto prático artístico que ajudará você a fazer conexões entre a dança e a
curta exploração de movimentos, e tecnologia. Para começar, vocês podem refletir sobre as perguntas abaixo e responder de acordo com sua
singularidade:
os que preferem filmar devem ob-
servar o espaço que a movimenta- • Em que ocasiões você gosta de dançar? Em festas, com grupos de amigos ou em casa, quando não
ção dos colegas ocupa, para depois tem ninguém olhando?
registrar esse momento. • O que você gosta de dançar? Já imitou a coreografia de algum vídeo da internet ou participou de um
2. Nesse passo, quem estiver respon- desafio?
sável pelo vídeo deve ajudar quem • Você já dançou para a câmera? Já filmou outra pessoa dançando ou se filmou dançando?
for dançar a entender o enquadra-
mento, ou seja, a área que será vi- 1 Dividam a turma em grupos com a mesma quantidade de integrantes. Reflitam sobre as perguntas e
anotem as respostas e outros detalhes relacionados a elas. Vocês estão mapeando as preferências em
sível no vídeo. Ele pode considerar,
dança e as referências em vídeo. Amplie essas perguntas de acordo com as respostas. A experiência de
além do espaço para a dança, os
relacionar a dança ao vídeo propõe uma mudança de perspectiva acerca da movimentação do dançari-
demais elementos que aparece-
no e do “olhar” da câmera que está filmando. Vamos tentar perceber a diferença entre ver uma pessoa
rão no quadro. Esse é também o dançando ao vivo e, depois, observar as imagens capturadas pela câmera.
momento de observar a dança ao
vivo, a fim de depois comparar com 2 Como o objetivo é fazer um plano fixo, escolham um lugar para deixar a câmera bem apoiada, de forma
o registro feito pela lente da câmera. que ela não faça nenhum movimento. Marquem qual a área que aparece no visor da câmera, ou seja,
3. Quem for dançar pode ensaiar pas- qual o campo de visão que a lente proporciona.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
sos e coreografias já conhecidas ou 3 Escolham uma coreografia curta de que gostem e que estejam acostumados a fazer, seja em festas ou
improvisar e desenvolver uma mo-
vimentação a partir de um tema DA EDITORA DO BRASIL
sozinhos. Uma pessoa acionará a gravação e as outras dançarão. Façam uma filmagem por vez. Não é
preciso que todos dancem na frente da câmera, é possível gravar apenas os que se sentirem confortáveis
pertinente aos estudos escolares com a ação.
ou à vida na comunidade. É inte-
4 Assistam e registrem por escrito quais foram as mudanças de percepções em relação a ver a dança ao
ressante estimular os estudantes a
vivo e ver a mesma dança na tela. Reservem esse material, pois será usado, posteriormente, em um
desempenhar ambos os papéis, o
processo de criação de audiovisual.
de quem filma e o de quem dança.
Cada grupo deve chegar a pelo me-
nos uma pequena coreografia para 66
ser filmada.
4. A turma deve escrever um parágrafo
relatando suas percepções. Registros
Foco na BNCC
em formato de desenhos, como
storyboards de cinema ou HQ, são Ao experimentar processos de criação em dança é
ótimos para ajudar a ampliar a noção trabalhada a habilidade EF69AR12.
de dança em relação à câmera. Assim, é contemplado o objetivo de ampliar
conceitos e possibilidades cinéticas a partir das
Práticas de criação, transformando consciência
corporal, inteligência espacial e imaginação em
danças autorais.
66
Preparação
Videodança: o que é isso? Serão aprofundados os aspectos
Videodança é a linguagem híbrida que une a dança e o vídeo desde sua do audiovisual pela abordagem dos
concepção. Isso pode parecer o mesmo que dançar e filmar uma dança, mas enquadramentos e do zoom. Retome
não é. O que difere a videodança do registro filmado de uma coreografia é que com os estudantes as noções neces-
a videodança não é feita para ser reproduzida no palco. Os movimentos são sárias para essa prática, tirando even-
pensados levando-se em conta os recursos visuais possíveis ao vídeo. tuais dúvidas.
O vídeo permite alternar os ângulos pelos quais uma dança pode ser vista,
ou mesmo explorar um ângulo que não seria possível de ser observado numa Orientações
apresentação ao vivo. Um movimento pode aparecer de trás para a frente e ce-
Para aprofundar a prática feita an-
nas podem ser aceleradas ou postas em câmera lenta pela edição digital. Com
teriormente, proponha uma discus-
isso, a coreografia para essa linguagem é sempre pensada a partir da união dos
são: Vocês gostariam de transformar
movimentos do corpo e da câmera.
Na etapa de captação de imagens, um recurso muito utilizado é a aproxima-
o exercício de filmar uma dança com
ção ou o distanciamento da câmera em relação ao que está sendo filmado. Ela a câmera parada em uma coreografia
pode ocorrer de forma física, colocando a câmera perto ou longe do dançarino, para ser vista ao vivo ou prefeririam
ou pelo acionamento do zoom do aparelho. Esse recurso dialoga com o enqua- fazer uma videodança?
dramento que se deseja atingir. Quem opera a câmera escolhe como mostrar o Pensar no movimento para ser vis-
que é central na ação. to em determinado espaço, como o
Um exemplo pode ser visto na videodança de Carolina Maria, intitulada de um palco, de um palanque, da es-
Pílulas. A dançarina carioca, responsável pela concepção, interpretação e filma- cola ou da rua, solicita qualidades do
gem, fez esse trabalho em meio às medidas de isolamento social implementa- movimento planejadas para a tela. Se
das para controlar o avanço da pandemia de covid-19. Ela utilizou um aparelho a escolha for uma videodança, todas
celular para gravar partes do corpo, principalmente os braços, os pés e seu as questões de luz e enquadramen-
rosto. No trabalho, a interação com a luz e as sombras do ambiente e a presença to tornam-se centrais. A tecnologia
das cores são muito importantes para a narrativa que questiona como é possível de filmagem permite experimentar a
se manter conectado em momentos de crise. linguagem das artes visuais e o olhar
No processo de edição do material filmado, ou seja, na etapa em que é pos-
de quem dirigirá a câmera também
sível cortar o vídeo em pedaços e juntá-los conforme as intenções do montador
como proponente da cena.
(ou editor), é que se determina e pontua o ritmo da obra como um todo. Isso
Enquadramento dos pés O período de isolamento social
pode acontecer tanto pela passagem rápida ou lenta de uma cena para outra na videodança Pílulas, de
quanto pelo acréscimo de sons ou de trilha sonora. Carolina Maria. Rio de Janeiro
fez com que muitas pessoas que não
(RJ), 2020. tinham contato com os recursos di-
gitais passassem a utilizá-los como
Carolina Maria
67
67
Preparação
Escreva na lousa os assuntos da
Cinema, dança e música
aula: cinema, vídeo, dança e música. Você já assistiu ao videoclipe Bad, de Michael Jackson? Nele, vemos os
Nestas aulas, a integração entre as lin- dançarinos passar pelas catracas de uma estação de metrô e, logo depois, ini-
guagens será apresentada por meio Videoclipe: ciar uma coreografia de ritmo bem marcado e empolgante. Entre as décadas de
produção no formato
de videoclipes nos quais os protago- audiovisual que 1980 e 2000, os videoclipes exibidos na TV eram muito populares porque ainda
nistas são músicos que dançam. Será utiliza a relação entre não havia aplicativos para assistir a vídeos ou ouvir músicas a qualquer momen-
preciso assistir ao vídeo sugerido no música e imagens. to. Esse videoclipe foi um dos sucessos do astro da música pop estadunidense,
livro; logo, se a escola não possuir re- que sempre gostou de dançar. Michael demonstrava esse gosto desde criança
cursos de audiovisual necessários, bus- em The Jackson 5, banda que forma-
va com seus irmãos. Filmado com a
Interdisciplinaridade
Converse com o professor de Língua Inglesa sobre a rea-
lização de uma atividade que tenha como foco os diálogos
iniciais do videoclipe Bad, dirigido por Martin Scorsese. Além
dos elementos da dança e da música, ao entender as falas do
prólogo do videoclipe, os estudantes terão repertório para
analisar o roteiro de forma mais contextualizada. O videoclipe
oficial está indicado no boxe Assim também se aprende.
68
Orientações
Retome o que foi mais marcante
em relação ao trabalho com o video-
Cenas do curta-metragem Anima, de Thom Yorke, dirigido por Paul Thomas Anderson, 2019.
69
69
Preparação
O conteúdo da página chama
Eu danço, eu filmo, nós criamos
a atenção para o que no cinema é O espetáculo Plano-Sequência/Take 2, da Jorge Garcia Companhia de Dan-
chamado de travelling, nome dado a ça, é inteiramente imerso na interação com o cinema. Sua coreografia é reali-
uma das possibilidades de movimen- zada por seis bailarinos que filmam enquanto dançam. As filmagens não são
um mero registro do ensaio, pois a dança é transmitida ao vivo, em um único
to de câmera. Prepare os estudantes
plano-sequência.
para que imaginem que seus olhos
O espetáculo foi apresentado em 2017 na Casa das Caldeiras, prédio cons-
são câmeras que estão filmando tudo
truído na década de 1920 e tombado em 1986, em São Paulo (SP). Durante a
ao redor. apresentação, o público teve a opção de assistir à coreografia pela TV ou seguir
os bailarinos pelos 2 mil metros quadrados da casa que servia de cenário.
Orientações A trilha sonora do espetáculo era responsabilidade do baterista Eder "O"
Primeiro, determine um tempo, Rocha, ex-músico da Banda Mestre Ambrósio, de Recife, que fez parte do mo-
que pode ser de alguns minutos, vimento manguebeat. Enquanto Eder criava a trilha ao vivo, os seis bailarinos,
para que os estudantes explorem incluindo Jorge Garcia, alternavam-se entre filmar e serem filmados, durante
movimentos nos quais os pés per- mais de uma hora sem interrupção, em um único take.
maneçam no lugar, mas o tronco e Nessa performance, a companhia ruma para o que Jorge Garcia chama de
a cabeça se movam para as direções, coreocinegrafia. Trata-se de um desafio para o ato de dançar, pois envolve pe-
vivenciando a noção de câmera sub- gar a câmera, enquadrar a cena e ter o apoio mútuo de todos os dançarinos na
jetiva, isto é, aquela que comparti- construção do espetáculo – já que eles também filmam sobre patins ou arrasta-
lha o olhar de quem filma de forma dos no chão uns pelos outros.
Bailarinos Giuli Lacorte Para a realização do espetáculo – que une as linguagens da dança e do
pessoal.
e Rafaela Sahyoun audiovisual – os bailarinos tiveram de passar por vários aprendizados, entre eles
Depois, com o grupo em pé ou no espetáculo Plano-
os que propiciavam evitar imagens tremidas ou passagens bruscas de cenas
sentado, peça que passem um ob- -Sequência/Take 2, na
Casa das Caldeiras. dançantes. Assim, fizeram workshops de fotografia, dramaturgia e luz (o cená-
jeto de mão em mão, por exemplo, Direção: Jorge Garcia. rio se restringe a lâmpadas de LED).
um estojo, simulando uma câmera. São Paulo (SP), 2016.
Oriente-os para sempre manter o
mesmo nível. A seguir, repita o ex-
Silvia Machado/Acervo Jorge
Garcia Companhia de Dança
Bate-papo com o
professor
Durante sua infância ou adoles-
cência, como foi sua relação com as
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
rodas? Bicicleta, skate ou patins fize-
ram ou fazem parte da sua formação
DA EDITORA DO BRASIL
cinética? Verifique quais experiências
os estudantes têm com esses equi-
pamentos que são utilizados, inclusi-
ve, como alternativas não poluentes
para mobilidade urbana nas grandes
cidades.
70
70
Preparação
Peça aos estudantes que expli-
quem, com suas próprias palavras,
Planos móveis de uma dança o que é videodança e que apontem
Em duplas, vamos avançar para a próxima etapa da criação de uma videodança. Para filmar, você po- também qual rede social eles consi-
derá usar um celular, um aparelho que traga de casa ou uma câmera disponibilizada pela escola. Na prática deram a melhor para compartilhar
anterior, você executou ou gravou uma coreografia com a câmera parada, captando um plano fixo. Com isso, danças. Depois, retome as noções de
pôde observar como os movimentos se apresentaram ao vivo e no vídeo. plano fixo e plano móvel.
1 Agora, enquanto uma pessoa dança, a outra filma, mas não apenas com a câmera fixa. O responsável
por operar a câmera também deve se movimentar. Depois, invertam os papéis.
Orientações
Tendo como referência a prática
2 De acordo com o número de participantes, o professor vai combinar com vocês o tempo de cada dupla, “Plano fixo de uma dança” e o exer-
marcando o início e o fim. Escolham uma coreografia que estão acostumados a dançar ou um tema para cício proposto na página anterior, de
improvisar. Criem uma sequência pequena de movimentos que pode se repetir sempre de forma idêntica mover a câmera sem sair do lugar, o
ou se adaptar de acordo com a posição da câmera. Primeiro, procurem definir a sequência e memorizar objetivo, agora, é conciliar os movi-
os movimentos ou ter bem mapeados para si os gestos e as ações que fazem parte do tema da dança.
mentos da câmera e da dança.
Explorem os contrastes dos níveis, dançando com o corpo todo bem próximo ao chão, utilizando saltos
Chame a atenção para a importân-
ou em locais acima de onde estará a câmera. Vocês podem também explorar os contrastes de velocidade
cia de explorar o enquadramento da
com movimentos rápidos e lentos.
câmera, verificando a melhor forma
3 Quando estiver filmando, procure acompanhar os movimentos de quem está dançando escolhendo o de filmar, o que garante um bom re-
melhor ângulo, a fim de registrar a visão ampla e panorâmica da cena ou os detalhes do movimento sultado. Primeiro, reserve 5 minutos
corporal e das expressões do dançarino. Todos os ajustes devem estar de acordo com os níveis e as para que as duplas explorem, livre-
velocidades, podendo ser semelhantes, ou seja, a câmera pode estar no chão quando o dançarino ocupa mente, suas respectivas funções. A
o nível baixo, ou diferentes, com a câmera gravando de cima os movimentos próximos ao chão. seguir, elas devem realizar todo o pla-
4 Durante a execução, fiquem atentos às conexões que surgirem entre vocês, considerando as pessoas nejamento antes de começar a gravar.
envolvidas, o equipamento e o espaço ao redor. A atividade também desenvolve-
rá a prática de pesquisa análise de
5 Após a finalização da filmagem, observem os movimentos de cada um no vídeo e analisem se houve um mídias sociais. Com base nas res-
diálogo entre a dança e o resultado gravado. Quando todas as duplas terminarem, formem uma roda de postas dos estudantes sobre as re-
conversa, sentados em círculo, e procurem responder: des sociais mais adequadas para o
• O que mudou na dança quando compartilhamento de videodanças,
você passou a considerar a câmera proponha a eles que publiquem seus
Geber86/iStockphoto.com
móvel como se fosse uma plateia? trabalhos nas redes escolhidas, com-
• Para cada movimento, qual plano pondo uma legenda significativa que
de filmagem foi a melhor solução? sintetize suas ideias.
Por quê? Os estudantes devem se sentir à
• Pensando nas mídias sociais, so- vontade para participar da atividade,
bretudo nas redes sociais que você de modo que aqueles que preferirem
conhece, quais delas você acredita não fazer a postagem sejam respei-
tados. Considere também a possibi-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
que seriam ideais para a postagem
de uma videodança? Por quê? lidade de postar os trabalhos apenas
DA EDITORA DO BRASIL
Registrem, por meio de anotações, nas redes sociais da escola. Explique
desenhos ou, caso seja possível, fotos, que o intuito não é escolher a me-
todo o processo. Reservem seus regis- lhor videodança nem avaliar qual de-
tros e suas percepções. les tem o maior número de curtidas,
Jovens integrando as linguagens artísticas mas identificar como os seguidores
e filmando com o celular. Sérvia, 2017. reagirão aos trabalhos e em qual rede
social a videodança atingirá maior nú-
71 mero de visualizações.
71
Preparação É logico, é logica!
David Baltzer/Zenit/Laif/Imageplus
e não há diálogos que indiquem um
trajeto narrativo. Todas essas carac-
terísticas compõem uma atmosfera
que nos permite imaginar possíveis
histórias.
O público, ao ver apenas fragmen-
tos de uma narrativa, é convidado a
acessar seu imaginário e completar
as lacunas com as próprias sensações,
memórias e impressões. Essa possibi-
lidade de projetar significados para
o que acontece no palco acaba por Cena de Café Müller, da
Companhia Tanztheater
contagiar o modo como vemos a Wuppertal Pina Bausch.
própria coreografia, que, pelos mo- Berlim, Alemanha, 1999.
vimentos ensaiados que se repetem,
também acaba sugerindo o clima da Café Müller marcou o início da chamada dança-teatro. Nesse tipo de espe-
táculo, as coreografias são construídas não apenas com músicas, solos e mo-
cena. Por fim, a situação da bailarina
mentos em grupo mas também com cenas mais teatrais e com o uso da palavra
que dança e corre de olhos fechados
pelos bailarinos. Em Café Müller, o espaço cênico é um elemento de destaque.
no palco repleto de cadeiras acentua O cenário representa o que seria o salão de um café preenchido com cadeiras e
a dramaticidade do espetáculo. O es- mesas pretas de madeira, espalhadas de maneira aleatória.
forço do bailarino em retirar as cadei- Em silêncio, uma mulher entra nesse espaço. Aos poucos, fica nítido que ela
ras do caminho para que a bailarina caminha de olhos fechados, e assim permanecerá durante todo o espetáculo.
não bata em nenhuma delas ofere- Em seguida, novas personagens entram em cena. Outra mulher entra e só então
ce um componente de risco para a começa uma música. Essa segunda mulher, que também fica de olhos fechados,
cena, pois qualquer erro pode resultar começa a dançar entre as mesas e cadeiras. Rapidamente, aparece um homem
em um acidente. A precisão dos mo- que vai abrindo espaço para que ela possa dançar sem bater nos móveis. Assim,
vai se desenhando o jogo cênico com o espaço, que, de certa forma, passa a ser
vimentos e o rigor com que os bai-
larinos encaram esse jogo chama aMATERIAL DE DIVULGAÇÃO quase um personagem: torna-se um lugar vivo, transformado o tempo todo pela
ação de um dos bailarinos.
atenção do público e cria momentosDA EDITORA DO BRASIL Outras personagens estão em cena, mas não existe uma relação definida
de grande concentração. Se possível, entre elas. Pequenas cenas mais teatrais acontecem em alguns momentos do
assista a um trecho desse espetáculo espetáculo e, às vezes, em diferentes pontos do espaço de forma simultânea.
com os estudantes para que perce- A trilha sonora não está presente o tempo todo. Trechos de óperas são interca-
bam como a situação das cadeiras lados com momentos de silêncio, criando um jogo sonoro. A soma de tudo isso
pode captar e prender a atenção de forma um tipo de espetáculo fragmentado, cuja unidade se dá por causa do es-
quem assiste. paço criado pela cenografia onde ele acontece, nesse caso, o salão de um café.
As respostas às perguntas desta 72
página e da próxima são pessoais.
Foco na BNCC
Ao conhecer diferentes formas de representação
e encenação da dança, ao identificar estilos
cênicos e ao analisar práticas artísticas que
integram linguagens, são desenvolvidas as
habilidades EF69AR09, EF69AR25 e EF69AR35.
72
Essa fragmentação é uma característica da dança-teatro, muito explorada Orientações
pela coreógrafa alemã. Em Café Müller, ela mistura dança, teatro, ópera e até Desempenhar uma ação física de
mesmo cenografia, além das memórias, sensações e histórias trazidas pelos modo que cumpra um desafio cor-
próprios bailarinos na elaboração da coreografia do espetáculo como um todo. poral pode ser uma forma de criação
A relação entre arte e vida foi uma constante no trabalho dessa diretora. Ela de cenas de teatro e dança. No espe-
desenvolveu uma série de espetáculos inspirados em lugares ao redor do mun-
táculo de Pina Bausch, o desafio cor-
do. Foi assim, por exemplo, com Masurca Fogo (1998), inspirado em Portugal;
poral está bem evidente e acaba por
Água (2001), inspirado no Brasil; Ten Chi (em português, “Céu e terra”, 2004),
inspirado no Japão; e Bamboo Blues (2007), inspirado na Índia.
criar a própria estética da coreografia.
Todos esses trabalhos são apresentados no formato de palco italiano, e Para experimentar esse tipo de cria-
o desafio para a cenografia é traduzir, em imagens e elementos, um pouco do ção que envolve o corpo em desafios
lugar que inspirou cada um deles. para produzir movimentos, organize
Na foto abaixo, temos uma cena do espetáculo Água, que teve o Brasil na sala de aula um espaço para que
como inspiração. os estudantes realizem uma dança
de olhos fechados com segurança.
UPPA/ZUMApress/Fotoarena
73
Preparação
O espaço é um dos elementos cen-
Sítio específico: uma dança
trais na teoria de Rudolf Laban, re- para um local
conhecido artista e pesquisador que Sítio específico é a tradução literal do termo em inglês site specific, que
Site specific: obra
organizou os fatores de movimen- artística idealizada de significa “lugar específico” e, de modo geral, representa trabalhos que são pla-
to, facilitando as relações de ensi- modo que dialogue nejados para locais cujo contexto será determinante para a obra. A ideia de uma
no e aprendizagem em dança e em com as características obra criada para um lugar específico segue uma tendência das artes visuais
do local onde ela será
outras abordagens corporais. Nessa realizada ao vivo ou contemporâneas. Ela teve início quando alguns artistas, a partir da década de
aula, você pode fazer a chamada de exibida. 1960, começaram a deslocar a obra do interior dos espaços de arte fechados
presença pedindo que, ao ouvir seu (tais como museus, galerias, entre outros), para lugares abertos. Os elementos
nome, o estudante se direcione até da linguagem de artes visuais, seja escultura, instalação ou outro tipo de inter-
a lousa e escreva nela o nome de um venção, devem dialogar com o meio circundante para o qual a obra é elaborada.
Quando há interesse em se desenvolver uma dança para um determinado
local que ele aprecie ou gosta de vi-
lugar, também dizemos que se trata de criar uma obra para um sítio específico.
sitar. Pode ser um lugar da escola,
A coreografia ou o improviso são pensadas para acontecer naquele local e o
da rua, da casa, da cidade ou ainda da
espaço será escolhido se fornecer um contexto que se relacione com os inte-
imaginação. resses de quem atuará ali. As danças podem ou não ser interativas, aquelas nas
Após todos terem escrito, obser- quais o público também atua, desenvolvendo uma movimentação especial para
vem como foi a ocupação do espaço o local. Esses lugares podem ser uma galeria, um museu ou outro espaço cultu-
da lousa. Houve uma concentração ral ou até ruas e outros espaços urbanos nos quais normalmente não ocorrem
maior nos cantos ou no centro? Quais intervenções artísticas. De todo modo, o objetivo é fazer a dança e as pessoas
as dimensões das escritas? Os estu- dialogarem com o meio para o qual a obra foi idealizada.
dantes escreveram com letras grandes A noção de lugar ou sítio específico tem relação direta com a ideia de arte
ou com letras pequenas? A anotação ambiente, que mostra a importância do espaço à medida que incorpora a obra
de um estudante interferiu na de ou- e tem suas características transformadas por ela.
tro? Todas essas observações podem Juliana Gennari
Foco na BNCC
Ao conhecer diferentes
formas de expressão em
dança e valorizar o trabalho
de artistas nacionais é
mobilizada a habilidade
EF69AR09.
Além disso, cumpre-se o
objetivo de investigar as
diferentes camadas de
interpretação presentes
em trabalhos artísticos
concebidos a partir de
técnicas manuais e/ou
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tecnologias digitais. DA EDITORA DO BRASIL
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74
A coreografia criada para um lugar específico torna mais visível a arquite- Orientações
tura e o movimento desse local, que inclui o fluxo de pessoas com as histórias e Peça aos estudantes que se dedi-
memórias que carregam no corpo. quem por alguns instantes à observa-
Analisando as imagens desta página e da anterior, responda: ção minuciosa da foto. Fazendo uma
• Quais elementos mais chamam a sua atenção? leitura dessa imagem, o que mais
• Qual é o ponto de vista da câmera em relação à intervenção artística?
chama a atenção deles?
As respostas esperadas para as per-
• Como os móveis desse lugar são utilizados pelas dançarinas?
guntas da página são:
As dançarinas Joana Ferraz e Ilana Elkis criaram um site specific para pro-
• Na primeira imagem, podem ser
porcionar ao público a possibilidade de contemplar a dança e, ao mesmo tempo,
citadas as barras de ferro, as mesas,
desenvolver diferentes pontos de vista sobre o espaço, sobre a dança e sobre
si mesmo. Plongée, em francês, significa “mergulho”, e o nome completo desse
as cadeiras e as duas pessoas dei-
trabalho é Plongée: dança nas bibliotecas do Brasil. tadas sobre as mesas. Na segunda,
Para compor o repertório de movimentos da obra, Joana e Ilana observaram eles podem mencionar a escada
os gestos realizados pelos frequentadores das bibliotecas. Como se sentavam, de ferro, a plateia localizada nessa
qual postura adotavam ao ler um livro, como moviam os móveis, se escolhiam escada, a dançarina, entre outros.
sentar-se perto ou longe do ventilador e, quando estavam imersos na leitu- • Nas duas imagens, a câmera regis-
ra, como os corpos se expressavam. Elas observaram também as relações dos trou do nível alto uma ação que
frequentadores das bibliotecas com a manutenção do silêncio que o estabele- acontecia no nível baixo.
cimento requer. Esse foi um fator determinante na construção da trilha sonora • De modo não convencional, uma
do site specific. Essa trilha foi composta a partir da captação dos pequenos vez que se costuma utilizar a mesa
sons que ocorriam no interior das bibliotecas, tais como sons de objetos sendo como apoio de braços, e não para
postos sobre os móveis, sussurros e outros cujo volume era baixo devido à ne-
se deitar. O mesmo vale para o es-
cessidade de manter o silêncio. Durante as apresentações, no entanto, os quase
paço da biblioteca, que geralmen-
inaudíveis sons foram amplificados, imprimindo novos sentidos ao movimento
te não é utilizado para esse tipo de
e ao espaço, fazendo alterar, momentaneamente, a percepção da arte da dança
pelo público.
intervenção.
Joana e Ilana foram contempladas com o prêmio Funarte de Dança Klauss Além das perguntas apresentadas
Vianna 2014, e o espetáculo Plongée: dança nas bibliotecas do Brasil, em 2016, no livro, outras curiosidades podem
Plongée: dança nas
pôde circular pelas bibliotecas de Minas Gerais, Amazonas, Piauí e Pernambuco, bibliotecas do Brasil, de Joana
ser despertadas a partir do tema e
integrando, nesse percurso, o Festival Mova-se e o Festival Cena Cumplicidade. Ferraz e Ilana Elkis. Manaus das imagens. Pergunte se eles já fre-
(AM), 2011. quentaram alguma biblioteca e qual
Ricardo Vicenzo
Para aprofundar
Para ampliar seus conhecimentos
sobre o tema site specific em artes vi-
suais, acesse o verbete da Enciclopé-
dia Itaú Cultural.
• SITE specific. In : ENCICLOPÉ-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO DIA ITAÚ CULTURAL. São Paulo:
Itaú Cultural, 2022. Disponível
DA EDITORA DO BRASIL em: https://enciclopedia.itaucultu
ral.org.br/termo5419/site-specific.
Acesso em: 1 jun. 2022.
75
75
Preparação
No Ponto de partida foi apresen-
Chão transparente, plateia diferente
tada a instalação Swimming Pool, de A imagem abaixo mostra alguns dançarinos durante a apresentação de ou-
Claraboia:
Leandro Erlich. Agora, novamente o parte decorativa tro site specific de dança. Note que, em vez de o chão ser de madeira, ou cober-
elemento água e a dureza e transpa- envidraçada de um to com linóleo, a performance está acontecendo sobre uma superfície de vidro.
telhado cuja função Imagine como seria assistir a uma coreografia como se estivesse embaixo
rência do vidro entram na composi- é deixar entrar
claridade. Pode de um palco transparente, enxergando por baixo tudo o que acontece na cena e
ção de uma obra artística. Pergunte
ser também uma que normalmente seria visto de frente. Essa foi a proposta do trabalho Estudos
aos estudantes qual contato eles têm fresta numa parede para claraboia, das diretoras Morena Nascimento e Andreia Yonashiro. Nessas
com piscina, mar, rio ou lagos. Ques- para passagem da
claridade ou do ar, ou, imagens vemos um dos locais escolhidos pelas diretoras para realizar a obra: a
tione também sobre as sensações ainda, um espaço de piscina do Sesc Belenzinho, em São Paulo. A piscina, na qual são praticadas au-
corporais vividas nesses ambientes e ventilação em mina las de natação e hidroginástica e que fica aberta à recreação, situa-se embaixo
a memória visual mais marcante para ou túnel.
de um piso de vidro. Transformada em plateia que, em vez de cadeiras, contou
cada um. Linóleo: piso com boias infláveis, o público presente pôde assistir à apresentação de dança
impermeável,
levemente exercitando uma nova postura, um novo ponto de vista.
Orientações emborrachado,
muito utilizado como
Sandro Miano
A maneira como os estudantes revestimentos de
farão a leitura dessa imagem mos- pisos em espetáculos
de dança, geralmente
trará elementos de seu repertório. nas cores preto ou
Organize a sala em grupos para que branco.
observem e discutam mais a fundo
essas percepções.
Peça que registrem por meio de
palavras-chave os elementos mais
expressivos. A seguir, eles podem ex-
plorar movimentos ou gestos que os
representem.
Sandro Miano
ao analisar os diferentes
elementos da composição
cênica e coreográfica são
trabalhadas as habilidades
EF69AR09 e EF69AR14.
Assim, é possível desenvolver
o objetivo de fomentar o
olhar crítico sobre os modos
de criação em arte por MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
meio de materialidades,
apropriações de produtos DA EDITORA DO BRASIL
e técnicas que dialogam
diretamente com o tempo
e a sociedade em que são
produzidas.
76
76
Quando mudamos o ponto de vista sobre uma dança, é como se ajustásse- Orientações
mos todo o nosso corpo para receber os estímulos visuais e, consequentemente, O título da obra de Morena Nasci-
podemos perceber os movimentos da dança de formas inusitadas, reparando mento e Andreia Yonashiro, Estudos
em detalhes que normalmente não notaríamos. Temos também maior chance para claraboia, revela como a dança
de sermos capturados por sensações que, contempladas pelo ponto de vista realiza suas pesquisas ao lidar com
convencional, não iriam despertar nossa atenção. Imagine, por exemplo, como os procedimentos desse objeto de
se torna diferente um salto visto de baixo para cima: em vez de vermos o corpo conhecimento. Para a realização des-
do bailarino subir, em uma perspectiva horizontal, teremos a sensação de dimi- se espetáculo, os artistas tiveram de
nuição do corpo do dançarino em um efeito visual de afastamento.
ajustar suas formas de expressão a
um contexto específico, utilizar os ele-
Sandro Miano
Para aprofundar
Procure ler o livro Breve cartografia
de uma dança de desterro, de Talita
Vinagre. São Paulo: Baleia Livros, 2021.
Na imagem acima, podemos notar o efeito causado por esse ponto de vista
inusitado, que promove diferentes sensações no público.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
• Como você dançaria se estivesse se apresentando para uma plateia abaixo
do chão? DA EDITORA DO BRASIL
Existem inúmeras obras feitas para lugares específicos que poderiam ilus-
trar como essas abordagens são pensadas pelos artistas. Como escolher as
melhores? Talita Vinagre, artista-educadora na área de Dança e Reeducação
do Movimento, foi quem iniciou o processo de pesquisa para apresentar aqui as
obras Plongée: dança nas bibliotecas do Brasil e Estudos para claraboia, ambos
exemplos de site specific feitos no Brasil.
77
77
Preparação
Por que não dançar aqui?
78
78
Durante os encontros para produzir essa performance, discussões sobre Preparação
como os participantes estavam pensando e sentindo o caminho de construção Esta prática iniciará de forma indi-
de suas danças foram acontecendo. Dessa forma, eles puderam contar com a vidual e, depois, poderá ser feita pelas
colaboração uns dos outros e tornar o ambiente seguro para tais explorações. duplas formadas nas práticas anterio-
Nessa proposta artística, não se buscava uma resposta única para as per- res ou com novos agrupamentos a
guntas feitas no início do processo, tampouco atingir determinado padrão de partir das reflexões sobre site specific.
movimento. O objetivo era buscar contrastar o poder de permanência da arte
visual ali exposta com o estado transitório da performance ao vivo, que acon- Orientações
teceu como um jogo criativo no qual as pessoas puderam se envolver com o
ambiente de forma diferenciada. 1. A primeira escolha deve ser pessoal,
com cada estudante investigando
um lugar representativo para si. Se
o local imaginado não for na escola,
não tem problema. Basta encontrar
no espaço escolar um lugar que
Uma dança para um espaço específico efetivamente o faça se lembrar do
Você já criou danças para o registro em plano fixo e com a câmera em movimento. Além dos próprios
local imaginado.
vídeos, recupere anotações, desenhos ou fotos do percurso da criação até aqui. Agora, vamos elencar os 2. Quais movimentos combinam com
momentos mais interessantes das descobertas de cada grupo para escolher um lugar específico e fazer esse lugar? Movimentos expansivos
mais uma etapa de dança. O desafio será relacionar a movimentação a um lugar ou objeto determinado. ou intimistas? Enérgicos ou suaves?
Parte da prática será feita individualmente e parte será desenvolvida em grupo. Ritmados em uma cadência cons-
tante ou entrecortados?
1 Sozinho, pense em um lugar na escola ou em sua comunidade. Um lugar familiar a todos ou, ao menos,
bem significativo para as questões que fazem parte dos seus temas de interesse.
3. Peça aos estudantes que experi-
mentem se mover no local que
2 Escolha movimentos que dialoguem com as características do lugar escolhido. O espaço pode já existir em pensaram, adequando o que for
ambiente aberto ou fechado; por exemplo, pode ser utilizada uma escada de alvenaria construída em local necessário. É importante reforçar
descoberto ou as cadeiras da sala de aula. Você também pode criar um espaço na escola ou em casa, de que um projeto nasce no âmbito
acordo com seus interesses. O importante é que sua criação seja específica para as características dele. mental e que ele não só pode, co-
3 Experimente esse espaço que você escolheu ou criou para explorar alguns movimentos. Quais os mo deve, ter ajustes para se tornar
movimentos possíveis de serem feitos em um espaço pequeno? Quais movimentos exploram bem um real. O espaço mostrará as possibi-
grande espaço? Cada espaço irá influenciar também o ritmo de sua dança. Observe se o melhor é fazer lidades e os limites que devem ser
movimentos rápidos ou lentos. respeitados.
4. Nessa etapa, após experimentar as
4 Considerando as características do espaço, por exemplo, se ele é redondo, estreito, largo, alto, baixo, se
possíveis formas de usar o espaço,
apresenta cantos, quinas, observe se é possível encaixar alguma parte de seu corpo nele ou ainda se
peça aos estudantes que sepa-
moldar com todo o corpo para ocupar tal espaço, tomando cuidado para não ficar preso ou se machucar.
A estrutura oferece sustentação para você experimentar, gradualmente, se apoiar ou se pendurar? Quais
rem os movimentos em partes,
partes do corpo são mais utilizadas na movimentação nesse espaço específico? repetindo-os várias vezes até se
sentirem familiarizados.
5 Verifique quem da turma escolheu espaços semelhantes ao seu e explorem juntos o local. Como você já 5. O agrupamento pode ser feito a
sabe a diferença entre manter a câmera fixa e dialogar com ela em movimento, escolha a melhor forma partir das afinidades com os locais
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
de registrar esse experimento e assistam uns aos outros. Compartilhe com a turma os resultados e as
para se trabalhar. Nesse momento,
descobertas dessa etapa.
DA EDITORA DO BRASIL
Como foi essa experiência? Você considera que as características do espaço foram bem exploradas?
proponha um registro de acordo
com o que for mais acessível para
Você teve vontade de mudar de lugar em algum momento? Alguma outra dança da turma o inspirou, mos-
a realidade da turma.
trou novas possibilidades de espaço para dançar? Se você tivesse de apresentar a dança nesse lugar espe-
cífico que escolheu ou criou para um público maior, de onde você imagina que o público assistiria? Registre
A reflexão deve ser realizada logo
os aspectos mais relevantes desta etapa, sabendo que a criação de espaços pode originar novos pontos de após a prática. Reserve em torno de
vista para a dança. três minutos para os grupos conver-
sarem entre si e depois promova uma
roda com toda a turma. Procure fina-
79
lizar pedindo a cada um que se mani-
feste sobre seus próprios processos,
suas interpretações sobre o tema com
Foco na BNCC enfoque nos processos de criações
artísticas e sua forma de observar e
Ao vivenciar processos de criação em fazer parte do universo artístico como
dança, experimentando seus elementos e
possível protagonista e criador.
procedimentos, e ao compartilhar as experiências
nessa linguagem da Arte são desenvolvidas as No momento da troca de ideias,
habilidades EF69AR10, EF69AR11, EF69AR12 atente para que não haja comentá-
e EF69AR15. rios preconceituosos de nenhuma
natureza.
79
Preparação
Escreva no meio da lousa a palavra Dança e luz
“luz” e pergunte aos estudantes quais Imagine uma dança na qual as sombras têm cor, a paisagem é pintada com
referências eles têm do seu significa- luz e as leis da natureza são transformadas em uma brilhante realidade. Você
do pragmático e simbólico. Conforme gostaria de participar dela? O que tantas cores poderiam expressar?
eles forem falando, vá escrevendo pa- A companhia de dança italiana eVolution dance theater veio ao Brasil e
lavras-chave em volta de “luz”. apresentou o espetáculo Night Garden (Jardim Noturno) nesses moldes, convi-
dando o público a viajar pelas cores pintadas pelas luzes.
Orientações
Ivan Sansoni
No Brasil, a maior parte da energia
elétrica consumida pela população
é proveniente das usinas hidrelétri-
cas. Observando o abastecimento de
água que chega até a escola e as ins-
talações elétricas, promova uma re-
flexão sobre as fontes de energia e
os caminhos dos fios e condutores
que não estão visíveis (dos interrup-
tores da sala até a luz no teto). Fale
sobre a sensação instantânea cau-
sada pela velocidade da luz. Esses
são fatores de tempo e espaço tra-
balhados nos movimentos da dança.
Relacione-os com os sistemas cor-
Espetáculo Night Garden. Grande Teatro do Sesc Palladium, Belo Horizonte (MG), 2017.
póreos que também geram ener-
gia e nos permitem movimentos.
Ivan Sansoni
Foco na BNCC
Ao conhecer diferentes MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
formas de expressão em
dança, ao analisar processos DA EDITORA DO BRASIL
de criação para construção
de repertório, ao identificar
os elementos da composição
cênica e ao perceber a
presença da tecnologia
em produções de arte são Espetáculo Night Garden. Grande Teatro do Sesc Palladium, Belo Horizonte (MG), 2017.
trabalhadas as habilidades
EF69AR09, EF69AR12, 80
EF69AR14 e EF69AR35.
80
O diretor e coreógrafo estadunidense Anthony Heinl, que em sua formação Para aprofundar
buscou conhecimento em ciências como Química e Tecnologia, desenvolveu sua O universo dos seres biolumines-
curiosidade ao experimentar novos materiais e a combinação dos elementos centes pode ser intrigante e encan-
que resultam no palco em um efeito espetacular. A união de vários recursos tador ao mesmo tempo. Peça aos
tecnológicos ampliou o movimento dançante no palco com o uso de luzes e estudantes que busquem mais infor-
efeitos especiais ao vivo. mações sobre esses seres, além de
O espetáculo Night Garden leva a plateia a um universo mágico que des- exemplos de lugares no Brasil e no
venda o que acontece sob o luar em um jardim, onde criaturas bioluminescentes mundo em que estão presentes.
brincam em um mundo novo, com muitas cores, sombras, gerando paisagens Bioluminescente:
pintadas com luz. que produz luz.
Alguns organismos Interdisciplinaridade
Assim, o diretor apresenta um mundo de visualidade surrealista ao propi- vivos, como vaga-
ciar momentos em que os dançarinos, numa combinação entre os elementos lumes e algumas O fenômeno da bioluminescência
cênicos e soluções tecnológicas, geram diálogos singulares com o público. Esse águas-vivas, possuem pode ser estudado em parceria com o
a capacidade de
diálogo está embasado na união de ciência, arte e poesia, ampliando o vocabu- emitir luminosidade
professor de Ciências. Esse fenômeno
lário artístico que mescla dança e teatro a outras formas de arte, como acrobacia por meio de reações tende a causar nas pessoas a sensa-
bioquímicas. ção de encantamento, o mesmo tipo
e ilusionismo, acompanhadas pelo projeto de iluminação.
de estado de abstração da realidade
Ivan Sansoni
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
O fenômeno da bioluminescência
em um cupinzeiro no Parque
Nacional das Emas ao anoitecer.
Mineiros (GO), 2021.
81
81
Preparação
Os LEDs são emissores de luz. As
O LED na dança
lâmpadas de LED são bivolts e funcio- O LED é um dispositivo que se torna capaz de emitir
Alhovik/Shutterstock.com
nam tanto em instalações elétricas de luz própria e visível quando energizado. Seu nome vem
110v quanto de 220v. Elas são utiliza- da sigla em inglês para light-emitting diode, que signi-
fica “diodo emissor de luz”. Ele pode ser encontrado em
das em exposições de obras de arte,
pequenos produtos de microeletrônica ou, em tamanhos
como pode ser notado em galerias e
maiores, na iluminação pública. Sabe os números que ve-
museus, porque não emitem luz ultra-
mos no painel de relógios digitais? Eles são de LED. Os
violeta, apresentando a melhor opção antigos televisores de tubo apresentavam as imagens em
para aplicações em que esse tipo de uma tela arredondada. Hoje, cederam lugar aos televiso-
radiação é indesejado. As lâmpadas res flat, ou seja, com tela plana de LCD ou LED. Com o
de LED também não emitem radia- avanço da tecnologia, os aparelhos modernos passaram
ção infravermelha, fazendo, por isso, a ter, atrás da tela de cristal líquido, um painel de diodos
com que o feixe luminoso seja frio. emissores de luz.
Resistência a impactos e vibrações: Assim, podemos dizer que LEDs são pequenas lâm-
como as lâmpadas de LED utilizam padas com cores variadas que, entre outras funcionalida-
tecnologia de estado sólido, ou seja, des, integram-se com facilidade a circuitos elétricos.
Lâmpadas de LED de
não apresentam filamentos nem vi- formato tubular em
Considerando que essas luzes podem ter formato pequeno e portátil, pul-
dro, elas são mais robustas e menos várias cores, 2012. seiras de LED funcionam como um divertido brinquedo na composição de dan-
frágeis que as incandescentes. ças no escuro. Existem tubos parecidos com canudos finos e preenchidos por
LED que podem ser ativados pelo movimento. Se tiver a oportunidade, experi-
Orientações mente colocar nas roupas, ao longo do corpo, e procure dançar em um ambiente
escuro com os LEDs ativados.
Observe como os artistas da dança
Utilize fita adesiva transparente para fixar os tubinhos no corpo, princi-
utilizaram o LED para iluminar o cená- palmente perto das articulações. Lanternas ou outros objetos que emitem luz
rios e os figurinos. Dançarinos com figurinos podem ser uma opção para obter um efeito similar. Ao dançar com objetos
Incentive uma pesquisa sobre o as- pretos de LED durante show. diferentes, o movimento também se modificará. Experimente!
sunto para que os estudantes se apro- Ucrânia, 2016.
Para aprofundar
Sobre lâmpadas e sistema de
iluminação, veja o documento
elaborado por Lucínio Preza de Araújo,
disponível em: https://hosting.iar.
unicamp.br/lab/luz/ld/L%E2mpadas/
tipos_e_caracteristicas_de_lampadas.
pdf (acesso em: 24 maio 2022).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
82
Atividade complementar
Mostre aos estudantes as danças cujos desenhos coreo-
gráficos são feitos com luzes de LED nos figurinos dos dança-
rinos. Existem muitos shows que trazem esse recurso à cena.
Um exemplo de dança que imita o cantor Michael Jackson
está disponível em: https://youtu.be/y9Yp2EemGqg, e de
bailarinas acompanhadas por instrumentos, como harpa,
violino ou violoncelo, está disponível em: https://youtu.be/
L2pqdHEa018 (acessos em: 4 jul. 2022).
82
Preparação
Iluminando temas antes apagados: a Nestas páginas, são mostrados
valorização do corpo negro na dança artistas que levaram à cena ques-
O coreógrafo e bailarino Ismael Ivo (1955-2021) começou a dançar em São tões que envolvem a temática racial,
Paulo e na Bahia até ganhar projeção internacional por meio do encontro com partindo do exemplo de Ismael Ivo
o coreógrafo estadunidense Alvin Ailey (1931-1989). O fato de a companhia e seu encontro com Alvin Ailey. No
de Alvin Ailey ser formada por dançarinos negros iluminava questões raciais lugar de fala de quem sempre preci-
importantes de serem levadas à cena. sou lidar com problemas do racismo
Ativista e engajado nas questões culturais e sociais que envolvem a repre- estrutural nas sociedades, esses dois
sentatividade da cultura afrodiaspórica, Ismael Ivo foi convidado por Alvin Ailey dançarinos negros buscaram ressig-
a viajar para Nova York, em 1983. Lá ele pôde aprofundar sua pesquisa como nificar a história por meio da arte,
dançarino e coreógrafo negro, afirmando suas raízes e identidade pela arte do levando ao público questões que
movimento. Um ano depois, Ismael, junto com Karl Regensburger, fundou em
não devem ser silenciadas.
Viena um importante festival internacional de dança contemporânea e perfor-
mance: o ImPulsTanz.
Orientações
Ismael Ivo encenando Levante as origens das danças e
Axel Schmidt/DDP/AFP Photo
Bate-papo com o
professor
Para ter mais referências sobre
Outdoor de divulgação
do Festival ImPulsTanz. dançarinos negros, procure ouvir os
Viena, Áustria, 2012. episódios #8, com o bailarino Milton
Kennedy, e #9, com a dançarina Paula
Salles, do podcast Ladeira a Baush. Em
conversas descontraídas, eles falam
sobre espiritualidade, gesto e tradição
na vida e na dança.
• E#8 – Dança e negritude – Milton
Kennedy
Alexander Klein/AFP Photo
83
83
Orientações Ao pensar previamente na programação do Festival e ao promover o encon-
Entre as diversas possibilidades de tro entre milhares de dançarinos, coreógrafos e artistas do mundo todo, Ismael
atuação que a profissão de dançarino despontou também como curador de dança, proporcionando trocas e parcerias
oferece, a função de curador é uma por meio de diferentes técnicas, estilos e pensamentos, entre as pessoas que se
delas. dedicam à linguagem da dança.
Destaque aos estudantes que o ob- No Brasil, Ismael foi também diretor do Balé da Cidade de São Paulo e
jetivo de Ismael como curador do Fes- atuou de forma contundente na aproximação de jovens da periferia ao universo
tival ImPulsTanz, realizado em 2012, da dança acadêmica. Para além da cena artística, seguiu como militante da luta
em Viena, na Áustria, era a de promo- contra a discriminação racial e a favor da valorização da cultura negra.
Ismael Ivo foi vítima de covid-19 e faleceu em 2021, aos 66 anos, mas
ver o intercâmbio de conhecimen-
deixou um legado que contribui para que a América Latina se tornasse um
to entre os profissionais da área. Na
local potente na atuação constante pela renovação da linguagem do corpo
dança, é comum que artistas e com-
na sociedade.
panhias desenvolvam procedimentos
e técnicas próprios para explorar pos-
Bailarinos em apresentação do
Balé da Cidade de São Paulo,
no Theatro Municipal. São
Paulo (SP), 2017.
84
84
Orientações
Desafio revelado O espetáculo Revelações, do coreó-
O challenge que circula em redes sociais é um tipo de desafio, em que as grafo Alvin Ailey, que abriu caminhos
pessoas participam produzindo vídeos ou fotos de alguma situação específica. para o coreógrafo brasileiro Ismael
Esta tem sido uma prática feita há bastante tempo por meio do uso de hashtag Ivo, tornou-se um clássico do reper-
nas mídias sociais. Quando a companhia de Alvin Ailey lançou um challenge
tório de sua companhia por homena-
de fotos convidando o público em geral a reproduzir a imagem do espetáculo
gear a herança africana. Inspirada nas
Revelações, ela também levava as pessoas a refletir sobre o tema da obra.
tradições, a obra leva ao palco tanto
Veja o exemplo e reflita sobre o que a expressão “revelação” significa para
você. A seguir, reúna os colegas para recriar a imagem.
as passagens tristes da história quan-
to as maiores alegrias.
Como é a relação dos estudantes
Ringo Chiu/ ZUMA Press, Inc. / Alamy / Fotoarena
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
As tecnologias relacionadas à comunicação, no caso, relacionadas especi-
ficamente às redes sociais, possibilitaram uma aproximação maior das pessoas
DA EDITORA DO BRASIL
com os espetáculos e até mesmo com os dançarinos, atores, diretores e equi-
pes técnicas. Por meio de plataformas e aplicativos que oferecem serviços de
conferência remota, surgiram espaços para se discutir sobre as artes e seus
processos criativos. Os artistas também têm maior contato com o público e
podem receber uma resposta mais imediata e direta. Isto abre precedentes para
que recebam críticas construtivas e também reações negativas ao seu trabalho,
e, por isso, precisem lidar com ambos os lados.
85
85
Preparação
A imagem do espetáculo Revela-
ções, vista na página anterior, tem ca-
racterísticas específicas, entre elas uma Registros de um desafio: formar, apoiar e impulsionar
forma simétrica em que a posição do Como seria a experiência de “dançar uma foto”? Vamos usar como exemplo a imagem do espetáculo
tronco, dos braços e das pernas marca Revelações para orientar esta prática, mas você e seu grupo podem escolher outra imagem para servir de
o coletivo no qual o grupo se encontra, inspiração. Lembrem-se de usar as informações e as experiências anteriores para enriquecer esta atividade,
assim como a imagem desta página. considerando, inclusive, o uso de diferentes possibilidades de registro, além dos recursos audiovisuais. De-
Outro aspecto explorado nessa prática cidindo por manter a câmera fixa, qual é o melhor ângulo para enquadrar a dança? Caso ela seja movimen-
é o apoio que os colegas e parceiros tada, será por uma pessoa que não está dançando ou por integrantes da dança? Pratiquem os combinados
oferecem uns aos outros e como isso sem música para identificar os pontos problemáticos e procurar solucioná-los. No final, se houver consenso,
pode impulsionar a vida de alguém. acrescentem uma música.
Aqui, procura-se trazer a corporali-
1 Em grupos de seis integrantes, componham uma forma inicial de agrupamento, inspirados na imagem
dade para termos utilizados na indús- dos jovens da página anterior, ou em outra referência de dança comum aos integrantes do seu grupo.
tria do entretenimento, que promovem Tirem a foto inicial.
e impulsionam, por meio de algorit-
mos (de forma impessoal), os influen- 2 Pela foto inicial, o grupo pode definir se todos irão se mover juntos a partir de um comando combinado
ciadores digitais, sem atingir, de fato, o ou se irão trabalhar com formações em solos, duetos e trios, nos quais cada um sairá da forma inicial
teor humano e artístico que eles po- em um tempo diferente.
deriam oferecer para o grande público. 3 Ao sair da formação inicial para explorar os movimentos no espaço, procurem mostrar corporalmente
Ajude os estudantes a rememorar gestos de apoio e situações que tragam, para você, o sentido de “revelação”. Faça o mesmo com a ação
o que foi mais significativo para eles de pegar impulso ou impulsionar alguém.
nos processos de descoberta com a
dança propostos nesta Trilha, para 4 Ao final, retornem à formação inicial, procurando sustentar a pausa por alguns instantes.
que utilizem e expandam esse co- Conversem sobre como foi a experiência de improvisar a partir de uma forma e da coordenada de
apoios e impulsos. Você utilizou alguma das práticas anteriores? Como isso aconteceu, de modo predeter-
nhecimento nessa prática. Os recursos
minado ou como improviso? Registre sempre!
tecnológicos podem ser explorados
à medida que estiverem disponíveis
Master1305/Shutterstock.com
para a escola. Independentemente do
uso de equipamentos externos, é im-
portante que os estudantes estejam
conectados com suas percepções cor-
porais e que pratiquem a diversidade
do olhar para os processos criativos.
Orientações
1. Oriente os grupos na composição do
agrupamento inicial, que pode ser
inspirado em uma foto pesquisada
por eles. MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
2. A escolha para iniciar a movimenta-
ção pode partir do pulso comum do DA EDITORA DO BRASIL
ritmo de uma música ou da respi-
ração. Os integrantes podem seguir
se movendo juntos até terminar,
ou podem iniciar juntos e manter
Jovens dançando em forma simétrica de grupo. Ucrânia, 2016.
o ritmo, mas movendo-se em di-
reções diferentes ou em ritmos e
direções distintas. 86
Orientações
Inicialmente, peça aos estudantes
que observem a imagem da cerimô-
nia de abertura das Olimpíadas Rio
2016 e, então, promova um debate
sobre a iluminação nesse evento de
grande porte e sobre a montagem
do palco com vários níveis diferentes.
A seguir, comente as diferenças en-
tre dançar nos bailes das comunida-
des e participar de um show. Peça a
eles também que se inspirem na mo-
vimentação rápida dos pés na dança
do Passinho, de modo que possam
participar de uma atividade em que
poderão reproduzir a dança na escola.
DA EDITORA DO BRASIL
movimentos improvisando conforme a música, e, eventualmente, são realizadas
coreografias. O Passinho é caracterizado por sequências de rápidos movimen-
tos com os pés conectados aos rápidos movimentos com a cintura. Diferente-
mente dos dançarinos clássicos, os dançarinos do Passinho olham bastante
para os seus pés como quem segue por essa parte do corpo os próprios movi-
mentos. A do Passinho olham bastante para os seus pés como quem segue por
essa parte do corpo os próprios movimentos.
87
87
Preparação
Neste Contraponto, veremos três
formatos de dança diferentes nos
quais a colombiana Martha Hincapié Modos tradicionais e contemporâneos de dançar
Charry atuou e levou suas mensagens Contrapor-se a algo é mostrar o contraste entre duas possibilidades. Considerando que esse con-
por meio da dança. Primeiro em um traponto pode ser harmonioso ou complementar, vamos conhecer o trabalho da dançarina colombiana
solo, depois em um dueto e, por últi- Martha Hincapié Charry. Ela atuou em um filme de animação produzido com a técnica de stop-motion
mo, com um grupo maior de pessoas. chamado Ama-me, Tema-me, que será descrito com mais detalhes na Trilha 3. No filme, é impossível
Para alinhar essa sequência, insira na reconhecer a identidade da dançarina. No seu processo criativo, ela “emprestou” seus movimentos no
lousa palavras-chave, sinalizando o espaço real para serem transformados pela tecnologia no corpo do boneco de massinha animado visto
tema das aulas. Sugestões: corpo, nas telas. Em contrapartida, Martha fez outros projetos de dança nos quais aparece e reafirma sua per-
sonalidade de forma pessoal, colocando em cena questões que dizem respeito à sociedade por meio da
dança, atuação, configurações.
linguagem da dança. Veja alguns exemplos.
DA EDITORA DO BRASIL
sua terra natal. Ela utiliza a tecnologia
no cenário para reforçar as questões
que traz na memória de seu corpo
e que, ao mesmo tempo, dizem res-
Cartaz de Amazonía 2040,
peito à saúde de todos os habitantes solo da coreógrafa colombiana
do planeta. Martha Hincapié Charry.
Berlim, Alemanha, 2020.
Martha também usa projeções
para reforçar questões políticas e o 88
fato de a identidade dos povos origi-
nários estar diretamente associada ao
corpo em harmonia com a natureza e
ao local onde nasceram e cresceram. Interdisciplinaridade Foco nos TCTs
Em virtude dessa cultura imbricada Se possível, convide o professor de Geografia para explicar Este conteúdo trabalha o Tema Contemporâneo Trans-
e em contato íntimo com os territó- aos estudantes o que é a Amazônia Legal, esclarecendo por versal Educação ambiental ao discutir as possibilidades
rios, os povos originários são os verda- quais países ela se estende. Além disso, peça ao professor da arte de provocar reflexões e questionamentos a res-
deiros guardiões do planeta. Quando de História para ajudar a turma a compreender que outros peito do meio ambiente.
questões econômicas interferem no povos indígenas do território brasileiro lutam em defesa da
ecossistema, elas afetam a vida dos Foco na BNCC
Amazônia e de sua existência. Proponha que ele também
povos indígenas e, consequentemen- apresente quem são as lideranças indígenas e religiosas da Ao compreender os fatores do movimento
te, atingem esferas mais amplas. tríplice fronteira Colômbia, Peru e Brasil. como responsáveis pelas ações corporais e ao
identificar a presença das tecnologias em práticas
de artes são mobilizadas as habilidades EF69AR11
e EF69AR35.
88
A tecnologia de uma videoinstalação de 16 metros disposta no palco for- Orientações
necia informações sobre as condições da região amazônica e sobre algumas O ponto central abordado por Mar-
de suas tribos indígenas que estão seriamente ameaçadas pela destruição tha, tanto neste dueto quanto em
ambiental. Os retratos de povos indígenas, as imagens da floresta tropical, a trabalhos com grupos maiores, é o
contextualização de lugares como o Parque Nacional Chiribiquete, na Colôm- questionamento sobre como a glo-
bia, e o uso de contação de histórias pessoais são as camadas, as linhas que balização promove um fortalecimen-
tecem a trama da performance da artista. to econômico ao mesmo tempo que
Amazonía 2040 é uma celebração da região e suas comunidades, tanto ameaça enfraquecer as culturas locais.
as contatadas quanto as que vivem isoladas. Em cena, inúmeras imagens
Com base nas experiências em seu
confrontam o espectador com a deterioração do hábitat natural, sagrado para
contexto social e cultural, em suas
os povos nativos na região. A obra conta ainda com projeções de vídeo que
memórias e em sua interação com as
mostram extensas áreas cobertas por plástico e lixo, em contraste com um
diversas tecnologias de informação e
grande panorama de mata da região, criando um efeito perturbador.
comunicação, Martha formulou per-
OneTableTwoChairs (Uma mesa. Duas cadeiras) guntas e mobilizou sua curiosidade ao
pesquisar modos de representar ar-
Martha também desenvolveu o trabalho OneTableTwoChairs, um dueto
com o dançarino refugiado sírio-palestino Fadi Wacked em Berlim e Pots-
Cinturão e Rota: tisticamente seus processos criativos.
nome dado a uma
dam, na Alemanha. A dupla abordou questões relativas às cidades que fazem estratégia de
A partir da imagem e das informa-
parte do Cinturão e Rota, que são como reservas de histórias ancestrais. Ao desenvolvimento ções desta página, escolha alguns
adotada pelo governo aspectos que podem ativar o pen-
mesmo tempo que a modernização global e a cultura popular trazem reno- chinês envolvendo
vação e transformação para essas cidades, ameaçam enfraquecer as sabe- investimentos em samento criativo dos estudantes, for-
dorias milenares. Por isso, em 2017, os mestres artesãos e jovens artistas países da Europa, talecendo a capacidade de fazer per-
Ásia e África.
das cidades integrantes do Cinturão e da Rota se reuniram em Hong Kong “Cinturão” faz guntas, avaliar respostas, argumentar
(China) para realizar intercâmbios por meio de seus trabalhos criativos, in- referência às rotas sobre seu ponto de vista e interagir
cluindo teatro e dança. terrestres ou ao
Cinturão Econômico
entre eles e em grupos maiores.
Martha e Fadi realizaram a performance em um teatro revestido de da Seda feito por Reforce o potencial do uso de
espelhos nos quatro lados, criando imagens repetidas para refletir sobre terra; enquanto tecnologias para fins artísticos. Es-
valores tradicionais e contemporâneos. O teatro acolheu a performance da “Rota” faz referência
às rotas marítimas, ses estímulos ajudam os estudantes
dupla e outras demonstrações feitas com estudantes do Zuni Icosaedro, um ou à Rota da Seda a ampliarem a compreensão de si
programa educacional da Companhia Internacional de Teatro Experimental Marítima do Século
XXI. mesmos, do mundo natural e social e
de Hong Kong.
das relações entre pessoas e natureza,
ferramenta essencial para a criativida-
Martha Hincapié Charry
de humana.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
OneTableTwoChairs, dueto de
Martha Hincapié Charry e Fadi
Wacked no Centro Cultural Hong
Kong. China, 2017.
89
89
Orientações
90
90
Orientações
Disco music e música eletrônica
Peça aos estudantes que observem
Música e dança são práticas artísticas e criativas que caminham juntas
a imagem do livro e promova uma
desde muito tempo, e, em diversos momentos, formam um binômio no qual é
discussão sobre as diferenças entre
difícil dizer qual linguagem influencia a outra, ou qual é a mais importante para
um show realizado na década de 1970
determinada expressão.
A música eletrônica, por exemplo, é comumente associada à dança e cha-
e um organizado na atualidade. Pro-
mada de dance music, englobando diversos gêneros musicais. Essa manifesta- ponha que observem atentamente os
ção começou a se tornar popular no fim da década de 1970, com a disco music detalhes da foto e comente com eles
– uma música extremamente ritmada, influenciada não só pela linguagem do que muitos dos símbolos utilizados
pop mas também pelas manifestações da cultura negra estadunidense repre- nessa época são, atualmente, reutili-
sentadas pelo rhythm and blues, ou R&B. zados para marcar pertencimento e
identidade – um exemplo disso são
cabelos black power dos cantores, en-
tre outros detalhes.
Será interessante você comentar
com os estudantes que essas mani-
festações são fruto da hibridização
das linguagens de Música e Dança –
assim como muitas outras. Considere
propor uma pesquisa sobre outras ex-
pressões híbridas entre essas duas lin-
guagens, promovendo uma conversa
sobre essa questão.
Michael Ochs Archives/Getty Images
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
The Jackson 5, expoente do R&B, 1971.
No decorrer das décadas, a dance music deu origem a diversos outros gê-
neros e foi adquirindo cada vez mais a característica rítmica de fortes batidas
marcando o tempo da música.
91
91
Orientações Essa característica é fácil de observar nos festivais de música eletrônica,
Depois de observarem a imagem que são grandes eventos nos quais as pessoas se reúnem para dançar.
desta página, pergunte aos estudan-
tes se eles conhecem as manifesta-
ções citadas no texto e proponha
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO Tomorrowland,
BRASIL festival de
música eletrônica. Bélgica, Música e dança são partes quase que inseparáveis nesses festivais, e a mis-
2019.
tura de dança, batidas rítmicas intensas, volume alto e diversos recursos visuais
de luz e projeção fazem com que esses eventos favoreçam experiências senso-
riais e imersivas, motivo pelo qual são considerados um ritual contemporâneo,
praticados não somente por comunidades urbanas mas também por diversos
outros grupos humanos.
92
92
Preparação
A dança telemática Conforme visto anteriormente, os
Quando existe uma relação próxima entre a dança e a tecnologia, o pro- recursos tecnológicos associados às
cesso e o resultado estético podem ser chamados de dança híbrida ou dança manifestações artísticas e à indústria
tecnológica. Quando a proposta da dança é trabalhar com os recursos utili- do entretenimento podem promover
zados nas telecomunicações, ela passa a ser nomeada dança telemática. A grandes experiências imersivas coleti-
palavra “telemática” foi justamente composta da aproximação dos termos “te- vas. Nesse momento, será abordado o
lecomunicação” e “informática”. Na área de telecomunicações, o antigo sistema exemplo das pesquisas cujo enfoque
de telefonia era feito via cabos e, atualmente, conta com alternativas digitais, principal é o desenvolvimento artís-
percorrendo por satélites e fibras ópticas longas distâncias em um curto inter- tico e a possibilidade de aproximar
valo de tempo. A área da informática diz respeito ao que é relativo ao uso de pessoas.
computadores e demais dispositivos de processamento de dados, incluindo os
softwares e os sistemas de rede, capazes de transmitir dados em formato de
Orientações
som, texto e imagem.
A dança telemática utiliza os recursos tecnológicos de forma criativa e ar- Converse com os estudantes sobre
tística, explorando situações que surgem no presente e que, sem a tecnologia, as diferenças entre se relacionar com
seriam impossíveis de ser viabilizadas. Um exemplo são as performances que, outras pessoas por aplicativos e de
via satélite ou pela internet, conectam e aproximam em tempo real dançarinos modo presencial.
que se encontram em lugares diferentes um do outro. Assim, pela dança tele- A partir das perguntas feitas no li-
mática, contornam-se as limitações do tempo e do espaço por imagens e pela vro, cujas respostas são pessoais, iden-
presença em múltiplas relações: real e virtual. tifique se há alguma manifestação
local ou tendência das artes contem-
Ivani Santana
• Se você fosse dançar com alguém que está em outro estado do Brasil, que
tema escolheria?
• Como essas imagens e a possibilidade de uso da tecnologia poderiam ins-
pirar seus processos criativos em dança?
93
93
Orientações Pesquisadores de dança interessados em abordar movimentos que se com-
Peça aos estudantes que observem pletam e dialogam a milhares de quilômetros de distância um do outro podem,
que a pesquisa em danças e tecnolo- com a ajuda de redes avançadas de telecomunicações – que permitem cone-
gia feita por Ivani Santana aconteceu xões com boa qualidade de imagem e som como não tínhamos poucos anos
em 2007, muito antes dos principais atrás –, realizar práticas de criação e improvisação com bailarinos que não di-
aplicativos de reuniões on-line (Skype, videm o mesmo espaço físico. Ao se comunicarem em tempo real, é possível
Zoom, Google Meet, Microsoft Teams, criar espetáculos de dança telemática nos quais artistas de países diferentes
por exemplo) serem conhecidos interagem com seus parceiros virtuais simultaneamente.
como são atualmente.
Ivani Santana
A pesquisa buscava estabelecer
uma relação entre pessoas pelo mo-
vimento, em tempo real e em espaços
distintos. O projeto parece ter acon-
tecido por meio de uma fusão de te-
las, com a projeção da imagem de
uma pessoa se sobrepondo à de ou-
tra. Cabe destacar que o Programa
de Pós-graduação em Dança da Uni-
versidade Federal da Bahia tem um
laboratório que utiliza a tecnologia
para capturar movimentos de danças
brasileiras.
A seção Caminhando pela His-
tória fala do sistema de “capturar
movimentos”, também conhecido
como mocap. Esse recurso surgiu de
uma técnica chamada rotoscopia,
que envolve desenhar contornos do Apresentação mostrando o princípio da telemática: ligação entre nichos de atuação. Le Moi, le Cristal et L’Eau (Eu, Cristal e
Água), de Ivani Santana, apresentado no Centre Choregraphique National. Provença, França, 2007.
corpo em cima de fotos para facili-
tar a animação. A rotoscopia existe Viagem no tempo
94
Orientações
Gamma-Rapho/Getty Images
As luzes e os pequenos dispositi-
vos colocados no corpo das pessoas,
conforme vemos nas fotos desta pági-
na, são fundamentais na composição
eletrônica digital do sistema de “cap-
turar movimentos”. O mocap, é um
sistema tecnológico de captura digital
de movimentos e pode ser utilizado
para intervenções artísticas, produ-
ções comerciais publicitárias e para
entretenimento, como visto nos ga-
mes, nos shows e nas festas com DJs.
O processo consiste basicamente em
gravar as ações dos atores, esportistas,
lutadores e animais para transpor, de
maneira digital, os movimentos
de um corpo real para um corpo
digital, ficando, assim, passível de
manipulação.
Isso é realizado marcando pontos
de referência, presos em locais estra-
tégicos do corpo humano. Por meio
de roupas especiais, tiara e bandana
ou presos com fita adesiva em pon-
tos da face, os sensores registram
Tecnologia de captura de movimento do artista japonês Shota Yamauchi. Tóquio, Japão, 2021. como o corpo movimenta as articu-
lações principais e como expressa
©20th Century Fox Films/Everett Collection/Easypix Brasil
Tecnologia de captura de movimento utilizada no filme Planeta dos Macacos: a guerra (2017). Nas fotos, o ator Andy Serkis e
o personagem Caesar.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Os sistemas que utilizam uma grande estrutura para capturar o movimento ainda existem. No en-
tanto, hoje, com aparelhos que têm sensores de movimento conectados a uma câmera de detecção 3-D,
DA EDITORA DO BRASIL
é viável capturar movimentos com precisão, utilizando estruturas bem menores.
As tecnologias que proporcionaram tais novidades representam a possibilidade de interface entre as
máquinas e as pessoas, além de tornar viável a aproximação entre pessoas, conforme vimos no caso da
dança telemática. No entanto, a mesma tecnologia que deveria unir as pessoas acabou causando também
o afastamento, uma vez que as interações virtuais têm substituído o contato presencial. É preciso buscar
sempre o equilíbrio com o senso crítico ativado.
95
95
Preparação
Escreva na lousa os três conceitos Investigar o gesto para
principais desta e da próxima aula:
gesto, pesquisa e estado da arte.
entender o movimento
Existem muitas formas de reali- O corpo conta a história de seu tempo, e os gestos podem transformar as
zar pesquisas práticas e teóricas que formas de ser e atuar no mundo. Em contrapartida, todos os indivíduos são um
produto do contexto histórico e social de cada época. Desde a Era Industrial até
ajudam a organizar e embasar argu-
a contemporaneidade, marcada pelo avanço das tecnologias digitais, nossos
mentos. Assim, escute as associações
gestos são, muitas vezes, repetitivos. Nas linhas de produção das fábricas, os
que os estudantes fazem a partir des-
movimentos feitos de forma mecânica faziam mal para a saúde dos operários.
sas palavras-chave para introduzir o Será que agora, mesmo não trabalhando em fábricas, estamos agindo diferente?
exemplo de fichamento bibliográfico. Pense nos gestos e nas posturas que seu corpo habitualmente adota no dia
a dia. Você costuma ficar mais curvado quando usa a televisão ou o computa-
Orientações dor? Anda olhando para o celular ou está sempre com ele na mão?
Ao desenvolver o conteúdo e as • Observe os gestos e as ações que você mais faz.
perguntas desta página, reflita com os
• O que essas observações dizem sobre você ou sobre o lugar onde você
estudantes sobre seus próprios gestos
vive?
e a relação que eles têm com o con- Dani Lima, autora do livro
texto histórico atual. Gesto: práticas e discursos, • Como você enxerga seu corpo? Como ele manifesta suas vivências?
2016. A artista e pesquisadora de dança Dani Lima se
Verifique com os professores
Dani Lima
96
Preparação
Vamos, agora, nos aprofundar nas
ideias de pesquisa e estado da arte.
Pesquisa e fichamento
Como vimos, a artista, coreógrafa e pesquisadora de dança Dani Lima investiga formas de expressão Orientações
presentes no corpo que interferem na construção da própria identidade. Para a dança, o fichamento é um
Como você está no último ano do Ensino Fundamental e estudou várias propostas de dança, provavel- importante suporte teórico para es-
mente percebeu que algumas pareciam ser novidade e outras já eram de seu conhecimento. Nesse contexto, tudos cuja natureza é tridimensional.
os conteúdos de dança com os quais você sentiu afinidade podem ter despertado sua curiosidade no sen- Assim, organizar em palavras as refle-
tido de investigar mais a fundo para entender como os artistas fazem seus estudos e processos criativos xões de autores que escrevem sobre
para realizar suas obras. essa linguagem da arte é um exercício
Para organizar uma pesquisa, existe um formato específico usado na metodologia científica: o ficha- de abstração de conceitos.
mento. Ele serve para destacar as informações principais contidas em uma obra, ou em um artigo científico, Comente que esse formato é pa-
e segue determinado padrão. Usando o exemplo da obra de Dani Lima sobre os gestos, vamos aprender a drão. Os estudantes podem analisá-lo
fazer um fichamento das pesquisas.
e perceber se esse padrão se aproxi-
Observe, a seguir, o exemplo de fichamento de um livro de Dani Lima, para refletir sobre seu significado.
ma da forma como eles anotaram e
registraram apontamentos relevantes
Reinaldo Vignati
Cabeçalho
Arte – 9º Ano 1 Informações sucintas sobre a área em leituras feitas anteriormente.
para a qual o estudo foi feito.
LIMA, Daniella. Gesto: práticas e discursos. Rio de Janeiro: 2
A partir do exemplo citado, reflita
Cobogó, 2013. p. 10. Referência a respeito das conexões de engaja-
As informações sobre a obra devem
“Sem ignorar que o gesto atravessa todos os domínios da comunicação humana, da política
seguir um padrão. mento que a dança pode representar
SOBRENOME, Nome. Título da obra.
à moda, da filosofia à arquitetura, do cinema à psicanálise, o foco principal de nossa Local: Editora, ano. Página. na sociedade.
pesquisa sempre foi o corpo. Tentar decifrar, na gênese do movimento, o que se expressa
como gesto. Buscar dar visibilidade ao complexo emaranhado de memórias pessoais,
aprendizado social e contaminações que tecem a expressão de cada sujeito desde a mais 3
Citação
tenra infância e que são uma forma de ser-corpo no mundo. Procurar desvendar universos Transcrever um trecho
gestuais particulares a partir das relações que o corpo tece com o peso, com o espaço, importante da obra.
As citações devem ser sempre
com o tempo, com o movimento, com os outros corpos, com o público, com a representação inseridas entre aspas.
etc., revelando o movimento dançado com um discurso. (...)
Nenhum gesto é inocente, nenhuma dança é só estética. Cada vez que colocamos um corpo
dançando em cena afinamos um projeto de mundo, dizemos com gestos o que é importante
e o que não é, o que merece ser apreciado, em que valores acreditamos, quais bandeiras
defendemos, mesmo que inconscientemente.”
Biblioteca Mário de Andrade. Avenida São Luís, nº 235. São Paulo (SP).
Também disponível em: https://www.ciadanilima.com.br/portfolio/ 5 Local
Onde o livro está, para que possa
2013-gesto-praticas-e-discursos ser encontrado por outras pessoas.
Esquema de um fichamento.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Tente responder às perguntas a seguir trocando ideias com os colegas.
•
DA EDITORA DO BRASIL
Ao observar a estrutura do fichamento, de que maneira você poderia utilizá-lo em seus próximos
estudos?
• Como o resumo pode ajudá-lo e colaborar com outras pessoas que estão pesquisando sobre o assunto?
Imagine que você e seu grupo de pesquisa estão investigando o tema “Gestos, movimento e dança”.
Vocês estão estudando e aprendendo tudo o que consideram importante sobre ele para construir uma vi-
são geral e reunir as informações mais relevantes, relacionando-as. Como podem fazer isso? Que cuidados
devem tomar? Como podem organizar os estudos e as pesquisas?
97
Foco na BNCC
Ao experimentar práticas de criação em dança
e ao verificar as relações entre diferentes
linguagens da Arte são trabalhadas as habilidades
EF69AR12 e EF69AR32.
97
Orientações É importante haver uma metodologia de pesquisa. Em pesquisas científicas, seguir uma metodologia
1. Procure obras que abordem o gesto. clara e confiável pode ajudar a garantir a credibilidade dos resultados e, em alguns casos, a segurança e
2. O modelo-padrão pode ser seguido eficiência das descobertas.
à risca, ou servir como inspiração Imaginem que o ponto de partida é uma obra sobre o tema indicado anteriormente; a partir dela, vocês
ampliarão seus conhecimentos. Um critério importante é procurar fontes confiáveis, buscando referências
para outras formas de organizar o
que possam, por exemplo, ajudá-los a compreender melhor o trabalho do pesquisador ou artista escolhido.
mesmo conteúdo.
Para compor o grande conjunto das principais referências que explicarão o tema, cada integrante do grupo
3. Incentive a curiosidade dos estudan- fará um fichamento.
tes falando sobre possíveis buscas
de PDFs ou publicações disponí- 1 Formem grupos de cinco integrantes. Façam uma pesquisa sobre o tema “Gestos, movimento e dança”,
veis em bibliotecas reais e virtuais. procurando descobrir quais são as principais obras relacionadas a ele, os estudos mais recentes e antigos,
Alguns temas podem ser o gesto pesquisas que o abordem sob diferentes perspectivas etc. Esse procedimento é conhecido como “fazer
na dança clássica indiana, no fla- o estado da arte”. Vocês podem pedir o auxílio do professor ou, caso conheçam, de algum pesquisador
da área de dança. Cada um ficará responsável por realizar o fichamento de uma referência bibliográfica.
menco, no balé. Se possível, busque
outras obras, como o livro História 2 Procurem seguir o modelo de fichamento anterior, mas, se sentirem necessidade, adaptem-no a seu tra-
dos nossos gestos (1976), escrito pelo balho, principalmente nos itens citação e resumo. Vocês podem anotar todas as informações encontradas
historiador e antropólogo Câmara no caderno e fazer um rascunho. E também realizar os registros em uma mídia on-line compartilhada
Cascudo. com a turma para armazenar os estudos e as pesquisas de todos.
4. Esse é o momento de ter uma visão
3 Procurem fazer a pesquisa em diferentes fontes e mídias, contemplando vários autores, para reunir o
geral do que foi levantado como maior número possível de informações. A internet permite pesquisas acadêmicas, nos veículos de co-
conteúdo e do que foi escolhido municação, em artigos não científicos e em diferentes formatos, com variados focos de informação. E
como tópicos principais. É o mo- sempre é uma boa possibilidade consultar uma biblioteca.
mento de conectar o pensamento
geral dos autores com aquilo que 4 Os fichamentos do grupo podem ser reunidos em papel ou armazenados em ambiente virtual, em
foi escolhido como representativo uma pasta compartilhada. Após a finalização, reúna-se, novamente, com seu grupo para conversarem
pelos estudantes. sobre esse processo de investigação e catalogação. Procurem conversar sobre as questões a seguir: Os
fichamentos compõem um conjunto coeso e
5. Escolham a mídia para compartilhar
informativo sobre o tema geral? O trabalho do
Dani Lima
e refletir sobre os fichamentos. grupo pode ajudar outras pessoas que desejam
aprender o assunto? O fichamento pode ser
usado como estratégia e orientação de estudo?
De que forma? Como as pesquisas atuais se
relacionam a pesquisas futuras?
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL O procedimento de pesquisa de
Dani Lima no projeto "Conversação
à mesa" mostra como existem
diferentes métodos de organização de
informações. Esse processo de criação
deu origem ao livro Gesto: práticas e
discursos. São Paulo (SP), 2011.
98
98
Faça no caderno
Preparação
Para mapear as relações entre
Dança e tecnologia dança e tecnologia na sua práti-
Neste momento, vamos fazer a associação do conteúdo, dos dados e das informações proporciona- ca didática, faça uma autoavalia-
dos por esta Trilha com as experiências das práticas de criação, ou seja, vamos conectar o conhecimento ção verificando como foi para você,
adquirido pela realidade vivida na escola e em seu entorno ao contexto da contemporaneidade, a fim de professor, orientar a exploração e des-
desenvolver uma visão crítica social. coberta do corpo nas aulas de dança,
A partir das perguntas a seguir, procure relacionar os tópicos levantados aos debates atuais acerca de relacionando-o com a educação tec-
questões mais profundas que envolvem a tecnologia: questões sociais de acesso e consumo, questões po-
nológica e digital. Eram linguagens
líticas e econômicas da dinâmica entre países e empresas, a interferência e geração de distúrbios na saúde
com as quais você já trabalhava? Se
física e emocional como consequência do uso excessivo da tecnologia, entre outros.
sim, em que pôde evoluir? A ques-
Alguns desses tópicos o inspiram a projetar sua trajetória de formação para o trabalho? Algum aspecto
foi mais relevante para pensar em temas como cidadania e democracia? Como as características da cultura
tão do uso de aparelhos celulares ou
e da economia regional e local da sua escola se situam no quadro global? computadores foi um problema? Se
Vamos olhar para o percurso que realizamos até aqui, desde o começo da unidade até agora. Procure não, quais foram seus desafios e suas
lembrar as principais ideias sobre os assuntos tratados e tudo o que você descobriu. Houve modificações descobertas em relação a mover-se
no modo como você pensava o uso das tecnologias na dança? Releia seus registros de quando estava in- de forma consciente no contexto con-
vestigando as Práticas de criação e observe qual mudança mais significativa ocorreu no seu entendimento temporâneo? Como você se sentiu ao
do movimento e dos conceitos de tecnologia nas artes. orientar a pesquisa e as composições
Você passou a olhar de modo diferente para algum recurso ao qual tem acesso ou reparou como outras coreográficas da turma?
pessoas fizeram uso de tais recursos para a criação e difusão da dança? Faça um registro das suas desco-
bertas no campo físico e afetivo, criando meios de representar o que foi marcante para você. Orientações
Em grupos de quatro ou cinco pessoas, vocês podem conversar sobre as impressões e ver se identifi- A seguir, faça um levantamento
cam novas formas de pensar a relação entre pessoas, movimento e tecnologia, em casa e na escola. Cada dos tópicos marcantes para os estu-
grupo pode organizar uma relação dos elementos que apareceram nos apontamentos individuais para fazer
dantes. Como em um jogo de me-
uma síntese por grupo e compartilhar com toda a turma.
mória, oriente-os a se lembrarem
Ao compartilhar, observem a escolha dos demais grupos, notando o que mais marcou cada um de-
das Práticas de criação e escreva as
les. Foram apontamentos parecidos ou distintos daqueles sintetizados pelo seu grupo? Vejam também se
questões sobre a diversidade cultural aparecem ou não nessas escolhas. Note que as diferentes possibili-
palavras-chave relacionadas com as
dades de ver, fazer e refletir sobre o uso da tecnologia podem se transformar em dança na escola. Vamos ideias mais importantes na lousa.
prosseguir, pois ainda há um belo presente e um futuro promissor para serem explorados. Boas invenções Propicie um ambiente agradável
e descobertas! para que os estudantes conversem
em grupos, de quatro ou cinco in-
HighwayStarz/iStockphoto.com
99
A BNCC nesta unidade
Competências gerais: 1, 2, 3,
4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Competências específicas de
Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Cristina Maranhão
Competências específicas de
Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Objetos e habilidades:
Contextos e práticas
EF69AR02, EF69AR03,
EF69AR16, EF69AR17,
EF69AR18, EF69AR19,
EF69AR24, EF69AR25,
EF69AR31
Elementos da linguagem
EF69AR20, EF69AR26
Materialidades
EF69AR21
Notação e registro musical
EF69AR22
Processos de criação
EF69AR23, EF69AR27,
EF69AR28, EF69AR29,
EF69AR30
Arte e tecnologia
EF69AR35
Objetivos desta
unidade
• Reconhecer a presença das tecno-
logias na sociedade e seus reflexos
nas diferentes formas de expressão
da Música e do Teatro.
• Ampliar conceitos e possibilidades
que ajudam no entendimento das
produções de Música e de Teatro
em diferentes épocas como cria-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ções em constante diálogo com os
adventos tecnológicos.
DA EDITORA DO BRASIL
• Experimentar as linguagens da Mú- Cena do espetáculo Black Brecht: e se Brecht fosse negro?, do Coletivo
sica e do Teatro pela perspectiva da Legítima Defesa. Direção: Eugênio Lima. São Paulo (SP), 2019.
transformação dos materiais do co-
tidiano e da utilização de aparatos
tecnológicos.
• Apresentar artistas e conceitos de
Arte que se apropriam de tecno-
100
logias para a produção de obras
híbridas que criam diálogos entre
o passado e o presente.
• Refletir sobre o conceito de tecno- Justificativa
logia como um campo de intersec- No 9o ano, espera-se que os estudantes tenham proximi- perspectiva da transformação dos materiais, das produções
ções entre as linguagens da Arte. dade com a comunicação e expressão pelas redes sociais industriais e das inovações técnicas são fundamentais para
e se apropriem de conceitos e recursos técnicos ligados o desenvolvimento do senso crítico e da capacidade de ela-
à presença crescente da tecnologia na vida cotidiana. Os borar soluções na sociedade da informação.
modos de abordagem e construção de expressividade pela
100
Saber,
abertura desta unidade, tendo como
referência as perguntas indicadas. É
importante que todos os estudantes
inventar e
falem sobre suas impressões. Peça
que comentem as relações entre os
gestos e as posições que os artistas
inspirar
ocupam no palco, avaliando que tipo
de ambiente é sugerido pelos movi-
mentos deles. Incentive-os a imagi-
nar quais sonoridades estão presentes
na cena.
As perguntas que abrem a Unida-
O teatro como vivência segue acontecendo em diferentes de 2 buscam despertar o olhar da tur-
regiões do país e do mundo, seja em um edifício teatral, ma para os dispositivos tecnológicos
seja em um espaço público. Para quem está em cena e para presentes no espetáculo teatral inte-
quem está na plateia, essa vivência é uma oportunidade de grado à música. Na primeira pergunta,
diversão, de contar e ouvir histórias, de refletir sobre a vida espera-se que os estudantes perce-
e o mundo que nos cerca. bam que a iluminação marcante, de-
limitando espaços, as projeções sobre
1. Para você, como a tecnologia está presente no superfícies recortadas, os microfones
teatro e na música? e as caixas de som evidenciam a pre-
2. De que maneiras o teatro e as artes da cena podem sença da tecnologia na composição
trabalhar em conjunto com tecnologias antigas da cena.
e atuais? A segunda pergunta chama a aten-
3. Quais profissões das artes cênicas estão presentes
ção para o fato de que o desenvolvi-
na imagem ao lado? mento tecnológico não impede os
artistas de usarem recursos mais an-
tigos em suas criações. Assim, usar
ou não microfones e amplificadores
para tocar e cantar, ou utilizar ilumi-
nação elétrica ou luz de velas são op-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO ções que diretores, músicos, atores,
iluminadores e cenógrafos fazem com
DA EDITORA DO BRASIL base em suas ideias e nos efeitos que
Nesta unidade, você vai: desejam criar e até mesmo conside-
• refletir sobre diferentes modos de operar com a linguagem das rando adaptações que precisam ser
artes cênicas e suas tecnologias; feitas por questões orçamentárias.
• compreender o teatro como instrumento capaz de impulsionar Na terceira pergunta, além dos pro-
mudanças, sejam elas pessoais, sejam coletivas. fissionais em evidência na cena, pode-
-se deduzir que um marceneiro traba-
101 lhou para construir a mesa no centro
do palco e as placas com silhuetas de
árvores, nas laterais. Há também téc-
nicos de som, responsáveis pelos mi-
Pré-requisitos Atitudes e valores crofones e amplificadores; figurinistas
Para o cumprimento dos objetivos, é esperado que os • Ter postura colaborativa e investigativa. e profissionais de costura; pessoas que
estudantes: • Vivenciar manifestações de diferentes matrizes culturais, trabalham na limpeza do palco, nos
• reconheçam a presença da tecnologia no cotidiano e em com postura ética, refletindo sobre elas. camarins, na bilheteria, na divulgação
obras artísticas; da peça e até mesmo na realização de
• Não ter e não aceitar comentários estereotipados sobre
• identifiquem os elementos constitutivos básicos da Músi- registros fotográficos, como o que ve-
ca e do Teatro em suas possibilidades de fruição e expres- expressões em Arte.
• Escutar e respeitar a opinião de outras pessoas em relação mos na página. Portanto, há um con-
são em diferentes territórios;
a vivências culturais. junto de profissionais que trabalha in-
• utilizem a imaginação em diferentes propostas de práti-
• Exercitar o senso crítico para refletir sobre as linguagens tensamente para a realização de um
cas de criação;
evento artístico.
• reflitam sobre diferentes manifestações culturais, respei- da Arte e a comunicação em diversos âmbitos da vida.
tando-as e valorizando-as.
101
A BNCC nesta Trilha
Teatro: linguagem
Competências gerais: 1, 2, 3,
4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
em ação
Competências específicas de
Linguagens: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Competências específicas de
Arte: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.
Objetos e habilidades:
Contextos e práticas
EF69AR03, EF69AR24, Como arte da ação e do fazer, o teatro nos convida a uma participação crítica e ativa nos
EF69AR25, EF69AR31 espaços por onde passamos. Uma linguagem com muitas tecnologias, todas a serviço
Elementos da linguagem de uma experiência de encontro.
EF69AR26
Cristina Maranhão
Processos de criação
EF69AR27, EF69AR28,
EF69AR29, EF69AR30
Arte e tecnologia
EF69AR35
Objetivos desta
Trilha
Cena do espetáculo Black
• Analisar como diferentes recursos Brecht: e se Brecht fosse
de iluminação criam sentidos nas negro?, do Coletivo Legítima
cenas. Defesa. Direção: Eugênio
Lima. São Paulo (SP), 2019.
• Investigar as possibilidades ofere-
cidas pelo teatro de sombras em O projeto Black Brecht: e se Brecht fosse negro? foi realizado em várias eta-
propostas contemporâneas. pas. Primeiramente houve um encontro de artistas que buscavam refletir sobre
• Conhecer o teatro lambe-lambe e a representatividade das pessoas negras no Brasil. Essa ação inicial acabou por
explorar suas potencialidades cê- se desdobrar em um processo de criação que durou nove meses. O agrupa-
nicas. mento contou com uma dramaturga, responsável pela versão do texto que foi
• Compreender, pelo viés da ilumi- encenada. Tudo partiu de uma pergunta: E se o diretor e dramaturgo alemão
nação teatral, como cada época Bertolt Brecht (1898-1956), conhecido por seu teatro engajado em questões
sociais, fosse negro?
desenvolveu as suas tecnologias
Livremente inspirada no texto de O julgamento de Lucullus, de Brecht, o
e as utilizou como recurso de cena.
espetáculo buscou explorar como sua obra e pensamento poderiam ser afe-
• Explorar a presença de recursos tados por mais essa camada de sentido e perspectiva: ser um artista negro.
tecnológicos em diferentes ex- Os artistas do Coletivo Legítima Defesa, de São Paulo (SP), trabalharam com
de efeitos e significados.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
pressões do teatro e a construção partituras sonoras, exercícios de escrita coletiva, imersões de estudos e práti-
cas e intervenções urbanas para chegar a um espetáculo híbrido, permeado de
DA EDITORA DO BRASIL videocenários e sonoridades.
Foco nos TCTs
• Observando os registros do espetáculo nas fotos de abertura da Trilha e da
Este conteúdo desenvolve o
Unidade, o que a postura e os gestos das pessoas nas projeções comunicam
Tema Contemporâneo Transversal
a você?
Educação em Direitos Huma-
nos ao abordar a questão racial • Considerando o que você descobriu analisando as imagens, que questões
por meio do teatro, discutindo a acha que a peça poderia abordar sobre arte e resistência negra?
representatividade de pessoas ne- 102
gras e seu espaço nas artes.
102
Preparação
Espaço cênico e tecnologia Estabeleça um paralelo entre a sala
Como vimos no Ponto de partida, a noção de tecnologia é ampla e exis- de aula e uma sala de espetáculos.
tem inúmeras maneiras de se criar e usar tecnologia de acordo com as nossas Convide a turma a apontar elementos
necessidades, em todas as áreas de nossa vida. Também nas artes, a tecnologia tecnológicos comuns aos dois am-
e suas transformações foram e seguem sendo exploradas com o objetivo de bientes.
produzir diferentes experiências. Quando pensamos em teatro, mais especifi- Pesquise imagens de outros espe-
camente, temos espaço, luz, som, figurino e texto, ou seja, diferentes elementos táculos de Bob Wilson. Quanto mais
que são agrupados e trabalhados cenicamente. Cada um desses elementos, que imagens, melhor. Se possível, impri-
foram se transformando ao longo da história das Artes Cênicas, corresponde a ma essas imagens e as distribua entre
um tipo de tecnologia. Isso significa que diversas tecnologias podem se juntar e trios ou quartetos, convidando os es-
nos ajudar a contar uma história, a propor uma experiência.
tudantes a observar essas imagens e
seus detalhes. Cada grupo pode mos-
Cenografia e iluminação trar e descrever para a turma a sua
O palco de uma peça pode ser percebido como um grande laboratório, no imagem. Observe quais elementos
qual diretores e encenadores lançam mão dos recursos cênicos, buscando am- Encenador: termo os grupos destacam e como eles os
pliar suas possibilidades. A visualidade da cena ou de uma peça é um elemento bastante difundido descrevem. Depois que todos apre-
para definir a figura
que, no teatro contemporâneo (aquele que é feito em nosso tempo), recebe do diretor no teatro sentarem suas imagens, reúna-as na
muita atenção por parte dos encenadores. Nesse sentido, podemos pensar que, contemporâneo. lousa para que a turma visualize todas
além do figurino, a cenografia e a iluminação são os elementos cênicos que Profissional que
cria o evento cênico as imagens ao mesmo tempo. Auxi-
compõem o visual de um espetáculo. trabalhando todos lie os estudantes a perceber o que as
Robert Wilson (1941-) é um multiartista estadunidense; ele ganhou desta- os elementos da imagens possuem de semelhante: o
linguagem.
que por suas experiências que utilizam de diferentes formas os elementos cê- uso das mesmas cores nos figurinos
nicos. Em seu teatro, cenografia e iluminação são trabalhadas de modo a gerar e na iluminação, a exploração do es-
impacto visual. Esse impacto, muitas vezes, é amplificado por meio do trabalho
paço cênico e de elementos da cai-
de direção de atores e atrizes em cena.
xa preta. Garanta que eles percebam
• Observando a imagem, que características você associa à linguagem do como se apresenta a estética de Bob
diretor desse espetáculo? Wilson, quase como uma assinatura
• Que qualidades você atribuiria às figuras dos atores em cena? do artista, no trabalho com os ele-
mentos teatrais.
© Imago via ZUMA Press/Imageplus
Orientações
Peça aos estudantes que revisitem
as imagens do Ponto de partida e
observem como a tecnologia se ma-
nifesta nas diferentes materialidades
mostradas. De modo semelhante,
convide-os a elencar as materialida-
des presentes na arte teatral, estabe-
lecendo um recorte sobre o espaço
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO cênico, onde tudo acontece, como
DA EDITORA DO BRASIL uma vitrine na qual podemos visua-
lizar como as diferentes tecnologias
foram usadas para a criação de deter-
minado espetáculo.
Converse com a turma sobre a
Cena do espetáculo Fim de partida, baseado na obra de Samuel Beckett. Direção: Bob Wilson. ideia de visualidade e de impacto vi-
Berlim, Alemanha, 2016.
sual como elementos importantes na
103 experiência teatral contemporânea.
Vamos ao teatro para ver algo, por
isso é importante ativar o sentido da
visão. O teatro de Bob Wilson apoia-se
Foco na BNCC nessa relação visual que o público es-
tabelece com a cena.
Ao conhecer diferentes estilos cênicos e ao As respostas para as perguntas do
analisar os elementos da composição cênica, são
livro são:
trabalhadas as habilidades EF69AR25 e EF69AR26.
• Espera-se que os estudantes men-
Assim, este conteúdo permite o desenvolvimento
cionem o uso expressivo das cores,
do objetivo de analisar como diferentes recursos
de iluminação criam sentidos nas cenas. a iluminação e os gestos dos atores,
que geram um forte impacto visual.
• Resposta pessoal. Podem ser cita-
das a expressividade e a precisão
gestual, entre outras.
103
Orientações Bob Wilson, como é chamado no Brasil, é reconhecido por espetáculos em
As respostas às perguntas do Livro que o palco é preenchido por cores intensas, projetadas em painéis que se encon-
do Estudante são: tram atrás da cena. O encenador utiliza vivamente toda a maquinaria que compõe
• Resposta pessoal. Ajude os estu- a caixa preta do teatro. Seus atores empregam gestos largos e bem marcados,
dantes a identificar que as varas de explorando ritmos e pausas em suas movimentações, muitas vezes lembrando
luz e de cenografia estão localiza- bonecos em cena. Além disso, os atores jogam com as possibilidades de entrar e
das em diferentes alturas, compon- sair de áreas recortadas pela iluminação.
Repare no rosto do ator, do lado direito da foto da página anterior, e na for-
do o espaço cênico.
ma como faz um gesto expressivo com as mãos, destacando-se num foco de luz
• Resposta pessoal. Qualquer obje-
branca em meio ao vermelho da cena. Perceba, também, a outra figura na foto:
to colorido pode ganhar destaque trata-se de um ator coberto com figurino preto que, pelo fato de estar sem um
nesse contexto que retrata uma foco, pode dar a impressão de ser uma sombra. Bob Wilson costuma criar um
cena em preto e branco. jogo milimétrico de luz e sombras, com poucos elementos cenográficos que apa-
recem no palco, produzindo contrastes visuais que captam a atenção do público.
Atividade Com cuidado, ele escolhe as cores dos figurinos e das luzes para gerar sensações
complementar e sentidos para a plateia.
Proponha aos estudantes uma pes-
© Imago/ZUMAPRESS.com/Imageplus
quisa de imagens de artistas visuais
que fazem composições que pode-
riam ser vistas como uma cena de
Bob Wilson. Os resultados podem ser
compartilhados e discutidos com a
turma.
104
104
As peças de Bob Wilson apontam para um tipo de encenação que realça a Preparação
importância do diretor, alguém que olha a cena de fora, manipulando seus ele- Caso sua escola não disponha de
mentos. Perceba como os atores fazem parte dessa composição. Abaixo, vemos tecidos lisos e grandes o suficiente
elementos da caixa preta, tecnologias da cena que Bob Wilson usa para criar a para a prática, verifique entre os estu-
atmosfera de seus espetáculos. A partir do que foi visto até aqui, exercite seu dantes quem pode levar esse material
olhar de encenador. para a aula e emprestar para a turma.
• Como você faria uso desses recursos para criar uma cena com forte impacto Vocês também precisarão de lanternas
visual? (uma para cada grupo, pelo menos).
Se houver mais, é bom, pois amplia
lapandr/Shutterstock.com
Oleksandr Nagaiets/Shutterstock.com
as possibilidades de jogo e de criação.
Orientações
A resposta para a pergunta
que aparece no início da página é
pessoal. Explique à turma que os re-
fletores podem ter luz branca ou co-
lorida e podem ser posicionados de
diferentes formas, em várias alturas
Os recursos de iluminação, com diferentes tipos de refletores e Mesmo numa peça sem cenário, é possível criar ambientes e
cores, permitem criar inúmeros efeitos cênicos. Rússia, 2017. efeitos usando a iluminação cênica. Ucrânia, 2016. e direções, o que permite a criação
de focos de luz. As alturas das va-
ras de luz e a intensidade de cada
refletor também podem ajudar na
composição cênica.
Investigando silhuetas Antes de dividir os grupos para o
Como você viu nos trabalhos de Bob Wilson, o jogo entre luz e sombra permite criar imagens e perso- início da prática, organize um breve
nagens que se apresentam para o público por meio da forma da silhueta. Esse recurso pode ser explorado aquecimento corporal. O foco são as
usando diferentes materialidades: desde objetos até o próprio corpo humano.
articulações do corpo. Vocês podem
Vamos dividir a turma em três grupos para realizar uma investigação prática de sombras e silhuetas.
girar as articulações, oito vezes para
Cada grupo precisará providenciar um tecido grande e liso, sem estampa, no qual irá projetar as som-
cada lado, dos dois lados do corpo:
bras, além de uma ou mais lanternas, se possível.
pés, joelhos, articulação coxofemoral,
1 Primeiro, vamos explorar a silhueta dos corpos. Para isso, vocês podem fazer uma lista de gestos e cintura, ombros, cotovelos, punhos,
posturas feitas com o corpo, de acordo com as emoções e os sentimentos que querem expressar. dedos, pescoço.
Individualmente, uma pessoa por vez, deve escolher e fazer uma pose da lista para que todos do grupo Na primeira parte do exercício, es-
observem a silhueta criada. timule os grupos a explorar posturas
Investiguem como é possível detalhar melhor cada pose, de acordo com o significado que ela quer corporais expressivas, com poses rea-
apresentar. listas e não realistas. Depois, individual-
Depois, em duplas, façam uma sequência de poses e observem como elas criam relações para quem mente, eles devem refinar as poses.
as assiste.
Durante a etapa do trabalho em
2 Agora, vamos fazer uma investigação de silhuetas criadas por objetos e outros elementos inanimados. duplas, as demais pessoas do grupo
estarão no papel de público. Enfati-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Usem elementos disponíveis dentro e fora da sala de aula, e tragam objetos de casa. Pesquisem como as
silhuetas desses objetos se comportam quando vocês mexem com a fonte de luz. É possível aproximar, ze essa relação. Para quem está “em
DA EDITORA DO BRASIL
afastar, piscar, enfim, encontrar possibilidades e diferentes ângulos de iluminação. Os objetos podem cena”, o que muda ao saber que está
ser explorados individualmente ou em grupo. sendo observado? Para quem assiste,
Mesmo que a finalidade dessa prática não seja criar uma cena, percebam como a movimentação da que impressões as poses e silhuetas
fonte de luz pode gerar ação nas silhuetas. provocam?
Ao final, cada grupo pode fazer uma seleção de imagens que queira compartilhar com toda a turma. Na etapa de explorar a silhueta de
Depois, façam uma roda e conversem sobre os processos de cada grupo e suas experimentações. objetos, o manuseio das lanternas
deve ser feito de modo que crie efei-
105 tos com as sombras de acordo com a
distância, o ângulo etc. Após as eta-
pas de exploração, peça aos grupos
que selecionem momentos que quei-
Foco na BNCC ram compartilhar com a turma toda.
Depois das apresentações, estimu-
Ao vivenciar práticas que envolvem diferentes le os grupos a explicar os motivos das
formas de dramaturgia e espaços cênicos e
escolhas das imagens apresentadas
experimentar a gestualidade na realização teatral,
são desenvolvidas as habilidades EF69AR27 e abra espaço para quem estava no
e EF69AR29. público expor as sensações a respeito
do que viu. Incentive-os a identificar,
também, as poses semelhantes e os
detalhes que foram percebidos tan-
to nas posturas quanto no uso das
lanternas.
105
Preparação
Destaque algumas silhuetas da
Teatro de sombras
prática anterior, uma de cada grupo,
Teatro Gioco Vita | Fondazione Nazionale della Danza “L’uccello di fuoco” (2004), © Raffaella Cavalieri - Iguanapress
por exemplo, e proponha que a tur-
ma crie uma breve narrativa juntando
essas imagens.
Orientações
A preparação para esta aula foi
pensada para introduzir a construção
de narrativas por meio do teatro de
sombras. Depois de terem explorado
a criação de sombras com o corpo e
os objetos, agora é o momento de
entender as sombras como elemen-
to de narrativas. Ajude a turma a per-
ceber que o teatro de sombras pode
ser uma prática muito elaborada e
eficaz, e não se trata apenas de um
teatro mais infantil ou algo do tipo.
O modo como Bob Wilson e outros
artistas fazem uso das sombras em
cena é prova disso. No repertório do
grupo Sobrevento, é possível perce-
ber diferentes pesquisas sobre o tea-
tro de sombras: desde usar as mãos Cena do espetáculo L’uccello di fuoco (O pássaro de fogo) no Teatro Gioco Vita. Direção: Fabrizio Montecchi. Piacenza, Itália, 2004.
para criar formas de bichos até som-
bras mais elaboradas e controladas Vimos no teatro de Bob Wilson que a iluminação é um elemento amplamente
por mais de um ator-manipulador. explorado pelo encenador. Apesar do uso de diferentes tipos de refletores, inten-
Além disso, o uso de fontes de luz di- sidades e cores, a luz também oferece seu contraponto: as sombras que cria. Ao
versificadas e a combinação de mate- aproveitar esse elemento em suas encenações, o artista dialoga com uma das for-
mas mais simples de se contar uma história: o teatro de sombras. Essa manifes-
rialidades para criar sombras tornam-
tação da linguagem cênica presente em culturas antigas segue sendo recriada por
-se um convite para conhecer melhor
artistas contemporâneos, mantendo-se em diálogo com seu tempo. Uma de suas
essa linguagem. Você pode pedir à
principais premissas é a de que não é necessário ter muitos refletores ou aparatos
turma uma pesquisa sobre o teatro à disposição para que se possa produzir uma boa peça de teatro de sombras. Seu
de sombras chinesas. Isso ampliará o espaço cênico pode ser simples, com o mínimo de tecnologia.
entendimento das tecnologias envol- Todos sabemos que, ao interpor uma das mãos, ou as duas, na frente de
vidas nesse tipo de teatro, passando uma fonte de luz, é possível projetar sombras sobre uma superfície e contar uma
pelo processo de confecção dos bo- história. O teatro de sombras é isso, uma das formas mais antigas de contação
necos até os modos de manipulação
e exibição das histórias.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO de histórias – bastante tradicional na Ásia, em países como Tailândia, Camboja
e Índia. Hoje em dia, o teatro de sombras é feito no mundo todo, com diferentes
DA EDITORA DO BRASIL técnicas e possibilidades.
Surgido em 1986, o grupo Sobrevento, de São Paulo (SP), mantém uma
pesquisa constante da linguagem do teatro de formas animadas, de bonecos e
de sombras. A cortina da babá é um dos seus espetáculos infantis e foi desen-
volvido em parceria com Liang Jun, diretor da Cia. de Arte Popular de Shaanxi
(China), especialista na técnica de sombras, que veio para o Brasil atuar com o
grupo.
106
Foco na BNCC
Ao analisar criações em que a linguagem teatral
se integra a outras linguagens, ao conhecer
e valorizar o trabalho de artistas e grupos de
teatro e ao verificar as variadas funções teatrais
e seus desafios, são mobilizadas as habilidades
EF69AR03, EF69AR24 e EF69AR28.
Assim, cumpre-se o objetivo de investigar as
possibilidades oferecidas pelo teatro de sombras
em propostas contemporâneas.
106
Observe as imagens. Atividade
complementar
Cena do espetáculo A cortina da babá, do grupo Cena do espetáculo A cortina da babá, do grupo
Sobrevento. Ator Marcelo Paixão projetando a forma de um Sobrevento. Ator Marcelo Paixão interagindo com a forma
coelho com as mãos. Direção: Sandra Vargas e Luiz André de uma árvore. Direção: Sandra Vargas e Luiz André
Cherubini. São Paulo (SP), 2011. Cherubini. São Paulo (SP), 2011.
107
107
Orientações
Arô Ribeiro
teatro.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Espetáculo O amigo fiel, do
grupo Sobrevento. Em cena, as
atrizes Giuliana Pellegrini e Liana
Yuri e os atores Daniel Viana e
Agnaldo Souza. Direção: Sandra
Vargas. São Paulo (SP), 2019.
108
108
Em 2019, o grupo Sobrevento estreou outro espetáculo infantil, dessa Bate-papo com o
vez, misturando o teatro de sombras e a manipulação de objetos. O espetácu- professor
lo O amigo fiel conta a história de João, que cuida de um jardim, e seu amigo, Para conhecer outros trabalhos do
que é dono de um moinho. A relação entre eles coloca em cena, entre outros grupo Sobrevento, nos quais são uti-
temas, um debate sobre amizade, individualismo e falta de solidariedade. Esses
lizadas diferentes técnicas do teatro
assuntos podem parecer áridos para o público infantil, mas a encenação optou
de animação, navegue pelo site www.
por utilizar galhos de madeira para criar os bonecos e demais personagens da
sobrevento.com.br (acesso em: 16 jul.
história, propondo um jogo de imaginação a partir de uma situação simples.
2022). Além do teatro de sombras, é
Novamente, a iluminação desempenha um papel importante no espetáculo.
Repare, na imagem, como a luz é utilizada para estabelecer focos, dividindo o
possível conhecer trabalhos com o
espaço cênico, e também como ela cria uma sombra na tela colocada ao fundo teatro de objetos e o teatro de bo-
do espaço. necos, que será tratado mais adiante
Na imagem a seguir, os galhos de árvore são organizados de modo a pro- nesta unidade.
jetar uma figura, de acordo com o ângulo de incidência da luz.
Para aprofundar
Arô Ribeiro
Cenário do espetáculo O amigo fiel, do grupo Sobrevento. O elenco contou com as atrizes Giuliana Pellegrini e Liana Yuri
e os atores Daniel Viana e Agnaldo Souza. Direção: Sandra Vargas. São Paulo (SP), 2019.
109
109
Preparação
O objetivo desta prática é criar uma
história breve para ser encenada por
meio do teatro de sombras. Para isso,
Sombras em cena
é preciso que os grupos elaborem
um roteiro simples que lhes permi- Vimos como o trabalho do grupo Sobrevento se conecta com o de Bob Wilson e como ambos se
conectam com o teatro de sombras tradicional: por meio da investigação da luz e do espaço, elementos
ta explorar as sombras, que poderão
básicos do evento teatral.
ser feitas com objetos, com bone-
Então, vamos embarcar nesse movimento e pesquisar, de maneira prática, modos de contar uma his-
cos, com o próprio corpo e também
tória no teatro de sombras.
pela interação entre atores e atrizes Dividam-se novamente em três grupos. Vocês podem manter os três grupos da prática anterior ou
em cena. Organize uma roda de con- reorganizar a turma.
versa com os estudantes e peça que
identifiquem situações simples do dia 1 A primeira coisa a fazer é criar a sinopse de uma história breve – algo simples, nos moldes de A cortina
a dia, na escola ou na comunidade, da babá –, mas que abra espaço para diferentes usos das sombras. Vocês podem partir de uma situação
que possam despertar o interesse dos do dia a dia, da escola ou do bairro, que possa ser desdobrada em diferentes tipos de sombras e relações
grupos para compor o roteiro. É im- entre elas. Façam uma lista da ordem das cenas que vocês vão criar para contar a história que pensaram.
portante lembrá-los de que a história 2 Na sequência, o grupo pode retomar a exploração da prática anterior e encontrar as opções que fizerem
que vão escrever e contar deve ter mais sentido para a criação e o uso de sombras e silhuetas para compor as cenas. Vocês podem usar
começo, meio e fim bem definidos. diferentes tipos de sombras e fontes de luz.
Você pode sugerir que o roteiro te- Vale experimentar a projeção de luz na frente ou atrás do pano. Também pesquisem os ângulos de
nha quatro momentos: 1) apresenta- incidência e os efeitos possíveis, caso possuam mais de uma fonte de luz ao mesmo tempo.
ção da situação inicial, do lugar e dos A cena de vocês pode conter uma ou mais pessoas interagindo com as sombras e silhuetas criadas e
personagens; 2) algo acontece e as manipuladas pelos colegas do grupo.
sombras tomam parte na cena; 3) in-
3 Ensaiem a cena e apresentem para toda a turma. Se for possível, vocês podem filmar as apresentações.
terações entre sombras e atores, se for
Reúnam-se em uma roda de conversa no final, com toda a turma, para partilhar os processos de cada
o caso; 4) resolução e finalização da grupo, as descobertas, dificuldades, percepções sobre manipulação e sobre as histórias.
cena, que pode contar ou não com a
presença de sombras.
K.Decha/Shutterstock.com
Orientações
Toda a experimentação e as desco-
bertas feitas na prática anterior serão
aplicadas nesta. Os grupos podem
até ser os mesmos, de modo que re-
tomem o material produzido, dando
sentido à história que contarão. Es-
timule a interação entre o ator ou a
atriz e as sombras produzidas. Assim,
as narrativas podem ser mais com-
plexas e apresentar camadas de inte-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
ração e de leitura por parte da plateia.
DA EDITORA DO BRASIL
Se possível, registrem as apresenta-
ções em fotos e vídeos. Esse mate-
rial pode ser compartilhado entre
as turmas. Na roda de conversa, ao
final da atividade, procure destacar
Performance com sombras humanas em palco com fundo iluminado, 2017.
as questões relativas às tecnologias
envolvidas em cada etapa da práti-
ca e o modo como cada grupo lidou 110
com elas: escrever uma história, criar
as sombras, as manipulações, as inte-
rações entre ator/atriz e sombras, a
recepção por parte da plateia. Foco na BNCC
Ao experimentar processos de criação teatral que
compreendem diferentes dramaturgias e espaços
cênicos, vivenciando os desafios envolvidos em
sua composição, são trabalhadas as habilidades
EF69AR27 e EF69R28.
110
Viagem no tempo
Preparação
Todo avanço tecnológico acaba
por ser apropriado pelas linguagens
A iluminação teatral da Arte, oferecendo novas possibili-
Como vimos, ter em mãos apenas uma lanterna já seria suficiente para contar uma história, criar uma dades de criação. O desenvolvimen-
cena e fazer teatro. A luz é um elemento que nos permite muitas experiências cênicas, mas sua presença to dos recursos de iluminação para
nos palcos e espetáculos passou por diversas etapas e segue em transformação. a cena pode ser visto como um
Na origem do teatro ocidental, na Grécia antiga, por volta do século V a.C., as encenações eram rea- exemplo das transformações profun-
lizadas nos teatros que ficavam nas encostas das montanhas e a luz natural era a única disponível para das pelas quais o teatro passou ao
iluminar as tragédias e comédias. longo de sua história. As inovações
técnicas que chegam às artes da cena
ampliam suas possibilidades expressi-
vas e se abrem para o surgimento de
Caio Boracini
novas linguagens. O fato de um even-
to teatral deixar de depender da luz
natural, por exemplo, implica o surgi-
mento de novos formatos e de novas
explorações espaciais. Destaque-se,
ainda, que um recurso tecnológico
novo não elimina o uso de outro mais
antigo, já que qualquer tipo de ilumi-
nação pode ser utilizado atualmente.
Não existem recursos melhores ou
piores, e seus usos se relacionam com
a estética que se deseja explorar em
cena.
Representação de um teatro
da Grécia Antiga.
Orientações
A proposta é perceber um ele-
As apresentações começavam com o nascer do sol mento teatral, a iluminação, como
e seguiam até a noite. Havia uma preocupação de uma tecnologia em constante trans-
que a construção dos teatros seguisse a orien- formação ao longo da história. Você
tação do Sol para que se obtivesse o máximo pode convidar o professor de História
de aproveitamento da luz.
para um breve resgate histórico de
Mais tarde, na Idade Média (476-1492
cada período contemplado no texto.
d.C.), a igreja era o local que abrigava certo
Outra possibilidade é explorar a no-
tipo de expressão teatral, os dramas litúr-
ção de tecnologia presente em cada
gicos, e a iluminação fazia uso dos vitrais
dessas construções para criar algum efei-
momento em estudo, de modo que
to cênico. amplie a visão da turma para esse
Caio Boracini
Foco na BNCC
Ao identificar a função da iluminação na
realização cênica, é desenvolvida a habilidade
EF69AR26.
Ou seja, cumpre-se o objetivo de compreender,
pelo viés da iluminação teatral, como cada época
desenvolveu as suas tecnologias e as utilizou
como recurso de cena.
111
Para saber mais Quando o teatro volta a ser apresentado nas ruas e arredores das igrejas ou praças, a luz natural
O livro Função estética da luz (Pers- novamente passa a ser a principal fonte. Algumas apresentações eram realizadas nos castelos e em ta-
pectiva, 2012), escrito por Roberto Gill vernas. Nesses casos, a iluminação era feita com tochas e archotes.
Camargo, complementa o percurso
exposto nesta Trilha e permite uma
ampliação do entendimento a res-
peito do papel da iluminação teatral.
Caio Boracini
Archotes.
Passando pelo Renascimento, por volta do século XVI, o teatro volta a ser feito em ambientes fecha-
dos. Nesse período, e por muito tempo, as velas eram a única opção de sistema de iluminação disponível.
Os teatros possuíam grandes janelas que eram abertas para a entrada de luz nas apresentações vesper-
tinas. À noite, um grande número de velas garantia visibilidade precária para as apresentações. Grandes
candelabros ficavam suspensos e iluminavam tanto o palco quanto a plateia.
Havia uma equipe responsável por trocar
as velas entre um ato e outro da peça.
Esse sistema, utilizado durante os
séculos XVII e XVIII, trazia riscos
para as pessoas, em razão do
Ilustrações: Caio Boracini
112
112
Ainda que esse tipo de iluminação fosse Orientações
instável, de difícil controle e sem foco, nesse A busca pelo uso de cor na ilu-
período começaram a ser pensadas formas minação é antiga. Você pode pro-
Caio Boracini
de ocultar a luz. Surgiram as ideias de ribalta, por uma pesquisa sobre a teoria das
arandela, contraluz e luz lateral. Existem des- cores de acordo com Leonardo da
crições de experimentos com garrafas de vidro Vinci, Isaac Newton e Goethe, além
com líquido colorido para tentar criar efeitos e de outros estudiosos que se dedica-
do uso de objetos de metal, como bacias e ban- ram a esse tema. É possível pesquisar,
dejas, usados como superfícies refletoras.
também, a diferença das cores quan-
O surgimento da iluminação a gás e seu
do são usadas na iluminação ou na
uso dentro da sala de espetáculos, por volta
forma de tintas e pigmentos. As duas
de 1850, trouxe algumas conveniências para
situações são maneiras diferentes de
o evento teatral: mais intensidade de luz, pos-
sibilidade de regulá-la, fachos mais estáveis,
compor algo com o uso das cores.
controle centralizado da iluminação e efeitos
individualizados, que viabilizavam isolar cenas.
Ao mesmo tempo, ainda não era o sistema de
iluminação ideal, pois o cheiro era forte dentro Mecanismo rudimentar para gerar luz colorida.
da sala de espetáculo, podendo causar intoxi-
cação. Também se produzia muita fuligem e ainda havia o perigo de incêndios e explosões. Nesse pe-
ríodo, era obrigatória a presença de um funcionário chamado fiscal de fogo para garantir a segurança.
No final do século XIX, com o advento da luz elétrica, a iluminação teatral começou a ser pensada
como elemento artístico. As luzes usadas na parte de baixo do palco eram chamadas de ribalta, e as
gambiarras eram as luzes que ficavam suspensas acima e lateralmente.
Atualmente, a palavra “gambiarra” apresenta diversos significados. Um deles tem o sentido de
improviso, de algo malfeito ou precário. Mas, no sentido teatral, trata-se de uma extensão com diversas
lâmpadas, algo parecido com aquelas usadas na decoração de Natal e em outras cerimônias. Essa exten-
são pode ser feita com luzes coloridas ou todas da mesma cor.
Caio Boracini
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DA EDITORA DO BRASIL
Ribalta de velas.
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Bate-papo com o Somente a partir de 1879, começou-se a apagar a luz da plateia, colocando o foco no que acontecia
professor no palco. A partir daí, a iluminação deveria estar a serviço da cena.
Converse com a turma sobre como As descobertas e transformações tecnológicas do século XX beneficiaram e ajudaram a expandir
a iluminação cênica se transforma os elementos da iluminação cênica. O surgimento do ciclorama alterou a estrutura do palco e, com a luz,
ajudou a criar o efeito de infinito. Outros elementos cênicos, como cenário e figurinos, também sofreram
com o uso de recursos aparentemen-
alterações, já que a luz elétrica revelava de maneira mais nítida a tridimensionalidade das coisas. Aos
te simples, como a ideia dos líquidos
poucos, refletores coloridos também passaram a compor o sistema de luz da caixa preta.
coloridos para inserir cores em cena.
Cada época inventa sua tecnologia.
Com a chegada da iluminação elé-
trica aos teatros, multiplicaram-se as
Caio Boracini
possibilidades de criação e de com-
posição cênica por meio da luz. Para
colocar cor em refletores elétricos, fo-
ram desenvolvidos filtros coloridos
resistentes ao calor, chamados gela-
tina. A manipulação de refletores por
atores e atrizes em cena é um recurso
explorado por muitos artistas e ilumi-
nadores, estabelecendo um jogo com
a teatralidade desse elemento.
Refletor.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL Caio Boracini
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Outro elemento que permite um controle mais apurado da iluminação de uma peça é a mesa de con- Bate-papo com o
trole. Essas mesas de luz foram se aprimorando e funcionam por meio de comandos que permitem acender professor
e apagar, regular a intensidade e, em alguns casos, mudar a cor dos refletores em uso durante a cena. Depois de percorrer a história da
iluminação, incentive os estudantes a
Caio Boracini
Atividade
complementar
Proponha à turma uma atividade
de campo virtual com o objetivo de
conhecer melhor um sistema de ilu-
Mesa de controle.
minação teatral contemporâneo e
Para cada espetáculo, o iluminador cria um mapa de luz de acordo com sua perspectiva estética e sua composição na caixa preta. Orga-
com as possibilidades técnicas, distribuindo os tipos de refletores disponíveis no espaço onde a peça nize uma visita interativa ao Theatro
será apresentada. Municipal, localizado em São Paulo
(SP), para a observação e tomada de
Caio Boracini
notas. O recurso encontra-se disponí-
vel em: https://theatromunicipal.org.
br/pt-br/visita-interativa/ (acesso em:
22 jul. 2022). Oriente os estudantes
para prestarem atenção à parte do
passeio que mostra a iluminação do
palco e a estrutura da caixa preta. Eles
podem elaborar um relatório sobre o
que viram e, posteriormente, discu-
tir com a turma suas descobertas e
impressões.
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DA EDITORA DO BRASIL
Exemplo de mapa de luz.
Agora que você conhece um pouco da história da iluminação teatral, que tal pesquisar o surgimento e
a transformação de outros elementos cênicos? Caso precise de dicas ou mais orientação, peça a ajuda do
professor de História. Ele pode recomendar fontes de pesquisa e compartilhar curiosidades sobre o tema.
115
115
Preparação
A partir deste momento, a aborda- Manipulação, tecnologia
gem da tecnologia, embora continue
presente nos elementos do espaço
e teatralidade
cênico, passa a ser focada na ideia de Agora, vamos pensar sobre a ideia de tecnologia relacionada à manipula-
manipulação, ou seja, torna-se uma ção dos elementos cênicos para o planejamento de uma encenação. Uma peça
de teatro vai se desenvolvendo ao longo de um tempo no qual a sala de ensaio
ação. Para introduzir esse tema com a
torna-se um verdadeiro laboratório. Cada cena, personagem, figurino, maquia-
turma, faça uma breve análise do que
gem, luz, cenografia, trilha sonora e objetos de cena podem ser inventados,
foi visto e vivenciado até aqui.
testados e transformados durante a etapa de elaboração de um espetáculo. A
Monte uma coleção de imagens de imaginação pode ser exercitada como ferramenta tecnológica de criação, não
fotógrafos lambe-lambe e de retratos apenas artística, mas de modo geral em nosso dia a dia. E quando não dispo-
em preto e branco. Apresente esse mos de meios tecnológicos para realizar determinado projeto, podemos inventar
material à turma e perceba como li- dispositivos com materiais alternativos que estão ao nosso alcance. De modo
dam com ele, que questões surgem, criativo, solucionamos as necessidades de expressão de um evento cênico.
que histórias se relacionam com ele
etc. Ao final, coloque a questão: O que
essa prática tem a ver com teatro? É
Teatro lambe-lambe
provável que as respostas se relacio- A cearense Denise Di Santos e a baiana Ismine Lima são duas artistas,
nem mais com o aspecto da imagem educadoras e bonequeiras que apresentam seus trabalhos nas escolas, ruas e
praças de Salvador (BA).
do que com o artefato em si. Aprovei-
te para expandir a discussão.
116
Em 1989, elas precisaram criar um trabalho que as ajudasse a desmistifi- Atividade
car a história da cegonha que trazia os bebês. Para isso, criaram uma boneca complementar
de espuma para uma peça que teria a cena de um parto natural. A dupla de Convide os estudantes a pesqui-
bonequeiras logo percebeu que, por se tratar de um tema íntimo, o ideal seria sar a história da fotografia, desde o
apresentar a história em um lugar com mais privacidade. Foi então que se lem-
daguerreótipo, passando pelas má-
braram dos fotógrafos lambe-lambe, também conhecidos como fotógrafos de
quinas portáteis, analógicas e digitais
jardim. Tal qual a iluminação cênica, a fotografia foi criada e realizada de dife-
e pelos processos de revelação e im-
rentes formas ao longo da história. Os fotógrafos lambe-lambe trabalhavam em
pressão de imagens, podendo che-
espaços públicos utilizando uma câmera que parecia um caixote, contendo um
laboratório agregado e um pano preto onde se posicionavam para tirar a foto e
gar até a linguagem cinematográfica.
depois revelá-la. Organizem uma linha do tempo que
Não existe uma versão única para explicar o nome desse tipo de fotogra- pode ficar exposta na escola para to-
fia. Ela não está associada à colagem de imagens em paredes, que também se das as turmas, despertando o interes-
chama lambe-lambe, pois nesse caso o nome refere-se ao uso de um tipo de se pelo assunto.
cola típica dessa técnica.
Uma versão diz que o nome fotografia lambe-lambe é devido ao fato de que
os fotógrafos precisavam lamber a placa de vidro que era usada como negati-
vo para escolher o lado em que iriam colocar a emulsão fotográfica. Pode ser,
também, que o nome venha da ação dos fotógrafos de lamber os envelopes que
continham as fotos produzidas para fechá-los antes de entregar aos clientes.
Dizem, ainda, que o nome era lambe-lambe porque os clientes lambiam as mãos
para depois arrumar os cabelos antes de tirar as fotos.
Mas voltando às necessidades teatrais da dupla de artistas, o desafio foi
reduzir tudo o que acontece em um teatro para caber dentro de uma caixa.
Os fotógrafos lambe-lambe
Cenografia, iluminação, personagens, tudo foi desenvolvido em escala menor,
surgiram no começo do
transpondo cada elemento e suas tecnologias para possibilitar a realização da século XX e tiveram seu ápice
cena. Assim, estava criado o teatro lambe-lambe! nas décadas de 1940 e 1950.
Roma, Itália, 2015.
Stefano Carocci/ Alamy/ Fotoarena
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117
Para saber mais Observe a imagem.
A Cia Andante, de Canelinhas (SC),
Zé Paiva/Pulsar Imagens
também se dedica ao teatro lambe-
-lambe e desenvolveu um projeto
que produz revistas especializadas
no assunto. Você pode acessar e
baixar os exemplares disponíveis
em: https://www.cia-andante.com.
br/revista-lambe-lambe (acesso em:
16 jul. 2022).
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118
Nas fotos abaixo, vemos que o formato da caixa não segue um padrão e vai Para aprofundar
se adequando de acordo com a necessidade e com a história que a caixa conta. O grupo Girino é uma companhia
Como a experiência é sintética, é comum que o formato e o lado de fora de de teatro de Belo Horizonte com
uma caixa de lambe-lambe tragam informações do universo e da história que muitos anos de pesquisa no teatro
ela carrega. Formatos diferentes pedem soluções diferentes por parte dos cria- de bonecos e no teatro de animação.
dores e manipuladores, que se dedicam a pesquisar elementos e técnicas que O Girino também é responsável pela
os ajude a contar determinada história. Isso faz com que o teatro lambe-lambe realização do Festival de Teatro em
tenha um formato democrático de elaboração e apresentação teatral. As caixas Miniatura (Festim), que reúne espe-
podem ser feitas de modo simples ou mais elaborado. Tudo depende do reper-
táculos de teatro em miniatura e de
tório e da intenção de cada artista no momento de criar sua caixa.
teatro lambe-lambe. Confira o site
do festival: http://www.festim.art.br
Davi Ribeiro/Folhapress
(acesso em: 16 jul. 2022) e conheça
variadas possibilidades de espetácu-
los lambe-lambe, diversos artistas e
grupos e outras atividades formativas.
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DA EDITORA DO BRASIL
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119
Preparação
Bruno Rudolf
Antes de iniciar o desenvolvimen-
to do tópico “Bunraku”, pode ser inte-
ressante pesquisar e retomar com os
estudantes outros tipos de teatro de
bonecos, destacando o modo como
eles são construídos e manipulados.
de boneco, provoque a turma a refle- A caixa “Gato negro”, da artista argentina Gabriela Cespedes, por exemplo,
tir sobre a teatralidade gerada pela mistura manipulação por varas com manipulação direta e projeção de vídeo. Na
presença do manipulador em cena. imagem abaixo, temos o ponto de vista do espectador que assiste ao espetáculo.
Atividade
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120
Werner Forman/Universal Images Group/Getty Images
Preparação
Repita o aquecimento corporal já
feito anteriormente com a turma. O
foco são as articulações do corpo. Vo-
cês podem girar as articulações, oito
vezes para cada lado, e os dois lados
do corpo: pé direito e pé esquerdo,
joelhos, articulação coxofemoral, cin-
tura, ombros, cotovelos, punhos, de-
dos e pescoço. Uma breve conversa
sobre respeitar o corpo do colega e
também os próprios limites pode ser
um bom momento para definir acor-
dos entre todos da turma.
Cena de um bunraku.
Orientações
Observe que, em relação ao boneco, os titereiros ficam no mesmo nível, ou Osaka, Japão, 1980. A resposta para a pergunta dessa
seja, ficam visíveis para o público. Mas apenas o titereiro-chefe pode aparecer página é pessoal, mas espera-se que
com o rosto descoberto. Os outros dois usam um figurino todo preto, inclusive os estudantes reconheçam que a pre-
uma espécie de máscara para esconder o rosto. sença dos manipuladores em cena
• Na sua opinião, como esse modo de manipulação, em que a presença do evidencia, a todo momento, que es-
manipulador fica evidente no palco, interfere em nossa percepção da cena? tamos diante de uma apresentação.
A sintonia entre os três titereiros é o que garante a beleza do bunraku e Quanto à prática, após definir os
o realismo na movimentação dos bonecos. Eles precisam estar muito conec- grupos e o papel de cada estudan-
tados e ensaiar bastante, pois nesse tipo de teatro não há muito espaço para te, reserve um tempo para que cada
improvisar. manipulador possa explorar seu lado.
Isso é importante também para quem
está no papel de boneco, para que
entenda o toque e os comandos de
cada lado do corpo. Você deve acom-
Jogo teatral: manipular e ser manipulado panhar cada grupo para que os estu-
Vamos utilizar a técnica de manipulação direta do teatro de bonecos para experimentar uma forma de dantes tenham cuidado entre si na
expressão cênica, jogando com a linguagem dos bonecos a partir de movimentos do corpo. manipulação. Deixe nítido que se tra-
ta também de um exercício de con-
1 Formem grupos de seis integrantes. Dois farão o papel de bonecos. Quatro serão seus manipuladores,
fiança. Todos devem experimentar as
dois para cada boneco. Um comanda o lado direito, braço e mão, e o outro, os mesmos membros do lado
esquerdo. A cabeça e o tronco podem ser comandados pelos dois manipuladores, revezando-se entre si.
duas funções.
Quem estiver no papel do boneco deve confiar nos manipuladores e experimentar deixar cabeça, tronco Dependendo do andamento da
e membros serem, de fato, manipulados. Um dos manipuladores também fará a voz do boneco. turma, é possível sugerir pequenas
ações a partir de uma música de fun-
2 Cada manipulador deve explorar um pouco o membro que vai manipular, movimentando-o com cuidado do. Na roda de conversa, estimule os
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
e estudando como funcionam as articulações pelas quais será responsável. estudantes a registrar o que lhes cha-
3 DA EDITORA
Depois, sempre com cuidado e respeito, DO BRASIL podem explorar situações simples como
os manipuladores ma a atenção e que pode ser usado
sentar, levantar, caminhar, escrever uma carta, tirar uma foto etc. em algum trecho do relato da expe-
riência, que deve ser feito por escri-
4 Todos os integrantes do grupo devem se revezar nos papéis de boneco, manipulador e voz. to. Essa proposta de escrita pode ser
No final, vocês podem conversar sobre as sensações de quando manipularam, de quando foram mani- destacada por você como uma ação
pulados e de terem feito as vozes dos bonecos. Depois, escrevam um pequeno texto relatando a experiência. de manipulação do lápis ou da caneta
pelos estudantes. Além disso, é possí-
121 vel conversar sobre toda a tecnologia
envolvida nessa ação: desde a fabri-
cação do papel, da caneta ou do lápis
até a tecnologia corporal, muscular,
Avaliação formativa óssea e cognitiva presente no ato de
Durante toda a Trilha, é importante averiguar o progresso escrever.
Foco na BNCC
dos estudantes na apropriação de conhecimentos e compe-
tências, considerando também seu engajamento nas práticas, Ao experimentar processos de criação que
possibilitam vivenciar um tipo específico de
postura adotada em trabalhos colaborativos e capacidade
dramaturgia, é trabalhada a habilidade EF69AR27.
de comunicação, entre outros aspectos. Esse levantamento
e análise pode ajudar no planejamento das próximas aulas e
na adaptação das propostas para o perfil da sua turma e dos
seus estudantes. Perceba, ainda, se foi possível expandir a
noção da tecnologia para além dos dispositivos desenvolvi-
dos pela indústria.
121
Orientações
Manipulação como código do teatro
Como forma de introduzir o assun-
to desta página, você pode convidar
contemporâneo
dois estudantes para manipularem- A manipulação de bonecos em cena é um elemento de teatralidade explo-
-no enquanto você apresenta as infor- rado de diferentes maneiras pelos encenadores. Um exemplo dessa apropriação
mações iniciais. Movimentos de bra- da técnica pode ser visto no espetáculo Tambores sobre o dique (no original,
Tambours sur la digue), da companhia francesa Théâtre du Soleil (Teatro do Sol).
ços, ombros, cabeça e mãos podem
acompanhar a sua explicação. • Como você descreveria a imagem abaixo?
A partir do exemplo do espetácu- A história da peça foi baseada em fatos reais e nos conta que uma grande
lo da companhia Théâtre du Soleil, inundação ameaça os moradores de uma pequena cidade, destruindo os diques
estimule a turma a pensar e conver- que a protegem. A encenação se apropria de diferentes elementos do teatro
oriental e a manipulação dos bonecos do bunraku é utilizada como jogo cêni-
sar sobre a ideia de pesquisa artística,
co. Na peça, atores e atrizes em cena atuam como se fossem bonecos, sendo
que enxerga o teatro como laborató-
manipulados o tempo todo por outros atores e atrizes que usam um traje preto,
rio prático de experiências cênicas.
sempre com muito treino técnico e ensaio, realizando toda movimentação e
O exemplo mostra-nos o resultado gestualidade com precisão. O trabalho corporal se estende à ação dos atores
de uma pesquisa de linguagem que manipuladores que desenvolvem uma espécie de coreografia com os persona-
resgata uma expressão teatral para gens que manipulam, como podemos notar na foto abaixo.
ser explorada, criando outros senti-
dos mais conectados com o nosso
tempo. Novamente, o tema da tea-
tralidade se evidencia tanto no sen-
122
122
© Michèle laurent
Orientações
A resposta para a pergunta do livro
é pessoal. Permita que os estudan-
tes imaginem um espetáculo apenas
com bonecos, ou também com atores
atuando como bonecos. Se possível,
promova uma roda de conversa para
compartilhamento das obervações.
Para aprofundar
Assista a um trecho do making of
do documentário sobre a filmagem
da peça Tambores sobre o dique, de
2002. No vídeo, disponível em https://
youtu.be/uwG7jukHEHM (acesso em:
16 jul. 2022), é possível observar de-
talhes da filmagem e do trabalho dos
artistas, tanto em cena quanto nos
bastidores, além de conferir o pro-
cesso de ensaiar uma cena repetidas
vezes e o jogo entre personagens e
manipuladores em cena. Os elemen-
tos da cenografia, da iluminação, da
Outra cena do espetáculo Tambores sobre o dique, da companhia francesa Théâtre du Soleil.
Direção: Ariane Mnouchkine. Paris, França, 1999.
trilha sonora e dos figurinos também
são destacados no making of.
O efeito cênico alcançado com essa escolha da encenação é ampliado pe-
los trajes e pelas cenografias usados durante a peça, criando uma atmosfera
oriental. Desse modo, vemos uma técnica tradicional do teatro de bonecos ser
apropriada pelo teatro contemporâneo como um procedimento artístico. Nas
propostas atuais, esse tipo de apropriação é comum e não envolve apenas co-
nhecimentos ligados à arte.
A pesquisa de linguagem é um traço marcante do Théâtre du Soleil e esse
trabalho rendeu prêmios importantes para a companhia. Criada em 1999, a
peça foi transformada em filme em 2002. O processo de filmagem do espetá-
culo foi registrado em um documentário, adicionando mais um ponto de vista a
ser trabalhado pelo elenco, que deveria fazer a cena para as câmeras.
Como temos visto, o teatro atual, em conexão com a cultura mundial glo-
balizada, tem liberdade para utilizar técnicas tradicionais das artes da cena e
ressignificar seus procedimentos. Quando o Théâtre du Soleil apresenta uma
criação com atores inspirada no bunraku, lança um novo ponto de vista sobre
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
essa tradição. Essa opção estética provoca o público a refletir sobre a própria
essência do teatro, uma linguagem que se dá por convenção, isto é, toda apre-
DA EDITORA DO BRASIL
sentação teatral ocorre por meio de um acordo entre público e artistas. Expli-
cando melhor: quando um ator sob um foco de luz diz que está tomando sol,
ninguém da plateia questiona que aquela luz não é um raio de sol – o público
aceita o jogo cênico dos atores.
• Se você fosse produzir um espetáculo com manipulação de bonecos, como
ele seria?
123
123
Preparação
Convide a turma a experimentar,
de forma prática, uma pesquisa cêni-
ca. Retomando a prática anterior, caso Atores como bonecos construindo a cena
seja possível e haja interesse, leve ví- A partir do treinamento realizado na prática anterior, é hora de experimentar como essa opção estética
deos com trechos de apresentações – dos atores como bonecos – pode produzir significados para quem a assiste. Formem grupos e sigam os
de bunraku. Esse recurso pode apro- passos abaixo.
ximar os estudantes desse universo
teatral e inspirar pontos de pesquisa 1 Quantas pessoas do seu grupo se dispõem a atuar como boneco? Quem se disponibiliza para o papel
para além da manipulação: a sono- de manipulador? Após definirem a função de cada um, criem uma cena curta, que mostre uma situação
de relação entre dois bonecos. É importante que alguém registre a dramaturgia da cena, colocando as
ridade da música e do texto recitado,
falas e as ações de cada boneco. A cena não deve conter apenas diálogo, mas incluir ações físicas ou
por exemplo.
até objetos a serem manipulados.
Orientações 2 Para ensaiar e obter um resultado convincente, é importante entender com bastante clareza cada uma
Esta prática retoma a anterior e das partes da cena escolhida. Como ela começa, se desenvolve e termina?
propõe um desdobramento. Auxilie Vejam, a seguir, um exemplo do início de uma cena dividido por ações.
na divisão dos grupos para que seja • A cena começa quando o personagem X entra no palco e senta-se em uma cadeira.
possível o exercício com dois bone-
• O personagem Y surge do outro lado, acena para X e começa a caminhar em sua direção.
cos, seus manipuladores e uma ou
duas pessoas para cuidar da drama- • Começa um diálogo: Texto do diálogo.
turgia. A pesquisa prática tem como • X se levanta e começa a gesticular enquanto caminha. E assim por diante...
objetivo a criação da cena. Cada eta- De acordo com o exemplo, podemos entender que cada um desses momentos requer ações de manipulação
pa da cena (a escolha das ações que do corpo da atriz ou do ator que estará em cena.
melhor possibilitam a exploração
3 Feita essa separação da cena em forma de lista de ações, é necessário que o grupo crie coletivamente
dos movimentos e da manipulação,
movimentos específicos de manipular e ser manipulado para cada item descrito.
o registro das ações e as decisões que
gerarão a dramaturgia) faz parte da 4 Definidas as movimentações de cada uma das partes, é hora de realizar ensaios, ou seja, treinar os
pesquisa prática. É interessante que movimentos até que adquiram ritmo e precisão.
você reforce essa característica de
5 Terminada a etapa de ensaios, organizem a sequência de apresentações dessas cenas para toda a turma.
tempos em tempos para os grupos.
Se possível, registrem as apresentações em fotos e vídeos.
Depois de criadas e ensaiadas as ce-
Ao final, é importante que cada grupo entenda como sua cena foi recebida pela plateia. Como a mo-
nas, caso tenha exibido os exemplos vimentação dos bonecos-atores
de bunraku, em vídeo, você pode
kokouu/iStockphoto.com
interferiu nos significados da cena?
retomar a questão das sonoridades Como uma ação simples em que
e propor que pesquisem modos de dois personagens conversam, por
colocar o texto em cena a partir do exemplo, ganha novos sentidos a
que assistiram. Atenção: por se tratar partir da presença dos “manipula-
de uma sonoridade distante da nossa dores” em cena?
realidade, pode ser que cause estra-
nhamento, em um primeiro momen-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
to, gerando reações negativas. Cuide
para que a turma perceba e respeiteDA EDITORA DO BRASIL
as diferenças artísticas e temporais.
Coloque o foco no modo como as
sonoridades se expressam e desafie A movimentação dos bonecos-atores
os grupos a produzir algo que se co- deve ser feita com cuidado e gentileza.
Japão, 2015.
munique com a nossa realidade. O
viés da pesquisa deve ser mantido.
Na etapa das apresentações, oriente o 124
registro de cada cena. Esses registros
podem ser socializados no momen-
to da discussão final do processo, as-
sim como as reações do público para Foco na BNCC
cada cena.
Esta prática permite a investigação da
gestualidade e de construções corporais,
desenvolvendo a habilidade EF69AR29.
124
Preparação
O Contraponto convida-nos a
perceber como a nossa convivência
Tecnologias de um passado recente com artefatos tecnológicos vai além
Conforme pudemos perceber, é bastante comum que espetáculos teatrais da atualidade utilizem da função que eles desempenham.
tecnologias que já existem há certo tempo e que chegam até nós por diferentes vias. Os aparelhos e demais objetos que
Experimente um breve exercício: faça uma lista de objetos que você tem na sua casa e que, no seu mantemos conservados, mesmo de-
entendimento, reconhece a presença da tecnologia. Entre esses objetos, quantos e quais são de outra pois de serem substituídos por outros
época? Quantos e quais objetos pertencem aos seus pais ou avós e não são mais usados porque foram mais recentes, fazem parte da me-
substituídos por objetos mais modernos? Tente imaginar quantas histórias esses objetos possuem (ou mória individual e coletiva. As tecno-
peça a seus familiares que as relatem). E quantas outras histórias eles podem ajudar a contar? logias são formas de comunicação e
Muitas de nossas memórias estão relacionadas a objetos que fizeram parte de algum evento de carregam símbolos de uma época. A
nossa vida. Um brinquedo que era o preferido na infância, mas logo veio outro brinquedo, mais moderno, máquina de escrever, por exemplo,
que se tornou o novo brinquedo favorito, e assim por diante. O ser humano, suas memórias e relações tornou-se um signo para uma série de
são temas recorrentes no teatro, colocados e discutidos em cena de diversas maneiras. Não importa se a
sentidos, um objeto que se abre para
encenação é grandiosa ou simples. O teatro é feito por pessoas e para pessoas, ou seja, independente-
diversas interpretações, dependendo
mente da dimensão, o teatro é um encontro de humanidades.
do contexto em que está. Os estudan-
A Cia. Luna Lunera, de Belo Horizonte (MG), é fruto de um curso profissionalizante de teatro – fala-
remos das profissões na área de teatro mais adiante. Trabalhando a partir de notícias de jornal e textos
tes, nativos digitais, provavelmente
em prosa, em 2007, o grupo criou o espetáculo Aqueles dois. O ponto de partida foi o conto de mesmo não convivem com esse objeto. Con-
nome do escritor brasileiro Caio Fernando Abreu (1948-1996), além de depoimentos dos atores. verse com a turma para mapear como
Observe a imagem a seguir. eles percebem objetos dessa nature-
za, como a televisão de tubo ou o te-
Diego Pisante
lefone com disco. Tecnologia também
é linguagem e pode ser uma porta de
entrada para o mundo da arte.
Orientações
A resposta para as perguntas do
livro são pessoais. Na primeira per-
gunta, os estudantes podem citar as
luminárias, as máquinas de escrever, o
telefone com fio e o monitor de com-
Cena do espetáculo Aqueles putador.
dois, da Cia. Luna Lunera,
com os atores (da esquerda
para a direita) Cláudio Atividade
Dias e Rômulo Braga. Belo
Horizonte (MG), 2007. complementar
Peça aos estudantes que criem
• Que elementos do cenário você identifica? Algum desses objetos aparece na lista que você fez uma cena curta de uma situação em
anteriormente? que a tecnologia seja um elemento
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
A peça conta a história da relação entre Raul e Saul, dois funcionários de uma repartição pública.
Como a história tem apenas dois personagens, os quatro atores se alternam nesses papéis e também
determinante da dramaturgia. Peça
também que pensem como a tecno-
DA EDITORA DO BRASIL
sugerem outros personagens que eventualmente aparecem na história.
logia pode interferir em uma situação
Em alguns momentos, dois atores fazem o personagem Raul ao mesmo tempo, e o personagem
entre os personagens, por exemplo.
Saul também é interpretado simultaneamente pelos outros dois atores. Essa multiplicação dos persona-
gens possibilita um jogo com cenas concomitantes, organizadas de forma a revelar diferentes traços das
personalidades desses personagens. Esse jogo permite, ainda, uma sobreposição de tempos e espaços:
uma dupla de atores pode mostrar uma cena do passado dessas figuras, enquanto a outra mostra uma
cena do futuro.
125
Foco na BNCC
Ao identificar os diferentes elementos envolvidos
na composição cênica e ao ter contato com
diferentes dramaturgias e espaços cênicos, são
mobilizadas as habilidades EF69AR26 e EF69AR27.
Um dos objetivos desse conteúdo é apresentar
artistas e conceitos de Arte que se apropriam de
tecnologias para a produção de obras híbridas
que criam diálogos entre o passado e o presente.
125
Orientações O espaço cênico é formado por objetos que remetem a um
Fernando Ribeiro
Pergunte à turma: Quais são as tec- escritório e também a uma casa. Gavetas, luminárias, máquina
nologias presentes em seu cotidia- de escrever, telefones, computadores, pequenas mesas, televi-
no? Como essas tecnologias podem são, violão e outros elementos são dispostos no espaço cênico
influenciar em seu sentido de iden- e vão sendo reorganizados pelos próprios atores, de acordo
tidade? Essas perguntas podem re- com a necessidade das cenas.
velar se os estudantes têm acesso aos Com esse jogo de tempos e espaços, um lado do palco
recursos tecnológicos disponíveis e pode ser o escritório e, ao mesmo tempo, o outro lado é a casa.
Não é preciso um cenário de casa ou escritório. Apenas o jogo
como se apropriam deles. Tente con-
com alguns elementos e a relação dos atores com eles é capaz
versar sobre quais significados atribuí-
de sugerir todos os lugares onde a peça se passa.
mos às tecnologias, ou mesmo à falta
Perceba que o uso dos objetos e a combinação deles em
de acesso a elas, e sobre como nosso
cena contribuem para estabelecer uma atmosfera que faz refe-
comportamento e nossas ideias são rência a determinada época. Basta deslocarmos um dos obje-
influenciados por essa presença em tos desse cenário e podemos criar outras camadas simbólicas Performance O datilógrafo, do artista Fernando
nossa vida. de significação.
Ribeiro. São Paulo (SP), 2015.
Quanto à pergunta que pede A mesma dinâmica é utilizada na performance O datilógrafo, do artista Fernando Ribeiro, que vive
aos estudantes que mencionem e trabalha em Curitiba (PR).
como descreveriam a imagem da • Como você descreveria a imagem ao lado?
performance O datilógrafo, espera-se Essa performance foi desenvolvida em São Paulo (SP) durante a Exposição Terra Comunal: Marina
que eles apontem que o artista está Abramovic + Mais, em 2015. Nos dois meses de duração da sua performance, Fernando passava de seis
sentado em frente a uma construção a oito horas por dia transitando com sua máquina de escrever por todos os espaços do centro cultural
que parece ser antiga, veste roupa so- onde acontecia a exposição. Por vezes, escolhia um lugar e ali começava a registrar o que estava vendo
cial e suspensórios e faz uso de uma e suas sensações a respeito daquilo. Tudo isso acontecia com Fernando em silêncio, mesmo estando em
máquina de escrever. Aproveite as contato direto com o público. Para a maioria das pessoas que passeavam pelo espaço cultural, a presença
perguntas do trecho “Você conhece a de Fernando poderia passar despercebida. Mas quando ele começava a datilografar, o som característico
máquina de escrever? Já teve a opor- da máquina chamava a atenção de quem passava por perto ou mesmo de quem ouvia o barulho, que
tunidade de usar uma?” para pedir aos procurava sua fonte.
estudantes que contem suas expe- Você conhece a máquina de escrever? Já teve a oportunidade de usar uma? É muito comum, hoje
riências e que estabeleçam relações em dia, que as pessoas desconheçam a máquina de escrever. Esse fato, inclusive, foi aproveitado pela
entre a máquina de escrever e o com- performance para despertar a curiosidade das pessoas. Isso criou outro jogo temporal dentro do trabalho,
putador, que é um aparelho bastante uma performance de longa duração que se apoia
na ideia do registro, e que acontece por meio de um
Fernando Ribeiro
comum na atualidade.
aparato mecânico quase não visto mais nos tempos
atuais. Dessa forma, o artista conseguia chamar a
atenção para o ato do registro em si, mexendo com
a memória de quem conhece e viveu a datilografia e
despertando o interesse daqueles que nunca viram
essa tecnologia ou ouviram falar dela.
Com essa performance, o exercício diário da
observação e da escrita vai ganhando novos signi-
ficados. Partindo de um objeto cotidiano, Fernando
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
nos convida a refletir sobre a questão da intenção,
DA EDITORA DO BRASIL
pois ela pode mudar toda a nossa relação com qual-
quer ação que realizamos. O objetivo da performan- Performance O datilógrafo, do artista Fernando Ribeiro.
São Paulo (SP), 2015.
ce não era produzir um livro, mesmo que o objeto
usado pelo artista pudesse ser usado para essa finalidade. A figura do datilógrafo, com sua máquina e seu
figurino, provocava no público reflexões sobre o tempo, a prática da presença, da percepção e da escuta
de si e do entorno, das escolhas, da organização do conteúdo e do registro em si.
126
126
Preparação
Os meios eletrônicos e digitais
que utilizamos para registrar acon-
Registrando memórias tecimentos da vida são uma forma
Africa Studio/Shutterstock.com de preservar as memórias de algo
que merece ser guardado. Muitas
vezes, atribuímos valores afetivos a
esses registros, que se transformam
em testemunhos de pessoas, luga-
res e experiências vividas. Converse
com a turma sobre as relações entre
memória e subjetividade, um tema
bastante recorrente na arte. Quando
nos lembramos de algo, naturalmen-
te editamos essa memória de acordo
com o que foi mais marcante naquela
vivência e com o valor e o significado
que atribuímos a ela.
Fitas cassete, 2016.
Orientações
Renphoto/iStockphoto.com
Nirad/iStockphoto.com
Tente conversar com os estudantes
sobre que tipos de experiência po-
dem mobilizar as emoções em uma
pessoa. Como eles se relacionam
com suas lembranças? Mapeie quais
possibilidades de registro podem ser
exercitadas em sua turma. Se possível,
ofereça mais de uma opção para que
cada estudante escolha aquela com a
qual se sente mais à vontade.
As respostas para as perguntas
Modelo de aparelho antigo de toca-fita e gravador, 2009. Outro modelo de aparelho antigo de toca-fita e gravador, 2015.
dessa seção são pessoais e levam em
• Você conhece esses dispositivos e aparelhos? Já usou algum deles? conta as experiências e as memórias
Nas imagens, vemos fitas cassete, dispositivos que armazenam informações sonoras, e dois gravadores, de cada estudante.
usados para registrar e reproduzir vozes, sons e músicas. Esses objetos foram muito populares entre pessoas
que viveram em uma época anterior aos celulares e à internet. Quando são tirados do cenário e do tempo em Foco na BNCC
que eram utilizados, tais objetos podem ser vistos como símbolos de uma época. Se algum desses aparelhos
Ao participar de processos
está presente em sua casa, então você já teve contato com os significados que eles possuem para as pessoas.
de criação que envolvem
• Que memórias são associadas a eles? Se você não conhece nenhum de perto, que imagens e signifi- aspectos da vida cotidiana e
cados pode atribuir a eles?
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Nessa prática, continuaremos seguindo os rastros de formas de expressão que remetem ao passado
ao identificar a presença da
tecnologia na realização de
DA EDITORA DO BRASIL
como suporte de uma ação poética. Para isso, convidamos você a encontrar maneiras de registrar algumas manifestações artísticas, são
memórias pessoais e ligadas ao meio escolar. Se possível, use um aparato mecânico ou eletrônico que re- trabalhadas as habilidades
meta a um tempo passado, como máquina de escrever e gravador de fita cassete. Ainda é possível usar o EF69AR25, EF69AR31
gravador de som do celular. Se você não tem acesso a nenhum desses dispositivos, será que poderia con- e EF69AR35.
seguir com alguém que trabalhe na escola, solicitando à coordenação, ou mesmo pedindo emprestado a um Além disso, é desenvolvido
professor ou pai de algum colega? Tome cuidado ao manusear os dispositivos e devolva-os nas mesmas o objetivo de experimentar
condições em que os recebeu. a linguagem do teatro pela
perspectiva da transformação
127 dos materiais do cotidiano
e da utilização de aparatos
tecnológicos.
127
Bate-papo com o Independentemente das questões levantadas anteriormente, você também pode optar pelo formato
professor de um diário escrito – um instrumento igualmente simbólico, permeado de imagens poéticas em torno de
Ao propor a produção de um re- seu uso. Personagens de filmes, peças de teatro e da literatura nos contaram histórias envolventes ligadas
gistro poético, é importante afastar aos seus diários, como Anne Frank (O diário de Anne Frank), Helena Morley (Minha vida de menina) e Amyr
Klink (Cem dias entre o céu e o mar).
a ideia de que toda criação poética
deve ter uma elaboração complexa. 1 Após escolher ou arranjar o suporte de seu registro, você deve escolher também o que será registrado.
Realizar esse registro poético é dar Momentos marcantes podem ser gravados de modos singulares, em formatos menos usuais, ou até na
vazão aos conteúdos subjetivos que forma de poemas ou músicas. E mesmo o jeito como você manuseia seu suporte comunica algo sobre sua
uma memória pode despertar, é fo- história de vida. Lembre-se de que o foco é produzir um material que expresse uma linguagem poética.
car os aspectos sensíveis e os sentidos De qual tema gostaria de tratar? Em qual linguagem? E de que modo isso poderia ser compartilhado
poéticos que nos conectam a essa com as outras pessoas?
memória. Lembre os estudantes de
2 Realize e revise seus registros, garantindo que eles se encontram em um formato aberto a interpretações
que são protagonistas de suas histó- poéticas. Depois disso, é hora de compartilhá-los com uma plateia. Organizem a sala para que todos
rias. Narrar algo sob o ponto de vista possam expor e escutar o acervo de memórias que se formou. Como você gostaria de compartilhar essas
das emoções que os fatos produzem narrativas, ou trechos de narrativas, que envolvem sua história de vida, pessoas próximas, sentimentos?
é uma ação poética. Adjetivos, cores, Como essa atmosfera íntima pode ser traduzida em cena? Qual iluminação combina com o que será
imagens simbólicas, jogos de pala- escutado? Há uma mesa ou uma cadeira no espaço da cena? Você vai se valer de algum adereço, ou vai
vras, experimentações de formatos realizar gestos que ajudam a compor o clima confessional? Ajuste com cuidado cada um dos elementos,
inusitados, tudo pode ser recurso ex- afinal, você estará em cena! Sentindo-se pronto para se apresentar, convide sua plateia.
pressivo para expor algo que só exis-
Cristiano Casonati/Shutterstock.com
te na interioridade de quem está se
comunicando.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Você já tinha ouvido falar sobre Anne Frank? Sabia que existem diários de outras crianças judias que sofreram
a perseguição e a violência do regime nazista no período do Holocausto? Na Enciclopédia do Holocausto, você
DA EDITORA DO BRASIL
pode ler um artigo sobre os diários escritos por essas crianças e adolescentes, aprender mais sobre o que foi
o Holocausto e acessar conteúdos relacionados ao assunto. Esses registros pessoais, mesmo tendo sido feitos
por pessoas tão jovens e que não eram escritores, representam importantes e ricos documentos históricos, que
preservam a memória, as emoções e os pensamentos de quem viveu uma situação tão crítica.
DIÁRIOS escritos por crianças durante o Holocausto. Enciclopédia do Holocausto, [s. l.], [20--]. Disponível em: https://encyclopedia.ushmm.org/
content/pt-br/article/childrens-diaries-during-the-holocaust. Acesso em: 2 jun. 2022.
128
128
Preparação
Conectados em cena Estabeleça uma conversa com a
Agora vamos ver um exemplo de como o teatro pode chegar mais longe na turma sobre a tecnologia e o mundo
sua capacidade de promover encontros, seja entre pessoas, seja entre lingua- globalizado, discutindo como as dis-
gens, e como isso pode ser materializado em cena. A relação entre as pessoas tâncias parecem ter diminuído por
foi tema e ponto de partida para a criação do espetáculo Eu é outro: ensaio conta dos meios de comunicação em
sobre fronteiras, realizado pelo Coletivo Coato, grupo residente do Teatro Vila tempo real e como a tecnologia pode
Velha em Salvador (BA). O uso da performance e de dispositivos tecnológicos influenciar nossa noção de presença.
também faz parte dos trabalhos do grupo.
• Como você identifica o uso de tecnologia na cena a seguir? Que sensações Orientações
isso gera em você? Partindo do princípio de que, em
Esse espetáculo foi criado a partir da
Giovani Rufino
geral, qualquer espetáculo de tea-
parceria entre o grupo baiano e o grupo tro faz uso de diferentes tecnologias,
paulistano Phila7. O Coletivo Coato se como a iluminação que já foi feita
dividiu, e uma parte do grupo ficou dois
com velas, o uso de espelhos para re-
meses trabalhando com o grupo de São
fletir a luz do sol, o som, que pode
Paulo. Durante esse período, a comuni-
ser gravado ou feito ao vivo, pode-se
cação entre o grupo de artistas reunidos
estimular uma discussão sobre nossa
em São Paulo e os demais membros do
relação atual com a tecnologia dos
Coletivo Coato, que ficaram na Bahia,
computadores e celulares, ou seja,
deu-se por meio virtual. Ao fim, essa es-
uma tecnologia que antes não estava
tratégia foi transposta para a cena e está
presente no meio das artes cênicas.
presente em diversos elementos usados
pelo elenco. A cenografia recebe proje-
Com base no tema do espetáculo Eu
ções de vídeo, transformando o espaço
é outro: ensaio sobre fronteiras, você
concreto da cena em um território sim- pode propor um debate sobre como
bólico de encontros por meio de imagens esse tipo de tecnologia pode afetar
e paisagens de outros tempos e lugares. as relações interpessoais, em contra-
Microfones e refletores portáteis tam- ponto com a questão presencial que
bém são usados pelo elenco, que ainda está na essência do teatro. Destaque
Cena do espetáculo Eu é outro: ensaio sobre fronteiras, do Coletivo Coato.
toca instrumentos e dança em determi- Festival Cena Contemporânea. Rio de Janeiro (RJ), 2018. o uso da tecnologia de comunicação
nadas cenas. como parte do processo de criação
A ideia de ensaio, presente no título da peça, é assumida como proposta da peça e, depois, como elemento
de encenação. Normalmente, um ensaio faz parte do período em que a peça colocado em cena. Mais adiante, essa
ainda está sendo construída, pensada e ensaiada. É um período vivo de tenta- perspectiva da presença em relação
tivas e erros, de construção e desconstrução. Quando o grupo escolhe manter com a tecnologia será desdobrada
esse clima de exploração dos materiais e temas da peça no que diz respeito ao em outro tipo de experiência cênica.
resultado cênico, abre-se um espaço de diálogo com o público no sentido de Quanto às perguntas sugeridas no
compartilhar o processo de criação de uma peça, convidando a plateia a criar livro, espera-se que, na primeira, os
junto, cada um com sua interpretação dos estímulos produzidos em cena. estudantes indiquem a projeção de
Além da mistura de tecnologia e de outros elementos de cena e da combi- imagem que compõe a cenografia ao
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
nação de linguagens – teatro, dança e vídeo –, em determinados momentos da mesmo tempo que é projetada sobre
DA EDITORA DO BRASIL
peça o elenco dialoga diretamente com o público, revelando e transpondo mais os atores que estão em cena; a res-
uma fronteira: a da quarta parede, que separa palco e plateia. Perceba como, posta à segunda pergunta é pessoal.
nesse espetáculo, as fronteiras entre as linguagens e também entre as pessoas
acabam se misturando, diluindo-se. O teatro, mais uma vez, mostra-se como um
lugar de encontro consigo mesmo e com o outro. Um espaço para a experimen-
tação e a criação de outros significados e olhares para questões relevantes de
nosso dia a dia e do lugar onde vivemos.
129
Atividade complementar
Provoque a turma a criar uma dramaturgia baseada em Deixe nítido que a proposta não visa expor ninguém, mas
trocas de mensagens de texto e imagens via celular. Pode ser transpor um mecanismo de contato interpessoal para o for-
uma conversa com alguém que more em outra cidade, es- mato cênico. Quem se sentir à vontade, pode compartilhar
tado ou mesmo outro país. As imagens da conversa podem a sua dramaturgia para que outras pessoas da turma experi-
inspirar cenários que seriam projetados na cena, enquanto as mentem encená-la.
mensagens de texto serviriam de base para a dramaturgia.
129
Preparação É logico, é logica!
Veronica Solomon
ção Ama-me, Tema-me, de Veronica
Solomon, disponível em: https://vi-
meo.com/448617702 (acesso em: 4
julho 2022). A seguir, escute as im-
pressões deles sobre as atitudes dos
personagens. O que mais lhes cha-
mou atenção? Com qual personagem
ou situação eles se identificam? Como
será que a diretora teve essa ideia e
como fez para realizá-la?
Orientações
Comente com a turma o con- Cartaz da animação Ama-me,
Tema-me, dirigida por Veronica
ceito de criatividade, perguntando Solomon, 2018.
o que cada um gosta de criar. Reforce
Veronica Solomon
que criar é uma prática diária que não
tem relação com talento. Trabalhar a
criatividade é dar presença a ideias,
ou seja, realizar ações para materia-
lizar a manifestação de um conceito
ou pensamento.
Toda ideia nasce de um lugar e,
geralmente, nossas inquietações nos
Cena da animação Ama-me,
levam a buscar soluções para as si- Tema-me, dirigida por Veronica
tuações paradoxais da vida. Paradoxo Solomon, 2018.
130
mas, de modo geral, estamos suficientemente inseridos na era da mídia social Orientações
para reconhecer e identificar que, em alguma instância, todos estamos susce- Após terem refletido sobre as ques-
tíveis a isso. A diretora do filme Ama-me, Tema-me, Veronica Solomon, traz tões audiovisuais, exiba novamente a
à tela uma versão dessa vontade de aprovação e aceitação social a qualquer animação Ama-me, Tema-me, agora
custo. O curta-metragem tem seis minutos de duração, nenhuma fala, muito com foco na relação entre o trabalho
movimento, e nos faz refletir sobre a profundidade das relações humanas na dos dançarinos e a técnica de anima-
sociedade atual. ção com massinha.
O filme animado conta a história de um personagem sem nome, metamór- Peça aos estudantes que imaginem
fico, que anseia desesperadamente pela validação do público. Nas cenas, ele
como os artistas dançaram no estúdio
persegue os holofotes e se reinventa por meio da cor, da forma e do estilo de
quando atuaram como modelos de
movimento.
Stop motion: movimento para a animação.
A ajuda dos dançarinos foi fundamental para que a diretora tivesse boas re-
técnica que trabalha A diretora Veronica Solomon es-
ferências de movimento para o processo de modelagem das figuras. Após filmar com o registro de
a dança, ela pôde transferir para o personagem formas de um artista circense, fotos sequenciais colheu como técnica de animação o
de uma pessoa sensual, de um lutador, entre outras imagens que se misturam, de um mesmo stop motion. Assim, os coreógrafos e
objeto ou pessoa dançarinos Martha Hincapié Charry
até que a transformação para algo irreconhecível acontecesse. com uma pequena
A animação em stop motion é um processo meticulosamente longo. A par- alteração entre uma e Gabriel Galindez Cruz fizeram vá-
e outra para simular rias sequências de movimentos que
te da dança teve a cobertura dos coreógrafos e dançarinos Gabriel Galindez
movimento.
Cruz e Martha Hincapié Charry (citada na Trilha 2). foram gravadas em vídeo. Seus ges-
tos, saltos, rolamentos e torções aju-
Veronica Solomon
Na modelagem, os movimentos
dos dançarinos ganham forma
nos personagens da animação
Ama-me, Tema-me, 2018.
131
131
Preparação
O formato de um evento cênico Teatro virtual
mediado pela tecnologia acaba por Seguindo com o nosso percurso sobre tecnologia, o ano de 2020 nos colo-
se configurar como linguagem híbri- cou em contato maior com alguns aparatos tecnológicos, como computadores
da, que surge da necessidade de ex- e celulares. Em razão da pandemia de covid-19, o mundo todo, de uma forma
perimentar o teatro, mesmo quan- ou de outra, foi obrigado a se reorganizar para lidar com as questões impostas
do plateia e artistas estão impedidos pelo novo vírus. O isolamento social foi uma das estratégias mais recomendadas
de se encontrar pessoalmente. Dessa para o combate à doença. Sendo a arte da presença e do encontro, o teatro des-
situação de restrição, surgiram inú- cobriu maneiras de continuar juntando pessoas e gerar experiências de troca e
meras experiências de artes cênicas, afeto. E se o encontro possível, nesse momento, era o virtual, por meio das telas
testando os limites do vídeo como dos computadores e celulares, então os artistas começaram a explorar mais
esses meios e suas possibilidades.
expressão e modo de interação em
encontros virtuais. Faça uma recapi-
tulação da noção de tecnologia tra- Magiluth – Tudo o que coube numa VHS
balhada até aqui, buscando reforçar Conforme vimos, durante a pandemia, os grupos de teatro tiveram de se
a amplitude desse conceito. A partir organizar e criar diferentes experiências de apresentações virtuais. Ter uma
deste ponto, a tecnologia será vista peça filmada e disponibilizada on-line não era suficiente. E mesmo que fosse
de modo mais ligado à internet, por possível, também não se tratava mais apenas de filmar uma cena ou peça e
exemplo. transmiti-la ao vivo. Observe a imagem a seguir.
• Você diria que se trata de um ator em cena?
Orientações
Levy Mota
Para aprofundar
A comunicação, os afazeres do-
mésticos, o aprendizado, o mundo MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
do trabalho, do lazer e as interações
em redes sociais estão permeados deDA EDITORA DO BRASIL
tecnologias. O espetáculo Tudo que
coube numa VHS, do grupo recifense
Magiluth, apropriou-se dos meios de
registro de imagens e voz que usa-
mos para guardar nossas memórias
Cena do espetáculo Tudo o que coube numa VHS, do Grupo Magiluth. Direção: Giordano Castro. Fortaleza (CE), 2020.
como ponto de partida para criar esse
espetáculo durante a pandemia de 132
covid-19. Ele é virtual e, para partici-
par, o público recebeu mensagens
de texto, ligações e links que deram
acesso a imagens e músicas. Foco na BNCC
Ao conhecer práticas artísticas que incluem
a tecnologia em sua produção e em seu
compartilhamento, é desenvolvida a
habilidade EF69AR35.
Assim, cumpre-se o objetivo de ampliar conceitos
e possibilidades que ajudam no entendimento
das produções de teatro de diferentes épocas
como criações em constante diálogo com os
adventos tecnológicos.
132
Tudo o que coube numa VHS é um trabalho do Grupo Magiluth, de Recife Orientações
(PE), que foi desenvolvido e executado de maneira totalmente remota. Antes de Nesse experimento, o Grupo Ma-
mais nada, você sabe o que é uma VHS? Essas três letras vêm do inglês Video giluth se lançou ao desafio de contar
Home System e significam “Sistema de Vídeo Caseiro”, ou seja, um sistema para uma história por meio de fragmentos
assistir a vídeos em casa. Para isso, era preciso ter um aparelho de videocassete de histórias. Textos, fotos e imagens
conectado em uma televisão, como na imagem a seguir. foram enviados ao público como pis-
tas que revelavam o percurso dramá-
LIAL/Shutterstock.com
133
133
Preparação É logico, é logica!
134
Orientações
135
Para aprofundar
O espetáculo Play on Earth (Teatro
Continentes conectados em cena
na Terra) mostra-nos como as artes Além de ampliar o acesso de pessoas distantes à nossa realidade e, como
da cena se reinventam e se adaptam vimos, aos trabalhos que produzimos, outra característica do uso da internet é a
às realidades e aos contextos de cada possibilidade de conhecer lugares ao redor do globo terrestre sem precisar sair
do local onde estamos. Essa sensação de superar fronteiras nos permite explo-
época, alargando as fronteiras das
rar outras paisagens e realidades e, para o teatro, a internet torna viável que um
manifestações da arte sem perder o
ator em cena no Brasil possa interagir, em tempo real, com uma atriz que esteja
vínculo com aquilo que define uma
em qualquer país do mundo, por exemplo.
linguagem. Teatro é encontro, e é isto Este é o caso da peça Play on Earth (Teatro na Terra), um projeto que reú-
que vemos no palco: atores presen- ne atores e atrizes do Brasil, do Reino Unido e de Singapura. A reunião desse
tes fisicamente contracenando com elenco acontece em cena por meio da interação via vídeo e internet, e o público
atores que se encontram em outras acompanha a história pelas telas sobre o palco, como podemos observar na
partes do mundo. A essência da lin- imagem abaixo.
guagem teatral é mantida e transpos-
• Se você estivesse na plateia desse espetáculo, diria que está assistindo a
ta para a realidade das redes em tem- uma peça ou a um filme? Ou às duas coisas?
pos de pandemia. Um dos modos de
• Que nome você daria para o que está assistindo?
apreender esse tipo de evento artísti-
O teatro, como lugar de encontro, amplia essa característica por meio de
co é tentar imaginar como ele foi pro-
recursos técnico-digitais. Isso traz novas possibilidades para todos os profissio-
duzido. Mesmo sem ter acesso a esses
nais envolvidos na criação de um trabalho como esse.
detalhes, é possível concluir que um Três cenas em três palcos em
Além de poder ser assistida ao vivo, a peça é transmitida em tempo real
lugares diferentes do mundo
trabalho dessa natureza requer muito reunidas no espetáculo Play pela internet, podendo ser vista na tela de um celular ou computador.
planejamento, reuniões virtuais com o on Earth, dos grupos Phila7
(Brasil) e Station House • O que você acha de todo esse alargamento de perspectivas pelo qual pas-
elenco e os produtores de cada local,
Opera (Inglaterra). São Paulo sou e passa a linguagem teatral?
testes de som e de conexão, além de (SP), 2011.
ensaios, muitos ensaios, porque, além
da atuação, o elenco deve estar afina-
Acervo Phila 7
do com os tempos de transmissão e
recepção próprios das mídias digitais.
Mais uma vez, estamos diante de um
trabalho híbrido, construído na rela-
ção direta com as possibilidades que
a internet oferece.
Orientações
O modo como a peça foi construí-
da é, por si só, a demonstração de um
pensamento sobre arte. Ao optar por
reunir atores que se encontram em
lugares tão distintos, o espetáculo
torna-se uma iniciativa multicultural,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
que coloca em foco a universalidade
DA EDITORA DO BRASIL
da arte e as possibilidades de viven-
ciar conexões humanas no mundo
globalizado. Pergunte aos estudantes
se eles conhecem pessoas que mo-
ram em lugares muito distantes. Que
diferenças existem entre essa outra
localidade e o lugar onde vivem? Os
modos de trabalhar, a alimentação, as 136
brincadeiras e a língua são diferentes?
O que essas diferenças contam so-
bre a identidade desses locais? Con-
verse com os estudantes sobre quais As respostas para as perguntas da página são:
fatores nos fazem sentir próximos • Resposta pessoal. Teatro e filme acontecem ao mesmo
ou distantes de pessoas que vivem tempo.
em outra cultura. Discutam também • Resposta pessoal.
como essas sensações, impressões e • Resposta pessoal. A partir dessa pergunta, é possível pro-
ideias podem ser materiais para a cria- por um debate sobre a presença como fundamento da
ção cênica. linguagem teatral.
136
Preparação
As perguntas que orientam esta
prática dão a dimensão das opções
Uma história transmídia e adaptações que podem ocorrer em
Partindo do ponto de vista da linguagem teatral, vamos explorar a conexão com a linguagem audiovi- sua realização. Será preciso fazer um
sual. Primeiro, reflita sobre a questão a seguir. investimento em sua organização por
meio de anotações que incluam as
• Na foto da peça Play on Earth, é possível observar a interação entre vídeo e atores em cena. Agora,
ideias dos estudantes, as possibilida-
imagine-se como um diretor de teatro. Que outras possibilidades de interação entre vídeo, espaço cê-
nico, objetos e atores você poderia criar?
des de suportes a serem usados para
Nessa prática, a ideia é buscar uma história que se relacione com sua identidade e criar uma proposta contar essa história, assim como as
cênica para ela, o que na linguagem do teatro contemporâneo costuma ser chamado de dramaturgia. A etapas de criação e produção desse
ideia é descobrir maneiras de contá-la por meio da interação entre textos lidos em voz alta, cenas e imagens experimento cênico. O começo de
em um procedimento de criação coletiva. tudo é inventar uma história, e você
pode estabelecer os parâmetros dessa
Buscando histórias que queremos contar criação, de acordo com o contexto da
Todas as histórias, inclusive as factuais, sofrem a interferência de quem as conta, seja no roteiro, seja no sua turma. Se for possível partir de um
modo de contar do narrador, seja na ambiência criada para a realização do espetáculo. Quando você conta exercício de escrita, seguido da leitu-
algo a alguém, consciente ou inconscientemente, faz escolhas sobre como começar, que palavras usar, se ra coletiva dos textos, peça auxílio ao
fará gestos ou não, se vai expressar sua opinião sobre o tema ou parecer neutro, adaptar, encurtar, mudar professor de Língua Portuguesa. Caso
a ordem dos acontecimentos, ou pode se esquecer de detalhes importantes. opte pelas improvisações, estabele-
ça os critérios, os temas, um tempo
1 Escolha situações do seu cotidiano e pense como, a partir delas, você pode criar uma cena curta que
para que cada grupo pense no que
provoque a reflexão sobre questões ligadas a um tema. Como uma cena extraída da vida pode ser tra-
duzida para o teatro? Como ampliar os sentidos dessa cena para simbolizar um modo de olhar para o
vai fazer e a duração desses improvi-
tema escolhido? Com humor, poesia, perguntas? sos. Em ambos os casos, a repetição
das práticas é necessária para ajustes
2 A cena pode ser elaborada por meio de uma improvisação dos atores a partir do acontecimento esco- e maturação dos materiais levantados.
lhido, criando variações desse acontecimento, até encontrar um formato que o grupo ache interessante.
A cena pode ser escrita criando os diálogos a serem memorizados e ensaiados. Orientações
3 Organize com a turma uma exibição dos resultados. Vocês podem também propor um debate sobre as Após realizar dinâmicas de criação
cenas representadas e os temas abordados. para encontrar as narrativas que os
grupos pretendem contar, é hora de
A câmera altera a ação e a ação altera a filmagem solicitar a divisão dessas narrativas,
Após finalizar a primeira etapa, reflita sobre as questões a seguir. de modo que cada fragmento de his-
• Como você transformaria a cena curta criada na etapa anterior para estabelecer uma relação entre o
tória seja representado por meio de
teatro e a linguagem audiovisual? uma linguagem; por exemplo, uma
história que acontece como cena de
• Quais recursos audiovisuais e midiáticos poderiam se relacionar com a proposta cênica? Vídeos, foto-
teatro pode ter continuidade em ví-
grafias atuais ou antigas para serem projetadas, materiais da internet, gravações de diálogos, cenas
deo e terminar como um texto escrito
da televisão, publicidade, telejornais ou imagens de jornais impressos e revistas captadas em fotos?
em cartazes. Mais do que definir esses
• As imagens e/ou vídeos seriam projetados de que maneira? Em uma parede, no chão, no teto, em uma diferentes formatos para comunicar a
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
tela, no corpo dos atores, em uma televisão?
narrativa, é imprescindível escolher
1 DA EDITORA
Nesta etapa, vocês escreverão um projetoDO BRASIL
a partir da cena criada. Planejem os elementos cênicos de como as transições entre mídias de-
acordo com os sentidos que pretendem criar: Como será o espaço da cena? Objetos serão utilizados vem acontecer. Daí a importância de
no cenário ou pelos atores? Como será a iluminação? E a trilha sonora? E como será a interação entre a um bom planejamento.
cena, os atores e os recursos audiovisuais que vocês escolherem? Cada fragmento de história deve
conter uma cena completa no mes-
2 Selecionem os recursos audiovisuais e façam testes com cada um deles para observar como essa in-
mo formato para depois migrar para
teração entre a linguagem da cena teatral e a do audiovisual cria camadas de sentidos sobrepostas.
outra plataforma. Essa conexão entre
137 uma cena e outra merece ser bem
cuidada, pois fará parte da encenação,
por exemplo: Se uma cena aconte-
ce no palco e a cena seguinte é uma
Foco na BNCC gravação com as vozes dos persona-
gens, como acontece essa transição?
Ao experimentar diferentes formas de Alguém entra em cena com um gra-
dramaturgia e espaços cênicos e ao vivenciar
vador e aperta o play? Os atores ter-
improvisações a partir de estímulos variados, são
trabalhadas as habilidades EF69AR27 e EF69AR30. minam a cena e ouvem a gravação?
Ou saem do palco antes da transição?
Assim, cumpre-se o objetivo de refletir sobre
Todos esses modos de lidar com essas
o conceito de tecnologia como um campo de
intersecções entre as linguagens da Arte. transições também são cenas.
137
Preparação Por exemplo, pode-se projetar a cena de uma pessoa discursando sobre o corpo de um ator que gesticula
Se for possível, convide um profis- e realiza seu discurso.
sional de teatro, seja de nível técnico,
3 Pensem nas relações entre os audiovisuais e os elementos da cena: Que tipo de iluminação é necessária
seja universitário, para conversar com
para as explorações com o audiovisual? Como os recursos disponíveis podem ser usados em cena?
os estudantes. Depois, promova uma
roda de conversa com eles para des- Tapumes, cortinas, tecidos e espelhos podem oferecer soluções para limitar a entrada da luz natural ou criar
focos específicos de iluminação. Também são úteis para estabelecer divisões no espaço da cena, o que vai
cobrir quais impressões o bate-papo
influenciar a movimentação dos atores. São elementos de fácil acesso que podem ampliar as possibilidades
causou e quais possíveis curiosidades
estéticas e os sentidos metafóricos do conjunto formado por cena + projeção.
o assunto suscitou. Se for de interesse
Para ajudar, pesquisem na internet referências de outras peças, buscando verbetes como “teatro e vídeo”,
dos estudantes, busque outros profis-
“videocenário”, “videodança” etc.
sionais da área para participarem de
outras interações. 4 Mostrem o projeto aos colegas, ouçam as opiniões deles e conheçam os trabalhos que fizeram também.
Orientações
Converse com a turma sobre as
profissões ligadas ao fazer teatral.
É interessante reforçar a amplitude
de profissões, isto é, mostrar que é Dá para ser artista de teatro?
possível fazer parte desse universo Depois de atravessar esta Trilha e expandir o nosso olhar sobre a prática teatral, é hora de descobrir:
sem necessariamente estar em cena, Como eu posso trabalhar em teatro?
atuando. Peça à turma que relacione
Luciano Tasso
as profissões citadas no texto com a
ilustração da Coordenada. Teatro é
coletivo, é estar, pensar, experimen-
tar e criar junto. Se na sua cidade ou
região existir algum curso livre ou de
nível técnico ou superior em Artes
Cênicas, convide a turma a pesquisar
ou mesmo a visitar esses espaços para
conhecer de perto essa realidade.
Quando escolhemos fazer teatro, estamos escolhendo não apenas uma maneira de olhar para o
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
mundo mas também um modo de agir no papel de cidadãos diante de questões que nos instigam no dia
a dia.
DA EDITORA DO BRASILE quando dizemos “fazer teatro”, devemos nos lembrar de que não se trata apenas de estar em cena
como atores e atrizes. Ainda que, de modo geral, essa seja uma das portas de entrada para esse univer-
so, o fazer teatral se relaciona com diferentes profissionais de muitas áreas. A experiência de estar em
cena pode ser interessante para auxiliar nas suas percepções quando você estiver em outras funções,
como direção ou dramaturgia, por exemplo. Nas demais áreas, diversos profissionais também podem ser
chamados de artistas de teatro, tanto na Iluminação quanto na sonoplastia, que também inclui músicos e
138
138
compositores; na cenografia, que podem ser arquitetos e também marceneiros, pedreiros; na contrarre- Orientações
gragem; no figurino, com estilistas e costureiras; além da produção teatral, incluindo a bilheteria. Por meio do exemplo dos grupos
Tente se lembrar de grupos e espetáculos que você conheceu, seja presencialmente no teatro, nos que formaram o espaço Fábrica das
livros de Arte ou pesquisando na internet. Cada espetáculo produzido por um desses grupos, ou por qual- Artes, estimule os estudantes inte-
quer grupo de teatro, é uma ação pensada e organizada para reunir pessoas interessadas em debater, ressados a criar um grupo de teatro
por meio da linguagem teatral, assuntos de interesse comum. na escola, caso ainda não haja. Esse
Quem decide seguir a carreira teatral pode escolher e se especializar nas diversas áreas que a pro- grupo não precisa ter como foco a
fissão oferece, tanto em nível técnico como em nível superior. De modo geral, os estudos teatrais podem montagem de um espetáculo de fi-
se iniciar ainda na escola ou em cursos livres oferecidos por espaços culturais.
nal de ano, por exemplo, mas pode
A história do Fábrica das Artes, em Americana (SP), nos mostra como a parceria entre grupos de
ser um espaço de experiência cole-
teatro que surgiram no contexto escolar é capaz de gerar espaços para que as artes cênicas possam
tiva para criação e estudos teóricos e
existir e servir à comunidade.
práticos, tendo como base leituras de
textos dramatúrgicos, textos técnicos
e biografias de artistas da área, além
Fábrica de Artes
da realização de exercícios físicos e jo-
gos teatrais. A prática da improvisação
também é uma opção de proposta de
estudo para o grupo, além de consi-
derarem realizar uma montagem de
um texto que já existe ou que pode
ser desenvolvido coletivamente. Se na
escola já existir um grupo de teatro,
verifique se na turma há estudantes
que fazem ou já fizeram parte dele e
peça que relatem suas experiências.
Além disso, você pode incentivar a in-
tegração de novos membros não ape-
nas da turma, mas de toda a escola.
Da união dos grupos TAJ – Arte e Expressão e Grupo de Teatro Pé Preto –, formados por estudantes
de escola pública, surgiu o Grupo Teatral Ta’lento, conhecido como GTT. O grupo utilizava o anfiteatro
da escola, uma vez por semana, para fazer exercícios teatrais e arriscar a criação de cenas. Logo o GTT
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
convidou o diretor Carlos Justi para ajudá-los a se aprofundar nas práticas teatrais, conduzir os ensaios
e montar um espetáculo.
DA EDITORA DO BRASIL
Assim, com a montagem do espetáculo O julgamento, inspirado no texto Mauser, do dramaturgo
alemão Heiner Müller (1929-1995), o grupo tornou-se conhecido não somente na cidade de Americana
mas em diversas cidades do estado de São Paulo, sendo convidado a participar de alguns festivais de
teatro. Enquanto preparavam o próximo espetáculo, o grupo soube que não poderia mais usar o espaço
da escola para os ensaios e criações. E agora? Novamente, a união de dois grupos trouxe a solução. O
GTT se juntou ao grupo Macamã Arte e Cultura, também de Americana, e juntos alugaram o galpão de
uma fábrica desativada no centro da cidade. Assim nasceu o espaço cultural Fábrica das Artes.
139
139
Orientações Na imagem a seguir, vemos parte da estrutura interna do teatro, que conta com arquibancadas de
Este conteúdo também possibili- madeira e capacidade para cem pessoas.
ta o desenvolvimento da prática de
à indicação, os estudantes deverão • Ao observar a foto, quais são os elementos de um espaço teatral que você reconhece?
inserir uma breve descrição do que No começo, o palco era o chão da antiga fábrica. Depois, eles construíram um tablado de madeira.
a publicação contempla. Estabeleça Todo o sistema de luz e som foi adquirido aos poucos, por meio do trabalho dos grupos e de doações.
um mínimo de publicações para que Além desses lugares que vemos na foto, há ainda camarim, sala de ensaio e depósito para cenários, figu-
cada grupo componha sua revisão rinos e adereços. Tudo foi construído e adaptado de acordo com o espaço da fábrica e as necessidades
bibliográfica. dos grupos que o mantinham.
Sugestões de sites de pesquisa Com o fim da parceria entre os dois grupos que usavam o Fábrica das Artes, veio a dúvida se o espa-
(acessos em: 16 jul. 2022): ço continuaria. O GTT decidiu levar adiante a iniciativa que já se firmava como um lugar capaz de reunir
• Foco in cena: http://www. pessoas interessadas na arte do teatro. Assim, desde 2018 o GTT habita o Fábrica das Artes, que, além
focoincena.com.br/; de ser a casa do grupo, oferece eventos teatrais, musicais, sessões de cinema e um curso livre de teatro
• Pecinha é a vovozinha!: http://www. com turmas infantil, adolescente e adulto. Integrantes do GTT e artistas convidados são os professores
e toda a renda é revertida para a manutenção do próprio espaço.
pecinhaeavovozinha.com.br/;
Mesmo que o foco do curso seja o trabalho de ator e de atriz, os alunos vivenciam todas as etapas
• Enciclopédia Itaú Cultural: https://
e funções de uma montagem teatral. Dessa forma, ampliam seu olhar para a prática e ficam à vontade
enciclopedia.itaucultural.org.br/; para fazer parte atuando em outras áreas do evento cênico. Muitos estudantes que passaram pelo Fá-
• Horizonte da cena: https://www. brica das Artes vislumbraram caminhos dentro da produção teatral e seguiram seus estudos em cursos
horizontedacena.com/; profissionalizantes e até graduação em Artes Cênicas.
• Augusto Boal: http://augustoboal. Durante a pandemia de covid-19, o espaço ficou fechado e as aulas passaram para o ambiente vir-
com.br/; tual, gerando novas perspectivas para professores e alunos. O aluguel do espaço foi saldado com o apoio
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
• Primeiro sinal: https://primeirosinal. de editais e leis de incentivo.
O Fábrica das Artes é uma referência para grupos da cidade e região e segue seu caminho como
com.br/sites/;
DA EDITORA DO BRASIL
• Satisfeita, Yolanda?: https://www. espaço de cultura e de formação para a comunidade por meio da arte teatral.
satisfeitayolanda.com.br/blog/. Portanto, se você tem interesse em descobrir se trabalhar em teatro é seu caminho, procure por cur-
sos na sua cidade, comece a ler sobre a formação na área e pesquise sobre o assunto, buscando textos de
Na resposta à pergunta da página,
dramaturgia, livros e artigos, entre outras bibliografias, que possam lhe auxiliar nessa descoberta. Você
os estudantes podem mencionar a
também pode acompanhar atores, atrizes, diretores e outros profissionais nas redes sociais e conhecer a
plateia e um espaço que parece ser
atuação de grupos de teatro com os quais se identifique.
o palco.
140
140
Faça no caderno
Preparação
Peça aos estudantes que falem so-
A travessia em cena bre suas trajetórias nesta Trilha, co-
Quantas aventuras até chegarmos aqui. Chegou o momento de repassar o percurso que você fez, rever mentando, por exemplo, quais foram
paisagens que chamaram sua atenção e organizar o pensamento sobre o fazer teatral e as tecnologias. suas dificuldades, o que mudou em
Individualmente, revisite os momentos da Trilha que despertaram seu interesse. Observe e anote como sua forma de pensar e o que aprende-
esses momentos o afetaram: pela imagem, pelo texto, pela prática etc. Escreva um pequeno parágrafo sobre ram sobre si e sua relação com a tec-
cada uma de suas escolhas. nologia, não apenas no fazer teatral.
Agora, vamos retomar o material que você produziu na prática “Registrando memórias”.
Esta conversa inicial não precisa se
Leia, escute ou assista, ou seja, acesse o material que você produziu. Faça uma pausa para perceber
alongar, pois trata-se apenas de uma
como essas memórias reverberam em você neste momento. Em seguida, permita-se lembrar de quem era
forma de introduzir a proposta final.
você e como você pensava o teatro no dia em que registrou essas memórias. Depois, escreva um pequeno
texto sobre as mudanças que percebe em si mesmo e no seu processo com o teatro.
Agora, formem trios. Conversem sobre os materiais que possuem em mãos: os parágrafos sobre os Orientações
destaques, as memórias e o pequeno texto sobre as mudanças pessoais. A proposta para que cada estudan-
Percebam quais ligações existem entre os materiais de vocês. Discutam as semelhanças e as diferenças te se aproxime de suas memórias na
das escolhas, memórias e percepções. relação com o teatro é uma forma de
Por fim, vamos usar todo esse material para organizar uma dramaturgia da memória. Misturando o trazer à tona o que ainda reverbera
material do trio, vocês podem criar e ensaiar uma cena em que os personagens encontram um livro de me- e compreender melhor como cada
mórias de um artista de teatro. Esse livro traz anotações pessoais e artísticas. um construiu a sua visão dessa arte.
Quem são esses personagens? Onde e como eles encontram o livro? O que vão descobrindo por meio É importante frisar que esse exercí-
dele? cio não é uma checagem do que foi
Trabalhando a ideia de fragmento, a proposta é que vocês possam oferecer aos colegas de turma uma aprendido, mas uma oportunidade
reflexão cênica e coletiva da travessia feita ao longo desta Trilha. de se perceber como alguém que vi-
Quando todos tiverem apresentado sua cena, conversem sobre o processo.
veu experiências com a cena. O foco
é convocar lembranças pelo viés das
Edwin Remsberg/Alamy/Fotoarena
Avaliação formativa
A perspectiva poética das memó-
rias dos estudantes será o material
inspirador desta última criação. Ao
serem partilhados com os colegas
de trabalho, esses registros do traba-
lho teatral podem se misturar entre
si, transformando-se em uma espé-
cie de ficção. A cena criada não deve
ser uma transposição precisa das ex-
periências vividas, mas uma tradu-
ção que mescla os escritos do trio e
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO oferece um tratamento poético ao
material agrupado. Afinal, não se tra-
DA EDITORA DO BRASIL ta mais de memórias pessoais, mas
das memórias do personagem criado
para essa dramaturgia. A figura des-
se personagem-artista agregará não
só os conhecimentos adquiridos pe-
Atriz com um livro na mão em uma apresentação teatral. Estados Unidos, 2017. los estudantes sobre teatro, mas suas
ideias, sínteses e projeções a respeito
141 do que é arte.
A prática de criar uma dramaturgia
a partir das próprias vivências pode
incluir experiências outros compo-
Foco na BNCC nentes curriculares e linguagens da
Arte, desde que o eixo desse exercí-
Ao retomar o conhecimento adquirido para
cio seja propor uma situação teatral.
uma criação teatral coletiva e colaborativa, é
trabalhada a habilidade EF69AR28. Esse tipo de atividade integra os co-
nhecimentos de modo prazeroso e
dinâmico e possibilita aos estudantes
realizar conexões entre as diferentes
áreas do conhecimento. Trata-se de
um exercício integrativo, focado na
qualidade das aprendizagens e seus
desdobramentos como protagonistas.
141
A BNCC nesta Trilha
Os caminhos da
Competências gerais: 1, 2, 3,
4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Competências específicas de
Linguagens: 1, 2 ,3, 4, 5 e 6.
Competências específicas de música
Arte: 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
Objetos e habilidades:
Contextos e práticas
EF69AR02, EF69AR16,
O que é tecnologia para você? O que você considera tecnologia em música?
EF69AR17, EF69AR18,
EF69AR19
Elementos da linguagem Observe a imagem. Trata-se de uma instalação sonora de Janet Cardiff
EF69AR20 (1957-) exposta desde 2001 no Instituto Inhotim, museu a céu aberto localiza-
Materialidades do em Brumadinho, Minas Gerais.
EF69AR21
142
Preparação
Tecnologia e música Insira palavras-chave na lousa, si-
Leia um trecho da letra da música Pela internet, de Gilberto Gil. O que ela nalizando o tema da aula. Sugestões:
comunica a você? música, internet, redes sociais.
143
Preparação
Insira palavras-chave na lousa,
A tecnologia da transformação
sinalizando o tema da aula. Suges- Das muitas transformações que ocorreram na música, uma das mais signi-
tões: tecnologia, técnica, música, ficativas foi o desenvolvimento de mecanismos para a criação de músicas: um
transformação. deles é a transformação de objetos diversos em instrumentos musicais. Proces-
sos como esse fazem parte da vida humana há muitos e muitos séculos. Veja a
O objetivo deste tópico é possibili-
imagem a seguir.
tar aos estudantes que compreendam
que as transformações ocorridas nos
Orientações
Leia o texto, pedindo à turma que
observe a imagem da flauta, atentan-
do para o fato de que se trata de um
pedaço de osso perfurado. Caso seja
possível, assistam em sala de aula ao
vídeo “Flauta de osso de cisne paleo-
lítico”, que traz o som de uma flauta
de osso reconstruída (disponível em:
https://youtu.be/9I5xsXmBeBo; aces-
so em: 19 maio 2022).
Considere se é o caso de assistirem
a uma cena do documentário A ca-
verna dos sonhos esquecidos (2010),
de Werner Herzog. O vídeo mostra
o arqueólogo Wulf Heim tocando
uma réplica de uma flauta de osso
pré‑histórica (disponível em: https:// Flauta de 35 mil anos descoberta durante escavações na Alemanha, 2008.
youtu.be/yUCBBDV2Tzk; acesso em:
19 maio 2022). Se observarmos bem a história, temos inúmeros indícios da utilização de
Depois, organize a turma para a Arqueológico: instrumentos musicais, e a prova disso são os diversos artefatos descobertos
breve prática indicada no texto, bus- referente à em escavações arqueológicas. Um exemplo é a flauta feita a partir do osso de
Arqueologia, um pássaro encontrada na Alemanha, no fim da primeira década do século XXI.
cando saber se existe um instrumen- ciência que estuda
to tradicional de sua comunidade ou os vestígios das Também há registros em diversas inscrições rupestres.
sociedades pré- A descoberta desses instrumentos e registros revela como as sociedades
região. É importante que eles conver- -históricas ou antigas. ao redor do mundo transformaram, de diferentes maneiras e cada uma em seu
sem com pessoas mais velhas e que
Inscrição rupestre: respectivo período, objetos em instrumentos musicais – e esse é um processo
você os auxilie nesse sentido. a palavra “rupestre” que ocorre até hoje.
Leia o texto e converse com eles indica o que é relativo
sobre dúvidas e questionamentos,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO a rochas. Pinturas e Você já pensou que na sua região pode ter algum instrumento de origem
inscrições rupestres antiga (Não precisa ser tão antiga quanto esta flauta, claro!) e que seja signifi-
propondo que pesquisem sobre as DA EDITORA DO BRASIL são aquelas que, na
Pré-História, foram
cativo para a história do local?
invenções de Walter Smetak. Vamos fazer uma breve prática.
feitas em rochas
e que ainda estão
visíveis, permitindo 1 Inicialmente, você deve perguntar a pessoas mais velhas (seus avós, por exem-
conhecer um pouco plo, e outras pessoas da mesma faixa etária deles) qual é o instrumento mais
dos hábitos humanos
desse período. antigo que elas se lembram de ter visto alguém tocar na região e se já tocaram
ou ainda tocam esse instrumento. Pergunte para, no mínimo, dez pessoas.
144
Para aprofundar
Será importante que você se informe sobre os construto- É interessante observar que Marco Antônio Guimarães,
res de instrumentos citados no texto. Leia os textos disponí- fundador do grupo, foi o único construtor de instrumen-
veis em: https://www.waltersmetak.com.br/biografia.html e tos do Uakti. Com o final do grupo, esses instrumentos
https://www.scielo.br/j/pm/a/P885yf9PSJDp6kSyS9vWr3b/? foram comprados por um colecionador e estão guarda-
lang=pt (acessos em: 19 maio 2022). dos em um acervo particular na cidade de Belo Horizonte,
O segundo link refere-se ao grupo Uakti, e a leitura desse em Minas Gerais.
texto é fundamental para entender a importância do grupo
e da criação dos instrumentos.
144
2 Observe se algum instrumento é mais citado que outro. Orientações
Explique para os estudantes que a
3 Agora, pesquise na internet as origens do instrumento mais citado, ouça busca por novos timbres, novas textu-
exemplos musicais (se possível) e prepare um breve texto sobre sua impres- ras musicais e novos sons ocorreu, em
são a respeito desse instrumento e sua história.
grande parte, a partir da Revolução
Você e os colegas deverão discutir em sala os resultados obtidos, obser-
Industrial e da urbanização das gran-
vando quais os instrumentos mapeados.
des cidades. Essas transformações se
O século XX, em especial, foi um momento no qual ocorreram muitas trans-
deram em todos as instâncias da vida
formações na ideia do que era música. Isso trouxe a necessidade de buscar
humana.
novos timbres, novas texturas musicais, novos sons – e também novas formas.
É interessante pedir a eles que re-
Diversos artistas, músicos e compositores buscaram unir a linguagem das artes
flitam sobre as mudanças de intensi-
visuais e a da música, e essas pesquisas originaram instrumentos musicais, que
também foram concebidos como esculturas. Esse é o caso dos instrumentos
dade sonora que aconteceram entre
idealizados e construídos por Walter Smetak (1913-1984), músico e pesquisa-
a época na qual seus avós tinham a
dor suíço radicado no Brasil. idade deles e os dias atuais. Oriente-
Para construí-los, Smetak usou cabaças, madeira, canos de plástico, tubos -os para que apontem as sonoridades
de PVC, isopor e outros materiais, buscando sonoridades que eram bastante que não existiam há duas gerações,
originais para a época. Ele chamou esses instrumentos de “plásticas-sonoras”. como ao mencionar, por exemplo, a
grande quantidade de carros que tra-
• Tente imaginar o som desses instrumentos. Como cada um deles soaria?
fega pelas ruas e avenidas das cida-
Observe abaixo um instrumento de Walter Smetak.
des, gerando uma sonoridade intensa
e constante, comparando com o que
Acervo da Família Smetak
Bate-papo com o
professor
No documentário A caverna dos so-
nhos esquecidos, o diretor teve aces-
so exclusivo à Caverna de Chauvet,
Walter Smetak. Tímpanos grandes, potes d’água, 1970. Instrumento musical de
percussão, composto de tampas de panelas de alumínio, pele de animal, corda, cordão, localizada no sul da França, onde
mangueira de plástico e potes de madeira, 1,50 m × 1,12 m. foram descobertas, em 1994, pin-
turas rupestres que estão entre as
Smetak buscava explorar a sonoridade específica de cada um dos materiais
mais antigas já encontradas. Além
utilizados. Contudo, além de pesquisar e construir instrumentos inovadores,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
procurava desenvolver a partir deles um conceito coletivo de criação, idealizan-
de assistir ao documentário, você
pode ler a crítica disponível em:
DA EDITORA DO BRASIL
do muitos instrumentos para serem tocados por mais de uma pessoa, tentando,
https://www.planoaberto.com.br/a
de acordo com o próprio artista, ultrapassar a individualidade e proporcionar a
união de músicos.
-caverna-dos-sonhos-esquecidos/
O compositor era professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e
(acesso em: 19 maio 2022).
sua oficina de pesquisa e criação era um ponto de encontro para vários músicos
da época. Um deles, Marco Antônio Guimarães, deu continuidade a essa pes-
quisa e fundou, em 1978, o grupo Uakti.
145
145
Preparação
Cristiano Quintino
Explique que as imagens se referem Uma classificação dos instrumentos
a instrumentos musicais idealizados e
musicais
construídos pelo fundador do grupo
Uakti, Marco Antônio Guimarães. Os instrumentos musicais podem ser organizados em grupos
de acordo com diversos parâmetros. Os instrumentos utilizados
Neste primeiro link, a música co-
pelo grupo Uakti são divididos em cinco categorias, criadas pelos
meça com o instrumento Grande
etnomusicólogos (termo sobre o qual falaremos mais adiante)
Pan e a marimba de vidro, seguido
Erich von Hornbostel e Curt Sachs, que propuseram uma classi-
por outros instrumentos (disponí- ficação feita a partir do modo como os instrumentos emitem som.
vel em: https://www.youtube.com/ Essa forma de classificar foi chamada de Sistema Hornbos-
watch?v=MPYgs_c-3nQ; acesso em: tel-Sachs e divide os instrumentos da seguinte maneira:
19 maio 2022).
• Cordofones: são instrumentos de cordas que, ao serem vi-
Já no link a seguir, a música co-
bradas, emitem som.
meça com o instrumento Aqualung, Também fazem parte dessa categoria: violão, berimbau, vio-
seguido novamente pela marimba
de vidro (com outros instrumentos
MATERIAL DE DIVULGAÇÃOla, bandolim, violino e violoncelo.
DA EDITORA DO BRASIL
entrando em seguida). Peça aos estu-
dantes que observem como a quali-
dade do som altura é modificada pela
instrumentista ao tocar o Aqualung,
que faz sons graves e agudos ao ser Gig, cordofone utilizado
movimentado (disponível em: https:// pelo grupo Uakti. Belo
Horizonte (MG), 2008.
www.youtube.com/watch?v=y3Bik
s6dooo; acesso em: 19 maio 2022). 146
O próximo link mostra o instru-
mento Torre, tocado por duas pes-
soas, produzindo um som rico em
timbres e sonoridades diferencia- Depois de ouvir os exemplos e observar os instrumentos
sendo tocados, peça aos estudantes que comentem essas Foco na BNCC
das. No decorrer da música, o ins-
trumento passa a ser acompanhado audições, buscando discutir os diversos aspectos que envol- Ao conhecer e classificar diferentes instrumentos
vem essas apresentações musicais – como timbres diferen- musicais é trabalhada a habilidade EF69AR21.
por uma flauta transversal (disponí-
vel em: https://www.youtube.com/ tes, materiais inusitados, maneiras de tocar o instrumento,
watch?v=5yZijDmnLuY; acesso em: entre outros aspectos.
19 maio 2022).
146
• Aerofones: instrumentos cujo som é Orientações
Cristiano Quintino
produzido pelo ar que passa por dentro Proponha aos estudantes que ob-
do corpo deles. O ar pode ser soprado servem atentamente os materiais dos
por um instrumentista ou deslocado por quais são feitos todos os instrumen-
um instrumento de percussão (como é o tos apresentados na Coordenada.
caso do Grande Pan, na imagem ao lado). Explique que se trata de materiais ba-
ratos e facilmente encontrados (com
exceção da marimba de vidro), e que
o responsável pela criação deles, o
músico Marco Antônio Guimarães,
realizou uma importante pesquisa
em busca das sonoridades que dese-
java para cada um dos instrumentos.
Explique também que o instru-
mento Aqualung é considerado um
membranofone porque utiliza a su-
perfície da água como membrana.
Peça a eles que reflitam sobre
como funciona a propagação do som
desses instrumentos, e comente que
Grande Pan, aerofone
utilizado pelo grupo Uakti. o instrumento Grande Pan possui
Belo Horizonte (MG), 2008. uma caixa feita de madeira, que am-
plifica acusticamente as notas tocadas
Também fazem parte dessa categoria os instrumentos de sopro de metal e madeiras, como: trompe- quando o instrumentista percute os
te, trombone, tuba, flauta, saxofone e clarinete.
tubos de PVC verticalmente.
• Idiofones: nome dado aos instrumentos musicais cujo som é produzido no próprio corpo do instru-
mento, como a marimba de vidro. A origem da palavra “idiofone” vem do grego idios, que significa
“privado” ou “pessoal”, e fono, que significa “som”.
Cristiano Quintino
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Marimba de vidro
utilizada pelo
grupo Uakti. Belo
Horizonte (MG),
2008.
Também fazem parte dessa categoria: vibrafone, xilofone, agogô, berimbau de boca e triângulo.
147
147
Atividade • Membranofones: são os instrumentos nos quais o som é produzido com a vibração de uma mem-
complementar brana (que pode ser de pele de animais ou sintética).
Será interessante que você pro-
Cristiano Quintino
Cristiano Quintino
ponha a construção de dois tipos de
amplificadores acústicos, tendo como
referência dois vídeos publicados no
canal Manual do Mundo, no YouTube.
O primeiro vídeo mostra a confec-
ção de três amplificadores acústicos
muito simples, feitos com materiais
fáceis de serem encontrados, e que
não utilizam eletricidade. Além de
construir os amplificadores, o apresen-
tador Iberê Tenório explica o funciona-
mento deles. O vídeo está disponível
em: https://youtu.be/ZH6RdN7PoFk
(acesso em: 19 jul. 2022).
O segundo explica como construir,
também de forma muito simples, um Aqualung,
microfone que utiliza energia elétri- membranofone de
água utilizado pelo
ca para amplificação do som a partir Trilobita, membranofone construído com tubos de grupo Uakti. Belo
de uma bateria e de outros materiais PVC. Instrumento utilizado pelo grupo Uakti. Belo Horizonte (MG),
não tão simples de serem encontra- Horizonte (MG), 2008. 2008.
Cristiano Quintino
Caso seja possível, assistam aos ví-
deos indicados em sala de aula. Do
contrário, estude pormenorizadamen-
te as construções dos amplificadores
e leve essas práticas para a sala de
aula. Lembre-se de sempre cuidar da
segurança dos estudantes no decorrer
de toda a atividade.
Tabla elétrica,
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO eletrofone utilizado
pelo grupo Uakti.
DA EDITORA DO BRASIL Belo Horizonte (MG),
2008.
148
148
Preparação
No Contraponto, o objetivo é tra-
balhar a ideia de que o mesmo ins-
Muitas marimbas trumento tem características iguais
Você já experimentou bater com a mão fechada em diferentes superfícies de madeira? Tente se e diferentes, dependendo do lugar e
lembrar dos sons que esse tipo de material produz, por exemplo, ao se bater em uma porta, esperando da cultura no qual ele está inserido.
que alguém abra. Tente se lembrar de diferentes sons que já ouviu, batendo em diferentes portas: cada
porta tem o seu som, que varia de acordo com diversos fatores, como as dimensões, o tipo de madeira Orientações
de que é feita, o revestimento etc. Peça aos estudantes que obser-
O mesmo se dá com os instrumentos: forma, textura e densidade dos materiais influenciam direta- vem, inicialmente, as diversas marim-
mente sua sonoridade. Vejamos o exemplo da marimba, ouvindo o som da marimba de orquestra. bas exemplificadas nas fotos. Depois,
leia o texto, reproduza os exemplos
furtseff/Shutterstock.com
1 musicais (áudios 1 e 2, referentes à
Marimba de
orquestra marimba de orquestra e ao balafon)
e proponha uma discussão sobre os
diferentes materiais e como eles po-
dem influenciar no som. Relembre
que essa questão está vinculada com
a qualidade do som timbre.
Se possível, assista com a turma
a um trecho do documentário So-
bre a congada de Ilhabela: formas de
olhar, produzido pela TV USP, que
traz muitas informações e reflexões
sobre a congada praticada em Ilha-
bela, litoral norte do Estado de São
Marimba de orquestra tocada com baquetas. Rússia, 2018. Paulo, e faz muitas referências à
marimba de Ilhabela, instrumento
Como já vimos, marimba é um idiofone. Ela é composta geralmente de teclas de madeira que são
muito particular dessa manifesta-
percutidas por baquetas – mas que podem, também, ser percutidas pelas mãos. Ouça o som do balafon,
ção. O documentário está disponí-
tocado também com baquetas.
vel em: https://www.youtube.com/
watch?v=CpCuk441ZCw&t=931s;
Charles O. Cecil/Alamy/Fotoarena
2
Balafon acesso em: 19 maio 2022).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Balafon sendo tocado por homem africano. Burquina Faso, África Ocidental.
149
Foco na BNCC
Ao conhecer e classificar diferentes instrumentos
musicais é mobilizada a habilidade EF69AR21.
Assim, cumpre-se o objetivo de apresentar alguns
conceitos da musicologia e da etnomusicologia,
estimulando a reflexão sobre o papel da música
nas diversas sociedades.
149
Orientações
Retome a reflexão sobre amplifica-
violão.
Solicite que façam uma pesquisa
sobre instrumentos iguais em dife-
rentes lugares do mundo. Também
peça a eles que pesquisem o som de
cada um.
Homem maia
tocando
marimba em
Chichicastenango.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Guatemala, 2011.
DA EDITORA DO BRASIL
• Você conhece outros instrumentos que utilizam esse recurso? Qual/Quais?
A marimba é feita geralmente de madeira, mas existem instrumentos feitos de outros materiais,
como a marimba de vidro, citada anteriormente.
Observe os diversos formatos das marimbas que aparecem nas imagens. Apesar de muito diferentes
entre si, são o mesmo instrumento – pois têm as mesmas características de material usado e forma de
construção. Porém, o som de cada marimba é muito particular.
150
150
Preparação
Insira palavras-chave na lousa, sina-
lizando o tema da prática. Sugestões:
Unindo matemática e música construção de instrumento musical,
Construir instrumentos, muitas vezes, é algo que exige muita reflexão e planejamento e, dependendo do noções de matemática.
resultado que se quer, o domínio de complexas noções de matemática. Agora,
vamos experimentar a sonoridade do vidro, mas construindo um instrumento Orientações
com a altura definida, isto é, com notas o mais próximo possível de uma escala Escala diatônica: Leia, atentamente, em sala de aula,
diatônica tradicional. composta de sete
notas de diferentes todas as etapas dessa prática de cria-
Os seguintes materiais serão necessários: alturas, obedece a um ção, procurando organizar e propor-
padrão de afinação
• oito garrafas de vidro iguais (podem ser de qualquer tamanho, desde que que é repetido a cada
cionar os materiais necessários para
sejam iguais e não muito pesadas); grupo seguinte de a construção.
sete notas. Ressalte aos estudantes que o ma-
• barbante;
nuseio das garrafas de vidro precisa
• baquetas ou varetas de madeira (podem ser colheres de pau);
ser feito com muito cuidado, para
• um cabo de vassoura (que possa ser usado para pendurar as garrafas amar- que não ocorra nenhum acidente.
5 Amarrem o barbante firmemente em cada um dos gargalos das garrafas. Vocês podem, também, reforçar
a amarração com fita-crepe.
151
151
Preparação 6 Pendurem com cuidado cada uma das garrafas, na ordem estabelecida anteriormente, com espaço sufi-
As obras apresentadas na Conexão ciente para que elas não encostem umas nas outras quando vocês tocarem. O resultado será semelhante
não se encaixam apenas em uma das à imagem abaixo:
linguagens da Arte. Por serem produ-
Reinaldo Vignati
ções híbridas, elas colocam em debate
as divisões entre essas linguagens e
ampliam a possibilidade de nos re-
lacionarmos com uma obra sem nos
apoiarmos em rótulos. Converse com
a turma sobre como as linguagens da
Arte se evidenciam nessas criações,
buscando fazer com que os estu-
dantes percebam como forma e fun-
ção estão associadas em tais obras.
Modelo de como o experimento
É interessante que eles saibam, por pode ser montado.
exemplo, que os materiais escolhidos
alteram o timbre dos sons emitidos 7 Experimentem o som do instrumento, percutindo com as baquetas (ou colheres de pau) com suavidade
pelas peças – essa é a mesma lógica ou com mais força, tomando cuidado para não quebrar as garrafas.
que orienta a construção de um ins-
8 Agora que o instrumento está pronto, vocês deverão criar uma composição curta, que será apresentada
trumento musical. para toda a classe. Para isso, escolham (ou sorteiem) quem tocará – mas observem que mais de uma
pessoa pode tocar o instrumento ao mesmo tempo.
Orientações
Peça aos estudantes que explorem 9 Quando todos os grupos tiverem se apresentado, conversem a respeito do processo, refletindo sobre
o quanto a matemática – uma ciência espetacular desenvolvida pelo ser humano – relaciona-se com
a sonoridade presente nos objetos e
a música.
materiais de seu entorno, tendo como
foco a perspectiva dos timbres. Além
de reconhecerem o universo de sons É logico, é logica!
Brenda Kean/Alamy/Fotoarena
mesmo material podem ser extraídos
sons diferentes, seja pelo modo como
é manipulado, seja pelo contato com
outros materiais. Essa é uma forma de
ativar a escuta atenta da turma; por-
tanto, foque os detalhes e as mínimas
diferenças e permita-se fazer desco-
bertas com os estudantes.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
152
Para aprofundar
Estes vídeos podem ajudar a conhecer melhor a obra The Foco na BNCC
singing, ringing tree.
Ao conhecer exemplos de esculturas sonoras
• The singing, ringing tree, disponível em: https://www.
é trabalhada a habilidade EF69AR02.
youtube.com/watch?v=JpAhRxqibT0 (acesso em: 15
maio 2022). Este conteúdo também cumpre o objetivo de
refletir sobre o conceito de tecnologia como
• Singing ringing tree of Texas, disponível em: https://www. um campo de intersecções entre as linguagens
youtube.com/watch?v=wE47T7utujI (acesso em: 15 maio da Arte.
2022).
152
A escultura foi projetada pelos arquitetos Mike Tobin e Anna Liu e está na Atividade
Inglaterra. Concluída em 2006, ela é formada por tubos de aço dispostos de complementar
forma que o vento passa por dentro deles produzindo vários sons ao mesmo Explore com os estudantes a pos-
tempo. Os sons gerados por cada tubo formam uma textura musical muito es- sibilidade de eles criarem pequenas
pecial, pois se combinam de diferentes maneiras, dependendo da direção em
intervenções sonoras, em grupos com
que o vento sopra.
cinco ou seis integrantes, utilizando
• Repare que a forma dessa escultura faz referência ao vento, como se tives- para isso materiais acessíveis e outros
se sido esculpida por ele. Se você fosse criar uma escultura musical, como que podem ser coletados. Partam da
ela seria?
pergunta: Que sons podemos produ-
Além da escultura The singing, ringing tree, há vários escultores que reali-
zir no ambiente em que estamos e
zam obras com esse encontro de linguagens entre artes visuais e música. É pos-
com os materiais que temos disponí-
sível que você as encontre com o nome de esculturas sonoras ou de instalações
veis? Peça aos grupos que estipulem
sonoras. Para facilitar, vamos ter em mente a seguinte diferenciação: instala-
ção sonora envolve o tipo de obra que foi pensada especificamente para um
critérios para manipular esses mate-
lugar ou que dialoga diretamente com ele, riais de maneira coordenada, criando
ou seja, seu entorno específico é parte fun-
Leandro Lima
um tipo de coreografia a ser realizada
damental da experiência com a obra; por com explorações de ritmos, com en-
outro lado, a escultura sonora seria o tipo tradas e saídas dos sons e com as pes-
de obra que pode ser colocada em qual- soas que ocupam esse espaço. Gestos
quer local, sem perdas para a experiência bem-marcados conferem teatralidade
do público. Seja qual for o caso, ambas as à ação coletiva.
modalidades tratam desse encontro entre A partir desses experimentos e
a obra tridimensional e o som, ou seja, es- acordos firmados entre o grupo, sur-
culturas nas quais o som é parte essencial girá uma obra sonora, performática
da criação. e plástica. Para o caso de as sonori-
Observe as imagens ao lado. Vamos dades acontecerem a partir de im-
olhar para as obras e imaginar o seu fun-
provisações, é interessante orientar
cionamento. Já que o livro não nos permi-
os performers para que combinem
te ouvir, vamos observar alguns aspectos.
antecipadamente quais sinais devem
De que material elas são feitas? Tanto na Órgão, de Gisele Mota e Leandro Lima, escultura sonora realizada em
transmitir entre si para indicar mu-
construção de um instrumento musical São Paulo (SP), 2017.
quanto na de uma escultura sonora, o ma-
danças e movimentos ou mesmo o
Luke Jerram
153
153
Preparação
Insira palavras-chave na lousa, si- Os caminhos da
nalizando o eixo da aula. Sugestões:
música eletrônica, tecnologia.
música eletrônica
A música eletrônica é o tema des- Como já vimos, na música são muitos os exemplos do uso da técnica e da
te trecho e pode estar vinculada com tecnologia, desde as transformações na construção de objetos musicais até o
desenvolvimento de instrumentos completamente eletrônicos – como são cha-
os processos de Física e Matemática.
mados os que não precisam de uma pessoa para tocá-los.
Caso seja possível, peça ao professor
3 Esse é o caso do teremim, instrumento musical criado pelo russo Léon
de Matemática que prepare uma con-
Teremim Theremin (1896-1993) em 1920. Ouça o som dele.
versa com a turma sobre questões
relacionadas a esse tópico. Caso isso
Orientações
Peça aos estudantes que observem
atentamente o instrumento teremim
e convide-os a falar sobre como ima-
ginam seu som. Depois, mostre a eles
o som do teremim, disponível no
áudio 3, e conduza uma discussão
sobre o timbre do instrumento, com-
parando-o com o de outros timbres.
Explique que o teremim é um ins-
trumento que funciona de forma ele-
trônica e não é tocado fisicamente,
isto é, o instrumentista não encosta
no instrumento para produzir som.
Em seguida, peça que pesquisem so-
bre o instrumento e tragam suas im-
pressões para serem discutidas em
sala de aula.
Caso seja possível, assistam ao ví-
deo de Carolina Eyck, acompanhada
por um contrabaixo elétrico, tocando
Tereminista alemã Carolina Eyck tocando teremim.
um trecho da composição Quarteto Tereminista: Fredersdorf, Alemanha, 2008.
pelo fim dos tempos, do compositor instrumentista que
toca o teremim.
francês Olivier Messiaen (1908-1922). Esse instrumento é controlado pelas mãos, mas sem que ocorra um contato
Essa obra foi feita durante a Segun-
da Guerra Mundial, ocasião em que
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO físico. Para que o teremim emita sons musicais, é preciso posicionar as mãos ao
seu lado e movimentá-las perto das duas antenas de metal que fazem parte do
o compositor foi preso em um cam- DA EDITORA DO BRASIL instrumento. Essas antenas são sensores que emitem sons das frequências de
po de concentração nazista. Origi- rádio: a antena direita do instrumento musical é responsável por mudar a fre-
nalmente escrita para ser tocada por quência e a esquerda altera o volume. Você já ouviu o som de um rádio antigo,
violino, violoncelo, piano e clarine- no qual tem de sintonizar a emissora mecanicamente? Um som chiado, com
te, a música tem uma característica notas que alternam entre sons agudos e graves, que sobem e descem? Pois
bem, o som do teremim é produzido da mesma forma – mas, por ser controlado,
melancólica que explicita a triste-
emite uma só nota musical.
za da guerra. O vídeo está disponí-
vel em: https://www.youtube.com/ 154
watch?v=C2BcPnL0_nA; acesso em:
19 maio 2022).
Explique que são diversos os ins-
trumentos elétricos ou eletrônicos, Atividade complementar Foco na BNCC
tanto os usados na atualidade quan- Existem diversos tutoriais de construção de um teremim
to os que não fazem mais parte do Ao conhecer e valorizar o trabalho de
simples na Internet. Considere a possibilidade de construir
cotidiano dos músicos. Promova uma artistas do cenário musical e ao identificar a
um com a sua turma. presença da tecnologia em práticas artísticas
pesquisa sobre essa questão, esti-
são desenvolvidas as habilidades EF69AR18
mulando os estudantes a ouvirem, e EF69AR35.
na medida do possível, exemplos
Além disso, este conteúdo cumpre o objetivo de
musicais.
ampliar conceitos e possibilidades que ajudam
As respostas à pergunta da página no entendimento das produções de música de
seguinte são pessoais. diferentes épocas como criações em constante
diálogo com os adventos tecnológicos.
154
No decorrer do século XX, diversos instrumentos eletrô- Preparação
nicos foram inventados, como a guitarra elétrica, o contra- Insira palavras-chave na lousa, si-
baixo elétrico e os pianos elétricos, além dos sintetizadores nalizando o tema da Coordenada.
de som. Esses instrumentos transformaram a concepção de Sugestões: ondas sonoras, qualida-
Acústico: o que
som e audição de música, principalmente no que diz respeito não precisa ser des do som.
à qualidade do som relativa à intensidade, uma vez que a po- amplificado para que
ocorra a emissão do
tência sonora desses instrumentos elétricos é muito maior que
som. Orientações
de seus similares acústicos – por exemplo, o contrabaixo
Peça aos estudantes que observem
acústico.
a imagem das ondas sonoras, aten-
tando para as diferenças entre elas.
Depois, reproduza o áudio 4, expli-
RapidEye/iStockphoto.com
horiyan/iStockphoto.com
Foco na BNCC
Deanora/Shutterstock.com
Ao identificar e estudar os
elementos do som e ao
explorar as variadas fontes
e materiais sonoros são
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO desenvolvidas as habilidades
DA EDITORA DO BRASIL EF69AR17, EF69AR20 e
EF69AR21.
vitec/Shutterstock.com
Boxyray/Shutterstock.com
155
155
Orientações Uma mesma nota musical, cantada ou tocada por instrumentos diversificados, terá um som diferen-
Explore com os estudantes a te, porque as ondas sonoras produzidas por cada instrumento são únicas – e a percepção humana das
questão da saudabilidade auditiva diferentes ondas sonoras faz com que percebamos o timbre particular de cada um deles.
na sociedade moderna, retomando Estamos expostos a diversos sons a todo momento. Assim, é também a percepção humana,
novamente as questões apresen- que define quais sons são ou não saudáveis para a nossa audição. Veja a imagem a seguir.
tadas no subtítulo “A tecnologia da
Reinaldo Vignati
transformação”, quando foram discu- Intensidade de alguns sons audíveis pelos seres humanos
tidos os impactos sonoros produzidos
a partir da Revolução Industrial. Intensidade do ruído em dB
Peça aos estudantes que observem
Sirene, alarme 140
e relatem situações do seu próprio co- 90-120 dB Explosão
tidiano nas quais a sua saúde auditiva 130
Avião decolando
corre perigo. As respostas às pergun-
tas do livro são pessoais, mas podem Discoteca 120
Tiro, buzina
gerar ganchos para ampliação dessa Bar lotado
Show 110
discussão, sobretudo se sua comuni-
85-115 dB Martelo pneumático
dade estiver localizada em um grande 100
centro urbano.
Reprodutor 90
Interdisciplinaridade de áudio Furadeira
70-100 dB 80
A Coordenada trabalha a interdis- Recreio
ciplinaridade entre Música (aspectos 70
relativos à sonoridade e qualidades Tráfego em
do som) e Ciências, uma vez que o cidades 60
Máquina de lavar roupa
tema saúde auditiva é comum 50-90 dB
50
aos dois componentes. Portanto,
considere convidar o professor desse 40
Sala de aula
componente para uma conversa com
40-80 dB 30 Biblioteca
os estudantes sobre esse assunto.
20
Foco nos TCTs Sussurro
Este conteúdo desenvolve o Conversa
10 Cabine de isolamento acústico
Grito
Tema Contemporâneo Transver-
30-80 dB
sal Saúde ao abordar os limites 0
dos sons audíveis e os riscos para
a audição. Limite da dor Perigo: risco de Limite de risco Sem risco
dano auditivo à saúde
Observe, na tabela, que existem desde sons que não causam risco à nossa audição até aqueles que
machucam o aparelho auditivo e lhe causam danos (sinalizados pela cor vermelha).
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Pense em como você e seus colegas se relacionam com os diversos sons elencados na tabela e em
como esses sons podem impactar não somente você, mas todos ao seu redor.
DA EDITORA DO BRASIL
• Como são os sons do seu cotidiano e das pessoas com quem convive?
• Você se expõe com frequência a sons da faixa vermelha da tabela? Em quais situações?
As ondas sonoras nos impactam a todo momento e, desde que o som ouvido esteja dentro dos li-
mites saudáveis de audição, elas afetam cada um de forma diferente, podendo causar reações tanto de
estímulo quanto de repulsa.
156
156
É logico, é logica!
Preparação
Continuaremos estudando a músi-
ca eletrônica, agora por meio de suas
mídias, ou seja, de seus meios de exe-
Grãos de areia que dançam cução. Antes de prosseguir, é sempre
O termo “trilha” indica um caminho. São pistas seguidas quando se percorre MP3: formato bom saber o que veio antes. Por isso
uma trajetória. É nesse mesmo sentido que podemos pensar sobre a noção de digital de arquivos
musicais e áudio relembre os principais tópicos vistos
trilha sonora. Você já pensou que, durante quase todo o século XX, a principal em geral, acessível anteriormente sobre as ondas sonoras
mídia para ouvir músicas eram os discos de vinil? Eles registravam as trilhas por computador ou
celular. e, então, pergunte se algum estudan-
sonoras de filmes e eram os responsáveis por embalar a apreciação musical e
te já viu um toca-discos em funciona-
as danças de várias gerações. Vinil: tipo de
plástico derivado de mento. Caso seja possível, apresente
Quando se queria ouvir música em casa e ainda não havia sido inventada a
petróleo, conhecido discos e vitrolas antigos para que eles
tecnologia do MP3, as pessoas faziam o uso de vitrolas para tocar discos de vinil. popularmente como
PVC. entendam, pela materialidade, como
as músicas soavam décadas atrás.
kot63/iStock.com
Orientações
Pergunte aos estudantes se eles
têm playlists em aplicativos de músi-
ca e questione também se já editaram
alguma música. Como eles nasceram
em uma época em que as tecnolo-
gias digitais já estavam instauradas,
não tiveram contato com as formas
de produção de som nas quais era
possível ver parte de seus processos,
uma vez que o som digital propõe
outro tipo de manipulação e intera-
ção com a mídia.
Por isso, oriente uma pesquisa so-
bre o termo “mídia” e as principais pla-
taformas de música disponíveis na
Agulha de um toca-discos sobre internet. Em relação à palavra “mídia”,
um disco de vinil. Rússia, 2018. eles provavelmente encontrarão ter-
mos como “mídias digitais e sociais”,
Antes de termos os arquivos digitais sonoros – aqueles que compartilha-
mos e armazenamos nos aplicativos de áudio favoritos –, as músicas eram to-
verificando que ela está diretamente
cadas em discos chamados de long-play (gravação de longa duração), ou LP. relacionada aos meios de comunica-
Os LPs tinham uma estrutura fina e rígida, mas podiam sofrer arranhões ou ção social de massa, como o rádio, o
quebrar. Quando a vitrola era ligada, o movimento contínuo circular já remetia cinema, a televisão, as revistas e jor-
aos giros de uma dança. O disco de vinil possui pistas esculpidas, que atuam nais impressos, os satélites de comu-
nicação e os meios eletrônicos e tele-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
como canaletas, ou ranhuras em forma de espiral. Com o disco apoiado sobre a
bandeja da vitrola em funcionamento, a agulha do aparelho era conduzida para máticos de comunicação.
DA EDITORA DO BRASIL
dentro dessas canaletas, da borda externa até o centro no sentido horário. Esses Destaque que “mídia” é todo supor-
sulcos microscópicos faziam a agulha vibrar. Essa vibração era transformada em te utilizado na divulgação de informa-
sinal elétrico, posteriormente amplificado e se transformava em música. ção, ou seja, é um meio de expressão
Entender o funcionamento digital do MP3 talvez não seja simples, mas po- localizado entre o criador e o público,
demos ter em mente que tudo ocorre a partir de vibrações causadas por ondas é por onde se transmite os sons, as
sonoras. Foi esse fenômeno que estudiosos de uma ciência que conheceremos imagens ou qualquer outro tipo de
a seguir descobriram há muitos anos. mensagem.
157
Foco na BNCC
Ao explorar os meios e os
equipamentos utilizados
Atividade complementar Interdisciplinaridade na circulação de músicas
é trabalhada a habilidade
Caso ainda não tenha um projeto de uma rádio em sua O tema da Conexão se apropria de conceitos de Ciências
EF69AR17.
escola, proponha a criação de uma, ou reserve espaços para e Matemática ao abordar os estudos de ondas sonoras e suas
Além disso, este conteúdo
realização de intervalos culturais. Assim, grupos de estudan- propagações em diversos meios. Se considerar pertinente,
contempla o objetivo de
tes podem se responsabilizar por promover, em dias deter- promova uma atividade interdisciplinar que envolva os pro- experimentar a linguagem da
minados, uma programação de música para ser tocada nos fessores desses componentes, ampliando a compreensão do música pela perspectiva da
horários dos intervalos. assunto por parte da turma. transformação dos materiais
do cotidiano e da utilização
de aparatos tecnológicos.
157
Preparação
Neste subtítulo, o assunto continua
O som visível pela Cimática
sendo as mídias e a propagação de As ondas sonoras podem ser produzidas por diferentes instrumentos e pela
ondas sonoras, abordados agora por voz. Aparelhos eletrônicos, como microfones, são capazes de captar as ondas
meio dos estudos da Cimática. sonoras emitidas perto deles. Porém, você sabia que algumas ondas e frequên-
cias sonoras têm padrões que se repetem e podem ser vistos?
Existe um ramo da ciência que estuda o movimento dos corpos, observan-
Orientações
do conceitos como posição, deslocamento, referencial, trajetória, entre outros,
Reserve cinco minutos da aula para sem levar em conta a origem do movimento. Comparando com a dança, é como
que os estudantes experimentem o se este ramo se dedicasse a analisar o movimento, independentemente dos mo-
oposto do que ocorre com o teremim, tivos subjetivos que fazem o dançarino se mover. Ele é chamado de Cimática:
que não é tocado fisicamente. Peça a a ciência que estuda os fenômenos vibratórios das ondas sonoras, sejam elas
eles que, com uma caneta que será audíveis ou não, por suas ações sobre a matéria – por exemplo, em grãos de
usada como baqueta, escolham um areia. Dessa forma, quando se altera a vibração, altera-se também a organiza-
lugar da escola para percutir a fim ção da matéria, o que permite tornar visível o fenômeno acústico pela geração
de perceber a reverberação do som de movimentos.
pela audição e pelo tato. Uma opção O pioneiro da Cimática foi o físico e músico alemão Ernst Chladni (1756-
para essa proposta é pedir que eles 1827), que desenvolveu diversas pesquisas sobre o fenômeno, observando
toquem o próprio pescoço enquanto como o som pode modificar a organização da matéria. Em uma de suas expe-
falam a vogal “a” de forma grave, len- riências, ele friccionou um arco de violino na borda de uma superfície com grãos
finos e viu as figuras geométricas apresentadas abaixo se formarem.
ta e contínua. O objetivo é que eles
possam sentir a vibração das cordas
158
Para aprofundar
Caso seja possível, assista com os estudantes ao vídeo de Foco nos TCTs
música eletrônica de Nigel Stanford (disponível em: https:// Este conteúdo desenvolve o Tema Contemporâneo
youtu.be/Q3oItpVa9fs; acesso em: 19 maio 2022) e repitam Transversal Ciência e Tecnologia ao explorar os fenô-
a experiência, procurando agora deixar o corpo agir por uma menos vibratórios das ondas sonoras.
reverberação em um fluxo livre de movimentos. Não é preci-
so fazer coreografia nem mostrar os movimentos a ninguém,
é apenas para sentir e desfrutar. Peça que imaginem que, ao
se mover, organizarão seus padrões internos como os dese-
nhos da Cimática.
158
Preparação
Recursos musicais digitais Insira palavras-chave na lousa, si-
Atualmente, convivemos cada vez mais com recursos digitais em nosso nalizando o tema da aula. Sugestões:
dia a dia. O mesmo ocorre quando se trata de música, e isso é perceptível no instrumentos digitais, sons digitais.
desenvolvimento de diversos instrumentos musicais nos quais esses recursos Nesta página, retomamos a ques-
digitais viabilizam a emissão do som.
tão dos instrumentos eletrônicos,
Instrumentos musicais digitais, conhecidos também pela sigla IMD, são
aprofundando essa tecnologia que
aqueles nos quais o som é criado digitalmente a partir da utilização e manipu-
possibilitou a construção de instru-
lação da própria onda sonora, executada por um computador. Ouça um som 5
produzido digitalmente.
mentos totalmente digitais.
Sons digitais
São comuns instrumentos que possuem a forma de um piano tradicional,
com teclados compostos de teclas brancas e pretas, como na imagem a seguir. Orientações
Ouça com os estudantes, em sala
FrabrikaSimf/Shutterstock.com
• https://www.youtube.com/
watch?v=aRw9fCQIn6Q;
• https://www.youtube.com/
watch?v=occ7aYelC1k.
Depois da audição, solicite que to-
dos comentem as diversas sonorida-
des percebidas.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
Bosanquet’s enharmonic
harmonium, instrumento de
1876 com teclas isomórficas.
Londres, Inglaterra, 2001.
159
159
Orientações
lumatone.io
Comente com os estudantes que
a invenção dos instrumentos digi-
tais foi responsável, em grande parte,
por uma relativa democratização dos
instrumentos de teclado, pois atual-
mente encontramos desde os mais
simples até os modelos extremamen-
te elaborados a preços acessíveis. Per-
gunte se na sala de aula há alguém
que saiba tocar algum tipo de teclado
e, em caso afirmativo, considere pro-
mover apresentações e oficinas nas
quais vocês possam pesquisar juntos
os diferentes timbres que um teclado
é capaz de produzir.
Atividade
complementar
Existem teclados digitais disponí-
veis na Internet, como o Terpstra, um
programa gratuito no qual as notas Instrumento digital com
teclado isomórfico. Toronto, Por serem instrumentos que funcionam de forma digital, ou seja, em que
soam a partir do teclado de letras do Canadá, 2015.
as notas são criadas a partir de computadores, eles trazem possibilidades de
computador. Considere a possibili-
afinação diferentes. Mas o que isso significa? Observe a imagem.
dade de testar o programa e, quem
sabe, ensinar os estudantes (disponí- D G D G D
Reinaldo Vignati
C -1 F
-1 C 0 F
0 C
-1 B B
vel em: http://terpstrakeyboard.com/ -1
E -1 A D
0 E 0 A
0
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E
-2
D -1 G
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0 G
0 D
play-it-now/; acesso em: 19 maio -1 F -1 B
-1 C 0 F 0 B
0 C 1
-1 E 0 E 1 E
2022). 2 D -1 G
-1 A -1 D 0 G
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G
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DA EDITORA DO BRASIL B B B
-1 0
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O computador pode ser um potente recurso para a composição musical, Orientações
pois ele é capaz de gerar sons chamados eletroacústicos (sons que são grava- Peça aos estudantes que obser-
dos de forma acústica e depois modificados em computador). O computador vem as imagens do show Cornucópia
não é exatamente um instrumento musical, mas uma ferramenta para a criação e reflitam sobre como as tecnologias
de música que transforma as ondas sonoras dos sons gravados, podendo ge- utilizadas possibilitaram sua realiza-
rar outros sons completamente diferentes dos originais. Muitas vezes é com o ção, permitindo a imersão do público
conjunto de novos sons que o compositor criará sua música. não somente quanto à música, mas
• Você conhece algum artista ou banda que utiliza a música eletrônica ou também em relação aos temas tra-
digital como recurso? Como eles utilizam essa tecnologia? tados. Diversos momentos do show
Tanto na música nacional quanto na internacional temos diversos exemplos Analógico: que estão disponibilizados nas redes so-
não utiliza recursos
da utilização de recursos digitais, muitas vezes ao mesmo tempo que são usa- digitais. ciais, caso tenha possibilidade, esco-
dos recursos analógicos. Observe a imagem a seguir. lha alguns trechos para apresentá-los
à sua turma.
Santiago Felipe/Getty Images
Show Cornucópia, da
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
A imagem é do show Cornucópia, da cantora islandesa Björk, que estreou
em 2019. No espetáculo, a cantora traz as linguagens da música, das artes
cantora Björk. Nova York,
Estados Unidos, 2019.
DA EDITORA DO BRASIL
visuais e do teatro, utilizando tanto a tecnologia digital quanto a presença de
cantores e músicos no palco.
Para o evento, foram construídos instrumentos musicais sob medida e foi Som surround:
recurso tecnológico
desenvolvido um software específico, com objetivo de ampliar um efeito de som em que o som é
surround de 360 graus, preenchendo todo o espaço. Também foram criados reproduzido em
diversas direções no
diversos vídeos para serem projetados sobre uma cortina de fios, causando uma
ambiente.
ilusão de transparência nas imagens.
161
161
Preparação Em Cornucópia, a tecnologia é usada, entre outras coisas, para levar o es-
Insira palavras-chave na lousa, si- pectador a ter uma experiência imersiva. Esse recurso também foi explorado para
nalizando o tema da aula. Sugestões: que o público entrasse em contato com diversas questões relacionadas à ne-
século XX, novos sons. cessidade de ações ambientais e conscientização, uma das propostas do show.
Na seção Caminhando pela
Orientações
Para que todos compreendam a
importância desses processos, ini-
cialmente reflita com os estudantes, Uma das imagens
pedindo que eles imaginem quantas projetadas em Cornucópia
foi a da jovem ativista Greta
vezes cada um teria assistido a uma Thunberg, reforçando o
apresentação musical, caso o fonó- contexto ambiental trazido
grafo não tivesse sido inventado – e pelo show. Nova York,
Estados Unidos, 2019.
amplie essa questão para outras re-
flexões semelhantes, trazendo o tema Viagem no tempo
da fotografia ou do cinema.
Conversem sobre a transformação
que o fonógrafo promoveu a partir do Um século de novos sons
momento em que possibilitou que
O século XX foi um momento de grande ruptura para a música. De fato, o que se pensava como
músicas praticadas em lugares distan-
música no século XIX se tornou, no decorrer dos séculos XX e XXI, algo completamente diferente – em
tes fossem ouvidas por populações
especial no que se refere aos conceitos de som, de notas musicais, de ruídos etc.
completamente diferentes, instigan-
Muitos elementos sonoros que eram considerados não musicais passaram a ser usados cada vez
do, mesmo que de forma sutil e lenta, mais nas músicas. Um exemplo: em 1948, o compositor francês Pierre Schaeffer (1910-1995) gravou
questionamentos sobre a diversidade ruídos, como apitos em estações de trem, o som da maquinaria e da passagem de trens pelos trilhos e
musical existente. diversos outros sons, em rolos de fita magnética que foram cortados e colados novamente, de forma alea-
Reflitam também sobre o desen- tória. Depois de colar os pedaços de fita e produzir uma sequência original de sons gravados, o resultado
volvimento da música eletrônica e foi posteriormente reproduzido e ouvido.
explique que as técnicas concebidas • Como você imagina que ficou a música produzida por Schaeffer?
a partir dela são, na atualidade, um A composição, chamada de Estudo sobre a estrada de ferro (em francês, Étude aux chemins de fer),
poderoso recurso para a composi- foi uma das primeiras a usar ruídos gravados como matéria-prima para a construção de uma obra musical
ção musical. Uma delas é a música – ou seja, ele usou esses pedaços de fita como se fossem notas musicais.
eletroacústica, na qual a tecnologia A técnica de usar ruídos e outros sons gravados e posteriormente modificados foi chamada de mú-
é utilizada para manipular, a partir
de computadores, sons gravados
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO sica concreta e refere-se à música feita a partir da junção de elementos denominados “objetos sonoros”,
que incluem desde sons e ruídos dos ambientes até o som de instrumentos musicais.
acusticamente. DA EDITORA DO BRASIL Esse foi um dos muitos movimentos que se valeram do desenvolvimento da tecnologia como fer-
Explique que o Brasil tem grandes ramenta musical e fazem parte do gênero musical chamado música eletrônica. A música concreta está
expoentes da composição eletroacús- presente em diversas composições da música popular, nacional e internacional.
tica, entre os quais o compositor Flo Essa técnica somente foi aprimorada a partir do impacto que o desenvolvimento científico e tecno-
Menezes, que mantém um laborató- lógico advindos da Revolução Industrial teve sobre a música – desde a invenção da gravação sonora, do
rio de composição na Universidade rádio até, posteriormente, da televisão. A invenção do fonógrafo, em especial, transformou a maneira de
Estadual Paulista (Unesp), chamado todos se relacionarem com a música.
Estúdio PANaroma, onde é professor. 162
Alguns resultados de suas pes-
quisas podem ser vistos em posta-
gens e vídeos da internet, como os
publicados no canal do Estúdio PA- Bate-papo com o professor
Norama, no YouTube, disponível em: Para conhecer um pouco sobre música eletroacústica, leia Foco na BNCC
https://www.youtube.com/channel/ o artigo “Música eletroacústica”, de Daniel Luís Barreiro, dis-
UC7HTYsWQ30mQGXBY4X67f-w; ponível em: http://www.numut.iarte.ufu.br/node/73 (acesso Ao analisar a música em seu contexto de
acesso em: 19 maio 2022). em: 19 maio 2022). produção e circulação, ao ter contato com estilos
musicais e ao conhecer diferentes modos de
registro musical são trabalhadas as habilidades
Foco nos TCTs EF69AR16, EF69AR19 e EF69AR22.
Este conteúdo desenvolve o Tema Contemporâneo Além disso, é contemplado o objetivo de refletir
Transversal Educação ambiental ao abordar a pro- sobre as mudanças tecnológicas no âmbito
moção de ações de conscientização em shows. musical.
162
Orientações
Maurice Lecardent/INA/Getty Images
As perguntas da seção têm respos-
tas pessoais. Aproveite as respostas
à pergunta “Como seria sua relação
com a música se o fonógrafo não ti-
vesse sido inventado?” para fomentar
uma discussão sobre as mudanças
que ocorreram a partir dos processos
tecnológicos que levaram à constru-
ção do fonógrafo – e como esse fato
mudou completamente a forma de as
diversas sociedades se relacionar com
a música, transformando, inclusive, a
própria ideia de música, que antes era
algo que acontecia somente ao vivo.
Considere a possibilidade de ampliar
essa discussão, trazendo também a
questão da fotografia e do cinema,
e pergunte aos estudantes quantas
Pierre Schaeffer trabalhando
em seu estúdio, 1955.
vezes eles assistiram a uma apresen-
tação musical ao vivo, incentivando-
-os a compartilhar suas experiências.
Kirn Vintage Stock/Corbis/Getty Images
Fonógrafo, 1901.
MATERIAL
Inventado por Thomas Edison em DE DIVULGAÇÃO
1877, o fonógrafo possibilitou que, pela primeira vez, uma música
DA EDITORA DO BRASIL
tivesse um registro que pudesse ser reproduzido como no momento da gravação. Essa é uma grande
transformação, pois, antes disso, qualquer vestígio sonoro de uma apresentação musical desaparecia
assim que ela chegava ao fim (e, mesmo que a obra tocada fosse apresentada outras vezes, não seria
exatamente igual).
• Como seria a sua relação com a música se o fonógrafo não tivesse sido inventado?
A invenção do fonógrafo impulsionou uma progressiva facilidade de acesso à música e, no decorrer
das décadas, novos aparelhos, tanto de gravação quanto de reprodução, foram inventados.
163
163
Orientações Foi também graças à invenção do fonógrafo que os primeiros registros musicais foram feitos pelos
Explique aos estudantes que, no compositores Béla Bártok (1881-1945) e Zoltán Kodály (1882-1967) no início do século XX, em diversas
Brasil, o escritor e pesquisador Mário regiões rurais do Leste Europeu. As viagens de coleta de culturas musicais foram feitas por cerca de trinta
de Andrade foi responsável por inú- anos, resultando em registros que possibilitaram que músicas e gêneros musicais desconhecidos fossem
meros registros em áudio de manifes- apresentados a músicos e a pessoas que habitavam as grandes cidades. Além disso, essa interação tam-
tações da cultura popular tradicional bém estimulou o desenvolvimento de uma área de estudos na música chamada de Etnomusicologia, que
brasileira, na primeira metade do sé- pesquisa as manifestações musicais sob a ótica cultural das comunidades que as praticam.
culo XX, idealizando e empreendendo
A. Dagli Orti/DEA/Album/Fotoarena
viagens a territórios pouco conheci-
dos pelas pessoas que habitavam as
grandes metrópoles na época. Para
conhecer mais sobre o assunto, leia o
artigo da historiadora Carla Delgado
de Souza, Mário de Andrade: turista
aprendiz da musicalidade brasileira,
disponível em: https://revistas.ufpr.
br/campos/article/view/15616 (aces-
so em: 20 jul. 2022).
Para aprofundar
Considere promover uma pesquisa
sobre os aparelhos de gravação e re-
produção musical, compreendendo
o período desde a invenção do fonó-
Erich Auerbach/Hulton Archive/Getty Images
Compositor Karlheinz
Stockhausen.
Alemanha, 1971.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
A partir da década de 1950, a ideia de trabalhar sons eletrônicos como material musical ganhou força.
Um dos artistas que se dedicou a essa técnica foi o compositor Karlheinz Stockhausen (1928-2007), um
DA EDITORA DO BRASIL
dos mais importantes desenvolvedores da linguagem da música eletrônica.
Uma das principais obras de Stockhausen é a composição eletroacústica Kontacte (Contato), criada
entre 1958 e 1960 e escrita para sons eletrônicos gravados em fita magnética e transformados no com-
putador, além de um piano e um instrumento de percussão. Na apresentação, quatro amplificadores de
som são colocados nos cantos de uma sala, em torno do público, soando de tal maneira que a plateia ouve
a música “se movimentando” ao redor – prenunciando o som surround citado anteriormente.
164
164
Preparação
Criar e ouvir música Insira palavras-chave na lousa, si-
na atualidade nalizando o eixo da aula. Sugestões:
música, internet, redes sociais.
Durante a pandemia de covid-19, em diversos lugares do mundo, as pes-
soas tiveram de se adaptar de muitas maneiras à situação de isolamento social. Orientações
Com os profissionais, estudantes e praticantes de música aconteceu o mesmo,
Peça aos estudantes que observem
e as atividades coletivas da área tiveram de ser adaptadas ou mesmo recriadas.
Um dos fenômenos que se repetiu foi a gravação individual de músicas
a imagem e pergunte se algum deles
que seriam, originalmente, coletivas – cada cantor ou músico gravava sua parte já participou de alguma montagem
em casa, que era unida posteriormente às partes das outras pessoas. Essas desse tipo. Se sim, solicite que con-
gravações foram feitas, em sua maioria, a partir de câmeras e gravadores de te como foi essa experiência – e, se
celular para depois serem coladas por um aplicativo específico que, ao final do possível, assistam em classe a essa
processo, unia e reproduzia todas as partes como se tivessem sido gravadas produção.
juntas. Observe a imagem. Converse com a turma sobre o
período de pandemia de covid-19,
Grupo Arrebo
165
Preparação
Insira palavras-chave na lousa, si-
Transformando sons
nalizando o tema da aula. Sugestões: Os desenvolvimentos tecnológicos estão constantemente presentes nas
transformações, tecnologia, diferentes manifestações musicais ligadas às novas gerações, e, além da possibilidade de
sonoridades. gravar a distância, com uma edição posterior, hoje é possível criar músicas sem
tocar nenhum instrumento.
O objetivo desta aula é permitir
Observando os diversos movimentos musicais, podemos entender um pouco
aos estudantes que formulem um
da transformação progressiva na utilização dos recursos tecnológicos. Um
pensamento crítico sobre o que sig- Sampler: exemplo é a banda The Beatles, que, na década de 1960, dispunha de recursos
nifica desenvolvimento tecnológico, equipamento
capaz de guardar muito modestos em comparação aos utilizados atualmente nos grandes shows
e como ele é diferente nas diversas sons diversos, que – os alto-falantes dos amplificadores utilizados tinham uma potência de som
gerações. podem ser gravados
parecida com a que ouvimos em uma narração em um campo de futebol, ou
ou criados pela
manipulação de seja, um som bastante ruidoso. Porém, para aquele momento, essa era a tecno-
Orientações ondas sonoras. O logia mais desenvolvida e cumpria todas as funções esperadas para a realização
computador atual
Comente com a turma, após a lei- pode substituir os
de shows e gravações.
tura do texto, que não só a tecnologia antigos samplers, Também podemos ver como a utilização de samplers e distorções do rock
muda, mas também o nosso olhar so- mas eles ainda são progressivo transformaram a ideia de música e som para os jovens da época.
usados em diversas
bre ela. Essa questão pode ser obser- ocasiões. Grupos como Pink Floyd são, até hoje, exemplos na utilização das técnicas de
vada ao refletirmos sobre como hoje, música contemporânea em suas obras.
nas casas, nos carros e nos diversos
ambientes, a tecnologia de amplifi-
cação do som é muito mais desen-
Mick Hutson/Redferns/Getty Images
166
De lá para cá, muita coisa mudou na forma de amplificar e gravar espetácu- Preparação
los e músicas – aliás, muitas das caixas de som que usamos em casa, no carro ou Insira na lousa palavras-chave
em apresentações nas ruas são mais potentes do que as utilizadas em grandes para sinalizar o eixo da prática. Su-
shows antigamente. gestões: gravação musical, mixagem
• Onde mais, no seu cotidiano de escuta musical, você observa essa de sons, DJ.
transformação? Essa atividade, além do aprendiza-
Outra mudança significativa foi, como já vimos, a progressiva manipulação do técnico, possibilita aos estudantes
digital por meio de computadores. Essa transformação possibilitou também tra- observar o entorno, podendo, a partir
balhar as entradas e saídas de som, ou seja, trabalhar o som de instrumentos, daí, estabelecer processos críticos so-
vozes e ruídos separadamente, aprimorando cada um deles antes de mixar e Mixar: processo bre sua própria realidade.
transformar em um todo musical. Isso já ocorria de forma manual com equipa- de unir e equilibrar
diversos sons.
mentos analógicos, mas as plataformas digitais tornaram o processo muito mais Orientações
centralizado, facilitando o acompanhamento e controle de todas as etapas
O ideal é que cada grupo tenha
dois ou mais integrantes que pos-
suam celulares, para que as gravações
e mixagens possam ser feitas.
Oriente os grupos para que pos-
Construindo lugares com os sons sam produzir gravações que mesclem
Você sabe como são feitas as gravações musicais? bem os ambientes, procurando se
Nesta prática, vocês irão experimentar recursos tecnológicos para criar novas sonoridades mixando afastar de sonoridades semelhantes
sons, com o objetivo de descrever simbolicamente alguns lugares pelos quais vocês passam ou vivem. a músicas conhecidas e ouvidas por
1 Em grupos de seis pessoas, vocês irão pesquisar e escolher um lugar que irão descrever. O primeiro passo eles, ampliando assim os sentidos de
é observar as sonoridades de lugares pelos quais vocês passam no dia a dia e que sejam significativos música e sonoridade.
para vocês. Individualmente, anote esses sons, pensando quais são os que descrevem melhor cada lugar. Discuta com eles questões de se-
Depois, decidam em grupo qual local será descrito. Caso não haja consenso, vocês podem decidir por gurança e, caso considere importante
votação. e seja possível, acompanhe os grupos
nos lugares escolhidos.
Finalize a atividade com uma roda
É importante que vocês escolham um lugar ao qual seja possível todos do grupo irem juntos,
pois esse é um trabalho coletivo.
de conversa, discutindo não somen-
te temas que abordam a produção,
mas que também reflitam sobre o
2 No local escolhido, vocês deverão gravar pequenos trechos de diversos sons utilizando o gravador do que essas gravações trazem sobre a
celular. Busquem sons diferentes, explorem as possibilidades. Eles serão a base para a criação do seu realidade de sua comunidade.
grupo e, para organizar, criem arquivos nomeados e façam um banco de sons – o ideal é que sejam, no
mínimo, cinco gravações diferentes. Avaliação formativa
3 Escolham uma gravação que será a base da criação de vocês. É interessante que seja um som curto e Neste momento, é esperado que
marcante. Com esse som será criada uma base repetitiva, com um ritmo constante. os estudantes já tenham domínio
dos termos e das técnicas de criação
4 Agora, vocês deverão sobrepor os sons e, para isso, existem diversos aplicativos disponíveis para celular. musical. Diante disso, é interessan-
Busquem aplicativos para DJs, há opções oferecidas gratuitamente em várias plataformas.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO te que você observe essas questões,
não com o objetivo de delimitar o
5 Façam diversas experiências, sobrepondo os sons gravados à base escolhida: repitam o processo algu-
DA EDITORA
mas vezes, mudando a sobreposição dos DO BRASIL
sons, até chegarem a um resultado que vocês considerem a processo individual de cada um, mas
melhor mixagem. buscando observar como eles cami-
nharam até aqui, sanando possíveis
6 Nomeiem essa composição, destacando o lugar escolhido para ser descrito. Os grupos podem apresentar
dúvidas e aprofundando questiona-
os resultados para toda a turma. Posteriormente, conversem sobre o processo de escolha e produção,
mentos e reflexões.
destacando quais foram as dificuldades e as descobertas dessa ação.
167
Foco na BNCC
Ao participar de práticas de criação que instigam
a composição de sonoridades é trabalhada a
habilidade EF69AR23.
167
Preparação
Insira na lousa palavras-chave, in-
Um pouco da cultura hip-hop
dicando o tema da aula. Sugestões: Você conhece o hip-hop?
cultura negra, hip-hop, rap.
Wakil Kohsar/AFP
Orientações
Inicialmente, peça à turma que
compartilhe o que conhece sobre
o hip-hop e o rap, e promova uma
pesquisa sobre as origens dessas
manifestações.
Depois, explique que, entre as mui-
tas linguagens da música na atualida-
de, o hip-hop é uma das que mais se
aproxima da música contemporânea,
pois traz em suas composições e in-
terpretações a presença de diversos
sons não tradicionais, como as bati-
das eletrônicas e outros tantos sons
e sonoridades.
Explore com eles a importância so-
cial dessa manifestação e, caso seja
possível, promova uma pesquisa em
sala de aula sobre projetos sociais que
envolvem o hip-hop, o rap e outras ex-
pressões, como o grafite, por exemplo.
Foco na BNCC
Ao conhecer a importância e
a contribuição de diferentes
estilos musicais é trabalhada
Apresentação de hip-hop.
a habilidade EF69AR19.
Afeganistão, 2019. O hip-hop é uma cultura surgida entre as comunidades negras nos Estados
Assim, cumpre-se o objetivo
Unidos que envolve música (rap e DJing), dança (breakdance) e artes visuais
de fomentar discussões
(grafite).
críticas sobre o fazer musical
No Brasil, o hip-hop ganhou força a partir do final dos anos 1980, especial-
e suas possibilidades na
sociedade. mente com o rap, e as músicas se tornaram uma forte expressão da juventude
das periferias, transformando-se em um elemento de mobilização e conscien-
tização desses jovens e uma ferramenta de visibilidade para essa população.
Assim, roupas, cabelos, acessórios, gestos, modos de andar, de falar e de cantar
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO do universo do rap contribuíram muito para o fortalecimento da cultura negra
da periferia.
DA EDITORA DO BRASIL O hip-hop tem uma representatividade tão forte que, na atualidade, essas
expressões ultrapassaram as fronteiras da periferia e estão presentes em diver-
sos outros espaços sociais e também na mídia, cotidianamente.
Alguns dos primeiros rappers que se destacaram no Brasil foram Thayde,
Racionais MC’s, Sabotage e outros. Apesar de muito masculina no início, hoje a
6 cultura do rap tem uma forte representação feminina, com nomes como Negra Li,
Se liga na Cynthia Luz e Preta Rara. Ouça um rap.
mulher
168
168
Van Campos/Fotoarena
Orientações
Reproduza para a turma o áudio 6
indicado na página anterior.
Explique que a presença de mu-
lheres no rap – e em outras manifes-
tações musicais – tem sido fortalecida
nos últimos anos, assim como ocor-
re com os projetos de rap que en-
volvem ações sociais e de cidadania.
Isso acontece devido à consolidação
de grupos a partir de processos de
fortalecimento identitário, por meio
dos quais as pessoas se reconhecem
como parte de um grupo e passam
a pleitear direitos igualitários aos de
outros grupos. Será interessante que
você promova uma roda de con-
versa sobre essa questão, buscan-
do conhecer sua turma com mais
profundidade.
As respostas para as perguntas são
pessoais e podem trazer muitas refle-
xões interessantes, não somente so-
bre música como também a respeito
das manifestações musicais que são
Preta Rara, nome feminino no rap. São Paulo (SP), 2019. identitárias para eles.
Mais informações sobre o pro-
• Você tem o hábito de ouvir música? Gosta de ouvir diversos gêneros musi- jeto Elas no Beat estão disponí-
cais ou prefere alguns específicos? veis em: https://secult.es.gov.br/
O termo DJing é usado para descrever outro músico que é parte do universo Not%C3%ADcia/projetos-de-hip
hip-hop, o DJ. Pelas características de sua profissão, o DJ tem conhecimento -hop-levam-conhecimento-beats
extenso sobre os diversos gêneros musicais e, assim, conhece muitas músicas, -e-inclusao-social (acesso em: 20 jul.
tanto atuais quanto antigas. Isso faz dele um especialista em repertórios varia- 2022).
dos para diversas ocasiões, sempre ampliados pelos novos gêneros musicais
que surgem no decorrer dos anos.
Manifestações como o rap e o DJing, pela utilização massiva de aparelhos
eletrônicos, batidas ritmadas e repetições, valem-se muito de ideias e conceitos
de objeto sonoro originados na música eletrônica, estando profundamente ali-
nhadas com os desenvolvimentos tecnológicos da música atual.
Além disso, o fortalecimento da identidade desses grupos a partir das ma-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
nifestações do hip-hop promove o reconhecimento dessas manifestações, que
têm sido cada vez mais consideradas importantes não só para essas comu-
DA EDITORA DO BRASIL
nidades, mas também para a música em geral, como uma expressão musical
significativa.
Um dos resultados desse processo são os projetos sociais que envolvem o
hip-hop e suas linguagens, como o Elas no Beat, ação que ocorreu em 2019 e
ofereceu oficinas de criação de batidas de rap no estado do Espírito Santo. Esse
e outros projetos buscam conscientizar os jovens sobre direitos e cidadania,
além de abordarem outros assuntos que envolvem toda a sociedade.
169
169
Preparação
Insira palavras-chave na lousa, si- Na terra e no espaço sideral
nalizando o eixo da aula. Sugestões: • Imagine quais seriam os sons produzidos nas partes mais profundas da
espaço sideral, planeta Terra, sons, so- superfície terrestre? Como você acha que eles soariam?
noridades. Essa foi a proposta do artista norte-americano Doug Aitken para a instala-
ção artística Sonic Pavilion (Pavilhão Sônico), construída em Inhotim.
Orientações
Leia o texto com os estudantes e
© Doug Aitken, courtesy 303 Gallery, New York; Victoria Miro, London;
Galerie Presenhuber, Zürich; Regen Projects, Los Angeles
observe que, nesse momento, trata-
mos tanto do planeta Terra quanto do
espaço sideral. Pergunte a eles o que
consideram mais importante na insta-
lação Sonic Pavilion (Pavilhão Sônico),
em Inhotim, e questione o porquê de
essa instalação estar em um museu
Doug Aitken. Sonic Pavilion,
de arte, e não em um museu de ciên- 2009. Pavilhão de vidro e aço
cias. Promova uma discussão sobre revestido de película plástica,
composto por poço tubular
essa questão e explique que apesar
de 202 m de profundidade,
de essa instalação ter forte vínculo microfones e equipamentos
com a ciência, o artista buscou trazer de amplificação sonora,
3,35 m × 14 m.
a sonoridade das camadas profundas
do solo como um som que dialoga A partir de um buraco de 202 metros cavado no alto de uma montanha,
com as pessoas que estão visitando foram instalados oito microfones, que captam sons diversos produzidos pela
a instalação também no que diz res- movimentação dos lençóis freáticos e das rochas e sons subterrâneos. Dentro
peito a questões estéticas e criativas. do pavilhão, os sons são reproduzidos, permitindo que as pessoas ouçam uma
Já as iniciativas de simular sons a transmissão contínua dos barulhos captados nas camadas profundas do solo.
partir de dados matemáticos envol-
© Doug Aitken, courtesy 303 Gallery, New York; Victoria Miro, London;
Galerie Presenhuber, Zürich; Regen Projects, Los Angeles
vem uma simbolização e não algo
concreto. Essa ação caminha entre a
imaginação e a ciência, pois para cada
dado matemático foi atribuído um
som. Diga aos estudantes que muitos
outros sons poderiam ter sido atribuí-
dos a um mesmo dado matemático, e
caso isso acontecesse o resultado so-
noro seria completamente diferente.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Doug Aitken. Sonic Pavilion,
2009. Vista interna do
DA EDITORA DO BRASIL
pavilhão, onde encontra-se
o poço tubular de 202 m de
profundidade.
170
170
Em 2020, equipamentos da National Aeronautics and Space Orientações
JPL/NASA
Administration (Nasa) – sigla que, em português, significa Admi- Sobre as sondas espaciais Voyager,
nistração Nacional do Espaço e da Aeronáutica – transformaram explique aos estudantes que a loca-
dados de imagens astronômicas em áudio utilizando um processo lização das cápsulas em tempo real
chamado sonificação, no qual, a partir da posição e do brilho das pode ser vista diretamente no site da
fontes de luz, são produzidos sons. O resultado foi uma represen- Nasa, disponível em: https://voyager.
tação sonora dos movimentos celestes, que foram convertidos em jpl.nasa.gov/mission/status/ (acesso
sons de pianos, harpas, sinos e outros. em: 20 jul. 2022). Se possível, acesse
Ouvir essas simulações têm sido cada vez mais comum, mas e
o link em aula – pode ser uma expe-
o contrário?
riência interessante para os estudan-
Em 1977, a Nasa lançou no espaço duas cápsulas espaciais com
tes visualizarem essas duas cápsulas,
o objetivo de investigar o espaço sideral em uma viagem apenas de
que ainda estão viajando no espaço.
ida. Essas cápsulas permitiram observar, pela primeira vez, inúme-
ras características dos planetas mais distantes do nosso sistema,
Peça que pesquisem todos os sons
como vulcões ativos na lua de Júpiter e detalhes dos anéis de Saturno. Imagem aproximada de Saturno. Nasa, 1999. e músicas que foram enviados como
Dentro dessas cápsulas, foram colocadas diversas informações sobre nosso exemplos da produção musical e so-
planeta, gravadas em dois discos de cobre banhado a ouro, que foram chama- nora humana nas cápsulas e, se pos-
dos de golden records. O idealizador desse projeto foi Carl Sagan (1934-1996), sível, escolham alguns para ouvirem
cientista e astrônomo estadunidense. juntos.
Entre as informações gravadas nos discos, estão diversos sons da natureza A resposta à pergunta do Livro do
(como os barulhos do vento, da chuva caindo e os sons feitos por diversos ani- Estudante é pessoal.
mais) e da vida cotidiana das sociedades modernas (como o apito de trens), com
o objetivo de exemplificar – caso as cápsulas fossem interceptadas por civili- Interdisciplinaridade
zações distantes – como é a vida na Terra. Além desses sons, foram gravadas Este conteúdo trabalha a interdis-
saudações em 55 línguas diferentes, incluindo português.
ciplinaridade entre Música (sons) e
Com o objetivo de registrar a cultura sonora humana, foram incluídas 27
Ciências, abordando conceitos de
músicas de compositores de diversas épocas, músicas populares tradicionais de
ambas. Considere chamar o profes-
vários países e jazz americano.
sor de Ciências para essa aula, que
As cápsulas espaciais talvez jamais sejam encontradas por outras civiliza-
ções, mas são interessantes cápsulas do tempo, isto é, trazem informações de
pode o auxiliar a explicar para turma
uma época, especialmente escolhidas para serem encontradas no futuro. que o som não se propaga no espaço
sideral, por isso foi usado o processo
• Se você fosse selecionar sons e músicas para representar o seu mundo,
de sonificação.
quais você escolheria?
Para aprofundar
NASA/digitaleye/ Alamy/ Fotoarena
Capa e disco dos golden records, levados a bordo das naves espaciais Voyager 1 e 2.
Composição aprimorada de imagens da Nasa, 2017.
171
171
Preparação
Insira na lousa palavras-chave, sina- Ações da música no cotidiano
lizando o eixo da aula. Sugestões: can- Muitas vezes nos valemos de técnicas repletas de significados e tradições
tos de trabalho, manifestação cultural no cotidiano sem nem ao menos percebermos – mas, se observarmos com aten-
tradicional popular. ção, veremos que muitas delas facilitam a nossa vida. Esse é o caso dos cantos
de trabalho.
Orientações Esses cantos costumam ocorrer em diversas situações que envolvem tra-
Depois de ler o texto, explore com balho coletivo, como a bata do feijão e do milho (o nome se refere ao ato de
os estudantes a questão dos cantos bater para separar os grãos de milho e os feijões das favas).
de trabalho e pergunte se alguém co-
Jales Valquer/Fotoarena
é mobilizada a habilidade
EF69AR18.
Assim, este conteúdo
abrange o objetivo de
comparar diversas profissões
relativas à música.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
173
173
Orientações
Adriana Marchiori
As respostas possíveis para a per-
gunta “Para que serve um músico na
sociedade?” são pessoais, mas é espe-
rado que os estudantes tragam refle-
xões decorrentes do trabalho efetua-
do nos últimos anos. Mesmo assim,
promova uma roda de conversa e
peça a eles que reflitam sobre a ideia
das artes como uma ferramenta de
transformação social.
Solicite que comentem quais são Estudantes do projeto Ópera
na UFRGS apresentando o
os músicos e intérpretes que eles co- espetáculo Tempos de solidão no
nhecem. Observe que os cantores 7º Festival Internacional Sesc de
Música. Pelotas (RS), 2017.
são, também, músicos intérpretes,
mas, além deles, existem muitos ou- • Como você imagina que um músico constrói sua vida profissional?
tros, como os instrumentistas.
• Para que serve um músico na sociedade?
Promova uma roda de conversa
Como já estudamos, a música faz parte da cultura da humanidade desde
com a turma, perguntando quem co-
que o ser humano se reconhece como tal. No decorrer desse tempo, ela ocu-
nhece profissionais de música, quem
pou diversos lugares nas sociedades humanas, sendo muitas vezes vinculada a
são eles e quais outras possíveis ati- questões utilitárias, outras a questões artísticas, e muitas vezes às duas. Porém,
vidades em música que não foram em todos os momentos, foi preciso que alguém executasse a música. Hoje, exis-
citadas no texto. tem inúmeros músicos profissionais que atuam em diversas áreas. Mas será que
Comente que no dia a dia ouvimos vale a pena ser músico?
muitos arranjos de músicas conheci- Para tentar responder a essa pergunta, vamos conhecer algumas profis-
das nas rádios, emissoras de televisão sões relacionadas à música.
e outras mídias. O músico intérprete, por exemplo, vivencia a sua profissão tocando, dia-
riamente, expressões musicais (criadas por ele ou por um músico especialista
em criação, o compositor). Os músicos intérpretes são aqueles que estudam
profundamente durante muitos anos (pode ser um estudo formal em uma uni-
versidade ou não) a prática de tocar um instrumento e que, quando profissio-
nais, continuam a estudar para manter a capacidade de performance. Músicos
intérpretes são como atletas: se pararem de praticar, não conseguem mais to-
Cantora amapaense Patrícia car tão bem. Esses são os instrumentistas e cantores tanto da música popular
Bastos. Salvador (BA), 2019. quanto da música clássica – e eles podem tocar
em grupos ou como solistas.
Eudes Vinicius
174
174
Esse profissional pode também trabalhar como compositor de trilhas pu- Orientações
blicitárias (também chamados jingles), música para teatro, para novelas ou para Sobre a área de composição: co-
cinema, ampliando suas possibilidades de trabalho. mente com os estudantes que são
O local de trabalho dessas atividades é, normalmente, o estúdio de grava- muitos os intérpretes e composito-
ção, e, nesse ambiente, um músico que atua muito próximo ao compositor que res que também constroem instru-
faz jingles e trilhas sonoras é o produtor musical. Sua função é dirigir (como o mentos, como já visto no subtítulo “A
diretor de teatro faz) a gravação. tecnologia da transformação”, e que
No estúdio – e também no palco – trabalha o engenheiro (ou técnico) de existem construtores muito tradicio-
som, profissional responsável pela qualidade sonora (ou sonorização) de algum
nais em diversos lugares do país. Um
evento ou gravação. É esse profissional quem decide e resolve, por exemplo,
exemplo é o construtor de rabecas
quais equipamentos serão levados para sonorizar o show de um artista, seja
Agostinho Gomes, que vive em Ca-
em um teatro, seja ao ar livre.
naneia (SP).
Como já vimos, outro profissional da música é o DJ, que cuida das músicas
que serão tocadas tanto nas rádios quanto em festas (nas casas ou nas ruas).
Pergunte se eles conhecem al-
gum construtor de instrumentos na
região onde moram, retomando a
Jonatas Marques
175
Atividade Existem também profissionais de música que desenvolvem pesquisas: o
complementar musicólogo e o etnomusicólogo. O musicólogo é o profissional que estuda
Promova uma roda de conversa diversos aspectos teóricos da música, como história, estética e filosofia da mú-
com todos os estudantes, buscando sica, entre outros. É trabalho do musicólogo, por exemplo, compreender como
a música se transforma no decorrer do tempo e quais são as influências desse
mapear quem escuta música e quem
processo na forma como as pessoas fazem e escutam música.
não escuta – procure entender os
Como já foi dito anteriormente, o etnomusicólogo é aquele que pesquisa
motivos pelos quais alguns estudan-
grupos específicos de pessoas que desenvolvem uma prática musical – que
tes não o fazem.
podem ser tanto rurais ou urbanos. O etnomusicólogo pode estudar grupos
Divida a turma em grupos de cinco bastante diversos, por exemplo, brincantes de maracatu, um grupo vinculado à
ou seis integrantes e sorteie um gêne- linguagem punk, o tecnobrega das festas de aparelhagem ou uma comunidade
ro de música para cada um: que pratica o funk.
1. música clássica;
Deck Disc
2. jazz;
3. música popular brasileira.
Cada grupo deve escolher uma
composição pertencente a um des-
ses gêneros e trazê-la para os demais
colegas ouvirem, além de fazer uma
pesquisa sobre ela – que deve abar-
car o nome dos compositores, em
qual época ela foi escrita, o que es-
tava acontecendo no mundo nesse
momento, entre outras informações.
Depois de ouvir todas as músicas,
promova uma roda de conversa sobre
a experiência, enfatizando que os mo-
vimentos e as práticas musicais estão
sempre vinculados com o contexto
geral da época nos quais acontecem
– e o mesmo ocorre com as compo-
sições musicais. Gang do Eletro, grupo
de tecnobrega paraense. As duas profissões (musicólogo e etnomusicólogo) são muito semelhantes
Bate-papo com o Belém (PA), 2013.
no que diz respeito ao resultado de seus trabalhos, que ajudam a compreender
professor as funções e os objetivos da música na sociedade.
Quando se trata de partituras, o profissional dedicado a elas é, com maior
É importante que você tenha do-
frequência, o arquivista musical, que pode trabalhar tanto em acervos históri-
mínio das questões colocadas nesse
cos de música quanto em orquestras. Na orquestra, o arquivista é aquele que
tópico, compreendendo que a cul-
organiza as partituras, separando o que é o acervo corrente (aquele que é usado
tura, as artes e, especificamente, a no dia a dia) do histórico, que deve ser preservado porque é um patrimônio
música, no caso, são poderosas fer-
ramentas de reflexão sobre a vida eMATERIAL DE DIVULGAÇÃO cultural.
Uma pessoa que quer se tornar um músico (seja de qual área for) geralmen-
a sociedade. DA EDITORA DO BRASIL te precisa passar por uma experiência de aprendizado formal de música – e essa
Se possível, leia a obra Culturas hí- experiência é inicialmente proporcionada pelo educador musical.
bridas: estratégias para entrar e sair da O educador musical é uma pessoa que se formou em Música, mas fez um
modernidade, de Néstor Garcia Cancli- curso voltado para a educação, isto é, ele também estuda pedagogia – no caso,
ni (São Paulo: Edusp, 1997). Na obra, pedagogia musical –, para entender as diversas formas de aprendizado de cada
o autor trabalha o conceito de cultu- um e poder encontrar caminhos para que as pessoas tenham acesso à lingua-
ra como um caminho dinâmico para gem da música.
a construção das identidades, e não
176
somente como um patrimônio a ser
preservado.
176
Um profissional que transita entre a música e as artes cênicas é o sonoplasta. Preparação
Esse profissional atua no cinema, mas, principalmente, no teatro, sendo o respon- Insira palavras-chave na lousa, si-
sável por dar som a diversas ações que se desenvolvem na cena, como o som da nalizando o tema da página. Suges-
chuva, os passos das pessoas ou um apito de trem. tões: música e saúde, musicoterapia,
Portanto, se você gostaria de seguir uma carreira na área da música, um ação social.
dos primeiros passos é tentar descobrir que linha de trabalho mais lhe interessa.
Você pode pesquisar os profissionais apresentados que mais chamaram a sua Orientações
atenção para conhecer melhor a atuação deles. Você também pode procurar
Explique que a musicoterapia se
se informar se em sua região existem cursos livres de música (que são cursos
desenvolveu durante a Segunda
anteriores a uma graduação em Música) ou cursos profissionalizantes. Outra
opção é buscar cursos e aulas específicas de acordo com suas inclinações e
Guerra Mundial, com o objetivo de
afinidades, aprendendo a tocar algum instrumento musical ou desenvolvendo auxiliar na recuperação dos soldados
outras habilidades. acometidos por diversas moléstias
decorrentes da guerra, de ferimen-
tos a danos psicológicos. Desenvol-
Música e saúde vida a partir de 1944 nos Estados
• Você já ouviu falar em musicoterapia? O que sabe sobre ela? Unidos, a musicoterapia começou a
Trata-se de uma área da música que, unida a conceitos da área médica, usa ser utilizada clinicamente no Brasil so-
a música em um contexto terapêutico, de apoio à saúde – tanto mental quanto mente na década de 1980.
corporal. O profissional que trabalha na área é o musicoterapeuta, que se vale Pergunte se alguém conhece ou
da linguagem musical e suas ferramentas (como o canto, a música instrumental, já usufruiu de um trabalho de musi-
os ritmos variados e os instrumentos) para criar condições que promovam uma coterapia e explique que atualmente,
melhora no estado clínico do paciente. no Brasil, são muitas as Organizações
O objetivo da musicoterapia não é a performance musical, mas sim o au- da Sociedade Civil (OSCs), grupos es-
A musicoterapia pode ser
mento da qualidade de vida das pessoas por meio da ampliação da expressão tatais da área de saúde e outros que
uma importante ferramenta
pessoal e do aprendizado; por isso, cada tratamento é específico para determi- de apoio na educação de desenvolvem esse trabalho em hos-
nada situação. crianças com Síndrome de
Down. Tailândia, 2020. pitais públicos, asilos e instituições
comunitárias.
Passakorn Prothien/iStockphoto.com
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
177
177
Orientações
André Bitencourtt
Explique que a música tem sido
uma ferramenta terapêutica impor-
tante no tratamento de diversas en-
fermidades, não sendo apenas um
fator de entretenimento para as pes-
soas doentes.
Proponha uma pesquisa sobre os
diversos trabalhos da área de Música
que possam estar relacionados com
a área de saúde, incluindo também a
saúde mental e observando se exis-
tem tratamentos dessa natureza em
sua região ou comunidade.
Promova uma roda de conversa so-
bre o tema para discutir não somente
as ações que envolvem a musicotera-
pia, mas também as ações sociais que
incluem a música em sua realização.
Atividade
Intrafone, instrumento terapêutico
complementar criado e construído pelo
musicoterapeuta André Lindenberg
Organize uma atividade de cam-
que promove a escuta do próprio
po com a turma inspirada no tema corpo, 2018.
“Música e saúde”. Procure, na região,
Outra ação bastante efetiva, que também usa a música como ferramenta
hospitais, casas de repouso, ONGs ou
terapêutica, é levá-la para os hospitais. Existem diversos projetos que trabalham
outros locais que aceitem visitas de
com essa atividade. Algumas iniciativas levam concertos de música clássica e
grupos. Planeje, com os estudantes, Membros do grupo Doutores
outras apresentações para dentro das áreas comuns dos hospitais, viabilizando
do Riso da Ciudad Juárez
atividades que possam ser levadas a entretendo uma criança no que pessoas em tratamento (em estado estável e que consigam se deslocar de
esses locais, como apresentações de hospital. Chihuahua, México, seus quartos) possam participar dessa forma de tratamento.
música instrumental, canto, ou, ain- 2015.
Outros projetos levam
Jose Luis Gonzalez / Reuters / Fotoarena
da, algo que una humor e música, por a música para dentro dos
exemplo. O objetivo é alegrar e levar quartos dos pacientes de
bem-estar a pessoas que precisem grandes hospitais, propor-
de companhia. Oriente os estudan- cionando que pessoas em
tes para respeitar as regras do local e tratamento de saúde possam
se comportar de maneira adequada. ouvir música. Tais projetos
Eles podem ensaiar previamente a têm sido, comprovadamente,
apresentação e preparar um figurino, auxiliares nos tratamentos
clínicos das pessoas que
caso desejem. MATERIAL DE DIVULGAÇÃO se encontram hospitaliza-
Posteriormente, em sala de aula,
promova uma discussão sobre a DA EDITORA DO BRASIL das, pois promovem, além
de bem-estar, momentos
vivência para que os estudantes
agradáveis, durante os quais
manifestem suas impressões e
os doentes podem se afas-
conclusões a respeito dos usos que
tar emocionalmente de suas
a música pode ter. condições, aliviando suas
cargas emocionais.
178
178
Faça no caderno
Preparação
Insira palavras-chave na lousa, sina-
Repensando as tecnologias em música lizando o tema da seção. Sugestões:
Este é o último ano do Ensino Fundamental, e estamos no final de nossa caminhada musical. Nesta avaliação, fechamento.
Trilha, você conheceu diversos instrumentos e refletiu sobre sons digitais, eletrônicos e analógicos, além de
conhecer algumas manifestações musicais e profissões na área de música. Orientações
Esta jornada foi construída buscando ampliar as suas concepções de tecnologia e música, mas também
Converse com a turma sobre como
estabelecendo um diálogo sobre como a música pode ser uma ferramenta de engajamento e transformação.
foi refletir a respeito da tecnologia em
Avaliando tudo o que aconteceu desde o começo desta Trilha, o que mais você destacaria? Observe a
música e vivenciá-la no decorrer deste
imagem.
ano. Procure conversar sobre as dúvi-
das de todos, mas também sobre as
Bate-papo com o
professor
Além da caminhada dos estudan-
tes, é muito importante finalizar sua
própria caminhada. Faça uma autoa-
valiação, buscando rever possíveis
pontos falhos e os lugares que você
conquistou.
Mãos robóticas tocando piano. Países Baixos, 2017.
Avaliação formativa
• Quais as suas reflexões sobre mãos robóticas tocando um instrumento analógico como o piano?
Esta é a última avaliação da Trilha e
• Que tal um último exercício para estimular o pensamento, revisar e fixar conceitos e práticas?
não deve ser utilizada com o intuito
1 Individualmente, relembre todas as atividades dúvida. Pesquisem juntos sobre cada uma des- de pontuar erros e acertos dos estu-
que fizemos juntos: Quais foram mais fáceis e sas questões, buscando preencher as lacunas. dantes, mas para observar as possíveis
as mais difíceis? Pense sobre a sua ideia do que Caso julguem importante, refaçam as práticas transformações e o amadurecimento
é música: Algo mudou? Se sim, o quê? Acon- que considerarem necessárias. com relação aos temas tratados. Pro-
teceram transformações na forma como você mova uma roda de conversa final so-
4 A partir dessa lista, formulem um glossário no
pensava o uso das tecnologias na música? bre essas questões, verificando ainda
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
2 Formem grupos de três ou quatro pessoas. Você
qual vocês explicarão cada termo usando as
palavras. Vocês podem, também, formular um
se houve disponibilidade e interesse
por parte da turma em ampliar suas
e seu grupo deverão, emDA
umaEDITORA DO BRASILpequeno texto no qual tragam todos os aspectos
roda de conversa,
vivenciados nesta Trilha.
próprias ideias sobre a relação entre
refletir sobre suas experiência individuais, com-
partilhando vivências e buscando discutir o que
música e tecnologia.
5 O resultado de cada grupo poderá ser partilhado
mudou para cada um.
com todos da turma em uma grande roda de
3 Criem uma lista de todos os conceitos, pala- conversa, de acordo com as indicações do
vras e situações em que vocês tenham alguma professor.
179
Foco na BNCC
Ao reconhecer a conexão existente entre
tecnologia e música é mobilizada a habilidade
EF69AR35.
179
A BNCC neste Bate-
João Caldas
Bate-papo com a artista
-papo com a artista
Competências gerais: 1, 3, 4, Ivani Santana é artista, professora e pesquisa-
5, 7, 8 e 9. dora na área de Estudos Contemporâneos do
Competências específicas de Corpo e Dança Contemporânea, Estética das
Linguagens: 1, 2, 3, 5 e 6. Mídias e Dança com Mediação Tecnológica.
Competências específicas de Suas principais linhas de pesquisa são: estudos
Arte: 1, 2, 4, 5, 6, 7 e 8. do corpo contemporâneo, percepção, cognição
Objetos e habilidades: e arte-tecnologia.
180
Justificativa
Ao conhecer melhor processos de criação de artistas seu próprio processo de criação conforme suas possibili-
contemporâneos, compreende-se a importância de tra- dades e necessidades. Um processo de criação que passa
balhar com procedimentos autorais e criativos durante as pelo pensar, pela escuta e pelo diálogo, em especial com
aulas. Tais processos envolvem projetos, esboços, estudos, profissionais de conhecimentos específicos, gera apren-
protótipos, experiências em materialidades, investigações dizagem. Dessa forma, esses processos podem despertar
em diversos elementos da linguagem, entre outros aspec- a vontade de investigar, de pesquisar e de experimentar,
tos. A criação em Arte requer um planejamento organi- experimentar e experimentar novamente. Tais etapas são
zado em etapas, que ajudam na construção de estéticas essenciais para construir informações dentro da sua poé-
e poéticas artísticas. Além disso, cada artista desenvolve tica pessoal.
180
No final dos anos 1990, quando a internet estava chegando, eu já gostava de trabalhar com a mistura Preparação
da dança com elementos de outras linguagens. Assim, minha primeira mediação tecnológica foi utili- Insira palavras-chave na lousa, si-
zando um retroprojetor para propor a outras pessoas uma cena improvisada. A ideia era criar imagens nalizando o eixo da aula. Sugestões:
no retroprojetor e dançar utilizando o dispositivo. Foram as práticas de criação que formaram meu estilos de dança, formação em dança,
gosto pela pesquisa, pela criação autoral e pela relação com a tecnologia. dança, tecnologia. Para maior foco e
“Cognitivo” é uma palavra que se refere ao que é relativo ao conhecimento. Você poderia nos falar interação entre os estudantes, con-
mais sobre o conceito de cognição situada e a relação com a dança e a tecnologia? sidere organizar as carteiras em for-
As ciências cognitivas são aquelas que estudam a mente, a inteligência, que está diretamente relacionada ma de U.
com o corpo. Existem diversas linhas interdisciplinares para esses estudos. Entre essas linhas, há dois
extremos: a do pensamento dualista, que se baseia na metáfora de que o corpo é apenas uma carcaça, Orientações
um hardware, e a nossa mente é um software; e do outro lado, a cognição situada, que compreende que Peça aos estudantes que realizem
conhecemos o mundo por meio das nossas ações e interações com o meio; logo, de forma situada. Eu uma leitura silenciosa da entrevista.
percebo o mundo porque eu estou agindo no mundo, ou seja, a experiência gera conhecimento. O mundo Em seguida, promova uma roda de
é ativo, dinâmico, e eu tenho de estar ativa e dinâmica para conhecê-lo. A tecnologia não é algo que está
conversa sobre as questões tratadas
para além ou para fora de nós. Todos somos implicados com as tecnologias por muitas razões. Eu acho
no texto, solicitando que todos se ma-
interessante pensar na mediação tecnológica na dança como ferramenta teórica e de compreensão de
nifestem.
mundo, e não apenas como um enfeite cenográfico. O que me interessa é a implicação do corpo que
Proponha uma dinâmica na qual
dança com a tecnologia; por isso uso o termo “dança com mediação tecnológica”.
a turma possa organizar um regis-
Entre as práticas de criação das quais você já participou, qual foi mais marcante e por quê?
tro sobre sua própria história com o
É difícil responder, porque são trabalhos de uma vida inteira, e em cada momento da vida eu estou movimento e os meios de interação
investigando um tipo de mediação. Então talvez seja melhor eu falar em fases. A fase do mestrado ao
que envolvam a tecnologia. Para isso,
fim do doutorado marcou minha vida. Foi a fase de discutir que corpo físico é esse que eu possuo e
oriente-os para escolher uma fra-
pensar nas possibilidades perceptivas que uma obra pode ativar.
se citada por Ivani e uma criada por
Comecei então a pensar no corpo digital, e depois no corpo da telemática, com pessoas dançando eles. Procure dividir a turma em três
juntas mesmo estando separadas geograficamente. Nessa fase comecei pesquisando no Brasil e, a
grupos: o primeiro gravará a frase do
seguir, convidei pessoas da Espanha para participar dos meus projetos de pesquisa. Elas nunca tinham
texto de Ivani; o segundo gravará o
trabalhado com a telemática, e seria importante a transmissão do conhecimento de uma pesquisa tec-
depoimento de um dos estudantes;
nológica e artística brasileira feita por nós. Depois, entrei na fase de pensar no corpo sonoro, e junto
com ele veio o corpo da mídia locativa, esse corpo que ocupa espaços urbanos e com o qual se vai para
e o terceiro realizará uma pequena
vários lugares na própria cidade. A fase que estou iniciando agora é a do mergulho na realidade virtual, performance não literal do conteúdo
que, com certeza, será meu foco de trabalho por vários anos. escolhido.
Instrua-os a realizar uma análise
Que conselho você daria para aqueles que gostam de dança e de novas tecnologias?
do material produzido e a conversar
Acredito que trabalhar artisticamente com as tecnologias não significa trabalhar só com a tecnologia
tanto sobre o processo de gravação
de ponta, ou seja, você não tem de estar com o aparelho celular de última geração. O interessante
quanto a respeito do resultado. Essa
é explorar a tecnologia como um lugar de criação e usando aquilo que se tem. O valor está em pen-
prática permite que os estudantes
sar no próprio processo de investigação, na sua percepção em relação aos objetos. Você pode se
perguntar: O que determinado objeto é em termos de conceito e de dispositivo técnico? Como eu
aprofundem os conceitos de corpo,
exploro a imagem que é tirada pela câmera do celular? Como eu me coloco para esta câmera? Com movimento e performance, além de
a pandemia, vimos um aumento significativo na quantidade de propostas que foram criadas com exercitarem a percepção de movi-
dispositivos domésticos. mentos com significados subjetivos.
Por fim em uma roda de conver-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
A palavra para quem gosta de tecnologia é explorar! Primeiro procure compreender o que cada uma
sa, reflitam sobre como a tecnologia
das tecnologias realmente significa e quais as possibilidades que ela oferece, e daí explore. É preciso
DA EDITORA DO BRASIL
explorar, investigar a tecnologia disponível para, a partir de experiências, entender conceitual e cor- pode contribuir para as expressões
poralmente o lugar e o contexto. em Dança na sua comunidade. tan-
Lembrando que meu primeiro trabalho foi com o retroprojetor, meu conselho é: explore aquilo de que to o processo de gravação quanto o
você sente necessidade, sem ficar esperando pelo melhor dispositivo. Realizamos muita coisa quando resultado. Essa prática permite que
passamos a perceber que somos nós que fazemos a mediação tecnológica. os estudantes aprofundem a percep-
ção de corpo e movimento ao obser-
var e discutir o repertório de gestos e
181 ações utilizados nessa reflexão prática
e teórica. Além disso, essa observação
possibilita que eles exercitem a per-
cepção de movimentos dissociados
Bate-papo com o professor do contexto objetivo, mas inseridos
Será interessante que você amplie discussões que per- em contextos subjetivos significativos.
meiam esse tema, trazendo, por exemplo, um debate sobre
outras tecnologias utilizadas para promover encontros entre
pessoas. Elas realmente se encontram?
Também será importante que você avalie se o tema pro-
posto aqui é o melhor para sua turma, sabendo que ele é
uma sugestão, passível de mudança ou adaptação de acordo
com seus interesses e necessidades.
181
A BNCC nesta Linha de
chegada
Competências gerais: 3, 4, 5,
Objetivos desta
Linha de chegada
• Refletir sobre todos os processos
anteriores relacionados à arte e à
tecnologia.
• Realizar uma última prática de cria-
ção, aplicando as habilidades e os
conhecimentos adquiridos no de-
correr do ano.
• Aprofundar a discussão sobre as
composições audiovisuais, conec-
tando-as a pontos de interesse dos
estudantes.
Justificativa
Estamos finalizando o 9o ano, o úl-
timo do Ensino Fundamental. Neste MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
momento, tanto você quanto os es-
tudantes devem estar mais próximos DA EDITORA DO BRASIL
dos conceitos de tecnologia presen-
tes nas artes, e com mais intimidade O personagem Phastos, mestre em tecnologia, no filme Eternos (2021), dirigido
por Chloé Zhao, e na capa da revista de HQ (1985).
com as diversas práticas e criações ar-
tísticas. No entanto, a tecnologia nas
linguagens da Arte constitui uma das
partes integrantes de uma obra e, não
necessariamente, substitui a presença. 182
Vamos dialogar sobre essas relações
para finalizar as discussões deste ano
com os estudantes.
Avaliação de resultados
Em cada atividade do livro, os resultados foram avaliados novas pesquisas e fomentando a percepção acerca de qual
por meio das produções, interações, momentos de reflexão linguagem lhes forneceu os instrumentos mais adequados
e compartilhamento de ideias dos estudantes. Ainda assim, para suas expressões. Nesse sentido, toda a Linha de che-
neste momento, é fundamental rever os conteúdos, de for- gada constitui uma avaliação de resultados. Refletir sobre as
ma individual e coletiva, para possibilitar o exercício de um experiências, criar conexões entre os conhecimentos e rever
olhar crítico e da competência para ouvir opiniões diversas percursos mapeados reforçam toda a aprendizagem que
com respeito. Para isso, explique aos estudantes a importân- ocorreu nesse período.
cia de mapear o que foi significativo, instigando-os a realizar
182
Orientações
As respostas para as perguntas da
abertura da Linha de chegada são:
Tecnologia
o traço e as cores da ilustração
são elementos das Artes Visuais;
na arte
o movimento do corpo do perso-
nagem desenhado compreende
os elementos da Dança; além dis-
so, é possível imaginar o som de
uma explosão, que pode ser liga-
da à sonoplastia, que faz parte dos
Estamos terminando o 9º ano, o que significa concluir o ciclo elementos da Música.
do Ensino Fundamental. Tudo o que foi aprendido será base 2. Na imagem do ator que interpre-
para você seguir um caminho de descobertas no Ensino tou o personagem Phastos no filme
Médio. Ao longo do Ensino Fundamental, realizamos di- Eternos, o plano de enquadramen-
versas experiências relacionadas a etapas de processos de to é fechado e só vemos seu rosto
criação artística e que aprofundaram as ideias sobre con- em um close. Na capa da revista, o
ceitos e aplicações da tecnologia, principalmente no que desenho do personagem está en-
diz respeito às linguagens da música, teatro, dança e artes quadrado de forma centralizada
visuais. Agora, vamos refazer o caminho percorrido neste
em um plano geral, de modo que
ano, buscando examinar o que mais ressoa em nós dessas
vemos seu corpo inteiro.
vivências.
3. Resposta pessoal.
Ao nomear os elementos das lin-
1. Olhando para as imagens, quais elementos das
guagens artísticas, espera-se que os
linguagens artísticas você observa?
estudantes se apropriem dos respecti-
2. Como são os enquadramentos nas duas imagens? vos vocabulários para gradativamente
3. O que mais chama a sua atenção nas imagens? construir sentidos próprios e, nas prá-
ticas, usufruir desse repertório para
criar composições.
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DONesta
BRASIL
Linha de chegada, você irá:
• encerrar este ciclo com uma atividade prática e reflexiva para
firmar as capacidades expressivas nas linguagens artísticas
com o apoio da tecnologia para ampliar suas percepções;
• utilizar os estímulos oferecidos a sua criatividade para
ser autor da própria história na construção da rede de
conhecimento.
183
183
Preparação
Observe e discuta com os estu- Tecnologia com seres
dantes se, após terem tido contato
com todas as propostas das Trilhas,
humanos e fantásticos
as ideias relativas aos termos “rede” e Neste livro, vimos que fios de todas as espécies podem criar tramas e redes
“conexão” foram ampliadas. Para ini- analógicas e digitais. Da teia da aranha à roupa que vestimos, do fio da crina de
cavalo que faz o arco para tocar instrumentos de corda aos fios elétricos que
ciar o tema da aula, pergunte se eles
carregam a bateria do celular, redes nos ligam de forma concreta e abstrata.
já notaram a ordem de aparição dos
A trama, sinônimo de tecido, rede e teia, pode também significar “conspiração”,
créditos finais de filmes de cinema.
sendo, por vezes, utilizada para resumir enredos dos audiovisuais.
A trama do filme Eternos (2021) apresenta personagens fictícios que desde
Orientações a Idade Antiga batalhavam contra seres malignos, moldando os acontecimentos
Em uma roda de conversa, traga das respectivas civilizações. Os personagens fictícios migraram das histórias em
a reflexão promovida pela imagem quadrinhos para as telas e representam seres imortais e heroicos com diferen-
do herói de HQ e do cinema, para a tes características.
equipe que trabalha nas produções O personagem Phastos, da imagem da abertura, tem habilidades tecnoló-
literárias e audiovisuais. Retome tam- gicas. Ele é o responsável por criar armas para o grupo. Em contraponto com
bém os questionamentos feitos no essa habilidade, “Cessar-fogo” é seu lema.
início deste ano, quando observaram Ao ver um personagem na tela do cinema, não temos noção da grande
as representações de pixel, nuvem e equipe que atua junto e por trás das câmeras nos sets de filmagem, nem da
piscina, vista no Ponto de partida quantidade de pessoas que trabalham antes e depois do período de filmagem
deste livro. para produzir um filme. Para verificar o número de pessoas e instituições en-
volvidas na criação e execução de uma obra audiovisual deste porte, basta ler
Será importante conversar pre-
a ficha técnica da produção. Nela constam nomes de todos os envolvidos na
viamente com os estudantes sobre
produção da obra.
o que é puramente mercadológico
Tudo isso é supervisionado pelo profissional que ocupa o cargo de pro-
e sobre as práticas e expressões ar- dutor, que trabalha junto aos artistas e técnicos do audiovisual. Ao conhecer
tísticas, reforçando que todos temos Operadora de câmera mais sobre a função de um produtor, podemos ter uma ideia geral do trabalho
potencial criativo e podemos atuar trabalhando em ambiente
externo. San Diego, Estados coletivo necessário para fazer um filme.
com originalidade, bem como com- Unidos, 2018.
por coletivos e contribuir com traba-
Simone Hogan/Shutterstock.com
lhos de equipe.
Reflita e discuta com eles o que são
atuações individuais e suas inserções
nos trabalhos colaborativos em gru-
po. Como exemplo você pode citar
a ficha técnica deste livro. Mencio-
ne quantas pessoas estavam envol-
vidas em fazeres técnicos e criativos
e quanta tecnologia esteve envolvida
para que o livro chegasse até eles.
O produtor geralmente deve pro-
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
videnciar as autorizações de imagens
quando necessário, elaborar o cro- DA EDITORA DO BRASIL
nograma e acompanhar os proces-
sos de criação, gerenciar a execução
dos projetos, verificar os lugares onde
a gravação acontecerá, checar se os
equipamentos necessários para a gra-
vação estão em ordem e agendar a
gravação ou reuniões para acertar de- 184
talhes de conteúdo.
Vamos também focar o trabalho de
equipe e a necessidade de improvisar
para criar soluções técnicas e criativas Foco na BNCC
em processos de filmagem.
Ao analisar a integração entre as linguagens da
Arte e a linguagem audiovisual e ao identificar
a presença da tecnologia na produção e
compartilhamento de criações artísticas são
trabalhadas as habilidades EF69AR03 e EF69AR35.
184
No cinema, o responsável por captar as imagens é o diretor ou a diretora Preparação
de fotografia. Além da câmera, é comum vermos entre os equipamentos de No decorrer deste tópico, aprofun-
filmagem os tripés, que ajudam a posicionar as filmadoras de forma estável, e a daremos os estudos sobre o papel do
claquete, que marca os dados que auxiliam na edição. produtor, que lida com os núcleos ar-
Na imagem da página anterior, vemos um set de filmagem externa. Set de tísticos e com os técnicos.
filmagem, set de gravação, locação ou estúdio são nomes dados aos lugares
onde ocorrem as gravações dos audiovisuais. Qualquer espaço pode ser prepa- Orientações
rado para servir como um set de filmagem.
Em todas as funções profissionais
Apesar de existirem diferenças consideráveis quanto ao tamanho das equi-
na área do audiovisual, há uma execu-
pes e às infraestruturas para os equipamentos de filmagem, todos eles têm
dinâmicas muito parecidas entre si: exceto pelo fato de que, em ambientes inter-
ção técnica e a possibilidade de uma
nos, é possível controlar melhor as condições de som e luz. Filmagens externas ampliação artística. Na produção de
dependem das condições meteorológicas e da quantidade de ruídos sonoros longas-metragens, os fotógrafos (dire-
que interferem nas gravações. tores e assistentes de fotografia) lidam
O áudio é tão importante quanto as imagens; daí o nome audiovisual. Tanto com equipamentos técnicos, mas seu
em filmagens realizadas em ambientes fechados quanto em ambientes abertos, olhar e escuta estão direcionados para
o elemento comum é o diálogo entre as pessoas que exercem funções específi- a forma como o elenco está interpre-
cas. A conversa tem como objetivo direcionar a atenção de todos os envolvidos tando o roteiro, pois cabe a eles aju-
nas respectivas etapas do trabalho. O entendimento e o foco naquilo que se dar a compor cenas que tenham um
pretende fazer são pontos fundamentais em todas as produções audiovisuais. conceito coerente com o projeto no
É preciso que a equipe saiba as possibilidades e as limitações de suas atua- qual estão trabalhando.
ções, bem como as dos equipamentos e do local onde a filmagem irá acontecer. Tanto nos sets de filmagem monta-
Utilizar a reflexão e a comunicação sobre os procedimentos ajuda a otimizar o dos em estúdios quanto nos construí-
tempo de pré-produção e pós-produção. dos em áreas externas, há demandas
por habilidades específicas da equipe
Produções menores e não menos audiovisual. Quando um estúdio re-
trabalhosas produz determinado local, o diretor
de arte e o cenógrafo devem ambien-
Sabendo do grande trabalho de equipe para a criação e execução dos fil-
tar o espaço de acordo com a referên-
mes de longa-metragem, vamos refletir sobre as pequenas produções, que en-
cia que se deseja simular. Por outro
volvem igualmente o trabalho em equipe.
lado, quando a filmagem é em um
espaço externo e os atores e as atrizes
Vertigo3d/iStockphoto.com
185
Preparação
Por meio da fotografia, podemos O mundo na telona
congelar imagens e interpretar os No cinema, o produtor também coordena os profissionais especialistas na
sentidos para o que vemos diante parte artística e técnica – cenógrafos, figurinistas, aderecistas, maquiadores,
dos nossos olhos. maquinistas, fotógrafos, técnicos de som e de luz – que trabalham antes e du-
rante as filmagens. Quando termina a parte de gravação, vem a etapa chamada
Orientações de pós-produção, na qual o produtor coordena a equipe responsável pela edição
Peça aos estudantes que descre- e finalização das imagens e do áudio, e verifica a inserção do material na mídia
vam as duas imagens da página do em que será divulgado.
Por acompanhar o processo do filme do início ao fim, o produtor deve
ponto de vista objetivo, dizendo o
ser ágil na tomada de decisões e lidar com imprevistos que ocorrem a todo
que veem e relacionando os diferen-
momento.
tes elementos apresentados ao uni-
Assim como o produtor, a atuação de todos os envolvidos é fundamen-
verso artístico. Depois, oriente para tal, e de alguma forma todos manipulam tecnologias que estão conosco desde
que realizem uma interpretação de sempre: do marceneiro que lida com a madeira na construção do cenário ao
sentidos que conectem as duas fotos. maquiador que trabalha com o pó dos pigmentos; dos cozinheiros que lidam
A prática de ler, entender, interpretar com o fogo aos figurinistas que separam as roupas para os personagens, con-
e relacionar faz parte dos processos siderando suas cores e texturas; do motorista que faz a comunicação terrestre
artísticos, que, ao contrário do que se Maquiagens ajudam a para todas as equipes ao finalizador que cria efeitos especiais digitais.
compor personagens, 2018.
imagina, não nascem do nada, pois
Bate-papo com o
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
professor
DA EDITORA DO BRASIL
Você já assistiu a algum making
of de produções cinematográficas?
Pergunte aos estudantes se já viram
como funciona um set de filmagem e
se já haviam pensado nas etapas an- Dançarino e coreógrafo japonês Ushio Amagatsu, da companhia Sankai
Juku, apresentando-se em Sedimentation and erosion, ad infinitum
teriores e posteriores aos momentos (Sedimentação e erosão, ao infinito). Nova York, Estados Unidos, 2017.
de gravação.
186
Foco na BNCC
Ao estudar a integração das linguagens da
Arte à linguagem audiovisual e ao conhecer a
função de produtor cultural são desenvolvidas as
habilidades EF69AR03 e EF69AR08.
186
Agora que você chegou ao fim do 9º ano Preparação
187
Orientações 3 Volte a atenção para os figurinos e observe: Ele usaria sapatos? De qual tipo? Seu traje seria social,
Na preparação para as etapas 3 e esportivo ou informal? Haveria adereços a ser acrescentados?
4, o mais importante é observar se
4 Finalmente, imagine qual seria o cenário ideal para a atuação acontecer: Seria no cômodo de uma casa,
os estudantes estão conseguindo
em uma floresta, nas ruas de uma cidade ou no espaço intergaláctico? Como seria a iluminação nesse
exercitar o trânsito entre imaginação
lugar? Em grupos de cinco pessoas, verifiquem quem prefere colaborar na produção da cena e quem
e realização das propostas. Em caso
gostaria de atuar interpretando o personagem escolhido. Vocês podem usar os recursos técnicos dis-
negativo, altere alguns elementos e poníveis e a criatividade para encontrar soluções acessíveis para alcançar aquilo que foi idealizado. O
verifique que tipo de suporte você objetivo não é gastar nem consumir, é praticar e colaborar com as criações.
pode oferecer para engajar a turma.
½½ Etapa 3 Etapa 3: Levantamento de verbetes
Para se apropriar de aspectos culturais da sua região e considerá-la como fonte de inspiração e con-
Vamos fazer uma pesquisa para ins-
teúdo expressivo, artístico e compartilhável no seu audiovisual, vamos misturar o repertório praticado nas
pirar a criação do roteiro do audiovisual.
etapas anteriores com uma investigação na comunidade. Procure conversar com
Caberia fazer uma entrevista com
pessoas de diferentes idades para levantar dados sobre as experiências que elas
pessoas que inspiraram o personagem Verbete: palavra
têm com as linguagens artísticas e a tecnologia. Considerem as práticas de hoje acompanhada de
ou com pessoas que trabalham na fun- e as de antigamente. texto de caráter
ção que o estudante demonstrou inte- A partir das descobertas, nos mesmos grupos de cinco pessoas, vocês irão informativo
e impessoal,
resse? Como essas pessoas lidam com elaborar uma lista de verbetes como os de uma enciclopédia, inspirados pelos normalmente contida
a tecnologia? Em qual medida a tecno- levantamentos do repertório de cada grupo. O ideal é que, ao final, a classe atinja em glossários,
logia interfere em suas expressões? A dicionários e
uma lista completa com ao menos 20 palavras, e que tais palavras se relacionem enciclopédias.
partir dos verbetes, seria possível am- com os elementos das linguagens artísticas e do audiovisual.
pliar o embasamento das palavras por
meio de uma obra literária, indicando William Furtado/Fotoarena
um roteiro?
½½ Etapa 4
O objetivo é criar um vídeo para
a turma, mas a forma de organiza-
ção interna para chegar a isso pode
ser múltipla. Esse formato sugerido
é uma guia, mas pode ser transfor-
mado à medida que os estudantes
se engajem. Em um exemplo oposto,
vamos supor que um verbete foi re-
Páginas da Enciclopédia
presentativo e gerou assembleia em Barsa. São Paulo (SP),
seu entorno. Não há por que minimi- 2022.
zar sua potência. Assim, esse pode ser
o tema central, e as participações para Etapa 4: Formatando o audiovisual
serem filmadas em 15 segundos são Escolham a forma mais sintética e direta de representar o verbete. Para formatar o audiovisual da sua
interpretações desse tema. classe, conversem para decidir se o melhor é trabalhar em grupos ou elencar os verbetes mais significativos
Os estudantes podem realizar uma MATERIAL DE DIVULGAÇÃO para fazer uma lista da classe. Se a opção escolhida for trabalhar em grupos, cada um deverá ficar respon-
performance pela escola. Nesse caso, sável por uma parte da lista. Cada verbete, então, deverá ser apresentado e registrado em vídeo, no formato
o vídeo seria um registro documental DA EDITORA DO BRASIL curto de 15 segundos. Assim, é importante ter definidos a ação e o enquadramento, para ficar evidente o
ou um proponente da intervenção? que se deseja expressar.
Ao final, estudem como juntar os verbetes e os vídeos, criando um material de aproximadamente
6 minutos e meio de duração. O material finalizado do vídeo deve ter capa de abertura e ficha técnica com
o nome de todos os envolvidos. O resultado pode ser postado em um ambiente virtual seguro, como nas
redes sociais da escola.
188
188
Preparação
Alinhavo final Pergunte aos estudantes quantas
pessoas eles imaginam que estariam
Ardian Lumi/Unsplash.com
Orientações
Sentir e agir por meio da arte au-
menta a capacidade empática do ser
humano e contribui para a formação
da sociedade.
Sabendo disso, os órgãos munici-
Projetos culturais ajudam a pais, estaduais e federais são obrigados
promover as artes e aumentar
o acesso das pessoas a elas.
a lançar editais públicos que fomentem
Duplas dançando em evento. a cultura.
Lisboa, Portugal, 2017. Quando pensamos em trabalha-
dores da área de arte e cultura, nem
Você sabia que para trabalhar com arte é preciso aprender a desenvolver e
sempre estamos falando de no-
participar de projetos culturais? Com um projeto cultural é possível concorrer nos
mes que têm fama, por isso o filme
editais de cultura oferecidos pelas secretarias municipais e estaduais. O projeto é
apresentado em formato de um documento contendo o planejamento integral de
Technikós é citado como exemplo
um evento ou de uma série de apresentações artísticas, que incluem exposições no encerramento deste livro. Ele foi
de artes visuais, espetáculos de dança, shows musicais, peças de teatro, inter- contemplado por um dos editais de
venções para formação de público em artes, performances, entre outras. cultura, viabilizando sua produção e
Projetos culturais seguem etapas obrigatórias de elaboração. Em geral, são trazendo para o lugar de protagonista
solicitados itens como a apresentação da ideia central, objetivo e justificativa da cena profissionais que nunca são
do projeto, a definição da equipe que participará do projeto, incluindo técnicos vistos pelo público; logo, não fazem
e artistas, o cronograma (desde a pré-produção, passando pela produção, até a sucesso com a audiência. No entanto,
pós-produção), o orçamento, a divulgação, as contrapartidas e a conclusão do sem o trabalho técnico e artístico des-
projeto. ses profissionais, a arte não chegaria
O Prêmio Zé Renato é um edital de cultura, cujo objetivo é apoiar a produ- como chega para o público. Tekhnikós
ção e o desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo. Um traz em seu roteiro depoimentos de
dos projetos contemplados em 2020 foi o curta-metragem Technikós, apresen- profissionais das equipes técnicas do
tado por profissionais da área técnica da cena. Eles nem sempre aparecem, mas teatro, que tornam possíveis as artes
são igualmente responsáveis pelo que acontece nos palcos.
da cena. Eles também comentam as
As linguagens artísticas permitem expressões plurais e diversas, feitas por
dificuldades pelas quais todos passa-
pessoas igualmente plurais e diversas. São compostas de elementos técnicos
mos durante o período de isolamento
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
e estilos específicos desenvolvidos em determinadas épocas, e estão em cons-
social. Vocês podem assistir ao vídeo,
tante atualização.
DA EDITORA DO BRASIL
Iniciamos este livro com um questionamento, pedindo a você que obser- que está disponível em: https://bra-
vasse o seu entorno – e perguntamos, naquele momento, onde você observava sil-cenaaberta.org/cursos_oficinas/
a tecnologia. Para finalizar, faça novamente esse questionamento a si mesmo: tekhnikos/ (acesso em: 19 maio 2022).
As respostas às perguntas da pági-
• A sua percepção do que é tecnologia mudou de lá para cá?
na são pessoais.
• A partir do repertório criado coletivamente por vocês nas trilhas percorri-
das, qual legado ficará na sua memória? Foco na BNCC
189 Este conteúdo desenvolve
a habilidade EF69AR32 ao
propor uma reflexão sobre
projetos culturais voltados
Bate-papo com o professor às artes.
Siga atento a seus caminhos criativos didáticos, artísticos Espera-se que as ações propostas ao longo do livro te-
e pedagógicos e incentive os estudantes a valorizar a arte nham ajudado os estudantes e você a se conectar consigo e
pelos princípios da diversidade e da democracia, amplian- com o entorno, considerando a tecnologia como uma aliada
do os estudos sobre as artes durante o Ensino Médio. Após para produzir estados de fruição e presença em uma relação
o percurso por todas as Trilhas, verifique se os estudantes dialógica e horizontal.
modificaram seus pontos de vista em relação a produções,
como eventos, shows, videodanças, curtas-metragens, peças
teatrais, musicais, entre outros.
189
Referências
AMARAL, Ana Maria. Teatro de formas animadas: fundamentais do teatro. Ariane Mnouchkine fundou
máscaras, bonecos, objetos. São Paulo: Edusp, 1991. em 1964 o Théâtre du Soleil, que, já na década de
Essa obra apresenta um amplo painel da história e 1970, tornava-se uma das maiores companhias
das técnicas do teatro de formas animadas, contando teatrais da França e do mundo.
como se usavam máscaras, bonecos e objetos em toda FRANK, Anne. Diário de Anne Frank. São Paulo: Pé
a história do teatro, de Bali à Grécia Antiga, do teatro da Letra, 2019.
nô ao grupo paulista XPTO, passando por Java, Índia, O livro é conhecido por relatar, do ponto de vista de
Japão e Europa ocidental. uma menina, momentos vividos por um grupo
ARAÚJO, Antonio. A gênese da vertigem: o de judeus confinados em um esconderijo durante o
processo de criação de O paraíso perdido. São regime nazista nos Países Baixos. As anotações de
Paulo: Perspectiva, 2011. Anne Frank foram declaradas pela Organização das
Dissertação cujo eixo reside na investigação dos Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
elementos e das dinâmicas que compuseram o (Unesco) como patrimônio da humanidade.
processo de construção cênica do espetáculo O GRIFFITHS, Paul. A música moderna: uma história
paraíso perdido (1992), primeira parte da Trilogia concisa e ilustrada de Debussy a Boulez. Rio de
Bíblica do Teatro da Vertigem. Janeiro: Zahar, 1988.
BALL, David. Para trás e para frente: um guia para O livro aborda a música moderna e os diversos
leitura de peças teatrais. São Paulo: Perspectiva, movimentos musicais do século XX, discutindo as
1999. (Coleção Debates – Teatro). novas tecnologias e as transformações.
Esse guia para a leitura de roteiros teatrais KLINK, Amyr. Cem dias entre o céu e o mar. São
complementa e retifica os métodos tradicionais Paulo: Companhia de Bolso, 2005.
de análise literária de scripts. O autor utiliza em Esse livro relata os cem dias de travessia do próprio
seu método excertos de Hamlet, de Shakespeare, autor, que saiu do sul da África e foi até o litoral da
explorando seus elementos para a abordagem analítica. Bahia, em um minúsculo barco, transportando o leitor
BEIGUELMAN, Giselle. Políticas da imagem: vigilância para diversos acontecimentos que têm como cenário o
e resistência na dadosfera. São Paulo: Ubu, 2021. Oceano Atlântico.
A autora problematiza as plataformas de mídias KOUDELA, Ingrid D. Texto e jogo. São Paulo:
sociais, alertando leitores e usuários das redes a Perspectiva, 1996. (Coleção Debates – Teatro).
manterem o senso crítico no ambiente virtual, uma Ingrid Koudela discorre sobre a prática do jogo teatral
vez que este capta de forma sistemática os dados a partir das peças didáticas de Brecht e sobre o
pessoais disponibilizados pela população. que conceitua como “método para investigação das
DELALANDE, François. A música é um jogo de relações dos homens entre os homens”, destacando
criança. Colaboração de Jack Vidal e Guy Reibel. não só a grande importância do educador como
Tradução de Alessandro Cintra. São Paulo: também a renovação da própria função teatral.
Peirópolis, 2019. LOBO, Lenora; NAVAS, Cássia. Teatro do
Na obra, o autor trata dos modos de escutar, pensar movimento: um método para o intérprete criador.
e criar música a partir dos novos conceitos da música Brasília, DF: Libri Editorial, 2019.
contemporânea. As autoras apresentam métodos de consciência
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial: corporal em investigações do movimento que
contribuem para o trabalho dos dançarinos e dos atores.
princípios e práticas do lendário cartunista. Tradução
DA EDITORA
de Luís DO BRASIL
Carlos Borges. 3. ed. São Paulo: Martins MENDES, Miriam Garcia. O negro e o teatro
Fontes, 1999. brasileiro. São Paulo: Hucitec, 1993.
O livro apresenta elementos técnicos das HQs que Esse livro busca analisar, da forma mais abrangente
podem auxiliar nas práticas de criação que lidam com possível, o problema do personagem negro no teatro
enquadramentos para danças em audiovisual. brasileiro, do século XIX aos dias atuais.
FÉRAL, Josette. Encontros com Ariane Mnouchkine: MORLEY, Helena. Minha vida de menina. São Paulo:
erguendo um monumento ao efêmero. Tradução de Companhia de Bolso, 2016.
Marcelo Gomes. São Paulo: SescSP, 2010. A obra, escrita em formato de diário, tem como cenário
Essa obra, centrada em Ariane e em seu trabalho o Brasil pós-abolição, em que a adolescente descreve
com atores, investiga suas convicções sobre questões suas vivências e pensamentos.
190
190
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. São Paulo: Paulo, 2000. Disponível em: https://sapientia.pucsp.
Perspectiva, 1999. br/bitstream/handle/5193/1/Ivani%20Lucia%20
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por professores e pesquisadores do campo. A autora revela, por meio de pensamentos, rascunhos
PELA INTERNET. Compositor e intérprete: Gilberto e fotos do início de sua carreira artística, pistas acerca
Gil. In: QUANTA. [S. l.]: Warner Music, 1997. 1 CD, de seu processo criativo.
faixa 11 (4min44s). Disponível em: https://gilbertogil.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade.
com.br/producoes/detalhes/quanta/. Acesso em: 7
abr. 2022. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
Essa música, do intérprete e compositor Gilberto Gil, O autor trata das diversas formas de
foi a primeira canção a ser transmitida ao vivo em um desenvolvimento como ferramentas para a liberdade
show pela internet. Foi batizada em homenagem à do ser humano.
canção Pelo telefone, lançada em 1916 e considerada SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São
por muitos o primeiro samba da história. Paulo: Perspectiva, 2010.
PELA INTERNET 2. Compositor e intérprete: A obra fornece informações detalhadas sobre os jogos
Gilberto Gil. [S. l.]: Gege Produções, 2018. 1 música dramáticos e a arte do teatro. Promove, ainda, uma
(4min20s). Disponível em: https://gilbertogil.com.br/ discussão sobre oficinas de trabalho na educação,
conteudo/musicas/?letra=P. Acesso em: 7 abr. 2022.
na dança, na psiquiatria, na convivência social e na
Essa música foi lançada com mesma melodia de Pela
criação artística.
Internet e traz temas atuais do mundo virtual, como
as redes sociais, aplicativos de navegação e outros TECNOLOGIA. In: PRIBERAM. Lisboa: Priberam
recursos digitais. Informática, c2022. Disponível em: https://dicionario.
PRIMEIROS ensaios: publicação educativa da priberam.org/tecnologia. Acesso em: 5 abr. 2022.
34ª Bienal de São Paulo. Organização da Fundação Significado literal do termo “tecnologia”, que se refere
Bienal de São Paulo. Curadoria de Jacopo Crivelli aos avanços criados pela humanidade ao longo
Visconti. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, das eras.
2020. Disponível em: http://imgs.fbsp.org.br/
TV UFBA especial (2014) – Ivani Santana e a dança
files/85713b059e43c7d73ad7d4597a75dbb0.pdf.
telemática. Salvador: TV UFBA, 9 jan. 2014. 1
Acesso em: 11 abr. 2022.
vídeo (ca. 6 min). Publicado pelo canal TV UFBA.
Publicação educativa da 34ª Bienal de São Paulo
Disponível em: https://youtu.be/yNEE4nnliFU.
que apresenta conteúdos referentes ao meteorito do
Bendegó, ao sino de Ouro Preto e a um conjunto de Acesso em: 11 abr. 2022.
reproduções de retratos do jornalista e abolicionista No documentário, Ivani Santana explica como
estadunidense Frederick Douglass. concebeu obras de dança telemática.
ROSENFELD, Anatol. O teatro épico. São Paulo: VIDEODANÇA. In: ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL.
Perspectiva, 1985. (Coleção Debates – Teatro). São Paulo: Itaú Cultural, c2001-2022. Disponível
Essa obra de referência aborda o estudo do teatro, em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/
a teoria dos gêneros, as tendências épicas no teatro termo14324/videodanca. Acesso em: 24 mar. 2022.
europeu do passado, a assimilação da temática Verbete da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
narrativa, a cena e a dramaturgia épicas e o teatro Brasileiras. A enciclopédia digital fornece uma base
épico de Brecht.
DA EDITORA DO BRASIL
SALLES, Cecilia Almeida. Gesto inacabado: processo
de dados para pesquisar a história da videoarte e da
videodança no Brasil e no mundo.
de criação artística. 6. ed. São Paulo: Intermeios, 2013.
A autora estudou os processos de criação artística VINAGRE, Talita. Breve cartografia de uma dança
considerando os rascunhos como importantes de desterro. São Paulo: Baleia Livros; Bragança
ferramentas nas etapas criativas de todas as artes. Paulista: A Casa Tombada, 2021.
SANTANA, Ivani Lúcia Oliveira de. Corpo aberto: A autora trabalha a escrita dessa obra de forma
mídia de silício, mídia de carbono – A dança semelhante à postura do dançarino e improvisador,
em interação com as novas tecnologias. 2000. que, com técnica e sensibilidade, apresenta uma
Dissertação (Mestrado em Comunicação) – postura aberta de pesquisa em dança como substrato
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São de práticas criativas.
191
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Transcrição dos áudios
Trilha 3
Se liga na mulher
Ei, menino
Você acha que a virtude da mulher é te cuidar, chinelar ou ter beleza?
Que é só delicadeza, servidão e gentileza?
Ou então brabeza pra fazer e acontecer?
Se liga que a mulher é muito mais
Se liga que a mulher não é só quem faz
Ela é humana que nem tu, ela quer tudo também
Ei, menina
Você acha que mulher bem-sucedida
é aquela que se casa?
Que sabe fazer comida?
Ou então que tem corpão de violão
pra conquistar o marmanjão?
Se liga que a mulher é muito mais
Se liga que a mulher não é só quem faz
Ela sonha que nem tu, e batalha que nem tu
E não é na televisão, nem no insta nem no face que se vê cara lavada, sua realização
É todo dia, na real, na vera, na prática
No pensamento e na criatividade
Na ginga e no jogo, na aula e em casa
Junto com a turma, é na sororidade!
Se liga que sororidade é união, é estar com a mão na mão, é ouvir todos irmãos, sem essa de competição
Quer saber de uma pá de mulher que arrasou?
Que arrasa ainda hoje? Ela pode ser você ou sua mãe ou sua amiga ou sua irmã?
Então… saca só
Frida Kahlo, Fernanda Montenegro, Marielle Franco, Luiza Erundina
Chica da Silva, Nise da Silveira, Rosa Parks, Miriam Makeba
MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
Marie Curie, Madre Teresa, Kate Sheppard, Maria da Penha
Leila Diniz, Rosa Luxemburgo, Angela Davis, Anne Frank
DA EDITORA DO BRASIL
Malala Yousafzai, Greta Thunberg, Tia Ciata, Amélia Earhart
Joana D’Arc, Simone de Beauvoir, Dandara, Preta Rara
Já conhece todo mundo? Já conhece lá no fundo as que tão perto de você?
Se liga que a mulher vai te mostrar
Se liga, Vai atrás pra saber mais
Mano, todas tem o seu papel,
Mina, todas te chamam pra roda
Mulherada faz história, vai crescendo na memória
192
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MATERIAL DE DIVULGAÇÃO
DA EDITORA DO BRASIL
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ISBN 978-85-10-09349-1