Política e Relações de Poder
Política e Relações de Poder
Política e Relações de Poder
MANUAL DO
MANUAL DO PROFESSOR
ENSINO MÉDIO
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POLÍTICA E RELAÇÕES DE PODER
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CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
ANA S
CIÊNCIAS HUM
OCI A IS A PL IC ADAS
ES
L AÇÕES
POLÍTICA E RE
DE PODER
ENSINO MÉDIO
Editores responsáveis:
Flávio Manzatto de Souza
2 0 8 0 6 7
Valéria Vaz
ISBN 978-65-5744-187-9
Organizadora: SM Educação
2 900002 080674 Obra coletiva, desenvolvida e produzida
por SM Educação.
O C I A I S APLIC ADAS
HUMAN A S E S
CIÊNCIAS
REL AÇÕES DE PODER
POLÍTICA E
ENSINO MÉDIO
EDITORES RESPONSÁVEIS:
FlÁVIO MaNzaTTO DE SOuza
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP).
Editor de livros didáticos.
ValéRIa Vaz
Licenciada em História pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).
Especialista em Linguagens Visuais e mestra em Artes Visuais pela Faculdade Santa Marcelina (FASM).
Bacharela em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Editora de livros didáticos.
Organizadora: SM Educação
Obra coletiva, desenvolvida e produzida por SM Educação.
São Paulo, 1a edição, 2020
Ser Protagonista Ciências Humanas e Sociais Aplicadas –
Política e relações de poder
© SM Educação
Todos os direitos reservados
Bibliografia.
ISBN 978-65-5744-186-2 (aluno)
ISBN 978-65-5744-187-9 (professor)
20-41291 CDD-373.19
Índices para catálogo sistemático:
1. Ensino integrado : Livro-texto : Ensino médio 373.19
1a edição, 2020
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Água Branca 05036-120 São Paulo SP Brasil
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APRESENTAÇÃO
Equipe editorial
CONHEÇA SEU LIVRO
Unidade
2
ABERTURA DE UNIDADE
O ESTADO E OS
SISTEMAS ECONÔMICOS Direitas e esquerdas: dilemas políticos 4
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
DESENVOLVIDAS NA UNIDADE
46 47
7
PARA TODOS?
ABERTURA DE CAPÍTULO
Composta
lo qual essas tensões e conflitos são observados e mediados, de forma a organi- ponsável, ativa, participativa e crítica. A finalidade dessas ações é a de estimular
zar a vida em sociedade. um maior grau de consciência em relação aos interesses dos grupos e das clas-
O cerne e a razão de ser da política, portanto, são as pessoas. A política diz res- ses sociais e na tomada de decisões que afetam a vida de todos.
peito a todos, porque se refere ao bem comum, às negociações, às regras de con- Assim, podemos identificar três canais principais de participação política na
duta e à conquista de direitos que podem mudar o que está estabelecido. Portan-
de textos,
atualidade.
to, é fundamental perceber que, quando não se discute política e quando não se
participa da esfera do político e do público, há também uma ação política, a qual
abre espaço para que alguns decidam por outros e para que aqueles estabeleçam Canal eleitoral
prioridades e conduzam a vida do coletivo da forma que julgam melhor, decisões
imagens e
estas que, ao final, afetam a todos.
Refere-se a formas de participação política em
eleições; participação em reuniões de partidos e nos
Henrique Ribeiro/Futura Press
questões
dirigente partidário e candidatura a cargos públicos.
Representações de
interesses privados
na esfera pública
que se
Refere-se à representação de interesses privados na
esfera pública por meio de espaços
institucionalizados, como ONGs, sindicatos, relacionam e
introduzem
Escola pública em Porto Alegre (RS) ocupada por estudantes Manifestantes em São Paulo (SP), em 2018, contra a cooperativas, fundações, etc.
Fundo: Shutterstock.com/ID/BR
o assunto do
mudanças por parte do governo. Você concorda com as pautas dessas mani-
festações? Compartilhe sua opinião com os colegas.
Espaços não
2. Para você, por que a política é importante? Explique suas reflexões para a institucionalizados
turma.
capítulo.
Relaciona-se às atividades que se processam nos
3. Em que setores da vida pública você considera que a política é fundamental?
espaços não institucionalizados da política formal,
4. De acordo com seu entendimento, o que seria necessário fazer para que as como nos movimentos sociais de diferentes matizes.
pessoas pudessem participar da política de forma mais ativa?
Mas, afinal, o que é o Estado e qual é o seu papel nas sociedades contempo-
râneas? O Estado é uma organização política e administrativa soberana com es-
trutura própria organizada para exercer o poder público em sentido amplo. Entre
as várias funções que desempenha, pode-se destacar a garantia da soberania
territorial, a segurança da população e a gestão de recursos públicos.
Nos atuais Estados democráticos, o poder emana do povo, o qual elege um go-
verno que deve garantir a ordem, bem como formular e aplicar leis que represen-
tem os interesses coletivos da nação.
A política de Estado no Brasil está orientada pela Constituição de 1988, que
estabelece princípios fundamentais, como a manutenção da cidadania e da dig-
nidade da pessoa humana, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária,
a erradicação da pobreza e da marginalização social, a redução das desigualda-
des sociais e regionais, entre outros aspectos que asseguram a divisão dos po-
deres institucionais, a democracia e o respeito aos direitos humanos.
Quanto à administração de recursos, a Constituição Federal mescla princípios
liberais e princípios de atuação estatal que garantam a soberania nacional por
meio de uma economia autônoma e, ao mesmo tempo, integrada ao mercado in-
ternacional. Entre os tópicos liberais da Constituição, é possível citar a defesa da
propriedade privada, a livre-iniciativa industrial e comercial e a livre concorrência,
conceitos que primam pelo estímulo da produção e pela acumulação de riquezas.
Já os tópicos que dizem respeito à atuação do Estado nas atividades econômicas
Glossário
Lobby: ação de grupos organizadosregulamentam a valorização do trabalho, a oferta de empregos, a proteção dos
que representam interesses de em-direitos do trabalhador, a busca de justiça social, a defesa do consumidor e a pro-
presas privadas e pressionam deter-teção ao meio ambiente.
Lobby: ação de grupos organizados Embora a Constituição seja a diretriz para a estruturação das políticas de Estado,
minados que
políticos para aprovarem
Apresenta
representam interesses de em-
alguns governantes têm sistematicamente usado a máquina estatal para estabele-
medidas que
presasos beneficiem.
privadas e pressionam deter-
minados políticos para aprovarem cer políticas de governo transitórias, muitas vezes contrárias aos princípios consti-
Máquina estatal: conjunto de funçõestucionais, direcionadas a agendas políticas internas, lobbys e interesses privados.
medidas que os beneficiem.
Máquina estatal: conjunto de funções Esse desencontro entre as leis, os princípios democráticos e os interesses privados Guerra do Paraguai: aniquilando inimigos
e poderesepúblicos, como
poderes públicos, como ministeriais
ministeriais
a explicação
que atuam na esfera política reforça as vantagens de grupos privilegiados, assim No século XIX, o Paraguai despontava como uma
e de secretarias, responsáveis
e de secretarias, responsáveis pelapela
Biblioteca Nacional do Uruguai. Fotografia: ID/BR
execução das leis. como pode acentuar os problemas com as desigualdades sociais, a corrupção e a potência na América do Sul. Ele era um dos únicos
execução das leis. licenciosidade das instituições de poder, que devem ser autônomas e vigilantes. países da região cuja principal atividade econômica
não era agrícola, além de ser dotado de forte comér-
de palavras
Miguel Paiva/Acervo do chargista
e conceitos
e a centralizar a organização estatal, fruto dos esfor-
ços políticos de seus antecessores. Considerado di-
tador, López estruturou e ampliou as Forças Armadas
INTERAÇÃO
que você
aponta as contradições Prisioneiros de guerra paraguaios Essas características contribuíram para que as elites dos países vizinhos temes-
entre as políticas de durante a Guerra do Paraguai,
em 1866. sem a expansão paraguaia. Vale lembrar que, nesse período, nações como Argenti-
Interação
Estado e as políticas de na, Uruguai e Brasil forjavam suas identidades e consolidavam suas fronteiras, au-
governo do Brasil?
mentando as tensões diplomáticas. Deflagrado o conflito armado, que envolveu
talvez não
invasões de territórios argentinos e brasileiros por parte do Paraguai, configurou-se
uma aliança entre Argentina, Brasil e Uruguai – chamada de Tríplice Aliança. Essa
Contém atividades
união foi essencial para a formação das identidades nacionais da América do Sul,
unidas contra um inimigo comum.
conheça.
O saldo para o Paraguai foi amargo: além do número elevado de mortos du-
rante a guerra, o país foi penalizado por uma ocupação militar estrangeira de qua-
desenvolver
sil foi crucial para dificultar o desenvolvimento econômico do Paraguai.
Leia, abaixo, o balanço que a historiadora Marcela Quinteros fez sobre as con-
sequências do conflito.
habilidades e a
[…]
No final do século XIX, o Paraguai ainda sofria com as consequências da guerra
INTERAÇÃO
oitocentista. Era um país devastado, politicamente instável, com uma majoritária po-
1. O que foi a Grande
Guerra, referenciada no Os intelectuais se abocaram a interpretar e explicar as razões dessa situação. Enquan-
to alguns interpretavam que a realidade paraguaia era consequência da existência de
texto de
1. OMarcela Quin-
INTERAÇÃO
um povo ignorante, [...] outros [...] tentaram demonstrar que o Paraguai, antes da guer-
que foi a Grande
ampla e integrada
ra, tinha sido um dos países mais desenvolvidos e independentes do continente.
teros? Em que região
Guerra, referenciada no
texto de Marcela Quin- Com a Guerra Grande, o país viu-se submerso em uma crise econômica, demográ-
esse evento
teros? Em foi
queassim
região fica e política, mas também identitária. Para os revisionistas, o conflito bélico foi o
esse evento foi assim marco a partir do qual o Brasil e a Argentina ganharam territórios, mas também foi
REPRESENTATIVIDADE FEMININA chamado? Levante hi-
dos assuntos
chamado? Levante hi- interpretado como um ataque à única nação que, após a independência, não sofreu
póteses e explique sua
NAS ESFERAS DO PODER póteses ideia
e explique
aos colegas. sua
as lutas internas que fragmentaram as demais nações latino-americanas. A preser-
vação da unidade territorial como cultural do Paraguai, na interpretação do revisio-
As relações de poder, estruturadas em diversos âmbitos da vida em socieda- ideia aos
2. Porcolegas.
que a ação brasilei- nismo paraguaio, foi consequência de uma identidade forjada desde o período colo-
de, interferem diretamente no exercício da cidadania, nas políticas públicas e em
estudados.
ra durante a Guerra do nial e zelosamente cuidada pelos governos de José Rodríguez de Francia (1814-1840),
nossa experiência cotidiana. Nesse sentido, observemos alguns dados referentes
2. Por que asiderada
açãoimperialista?
brasilei-
Paraguai pode ser con- Carlos Antonio López (1844-1862) e Francisco Solano López (1862-1870).
à composição da população brasileira e à composição do Parlamento nas eleições […]
de 2018. ra durante a Guerra do
Escreva um parágrafo,
mobilizando seus co-
Quinteros, Marcela Cristina. O imperialismo/anti-imperialismo no revisionismo histórico
Na eleição para a Câmara dos Deputados para o período 2019-2023, o nú- paraguaio. In: Simpósio Internacional Pensar e Repensar a América Latina, 2., 2016. Anais […].
mero de mulheres eleitas aumentou em 51%, passando de 55 para 77, o que Paraguainhecimentos
pode ser con-
sobre o São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016. p. 1-10. Disponível em: http://www.hu.usp.br/
imperialismo para res- wp-content/uploads/sites/35/2016/12/Marcela_Quinteros_II-Simposio-Internacional-Pensar-e-
representa 15% das cadeiras e não condiz com o perfil da população brasileira,
formada em sua maioria por mulheres, que totalizam cerca de
sideradaponder
imperialista?
à questão. Repensar-a-America-Latina.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.
Adilson Secco/ID/BR
nhecimentos sobre o
40
total de 70 deputados. Proporcionalmente, o Distrito Federal foi o
ente federativo que mais elegeu mulheres. Em uma bancada com-
posta de oito deputados, cinco são mulheres. Já Maranhão, Sergipe imperialismo para res-
e Amazonas não elegeram mulheres como representantes, o que
revela as distorções do sistema político e a falta de representativi-
30 ponder à questão.
dade das mulheres nesses estados.
Apesar dos evidentes problemas, segundo analistas políticos,
uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em maio de 2018, 20
teve um impacto positivo no crescimento da bancada feminina nas
eleições. A decisão garantiu, nas eleições desse mesmo ano, a apli-
cação de, no mínimo, 30% dos recursos do Fundo Especial de Fi-
nanciamento de Campanha e do tempo de propaganda gratuita no 10
Ação e cidadania
Mulheres no poder
AÇÃO E CIDADANIA 3. Em seguida, ainda sobre os cargos escolhidos, os grupos
Você sabe como é a representatividade de mulheres no devem pesquisar os itens a seguir.
Mulheres no poder 3. Em seguida, ainda sobre os cargos escolhidos, os grupos
estado onde
Você sabe comovocê vive? Conhecer
é a representatividade essano
de mulheres realidade
devemépesquisar
impor- os itens aa) Entre os candidatos, quantos foram eleitos.
seguir.
»
Reflexão
Monarquistas ocupam car- PROJETOS POLÍTICOS E CONSTITUIÇÃO DE 1824
gos em Brasília e reabilitam Analisar o processo de independência política do Brasil significa refletir sobre
grupo católico ultraconser- os projetos políticos para o futuro da jovem nação independente. O primeiro as-
Composto de texto e de
vador. BBC News Brasil,
PARA EXPLORAR
pecto foi a adesão majoritária à ideia de uma monarquia constitucional. Apesar
de inusitada, a escolha de um sistema monárquico, e não republicano, em uma
4 abr. 2019.
» Monarquistas ocupam car-
gos em Brasília e reabilitam
ex-colônia revela o entendimento de que a monarquia seria capaz de impedir a
fragmentação territorial do Brasil e que a figura de um rei, de origem portuguesa,
análise, pesquisa e
o retorno da mo- político-administrativa e a separação do poder político em quatro instâncias – Exe-
narquia no narquia
Brasil. Disponível
no Brasil. Disponível cutivo, Legislativo, Judicial e Moderador, sendo este último o elemento central da
em: https://www.bbc.com/ organização política imperial. Outro aspecto foi a instituição do catolicismo como
em: https://www.bbc.com/
portuguese/brasil-47728267. religião oficial regulada pelo Padroado.
reflexão sobre o
Acesso em: 26 maio 2020.
portuguese/brasil-47728267. Em relação aos direitos individuais, civis e políticos, reconheceu-se que eram
cidadãos todos os homens livres, nascidos no Brasil ou naturalizados, com igual
Acesso em: 26 maio 2020. acesso aos direitos civis, porém diferenciados quanto aos direitos políticos por
meio de critérios censitários. Haveria, portanto, diferen-
conteúdo apresentado,
Para explorar
Tema central na realidade política, social e econô-
mica do país, a Constituição imperial só fez duas men-
considerando a
ções indiretas ao escravismo. A primeira, referindo-se
ao critério de cidadania, definia que os brasileiros se-
Traz indicações de
riam apenas os homens livres nascidos no Brasil; e a
segunda, quando se referia aos eleitores, sublinhava
realidade e buscando
que os libertos não se enquadravam nessa categoria,
mesmo se atendessem às exigências de renda míni-
produções
ma. Cabe ressaltar, contudo, que não havia critério
racial a diferenciar os afrodescendentes de outro ci-
audiovisuais, sites,
comparada à dos cidadãos dos países europeus no
mesmo período.
o assunto ou o conceito
Pesquisas recentes têm demonstrado que boa
parte das manifestações populares no Império foram
trabalhado.
independência, setores distintos da sociedade teriam
exercido uma pressão pelo reconhecimento de seus
REFLEXÃO
Dom Pedro II e a princesa Isabel
foram os últimos monarcas
Tipos de monarquia
na ampliação e no
representantes do Poder Moderador
Atualmente, a monarquia não é o modelo de Estado mais popular no mun-
REFLEXÃO
no Brasil. Foto de 1870. Tipos de monarquia
do, especialmente noaOcidente
Atualmente, monarquia não moderno.
é o modelo deNo entanto,
Estado alguns
mais popular no mun-exemplos per-
sistem, como é o caso da
do, especialmente monarquia
no Ocidente britânica.
moderno. No entanto, alguns exemplos per-
sistem, como é o caso da monarquia britânica.
aprofundamento dos
1. Você sabe quais
1. Você sabe tipos dede
quais tipos monarquia existem
monarquia existem atualmente?
atualmente? Faça uma pes-Faça uma pes-
quisa em quisa em publicações impressas e/ou digitais para descobrir.
publicações impressas e/ou digitais para descobrir.
2. É possível a existência de democracia em uma monarquia? Aprofunde sua
conteúdos estudados.
2. É possívelpesquisa
a existência de democracia
sobre os tipos em
de monarquia para umasua
elaborar monarquia? Aprofunde sua
resposta. Depois,
exponha o que você descobriu e explique suas análises para a turma.
pesquisa sobre os tipos de monarquia para elaborar sua resposta. Depois,
exponha o que você descobriu e explique suas análises para a turma.
Não escreva no livro.
86
Atividades
ATIVIDADES
SEÇÕES DE CAPÍTULO
1 Leia o texto abaixo e responda às questões a seguir. 6 Observe o gráfico abaixo e responda às questões.
100%
cargos de poder dentro da Câmara dos Deputados. Das 25 comissões permanentes da Casa, apenas 4
[foram] presididas por mulheres neste ano [2019].
a) Por que podemos afirmar não apenas que a representatividade feminina na política é baixa, mas
Fonte de pesquisa: Eleitoras são 52% – eleitas, só 10% do Congresso. Jornal do Campus, 6 out. 2018. Disponível em: http://
2 Em 1918, de volta ao Brasil, Bertha Lutz envolveu-se imediatamente na luta pelo voto feminino. Leia www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2018/10/eleitoras-sao-52-eleitas-so-10-do-congresso/. Acesso em: 28 maio 2020.
o texto que ela publicou na Revista da Semana:
a) Observando o gráfico acima, é possível concordar com a afirmação de que é o eleitorado femini-
no que decide as eleições?
As mulheres russas, finlandesas, dinamarquesas e inglesas […] já partilham ou brevemente partilharão
b) Como a questão da representatividade feminina tem se alterado ao longo das duas últimas dé-
do governo, não só contribuindo com o voto como podendo ser elas próprias eleitas para o exercício do Po-
cadas?
der Legislativo […]. Só as mulheres morenas continuam, não direi cativas, mas subalternas […]. Todos os
c) A partir da observação do gráfico acima e do que você aprendeu sobre a lei de cotas eleitorais,
dias se leem nos jornais e nas revistas do Rio apreciações deprimentes sobre a mulher. Não há, talvez, ci-
comente a afirmação da socióloga Fátima Pacheco Jordão, citada no artigo indicado na fonte de
dade no mundo onde menos se respeite a mulher.
pesquisa do gráfico: “Os partidos são instituições muito masculinas, e o Brasil é um país muito
Revista da Semana, 14 de dezembro de 1918. Apud Pinto, Celi Regina Jardim. Uma história do feminismo no Brasil. atrasado com relação a esse recorte de gênero na política. Se há instituição mais machista no
São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003. p. 23. Brasil, acho que só o futebol. Masculino, claro”.
7 (Enem)
a) Qual era a situação das mulheres russas e de alguns países da Europa no que se referia aos di-
reitos políticos, segundo Bertha Lutz?
b) Quem eram as mulheres morenas a quem ela se refere e qual era sua situação? A participação da mulher no processo de decisão política ainda é extremamente limitada em pratica-
c) Em seu entendimento, a situação de desrespeito às mulheres, que Bertha denuncia ocorrer no mente todos os países, independentemente do regime econômico e social e da estrutura institucional vi-
Rio de Janeiro daquela época, ainda tem lugar no Brasil atual? gente em cada um deles. É fato público e notório, além de empiricamente comprovado, que as mulheres
estão em geral sub-representadas nos órgãos do poder, pois a proporção não corresponde jamais ao peso
3 De que forma a desconsideração do Estado laico por parte de alguns parlamentares, que se posicionam relativo dessa parte da população.
como defensores de determinada fé, pode impactar as políticas públicas destinadas às mulheres?
abak, F. Mulheres públicas: participação política e poder. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2002.
Práticas de texto
que a misoginia e o preconceito contra as mulheres foi um importante fator de queda da popularidade
da chefe de Estado. Comente como as visões preconceituosas sobre as mulheres impactam as relações No âmbito do Poder Legislativo brasileiro, a tentativa de reverter esse quadro de sub-representação
de poder. tem envolvido a implementação, pelo Estado, de
a) leis de combate à violência doméstica.
AMPLIANDO
Democracia e república • Como diferentes países lidam com a chegada de refugiados.
Ampliando
As relações diplomáticas também influenciam a posição dos Estados em receber ou não imigrantes e
Na atualidade, os usos desses conceitos muitas vezes se confundem para definir 4. Anotem as informações pesquisadas. Não se esqueçam de identificar o site ou a fonte da matéria
refugiados. Nesta seção, você e os colegas vão planejar e apresentar um seminário sobre os refugiados
para que vocês possam acessá-los sempre que necessário.
formas de governo e sociedade pautadas na liberdade e na soberania popular. Ape- no mundo contemporâneo. Seminário é um gênero oral que busca compartilhar conhecimentos e gerar
sar disso, esses termos não são sinônimos. reflexões sobre determinado tema, utilizando para isso a exposição de informações e a argumentação. 5. É importante que o seminário promova uma reflexão aprofundada sobre o tema. Para isso, conver-
Apresenta
No excerto do artigo a seguir, Renato Janine Ribeiro comenta a diferença entre sem e pensem nas principais questões que vocês querem levantar e nos argumentos que vocês vão
Público Colegas de classe e de outras turmas da escola. utilizar para favorecer determinadas opiniões e ideias: exemplos, citações de especialistas, dados
esses conceitos sob a ótica da filosofia política.
estatísticos, etc.
Objetivo Levar o público a refletir sobre a situação dos refugiados contemporâneos.
Circulação Apresentação oral e coletiva. 6. Caso conheçam pessoas em situação de refúgio, avaliem a possibilidade de entrevistá-las, mediante
textos diversos
[…] tenho ficado impressionado pelos discursos que hoje autorização da divulgação da entrevista, e incluam trechos da entrevista no seminário.
Roberto Casimiro/Fotoarena
sobre questões
é mais da república que da democracia. Quando, assim, o minis- 1. Observe a imagem a seguir.
tro Bresser Pereira denomina o direito a um Estado honesto, que 8. Reflitam sobre possíveis estratégias que tornem o seminário instigante e dinâmico para o público
que vai assisti-lo.
Nelson Almeida/AFP
contemporâneas
dato público não se aproprie dele para uso próprio, não caia no imagens, gráficos, vídeos. Providenciem previamente esses recursos.
vício do patrimonialismo: ora, essa é a ideia romana da res pu-
blica, exigindo de todos que coloquem o bem comum à frente 10. Com base no planejamento do seminário, ensaiem as falas e a utilização dos materiais durante a
apresentação.
do bem pessoal. É Bruto, o cônsul dos inícios da república, man-
associadas aos
dando executar os próprios filhos quando traem a pátria, dispon- 11. Apresentem-se de forma clara e objetiva, articulando bem as palavras e falando em um tom que todo
do-se a promover o retorno dos Tarquínios. […] São inúmeras o público possa ouvir. A expressão corporal também é um recurso importante.
histórias de sacrifício pela pátria. Ou, ainda, é Montesquieu ana-
12. Combinem com o professor a data para a apresentação dos seminários da turma e convidem alunos
lisando, em meados do século XVIII, a república em O espírito
assuntos da
de outras turmas para prestigiá-los.
das leis, e resumindo-a na ideia de que o princípio desse regime
é a virtude, que prefiro traduzir como abnegação, como o que 13. Organizem o espaço para a apresentação e os materiais com antecedência. Alguns recursos podem
antepõe o bem comum ao privado. Um dos principais ser providenciados em conjunto com os demais grupos que vão utilizá-los também. Tenham cuidado
entendimentos com a utilização de materiais emprestados.
unidade, com o
Mas esse não é o tema da democracia. Se remontamos aos gregos, é ela o poder dos acerca da ideia de
polloi, os vários, os muitos, que são os pobres. Isso é um tema constante do seu pensamen- democracia na
to político: se os muitos, os pobres, tomarem o poder, há enorme risco de que confisquem
atualidade se refere Revisão e reescrita
à soberania popular
o bem dos ricos e de que adotem sobre esses uma tirania que não é melhor que a de um e à liberdade e à
1. Após o ensaio, avaliem os seguintes itens:
intuito de
sobre muitos. igualdade entre os
indivíduos na
sociedade. Na foto, A apresentação expôs o tema proposto de forma clara, objetiva e interessante?
ribeiro, Renato Janine. Filosofia, ação e filosofia política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São
manifestação em
Paulo, v. 13, n. 36, fev. 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v13n36/36janine.pdf.
favor da democracia,
Acesso em: 5 maio 2020. O público conseguiu compreender as falas de todos os participantes?
desenvolver a
em São Paulo (SP),
2020. Em 2019, uma das obras do artista chinês Ai Weiwei foi montada no lago do Parque do Ibirapuera, em São Paulo (SP). A
instalação era parte de uma exposição do artista realizada na OCA e mostra um grupo de refugiados vestindo coletes salva- Os participantes conseguiram utilizar os recursos multimídia de forma adequada?
-vidas dentro de um barco relativamente pequeno para a quantidade de pessoas.
1. Com base em quais contextos históricos o autor comenta os conceitos de demo-
Realizem o seminário na data e no horário combinados, tentando melhorar os aspectos que vocês
cracia e república?
reflexão e a
• A quais refugiados o artista Ai Weiwei estaria se referindo em sua instalação? Por que eles estão
observaram durante o ensaio. Ao final, dediquem alguns minutos para possíveis perguntas do público.
usando coletes salva-vidas?
2. Como você explicaria, segundo as ideias tratadas no texto, a diferença entre
república e democracia? 2. Formem grupos de até seis alunos e compartilhem o que vocês já sabem sobre os refugiados no
mundo contemporâneo. Decidam conjuntamente em quais aspectos desse tema vocês gostariam de Circulação
análise crítica.
3. Em sua opinião, os conceitos de democracia e república, nas acepções apresen- se aprofundar. Por exemplo:
1. Após a apresentação, converse com o grupo. Avaliem a apresentação como um todo: se ela possibi-
tadas por Renato Janine Ribeiro, podem ser complementares ou são excludentes • Principais grupos de refugiados no mundo atual. litou que todos conhecessem mais sobre o tema, se conseguiu captar a atenção do público e se
entre si? Por quê?
• Motivos pelos quais as pessoas precisam fugir de sua terra natal. houve margem para o aprimoramento em futuros seminários.
Práticas de pesquisa
Sandro Pereira/Fotoarena
geral,crise-coloca-papel-do-estado-em-
Parte II – Produção de síntese e organi- 2 Sobre os posicionamentos dos veículos em que
discussao,70003268148. Acesso em: 14 maio 2020.
zação dos dados os textos foram publicados, faça os seguintes
questionamentos:
1 Após a leitura dos três textos, faça uma síntese
• Que posições são mais recorrentes nas mídias
e o raciocínio científico.
o recebimento do auxílio emergencial concedido pelo
governo às pessoas em situação de vulnerabilidade em • Prática de pesquisa: análise documental 2. É possível relacionar determinadas instituições
Tipo de instituição (assinale)
decorrência da crise provocada pela pandemia de covid-19. ou veículos de comunicação a certas posições em
Manaus (AM), 2020. Material ( ) Empresa ( ) Instituto/ONG relação à interferência do Estado na economia?
• Folhas para anotações, lápis e caneta ( ) Universidade ( ) Órgão governamental/
3. Quais argumentos parecem mais razoáveis
parlamentar
• Computador com acesso à internet para vocês: Os que defendem ou os que se
Crise coloca papel do Estado em dis-
cussão Veículo e data de publicação contrapõem à interferência do Estado na eco-
nomia? Por quê?
Além de desencadear a pior crise econômica Procedimentos
mundial desde a Grande Depressão, conforme afir-
Tipo de mídia (assinale) Comunicação dos resultados
mou a diretora-gerente do Fundo Monetário Inter- Parte I – Levantamento de artigos
nacional (FMI), Kristalina Georgieva, a pandemia da
( ) Tradicional ( ) Independente
covid-19 levantou o debate sobre a possibilidade de 1 Busque na internet artigos assinados ou en- Com todas as informações obtidas e as refle-
uma transformação profunda no capitalismo como trevistas com políticos ou pessoas que tratem Posição em relação ao papel do Estado na xões realizadas com base na pesquisa, elabore
não se vê desde os anos 1980. Economistas, cientis- do assunto da participação do Estado na eco- economia (assinale) um texto se posicionando em relação à interfe-
tas sociais e políticos começam a apontar – não de nomia brasileira. Nessa primeira fase, que é rência do Estado na economia. Utilize argumen-
( ) Deve interferir ( ) Não deve interferir
forma unânime – que uma maior presença do Esta- de triagem, leia os textos de maneira rápida, tos pessoais e fundamentados nos textos que
do na economia pode ser o novo normal, em oposi- apenas para checar se eles de fato interessam Principais argumentos você leu. Quando utilizar um argumento desses
ção ao modelo que tem vigorado nos últimos 40 anos. para a pesquisa, e selecione três deles para textos, não se esqueça de citar o(a) autor(a) e a
fazer a análise. fonte de pesquisa.
6
CAPÍTULO 9 – Representatividade CAPÍTULO 11 – Conexões
UNIDADE 3 82 e poder 102 do Atlântico Sul: Brasil e África 127
Representatividade, poder e fé 103 Relações diplomáticas
O Estado brasileiro Crise da democracia e a ancestrais 128
cidadania ativa 104 Novos paradigmas sobre a
Representatividade feminina “conquista da África” 129
nas esferas do poder 105 Eurocentrismo em xeque 130
CAPÍTULO 7 – A política é
A Primeira República Países africanos e o Brasil:
para todos? 84
e a Constituinte de 1934 108 observações sobre a
Participação política Cooperação Sul-Sul 132
e democracia 85 Atividades 110
Atividades 133
Projetos políticos e Ampliando:
O feminismo é para todos 112 Ampliando:
Constituição de 1824 86
Pensamento “decolonial” 134
Quem participava do poder Práticas de pesquisa:
no Império? 88 Mudanças de sistema
político: da monarquia CAPÍTULO 12 – Outras conexões
E hoje, quem participa com o Brasil 136
à república 114
do poder? 89
Aproximações e crises
Formas de fazer política diplomáticas: Brasil e China 137
para além do voto 90 UNIDADE 4 116 Tensões: Estados Unidos
Atividades 92 e projetos políticos 139
7
Este volume propõe uma conscientização sobre a importância da partici-
pação política na vida em sociedade e sobre como as diferentes instâncias de
Apresentação poder impactam o cotidiano da população. Apropriar-se dessas percepções e
conhecer o papel e os mecanismos de funcionamento do Estado são essen-
dos objetivos ciais para a construção de uma postura cidadã. Assim, é possível compreender
como as relações de poder trazem consequências diretas para o dia a dia e
como é fundamental que a juventude se aproprie dos espaços políticos para
transformar realidades e construir uma sociedade cada vez mais justa.
• Identificar os processos de
surgimento dos Estados, bem
Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construí-
como a diversidade deles nas 1
dos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e
diferentes Antiguidades.
explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a cons-
• Analisar as diferenças entre trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
governo e Estado.
8
5 Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diver-
sas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, aces-
sar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver pro-
blemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
5 Identificar e combater as
diversas formas de injustiça,
preconceito e violência, ado-
tando princípios éticos, de-
mocráticos, inclusivos e soli-
dários, e respeitando os
Direitos Humanos.
9
AS ORIGENS
DOS ESTADOS
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
DESENVOLVIDAS NA UNIDADE
Competências gerais:
CGEB1, CGEB2, CGEB6, CGEB7,
CGEB8, CGEB9 e CGEB10.
Competências específicas e
habilidades das áreas:
CECHSA1: EM13CHS104 e
EM13CHS105.
CECHSA2: EM13CHS201,
ORGANIZAR IDEIAS
EM13CHS203 e EM13CHS204.
As diversas sociedades do mundo contemporâneo são, em
CECHSA4: EM13CHS401. sua grande maioria, estruturadas em Estados. Essa forma de
CECHSA5: EM13CHS502 e organização política e social existe desde a Antiguidade e de-
EM13CHS503. senvolveu características específicas em diferentes locais e
CECHSA6: EM13CHS603 e temporalidades. As formas de Estado com a qual estamos
EM13CHS605. mais familiarizados na atualidade, no entanto, começaram a
CECNT2: EM13CNT201 e ser estruturadas a partir do século XVI, na Europa, com a for-
EM13CNT207.
mação de uma burocracia administrativa, do monopólio da
CECNT3: EM13CNT310.
força e da unificação de leis e da justiça.
CELT1: EM13LGG101, EM13LGG103
e EM13LGG104. 1. Os Estados, por meio de sua organização política e de
CELT2: EM13LGG201, suas instituições, têm uma série de obrigações para com
EM13LGG202 e EM13LGG203.
os seus cidadãos. De que maneira o Estado atua na vida
CELT3: EM13LGG303,
EM13LGG304 e EM13LGG305.
das pessoas?
CEMT1: EM13MAT102. 2. O Estado brasileiro atende às necessidades de sua popu-
lação de forma satisfatória? Caso não atenda, o que é
necessário para que isso aconteça?
10
Unidade
1
O Estado no cotidiano 1
Governo e Estado 2
11
1
O ESTADO
CAPÍTULO
NO COTIDIANO
Muitas vezes ouvimos ou lemos em mídias diversas menções ao “Estado bra-
» Competências e sileiro” ou a “assuntos de Estado”, mas, afinal, o que é Estado?
habilidades
De modo geral, podemos dizer que o Estado é a entidade abstrata formada
CGEB1, CGEB6, CGEB7,
CGEB8, CGEB9 e CGEB10. pelas instituições de caráter político que controlam e organizam a vida em socie-
CECHSA1: EM13CHS104 e dade. Ele se faz presente em diversas esferas da nossa vida, como as da saúde,
EM13CHS105. da economia e da educação. Portanto, quando vamos a uma consulta médica em
CECHSA2: EM13CHS201, uma Unidade Básica de Saúde, por exemplo, tiramos algum documento, compra-
EM13CHS203 e
mos ou vendemos algo, pagando impostos e circulando papel-moeda, estamos
EM13CHS204.
interagindo com estruturas do Estado brasileiro.
CECHSA4: EM13CHS401.
Os primeiros Estados surgiram na Antiguidade, em diferentes regiões do pla-
CECHSA6: EMCHS603.
neta, fruto de movimentos de centralização de poder e de recursos materiais. Mui-
CECNT2: EM13CNT201 e
EM13CNT207. tos desses movimentos estiveram relacionados à esfera religiosa dessas socie-
CECNT3: EM13CNT310. dades, bem como à necessidade de se garantir a sobrevivência por meio da
CELT1: EM13LGG101, organização do trabalho e da criação de normas e de regras de convivência entre
EM13LGG103 e EM13LGG104. as pessoas.
CELT2: EM13LGG201, Essa centralização, no entanto, foi muitas vezes marcada pelo estabelecimen-
EM13LGG202 e
EM13LGG203.
to de relações de poder assimétricas entre os indivíduos e os grupos que integram
CEMT1: EM13MAT102.
os Estados e, não raramente, estabeleceu hierarquias sociais que exaltavam de-
terminados grupos em detrimento de outros.
Manifestantes de diversos
movimentos sociais no ato Somos
12
OS PRIMEIROS ESTADOS DO ORIENTE
Há cerca de 12 mil anos, diferentes povos, em diversas localidades, desenvol-
veram práticas agrícolas. Essas práticas, associadas à domesticação de animais,
propiciaram o estabelecimento de grupos humanos em determinadas regiões e
a organização das primeiras aldeias.
Uma dessas regiões foi a do Crescente Fértil, onde hoje se encontram os atuais
Israel, Palestina, Líbano, Síria e Iraque. Para que a agricultura prospere, é funda-
mental contar com suprimento constante de água. E os rios dessa região, espe-
cialmente os rios Tigre e Eufrates, forneciam água necessária para a realização
de práticas agrícolas.
As intempéries da natureza, especialmente as relacionadas aos ciclos de cheias
e secas desses rios, porém, representavam um grande obstáculo à produção agrí-
cola na região. Para aproveitar com mais eficiência os recursos naturais, foram
necessárias obras como irrigação de terrenos e construção de diques e canais.
Esse trabalho, no entanto, exigia o uso de ferramentas apropriadas e um esforço
coletivo, pois não era possível ser desempenhado por poucas famílias. Simulta-
neamente, outros aspectos do cotidiano foram se transformando, com a edifica-
ção de moradias, o surgimento dos primeiros templos e modos de realizar os cul-
tos, a organização das formas de distribuir alimentos e a criação de poderes
políticos, representados pelas lideranças das comunidades. Surgiam, assim, as
primeiras cidades da região.
Esse processo de centralização política esteve intimamente associado às ex-
periências religiosas dessas cidades, que, em grande medida, buscavam por meio
de seus ritos intermediar a relação dos indivíduos com a natureza, à qual era atri-
buído caráter divino. Essa relação, por sua vez, propiciou o desenvolvimento de
sistemas religiosos e a definição de normas de conduta entre as pessoas pauta-
das nesses sistemas.
A centralização do Egito
Acredita-se que o processo de formação de um
Bridgeman Images/Easypix
Parede do túmulo de
Khnumhotep III, na 12a Dinastia
(1991 a.C.-1786 a.C.), um alto
funcionário egípcio que detinha,
entre outros títulos, o de “Chefe
de todos os segredos divinos”.
A suntuosidade de seu túmulo
mostra a importância da
burocracia de Estado e da
religião, voltada para a vida
após a morte.
Índia
Outra importante sociedade que se desenvolveu em torno de um rio foi a
sociedade indiana. As planícies fluviais do norte, localizadas ao sul do Himalaia,
compreendem a maior parte da área regada pelos rios Indo, Ganges e Brahma-
putra. Nos vales férteis dos rios Indo e Ganges, dois dos
Bridgeman Images/Easypix
Kamira/Shutterstock.com/ID/BR
ver um sistema de comunicação eficiente, capaz de man-
ter as distintas regiões unidas. Para isso, foram construí-
das estradas que ligavam entre si as várias regiões e
permitiam o deslocamento dos exércitos e o pagamento
dos tributos.
Na Mesoamérica, os maias se estabeleceram na região
da península de Yucatán, em partes do México e da Amé-
rica Central, por volta de 1800 a.C. O auge de seu desen-
volvimento, contudo, ocorreu entre 250 e 900 d.C.
legacy1995/Shutterstock.com/ID/BR
organização das atividades produtivas e na
construção de templos religiosos e estradas
que interligavam os diversos territórios
dessas sociedades. Fotos de 2019.
15
Passe Livre
Os Estados contemporâneos concentram a organização, a implementação e a
manutenção da infraestrutura das sociedades, assim como a construção de vias
públicas, que conectam diferentes lugares, e a oferta de transporte público.
As condições de locomoção em um município impactam
diretamente a qualidade de vida de seus habitantes, pois
podem facilitar, dificultar ou até mesmo inviabilizar o aces-
Ministério da Infraestrutura/Governo Federal
INTERAÇÃO
1. Reúna-se com um co-
definindo diretrizes que devem ser seguidas por todas as escolas, públicas ou
lega para fazer uma
privadas, e nas diferentes etapas da aprendizagem. Essas leis, bem como as for- pesquisa sobre a refor-
mas pelas quais são colocadas em prática, integram parte das ideias e ações que ma do Ensino Médio no
caracterizam o projeto de sociedade mantido pelo Estado. Brasil, levantando seus
A Educação Básica brasileira é dividida em Educação Infantil, Ensino Funda- pontos favoráveis e
mental e Ensino Médio, e é dever do Estado garanti-la à sociedade. desfavoráveis. Depois,
O Ensino Médio prepara os estudantes para o mercado de trabalho e para o conversem a respeito
ingresso no Ensino Superior, entre outras possibilidades que se apresentam no e exponham para a tur-
período posterior ao término do curso. Entretanto, é nessa etapa que o segmento ma o posicionamento
escolar tem maior índice de evasão, como mostra a tabela abaixo. de cada um de vocês.
Por meio de pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesqui-
sas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação, em diversas escolas do
país, observou-se que muitos jovens optam por iniciar sua
vida profissional assim que terminam o Ensino Funda-
mental e, depois, retomam os estudos em escolas que BRASIL: TAXAS DE EVASÃO ESCOLAR
disponibilizam cursos como Educação de Jovens e Adul- (2014-2018)
tos (EJA). Isso acontece por diferentes motivos, como a
Ensino Fundamental
necessidade de trabalhar para garantir o sustento da fa- Ano Ensino Médio
mília, a insatisfação com a escola ou mesmo a falta de Anos Iniciais Anos Finais
perspectivas para o futuro escolar.
2014 1,1% 3,5% 7,6%
Em 2017, por meio da Lei n. 13 415, o Estado alterou
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e esta- 2015 1,0% 3,2% 6,8%
beleceu mudanças na estrutura do Ensino Médio em todo
2016 0,9% 3,0% 6,6%
o país em relação à quantidade de horas anuais e à defi-
nição de uma nova organização curricular. Segundo o Mi- 2017 0,8% 2,8% 6,1%
nistério da Educação, a mudança foi promovida para ga-
rantir a oferta de educação de qualidade a todos os jovens 2018 0,7% 2,4% 6,1%
brasileiros. Além disso, segundo o mesmo órgão, a mu- Fonte de pesquisa: Brasil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
dança visa aproximar as escolas da realidade atual dos Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Censo Escolar 2018: notas
estatísticas. Brasília: Inep, 2019. Disponível em: http://download.inep.
estudantes em termos das novas demandas e dos desa-
gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2018/notas_
fios do mundo do trabalho e da vida em sociedade. estatisticas_censo_escolar_2018.pdf. Acesso em: 11 maio 2020.
INTERAÇÃO
O Mês de Vacinação dos Povos Indígenas é coordenado anualmente pela Se- 1. Em relação aos direitos
cretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde. Os 34 Distri- sociais, os povos indí-
tos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) brasileiros recebem profissionais es- genas no Brasil con-
pecializados para imunizar indígenas aldeados em todas as regiões do país. O temporâneo são reco-
objetivo, segundo o Ministério da Saúde, é “fortalecer a vigilância epidemiológica nhecidos como sujeitos
das doenças imunopreveníveis nas aldeias e intensificar as atividades de rotina de direitos, que devem
para completar esquemas de vacinação”. ser promovidos e pro-
A equipe de profissionais que fazem visitas às aldeias é composta de médicos, tegidos pela ordem
jurídica nacional. Nesse
enfermeiros, auxiliares de enfermagem, cirurgiões dentistas e auxiliares de saúde
sentido, como podemos
bucal, que integram as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (Emsi). O aten-
entender as campa-
dimento das populações indígenas exige uma logística diferenciada, que considere nhas de vacinação das
as especificidades dessa população e as necessidades de transporte das equipes e populações indígenas?
de insumos até as aldeias, que, muitas vezes, estão em áreas de difícil acesso.
19
ATIVIDADES
5 (Unesp)
[…] Os camponeses do Vale do Nilo, do Delta à
Alta Núbia, têm constantemente necessidade de
água. Constroem e mantêm diques e canais de ir- Outra prática comum aos povos mesoamerica-
rigação. É necessário dominar a inundação, drenar nos foi a construção de cidades. […] As cidades
os canais, construir diques, proteger habitações, o mesoamericanas também serviam para dar identi-
que explica por que as tribos nômades do neolítico dade grupal aos seus habitantes, ou seja, as pessoas
egípcio e núbio se tornaram sedentários. Os homens se reconheciam como pertencentes a tal cidade e
tiveram que se agrupar muito cedo em aldeias e aí não como “indígena”, termo que começou a ser uti-
fazer funcionar uma organização adaptada às suas lizado pelos espanhóis para referir-se aos milhares
necessidades. de grupos que se […] autodenominavam mexicas,
cholutecas, tlaxcaltecas, dependendo da cidade que
Brissaud, Jean-Marc. A sociedade núbia até a conquista
árabe. Rio de Janeiro: Ferni, 1978. p. 31. habitavam.
E ESTADO
Os conceitos de Estado e de governo, não raro, se confundem e, muitas vezes,
» Competências e são usados como sinônimos no cotidiano. Todavia, trata-se de duas ideias distin-
habilidades
tas que precisam ser caracterizadas para que se possa compreender a esfera de
CGEB1, CGEB2, CGEB7 e
CGEB10. atuação de cada uma delas.
CECHSA2: EM13CHS204. O Estado é uma entidade abstrata que, por meio de diversas instituições de ca-
CECHSA5: EM13CHS502. ráter político, comanda e organiza a vida em sociedade em determinado território
CECHSA6: EM13CHS603 e nacional. Já o governo é a autoridade governante e uma das instituições que com-
EM13CHS605. põem o Estado. Sua função primordial é administrar uma unidade política para
fins de organização e defesa do interes-
se público da sociedade. Nas sociedades
Secretaria de Estado de Justiça e
Cidadania do Distrito Federal/Governo Federal
[…] o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela socie- 1. Qual o caminho para
dade. Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma integral. obter o atendimento
Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus representantes (deputados, das demandas sociais
senadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do Poder Executivo, que tam- por bens e serviços pú-
bém foram eleitos (tais como prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente blicos?
da República) para que atendam às demandas da população. 2. Como você se posiciona
As demandas da sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de em relação às políticas
grupos organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual públicas? Você acha
inclui […] sindicatos, entidades de representação empresarial, associação de mora- que elas são necessá-
dores, associações patronais e ONGs em geral […]. rias e justas? Ou você
entende que o cidadão,
[…] No entanto, os recursos para atender a todas as demandas da sociedade e por conta própria, de-
seus diversos grupos (a SCO) são limitados ou escassos. Como consequência, os bens veria resolver suas de-
e serviços públicos desejados pelos diversos indivíduos se transformam em motivo mandas? Justifique seu
de disputa. Assim, para aumentar as possibilidades de êxito na competição, indiví- posicionamento.
duos que têm os mesmos objetivos tendem a se unir, formando grupos.
3. Com base no que você
Não se deve imaginar que os conflitos e as disputas na sociedade sejam algo ne- leu e refletiu, converse
cessariamente ruim ou negativo. Os conflitos e as disputas servem como estímulos com um colega sobre o
a mudanças e melhorias na sociedade, se ocorrerem dentro dos limites da lei e desde papel das diferentes
que não coloquem em risco as instituições. opiniões, dos posicio-
namentos políticos e
Assim, o interesse público – o qual, por sua vez, reflete as demandas e expectati-
das disputas nas socie-
vas da sociedade – se forma a partir da atuação dos diversos grupos. dades democráticas.
Lopes, Brenner; amaraL, Jefferson Ney (sup.); CaLdas, Ricardo Wahrendorff (coord.).
Políticas públicas: conceitos e práticas. Belo Horizonte: Sebrae/MG, 2008. p. 5-6.
Bisual Photo/
Shutterstock.com/ID/BR
24
A democracia ateniense
Em Atenas, o sentido da liberdade estava diretamente relacionado ao exercí-
cio da vida política e da administração do interesse público. Dessa forma, a parti-
cipação política representava um papel bastante significativo no cotidiano dos
cidadãos dessa sociedade.
É a partir das experiências de governo na pólis ateniense que se origina o con-
ceito de democracia, tema bastante discutido, cujo regime organiza e orienta di-
versas sociedades na atualidade. A origem da democracia, como sistema de go-
verno, se deu por volta de 508 a.C., no contexto das reformas políticas do
legislador Clístenes, que tinham a intenção de acalmar as tensões sociais decor-
rentes da desigualdade de acesso à participação política, concentrada pela aris-
tocracia em detrimento do restante da população, formada por comerciantes, ar-
INTERAÇÃO
tesãos, camponeses e escravizados.
1. Quais diferenças você
O regime político democrático em Atenas estabeleceu a noção de que os cida-
nota entre o modelo
dãos tinham os mesmos direitos perante as leis. No entanto, eram considerados ateniense de democra-
cidadãos atenienses somente os indivíduos do gênero masculino, maiores de cia e o sistema demo-
21 anos e filhos de pai e mãe atenienses. Esse conceito de cidadania, portanto, crático em vigor no
excluía da participação política uma grande parte da população formada por mu- Brasil atualmente?
lheres, escravizados e estrangeiros.
2. “Em Atenas, o sentido
De modo geral, a democracia era exercida diretamente pelos cidadãos, orga-
da liberdade estava
nizados em assembleias, como a Bulé e a Eclésia, as principais instituições de go- diretamente relaciona-
verno da pólis. Essas instituições consistiam em assembleias populares com fun- do ao exercício da vida
ções legislativas, como planejamento, nomeação e fiscalização de magistrados, pública e da adminis-
controle das obras e das finanças públicas. Os cargos públicos, relacionados à tração do interesse
participação nos conselhos que administravam a justiça e os assuntos públicos, público.” Como você
eram, muitas vezes, ocupados com base em sorteios, que levavam em conside- explicaria essa afirma-
ração um sistema de rotação constante, em que os indivíduos geralmente não ção a um colega em um
poderiam ocupar o mesmo cargo mais do que determinado número de vezes. diálogo a respeito das
diferenças entre a de-
Outra característica da democracia ateniense é a grande importância atribuí-
mocracia na pólis ate-
da à prática da oratória, uma vez que a política era considerada o exercício da
niense e a democracia
linguagem e da argumentação. Portanto, para que os cidadãos pudessem se representativa das so-
expressar nas assembleias, era necessário que soubessem articular e expres- ciedades atuais?
sar claramente seus pensamentos e opiniões.
Ícones: Lkaterinarspb/
Shutterstock.com/ID/BR
Funcinava como Era composta de Dez cidadãos eleitos Dez cidadãos Tribunal formado Funcionava como
uma assmbleia 500 cidadãos. anualmente pela selecionados por por antigos um tribunal popular
popular, na qual Preparava as leis e Eclésia. um sorteio anual. arcontes. composto por
qualquer cidadão os decretos que Chefiavam as ações do Exerciam funções Julgava os crimes 6.000 cidadãos,
com idade a partir eram apresentados exército e da marinha. religiosas e mais graves. com idade a partir
de 20 anos podia e debatidos na judiciais. de 30 anos e
participar. Eclésia. Administravam as selecionados por
Aprovava as leis finanças da pólis. um sorteio anual.
que regulavam a Controlava as Julgava crimes
pólis. finanças do Estado. menos graves do
que o tribunal do
Julgava os crimes Areópago.
graves.
1. Por que as manifesta- letividade possa se pronunciar sobre decisões de interesse público. Portanto, a
ções demonstradas nas cidadania é o aspecto central da democracia brasileira, respaldada pela Consti-
imagens desta página tuição, que entende o cidadão como sujeito de direitos e deveres. Ao cidadão es-
podem ser considera-
tão garantidos a liberdade e o direito à justiça e ao bem-estar econômico e social.
das exemplos de demo-
O cidadão tem o direito de expressar suas ideias, e a Constituição garante a exis-
cracia?
tência de uma sociedade plural, com diferentes partidos políticos, com organis-
2. Em sua opinião, esses mos da sociedade civil e meios de comunicação e de expressão livres.
grupos se sentem de- Apesar disso, a desigualdade social tem dificultado o acesso à cidadania a di-
mocraticamente repre-
versos indivíduos e grupos sociais. Para combater essa desigualdade, vários se-
sentados pelos que
tores da sociedade civil têm pressionado as autoridades públicas para que polí-
ocupam o poder públi-
co? Comente suas per-
ticas públicas que visem à inclusão de populações historicamente marginalizadas,
cepções com a turma. como mulheres, negros, indígenas, LGBTQI+, sejam desenvolvidas, fazendo valer
os princípios constitucionais de liberdade e igualdade.
Evaristo Sá/AFP
Everson Bressan/Fotoarena
Marcha das Margaridas, composta de mulheres camponesas e Manifestação de estudantes contra a autonomia financeira das
ribeirinhas, em favor da democracia, da justiça e da igualdade e universidades públicas e dos institutos federais para captação de
contra diferentes formas de violência, Brasília (DF), 2019. recursos privados, Curitiba (PR), 2019.
Jean Galvão/ID/BR
pesquisa, foram ouvidos quase 2 mil eleitores de 18 a
60 anos, de diversas camadas sociais, em sete capitais.
As formas pelas quais a prática de compra e venda de
votos acontece são diversas, algumas delas relacionadas
a promessas de cargos públicos, indicações pessoais e con-
cessão de outras benesses particulares. Outras, no entanto,
condicionam a execução de obras públicas ou o oferecimen-
to de determinados serviços à eleição de candidatos especí-
ficos. Independentemente da forma como aconteçam, tais
práticas prejudicam a manutenção do interesse público e da
democracia. Leia a notícia a seguir, que aborda situações ocor-
ridas nas eleições de 2018.
REFLEXÃO
PARA EXPLORAR
Stefano Valeri/Alamy/Fotoarena
adquirir o direito de registrar por es-
crito as costumeiras decisões gover-
namentais, evitando, assim, tentativas
de manipulações políticas.
Historiadores debatem sobre o ca-
ráter oligárquico ou democrático da re-
pública romana. Os defensores da vi-
são oligárquica afirmam que o poder
estava concentrado nas mãos de uma
oligarquia e que a participação popular
era apenas de fachada. A partir dos
anos 1970, outra tese ganhou força.
Ela defendia a noção de que as mas-
sas conseguiram conquistar um grau
considerável de poder político em de-
corrência de uma série de lutas sociais
que geraram resultados concretos.
Cleverton/Acervo do chargista
ta realizar.
•• Busquem também as evidências da implementa-
ção dessas políticas no município onde vocês vi-
vem, por meio de indicadores sociais, pesquisas
acadêmicas e notícias. Caso constatem que esse
tipo de informação não existe, descubram quais
são os órgãos responsáveis por esse setor, nos
níveis municipal e estadual, e investiguem por
que as medidas previstas para a comunidade de
vocês não foram executadas.
•• Organizem as informações em um painel, que de-
ve ser apresentado à comunidade escolar como Fonte: A Gazeta Digital. Voto de cabresto. Disponível em: http:/
forma de conscientizar as pessoas sobre seus di- gazetadigital.blogspot.com/2018/07/voto-de-cabresto.html. Acesso em:
reitos e sobre o modo como as políticas de Estado 3 set. 2018. Texto originalmente publicado no jornal O Estado de São
são realizadas no Brasil contemporâneo. Paulo, 25 de julho de 2018. Disponível em: https:// opiniao.estadao.com.
br/noticias/geral, voto-de-cabresto,70002413878. Acesso em: 3 set. 2018.
Roberto Casimiro/Fotoarena
ocorrem sobre o que é chamado a cidadania democrática. […]
Mas o que me parece curioso é que, nesse discurso, enfatiza-se
o direito a ter um Estado eficiente e honesto. Ora, essa temática
é mais da república que da democracia. Quando, assim, o minis-
tro Bresser Pereira denomina o direito a um Estado honesto, que
preste serviços corretamente, como constituindo uma “cidadania
democrática”, sua meta essencial é que o detentor de um man-
dato público não se aproprie dele para uso próprio, não caia no
vício do patrimonialismo: ora, essa é a ideia romana da res pu-
blica, exigindo de todos que coloquem o bem comum à frente
do bem pessoal. É Bruto, o cônsul dos inícios da república, man-
dando executar os próprios filhos quando traem a pátria, dispon-
do-se a promover o retorno dos Tarquínios. […] São inúmeras
histórias de sacrifício pela pátria. Ou, ainda, é Montesquieu ana-
lisando, em meados do século XVIII, a república em O espírito
das leis, e resumindo-a na ideia de que o princípio desse regime
é a virtude, que prefiro traduzir como abnegação, como o que
antepõe o bem comum ao privado. Um dos principais
entendimentos
Mas esse não é o tema da democracia. Se remontamos aos gregos, é ela o poder dos acerca da ideia de
polloi, os vários, os muitos, que são os pobres. Isso é um tema constante do seu pensamen- democracia na
atualidade se refere
to político: se os muitos, os pobres, tomarem o poder, há enorme risco de que confisquem
à soberania popular
o bem dos ricos e de que adotem sobre esses uma tirania que não é melhor que a de um e à liberdade e à
sobre muitos. igualdade entre os
indivíduos na
sociedade. Na foto,
ribeiro, Renato Janine. Filosofia, ação e filosofia política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São
manifestação em
Paulo, v. 13, n. 36, fev. 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v13n36/36janine.pdf.
favor da democracia,
Acesso em: 5 maio 2020.
em São Paulo (SP),
2020.
O DONO DA FORÇA
Nos capítulos anteriores, dialogamos sobre diferentes aspectos que formam
» Competências e a estrutura do Estado, assim como as ideologias que o permeiam, especialmente
habilidades
no caso do Estado brasileiro. Agora, vamos analisar um aspecto específico da ins-
CGEB1, CGEB2, CGEB7,
CGEB8, CGEB9 e CGEB10. tituição estatal: o monopólio da violência física e a legitimidade do uso da força
CECHSA2: EM13CHS204. para garantir a segurança do coletivo.
CECHSA5: EM13CHS502 e A proteção da ordem pública, a prevenção de atividades ilícitas, a realização de
EM13CHS503. patrulhamento nas ruas e a investigação de crimes são algumas das atribuições
CECHSA6: EM13CHS603 e do Estado no que se refere à segurança e à manutenção da ordem. O monopólio da
EM13CHS605.
violência é, dessa forma, competência de instituições como os presídios, o Ministé-
CELT3: EM13LGG303,
rio Público, o Judiciário, as Forças Armadas, a Polícia Militar e a Polícia Judiciária Civil.
EM13LGG304 e EM13LGG305.
Segundo a Constituição, a igualdade entre os cidadãos é um dos fundamentos
do estado de direito no Brasil. Porém, nem sempre o tratamento dispensado pe-
las forças da ordem para as classes privilegiadas é o mesmo que para as classes
menos favorecidas. Essa é uma das principais contradições do uso da força pelo
Estado brasileiro. Garantir a segurança de todos é uma prerrogativa da vida em
comunidade organizada por uma instituição estatal como a que vivemos, sob re-
gime republicano e democrático. Mas como evitar o tratamento desigual dos gru-
pos sociais nas ações das forças de segurança pública? Ao longo do capítulo, va-
mos analisar alguns casos e dialogar sobre as questões conceituais que envolvem
essas contradições. Observe a foto reproduzida nesta página, que evidencia uma
ação de agentes do Estado em relação a uma manifestação pública.
1. Por que a história social e política brasileira deve ser considerada quando
se pensa na questão da violência do Estado contra a população? Explique
suas reflexões para a turma.
2. De acordo com o texto, com seus conhecimentos prévios e com a observação
da imagem desta página, como você entende a questão do monopólio da
violência pelo Estado e o tratamento recebido pela população não branca?
Jardiel Carvalho/Folhapress
Manifestantes e policiais
durante ato contra o
aumento das passagens
em São Paulo (SP). Foto
de 2018.
32
DEBATE SOBRE O PORTE DE ARMAS E DE MUNIÇÕES
Como detentor do monopólio da força, o Estado é quem define quais sujeitos
podem ou não portar armas.
Em 2003, o Brasil aprovou o Estatuto do Desarmamento (Lei n. 10 826/2003),
que traz um conjunto de normas que determinam as regras vigentes no país pa-
ra a obtenção de arma de fogo e de munição. O porte de armas é a autorização
legal para que uma pessoa possa transportar arma fora de sua casa ou em local
de trabalho. Segundo o Estatuto, essa permissão ao porte de armas se refere aos
agentes de segurança pública, membros das Forças Armadas, policiais e agentes
de segurança privada. O Estatuto definiu também em que situações há crime pe-
la aquisição ou utilização de armamento, com o propósito de diminuir o número
de crimes com uso de arma de fogo e estabelecer critérios de fiscalização para a
posse e o porte de armas.
O Projeto de Lei n. 3 723, de janeiro de 2019, de autoria do Poder Executivo,
buscou alterar o Estatuto do Desarmamento, a fim de ampliar o acesso à posse e
ao porte de armas de fogo no país. Houve mudança também na autorização da
compra de arsenal pelo cidadão e por caçadores e praticantes de tiro esportivo.
No Senado Federal, em junho de 2019, ocorreu a revogação do decreto presiden-
cial. O Projeto de Lei foi enviado à Câmara dos Deputados para apreciação e ago-
ra está novamente em processo de análise pelos senadores. Nesse meio-tempo,
INTERAÇÃO
1. Com base no texto e em
outros decretos e portarias foram aprovados, o que dificulta o acompanhamento
sua vivência, como você
de sua situação atual pela sociedade civil.
se posiciona na ques-
De um lado, os defensores do Projeto de Lei advogam que é direito do cida- tão da flexibilização do
dão se defender da criminalidade e que possuir armas e munição seria uma for- Estatuto do Desarma-
ma de autoproteção. De outro, os opositores alegam que maior flexibilização de mento no Brasil?
posse de armas e de munições significa maior número de armas em circulação
2. Observe os mapas des-
em todo o país e risco de aumento significativo da violência e do índice de mor-
ta página. Qual é a
tes por arma de fogo. A medida enfraqueceria, ainda, a capacidade de controle
situação do estado
pela Polícia Federal e pelo Comando do Exército sobre o destino e o uso dessas onde você mora? Como
armas na sociedade e elevaria o perigo de criminosos e milícias terem acesso a isso impacta a sua
armas de alto calibre, como fuzis, para formar arsenais. vida? Converse com os
Os mapas desta página trazem a quantidade de homicídios praticados com o colegas sobre isso.
uso de armas de fogo em dois momentos históricos do país.
BRASIL: HOMICÍDIOS POR ARMAS DE FOGO (1979) BRASIL: HOMICÍDIOS POR ARMAS DE FOGO (2017)
AM PA AM PA
MA CE MA CE
RN RN
PI PB PI PB
AC PE AC PE
TO AL TO AL
RO SE RO SE
BA BA
MT MT
DF DF
GO GO
0
1-100 MG 0 MG
ES 20ºS 1-100 ES 20ºS
101-250 MS MS
251-450 SP 101-250 SP
RJ 251-450 RJ
451-700 Trópico d Trópico d
e e
701-1 000 PR Capricórn 451-700 PR Capricórn
io io
1 001-1 350 701-1 000
1 351-1 750 SC 1 001-1 350 SC
1 751-4 884 RS 1 351-1 750 RS
4 885+ 1 751-4 884
0 570 km 0 570 km
Limites atuais 4 885+
Universal History
Archive/Getty Images
Bridgeman Images/Easypix
forma de superar possíveis ameaças contra a vida, os bens e a liberdade. Desse
modo, aceitar esse contrato e abrir mão de sua liberdade não significava que o
indivíduo perderia essa liberdade, porque, ao obedecer à lei, ele obedeceria a si
mesmo, sendo, portanto, livre.
Os três principais pensadores do contratualismo tinham diferentes posicio-
namentos políticos. Hobbes, no século XVII, era um árduo defensor da monar-
quia e entendia que o poder do Estado deveria ser centralizado para controlar
a violência dos homens no estado da natureza. Locke, em fins do século XVII,
era defensor do parlamentarismo e argumentava que o pacto social e o estado
civil eram necessários para regular a posse da propriedade, mas que o poder
estatal deveria conhecer limites, possibilitando o rompimento do contrato caso
o povo assim o quisesse, por exemplo, por meio de rebeliões. Rousseau, no sé-
culo XVIII, entendia ser necessário reformular as noções políticas dominantes John Locke, de Godfrey Kneller, 1704.
para que o Estado realmente se ocupasse de atender a sociedade em geral, no Óleo sobre tela.
sentido do bem comum, e não beneficiasse somente as classes dominantes.
Na passagem do século XVIII para o século XIX, cresceu a defesa do estudo da
1 Retome os mapas da página 33 e identifique a região c) Qual é a situação atual da ocupação das favelas
socioeconômica da qual faz parte o estado onde você no Rio de Janeiro? Faça uma pesquisa para des-
vive. Em seguida, responda às questões. cobrir e exponha suas descobertas para os colegas.
a) Quais variações com relação aos homicídios você Realizem um balanço da situação com base nos
identifica entre 1979 e 2017? dados levantados.
b) E em comparação ao restante do país? d) De que modo o Estado poderia agir contra as
organizações criminosas sem oprimir os cidadãos
c) Você considera sua região violenta? Como isso
que não estão na criminalidade? Elaborem uma
impacta no seu cotidiano?
lista coletiva, associando cada ação sugerida aos
d) Em sua opinião, o Estado está cumprindo as prer- órgãos do governo que seriam responsáveis pela
rogativas em relação à segurança pública na sua sua implementação. Se não souberem, façam uma
região? Debata com a turma. pesquisa para descobrir.
2 Leia o trecho da notícia a seguir e, depois, responda 3 Leia o texto do sociólogo Max Weber, que trata de
às questões. uma das principais características do Estado moder-
no em relação às instituições políticas existentes
anteriormente: o monopólio da violência física legí-
A favela conta seus mortos. Um boletim semestral pu- tima. Com base no texto, responda às questões
blicado pela Redes da Maré nesta semana mostra que 27 propostas.
pessoas morreram apenas no primeiro semestre de 2019,
10% a mais que ao longo de todo o ano de 2018, quando
24 pessoas foram mortas. Além disso, 15 pessoas falece- O Estado moderno é uma associação de dominação
ram durante as 21 operações policiais ocorridas no pri- institucional que, dentro de determinado território, preten-
meiro semestre; as outras 12 morreram durante os 10 con- deu com êxito dominar os meios de coação física legítima
frontos entre facções criminosas que dominam as como meio de dominação e reuniu para este fim, nas mãos
comunidades da Maré. […] Ao longo de 2017, antes de a de seus dirigentes, os meios materiais de organização, de-
Ação Civil Pública entrar em vigor pela primeira vez, pois de desapropriar todos os funcionários estamentais
42 pessoas morreram, uma a cada nove dias, e 57 ficaram autônomos que antes dispunham, por direito próprio, des-
feridas. Naquele ano, foram realizadas 41 operações poli- tes meios e de colocar-se, ele próprio, em seu lugar, repre-
ciais, enquanto […] as facções criminosas entraram em sentado por seus dirigentes supremos.
confronto entre si 16 vezes. […] WeBer, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia
[…] compreensiva. Brasília: Editora da UnB, 1999. v. 2, p. 529.
Democracia na escola
Para começar
Nesta unidade, estudamos diversos aspectos da democracia e da cidadania.
Certamente, você percebeu que, assim como a política, esses dois elementos estão
presentes em nosso dia a dia, e não apenas nos momentos em que votamos ou
participamos de manifestações. Na escola, por exemplo, a democracia e a cidada-
nia estão sempre em questão.
Será que, no Brasil atual, as escolas se constituem em espaços democráticos? Pa-
ra refletir sobre o assunto, leia trechos de uma entrevista realizada com Isabella Roz-
zino, coordenadora de uma pesquisa feita em 2018 com 12 mil jovens de todo o país.
[…]
Caleidoscópio: Quais são as necessidades, anseios e críticas dos jovens em re-
lação à educação?
Isabella Rozzino: Dois pontos principais da pesquisa são: a participação dos es-
tudantes nas decisões escolares e no conteúdo que recebem. Os estudantes querem
uma escola que reflita e converse com as suas realidades. Um exemplo dado por um
jovem é que, muitas vezes, as aulas de História são centradas na história europeia e
que não aprendem sobre a cultura afrodescendente ou indígena. Essa desconectivi-
dade com os interesses e as realidades locais dos estudantes é uma das principais
causas que desmotivam os alunos.
Para superar a distância que existe entre suas necessidades e a realidade escolar, os
entrevistados veem como fundamental a participação no processo de tomada de deci-
são dentro do contexto escolar. Alguns entrevistados fizeram sugestões de como melho-
rar essa participação, como a adoção de representantes de classe e grêmios estudantis.
C: Qual o papel que a escola desempenha na vida desses jovens?
IR: Eles enxergam a escola não como um local somente para aprender conteúdo
didático, mas para aprender e debater sobre seus direitos, política e democracia. A
escola exerce, então, uma função muito importante na sociedade, pois deve respon-
der aos anseios dos jovens que buscam naquele
Isabella Rozzino/Acervo da cedente
Nesta seção, realizaremos uma pesquisa para entender em que medida há es-
paço em sua escola para o exercício da cidadania e da democracia e o interesse
dos estudantes em exercê-lo.
O problema
Como possibilitar a participação dos
estudantes no processo de tomada de Cesar Diniz/Pulsar Imagens
A investigação
• Prática de pesquisa: pesquisa-ação
Material
• Folhas para anotações, lápis e caneta
• Gravador ou smartphone
• Computador com acesso à internet
3 Estabeleçam critérios para selecionar os representan- 4 Com base na análise realizada e nas opiniões de vo-
tes da turma que farão parte da pesquisa. Para ter uma cês, formulem uma proposta de intervenção na esco-
boa amostra da turma, selecionem ao menos dez estu- la para tornar possível a participação dos estudantes
dantes da turma escolhida para entrevistar. Distribuam nos processos de tomada de decisão no contexto es-
entre os integrantes dos grupos a tarefa de entrevistar colar, a fim de estabelecer um ambiente democrático
esses estudantes. e participativo.
Identificação Coleta
do problema de dados Comunicação dos resultados
Para que mais pessoas conheçam a pesquisa
realizada por vocês, organizem um blog para divul-
gá-la. Para isso, pesquisem sites gratuitos para
Análise criação e hospedagem de blogs.
dos dados
coletados Definam as pessoas da sua turma que vão ficar
responsáveis pela criação da página e por fazer a
postagem do material, bem como as que vão reunir
o material produzido pela turma ao longo do pro-
Início do novo jeto e escrever um texto explicando todo o proces-
processo de Proposta so da pesquisa e os resultados da ação de vocês.
intervenção, se de solução
necessário Planejem-se para, ao longo da ação, fazer regis-
tros fotográficos do processo, sempre garantindo
que as pessoas fotografadas autorizem o uso de
sua imagem no blog. As fotos tornarão as posta-
Avaliação dos gens mais ricas e interessantes.
resultados e Ação Compartilhem e divulguem os textos do blog nas
revisão da ação
redes sociais de vocês.
Thiago Consp/ID/BR
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
DESENVOLVIDAS NA UNIDADE
Competências gerais:
CGEB1, CGEB2, CGEB4, CGEB5,
CGEB6, CGEB7, CGEB8, CGEB9 e
CGEB10.
Competências específicas e
habilidades das áreas:
ORGANIZAR IDEIAS
46
Unidade
2
Direitas e esquerdas: dilemas políticos 4
47
4
DIREITAS E ESQUERDAS:
CAPÍTULO
DILEMAS POLÍTICOS
No Brasil, até 2014, os termos direita e esquerda, utilizados para denominar po-
» Competências e sicionamentos políticos, eram geralmente associados a dois partidos: Partido da So-
habilidades
cial Democracia Brasileira (PSDB) e Partido dos Trabalhadores (PT), respectivamente.
CGEB1, CGEB2, CGEB7,
CGEB8 e CGEB9. Fernando Henrique Cardoso, integrante do PSDB, ocupou a presidência entre
CECHSA1: EM13CHS101. 1995 e 2002, e, em seu governo, defendeu, como forma de promover o desen-
CECHSA4: EM13CHS401. volvimento nacional, a associação entre políticas de abertura econômica do país
CECHSA5: EM13CHS504. para os mercados internacionais com a diminuição da atuação do Estado na so-
CECHSA6: EM13CHS602, ciedade e na economia, adotando, para isso, o modelo de privatizações.
EM13CHS603 e Já o PT elegeu dois presidentes da República no período entre 2003 e 2016:
EM13CHS605.
Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Tanto o governo de Lula quanto o de
Dilma foram caracterizados pela reafirmação do papel do Estado na manutenção
do bem-estar social. Apesar da adoção de um modelo de desenvolvimento que
prioriza a sociedade em detrimento da riqueza financeira, as ações desses gover-
nos não representaram um rompimento com práticas neoliberais.
Os projetos de Estado e de sociedade adotados pelo PT e pelo PSDB, no en-
tanto, não resumem a totalidade das pautas e dos projetos políticos considerados
de esquerda ou de direita e, além desses partidos, existem muitas outras nuan-
ces políticas que traduzem projetos de governo e de Estado. Por isso, no título
deste capítulo, os termos aparecem no plural. Além das esquerdas e das direitas,
há projetos políticos associados ao centro, que mesclam propostas dos dois es-
pectros políticos em maior ou menor grau. As relações de poder, no entanto, não
são determinadas apenas pelas orientações políticas. Elas também são funda-
mentalmente influenciadas pelas pressões de grupos e agentes sociais diversos.
Duke/Acervo do cartunista
REFLEXÃO
Direita e esquerda são definições políticas que podem ser baseadas, essen- Ato Institucional
cialmente, em dois critérios: no 5 (AI-5)
• A abordagem em relação aos direitos dos indivíduos. Os Atos Institucionais
(AI) foram dispositivos uti-
• O papel do Estado na sociedade.
lizados pelos dirigentes do
Com a polarização política dos últimos anos, as categorias direita e esquerda país durante a ditadura mi-
acabaram sendo atribuídas, respectivamente, ao PSDB e ao PT, como resultado litar a fim de criar meios de
expressivo do cargo da presidência da República. Essa situação pode acarretar a intervir na legislação sem
falsa impressão de que o cenário político está representado somente por esses a aprovação de outras ins-
partidos, ignorando a multiplicidade de partidos existente. Outro grande equívo- tâncias do poder. Publica-
co é a associação de pautas e características a apenas uma ou outra tendência do em 1968, o AI-5 é con-
política. Por exemplo, é comum que a defesa dos direitos humanos seja conside- siderado um dos mais
rada uma pauta exclusiva de esquerda; assim como os direitos de empreender e polêmicos. Entre as suas
determinações estavam a
de ter acesso a linhas de crédito vantajosas sejam considerados pautas exclusi-
possiblidade de fechamen-
vas da direita.
to do Congresso Nacional
Porém, é fato que a defesa dos direitos humanos é essencial para que as pes-
e das Assembleias e a sus-
soas tenham uma vida digna em comunidade, independentemente de sua posi- pensão do direito à livre
ção política. Além disso, o acesso ao crédito gera empregos, movimentando a manifestação e dos direi-
economia e garantindo a diversidade de negócios, independentemente das po- tos políticos, bem como do
sições políticas de seus proprietários. habeas corpus. Essas de-
No Brasil, esses equívocos foram ainda mais acirrados por conta de uma pola- terminações são contrárias
rização política oriunda de uma grave crise política. Escândalos de corrupção du- à Declaração Universal dos
rante as duas últimas décadas e o crescimento do conservadorismo no mundo Direitos Humanos (DUDH),
resultaram em uma reelaboração política no país. Para muitos especialistas, o documento elaborado pe-
la Organização das Nações
auge foi o ano de 2016, quando ocorreu o impeachment da então presidenta
Unidas (ONU) em 1948, do
Dilma Rousseff, do PT.
qual o Brasil é signatário.
Desde então, outras manifestações têm surgido, algumas delas reivindicando
a criação de dispositivos antidemocráticos, como o retorno do Ato Institucional 1. Busque, na internet, os
no 5, o fim do Estado laico, a crítica à liberdade de imprensa e a negação de pes- cinco primeiros artigos
da Declaração Univer-
quisas e dados científicos.
sal dos Direitos Huma-
Baseados em discursos ultraliberais, meritocráticos e religiosos fundamenta-
nos e explique por que
listas, movimentos considerados de extrema-direita defendem a criminalização o Ato Institucional no 5
dos movimentos sociais de diferentes matizes. representa o não cum-
Em momentos de crise global, como a iniciada em 2020 pela pandemia de primento desse docu-
covid-19, as respostas das esquerdas e das direitas ilustram a divisão das ten- mento internacional.
dências políticas e como esse quadro afeta a sociedade. Enquanto os governan-
tes associados a partidos de esquerda defendem, por exemplo, a urgência da
aprovação da renda básica e da assistência aos que não possuem habitação, os
partidários associados à direita alertam para a preocupante desaceleração eco- Habeas corpus: ação judicial com o
nômica e a necessidade de garantir a liquidez dos bancos. objetivo de proteger o direito de liber-
dade de locomoção quando esta é
restringida ou ameaçada.
Juca Varella/Agência Brasil
arena
INTERAÇÃO
1. A Revolução Francesa
gle Cartoons/Foto
impactou o modo de
pensar de boa parte do
mundo ocidental. Seu
lema ainda hoje é uti- Arcadio Esquivel/Ca
Charge de 2016, feita por Arcadio Esquivel, sobre a fraternidade na França atual.
Observe os documentos históricos a seguir. seu emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a cobrança
e a duração.
Declaração dos Direitos dos Homem e do
[…]
Cidadão
Art. 17º – Como a propriedade é um direito inviolável e
Art.1º – Os homens nascem e são livres e iguais em di-
sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando
reitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na
a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e
utilidade comum.
sob condição de justa e prévia indenização.
Art. 2º – A finalidade de toda associação política é a
Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São
conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do ho-
Paulo (USP). Disponível em: http://www.direitoshumanos.usp.br/
mem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segu- index.php/Documentos-anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%
rança e a resistência à opressão. A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/
declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html.
Art. 3º – O princípio de toda a soberania reside, essencial- Acesso em: 22 maio 2020.
mente, na nação. Nenhuma operação, nenhum indivíduo po-
Loic Venance/AFP
1 Um relatório produzido pela ONG Human Right c) Com base nesses diálogos e em suas ideias, como
Watch (HRW) e divulgado em 2015 aponta que seis você expressaria suas percepções sobre a liber-
pessoas são vítimas de tortura no Brasil por dia. dade? Elabore uma manifestação artística acerca
Dessas, 84% estão em penitenciárias, delegacias desse tema e, em uma data combinada, apresen-
ou unidades de internação de jovens, ou seja, sob te-a para a turma ou para a comunidade escolar,
a guarda do Estado. Considerando essa informação, por meio de uma mostra cultural. Se possível, caso
responda: Essa realidade está de acordo com a precise de orientações para desenvolver o seu
Constituição Federal de 1988? Quais poderiam ser projeto artístico dialogue com os professores de
os motivos para a incidência tão elevada desses Linguagens.
crimes? Escreva sobre isso no caderno e, depois,
leia suas ideias para os colegas. 4 Observe as charges deste capítulo e responda:
a) Quais projetos e visões políticas são veiculados
2 Leia o texto a seguir e responda às questões por elas?
propostas.
b) De acordo com suas reflexões, suas convicções e
a situação da comunidade onde você vive, com
quais projetos políticos você mais se identifica?
Tornou-se costume desdobrar a cidadania em De que modo esses projetos poderiam impactar
direitos civis, políticos e sociais. O cidadão pleno a sua vida? Compartilhe com a turma.
seria aquele que fosse titular dos três direitos. Ci-
dadãos incompletos seriam os que possuíssem ape- 5 (FGV)
nas alguns dos direitos. Os que não se beneficias-
sem de nenhum dos direitos seriam não cidadãos.
Esclareço os conceitos. Direitos civis são os direitos Na sua faceta mais radical, a Revolução Francesa
fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à promoveu uma certa redistribuição de terra, por meio
igualdade perante a lei. Eles se desdobram na ga- de medidas como a venda dos bens nacionais. Entre-
rantia de ir e vir, de escolher o trabalho, de manifes- tanto, nesse processo de construção de uma ordem
tar o pensamento, de organizar-se, de ter respeitada jurídica burguesa, o fim da escravidão não seria, no
a inviolabilidade do lar e da correspondência, de não final das contas, incluído. A Declaração dos Direitos
ser preso a não ser pela autoridade competente e do Homem e do Cidadão, de 1789, trazia, no seu arti-
de acordo com as leis, de não ser condenado sem go 1o, o princípio segundo o qual “os homens nascem
processo legal regular. São direitos cuja garantia se e permanecem livres e iguais em direitos”. Mas a his-
baseia na existência de uma justiça independente, tória revolucionária mostrou que essa fórmula clássi-
eficiente, barata e acessível a todos. São eles que ca do liberalismo político foi capaz de gerar, de ime-
garantem as relações civilizadas entre as pessoas e diato, posturas contraditórias entre os diferentes
a própria existência da sociedade civil surgida com atores históricos do período, que interpretavam os
o desenvolvimento do capitalismo. Sua pedra de to- termos liberdade e igualdade à luz de suas próprias
que é a liberdade individual. aspirações e interesses.
Laurent Azevedo Marques de Saes. A Societé des Amis
carvalho, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo
des Noirs e o movimento antiescravista sob a Revolução
caminho. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
Francesa (1788-1802). Tese (Doutorado em História Social)
2010. p. 9.
– FFLCH, USP. 2013. Adaptado.
6 (Unicamp)
Observe a obra do pintor Delacroix, intitulada A Liberdade guiando o povo (1830), e assinale a al-
ternativa correta.
a) Os sujeitos envolvidos na ação política representada na tela são homens do campo com seus
instrumentos de ofício nas mãos.
b) O quadro evoca temas da Revolução Francesa, como a bandeira tricolor e a figura da Liberdade,
mas retrata um ato político assentado na teoria bolchevique.
c) O quadro mostra tanto o ideário da Revolução Francesa reavivado pelas lutas políticas de 1830
na França quanto a posição política do pintor.
d) No quadro, vê-se uma barricada do front militar da guerra entre nobres e servos durante a Revo-
lução Francesa, sendo que a Liberdade encarna os ideais aristocráticos.
e) O quadro retrata a Queda da Bastilha de 1789, importante marco da história da Revolução
Francesa.
E a trajetória da Revolução pode ser exposta quase como um embate em torno das variações so-
bre o tema da igualdade. Se inicialmente havia aristocratas defendendo seus privilégios tradicionais,
logo se forma o consenso que leva os franceses para além do resultado alcançado pela Revolução In-
glesa de 1688: todos passam a concordar quanto à necessidade de extinguir as diferenças de status
entre plebeus e nobres, proclamando sua igualdade jurídica. Isso ia além inclusive do proposto no
Espírito das Leis, escrito quarenta anos antes e para o qual a aristocracia ainda teria um papel impor-
tante a desempenhar.
É o sentido clássico da palavra “revolução” que se afirma nesse momento: um círculo em que
a sociedade imita as órbitas dos astros, e através do qual ocorre o retorno a uma situação origi-
nal, “natural”, usurpada por uma tirania. Trata-se nesse sentido de garantir a liberdade individual
e a igualdade perante a lei. Em geral, os historiadores que destacam a relevância dessas realiza-
ções “burguesas” da Revolução
Museu Carnavalet, Paris. Fotografia: Bridgeman Images/Easypix
2. Como você relaciona o imperialismo às ondas migratórias dos anos 2000 e 2010?
60
IMIGRANTES, REFUGIADOS E XENOFOBIA
NA EUROPA: A NAÇÃO ACOLHE OU EXCLUI?
Nas décadas de 2000 e 2010, intensificaram-se FLUXOS DE MIGRANTES ILEGAIS NA UNIÃO
os conflitos políticos, territoriais e culturais em mui- EUROPEIA (JANEIRO E JUNHO DE 2015)
tos países do continente africano, em alguns países
h
ATLÂNTICO
enwic
de Gre iano
que contribuiu para uma intensa onda migratória em
Merid
direção à Europa. 40º
N Mar Negro
Toda a UE 2o Eritreia
184 665 3o
Afeganistão
4 o
Iraque
5 o
Irã
John Gomez/Shutterstock.com/ID/BR
encontram. Muitas pessoas que
recebem asilo em outros países têm
formação superior, porém ocupam
postos de trabalho informais, com
baixa remuneração e que requerem
pouca qualificação. Na foto, imigrante
ganense realiza o ofício de
encanador na Itália, em 2018.
PARA EXPLORAR
INTERAÇÃO
» A vida na fronteira. Direção: Observe o mapa e o gráfico da página anterior e as imagens desta página.
Bahman Ghobadi. Iraque/ Depois, responda às questões a seguir.
Síria, 2016 (69 min). 1. Qual é a rota mais utilizada pelos refugiados que se dirigem ao continen-
Documentário que mostra a te europeu e qual é a origem da maioria dessas pessoas?
vida de oito crianças abriga-
das nos campos de refugiados 2. Os dados apresentados no gráfico e no mapa estão relacionados a quais
de Kobani e Shengal, localiza- conflitos?
dos na fronteira entre Síria e 3. Que relações é possível estabelecer entre o mapa, o gráfico e as imagens?
Iraque. Além disso, explica os Escreva um texto de até três parágrafos sobre as relações que você iden-
ataques da organização ter- tificou. Em seguida, compartilhe-o com os colegas.
rorista conhecida como Esta-
do Islâmico e o contexto da 4. No Brasil, há situações semelhantes às abordadas nas imagens? Você
guerra política no Curdistão. conhece algum exemplo no município, no estado ou na região onde mora?
Explique.
63
HAITIANOS NO BRASIL
Como analisamos no capítulo anterior, o Haiti foi palco da primeira revolução
independente, protagonizada por ex-escravizados, que acabaram por fundar uma
república na América. Esse contexto ocasionou uma série de embargos econômi-
cos internacionais que tornaram difícil a vida dos haitianos no fim do século XIX
e durante o século XX.
Em 12 de janeiro de 2010, um terremoto de grandes proporções, com epicen-
tro próximo à capital haitiana de Porto Príncipe, trouxe consequências catastrófi-
cas para a população do país. Segundo a Cruz Vermelha, cerca de 3 milhões de
pessoas foram afetadas pela tragédia e 316 mil morreram, o que representa mais
de 3% da população local.
O Haiti, que já era um dos países mais pobres do mundo e com o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo das Américas, não teve condições
de se reconstruir e restabelecer as condições de vida da população, o que pro-
vocou o aumento considerável de imigrações.
De acordo com a ONU, em 2015, a proporção de haitianos morando em outros
países era superior a 10,1%, equivalente a mais de um milhão de pessoas.
Rivaldo Gomes/Folhapress
Atualmente, diversas
cidades brasileiras têm
recebido grande número
de trabalhadores
haitianos que, não raro,
são hostilizados por
moradores locais. Na foto,
trabalhadores haitianos
atuando no ramo da
construção civil em
São Paulo (SP), 2018.
Em 2010, o Brasil era um dos principais destinos dos haitianos, que se direcio-
naram especialmente para o estado de São Paulo e para a Região Sul. Nesse
mesmo ano, o Brasil recebeu formalmente 595 imigrantes haitianos e, em 2014,
PARA EXPLORAR o número já havia subido para quase 30 mil. No entanto, se os refugiados que vi-
» SP Creole: a vida dos haitia- vem no país de forma ilegal forem considerados, esse número poderia chegar,
nos na capital paulista. Dire- segundo a Polícia Federal, a cerca de 60 mil.
ção: Pamela Passarela. Bra- A vinda crescente de haitianos ao Brasil está relacionada, entre outros fatores,
sil, 2015 (13 min).
à presença brasileira no Haiti desde 2004, quando o governo brasileiro enviou
O documentário registra his-
tropas em decorrência de sua participação na Missão das Nações Unidas para a
tórias dos refugiados haitia-
Estabilização no Haiti (Minustah), que interferiu na economia e na organização
nos que vivem em São Paulo
e apresenta a situação de al-
social haitianas sob o pretexto de combater a insegurança no país após a crise
guns desses imigrantes no que forçou a saída do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide.
ano de 2014. Pode ser encon- A imigração haitiana é considerada hoje o maior fenômeno migratório recente
trado gratuitamente em diver- vivenciado pelo Brasil, o que gerou e ainda gera muitas discussões sociais e po-
sas plataformas digitais de líticas sobre o acesso a empregos e as possibilidades econômicas de acolhimen-
reprodução de vídeo. to dessa população em situação de vulnerabilidade.
edel/Shutterstock.com/ID/BR
Relação entre Estado
e economia Relações trabalhistas
HO/Khamenei.IR/AFP
se período foram anexados pelas nações dominantes,
uma medida vista por alguns pesquisadores como um
ponto importante da dominação colonial.
O imperialismo, por sua vez, relaciona-se diretamente
com as formas de atuação do colonialismo e é, muitas ve-
zes, considerado um desdobramento do processo de do-
minação colonial. Trata-se de um processo que se desen-
volveu a partir do século XIX, em decorrência da expansão
de grandes potências econômicas para territórios ainda
não conquistados por meio, a princípio, da força militar e,
depois, pela imposição de determinadas estruturas polí- Protestos em razão da morte de Qasem Soleimani, considerado o
general mais poderoso do Oriente Médio e a principal figura militar
ticas, jurídicas, econômicas e sociais nas áreas conquis- do Irã. Ele morreu em um bombardeio ordenado por Donald Trump
tadas e sob tutela. em janeiro de 2020. Na ocasião, os estadunidenses atacaram um
Diferentemente do que ocorreu no século XV, nesse comboio iraniano no aeroporto de Bagdá, no Iraque, matando sete
pessoas, entre elas Soleimani. Segundo especialistas, os motivos
momento, as potências europeias não aumentaram seus do ataque envolvem a disputa pelo controle do petróleo na região
limites territoriais, e sim a propagação de seus poderes e a tentativa de desvio de atenção do processo de impeachment
para além das fronteiras políticas. que Trump enfrentou em 2020.
IMPÉRIO RUSSO
MONGÓLIA
MANCHÚRIA
TURQUISTÃO
IMPÉRIO COREIA
OTOMANO
CHINA JAPÃO
TUNÍSIA PÉRSIA
MARROCOS AFEGANISTÃO
ARGÉLIA KUWAIT TIBETE
LÍBIA
RIO DE OURO EGITO
FORMOSA Trópico de Câncer
BIRMÂNIA
ARÁBIA ÍNDIA (MIANMAR) Hong Kong
IAL FRANCESA
OMÃ Macau
COSTA ERITREIA OCEANO
DO SIÃO INDOCHINA FILIPINAS
SUDÃO
SOMÁLIA FRANCESA PACÍFICO
OURO (TAILÂNDIA)
NIGÉRIA SOMÁLIA BRITÂNICA
SERRA LEOA ETIÓPIA CEILÃO
TOR
TOGO 0º
EQ
CA NOVA
RI HOLANDÊS
OCEANO
Meridiano
Fonte de pesquisa: Vicentino, Cláudio. Atlas histórico: geral e do Brasil. São Paulo: Scpione, 2011. p. 136-137.
ESTADO NO BRASIL?
De maneira geral, uma possível resposta à questão seria: o Estado serve ao
povo brasileiro! Isso é o que diz a nossa Constituição, ao declarar que os repre- » Competências e
sentantes políticos devem “promover o bem geral do povo brasileiro” e que o sis- habilidades
tema financeiro nacional deve “servir aos interesses da coletividade”. CGEB1, CGEB4, CGEB5,
CGEB6, CGEB7 e CGEB10.
Desde a sua independência, o país recebeu como herança da exploração colo-
CECHSA4: EM13CHS401.
nial uma sociedade extremamente hierarquizada, dividida entre uma pequena
CECHSA6: EM13CHS603 e
elite privilegiada e uma grande maioria desfavorecida, além de uma tradição de EM13CHS605.
autoritarismo político associada, em muitos momentos, a um sistema econômico CECNT1: EM13CNT104.
que prioriza os interesses de grandes empresários. CECNT3: EM13CNT301.
Historicamente, passando por períodos de recrudescimento autoritário ou de CELT1: EM13LGG101,
maiores transformações democráticas, o Estado brasileiro ainda encontra dificul- EM13LGG102 e EM13LGG105.
dades para atender à coletividade nacional. CELT2: EM13LGG203 e
Em momentos de crise, como a derivada da pandemia de covid-19 que se aba- EM13LGG204.
teu sobre o país, essas desigualdades ficam ainda mais expostas e trazem refle- CELT3: EM13LGG301 e
EM13LGG303.
xões mais críticas para responder à questão: A quem serve o Estado no Brasil?
CEMT1: EM13MAT102.
Jean Galvão/Folhapress
Jean Galvão/Folhapress
Charges de Jean Galvão, de 2020, sobre o distanciamento social e a crise na economia durante
a pandemia de covid-19.
Adilson Secco/ID/BR
500
450
400
350
300
250
200
150
PARA EXPLORAR
100
50
» PL 6 299/02: modernização
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 da legislação ou “pacote do
veneno”?
Fonte de pesquisa: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Disponível em: https://www. Desde 2002, tramita no Con-
gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/agrotoxicos/copy3_of_ gresso um projeto de lei (PL)
AgrotxicosSP_Base_de_Dados.pdf/view/. Acesso em: 18 maio 2020. que prevê a alteração do pro-
cesso de liberação dos agro-
Os defensores da liberação dos agrotóxicos alegam que eles são necessários tóxicos no Brasil visando des-
para garantir o crescimento das lavouras e o aumento da produção de alimentos. burocratizar os estudos e a
aprovação dessas substâncias.
Afirmam também que o produtor rural poderá ter à disposição novas tecnologias
A medida é polêmica e opõe
e que haverá a redução no preço final dos alimentos.
empresas privadas e ruralistas
A história do Brasil, desde sua colonização, está ligada ao poder dos produto- a ambientalistas, trabalhado-
res rurais. Com a independência do país, essa elite econômica se consolidou co- res do campo e grupos ligados
mo elite política, e, mesmo com a modernização e a industrialização brasileira, a à qualidade dos alimentos no
bancada ruralista se manteve como grupo preponderante em diversas esferas Brasil. Se aprovada, a PL pode
de poder. Contudo, desde a redemocratização do Brasil nos anos 1980, diferen- transformar a atual política de
tes grupos têm ganhado visibilidade no Congresso na luta por direitos, entre eles governo em política de Estado.
Para saber mais sobre o his-
ambientalistas, trabalhadores rurais e povos indígenas. A Constituição de 1988,
tórico dos agrotóxicos no Bra-
que foi elaborada com base nos ideais democráticos, abarca essa pluralidade
sil e o contexto que envolve a
como política de Estado. Desde então, têm se estabelecido disputas de espaços PL 6 299/02, consulte o site:
e construção de narrativas e lutas pela aplicação de leis. Essas batalhas envol- https://www.politize.com.br/
vem o uso de agrotóxicos, mas também outras esferas das dinâmicas rurais, co- agrotoxicos/. Acesso em: 19
mo a reforma agrária e o reconhecimento de Terras Indígenas e quilombolas. maio 2020.
PARA EXPLORAR
Marx percebe que há uma disparidade entre o valor produzido pelo trabalhador e
a remuneração que ele recebe. Vejamos um exemplo de como isso acontece:
Em 10 dias de trabalho um trabalhador da indústria têxtil produz o valor equiva-
lente a 50 peças de roupa (1 000 reais, por exemplo). Em um mês de trabalho (22 dias),
então, ele teria produzido um valor de 2 200 reais. No entanto, o salário que ele rece-
be é de apenas mil. Isso significa que durante 12 dias de trabalho ele produz um valor
que fica inteiramente com o capitalista (patrão).
O trabalho realizado durante os 10 dias pelos quais o trabalhador efetivamente é
remunerado é chamado por Marx de trabalho necessário, pois é o tempo de traba-
lho que proporciona a ele as condições para sua subsistência. Os outros 12 dias de
trabalho, cujo valor é apropriado pelo capitalista, é denominado trabalho excedente.
A mais-valia, por sua vez, é o valor gerado pelo trabalho excedente.
[…]
A mais-valia representa a disparidade entre o salário pago e o valor produ-
zido pelo trabalho. Dessa maneira, ela pode ser entendida como o trabalho não
pago, ou seja, são horas que o trabalhador cumpre [e o] valor que ele gera pelos quais
ele não é remunerado.
Mais-valia: o conceito central da teoria marxista. Politize! Disponível em: https://www.politize.
com.br/mais-valia/. Acesso em: 21 maio 2020.
74
OUTRAS POSSIBILIDADES DE encontravam os trabalhadores da França, do Império Aus-
tríaco e dos Estados germânicos, entre outras nações eu-
SISTEMAS POLÍTICOS ropeias, essa população foi às ruas exprimir sua insatis-
Enquanto as teorias liberais atuam na defesa do capi- fação em relação à exploração a que estava submetida e
talismo, as correntes de pensamento socialistas criticam reivindicar participação política na condução do Estado.
esse sistema e enfatizam a oposição entre os interesses
e as condições materiais de existência da burguesia e dos
trabalhadores. Para os socialistas, a luta de classes é o Em poucas palavras, o mundo da década de 1840 se
motor que leva às transformações históricas, e somente achava fora de equilíbrio. As forças de mudança econômi-
por meio de uma revolução que coloque o proletariado ca, técnica e social desencadeadas nos últimos 50 anos
no comando do Estado seria possível suprimir a explora- não tinham paralelo, eram irresistíveis mesmo para o mais
ção de uma classe pela outra e direcionar as políticas pú- superficial dos observadores. […] Era inevitável que as
blicas para os interesses coletivos. aristocracias proprietárias de terras e as monarquias ab-
O anarquismo apresenta-se como outra vertente ideo- solutas perderiam força em todos os países em que uma
lógica. Ele foi elaborado entre os séculos XVIII e XIX, no forte burguesia estava se desenvolvendo, quaisquer que
contexto do fortalecimento dos Estados nacionais e da fossem as fórmulas ou acordos políticos que encontrassem
consolidação do capitalismo na Europa. Assim como os para conservar sua situação econômica, sua influência e
socialistas, os anarquistas criticavam as desigualdades sua força política. Além do mais, era inevitável que a inje-
sociais, a exploração do trabalho, a propriedade privada ção de consciência política e de permanente atividade
e o poder repressivo do Estado sobre a população. Para política entre as massas, que foi o grande legado da Revo-
pensadores anarquistas como William Godwin (1756- lução Francesa, significaria, mais cedo ou mais tarde, um
1836), Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e Mikhail importante papel dessas mesmas massas na política. E
Bakunin (1814-1876), o equilíbrio social seria conquista- dada a notável aceleração da mudança social desde 1830,
do apenas com a eliminação do Estado, aparelho que ser- e o despertar do movimento revolucionário mundial, era
via para reprimir os grupos explorados e calar suas rei- claramente inevitável que as mudanças […] não poderiam
vindicações, assim como para proteger os interesses dos mais ser adiadas.
grandes empresários. Nesse sentido, os anarquistas de-
Hobsbawm, Eric J. A Era das Revoluções: 1789-1848. Rio de Janeiro:
fendiam um tipo de organização em que os trabalhadores Paz e Terra, 1977. p. 417-418.
formariam associações livres para debater as questões
sociais e tomar decisões coletivas de gestão.
A essas reflexões ideológicas e às transformações As manifestações populares de 1848 foram reprimidas
orientadas pelo liberalismo, somou-se uma profunda cri- pelas forças do Estado, mas conquistaram algumas trans-
se agrícola e de escassez de alimentos e empregos nas formações, sobretudo de cunho liberal, como a desmobi-
cidades. Diante desse contexto, em 1848, emergiu na Eu- lização dos poderes absolutistas, a consolidação de cons-
ropa uma manifestação social liderada pelas camadas tituições republicanas e a igualdade dos cidadãos
pobres da população conhecida como Primavera dos Po- perante a lei, e reafirmaram a força de mobilização das
vos. Para lutar contra a realidade caótica em que se massas e seu poder de abalar as estruturas do Estado.
Niday Picture Library/Alamy/Fotoarena
Litografia de autoria
desconhecida sobre a
Revolução de Março,
em 1848, na cidade
de Berlim.
Na imagem, são
apresentadas as
bandeiras dos
revolucionários
republicanos na atual
Alemanha.
AÇÃO E CIDADANIA
A expressão “novo normal” tem sido muito utilizada nos últimos me-
ses, quando se percebeu que o coronavírus há de acarretar mudanças
para todo o planeta. Isto é, que os efeitos da covid-19 não se limitarão ao
dia em que a pandemia for dada por terminada. E é certo: a história mos-
tra que não se sai de crises como essa da mesma maneira que se entrou.
[…]
E eis que 2020 começou e há de terminar com a chegada desse mi-
crorganismo que não é nem ao menos visível a olho nu. E o impossível
aconteceu: as rotinas foram suspensas pelo planeta afora até segundo
aviso. Nessas horas em que o medo e a agonia falam mais forte, tende-
mos mesmo a sonhar melhor e a desenhar o futuro de forma mais soli-
dária. Isso é o que a pesquisadora Rebecca Solnit chamou de “banalida-
de do bem”. Em momentos de crise, nossa consciência cívica aumenta
e o sentimento de pertencimento social também. Passamos a achar que
somos uma nação só, irmanada pela mesma realidade.
Vista da rua 25 de março, um dos E é nessas horas que, ao imaginarmos o nosso “normal”, o projetamos para os demais,
principais centros de comércio
repaginando-o como um “novo normal”. Somos, porém, um país em que mais de 20% das
popular em São Paulo (SP), com as
lojas fechadas devido à pandemia pessoas vivem em moradias de um cômodo, onde residem quatro ou mais habitantes. No
de covid-19, em 2020. Brasil, 50% das casas não têm acesso ao esgoto sanitário. Trinta e três milhões de brasilei-
ros não contam em seus lares com abastecimento de água confiável. E, mesmo assim, de-
finimos que no “novo normal” – que não tem tempo ou espaço – não viajaremos tanto, não
compraremos tantas roupas, não seremos tão consumistas, cozinharemos (quando der) e
até arrumaremos a casa. A pergunta, mais uma vez, é a seguinte: “novo normal” para quem?
[…]
Não sou contra prognósticos otimistas. Só desconfio deles. Também torço para que
saiamos desse estado de anomia diferentes. Tomara que esse “novo normal” resulte num
país mais generoso, plural, inclusivo, cidadão e, sendo assim, republicano. Esse deveria
ser o nosso “normal”; mas aceito se a regra mandar que ele seja um “novo normal”.
scHwarcz, Lilia Moritz. De perto ninguém é normal (ou o “novo normal”). Revista Gama. Disponível
em: https://gamarevista.com.br/sociedade/de-perto-ninguem-e-normal-ou-o-novo-normal/?utm_
medium=Email&utm_campaign=BoletimCoronavirus&utm_source=nexoassinantes&fbclid=IwAR1
JH4kqnR_nAD8cXsTrLPNt0731aNli0ERcK7pOilPu9zRNqFjwAC8Z4cg. Acesso em: 21 maio 2020.
TEXTO I
TEXTO II
A centralização econômica, o protecionismo e a
Os alimentos geneticamente modificados dispo-
expansão ultramarina engrandeceram o Estado, em-
níveis no mercado internacional não representam um
bora beneficiassem a burguesia incipiente.
risco à saúde maior do que o apresentado por alimen-
Anderson, P. In: deyon, P. O mercantilismo. Lisboa: Gradiva, tos obtidos através de técnicas tradicionais de cruza-
1989 (adaptado).
mento agrícola. Essa é a posição de entidades como
a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organiza-
ção das Nações Unidas para Alimentação e para Agri-
cultura (FAO), o Comissariado Europeu para Pesquisa,
TEXTO II Inovação e Ciência e várias das principais academias
As interferências da legislação e das práticas ex- de ciência do mundo. A OMS diz que até hoje não foi
clusivistas restringem a operação benéfica da lei na- encontrado nenhum caso de efeito sobre a saúde, re-
tural na esfera das relações econômicas. sultante do consumo de alimento geneticamente mo-
dificado (GM) “entre a população dos países em que
smith, A. A riqueza das nações. São Paulo: Abril Cultural,
1983 (adaptado). eles foram aprovados”.
Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 20 maio 2013.
Com base nos estudos realizados neste capítulo sobre instituições governamentais e políticas,
nesta seção, você e seus colegas vão entrevistar um representante político (vereador, prefeito,
deputado, etc.) que atue na comunidade escolar ou próximo a ela. O objetivo é que vocês conhe-
çam o trabalho desse profissional, os impactos diretos e indiretos de suas ações na sociedade e
de que forma a comunidade pode dialogar com ele buscando melhorias locais. Depois, vocês vão
transcrever a entrevista para ser publicada e lida por outras pessoas interessadas no assunto.
Thiago Consp/ID/BR
Público Comunidade escolar e interessados em geral.
Conhecer melhor o papel dos representantes políticos e as formas de participação
Objetivo
política na comunidade.
Planejamento e elaboração
1. Formem um grupo de até seis alunos. Vocês vão elaborar uma entrevista escrita com um
representante político que atue na comunidade escolar ou próximo a ela. Para isso, decidam
quem vocês vão entrevistar. Se necessário, pesquisem na internet formas de entrar em
contato com esses profissionais. Uma sugestão é visitar o site da câmara de vereadores, da
prefeitura ou do governo estadual, por exemplo. Alguns profissionais também mantêm sites
ou perfis em redes sociais que possibilitam o contato com cidadãos.
2. Entrem em contato com o entrevistado, utilizando linguagem formal e respeitosa. Apresen-
tem-se, dizendo seus nomes, onde estudam (nome da escola, do bairro e do município) e o
contexto da entrevista. Peçam autorização para a publicação da entrevista no blog da turma
e a divulgação do nome e da imagem do entrevistado.
3. Caso o convite seja aceito, combinem uma data e um local para a realização da entrevista.
4. Para o dia do encontro, elaborem um roteiro para a entrevista. As perguntas devem ajudar
o grupo a entender o trabalho do profissional e a compreender como a comunidade escolar
pode acompanhar mais de perto as propostas e as medidas realizadas na comunidade.
10. Escrevam uma breve introdução para o texto apresentando o entrevistado, o grupo de
entrevistadores e o objetivo da entrevista. Destaquem, no texto, as questões feitas ao
entrevistado. Selecionem algumas fotos tiradas durante a entrevista para acrescentar ao
texto. É importante atentar-se à revisão gramatical e ortográfica do texto da entrevista.
Revisão e reescrita
1. Avaliem o texto conforme os itens a seguir:
2. Reescrevam a versão final do texto e compartilhem-na com a turma. Aproveitem para ler
os textos dos demais grupos e conhecer os outros entrevistados.
Circulação
1. Conversem com os colegas da turma. Reúnam os textos produzidos e estabeleçam crité-
rios de formatação para publicação na internet (exemplo: tamanho e tipo de letra, espa-
çamento entre parágrafos, etc.).
2. Decidam em que ordem e com qual frequência eles vão ser publicados no blog. Lembrem-
-se de que, se vocês disponibilizarem todos os textos de uma vez, dificilmente os leitores
vão conseguir ler todos.
3. Caso não tenham um blog, pesquisem ferramentas gratuitas na internet que possibilitem
a criação de páginas como essa. Em geral, essas plataformas informam como publicar
textos e imagens.
O tamanho do Estado
Para começar Uma das principais publicações de economia do
mundo, o jornal inglês Financial Times, defendeu
Nesta unidade, estudamos alguns aspectos
recentemente em editorial essa transformação no
da constituição do Estado brasileiro e de suas
capitalismo. O diário destacou que o fechamento
instituições. Uma discussão que esteve presente
do comércio para tentar estancar a epidemia está
no debate público é a forma de atuação do Esta-
saindo mais caro para os que já vivem em situação
do na economia, devendo interferir ou não nas
precária e que a população mais jovem, que mais
relações econômicas.
sofre agora com a perda de renda, deve ser restituí-
A crise mundial provocada pela pandemia de
da no futuro. Para isso, defende ações estatais.
covid-19 fez com que essa discussão estivesse na
ordem do dia. Observe a imagem, a seguir, e leia […]
uma reportagem publicada sobre o assunto. Dyniewicz, Luciana. Crise coloca papel do Estado
em discussão. O Estado de S. Paulo, 12 abr. 2020.
Disponível em: https://economia.estadao.com.br/noticias/
Sandro Pereira/Fotoarena
geral,crise-coloca-papel-do-estado-em-
discussao,70003268148. Acesso em: 14 maio 2020.
O problema
O debate sobre a intervenção do Estado na eco-
nomia é permanente e mundial. Porém, ao consi-
derarmos especificamente o Brasil, que grupos são
adeptos à menor participação do Estado na econo-
mia e que grupos defendem o contrário? Que ar-
gumentos são utilizados por esses grupos?
Pessoas em fila de banco buscam informações e ajuda para A investigação
o recebimento do auxílio emergencial concedido pelo
governo às pessoas em situação de vulnerabilidade em • Prática de pesquisa: análise documental
decorrência da crise provocada pela pandemia de covid-19.
Manaus (AM), 2020. Material
• Folhas para anotações, lápis e caneta
• Computador com acesso à internet
Crise coloca papel do Estado em dis-
cussão
Além de desencadear a pior crise econômica Procedimentos
mundial desde a Grande Depressão, conforme afir-
mou a diretora-gerente do Fundo Monetário Inter- Parte I – Levantamento de artigos
nacional (FMI), Kristalina Georgieva, a pandemia da
covid-19 levantou o debate sobre a possibilidade de 1 Busque na internet artigos assinados ou en-
uma transformação profunda no capitalismo como trevistas com políticos ou pessoas que tratem
não se vê desde os anos 1980. Economistas, cientis- do assunto da participação do Estado na eco-
tas sociais e políticos começam a apontar – não de nomia brasileira. Nessa primeira fase, que é
forma unânime – que uma maior presença do Esta- de triagem, leia os textos de maneira rápida,
do na economia pode ser o novo normal, em oposi- apenas para checar se eles de fato interessam
ção ao modelo que tem vigorado nos últimos 40 anos. para a pesquisa, e selecione três deles para
fazer a análise.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
DESENVOLVIDAS NA UNIDADE
Competências gerais:
CGEB1, CGEB2, CGEB6, CGEB7,
CGEB8, CGEB9 e CGEB10.
Competências específicas e
habilidades das áreas:
CECHSA1: EM13CHS102.
CECHSA2: EM13CHS201.
CECHSA4: EM13CHS402 e
EM13CHS404.
CECHSA5: EM13CHS502.
CECHSA6: EM13CHS601,
EM13CHS603 e EM13CHS606.
ORGANIZAR IDEIAS
82
Unidade
Representatividade e poder 9
83
7
A POLÍTICA É
CAPÍTULO
PARA TODOS?
Algumas vezes, quando há um questionamento direcionado à população a
» Competências e respeito da importância da política, as respostas evidenciam a visão de que mui-
habilidades
tas pessoas não se interessam pelo tema ou até mesmo sentem aversão por ele.
CGEB1, CGEB6, CGEB9 e
CGEB10. Essas respostas, por sua vez, suscitam uma importante reflexão: Por que um te-
CECHSA2: EM13CHS201. ma tão importante na vida individual e coletiva causa esse tipo de reação?
CECHSA4: EM13CHS404. Uma das possíveis respostas talvez seja pelo fato de a política ser vista por mui-
CECHSA5: EM13CHS502. tos como sinônimo de corrupção, de promessas eleitorais não cumpridas e de des-
CECHSA6: EM13CHS601 e caso com o cidadão. Todavia, essa noção desconsidera que a vida em sociedade,
EM13CHS603. isto é, a interação entre indivíduos e grupos distintos, com interesses, visões de
CECNT1: EM13CNT104. mundo, aspirações e posicionamentos diversos, ocasionalmente gera conflitos e
CECNT2: EM13CNT203. tensões. Esses conflitos e tensões são esperados e, quando devidamente obser-
vados e mediados, permitem uma ampliação da vivência em sociedade, pautada
pela construção de um bem comum. Nesse sentido, a política é o instrumento pe-
lo qual essas tensões e conflitos são observados e mediados, de forma a organi-
zar a vida em sociedade.
O cerne e a razão de ser da política, portanto, são as pessoas. A política diz res-
peito a todos, porque se refere ao bem comum, às negociações, às regras de con-
duta e à conquista de direitos que podem mudar o que está estabelecido. Portan-
to, é fundamental perceber que, quando não se discute política e quando não se
participa da esfera do político e do público, há também uma ação política, a qual
abre espaço para que alguns decidam por outros e para que aqueles estabeleçam
prioridades e conduzam a vida do coletivo da forma que julgam melhor, decisões
estas que, ao final, afetam a todos.
Henrique Ribeiro/Futura Press
Escola pública em Porto Alegre (RS) ocupada por estudantes Manifestantes em São Paulo (SP), em 2018, contra a
secundaristas, em 2016. exportação de animais vivos.
Canal eleitoral
Representações de
interesses privados
na esfera pública
Espaços não
institucionalizados
85
PROJETOS POLÍTICOS E CONSTITUIÇÃO DE 1824
Analisar o processo de independência política do Brasil significa refletir sobre
os projetos políticos para o futuro da jovem nação independente. O primeiro as-
pecto foi a adesão majoritária à ideia de uma monarquia constitucional. Apesar
PARA EXPLORAR
de inusitada, a escolha de um sistema monárquico, e não republicano, em uma
» Monarquistas ocupam car- ex-colônia revela o entendimento de que a monarquia seria capaz de impedir a
gos em Brasília e reabilitam fragmentação territorial do Brasil e que a figura de um rei, de origem portuguesa,
grupo católico ultraconser-
vador. BBC News Brasil, garantiria a continuidade dos privilégios das elites políticas no Brasil, educadas
4 abr. 2019. em Coimbra e partidárias da monarquia.
Nesta matéria, saiba mais so- A Constituição de 1824, outorgada pelo então imperador dom Pedro I, estabe-
bre a presença de grupos que leceu as bases da estrutura política, as principais instituições do Império, a divisão
defendem o retorno da mo- político-administrativa e a separação do poder político em quatro instâncias – Exe-
narquia no Brasil. Disponível cutivo, Legislativo, Judicial e Moderador, sendo este último o elemento central da
em: https://www.bbc.com/ organização política imperial. Outro aspecto foi a instituição do catolicismo como
portuguese/brasil-47728267. religião oficial regulada pelo Padroado.
Acesso em: 26 maio 2020.
Em relação aos direitos individuais, civis e políticos, reconheceu-se que eram
cidadãos todos os homens livres, nascidos no Brasil ou naturalizados, com igual
acesso aos direitos civis, porém diferenciados quanto aos direitos políticos por
meio de critérios censitários. Haveria, portanto, diferen-
World History Archive/Alamy/Fotoarena
Bridgeman/Easypix
o Poder Moderador. A noção desse poder foi adaptada da obra do escritor franco-
-suíço Benjamin Constant (1767-1830), intelectual de renome à sua época e uma
referência para dom Pedro I e para figuras políticas próximas a ele. Preocupado
em enfrentar o absolutismo monárquico e os excessos dos jacobinos na França,
Constant teorizou sobre a organização da monarquia constitucionalista liberal e
retomou a reflexão sobre o estabelecimento de um poder neutro ou real – a ser
exercido pelo soberano, responsável por resguardar o equilíbrio e o sistema polí-
tico – que funcionasse acima dos outros poderes, zelando por suas relações e pe-
la observância estrita das leis.
Na Constituição de 1824, o resultado não foi a separação do Poder Moderador
com o Executivo, mas, na prática, houve uma concentração de poderes e atribui-
ções na figura do imperador. A nomeação de senadores, a autoridade de dissol-
ver a Câmara e a convocação de novas eleições para sua renovação, assim como
o direito a aprovar ou vetar as decisões da Câmara, eram atribuições do Poder
Benjamin Constant, retrato de autoria
Moderador. O imperador era inimputável e não respondia judicialmente por seus desconhecida, século XIX. Óleo sobre
atos. A Constituição de 1824 vigorou até a Proclamação da República. tela. Deputado e pensador francês,
Sobre a atuação dos partidos em relação ao Poder Moderador durante o go- autor da obra A liberdade dos antigos
comparada à dos modernos, de 1819,
verno de dom Pedro II, leia o texto a seguir. que contrapõe os paradigmas de
liberdade individual, principalmente
da Roma Antiga e da Inglaterra do
século XIX.
Tendo o Poder Moderador em suas mãos – que lhe dava a primazia do veto em
várias instâncias – e contando com uma elite bastante homogênea, apesar de dividi-
da entre dois partidos, d. Pedro II cada vez mais reinava e governava. [...]
O fato é que a reconciliação temporária dos partidos – fruto dessa mesma homo-
geneidade – levou ao fortalecimento do Império e da figura do seu monarca. [...] A
conciliação representou um mecanismo capaz de fortalecer a unidade de interesses
das elites que controlavam a vida política nacional, mantendo uma estrutura centra-
lizada, em torno da figura do rei. [...]
[…] Nas anotações que fez às margens do livro Confederação dos Tamoios, data-
do de 1856 e especialmente comissionado pelo Estado, Pedro II escrevia, entre gar-
ranchos, que lhe faltavam duas grandes obras: “organizar moralmente a nacionali-
INTERAÇÃO
dade, formar uma elite”. […] Mas os desafios eram muitos. A maior parte da 1. Converse com seus co-
população estava fora dos canais de participação política, e o país andava cindido legas sobre as diferen-
entre duas faces: a externa, um país organizado em modelo europeu, com uma mo- ças entre a Carta Cons-
narquia constitucional, um rei jovem e com fama de culto, um congresso eleito e titucional de 1824 e a
partidos políticos regulares; e a interna, um território imenso e plural, dominado por Constituição em vigor
grandes propriedades isoladas. no Brasil. Como você vê
a questão dos direitos
Schwarcz, Lilia Moritz; Starling, Heloisa. Brasil: uma biografia. dos cidadãos entre uma
São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 417-418. Constituição e a outra?
das grandes corporações econômicas. Nas disputas de 1. Ao observar a imagem abaixo, quais são suas
poder, travadas no campo das eleições nas democracias reflexões sobre o poder e a desigualdade social
atuais, nem sempre é nítido para o eleitor o que os can- na atualidade?
didatos e os partidos estão, de fato, defendendo, para
Lorena Samponi/
Shutterstock.com/ID/BR
Moradias em comunidade e
prédios residenciais no bairro
de Botafogo, no Rio de
Janeiro (RJ). Foto de 2020.
89
FORMAS DE FAZER POLÍTICA PARA ALÉM DO VOTO
Na pólis grega, na Antiguidade, emergiu a ideia do cidadão participativo, indi-
víduo que se envolvia nos assuntos da cidade e debatia na arena pública os te-
mas que eram de interesse coletivo. Essa noção embasou discussões e sistemas
políticos que vieram a se desenvolver mais de mil anos depois. No final do século
XVIII, durante a fase democrática da Revolução Francesa, na República jacobina,
a noção de cidadão ativo, presente e participante nos destinos da nação reapa-
receu com toda a força e embalou o imaginário político do Ocidente no século XIX
e em parte do século XX.
No Brasil, especialmente durante a ditadura militar de 1964, a participação po-
lítica do cidadão, pelos canais oficiais, foi relegada a papéis de pequena relevân-
cia. O bipartidarismo limitava as escolhas do cidadão em relação às propostas e
aos candidatos a cargos eletivos. Todavia, nesse contexto de ausência de demo-
cracia, outros canais foram utilizados para promover a participação política, como
o movimento estudantil. Os jovens universitários brasileiros encontraram nesse
movimento um importante espaço de participação política, e partidos e organiza-
ções políticas clandestinas atuaram com os estudantes no processo de resistên-
cia à ditadura militar e na defesa das liberdades democráticas.
Com o retorno da democracia, a Constituição de 1988 ampliou o direito de vo-
to a um número maior de indivíduos, alargando, com isso, o grau de participação
política do povo brasileiro. Contudo, é bastante claro que apenas a ampliação do
direito de voto não é suficiente para a efetiva participação política do cidadão.
Portanto, é preciso pensar em outras formas de participação política para além
do comparecimento às urnas.
AÇÃO E CIDADANIA
Múltiplas possibilidades
Ações como a afiliação partidária; a fundação de movimentos e associações de
bairro e a participação neles; a atuação em sindicatos e associações de trabalha-
dores; a participação em centros acadêmicos e grêmios estudantis; o engajamen-
to em leis de Iniciativa Popular, previstas pela Constituição; a fiscalização de par-
lamentares por meio das Ouvidorias; e a participação nos Conselhos Municipais,
Estaduais ou Nacionais são algumas das muitas possibilidades que o cidadão tem
para se engajar de forma mais ativa nos destinos da coletividade.
Prefeitura de Torres/Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Moradores durante
evento realizado na
sede da Associação dos
Moradores de Itapeva
do Sul em Torres (RS),
2017.
1. Quais possibilidades de ação cidadã existem em seu município? Para descobrir,
faça uma pesquisa em publicações impressas e/ou digitais e também pergun-
te a amigos e familiares sobre isso. Compartilhe suas descobertas com a turma.
2. Você já participou de alguma ação política listada nesta página?
a) Em caso afirmativo, comente sua experiência aos colegas e diga o que mudou
após a ação.
b) Em caso negativo, de quais tipos de ação você gostaria de participar? Por
quê? Que causas você defenderia? Conte para a turma.
91
ATIVIDADES
1 Sobre o ativismo social, leia o texto e responda ao 3 Em 2018, houve uma decisão histórica por parte do
que se pede. Judiciário: um ex-presidente do Brasil (Luiz Inácio
Lula da Silva) foi julgado, condenado e preso. Essa
decisão dividiu opiniões sobre a independência dos
[…] As juventudes, além de representarem um poderes e uma possível supremacia do Judiciário
segmento que vivencia e expõe as diferentes desigual- sobre os outros poderes. O texto a seguir, do soció-
logo Jorge Caldeira, traz uma análise sobre o tema.
dades na cidade, trazem formas muito inovadoras de
ativismo, de mobilização para incidência em políticas
públicas e para provocar mudanças. Por outro lado, não Meus olhos estavam fixos na imagem elevada de d. Pe-
é possível ignorar o fato de que as desigualdades no dro II, meus ouvidos escutavam pela quarta ou quinta vez
Brasil afetam mais diretamente as mulheres e a popu- uma […]: “O Brasil segue adiante salvo pelo Judiciário, que
lação negra, em especial residentes nas periferias, fa- está cumprindo seu papel de Poder Moderador”.
velas e bairros mais distantes do centro. É dessa per- […]
cepção que se estabelece um dos objetivos específicos De fato o Judiciário conseguiu moldar o quadro da atual
do programa [Desigualdades nas cidades: Juventudes, eleição [de 2018], sempre agindo na direção do controle es-
gênero e raça]: apoiar grupos, coletivos e organizações tatal da manifestação da vontade soberana dos eleitores. As
juvenis no enfrentamento das desigualdades e do racis- medidas nessa direção vieram em penca: restrições buro-
mo a que são submetidas as jovens mulheres negras. cráticas a todos os atos de campanha e propaganda eleitoral;
[…] exclusão do setor privado empresarial na organização das
Desigualdades e jovens mulheres negras. campanhas; monopólio do dinheiro público no financiamen-
Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/wp- to do pleito, controlado a conta-gotas a partir de detentores
content/uploads/2020/04/Publica%C3%A7%C3%A3o_
Desigualdade_e_Jovens_Mulheres_Negras.pdf.
de cargos; exclusão de candidaturas a partir de ações de
Acesso em: 11 jun. 2020. improbidade, a imensa maioria movida por agentes estatais.
[…]
Dessa forma fica claro: abaixo está a lei que vale para
a) Segundo o texto, que qualidades as juventudes todos, agora inclusive políticos eleitos, acima desta a dos
apresentam para pensar e agir no que se refere funcionários estáveis, não dependentes do voto, detento-
a mudanças sociais? res também de aposentadorias que os distinguem.
b) No Brasil, as desigualdades estão distribuídas de Caldeira, Jorge. “Olha embaixo, estúpido”: do Poder Moderador ao
fim do populismo no Brasil. Estado da Arte, 19 maio 2018.
forma equânime?
Disponível em: https://www.institutomillenium.org.br/
c) As formas de participação política no programa olha-embaixo-estupido-do-poder-moderador-ao-fim-do-
partem da forma consagrada na ação política populismo-no-brasil/. Acesso em: 15 ago. 2020.
E PODER
No dia 28 de abril de 1987, a intelectual e militante Lélia Gonzalez foi convida-
da a participar da 7ª Reunião da Comissão Especial que discutia as políticas para » Competências e
habilidades
as minorias brasileiras. As discussões ali realizadas ajudariam na construção da
CGEB1, CGEB2, CGEB7 e
Constituição Federal, documento que marca o retorno da democracia no Brasil. CGEB8.
Em seu discurso, Gonzalez enfatizou a construção histórica da marginalização CECHSA1: EM13CHS102.
da população negra no mercado de trabalho, no acesso à terra, nas esferas polí- CECHSA2: EM13CHS201.
ticas e na educação. Porta-voz do movimento negro que se formou nos anos 1970 CECHSA4: EM13CHS404.
e ganhou força nas décadas seguintes, a militante propunha aos senadores e CECHSA5: EM13CHS502.
deputados constituintes – indivíduos eleitos que tinham por função redigir a CECHSA6: EM13CHS601.
nova Constituição – que a Carta representasse uma real isonomia, isto é, reivindi- CECNT2: EM13CNT201 e
cava que, como todos são iguais perante a lei, segundo o documento, situações EM13CNT208.
das coisas […]: que a gente não pode estar distanciada des-
se povo que está aí, senão a gente cai numa espécie de abstra-
cionismo muito grande, ficamos fazendo altas teorias, ficamos
falando de abstrações... enquanto o povo está numa outra,
está vendo a realidade de uma outra forma.
Gonzalez, Lélia. Lélia fala de Lélia. Estudos Feministas, p. 383-386,
1994. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/
article/view/16220/14767. Acesso em: 12 ago. 2020.
1. No relato que você leu, Lélia Gonzalez explora uma influência intelectual
que não está na universidade. Que influência é essa e quais ensinamentos
ela trouxe?
2. Como você relacionaria esses ensinamentos com o texto desta página?
3. A primeira universidade brasileira a criar cotas raciais foi a Universidade Esta-
dual do Rio de Janeiro, em 2000, o que se tornou lei federal somente em 2012
(Lei n. 12 771). Essas ações geraram muito debate na sociedade: os contrários
às cotas, por exemplo, afirmavam que o problema no Brasil é de classe, não de
raça. É correto dizer que a Lei de Cotas leva em consideração questões sociais
e raciais? Qual é a sua opinião sobre o tema?
[…]
1. Como você explicaria a
Art. 3º Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o art.
política de cotas a uma
pessoa que vai prestar 1º desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos, pardos
vestibular? e indígenas e por pessoas com deficiência, nos termos da legislação, em proporção
ao total de vagas no mínimo igual à proporção respectiva de pretos, pardos, indíge-
2. Quais universidades e
nas e pessoas com deficiência na população da unidade da Federação onde está ins-
escolas técnicas públi-
talada a instituição, segundo o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geo-
cas há em seu municí-
grafia e Estatística – IBGE.
pio? Você planeja estu-
dar em alguma delas? Brasil. Presidência da República. Lei n. 12 711, de 29 de agosto de 2012. Disponível em:
Como é a questão das http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm. Acesso em: 12 jun. 2020.
cotas nessas institui-
ções? Você se enquadra
na política de cotas? Ainda que muito criticadas por alguns segmentos da sociedade, essas leis bus-
Para responder a essas cam modificar e reparar séculos de marginalização das populações negras e in-
questões, reflita sobre dígenas no país. As críticas geralmente abordam a quebra da isonomia e da me-
seus objetivos de vida
ritocracia dos processos de vestibulares. No entanto, é necessário observar que
e faça uma pesquisa
de acordo com o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), reali-
para descobrir as infor-
zado em universidades a cada três anos, o desempenho dos estudantes cotistas
mações. Comente seus
planos e ações com a costuma ser igual ou mesmo superior ao dos não cotistas. Assim, para uma parte
turma. significativa da comunidade universitária, a política de cotas é um meio eficaz de
reparação social.
Caboclo (1834), de Jean-Baptiste Debret. Litografia. Botocudos (1834), de Jean-Baptiste Debret. Litografia.
INTERAÇÃO
INTERAÇÃO
0
1884-1893 1894-1903 1904-1913 1914-1923 1924-1933
Fonte de pesquisa: IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. Apêndice: Estatísticas
de 500 anos de povoamento. p. 226. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/estatisticas-do-
povoamento/imigracao-por-nacionalidade-1884-1933.html. Acesso em: 27 maio 2020.
As migrações pós-abolição
Além de aumentar o volume da mão de obra disponí-
A vida dos negros no pós-abolição desenrolou-se em
vel, o movimento de incentivo estatal brasileiro às imigra-
meio a uma série de acontecimentos adversos. Não hou-
ções (na virada do século XIX para o século XX) obedecia
ve incentivos governamentais para apoiá-los na vida em
também a outros elementos. No auge do pensamento
liberdade, perpetuando-se os estereótipos negativos re-
racista que acompanha o darwinismo social, subvencio-
manescentes da escravidão que os desqualificavam da nar a entrada de imigrantes europeus era também uma
condição de trabalhador preferencial e quase único du- forma de promover o branqueamento da população. Nes-
rante séculos. […] Por muitos séculos, os negros viram se sentido, o artigo 1º do Decreto n. 528, de 1890, eviden-
seus avós, pais e muitos deles serem tutelados e privados cia ainda mais a política de imigração com caráter bran-
de direitos mais fundamentais ao ser humano como a queador, uma vez que dificultava a vinda de pessoas
originárias da Ásia e da África.
REFLEXÃO
3 (Enem)
Com base nos estudos desta unidade, você vai elaborar um artigo de opinião sobre o po-
sicionamento do Estado brasileiro em relação às cotas raciais. O artigo deverá expressar o seu
ponto de vista sobre o tema por meio da argumentação.
Planejamento e elaboração
1. Antes de começar a escrever o artigo de opinião, faça uma pesquisa em jornais, revistas
e sites de instituições que oferecem dados sobre o tema. Certifique-se de que as fontes
são confiáveis. Procure levantar informações como:
• o posicionamento do Estado brasileiro a respeito das cotas;
• onde e como funcionam as cotas no Brasil, principalmente nas universidades e no mer-
cado de trabalho;
• relatos e opiniões de pessoas que utilizaram cotas.
2. Destaque trechos que considere mais importantes nos textos encontrados e faça anotações
para organizar a sua pesquisa. Você também pode criar tópicos ou esquemas, por exemplo.
3. Pense nas perguntas que você gostaria de responder ao longo do texto, no ponto de
vista que você vai defender e no porquê dessa escolha. Liste os argumentos que você
pode utilizar para defender sua opinião.
4. Para fortalecer a argumentação ao longo do texto, você pode se valer de elementos como:
• dados estatísticos; • comparações;
• citação de especialistas, com indicação • exemplos;
da fonte; • enumeração de fatos.
5. Seu texto pode ser escrito em primeira ou em terceira pessoa, mas é importante desen-
volver a argumentação de um ponto de vista pessoal, mesmo que você apresente dados
e opiniões de outras pessoas.
8. No parágrafo final, conclua o texto por meio de uma síntese do que foi defendido ao
longo do texto e da reafirmação da opinião principal. Você também pode oferecer uma
possível solução para o tema abordado.
9. Dê um título para o texto que seja convidativo para os leitores e que aponte para o ponto
de vista defendido.
10. Considere que o público de um artigo de opinião, apesar de bem variado, em geral, bus-
ca informações consistentes. Nesse caso, a linguagem pode ser mais formal.
Circulação
1. Combine com os colegas uma forma de publicação dos textos da turma: em formato de
revista eletrônica a ser disponibilizada em redes sociais ou como publicações em um blog.
2. Definam um mesmo tamanho e tipo de letra para os textos, criando uma identidade
única para a revista ou para as publicações do blog.
3. Caso a forma de publicação seja a revista, elaborem uma capa e um sumário, além de
uma página com os dados da publicação e os autores do texto.
4. Para a revista, criem um arquivo único com todos os textos em um formato que não
possa ser modificado. As páginas devem estar numeradas.
Consp/ID/BR
101
9
REPRESENTATIVIDADE
CAPÍTULO
E PODER
O Parlamento brasileiro é formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado
» Competências e Federal. As duas casas parlamentares são compostas de representantes eleitos
habilidades
pelo povo brasileiro. Além das atribuições de legislar e de fiscalizar e controlar os
CGEB2, CGEB6, CGEB7,
CGEB8, CGEB9 e CGEB10. outros poderes, a função essencial do Parlamento, assim como ocorre com os de-
CECHSA1: EM13CHS102. mais poderes, é representar a sociedade. Representar, nesse caso, significa “estar
CECHSA2: EM13CHS201. no lugar; fazer as vezes” dos cidadãos. Assim, o Parlamento constitui-se em uma
CECHSA4: EM13CHS402. instituição fundamental para a existência de um regime democrático em que os
CECHSA5: EM13CHS502. interesses, as necessidades e as aspirações da sociedade possam ser ouvidos e
CECHSA6: EM13CHS603 e considerados nos atos legislativos, na proposição de políticas públicas e no aces-
EM13CHS606. so a elas, com base em princípios de equidade e justiça.
CEMT1: EM13MAT102. Uma breve análise da composição do Parlamento brasileiro, porém, revela que
há um forte descompasso entre os atributos dos eleitos – em sua composição ét-
nica e racial, de gênero e de posição socioeconômica – e as características da maio-
ria da população do país. Em razão disso, podemos indagar se, de fato, o Parla-
mento representa o perfil e a composição social, racial, étnica e de gênero do
cidadão. É lícito, portanto, falarmos da existência de uma crise de representação
no Brasil, e é preciso investigar como se processa o fazer político dos represen-
tantes do povo no Parlamento, bem como as relações entre o poder e os poderes
Movimentação de
estabelecidos com as classes sociais, os segmentos e grupos sociais específicos.
deputados durante
sessão do Plenário em
Brasília (DF), em 2019. O
Brasil tinha menos 1. Como você vê a questão da representatividade nos cargos de comando e de
parlamentares mulheres poder no Brasil?
Renato Cortez/Futura Press
102
REPRESENTATIVIDADE, PODER E FÉ
Como vimos, as relações de poder podem ser observadas em diferentes esfe-
ras da vida social, e é preciso avaliar como se processa a intersecção entre religião
e representatividade e sua conexão com a cidadania e as políticas públicas.
A Constituição Federal declara que o Estado brasileiro é laico e estabelece a
independência da administração pública em todos os níveis com relação a qual-
quer credo ou instituição religiosa. O Estado laico considera os cidadãos igual-
mente, independentemente de sua religião ou de seu posicionamento diante da
fé, e se situa fora do âmbito do religioso, não favorecendo nem perseguindo os
cidadãos em razão de sua religiosidade ou da falta de prática religiosa.
Segundo o censo realizado pelo IBGE em 2010, 64% das pessoas no Brasil se
declararam católicas, enquanto a porcentagem de evangélicos era de 22%. Nas
últimas décadas, as disputas internas no campo religioso aumentaram, sobretu-
do entre católicos e evangélicos, bem como entre estes últimos e os adeptos de
religiões de matriz africana. Observe o que o pesquisador Luiz Antônio Cunha diz
sobre as disputas internas do campo religioso.
[…] O Estado torna-se campo de luta e aliado disputado no embate contra os ad-
versários. Em cada um dos poderes, a luta assume características próprias. […]
[…]
No Poder Legislativo, introduzem-se rituais religiosos nos plenários e luta-se para
aprovar leis federais, estaduais e municipais que beneficiem instituições religiosas,
em termos materiais e simbólicos, assim como para barrar as que as prejudiquem.
Cunha, Luiz Antônio. Embates em torno do Estado laico: panorama dos conflitos recentes
envolvendo a laicidade do Estado no Brasil. In: D’avila-levy, Claudia Masini; Cunha, Luiz Antônio
(orgs.). Embates em torno do Estado laico. São Paulo: SBPC, 2018. Disponível em:
http://portal.sbpcnet.org.br/livro/estadolaico.pdf. Acesso em: 27 maio 2020.
1. Tradicionalmente, os https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/04/03/De-onde-vem-a-crise-de-
representatividade-dos-partidos-segundo-esta-pesquisadora-chilena. Acesso em: 27 maio 2020.
partidos políticos têm
duas funções a cumprir
no sistema político: o
recrutamento da buro- A crise de representatividade não é, portanto, exclusividade do sistema políti-
cracia para exercer a co brasileiro, mas um fenômeno presente atualmente na maioria das democracias
atividade governativa representativas, o que implica a reconsideração das formas de funcionamento da
e o agrupamento de democracia representativa diante de seus sinais de esgotamento.
demandas e interesses Uma das possibilidades para combater essa crise são os movimentos criados
dos cidadãos. Nesse por jovens políticos ou mesmo ativistas que buscam se engajar em melhorias pa-
contexto, que análise ra a comunidade, tanto pelos meios institucionais, apresentando candidatos nas
você faz das formas eleições, quanto por outros meios, como por ações em ONGs e parcerias com ins-
mais recentes de exer-
tituições públicas. Pela via eleitoral, por exemplo, há a possibilidade das candida-
cício da cidadania ati-
turas coletivas. Nessa modalidade, um coletivo se candidata a uma vaga no Exe-
va? Você participaria
de alguma iniciativa?
cutivo ou no Legislativo. Embora haja um representante do coletivo, na prática
Comente com a turma. todos compartilham funções e pautas. Nas unidades anteriores, você conheceu
outras possibilidades de exercer a cidadania ativamente, para além do voto.
(%)
50 Candidaturas Mandatos
40
Adilson Secco/ID/BR
BRASIL: PROPORÇÃO DE MULHERES CANDIDATAS
51,7% da população.
Em termos absolutos, o estado de São Paulo conta com o maior AO CONGRESSO NACIONAL (2010-2018)
AÇÃO E CIDADANIA
REFLEXÃO
encontram obstáculos nos municípios. Em 2016, 23% das Buscando motivos
cidades brasileiras não elegeram nenhuma vereadora, o Para Fátima Pacheco Jordão, socióloga e conse-
que significa que em 1 290 localidades nenhuma mulher lheira do Instituto Patrícia Galvão, a baixa participa-
integrou a Câmara Municipal. Em números absolutos, fo- ção feminina na esfera política explica-se pelo fato
ram 7 782 mulheres vereadoras para 49 825 homens. de elas serem barradas nos espaços de poder. Sig-
Apesar do cenário desalentador, o índice apresentou nificativa em espaços específicos, como na educação,
melhora com relação às eleições anteriores, nas quais, em áreas de saúde e de pesquisas científicas, a re-
em 24% dos municípios, as Câmaras eram exclusivamen- presentatividade feminina é praticamente inexisten-
te masculinas. Em apenas 23 municípios, 0,4% do total, te nos espaços de poder e nos partidos políticos. Per-
cebe-se que, nesses locais, é comum o predomínio
as mulheres eram maioria no Legislativo.
de homens, brancos, defensores dos interesses da
Dados do TSE revelam que, em cerca de 90% dos mu-
elite econômica – e não dos da população em geral.
nicípios, as Câmaras foram compostas com menos de 30%
Para a socióloga Rosali Scalabrin, a sub-repre-
de mulheres. Esse seria o índice mínimo considerado pe-
sentação se deve também à divisão sexual do tra-
la lei eleitoral na apresentação de candidaturas, todavia,
balho, que sobrecarrega as mulheres em razão da
não há cota para eleições. Para ampliar a presença de dupla jornada. As mulheres trabalham fora e mes-
mulheres em cargos de representatividade, a lei eleitoral mo assim cuidam sozinhas, ou praticamente sozi-
estabeleceu desde 2009 que os partidos ou coligações nhas, das atribuições da esfera doméstica e do cui-
devem destinar o mínimo de 30% e o máximo de 70% pa- dado da família. Logo, o tempo disponível para a
ra candidaturas de cada sexo, mas ao menos 11% dos política seria mínimo.
partidos e coligações não cumpriram com o estabelecido
1. Reflita e escreva um pequeno texto sobre as
nas últimas eleições.
incumbências que recaem sobre a mulher no
Segundo pesquisadoras da representação política fe-
cuidado da família e da casa e a desigualdade
minina, a falta de penalidades para o desrespeito à regra que isso gera entre homens e mulheres em vários
é um dos fatores que inibem a participação das mulheres espaços sociais.
na política. Além desse dado, a ausência de recursos
Pedro Ladeira/Folhapress
Deputadas mulheres pedem a aprovação da proposta que fixa cotas para eleição de mulheres no Legislativo. Brasília (DF), 2015.
O populismo de Vargas
Durante seu governo, Getúlio Vargas adotou uma série de medidas que
acenava para determinados anseios da população. Tais medidas integravam
um conjunto de práticas e ações que tinham por intenção angariar apoio e
admiração popular ao presidente, vinculando a ele a figura de um homem
carismático e comprometido com a população. No entanto, ao mesmo tempo
Carlota Pereira de Queirós foi médica que essas medidas eram praticadas, o governo silenciava e reprimia dura-
e deputada federal. Foto de 1933. mente seus críticos e opositores.
As posturas de Vargas enquadram-no em uma categoria política conhe-
cida como populismo, bastante comum na América Latina durante o século
Acervo Iconographia/Reminiscências
XX, mas que também pode ser observado em outras épocas e lugares. O po-
pulismo se caracteriza pela ascensão ao poder de indivíduos que se colocam
(e são reconhecidos) como líderes máximos da nação, sobrepondo-se, inclu-
sive, a outras instituições políticas e sociais. Esse posicionamento se dá pelo
apoio e pela admiração de uma parcela expressiva da população, que se con-
sidera e a qual o líder considera “o povo”, em detrimento dos demais seg-
mentos da sociedade.
1. Em quais lideranças políticas da atualidade você identifica características
populistas?
Leolinda Daltro foi sufragista e 2. Em sua opinião, quais vantagens e desvantagens o emprego de práticas
fundadora do Partido Republicano populistas pode acarretar para a população de um país?
Feminino. Foto de 1917.
INTERAÇÃO
lheres para as disputas eleitorais. Nas eleições de 1998, pela primeira vez, houve 1. Além dos aspectos dis-
uma candidata à Presidência da República. Nas eleições de 2000, concorreram cutidos anteriormente,
70 321 mulheres às Câmaras de Vereadores e 1 139 às prefeituras municipais. de que outras ações as
Foram eleitas 6 992 vereadoras e 318 prefeitas, sendo seis delas em prefeituras mulheres poderiam
de capitais; uma delas, inclusive, na prefeitura da maior cidade do país. O marco lançar mão para parti-
dessa conquista ocorreu em 2011, com a eleição de Dilma Rousseff para a presi- cipar mais ativamente
dência, reforçada por sua reeleição em 2015. da resolução dos pro-
Apesar dos inegáveis avanços, nas eleições de 2018, a dez dias da votação, a blemas da comunida-
de? Se necessário, faça
maioria dos partidos do país precisou recorrer a candidaturas cujas vices ou su-
uma pesquisa sobre o
plentes eram mulheres para conseguir o percentual mínimo estabelecido pela
tema e, depois, com-
política de cotas. Segundo a professora de Ciência Política Rachel Meneguello, partilhe suas descober-
sem mudanças internas nos partidos a estimular de forma legítima o ingresso e tas com a turma.
a atuação das mulheres, a política continuará a ser um universo predominante-
mente masculino.
Alan Marques/Folhapress
PARA EXPLORAR
[…]
Para a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, deputada Lídice da Mata (PSB-
-BA), é fundamental que as mulheres participem mais das instâncias de poder do País. “Primeiro para uma
representação real da sociedade brasileira. Nós somos 52% da população, não tem sentido que nós não te-
nhamos uma participação pelo menos aproximada disso”, afirmou. “Estamos distantes daquilo que é dese-
jável para que tenhamos uma Casa que represente a democracia brasileira”, acrescentou.
haje, Lara. Baixa representatividade de brasileiras na política se reflete na Câmara. Agência Câmara de Notícias, 29 mar.
2019. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/554554-baixa-representatividade-de-brasileiras-na-politica-
se-reflete-na-camara/. Acesso em: 28 maio 2020.
a) Por que podemos afirmar não apenas que a representatividade feminina na política é baixa, mas
também que ela transparece na ocupação de cargos de poder?
b) Por que, segundo a deputada Lídice da Mata, é fundamental que as mulheres participem mais
das instâncias de poder?
c) De que maneira a baixa representatividade feminina pode impactar a democracia do Brasil?
2 Em 1918, de volta ao Brasil, Bertha Lutz envolveu-se imediatamente na luta pelo voto feminino. Leia
o texto que ela publicou na Revista da Semana:
a) Qual era a situação das mulheres russas e de alguns países da Europa no que se referia aos di-
reitos políticos, segundo Bertha Lutz?
b) Quem eram as mulheres morenas a quem ela se refere e qual era sua situação?
c) Em seu entendimento, a situação de desrespeito às mulheres, que Bertha denuncia ocorrer no
Rio de Janeiro daquela época, ainda tem lugar no Brasil atual?
3 De que forma a desconsideração do Estado laico por parte de alguns parlamentares, que se posicionam
como defensores de determinada fé, pode impactar as políticas públicas destinadas às mulheres?
5 Em 1936, ao assumir o mandato de deputada na Câmara Federal, a parlamentar Bertha Lutz propôs
mudanças na legislação referente ao trabalho da mulher, visando, além de igualdade salarial, à li-
cença de três meses para a gestante e à redução da jornada de trabalho, então de 13 horas diárias.
Pesquise para saber quais são as regras atuais para a licença-maternidade e a jornada de trabalho.
Anote as informações obtidas.
Adilson Secco/ID/BR
100%
52,5% Porcentagem
50% feminina do
eleitorado
10,7%
6,6%
0
1997 2000 2005 2010 2015 2017
Mulher Homem
Fonte de pesquisa: Eleitoras são 52% – eleitas, só 10% do Congresso. Jornal do Campus, 6 out. 2018. Disponível em: http://
www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2018/10/eleitoras-sao-52-eleitas-so-10-do-congresso/. Acesso em: 28 maio 2020.
a) Observando o gráfico acima, é possível concordar com a afirmação de que é o eleitorado femini-
no que decide as eleições?
b) Como a questão da representatividade feminina tem se alterado ao longo das duas últimas dé-
cadas?
c) A partir da observação do gráfico acima e do que você aprendeu sobre a lei de cotas eleitorais,
comente a afirmação da socióloga Fátima Pacheco Jordão, citada no artigo indicado na fonte de
pesquisa do gráfico: “Os partidos são instituições muito masculinas, e o Brasil é um país muito
atrasado com relação a esse recorte de gênero na política. Se há instituição mais machista no
Brasil, acho que só o futebol. Masculino, claro”.
7 (Enem)
112
Margaret Thomas/The The Washington Post/Getty Images
Eu queria que tivessem uma resposta para a pergun-
ta “o que é feminismo?” que não fosse ligada nem a me-
do nem a fantasia. Queria que tivessem esta simples
definição para ler repetidas vezes e saber que: “Femi-
nismo é um movimento para acabar com sexismo, ex-
ploração sexista e opressão.” Adoro essa definição, que
apresentei pela primeira vez há mais de dez anos em
meu livro Feminist Theory: From Margin to Center . **
Adoro porque afirma de maneira muito clara que o mo-
vimento não tem a ver com ser anti-homem. Deixa cla-
ro que o problema é o sexismo. E essa clareza nos ajuda
a lembrar que todos nós, mulheres e homens, temos sido socializados desde o nascimento para aceitar Bell Hooks é escritora,
professora, teórica
pensamentos e ações sexistas. Como consequência, mulheres podem ser tão sexistas quanto homens. feminista, ativista
Isso não desculpa ou justifica a dominação masculina; isso significa que seria inocência e equívoco de social estadunidense
pensadoras feministas simplificar o feminismo e enxergá-lo como se fosse um movimento de mulher e uma das vozes mais
proeminentes do
contra homem. Para acabar com o patriarcado (outra maneira de nomear o sexismo institucionalizado), feminismo na
precisamos deixar claro que todos nós participamos da disseminação do sexismo, até mudarmos a atualidade. Foto de
consciência e o coração; até desapegarmos de pensamentos e ações sexistas e substituí-los por pen- 1999.
samentos e ações feministas.
Homens, como um grupo, são quem mais se beneficiaram e se beneficiam do patriarcado, do pressu-
posto de que são superiores às mulheres e deveriam nos controlar. Mas esses benefícios tinham um pre-
ço. Em troca de todas as delícias que os homens recebem do patriarcado, é exigido que dominem as mu-
lheres, que nos explorem e oprimam, fazendo uso de violência, se precisarem, para manter o patriarcado
intacto. A maioria dos homens acha difícil ser patriarca. A maioria dos homens fica perturbada pelo ódio
e pelo medo de mulher e pela violência de homens contra mulheres, até mesmo os homens que dissemi-
nam essa violência se sentem assim. Mas eles têm medo de abrir mão dos benefícios. Eles não têm cer-
teza sobre o que vai acontecer com o mundo que eles já conhecem tão bem, se o patriarcado mudar. En-
tão acham mais fácil apoiar passivamente a dominação masculina, mesmo quando sabem, no fundo, que
estão errados. Repetidas vezes, homens me falam que não têm a menor ideia de o que feministas querem.
Acredito neles. Acredito na capacidade que eles têm de mudar e crescer. E acredito que, se soubessem
mais sobre feminismo, não teriam mais medo dele, porque encontrariam no movimento feminista espe-
rança para sua própria libertação das amarras do patriarcado.
hooks, Bell. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras. Tradução de Ana Luiza Libânio. Rio de Janeiro:
Rosa dos Tempos, 2018. E-book.
2. Você concorda com a autora quando ela afirma que, ao mesmo tempo que homens se
beneficiam do patriarcado, eles também são prejudicados por essa estrutura? Por quê?
5. Em sua opinião, quais medidas podem ser adotadas por mulheres e homens para inter-
romper e reparar as opressões impostas às mulheres por meio de estruturas sociais
machistas?
• Revista Brasileira de História – Associação • Faça uma capa para seu trabalho. No topo da
Nacional de História (ANPUH) folha, centralizado, escreva o nome de sua
escola, em negrito.
• Estudos Históricos – Centro de Pesquisa e
Documentação de História Contemporânea • O nome dos integrantes do grupo, em letras
maiúsculas, deve vir três parágrafos abaixo.
do Brasil da Fundação Getulio Vargas
• No centro da capa, escreva o título do seu tra-
• História – Universidade do Estado de São Pau-
balho, em negrito e em maiúsculas.
lo (Unesp)
• Logo abaixo, se houver, escreva o subtítulo,
• Revista de História – Faculdade de Filosofia,
sem negrito e todo em maiúsculas.
Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo (USP) • Na final da página, nas últimas duas linhas
da folha, centralize o texto e escreva na pri-
• Tempo – Universidade Federal Fluminense
meira linha o local (cidade e estado) e na se-
(UFF)
gunda linha a data (ano).
• Varia Historia – Faculdade de Filosofia e Ciên-
cias Humanas da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) Questões para discussão
• Clio – Programa de pós-graduação da Univer-
1. Que desafios vocês encontraram durante a
sidade Federal de Pernambuco (UFPE) realização desse tipo de pesquisa (revisão
• História Revista – Universidade Federal de bibliográfica)? O que foi mais fácil e o que foi
Goiás (UFG) mais difícil?
3 Para que o grupo possa ter contato com uma 2. Segundo as revisões bibliográficas elaboradas
quantidade razoável de artigos, cada integran- por vocês, que grupos sociais estavam interes-
sados no fim da monarquia e participaram do
te deve se responsabilizar pela leitura de um ou
processo de instauração da república? Quais
dois artigos, fazer o fichamento e apresentar eram seus interesses?
um resumo dos artigos para os colegas.
3. Tendo em vista o que concluíram a partir da
4 Para finalizar o trabalho, vocês produzirão um pesquisa, como vocês acham que esses grupos
texto expondo o estado da arte do problema, influenciaram os destinos dessa república? De
ou seja, em que ponto se encontram os estudos que forma a permanência da desigualdade a
que o texto inicial desta seção faz referência
sobre os sujeitos históricos envolvidos no pro-
está relacionada a esse cenário?
cesso de passagem da monarquia à república
no Brasil e quais eram os seus interesses.
Comunicação dos resultados
Parte III - Elaboração do texto
Para que o resultado das pesquisas realizadas
1 Redijam, então, em grupo, um texto único com por vocês possa ser compartilhado com outras
as conclusões a que vocês chegaram. pessoas que se interessem pelo assunto, organi-
• Primeiro apresentem o problema, o livro de zem uma revista com a coletânea de revisões bi-
bliográficas feitas pela turma. Pesquisem na in-
referência escolhido e seu autor ou autora e
ternet e escolham um aplicativo de criação de
os conceitos e as proposições de cada um re-
revistas on-line. Há muitas opções, e boa parte é
lativos ao tema.
gratuita. Elaborem um texto explicando o proces-
• Em seguida, apresentem os artigos lidos por so de realização das revisões bibliográficas, que
vocês, mostrando de que forma eles comple- deve ocupar a primeira página da revista. Na se-
mentam, ampliam ou se contrapõem às ideias quência dessa página, componham os trabalhos
do autor ou autora de referência. da turma. Não se esqueçam de fazer uma capa
com o nome da revista e a identificação da escola,
2 Formatem o texto segundo as normas (padrão
da cidade e do estado de vocês.
da ABNT) para a revisão bibliográfica:
Compartilhem o link da revista em suas redes
• Tipo de letra: Arial ou Times. Sempre seguindo sociais e divulguem, na escola, a revista elaborada
o mesmo padrão do restante do documento. por vocês.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
DESENVOLVIDAS NA UNIDADE
Competências gerais:
CGEB1, CGEB2, CGEB4, CGEB5,
CGEB6, CGEB7, CGEB8, CGEB9 e
CGEB10.
Competências específicas e
habilidades das áreas:
CECHSA1: EM13CHS101,
EM13CHS102, EM13CHS103 e
EM13CHS106.
CECHSA2: EM13CHS202,
EM13CHS203 e EM13CHS204.
CECHSA3: EM13CHS302,
ORGANIZAR IDEIAS
116
Unidade
4
O Brasil e a América do Sul 10
O Palácio Itamaraty, em
Brasília (DF), é a sede
do Ministério das
Relações Exteriores do
Brasil. Foto de 2018.
117
10
O BRASIL E A
CAPÍTULO
AMÉRICA DO SUL
As regionalizações são formas de organização e divisão do espaço geográfico
» Competências e em regiões. Cada regionalização segue critérios diversos e pode ser utilizada pa-
habilidades
ra muitas finalidades, geralmente ligadas à organização administrativa. A ideia
CGEB1, CGEB2, CGEB6,
CGEB9 e CGEB10. de América do Sul, por exemplo, é uma forma de regionalização construída levan-
CECHSA1: EM13CHS101, do em consideração principalmente características físicas dessa região.
EM13CHS102, EM13CHS103 e Essa regionalização, contudo, incorporou características políticas, econômicas
EM13CHS106.
e identitárias, como comentado pelo historiador Leandro Gavião no trecho a seguir.
CECHSA2: EM13CHS202 e
EM13CHS204.
CECHSA3: EM13CHS304 e
EM13CHS305.
A conjuntura interamericana também contribuiu para que a América do Sul ga-
CECHSA6: EM13CHS601 e
nhasse contornos de apelo identitário, ultrapassando a condição de mera expressão
EM13CHS604. geográfica. Sua “concorrente” latino-americana, que havia ganho relevo a partir da
criação da Cepal e da Alalc – em 1948 e 1960, respectivamente –, perdeu operaciona-
lidade nos anos 1990. Primeiro, porque se reconheceu que as ousadas propostas de
integração regional de coloração latino-americana não conseguiram decolar. Segun-
do, por causa da “deserção” do México, uma vez que o país latino-americano mais
importante fora da América do Sul concluiu as negociações para ingressar no Tratado
Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta).
O reconhecimento do compartilhamento de uma mesma matriz cultural-idiomá-
tica e a alteridade em relação aos Estados Unidos, que atuavam como fatores de sus-
tentação da identidade latino-americana, perderam a relevância que tinham no pas-
sado. Buscou-se, a partir de então, priorizar projetos mais pragmáticos, que
atentassem para o subcontinente sul-americano, ainda que isso significasse incluir
dois países de herança não latina: a Guiana e o Suriname.
Gavião, Leandro. Ascensão e queda da América do Sul. Le Monde Diplomatique, 2 maio 2018.
Disponível em: https://diplomatique.org.br/ascensao-e-queda-da-america-do-sul/.
Acesso em: 14 maio 2020.
118
BRASIL E VENEZUELA: TENSÕES CONTEMPORÂNEAS
As relações entre Brasil e Venezuela são um excelente exemplo do papel exer-
Federico Parra/AFP
cido pelo Estado brasileiro em relação aos demais países da América do Sul. Ao
longo do tempo, as trocas diplomáticas, comerciais e políticas entre esses dois
países foram se modificando à medida que os partidos que os governam se alte-
raram ou se mantiveram no poder.
Em unidades anteriores, vimos que os partidos políticos são organizações que
defendem projetos políticos específicos. Em tese, os cidadãos elegem candidatos
que se alinham aos projetos políticos que melhor representam seus interesses.
Assim, em períodos durante os quais ambos os países tiveram como represen-
tantes do Poder Executivo presidentes mais ou menos alinhados à esquerda, as
relações foram mais próximas e cooperativas.
De 1999 a 2013, a Venezuela foi governada por Hugo Chávez (1954-2013),
de orientação ideológica alinhada à esquerda radical. Mas o que isso significa-
va na prática? Nesse caso, significava que Chávez e seus correligionários de- Em 2019, o presidente da Assembleia
fendiam não só reformas sociais, mas também a revolução, com a distribuição Nacional da Venezuela, Juan Guaidó,
autodeclarou-se presidente interino
de terras e de renda, a estatização dos principais meios de comunicação e o
do país. Na foto, Guaidó fala durante
controle das atividades empresariais no país como forma de controlar e dirimir uma coletiva de imprensa em Caracas,
a desigualdade social. Venezuela, em 2020.
Chávez sempre enfrentou opositores, especialmente aqueles pertencentes
à elite empresarial, que se ressentiu da perda de determinados privilégios. Por
outro lado, alterou a Constituição, com aprovações mediante plebiscitos, para
se manter no poder durante 14 anos, além de ser acusado de perseguir e de
torturar membros da oposição, de impedir a liberdade de imprensa e a livre ex-
pressão de indivíduos. Seu principal opositor internacional foram os Estados
Unidos, que promoveram diferentes embargos ao país, com punições econômi-
cas às nações que se negavam a seguir suas diretrizes. Diante disso, o Brasil
atuou diversas vezes como mediador dos embates políticos e econômicos entre
as duas nações.
Entre os anos 2003 e 2016, o Brasil foi governado por dois presidentes asso-
ciados à esquerda. Assim, Brasil e Venezuela se aproximaram e firmaram dife-
rentes acordos diplomáticos de ajuda mútua, como a troca de tecnologias nas PARA EXPLORAR
áreas da saúde e da educação. Esse cenário começou a mudar a partir de 2013,
com a morte de Chávez, e se transformou completamente em 2019, com a posse » Vindas & Vidas. Direção:
Ana Cláudia Dolores, Cláu-
de Jair Messias Bolsonaro, então membro do Partido Social Liberal (PSL), alinha- dia Holder, Jaqueline Maia
do à direita mais conservadora. e Lícia Magna. Brasil, 2019
Após o falecimento de Chávez, em 2013, a Venezuela mergulhou em uma gran- (48 min).
de crise política que atingiu a economia e a estabilidade do país. A oposição mo- Conheça a história de quatro
bilizou parte do Exército para forçar um golpe político. O então presidente vene- famílias venezuelanas que vie-
zuelano, Nicolás Maduro Moros, reagiu de modo violento, sufocando a rebelião. ram ao Brasil buscar melhores
A população foi penalizada com uma situação de carestia e desabastecimento, condições de vida, fugindo da
crise econômica, política e hu-
acirrada ainda mais pelos embargos estadunidenses.
manitária da Venezuela. O do-
Em 2019, o Brasil posicionou-se favorável à tomada do poder pelos opositores
cumentário está disponível em:
de Maduro. Ao mesmo tempo, passou a receber cada vez mais imigrantes vene- https://www1.unicap.br/
zuelanos, inclusive militares que desertaram. Esse posicionamento deixou o Es- vindasevidas/assistir.html.
tado brasileiro em posição delicada, já que significou o rompimento das relações Acesso em: 26 maio 2020.
com o governo de Maduro e o apoio a Juan Guaidó, intervindo de modo mais di-
reto na gestão da crise de outro Estado.
INTERAÇÃO
[…]
No final do século XIX, o Paraguai ainda sofria com as consequências da guerra
oitocentista. Era um país devastado, politicamente instável, com uma majoritária po-
pulação rural e suas elites econômicas e políticas em permanente disputa pelo poder.
Os intelectuais se abocaram a interpretar e explicar as razões dessa situação. Enquan-
to alguns interpretavam que a realidade paraguaia era consequência da existência de
INTERAÇÃO
um povo ignorante, [...] outros [...] tentaram demonstrar que o Paraguai, antes da guer-
1. O que foi a Grande
ra, tinha sido um dos países mais desenvolvidos e independentes do continente.
Guerra, referenciada no
texto de Marcela Quin- Com a Guerra Grande, o país viu-se submerso em uma crise econômica, demográ-
teros? Em que região fica e política, mas também identitária. Para os revisionistas, o conflito bélico foi o
esse evento foi assim marco a partir do qual o Brasil e a Argentina ganharam territórios, mas também foi
chamado? Levante hi- interpretado como um ataque à única nação que, após a independência, não sofreu
póteses e explique sua as lutas internas que fragmentaram as demais nações latino-americanas. A preser-
ideia aos colegas. vação da unidade territorial como cultural do Paraguai, na interpretação do revisio-
2. Por que a ação brasilei- nismo paraguaio, foi consequência de uma identidade forjada desde o período colo-
ra durante a Guerra do nial e zelosamente cuidada pelos governos de José Rodríguez de Francia (1814-1840),
Paraguai pode ser con- Carlos Antonio López (1844-1862) e Francisco Solano López (1862-1870).
siderada imperialista? […]
Escreva um parágrafo,
Quinteros, Marcela Cristina. O imperialismo/anti-imperialismo no revisionismo histórico
mobilizando seus co- paraguaio. In: Simpósio Internacional Pensar e Repensar a América Latina, 2., 2016. Anais […].
nhecimentos sobre o São Paulo: Universidade de São Paulo, 2016. p. 1-10. Disponível em: http://www.hu.usp.br/
imperialismo para res- wp-content/uploads/sites/35/2016/12/Marcela_Quinteros_II-Simposio-Internacional-Pensar-e-
ponder à questão. Repensar-a-America-Latina.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.
Logotipo da Coica.
Logotipo da Caoi.
Fonte de pesquisa: Muriel, Bruna. Os povos indígenas na América do Sul: entre a IIRSA e o buen vivir. Cadernos do CEAS: Revista crítica de
humanidades, Salvador, n. 241, p. 327-341, maio/ago. 2017. Disponível em: https://cadernosdoceas.ucsal.br/index.php/cadernosdoceas/article/
view/349. Acesso em: 20 maio 2020.
As relações entre o Brasil e outros Estados da América do Sul oscilam de acordo com as aproximações ideoló-
gicas entre os partidos que ocupam a liderança do Poder Executivo. Observe neste infográfico a situação política
na América do Sul em 2013 e em 2018. Quanto maior a semelhança entre os projetos políticos, maior o nível de
aliança entre os Estados; quanto maior a diferença entre os projetos de governo, maior a dificuldade para a ma-
nutenção dos acordos diplomáticos.
EQUADOR EQUADOR
PERU PERU
BRASIL BRASIL
BOLÍVIA BOLÍVIA
PARAGUAI PARAGUAI
CHILE CHILE
ARGENTINA ARGENTINA
URUGUAI URUGUAI
Fonte de pesquisa: Corrupção e problemas econômicos tiram a esquerda do poder na América do Sul. Gazeta do Povo, 10 jul. 2018. Disponível em:
https://infograficos.gazetadopovo.com.br/politica/mudanca-politica-na-america-do-sul/. Acesso em: 20 maio 2020.
1 Observe novamente o mapa histórico reproduzido b) As informações de 2018 ainda são válidas para o
na página 121 e compare-o a um mapa político atual contexto político atual da América do Sul? Façam
do Brasil. uma pesquisa sobre os governos atuais nos paí-
a) Cite duas diferenças entre eles. ses listados e proponham uma atualização desse
esquema. Em uma folha de papel avulsa, criem
b) Alguma dessas diferenças está relacionada com uma terceira coluna referente ao ano atual. Com-
os resultados da Guerra do Paraguai? Se neces- partilhem suas atualizações com a turma e veri-
sário, faça uma pesquisa em publicações impres- fiquem as atualizações feitas pelos colegas.
sas ou digitais para responder à questão. Com-
partilhe suas percepções com a turma. 4 Assim como em muitos outros processos históricos,
as narrativas relacionadas à Guerra do Paraguai
2 Na página 123, você conheceu duas importantes muitas vezes desconsideram e até mesmo ocultam
organizações de grupos indígenas da América do Sul. a participação feminina nesse conflito.
Reúna-se com mais três colegas e leiam as orienta- a) Na sua opinião, por que isso acontece?
ções a seguir. Vocês vão investigar a atuação da
b) Você já ouviu falar sobre Elisa Alicia Lynch ou Ana
Coica e da Caoi.
Néri? Faça uma pesquisa para saber mais sobre
a) Cada grupo deverá escolher uma das duas orga- essas personagens e seus envolvimentos com a
nizações para pesquisar. Cuidem para que haja Guerra do Paraguai.
equilíbrio entre o número de grupos associados
a cada organização. O objetivo é que os grupos 5 (Vunesp)
pesquisem as principais ações de cada organiza-
ção, suas lideranças e suas áreas de atuação e
como são as relações entre a instituição pesqui-
O venezuelano que chega ao Brasil não o faz por
sada e os Estados da América do Sul.
outra razão, senão a falta de alternativas de subsis-
b) Os grupos devem escolher um método de pes- tência. Deseja recomeçar, ter condições mínimas de
quisa e uma forma de divulgar as informações sobrevivência para sua família e isso não lhe pode ser
sobre a organização pesquisada. Primeiro, listem
negado. Somos um país tradicionalmente acolhedor
as práticas de pesquisa que vocês conhecem
e devemos nossa riqueza cultural a isso.
(como entrevistas, análise de mídias, etc.), depois,
as formas como vocês gostariam de divulgar as (https://politica.estadao.com.br. 20 ago. 2019. Adaptado)
informações (publicação em redes sociais, expo-
sição, painel ilustrado, infográfico, etc.). Efetuada
a escolha, lembrem-se de verificar se a forma de Sobre a crise humanitária e política que ocorre no
divulgação é adequada para veicular as informa- Brasil decorrente do grande número de imigrantes
ções obtidas por meio do método de pesquisa provenientes da Venezuela, é correto afirmar:
selecionado. a) apesar do alarde criado pela mídia, o número de
c) Combinem algumas datas para o compartilha- imigrantes que cruza a fronteira com o Brasil não
mento dos resultados das pesquisas e da produ- altera a dinâmica das cidades fronteiriças que os
ção da divulgação. Lembrem-se de que as infor- acolhem no estado de Roraima.
mações devem ser claras para a comunidade b) o grande número de imigrantes não reflete a atual
escolar e que a comunicação entre os grupos é situação econômica e política da Venezuela, pos-
importante para evitar a repetição ou a falta de to que há muitos anos isso vem ocorrendo siste-
alguma informação importante. maticamente e na mesma proporção.
d) Façam registros dos processos de pesquisa e de c) embora sejamos culturalmente acolhedores, as
apresentação e, ao final, compartilhem as princi- leis de imigração brasileiras obrigam o fechamen-
pais percepções do grupo em uma roda da con- to das fronteiras de Roraima para imigrantes
versa. provenientes de países vizinhos, o que não vem
sendo cumprido.
3 Forme dupla com um colega. Retomem as informações d) tendo em vista as leis brasileiras, o estado de
do infográfico da página 125 para responder às Roraima tem sido o mais afetado pela questão na
questões a seguir. atualidade, posto que é a principal fronteira com
a) Considerando os governos do Brasil de 2013 e de a Venezuela.
2018, com quais países o Brasil possivelmente e) embora as leis brasileiras determinem o acolhi-
estreitou laços em cada momento? Anotem suas mento, o Brasil tem se recusado terminantemen-
hipóteses no caderno e façam uma pesquisa para te a receber imigrantes, fechando suas fronteiras,
verificar se elas se confirmam. Se não se confir- em especial de Roraima, para todos os países,
maram, pesquisem os motivos. sobretudo a Venezuela.
O cais
O cais é um cais como muitos cais do mundo…
As estrelas também são iguais
às que se acendem nas noites baianas
de mistério e macumba…
(Que importa, afinal, que as gentes sejam
moçambicanas
Linoca Souza/ID/BR
ou brasileiras, brancas ou negras?)
Jorge Amado, vem!
Aqui, nesta povoação africana
o povo é o mesmo também
é irmão do povo marinheiro da Baía,
companheiro de Jorge Amado,
amigo do povo, da justiça e da liberdade!
SouSa, Noémia de. Sangue negro. São Paulo:
Kapulana, 2016. p. 77.
As trocas deram-se nas duas direções, e a cada um dos lados do Atlântico não era
de todo desconhecido e indiferente o que se passava no outro. A independência do Bra-
sil, por exemplo, não ficou despercebida na África – e o prova terem sido dois africanos
os primeiros reis a reconhecê-la, o Obá Ósemwede, do Benim, e o Ologum Ajan, de Eko,
Onim ou Lagos. Em Angola, os acontecimentos de 1822 tiveram enorme impacto, che-
gando a gerar uma corrente favorável à separação de Portugal e à união ao Brasil.
[…]
Repito: muito do que se passava na África Atlântica repercutia no Brasil, e vice-
-versa. Os contatos através do oceano eram constantes: os cativos que chegavam
INTERAÇÃO
M
ar
20°N
muitos paradigmas da história da
Ve
mr
“conquista” do continente africano.
elh
SENEGAL
o
Por muitos séculos, o discurso era GÂMBIA
tilha da África”.
A revisão sobre o tema aliada à OCEANO
voz dos intelectuais africanos de OCEANO ÍNDICO
diferentes etnias evidenciam que o ATLÂNTICO
ANGOLA
jamais foram dominados pelos eu- Fonte de pesquisa: Silva, Alberto da Costa e. O Brasil, a África e o Atlântico no século XIX.
ropeus. O mapa desta página evi- Estudos Avançados, v. 8, n. 21, p. 21-42, 1994. Disponível em: https://www.scielo.br/
dencia isso. img/revistas/ea/v8n21/21a03f2.gif. Acesso em: 20 maio 2020.
INTERAÇÃO
130
Brasileiros, angolanos e moçambicanos
Durante o período em
que africanos de diversas
etnias foram sequestrados
e levados à força, principal-
mente, para o continente
americano, os principais tra-
ficantes eram brasileiros ou
sócios de brasileiros. A maio-
ria deles mantinha escritórios
e até mesmo famílias em al-
gum país da costa leste ou da costa oeste
do continente africano, especialmente An-
gola e Moçambique.
Retome o mapa da página 129 e observe as áreas
onde constam as entradas portuguesas. De acordo
com as pesquisas mais recentes, essas áreas não
eram colônias, como ocorreu na América, mas feitorias
e vilas de portugueses, dependentes das relações co-
merciais com as elites locais para continuar seus exercícios
econômicos.
De acordo com os números do Banco de Dados do Tráfico
Transatlântico de Escravizados, que você conheceu na unidade
2 deste livro, cerca de 80% dos africanos levados para o Brasil fo-
ram embarcados em Angola ou Moçambique.
Essa vasta região do continente africano é povoada por centenas
de povos que compartilham valores culturais comuns, integrando a fa-
mília etnolinguística chamada, atualmente, de Níger-Congo. Em outras
palavras, Brasil, Angola e Moçambique não compartilham apenas o pas-
1. Do ponto de vista cartográfico, a obra de arte ao lado apresenta correta- chamar de lar (África-América),
2009. Alumínio polido. Nessa
mente as fronteiras do continente americano? O que não está correto em escultura, a América do Sul foi
relação ao mapa da América que conhecemos? substituída pela África, criando um
novo continente sul-americano.
2. No caderno, escreva um parágrafo traçando relações entre a poesia da Assim, o artista evidencia a potente
abertura deste capítulo e a obra do artista estadunidense Hank Willis atuação de africanos na América.
Thomas.
PARA EXPLORAR
OBSERVAÇÕES SOBRE A
COOPERAÇÃO SUL-SUL
A busca pela autonomia econômica e cultural dos países do
hemisfério Sul que compartilham um passado colonial é reco-
nhecida no contexto internacional. Para saber mais sobre o pro-
jeto Cooperação Sul-Sul, viabilizado pela ONU, consulte a linha
do tempo abaixo.
Desde o início do século XXI, o Estado brasileiro buscou forta-
lecer a interlocução com países africanos, especialmente os
lusófonos. Trata-se de um projeto político que visa tanto à auto-
O biólogo e escritor moçambicano Mia Couto e a jornalista nomia do país em relação à influência estadunidense na América
brasileira Adriana Couto participam de um bate-papo na
do Sul quanto ao enfrentamento dos países europeus e das es-
Festa Literomusical (Flim), em São José dos Campos (SP).
Foto de 2019. truturas colonialistas. Esses passos são importantes para conso-
lidar as instituições estatais e para favorecer a construção de diá-
logos que levam ao compartilhamento de estratégias e tecnologias.
Lucas Lacaz Ruiz/Futura Press
Conferência de Bandung (Indo- Conferência das Na- Lançamento do Reunião de Alto Nível
nésia) e proclamação dos prin- ções Unidas para o Plano de Ação de do Comitê
cípios gerais da Cooperação Comércio e o Desen- Buenos Aires Intergovernamental de
Sul-Sul. Também se trata de volvimento (Unctad) e (Paba), uma das Cooperação e
primeiras Seguimento (IFCC) da
um marco anticolonialista, já formação do G77,
iniciativas Cooperação Econômica
que os países presentes busca- grupo formado pelas concretas da entre Países em
vam alternativas à bipolarida- 77 maiores econo- Cooperação Desenvolvimento
de (capitalismo/socialismo). mias do mundo. Sul-Sul. (CEPD), no Cairo, Egito.
Segunda Conferência de Alto Nível das Nações Proclamação do Dia Cúpula do Sul de
Unidas para a Cooperação Sul-Sul, em Buenos da Cooperação Havana (Cuba).
Aires. O tema central das discussões destacou o Sul-Sul, pelo
papel-chave da Cooperação Sul-Sul para o 25o aniversário da
desenvolvimento mundial, em harmonia com a Conferência de
Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Buenos Aires. “Linha do tempo sem
escala temporal”.
Fontes de pesquisa: O que é a Cooperação Sul-Sul e por que ela importa? ONU Brasil, 19 mar. 2019. Disponível em: https://nacoesunidas.
org/o-que-e-cooperacao-sul-sul-e-por-que-ela-importa/; BraSil. Ministério das Relações Exteriores. Relatório 1986. Brasília, 1988.
Disponível em: http://www.funag.gov.br/chdd/images/Relatorios/Relat%C3%B3rio%201986.pdf. Acessos em: 20 maio 2020.
Em uma análise superficial, pode parecer que os projetos colonialistas empreendidos por
potências europeias contra os demais continentes foram processos históricos superados, is-
to é, que ocorreram em determinados locais e temporalidades e tiveram fim após a indepen-
dência oficial dessas regiões.
No entanto, ainda hoje há efeitos sociais desses processos, principalmente nos povos que
vivem nas regiões que foram colonizadas, em especial na América do Sul e no continente afri-
cano. Isso evidencia que estruturas coloniais de pensamento e principalmente de relações de
poder sobreviveram ao fim dos dispositivos jurídicos que determinavam a relação entre coloni-
zador e colonizado, ocasionando formas de opressão diversas, que se mantêm até a atualidade.
Há, no entanto, diferentes movimentos que buscam desconstruir o pensamento colonia-
lista, focando as interações entre os povos do hemisfério Sul e a recuperação e valorização
de suas culturas. Um desses movimentos chama-se decolonialidade, cujas primeiras elabo-
rações são do final da década de 1990. Apesar de ter se originado nas universidades, seus
objetivos não se restringem a novas formas de abordar as ciências: o objetivo é transformar
as relações de poder na sociedade, de modo que as nações do Sul não se percebam inferio-
res às nações do Norte (como os países europeus e os Estados Unidos) e tampouco os povos
do Sul persistam no projeto de genocídio de pessoas negras, de movimentos sociais e de po-
vos indígenas – mais um traço de continuidade dos projetos colonialistas.
O uso do termo “decolonial” (em espanhol) no Brasil, em vez de “descolonial”, é uma das
marcas do movimento em nosso país, que busca reaproximar os brasileiros da identidade
sul-americana.
Leia, a seguir, um texto que comenta o pensamento “decolonial” como ferramenta de eman-
cipação dos povos que vivenciam a continuidade de estruturas coloniais.
Epistemologia: es- O pensamento decolonial objetiva problematizar a manutenção das condições colonizadas da episte-
tudo dos postulados, mologia, buscando a emancipação absoluta de todos os tipos de opressão e dominação, ao articular in-
conclusões, métodos
e paradigmas pró- terdisciplinarmente cultura, política e economia de maneira a construir um campo totalmente inovador
prios dos diferentes de pensamento que privilegie os elementos epistêmicos locais em detrimento dos legados impostos pe-
ramos do saber. la situação colonial. […]
[…] Depreende-se disso que o mundo co-
JC Pauw/Acervo da cedente
1. O que é “decolonialidade”?
3. A quais valores dos colonizadores os autores do texto se referem quando afirmam que
o mundo colonizado é constituído a partir do olhar do colonizador?
4. Com base nas ideias expostas no texto acima, bem como em suas vivências e seus co-
nhecimentos prévios, cite formas de atuação social que poderiam contribuir para o rom-
pimento com estruturas coloniais que ainda hoje oprimem povos que foram colonizados.
COM O BRASIL
Ao longo desta unidade, você conheceu algumas das principais relações do
» Competências e Estado brasileiro com os vizinhos sul-americanos e, depois, com alguns países
habilidades
africanos. Agora, analisaremos as questões políticas e as principais tensões rela-
CGEB1, CGEB4, CGEB5,
CGEB7 e CGEB10. cionadas ao poder enfrentadas pelo Brasil em face de países da Ásia e também
CECHSA1: EM13CHS101. dos Estados Unidos.
CECHSA2: EM13CHS204. Nesse contexto, destacam-se as tensões contemporâneas entre a China e os
CECHSA3: EM13CHS302, Estados Unidos, duas das principais economias do mundo. Com o fim da Guerra
EM13CHS303, EM13CHS304, Fria, no início da década de 1990, os dois países vêm disputando cada vez mais
EM13CHS305 e EM13CHS306.
as áreas de influência e o potencial econômico de diferentes regiões do mundo.
CECHSA5: EM13CHS504.
Qual é a posição do Brasil diante dessa disputa?
CELT1: EM13LGG101,
Como vimos em outros momentos, a política internacional do Brasil tem por
EM13LGG102, EM13LGG103
e EM13LGG104. tradição se manter imparcial em conflitos internacionais, adotando posturas di-
CELT2: EM13LGG204. plomáticas de conciliação e buscando acordos comerciais que sejam vantajosos
CELT3: EM13LGG301. para os brasileiros e para o Mercosul, grupo econômico do qual faz parte. No en-
CECNT1: EM13CNT104. tanto, há outros elementos que precisam ser levados em consideração no mo-
CECNT2: EM13CNT203 e mento de analisar as relações internacionais. Os projetos políticos dos governos
EM13CNT206. eleitos também podem influenciar as aproximações e os distanciamentos, como
vimos no capítulo 10. Além disso, é inegável o poder cultural, econômico e políti-
co que a Europa ainda hoje exerce sobre as nações do hemisfério Sul. Aqui, essas
variáveis serão retomadas. A imagem desta página faz um registro interessante
de algumas das tensões que serão analisadas.
1. Levante hipóteses com os colegas: Por que as relações entre Estados Unidos
e China impactam o Estado brasileiro? Retomem as hipóteses em outros
momentos do capítulo, para verificar se elas estavam corretas.
2. Na sua opinião, quais foram os resultados da reunião bilateral entre Estados
Unidos e China retratada na imagem desta página? Compartilhe suas im-
Brendan Smialowski/AFP
Reunião bilateral
entre os
presidentes
Donald Trump,
dos Estados
Unidos, e
Xi Jinping, da
China, à margem
da cúpula do G20
em Osaka, Japão,
2019.
136
APROXIMAÇÕES E CRISES DIPLOMÁTICAS:
BRASIL E CHINA
No contexto da pandemia de covid-19, em 2020, os Estados Unidos fizeram
severas críticas ao governo chinês pela forma como este conduziu o combate à
pandemia, chegando, inclusive, a culpabilizá-lo pela disseminação da pandemia
para o restante do mundo. Essas críticas potencializaram as tensões políticas en-
tre os dois Estados.
No mesmo ano, o governo brasileiro, alinhado a uma pauta mais neoliberal
e, em consequência, ideologicamente mais próxima dos Estado Unidos, adotou
o tom da crítica estadunidense ao governo chinês, gerando reações imediatas
das autoridades chinesas, que cobraram explicações e retratações das autori-
dades brasileiras.
Esse episódio foi visto por muitos analistas políticos como potencialmente pe-
rigoso para as relações diplomáticas entre Brasil e China, país que se configura
como um dos principais compradores da soja brasileira. Além disso, as pesquisas
sobre covid-19 na China estavam bastante avançadas e uma possível crise diplo-
mática com este país poderia trazer prejuízos às pesquisas e ações relacionadas
ao combate a esta doença no Brasil.
Como vimos, as relações entre os Estados não são condicionadas apenas pela
economia, mas também pelos projetos políticos, que podem influenciar aproxima-
ções e afastamentos em termos ideológicos. A aproximação ideológica entre Brasil
e Estados Unidos, por exemplo, contribui para um certo afastamento das relações
políticas entre China e Brasil.
Contudo, as relações entre China e Brasil nem sempre foram tensas ou distan-
tes: em 2019, a China foi o principal parceiro comercial do Brasil, sendo o principal
destino das nossas exportações – avaliadas em 51,5 bilhões de dólares – e tam-
bém a principal origem do que importamos – avaliado em 30,1 bilhões de dólares,
de acordo com dados do Ministério da Economia.
Essa aproximação foi propiciada por articulações políticas e econômicas reali-
zadas por meio do Brics, durante a primeira e a segunda década dos anos 2000, Brics: bloco econômico formado pelos
países considerados economicamen-
marcadas por pautas alinhadas aos movimentos sociais e ao Estado de bem-es- te emergentes. A palavra é uma sigla
tar social. O estreitamento das relações com a China, segunda maior economia do composta das iniciais do nome de ca-
mundo e também aquela que mais cresce por ano, foi estratégico tanto para o da país em inglês – Brasil, Rússia, Ín-
dia, China e África do Sul.
crescimento das exportações brasileiras quanto para a autonomia do Brasil em
relação aos Estados Unidos.
Líderes femininas do Brics reunidas em Jaipur, na Índia, durante o Fórum Parlamentar das Mulheres do Brics de 2016, uma iniciativa da
Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais, que reúne lideranças femininas de todos os países que fazem
parte do Brics.
Conjunto de travessas
de porcelana chinesa,
século XIX.
Federico Parra/AFP
Charge de 2019 criticando a política externa de Donald Trump e o Manifestante durante protesto em Caracas, após sanções
apoio que o líder estadunidense ofereceu ao presidente interino adotadas pelo governo estadunidense contra a Venezuela.
venuzuelano Juan Guaidó. Foto de 2019.
INTERAÇÃO
1. Quais são os temas de cada imagem? O que isso indica sobre a diplo-
macia estadunidense na América do Sul? Comente suas impressões com
a turma.
2. Elabore novas legendas para cada imagem.
• Aliança especial que alterna padrões de alinha- • O foco do Brasil recai mais no fortalecimento
mento pragmático (sem questionamentos pú- de suas alianças com os parceiros da América
blicos) e de autonomia pontual (afastamentos do Sul, enquanto os Estados Unidos fazem
sazonais, cujo foco deixa de ser a relação entre pressão pela aprovação da Área de Livre Co-
Brasil e Estados Unidos e passa a ser entre Bra- mércio das Américas (Alca). Na prática, isso pre-
sil e outros parceiros comerciais). judicaria as indústrias nacionais, que teriam de
• Não há divergências públicas com os Estados competir com os produtos estadunidenses em
Unidos, e os acordos estadunidenses são pri- pé de igualdade.
vilegiados em detrimento de acordos com ou- • Esse acordo nunca foi fechado, levando ao
tros países. rompimento do alinhamento pragmático e à
busca pela autonomia regional durante o go-
verno de Fernando Henrique Cardoso.
• Com as mudanças nas políticas internas de ca- • Retomada dos diálogos, agora mais amadure-
da país (eleição de Donald Trump, nos Estados cidos, sobre as trocas comerciais possíveis.
Unidos, e de Jair Bolsonaro, no Brasil), há o ali- • Mudanças nas políticas internas de cada país,
nhamento dos líderes conservadores. com a eleição de políticos alinhados a projetos
• A bilateralidade é questionável. Embora os lí- mais progressistas (Luiz Inácio Lula da Silva, no
deres brasileiros sejam recebidos pelos líderes Brasil, e Barack Obama, nos Estados Unidos),
estadunidenses e dialoguem com eles, em oxigenam as possibilidades diplomáticas.
2020 os Estados Unidos retiraram o Brasil da • Com a crise econômica de 2008, ocorre o isola-
lista de países em desenvolvimento, o que re- mento comercial de ambos os lados, com o ob-
presenta uma queda no status internacional jetivo de proteger os negócios nacionais. No
do país. entanto, a autonomia brasileira sai fortalecida
e conservada.
“Linha do tempo sem escala temporal.”
Fontes de pesquisa: Pecequilo, Cristina S. As relações bilaterais Brasil-Estados Unidos (1989-2008): as três fases contemporâneas. Nueva
Sociedad, 2008. Disponível em: https://nuso.org/articulo/as-relacoes-bilaterais-brasil-estados-unidos-1989-2008-as-tres-fases-
contemporaneas/; Brasil. Ministério das Relações Exteriores: Estados Unidos da América. Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/
ficha-pais/5120-estados-unidos-da-america. Acessos em: 29 maio 2020.
141
Por que ainda se desmata?
A pressão da UE pela tomada de medidas governamentais para a proteção dos
recursos da Amazônia evidencia que o Estado brasileiro lida com um problema
recorrente ao longo do século XX e que perdura no século XXI: o desmatamento
ilegal de áreas de floresta protegidas por lei.
Essa equação apresenta diferentes variáveis, como:
• projetos políticos: projetos mais alinhados ao neoliberalismo têm uma estru-
tura mais enxuta, o que pode gerar uma fiscalização ineficaz, enquanto proje-
tos mais nacionalistas podem, por exemplo, defender uma exploração maior
dos recursos naturais como forma de gerar riqueza para o país;
• pressão do empresariado: as iniciativas privadas dos setores agrícolas são res-
ponsáveis por parte considerável do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, con-
centrando renda e influência política. Assim, podem pressionar governantes
para abrandar legislações de fiscalização do desmatamento e também de pro-
teção aos povos indígenas. As empresas também podem financiar campanhas
eleitorais de representantes que vão defender seus interesses no governo.
Por que, apesar do reconhecimento dos mecanismos que deflagram
Dominika Zarzycka/NurPhoto/AFP
1 Relações bilaterais são relações baseadas na reci- a) Que aspectos das relações sino-brasileiras são
procidade entre as partes e pressupõem equidade enfatizados pelo texto?
entre ambas. Analise a linha do tempo da página b) De acordo com o diálogo proposto nas páginas
140 e responda às questões. 136 e 137, as trocas entre China e Brasil se cons-
a) Historicamente, as relações entre Brasil e Estados tituem como uma novidade do século XXI ou como
Unidos podem ser consideradas realmente bila- uma continuidade histórica? Comente suas per-
terais? Discorra com base nas perspectivas his- cepções com os colegas.
tóricas que você conhece. c) Atualmente, como estão as relações internacionais
b) Atualmente, como você classificaria as relações entre China e Brasil? Faça uma busca em publi-
entre Brasil e Estados Unidos? Faça uma pes- cações impressas ou digitais para descobrir. Ela-
quisa em publicações impressas ou digitais e, bore uma lista com as principais informações e,
depois, avalie se há continuidade com a política depois, compartilhe com os colegas.
iniciada em 2018 ou se houve algum tipo de
alteração. Compartilhe as suas descobertas com 3 (Fatec) Leia os trechos de declarações de Donald
a turma. Trump, presidente dos Estados Unidos.
As relações diplomáticas também influenciam a posição dos Estados em receber ou não imigrantes e
refugiados. Nesta seção, você e os colegas vão planejar e apresentar um seminário sobre os refugiados
no mundo contemporâneo. Seminário é um gênero oral que busca compartilhar conhecimentos e gerar
reflexões sobre determinado tema, utilizando para isso a exposição de informações e a argumentação.
Planejamento e elaboração
1. Observe a imagem a seguir.
Nelson Almeida/AFP
Em 2019, uma das obras do artista chinês Ai Weiwei foi montada no lago do Parque do Ibirapuera, em São Paulo (SP). A
instalação era parte de uma exposição do artista realizada na OCA e mostra um grupo de refugiados vestindo coletes salva-
-vidas dentro de um barco relativamente pequeno para a quantidade de pessoas.
• A quais refugiados o artista Ai Weiwei estaria se referindo em sua instalação? Por que eles estão
usando coletes salva-vidas?
2. Formem grupos de até seis alunos e compartilhem o que vocês já sabem sobre os refugiados no
mundo contemporâneo. Decidam conjuntamente em quais aspectos desse tema vocês gostariam de
se aprofundar. Por exemplo:
• Principais grupos de refugiados no mundo atual.
• Motivos pelos quais as pessoas precisam fugir de sua terra natal.
3. Após delinearem o tema, façam uma pesquisa em jornais e revistas atuais. Acessem também sites
de organizações não governamentais (ONGs) que se dedicam ao acolhimento de pessoas em situação
de refúgio.
5. É importante que o seminário promova uma reflexão aprofundada sobre o tema. Para isso, conver-
sem e pensem nas principais questões que vocês querem levantar e nos argumentos que vocês vão
utilizar para favorecer determinadas opiniões e ideias: exemplos, citações de especialistas, dados
estatísticos, etc.
7. Façam um planejamento das etapas do seminário e organizem os temas sobre os quais cada parti-
cipante vai falar. Vocês podem fazer isso em forma de tópicos, de esquema, de desenho, de fichas
coloridas, etc.
8. Reflitam sobre possíveis estratégias que tornem o seminário instigante e dinâmico para o público
que vai assisti-lo.
9. Pensem em recursos multimídia a serem utilizados durante a apresentação, como música de fundo,
imagens, gráficos, vídeos. Providenciem previamente esses recursos.
10. Com base no planejamento do seminário, ensaiem as falas e a utilização dos materiais durante a
apresentação.
11. Apresentem-se de forma clara e objetiva, articulando bem as palavras e falando em um tom que todo
o público possa ouvir. A expressão corporal também é um recurso importante.
12. Combinem com o professor a data para a apresentação dos seminários da turma e convidem alunos
de outras turmas para prestigiá-los.
13. Organizem o espaço para a apresentação e os materiais com antecedência. Alguns recursos podem
ser providenciados em conjunto com os demais grupos que vão utilizá-los também. Tenham cuidado
com a utilização de materiais emprestados.
Revisão e reescrita
Realizem o seminário na data e no horário combinados, tentando melhorar os aspectos que vocês
observaram durante o ensaio. Ao final, dediquem alguns minutos para possíveis perguntas do público.
Circulação
1. Após a apresentação, converse com o grupo. Avaliem a apresentação como um todo: se ela possibi-
litou que todos conhecessem mais sobre o tema, se conseguiu captar a atenção do público e se
houve margem para o aprimoramento em futuros seminários.
No Recife, o acolhimento dos refugiados venezuelanos é “Tem sido uma ótima oportunidade, porque nos permite
feito pela Cáritas Brasileira. Em um apartamento alugado pe- usar nossos conhecimentos clínicos na área de implantação
la entidade, moram o migrante José Stalin, a esposa, dois fi- de sistemas de gerenciamento hospitalar. Sabemos que não
lhos e uma neta, que dividem o imóvel com outra família. é nossa área diretamente, mas podemos usar nossos conhe-
cimentos para ajudar a promover a saúde”, afirma Fernando.
Ele lembra que a decisão de sair da Venezuela foi difícil,
mas necessária. “[Trabalhava] uma semana e comia um dia. carvalho, Bianka. G1 Pernambuco, 22 ago. 2019. Disponível em:
https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/08/22/
Quando trabalhava um mês, comia 2, 3, 4 dias. Às vezes, eu
refugiados-venezuelanos-passam-a-trabalhar-em-outras-funcoes-
tinha dinheiro e não tinha o que comprar. Na Venezuela, nes- por-nao-conseguir-emprego-na-area-de-formacao.ghtml. Acesso
te momento, não se pode viver. É impossível”, afirma. em: 29 maio 2020.
Nesta seção, propomos uma pesquisa com o objetivo importantes: Há imigrantes em sua cidade ou região? De
de conhecer a história e as motivações de pessoas que que países? Quais motivos os levaram a sair de seu país
vieram de outros países para tentar a vida na cidade em e por que vieram ao Brasil, especificamente para sua ci-
que você vive, e de entender como essas pessoas avaliam
dade? Que assistência recebem por parte do Estado?
a forma como o Estado brasileiro se organiza para rece-
bê-las e prestar assistência a elas. Mas antes de começar A investigação
o trabalho, faça a seguinte reflexão: Nos casos retratados
pela reportagem que você leu, quem prestou auxílio aos • Prática de pesquisa: entrevista semiestruturada
imigrantes? Em que medida o Estado esteve presente
nesse apoio?
Material
• Folhas para anotações, lápis e caneta
O problema
• Gravador ou smartphone
Para conhecer a realidade de alguns grupos de imi-
grantes no Brasil, alguns questionamentos são muito • Computador com acesso à internet
(EM13CHS104) Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores, crenças
e práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.
(EM13CHS105) Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e
oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/virtual etc.),
explicitando suas ambiguidades.
(EM13CHS201) Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos continentes,
com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos,
econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a esses processos
e às possíveis relações entre eles.
(EM13CHS203) Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferentes
sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo,
esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras).
(EM13CHS204) Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialidades e
fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Nacionais e
organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as
características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas
diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em
diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e
problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os
Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas
sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para
combatê-las, com base em argumentos éticos.
(EM13CHS603) Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de exercício da
cidadania, aplicando conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e regimes de governo, soberania etc.).
(EM13CHS605) Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade e
fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades contemporâneas e
promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes espaços de vivência,
respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.
(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias e leis propostos em diferentes épocas e culturas para comparar distintas
explicações sobre o surgimento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo com as teorias científicas aceitas atualmente.
(EM13CNT207) Identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos
quais as juventudes estão expostas, considerando os aspectos físico, psicoemocional e social, a fim de desenvolver e
divulgar ações de prevenção e de promoção da saúde e do bem-estar.
(EM13CNT310) Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e demais serviços básicos (saneamento,
energia elétrica, transporte, telecomunicações, cobertura vacinal, atendimento primário à saúde e produção de alimentos,
entre outros) e identificar necessidades locais e/ou regionais em relação a esses serviços, a fim de avaliar e/ou promover
ações que contribuam para a melhoria na qualidade de vida e nas condições de saúde da população.
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para
fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.
(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de
diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais).
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção
de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
(EM13LGG201) Utilizar as diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contextos, valorizando-as como
fenômeno social, cultural, histórico, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
(EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de
linguagem (artísticas, corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)
produzem significação e ideologias.
(EM13LGG203) Analisar os diálogos e os processos de disputa por legitimidade nas práticas de linguagem e em suas
produções (artísticas, corporais e verbais).
(EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para
formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.
(EM13LGG304) Formular propostas, intervir e tomar decisões que levem em conta o bem comum e os Direitos Humanos, a
consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global.
(EM13LGG305) Mapear e criar, por meio de práticas de linguagem, possibilidades de atuação social, política, artística e
cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutindo princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica, criativa,
solidária e ética.
(EM13MAT102) Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesquisas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por
diferentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso, inadequações que possam induzir a erros de
interpretação, como escalas e amostras não apropriadas.
(EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas
à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais,
ambientais e culturais.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais,
ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/
desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros
agentes e discursos.
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais
de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindo as
escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas
diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em
diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas,
científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos
sociais, sociedades e culturas.
(EM13CHS602) Identificar e caracterizar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo na política, na
sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, relacionando-os com as
formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade, do diálogo e da promoção da
democracia, da cidadania e dos direitos humanos na sociedade atual.
(EM13CHS603) Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de exercício da
cidadania, aplicando conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e regimes de governo, soberania etc.).
(EM13CHS605) Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade e
fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades contemporâneas e
promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes espaços de vivência,
respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para
fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos
veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na
realidade.
(EM13LGG105) Analisar e experimentar diversos processos de remidiação de produções multissemióticas, multimídia e
transmídia, desenvolvendo diferentes modos de participação e intervenção social.
(EM13LGG203) Analisar os diálogos e os processos de disputa por legitimidade nas práticas de linguagem e em suas
produções (artísticas, corporais e verbais).
(EM13LGG204) Dialogar e produzir entendimento mútuo, nas diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais), com vistas
ao interesse comum pautado em princípios e valores de equidade assentados na democracia e nos Direitos Humanos.
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais
e verbais), levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.
(EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para
formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.
(EM13MAT102) Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesquisas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por
diferentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso, inadequações que possam induzir a erros de
interpretação, como escalas e amostras não apropriadas.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais,
ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/
desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros
agentes e discursos.
(EM13CHS201) Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos continentes,
com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos,
econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a esses
processos e às possíveis relações entre eles.
(EM13CHS402) Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e tempos,
associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
(EM13CHS404) Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos históricos e/
ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na atualidade, as
transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e
problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os
Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS601) Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos indígenas e
das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a história das Américas
e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica atual, promovendo ações para a
redução das desigualdades étnico-raciais no país.
(EM13CHS603) Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de exercício da
cidadania, aplicando conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e regimes de governo, soberania etc.).
(EM13CHS606) Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de documentos
(dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identificados e construir
uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e promova o
autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para
fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados
nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade.
(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de
diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais).
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção
de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
(EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de
linguagem (artísticas, corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)
produzem significação e ideologias.
(EM13LGG302) Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes
linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação.
(EM13LGG703) Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa
e projetos autorais em ambientes digitais.
(EM13MAT102) Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesquisas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por
diferentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso, inadequações que possam induzir a erros de
interpretação, como escalas e amostras não apropriadas.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais,
ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/
desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros
agentes e discursos.
(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos,
sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas
(expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas,
tradições orais, entre outros).
(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais
de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindo as
escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
(EM13CHS202) Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e
sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos e culturais
etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais.
(EM13CHS203) Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferentes
sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo,
esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras).
(EM13CHS204) Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialidades e
fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Nacionais e
organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as
características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
(EM13CHS302) Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à
exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de análise, considerando o
modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais –, suas
práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.
(EM13CHS303) Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo, seus
impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo consumo e à adoção
de hábitos sustentáveis.
(EM13CHS304) Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de empresas
e de indivíduos, discutindo as origens dessas práticas, selecionando, incorporando e promovendo aquelas que favoreçam a
consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável.
(EM13CHS305) Analisar e discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de regulação,
controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas ambientais sustentáveis.
(EM13CHS306) Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos recursos
naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a adoção dos sistemas da
agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros).
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas
causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando
mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas,
científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos,
grupos sociais, sociedades e culturas.
(EM13LGG101) Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para
fazer escolhas fundamentadas em função de interesses pessoais e coletivos.
(EM13LGG102) Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos
veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na
realidade.
(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para interpretar e produzir criticamente discursos em textos de
diversas semioses (visuais, verbais, sonoras, gestuais).
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção
de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
(EM13LGG204) Dialogar e produzir entendimento mútuo, nas diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais), com vistas
ao interesse comum pautado em princípios e valores de equidade assentados na democracia e nos Direitos Humanos.
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais
e verbais), levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.
grespAn, Jorge. Revolução Francesa e o Iluminismo. morin, Tania Machado. Virtuosas e perigosas: as
São Paulo: Contexto, 2008. mulheres na Revolução Francesa. São Paulo: Ala-
meda, 2013.
Nesse livro, Jorge Grespan discute as relações entre o
Iluminismo e a Revolução Francesa, buscando superar a No livro, a autora explora a atuação das mulheres no pro-
ideia de que o primeiro se limitava a uma elaboração teó- cesso revolucionário francês do século XVIII, tema pouco
rica, enquanto a segunda seria simplesmente a conse- explorado pela historiografia tradicional.
quência prática dessa elaboração.
muriel, Bruna. Os povos indígenas na América do
hoBsBAwm, Eric. A Era das Revoluções: 1789-1848. Sul: entre a IIRSA e o buen vivir. Cadernos do CEAS:
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. Revista crítica de humanidades, Salvador/Recife,
A obra discute as transformações estruturais provocadas n. 241, p. 327-341, maio/ago. 2017. Disponível em:
no continente europeu como resultado da Revolução In- https://cadernosdoceas.ucsal.br/index.php/
dustrial e da Revolução Francesa. cadernosdoceas/article/view/349. Acesso em:
23 jul. 2020.
hoBsBAwm, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780:
O artigo trata das organizações indígenas na América do
programa, mito e realidade. 4. ed. Rio de Janeiro:
Sul, propondo uma reflexão sobre o conceito filosófico e
Nova Fronteira, 2004.
o projeto político-civilizatório do Buen Vivir, que ganhou
Nessa obra, o historiador Eric Hobsbawm descreve e refle- visibilidade com os movimentos indígenas equatorianos
te sobre o contexto de surgimento dos Estados nacionais. e bolivianos no início do século XXI.
POSSIBILIDADES DE INTERDISCIPLINARIDADE:
CIÊNCIAS DA NATUREZA ...................................................................................... 170
Boxes ..................................................................................................................................................... 178
164
Mas isso não é algo inédi- 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e cul-
to nos debates sobre a edu- turais, das locais às mundiais, e também participar de prá-
cação: trata-se da oficializa- ticas diversificadas da produção artístico-cultural.
ção de movimentos que já
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-mo-
faziam partem do cenário
tora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital
educativo. Por isso, a BNCC
dialoga com documentos que –, bem como conhecimentos das linguagens artística, mate-
são referências da política mática e científica, para se expressar e partilhar informações,
educacional, como a LDB e o experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos
PNE, já citados, e as Diretrizes e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
Curriculares Nacionais para o 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de in-
Ensino Médio (DCNEM), de formação e comunicação de forma crítica, significativa, re-
2018. flexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
A BNCC também dialoga Reprodução da capa da ver- escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informa-
com documentos ligados aos são final da BNCC (2018). A ções, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
organismos internacionais, pirâmide formada por cubos
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
com as cores da bandeira de
como a Agenda 2030 para o
nosso país comunica o ideal 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e
Desenvolvimento Sustentá- de construção de um projeto apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe pos-
vel (ONU, 2015) e a Global educativo para o Brasil.
sibilitem entender as relações próprias do mundo do traba-
Competency for an Inclusive
World (OCDE, 2018). A interlocução com esses textos apare- lho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
ce principalmente na abertura do documento, na qual se des- ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciên-
taca o discurso educacional dos organismos internacionais. cia crítica e responsabilidade.
Diferentemente de outros textos políticos educacionais, o 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações
interlocutor da BNCC é toda a sociedade, e não apenas do- confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos
centes, gestores escolares e estudantes. Dessa forma, refor- de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os
ça-se a concepção de que a BNCC representa um projeto de direitos humanos, a consciência socioambiental e o consu-
sociedade e, mais do que isso, de nação, cujos cidadãos – por mo responsável em âmbito local, regional e global, com po-
meio da educação – aprenderão as competências e as habi- sicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos
lidades necessárias para a transformação da sociedade bra- outros e do planeta.
sileira naquela que se pretende construir por meio do conhe-
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e
cimento que mobiliza para o agir com consciência, ética e
emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
autonomia.
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrí-
O eixo norteador do documento é o desenvolvimento das
aprendizagens essenciais dos estudantes, em uma perspec- tica e capacidade para lidar com elas.
tiva de eficiência educativa e em consonância com o propos- 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e
to pelas avaliações realizadas em larga escala. Para isso, es- a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respei-
tabelece as competências gerais e essenciais, que são to ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e va-
compreendidas como: lorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais,
seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
[…] mobilização de conhecimentos (conceitos e preconceitos de qualquer natureza.
procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e so- 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, respon-
cioemocionais), atitudes e valores para resolver deman- sabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, toman-
das complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da do decisões com base em princípios éticos, democráticos,
cidadania e do mundo do trabalho. inclusivos, sustentáveis e solidários.
Assim, estas são as competências gerais para a Educação De acordo com Antoni Zabala, o desenvolvimento de com-
Básica: petências e habilidades desloca o foco dos currículos do con-
teúdo para a aprendizagem:
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente cons-
truídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para Não é suficiente saber ou dominar uma técnica, nem é
entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e co- suficiente sua compreensão e sua funcionalidade, é neces-
laborar para a construção de uma sociedade justa, demo- sário que o que se aprende sirva para poder agir de forma
crática e inclusiva. eficiente e determinada diante de uma situação real. É nis-
so que estamos envolvidos.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem
própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a (ZaBala, 2014, p. 10)
análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar
causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver pro- Não basta saber o que fazer, mas é essencial saber para quê.
Assim, o desenvolvimento de competências e habilidades não
blemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base
objetiva apenas a obtenção de melhores resultados nas avalia-
nos conhecimentos das diferentes áreas.
ções; ele é uma resposta a anseios como “o que o estudante
165
fará com o que estuda?”, ou seja, preocupa-se com o agir. A fi- É importante salientar que a BNCC não se propõe a “unifor-
nalidade passa a nortear o processo de aprendizagem, e o foco mizar” os currículos, e sim a relacionar as escalas nacional, re-
desloca-se da formação centrada na transmissão de conheci- gional e local ao pensar a educação brasileira, orientando o pro-
mentos e memorização para um modelo fundamentado no de- cesso de formação dos currículos escolares e do corpo discente
senvolvimento por competências. Ainda segundo Zabala:
com base na diversidade de realidades locais.
Dessa forma, o documento coloca em pauta o pensamento
A competência identificará aquilo que qualquer pessoa intercultural, cujas pretensões se opõem aos processos de uni-
necessita para responder aos problemas aos quais se depa- formização do outro.
rará ao longo da vida. Portanto, competência consistirá na Entende, ainda, a educação integral como o desenvolvi-
intervenção eficaz nos diferentes âmbitos da vida mediante mento do estudante em todas as suas dimensões – intelectual,
ações nas quais se mobilizam, ao mesmo tempo e de ma-
física, emocional, social e cultural –, tendo em vista as múltiplas
neira inter-relacionada, componentes atitudinais, procedi-
culturas juvenis. E isso envolve a responsabilidade não só da
mentais e conceituais.
escola, mas também das famílias, dos educadores em geral e
(ZaBala, 2014, p. 42-43)
da comunidade.
166
oferecem os outros segmentos da Educação Básica, exigindo além da elaboração de respostas criativas para as questões
um deslocamento maior dos estudantes –, a necessidade de comunitárias. Tal postura também favorece as percepções
entrar no mercado de trabalho e a defasagem no ensino, acu- sobre a responsabilidade cidadã de responder aos anseios
mulada em anos anteriores. de melhorias sociais e de comunicar aos diferentes grupos
A reorganização da proposta do currículo de Ensino Mé- de interesse as ações possíveis e as informações confiáveis.
dio busca conscientizar os estudantes e a sociedade da im- A divulgação desses conhecimentos construídos no Ensi-
portância dessa etapa da Educação Básica para a formação no Médio é essencial para que os jovens fortaleçam a autoes-
cidadã e, também, profissional. Assim, por meio do incenti- tima e se empoderem de seus papéis como cidadãos atuan-
vo à integração entre as diferentes áreas do conhecimento, tes. Idealmente, isso reverbera em toda a comunidade, já que
os estudantes são convidados a mobilizar os diferentes co- a ação dos jovens nesse sentido impacta o seu entorno
nhecimentos que já detêm para observar, analisar, refletir, no cotidiano. Desse modo, a construção de argumentação
pensar e realizar ações acerca de questões que fazem par- coerente, alinhada aos discursos éticos e à defesa da demo-
te de seu cotidiano em nível individual e coletivo. cracia, se faz essencial para a ação cidadã proposta.
Essa perspectiva possibilita maior acolhimento das cul- O organograma a seguir sistematiza os principais resul-
turas juvenis, visando ao engajamento escolar e, especial- tados esperados na vida dos jovens com as mudanças no
mente, à ressignificação e à construção de conhecimento, Ensino Médio.
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Continuidade
dos estudos
Exercício da
cidadania
167
O ENSINO MÉDIO E AS CIÊNCIAS
HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS
Garantir um processo adequado de transição do Ensino
Fundamental para o Ensino Médio é um desafio que se im- […] conhecer melhor o mundo cultural dos alunos; per-
põe ao processo de formação escolar. Além da mudança do ceber que os alunos trazem experiências que são significa-
ciclo escolar, há, em marcha, a mudança da própria estrutura tivas e importantes; relatos de histórias de vida; observar a
do Ensino Médio, como discutido anteriormente. cultura da escola buscando elementos que possam quebrar
O tempo vivido pelo estudante no Ensino Médio é carac- a homogeneidade; refletir sobre os conhecimentos que se
terizado por inquietudes que não são silenciosas; ao contrário, pretende construir, questionar; problematizar as formas de
são bastante “barulhentas”. É nessa vivência, caracterizada
construção desses conhecimentos na escola; ouvir e prestar
pela intensificação das questões existenciais, sociais e cultu-
rais próprias da adolescência, que os estudantes assumem atenção, se aproximar e sentir o outro; descobrir no corpo
novos compromissos e responsabilidades, constituindo seu docente quem são as pessoas mais sensíveis ao tema; es-
modo de ser e estar no mundo. Dessa forma, a questão que tabelecer parcerias.
se impõe à escola é: Como a escola pode contribuir para po-
tencializar a vida dos jovens? (Candau, 2016, p. 355)
Para isso, uma possibilidade é apostar em uma educação
intercultural, que significa pensar a organização do currículo Assim, a escola se abrirá para a diversidade das culturas
escolar tendo como foco os estudantes, contemplando a acei-
juvenis, buscando olhar, aproximar e sentir o outro em toda
tação e o respeito às diferenças e à diversidade cultural.
a complexidade da sua formação humana. Nesse aspecto,
É importante considerar que a escola exerce um papel
as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas desempenham um
fundamental para a formação humana por meio de práticas
educativas planejadas e intencionais. É essencial, nesse pro- papel essencial na educação da juventude, já que permitem
cesso, incentivar os estudantes a exercitar a autonomia, ou investigar, analisar, identificar e observar de modo crítico o
seja, o efetivo protagonismo, dando oportunidade à produ- mundo e a sociedade, os papéis sociais, as dinâmicas de po-
ção e à apropriação de saberes de forma crítica, incentivando der e outras características culturais que favorecem as per-
os diálogos culturais e gerenciando as questões relacionadas cepções sobre a própria identidade e, também, as possibili-
ao universo do adolescente. Segundo Candau, é preciso dades de transformação social.
168
[…] a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – 6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando
integrada por Filosofia, Geografia, História e Sociologia – diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exer-
propõe a ampliação e o aprofundamento das aprendizagens cício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade,
essenciais desenvolvidas no Ensino Fundamental, sempre autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
orientada para a uma formação ética. Tal compromisso edu- (Brasil, 2018, p. 570)
cativo tem como base as ideias de justiça, solidariedade,
autonomia, liberdade de pensamento e de escolha, ou seja, Como é possível observar, a área de Ciências Humanas e So-
a compreensão e o reconhecimento das diferenças, o res- ciais Aplicadas tem entre seus objetivos provocar os estudantes
peito aos direitos humanos e à interculturalidade, e o com- para a percepção crítica do conhecimento e de sua brevidade,
bate aos preconceitos de qualquer natureza. com o intuito de buscar soluções sociais criativas e éticas. A con-
cepção apresentada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
(Brasil, 2018, p. 561)
vações para essa área do conhecimento é consonante com aque-
la observada na BNCC, como é possível identificar a seguir:
Apresentamos, a seguir, alguns exemplos práticos da im-
portância estratégica das Ciências Humanas e Sociais Apli-
cadas para a formação ética e cidadã: As pesquisas em ciências humanas vão desde o estudo
• identificar e analisar as relações de poder, assim como do comportamento humano passando pela interação em
dialogar e refletir sobre elas, favorece a formulação de contextos sociais, culturais, ambientais, econômicos e polí-
percepções sobre a sociedade em que se vive e sobre os ticos, aos desenvolvimentos da linguagem, artes e arquite-
impactos dessas relações em diferentes níveis na própria tura. Estas pesquisas têm na dinâmica humana sua centra-
comunidade, como a formação do território ocupado; lidade, com focos históricos ou contemporâneos, de
contextos pessoais a globais, e consideram o nosso preparo
• investigar as próprias identidades culturais e refletir sobre para os desafios do futuro. Por meio da pesquisa em macroá-
elas possibilita não apenas o autoconhecimento, mas tam-
reas da Linguística, Artes, Humanidades, Ciências Sociais,
bém a percepção sobre si e sobre os outros, sobre o modo
Sociais Aplicadas e Ética, e de seus desdobramentos e inter-
como os estudantes colocam no mundo suas identidades
-relações, espera-se a habilitação coletiva da sociedade bra-
individuais e coletivas, afetando desde as relações pes-
sileira em sua capacidade de questionar, pensar criticamen-
soais até as relações institucionais;
te, resolver problemas, comunicar de maneira eficaz, tomar
• debater e fomentar essas ideias promove a apreensão fi- decisões e adaptar-se às mudanças. Responder aos desafios
losófica dos estudantes e colabora para torná-los críticos humanos exige uma compreensão dos principais fatores,
e atentos ao mundo em que vivem. linguísticos, cognitivos, históricos, geográficos, políticos,
Para dar conta do que é esperado dessa área de conhe- econômicos, culturais, éticos e sociais envolvidos, e como
cimento, a BNCC lista as seguintes competências específicas esses diferentes fatores se inter-relacionam.
de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:
(Brasil, s/d)
1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambien- Percebe-se, por essa concepção, que a escola que se pre-
tais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial tende é aquela que ensine a pensar, por meio do domínio
em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimen- teórico-metodológico característico dos componentes curri-
tos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a culares relacionados à área de Ciências Humanas e Sociais
compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, Aplicadas.
considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões
baseadas em argumentos e fontes de natureza científica. Considerando as aprendizagens a ser garantidas aos jo-
2. Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferen- vens no Ensino Médio, a BNCC da área de Ciências Huma-
tes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações nas e Sociais Aplicadas está organizada de modo a tema-
de poder que determinam as territorialidades e o papel geo- tizar e problematizar algumas categorias da área,
político dos Estados-nações. fundamentais à formação dos estudantes: Tempo e Espaço;
Territórios e Fronteiras; Indivíduo, Natureza, Sociedade, Cul-
3. Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes
tura e Ética; e Política e Trabalho. Cada uma delas pode ser
grupos, povos e sociedades com a natureza (produção, dis-
desdobrada em outras ou ainda analisada à luz das especi-
tribuição e consumo) e seus impactos econômicos e so-
ficidades de cada região brasileira, de seu território, da sua
cioambientais, com vistas à proposição de alternativas que
história e da sua cultura.
respeitem e promovam a consciência, a ética socioambien-
tal e o consumo responsável em âmbito local, regional, na- (Brasil, 2018, p. 562)
cional e global.
Do mesmo modo, espera-se que essa escola favoreça o
4. Analisar as relações de produção, capital e trabalho em desenvolvimento do conhecimento socialmente produzido e
diferentes territórios, contextos e culturas, discutindo o pa- acumulado, aliado às propostas de flexibilidade, autonomia
pel dessas relações na construção, consolidação e transfor- e protagonismo que se pretende desenvolver na formação
mação das sociedades. dos estudantes. Assim, as Ciências Humanas e Sociais Apli-
5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, pre- cadas visam promover um processo de aprendizagem para
conceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, a formação de cidadãos autônomos e capazes de fazer uso
dos próprios conhecimentos para solucionar problemas de
inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
diversas naturezas ao longo da vida.
169
No Ensino Fundamental, a BNCC se concentra nos pro- ao domínio de conceitos e metodologias próprios dessa
cessos de tomada de consciência do Eu, do Outro e do Nós, área. As operações de identificação, seleção, organização,
das diferenças em relação ao Outro e das diversas formas comparação, análise, interpretação e compreensão de um
de organização da família e da sociedade em diferentes es- dado objeto de conhecimento são procedimentos respon-
paços e épocas históricas. Para tanto, prevê que os estu- sáveis pela construção e desconstrução dos significados do
dantes explorem conhecimentos próprios da Geografia e da que foi selecionado, organizado e conceituado por um de-
História: temporalidade, espacialidade, ambiente e diversi- terminado sujeito ou grupo social, inserido em um tempo,
dade (de raça, religião, tradições étnicas etc.), modos de or- um lugar e uma circunstância específicos.
ganização da sociedade e relações de produção, trabalho e
poder, sem deixar de lado o processo de transformação de (Brasil, 2018, p. 561-562)
POSSIBILIDADES DE
INTERDISCIPLINARIDADE:
CIÊNCIAS DA NATUREZA
realizado em Nice, França, em fevereiro de 1970, visando dis-
A interdisciplinaridade é vivenciada pelo homem sempre cutir a fragmentação do conhecimento. Desse evento, resul-
que ele se apropria de algum conhecimento em suas relações taram estudos que nortearam diversas pesquisas sobre o
com o mundo. O simples fato de acordar, trabalhar e interagir tema, fazendo circular a noção de interdisciplinaridade rela-
com outros indivíduos, e com isso alterar sua forma de pen- cionada aos pressupostos de John Dewey (1859-1952), con-
sar e de agir, constitui uma atividade interdisciplinar. As di- tribuindo para o avanço nos debates sobre conceitos como
ferentes formas de conhecimentos que precisam ser aciona- interdisciplinar, transdisciplinar e multidisciplinar.
das no dia a dia correlacionam-se para que o ser humano Segundo o filósofo Ivan Domingues, do Instituto de Es-
possa aprimorar novas estratégias que facilitem sua vida. tudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG):
(Giordani, 2000, p. 81)
Conforme o pensamento de Jean Piaget (1896-1980), ci- […] sem dúvida, há uma flutuação conceitual entre es-
tado por Giordani, a interdisciplinaridade é o movimento que ses termos. […] a grande diferença entre os três é que o in-
a ciência faz em busca da produção de conhecimentos mais terdisciplinar e o multidisciplinar estão ainda presos às dis-
abrangentes. Embora aconteça no cotidiano, em relação ao ciplinas. Ao passo que o transdisciplinar quer ir além. Mas
conhecimento científico e à prática didática, esse movimento entendemos que a pesquisa transdisciplinar só poderá ser
não é espontâneo, devendo fundamentar-se em um plane-
adotada e enfrentada com sucesso tendo uma base cultural
jamento que deixe evidente sua intencionalidade.
A noção de interdisciplinaridade, que surgiu no cerne do sólida, o que vamos encontrar em pesquisas interdiscipli-
pragmatismo e foi apropriada pela pedagogia culturalista, nares ou multidisciplinares de sucesso.
além de concebida como uma educação global, passou a cir- […] A interdisciplinaridade é amiga da transdisciplinari-
cular com mais intensidade a partir da década de 1970, prin- dade. Não há nenhuma oposição. Mas queremos dar um pas-
cipalmente na produção dos intelectuais que se reuniram no
so além, pois a base cultural da transdisciplinaridade é a
Seminário sobre Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade,
170
interdisciplinaridade. […] Na multi, várias disciplinas coope- tendência de cada professor a priorizar os conhecimentos
ram com um projeto, mas cada qual trabalhando um aspecto específicos de sua disciplina.
do objeto com o seu método. Na inter, há situações em que A leitura superficial poderia indicar que os docentes são
uma disciplina nova adota métodos de uma outra mais anti- os responsáveis pela não aplicabilidade das propostas inter-
ga. É o caso clássico, por exemplo, da Bioquímica, matéria disciplinares. Porém, o que esses resultados evidenciam são
em que houve uma fusão de campos. Na trans, a tentativa é as lacunas formativas no Ensino Superior, que ainda não pri-
a de instaurar uma metodologia [de pesquisa] unificada. vilegia esse tipo de abordagem. Para Nogueira (2001), a ação
interdisciplinar deve estar na gênese dos planejamentos e
(dominGues, 2003)
da formação do corpo docente. Assim, a formação continua-
da e os cursos complementares podem ser importantes es-
A abordagem interdisciplinar tem boas oportunidades de
desenvolvimento na investigação científica de contextos que, tratégias para construir a integração entre as áreas, de acor-
para serem analisados, mobilizam diferentes campos do co- do com os projetos político-pedagógicos de cada instituição
nhecimento, acionando métodos de pesquisa pertinentes a e com a realidade escolar.
diferentes áreas, como as Ciências Humanas e Sociais Aplica- Neste manual, serão apresentadas algumas propostas,
das e as Ciências da Natureza. Ao longo da coleção, há momen- em contextos que foram escolhidos especialmente para in-
tos oportunos para essa abordagem em diversas atividades e centivar a percepção interdisciplinar de problemas diversos.
seções, como a Práticas de pesquisa. Em relação à abordagem As propostas de pesquisa sugeridas, por exemplo, mobilizam
interdisciplinar, o pesquisador Carlos Santos argumenta: competências e habilidades das Ciências da Natureza e de
outras áreas do conhecimento. Essas ofertas podem e devem
[…] não haver objeção à afirmação de que o caráter es- ser ampliadas, aprofundadas e complementadas com base
sencial da natureza é interdisciplinar. Eram pensadores in- em eventos relacionados ao cotidiano da comunidade esco-
terdisciplinares os primeiros a perscrutarem os mistérios da lar. Para isso, a atenção do docente é essencial; ele deve ob-
natureza. O reducionismo que levou ao surgimento da bio- servar as oportunidades de trazer o mundo extraescolar pa-
logia, física e química vem da incapacidade humana em in- ra a sala de aula e, também, de levar a escola para o mundo.
vestigar os fenômenos naturais no contexto de seu caráter De modo mais prático, há diversos aspectos das compe-
holístico. Embora não tenhamos como saber se avanços de tências das Ciências da Natureza que possibilitam a interfa-
recursos tecnológicos e ferramentas matemáticas nos leva- ce com as diferentes frentes das Ciências Humanas e Sociais
rão de volta a um estado de quase completa interdiscipli- Aplicadas, como mostram os destaques a seguir:
naridade como se via nas antigas civilizações, é notável co-
mo abordagens interdisciplinares avançam pontualmente Competências específicas de
na pesquisa científica.
Ciências da Natureza e suas
(santos, 2018, p. 363) Tecnologias para o Ensino Médio
O exercício de correlacionar os saberes visando à com- 1. Analisar fenômenos naturais e processos tecnológi-
preensão de eventos físicos, biológicos, culturais e sociais é cos, com base nas interações e relações entre matéria e
importante para que os estudantes sejam capazes de enten- energia, para propor ações individuais e coletivas que aper-
der, com maior propriedade, o mundo e as conjunturas sob feiçoem processos produtivos, minimizem impactos so-
as quais vivem e de neles atuar da melhor forma possível. O cioambientais e melhorem as condições de vida em
desenvolvimento de competências e habilidades, bem como âmbito local, regional e global.
do raciocínio científico, também contribui para esse aspecto
2. Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vi-
e é potencializado nas propostas de trabalho interdisciplinar.
Alguns exemplos de propostas que podem ser trabalha- da, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar
das sob a perspectiva interdisciplinar são a descoberta do previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vi-
petróleo no pré-sal do território brasileiro em 2007; o terre- vos e do Universo, e fundamentar e defender decisões
moto no Haiti em 2010; e a pandemia do coronavírus em éticas e responsáveis.
2020. Esses grandes eventos são exemplos de fenômenos 3. Investigar situações-problema e avaliar aplicações
que trazem impactos diversos para o cotidiano das popula- do conhecimento científico e tecnológico e suas im-
ções e podem ser mais bem compreendidos em sua ampli- plicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens
tude se combinarmos conhecimentos de áreas como as de próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que
Ciências da Natureza e de Ciências Humanas e Sociais Apli-
considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comu-
cadas. Importantes referências, nesse aspecto, são as pes-
nicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em
quisas do National Research Council, nos Estados Unidos, as
diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecno-
quais sugerem que os temas transversais sirvam de ponte
logias digitais de informação e comunicação (TDIC).
entre as Ciências da Natureza e outras áreas do conhecimen-
to, de forma interdisciplinar. (Brasil, 2018, p. 553; grifo nosso)
Em 2004, um grupo de mestrandos do Programa de Pós-
-graduação em Educação para a Ciência, da Faculdade de Nas páginas 179 a 182 são indicados os momentos em
Ciências da Universidade de São Paulo, desenvolveu uma que o trabalho com essas competências é privilegiado. Tra-
pesquisa com o objetivo de investigar como os docentes da ta-se de uma abordagem inicial que pode servir de apoio pa-
área de Ciências da Natureza concebem o conceito de inter- ra os planejamentos didáticos. Eles não encerram as possi-
disciplinaridade. Com base nas respostas às questões pro- bilidades de integração, que podem ser ampliadas e
postas pelos pesquisadores, foi possível perceber a aprofundadas pelo trabalho conjunto dos docentes.
171
A COLEÇÃO
■ PRESSUPOSTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Definir os pressupostos teóricos e metodológicos desta contribui para que o estudante se torne sujeito dos processos
coleção implica considerações teóricas amplas e complexas. de ensino-aprendizagem, possibilitando ao professor ser, cada
Por isso, neste manual, opta-se por fazê-lo a partir do diálo- vez mais, um orientador responsável por propor seu modo cria-
go entre a teoria e a prática. Para isso, a proposta não foi li- tivo de teorizar e praticar a pesquisa. Essas perspectivas, por-
mitada ao pensamento grego, segundo o qual a paideia (uma tanto, valorizam os conhecimentos que os estudantes trazem
ideia de escola) cumpriria a função de formar os cidadãos de seus contextos locais, partindo do pressuposto de que a:
para a vida na pólis. Essa perspectiva pode aprisionar as pro-
postas didáticas ao eurocentrismo, omitindo as possibilida-
[…] essência do processo de aprendizagem significativa
des epistemológicas oferecidas por diferentes povos que
é que as ideias expressas simbolicamente são relacionadas
constituíram e que constituem as identidades brasileiras.
às informações previamente adquiridas pelo aluno através
Assim, dialogando com a proposta dos documentos curri-
de uma relação não arbitrária e substantiva (não literal).
culares apresentados, propõe-se uma perspectiva intercultu-
ral, que se fundamenta na diversidade cultural e se contrapõe (Ausubel; NovAk; HANesiAN, 1980)
à condição colonial, ainda existente, mesmo depois da inde-
pendência de países dos continentes americano, asiático e Também é imprescindível levar em conta a alteridade, ou
africano. Os fundamentos dessa posição estão na construção seja, as diferentes dimensões humanas – estética, ética, so-
de posturas de valorização de diversas visões de mundo, no cial, política e cultural –, para fazer observações, análises e
diálogo de saberes e na estreita relação entre teoria e prática. reflexões. Por isso, nesta coleção, propõe-se ressaltar a visão
O objetivo é potencializar o olhar para a realidade com o multiculturalista e intercultural da sociedade proposta pela
intuito de compreendê-la em sua totalidade e em sua com- BNCC e pelos demais documentos mencionados.
plexidade. Assim, buscou-se apresentar propostas de ensino A diversidade cultural apresenta-se como um recurso pa-
e de aprendizagem que têm como base a realidade dos edu- ra ampliar a visão da integridade humana, valorizando a di-
candos, sempre que possível problematizando-as e relacio- vergência, o respeito e o compartilhamento na construção
nando-as em níveis locais, regionais e mundiais, como frutos das práticas sociais e culturais. Essas perspectivas também
de realidades socioeconômicas, políticas e culturais diversi- reverberam na construção de propostas de práticas de pes-
ficadas e complexas, que podem ser mais bem compreendi- quisa que podem receber tratamento interdisciplinar, am-
das a partir de um ponto de vista interdisciplinar que possa pliando, assim, os temas, as abordagens e as possibilidades
romper com a fragmentação do saber. de interpretação e de ação.
Para isso, a coleção propõe certa reordenação geopolítica
do conhecimento, retomando a memória coletiva de povos Interculturalidade e descolonização
indígenas, africanos e afro-brasileiros, bem como de outras
A educação é estratégica para a transformação social e,
comunidades historicamente subalternizadas e invisibiliza-
por isso, abordagens que incentivem a interculturalidade e a
das no trato oficial. Também assume uma postura crítica dian-
descolonização são importantes, seja no modo de pensar co-
te dos cânones, que devem ser conhecidos como repertório
cultural, mas também debatidos e problematizados. Essa tidianamente, seja em termos científicos. Mais uma vez, não
postura proporciona a concepção de diferentes lógicas e for- se trata de rejeitar cânones, já que eles fazem parte de muitas
mas de pensar, incentivando a criação de outros modos de identidades brasileiras, sul-americanas e ocidentais. Trata-se
vida social, política e de pensamento, estimulando novos co- de admitir outras matrizes de pensamento e de valorizá-las
nhecimentos e outras interpretações de mundo. tanto quanto os cânones. Os resultados esperados, em última
É importante considerar que o saber e a cultura precedem instância, são a valorização e o respeito aos conhecimentos
a ciência. É o saber acumulado, que circula social e cultural- e saberes da comunidade, assim como a conscientização acer-
mente, que constrói a ciência. Assim, torna-se fundamental ca das responsabilidades individuais e coletivas sobre os es-
incentivar no estudante a reflexão sobre a relação entre seus paços (físicos e culturais) onde se vive.
conhecimentos prévios e o saber científico, além de estimu- Para tanto, é importante analisar o “pensamento do ou-
lar a alteridade, o relativismo cultural e o raciocínio próprio tro”, contrapondo-se à hegemonia do eurocentrismo e do co-
da ciência, abordando os aspectos metodológicos de uma lonialismo, visando, assim, à descolonização do currículo
pesquisa, por exemplo. (MuNsberg, 2019 ). Essa é uma perspectiva que a BNCC e o
A proposta para o atual Ensino Médio tem como princípios
Novo Ensino Médio proporcionam. Ao compreender os pro-
pedagógicos a pesquisa e a interdisciplinaridade. Assim, ao
cessos colonialistas na lógica da Modernidade, desconstruir
longo dos volumes, enfatiza-se a metodologia de pesquisa,
esse modo de pensar e analisar suas consequências socioe-
com a aplicação de técnicas e métodos diversificados para a
construção do saber científico, reconhecendo que o conheci- conômicas e geopolíticas na atualidade pode trazer novas
mento é desenvolvido e apreendido de maneiras diferentes perspectivas científicas em todas as áreas.
e dinâmicas. Assim, sugere-se que, no planejamento docente, a busca
A pesquisa é um processo de questionamento da realidade pela descolonização da educação seja constante. Também se
que propicia, a partir disso, a reconstrução e a ressignificação incentiva o ativismo social, desenvolvendo ações de colabora-
do conhecimento. Ter a pesquisa como princípio educativo ção intercultural, como a escuta do outro por meio de atividades
172
didáticas como a criação de assembleias estudantis; a organi- pedagógica ética, crítica, reflexiva e transformadora, ultra-
zação de rodas de conversa; o planejamento e a execução de passando os limites do treinamento puramente técnico, pa-
exposições e saraus, feiras de ciências e apresentações teatrais; ra efetivamente alcançar a formação do […] ser histórico,
entre muitas outras possibilidades. Esses são exemplos de al- inscrito na dialética da ação-reflexão-ação.
gumas das propostas disponíveis no Livro do Estudante. Em
diferentes momentos da coleção, apresentam-se conteúdos (Mitre, 2008)
que visam ressignificar os espaços tradicionais da escola, por
meio de atividades que visam engajar a comunidade escolar, O excerto acima assinala aspectos importantes das me-
promovendo a ação protagonista dos estudantes, a mediação todologias ativas, isto é, aquelas que fomentam práticas que
dos docentes e a participação dos funcionários da escola, dos não trazem ações em um plano ideal, e sim na realidade, nos
moradores do entorno e das famílias dos estudantes. espaços concretos, levando em consideração a pluralidade
Para dar conta dessas escolhas, optou-se pela mobiliza- escolar e, também, a das comunidades brasileiras. Essas prá-
ção de metodologias ativas, com foco na resolução de pro- ticas, que envolvem a organização de grupos de trabalho, a
blemas e no incentivo do protagonismo juvenil. Essa decisão identificação de questões do cotidiano, o desenvolvimento
reverbera tanto nos tipos de atividades propostas quanto nos de pesquisas, a sistematização das descobertas, a divulga-
contextos mobilizadores de aprendizagem. Ambos vão in- ção científica, o planejamento das ações e a transformação
centivar os estudantes a buscar os conhecimentos necessá- objetiva do entorno, possibilitam aos estudantes desenvolver
rios para elaborar análises sobre os problemas apresentados habilidades e competências por meio da resolução de pro-
e ações para tentar resolvê-los. blemas que fazem parte de suas vidas, seja em nível indivi-
dual, seja em diferentes níveis coletivos. O deslocamento do
protagonismo da pesquisa, nesse caso, vai além do conteúdo
METODOLOGIAS ATIVAS puro e simples em direção ao estudante-pesquisador, que
busca conhecimentos para solucionar questionamentos que
lhes causam algum impacto.
Essas estratégias também fomentam a autonomia e a to-
O grande desafio deste início de século [XXI] está na
mada de decisões conscientes por parte dos jovens, aspectos
perspectiva de se desenvolver a autonomia individual em
essenciais para a formação de cidadãos aptos a conduzir as
íntima coalizão com o coletivo. A educação deve ser capaz
transformações de mundo preconizadas pelos projetos polí-
de desencadear uma visão do todo – de interdependência
ticos veiculados pela BNCC e pelos demais documentos na-
e de transdisciplinaridade –, além de possibilitar a constru-
cionais e internacionais que as embasam.
ção de redes de mudanças sociais, com a consequente ex- A utilização de metodologias ativas para a resolução de
pansão da consciência individual e coletiva. Portanto, um situações-problema pode ser esquematizada com base no
dos seus méritos está, justamente, na crescente tendência diagrama conhecido como arco de Maguerez – nome dado
à busca de métodos inovadores, que admitam uma prática em alusão a seu desenvolvedor, o pesquisador francês Char-
les Maguerez –, apresentado a seguir:
TEORIZAÇÃO
Pontos- Hipóteses
de
-chave
solução
Observação Aplicação à
da realidade realidade
(problema) (prática)
REALIDADE
Fonte de pesquisa: PrAdo, Marta Lenise do et al. Arco de Charles Maguerez: refletindo estratégias de metodologia ativa na formação de
profissionais de saúde. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 16, n. 1, mar. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-
81452012000100023&script=sci_arttext. Acesso em: 6 jul. 2020.
No diagrama, é possível observar que o trabalho para a Esse processo, ancorado na realidade, contribui para o de-
resolução de determinada situação-problema necessaria- senvolvimento do pensamento crítico dos estudantes, bem
mente parte da realidade concreta e retorna a ela, seja na como de sua autonomia e de seu protagonismo, além de va-
observação do problema, seja na aplicação de sua resolução. lorizar as culturas juvenis e suas soluções inovadoras.
173
a resolução e a comparação, com a finalidade de possibilitar
O ensino pela problematização ou ensino baseado na
ao estudante o desenvolvimento de um pensamento autô-
investigação (Inquiry Based Learning) teve início em 1980,
nomo e metódico para a identificação e a resolução de pro-
na Universidade do Havaí, como proposta metodológica que
blemas, favorecendo, assim, a análise de dados de forma ló-
buscava um currículo orientado para os problemas, definin-
gica e o reconhecimento de padrões e generalizações para
do a maneira como os estudantes aprendiam e quais habi-
aplicar esses processos na resolução de problemas diversos.
lidades cognitivas e afetivas seriam adquiridas. Fundamen- Essa abordagem contribui, em parte, para que os estudantes
ta-se na pedagogia libertadora de Paulo Freire, nos princípios adotem posturas mais éticas no uso das novas tecnologias
do materialismo histórico-dialético e no construtivismo de da informação, como as computacionais, e mais conscientes
Piaget. […] especialmente, aos referenciais da teoria piage- quanto à lógica de seu desenvolvimento e funcionamento.
tiana da equilibração e desequilibração cognitiva –, a qual Assim, pretende-se incentivar essas abordagens no pro-
considera que o conhecimento deve ser produzido a partir cesso de ensino-aprendizagem, que não se encerra no livro
da interseção entre sujeito e mundo, como amplamente pro- didático, mas o extrapola, atingindo não apenas os atores
blematizado por teóricos como Paulo Freire. diretos (estudantes e docentes), mas também a comunidade
(Mitre et al, 2008)
escolar. Há, também, uma preocupação com o desenvolvi-
mento da capacidade e dos modos de se expressar, argu-
Em consonância com os quatro pilares educativos da mentar e debater coerentemente. A seção Práticas de texto,
Unesco (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a por exemplo, aproxima-se dessa questão contribuindo para
viver com os outros e aprender a ser), essa perspectiva de a formação de estudantes capazes de compreender a lingua-
ensino reforça a ideia de que o aprender está vinculado ao gem e as relações entre o que está explícito no texto e aqui-
fazer, ao viver e ao ser, em um processo contínuo de enfren- lo que, ao contrário, exige do leitor uma inferência, um pen-
tamento de desafios e incertezas do mundo contemporâneo. samento, uma conclusão. A forma de o estudante apreender
Nesta coleção, essas perspectivas ativas podem ser no- um texto, as especificidades das diferentes linguagens e o
tadas desde a escolha dos grandes temas até os recortes modo como ele se expressa a partir dessa compreensão têm
estabelecidos para sua observação, análise e reflexão, espe- relação próxima com os pilares da Unesco. Fazer inferências
cialmente nas propostas de pesquisa e ampliações ofereci- com base nas informações do texto, por exemplo, é um modo
das aos estudantes. As atividades, por exemplo, envolvem de transformar os próprios conhecimentos, gerando novas
diferentes processos cognitivos, como a análise, a definição, reflexões.
■ A AVALIAÇÃO
A avaliação é um dos grandes desafios da prática educa- • a avaliação não deve ser vista como um ponto final, e sim
tiva. As formas de planejar, ministrar e reformular a avaliação como parte de um processo de aprendizagem, propician-
mudam ao longo do tempo, conforme os objetivos aos quais do o acompanhamento do processo de domínio de com-
se pretende atender, bem como as perspectivas teóricas e os petências e habilidades;
aspectos sociais ou políticos. • a avaliação deve também subsidiar o planejamento da
Torna-se necessário, considerando os pressupostos da BNCC, intervenção pedagógica.
voltados à educação integral e ao desenvolvimento de compe-
tências e habilidades, estabelecer formas de avaliação condi-
zentes com os desafios contemporâneos a ser reconhecidos e AS AVALIAÇÕES PROCESSUAIS
superados pelos estudantes em seus contextos de vivência.
E INTEGRADORAS
Como seria isso na prática? Após o estabelecimento de
Conhecer o nível de domínio que os alunos adquiriram
uma situação-problema, é possível, por meio de uma avalia-
de uma competência é uma tarefa bastante complexa, pois
ção diagnóstica, verificar o repertório que os estudantes já
implica partir de situações-problema as quais simulem con- têm para lidar com ela, bem como o repertório que ainda ne-
textos reais e dispor dos meios de avaliação específicos pa- cessitam desenvolver. Feito isso, planeja-se a prática educa-
ra cada um dos componentes da competência. tiva de forma coerente com as reais necessidades da turma,
realizando adaptações e modificações no itinerário conforme
(ZAbAlA, 2014, p. 206)
essas necessidades forem observadas por meio das avalia-
O desenvolvimento de um processo de ensino-aprendi- ções reguladoras.
zagem com base em competências e habilidades, portanto, O processo avaliativo, portanto, não termina com uma
avaliação final, que, de acordo com Zabala, está relacionada
aponta para a necessidade de mudanças nas formas de ava-
aos resultados obtidos e aos conhecimentos adquiridos pe-
liar o processo de ensino-aprendizagem:
los estudantes, distinguindo-se, portanto, da avaliação inte-
• o foco deve ser transferido do conhecimento para o pro- gradora ou somativa, que abrange todo o percurso dos estu-
cesso de aprendizagem; dantes. Assim, a avaliação é compreendida como:
• deve-se criar estratégias de avaliação coerentes com esse
novo foco, levando em consideração as competências que
[…] um informe global do processo que, a partir do co-
se pretende desenvolver, e avaliar conforme a tipologia
nhecimento inicial (avaliação inicial), manifesta a trajetória
de seu conteúdo;
174
seguida pelo aluno, as medidas específicas que foram to-
Avaliação inicial
madas, o resultado final de todo o processo e, especialmen-
te, a partir desse conhecimento, as previsões sobre o que é
• Nas aberturas de unidade e de capítulo, são apresentadas
necessário continuar fazendo ou o que é necessário fazer questões que buscam engajar os estudantes nos contex-
de novo. tos didáticos apresentados, possibilitando o levantamen-
(ZAbAlA, 1998, p. 201)
to de conhecimentos prévios, a elaboração de hipóteses
iniciais e o aguçamento da curiosidade sobre os temas
Assim, a avaliação integradora cumpre o papel de orientar que vão ser abordados.
a intervenção pedagógica e acompanhar o processo de
aprendizagem. Avaliação reguladora
Sobre a coerência no processo avaliativo, Zabala destaca:
• Ao longo dos capítulos, foram disponibilizadas questões que
buscam ampliar e/ou aprofundar as observações, análises e
Da análise das características do processo avaliativo das
reflexões propostas, acompanhando a construção e o desen-
competências podemos concluir que:
volvimento das habilidades e das competências indicadas.
• O problema não se reduz a se as competências são ou
• Há também seções especiais cujas atividades facilitam o
não conhecidas, mas a qual é o nível de eficiência com
acompanhamento do desenvolvimento dos processos de
o qual elas são aplicadas.
ensino-aprendizagem.
• Para isso, as atividades dirigidas a conhecer o processo
e os resultados da aprendizagem devem se correspon- Avaliação final integradora
der aos meios para responderem a uma situação-pro-
blema a qual possa ser entendida como real.
• Ao final de cada capítulo, há propostas de atividades que
• A simples exposição do conhecimento que um aluno buscam integrar as diferentes frentes abordadas no ca-
tem sobre um assunto e a capacidade de resolver pro- pítulo, explorando as possibilidades do trabalho em gru-
blemas estereotipados não são estratégias avaliativas po, as abordagens interdisciplinares e o diálogo ampliado
apropriadas para a avaliação de competências. […] sobre os temas.
• A informação para a avaliação de competências não de- • Ao final de cada unidade, há uma proposta de pesquisa
ve limitar-se ao conhecimento adquirido em provas, mas que envolve temáticas e metodologias de pesquisa espe-
ser o resultado da observação das atividades de aula. cíficas. Cada proposta é acompanhada de aporte atitudinal
• Os conteúdos dos programas devem se referir explici- e procedimental, sendo finalizada com o compartilhamento
tamente às competências gerais. dos resultados e uma autoavaliação.
AS AVALIAÇÕES EXTERNAS
a avaliação “criterial” (em função das possibilidades
reais de cada aluno) além da normativa.
(ZAbAlA, 2014, p. 222). De modo geral, as avaliações externas foram implemen-
tadas no Brasil no final de 1980. Inicialmente, cumpriam a
Dessa forma, a avaliação tem a função de mobilizar tanto função de monitorar o desempenho dos estudantes em pro-
os estudantes como os professores, que devem planejar in- vas padronizadas, limitando-se à comparação entre as redes
tervenções pedagógicas, identificando as variáveis do desen- de ensino. Somente no início da década de 1990, as avalia-
volvimento da aprendizagem e planejando ações de interven- ções externas adquiriram um caráter qualitativo da educação
ção para dar continuidade ao processo de aprendizagem em nacional, com a criação do Sistema de Avaliação da Educação
seus contextos específicos. Básica (Saeb).
Na conclusão de seu livro A prática educativa, Zabala cha- Em 2005, o Saeb adotou duas avaliações complementares:
ma a atenção para a importância de não perder de vista o a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc) – a Pro-
papel da avaliação como elemento-chave de todo o processo va Brasil; e a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb),
de ensino-aprendizagem. Chama a atenção, ainda, para a ambas para a avaliação de leitura em Língua Portuguesa e de
importância da diversificação das formas de avaliação con- resolução de problemas em Matemática. A partir de 2007, a
forme os objetivos e as finalidades específicas, bem como do Prova Brasil apropriou-se do referencial do Ideb e passou a
desenvolvimento de uma atitude observadora e indagadora avaliar todos os níveis da Educação Básica, tornando-se o pa-
por parte dos professores e de confiança na habilidade dos râmetro para a avaliação da qualidade da educação no país.
estudantes de se autoavaliar. A partir de 2018, diferentemente das escolas da rede pú-
Nesse contexto, salienta-se a importância de uma avalia- blica, as escolas da rede privada de ensino, nas quais havia
ção continuada e processual, que se preocupe com as ques- pelo menos dez estudantes matriculados em turmas regula-
tões do cotidiano que afetam a aprendizagem, como dificul- res do último ano do Ensino Médio, passaram a fazer parte
dades de origem física, mental ou emocional, ocorrências de das avaliações por adesão voluntária, tanto nas áreas urba-
bullying, ações de combate ao suicídio e à violência domés- nas como nas áreas rurais. E, a partir de 2019, todas as ava-
tica, entre outras. Por último, o autor destaca a complexidade liações que compreendiam o sistema passaram a ser chama-
e a importância do processo de avaliação do ensino e da das de Saeb e se consolidaram como parâmetros de
aprendizagem. qualidade de ensino.
A seguir, apresentamos como as diferentes etapas ava- Segundo Machado e Alavarse (2014), as avaliações ex-
liativas propostas por Zabala são associadas aos momentos ternas têm ocupado um lugar cada vez mais relevante, sub-
em que podem ser desenvolvidas nesta coleção: sidiando as tomadas de decisão tanto no contexto das
175
políticas educacionais como no âmbito das unidades escola- Desde 2017, tem havido diferentes discussões sobre os
res. Em aproximação com as políticas curriculares, elas ava- projetos políticos propostos para o Saeb. Em 2019, foram pu-
liam o desenvolvimento das competências e das habilidades, blicadas as mudanças que originariam o Novo Saeb, que traria
servem de parâmetro para o planejamento das práticas edu- mudanças significativas, como a possibilidade de um Enem
cativas cotidianas, orientam a intervenção pedagógica e são seriado e a aplicação de provas digitais. Essas medidas esta-
referências para o acompanhamento das metas qualitativas vam planejadas para 2020; no entanto, devido à reorganiza-
e quantitativas. No entanto, é importante considerar a dimen- ção dos calendários escolares em virtude da pandemia de co-
são política dessas avaliações: ronavírus, as principais mudanças foram temporariamente
suspensas. Por isso, é muito importante que os gestores es-
colares e os professores estejam atentos às principais altera-
Embora a concepção de qualidade associada ao Ideb
ções nas políticas das avaliações de larga escala, já que elas
seja um tanto reducionista, por não contemplar aspectos
impactam o dia a dia do estudante de Ensino Médio e seus
relevantes do processo pedagógico, é possível considerar planejamentos escolares e profissionais. Além disso, as ma-
algumas potencialidades no Ideb por conta de duas carac- trizes avaliativas dos exames do Saeb são hoje uma das prin-
terísticas: por facilitar uma apreensão, mesmo que parcial, cipais referências para os cursos de formação de professores.
da realidade educacional brasileira, aí destacadas suas es- Nesta coleção, apresentam-se atividades que buscam
colas, e, sobretudo, por articular dois elementos que há mui- apoiar o desenvolvimento das habilidades e das competên-
to tempo parecem ser antagônicos: o aumento da aprovação cias alinhadas às prerrogativas da BNCC e dos exames de
e o aumento do desempenho. larga escala, essenciais para os estudantes que almejam
acessar o Ensino Superior. Foram disponibilizadas atividades
[…]
coletadas das provas dos principais exames tanto no Livro
Nessa perspectiva, é necessário encarar a avaliação do Estudante, na seção Atividades, quanto na segunda par-
vinculando-a ao desafio da aprendizagem, o que deriva do te deste manual. Esse trabalho também pode ser comple-
esforço de desvinculá-la dos mecanismos de aprovação ou mentado pelos docentes sempre que julgarem conveniente,
reprovação e, mais importante, destaca outra finalidade da pela busca, nos meios digitais, de outras questões dos gran-
avaliação educacional, no que se concentra sua verdadei- des exames, de modo a ampliar a exposição dos estudantes
ra dimensão política, pois numa escola que se pretenda a esse tipo de avaliação e prepará-los para esse desafio.
democrática e inclusiva, as práticas avaliativas deveriam Há, porém, uma característica relevante nos grandes exa-
mes, especialmente nas provas das instituições municipais e
se pautar por garantir que, no limite, todos aprendessem
estaduais: as avaliações costumam apresentar abordagens re-
tudo. […]
gionais, principalmente em relação aos componentes curricu-
[…] Frente a isso, coloca-se como imperativo a busca de lares das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Por isso, é im-
um processo mais amplo de avaliação de escolas e redes portante que o grupo docente esteja atento aos temas e
que, para além da utilização de provas padronizadas, tenha contextos locais. Uma boa estratégia, nesse aspecto, é a elabo-
presente o caráter político da educação escolar. Reconhecer ração de questões sobre esses contextos com base nas matri-
esse caráter implica reconhecer profissionais e usuários das zes do Inep e nos vestibulares da região onde a escola se loca-
escolas como sujeitos que precisam ser considerados como liza. Se houver estudantes que planejam, por exemplo, estudar
tais nos processos avaliativos, pois, sem omitir suas respon- fora do estado de residência, os professores podem conduzir
sabilidades, são eles que, nos ambientes escolares, materia- estudos mais específicos sobre a unidade federativa ou a região
lizam a tarefa educativa. […] em questão. As matrizes de referência do Inep, assim como ou-
tras informações sobre elas, podem ser acessadas no endereço
(MAcHAdo e AlAvArse, 2014)
eletrônico oficial do instituto (disponível em: http://portal.inep.
gov.br/matriz-de-referencia. Acesso em: 14 jul. 2020).
■ ORGANIZAÇÃO DA COLEÇÃO
A coleção é composta de seis volumes, cada qual com qua- são incentivados a dialogar, refletir, analisar, investigar, elabo-
tro unidades. As unidades são constituídas de dois a quatro rar percepções e hipóteses, bem como a desenvolver planos
capítulos (totalizando 12 capítulos por volume) e uma propos- de ação de modo protagonista, ético e cidadão.
ta de projeto que mobiliza práticas de pesquisa específicas. No presente volume, são mobilizados contextos políticos
Os volumes são independentes, como forma de favorecer atuais, por meio da abordagem de diferentes projetos políticos,
a escolha dos docentes, que devem, para tanto, considerar o os processos de formação dos Estados e as contradições des-
projeto político-pedagógico da escola, a realidade escolar e sa instituição, com foco no Brasil. Os objetivos principais são
as características dos interesses dos diferentes grupos de incentivar os estudantes a perceber as relações de poder em
estudantes com os quais vão construir os percursos do En- diferentes níveis sociais e destacar os impactos do governo
sino Médio. no cotidiano. Espera-se, assim, que os jovens se sintam in-
Assim, cada volume é organizado com base em uma dupla centivados a participar de modo ativo da vida política.
de eixos temáticos que são os motores que mobilizam concei- Os textos didáticos são complementados por itens iconográ-
tos e categorias dos diferentes campos do saber. Não obstan- ficos e cartográficos, organogramas e textos citados de diferen-
te, em alguns casos, um mesmo objeto de análise é abordado tes tipos (letras de música, poesias, excertos de artigos acadê-
em diferentes volumes, possibilitando aos estudantes apro- micos, notícias, textos de divulgação científica, trechos de
fundar suas percepções sobre ele em diferentes contextos. romances de segmentos diversos, entre outros). Os capítulos e
Por meio da apresentação de contextos atuais, os estudantes as unidades apresentam os seguintes boxes e seções:
176
Seções
Ocorre aoao
Ocorrem final
finalde
decada
cadacapítulo.
capítulo.OOconjunto
conjuntode
de atividades pro-
posto aprofunda e/ou amplia os diálogos realizados no capítulo,
Atividades para oo desenvolvimento
contribuindo para desenvolvimentodas dascompetências
competênciaseedas habili-
ha-
dades selecionadas.
bilidades selecionadas. EmEm
cada seção,
cada há ahá
seção, proposição de, pelo
a proposição me-
de, pelo
nos, uma
menos, questão
uma questãode vestibular ou de
de vestibular ou exame de larga
de exame escala.
de larga escala.
177
Ao final de cada volume, são disponibilizadas as descrições
Competências e habilidades das competências específicas e das habilidades trabalhadas
desenvolvidas na obra em cada unidade.
Boxes
Este manual fornece aos docentes subsídios que podem Enem, e de vestibulares de universidades públicas e parti-
auxiliá-los em seus planejamentos, apresentando estraté- culares, complementando as propostas feitas para os estu-
gias e possibilidades de encaminhamento das diferentes dantes nas seções Atividades. Todas são acompanhadas de
propostas feitas no Livro do Estudante. Além disso, apresen- respostas e comentários.
ta sugestões de materiais para os professores, como livros, Os professores também terão acesso a seis vídeos, um
artigos, teses, filmes, entre outras, e atividades complemen- para cada volume, que explicam os principais objetivos, as
tares que podem contribuir para aprofundar e/ou ampliar as justificativas e as propostas da coleção. Esses materiais po-
propostas do Livro do Estudante. Para cada unidade, há dem ampliar as possibilidades de ensino dos docentes e au-
orientações didáticas específicas e respostas e comentários xiliar no acompanhamento ao longo do ano letivo.
referentes às propostas feitas aos estudantes. Ao final das A seguir, estão listados os conteúdos, os contextos mo-
orientações didáticas de cada unidade, há uma sugestão de bilizadores e as principais competências e habilidades abor-
sistematização das relações entre os principais conteúdos dadas em cada unidade deste volume. Depois, são apre-
e os conceitos trabalhados. Em seguida, são disponibiliza- sentadas sugestões de cronograma para subsidiar o
das listas de questões de exames de larga escala, como o planejamento didático.
178
■ QUADRO DE CONTEÚDOS
UNIDADE 1 – AS ORIGENS DOS ESTADOS
Ampliando
Democracia e república.
179
UNIDADE 2 – O ESTADO E OS SISTEMAS ECONÔMICOS
Principais conteúdos Competências Competências específicas e
e contextos abordados gerais em destaque habilidades em destaque
Ampliando
O que é revolução, afinal?
Práticas de texto
Entrevista escrita.
180
UNIDADE 3 – O ESTADO BRASILEIRO
Principais conteúdos Competências Competências específicas e
e contextos abordados gerais em destaque habilidades em destaque
Ação e cidadania
Múltiplas possibilidades.
Ampliando
O feminismo é para todos.
181
UNIDADE 4 – O BRASIL E OS OUTROS ESTADOS
•• Panorama histórico das relações di- CGEB1, CGEB2, CGEB6, CECHSA1: EM13CHS101,
plomáticas entre Brasil e Venezuela. CGEB9 e CGEB10. EM13CHS102, EM13CHS103 e
•• Panorama da diplomacia brasileira EM13CHS106.
diante do cenário global. CECHSA2: EM13CHS202 e
•• Organizações dos povos indígenas na EM13CHS204.
América do Sul. CECHSA3: EM13CHS304 e
Capítulo 10 •• Histórico recente dos posicionamen- EM13CHS305.
O Brasil e a América tos políticos eleitos nos países da CECHSA6: EM13CHS601 e
do Sul América do Sul (aproximações e dis- EM13CHS604.
tanciamentos).
Ação e cidadania
A carreira diplomática no Brasil.
182
4 7e8 3 4 10 a 12 4 4 13 a 16 5e6
5 9 e 10 3e4 5 13 a 15 5 5 17 a 20 6e7
6 11 e 12 4 6 16 a 18 6 6 21 a 24 7e8
7 13 e 14 5 7 19 a 21 7 7 25 a 28 9 e 10
8 15 e 16 5e6 8 22 a 24 8 8 29 a 32 11 e 12
9 17 e 18 6 9 25 e 26 9
10 19 e 20 7 10 27 e 28 10
11 21 e 22 7e8 11 29 e 30 11
12 23 e 24 8 12 31 e 32 12
13 25 e 26 9
14 27 e 28 10
15 29 e 30 11
16 31 e 32 12
183
■ LEITURAS COMPLEMENTARES
Os textos a seguir podem aprofundar e/ou ampliar os diá-
existem momentos em que outras estratégias pedagógicas
logos propostos ao longo deste volume, proporcionando re-
precisam ser colocadas em ação para que os alunos possam
flexões diferentes sobre os objetos de pesquisa analisados
aprender determinados conceitos. Nesse sentido, é neces-
e as perspectivas teórico-metodológicas adotadas na coleção.
sário que o professor tenha abertura e flexibilidade para re-
O trabalho com projetos lativizar a sua prática e as estratégias pedagógicas, com
vistas a propiciar ao aluno a reconstrução do conhecimen-
to. O compromisso educacional do professor é justamente
Na pedagogia de projetos, o aluno aprende no processo saber o quê, como, quando e por que desenvolver deter-
de produzir, de levantar dúvidas, de pesquisar e de criar re- minadas ações pedagógicas. E para isto é fundamental co-
lações, que incentivam novas buscas, descobertas, com- nhecer o processo de aprendizagem do aluno e ter clareza
preensões e reconstruções de conhecimento. E, portanto, o da sua intencionalidade pedagógica. Outro questionamen-
papel do professor deixa de ser aquele que ensina por meio to que normalmente vem à tona diz respeito à duração de
da transmissão de informações – que tem como centro do um projeto, uma vez que a atuação do professor segue um
processo a atuação do professor –, para criar situações de calendário escolar e, portanto, pensar na possibilidade de
aprendizagem cujo foco incide sobre as relações que se es- ter um projeto sem fim cria uma certa preocupação em ter-
tabelecem neste processo, cabendo ao professor realizar as mos de seu compromisso com os alunos de uma determi-
mediações necessárias para que o aluno possa encontrar nada turma. Nesse sentido, uma possibilidade seria pensar
sentido naquilo que está aprendendo, a partir das relações no desenvolvimento de um projeto que tenha começo-meio-
criadas nessas situações. […] -fim, tratando esse fim como um momento provisório, ou
[…] seja, que a partir de um fim possam surgir novos começos.
A importância desse ciclo de ações é justamente que o pro-
No entanto, para fazer a mediação pedagógica, o pro-
fessor possa criar momentos de sistematização dos concei-
fessor precisa acompanhar o processo de aprendizagem do
tos, estratégias e procedimentos utilizados no desenvolvi-
aluno, ou seja, entender seu caminho, seu universo cogni-
mento do projeto. A formalização pode propiciar a abertura
tivo e afetivo, bem como sua cultura, história e contexto de
[…] para um novo ciclo de ações num nível mais elaborado
vida. Além disso, é fundamental que o professor tenha cla-
de compreensão dando, portanto, um formato de uma espi-
reza da sua intencionalidade pedagógica para saber intervir
ral ascendente, representando o mecanismo do processo de
no processo de aprendizagem do aluno, garantindo que os
aprendizagem.
conceitos utilizados, intuitivamente ou não, na realização
do projeto sejam compreendidos, sistematizados e formali- Prado, Maria Elisabette Brisola Brito. Série “Pedagogia de
zados pelo aluno. […] Outro aspecto importante na atuação Projetos e Integração de Mídias” – Programa Salto para o
Futuro, set. 2003. Disponível em: http://www.eadconsultoria.
do professor é o de propiciar o estabelecimento de relações com.br/matapoio/biblioteca/textos_pdf/texto18.pdf. Acesso
interpessoais entre os alunos e respectivas dinâmicas so- em: 15 jul. 2020.
ciais, valores e crenças próprios do contexto em que vivem.
Portanto, existem três aspectos fundamentais que o profes-
sor precisa considerar para trabalhar com projetos: as pos- Protagonismo juvenil
sibilidades de desenvolvimento de seus alunos; as dinâmi-
cas sociais do contexto em que atua e as possibilidades de
[…] O tema da participação política dos jovens é um lu-
sua mediação pedagógica. O trabalho por projetos requer
gar comum nas políticas públicas de juventude atualmente,
mudanças na concepção de ensino e aprendizagem e,
constituindo-se como uma espécie de pilar metodológico
consequentemente, na postura do professor. [Fernando] Her-
para estas, de forma que, sem ele, a legitimidade de uma
nández […] enfatiza que o trabalho por projeto “não deve
política pública é posta em dúvida. Esse tema, como foi evi-
ser visto como uma opção puramente metodológica, mas
denciado até aqui, não surgiu em 1985 com o Ano Interna-
como uma maneira de repensar a função da escola” […].
cional da Juventude, não era uma novidade, mas sim uma
Essa compreensão é fundamental, porque aqueles que bus-
orientação que já vinha sendo discutida pela ONU há algum
cam apenas conhecer os procedimentos, os métodos para
tempo. […]
desenvolver projetos, acabam se frustrando, pois não existe
[…]
um modelo ideal pronto e acabado que dê conta da com-
plexidade que envolve a realidade de sala de aula, do con- Essa modalidade de política pública teria como objetivo
texto escolar. uma ação sobre várias esferas da vida dos jovens, não sen-
do uma temeridade dizer que ela tem como estratégia a
[…]
gestão de suas vidas em relação à sociedade, fazendo com
Uma questão que gera questionamento entre os profes-
que esses jovens sejam atores estratégicos no desenvolvi-
sores é o fato de que nem todos os conteúdos curriculares
mento social, incluindo-os e fazendo-os participarem da
previstos para serem estudados numa determinada série de
sociedade enquanto tal, sem rupturas ou conflitos que po-
escolaridade são possíveis de serem abordados no contex-
nham em risco as estratégias que visam à melhoria da vida
to do projeto. Esta é uma situação que mostra que o proje-
de toda a população. A prática do protagonismo juvenil, em
to não pode ser concebido como uma camisa-de-força, pois
termos oficiais, desse modo, se torna um eixo fundamental
184
das ações políticas que têm os jovens como público-alvo, Relações étnico-raciais e a
isto é, na concepção do protagonismo juvenil “[…] o jovem
tem que ser o ator principal em todas as etapas das propos-
descolonização dos currículos
tas a serem construídas em seu favor” […]. É claro que não
podemos nos prender apenas ao termo “protagonismo ju- Vivemos um momento ímpar no campo do conhecimen-
venil”, mas levar em consideração que ele está relacionado to. O debate sobre a diversidade epistemológica do mundo
a um tipo de prática política que não prescinde de todo um encontra maior espaço nas ciências humanas e sociais. É
trabalho de formação e autoformação do jovem, elementos nesse contexto que a educação participa como um campo
comuns em ações políticas que tentam incentivar um ideal que articula de maneira tensa a teoria e a prática. Podemos
de cidadania para a juventude. […] Ora, isso significa não dizer que, embora não seja uma relação linear, os avanços,
apenas a ideia de que os jovens devem se tornar atores prin- as novas indagações e os limites da teoria educacional têm
cipais das ações políticas governamentais ou não governa- repercussões na prática pedagógica, assim como os desa-
mentais, mas sim, que a sua força deve ser capitalizada, fios colocados por essa mesma prática impactam a teoria,
deve ser transformada numa espécie de moeda de troca, um indagam conceitos e categorias, questionam interpretações
trunfo para desenvolvimento e progresso mundial. É preci- clássicas sobre o fenômeno educativo que ocorre dentro e
so levar em consideração que, com esse dito acerca da ju- fora do espaço escolar.
ventude enquanto “futuro no presente”, temos uma espécie Esse processo atinge os currículos que, cada vez mais são
de estreitamento do discurso da responsabilidade para com inquiridos a mudar. Os dilemas para os formuladores de po-
as futuras gerações. Isso é um ponto importante, pois não líticas, gestores, cursos de formação de professores e para as
se está apenas falando de uma preocupação com as gera- escolas no que se refere ao currículo são outros: adequar-se
ções futuras, aquelas que nem existem ainda, e sim de uma às avaliações standartizadas nacionais e internacionais ou
preocupação de quem vive agora consigo mesmo. Diríamos construir propostas criativas que dialoguem, de fato, com a
que a sociedade quer ações no presente por parte dos jo- realidade sociocultural brasileira, articulando conhecimento
vens, porém, para eles, essas ações são vendidas como in- científico e os outros conhecimentos produzidos pelos sujei-
vestimentos no seu próprio futuro. […] tos sociais em suas realidades sociais, culturais, históricas e
[…] Os comportamentos de risco dos jovens são prejudi- políticas? Compreender o currículo como parte do processo
ciais, tanto para eles quanto para a sociedade, isto é, o prejuí- de formação humana ou persistir em enxergá-lo como rol de
zo de um é o prejuízo do outro. Investir no jovem é investir conteúdos que preparam os estudantes para o mercado ou
no país. Entretanto, não podemos deixar de levar em consi- para o vestibular? E onde entra a autonomia do docente? E
deração a noção capital humano, pois ela diz respeito à rela- onde ficam as condições do trabalho docente, hoje, no Brasil
ção que um sujeito estabelece consigo mesmo. Ela tem um e na América Latina? Como lidar com o currículo em um con-
significado importante, pois, a partir dessa noção, o sujeito, texto de desigualdades e diversidade?
com aquilo que ele é e sabe fazer, passa a ser a sua própria Nesse contexto, é possível dizer que a teoria educacio-
moeda de troca. As suas habilidades, portanto, serão vistas nal e o campo do currículo participam de um movimento
como um capital, algo que pode lhe gerar, inclusive, renda. apontado por Santos (2006) composto por duas vertentes:
Falar em investimento no capital humano significa falar em a interna, que questiona o caráter monolítico do cânone
investimento nas capacidades das pessoas e, por conseguin- epistemológico e se interroga sobre a relevância episte-
te, nas suas maneiras de gerir suas próprias vidas. mológica, sociológica e política da diversidade interna de
[…] práticas científicas dos diferentes modos de fazer ciência
O incentivo ao empreendedorismo juvenil é um ponto e da pluralidade interna da ciência; e a externa, que se in-
comum em alguns documentos que pautam as políticas pú- terroga sobre a exclusividade epistemológica da ciência e
blicas de juventude. No entanto, é preciso levar em consi- se concentra nas relações entre a ciência e outros conhe-
deração que empreender não é apenas constituir uma em- cimentos, ou seja, aquela que diz respeito à pluralidade
presa ou investir dinheiro, porém, executar uma tarefa, fazer externa da ciência. Segundo o autor acima citado, essas
algo que exija certa força e coragem: algo como uma capa- vertentes podem ser compreendidas como dois conjuntos
cidade própria que só depende de si mesmo. Por outro lado, de epistemologias que procuram, a partir de diferentes
tendo em vista a concepção de capital humano, empreender perspectivas, responder às premissas culturais da diversi-
é formar-se, é também investir em si, acumulando saberes dade e da globalização.
para que esses sejam contabilizados como capital, numa Pode-se dizer que, na teoria educacional e na prática do
espécie de economia de conhecimento. Dessa maneira, po- currículo, esses dois conjuntos de epistemologias são pro-
demos estabelecer uma conexão entre protagonismo e em- duzidos por um movimento dinâmico: as reflexões internas
preendedorismo, tendo em vista que ambos dizem respeito à ciência e as questões colocadas pelos sujeitos sociais
a um autoinvestimento que tem por finalidade um tipo de organizados em movimentos sociais e ações coletivas ao
autonomia. campo educacional. Quanto mais se amplia o direito à edu-
cação, quanto mais se universaliza a educação básica e se
Goulart, Marcos Vinicius da Silva; SantoS, Nair Iracema Silveira
dos. Protagonismo juvenil e capital humano: uma análise da democratiza o acesso ao ensino superior, mais entram para
participação política da juventude no Brasil. Ciências Sociais o espaço escolar sujeitos antes invisibilizados ou descon-
Unisinos, v. 50, n. 2, p. 129-134, 2014. Disponível em: https:// siderados como sujeitos de conhecimento. Eles chegam
www.redalyc.org/pdf/938/93832099004.pdf.
Acesso em: 11 ago. 2020. com os seus conhecimentos, demandas políticas, valores,
185
corporeidade, condições de vida, sofrimentos e vitórias. territórios em disputa, sobretudo desses novos sujeitos so-
Questionam nossos currículos colonizados e colonizadores ciais organizados em ações coletivas e movimentos sociais
e exigem propostas emancipatórias. Quais são as respostas […].
epistemológicas do campo da educação a esse movimento?
GomeS, Nilma Lino. Relações étnico-raciais e descolonização
Será que elas são tão fortes como a dura realidade dos sujei- dos currículos. Currículos sem Fronteiras, v. 12, n. 1,
tos que as demandam? Ou são fracas, burocráticas e com p. 99-103, jan./abr. 2012. Disponível em: http://
os olhos fixos na relação entre conhecimento e os índices www.curriculosemfronteiras.org/vol12iss1articles/
gomes.pdf. Acesso em: 6 jul. 2020.
internacionais de desempenho escolar?
Por isso, uma análise que nos permita avançar ou com-
preender de maneira mais profunda esse momento da edu- Ética, política e educação
cação brasileira não pode prescindir de uma leitura atenta
que articule as duras condições materiais de existência vi-
vida pelos sujeitos sociais às dinâmicas culturais, identitá- Falar de fundamentos éticos e políticos da educação
rias e políticas. É nesse contexto que se encontra a deman- pressupõe assumi-la na sua condição de prática humana de
da curricular de introdução obrigatória do ensino de caráter interventivo, ou seja, prática marcada por uma in-
História da África e das culturas afro-brasileiras nas escolas tenção interventiva, intencionando mudar situações indivi-
da educação básica. Ela exige mudança de práticas e des- duais ou sociais previamente dadas. Implica uma eficácia
colonização dos currículos da educação básica e superior construtiva e realiza-se numa necessária historicidade e
em relação à África e aos afro-brasileiros. Mudanças de re- num contexto social. Tal prática é constituída de ações me-
presentação e de práticas. Exige questionamento dos luga- diante as quais os agentes pretendem atingir determinados
res de poder. Indaga a relação entre direitos e privilégios fins relacionados com eles próprios, ações que visam pro-
arraigada em nossa cultura política e educacional, em nos- vocar transformações nas pessoas e na sociedade, ações
sas escolas e na própria universidade. marcadas por finalidades buscadas intencionalmente. Pou-
co importa que essas finalidades sejam eivadas de ilusões,
[…]
de ideologias ou de alienações de todo tipo: de qualquer
Descolonizar os currículos é mais um desafio para a edu- maneira são ações intencionalizadas, das quais a mera des-
cação escolar. Muito já denunciamos sobre a rigidez das crição objetivada obtida mediante os métodos positivos de
grades curriculares, o empobrecimento do caráter conteu-
pesquisa não consegue dar conta da integralidade de sua
dista dos currículos, a necessidade de diálogo entre escola,
significação. O lado visível do agir educacional dos homens
currículo e realidade social, a necessidade de formar profes-
fica profundamente marcado por essa construtividade e his-
sores e professoras reflexivos e sobre as culturas negadas e
toricidade da prática humana e, como tal, escapa da norma-
silenciadas nos currículos.
tividade nomotética e de qualquer outra forma de necessi-
No entanto, é importante considerar que há alguma mu- dade, seja ela lógica, seja biológica, física ou mesmo social,
dança no horizonte. A força das culturas consideradas ne- se tomado este último aspecto como elemento de pura ob-
gadas e silenciadas nos currículos tende a aumentar cada jetividade. Os fenômenos de natureza política e educacional
vez mais nos últimos anos. As mudanças sociais, os proces- não se determinam por pura mecanicidade, ou melhor, só a
sos hegemônicos e contra-hegemônicos de globalização e posteriori ganham objetividade mecânica, transitiva, mas,
as tensões políticas em torno do conhecimento e dos seus a essa altura, já perderam sua significação especificamente
efeitos sobre a sociedade e o meio ambiente introduzem, humana. É que eles se dão num fluxo de construtividade
cada vez mais, outra dinâmica cultural e societária que es- histórica, construção está referenciada a intenções e finali-
tá a exigir uma nova relação entre desigualdade, diversida- dades que comprometem toda a logicidade nomotética de
de cultural e conhecimento. Os ditos excluídos começam a seu eventual conhecimento.
reagir de forma diferente: lançam mão de estratégias cole-
O caráter práxico da educação, ou seja, sua condição de
tivas e individuais. Articulam-se em rede. A tão falada glo-
prática intencionalizada, faz com que ela fique vinculada a
balização que quebraria as fronteiras aproximando merca-
significações que não são da ordem da fenomenalidade em-
dos e acirrando a exploração capitalista se vê não somente
pírica dessa existência e que devem ser levadas em conta
diante de um movimento de uma globalização contra-he-
em qualquer análise que se pretenda fazer dela, exigindo
gemônica, nos dizeres de [Boaventura de Sousa] Santos
diferenciações epistemológicas que interferem em seu per-
(2006), mas também de formas autônomas de reação, algu-
fil cognoscitivo. Educação é prática histórico-social, cujo
mas delas duras e violentas. Esse contexto complexo atin-
norteamento não se fará de maneira técnica, conforme ocor-
ge as escolas, as universidades, o campo de produção do
conhecimento e a formação de professores/as. Juntamente re nas esferas da manipulação do mundo natural, como, por
às formas novas de exploração capitalista surgem movimen- exemplo, naquelas da engenharia e da medicina.
tos de luta pela democracia, governos populares, reações No seu relacionamento com o universo simbólico da
contra-hegemônicas de países considerados periféricos ou existência humana, a prática educativa revela-se, em sua
em desenvolvimento. Esse processo atinge os currículos, os essencialidade, como modalidade técnica e política de ex-
sujeitos e suas práticas, instando-os a um processo de re- pressão desse universo, e como investimento formativo em
novação. Não mais a renovação restrita à teoria, mas aque- todas as outras modalidades de práticas. Como modalida-
la que cobra uma real relação teoria e prática. E mais: uma de de trabalho, atividade técnica, essa prática é estritamen-
renovação do imaginário pedagógico e da relação entre os te cultural, uma vez que se realiza mediante o uso de fer-
sujeitos da educação. Os currículos passam a ser um dos ramentas simbólicas. Desse modo, é como prática cultural
186
que a educação se faz mediadora da prática produtiva e da cria mais e melhor cidadania. Esta equivalência simbólica
prática política, ao mesmo tempo que responde também é muito relevante e requer não apenas mais discussão, mas
pela produção cultural. É servindo-se de seus elementos também a introdução de outras ferramentas conceituais.
de subjetividade que a prática educativa prepara para o Porém, antes de fazê-lo, queremos destacar dois pontos
mundo do trabalho e para a vida social […]. Os recursos chave. Primeiro, a associação positiva percebida entre ci-
simbólicos de que se serve, em sua condição de prática dadania e educação é bem forte, mesmo quando pode não
cultural, são aqueles constituídos pelo próprio exercício da ser tão direta ou tão robusta como é frequentemente pre-
subjetividade, em seu sentido mais abrangente, sob duas sumido […]. Em segundo lugar, e de grande relevância pa-
modalidades mais destacadas: a produção de conceitos e ra nosso argumento, parece menos aceito, apesar das cres-
a vivência de valores. Conceitos e valores são as referên- centes evidências de apoio […], que uma maior igualdade
cias básicas para a intencionalização do agir humano, em entre cidadãos, pelo menos em termos de redução da dis-
toda a sua abrangência. O conhecimento é a ferramenta paridade econômica, também pode ajudar a desenvolver
fundamental de que o homem dispõe para dar referências melhores estudantes […].
à condução de sua existência histórica. Tais referências se Está implícito na crença de que um sujeito mais educa-
fazem necessárias para a prática produtiva, para a política do faz um cidadão melhor o reconhecimento de que nin-
e mesmo para a prática cultural. guém nasce com habilidades e aptidões de cidadania. Todos
Ser eminentemente prático, o homem tem sua existên- nós precisamos aprender a como ser um cidadão. Reunir as
cia definida como um contínuo devir histórico, ao longo do noções de cidadania e educação foi um subproduto dos pro-
qual vai construindo seu modo de ser, mediante sua práti- cessos iniciais de institucionalização de nações-estados
ca. Essa prática coloca-o em relação com a natureza, me- como democracias. No século XVIII, a compreensão explí-
diante as atividades do trabalho; em relação com seus se- cita de que cidadania não era um conjunto natural e inato
melhantes, mediante os processos de sociabilidade; em de aptidões, que pertencia a uma classe específica de pes-
relação com sua própria subjetividade, mediante sua vivên- soas ou era a essência cultural e política de populações es-
cia da cultura simbólica. Mas a prática dos homens não é pecíficas, foi uma mudança bem importante nas ideias acei-
uma prática mecânica, transitiva, como o é a dos demais tas […]. Durante o período inicial de emergência da
seres naturais; ela é uma prática intencionalizada, marcada organização política da nação-estado, tanto os intelectuais
que é por um sentido, vinculado a objetivos e fins, histori- como os políticos entendiam a necessidade de desenvolver
camente apresentados. novos modelos de relações entre subjetividades individuais
Além disso, a intencionalização de suas práticas também emergentes, novos atores coletivos e formas de governo […].
se faz pela sensibilidade valorativa da subjetividade. O agir O que é relevante em termos da equivalência simbólica
humano implica, além de sua referência cognoscitiva, uma de educação-cidadania é que a compreensão inicial do que
referência valorativa. Com efeito, a intencionalização da era um cidadão, esta nova figura política, incluía a domes-
prática histórica dos homens depende de um processo de ticação dos bem conhecidos setores populares desregrados.
significação simultaneamente epistêmico e axiológico. Daí Como foi famosamente descrito por E. P. Thompson, as ten-
a imprescindibilidade das referências éticas do agir e da sões criadas por esta reunião são tão relevantes hoje como
explicitação do relacionamento entre ética e educação. na sequência da Revolução Francesa:
Severino, Antônio J. Fundamentos ético-políticos da educação Atitudes relacionadas a classe social, cultura popular
no Brasil de hoje. In: lima, J. C. F.; neveS, L. M. W. (org.). e educação foram ‘definidas’ na sequência da Revolução
Fundamentos da educação escolar do Brasil contemporâneo. Francesa. Durante mais de um século, a maioria dos edu-
Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2006, p. 289-320. E-book.
cacionalistas de classe média não conseguiam diferenciar
Disponível em: http://books.scielo.org/id/j5cv4/pdf/lima-
9788575416129-08.pdf. Acesso em: 20 ago. 2020. o trabalho da educação daquele do controle social e isto
resultava, muitas vezes, uma repressão ou uma negação
da validade da experiência de vida de seus alunos, con-
Estado e cidadania forme está expresso em dialeto rude ou em formas de cul-
tura tradicionais. Assim, educação e experiência recebida
eram contrárias uma a outra. E aqueles trabalhadores que,
Existem muitas perspectivas controversas que tentam
por seu próprio esforço, invadiram a cultura educada, se
definir as características mais relevantes da cidadania: do encontraram no mesmo lugar de tensão, no qual a edu-
seu status moral e legal ao seu caráter compulsório ou vo- cação trouxe com ela o perigo da rejeição de seus pares
luntário, de sua conexão com sentimentos patrióticos ou e autodesconfiança. A tensão, é claro, ainda continua […].
sua identificação e subordinação com o Estado à relação [Thompson, Edward P. The Romantics: England in a
com uma comunidade imaginada de iguais. Apesar de to- revolutionary age. New York: New Press, 1997. p. 23.]
das as diferenças em perspectivas, existem duas concor-
Mesmo que cidadania e democracia possam ter sido
dâncias aparentemente fundamentais: 1) a cidadania em
conceitualizadas como mutuamente necessárias, nenhuma
nações-estado modernas foi embasada em princípios sim-
delas é natural e esta dupla relação político-pedagógica exi-
bólicos de igualdade; e 2) a educação era um meio chave
ge a produção de um tipo particular de subjetividade – o de
para produzir cidadania […].
um cidadão democrático. Embora tenha sido muitas vezes
Combinações destas duas concordâncias fundamentais postulado, e das posições mais diversas e antagonistas, che-
básicas criaram um solo fértil para uma equivalência sim- gar a uma conceitualização clara de cidadão democrático é
bólica não testada historicamente: educação mais formal muito problemático e flutuante […].
187
Em sociedades contemporâneas, a legitimidade da figu- Mas, se esse problema aparece após as mulheres te-
ra de um cidadão democrático é inerente e constantemen- rem direito a voto, direito este que se espraiou pelas de-
te desafiada porque o cidadão educado – que é tanto go- mocracias ocidentais somente no século XX – o primeiro
vernante como governado – deve conciliar simbolicamente país a conceder a franquia do voto às mulheres foi a No-
um igualitarismo proclamado com a crua realidade de múl- va Zelândia, em 1893 –, a desigualdade de representação
tiplas formas de desigualdade. Queremos ser muito claros pode ser considerada como parte de toda uma estrutura
acerca deste ponto. O acesso a instituições educacionais é de divisão sexual do trabalho que remonta à antiguidade.
muito importante; contudo, não consegue anular comple- Nas sociedades antigas, de um modo geral, as mulheres
tamente a experiência diária vivida que ocorre no restante não eram consideradas cidadãs e, a elas, eram reservadas
da vida dos estudantes […]. A educação sempre desafia a as atividades da esfera doméstica. Com um mundo mais
noção de eu e de identidade de grandes grupos de estudan- rigidamente dividido entre a esfera pública e a esfera pri-
tes […], especialmente entre minorias e aqueles como refu- vada, aos homens cabiam predominantemente as ativi-
giados, migrantes destituídos de nacionalidade e outros que dades contidas na primeira e às mulheres, na segunda.
não se encaixam facilmente nas definições tradicionais de Ao longo dos séculos, a organização da produção se mo-
cidadãos dentro da nação-estado […]. dificou, e com a criação e a expansão do mercado, inclu-
sive do mercado de trabalho, as mulheres adentraram à
É inevitável desafiar as identidades dos estudantes em
esfera pública, principalmente para incrementar uma pro-
qualquer forma de educação porque as práticas político-pe-
dução que já não podia mais contar exclusivamente com
dagógicas de educação em cidadania requerem uma visão
a participação masculina, e também para contribuir para
de qual tipo de subjetividade é desejada, bem como do que
a manutenção econômica da vida doméstica e para a sua
é inaceitável. Esta visão de práticas desejadas e indesejadas
reprodução.
de cidadania, conforme iremos detalhar um pouco mais
adiante, é um produto da mentalidade incorporada, com- A despeito dessa flexibilização de uma divisão que, na
preensões tanto automáticas e inconscientes como pensa- antiguidade, se apresentava como ontológica, entre espa-
mento consciente. Estes processos mentais não são nem ço público e espaço privado, na contemporaneidade ain-
bons nem ruins em si e por si; ao contrário, é a maneira nor- da não se escapa de uma divisão sexual do trabalho ba-
mal e realista pela qual os humanos tomam decisões. Assim, seada na separação, ainda mais rígida do que as demandas
a visão, o currículo e a prática relacionada à educação em por igualdade entre os sexos exigiriam, entre espaço do-
cidadania não conseguem mais do que gerir as tensões em méstico e espaço não doméstico. […] Essa divisão ilumi-
constante evolução entre princípios democráticos de igua- na o quanto as mulheres são consideradas, na maioria das
litarismo e as múltiplas desigualdades da realidade vivida organizações familiares, as responsáveis exclusivas pelos
no dia a dia. Para fazê-lo de forma efetiva, a gestão pedagó- afazeres domésticos e, principalmente, pelas atividades
gica da educação em cidadania deve se preocupar tanto de cuidado. Tal responsabilidade contribui para que as
com os aspectos de pensamento e compreensão conscien- mulheres, nas suas demais atividades, enfrentem custos
maiores e tenham de conciliar suas atividades profissio-
tes como inconscientes.
nais fora e dentro do lar. […]
FiSchman, Gustavo E.; haSS, Eric. Cidadania. Educação e
Realidade, Porto Alegre, v. 37, n. 2, p. 439-466, maio/ago. A divisão sexual do trabalho não diz respeito somen-
2012. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/edreal/ te à responsabilização das mulheres pela atividade do-
v37n2/07.pdf. Acesso em: 20 ago. 2020. méstica, mas também à divisão de áreas do conhecimen-
to e do mundo profissional destinadas mais a esse ou
aquele sexo. Por exemplo, enquanto a engenharia, a cons-
Política e representatividade feminina trução civil, as atividades militares, são predominante-
mente exercidas por homens, as atividades relacionadas
[…] ao cuidado – enfermagem, professoras de nível funda-
A representação política é uma das dimensões em que mental, assistentes sociais, pedagogas, apenas para ficar
se verifica a desigualdade entre os sexos e que se expressa com alguns exemplos – são, em sua maioria, exercidas
de forma provavelmente mais intensa. Utilizo aqui o termo por mulheres. Mesmo dentre profissões como professores
“sexos” e não “gênero” porque a desigualdade se verifica universitários, médicos, advogados, há especialidades
entre os indivíduos a partir de sua determinação biológica, que podem ser consideradas de presença majoritariamen-
que se dá de forma binária. Se fosse levada em considera- te “feminina” ou “masculina”.
ção a categoria gênero, com todas as suas nuances e todos Tal divisão poderia significar apenas a expressão de vo-
os problemas que ela traz à binariedade homem/mulher, a cações distintas. No entanto, sabemos que aos afazeres
situação da desigualdade entre os gêneros seria ainda mais domésticos e às atividades voltadas ao cuidado são social-
dramática, pois praticamente não há transgêneros e lésbi- mente atribuídos valores inferiores àquelas atividades pro-
cas representantes e há uma baixa presença de deputados priamente da produção. E há áreas intelectuais que também
que se afirmam gays. Mas não é a representação dessas são mais valorizadas e ocupadas de forma mais expressiva
variadas e complexas formas de expressão de sexualidade pelos homens. Portanto, há uma atribuição diferenciada de
e de estar no mundo que será objeto deste texto. O alvo se- valor para as atividades consideradas “masculinas” em re-
rá algo anterior e que se constitui como um problema pre- lação àquelas consideradas “femininas”, com desvantagem
sente em todo o mundo: a desigualdade de representação para estas. Ou seja, as atividades desempenhadas pelas
entre homens e mulheres. mulheres são menos valorizadas do que as desempenhadas
188
pelos homens. E tal atribuição de valor inferior ocorre mes- Numa perspectiva funcionalista de elogio ao ajustamento,
mo quando atividades semelhantes são desempenhadas pode-se dizer que a apatia política seria salutar por ex-
pelos dois sexos. Como consequência disso, temos que, em pressar potencialmente a estabilização da ordem social.
todo o mundo, a diferença de salário entre homens e mu- Do ponto de vista democrático, contudo, a sociedade não
lheres é estabelecida na razão de que estas recebem como pode ser encarada como um conjunto de regras perma-
remuneração, em média, 0,8 do que eles recebem. nentemente instituídas que devem ser seguidas pelas no-
Neste contexto, a representação política nas câmaras de vas gerações, mas como cultura que se coloca em movi-
representantes, – atividade pública por excelência, e exer- mento pela interação entre os sujeitos que participam da
cida, em nosso mundo contemporâneo, por profissionais – vida social e são capazes de modificar as regras que her-
pode ser considerada a ponta extrema em que as mulheres, dam das gerações precedentes. […]
ao adentrar essa esfera, se encontram em um lugar que não Os jovens tendem a se engajar mais em causas do que
é reservado a elas. Assim como também não é reservado a em instituições. Aderem a ações coletivas que lhes permi-
outros grupos excluídos daquilo que se considera o padrão tam controlar os processos decisórios e cujos resultados não
dominante das sociedades – o homem heterossexual e bran- sejam postergados para um futuro longínquo. […]
co. Neste ponto, a literatura feminista, ao tratar da desigual- […]
dade de representação, deu importantes contribuições não
Os níveis mais significativos de engajamento e ado-
só para a busca de uma maior igualdade entre homens e
ção de atitudes e valores democráticos encontram-se en-
mulheres, nessa esfera, como também para uma maior igual-
tre os jovens mais escolarizados. A sofisticação política
dade geral de representação. Ao problematizar os obstácu-
e predisposição à participação, contudo, são também de-
los que as mulheres enfrentam para serem representantes,
vidos às oportunidades que os jovens possam ter de par-
a própria representação política e a sua capacidade de re-
ticipar em redes sociais diferenciadas capazes de ampliar
fletir os diversos segmentos da população – sua dimensão
seus capitais políticos e desenvolver a arte de argumen-
especular – é colocada em cheque.
tar e articular redes de apoios para seus pontos de vista
[…] e causas.
[…] Anne Phillips dedicou boa parte de sua reflexão Uma mistificação facilmente encontrada, principal-
sobre a democracia à representação feminina. Em Engen- mente nas mídias, é a de que os jovens “de hoje” seriam
dering Democracy ela afirma a necessidade de que a igual- menos participantes do que os jovens do passado. Há ca-
dade de oportunidades – entre elas a de ser representan- rência de estudos comparativos que possam confirmar a
te – deva também ser estendida às mulheres. […] Com hipótese acima. É preciso dizer, contudo, que jovens de
isso, ela aponta para a legitimidade dos mecanismos de diferentes estratos sociais dão expressivas evidências de
ação afirmativa para garantir tal representação. Em tra- rejeição ao ofício da “política profissional” e seus agentes:
balhos posteriores, sua reflexão foi se tornando mais so- os políticos. Esta é, sem dúvida, sinalização preocupante,
fisticada e envolveu um debate sobre representação em pois, a baixa confiabilidade na política fragiliza a institu-
que se confrontavam duas posições: na representação das cionalidade democrática que se organiza na base da re-
mulheres deveria ser dada uma ênfase à representação de presentação partidária.
ideias feministas, ou simplesmente uma maior presença
As difíceis condições de vida e o complexo de fatores
das mulheres já seria uma meta a ser alcançada? Essa di-
relacionados com a pobreza e a desigualdade social que se
cotomia, entre uma política das ideias e uma política da
convencionou denominar de “vulnerabilidade social” criam
presença – sendo que esta remonta à concepção de re-
dificuldades objetivas para o exercício da participação e o
presentação simbólica, na classificação canônica de
engajamento social e político. A busca pela sobrevivência
Hannah Pitkin […] – foi explorada em seu The Politics of
não é compatível com o tempo livre que as atividades de
Presence, em que suas reflexões se estendem para grupos
participação política demandam aos cidadãos. A necessi-
étnicos e raciais.
dade de trabalhar é, neste sentido, uma das principais razões
Abreu, Maria Aparecida A. de. Sistemas eleitorais e presença da diminuição do potencial participativo na sociedade. O
das mulheres na representação política: apontamentos de
aumento da idade coincide, então, com a diminuição das
uma perspectiva comparada entre Brasil, Finlândia e Áustria.
In: VitAle, D.; NAgAmiNem R. (ed.) Gênero, direito e relações oportunidades e disposição para a participação e o engaja-
internacionais: debates de um campo em construção. mento militante.
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http://books.scielo.org/id/6tdtg/pdf/vitale-9788523218 […] As redes sociais da internet e o denominado cibe-
638-07.pdf. Acesso em: 20 ago. 2020. rativismo são novas […] fronteiras para o desenvolvimen-
to de estudos que possam captar os sentidos da partici-
pação juvenil contemporânea. Os estudos têm
Participação política e juventude demonstrado que há práticas em curso que permitem per-
ceber a elaboração coletiva de novos conflitos e dissensos
Uma boa medida para aferir a qualidade de um proces- no âmbito da experiência participativa dos jovens brasi-
so de participação juvenil não se encontra em saber se os leiros na esfera pública.
jovens podem ou não participar deste ou daquele proces- CArrANo, Paulo. A participação social e política de jovens no
so ou espaço político, mas sim em buscar perceber até Brasil: considerações sobre estudos recentes. O Social em
onde esses como indivíduos ou coletivos podem chegar Questão, v. 27, p. 83-99, 2012. Disponível em: http://
osocialemquestao.ser.puc-rio.br/media/OSocial27_Carrano1.
com sua participação no sentido de influenciar decisões. pdf. Acesso em: 31 ago. 2020.
189
BIBLIOGRAFIA
COMENTADA
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uma perspectiva comparada entre Brasil, Finlândia e Áustria. mento do sistema de educação brasileiro, definindo os objetivos e
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ternacionais: debates de um campo em construção. Salvador:
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www.mctic.gov.br/mctic/opencms/ciencia/SEPED/ciencias_
Ciências Naturais compreendem o conceito de interdisciplinaridade e
humanas/O_que_e_as_CGHS/O_que_e_as_CGHS.html. Acesso
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em: 6 jul. 2020.
Ausubel, D. P.; NovAk, J. D.; HANesiAN, H. Psicologia educacional.
Nesse link, estão disponibilizadas definições oficiais do governo so-
Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. E-book.
bre a área de Ciências Humanas e Sociais aplicadas, seus principais
Trata-se de uma obra de referência sobre a psicologia educacional desafios e as temáticas que se destacam nas abordagens dessa área.
que pode subsidiar os diálogos sobre o desenvolvimento emocional
brAsil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.
e cognitivo nos processos de ensino e de aprendizagem.
Base nacional comum curricular: educação é a base. Brasília:
bittAr, Eduardo C. B. Ética, educação, cidadania e direitos hu- MEC/SEB, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.
manos. Barueri: Manole, 2004. mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf.
A obra apresenta reflexões filosóficas sobre o trabalho na sala de au- Acesso em: 21 jul. 2020.
la com foco nas posturas e propostas éticas alinhadas aos direitos Documento elaborado pelo Ministério da Educação, conforme previs-
humanos. O ponto de partida para os debates são as experiências to na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Estabelece as
selecionadas pelo autor, enriquecendo as proposições que aliam fi- competências, as habilidades e as aprendizagens essenciais aos es-
losofia e direito. tudantes de todas as escolas públicas e particulares do país, em todas
as etapas da Educação Básica.
bAld, Volnei André; FAssiNi, Edí. Reforma do Ensino Médio:
resgate histórico e análise de posicionamentos a respeito brAsil. Ministério da Educação. Conselho Nacional dos
da Lei n. 13 415/17 por meio de revisão de literatura, Uni- Secretários Estaduais de Educação. Guia de implementação
vates, 2016. Disponível em: https://www.univates.br/bdu/ do Novo Ensino Médio. 2019. Disponível em: http://novo
bitstream/10737/1868/1/2017VolneiAndreBald.pdf. Aces- ensinomedio.mec.gov.br/#!/guia. Acesso em: 6 jul. 2020.
so em: 7 jul. 2020. O documento explica as mudanças previstas pela reforma do Ensino
Os autores fazem uma análise qualitativa a respeito das transforma- Médio na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e fornece
ções da estrutura e da organização do Ensino Médio no Brasil ao lon- aos técnicos da rede de ensino e aos gestores escolares orientações
go do tempo. Para isso, analisam a opinião de sujeitos e de especia- sobre como implementá-las. Elaborado pelo Ministério da Educação
listas da área de educação envolvidos no processo de concepção e (MEC) e pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
implantação do Novo Ensino Médio. brAsil. Resolução n. 3, de 21 de novembro de 2018. Disponível
brAsil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio- em: http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0T
nais Anísio Teixeira (Inep). Matriz Referência do Enem. Dis- ZC2Mb/content/id/51281622. Acesso em: 28 jul. 2020.
ponível em: http://download.inep.gov.br/download/enem/ A Resolução atualizou as Diretrizes Curriculares Nacionais para o En-
matriz_referencia.pdf. Acesso em: 7 jul. 2020. sino Médio para orientar as políticas públicas educacionais em todas
O documento apresenta as habilidades avaliadas para cada etapa da as formas e modalidades de Ensino Médio no Brasil. O documento
escolarização e orienta a elaboração de itens de testes e provas aplica- favorece, ainda, a elaboração, o planejamento, a avaliação das pro-
das aos estudantes na avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio postas curriculares das instituições de ensino públicas e privadas que
(Enem), partindo das quatro áreas do conhecimento: Linguagem, Códi- ofertam o Ensino Médio.
gos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Na- CANdAu, Vera Maria (org.). Interculturalizar, descolonizar, de-
tureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias. mocratizar: uma educação “outra”? Rio de Janeiro: 7 Letras,
brAsil. Casa Civil. Lei n. 9 394, de 20 de dezembro de 1996. 2016.
Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Bra- O livro reúne uma série de artigos elaborados por especialistas de di-
sília, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/cci ferentes nacionalidades. Os textos tratam da interculturalidade crítica
vil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 23 jul. 2020. e de suas implicações para os processos educacionais, da relação
190
entre descolonização e educação e da literatura pedagógica sob uma Lino Gomes dialoga sobre a construção dos currículos escolares no
perspectiva das práticas educativas interculturais. Brasil, a importância política deles e os impactos para a descoloniza-
ção nos modos de pensar.
CArrANo, Paulo. A participação social e política de jovens no Bra-
sil: considerações sobre estudos recentes. O social em questão, goulArt, Marcos Vinicius da Silva; sANtos, Nair Iracema Silvei-
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https://www.redalyc.org/pdf/938/93832099004.pdf. Acesso
O artigo investiga os principais aspectos do engajamento juvenil na
em: 11 ago. 2020.
vida política, com base nos espaços de socialização tradicionais (fa-
mília e escola) e inovadores (redes sociais e ciberativismo). Nesse artigo da área da psicologia social, são analisados os principais
discursos institucionais sobre o protagonismo juvenil e as políticas
domiNgues, Ivan. Entrevista: humanidade inquieta. Revista Di-
públicas que fomentam a participação dos jovens na vida pública, em
versa (UFMG), n. 2, 2003. Disponível em: https://www.ufmg.
contexto nacional e internacional, ressaltando a importância desse
br/diversa/2/entrevista.htm. Acesso em: 23 jul. 2020.
tipo de investimento para a sociedade contemporânea.
Nessa entrevista, o filósofo brasileiro Ivan Domingues discorre sobre
os principais desafios do Ensino Superior, especialmente em relação grespAN, Jorge. Revolução Francesa e Iluminismo. São Paulo:
às propostas interdisciplinares, multidisciplinares e transdisciplinares, Contexto, 2014.
discorrendo sobre as definições de cada conceito e como eles podem O historiador Jorge Grespan faz uma reflexão sobre o processo revo-
ser articulados em diferentes projetos de pesquisa. lucionário francês do final do século XVIII, com foco no debate sobre
dussel, Enrique. Meditações anticartesianas: sobre a origem as ideias de liberdade e de igualdade.
do antidiscurso filosófico da modernidade. In: sANtos, Boa-
HobsbAwm, Eric J. Nações e nacionalismos desde 1780: pro-
ventura de Sousa; meNeses, Maria Paula (org.). Epistemologias
grama, mito e realidade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.
do Sul. São Paulo: Cortez, 2013. E-book.
Nesse livro, sistematizado a partir de uma série de conferências, o
Enrique Dussel propõe em seu artigo o deslocamento geopolítico do
autor busca traçar um panorama sobre nações e nacionalismos e faz
lugar e o marco temporal do surgimento da filosofia moderna. Essa
uma reflexão a respeito desses conceitos.
proposta é sustentada com base em textos produzidos por filósofos
do sul da Europa, da América do Sul e do norte da África que influen- mACHAdo, Cristiane; AlAvArse, Ocimar Munhoz. Qualidade das
ciaram o pensamento moderno. escolas: tensões e potencialidades das avaliações externas.
Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 2, abr./jun. 2014.
FisCHmAN, Gustavo E.; HAss, Eric. Cidadania. Educação e Reali- Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
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Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/edreal/v37n2/07. em: 6 jul. 2020.
pdf. Acesso em: 20 ago. 2020.
No artigo, os autores discutem como as avaliações externas se torna-
Nesse artigo, os autores propõem um debate pedagógico sobre a rela-
ram diretrizes da política educacional nacional para proporcionar me-
ção entre escolarização formal e cidadania. Eles destacam os princípios
lhorias na qualidade da educação no Brasil.
simbólicos de igualdade promovidos pelas nações-Estado e a educação.
FrANçA, Aldaíres Souto. Propostas Curriculares para o Ensino melo, Bárbara de Caldas; sANt’ANA, Geisa. A prática da meto-
de Estudos Sociais: circulação e apropriações de representa- dologia ativa: compreensão dos discentes enquanto autores
ções de ensino de História e de aperfeiçoamento de profes- do processo ensino-aprendizagem. Comunicação em Ciên-
sores (Espírito Santo, 1956-1976). 2013. 294 f. Tese (Douto- cias da Saúde, v. 23, n. 4, p. 327-339, 2012. Disponível em:
rado) – Curso de Educação, Universidade Federal do Espírito https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-755235.
Santo, Vitória, 2013. Disponível em: http://dspace3.ufes.br/ Acesso em: 6 jul. 2020.
bitstream/10/2176/1/tese_7250_TEXTO%20COMPLETO%20 As autoras do artigo apresentam alguns aspectos importantes sobre
TESE%20DA%20ALDAIRES%20SOUTO%20FRAN%C3%87A. a construção da aprendizagem dos estudantes por meio das meto-
pdf. Acesso em: 23 ago. 2020. dologias ativas. Além disso, investigam a adaptação e analisam as
vantagens e fragilidades da aplicação dessas metodologias na práti-
O estudo problematiza as representações sobre o ensino de Estudos
ca docente, em especial na articulação entre teoria e prática.
Sociais com base em publicações pedagógicas e em propostas curri-
culares entre os anos de 1956 e 1976, no estado do Espírito Santo. mitre, Sandra M. et al. Metodologias ativas de ensino-aprendi-
A tese analisa como tais documentos foram apropriados e legitima- zagem na formação profissional em saúde: debates atuais.
dos na cultura escolar ao longo do tempo. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, supl. 2, dez. 2008.
giordANi, Estela Maris. O “como” implementar a dimensão in- Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art
terdisciplinar em práticas pedagógicas nas escolas. Revista text&pid=S1413-81232008000900018&lng=en. Acesso em:
Contexto e Educação, ano 15, n. 60, p. 81-98, 2000. Disponível 7 jul. 2020.
em: https://revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/ No artigo, é discutida a transformação proporcionada pela adoção de
article/view/1224/977. Acesso em: 28 jul. 2020. metodologias ativas, que partem prementemente da indissociabili-
A autora apresenta algumas considerações sobre seu entendimento dade entre teoria e prática no decorrer da formação dos profissionais
acerca das relações interdisciplinares e analisa possibilidades de sua de saúde.
implementação no processo de ensino-aprendizagem desenvolvido muNsberg, João A. S. et al. O currículo decolonial: da reflexão
nas escolas.
à prática intercultural. Religare: Revista do Programa de Pós-
gomes, Nilma Lino. Relações étnico-raciais e descolonização dos -Graduação em Ciências das Religiões da UFPB, v. 16, n. 2,
currículos. Currículo sem fronteiras, v. 12, n. 1, p. 98-109, jan./ p. 593-614, dez. 2019. Disponível em: https://periodicos.ufpb.
abr. 2012. Disponível em: http://www.curriculosemfronteiras. br/ojs2/index.php/religare/article/view/44085. Acesso em:
org/vol12iss1articles/gomes.pdf. Acesso em: 6 jul. 2020. 7 jul. 2020.
Considerado um dos textos de referência para as relações étnico-ra- Preocupados com a naturalização do eurocentrismo no currículo es-
ciais na educação brasileira, esse artigo da pedagoga brasileira Nilma colar, os autores propõem a decolonização do poder, do saber e do
191
ser mediante uma atitude decolonial, assumindo uma postura crítica O artigo de divulgação científica discorre sobre os impactos do uso da
em relação à colonialidade em termos teóricos e práticos. internet na juventude contemporânea, abordando os principais efei-
tos emocionais e cognitivos nos jovens, de acordo com pesquisadores
NogueirA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de projetos: uma jornada de diversas universidades.
interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas in-
teligências. São Paulo: Ática, 2001. sANtos, Carlos Alberto dos. Desafios para a interdisciplinari-
dade no ensino das Ciências da Natureza. Revista Thema,
A obra subsidia os diálogos sobre planejamento e estratégias didáti- v. 15, n. 2, p. 363-370, 2018. Disponível em: http://periodicos.
cas com referência na pedagogia de projetos, debatendo sobre o pro- ifsul.edu.br/index.php/thema/article/view/960. Acesso em:
tagonismo dos estudantes nos processos de ensino e de aprendiza- 23 ago. 2020.
gem e o papel do docente como mediador no cotidiano escolar.
Nesse artigo, o autor aborda os desafios relacionados ao desenvolvi-
orgANizAção dAs NAções uNidAs (oNu). Agenda 2030 para o mento interdisciplinar no ensino das Ciências da Natureza e apresenta
Desenvolvimento Sustentável, 2015. Disponível em: uma proposta para viabilizar as atuações pedagógicas interdisciplinares.
https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso
em: 7 jul. 2020. severiNo, Antônio J. Fundamentos ético-políticos da educação
no Brasil de hoje. In: limA, J. C. F.; Neves, L. M. W. (org.). Funda-
A Agenda 2030 é um plano de ação que visa ao desenvolvimento de mentos da educação escolar do Brasil contemporâneo. Rio de
um mundo mais justo e igualitário. O documento apresenta 17 Obje- Janeiro: Ed. Fiocruz, 2006, p. 289-320. E-book. Disponível em:
tivos de Desenvolvimento Sustentável para fortalecer a paz universal http://books.scielo.org/id/j5cv4/pdf/lima-9788575416129-08.
e para erradicar a pobreza em suas diversas dimensões. pdf. Acesso em: 20 ago. 2020.
orgANizAção pArA A CooperAção e deseNvolvimeNto eCoNômiCo (oCde). Nesse artigo, o autor trata de fundamentos éticos e políticos da edu-
Global Competency for an Inclusive World. Disponível em: cação escolar, relacionando as intencionalidades e a importância do
https://www.oecd.org/education/Global-competency-for-an- universo simbólico na prática educacional.
inclusive-world.pdf. Acesso em: 7 jul. 2020. sCHwArCz, Lilia. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo:
Companhia das Letras, 2019.
O documento versa sobre a importância do desenvolvimento de uma
competência global em que os indivíduos, em especial os estudantes, A historiadora Lilia Schwarcz faz uma análise das gêneses do autori-
possam analisar questões locais, globais e interculturais. Nesse as- tarismo no Brasil. Ao longo do livro, apresenta alguns exemplos que
pecto, a escola torna-se o ambiente propício para o desenvolvimento corroboram o autoritarismo, como o mito da democracia racial, o pa-
de uma competência global envolvendo diferentes povos, línguas e triarcalismo, o mandonismo, a violência, a desigualdade, o patrimo-
culturas em diversas localidades do mundo. nialismo, a intolerância social, entre outros.
prAdo, Maria Elisabette Brisola Brito. Série “Pedagogia de zAbAlA, Antoni. A avaliação. In: zAbAlA, Antoni. A prática edu-
Projetos e Integração de Mídias” – Programa Salto para o Fu- cativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
turo, set. 2003. Disponível em: http://www.eadconsultoria. O pedagogo Antoni Zabala problematiza o conceito de avaliação, levan-
com.br/matapoio/biblioteca/textos_pdf/texto18.pdf. Acesso do em consideração os processos individual e grupal. Para isso, pauta-
em: 15 jul. 2020. -se nas possibilidades de identificação do objeto e do sujeito da avalia-
ção para questionar o que é preciso avaliar, a quem e como, além da
O texto aborda algumas características do trabalho pedagógico com
maneira de comunicar o conhecimento obtido por meio da avaliação.
projetos, assim como os principais dilemas que essa metodologia po-
de trazer aos docentes, contribuindo para a elaboração de estratégias zAbAlA, Antoni; ArNAu, Laia. Como aprender e ensinar compe-
significativas. tências. Porto Alegre: Penso, 2014.
prAdo, Marta Lenise do et al. Arco de Charles Maguerez: re- Nessa obra, os autores abordam a importância do uso educacional
das competências para o desenvolvimento integral dos estudantes.
fletindo estratégias de metodologia ativa na formação de
Além disso, argumentam que o ensino pautado em competências de-
profissionais de saúde. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro,
senvolve, necessariamente, habilidades e atitudes, dando um caráter
v. 16, n. 1, mar. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/
metadisciplinar aos componentes curriculares de maior relevância
scielo.php?pid=S1414-81452012000100023&script=sci_ diante de problemas reais.
arttext. Acesso em: 6 jul. 2020.
zANellA, Andréa Vieira. Escolarização formal e cidadania: pos-
As autoras apresentam um relato a respeito de um seminário sobre síveis relações, relações possíveis? In: silveirA, A. F. (org.). Ci-
metodologia ativa que tomou como base o Arco de Charles Maguerez. dadania e participação social. Rio de Janeiro: Centro Edelstein
As informações discutidas no artigo possibilitam reflexões acerca das de Pesquisas Sociais, 2008. Disponível em: http://books.scie
práticas pedagógicas dos participantes do evento. lo.org/id/hn3q6/pdf/silveira-9788599662885-09.pdf. Aces-
ruiz, José Antonio López. A internet na cultura juvenil: condi- so em: 28 jul. 2020.
cionamentos, significados e usos sociais. Observatório da O artigo apresenta um debate interessante sobre as relações entre a
Juventude na Ibero-América, 2017. Disponível em: https:// educação escolar e a formação cidadã, traçando, primeiro, um pano-
www.observatoriodajuventude.org/pinternet-en-la-cultura- rama histórico do debate e, depois, dialogando sobre experiências de
juvenil-condicionamientos-significados-y-usos-sociales/. estudantes e docentes por meio de abordagens pertinentes à filoso-
Acesso em: 5 jul. 2020. fia da educação.
192
ORIENTAÇÕES E COMENTÁRIOS
ESPECÍFICOS
Unidade
AS ORIGENS
1 DOS ESTADOS
INTRODUÇÃO
A unidade que inicia este volume trata do Estado e de suas estruturas em diferentes épocas e lugares, por meio de
uma abordagem cuidadosa que mostra a diversidade cultural, enfatizando que não existem “estágios” de desenvolvi-
mento das sociedades (conforme o paradigma do evolucionismo social).
O capítulo 1 trata da formação de diferentes Estados na Antiguidade de diversos lugares e mantém um diálogo cons-
tante com as ações do Estado na contemporaneidade brasileira, destacando seu papel na educação, na saúde e na in-
fraestrutura, em particular no que diz respeito à locomoção. O capítulo aborda momentos históricos distintos, o que tor-
na o trabalho em sala de aula mais dinâmico e instigante para os estudantes.
Dando continuidade ao estudo de contextos históricos diversos, o capítulo 2 aborda a Antiguidade greco-romana ao
analisar a formação da pólis e da democracia em Atenas, e, a partir dessa discussão, estabelece diálogos com o contex-
to democrático atual, enfatizando as diferenças entre governo e Estado e discutindo relações de poder características
desse regime político.
Para encerrar a unidade, o capítulo 3 trata do Estado como detentor do monopólio do uso da força e estabelece diálogos
sobre os direitos humanos. O Estado, tal como se apresenta na atualidade, originou-se no processo de centralização dos po-
deres durante o absolutismo monárquico. Fundamentando-se na análise do processo histórico de longa duração, essa unida-
de também aborda o tráfico de escravizados, a escravidão, suas marcas atuais e a luta contra o racismo e pelo fim das desi-
gualdades. Esse estudo permite que os estudantes verifiquem as mudanças e as continuidades da sociedade brasileira, e
analisem panoramas amplos, espacial e temporalmente, dos contextos globais e nacionais apresentados.
Considerando a proposta dessa unidade, é recomendável que o projeto seja liderado pelos professores de História
e/ou Sociologia. Os temas trabalhados contemplam a Lei n. 11 645/2008, que é uma atualização da Lei n. 10 639/2003 e
determina o trabalho com as histórias africanas, afro-brasileiras e indígenas em todos os componentes curriculares.
O capítulo 1 aborda: a formação de um Estado africano na Antiguidade, com destaque para os aspectos medicinais; e
as campanhas de vacinação em populações indígenas no Brasil.
Durante o estudo, é fundamental atentar-se aos conhecimentos prévios dos estudantes e incentivar que eles dialo-
guem sobre os conteúdos respeitando a diversidade de posicionamentos e opiniões. É possível, ainda, trabalhar alguns
temas de forma interdisciplinar, como as questões da saúde na Antiguidade africana e da vacinação indígena, que po-
dem ser estudadas com o apoio do docente de Ciências da Natureza.
OBJETIVOS DA UNIDADE
• Perceber a presença do Estado no cotidiano.
• Refletir, em linhas gerais, sobre a construção histórica do Estado desde a sua origem até a sua atual conformação.
• Verificar as tensões internas do Estado.
• Relacionar a gênese das primeiras formações estatais, nas Antiguidades, buscando seus sentidos e seus significa-
dos nos diversos contextos históricos na África, na Ásia e na América.
• Identificar a diferença entre governo e Estado, reconhecendo os pilares sobre os quais essas duas instâncias se
organizam.
• Refletir sobre a formação da pólis, a originalidade dessa organização social e os contrastes em relação aos Estados
caracteristicamente teológicos das Antiguidades.
• Compreender a gênese da democracia ateniense e da república romana, referências importantes para a tradição po-
lítica ocidental.
• Analisar o poder do Estado sobre alguns aspectos da vida dos cidadãos no Brasil.
• Discutir a formação do Estado Moderno no século XVI e as ideias dos contratualistas.
193
JUSTIFICATIVA Estado, tanto na vida cotidiana dos cidadãos quanto em mo-
mentos de crise, como durante a pandemia do coronavírus – que
As discussões que envolvem o Estado, se já eram relevantes trouxe impactos econômicos, sanitários e sociais.
em outros momentos, vêm se tornando cada vez mais importan-
tes, diante das crises pelas quais boa parte do mundo está pas- Essas discussões são feitas por meio de um balanço entre o
sando, em especial após a crise econômica mundial de 2008. passado e o presente, possibilitando que os estudantes tenham
Nesse sentido, os debates propostos nessa unidade são um uma visão mais ampla do assunto, sem que se esqueçam das
importante ponto de partida para a reflexão sobre o papel do questões atuais.
CECHSA2: EM13CHS204.
2 CGEB1, CGEB2, CGEB7 e CGEB10. CECHSA5: EM13CHS502.
CECHSA6: EM13CHS603 e EM13CHS605.
CECHSA2: EM13CHS204.
CGEB1, CGEB2, CGEB7, CGEB8, CECHSA5: EM13CHS502 e EM13CHS503.
3 CGEB9 e CGEB10. CECHSA6: EM13CHS603 e EM13CHS605.
CELT3: EM13LGG303, EM13LGG304 e EM13LGG305.
194
atuais, bem como sobre a presença do Estado na vida das pes- Trata-se de uma fonte de pesquisa confiável que pode ser
soas. Ao longo do capítulo, os estudantes vão conhecer o desen- consultada pelos estudantes.
volvimento dos primeiros Estados nas Antiguidades, em locais Vídeo
como a África, a Ásia e a América, e refletir sobre as relações
entre a religião, a esfera do sagrado, a invenção da agricultura
» O fim do Estado como núcleo social. Casa do Saber. Dispo-
nível em: https://www.youtube.com/watch?v=frQXgHrqDOE.
e a sedentarização das populações humanas em determinados Acesso em: 25 jun. 2020.
espaços e épocas.
A psicanalista e pesquisadora Maria Lúcia Homem analisa
Nesse momento, é importante ressaltar que, na atualidade,
a evolução do Estado sob a perspectiva do acordo estabe-
a presença do Estado na vida dos cidadãos ultrapassa os cam-
lecido entre os cidadãos e o Estado, caracterizado pelo fa-
pos tradicionais da norma legal e da segurança, da educação e
to de os primeiros cederem parte de sua liberdade e indi-
da saúde públicas. O Estado se imiscui também em campos
mais íntimos, como o da sexualidade, criando regras, estabele- vidualidade, em prol de uma rede de proteção social. Ela
cendo comportamentos e modos de vida ideais. É fundamental, também analisa a burocratização estatal e seus impactos
portanto, que os estudantes se percebam como membros ati- sobre as pessoas.
vos da sociedade, conhecedores dos mecanismos de ação do
Estado, e como protagonistas capazes de analisar criticamente Os primeiros Estados do Oriente
o espaço em que vivem, a fim de proporem caminhos e soluções (Página 13)
para os dilemas contemporâneos.
Uma possibilidade para conduzir a abordagem desse tema
é solicitar aos estudantes que observem em um mapa a região
O Estado no cotidiano (Página 12) do Crescente Fértil, explicando seu significado e como os povos
Iniciar o tema apresentado o conceito de Estado é bastante que habitaram a região foram favorecidos pelas condições na-
importante para desconstruir a ideia equivocada de que gover- turais. Seria importante informar que a agricultura também foi
no e Estado são a mesma coisa. Uma pesquisa em dicionários desenvolvida em outros locais, como no Extremo Oriente e na
on-line da língua portuguesa pode fornecer as bases para essa Mesoamérica.
proposta. Para ponderar as vantagens e as desvantagens da agricul-
Pode ser interessante convidar os estudantes a refletir sobre tura, proponha aos estudantes a leitura de textos de autores que
a presença nem sempre visível do Estado em seus cotidianos, questionam a suposta inexorabilidade dessa descoberta (como
frisando, por exemplo, os exemplos citados no texto. se ela tivesse sido uma decorrência inevitável do desenvolvi-
Em seguida, é possível enfatizar que a construção dos Esta- mento humano) e de autores que refletem sobre os possíveis
dos centralizados não foi desprovida de tensões e conflitos en- revezes causados pelo surgimento da agricultura em alguns
tre pessoas com interesses distintos. agrupamentos humanos. Um bom ponto de partida seria a obra
Estimule o debate entre os estudantes acerca da atuação do do historiador israelense Yuval Noah Harari (1976- ).
Estado no Brasil, como palco de disputa e de tensões em varia- Vale ressaltar o desenvolvimento tecnológico implicado no
das esferas, como a sexualidade, os direitos individuais, os di- controle das águas dos rios utilizadas para a agricultura. Com
reitos ambientais e o combate às desigualdades econômicas, isso, pode-se problematizar a frase de Heródoto: “O Egito é uma
raciais e de gênero. dádiva do Nilo”, valorizando, assim, as conquistas humanas re-
Vale ressaltar que a abertura colabora para a construção sig- lativas ao uso das águas desse rio.
nificativa da CGEB1. É importante trabalhar com os estudantes o papel da reli-
gião na formação dos Estados Antigos, mostrando a eles como
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES essa relação se manifestou, por exemplo, na sociedade egípcia.
Incentive os estudantes a analisar a imagem do túmulo do al-
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam to funcionário, levando-os a reconhecer, na riqueza de deta-
que o Estado atua em múltiplas dimensões da vida social, lhes, uma exteriorização da importância da religião no contex-
política e econômica dos habitantes de um país. to desses povos.
Para finalizar essa etapa inicial, seria importante certificar-se
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam so-
de que os estudantes compreenderam os elementos envolvidos
bre as relações de poder entre os gêneros, as etnias e as clas-
na criação dos primeiros Estados e a forma como eles se rela-
ses sociais no Brasil. Para aprofundar o debate, se julgar
cionavam uns com os outros.
conveniente, chame a atenção para a foto da abertura. A ima-
O trabalho aqui proposto favorece a mobilização das habili-
gem retrata um protesto pelo fim do genocídio da juven-
dades EM13CHS401 e EM13CHS404.
tude negra, evidenciando assim a existência de estruturas
sociais e políticas do Estado que contribuem, direta ou in-
diretamente, para o extermínio de vidas negras. Com base China e Índia (Página 14)
nessa constatação, é possível perceber que existe uma As sociedades que foram desenvolvidas no Extremo Orien-
assimetria de poder entre brancos e negros e também en- te são, em geral, pouco conhecidas no Brasil. Vale mencionar
tre o Estado e os indivíduos e os grupos que compõem para os estudantes a ampliação das relações econômicas que
a sociedade. ocorreu, nas últimas décadas, entre o Brasil e a China. Nesse
sentido, questione os estudantes se essas relações econômi-
Sugestões para o professor cas têm levado a diálogos culturais e a uma aproximação en-
tre os dois países. Os estudantes podem ser incentivados a
Site
identificar semelhanças entre a China e o Egito em relação à
» Atlas do Estado brasileiro. Disponível em: https://www. importância dos rios para as sociedades que se desenvolve-
ipea.gov.br/atlasestado/. Acesso em: 25 jun. 2020. ram nessas regiões.
Site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que Índia e China fazem parte do Brics, bloco de países formado
traz dados e informações sobre o funcionalismo público. também por Brasil, Rússia e África do Sul. Vale comentar com
195
os estudantes que a sigla, inicialmente, foi criada por um econo- Para concluir a abordagem, é possível propor uma conversa
mista em 2001 e incorporada à política externa dos quatro pri- com os estudantes sobre os povos da América Antiga, com base
meiros países em 2006. A África do Sul juntou-se ao bloco em em questões como: Até que ponto é possível comparar esses
2011. Com isso, a sigla deixou de ser um mero acrônimo e pas- povos com os antigos egípcios, os chineses ou os indianos?
sou a ser utilizada para nomear um mecanismo de cooperação Quais cuidados devemos ter ao realizar essa comparação?
entre seus membros. Vale ressaltar que a habilidade EM13CHS401 é trabalhada
A abordagem indicada contribui para a mobilização da habi- com destaque nessa parte do capítulo.
lidade EM13CHS604. Além disso, a CGEB1 é mobilizada aqui e
em outros momentos do capítulo, à medida que apresenta a di- Atividade complementar
versidade de Estados nas Antiguidades de diferentes locais. Dando prosseguimento ao início do texto teórico, os estudan-
tes poderiam pesquisar as chinampas dos astecas e o terracea-
Atividades complementares mento dos incas.
1. Solicite aos estudantes que se organizem em grupos para Além de identificar as técnicas empregadas, é importante
estudar e comparar a importância do trigo para os egípcios que eles reconheçam que essas criações foram respostas dadas
antigos e a do arroz para os chineses antigos, reconhecen- por esses povos às necessidades locais, tirando o máximo pro-
do seus valores nutricionais e, sobretudo, os valores atri- veito da geomorfologia local. Portanto, frutos do intelecto hu-
buídos socialmente (como o sentido religioso para o trigo mano e de sua inventividade.
e o sentido tecnológico para o arroz, conforme o texto di- Desse modo, os estudantes terão a oportunidade de valori-
dático cita). É possível construir um diálogo interdisciplinar zar os esforços e os inventos dessas sociedades, rompendo com
com Ciências da Natureza para fazer a análise nutricional eventuais preconceitos que ainda possam existir relativos aos
desses alimentos. povos da América Antiga.
2. Vale também propor aos estudantes uma pesquisa sobre ca- Sugestões para o professor
da um dos países-membros do Brics, com o objetivo de reco-
Matérias jornalísticas
nhecer suas semelhanças e suas diferenças, e avaliar as
ações adotadas por eles e sua efetividade. » AltmAnn, Carlos. Rota dos incas: misticismo e história ca-
minham nas montanhas do Peru. Estado de Minas. Dispo-
Sugestão para o professor nível em: https://www.em.com.br/app/noticia/turismo/2019/
07/16/interna_turismo,1069926/rota-dos-incas-misticismo-
Site e-historia-caminham-nas-montanhas-do-peru.shtml. Aces-
» Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Disponí- so em: 29 jun. 2020.
vel em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/ » Bruzzone, Andrés. Trilha Inca: rota é reaberta para turismo
mecanismos-inter-regionais/3672-brics. Acesso em: 26 jun. e leva a Machu Picchu. Terra. Disponível em: https://www.
2020. terra.com.br/vida-e- estilo/turismo/trilha-inca-rota-e-
O site traz informações oficiais atualizadas pelo governo bra- reaberta-para-turismo-e-leva-a-machu-picchu,1e3839262
sileiro sobre o Brics. 5237310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html. Acesso em:
29 jun. 2020.
O Estado e a locomoção na Essas reportagens, assim como muitas outras disponíveis na
internet, revelam a maneira como as rotas incas são vistas
América Antiga (Página 15) na atualidade, com muita ênfase no aspecto turístico, que
Os estudantes podem ser instigados a reconhecer as chinam- pode ser problematizado com os estudantes em relação ao
pas e o terraceamento como técnicas e tecnologias dos povos grau de preservação dessas rotas e à maneira como o pas-
mesoamericanos, assim como as construções, com destaque sado inca é rememorado na atualidade.
para os templos religiosos. Se houver equipamentos disponíveis,
é possível projetar em sala de aula imagens de alguns desses Passe livre (Página 16)
templos. Ressalte a proximidade entre poder político e poder Nesse momento, o texto didático passa a abordar a contem-
religioso nas sociedades antigas abordadas. poraneidade brasileira, ao traçar um diálogo com um dos temas
Além da construção de edificações, o texto didático também vistos anteriormente: o deslocamento. Após estudar a importân-
apresenta as tecnologias incas aplicadas à construção de uma cia das rotas de transporte para os povos da América Antiga,
rede de estradas que permitia a rápida comunicação e o deslo- incluindo o Peabiru, conforme proposta neste Manual do Pro-
camento de bens e de pessoas entre as cadeias montanhosas fessor, vale destacar a relevância das rotas de deslocamento
da cordilheira dos Andes, ligando as populações que viviam nes- atualmente, mas com base em um outro ponto de vista, mais
sas regiões com as comunidades que habitavam a costa litorâ- próximo da Sociologia, que aborda a forma como o poder públi-
nea e as planícies amazônicas. co se mobiliza em função das necessidades da sociedade civil.
Entre os povos que se relacionavam com os incas, estavam É necessário que os estudantes reconheçam que o direito de
os tupis que habitavam a costa atlântica. Um dos caminhos per- ir e vir foi consolidado como um dos direitos fundamentais na
corridos era o Peabiru, que interligava os povos que viviam na Constituição de 1988, em seu Art. 5º, inciso XV: “é livre a loco-
região onde estão localizados, atualmente, São Paulo, Paraná, moção no território nacional em tempo de paz, podendo qual-
Santa Catarina, Paraguai e Bolívia à costa oceânica do Peru. Ca- quer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele
so julgue pertinente, é possível ampliar o conteúdo do texto teó- sair com seus bens”. Apesar dessa garantia legal, milhões de
rico pedindo aos estudantes que pesquisem o Peabiru, com ên- pessoas enfrentam dificuldades em seus cotidianos decorren-
fase na importância turística que essa rota possui na atualidade. tes de desafios encontrados em seus deslocamentos diários a
Proponha uma reflexão sobre a contribuição dessa atividade locais de trabalho, lazer e educação, e para acessar bens e ser-
para a preservação da história desses povos antigos. viços públicos, entre outros.
196
Nesse sentido, o texto didático apresenta uma análise das partes do capítulo, este momento é importantíssimo para a cons-
políticas públicas direcionadas à facilitação e à ampliação do trução da habilidade EM13CHS101 e da CGEB3. A análise da
acesso ao transporte público. Para aprofundar o estudo, é pos- tabela proposta mobiliza com destaque a habilidade EM13MAT102.
sível solicitar aos estudantes que identifiquem políticas locais,
do município ou da Unidade Federativa em que vivem, que faci- Boxe Interação
litem o acesso dos munícipes ao transporte público. 1. Espera-se que os estudantes se posicionem em relação à re-
Pela natureza do assunto analisado, o texto se relaciona às forma do Ensino Médio com base nas próprias experiências
habilidades EM13CHS204 e EM13CHS504. e vivências e reflitam acerca do quadro mais amplo da edu-
cação no país.
Boxe Ação e cidadania
Assim como o texto teórico, o boxe aborda as habilidades
Estado e saúde na Antiguidade africana
EM13CHS204 e EM13CHS504. Além disso, configura-se como
um momento essencial para a construção da CGEB9 e da (Página 18)
CGEB10. Tradicionalmente, os núbios, em comparação com os egíp-
A proposta amplia a análise do transporte público feita no cios antigos, foram menos estudados pelos pesquisadores,
texto teórico e apresenta o Movimento Passe Livre (MPL), que mesmo tendo vivido na mesma época e em um território con-
foi organizado para reivindicar melhorias no transporte público. tíguo. Diante da materialidade das obras egípcias e do fascí-
1. Respostas pessoais. O objetivo da questão é chamar a aten- nio que o Egito Antigo exerce no imaginário popular, a socie-
ção dos estudantes para os equipamentos públicos do lugar dade núbia, em geral, é desconhecida e relegada a um
onde vivem e como eles atendem ou não à diversidade de segundo plano. No entanto, o revisionismo das últimas três
corpos e existências. décadas vem mudando esse panorama. Um aspecto que po-
2. Respostas pessoais. A questão promove a pesquisa sobre a de ser ressaltado sobre os núbios antigos é a contribuição
situação do transporte público na região onde os estudantes deles para um dos elementos mais famosos da Antiguidade
moram e como isso impacta na comunidade, incentivando a africana: a mumificação. Esta é uma oportunidade para rea-
reflexão e o posicionamento dos jovens sobre o tema. lizar um trabalho em conjunto com os professores da área de
Ciências da Natureza para explicar como as mumificações
3. Respostas pessoais e atividade de pesquisa. Espera-se que eram feitas, de que modo os corpos eram preservados, por-
os estudantes identifiquem que os diferentes grupos sociais que as múmias não eram destruídas pela ação de microrga-
devem ter clareza de suas necessidades para reivindicar po- nismos, além de abordar as questões culturais e religiosas
líticas públicas, bem como reconhecem que é preciso conhe- envolvidas nessa prática.
cer a legislação vigente e as propostas que estão sendo É importante ressaltar os conhecimentos médicos dos po-
discutidas. Ressalte aos estudantes que a mobilização e a
vos que viveram na África, além dos egípcios, estabelecendo
organização são elementos fundamentais para a efetivação
pontes com os conhecimentos preservados ou construídos por
dos direitos constitucionais dos cidadãos, em especial, das
outras populações não ocidentais, como as chamadas comu-
populações vulneráveis.
nidades tradicionais, as quais, assim como faziam muitos po-
vos africanos da Antiguidade, se valem das substâncias en-
Sugestão para o professor
contradas na natureza. Pelo recorte de conteúdos e da
Site abordagem, o texto didático favorece o desenvolvimento das
» Movimento Passe Livre. Disponível em: https://saopaulo. habilidades EM13CHS101 e EM13CHS104.
mpl.org.br/material/filmes/. Acesso em: 29 jun. 2020. Sobre o boxe Para explorar, é possível propor a seguinte
O site descreve diversos documentários de teor social rela- reflexão aos estudantes: Muitas pessoas manifestaram sur-
cionados a diferentes eventos da realidade brasileira do sé- presa, indignação e tristeza em relação ao incêndio que des-
culo XXI. As descrições são acompanhadas de links de aces- truiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Em 15 de junho de
so aos vídeos. Entre os conteúdos disponibilizados, é possível 2020, outro incêndio destruiu o Museu de História Natural da
acessar informações sobre os movimentos de rua ocorridos UFMG. Organize os estudantes em dois grupos para pesqui-
em 2013 em diferentes cidades brasileiras. sar cada um desses casos e apresentar suas conclusões à
turma. Além de dados e informações, também seria impor-
Educação e projeto de sociedade tante que os estudantes expressassem suas opiniões acerca
dos impactos desses acontecimentos na a ciência brasileira
(Página 17)
e estabelecessem reflexões críticas com base nas informa-
O tema favorece a conscientização dos estudantes sobre a ções levantadas na pesquisa.
própria educação. O Ensino Médio não precisa ser compreen-
dido como o término de seus estudos. Ao completar o ciclo da
Vacinação em aldeias indígenas
Educação Básica, os jovens têm muitas opções, como cursos
de bacharelado, de licenciatura, sequenciais e de formação (Página 19)
tecnológica, distribuídos em ensinos presencial, semipresen- A cobertura vacinal é indicada por um conjunto de oito indi-
cial e a distância. cadores relacionados aos dados relativos à vacinação de bebês
Proponha que os estudantes conversem sobre as mudanças com até um ano de idade, que garante a eles a imunização con-
do Ensino Médio e a forma como eles imaginam que essas mu- tra hepatite B, sarampo, rubéola, caxumba, difteria, tétano, co-
danças podem ajudá-los a concretizar seus projetos de vida. queluche, poliomielite e pneumonia por Haemophilus influenzae.
A imagem que ilustra a página traz informações sobre essa mu- Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura vacinal é o resulta-
dança e pode ser abordada em sala de aula. do de um cálculo que é formado pelo número de doses aplica-
Essa discussão coletiva poderá servir de base para a pesquisa das (correspondente ao esquema completo de vacinação) de
sugerida no boxe desta página. Apesar de trabalhada em outras determinado imunobiológico dividido pela população-alvo e
197
multiplicado por 100, em uma área e um período de tempo. O re- 2. Espera-se que os estudantes percebam a correlação entre a
sultado é um indicador que corresponde à taxa percentual de formação do Estado e a organização social e que as múltiplas
pessoas que receberam as vacinas e que, por isso, estão poten- relações de poder influenciam diretamente as territorialida-
cialmente protegidas contra certa doença. des e causam impactos socioambientais.
É importante informar aos estudantes que algumas doenças 3. a) Eles dominaram a inundação, drenaram os canais e cons-
têm uma cobertura vacinal mais ampla do que outras. Solicite a truíram diques para proteger as casas.
eles que façam esse levantamento em sites de órgãos do go-
b) Espera-se que os estudantes, com base no que já estuda-
verno. Historicamente, a Região Norte apresenta as menores
ram, destaquem a importância das ações coordenadas dos
taxas de cobertura vacinal do país. É possível mostrar aos estu-
moradores e da atuação do Estado para encontrar alternati-
dantes mapas que apresentam a distribuição territorial das Ter-
vas para solucionar os problemas sociais e promover a pre-
ras Indígenas, solicitando a eles que estabeleçam relações entre
servação ambiental.
os dados das coberturas vacinais e a presença de indígenas.
Espera-se que eles percebam a correlação entre a maior presen- 4. Resposta correta: alternativa c. Espera-se que os estudantes
ça de indígenas e as menores coberturas vacinais, associando- compreendam a importância do papel do exército para a ma-
nutenção do vasto império que os astecas construíram até a
-a com as dificuldades de acesso a essas populações. Daí a im-
chegada dos conquistadores espanhóis e, portanto, como
portância da valorização dos esforços governamentais e dos
elemento constitutivo do Estado asteca.
profissionais da saúde envolvidos nessas campanhas de vaci-
nação que objetivam alcançar essas populações, levando a elas 5. Resposta correta: alternativa b. Com base no texto, os estu-
os benefícios da vacinação. dantes devem reconhecer que a identidade na Mesoamérica
Esse é um dos principais momentos do capítulo em que é fa- pré-hispânica era dada em função das cidades em que as
vorecido o trabalho com a CGEB7 e a CGEB8. A abordagem das pessoas viviam, denotando a ausência de uma identidade
habilidades EM13CNT201, EM13CNT207 e EM13CNT310 tam- mais ampla, que fosse eventualmente organizada e mantida
bém é favorecida. por uma estrutura como o Estado nacional, que inexistia en-
tre os povos mesoamericanos naquele momento.
Boxe Interação
1. As populações indígenas têm seus direitos assegurados pe- Práticas de texto (Página 21)
la Constituição de 1988 e, por isso, os serviços de saúde ofe-
Os mitos são uma das muitas formas de conhecer e organi-
recidos pelo Estado brasileiro também se estendem aos
zar as identidades sociais de grupos humanos, para além das
povos indígenas. Espera-se que os estudantes elaborem uma
instituições políticas, entre as quais, o próprio Estado. Desse mo-
leitura crítica da relação do Estado com a noção de cidadania.
do, não é preciso criar estruturas sociais e políticas, como as ne-
Nesse sentido, espera-se que eles mobilizem os debates e
cessárias para a formação do Estado, para que as pessoas es-
os conhecimentos desenvolvidos até o momento para iden-
truturem e partilhem suas identidades.
tificar os compromissos do Estado com os cidadãos.
A atividade contribui para o aprofundamento dos conheci-
mentos acerca dos povos tradicionais que os estudantes vão
Sugestão para o professor
pesquisar, valorizando a cultura e a história desses grupos.
Site Outro aspecto que merece ser destacado é o desenvolvimen-
» Começa o mês de vacinação dos povos indígenas. Dispo- to das capacidades leitoras e verbais, associadas à habilidade
nível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia- de estabelecer sínteses e comparações, de modo que os estu-
saude/45386-comeca-mes-de-vacinacao-dos-povos- dantes, ao se apropriarem dessas narrativas, tornem-se capazes
indigenas. Acesso em: 29 jun. 2020. de recontá-las de forma criativa.
O link do Ministério da Saúde informa sobre uma campanha Nessa seção, são especialmente mobilizadas as habilidades
de vacinação dos povos indígenas realizada em 2019, com EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS103 e EM13CHS105.
informações sobre os profissionais envolvidos e a população Além delas, por ser interdisciplinar, a atividade favorece a cons-
atendida e um link para o Calendário Nacional de Vacinação trução das habilidades EM13LGG101, EM13LGG103,
dos Povos Indígenas, que pode ser utilizado em um projeto EM13LGG104, EM13LGG201, EM13LGG202 e EM13LGG203
com o objetivo de conscientizar eventuais populações indí- com destaque.
genas locais sobre a importância da vacinação.
198
debate político nacional nas últimas décadas, e contou com pro- países. Um caminho é propor uma pesquisa sobre as discussões
gramas como o Bolsa Família, as cotas para afrodescendentes nas a respeito da viabilidade da adoção de um Programa de Renda
universidades públicas, o Programa Luz para Todos, entre outros. Mínima na Índia ou sobre os programas sociais desenvolvidos
Posicionamentos de setores da sociedade favoráveis e con- e adotados nos países europeus para reduzir a pobreza ou cor-
trários às chamadas políticas sociais impactaram esses progra- rigir questões similares.
mas sociais e a opinião da sociedade civil sobre essas ações. Para tanto, eles poderão consultar o site disponível em:
Esses posicionamentos são trabalhados de modo que os estu- https://valor.globo.com/mundo/noticia/2019/02/04/renda-
dantes possam ponderar, se apropriando do debate sobre os minima-vira-promessa-eleitoral-na-india.ghtml ou https://www.
bens públicos e também reconhecendo o lugar que ocupam na terra.com.br/economia/como-funcionam-programas-nos-
sociedade. É fundamental, portanto, que os estudantes, na eta- moldes-do-bolsa-familia-nas10-maiores-economias-do-mundo,
pa da vida em que se encontram, se posicionem tomando como 5f81b5f5506c40da4b403039eb5be8a94tyy33cu.html. Acesso
base os conhecimentos sobre o papel do Estado e dos governos em: 29 jun. 2020.
e das políticas públicas.
Além disso, espera-se que os jovens cidadãos possam reco- Políticas públicas: questões de Estado
nhecer a trajetória histórica desses entes em diferentes tempo-
ralidades e espacialidades para que, dessa forma, possam pen- (Página 23)
sar criticamente e agir de modo consciente e propositivo. Ao tratar da promoção do bem-estar da população, é possí-
vel abordar com mais detalhes o Estado de bem-estar social.
Governo e Estado (Página 22) Ressalte aos estudantes que o Estado de bem-estar social apre-
sentou variações ao longo do tempo e do espaço, de modo que
É possível ampliar a discussão sobre políticas sociais globais
fique claro que existiram diferentes modelos desse tipo de Es-
por meio de análises das propostas de renda mínima universal
tado no mundo e também no Brasil, como pode ser visto no ar-
gestadas no âmbito da pandemia global de covid-19, durante a
tigo disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/
qual milhões de pessoas, no Brasil e no mundo, sofreram redu-
cgpc/article/view/3994 (acesso em: 29 jun. 2020). Se julgar per-
ção ou perda de seus meios de sustento.
tinente, peça aos estudantes que façam uma apresentação com
Caso julgue pertinente, também é possível abordar as discus-
sões que tratam da intervenção do Estado na economia durante base no artigo, visando compreender as características de cada
a pandemia global, oferecendo condições para que os estudantes período analisado.
se apropriem dos debates e assumam posições com base em opi- A distinção entre política de Estado e política de governo nem
niões coletadas por meio de pesquisas. sempre é definida com clareza, dependendo de quem participa
Os conteúdos propostos nessa abertura possibilitam o desen- do debate. Existem situações em que indivíduos postulam que
volvimento da habilidade EM13CHS502. as políticas de governo também são políticas de Estado, uma
vez que os governantes que estão no poder foram eleitos pela
população nas eleições e, assim, expressariam a vontade nacio-
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES nal. Há, contudo, muitos que rejeitam essa afirmação e defen-
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes notem que dem a manutenção da separação entre as duas esferas.
o Estado é composto de um conjunto de instituições cujas Aborde o texto em sala de aula, por meio de uma leitura co-
funções representam, organizam e atendem – ou deveriam letiva e de discussões sobre cada um dos parágrafos. Solicite
atender – as necessidades da população que habita o seu aos estudantes que elaborem palavras-chave que resumam o
território. Já o governo tem caráter transitório porque os go- texto e destaquem seus principais pontos.
vernantes, que constituem uma das instituições que admi- Aqui, os estudantes têm a oportunidade de trabalhar a habi-
nistram o Estado, são eleitos pelos cidadãos periodicamente. lidade EM13CHS502.
199
sociedades democráticas e devem ser abordados por meio (cidadãos) e jurídicos (leis em comum), ressaltando a conceitua-
do diálogo e de forma pacífica. ção da cidadania na Antiguidade, bem distinta da que concebe-
mos atualmente.
Atividade complementar A proposta trabalha as habilidades EM13CHS104,
Caso considere adequado, proponha um debate em que os EM13CHS204 e EM13CHS603.
estudantes poderão assumir e defender posições relativas às
distinções entre política de Estado e política de governo.
Atividade complementar
Para isso, sugere-se, como base de pesquisa, o link disponí- Pode-se solicitar aos estudantes que comparem os funda-
vel em: https://www.institutomillenium.org.br/sobre-politicas- mentos e as práticas adotados na democracia direta dos ate-
de-governo-e-politicas-de-estado-distincoes-necessarias/ nienses com os existentes na vida política contemporânea, ca-
(acesso em: 29 jun. 2020). O debate pode ajudar a retomar e a racteriza pela democracia representativa. É muito importante
aprofundar os diálogos propostos no texto didático. que eles identifiquem e compreendam as diferenças entre os
dois momentos históricos, reconhecendo que, apesar de empre-
Sugestões para o professor garem a mesma palavra, a democracia ateniense era bastante
Artigos distinta das democracias atuais.
200
diverso e mais amplo, bem como que as noções de oratória dando condições para que os cidadãos manifestem seus
e articulação de ideais na assembleia se transformaram. O anseios e problemas, contanto que isso seja feito pacifi-
objetivo desse boxe é consolidar as diferenças entre os dois camente, como nos exemplos mostrados nas imagens. As
tipos de democracia analisados no texto e aprofundar as atividades trabalham com exemplos da prática cotidiana
reflexões sobre o conceito de liberdade, associado, na Gré- de algumas das manifestações populares democráticas.
cia Antiga, à vida pública e, na atualidade, à individualidade. Por meio delas, os estudantes podem valorizar o fato de a
A proposta favorece o trabalho com as habilidades democracia possibilitar a existência de espaços de repre-
EM13CHS102 e EM13CHS603. sentação de pautas dos mais diversos grupos sociais. As-
sim como o texto didático, o boxe se relaciona com as
2. Espera-se que os estudantes notem que, diferentemente do
habilidades EM13CHS501, EM13CHS502, EM13CHS504
que acontece em muitas sociedades atuais, nas quais o sig-
e EM13CHS605.
nificado de "liberdade" está muitas vezes associado à pre-
ponderância dos interesses individuais em relação aos 2. Resposta pessoal. Após associar as imagens a movimentos
interesses públicos, para os cidadãos da pólis ateniense, "li- reivindicatórios, espera-se que os estudantes reconheçam que
berdade" significava participar da vida pública e da adminis- elas mostram situações em que os manifestantes demonstram
tração do bem comum. suas insatisfações para os ocupantes do poder público. É im-
portante destacar que uma atitude subsequente e condizente
Sugestões para o professor com os valores democráticos seria o estabelecimento de diá-
logos entre os manifestantes e as autoridades públicas, visan-
Livros do construir, em conjunto, debates e alternativas para os
» florenzAno, Maria Beatriz B. O mundo antigo: economia e problemas expostos nas manifestações.
sociedade. São Paulo: Brasiliense, 1982.
Livro de divulgação que trata do desenvolvimento dos dois nú- Atividade complementar
cleos responsáveis pela criação da sociedade greco-romana.
Para discutir os principais direitos de cidadania, solicite aos
» finley, Moises I. Os gregos antigos. Lisboa: Edições 70, 1988.
estudantes que elenquem, de acordo com os pontos de vista
Obra panorâmica que faz um apanhado dos aspectos mais deles, os direitos de cidadania fundamentais presentes na Cons-
centrais do modo de vida da sociedade grega na Antiguidade. tituição Federal.
» vernAnt, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. A explicação de cada um dos direitos civis, políticos e sociais
10. ed. Trad. Ísis Borges B. da Fonseca. Rio de Janeiro: precisa ser fundamentada pela participação dos cidadãos na
Bertrand Brasil, 1998. sociedade. O conceito de cidadania está vinculado ao direito ci-
A obra discute o desenvolvimento do pensamento grego em dadão de ter direitos. Caso julgue interessante, solicite aos es-
diferentes momentos históricos da história antiga. tudantes que se organizem em grupos e pesquisem a subdivi-
são dos direitos humanos em direitos civis, políticos e sociais
Brasil: uma democracia representativa para compreender a história da cidadania.
Outra possibilidade de atividade seria pedir aos estudantes
(Página 26) que elenquem momentos em que a representatividade está pre-
sente na vida cotidiana das pessoas. Eles podem mencionar as
Depois de consolidar a consciência dos estudantes sobre o
eleições para síndicos de condomínios, para os grêmios estu-
caráter representativo da democracia brasileira, seria pertinen-
dantis e para diretorias das mais variadas instituições, entre ou-
te apresentar a eles os limites atuais dessa representatividade, tros exemplos.
além das conquistas adquiridas com a redemocratização a par-
tir dos anos 1980. Sugestões para o professor
Para isso, vale explicar, por exemplo, que a democracia pas-
Livro
sou a ser adotada com mais intensidade a partir do século XVIII.
Para o economista alemão Joseph Schumpeter (1883-1950), a
» SCHwArCz, Lilia; StArling, Heloisa M. Brasil: uma biografia.
participação política da população na democracia está limitada São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
à escolha de seus representantes políticos. Já para o cientista
Livro em que as autoras tratam da história do Brasil dos pri-
político polonês Adam Przeworski (1940- ), a democracia rela- mórdios de sua formação aos dias atuais por meio de recur-
ciona-se com as eleições e com a alternância pacífica de poder. sos textuais e linguísticos do gênero biografia.
Há, contudo, muitos outros pesquisadores que utilizam outros
elementos para definir o conceito de democracia, como proteção Artigos
dos direitos e das liberdades, autonomia para os eleitos gover- » mAligHetti, Roberto. Arenas identitárias e cidadania: políti-
narem, acesso a informações, entre outros. cas e práticas de confronto. Revista de Políticas Públicas,
É possível aproveitar esse momento e fazer uma roda de con- São Luís, número especial, 2010.
versa com os estudantes para discutirem a impressão que eles O texto analisa a articulação entre políticas públicas, concep-
têm da qualidade da democracia representativa no Brasil, com ções da cidadania, identidades, entre outros assuntos, e o
base em seus conhecimentos prévios. papel do Estado-Nação em meio às contradições políticas e
A proposta favorece o trabalho, em graus variados, com as econômicas estruturais.
habilidades EM13CHS501, EM13CHS502, EM13CHS504 e
» ferreirA, Jorge. Apresentação. Tempo, Niterói, v. 14, n. 28,
EM13CHS605. p. 11-18, jun. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-7704201000
Boxe Interação 0100001&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 30 jun. 2020.
1. Espera-se que os estudantes reconheçam que a democra- Texto sobre o período entre 1946 e 1964 no Brasil e a expe-
cia é um sistema político que constrói espaços de falas, riência democrática.
201
Eleições e relações de poder no Brasil Atividade complementar
(Página 27) Solicite aos estudantes que conversem com os colegas
sobre a compra de votos e os crimes eleitorais no Brasil e
Historicamente, a democracia brasileira vem enfrentando de-
organizem um debate sobre a representatividade na demo-
safios quanto à sua consolidação de fato. O texto teórico men-
cracia brasileira. Para isso, eles podem entrevistar pessoas
ciona o exemplo do voto de cabresto na Primeira República, o
e fazer pesquisas em jornais sobre a forma como as eleições
qual perdura até hoje, conforme a pesquisa encomendada pelo
ocorrem na região em que vivem e se há casos de crimes e
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas muitos outros casos po-
fraudes eleitorais. Depois, organize uma roda de conversa
deriam ser mencionados. Entre eles, é possível incluir a falta de
sobre esse tema. O objetivo desta atividade de pesquisa e de
interesse e de participação política de grande parte da popula-
divulgação científica é incentivar os estudantes a reconhecer os
ção, para além das eleições. Reduzir a democracia às eleições é
aspectos históricos e sociais da região em que vivem, bem como
uma atitude temerária, que esvazia grande parte do poder de
suas contradições e suas relações com a representatividade e o
integração política que ela oferece. Assim, associar a democra-
processo democrático brasileiros.
cia apenas à participação nas eleições é ignorar outras esferas
possíveis de atuação, como a participação em associações, ma- Sugestões para o professor
nifestos, conselhos municipais, entre muitos outras possibilida-
des de atuação política. Matérias jornalísticas
Outro risco para a democracia é a ausência do letramento » SuArez, Joana. O passo a passo da compra de votos na
político, ou seja, da capacidade de se inteirar dos fatos políticos periferia de Recife. El País, 3 out. 2018. Disponível em:
e de discernir os discursos em circulação nas mais diversas mí- https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/03/politica/
dias (desde os tradicionais veículos de comunicação até mesmo, 1538577259_358039.html. Acesso em: 3 jul. 2020.
sobretudo, os novos meios de divulgação de conteúdos virtuais), Reportagem do jornal El País sobre as várias modalidades
incluindo as fake news. A proposta desenvolve, de maneira apro- de compra de votos praticadas no Brasil.
fundada, o trabalho com as habilidades EM13CHS101,
» Pesquisa revela que compra de votos ainda é realidade no
EM13CHS503, EM13CHS602 e EM13CHS605. país. Tribunal Superior Eleitoral, 2 fev. 2015. Disponível
em: http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2015/Fe
Boxe Reflexão vereiro/pesquisa-revela-que-compra-de-votos-ainda-e-
A proposta complementa a construção da habilidade realidade-no-pais. Acesso em: 3 jul. 2020.
EM13CHS605, presente no texto teórico, além desenvolver a Essa matéria mostra a compra de votos em diferentes capi-
habilidade EM13CHS606 e a CGEB10. tais do Brasil no ano de 2014.
A perda do direito ao voto, pelos mais diversos motivos, é um Livro
dos maiores riscos à democracia. Por mais que o voto não seja
o único instrumento da consolidação democrática, ele é invaria- » lopez, Adriana; motA, Carlos Guilherme. História do Brasil:
uma interpretação. São Paulo: Senac, 2008.
velmente importante para o bom funcionamento de qualquer
sociedade democrática. Nesse sentido, o boxe reforça essa dis- Livro de síntese interpretativa da história do Brasil desde o
cussão, ao incentivar o estabelecimento de relações entre o tex- período colonial à época contemporânea.
to citado e a charge da página.
1. A charge evidencia, por meio de uma imagem, os fatos A Democracia e a separação
apresentados na reportagem. Na confluência dessas duas dos três poderes (Página 28)
fontes, espera-se que os estudantes identifiquem os ris-
cos à democracia decorrentes das práticas de compra de A separação dos poderes é fundamental para o bom funcio-
votos e de ameaças, que não só tiram dos cidadãos sua namento das democracias, pois garante a independência de um
liberdade de escolha, como transferem seus votos para poder sobre o outro. Assim, seus ocupantes podem exercer seus
grupos que têm interesses escusos, que corrompem o sis- direitos e seus deveres livremente, desde que não firam os fun-
tema democrático. damentos políticos, sociais, econômicos e jurídicos da nação.
Aliás, é justamente em momentos de ruptura das normas e das
2. Resposta pessoal. É muito importante recomendar cau-
leis que um poder pode exercer suas prerrogativas sobre o po-
tela aos estudantes, orientando-os a não exporem as
der infringente. Esse modelo é conhecido também como sistema
identidades das pessoas que, eventualmente, manifes-
de freios e contrapesos, exatamente por prever o equilíbrio en-
tem suas opiniões sobre o assunto, sobretudo se elas
tre os poderes.
mesmas tiverem sido vítimas desse tipo de coerção. As
Utilize o último parágrafo do texto teórico para retomar as
fontes utilizadas podem ser veículos de comunicação lo-
discussões feitas na página anterior e construir, com os es-
cais ou nacionais. Eles devem tomar muito cuidado com tudantes, as relações entre as informações do texto e os ris-
fontes não oficiais, como as redes sociais e os aplicativos cos e as ameaças à democracia brasileira. A proposta possi-
de mensagens para telefones celulares, pois nem sempre bilita o trabalho aprofundado com a habilidade EM13CHS603
as informações veiculadas nesses meios são confiáveis e a CGEB3.
ou podem ser checadas. A sugestão do boxe Para explorar é uma iniciativa que me-
3. Respostas pessoais. Após as discussões realizadas, espera- rece ser destacada e valorizada, por incentivar o engajamen-
-se que os estudantes refutem veementemente a prática de to dos jovens cidadãos na vida política nacional de maneira
venda de votos e demonstrem contrariedade em relação à direta. Uma estratégia pode ser perguntar aos estudantes se
possibilidade de venderem seus votos, reconhecendo que tal eles se interessariam em participar do programa indicado. Ca-
prática é extremamente danosa para todas as esferas da so- so haja manifestações favoráveis, é possível organizar uma
ciedade brasileira, pois deslocam o poder para grupos que parceria com os docentes da área de Linguagens para que
agem apenas com base em seus interesses. orientem os estudantes na elaboração das redações.
202
Seria importante acompanhar de perto o desenrolar das ati-
A república romana e o conceito
vidades, incluindo as inscrições e a publicação dos resultados,
enaltecendo os esforços dos estudantes, independentemente de coisa pública (Página 29)
da aprovação deles no programa. Dessa forma, são incentivadas Com esse conteúdo, espera-se que os estudantes percebam
práticas cidadãs extremamente benéficas tanto para a formação que a república romana deixou como legado histórico e concei-
pessoal dos estudantes quanto para o país. tual os conceitos de cidadania, de igualdade política e de cida-
dão como sujeito de direito.
Atividades complementares A imagem que mostra a sigla SPQR pode ser utilizada para
uma reflexão sobre até que ponto as atividades senatoriais em
1. Sugere-se a reprodução para os estudantes do documen-
Roma levavam em consideração as necessidades dos setores
tário Justiça, de Maria Augusta Ramos. O filme foi rodado
mais amplos da população. Nesse sentido, pode ser interessan-
no primeiro semestre de 2003, período em que a equipe de
te discutir com os estudantes a estrutura política romana, cujas
filmagem acompanhava o desenrolar dos processos de cin-
instituições, apesar de divididas entre representantes dos gru-
co réus de varas criminais e o dia a dia de três juízes e uma
pos aristocráticos e populares, tinham como instância máxima
defensora pública do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
o Senado, controlado por poucas famílias patrícias. O artigo dis-
A diretora denunciou, por meio do filme, a relação entre o
ponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2237-101X2
Estado brasileiro e os estratos mais pobres da sociedade.
018000100080&script=sci_arttext&tlng=pt (acesso em: 30 jun.
Ao discutir as formas de governo com os estudantes, é im- 2020) pode ajudar a elucidar as relações entre aristocracia e ple-
portante esclarecer que elas se referem ao tipo de organiza- be no sistema político da república romana. Um dos pontos re-
ção política adotado em cada Estado. O presidencialismo é o levantes desse artigo é o comentário sobre as prováveis mudan-
sistema de governo adotado pelo Brasil, desde o início da ças ocorridas ao longo dos cinco séculos da República no que
República; por isso, merece ser mais estudado, para que os diz respeito ao surgimento de potenciais conflitos dentro do
estudantes conheçam, com mais detalhes, as características grupo aristocrático, o que desconstrói a ideia da aristocracia ro-
desse sistema no Brasil. mana como um bloco coeso, cujos interesses comuns estariam
A explicação de cada um dos direitos civis, políticos e sociais sempre acima das disputas entre as famílias.
precisa ser fundamentada pela participação dos cidadãos na Com isso, há a oportunidade de dialogar com os estudan-
sociedade. A explicação do conceito de cidadania está vincu- tes sobre temas como generalizações, categorizações, divi-
lada ao direito de o cidadão ter direitos. A subdivisão em di- sões didáticas, entre outras ferramentas metodológicas uti-
reitos civis, políticos e sociais é uma opção metodológica, que lizadas em pesquisas históricas. A proposta favorece o trabalho
ajuda a compreender a história da cidadania. aprofundado com as habilidades EM13CHS101 e EM13CHS603.
203
Atividades (Página 30) Ampliando (Página 31)
1. a) Espera-se que os estudantes reconheçam que ela reforça A seção trabalha com os conceitos de democracia e repú-
a notícia. blica e utiliza trechos de um texto escrito pelo filósofo brasilei-
ro Renato Janine Ribeiro, com o objetivo de esclarecer a confu-
b) Resposta pessoal. É importante que os estudantes utilizem
são que muitas pessoas fazem com os dois conceitos. Com
fontes de pesquisa confiáveis e idôneas, evitando conteúdos
base na análise da expressão “cidadania democrática”, o autor
baseados apenas no senso comum ou em opiniões pessoais
pretende explicar que a ideia de um Estado honesto e eficien-
sem comprovação.
te não faz parte do conceito de democracia, mas sim da noção
c) Os estudantes devem reconhecer que a melhor atitude é de república, uma vez que a honestidade implica priorizar os
a denúncia aos órgãos competentes, como o Ministério Pú- interesses da coletividade, mesmo que em detrimento dos pró-
blico Eleitoral do município ou da região, informando os no- prios interesses.
mes das pessoas envolvidas, bem como o local e a data, A conclusão do texto do filósofo pode ser utilizada para que
podendo ser enviadas fotografias e/ou filmagens. Há tam- os estudantes compreendam que nem sempre a democracia,
bém a opção de fazer a denúncia por telefone, pelo serviço ao menos na concepção grega, tem relação com as garantias
do Disque Denúncia. Todas as denúncias são feitas de forma individuais.
anônima. Para mais informações, acessar o link disponível A proposta favorece o trabalho aprofundado com a habilida-
em: https://www.ebc.com.br/noticias/eleicoes-2014/2014/ de EM13CHS603. Além disso, dá continuidade ao trabalho com
08/saiba-como-denunciar-crimes-eleitorais (acesso em: a CGEB1, a CGEB2 e a CGEB7.
20 jun. 2020).
1. O autor retoma a tradição da Antiguidade clássica ao buscar
2. As informações obtidas na atividade anterior devem ser na acepção da república romana o sentido de república e, no
utilizadas para a realização dessa atividade. Você pode conceito de democracia ateniense, o significado de democra-
compartilhar o link acima com os estudantes como fonte cia. Essas acepções são analisadas com base na ótica de
de pesquisa. É importante que eles reconheçam esta pro- Montesquieu, principalmente em sua obra O espírito das leis,
posta como um serviço a favor da democracia e da cida- no contexto do Iluminismo.
dania, por permitir tanto a conscientização a respeito das
2. Resposta pessoal. Como possibilidade de resposta, os estu-
práticas fraudulentas quanto a denúncia de situações que
dantes podem afirmar que o conceito de república apresen-
violam os direitos políticos. O trabalho de pesquisa pro-
tado pelo autor se refere à concepção de governo que leva
posto nessa atividade tem o objetivo de ampliar tanto os em consideração os interesses públicos (o bem comum) aci-
conhecimentos quanto a conscientização dos estudantes ma dos demais. Já o conceito de democracia se refere aos
acerca dos vários tipos de políticas públicas existentes no interesses dos polloi, isto é, da maioria.
Brasil. Ao convidá-los a identificar a presença ou a ausên-
cia de políticas públicas no município, a pesquisa contri- 3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam
bui para a percepção crítica dos estudantes acerca da que, apesar de não serem sinônimos, os conceitos de repú-
atuação dos poderes públicos locais, capacitando-os pa- blica e democracia podem ser complementares, uma vez que,
ra que desenvolvam uma visão crítica sobre essa atuação, em um governo democrático, isto é, cujo poder emana da
bem como incentivando-os a assumir um protagonismo maioria, os interesses públicos são priorizados em relação
cidadão, cobrando ações das autoridades em relação à aos demais interesses.
situação observada.
3. Resposta correta: alternativa d. O trecho do texto citado
pertence à consagrada obra de Montesquieu, Do espírito CAPÍTULO 3 ESTADO: O DONO
das leis, na qual o autor estabeleceu a divisão dos pode- DA FORÇA (Página 32)
res. Caso você tenha optado por realizar a atividade com-
plementar que trata desse texto, os estudantes adquiriram Ao longo do capítulo, os estudantes vão investigar as origens
ainda mais condições para lidar com a atividade, perceben- dos mecanismos que permitiram ao Estado concentrar poderes
do que essa divisão não é meramente formal, mas tem co- e montar estruturas de poder no período moderno. Eles também
mo objetivo a separação das funções dos atores políticos vão conhecer as teorias sociais contratualistas elaboradas nos
para garantir o equilíbrio entre eles, evitando a intromissão séculos XVII e XVIII.
de um poder sobre os outros, salvo os casos previstos no Com base nos conhecimentos presentes nesse capítulo, os
código de leis do país. estudantes poderão pensar sobre aspectos relacionados à atua-
4. Resposta correta: alternativa e. Por meio da análise da ção do Estado no Brasil diante de uma sociedade desigual e ra-
charge, é possível concluir que não houve mudanças com cista e se posicionar em relação a isso. É importante notar que
relação à ameaça ao que hoje chamamos de direitos po- o tema é complexo e que o simples maniqueísmo, que consiste,
líticos no Brasil ao longo de todo o século XX e do início basicamente, em contrapor dois lados opostos, bom versus mau,
do século XXI. Contudo, valeria fazer uma ponderação não é satisfatório para tratar a questão, uma vez que a violência
com os estudantes, questionando-os se concordam ou também afeta policiais e as chamadas “forças da ordem”, além
não com a charge. Ao longo de todas essas décadas, é de estar difundida em diversas esferas da sociedade. Os deba-
inegável o avanço de mecanismos de proteção aos direi- tes propostos, por sua atualidade e consistência, favorecem a
tos políticos no Brasil, bem como o aumento da consciên- abordagem interdisciplinar, promovendo a construção das ha-
cia política da sociedade, ainda que existam setores bilidades EM13LGG303, EM13LGG304 e EM13LGG305.
sociais que são mais vulneráveis a essas ameaças, como Nesse contexto, é fundamental discutir a violência simbólica
populações submetidas à violência de grupos sociais com com os estudantes. Para tratar do tema, mostre filmes e
interesses políticos próprios, ao analfabetismo, à desin- documentários e promova um debate entre os estudantes. Veja,
formação e às fake news. a seguir, algumas sugestões de documentários.
204
» Falcão: meninos do tráfico. Direção: MV Bill e Celso Monografia
Athayde. Brasil, 2006 (60 min). » paDilha júnior, Josesito Moura do Amaral. O conceito de
Documentário produzido pelo rapper brasileiro MV Bill, com Direito na teoria pura do direito de Hans Kelsen. 2007.
o apoio da Central Única das Favelas (Cufa), que denuncia o Monografia (Especialização em Filosofia Moderna do Di-
envolvimento precoce dos jovens das periferias do Brasil com reito) – Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza. Dispo-
o tráfico de drogas e a relação deles com a polícia e com os nível em: http://www.mpce.mp.br/wp-content/uploads/
grupos inimigos. ESMP/monografias/filosofia.moderna.do.direito/o.conceito.
de.direito.na.teoria.pura.do.direito.de.hans.kelsen[2007].
» Última parada 174. Direção: Bruno Barreto. Brasil/França, pdf. Acesso em: 2 jul. 2020.
2008 (110 min).
Esse trabalho acadêmico apresenta o pensamento de Hans
Baseado em fatos reais, o filme dirigido por Bruno Barreto Kelsen e sua contribuição para a formulação do conceito atual
mostra a vida de Sandro Barbosa do Nascimento, o garoto de Estado.
de rua que sobreviveu à chacina da Candelária e, mais tarde,
sequestrou um ônibus na zona Sul do Rio de Janeiro. Debate sobre o porte de
Estado: o dono da força (Página 32) armas e munições
É fundamental que os estudantes compreendam a
(Página 33)
conceituação de Weber sobre o monopólio estatal do uso da for- A discussão sobre a detenção do monopólio da força pelo
ça, de maneira que não confundam essa formulação com a ideia Estado pode derivar, entre outras questões, para a discussão
de que o Estado está autorizado a usar a violência de forma de- sobre o direito ao uso de armas de fogo pelos cidadãos, entre
senfreada contra seus cidadãos. Aproveite esse momento para outras reflexões. Com base nas informações apresentadas no
discutir com eles as situações em que as instituições públicas texto teórico sobre as constantes mudanças relacionadas ao
usam a força de forma desmedida. Essa análise pode ser feita debate sobre o desarmamento, os estudantes podem discutir
com base em informações divulgadas pelos meios de notícia ou a função do Estado de mediar esses debates em termos de po-
em experiências pessoais deles. líticas de proteção à vida, as quais são defendidas por ambos
A abertura inicia o trabalho com as habilidades EM13CHS503 os lados (favoráveis e contrários ao desarmamento), cada um
e EM13CHS603. à sua maneira.
Você pode apresentar aos estudantes alguns dos mecanis-
mos de participação da população nesse debate, como as au-
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES diências públicas, tal qual a que foi realizada em 9 de outubro
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes relacionem a de 2019, disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/
história do Brasil em suas dimensões política e social, e men- 595055-comissao-faz-audiencia-publica-sobre-armas-de-fogo-
cionem o peso do escravismo e das ações colonizadoras e o e-municao (acesso em: 2 jul. 2020).
uso da força excessiva e da violência contra as classes popu- A abordagem proposta nessa página mobiliza com destaque
lares e vulneráveis. as habilidades EM13CHS101, EM13CHS106, EM13CHS504 e
EM13CHS606, além da CGEB7 e da CGEB10.
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mobilizem
seus conhecimentos prévios para refletir sobre o caráter racis- Boxe Interação
ta do Estado brasileiro. A imagem mostra não apenas a vio-
lência física, mas também a violência simbólica contra negros 1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes avaliem os
no país. É importante ressaltar que a questão da criminalidade argumentos apresentados e os relacionem à sua vivência
tem a dimensão individual, mas também uma dimensão que para se posicionar consciente e criticamente em relação à
é mais ampla, estrutural. Por ora, o objetivo é dialogar sobre questão.
as formas utilizados pelo Estado para empregar a força, as 2. Respostas pessoais. Com base nos debates indicados, o bo-
contradições desse emprego e as maneiras como os cidadãos xe amplia o trabalho proposto no texto teórico, cujo objetivo
podem se posicionar de modo ético e transformador. é desenvolver as habilidades EM13CHS504 e EM13CHS606.
205
jornal/cidades/2019/09/03/redacao-enem-2019-como- a página, para a qual há uma sugestão de atividade complemen-
o-debate-armamentista-afeta-o-ambiente-escolar.html tar. Caso julgue necessário, retome as características do feuda-
(acesso em: 30 jun. 2020). lismo na Europa Ocidental relacionadas à descentralização do
2. Outra possibilidade é solicitar aos estudantes que leiam o poder político para que os estudantes estabeleçam uma com-
paração com o processo de formação do Estado.
texto do sociólogo Max Weber que analisa o monopólio do
É possível utilizar imagens para reforçar essas diferenças,
uso da violência física legítima, uma das principais caracte-
mostrando aos estudantes, ou sugerindo que eles pesquisem,
rísticas do Estado moderno que o distingue das instituições
imagens que mostrem domínios senhoriais e seus castelos ou
políticas existentes anteriormente. Com base na leitura des-
cerimônias de vassalagem, comparando-as com a imagem ilus-
te trecho, é possível solicitar aos estudantes que respondam
trativa dessa página. As propostas abordam as habilidades
às questões propostas a seguir.
EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS204 e EM13CHS603.
O Estado moderno é uma associação de dominação insti-
tucional que, dentro de determinado território, pretendeu com Sugestões para o professor
êxito dominar os meios de coação física legítima como meio Livros
de dominação e reuniu para este fim, nas mãos de seus diri- »» Anderson,Perry. Linhagens do Estado Absolutista. Trad.
gentes, os meios materiais de organização, depois de desa- Renato Prelorentzou. São Paulo: Ed. da Unesp, 2016.
propriar todos os funcionários estamentais autônomos que Obra obrigatória para conhecer profundamente a formação
antes dispunham, por direito próprio, destes meios e de colo- do Estado Moderno nas Europas Ocidental e Oriental.
car-se, ele próprio, em seu lugar, representado por seus diri- »» Miceli, Paulo. História moderna. São Paulo: Contexto, 2013.
gentes supremos.
Obra didática universitária que apresenta as principais for-
Weber, M. Economia e sociedade: mulações acerca do Período Moderno.
fundamentos da sociologia compreensiva. v. 2.
Brasília: Editora da UnB, 1999. p. 529. (Adaptado.)
»» Florenzano, Modesto. Sobre as origens e o desenvolvimen-
to do Estado Moderno no Ocidente. Disponível em: https://
a) O que significa "monopólio da violência física legítima"? www.scielo.br/pdf/ln/n71/01.pdf. Acesso em: 30 jun. 2020.
O texto discute a produção historiográfica fundamental acer-
Significa que somente o Estado pode coagir legalmente
ca da criação e do caráter das monarquias modernas.
os cidadãos e, de acordo com as leis, impor-lhes sanções
materiais e físicas em seu território.
Atividade complementar
b) Quais são as instituições estatais que detêm o monopólio
Para trabalhar com a imagem que ilustra a página, peça aos
da coerção física?
estudantes que reconheçam tanto seus atributos estéticos quan-
Espera-se que os estudantes identifiquem que as forças to – e sobretudo – seus atributos simbólicos, estes últimos ma-
policiais e militares detêm o monopólio da violência. nifestados na centralidade da família Real e, em especial, no lu-
c) À luz das reflexões de Weber, quais problemas a flexibili- gar de destaque ocupado por Henrique VIII, figura que ocupa a
zação da posse de armas e munições pode vir a provocar posição central. Essa centralidade é ressaltada, também, pelo
no Brasil contemporâneo? uso da perspectiva adotado pelo artista, com todas as linhas
convergindo para o centro, exatamente onde o rei está.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes analisem
a questão das armas, atentando-se para o fato de que
outros grupos poderiam usar a coerção física de forma O absolutismo monárquico (Página 35)
não legítima. As imagens emanadas pelo Estado absolutista, ligadas à
3. Também é possível solicitar aos estudantes que façam uma grandiosidade decorrente do fortalecimento de seu poder, ocul-
pesquisa sobre os discursos elaborados por grupos favorá- tam os movimentos sociais de contestação ao seu poder, como
veis e contrários ao desarmamento ou à sua revogação, os levantes camponeses de 1549, na Inglaterra, esmagados pe-
analisando os argumentos apresentados e identificando las tropas mercenárias alemãs, ou as revoltas na França dos
eventuais fragilidades argumentativas presentes nos dois boulonnais, em 1662, e dos camisardos, em 1702, ou as revol-
lados do debate público, incluindo possíveis disseminações tas contra os cobradores de impostos, que se lançavam sobre
de fake news, entre outros problemas. Ao final, eles podem os pobres e poupavam a aristocracia, como apontou Perry An-
produzir um painel para apresentar as conclusões a que derson (1938- ) em sua obra Linhagens do Estado absolutista
chegaram, enfatizando o prejuízo da desinformação para a (publicada originalmente em 1974 e, no Brasil, em 1994).
democracia brasileira. Para dirimir a ideia de que o Estado absolutista era onipre-
sente e onipotente, destaque para os estudantes o parágrafo
final dessa página, que mostra alguns dos obstáculos para o
Centralização do poder exercício pleno desse poder.
no Estado moderno (Página 34) O texto articula as habilidades EM13CHS101, EM13CHS102,
Nesse momento, o capítulo estabelece um diálogo histórico EM13CHS104, EM13CHS204 e EM13CHS603.
para analisar o processo de formação do Estado como entidade
Sugestão para o professor
centralizadora de poderes.
Seria interessante destacar os elementos que possibilitaram Livro
a formação das monarquias modernas. Se for o caso, exempli- »» Burke, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem
fique esse processo por meio de um estudo de caso – como a pública de Luís XIV. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.
monarquia portuguesa, pela proximidade com a história do Bra- A obra mostra que a construção do monarca foi detalhada-
sil, ou a monarquia inglesa, aproveitando a imagem que ilustra mente pensada pela monarquia absolutista na França.
206
» Central Única das Favelas (Cufa). Disponível em: https:// Sugestões para o professor
www.cufa.org.br/index.php. Acesso em: 2 jul. 2020. Livros
O site da Cufa traz diversas informações sobre sua história
e as ações empreendidas por seus coordenadores e seus » Miceli, Paulo. História moderna. São Paulo: Contexto, 2013.
associados. A indicação pode subsidiar diálogos sobre as Esse livro apresenta as principais discussões sobre a Época
iniciativas empreendidas por coletivos e por organizações Moderna.
formados por moradores das favelas e destinados à própria » MarconDeS, Danilo. Iniciação à história da filosofia. Rio de
comunidade, contribuindo para o fortalecimento das identi- Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
dades locais e do protagonismo no exercício da cidadania Esse manual expõe o percurso dos principais autores da
filosofia, da Antiguidade ao período contemporâneo.
Pactos sociais: contratualismos » BoBBio, Norberto. Dicionário de política. Brasília: Editora
(Página 37) UnB, 1998.
Reconhecida por politólogos como uma obra de referência
Para organizar o conteúdo desse texto, elabore com os estu-
sobre ciência política, a publicação dialoga sobre os principais
dantes um quadro-síntese com as principais informações rela-
conceitos da área e possibilita a formação de um referencial
tivas aos pensadores analisados. Com isso, os estudantes terão
básico para o estudo.
em mãos um recurso que facilita a apreensão e o entendimento
das três propostas contratualistas apresentadas: de Thomas Site
Hobbes, de John Locke e de Jean Jacques Rousseau. » Unicamp. Histedbr. Navegando na história da educação
O texto também dialoga com o conteúdo da página anterior, brasileira. Disponível em: http://www.histedbr.fe.unicamp.
que é reforçado pela proposta do boxe Interação. Converse com br/navegando/j.html. Acesso em: 30 jun. 2020.
os estudantes sobre essas relações. O link apresenta o significado do verbete “jusnaturalismo”.
207
Direitos humanos (Página 38) buicao_desigualdade_renda.html; https://noticias.uol.com.br/
cotidiano/ultimas-noticias/2019/11/13/percentual-de-negros-
Pode ser interessante comentar com a turma que dois dos entre-10-mais-pobre-e-triplo-do-que-entre-mais-ricos.htm;
documentos mais relevantes e reveladores sobre as condições https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2017/A-pobreza-
históricas do final do século XVIII são a Declaração dos direitos brasileira-tem-cor-e-é-preta (acessos em: 3 jul. 2020).
da mulher e da cidadã, da francesa Marie Gouze (1748-1793), O texto também destaca o período da ditadura civil-militar,
mais conhecida como Olympe de Gouges, e a Reivindicação dos que vigorou de 1964 a 1985, e reduziu, e até mesmo retirou, di-
direitos da mulher, da inglesa Mary Wollstonecraft (1859-1797). reitos, com destaque para os direitos políticos e civis. Nesse sen-
Há uma tradução para o português do primeiro texto em um tido, é importante estudar os Atos Institucionais, relacionando-
artigo publicado pela revista INTERthesis, da Universidade Fede- -os com os estudos sobre os direitos humanos, de modo que os
ral de Santa Catarina (UFSC), disponível em: https://periodicos. estudantes percebam esses instrumentos como um atentado
ufsc.br/index.php/interthesis/article/view/911/10852 (acesso em: aos direitos humanos no Brasil.
3 jul. 2020). Já para mais informações sobre a segunda obra, su- Caso julgue pertinente, apresente aos estudantes a Comis-
gere-se o acesso ao vídeo disponível em: https://www.youtube. são Nacional da Verdade (CNV), criada no Brasil em 2011 para
com/watch?v=-0mUdGngbBY (acesso em: 3 jul. 2020). averiguar os casos de violação dos direitos entre o período de
Alguns trechos desses materiais podem ser selecionados 1946 e 1988.
para trabalhar em sala de aula, tanto de maneira expositiva No material disponível em: http://cnv.memoriasreveladas.gov.
quanto em uma atividade comparativa individual. br (acesso em: 3 jul. 2020), você pode acessar os documentos
É possível, ainda, ressaltar para os estudantes a importância produzidos pela comissão como resultado dos trabalhos reali-
desses textos, informando que os 17 artigos escritos por Olym- zados por seus membros e seus colaboradores.
pe de Gouges inspiraram a elaboração pela ONU, em 1948, da Uma boa fonte de consulta de matérias e dados suplemen-
Declaração Universal dos Direitos Humanos. tares sobre a questão dos direitos humanos no Brasil está dis-
A esses dois textos relativos aos direitos, somou-se a Decla- ponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/anthistbr/historia/
ração dos Direitos dos Cidadãos Americanos, no âmbito da in- index.html (acesso em: 30 jun. 2020).
dependência dos EUA. Entretanto, foi somente a partir da se- É importante ressaltar que a proposta dessa página aborda
gunda metade do século XX que as transformações sociais e as habilidades EM13CHS501, EM13CHS603 e EM13CHS605,
políticas e as conquistas de direitos começaram a ocorrer de além de aprofundar a abordagem a CGEB7 e a CGEB10.
maneira mais intensa e consolidada, sendo incluídas em discur-
O boxe Para explorar aborda um tema relevante para os es-
sos e políticas oficiais de muitos Estados democráticos, como o
tudantes do Ensino Médio: as questões de gênero e sexuais, que
Brasil, que será estudado na próxima página.
fazem parte dos universos jovem e adulto.
O texto dessa página aborda as habilidades EM13CHS101, O material indicado pode servir como fonte para uma pes-
EM13CHS102, EM13CHS603 e EM13CHS605. quisa e/ou uma discussão em sala de aula, aproveitando o mo-
mento para estabelecer um espaço de diálogo no qual os estu-
Sugestões para o professor
dantes devem se sentir à vontade para manifestar dúvidas,
Livros inquietações, angústias e experiências, de modo que a alterida-
de, a tolerância e as individualidades possam ser expressas com
» hoBSBawM, Eric. Era das revoluções: 1789-1840. 12. ed.
Trad. Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos Penchel. Rio tranquilidade.
de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
Atividade complementar
Obra panorâmica que aborda a era da dupla revolução em
diversos aspectos, com base no materialismo histórico. Como sugestão de atividade, avalie a proposição do seguin-
» hunt, Lynn. A invenção dos direitos humanos: uma histó- te passo a passo para a consecução de uma proposta de pes-
ria. Trad. Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das quisa, análise e compartilhamento dos resultados:
Letras, 2009.
• Solicite aos estudantes que façam um levantamento com fa-
Narrativa que conta a história da invenção dos direitos hu- miliares e conhecidos sobre suas perspectivas acerca dos
manos nos Estados Unidos da América e na França. direitos humanos.
Site
• Peça aos estudantes que levem as informações coletadas
» Nações Unidas Brasil. Disponível em: https://nacoesunidas. para a sala de aula.
org/direitoshumanos/declaracao/. Acesso em: 30 jun. 2020.
• Escreva na lousa tudo o que foi levantado.
O site da ONU no Brasil oferece mais detalhes sobre a
Declaração Universal dos Direitos do Homem. • Em seguida, proponha uma roda de conversa para esclarecer
algumas noções equivocadas presentes no senso comum.
Direitos humanos no Brasil (Página 39) • Com base nesses diálogos, incentive os estudantes a pensa-
rem em formas de comunicar à comunidade escolar o que
Destaque para os estudantes a relação citada no texto entre são os direitos humanos e qual é importância de defendê-los.
os direitos humanos no Brasil e a escravidão, uma vez que seus Eles podem elaborar postagens para as redes sociais da es-
efeitos são sentidos até os dias atuais, por meio de exclusões cola, elaborar cartazes, criar intervenções artísticas, entre
sociais, maior exposição à violência e à pobreza, menos oportu- muitas outras possibilidades, de acordo com o perfil e os ob-
nidades no mercado de trabalho, racismo estrutural, entre outros jetivos da turma.
elementos. • Se necessário, oriente os estudantes a consultar algumas
Há muitos estudos que correlacionam fatores raciais e étnicos das sugestões relacionadas na próxima seção deste manual.
com essas condições históricas, como os disponíveis em: Os materiais podem ser fontes de pesquisa na elaboração
https://www.ipea.gov.br/retrato/indicadores_pobreza_distri das ações de conscientização eleitas pela turma.
208
Sugestões para o professor d) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes valori-
zem ações que fomentem o respeito à vida das pessoas
Sites
envolvidas em situações de violência urbana. Você pode
» Universidade de São Paulo (USP). Origem histórica dos organizar a lista produzida pelos estudantes e discutir, item
direitos humanos. Disponível em: http://eaulas.usp.br/ por item, maneiras como as propostas poderiam ser efeti-
portal/video.action?idItem=764. Acesso em: 30 jun. 2020. vadas e formas como os órgãos públicos poderiam atuar
No portal da USP, há uma videoaula sobre a história dos em sua implantação.
direitos humanos como um processo de construção histó- 3. a) Significa que somente o Estado pode coagir legalmente
rica dos povos, e não apenas como universo de declaração os cidadãos, de acordo com as leis, e impor-lhes sanções ma-
ou de leis. teriais e físicas em seu território.
» Comissão Nacional da Verdade. Disponível em: http://cnv. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes discutam
memoriasreveladas.gov.br. Acesso em: 30 jun. 2020. a ideia fundamental do Estado e comentem que, por meio de
O site permite o acesso aos relatórios produzidos pela co- forças policiais, militares e outras, ele está autorizado a exer-
missão para investigar os crimes cometidos pela ditadura. cer o monopólio da violência.
O relatório III apresenta a biografia dos desaparecidos po- c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes analisem
líticos no Brasil no período ditatorial. a questão das armas atentando-se para o fato de que ou-
» Memórias da ditadura. Disponível em: http://memorias tros grupos poderiam usar a coerção física de forma não
daditadura.org.br. Acesso em: 30 jun. 2020. legítima.
O portal Memórias da Ditadura no Brasil pode ser uma rica 4. a) A participação das mulheres no processo revolucionário e
fonte de pesquisa para discutir o regime autoritário e a vio- a ampliação dos direitos de cidadania, com o intuito de abo-
lação dos direitos humanos no país. lir as diferenças de gênero na França.
» ONU Brasil. O que são os direitos humanos? Disponível b) Resposta pessoal. É importante que os estudantes reco-
em: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/. Acesso em: nheçam que os dois documentos promovem a igualdade de
2 set. 2020. direitos, o respeito à vida e a garantia à participação política.
Nesse link, há a apresentação do conceito de direitos huma- c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes perce-
nos e a análise introdutória dos principais elementos que bam que as discriminações de gênero e a desigualdade en-
constituem o Direito Internacional dos Direitos Humanos. tre homens e mulheres justificam a defesa dos direitos das
mulheres.
5. Resposta correta: alternativa b. Segundo a teoria weberiana
Atividades (Páginas 40 e 41) do Estado, este é o detentor exclusivo do uso da força, que
deve ser empregada para a manutenção da ordem.
1. a) Resposta pessoal. Os dados variam conforme o estado em
que os estudantes vivem. 6. Resposta correta: alternativa d. Para Hobbes, o direito de
natureza é uma construção social e é exercido pelas pes-
b) Resposta pessoal. Os dados variam conforme o estado em soas, visando à sua proteção, e regido com base no julga-
que os estudantes vivem. mento individual.
c) Respostas pessoais. A violência pode ser mensurada por 7. Resposta correta: alternativa b. A formação do Estado, para
meio de dados oficiais coletados e compilados pelas auto- Locke, é a consequência de um pacto social, de um consen-
ridades responsáveis, mas ela também tem um componen- timento mútuo, responsável pela mediação dos conflitos e
te pessoal, determinado pela percepção que cada pessoa dos interesses dos membros desse grupo.
tem da violência, indicativo do quanto elas se sentem afe-
tadas ou ameaçadas, independentemente dos dados ofi- Práticas de pesquisa (Páginas 42 a 45)
ciais. Essas diferenças são dadas pelo contexto em que se
vive, pelos relatos de pessoas conhecidas que sofreram A proposta dessa seção é trabalhar com a pesquisa-ação,
qualquer tipo de violência, entre outros elementos que po- uma das práticas de pesquisa preconizadas pelo MEC para obras
dem ser considerados. como esta.
Esta é uma metodologia bastante empregada pelos profis-
d) Resposta pessoal. A situação varia de acordo com o esta- sionais da educação, embora não seja muito comum no meio
do em que os estudantes vivem. É importante destacar que acadêmico. Por isso, o texto didático traz subsídios para eviden-
a garantia à inviolabilidade da vida é uma obrigação do Es- ciar as principais características da prática para os estudantes e
tado e que, em termos sociais, ela tem relação com políticas também para os professores que eventualmente não tenham
públicas voltadas à inclusão social dos cidadãos, ao fomento familiaridade com essa perspectiva metodológica. Caso consi-
da economia, à geração de empregos, à educação, entre ou- dere necessário, busque mais fontes de pesquisa sobre o tema,
tros objetivos. como as que serão recomendadas a seguir.
2. a) Espera-se que os estudantes relacionem a ação do Estado A pesquisa-ação proposta ao final dessa unidade está rela-
ao discurso de garantia da segurança pública, abordado com cionada à análise da democracia e da cidadania no cotidiano
especial atenção na página 36. escolar dos estudantes. A entrevista com Isabella Rozzino es-
clarece alguns aspectos relacionados a esse assunto e, por isso,
b) Resposta pessoal de acordo com o local onde os estudan-
pode ser utilizada como ponto de partida para o trabalho que
tes vivem.
será realizado. Uma estratégia pode ser solicitar aos estudantes
c) Os estudantes devem utilizar fontes confiáveis, em espe- que façam a leitura da entrevista em casa, individualmente, e
cial produzidas por órgãos públicos ligados à segurança e anotem os pontos que mais chamaram a atenção deles para
por veículos de comunicação idôneos. conversarem com os colegas em sala de aula. Proponha uma
209
roda de conversa para que eles estabeleçam relações entre os Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.
temas estudados e a realidade em que vivem. php/faced/article/view/24263. Acesso em: 3 jul. 2020.
Sugere-se apresentar, logo no início, o problema, deixando- O artigo apresenta de forma bastante didática os elementos
-os à vontade para se manifestarem, principalmente em relação constitutivos da pesquisa-ação.
às dúvidas que possam ter. A organização dos grupos proposta » toleDo, Renata Ferraz; jacoBi, Pedro Roberto. Pesquisa-ação
pela atividade pode ser feita por eles próprios ou com a sua me- e educação: compartilhando princípios na construção de
diação. Seria mais enriquecedor se os grupos formados fossem conhecimentos e no fortalecimento comunitário para o
compostos de estudantes com habilidades distintas e comple- enfrentamento de problemas. Educ. Soc., v. 34, n. 122,
mentares, para que eles possam ajudar uns aos outros. Além p. 155-173, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/
disso, dessa forma, há mais garantias de que os grupos teriam scielo.php?pid=S0101-73302013000100009&script=sci_
condições de completar as tarefas, já que cada um deles conta- abstract&tlng=pt. Acesso em: 3 jul. 2020.
ria com um conjunto de habilidades. O artigo demonstra a relevância da pesquisa-ação, em par-
Ao tratar da investigação, os estudantes podem retomar o tex- ticular no que tange à educação.
to quantas vezes acharem necessário, anotando as dúvidas para
» Franco, Maria Amélia Santoro. Pedagogia da pesquisa-ação.
que eles próprios façam pesquisas em busca das respostas. Educação e Pesquisa, v. 31, n. 3, p. 483-502, 2005.
A atuação do professor é recomendada em último caso, seja pa- Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-
ra orientá-los quanto às buscas, seja para ajudá-los na resolução 97022005000300011&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso
dos problemas em momentos em que demonstrarem muitas di- em: 20 ago. 2020.
ficuldades. Oriente-os a ler e analisar o tópico A investigação em
O artigo aborda a perspectiva da pedagogia da pesquisa-
conjunto com o tópico Procedimentos, pois muitas das eventuais
-ação como possibilidade de cientifizar a prática educativa
dúvidas surgidas no primeiro podem ser respondidas, ou terem
de acordo com os princípios éticos vigentes.
as soluções encaminhadas, no segundo.
Após compreenderem o que é uma pesquisa-ação, os estu- » pineau, Gaston. Emergência de um paradigma antropofor-
dantes estarão aptos a realizar o tópico Coleta de dados e, depois, mador de pesquisa-ação-formação transdisciplinar. Saúde
e Sociedade, v. 14, p. 102-110, 2005. Disponível em: https://
o tópico Análise dos dados levantados e proposta de solução.
www.scielosp.org/article/sausoc/2005.v14n3/102-110/pt/.
A etapa seguinte propõe uma ação na qual os estudantes vão
Acesso em: 20 ago. 2020.
apresentar os resultados das pesquisas que fizeram. Para isso, é
importante que o docente possa ajudá-los ou orientá-los a pre- O texto traz um balanço histórico e bibliográfico da pesqui-
parar as apresentações, certificando-se de que todos os recursos sa-ação, desde o surgimento institucional, na França, das
e os materiais necessários estão à disposição. Para isso, é funda- Ciências da Educação, em 1967.
mental que as ações de divulgação estejam prontas e que o local » tripp, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica.
em que serão feitas as apresentações seja adequado ao público Educação e Pesquisa, v. 31, n. 3, p. 443-466, 2005.
e às apresentações. Por exemplo, se os estudantes forem proje- Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-
tar conteúdos digitais, é preciso que computadores, televisores, 97022005000300009&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso
sistema de som ou outros equipamentos sejam disponibilizados em: 20 ago. 2020.
e estejam funcionando adequadamente. O ambiente também Para evitar abordagens superficiais ou reducionismos sobre
precisa ser silencioso, para que o público possa escutar o que os as práticas da pesquisa-ação, o pesquisador apresenta um
estudantes dizem ou o áudio de eventuais projeções de vídeo, debate sobre o papel da teoria nesse tipo de metodologia.
além de possibilitar que as luzes possam ser apagadas durante O autor também propõe um tipo de ciclo pertinente à pesqui-
as projeções. Destaque a importância de escutarem as falas das sa-ação, prática que, segundo ele, se situa entre a prática ro-
pessoas presentes, pois elas podem contribuir para o debate com tineira e a pesquisa acadêmica.
suas opiniões e suas experiências de vida.
Garanta que todos os estudantes participem dos debates,
» alveS, Mariana Gaio. As dimensões formal, não formal e
informal em educação: visibilidade, relevância e reinvenção
mesmo que não se manifestem em favor de soluções. Aprovei- na pesquisa e ação educativas. Medi@ções, v. 2, n. 2,
te o momento para valorizar a maneira como eles passaram a p. 115-32, 2014. Disponível em: http://mediacoes.ese.ips.
compreender a realidade em que vivem. pt/index.php/mediacoesonline/article/view/67. Acesso em:
A divulgação dos resultados também é uma etapa importan- 20 ago. 2020.
te da pesquisa-ação, pois ela permitirá que o trabalho realizado
Texto que analisa diferentes práticas da pesquisa-ação me-
seja ampliado pelos próprios estudantes ou por outras pessoas
diadas por propostas transversais em diferentes ambientes
nos mesmos contextos ou em situações diversas.
educativos, ampliando as possibilidades de mobilização da
A seção colabora para a construção da CGEB2 e da CGEB7,
pesquisa-ação.
entre outras.
Vídeo
Sugestões para o professor » Série MP Pesquisa-ação que apresenta a professora Windiz
Artigos Brazão Ferreira. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=A3dL6wSG7rw. Acesso em: 3 jul. 2020.
» picheth, Sara Fernandes; caSSanDre, Marcio Pascoal; thiollent,
Michel Jean Marie. Analisando a pesquisa-ação à luz dos No vídeo, a professora esclarece os elementos fundamentais
princípios intervencionistas: um olhar comparativo. Educa- do método da pesquisa-ação, reforçando seu caráter quali-
ção, Porto Alegre, v. 39, número especial, s3-s13, dez. 2016. tativo e participativo.
210
Retomada Pode ser interessante solicitar aos estudantes que montem
A seguir, apresentamos alguns dos principais conceitos tra- seus próprios mapas mentais para a organização dos conteúdos
balhados ao longo da unidade e algumas possibilidades de re- estudados. Com isso, é possível perceber de que maneira eles se
lações entre eles. Questões como o desenvolvimento dos Esta- apropriaram desse conhecimento e as relações que conseguiram
dos nas diversas Antiguidades, as diferenças entre Estado e estabelecer. Utilize essa atividade para identificar dúvidas e di-
governo e a diversidade de projetos políticos são temas amplos ficuldades dos estudantes em relação ao conteúdo estudado e
porém essenciais para que os estudantes possam se situar no retomar ou aprofundar os conceitos necessários. Essa proposta
debate político, com base em suas realidades e ideias para tor- também pode auxiliar na orientação e na mediação para que os
nar sua vida e a vida de sua comunidade melhores. estudantes realizem pesquisas complementares.
Conceituação Funções
Políticas públicas
Formação histórica
Estado Governo
Comparações entre
Movimentos sociais a Antiguidade
de reivindicação greco-romana e a
contemporaneidade
brasileira
Limites Possibilidades
Garantias e ameaças no
Brasil contemporâneo
211
■ ATIVIDADES DE PREPARAÇÃO PARA EXAMES
1. (PUC-Minas) da mídia, movimentos sociais e partidos políticos dão o tom da
representação em uma sociedade democrática.
As grandes manifestações ocorridas no Brasil durante os me-
Urbinati, N. O que torna a representação democrática?
ses de junho e julho deste ano foram iniciadas a partir do rea- Lua Nova, n. 67, 2006.
juste das tarifas de ônibus em grandes metrópoles brasileiras,
como Rio de Janeiro e São Paulo. Apesar da diversidade de Esse papel exercido pelos meios de comunicação favorece
reivindicações apresentadas durante os protestos, a pauta uma transformação democrática em função do(a):
inicial do movimento ancorou-se na defesa da “tarifa zero” a) limitação dos gastos públicos.
no transporte público, pauta defendida pelo MPL (Movimen- b) interesse de grupos corporativos.
to Passe Livre), trazendo o tema da mobilidade urbana para
c) dissolução de conflitos ideológicos.
o centro dos debates da sociedade.
d) fortalecimento da participação popular.
Sobre o transporte público nas grandes cidades brasileiras,
é incorreto afirmar: e) autonomia dos órgãos governamentais.
a) Os investimentos em transportes públicos não acompa-
Resposta: alternativa d.
nharam o rápido crescimento populacional das cidades, o
que levou a uma situação de colapso, uma vez que os ser- 4. (Enem)
viços prestados à população não conseguem atender à
A política de pacificação não resolve todos os problemas da
demanda crescente.
favela carioca, ela é apenas um primeiro e indispensável passo
b) Os meios de transporte público são considerados como
para que seus moradores sejam tratados como cidadãos. As Uni-
ineficientes, com baixo padrão de conforto para os usuá-
dades de Polícia Pacificadora (UPPs) recuperam um território que
rios e com custo elevado diante do padrão médio de ren-
estava ocupado por bandidos com armas de guerra, substituíram
da da população.
a opressão de criminosos pela justiça formal do Estado. [Mas] se
c) Há no país uma clara prioridade ao transporte público de
a UPP não for seguida por escola, hospital, saneamento, defen-
massa, em detrimento do transporte individual, provocan-
soria pública, emprego, daqui a pouco a polícia de ocupação te-
do esgotamento do sistema, diante do crescimento acen-
rá que ir embora das favelas por inútil. Ou será obrigada a exer-
tuado de novos usuários, que optam pela não utilização
cer a mesma opressão que o tráfico exercia para se proteger.
do automóvel em seus deslocamentos diários.
(Cacá Diegues. A contrapartida do lucro. O Globo, 28 jul. 2012.)
d) A utilização do ônibus como modalidade principal de trans-
porte de massa chegou ao seu limite, apontando para a Para o autor, a consolidação da cidadania nas comunidades
necessidade de priorizar, nas grandes cidades brasileiras, carentes está condicionada à:
outras modalidades de transporte de alta capacidade. a) efetivação dos direitos sociais.
b) continuidade da ação ofensiva.
Resposta: alternativa c.
c) superação dos conflitos de classe.
2. (UFMG) d) interferência de entidades religiosas.
A Campanha Nacional de Vacinação do Idoso, instituída pe- e) integração das forças de segurança.
lo Ministério da Saúde do Brasil, vem se revelando uma das
mais abrangentes dirigidas à população dessa faixa etária. Resposta: alternativa a.
Além da vacina contra a gripe, os postos de saúde estão
aplicando, também, a vacina contra pneumonia pneumocó- 5. (Unaerp)
cica. É correto afirmar que essas vacinas protegem porque: A Mesopotâmia se desenvolveu enquanto civilização entre
a) são constituídas de moléculas recombinantes. os rios Tigre e Eufrates, na região que hoje conhecemos co-
b) contêm anticorpos específicos. mo Oriente Médio. Assim, como aconteceu no Egito, a cons-
trução de diques e canais de irrigação propiciou uma forte
c) induzem resposta imunológica. agricultura, que trouxe riqueza às cidades-Estado que lá se
d) impedem mutações dos patógenos. desenvolveram. Contudo, diferentemente do que acontecera
na terra dos faraós, a Mesopotâmia foi sucessivamente do-
Resposta: alternativa c. minada por diferentes povos e todos eles lá deixaram suas
marcas. Entre tais povos, não podemos incluir os
3. (Enem)
a) hititas. d) amoritas.
Em um governo que deriva sua legitimidade de eleições livres
b) caldeus. e) sumérios.
e regulares, a ativação de uma corrente comunicativa entre a so-
ciedade política e a civil é essencial e constitutiva, não apenas c) assírios.
inevitável. As múltiplas fontes de informação e as variadas for-
Resposta: alternativa a.
mas de comunicação e influência que os cidadãos ativam através
212
Unidade
O ESTADO E OS SISTEMAS
2 ECONÔMICOS
INTRODUÇÃO
Nessa unidade, os estudantes serão incentivados a aprofundar seus conhecimentos políticos, econômicos,
filosóficos e históricos para compreender o papel do Estado, as propostas e os sistemas econômicos, suas gêne-
ses e características, as formas como foram aplicados em diferentes lugares e momentos históricos, bem como
suas consequências.
O capítulo 4 aborda a polarização política do presente entre direitas e esquerdas, analisando a origem e o sig-
nificado dessas orientações políticas no contexto da Revolução Francesa e seus desdobramentos no presente.
Aborda-se também o conceito de liberdade e sua relação com o ideal democrático.
Já no capítulo 5 discute-se o papel do Estado na formação de identidades nacionais a partir da reflexão sobre
as inclusões e as exclusões que essa construção identitária proporciona.
O capítulo 6, por sua vez, enfatiza o funcionamento do Estado brasileiro, analisando suas características, seus
desafios e suas dinâmicas internas. Dentre essas dinâmicas, destaca-se a economia como força motriz que orienta
diversas políticas de Estado.
Devido à natureza das discussões propostas e dos conceitos abordados nessa unidade, sugere-se que seu
trabalho seja liderado por docentes de História ou Filosofia.
OBJETIVOS DA UNIDADE
• Compreender o significado e a gênese dos conceitos políticos de direita e esquerda no passado e no presente.
• Identificar as causas e as consequências da Revolução Francesa, bem como as modificações que ela provo-
cou no mundo ocidental, com destaque para a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
• Problematizar o conceito de liberdade, suas formulações teóricas e sua presença ou sua ausência em diferen-
tes situações históricas, regionais e pessoais.
• Identificar sistemas de pensamento não europeus de utilização da razão e da promoção da igualdade entre
os indivíduos.
• Relacionar a formação dos Estados ao nacionalismo e às formações de identidades e fronteiras nacionais.
• Compreender os processos de imigração, as motivações de solicitações de refúgio e a xenofobia, sofrida por
imigrantes e refugiados, combatendo qualquer forma de racismo, opressão e discriminação.
• Caracterizar o liberalismo econômico e político, as diferentes concepções e práticas que o envolve e as suas
consequências sociais.
• Identificar diferentes visões relacionadas à intervenção do Estado na economia e em questões sociais.
• Compreender o processo de imperialismo, seus objetivos e suas consequências, identificando os povos impe-
rialistas e os povos submetidos ao imperialismo.
• Refletir sobre a marginalização de povos indígenas e de outros grupos populacionais na sociedade brasileira
atual.
• Compreender a formação do Estado brasileiro identificando continuidades e rupturas com relação à sua atua-
ção nas diferentes esferas da sociedade.
• Reconhecer a importância e as características da atual Constituição brasileira com relação à garantia da de-
mocracia e dos direitos dos cidadãos, investigando se tais direitos alcançam a totalidade da população.
• Caracterizar a forma como se consolidaram as políticas liberais e neoliberais na América Latina, suas caracte-
rísticas e consequências políticas, econômicas e sociais.
• Compreender o trabalho sob a lógica do capitalismo, com base em conceitos como mais-valia e alienação.
• Identificar e caracterizar propostas econômicas e políticas alternativas ao capitalismo e ao neoliberalismo.
213
JUSTIFICATIVA desses conceitos e os utilizem para analisar e compreender o
mundo contemporâneo e as diferentes relações de poder exis-
As discussões desenvolvidas nessa unidade contribuem para tentes. Nesse sentido, a investigação do papel do Estado e dos
o aprofundamento da compreensão acerca da historicidade do sistemas econômicos nas mudanças e nas continuidades da or-
conceito de Estado, propiciando assim a desnaturalização das di- ganização da sociedade pode incentivar os estudantes a refletir
nâmicas características dos Estados e dos sistemas econômicos criticamente sobre a realidade que os cercam, buscando maneiras
da atualidade. O estudo de conceitos como Estado, liberalismo, im- de superar as desigualdades e contribuir com a construção de
perialismo e capitalismo permite que os estudantes se apropriem uma sociedade mais justa e igualitária.
CECHSA1: EM13CHS101.
CGEB1, CGEB2, CGEB7, CGEB8 e CECHSA4: EM13CHS401.
4 CGEB9. CECHSA5: EM13CHS504.
CECHSA6: EM13CHS602, EM13CHS603 e EM13CHS605.
CECHSA4: EM13CHS401.
CECHSA6: EM13CHS603 e EM13CHS605.
CECNT1: EM13CNT104.
CGEB1, CGEB4, CGEB5, CGEB6, CECNT3: EM13CNT301.
6 CGEB7 e CGEB10. CELT1: EM13LGG101, EM13LGG102 e EM13LGG105.
CELT2: EM13LGG203 e EM13LGG204.
CELT3: EM13LGG301 e EM13LGG303.
CEMT1: EM13MAT102.
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
Revolução Francesa. Nesse momento, faça um levantamento
dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre o tema, ins-
tigando-os a refletir sobre continuidades e rupturas das pro-
postas da Revolução Francesa até os dias de hoje.
ABERTURA DE UNIDADE A abertura colabora para a construção das habilidades
(Páginas 46 e 47) EM13CHS101 e EM13CHS401.
214
CAPÍTULO 4 DIREITAS E ESQUERDAS: 2. Espera-se que os estudantes identifiquem que as expressões
"direita" e "esquerda" mencionadas pela personagem com
DILEMAS POLÍTICOS um chinelo na mão se referem aos projetos políticos associa-
(Página 48) dos a essas expressões. Dessa forma, a charge reflete de
maneira irônica e exagerada a polarização política da socie-
O capítulo 4 analisa os contextos políticos locais e suas rela- dade brasileira na atualidade ao apresentar uma persona-
ções com os projetos de governo. Para que os estudantes pos- gem dividida entre duas ações (matar a barata ou deixá-la
sam realizar esse tipo de estudo, será importante retomar o con- viver) a depender de sua orientação política.
texto da Revolução Francesa e como o mundo ocidental se
3. Respostas pessoais. O objetivo é mobilizar uma discussão
organizou depois dela. Questões políticas como posicionamen-
entre os estudantes, com a mediação do professor. Ressalte
tos de direita ou de esquerda serão problematizados estabele-
que a liberdade, em suas mais diferentes perspectivas, a de-
cendo uma relação de comparação do passado com o presente.
mocracia e o direito à vida devem ser preservados nas diver-
Os fios condutores da unidade são a ideia de liberdade, suas
sas posições políticas.
diversas formas de entendimento, suas manifestações, suas re-
lativizações e as questões subjetivas envolvidas nessa ideia. 4. Resposta pessoal. Auxilie os estudantes a perceber que es-
ses conceitos, bem como os demais, são construções histó-
ricas de determinados sujeitos ou grupos sociais que
Direitas e esquerdas: dilemas políticos respondem a demandas diversas. No entanto, com o passar
(Página 48) do tempo, são revistas e modificadas. Peça aos estudantes
que anotem nos cadernos suas hipóteses, que podem ser
Para levantar os conhecimentos prévios dos estudantes, é
revistas após o estudo do capítulo.
possível organizar um pequeno debate (ou uma atividade que
utilize a técnica brainstorming) para que os estudantes falem o
Sugestão para o professor
que entendem por direita e esquerda quando se trata de políti-
ca. Afirmações e dúvidas podem ser anotadas na lousa pelo pro- Livro
fessor ou pelos próprios estudantes. » BoBBio, Norberto. Direita e esquerda: razões e significados
Em seguida, é possível propor a leitura do texto da página, de uma distinção política. São Paulo: Ed. da Unesp, 2012.
explicando aos estudantes que os presidentes citados represen- Nessa obra, o filósofo e historiador italiano Norberto Bobbio
tam políticas popularmente associadas à direita e à esquerda. examina a gênese dos conceitos políticos de direita e esquer-
Chame a atenção deles para as diferenças e as semelhanças da, além de demonstrar que existem gradações políticas en-
entre os posicionamentos políticos. Se julgar necessário, com tre uma ideologia e outra e que elas continuam sendo impor-
base nos exemplos expressos no próprio texto, retome os prin- tantes chaves de interpretação até os dias de hoje.
cípios do neoliberalismo. É importante explicar que essa política
foi criada em 1989, em uma reunião chamada Consenso de Direitas e esquerdas: significados atuais
Washington, organizada pelo Banco Mundial e pelo Fundo Mo- (Página 49)
netário Internacional (FMI), e foi aplicada em países em desen-
volvimento, como o Brasil, para recuperar e acelerar suas eco- Retome com os estudantes o conceito de polarização políti-
nomias. No entanto, a diminuição do papel do Estado na ca, que está relacionado a posicionamentos referentes a dois
educação e na saúde, assim como a flexibilização das leis tra- polos distintos e contrários. Para mencionar um exemplo prático,
comente sobre os times de futebol que, historicamente, cons-
balhistas, tem originado problemas e dificuldades para a grande
truíram rivalidades, por exemplo, a Seleção brasileira de futebol
maioria da população pobre, que não tem recursos para finan-
e a Seleção argentina ou os times estaduais.
ciar esses tipos de serviço no setor privado.
Os dois tópicos que iniciam o assunto são importantes para
Ao analisar a charge, é importante chamar a atenção dos es-
que os estudantes construam bases científicas e sólidas para
tudantes para o ponto de vista do cartunista Duke sobre a pola-
analisar de maneira autônoma partidos, ações políticas e ideias
rização da sociedade brasileira atual entre orientações políticas
mais progressistas (esquerdas) ou conservadoras (direitas). No
de direita e de esquerda. A charge faz alusão ao caráter extremo
entanto, não deixe de explicitar que, conforme os exemplos men-
com o qual alguns grupos e indivíduos se relacionam com essa
cionados anteriormente, de modo geral, esses dois posiciona-
polarização, condicionando o direito de viver à orientação polí-
mentos se misturam em outros partidos e ações políticas.
tica dos indivíduos. Ressalte que o embate entre essas orienta-
Pergunte aos estudantes o que eles sabem sobre o termo
ções políticas não é recente e que essa discussão será aprofun-
“impeachment”. Esse termo, de origem inglesa, significa "im-
dada ao longo do capítulo.
pedimento" e diz respeito ao afastamento de presidentes e
O trabalho com esse tema colabora para a construção das
de outros líderes eleitos por meio da comprovação de atos
habilidades EM13CHS101, EM13CHS401, EM13CHS602 e
ilícitos previstos na Constituição de 1988. Se julgar oportuno,
EM13CHS603.
peça aos estudantes que façam uma breve pesquisa sobre
impedimentos ocorridos no século XX e estabeleçam relações
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES com o processo sofrido pela ex-presidenta Dilma Rousseff.
Com relação ao AI-5, assunto do boxe Reflexão, comente com
1. Resposta pessoal. Nessa questão, os estudantes têm a opor- os estudantes sobre o período da ditadura militar no Brasil
tunidade de construir respostas, definições e hipóteses sobre (1964-1985), caracterizando-a como um dos momentos mais
os significados políticos de direita e esquerda no Brasil con- violentos vividos pelo país no século XX.
temporâneo. Com base no que já sabem ou já ouviram falar A pandemia de covid-19, que assolou o mundo em 2020,
sobre o tema, é importante incentivá-los a aprofundar suas também pode ser um tema de pesquisa que propicie aos estu-
respostas embasando suas opiniões em dados da realidade, dantes a investigação de diferentes posicionamentos governa-
independentemente de suas posições políticas. mentais e a verificação de quais desses posicionamentos estão
215
mais alinhados aos governos de direita e quais estão mais incli- diferenças entre as classes do Antigo Regime: enquanto o clero
nados aos governos de esquerda. e a nobreza não produziam riquezas por meio do trabalho, não
pagavam impostos e tinham poder político, a terceira camada
Boxe Reflexão social era responsável por produzir toda a riqueza e pagar im-
postos – e, apesar disso, não tinha direitos políticos.
O conteúdo desse boxe visa provocar uma reflexão acerca
Comente sobre o papel da burguesia no processo revolucio-
das graves violações dos direitos humanos desencadeadas pe-
nário. Explique que a burguesia, ao contrário da terceira camada
la promulgação do AI-5. É importante que os estudantes com-
social, detinha o poder econômico e, portanto, pretendia ter tam-
preendam que o AI-5 não inaugurou essas violações, mas as
bém poder político.
respaldava e consolidava como políticas de Estado.
Tratar do conceito de revolução, diferenciando-o de conceitos
1. Os primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos como revoltas e levantes, pode auxiliar os estudantes a com-
Humanos afirmam o direito à vida, à segurança pessoal, à li- preender os resultados e os impactos da Revolução Francesa.
berdade de expressão e a garantia da não distinção baseada O termo" revolução" refere-se a processos políticos, econômicos
na orientação política. Além disso, estabelece que nenhum e sociais que alteram a base estrutural da sociedade, e não so-
indivíduo deve ser submetido à tortura ou a uma situação mente as questões regionais ou pontuais.
degradante. Portanto, o AI-5 e suas determinações contra- Ressalte o fato de o conceito de revolução ser, por vezes, uti-
riam o documento internacional, o qual muitos países se com- lizado no Brasil para designar eventos que não correspondem
prometeram a respeitar. às suas definições historiográficas tradicionais, tal como as re-
voluções de 1930 e de 1932. Explique que a Revolução France-
Sugestões para o professor sa foi um evento que inaugurou uma promessa de futuro, e não
Livro o retorno a um passado considerado glorioso. A revolução é con-
siderada uma mudança estrutural, que pode ser econômica (Re-
» Reis, Daniel Aarão. A vida política. In: schwaRcz, Lilia Moritz
volução Industrial), política e social (revoluções Francesa e Rus-
(org.). História do Brasil Nação: 1808-2010. Modernização,
sa), conforme a concepção defendida por Reinhart Koselleck
Ditadura e Democracia. Madri: Fundación Mapfre; Rio de
(1923-2006), na obra Futuro passado: contribuição à semânti-
Janeiro: Objetiva, 2014. v. 5.
ca dos tempos históricos, publicada em 2006.
Nesse livro, o professor Aarão Reis argumenta que a ditadura
Chame a atenção dos estudantes para a Declaração dos Di-
de 1964 contou com a participação de diferentes segmentos
reitos do Homem e do Cidadão e seus desdobramentos.
sociais, devendo, portanto, ser chamada de ditadura civil-militar.
Artigo Atividade complementar
» coelho, Maria Francisca Pinheiro. A esquerda ontem e hoje: Solicite aos estudantes que leiam em parte ou na íntegra a
o dilema entre igualdade e liberdade. Sociedade e Estado, Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, escrita em 1791
Brasília, v. 24, n. 2, p. 509-527, ago. 2009. Disponível em: pela francesa Olympe de Gouges (disponível em: http://www.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-anteriores-
S0102-69922009000200007&lng=en&nrm=iso. Acesso
%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-
em: 10 jul. 2020.
Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/declaracao-dos-
A socióloga e professora Maria Coelho recupera as origens dos direitos-da-mulher-e-da-cidada-1791.html; acesso em: 11 jul.
termos trabalhados nesse capítulo e o impacto do fim da União 2020). Peça aos estudantes que elenquem as demandas e as
Soviética na reelaboração do pensamento de esquerda. propostas que consideraram mais importantes no documento.
Em seguida, peça a eles que façam uma breve pesquisa ou
Atividade complementar explique como foi a recepção do documento pela Assembleia.
Sugestão de trabalho com o vídeo da música “Boca de Lobo”, Olympe de Gouges foi considerada uma traidora da revolução
de Criolo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v= e condenada à guilhotina. Organize um debate sobre os motivos
jgekT-PEb6c. Acesso em: 10 jul. 2020. que levaram a esse desfecho, questionando-os também sobre
Aproveite o vídeo para discutir situações de violação graves as desigualdades econômicas, políticas e sociais entre mulheres
aos direitos dos cidadãos e como é preciso agir para combater e homens no Brasil contemporâneo.
as desigualdades social e racial brasileiras. O vídeo mostra o in- Estimule os estudantes a perceber que a maior parte das
cêndio do prédio do largo do Paissandu, que ocorreu em 2018, propostas políticas e de transformação social a que temos aces-
e faz uma crítica à mineradora Vale em virtude do rompimento so é oriunda de países europeus. Comente que a Carta Mandin-
da barragem de Mariana, ocorrido em 2015. Também faz críti- ga, mencionada na indicação do boxe Para explorar, é bastante
cas à corrupção política, entre outros assuntos relacionados a anterior à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, ela-
ela. Associe o vídeo com a letra da música e com a trajetória e o borada durante a Revolução Francesa.
trabalho artístico de Criolo.
Boxe Interação
1. a) A charge retrata uma mão estendida na faixa vermelha da
Origens históricas: Revolução Francesa bandeira francesa, como se estivesse afundando em um mar
(Página 50) de sangue, clamando por fraternidade. Nesse sentido, pare-
A proposta dessa etapa é relacionar o passado mais recente, ce denotar que esse princípio revolucionário não está sendo
abordado nos itens anteriores, com a gênese das concepções atendido, em uma possível alusão à situação dos refugiados
estudadas, que ocorreu em um passado mais distante, mais es- na França.
pecificamente na Revolução Francesa. Retome com os estudan- b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes citem ex-
tes o conceito de Antigo Regime, presente na França e em outros periências pessoais relacionadas a suas percepções sobre a
países europeus até o século XVIII. Explique as principais fraternidade em nossa sociedade.
216
Sugestão para o professor Para encerrar o debate, retome o tema da escravidão e ques-
Livro tione-os também com relação à Constituição no Brasil atual. Os
direitos são amplamente assegurados e a justiça é aplicada da
» MoRin, Tania Machado. Virtuosas e perigosas: as mulheres
na Revolução Francesa. São Paulo: Alameda, 2013. mesma forma a todos os grupos sociais? Peça a eles que levan-
tem hipóteses apontando contradições, assim como o texto, e
No livro, a autora explora a atuação das mulheres – excluídas
façam anotações nos cadernos.
pelos revolucionários no que se refere à cidadania e à parti-
Esse item e os três itens anteriores colaboram para a cons-
cipação política – no processo revolucionário, evidenciando
trução das habilidades EM13CHS101, EM13CHS603 e
seu protagonismo, pouco explorado pela historiografia tra-
EM13CHS605.
dicional, à luz da história social.
Liberdade e escravização de africanos
A república francesa (Página 51)
(Página 53)
Sugere-se ressaltar aos estudantes as diferenças de posicio-
Estabeleça relações com o item anterior e retome com os es-
namento político entre girondinos e jacobinos estabelecendo
tudantes o conceito de escravidão, historicizando-o. Retome pe-
uma relação entre a composição e as propostas de cada um dos
ríodos em que a escravidão foi utilizada para mostrar a eles que,
grupos. É possível também estabelecer uma comparação entre
em cada momento histórico e em cada região e cultura, a escra-
o passado e o futuro mostrando características das direitas e
vização teve características diferentes. Utilizando o texto, chame
das esquerdas atuais.
a atenção para as especificidades da escravidão moderna, que se
As indicações disponibilizadas no boxe Para explorar apre-
caracterizava pela tentativa de retirar a identidade das pessoas
sentam diferentes produções culturais que retratam visões so-
escravizadas e pela obtenção do lucro com o comércio de seres
bre três momentos distintos do contexto revolucionário na Fran-
humanos, empreendido por vários países, em especial os da Eu-
ça (antes da revolução, durante e após a revolução). Chame a
ropa. Com relação ao trecho do texto Código Penal Escravista e
atenção dos estudantes para o fato de nenhuma dessas produ-
Estado, das historiadoras Hebe Mattos e Keyla Grinberg, incenti-
ções terem sido elaborados durante a Revolução Francesa, evi-
ve os estudantes a perceber a contradição apontada pelas auto-
denciando que se tratam de perspectivas e releituras posteriores
ras com relação às pessoas escravizadas: embora não fossem
a esse processo histórico.
donas nem delas próprias, caso cometessem um crime, eram res-
Boxe Reflexão ponsabilizadas como as pessoas livres. Nesse sentido, explique
aos estudantes que, como aponta o texto, muitas vezes, as ideias
Inicie a atividade proposta no boxe com a análise da imagem.
filosóficas, as propostas jurídicas e os direitos eram concedidos
Para mobilizar instrumentos de leitura e análise de imagens, si-
apenas à elite, uma vez que a escravidão ainda era uma prática.
ga um roteiro que se inicia com a descrição da imagem e segue
Sobre a Revolução Haitiana, retome mais uma vez o concei-
com a observação do que cada personagem está fazendo e co-
to de revolução, aponte os fatos ocorridos e faça com que os es-
mo foi representada. A seguir, peça a eles que façam uma refle-
tudantes identifiquem as transformações estruturais que ocor-
xão crítica sobre a imagem estabelecendo relações com o con-
reram durante e após a revolução. É importante destacar que o
teúdo estudado. Lembre-os das características e dos papéis
Haiti era colônia da França e que as duas revoluções (Francesa
desempenhados por cada estado no Antigo Regime.
e Haitiana) ocorreram concomitantemente. Receosas de que
1. Ambas as fontes estão relacionadas ao contexto da Revolu- uma revolução de escravizados pudesse ocorrer em suas colô-
ção Francesa. A gravura retrata a exploração do terceiro es- nias, as metrópoles passaram a temer o “haitianismo”. Elas te-
tado pelos outros dois estados, já o trecho da Declaração dos miam que os ideais da Revolução Francesa ou de outras filoso-
Direitos do Homem e do Cidadão exibe as reivindicações do fias ligadas à igualdade dos povos estimulassem rebeliões em
terceiro estado frente a essa exploração. outras regiões, inclusive no Brasil.
Esse tema colabora para a construção das habilidades
Contradições da revolução (Página 52) EM13CHS504 e EM13CHS601. A CGEB2 e a CGEB8 também são
Inicie o estudo desse item questionando os estudantes sobre abordadas com destaque aqui e em outros pontos do capítulo.
o que eles entendem pelo termo “liberdade”. Estimule-os a pen- Sugestões para o professor
sar de que forma eles entendem a liberdade em seus cotidianos
Livros
e o que significa liberdade para um adolescente hoje no Brasil.
Em seguida, incentive-os a refletir sobre o significado de liber- » alencastRo, Luis Felipe de. O trato dos viventes: formação
dade em um contexto mais amplo, que pudesse ser aplicado a do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Le-
tras, 2000.
todos os seres humanos. É importante lembrá-los de que, ape-
sar de haver definições mais teóricas do termo, a ideia de liber- Adepto da historiografia francesa, o espaço geográfico in-
dade também está muito ligada à subjetividade. Nesse sentido, vestigado pelo autor é o Atlântico. Nessa obra, ele trabalha
incentive-os a falar da sensação de liberdade e em que momen- com a tese de que a formação do Brasil se deu por meio do
to se sentem livres. Peça a eles que mencionem exemplos. processo transatlântico escravista e ressalta a importância
Em seguida, sugere-se estabelecer relações e comparações dos africanos, que vieram de forma involuntária ao Brasil,
entre os conceitos, os sentimentos e as ideias que os estudan- para a formação de nossa população.
tes levantaram sobre a liberdade e as definições apresentadas » RedikeR, Marcus. O navio negreiro: uma história humana.
na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e na Decla- Trad. Luciano Vieira Machado. São Paulo: Companhia das
ração de Independência dos Estados Unidos, incentivando-os Letras, 2011.
a perceber, ao longo da leitura da página, as contradições exis- A obra inaugura uma nova perspectiva sobre o processo de
tentes entre o que os documentos propõem e as ações coloca- negociação de escravizados por meio de uma investigação
das em prática com relação à escravidão pelos países envolvi- das viagens que levavam esses indivíduos desterrados para
dos (França e Estados Unidos, respectivamente). seu trágico destino.
217
» schwaRcz, Lilia; GoMes, Flávio (org.). Dicionário da escravidão segregação racial e, posteriormente, os da virada do século XX
e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. para o século XXI, com a questão da liberdade relacionada ao
Nessa obra, foram organizados textos dos mais variados au- processo de globalização e às pautas do capitalismo, em espe-
tores e com diferentes abordagens para apresentar a temá- cial, sobre o consumo e o consumismo.
tica da escravidão, bem como as mais novas perspectivas Converse com os estudantes sobre a ideia de liberdade de
sobre o assunto. comprar e possuir bens, hiperestimulada pelo capitalismo,
pela internet, pelas redes sociais e pelas propagandas de mo-
do geral. Incentive os estudantes a refletir de forma crítica
A liberdade inaugurada após a como suas ações, muitas vezes, podem ser influenciadas ou
revolução (Página 54) direcionadas por esses elementos ou até que ponto existe,
Retome com os estudantes a concepção católica de que os de fato, liberdade em nossas vidas para além do mundo do
seres humanos devem ter uma vida de privações, evitando peca- trabalho e do consumo.
dos e seguindo certos dogmas para garantir plenitude e liberda- Com relação às balizas analíticas propostas por Dirk Stede-
de na vida após a morte. Comente que esse modo de pensar, en- roth referentes à liberdade, é possível propor uma conversa ou
tre outras consequências, inviabilizou, principalmente durante a um debate sobre o tema em pequenos grupos. Nesse sentido,
Alta Idade Média, o debate filosófico e científico sobre a vida. é importante ressaltar que, mesmo em uma tentativa de defini-
O Iluminismo foi um movimento intelectual que transformou ção da liberdade, o conceito pode ser visto e aplicado de dife-
várias áreas da sociedade entre os séculos XVII e XVIII, principal- rentes formas; ressalte também que esse conceito possui di-
mente na França, na Inglaterra e na Holanda. Os dois principais al- mensões históricas, geográficas, econômicas, sociais e subjetivas
vos do Iluminismo eram o poder dos reis e a concepção religiosa e, por isso, não é interessante engessá-lo, mas mostrar suas
da época. Os filósofos e outros estudiosos iluministas propunham especificidades.
que os indivíduos usassem a razão para pensar e agir em seu co- A indicação do boxe Para explorar traz uma reflexão acerca
tidiano em vez de aceitar passivamente construções sociais que do possível cerceamento de liberdades, especialmente no que
lhes eram apresentadas por meio do uso da razão. se refere à liberdade de escolhas, no contexto das redes so-
Chame a atenção dos estudantes para o caráter individualista ciais. Essa discussão será retomada em outros momentos des-
e excludente das propostas europeias em comparação com a for- sa coleção.
ma de pensar e viver de outras comunidades. Isso significa que,
apesar de o Iluminismo e outros pensamentos europeus serem
mais valorizados do que outros, especialmente pela visão euro-
Boxe Interação
cêntrica que ainda temos da história e das sociedades, havia no 1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam, com
mesmo momento histórico diversos outros grupos humanos que base no que foi estudado sobre a liberdade ao longo do ca-
construíram pontos de vista distintos, valores, formas de viver e pítulo, e consigam relacionar esses conteúdos ao que enten-
conviver que valorizavam a coletividade em detrimento do indi- dem por liberdade em suas vidas e na sociedade em que
vidualismo. vivem. Incentive-os a justificar suas respostas dando exem-
plos relacionados ao cotidiano deles.
Boxe Reflexão
A conteúdo do boxe propõe uma reflexão sobre o conceito Atividade complementar
de liberdade por meio de diferentes perspectivas. O objetivo é Para aprofundar a ideia de liberdade em um mundo cada vez
incentivar os estudantes a reconhecer a multiplicidade de expe- mais ligado ao universo virtual, verificar o impacto das redes so-
riências humanas e, portanto, de necessidades e prioridades
ciais no comportamento cotidiano dos jovens e complementar
constituídas por essas vivências.
a sugestão do boxe Para explorar, sugere-se um trabalho de
1. Atividade de pesquisa. Oriente os estudantes a pensar nas análise do episódio Queda Livre, do seriado Black Mirror, produ-
diferentes classes, etnias e gêneros como importantes mar- zido pela Netflix. Em uma realidade distópica, o poder de compra
cadores de realidades e perspectivas. Incentive-os a buscar se resume à popularidade do indivíduo em suas redes sociais,
experiências do passado histórico e atentar-se ao fato de
o que muitas vezes leva os indivíduos a simular ações e com-
que, mesmo hoje, a ideia de liberdade pode ter concepções
portamentos em busca de maior aprovação social; decorre daí
distintas. Se julgar conveniente, selecione previamente al-
o drama da protagonista, que se vê perdendo a popularidade e
guns casos e mostre-os aos grupos, após o diálogo sobre o
seus benefícios.
contexto, propondo que cada um deles escolha um dos con-
textos que você selecionou para se aprofundar.
Sugestão para o professor
Artigo
Liberdade no Ocidente contemporâneo
» Batista, Leandro Leonardo; RodRiGues, Carla Daniela Rabe-
(Página 55) lo; BRizante, Janaína Geraldes; FRanchesci, Reginaldo. Aspec-
As discussões propostas nesse tópico contribuem para a mo- tos cognitivos da percepção na propaganda. Ciências &
bilização da habilidade EM13CHS504. Além disso, o trabalho Cognição, Universidade Federal do Rio de Janeiro, v. 13,
com a CGEB1, a CGEB7 e a CGEB9 é privilegiado nesse debate. n. 3, p. 137-150, 2008. Disponível em: http://www.ciencias
Ao analisar o texto desse item, é possível chamar a atenção ecognicao.org/revista/index.php/cec/article/viewFile/63/60.
dos estudantes à localização temporal e geográfica relacionada Acesso em: 13 jul. 2020.
ao surgimento de discursos e movimentos, para além da Euro- Fundamentando-se no campo da neurociência, os autores
pa, ligados às diferentes demandas de liberdade: da passagem discutem as diferentes esferas da propaganda, analisando
do século XIX para o século XX, com discursos e movimentos os aspectos das percepções automática, voluntária e não
que questionavam o papel do Estado, o neocolonialismo e a consciente programados por diferentes mídias.
218
Atividades (Páginas 56 e 57) 6. Resposta correta: alternativa c. A pintura de Delacroix é uma
homenagem à Revolução de 1830 na França, que pôs fim
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes retomem, ao governo de Carlos X, movimento do qual o pintor era
na Constituição Federal de 1988, o artigo 1º, inciso III, so- adepto. Além disso, a pintura relembra o ideário da Revolu-
bre a garantia da dignidade humana, e o artigo 5º, inciso
ção Francesa, com ênfase na bandeira nas mãos da Liber-
III, segundo o qual “ninguém será submetido a tortura nem
dade, também chamada de MarieAnne, junção dos dois
a tratamento desumano ou degradante”. Assim, espera-se
nomes mais populares da França no período. Aproveite a
que os estudantes reconheçam que a realidade apresen-
pintura para desdobrar a questão em uma análise da ima-
tada pela ONG não está de acordo com o compromisso fir-
gem como fonte histórica e material didático. Para isso, des-
mado na Constituição. Para identificar os motivos da
incidência de tais crimes, eles devem levantar questões co- taque a bandeira tricolor, o céu, que remete ao caos urbano,
mo o preconceito da sociedade em relação à população e a liberdade, representada por uma mulher em cima dos
carcerária, o fato de as instituições de encarceramento es- corpos das barricadas.
tarem superlotadas e os resquícios da ditadura militar na
sociedade atual, representados pela existência de uma po- Ampliando (Páginas 58 e 59)
lícia militarizada que não compreende seu papel em defe-
sa do indivíduo. Essa seção propõe uma reflexão acerca do significado de re-
volução, chamando atenção para os motivos pelos quais alguns
2. a) Não, o autor afirma que a cidadania se desdobra em direi-
tos civis, políticos e sociais. O excerto, porém, aborda apenas processos históricos ocasionam transformações políticas, eco-
os direitos civis. nômicas, sociais e culturais tão grandes que revolucionam o mo-
do de vida em um determinado contexto, inaugurando novas
b) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a discutir as
formas de existência.
possibilidades de cada um deles. Para Carvalho, os direitos
políticos não se restringem ao voto, mas fazem parte dele e Nesse sentido, a Revolução Francesa é analisada como um
resumem-se na capacidade dos indivíduos de se organizar, dos grandes processos revolucionários das sociedades ociden-
votar e serem votados; os direitos sociais garantem a parti- tais, tanto por ter propiciado a deposição do poder monárquico
cipação nos bens coletivos, relacionados à educação, a um quanto por ter inaugurado novas perspectivas acerca das re-
salário justo, à saúde e à aposentadoria. Se possível, os es- lações sociais que se disseminaram pela Europa e pelas Amé-
tudantes podem fazer uma rápida pesquisa na internet para ricas e que ainda continuam influenciando nosso cotidiano.
chegar a um consenso em relação às características dos di- Apesar disso, a Revolução Francesa deve ser vista de for-
reitos políticos e sociais. ma contextualizada, como um processo inserido no contexto
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes obser- da ascensão das ideias liberais dos séculos XVII e XVIII e mo-
vem a distância entre a cidadania plena e a vivida pelos bilizada por diversos projetos revolucionários muitas vezes
diferentes segmentos sociais brasileiros. Se julgar conve- conflitantes, que por um lado se uniam para reivindicar o fim
niente, peça aos estudantes que explorem a questão com dos privilégios do clero e da nobreza, mas divergiam quanto
exemplos. à real redistribuição desses privilégios entre todos os seg-
3. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes consigam mentos da sociedade.
expressar de forma objetiva o que compreendem por liber- É importante que os estudantes atentem para a distinção
dade e de que maneira as discussões presentes nesse capí- entre os projetos de revolução mencionados no texto de Jorge
tulo impactam esse entendimento.
Grespan, por meio do que o autor chama de "variações sobre
b) Resposta pessoal. Essa é uma possibilidade de os estu- o tema da igualdade", isto é, sobre a natureza da igualdade que
dantes ampliarem sua visão e aplicarem o que aprenderam deveria ser conquistada por meio do processo revolucionário.
analisando a realidade ao seu redor. Incentive-os a dar exem-
Se, por um lado, a burguesia contentava-se com a igualde ju-
plos e justificá-los.
rídica, para os jacobinos, essa igualdade deveria ser social.
c) Resposta pessoal. Os estudantes podem produzir textos, Se julgar pertinente, estabeleça um paralelo entre o con-
desenhos, HQs, colagens, cartazes, poemas, músicas ou ou- texto revolucionário na França do século XVIII e o Brasil atual
tras formas artísticas. Acompanhe a produção, incentivando-
para aprofundar a discussão sobre as discrepâncias de en-
-os a desenvolver a autonomia por meio de seus trabalhos.
tendimento relacionadas ao tema da igualdade. Chame a aten-
4. a) Resposta pessoal. Os estudantes podem fazer uma análi- ção dos estudantes para o fato de a Constituição Federal es-
se geral das charges ou escolher uma delas e fazer uma aná-
tipular que todos são iguais perante a lei (ressaltando o
lise mais aprofundada. Espera-se que eles identifiquem as
aspecto jurídico da igualdade), mas na prática social é possí-
demandas e as críticas apresentadas pelos artistas. Lembre-
vel constatar uma grande desigualdade entre os diversos gru-
-os de que tudo o que se refere ao ponto de vista político es-
tá relacionado ao poder e a suas variações históricas, pos e indivíduos que compõem a sociedade brasileira.
sociológicas e filosóficas. Essas discussões contribuem para a mobilização de
aspectos da GCEB1 e da CGEB2, bem como das habilidades
b) Resposta pessoal. Novamente, os estudantes são convi-
dados a relacionar o que estudaram com sua realidade mais EM13CHS101, EM13CHS401, EM13CHS504 e EM13CHS605.
próxima. Caso considere oportuno, eles podem fazer versões
das charges adequando-as à realidade em que vivem. RESPOSTAS ÀS QUESTÕES
5. Resposta correta: alternativa d. O texto expõe a contradição
trabalhada ao longo do capítulo, ou seja, que a liberdade 1. Resposta pessoal. Na perspectiva das Ciências Humanas, re-
inaugurada pela revolução tinha limites, pois convivia com a volução refere-se ao processo de ruptura ou de grandes
escravidão e o colonialismo. transformações que reconfiguram estruturas sociais.
219
2. Resposta pessoal. Laissez-faire é uma expressão francesa Guerra –, e os processos de disputa política que ocorreram no
que pode ser traduzida ao pé da letra como “deixar fazer” e país, ligados a posicionamentos culturais internos e também a
se refere à ideia liberal de livre mercado, caracterizada pela disputas por reservas de petróleo com os Estados Unidos, que
não intervenção do Estado na economia. buscam a liberalização da economia líbia, tendo como conse-
3. Resposta pessoal. Grespan menciona que o primeiro projeto quências diversas guerras civis que obrigam milhares de pes-
de revolução levava em consideração apenas a igualdade do soas a se deslocarem em busca de melhores condições de vida.
ponto de vista jurídico e, portanto, relacionava-se à manuten- Por causa da proximidade com a Europa, esse deslocamento
ção dos privilégios da aristocracia; já o segundo projeto de re- teve como principal alvo o continente europeu, que recebeu
volução propunha a redistribuição de riquezas, reconfigurando uma grande quantidade de refugiados.
as estruturas sociais que reforçavam o grande distanciamen- A abertura aborda com destaque as habilidades
to entre os segmentos da sociedade francesa. EM13CHS101, EM13CHS504, EM13CHS603 e EM13CHS605.
4. Resposta pessoal. Espera-se que, em suas respostas, os es-
tudantes levem em consideração a desigualdade entre os RESPOSTAS ÀS QUESTÕES
segmentos que compunham a sociedade francesa, bem co-
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes tenham com-
mo as reivindicações de cada segmento e a eficácia dos pro-
preendido a ideia de soberania nacional e reflitam sobre os
jetos de revolução mencionados por Grespan para atender
processos de domínio territorial como uma forma de imposi-
às demandas de cada grupo social.
ção de soberania de um grupo de nações em relação a diver-
5. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mencionem sas populações.
em suas respostas que do ponto de vista das leis, essas dis-
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconhe-
tinções na distribuição de acessos e privilégios não existem çam nas conquistas territoriais imperialistas o início de um
mais; mas que ainda há uma grande desigualdade de aces- processo de conflitos que se agravou e se estendeu ao lon-
sos e privilégios em nossa sociedade. go do século XX, ocasionando revoltas que perduraram mes-
mo após a independência de muitos povos e a formação de
novas nações, gerando disputas por recursos e territórios e
CAPÍTULO 5 ESTADO-NAÇÃO: guerras civis que vulnerabilizaram as populações das áreas
QUEM TEM DIREITO? conquistadas, o que deu início à onda de movimentos mi-
gratórios nas primeiras décadas do século XXI.
(Página 60)
A proposta do capítulo é incentivar os estudantes a identificar Sugestão para o professor
os sujeitos que integram uma nação e refletir sobre como são Livro
acolhidos aqueles que são “de fora”. Para isso, eles vão investi- » Hobsbawm, Eric. Nações e nacionalismo desde 1780: pro-
gar as concepções de povo, nação e pátria. O imperialismo será grama, mito e realidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
caracterizado, levando em consideração seus objetivos e suas 2004.
formas de atuação. O Estado liberal também será analisado, por Nessa obra, o historiador Eric Hobsbawm analisa minuciosa-
meio do estudo de suas concepções filosóficas, da forma como mente os conceitos de nação e nacionalismo à luz das com-
ele foi implementado em diferentes momentos e locais, de seus plexas relações políticas internacionais que influenciam di-
desdobramentos – como o neoliberalismo – e de suas caracte- retamente esses conceitos.
rísticas e consequências.
220
pediram asilo político e quais nações europeias os recebe-
A ideia de nação e a consolidação do
ram, demonstrando que, no início do século XX, um grande
número de pessoas tiveram de deixar seus países por pro- Estado liberal (Página 63)
blemas ligados a guerras e a outros tipos de violência. A pro- Para abordar o liberalismo econômico, é importante que os
posta possibilita a mobilização da habilidade EM13MAT102. estudantes retomem a participação da burguesia na Revolução
Por fim, para estabelecer uma relação entre os conceitos Francesa, camada social que tinha poder econômico e reivindi-
utilizados no título do item, é possível utilizar o último parágra- cava participação política.
fo do texto e o glossário para definir a xenofobia. Nesse senti- A ideia de liberdade proposta por John Locke foi apropriada
do, estimule os estudantes a problematizar o tema por meio e modificada por uma parcela da elite detentora de poder eco-
de um debate sobre a xenofobia. nômico e político, o que originou o liberalismo econômico, que
reforça a liberdade do indivíduo de possuir, produzir e comercia-
lizar bens sem a intervenção do Estado.
A xenofobia na Europa atual (Página 62) Sobre o liberalismo nacional, é possível retomar o proces-
Para tratar do tema, é possível retomar com os estudantes a so absolutista que ocorreu na Europa ao longo dos séculos XII
presença da xenofobia em civilizações antigas para que perce- e XVI, em nações como Portugal, Espanha, França e Inglater-
bam que ondas de imigração de diversos tipos fazem parte da ra. Naquele momento, os territórios foram organizados como
história da humanidade desde a Pré-História e que, em menor nações submetidas ao poder quase absoluto de um monarca,
ou maior grau, geram conflitos e trocas culturais (de modo geral, o que dá início ao que conhecemos hoje como nacionalismo.
assimétricas). Mostre a eles que não se trata somente de um No entanto, duas nações – Itália e Alemanha – passaram por
tema da contemporaneidade. A questão é que, atualmente, os processos tardios de unificação, em que a organização já não
elementos políticos, econômicos e ideológicos, como o ultrana- ocorria em torno de um monarca, mas em função das demandas
cionalismo, em conjunto com os meios de comunicação, dão das populações que viviam nos reinos, nos condados e nos ter-
maior visibilidade à xenofobia, que, longe de ser naturalizada, ritórios dessas regiões.
deve ser questionada quanto aos motivos pelos quais ocorre e Esse item colabora para o aprofundamento das habilidades
os locais e os períodos em que acontece. EM13CHS102, EM13CHS104 e EM13CHS401 e para a constru-
Estabeleça a relação entre a xenofobia, o racismo e o senti- ção da CGEB6 e da CGEB9.
mento de superioridade que alguns grupos nacionalistas têm
por diferentes motivos, entre eles, as influências dos processos Boxe Interação
de colonização e imperialismo. Caso os estudantes apresentem 1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam so-
qualquer tipo de manifestação xenofóbica ou racista, questio- bre o papel do Estado na regulamentação das normas eco-
ne-os e ressalte os direitos humanos, tendo em vista a promo- nômicas e considerem que a não interferência no mercado
ção de uma cultura de paz e a valorização do multiculturalismo pode abrir espaço para situações de exploração desenfreada
e da liberdade humana. e livre concorrência entre nações, empresas e, em última ins-
O documentário A vida na fronteira, indicado no boxe Para tância, entre trabalhadores.
explorar, pode ser utilizado para sensibilizar os estudantes a
respeito do cotidiano em campos de refugiados, bem como pa- Haitianos no Brasil
ra esclarecer os motivos que levam grupos populacionais a bus- (Página 64)
car refúgio em regiões diferentes de seus locais de origem.
As discussões apresentadas nesse tópico, assim como as do A presença de haitianos no Brasil pode ser discutida com
anterior, fomentam o desenvolvimento das habilidades os estudantes observando processos de rupturas e continui-
EM13CHS102, EM13CHS106, EM13CHS504 e EM13CHS605. dades na história desse país. Após ter sido pioneiro em um
processo revolucionário que expulsou os colonizadores fran-
ceses entre o final do século XVII e início do século XVIII, o
Boxe Interação Haiti passou a ser visto com receio pelos países colonizado-
1. Espera-se que os estudantes identifiquem que as rotas mais res, que temiam que a revolução empreendida pelos haitianos
utilizadas são as que passam pelo Mediterrâneo e que a pudesse servir de exemplo para outros países colonizados.
maior parte dos refugiados que chegam à Europa vem de Disso advém um dos principais motivos para o embargo eco-
países da África e do Oriente Médio. nômico sofrido pelo país, que redundou na baixa qualidade
de vida da população.
2. Espera-se que os estudantes relacionem os dados ao grande
Pode ser interessante retomar com os estudantes o fato de
número de conflitos políticos e territoriais citados no texto,
que todas as regiões do mundo estão sujeitas a catástrofes na-
que ocorrem de maneira mais intensa desde a década de
turais cujos efeitos podem ser potencializados por ações huma-
2010 no Oriente Médio, como na Síria, exemplo explorado
nas. Nesse sentido, a pandemia de covid-19 pode ser citada co-
no capítulo.
mo exemplo, assim como o furacão Katrina, que atingiu a região
3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes sejam sul dos Estados Unidos em 2005.
capazes de identificar e analisar os dados presentes no ma- O grande número de refugiados haitianos no Brasil pode ser
pa e no gráfico, sem desumanizar os dados, estabelecendo explicado em virtude da Missão das Nações Unidas para a Es-
relações com as imagens presentes nessa página e nas tabilização do Haiti, mas também pela participação do Exército
anteriores. brasileiro em uma ação de ajuda humanitária logo após o terre-
4. Resposta pessoal. Há uma grande possibilidade de os estu- moto de 2010. Se julgar relevante, apresente o documentário
dantes que moram em grandes e médias cidades terem con- SP Creole, indicado no boxe Para explorar, que aborda a presen-
tato com pessoas de outros países, inclusive da América ça de refugiados haitianos em São Paulo, evidenciando os mo-
Latina. Incentive-os a refletir sobre o lugar social que essas tivos que os fizeram buscar refúgio no Brasil e as principais di-
pessoas ocupam em suas comunidades e como são tratadas ficuldades enfrentadas para chegar e se estabelecer em
pelos moradores da região. território brasileiro.
221
Para finalizar, os estudantes podem conversar em grupos
Imperialismo: o projeto colonialista
sobre o fato de o Brasil ser um país que nunca deixou de rece-
ber povos imigrantes. Não obstante, os africanos escravizados europeu
que vieram de forma forçada para o Brasil, bem como os imi- (Página 66)
grantes europeus, orientais, árabes e oriundos de outras re- Mostre aos estudantes a localização histórica e geográfica
giões foram e são uma constante em nossa história, o que faz do colonialismo e do imperialismo (neocolonialismo) e ressalte
do Brasil um dos países mais multiculturais do mundo, por um as similaridades e as diferenças entre eles. Para isso, é possível
lado, e também um dos países em que o racismo é mais evi- propor a construção conjunta de uma tabela comparativa des-
dente, por outro. ses dois processos históricos na lousa.
Esse item colabora para a construção da habilidade Além da imposição militar, houve também alianças feitas
EM13CHS101 e da CGEB1, da CGEB2 e da CGEB9. entre os países imperialistas e líderes locais que apoiavam suas
ideias e, muitas vezes, eram beneficiados do ponto de vista
Atividade complementar econômico e político. Os principais objetivos dos países impe-
Se julgar pertinente, solicite aos estudantes que façam uma rialistas eram aumentar sua influência política, obter mão de
pesquisa em fontes impressas e digitais buscando conhecer quem obra barata, aumentar o mercado consumidor de seus produ-
são e como vivem os refugiados em seu estado. tos industrializados e explorar as matérias-primas das regiões
Após fazer a pesquisa, eles deverão produzir, utilizando dominadas.
smartphones ou outros equipamentos de filmagem disponí-
veis, um minidocumentário inspirado no material indicado no Sugestões para o professor
boxe Para explorar sobre os refugiados que vivem no estado.
Caso não possuam equipamentos de filmagem, sugere-se que Filmes
seja feita a dramatização do documentário por meio de uma » O jardineiro fiel. Direção: Fernando Meirelles. Estados Uni-
peça de teatro. dos, 2005 (129 min).
Ambientado no Quênia, o filme conta a história de um britâ-
Estado liberal e sociedade nico que se relaciona com uma mulher que é assassinada. A
busca pelos responsáveis pelo assassinato faz com que o
(Página 65)
britânico se envolva com esquemas clandestinos de inter-
A proposta de liberalismo elaborada por Locke foi retomada venções externas no país.
e ampliada por Adam Smith, que cunhou a expressão “mão in-
visível do mercado”, que indica que mercado tende a se autor-
» Hotel Ruanda. Direção: Terry George. África do Sul/EUA/
Itália/Reino Unido, 2004 (121 min).
regular, tornando desnecessária a intervenção estatal na eco-
Os conflitos étnicos, frutos do processo de descolonização
nomia. Baseando-se nas concepções de oferta e demanda,
de Ruanda, e suas consequências são os temas principais
solicite aos os estudantes que busquem, em fontes confiáveis,
algumas ideias elaboradas por Smith. Ressalte que as ideias li- desse filme, baseado em uma história real. O filme também
berais foram revistas depois da Primeira Guerra Mundial, em tece críticas à atuação falha da ONU durante o conflito, em
razão da perda de muitas vidas e da crise econômica que ela meados da década de 1990.
desencadeou, principalmente na Europa. » Diamante de sangue. Direção: Edward Zwick. Estados Uni-
Para garantir a manutenção do sistema capitalista e a recu- dos/Alemanha, 2006 (134 min).
peração das economias foram criados o keynesianismo e o Es- Ambientado na guerra civil pela independência em Serra Leoa,
tado de bem-estar social, que podem ser analisados pelos estu- o filme trata da exploração ilegal de diamantes na região.
dantes por meio do esquema da página, que mostra as
diferenças entre o liberalismo e as políticas de intervenção par-
cial, relacionadas ao Estado, à economia e aos trabalhadores.
Povos indígenas: estrangeiros na
Esse item colabora para a mobilização das habilidades própria terra?
EM13CHS401, EM13CHS404 e EM13CHS503. (Página 67)
Sugestões para o professor É importante que os estudantes questionem e conversem
sobre os fatos de, muitas vezes, os povos originários do Bra-
Livros
sil serem tratados como estrangeiros e se sentirem estran-
» smitH, Adams. A mão invisível. São Paulo: Penguin, 2013. geiros. Esse sentimento pode ser identificado na ideia de na-
Esse livro traz seis capítulos da principal obra do autor, A ri- ção indígena, tendo em vista que os indígenas possuem
queza das nações, que tratam especificamente do conceito costumes, culturas, organizações políticas e econômicas, além
que dá nome ao livro. Elementos como o enriquecimento in- de línguas próprias, o que faz com que muitos deles se con-
dividual e a divisão social do trabalho são apontados pelo siderem parte de uma nação que estabelece relações com os
pensador como fontes principais da riqueza acumulada pelos brasileiros e o Estado.
países que adotam o liberalismo econômico. Por outro lado, de modo geral, uma parcela da população
brasileira não entende os costumes indígenas e sua importân-
» Hardt, Michael; Negri, Antonio. Bem-estar comum. Rio de cia, priorizando interesses econômicos em detrimento da vida e
Janeiro: Record, 2013. das terras dos diversos povos indígenas existentes. Grande par-
Nessa obra, os autores fazem uma análise econômica con- te desses povos foram exterminados nos últimos 500 anos.
temporânea, buscando evitar polarizações de pensamento Para aprofundar o tema, sugira aos estudantes que pesqui-
entre liberalismo e protecionismo. Eles apontam possibilida- sem, em fontes confiáveis, informações sobre um dos povos
des de governança relacionadas à promoção do bem-estar indígenas que vivem no Brasil. Solicite a eles que apresentem
social, relacionando aspectos políticos, econômicos e sociais suas descobertas para que percebam a heterogeneidade des-
ligados ao mundo do trabalho e ao indivíduo. ses povos.
222
Esse item colabora para o desenvolvimento das habilidades b) O grande número de descendentes de europeus na Re-
EM13CHS106, EM13CHS504 e EM13CHS401 e da CGEB7 e da gião Sul e suas tradições culturais podem ser identificados
CGEB10. como fatores que ocasionam tensões sociais e casos de
xenofobia.
Sugestões para o professor 2. Atividade de pesquisa. Espera-se que os estudantes iden-
Sites tifiquem em suas pesquisas situações nas quais povos in-
dígenas são expropriados de suas terras e obrigados a se
» Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Disponí-
deslocar para zonas urbanas, onde muitas vezes são mar-
vel em: http://apib.info/. Acesso em: 14 jul. 2020.
ginalizados.
O grupo, criado em 2005, tem como objetivo colocar em con-
3. As potências imperialistas estabeleceram relações de
tato os povos indígenas brasileiros para que, juntos, lutem
poder e domínio em relação aos povos e aos territórios
por suas demandas e pela proteção mútua. Além de notícias,
conquistados.
o site traz questões legislativas ligadas aos povos indígenas
brasileiros. 4. Resposta correta: alternativa e. A alternativa aponta as prin-
cipais consequências do liberalismo com relação aos traba-
» Instituto Socioambiental (ISA). Disponível em: https://www. lhadores e às camadas mais pobres da população.
socioambiental.org/pt-br. Acesso em: 14 jul. 2020.
5. Resposta correta: alternativa a. A busca por melhores opor-
O site traz informações históricas, geográficas, populacio-
tunidades de trabalho constitui-se como uma das principais
nais e culturais sobre os povos indígenas brasileiros, sendo
razões para as migrações nas últimas décadas. Entretanto,
uma das fontes mais confiáveis para pesquisas sobre o te-
à medida em que aumentam os fluxos migratórios para paí-
ma. Nele, é possível acompanhar, por meio das notícias di-
ses desenvolvidos, também aumentam atitudes xenofóbicas
vulgadas, o debate político e a atuação dos movimentos
que buscam dificultar ou impedir a entrada de imigrantes
indígenas, além de questões ambientais.
nesses países.
» Fundação Nacional do Índio (Funai). Disponível em: http://
www.funai.gov.br/. Acesso em: 14 jul. 2020.
Esse órgão governamental, criado em 1967, trata das políti-
cas indigenistas e das questões ligadas à demarcação de CAPÍTULO 6 A QUEM SERVE O ESTADO
Terras Indígenas. Atualmente, em seu site, é possível acessar NO BRASIL? (Página 69)
informações sobre os povos indígenas brasileiros e sua rela-
ção com o Estado. O capítulo 6 tem como objetivo levar os estudantes a refletir
sobre o papel do Estado de modo mais aprofundado em relação
ao capítulo 1, enfatizado o Estado brasileiro. Aqui os estudantes
Boxe Interação vão ser instados a avaliar projetos políticos de modo crítico, iden-
1. a) No passado, ser estrangeiro estava relacionado ao fato de tificando grupos privilegiados e grupos prejudicados. Para isso,
uma pessoa ou um grupo viver fora de seu lugar de origem. vão investigar as disputas relacionadas à consolidação do Esta-
Nos dias de hoje, essa ideia tem passado por um processo do liberal no século XIX e discutir os projetos de organização
de transformação, decorrente dos acontecimentos que mar- social no passado e no presente. Além disso, os estudantes se-
caram o século XX, que transformaram o conceito de estran- rão incentivados a entender, respeitar e defender os princípios
geiro, que passou a remeter a um grupo que não é dos direitos humanos.
respeitado em suas singularidades culturais e não é incorpo-
rado ou aceito em determinado espaço ou território.
b) Espera-se que os estudantes identifiquem que esse pro- A quem serve o Estado no Brasil
cesso está relacionado à colonização e à formação da iden- (Página 69)
tidade nacional brasileira, que excluiu as populações
indígenas. A abertura busca aprofundar a reflexão sobre a organiza-
ção do Estado brasileiro, as desigualdades sociais e os privilé-
c) De acordo com Brum, os povos indígenas se sentem es-
gios de classe. Nesse sentido, é possível explorar com os estu-
trangeiros no Brasil devido ao fato de, durante o processo de
dantes os trechos citados da Constituição brasileira de 1988 e
colonização, terem sido escravizados, catequizados, expulsos
questioná-los se a Carta Magna está de acordo com a realida-
e dizimados. Além disso, suas identidades foram desconsi-
de em que vivem.
deradas no processo de formação da identidade nacional e
ainda hoje esses povos têm suas vozes, demandas e identi- Com relação ao segundo e ao terceiro parágrafo do texto de
dades negadas e silenciadas. abertura, faça uma breve retomada da história do país desde a
independência, demonstrando que as mudanças de regime po-
lítico não alteraram as bases socioeconômicas do país, tendo em
Atividades (Página 68) vista a profunda desigualdade social e econômica.
É possível solicitar aos estudantes que citem (ou façam uma
1. a) Espera-se que os estudantes mobilizem seus conheci-
breve pesquisa) casos veiculados na mídia recentemente que
mentos prévios, bem como os adquiridos por meio de pes-
mostram a manutenção dos privilégios das classes favorecidas
quisas, para identificar que mesmo antes de 2010 já
em detrimento da maioria da população.
existiam trabalhadores haitianos na Região Sul do país,
de forma que a maior concentração de refugiados nessa
região pode estar relacionada ao que tem sido chamado RESPOSTAS ÀS QUESTÕES
por pesquisadores de efeito de constituições de rede, isso
é, a concentração de refugiados em localidades onde é 1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem
possível estabelecer redes de apoio entre pessoas da mes- que as charges foram produzidas em 2020, no contexto da
ma nacionalidade. pandemia de covid-2019.
223
2. As charges fazem referência, respectivamente, ao negacio- consequências graves para a população brasileira. Como um país
nismo da gravidade da pandemia e à crise financeira gerada agroexportador desde os tempos coloniais, a liberação de agro-
por ela. Nesse sentido, é possível relacioná-las com o texto da tóxicos é uma ameaça à saúde não só da população brasileira,
página, ressaltando o questionamento do papel do Estado na mas também da população dos países que importam produtos
condução da crise, seja no sentido de orientar a população e brasileiros. O uso desses insumos também compromete o meio
zelar por ela, seja no sentido de garantir a sustentabilidade ambiente, tendo em vista que não é possível controlar os danos
da economia do país. causados pelos venenos depois de aplicados. Solicite aos estu-
dantes que façam uma pesquisa em fontes confiáveis sobre os
3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam
impactos negativos dos agrotóxicos que foram liberados na últi-
sobre as políticas de Estado mantidas no país, bem como
ma década. Peça a eles que apresentem o resultado para a turma.
sobre os segmentos da sociedade a quem elas se dirigem
Apesar da representação dos ruralistas e dos ambienta-
e beneficiam.
listas em cargos eletivos, a análise do gráfico Brasil: Regis-
tros de agrotóxicos (2005-2019) pode auxiliar os estudantes
Desafios do Estado brasileiro a inferir que o poder político e econômico dos ruralistas vem
se sobrepondo à preservação do meio ambiente. É impor-
e de suas instituições (Página 70) tante lembrar aos estudantes que a posse e o usufruto da
É importante que os estudantes compreendam o conceito de terra no Brasil é uma questão histórica de fundo que diz res-
Estado enunciado no primeiro parágrafo do texto, bem como a peito às estruturas do país. Dessa forma, a questão dos agro-
ideia de democracia, de onde vem o poder dado ao Estado nos tóxicos pode ser entendida como um dos problemas ligados
dias de hoje. Apesar de terem significados e práticas diferentes à posse e à exploração da terra, como a existência de plan-
ao longo da história, ambos os conceitos podem se utilizados tation, as dificuldades encontradas pelos trabalhadores do
para analisar diferentes civilizações ao longo do tempo. campo, o desmatamento, entre outros.
Ressalte aos estudantes o importante papel da Constituição, O trabalho com o gráfico apresentado nessa página favorece
também chamada de Carta Magna, em todos os países. De mo- a mobilização de aspectos da habilidade EM13MAT102.
do geral, esse documento é produzido logo após os processos
de independência, ou outros tipos de formação de países, e ser-
ve como fundamento para todas as demais leis que serão cria- Panorama liberal na América Latina
das por estados e municípios. As constituições garantem os (Página 72)
princípios sociais, políticos, econômicos e éticos que não deve-
É importante que os estudantes percebam a diferença entre
riam ser, em teoria, usurpados de nenhuma pessoa, grupo, em-
os governos liberais da Europa e da América Latina, historica-
presa, instituição e corpo administrativo eleito. No entanto, nem
mente marcada pela colonização e pela formação de uma elite
sempre isso ocorre.
local que tem seu foco na manutenção de seu poder e status,
Contextualize com os estudantes o momento político no qual
fazendo com que as desigualdades sociais e a pobreza da maio-
a atual Constituição foi produzida: logo após o fim do regime ria da população permaneçam. É possível estabelecer relações
militar. Assim, seu texto busca garantir os direitos políticos da entre as características liberais do Brasil e a forma como as for-
população, em especial, por meio do sufrágio, do voto secreto e ças policiais interviram em prol da elite em vários momentos da
direto, com o objetivo de impedir o surgimento de outros regi- história do país, como na Revolta da Chibata, na Guerra de Ca-
mes ditatoriais. nudos e na Guerra do Contestado.
Pode-se retomar os conceitos de liberalismo e Estado de É interessante mostrar aos estudantes que, durante o
bem-estar social para que os estudantes percebam que os dis- século XX, principalmente por conta das guerras e das crises
positivos constitucionais estão ligados a diferentes tipos de pro- cíclicas do capitalismo, o liberalismo foi questionado, levando
posta econômica e social para o país. alguns países a defender regimes de ultradireita que interfe-
Com relação ao lobby e o mau uso da máquina estatal, pode riam não somente na economia, mas na política e na vida das
ser produtivo falar sobre os casos de corrupção por meio exem- pessoas, como o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha,
plos e da análise de como são tratados no Brasil. Esse item co- que também pregavam uma política eugênica e antissemita.
labora para a construção das habilidades EM13CHS401, Já entre o fim do século XX e o início do XXI, por meio do Con-
EM13CHS603 e EM13CHS605. Essas habilidades são aprofun- senso de Washington, países em desenvolvimento, como os da
dadas ao longo do capítulo. América Latina, foram incentivados por organismos financeiros
O trabalho com as charges, promovido nesse momento e em internacionais a adotar, em maior ou menor medida, princípios
outros tópicos do capítulo, favorece o desenvolvimento das ha- neoliberais, tais como os citados no texto. É fundamental frisar
bilidades EM13LGG101, EM13LGG102 e EM13LGG105. aos estudantes que o Estado mínimo proposto pelo neolibera-
lismo afeta diretamente a maioria da população, que depende
Boxe Interação de serviços públicos de saúde e educação, por exemplo. De acor-
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam a do com o neoliberalismo, esses serviços devem ser transforma-
contradição existente na charge, na qual são citados trechos dos em negócios rentáveis para as empresas.
de direitos garantidos à população pela Constituição, mas A proposta favorece o desenvolvimento de aspectos das ha-
que não se consolidam na prática, como o direito à habitação, bilidades EM13CHS401, EM13CHS603 e EM13CHS605.
à moradia e à saúde.
Sugestões para o professor
Livro
Projetos de lei e interesses diversos » azevedo, Plauto F. Neoliberalismo: desmonte do Estado
(Página 71) social. Porto Alegre: Libretos, 2018.
A questão do uso de agrotóxicos é utilizada como um dos O autor contextualiza o surgimento do liberalismo, mas faz
exemplos de lobby que ocorrem no Brasil e que geram críticas ao atual neoliberalismo e à globalização, que vem
224
eliminando direitos fundamentais e trazendo graves conse- relacionada à mais-valia: os trabalhadores das linhas de mon-
quências para o meio ambiente. tagem (propostas por Frederick Taylor e, posteriormente, me-
Filme lhorada por Henry Ford) não têm nenhum tipo de qualificação
profissional e, por isso, podem ser facilmente substituídos.
» A dama de ferro. Direção: Phyllida Lloyd. França/Reino
Quando trabalham em grandes indústrias, geralmente os sa-
Unido, 2011 (104 min).
lários recebidos pelos operários não permitem que eles com-
O filme é uma biografia da primeira-ministra britânica Mar- prem o que produzem. O diálogo favorece o desenvolvimento
gareth Thatcher, considerada a mãe do neoliberalismo, du- da CGEB5.
rante o período de 1979 a 1990.
Sugestões para o professor
225
os estudantes defendam o sistema pelo qual estão respon- mesmo diante das orientações de isolamento social, com
sáveis por meio de dados de realidade, evitando preconceitos os impactos diretos da fome e do contágio do coronavírus.
de qualquer espécie e opiniões oriundas do senso comum. Quanto ao projeto ideológico neoliberal, a pandemia colo-
Apesar disso, é importante que nesse debate os estudantes cou em xeque a defesa irrestrita do Estado mínimo, a falta
mobilizem suas percepções acerca da realidade e do contex- de investimentos em saúde e pesquisa científica e a capa-
to social que integram. cidade da iniciativa privada em regular as sociedades. Es-
pera-se, ainda, que, mobilizando os conteúdos trabalhados
nesse capítulo, os estudantes reflitam sobre o desequilíbrio
Os Estados contemporâneos diante da das atuais instituições e a possibilidade de reorganização
pandemia do século XXI (Página 76) das forças de poder.
A pandemia da covid-19 fez com que parte da imprensa e
da população de vários países questionassem o modelo de Es- Atividades (Página 77)
tado mínimo proposto pelo neoliberalismo, tendo em vista co- 1. Conforme a Constituição de 1988, o Estado brasileiro pode
mo diferentes governantes com estruturas estatais diversas ser caracterizado como um sistema democrático liberal que
enfrentaram a crise. As intervenções dos países com relação preza pela propriedade privada e pela livre-iniciativa e que
aos seus sistemas públicos e privados variaram de acordo com deve atuar no sentido de garantir o respeito aos direitos hu-
cada país e muitos deles lançaram mão de políticas de assis- manos, equalizar as desigualdades sociais, promover a ofer-
tência à população mais pobre, evitando o aumento do núme- ta de empregos e proteger o meio ambiente, entre outros
ro de mortos. Solicite aos estudantes que façam uma pesquisa aspectos.
em fontes confiáveis sobre a atuação política de diferentes lí- 2. Ao longo da história, os grupos sociais do Brasil têm se or-
deres ao longo do ano de 2020 e os resultados que obtiveram ganizado sobre bases desiguais. Muitos resquícios dessa
adiante da pandemia. desigualdade têm origem na sociedade colonial escravocra-
Faça uma leitura conjunta do trecho da historiadora Lilia Sch- ta, na qual pequenas elites senhoriais eram beneficiadas
warcz e promova um debate com os estudantes sobre a forma pela Coroa portuguesa com terras e poderes políticos para
como a autora entende o que se chama de “novo normal”, ques- sujeitar indígenas e africanos escravizados. Com o passar
tione-os se perceberam mudanças significativas, positivas ou dos séculos e com o crescimento da sociedade brasileira, as
negativas, em suas famílias e em comunidades que defendem desigualdades foram se enraizando. No século XIX, quando
a ideia de “novo normal”. o Brasil se tornou independente e adotou o liberalismo co-
Esse item e o anterior colaboram para o desenvolvimento da mo sistema político e econômico, essas elites privilegiadas
CGEB6 e da CGEB10. continuaram ocupando as esferas de poder e sendo favo-
recidas por políticas públicas intervencionistas. Ao longo do
Boxe Ação e cidadania século XX, a sociedade brasileira se tornou maior e mais di-
versificada, e os movimentos sociais ganharam força, pres-
No trecho do artigo de Lilia Moritz Schwarcz, a historiadora
sionando os mais diferentes governos para que tivessem
e antropóloga problematiza a expressão "novo normal" que se seus direitos reconhecidos pelo Estado. A Constituição de
tornou bastante comum no contexto da pandemia de covid-19. 1988 representa a conquista de muitos desses direitos, mas
Em sua problematização, a autora critica a normalização de si- os governos contemporâneos, ao privilegiarem políticas de
tuações de precariedade e de negação da dignidade humana governo neoliberais, atuam de forma incompatível com os
que caracterizavam o "antigo normal", bem como a postura idea- preceitos constitucionais, favorecendo determinados gru-
lista de que o novo normal representará uma melhora em termos pos e interesses econômicos e negando os direitos coletivos
sociais, visto que certos problemas sociais básicos permanecem da população brasileira.
(e ao que tudo indica, permanecerão) sem solução. 3. Espera-se que os estudantes mobilizem seus conhecimentos
Essa discussão pode contribuir com a mobilização de prévios, bem como novos conhecimentos adquiridos por meio
aspectos da CGEB6, da CGEB7, da CGEB10 e das habilidades de pesquisas para constatar que durante a pandemia de co-
EM13CHS401 e EM13CHS605. vid-19, diversos Estados, mesmo os mais alinhados à práti-
1. A historiadora Lilia Moritz Schwarcz aponta para as desi- cas neoliberais, adotaram medidas intervencionistas para
gualdades econômicas e sociais no Brasil, onde uma parce- oferecer subsídios às empresas, implementar programas so-
la expressiva da população não tem saneamento básico ou ciais para auxiliar a população impossibilitada de trabalhar,
condições dignas de moradia, estando mais vulneráveis ao assim como intervir politicamente na saúde, investindo em
coronavírus em razão da ausência de ações do Estado em hospitais, equipamentos e pesquisas científicas.
benefício a essas populações e à sua ineficiência em pro- 4. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes avaliem os
mover políticas públicas que atendam à coletividade. Nesse impactos do coronavírus em diversos países ao longo de
contexto, a autora aponta, ainda, para um discurso comum 2019 e 2020, refletindo sobre a importância de uma política
exposto pelas elites e classes médias, que, em sua condição de Estado que atenda aos interesses da coletividade para
de privilégio estabelecida no contexto do sistema capitalis- salvar vidas, se comprometa com a saúde pública e invista
ta, começam a questionar o consumo excessivo e a tercei- em pesquisas científicas. Caso o Estado estabeleça uma po-
rização de serviços básicos. Para a autora, esse ques- lítica de governo que se omita diante dos impactos de con-
tionamento do “novo normal” não abarca a compreensão tágio e mortes de milhares de cidadãos, priorizando a
sobre a exploração de grande parte da sociedade brasileira manutenção da agenda econômica neoliberal, os riscos po-
e a marginalização imposta pela lógica capitalista liberal, dem ser a dizimação de pessoas, a desestruturação das for-
reforçada pelo Estado. ças de trabalho e o caos social.
2. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reflitam 5. Resposta correta: Alternativa b. O primeiro trecho está rela-
sobre o fato de a pandemia ter exposto a vulnerabilidade cionado à defesa do controle da economia pelos monarcas;
da população historicamente marginalizada, desprovida de o segundo trecho refere-se à teoria do livre mercado de Adam
condições básicas de higiene e saneamento básico e tendo Smith, ou seja, à livre concorrência com pouca interferência
de lidar com a necessidade de continuar trabalhando do Estado.
226
227
Liberalismo Iluminismo Girondinos X Jacobinos
Imperialismo
europeu Revolução Para quem?
Liberalismo Protecionismo
X
Trabalhadores Alienação
Socialismo/comunismo
Propostas alternativas
Anarquismo
228
■ ATIVIDADES DE PREPARAÇÃO PARA EXAMES
1. (Fuvest) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 3. (Faap) Os pensadores do liberalismo econômico, como Adam
votada pela Assembleia Nacional Constituinte francesa, em Smith, Malthus e outros, defendiam:
26 de agosto de 1789, visava
a) intervenção do Estado na economia
a) romper com a Declaração de Independência dos Estados
Unidos, por esta não ter negado a escravidão. b) o mercantilismo como política econômica nacional
b) recuperar os ideais cristãos de liberdade e igualdade, sur- c) socialização dos meios de produção
gidos na época medieval e esquecidos na moderna.
d) liberdade para as atividades econômicas
c) estimular todos os povos a se revoltarem contra seus go-
e) implantação do capitalismo de Estado
vernos, para acabar com a desigualdade social.
e) pôr em prática o princípio: a todos, segundo suas neces- 4. (UFPE) A expansão capitalista no século XIX ficou conhe-
sidades, a cada um, de acordo com sua capacidade. cida como imperialismo, e o domínio dos países europeus
sobre a África e a Ásia foi denominado neocolonialismo.
Resposta: alternativa d. Sobre o resultado da junção desses dois fenômenos – o
imperialismo e o colonialismo – na África e na Ásia, é cor-
2. (Unifor) A Revolução Francesa, ocorrida em 1789, que teve reto afirmar que:
como ideais a liberdade, a igualdade e a fraternidade, mar- a) O imperialismo e o neocolonialismo ajudaram os povos
cou o advento de um novo paradigma estatal.
africanos e asiáticos a saírem de seu atraso secular, pos-
Sobre o assunto, pode-se afirmar que sibilitando-lhes o acesso ao progresso.
a) trata-se do advento do Estado Absolutista, que surgiu co- b) A segunda Revolução Industrial, o capitalismo monopo-
mo uma resposta aos movimentos socialistas da época.
lista e os ideais de progresso estão associados ao impe-
b) trata-se do advento do Estado Liberal, que surgiu como rialismo, ao neocolonialismo e ao completo domínio dos
uma resposta aos movimentos socialistas da época. Estados Unidos, no final do século XIX.
c) trata-se do advento do Estado Social, que surgiu como c) A maior beneficiária de todo o domínio imperialista e do
uma resposta às opressões vividas pelos operários, que neocolonialismo na Ásia e África foi a classe operária, em
não eram os donos do capital. face do pleno emprego da indústria.
d) trata-se do advento do Estado Social, que surgiu como d) Através do imperialismo e do neocolonialismo, as elites
uma resposta ao absolutismo despótico.
econômicas e políticas inglesas construíram a imagem de
e) trata-se do advento do Estado Liberal, que surgiu como que eram o modelo de cultura e civilização a ser imitado
uma resposta ao absolutismo despótico. em todo o mundo.
229
Unidade
3 O ESTADO BRASILEIRO
INTRODUÇÃO
Em capítulos anteriores, os estudantes aprofundaram seus conhecimentos sobre o conceito de Estado. Ago-
ra, eles são convidados a direcionar sua atenção para o desenvolvimento do Estado brasileiro. Nesse trajeto, vão
se deparar com discussões sobre a formação histórica desse Estado, desde os movimentos iniciais de indepen-
dência até os dias atuais.
Essa proposta está organizada em três capítulos. O capítulo 7 se dedica à formação e à consolidação de nos-
so Estado durante o Império, em diálogo com o presente, e nele se aborda a participação popular na política na-
cional, tendo em vista os conceitos de democracia e de cidadania.
Em seguida, o capítulo 8 se dedica a apresentar e analisar questões relacionadas aos direitos sociais, com
destaque para as ações afirmativas e seus impactos sobre as populações mais jovens. Traz também análises
sobre as práticas que levaram os indígenas e os negros à marginalização, processo que ocorre desde o Império
e se estende até os dias atuais. A Lei de Terras é, portanto, trabalhada sob essa ótica.
Para encerrar a unidade, o capítulo 9 explora um tema que vem ganhando espaço nas discussões políticas
no Brasil e no mundo: o da representatividade política, incluindo abordagens relativas às relações entre religião
e política. A representatividade feminina, vista em seu processo histórico e na atualidade, é assunto de destaque
no capítulo, o qual também discute sobre a atual crise mundial da democracia representativa, derivada, em par-
te, da crise dos partidos políticos.
Considerando a proposta dessa unidade, é recomendável que o estudo dela seja liderado pelos professores
de História e/ou Sociologia. É válido destacar que os temas aqui trabalhados contemplam parte do exigido pela
Lei n. 11 645/2008, atualização da Lei n. 10 639/2003, que, em sua redação, determina o trabalho com história
africana, afro-brasileira e indígena em todos os componentes curriculares. Nesse sentido, o capítulo 8 trata da
marginalização sofrida pelas populações indígenas e negras no Brasil. No primeiro caso, a discussão tem como
ponto de partida as políticas do Estado imperial, que classificavam essas populações em dois grupos: o dos que
poderiam ser aldeados e o dos que eram incivilizados. No século XIX, essa posição obteve respaldo no darwinis-
mo social. No caso das populações negras, as discussões se aprofundam na criação de leis que excluíam social-
mente a população negra, como a Lei de Terras e os códigos penais de 1890, além dos estímulos à imigração
europeia no século XIX e das práticas discursivas que fortaleciam estereótipos e preconceitos.
Ao longo do estudo, é fundamental que os professores estejam atentos aos conhecimentos prévios dos es-
tudantes e que os estimulem ao debate, mas que isso seja feito nos limites do respeito ao próximo.
OBJETIVOS DA UNIDADE
• Compreender o que é política e sua importância para a organização da vida em sociedade.
• Compreender diversos mecanismos de exclusão social em diferentes momentos da história do Brasil.
• Identificar como os grupos dominantes monopolizaram o poder político desde o período colonial.
• Reconhecer o longo processo de ampliação popular na participação política.
• Analisar maneiras de participar da política nacional, em diferentes instâncias, na atualidade.
• Associar políticas de marginalização às dificuldades de amplos setores da sociedade brasileira, em especial
negros e indígenas.
• Refutar quaisquer práticas discriminatórias, sejam elas baseadas em diferenças étnicas, sejam de gênero.
• Pormenorizar as relações de poder estabelecidas em diferentes esferas do Estado brasileiro na atualidade.
• Propor alternativas à participação política na atualidade, em especial à das juventudes.
• Conhecer trajetórias de mulheres que se destacaram na cena política brasileira ao longo da história.
• Valorizar as lutas de todas as minorias por maior participação na vida política do Brasil.
230
JUSTIFICATIVA
panorama social de desigualdades da atualidade. Nesse senti-
do, as discussões propostas nessa unidade contribuem não só
Ao longo de sua história, o Brasil tem se caracterizado pela para que os estudantes compreendam a construção histórica
assimetria nas relações de poder entre os diversos segmentos dessas relações desiguais no Estado brasileiro, mas também
sociais que o compõe. Compreender como essa desigualdade para que identifiquem como elas se fazem presentes nas rela-
foi construída com base em mecanismos específicos que privi- ções de poder, com ênfase para a política, e, dessa forma, refli-
legiam determinados grupos e promovem a marginalização de tam sobre as possibilidades de atuação democrática visando
outros é, portanto, fundamental para a compreensão do desconstruir essas desigualdades.
CECHSA2: EM13CHS201.
CECHSA4: EM13CHS404.
CGEB1, CGEB6, CGEB9 CECHSA5: EM13CHS502.
7 e CGEB10. CECHSA6: EM13CHS601 e EM13CHS603.
CECNT1: EM13CNT104.
CECNT2: EM13CNT203.
CECHSA1: EM13CHS102.
CECHSA2: EM13CHS201.
CECHSA4: EM13CHS404.
CECHSA5: EM13CHS502.
CECHSA6: EM13CHS601.
CGEB1, CGEB2, CGEB7 CECNT2: EM13CNT201 e EM13CNT208.
8 e CGEB8. CECNT3: EM13CNT303 e EM13CNT305.
CELT1: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103 e EM13LGG104.
CELT2: EM13LGG202.
CELT3: EM13LGG302.
CELT7: EM13LGG703.
CEMT1: EM13MAT102.
CECHSA1: EM13CHS102.
CECHSA2: EM13CHS201.
CGEB2, CGEB6, CGEB7, CECHSA4: EM13CHS402.
9 CGEB8, CGEB9 e CGEB10. CECHSA5: EM13CHS502.
CECHSA6: EM13CHS603 e EM13CHS606.
CEMT1: EM13MAT102.
231
CAPÍTULO 7 A POLÍTICA É PARA n. 7, p. 22-33, jul./dez. 2011. Disponível em: http://bd.
camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/7445/
TODOS? (Página 84) politizacao_escolas_dantas%26caruso.pdf?sequence=1.
Acesso em: 21 jul. 2020.
A pergunta que dá nome a esse capítulo é uma provocação
O texto pode ajudar na reflexão sobre o interesse dos jovens
à reflexão tanto sobre quem são os indivíduos e grupos que
brasileiros por política e sobre práticas de educação política.
atuam na esfera política da sociedade quanto a quem se des-
tinam as ações políticas dessas pessoas e desses grupos. As
discussões apresentadas ao longo do capítulo visam oferecer Participação política e democracia
elementos para que os estudantes possam começar a respon- (Página 85)
der a essa questão. Para isso, serão discutidos os contextos Uma breve retomada histórica sobre a participação política
políticos da formação e da consolidação do Estado brasileiro verificada na Grécia antiga e nos séculos XVIII e XIX antecede a
no período imperial e no presente. análise sobre essa mesma participação na atualidade, apresen-
tando dois diferentes campos de pensamento dentro da teoria
democrática: a corrente institucionalista e a participativista. Além
A política é para todos? (Página 84) dessas abordagens teóricas, o texto discute a necessidade de
A abertura do capítulo propõe reflexões sobre o que é a po- extrapolação da política para a vida cotidiana, esquematizando
lítica de um ponto de vista mais basilar, incentivando os estu- essa participação na imagem que ilustra a página. É importante
dantes a se posicionar nessa arena e combatendo o senso co- destacar as várias esferas da vida apresentadas, partindo dos
mum que desvaloriza a real importância da política. espaços relativos a ações políticas mais tradicionais, ligadas às
As imagens apresentadas mostram algumas possibilida- eleições, passando pelo que é chamado de esfera pública e che-
des de atuação política em campos mais consolidados, como gando a ações não formais de movimentos sociais, por exemplo.
o da luta pela educação e os movimentos mais recentes em O conceito de esfera pública como o conhecemos hoje foi
torno de pautas como os direitos dos animais e a defesa do desenvolvido pelo filósofo alemão Jürgen Habermas (1929- ),
meio ambiente. para quem essa esfera seria o âmbito legítimo da atuação do
Esse conteúdo colabora para a construção da habilidade poder público.
EM13CHS404. Além disso, a CGEB1 é acionada em diferentes O trabalho com esse tema favorece a mobilização das habi-
momentos do capítulo, desde sua abertura. lidades EM13CHS201 e EM13CHS404.
232
» martelli, Carla Giani; JarDim, Maria Chaves; gimenes, Éder ou não, é preciso que eles adotem uma postura de respeito, perce-
Rodrigo (org.). Participação política e democracia no Bra- bendo a importância da construção de espaços democráticos de
sil contemporâneo. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2018. debate.
Coletânea de artigos que discutem aspectos contemporâneos
da participação política e da democracia no Brasil. Sugestões para o professor
Artigo
Projetos políticos e Constituição de 1824 » França, Wanderson Édipo de. Gente do povo em Pernam-
(Página 86) buco: da Revolução de 1817 à Confederação de 1824. Clio
– Revista de Pesquisa Histórica, v. 33, n. 1, p. 23-44, 2015.
Entre os pontos trazidos pela Constituição de 1824, é impor-
Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revista
tante que os estudantes reconheçam a criação do Poder Mode- clio/article/view/24644. Acesso em: 21 jul. 2020.
rador – que será estudado com mais detalhes na próxima pági-
O artigo traz informações sobre os movimentos sociais ocor-
na – como símbolo da centralidade do imperador sobre todos os
ridos em Pernambuco nos momentos anteriores e posterio-
outros poderes, o que mostra os limites da estrutura política
res à Independência.
brasileira da época.
Outro ponto que merece a atenção dos estudantes é no que Livros
se refere à escravidão, que foi pouco mencionada no texto cons- » Costa, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: momen-
titucional e, nas raras ocorrências, sempre de maneira a excluir tos decisivos. 4. ed. São Paulo: Ed. da Unesp, 1998.
os negros da categoria de cidadão. Clássico da historiografia sobre o Império brasileiro e suas
No período anterior à independência, em 1822, estavam em estruturas políticas, econômicas e sociais.
curso muitos movimentos sociais e políticos que visavam impri- » mattos, Hebe Maria. Escravidão e cidadania no Brasil mo-
mir suas pautas diante da reorganização do Brasil, derivada do nárquico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
traslado da Família Real portuguesa para o Rio de Janeiro em Livro que discute o entrelaçamento da luta contra a escravi-
1808. Entre eles, podem-se destacar os eventos que agitaram dão e da construção da cidadania durante o Império.
Pernambuco, em particular os eventos de 1817 e 1824. Esse
período é bastante significativo, pois abarca o antes e o depois » nogueira, Octaciano. 1824. 3. ed. Brasília: Senado Federal,
Subsecretaria de Edições Técnicas, 2012 (Coleção Cons-
da Independência, revelando a continuidade dessas disputas
tituições brasileiras). Disponível em: https://www2.senado.
entre o período colonial e o imperial. Outro movimento que po-
leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/137569/Constituicoes_
demos destacar é o das lutas na Bahia em torno da Indepen- Brasileiras_v1_1824.pdf. Acesso em: 22 jul. 2020.
dência, que se estenderam até 1823.
Disponibilizado digitalmente pelo Senado Federal, o livro traz
A reportagem do link disponibilizado no boxe Para explorar
o texto da Constituição de 1824.
mostra a relação entre descendentes da Família Imperial brasi-
leira e seus apoiadores em setores da política nacional. As pau- » sCHwarCz, Lilia M.; starling, Heloisa M. Brasil: uma biogra-
fia. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
tas defendidas por eles precisam ficar claras para os estudantes,
assim como as opiniões e os argumentos apresentados pelas Manual sobre a trajetória histórica do Brasil em suas múlti-
pessoas que foram entrevistadas, relativos aos temas aborda- plas dimensões.
dos na reportagem.
O trabalho delineado acima contribui para a mobilização da Poderes e o Poder Moderador
habilidade EM13CHS201. (Página 87)
A formação inicial da nação brasileira foi pautada por disputas
Boxe Reflexão
internas entre os grupos políticos dominantes, liderados, de um
1. Resposta pessoal. A pesquisa deve mostrar que existem mo- lado, pelos irmãos Andrada (José Bonifácio, Antônio Carlos e Mar-
narquias absolutistas hereditárias (Arábia Saudita, Emirados tim Francisco) e, de outro, por Gonçalves Ledo e Januário da Cunha
Árabes Unidos, Brunei, entre outros), monarquias constitu- Barbosa. Essas disputas resultaram em um conflito que levou ao
cionais hereditárias (a forma mais comum, presente em paí- encerramento dos trabalhos realizados pela Assembleia Consti-
ses como Reino Unido, Bélgica, Canadá, Espanha, Japão, tuinte. Sobre esse tema, a historiografia brasileira vem produzin-
Marrocos, entre outros), monarquias constitucionais eletivas do fartos conteúdos, muitos dos quais estão disponíveis em re-
(apenas Camboja e Malásia), diarquia (em Andorra) e monar- vistas acadêmicas que podem ser acessadas pela internet.
quia absolutista eletiva não-hereditária (no Vaticano). As habilidades EM13CHS601 e EM13CHS603 são desenvol-
2. Os estudantes devem reconhecer a possibilidade da coexis- vidas nesse momento
tência entre democracia e monarquia, como atestam vários
dos países listados na atividade anterior, entre os quais se Boxe Interação
encontram democracias plenamente consolidadas, como Rei- 1. Espera-se que os estudantes usem os conhecimentos cons-
no Unido, Bélgica, Espanha, Japão e outros. truídos sobre os direitos do cidadão no Brasil atual, percebam
os avanços ocorridos em relação ao que havia sido estabe-
Atividade complementar lecido no Império e reflitam sobre a necessidade de ainda
Os estudantes podem ser convidados a retomar a matéria pu- haver lutas e mobilizações para que a plena cidadania possa
blicada pela BBC News Brasil, indicada no boxe Para explorar, e ser alcançada.
discutir sobre o que foi apresentado, ficando livres para se manifes-
tar a respeito. Nessa discussão, vale orientar os estudantes a rela- Atividade complementar
cionar o conteúdo da reportagem com os direitos humanos, identi- Os estudantes podem utilizar o mapa do Atlas Histórico do
ficando o que pode ferir esses direitos e o que é apenas opinião Brasil disponível em: https://atlas.fgv.br/marcos/assembleia-
pessoal. Nesse último caso, independentemente de concordarem constituinte-e-constituicao-de-1824/mapas/composicao-da-
233
constituinte-de-1823 (acesso em: 22 jul. 2020) para trabalhar 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/alm/n9/
as composições local e regional da Assembleia Constituinte de pt_2236-4633-alm-9-00019.pdf. Acesso em: 22 jul. 2020.
1823. Para tratar do significado e da importância da Assembleia O artigo faz comparações entre a participação popular na vi-
Constituinte, eles podem fazer a leitura do texto disponível em: da política do Império no Brasil e na França das décadas de
https://www.politize.com.br/assembleia-constituinte/ (acesso 1830 a 1840.
em: 22 jul. 2020).
Livros
Sugestões para o professor » CarvalHo, José Murilo de. A construção da ordem: a elite
política imperial; Teatro de sombras: a política imperial.
Artigo
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
» lynCH, Christian Edward Cyril. O discurso político monar-
A obra trata da construção do Estado imperial e dos ideais
quiano e a recepção do conceito de poder moderador no
da elite brasileira no período, bem como da atuação das clas-
Brasil (1822-1824). Dados, Rio de Janeiro, v. 48, n. 3,
p. 611-654, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/ ses populares.
pdf/dados/v48n3/a06v48n3.pdf. Acesso em: 22 jul. 2020. » Faoro, Raymundo. Os donos do poder: formação do patro-
O artigo analisa as bases teóricas e as repercussões do Po- nato político brasileiro. 5. ed. São Paulo: Globo, 2012.
der Moderador no Brasil. Obra clássica sobre a formação e as características do Estado
Livros no Brasil.
» bonaviDes, Paulo; anDraDe, Paes de. História constitucional » gouvêa, Maria de Fátima Silva. O império das províncias:
do Brasil. 10. ed. Brasília: OAB Editora, 2008. Rio de Janeiro, 1822-1889. Rio de Janeiro: Civilização Bra-
Obra que trata da história das Constituições do Brasil. sileira, 2008.
» CarvalHo, José Murilo de. A construção da ordem: a elite A obra, resultado da pesquisa de doutorado da autora, reali-
política imperial; Teatro de sombras: a política imperial. zado na Inglaterra, destaca a dimensão regional do poder
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. político no Império brasileiro.
Livro sobre a estruturação do Estado no Brasil do Império ao » mattos, Ilmar Rohloff de. O tempo saquarema: a formação
início da República. do estado imperial. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2017.
» mattos, Ilmar Rohloff de. O tempo saquarema: a formação Livro que analisa as ideias políticas no Brasil imperial com
do estado imperial. 7. ed. São Paulo: Hucitec, 2017. forte destaque para as tensões sociais da época.
Livro que analisa as ideias políticas no Brasil imperial, com
Site
forte destaque para as tensões sociais da época.
Site
» brasil. Arquivo Nacional. Dicionário da Administração Pú-
blica Brasileira: Período Imperial. Disponível em: http://
» brasil. Arquivo Nacional. Memória da Administração Públi- mapa.an.gov.br/index.php/dicionario/administracao-imperial.
ca Brasileira. Dicionário da Administração Pública Brasi- Acesso em: 22 jul. 2020.
leira: período imperial. Disponível em: http://mapa.an.gov. Sugerimos a leitura do verbete “Partidos políticos”, produzido
br/index.php/dicionario/administracao-imperial. Acesso em: para o programa Memória da Administração Pública Brasi-
22 jul. 2020. leira, sobre os partidos políticos no Segundo Reinado.
Entre os vários assuntos, sugerimos a busca pelo verbete
“Poder Moderador”.
E hoje, quem participa do poder?
Quem participava do poder no Império? (Página 89)
(Página 88) A discussão a respeito de participação política é iniciada pe-
la apresentação de dados sobre concentração econômica, jus-
Seria importante destacar para os estudantes que as divisões
tamente porque, na contemporaneidade, o poder econômico e
políticas não refletiam divisões ideológicas, pois os interesses de
o político, assim como o midiático, conforme o próprio texto afir-
lados opostos do espectro político dominante eram semelhantes. ma, estão interligados. Nesse sentido, seria interessante retomar
Para além dessas semelhanças, que aproximavam os gru- os conteúdos relativos ao Segundo Império e levar os estudan-
pos que dominavam a cena política do Segundo Reinado e tes a pensar se essa relação, em particular o entrelaçamento
que tendiam a homogeneizar esse cenário, havia também entre poder político e econômico, já estava presente na época.
elementos que tornavam a política do Império extremamente Sugere-se retomar a Constituição de 1824 e analisá-la sob o
complexa, com a construção e a consolidação de espaços de ponto de vista das limitações da participação política que ela
representação dos interesses locais, que iam muito além das
impunha durante o Império.
antigas câmaras municipais coloniais e se expressavam nas Tendo realizado uma aproximação relativa às semelhanças
políticas nacionais criadas na corte do Rio de Janeiro. Tais in- entre alguns períodos do passado de nossa história, é possível
teresses se opunham, muitas vezes, aos interesses da Coroa, prosseguir com os estudantes no texto didático. O texto traz as
o que gerou debates, críticas e embates ao longo de todo o mudanças recentes relacionadas à participação política no Bra-
período imperial. sil, que, na atualidade, possui características únicas em com-
Pela natureza do assunto analisado, o texto se relaciona à paração com momentos passados, por integrar pessoas de
habilidade EM13CHS601. grupos sociais que tradicionalmente foram relegados a segun-
do plano. O texto também apresenta as formas pelas quais es-
Sugestões para o professor
sas pessoas podem atuar na política. Vale a pena destacar o
Artigo papel das redes sociais, tanto para a ampliação da participação
» Kraay, Hendrik. Ritos políticos e politização popular no popular na política quanto por seu poder de disseminar notí-
Brasil Imperial. Almanack, Guarulhos, n. 9, p. 30-40, abr. cias falsas e semear conflitos.
234
Pela natureza dos conteúdos e da abordagem, o texto favo- retomar com os estudantes o processo histórico de transfor-
rece o desenvolvimento das habilidades EM13CHS502, mação da participação política no Brasil, destacando, agora,
EM13CHS601, EM13CNT104 e EM13CNT203. os atuais mecanismos à disposição para que os cidadãos bra-
sileiros, em especial os jovens, possam se inserir ainda mais
Boxe Interação na vida política.
1. Resposta pessoal. A imagem retrata uma cena de desigualdade É possível propor uma roda de conversa com os estudantes
social relacionada à moradia, contrastando habitações precárias para avaliar o grau de interesse deles em termos de participação
em uma comunidade no Rio de Janeiro com prédios residenciais política, ampliando a discussão não apenas para a dita política
ao fundo. Espera-se que os estudantes elaborem suas respos- tradicional, mas levando-os a perceber que outros espaços, co-
mo a escola, também são espaços políticos. Assim, a escola é
tas a partir dessa constatação e notem que, para discutir as re-
um local em que eles podem colocar em prática ações de fisca-
lações de poder na contemporaneidade, é imprescindível
lização e de atuação.
debater a gestão dos modelos econômicos e sociais em vigor
Pela natureza dos conteúdos e da abordagem, o texto favo-
atualmente e agir para que eles atendam a todos igualmente.
rece o desenvolvimento das habilidades EM13CHS601 e
EM13CHS603.
Atividade complementar
Trabalhar com dados sobre concentração de renda e de ri- Boxe Ação e cidadania
queza é uma possibilidade que ajuda os estudantes a perceber
O boxe possibilita reflexões sobre as ações cidadãs que
a dimensão das disparidades econômicas que assolam o mun-
extrapolam os momentos das eleições. Trata-se da temática
do atual, em particular o Brasil. Com esse objetivo, eles podem
que perpassa o presente capítulo e, nesse momento, os es-
realizar um trabalho de pesquisa na internet em busca de ima- tudantes são incentivados a pensar em termos mais práticos,
gens que representem essa disparidade. A turma pode ser divi- responsabilizando-se pela construção da sociedade de modo
dida em grupos, para que cada grupo pesquise e apresente as ético e participativo.
imagens que acharem que representam melhor as desigualda- As competências trabalhadas com destaque são CGEB6,
des econômicas ou de renda no Brasil. CGEB9 e CGEB10.
Para chegar às suas escolhas, eles devem pesquisar e se
1. Resposta pessoal. Os estudantes precisam ter bem claro que
apropriar dos debates sobre o tema, avaliando, entre as conse-
política não é feita apenas nas eleições ou pelos partidos po-
quências dessa situação de desigualdade, qual seria a mais da-
líticos, mas também é realizada em diversos momentos da
nosa na opinião deles. Os resultados das pesquisas devem ser
vida cotidiana. Se julgar pertinente, solicite aos alunos que se
compartilhados em sala de aula.
dividam em grupo para realizar essa pesquisa. A divisão dos
grupos pode ser proposta com base nos exemplos citados,
Sugestões para o professor
com cada grupo pesquisando um exemplo citado no texto
Artigos dessa seção, ou de maneira livre, com todos os grupos pes-
» Brasil tem a segunda maior concentração de renda do quisando todas as possíveis formas de participação popular
mundo, diz relatório da ONU. CEE-Fiocruz, 10 dez. 2019. no município.
Disponível em: https://cee.fiocruz.br/?q=node/1090. Aces- 2. Respostas pessoais. Caso opte por realizar a atividade oral-
so em: 22 jul. 2020.
mente, cuide para que os estudantes, ao relatarem suas ex-
A reportagem trata do Relatório de Desenvolvimento Huma- periências e convicções políticas e sociais, sejam ouvidos de
no (RDH), publicado pela ONU em 9 de dezembro de 2019. maneira respeitosa pelos colegas.
» Queiroz, Matheus. O poder da multidão: novas formas de
participação política. Co.cada, 3 jul. 2017. Disponível em: Cidadania ativa e participativa
https://medium.com/cocadacolabora/o-poder-da-multi
dão-novas-formas-departicipação-pol%C3%ADtica- (Página 91)
2d71b32638f1. Acesso em: 22 jul. 2020. O texto dá prosseguimento às abordagens realizadas nas ou-
Co.Cada é uma rede colaborativa de produção de conteúdo tras páginas e amplia o tema da participação política, destacando
sobre nova economia. O artigo citado traz informações sobre agora a participação feminina, com a apresentação dos estudos
alguns aplicativos desenvolvidos para estimular a fiscaliza- de caso da União das Mulheres do Município de São Paulo e do
ção e também a participação política no Brasil. Instituto Nossa Ilhéus, além de fazer referência à Lei Maria da Pe-
nha, de 2006. Sugerimos aproveitar esse contexto para perguntar
» signor, Diogo; moura, Guilherme V. Mosaico da distribuição
aos estudantes se eles conhecem garotas ou mulheres que fazem
de renda no Brasil: uma análise com base em 40 anos de
dados da Pnad. Anpec, 2018. Disponível em: https://www. parte de algum tipo de entidade de ação política (sindicato, grê-
anpec.org.br/sul/2018/submissao/files_I/i2-e- mio estudantil, instituto, ONG, secretaria de governo, etc.). De acor-
1357012688291b5a54974985b46e808.pdf. Acesso em: do com as respostas, é possível conduzir a aula no sentido de va-
22 jul. 2020. lorizar a história dessas pessoas, pedindo aos estudantes que a
O artigo, publicado pela Associação Nacional dos Centros de compartilhem com os colegas, na aula atual ou na seguinte. Com
Pós-Graduação em Economia (Anpec), desenvolve uma aná- isso, eles teriam uma concretude maior, percebendo que essas
lise histórica com base nos dados coletados pela Pnad entre formas de participação estão mais próximas e são mais acessí-
1976 e 2015 sobre a distribuição da renda no Brasil. veis do que possam eventualmente imaginar.
As imagens das páginas 90 e 91 podem ser utilizadas em
Formas de fazer política para conjunto para que os estudantes consigam perceber as diferen-
tes instâncias de participação política existentes, que vão das
além do voto (Página 90) mais tradicionais e formais às mais próximas do cotidiano das
De certa forma, o assunto abordado aqui foi introduzido pessoas, e que todas elas têm sua importância para o desenvol-
pelo texto da página anterior. Assim, é possível aproveitar e vimento da vida política nacional.
235
Pela natureza dos conteúdos e da abordagem, o texto favo- contribui para a ampliação da conscientização das pessoas
rece o desenvolvimento das habilidades EM13CHS601 e que vivem na comunidade.
EM13CHS603. 3. a) A frase citada por José Caldeira evidencia a percepção do
autor de que, na atualidade, o Poder Judiciário possui dispo-
Atividade complementar sitivos que o possibilitam colocar-se acima dos demais po-
Sugere-se a seguinte indagação aos estudantes: Em que deres da União, de forma semelhante ao Poder Moderador,
áreas ou campos você teria interesse em participar de projetos no período Imperial.
de ação cidadã? b) Não, pois, de acordo com Caldeira, o Poder Legislativo se
Convide-os a justificar suas respostas, de modo que possam sobrepõe aos demais, desequilibrando a independência e a
valorizar a importância do protagonismo e do autoconhecimen- harmonia constitucionalmente prevista para a relação entre
to para compreender, dessa forma, seus interesses e motivações. os Três Poderes da União.
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes eviden-
Sugestão para o professor ciem seus entendimentos e percepções acerca da relação
Artigo entre os Três Poderes, considerando os âmbitos, as possibi-
» Castro, Lúcia Rabello de. Participação política e juventude: lidades e as restrições de atuação de cada um.
do mal-estar à responsabilização frente ao destino comum. 4. Resposta correta: alternativa c. Uma das principais caracte-
Sociologia Política, v. 16, n. 30, p. 253-268, 2008. Dispo- rísticas da Constituição de 1824 é justamente sua outorga
nível em: https://www.scielo.br/pdf/rsocp/v16n30/15.pdf.
pelo imperador e a definição de quatro poderes (Executivo,
Acesso em: 23 jul. 2020.
Legislativo, Judiciário e Moderador).
O artigo trata da relação entre juventude e política na con-
temporaneidade, por meio de abordagens que analisam de
que maneira os jovens podem se engajar e como esse enga-
jamento se insere no contexto político. CAPÍTULO 8 AÇÕES AFIRMATIVAS
E PODER (Página 93)
Atividades (Página 92) Nesse capítulo, serão abordadas as políticas de exclusão
1. a) Elas representam um segmento que vivencia e expõe as e inclusão de segmentos da sociedade brasileira, especial-
diferentes desigualdades na cidade, trazendo formas inova- mente das populações negras e indígenas, nos espaços e
doras de ativismo e de mobilização. atividades de poder.
b) Não. As desigualdades afetam mais diretamente as mu-
lheres e a população negra, em especial as residentes nas Ações afirmativas e poder (Página 93)
periferias. A abertura traz possibilidades de uso de diferentes suportes
c) Não. O programa incentiva formas de participação e ação textuais – além do texto didático, ela traz uma imagem e um tre-
social por meio de coletivos, formação de grupos e organiza- cho de texto de Lélia Gonzales.
ções criadas por jovens para combater as desigualdades e o A imagem retrata Lélia de Almeida Gonzalez, escritora, filó-
racismo vivenciado por jovens negras brasileiras. sofa, antropóloga e uma das pioneiras do movimento negro no
2. a) Espera-se que os estudantes reflitam que a atuação do ci- Brasil, falecida em 1994. Para iniciar a discussão, leia com os
estudantes o texto da autora e, oralmente, peça a elas que res-
dadão, como membro ativo de sua comunidade, envolve
pondam às questões da página.
o engajamento em ações que tenham como fim os inte-
Nessa abertura, é feito um trabalho com as habilidades
resses do coletivo e a busca de informações, o contato
EM13CHS502, EM13LGG202, EM13LGG302 e EM13LGG703,
com grupos, organizações e coletivos, para que sejam
reforçando, assim, a abordagem interdisciplinar.
realizadas ações de fiscalização e monitoramento do po-
der público, proposição de leis e intervenções no espaço
público. Além disso, eles devem reconhecer os múltiplos RESPOSTAS ÀS QUESTÕES
espaços de atuação política existentes na atualidade e
que envolvem desde a política tradicional, realizada pelos 1. Lélia Gonzales apresenta a própria mãe como uma gran-
membros dos partidos políticos e dos governos, até ins- de referência em sua formação e explicita o aprendizado,
tâncias da sociedade civil, como sindicatos, ONGs, grêmios o qual, além de teorizar sobre determinado grupo social
estudantis, entre outras. e conhecê-lo academicamente, também é necessário
b) Se for preciso, é possível auxiliá-los na escolha das fontes atentar às percepções e às visões de mundo dos indiví-
de pesquisa. duos que compõem esses grupos, sob o risco de se dis-
tanciar da realidade.
c) O compartilhamento dos resultados da pesquisa é uma
etapa importante no trabalho de todo pesquisador. Por isso, 2. Resposta pessoal. Como possibilidade de resposta, os estu-
pode-se dialogar sobre os impactos que esse tipo de divul- dantes podem mencionar que as políticas de marginalização
gação tem para o desenvolvimento não só das ciências, mas de determinados grupos sociais fazem com que essas vozes
também da consciência crítica em geral dos setores da po- e as percepções de mundo desses indivíduos também sejam
pulação que têm acesso a esses resultados. silenciadas e marginalizadas no espaço acadêmico.
d) Muitas vezes, as pessoas costumam atribuir suas mazelas 3. Resposta pessoal. Ao longo do capítulo, os estudantes vão
aos governantes, esquecendo, ou não sabendo, que elas mes- observar que, na legislação, as cotas são pensadas com base
mas podem atuar ao lado do poder público em busca de me- em critérios de etnia e de classe social e que, portanto, ela
lhorias. O trabalho realizado pelos estudantes, portanto, contradiz argumentos contrários à sua efetivação.
236
Sugestões para o professor esse assunto interessa a todos, não apenas às populações
Artigos contempladas por essa medida, uma vez que faz parte de
políticas públicas de Estado que dizem respeito, sobretudo,
» barreto, Raquel. Uma pensadora brasileira. Cult, n. 247,
à educação e à produção científica nacional, cujos desdobra-
3 jul. 2019. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/
home/lelia-gonzalez-perfil/. Acesso em: 23 jul. 2020. mentos têm amplo impacto social.
O texto traz informações sobre a vida e a atuação da intelec-
tual brasileira Lélia de Almeida Gonzalez. Atividade complementar
» Dantas, Humberto; Caruso, Vinícius. Politização nas escolas: Caso seja adequado ao contexto escolar, sugere-se estabe-
o quanto os jovens compreendem essa demanda. E-Legis, lecer um debate em que os estudantes possam assumir e de-
n. 7, p. 22-33, jul./dez. 2011. Disponível em: http://bd.ca fender posições relativas às distinções entre política de Estado
mara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/7445/ e política de governo. Para isso, sugere-se como base de pes-
politizacao_escolas_dantas%26caruso.pdf?sequence=1. quisa o link: https://www.institutomillenium.org.br/sobre-politi
Acesso em: 23 jul. 2020. cas-de-governo-e-politicas-de-estado-distincoes-necessarias/
O texto pode ajudar na reflexão sobre o interesse dos jovens (acesso em: 23 jul. 2020).
brasileiros por política e sobre práticas de educação política.
Sugestão para o professor
Preparando as novas gerações Artigo
237
Sugestões para o professor grande redentora dos escravizados e futura imperatriz, ca-
Livros so houvesse a continuidade do Reinado. Além da temática,
que aponta para a identificação da princesa, é possível
» CunHa, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no
ainda apontar os objetos ligados à monarquia (cetro e co-
Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
roa) e as cores das casas de Bragança (verde) e de Habs-
Esse livro, referência em sua área, foi organizado por uma
burgo (amarelo).
historiadora importante na renovação dos estudos da his-
tória indígena e abarca períodos históricos, temáticas e abor- 2. Espera-se que os estudantes observem o caráter secundário
dagens múltiplas, oferecendo uma compreensão plural da dos escravizados na obra de Pedro Américo. Empobrecidos,
historiografia. flagelados, eles agradecem pela graça concedida – e não con-
quistada, como tem sido apontado pela historiografia mais
» wittmann, Luisa Tombini (org.). Ensino (d)e história indí-
gena. Belo Horizonte: Autêntica, 2015. recente. Ao mesmo tempo, o demônio da escravidão é repre-
sentado por uma figura negra. Em oposição, o jornal O Exemplo
O público-alvo dessa obra são os professores do Ensino Bá-
– citado no trecho da obra de Ana Flávia Magalhães Pinto –,
sico, uma vez que ela oferece explicações centrais sobre o
produzido por negros em 1893, aborda a abolição com pers-
revisionismo da história indígena e sugere atividades que
podem ser desenvolvidas nesse nível da educação. pectiva completamente distinta da que o artista do quadro
adotou, enfatizando, portanto, o protagonismo da população
Artigos negra, que “arrancou dos altos poderes” a abolição.
» almeiDa, Maria Regina Celestino de. Índios mestiços e
3. Espera-se que os estudantes busquem conhecer relatos
selvagens civilizados de Debret: reflexões sobre relações
das experiências de resistência vividas pelos escravizados.
interétnicas e mestiçagens. Varia Historia, Belo Horizonte,
Existe uma literatura expressiva que aborda os quilombos,
v. 25, n. 41, p. 85-106, jan./jun. 2009. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/vh/v25n41/v25n41a05.pdf. as fugas, a compra de alforrias, as disputas judiciais pela
Acesso em: 23 jul. 2020. liberdade e os impressos – representados pelo trecho aqui
apresentado – que comprovam que a resistência à escra-
Nesse artigo, Maria de Almeida, autora de importante obra
sobre o protagonismo indígena no período colonial, explora vidão era uma causa dos negros e que essa liberdade foi
as imagens produzidas sobre os povos indígenas na obra de conquistada por eles.
Jean-Baptiste Debret.
Atividade complementar
» CavalCanti, Lívio Coêlho. O fim da tutela indígena. Conteúdo
Jurídico, 10 jul. 2014. Disponível em: http://www.conteu Os estudantes podem acessar o link disponibilizado no
dojuridico.com.br/artigo,o-fim-da-tutela-indigena,48 boxe Para explorar e, divididos em grupos, analisar uma pu-
979.html. Acesso em: 23 jul. 2020. blicação que tenha chamado a atenção deles. Com base no
O texto destaca a importância das determinações da conteúdo escolhido, sugere-se que eles façam um trabalho
Constituição Federal de 1988 para o fim da perspectiva de aprofundamento, levando em conta o contexto histórico,
tradicionalmente adotada para os povos indígenas, consi- as discussões realizadas até o momento e os conhecimentos
derando-os agentes sociais ativos e cidadãos de plenos prévios que acumularam sobre o assunto durante sua traje-
direitos. tória escolar. Eles podem resumir as informações contidas no
texto, mostrar as eventuais imagens e apresentar suas con-
clusões aos outros grupos. Ao final, a classe pode compor uma
Situação da população negra síntese para ser apresentada em tópicos, em texto ou em al-
(Página 96) gum outro suporte que considerem mais adequado. Seja co-
Dando sequência aos conteúdos trabalhados, o texto lida mo for, é fundamental que eles reconheçam a importância
com a marginalização das populações negras, também sob uma desses veículos de comunicação na luta por direitos das po-
perspectiva histórica, com destaque para o período do Império, pulações negras no Brasil.
no qual as pressões para o fim da escravização foram se inten-
sificando, tanto externa quanto internamente. Entretanto, os Sugestões para o professor
estudantes precisam perceber as reações de setores da socie- Livros
dade brasileira, em especial dos grandes fazendeiros e dos co-
» betHell, Leslie. A abolição do comércio brasileiro de es-
merciantes ligados ao tráfico transatlântico, em busca da ma- cravos: a Grã-Bretanha, o Brasil e a questão do comércio
nutenção do sistema escravista. É nesse sentido que a Lei de de escravos 1807-1869. Brasília: Senado Federal, 2002.
Terras de 1850 é analisada aqui, e essa análise será aprofun- Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/
dada na página seguinte. id/1063. Acesso em: 23 jul. 2020.
O texto está associado à habilidade EM13CHS102 e pode ser O livro aborda o processo de abolição da escravatura no Bra-
uma oportunidade de abordar as habilidades EM13CHS404 e sil, refletindo em especial sobre a pressão inglesa e os im-
EM13CHS601. pactos dela na economia e na política brasileira. Apesar de o
A plataforma indicada no boxe Para explorar disponibiliza autor não estar preocupado em abordar aspectos sociais,
links para várias publicações impressas do que se convencio- tampouco a perspectiva dos escravizados, a obra segue sen-
nou chamar de imprensa negra. Nela, é possível acessar e es- do uma referência sobre o processo em questão.
colher uma ou mais publicações para aprofundar seus con-
teúdos em sala de aula. » Pinto, Ana Flávia Magalhães. Imprensa negra no Brasil do
século XIX. São Paulo: Selo Negro, 2010.
Nessa sucinta obra, fruto da dissertação de mestrado da his-
Boxe Reflexão toriadora Ana Flávia Magalhães, o leitor tem acesso a um le-
1. É importante evidenciar aos estudantes que se trata da vantamento sistemático dos impressos negros que circula-
princesa Isabel. Pedro Américo teria iniciado o quadro em ram no Brasil no século XIX, as temáticas abordadas e os
homenagem àquela que seria propagandeada como agentes envolvidos.
238
» Schwarcz, Lilia Moritz. Retrato em branco e negro: jornais, Sugestões para o professor
escravos e cidadãos em São Paulo no final do século XIX. Artigos
São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
» carrega, Arthur Daltin. As propagandas imigrantistas do
Essa obra, considerada referência no assunto, possibilita a Brasil no século XIX: o caso da Sociedade Central de Imi-
compreensão de como as narrativas sobre os negros (escra- gração. Patrimônio e Memória, v. 15, n. 2, p. 154-171, jul./
vizados e livres) muda de acordo com o período histórico, com dez. 2019. Disponível em: http://pem.assis.unesp.br/index.
uma tendência de criminalização desses indivíduos, à medi- php/pem/article/view/1065. Acesso em: 24 jul. 2020.
da que a liberdade se torna uma realidade. O então doutorando reflete, nesse artigo, sobre a propaganda
dirigida às pessoas que pretendiam migrar para o Brasil du-
rante o Império, com base em publicações da Sociedade Cen-
Lei de Terras e imigração branca tral de Imigração.
(Página 97)
» Exposição “A presença italiana em São Carlos”. Prefeitura
O Brasil não costuma ser visto como um país de imigrantes de São Carlos. Fundação Pró-Memória. Disponível em:
da mesma forma que os EUA, o Canadá, a Austrália, entre ou- https://www.promemoria.saocarlos.sp.gov.br/acervo-files/
tros. Ainda assim, houve momentos em que o fluxo de imigração historias-sc/presenca_italiana_2013.pdf. Acesso em: 23 jul.
se intensificou, em especial nas regiões Sudeste e Sul, para on- 2020.
de alguns milhões de pessoas se dirigiram entre o final do sé- Nessa publicação on-line, é possível ter acesso a várias in-
culo XIX e o começo do XX. Italianos, portugueses, espanhóis, formações sobre a presença italiana nessa cidade do interior
japoneses, alemães, sírios e turcos formaram os maiores con- de São Paulo que ajudam a revelar a importância do fluxo
tingentes de imigrantes, conforme pode ser visto no gráfico que migratório de italianos para o Brasil.
ilustra a página.
As experiências entre esses imigrantes foram muito varia- Fluxos internos (Página 98)
das, alterando-se caso a caso, mas tendo alguns padrões co- A valorização da origem europeia, comentada nas orienta-
muns. A aceitação e integração dessas populações e seus des- ções da página anterior, é retomada na discussão desse tópico,
cendentes às sociedades locais também variaram muito ao a fim de explicar o processo pelo qual a origem africana foi des-
longo do tempo. Os europeus, de maneira geral, se integraram qualificada, enquanto os imigrantes europeus eram valorizados
ao cotidiano e às populações locais de maneira mais fácil. Os por suas supostas qualidades superiores. Reforce com os estu-
japoneses se tornaram mais integrados após algumas déca- dantes o fato de que esse imaginário relacionado às origens
das. Em ambos os casos, à medida que as famílias prospera- africana e europeia são baseados em estereótipos eugenistas.
vam, foram sendo reconhecidos por sua cultura e seus esfor- A proposta desenvolve, de maneira aprofundada, o trabalho
ços, a ponto de sua ancestralidade ser exaltada e valorizada com as habilidades EM13CHS102, EM13CHS502 e EM13CHS601.
por seus descendentes e por muitos setores da sociedade bra-
sileira. Isso não ocorre, por exemplo, com muitos imigrantes e
Boxe Reflexão
descendentes de fluxos mais recentes, sobretudo os que vie- Com base na realização do Congresso Universal das Raças
ram de países africanos e sul-americanos. de 1911, o boxe apresenta um texto citado sobre esse evento e
A proposta favorece o trabalho, em graus variados, com as a reprodução de um quadro de Modesto Brocos, A redenção de
habilidades EM13CHS404, EM13CHS502 e EM13CHS601. Cam, para propor uma discussão sobre o pensamento e as po-
líticas raciais em voga no Brasil entre o fim do século XIX e o co-
meço do século XX.
Boxe Interação
1. O objetivo dessa atividade é incentivar os estudantes a ana-
A atividade favorece o trabalho com as habilidades lisar fontes históricas – como o quadro de Modesto Brocos –,
EM13LGG302 e EM13MAT102, além de promover a CGEB1, levando em consideração os contextos históricos em que fo-
CGEB2, a CGEB7 e a CGEB8. ram produzidas. Espera-se, assim, que eles observem que o
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes associem o artista apresenta o embranquecimento de uma família, o que
incentivo dado pelos governos à imigração europeia entre o pode ser observado, no quadro, pelo casamento inter-racial,
fim do século XIX e o início do XX com as políticas de cunho pela expressão de agradecimento (olhos e mãos voltados
racial, como afirma o texto citado, que se tornaram bem evi- para o céu) da avó, que é negra, ao admirar a brancura de seu
dentes a partir da criação da Lei de Terras, em 1850. neto (que, por ser branco, ocupa a parte central do quadro),
e, ainda, pela expressão de satisfação do pai da criança – um
homem branco. O texto, por sua vez, ajuda a compreender
Atividades complementares
que essa política foi levada a cabo como um projeto de cons-
• Sugere-se discutir com os estudantes sobre as causas da di- trução nacional a ser exibido no exterior.
ferença de aceitação e valorização das diferentes nacionali-
dades, solicitando que se posicionem em relação à construção Sugestões para o professor
de preconceitos e estereótipos envolvendo esses povos e Livro
que proponham formas de combatê-los.
» SantoS, Carlos José Ferreira dos. Nem tudo era italiano:
• Outra possibilidade de trabalho em sala de aula seria realizar São Paulo e pobreza (1890-1915). 2. ed. São Paulo: Fapesp/
um levantamento com os estudantes sobre suas origens, ta- Annablume, 2003.
bulando os dados e construindo um gráfico com base neles. Nesse livro, José Santos apresenta fotografias da cidade de
Em seguida, é possível propor uma análise conjunta sobre São Paulo para indicar a existência da população negra na
os resultados, reconhecendo a maior ou a menor influência capital, contrariando o dito popular – e os desejos oficiais –
da imigração na formação social dos estudantes e levantan- de que São Paulo teria se tornado exclusivamente italiana/
do hipóteses que expliquem esses resultados. imigrante no período pós-abolição.
239
Artigo Caso não haja condições de produzir digitalmente o material,
» Seyferth, Giralda. Colonização, imigração e a questão racial oriente os estudantes a produzir a revista em papel, afixando
no Brasil. Revista USP, n. 53, p. 117-149, mar./maio 2002. algumas cópias em locais de fácil visualização. Entretanto, sem-
Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revusp/article/ pre que possível, é importante evitar o uso de papel, reforçando,
view/33192. Acesso em: 23 jul. 2020. assim, uma atitude ecologicamente sustentável.
Nesse artigo, a historiadora e antropóloga Giralda Seyferth A proposta favorece o trabalho aprofundado com as habilida-
aborda a construção das políticas de imigração no país, iden- des EM13CHS102, EM13CHS404, EM13LGG101, EM13LGG102,
tificando o caráter racial das “escolhas” realizadas. EM13LGG103 e EM13LGG104. Pela natureza da pesquisa, a
seção também favorece o desenvolvimento das habilidades
Filme
EM13CNT201, EM13CNT208, EM13CNT303 e EM13CNT305.
» A 13a Emenda. Direção: Ava DuVernay. EUA, 2016 (100 min).
Nesse documentário, ativistas, estudiosos e políticos discu-
tem a criminalização da população negra e o crescimento da CAPÍTULO 9 REPRESENTATIVIDADE
população carcerária nos Estados Unidos da América, possi- E PODER (Página 102)
bilitando traçar um interessante paralelo com as políticas de
marginalização do Brasil. O capítulo discute a representatividade no poder político ho-
je, evidenciando quais são os segmentos da sociedade que são
representados e quais têm lutado para se fazerem representa-
Atividades (Página 99) dos, especialmente no que se refere à luta das mulheres por
1. a) Espera-se que os estudantes observem que a história dos maior participação e representatividade política.
negros (e dos indígenas) no Brasil foi silenciada, optando-se, na
narrativa nacional, pelo destaque às origens europeias. Tam- Representatividade e poder (Página 102)
bém é importante mencionar que esse fato foi questionado po-
A abertura instiga o estudante a problematizar a ideia de
liticamente por militantes, o que possibilitou a criação de leis
representatividade no Parlamento. Não se trata, portanto, de
que revertessem essa abordagem, tal como confirma a aprova-
entender a democracia como um sistema político em que a
ção da Lei n. 11 645. É possível, ainda, identificar o próprio com-
simples ocorrência de eleições seria o suficiente para carac-
positor como pessoalmente afetado ou participante dessas
terizar um governo feito pelo povo para o povo. Assim, o ca-
contestações, que se avolumaram na década de 1990, tendo
pítulo propõe a reflexão sobre o teor das relações de poder e
como exemplos a Marcha contra a Farsa da Abolição (1988) e
o perfil dos eleitos no Brasil contemporâneo. Ao longo do ca-
a Marcha Brasil Outros 500, durante as festividades comemo-
pítulo, essas questões serão investigadas nas esferas federal,
rativas pelos 500 anos do “Descobrimento do Brasil” (2000).
estadual e municipal. Pretende-se com isso que o estudante
b) Resposta pessoal. Ambos abordam questões de desigual- se aproprie desses conhecimentos e, com base neles, cons-
dade racial no Brasil, um do ponto de vista do indivíduo e o trua seu entendimento sobre a temática da representativida-
outro do ponto de vista histórico. de no país, para que possa atuar e exercer sua cidadania de
2. a) São referências ao tráfico de escravizados e à manutenção maneira qualificada.
do escravismo no Brasil. Por meio da análise da fotografia, é possível perceber a bai-
xa representatividade das mulheres no Parlamento brasileiro.
b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes tenham
Para aprofundar o assunto e iniciar a discussão em sala de aula,
compreendido que existe uma desigualdade construída his-
é possível usar manchetes de jornais, revistas ou sites.
toricamente, o que justifica a criação de meios de reversão
Pode-se propor um exercício comparativo sobre a repre-
(ainda que temporários) para possibilitar a real integração
sentatividade em diferentes países do mundo, com base nos
social e econômica dos mais diferentes segmentos da popu-
dados presentes na plataforma Inter-Parliamentary Union,
lação. Igualmente, espera-se que os estudantes compreen-
para que, dessa forma, os estudantes possam refletir sobre
dam que o critério social não foi omitido na lei, que
a maneira como a representatividade se apresenta atualmen-
considera a origem étnica e de classe.
te em outras nações em comparação com o Brasil. A platafor-
3. Resposta correta: alternativa b. A questão aborda diretamen- ma está disponível em: https://www.ipu.org/parliament/br
te o tema do Direito, ou campo jurídico, como forma de ob- (acesso em: 23 jul. 2020). Os dados são exibidos ao clicar no
tenção da liberdade. Contudo, o caso de Luiz Gama deve ser mapa ou no nome de cada país da lista. Apesar de estar em
compreendido em seu caráter excepcional, pois a ascensão inglês, algumas informações são de fácil visualização, como
social ou econômica não se constituía como regra para os a de mulheres no Parlamento (Women in parliament) e a de
ex-escravizados. jovens no Parlamento (Youth in Parliament).
A abertura inicia o trabalho com as habilidades EM13CHS502,
Práticas de texto (Páginas 100 e 101) EM13CHS603 e EM13CHS606.
Antes de iniciarem os trabalhos dessa seção, os estudantes
devem saber o que está envolvido em um artigo de opinião, RESPOSTAS ÀS QUESTÕES
conhecendo suas características e objetivos, devidamente apre-
sentados no texto didáticos. Para mais informações, os estu- 1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes se posicio-
dantes podem consultar sites que lidam com o tema, como: nem criticamente com relação à sub-representação de mino-
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/ rias políticas nas diversas esferas do poder político no Brasil.
artigo-de-opiniao e http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/ 2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mobilizem
arquivos/File/producoes_pde/md_terezinha_jesus_bauer_uber.pdf. conhecimentos construídos em sua trajetória para pensar
Já o site https://www.escrevendoofuturo.org.br/blog/especial-artigo- nos vários tipos de preconceitos, no racismo e no machismo
de-opiniao/ oferece uma publicação on-line e gratuita que pode ser estrutural e na desigualdade social como aspectos que inter-
acessada pelos estudantes (acessos em: 23 jul. 2020). ferem na representatividade de determinados grupos.
240
3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam so- vem ocorrendo na política brasileira nas últimas décadas, refle-
bre o que significa representar o cidadão e que possam, com tindo sobre seus impactos.
base nisso, pensar em sua atuação como eleitores. A abordagem proposta na página mobiliza com destaque as
habilidades EM13CHS102, EM13CHS502, EM13CHS603 e
Atividade complementar EM13CHS606.
O tema pode ser ampliado com uma pesquisa sobre a parti-
cipação de mulheres, negros e indígenas no Parlamento brasi- Atividades complementares
leiro, do século XX até os nossos dias, e uma análise da situação • Sugere-se propor uma discussão complementar extre-
da democracia brasileira no mesmo período. O debate pode ser mamente pertinente nos dias atuais, com base no texto
conduzido para favorecer o estudante a se posicionar, especial- disponível em: https://www.politize.com.br/liberdade-reli
mente a respeito das ações que podem ser realizadas hoje para giosa-no-brasil/. Acesso em: 23 jul. 2020. O texto pode
alterar esse quadro. ensejar uma discussão sobre o uso do espaço público para
a promoção de atividades religiosas. É possível propor aos
Sugestões para o professor estudantes uma pesquisa na internet sobre o tema, com
Artigos base em notícias veiculadas por diferentes veículos de
» haje, Lara. Baixa representatividade de brasileiras na po- comunicação.
lítica se reflete na Câmara. Agência Câmara de Notícias, • Outra possibilidade de atividade seria a análise do Projeto de
29 mar. 2019. Disponível em: https://www.camara.leg.br/ Resolução de 2009, que visa alterar o § 1º do art. 79 do Re-
noticias/554554-baixa-representatividade-de-brasileiras- gimento Interno da Câmara dos Deputados, de acordo com o
na-politica-se-reflete-na-camara/. Acesso em: 23 jul. 2020. que segue: “§ 1º A Bíblia Sagrada deverá ficar, durante todo
A reportagem ressalta que menos de 80, dos mais de 500 o tempo da sessão, sobre a mesa, à disposição de quem dela
deputados brasileiros, são mulheres. quiser fazer uso, assim como crucifixo na parede posterior à mes-
» Debate sobre presença feminina no Parlamento domina ma, com visibilidade de todo o plenário.” O texto está dispo-
simpósio no Senado. Agência Senado, 27 jun. 2019. Dis- nível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_
ponível em: https://www12.senado.leg.br/institucional/procu mostrarintegra?codteor=633531 (acesso em: 23 jul. 2020).
radoria/comum/simposio-debate-ampliacao-da-presenca-da-
mulher-no-parlamento-brasileiro. Acesso em: 24 jul. 2020. Sugestões para o professor
Complementando a sugestão anterior, esse artigo informa Artigos
sobre um evento realizado no Senado Federal intitulado A
» cunha, Magali do Nascimento. A representação evangélica
importância da Mulher na Construção de um Parlamento De- no Parlamento. Observatório da Imprensa, 14 out. 2014.
mocrático, tema do simpósio que tratou do empoderamento Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.
feminino, da igualdade de gênero e da ampliação da partici- br/jornal-de-debates/_ed820_a_representacao_evangelica_
pação das mulheres no Poder Legislativo. no_parlamento/. Acesso em: 23 jul. 2020.
A reportagem, apesar de tratar das eleições de 2014, aponta
Representatividade, poder e fé para uma questão importante do atual cenário político bra-
(Página 103) sileiro: as relações entre poder político e religiões, com gráfi-
cos e listagens que facilitam as análises.
As relações entre poder político e religião no Brasil atual
são analisadas sob o prisma das ameaças à democracia e à » oliveira, Eduardo Romero de. A ideia de império e a fun-
liberdade de fé. É possível realizar uma rápida análise histó- dação da monarquia constitucional no Brasil (Portugal-Bra-
rica dessa questão, lembrando aos estudantes que o Brasil sil, 1772-1824). Tempo, v. 9, n. 18, p. 43-63, jan./jun. 2005.
sempre se caracterizou pela forte influência da Igreja católica Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S14
13-77042005000100003&script=sci_arttext. Acesso em:
em diversas esferas da sociedade, desde o período da colo-
23 jul. 2020.
nização. Nessa época, o poder da Igreja era visto em diversos
aspectos da vida cotidiana (costumes, registros de nascimen- O artigo discorre sobre as diferenças no conceito de império
to, casamento e falecimento, práticas e proibições religiosas) e como elas foram articuladas às transformações em voga
e até na própria construção das vilas e cidades, que eram or- na época da Independência.
ganizadas em torno de capelas e igrejas. No Império, essa re- Livro
lação pôde ser percebida na relação estabelecida entre a mo- » D’avila-levy, Claudia Masini; cunha, Luiz Antônio (org.). Em-
narquia e a Igreja, que variou em relação ao período anterior, bates em torno do Estado laico. São Paulo: SBPC, 2018.
ainda que tenha mantido a instituição do padroado, em voga Disponível em: http://portal.sbpcnet.org.br/livro/estado
na península Ibérica desde o século XIII. Se, até o século XVIII, laico.pdf. Acesso em: 23 jul. 2020.
o monarca português era considerado o salvador do reino e Coletânea de textos de diversos autores sobre os desafios
da alma de seus súditos, no Brasil, dom Pedro I se portava – que o Estado laico enfrenta no Brasil atual.
e se mostrava – como defensor da pátria e protetor dos direi-
tos constitucionais que ainda estariam por ser criados; daí ter Crise da democracia e a cidadania ativa
sido coroado com as vestes militares sob o manto real. Du-
rante o Segundo Reinado, essa relação se manteve, com o (Página 104)
imperador interferindo no poder religioso por meio de nomea- O texto citado é importante, porque revela aos estudantes
ções dos representantes eclesiásticos. A chamada Questão que a insatisfação com o atual modelo político e sua falta de re-
Religiosa (1870-1875) enfraqueceu essas relações e o ad- presentatividade estão em discussão em vários outros países.
vento da república rompeu-a, ao menos em tese. Como forma de enfrentamento dessa situação, e visando trans-
As abordagens propostas pelo texto teórico relativizam jus- formá-la, milhares de pessoas de todo o mundo vêm se organi-
tamente essa separação entre Estado e religião, diante do que zando em prol de novas pautas. Assim, uma sugestão seria
241
trabalhar com o texto citado e a imagem que ilustra a página, » viana, João Paulo. Sobre a crise da representação política.
que mostra jovens da Bancada Ativista. Estadão, 10 nov. 2015. Disponível em: https://politica.
Durante a abordagem do assunto, seria interessante conver- estadao.com.br/blogs/legis-ativo/sobre-a-crise-da-repre
sar com os estudantes para saber como eles se posicionam nes- sentacao-politica/. Acesso em: 23 jul. 2020.
se debate, pensando nas formas como atuam ou podem atuar É possível notar, pela data do artigo, que o debate acerca da
politicamente. É possível perguntar a eles com quais demandas representatividade política já está em pauta há alguns anos.
sociais mais se identificam e, com base nas manifestações, di- Nesse texto, o articulista analisa a falta de atendimento das
recionar as discussões em sala de aula, buscando aumentar ain- novas demandas sociais por parte dos partidos políticos.
da mais os interesses deles por essas questões específicas ou
pela política de modo geral.
As propostas abordam as habilidades EM13CHS402,
Representatividade feminina nas
EM13CHS603 e EM13CHS606 e aspectos da habilidade esferas do poder (Página 105)
EM13CHS201. O texto passa, agora, a discutir as formas de participação
das mulheres na política, apresentando dados de algumas
Boxe Interação das unidades federativas que se destacaram, seja pela maior
participação, seja pelos menores índices, tanto absolutos
1. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes possam quanto proporcionais. Vale a pena discutir sobre a decisão do
recorrer a conhecimentos anteriores concernentes à questão Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mencionada no texto e levar
dos mecanismos atuais de mobilização e ativismo político,
os estudantes a refletir sobre seu significado, pensando nos
como a participação em grupos de monitoramento do espa-
seguintes questionamentos: Uma decisão como essa é sinal
ço público local, a participação e o engajamento em movi-
do avanço da sociedade brasileira? Ou ela revela a fragilida-
mentos coletivos, etc.
de de nossa democracia, uma vez que é preciso haver a inter-
ferência de um poder para garantir direitos que, em tese, de-
Atividades complementares veriam já estar presentes? E quanto ao percentual destinado
às campanhas, ele seria justo? As abordagens realizadas até
• Para aproximar os estudantes do tema, pode ser interessan- o momento poderão ajudar os estudantes a refletir sobre es-
te trabalhar em sala de aula com o vídeo disponível em: https:
sas perguntas, ao mesmo tempo em que os resultados das
//www.youtube.com/watch?v=OAaFvSMtI08 (acesso em:
discussões poderão orientar a condução da aula, retomando
24 jul. 2020), que traz uma reportagem sobre a crise de re-
pontos que sejam necessários, aprofundando discussões que
presentatividade política vivida nos últimos anos no Brasil e
se mostrem pertinentes e instigando os estudantes a pensar
em outros lugares do mundo.
e a se manifestar com relação aos papéis que as mulheres
• Outro encaminhamento possível pode ser dado por meio da podem e devem exercer na atual sociedade brasileira.
entrevista concedida por professores da área de Ciência O texto se articula com as habilidades EM13CHS402,
Política sobre a reforma política e seus desdobramentos EM13CHS502, EM13CHS603 e EM13CHS606. Já o trabalho com
futuros, disponível em: https://anpof.org/portal/index.php/ o gráfico possibilita a mobilização de aspectos da habilidade
en/2014-01-07-15-22-21/entrevistas/1296-crise-da- EM13MAT102.
representatividade-professores-discutem-a-reforma-politica-
brasileira (acesso em: 23 jul. 2020). Por ser um conteúdo mais Boxe Ação e cidadania
extenso, pode-se solicitar aos estudantes que leiam a
entrevista em casa, anotando os pontos principais, para que, • As atividades propostas nesse boxe visam oferecer aos es-
em sala de aula, eles possam discutir com os colegas e, com tudantes as condições para que aprofundem seus conheci-
isso, ampliar suas reflexões. mentos sobre a realidade política local, com base nos
conteúdos que foram desenvolvidos em relação à participa-
ção feminina na política.
Sugestões para o professor
Artigos
• Os textos produzidos pelos grupos devem refletir as discus-
sões realizadas, bem como incorporar as reflexões geradas
» charleaux, João Paulo. De onde vem a crise de represen- com base em tudo o que vem sendo tratado e discutido em
tatividade dos partidos, segundo esta pesquisadora chilena. relação à participação popular na atual política nacional, des-
Nexo Jornal, 3 abr. 2017. Disponível em: https://www. tacando a atuação das mulheres no estado em que os estu-
nexojornal.com.br/entrevista/2017/04/03/De-onde-vem-a-
dantes vivem.
crise-de-representatividade-dos-partidos-segundo-esta-
pesquisadora-chilena. Acesso em: 23 jul. 2020.
Atividades complementares
Na reportagem, é possível se aprofundar no pensamento de
Javiera Arce, autora do texto citado no Livro do Estudante. • Para ampliar a discussão sobre a participação feminina nas
esferas de poder, sugere-se que os estudantes sejam convi-
» oliveira, José Carlos. Voto jovem: especialistas apontam
dados a pesquisar sobre recortes de subjetividade mais por-
soluções para a crise de representatividade. Rádio Câma-
ra, 2013. Disponível em: https://www.camara.leg.br/radio/ menorizados dentro da temática da atuação feminina na
programas/416138-voto-jovem-especialistas-apontam- política. Eles poderão pesquisar, por exemplo, sobre a atua-
solucoes-para-a-crise-de-representatividade/. Acesso em: ção política de mulheres negras, indígenas, LGBTQI+, perifé-
23 jul. 2020. ricas, ou demais recortes que julgar relevante de acordo com
A reportagem especial da Rádio Câmara ouviu especialistas o perfil da comunidade na qual a escola está inserida.
que analisaram o atual contexto político brasileiro, as trans- • Outra possibilidade seria selecionar partes do relatório pro-
formações causadas pela mobilização das juventudes e as duzido pela Fundação Getúlio Vargas, que está listado nas
respostas dadas em busca da aproximação com esse setor Sugestões para o professor a seguir, para serem trabalhadas
da sociedade. com os estudantes em sala de aula. Por meio de uma
242
sondagem, levante com os estudantes quais são os temas setores da vida pública, incluindo as áreas em que elas têm
do relatório que consideram mais importantes para o contex- uma boa projeção, como as citadas no texto dessa seção.
to deles. Com o resultado da sondagem, selecione os trechos Destaca-se a chamada dupla jornada, ou mesmo a jornada
e os dados pertinentes e incentive a turma a aprofundar os tripla, a qual envolve carreira, família e formação educacional
debates e as análises do material. e profissional. Para saber mais sobre esse assunto, veja as
Sugestões para o professor a seguir.
Sugestões para o professor
Artigos Atividade complementar
» MartinS, Helena. Brasil ocupa 161º lugar em ranking da Pode-se propor para a turma a realização de uma pesquisa so-
presença de mulheres no Poder Executivo. Agência Brasil, bre a situação da Câmara Municipal de seu município. Os estudan-
28 mar. 2018. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com. tes podem primeiramente buscar dados na internet, em jornais e
br/geral/noticia/2018-03/brasil-ocupa-161deg-lugar-em- também no site da própria Câmara Municipal. Depois, se for viável,
ranking-da-presenca-das-mulheres-no-poder. Acesso em: pode-se sugerir aos estudantes que tentem entrevistar parlamen-
23 jul. 2020. tares, de preferência mulheres, para que elas opinem sobre as di-
Apesar de se referir à realidade do começo de 2018, o texto ficuldades que as mulheres enfrentam na política. A atividade po-
traz à tona a questão da representação feminina na política, de ser finalizada com a realização de um debate em sala de aula
desafio ainda a ser superado em nosso país. sobre a representatividade feminina na esfera municipal e medi-
» Miguel, Luis Felipe; Biroli, Flávia. Mídia e representação das que podem ser tomadas para mudar esse quadro.
política feminina: hipóteses de pesquisa. Opinião Pública,
v. 15, n. 1, p. 55-81, jun. 2009. Disponível em: https://perio Sugestões para o professor
dicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/ Artigos
8641320/8821. Acesso em: 23 jul. 2020.
» aMaral, Graziele Alves; vieira, Adriane. A mulher e a tripla
Artigo sobre a pesquisa empírica em andamento na época, jornada de trabalho: a arte de ser beija-flor. XXXIII Encon-
que relaciona a confluência entre gênero, mídia e represen- tro da Anpad, São Paulo, 19-23 set. 2009. Disponível em:
tação política no Brasil. http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EOR324.pdf. Acesso
» Proporcionalmente, Assembleia Legislativa do Amapá tem em: 23 jul. 2020.
a maior bancada feminina do país. Diário do Amapá, O artigo aprofunda as análises sobre a chamada tripla jorna-
12 jan. 2018. Disponível em: https://www.diariodoamapa. da de trabalho, que muitas mulheres precisam enfrentar na
com.br/cadernos/politica/proporcionalmente-assembleia- sociedade brasileira do século XXI.
legislativa-do-amapa-tem-a-maior-bancada-feminina-do-
pais/. Acesso em: 23 jul. 2020. » cazarré, Marieta. Mulheres representam 13% das vereadoras
e 12% das prefeitas de todo o país. Agência Brasil,
A reportagem nos informa que o Amapá possuía, em 2018,
20 mar. 2016. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.
dez parlamentares mulheres entre os 24 parlamentares que
br/politica/noticia/2016-03/mulheres-representam-13-das-
compunham a Assembleia Legislativa daquela unidade fe-
vereadoras-e-12-das-prefeitas-de-todo-o-pais/. Acesso em:
derativa, o que representa a maior bancada feminina do país
23 jul. 2020.
em termos proporcionais.
A reportagem faz um levantamento estatístico da presença
Livro
feminina nas Câmaras Municipais e nas Prefeituras do Brasil
» BarBieri, Catarina Helena Cortada; raMoS, Luciana de Oli- até a data de sua publicação.
veira (coord.). Democracia e representação nas eleições de
2018: campanhas eleitorais, financiamento e diversidade
de gênero: relatório final (2018-2019). São Paulo: FGV
Luta das mulheres pela
Direito SP, 2019. Disponível em: http://bibliotecadigital. participação política (Página 107)
fgv.br/dspace/handle/10438/27646. Acesso em: 23 jul. Os primórdios aos quais o texto teórico se refere podem incluir
2020.
o movimento organizado das suffragettes, na Inglaterra, no fim
É possível consultar os dados completos sobre democracia, do século XIX e no começo do XX, sob a liderança de Millicent
representação e diversidade de gênero nas eleições de 2018 Garrett Fawcett e de Emmeline Pankhurst e suas duas filhas.
nesse relatório digital publicado pela Fundação Getúlio Vargas.
Nesse momento, seria oportuno tecer comentários sobre os di-
versos critérios de exclusão política que já entraram em vigor:
Representatividade feminina nos raça, idade, gênero, condição social e econômica, entre outros.
municípios (Página 106) A alcunha dada a essas mulheres que lutavam pelos direitos fe-
mininos, muitas deles presas, foi criada por jornais ingleses da
Espera-se que as discussões anteriores sobre meritocracia
época como forma de ridicularizá-las.
possam ser mobilizadas aqui para compor a reflexão sobre a
É possível informar os estudantes sobre a drástica mudança
temática da representatividade feminina e das desigualdades
na participação das mulheres em diversos setores das socieda-
de gênero existentes no país.
des europeias causada pela Primeira Guerra Mundial. Com o
O texto está estruturado sobre o trabalho com as habilidades
envio dos homens para as frentes de batalha, muitos postos de
EM13CHS402, EM13CHS502, EM13CHS603 e EM13CHS606.
trabalho ficaram vagos e foram preenchidos por mulheres nos
países envolvidos diretamente no conflito. Uma das consequên-
Boxe Reflexão cias foi o fortalecimento dos movimentos feministas, incluindo
1. Resposta pessoal. Os textos dos estudantes devem destacar os de cunho político.
as maneiras como a desigualdade de gênero afeta a partici- As habilidades EM13CHS402, EM13CHS502, EM13CHS603
pação das mulheres não só na política, mas em outros e EM13CHS606 estão presentes nesse texto.
243
Atividade complementar ser devidamente analisados sob a ótica do conceito de po-
pulismo, o presidente Viktor Órban, na Hungria.
Os estudantes podem acessar o link da Brasiliana Fotográfica,
disponibilizado a seguir nas Sugestões para o professor, para 2. Resposta pessoal. Pode-se dizer que o emprego de práticas
que façam uma análise mais detalhada da imagem apresentada populistas atende a determinados anseios da população, mas
no Livro do Estudante, identificando não só as conquistas, mas muitas vezes desconsidera os desejos dos segmentos da po-
os limites do feminismo na época, que, em se pautando pela ima- pulação a quem o líder e seus seguidores não consideram
gem, não incluiu mulheres negras ou indígenas. Contudo, é pre- como “seu povo”.
ciso que eles reconheçam o contexto histórico e, com isso, não
projetem naquela época valores e possibilidades que só seriam Atividade complementar
consolidados ao longo das décadas seguintes. Desse modo, eles Para que os estudantes percebam as rupturas e as perma-
terão a oportunidade de ampliar o olhar crítico e, ao mesmo tem- nências na questão da representatividade da mulher, pode ser
po, compreender as complexidades e os nexos históricos de cada interessante usar o vídeo disponível em: https://www.youtube.
momento, reconhecendo potencialidades e limites. com/watch?v=2zeL30Ym3XM&ab_channel=Politize%21 (aces-
so em: 22 jul. 2020). Ele mostra a atuação de mulheres brasilei-
Sugestões para o professor ras em diversos âmbitos da vida pública na atualidade.
Artigo
Sugestões para o professor
» Participação política feminina. FGV-CPDOC. Disponível em:
https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/ Artigos
anos30-37/Constituicao1934/ParticipacaoFeminina. Acesso » araújo, Rita de Cássia Barbosa de. O voto de saias: a Cons-
em: 22 jul. 2020. tituinte de 1934 e a participação das mulheres na política.
O texto aborda a participação feminina na política nos pri- Estudos Avançados, São Paulo, v. 17, n. 49, p. 133-150,
meiros anos da década de 1930, com nomes como Alzira So- set./dez. 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/
riano, Bertha Lutz, Leolinda de Figueiredo Daltro, Carlota Pe- ea/v17n49/18401.pdf. Acesso em: 22 jul. 2020.
reira de Queirós e Almerinda Farias Gama. O artigo faz uma análise da participação política feminina no
Livro bojo dos movimentos de 1930, nos anos subsequentes e na
Constituinte de 1934.
» Pinto, Céli Regina Jardim. Uma história do feminismo no
Brasil. São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo, 2003. » Júlia Alves Barbosa (c. 1906-?). Mulher 500 Anos Atrás
dos Panos. Disponível em: http://www.mulher500.org.br/
Trabalho bastante completo sobre o feminismo brasileiro e
julia-alves-barbosa-c-1906/. Acesso em: 22 jul. 2020.
as interconexões do movimento com a conjuntura brasileira
mais geral do começo do século XXI. Verbete breve sobre Júlia Alves e seu pioneirismo no que se
refere ao direito ao voto pelas mulheres.
Site
» KarawejczyK, Mônica. O voto feminino no Brasil. Que Repú-
» Brasiliana Fotográfica. Biblioteca Nacional. Disponível em:
blica é Essa?, 18 mar. 2019. Disponível em: http://quere-
http://brasilianafotografica.bn.br/brasiliana/hand-
publicaeessa.an.gov.br/temas/147-o-voto-feminino-no-bra-
le/20.500.12156.1/4884. Acesso em: 22 jul. 2020.
sil.html. Acesso em: 23 jul. 2020.
Para localizar a fotografia do I Congresso Internacional Fe-
Artigo do Arquivo Nacional sobre a trajetória do voto feminino
minista no Rio de Janeiro, realizado em 1922, navegue por
no Brasil.
título, na letra "I".
» Os 80 anos do voto de saias no Brasil – TRE-RN. Dispo-
nível em: http://www.tre-rn.jus.br/o-tre/centro-de-memoria/
A Primeira República e os-80-anos-do-voto-de-saias-no-brasil-tre-rn. Acesso em:
a Constituinte de 1934 (Página 108) 22 jul. 2020.
O texto aborda o pioneirismo das mulheres rio-grandenses Artigo sobre a questão do voto feminino no Rio Grande do
na luta e na conquista de direitos políticos nos anos 1920, que Norte, importante marco para as mulheres de todo o Brasil.
acabou ocasionando a extensão desses direitos às mulheres
brasileiras em âmbito nacional. A luta atual por representatividade
É possível traçar paralelos com a atuação das suffragettes
inglesas das décadas anteriores, reforçando a luta empreendida
política (Página 109)
por todas essas mulheres na conquista de seus direitos. Nesse momento, é possível realizar uma retomada dos con-
O texto dessa página aborda as habilidades EM13CHS402, teúdos anteriores, relacionados à participação política feminina,
EM13CHS502, EM13CHS603 e EM13CHS606. de modo que os estudantes completem o quadro histórico sobre
o tema e possam analisá-lo de maneira mais ampla. Se for ade-
Boxe Reflexão quado, pode-se realizar uma roda de conversa na qual os estu-
É importante ressaltar que termo populismo, enquanto ca- dantes possam se manifestar, verbalizando suas dúvidas, per-
tegoria política, tem sido atribuído à forma de governo de cepções, inferências e conclusões.
determinados políticos atualidades. Apesar de gerar controvér- O texto aborda as habilidades EM13CHS402, EM13CHS502,
sias, essa classificação é defendida e utilizada por pesquisado- EM13CHS603 e EM13CHS606.
res do tema, como o historiador argentino Federico Finchelstein,
que em sua obra Do fascismo ao populismo, comenta a ascen- Boxe Interação
são do novo populismo e suas aproximações e distanciamentos 1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que
do fascismo. a atuação política vai além da participação em partidos, pois é
1. Resposta pessoal. Como possibilidade de resposta, os estu- possível se envolver em grupos, movimentos sociais e coleti-
dantes poderão mencionar, entre outros casos que devem vos de atuação e discussão; e que percebam também que o
244
acompanhamento da atuação dos parlamentares e a pressão 4. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem
a existência de posturas machistas que, por exemplo, des-
popular são essenciais para a concretização da cidadania.
qualificam o trabalho realizado pelas mulheres, tanto em ati-
vidades cotidianas como nas relacionadas à liderança e ao
Atividade complementar exercício político. É importante também que os estudantes
Uma atividade interessante para correlacionar os temas tra- constatem a urgência de desconstruir esses preconceitos e
balhados em uma perspectiva ampla e interdisciplinar pode ser valorizar o trabalho realizado pelas mulheres, visando à cons-
realizada por meio da leitura de uma peça teatral escrita por Aris- trução de uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
tófanes, dramaturgo ateniense que viveu por volta de 400 a.C. 5. Atividade de pesquisa. Atualmente, a legislação trabalhista
Naquela época, os gregos já se questionavam e refletiam sobre prevê uma jornada de trabalho de até 44 horas tanto para
a participação feminina na política. Aristófanes elaborou a peça homens quanto para mulheres. Já a licença-maternidade cor-
A Assembleia das mulheres ou A revolução das mulheres ou responde ao período de até 120 dias ao qual as mães têm o
As mulheres na Assembleia, discutindo essa temática. Os estu- direito de se afastar, de forma remunerada, do trabalho após
dantes podem ler em conjunto a obra de Aristófanes. Ao todo, a o parto.
peça conta com 17 personagens na trama e tem um total de 35 6. a) Sim, porque as mulheres formam 52% do eleitorado do
páginas. Pode-se selecionar apenas um trecho da obra para ser país.
trabalhado. Os estudantes podem escolher as personagens pa- b) Ela tem aumentado, mas ainda é inferior à representativi-
ra a realização da leitura e da encenação. Cada estudante deve dade dos homens.
ter uma cópia do texto para a realização da leitura. Eles devem
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes possam
reconhecer que a obra A Assembleia das mulheres aborda de
se posicionar em relação à questão do gênero na política
forma irônica a troca de papéis na sociedade grega, aspecto que
e à necessidade de criar maneiras de aumentar
pode ser utilizado para que os estudantes reflitam sobre os pa-
a participação das mulheres na política para que a repre-
péis sociais e a representatividade política. sentatividade aumente.
Sugestão para o professor 7. Resposta correta: alternativa b. A alternativa indica uma das
políticas que visam à representatividade de gênero no inte-
Artigo
rior das instituições oficiais do Estado brasileiro.
» groSSMann, Lurdes Aparecida; nuneS, Josiane Borghetti
Antonelo. A importância da participação política das
mulheres para a construção de uma nova cidadania. XI
Ampliando (Páginas 112 e 113)
Seminário Internacional de Demandas Sociais e Políticas Os estudantes têm a oportunidade de se aprofundar no te-
Públicas na Sociedade Contemporânea, 2014. Disponível ma do feminismo, uma das formas de luta das mulheres por di-
em: https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sidspp/ reitos e condições de vida iguais em relação aos homens.
article/viewFile/11847/1675. Acesso em: 22 jul. 2020. É muito importante que eles percebam que o feminismo não
Artigo que discute como a construção da cidadania no Brasil é um movimento com uma única proposta. Dentro dele, existem
não pode prescindir da atuação feminina. diversos grupos que se mobilizam em prol de diferentes objeti-
vos, com variados focos e ênfases. As sugestões para o profes-
Atividades (Páginas 110 e 111) sor podem ser utilizadas como material de consulta básico para
o aprofundamento desse assunto.
1. a) Porque, em 2019, de 25 comissões permanentes na Câ-
A seção colabora para a construção da CGEB2 e da CGEB7.
mara dos Deputados, somente quatro delas foram presididas
por mulheres.
Sugestões para o professor
b) Segundo ela, para que a representação se aproxime da
Sites
realidade brasileira, em que as mulheres somam 52%
da população. » Geledés – Instituto da Mulher Negra. Disponível em: https://
www.geledes.org.br/. Acesso em: 22 jul. 2020.
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam
que a baixa representatividade das mulheres no poder pode O Portal Geledés divulga as ações dessa organização da so-
acarretar a aprovação de leis e políticas públicas desfavorá- ciedade civil e se posiciona contra o racismo, o sexismo e ou-
veis e contrárias aos interesses femininos. tras formas de discriminação.
2. a) Elas já votavam e podiam participar do governo ou esta- » Universidade Livre Feminista. Disponível em: https://femi
vam em vias de alcançar isso. nismo.org.br. Acesso em: 22 jul. 2020.
b) Ela se refere às brasileiras, que permaneciam subalternas Plataforma com diversos conteúdos relacionados ao femi-
aos homens. nismo, incluindo informações, links para blogues, vídeos, en-
tre outros.
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes citem a
questão da violência contra a mulher e os vários tipos de dis- Livro
criminação sofridos cotidianamente pelas mulheres no Brasil. » arruDa, Angela et al.; hollanDa, Heloisa Buarque de (org.).
3. Quando os parlamentares legislam de acordo com suas Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto.
crenças particulares, corre-se o risco de que valores pauta- Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.
dos nessas crenças sejam impostos a toda a população, in- Coletânea de textos que mostram a pluralidade das pautas
clusive às pessoas que não são adeptas à crença em defendidas pelo feminismo no Brasil.
questão. Além disso, podem ocorrer retrocessos no que se
Artigos
refere à saúde e à liberdade sexual das mulheres, aos direi-
tos reprodutivos e a outras pautas defendidas pelos movi- » ciPolla, Marina Martins. Comunicação feminista para além
mentos femininos, visto que esses temas não raramente das margens. Extraprensa, v. 12, p. 744-759, 17 out. 2019.
representam tabus para algumas religiões, especialmente Disponível em: http://www.periodicos.usp.br/extraprensa/
as de orientação patriarcal. article/view/153608. Acesso em: 22 jul. 2020.
245
O estudo apresenta um breve histórico do feminismo no Bra- 4. Para Bell Hooks, o feminismo permite o questionamento e a
sil e destaca a luta de mulheres da periferia e o papel dos desconstrução das formas de opressão originadas de valo-
espaços virtuais para a organização desse movimento. res machistas, contribuindo para a formação de uma socie-
» Monteiro, Gabriela. O que é feminismo? Superinteressan- dade mais justa e igualitária.
te, 28 jun. 2018. Disponível em: https://super.abril.com.br/ 5. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mencionem
mundo-estranho/o-que-e-feminismo/. Acesso em: 22 jul. ações e medidas que visem à igualdade e ao respeito, como
2020. a valorização de indivíduos do gênero feminino em diversas
O artigo traz um vídeo e diversos infográficos sobre o tema esferas da sociedade, o respeito à voz e às vivências das mu-
que organizam bem os principais pontos e ajudam a enten- lheres, bem como a interrupção de hábitos e ações que as
dê-lo melhor. objetifiquem, entre outras.
» Morre filósofa e ativista feminista argentina, María Lugo-
nes, aos 76 anos. Claudia, 14 jul. 2020. Disponível em: Práticas de pesquisa (Páginas 114 e 115)
https://claudia.abril.com.br/noticias/morre-filosofa-e-ativis A proposta é incentivar os estudantes a fazer uma pesquisa,
ta-feminista-argentina-maria-lugones-aos-76-anos/. Aces- por meio do estado da arte, sobre o processo da proclamação
so em: 22 jul. 2020. da República no Brasil, enfatizando os interesses dos grupos
Ao informar sobre o falecimento de María Lugones, a repor- que participaram dele.
tagem traz um resumo dos principais pontos de seu pensa- O Livro do Estudante encaminha as etapas necessárias para
mento. o prosseguimento dos trabalhos com base nessa metodologia.
» Porto, Walter. Não dá para falar de feminismo sem a mulher O uso desse método de pesquisa permite que os estudantes
negra, diz Sueli Carneiro. Folha de S.Paulo, 16 nov. 2019. se apropriem do conhecimento produzido sobre o tema e se
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissi situem em relação ao momento atual das pesquisas.
ma/2019/11/nao-da-para-falar-de-feminismo-sem-a-mulher- É importante enfatizar a importância da dedicação às leituras,
negra-diz-sueli-carneiro.shtml. Acesso em: 22 jul. 2020. fundamentais para o sucesso da proposta. Lembre-os de que es-
O artigo apresenta um podcast com a filósofa da Educação se é um momento de trabalho individual, que deve ser feito sob
pela USP, cujos estudos se dedicam à relação entre raça e as condições adequadas, em ambientes silenciosos, sem inter-
gênero. rupções, com boa iluminação e um assento confortável.
Em outras etapas da proposta, o trabalho assume um caráter
colaborativo, na medida em que os integrantes dos grupos divi-
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES
dem as anotações que fizeram de suas leituras e, juntos, cons-
1. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a expressar suas troem o texto que será apresentado.
opiniões sobre o feminismo respeitosamente e com base em O texto aborda as habilidades EM13CHS502, EM13CHS603
dados da realidade, evitando “achismos” e opiniões precon- e EM13CHS606 e a CGEB6, a CGEB7, a CGEB8 CGEB9 e a
ceituosas. CGEB10.
2. Resposta pessoal. Como exemplo de resposta, os estudantes
Sugestões para o professor
podem dizer que, apesar de os homens se beneficiarem de
estruturas machistas e patriarcais, eles também podem ser Artigos
oprimidos por elas no sentido de imposição de valores e con- » aDaiD, Felipe. Sobre um conceito de estado da arte. JUS,
dutas muitas vezes violentos (para com os outros e consigo dez. 2016. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/53331/
mesmos) que negam e suprimem comportamentos e senti- sobre-um-conceito-de-estado-da-arte. Acesso em: 22 jul.
mentos tipicamente humanos (como tristeza, medo, amor, 2020.
etc.), os quais, aos olhos da sociedade machista, são consi- Com base em um olhar crítico sobre a atual produção cientí-
derados manifestações de fraqueza ou ausência de mascu- fica, o texto faz algumas reflexões sobre a importância do
linidade. estado da arte como meio para melhorar a qualidade das
3. Nessa atividade de pesquisa, os estudantes devem descobrir pesquisas.
que a expressão “masculinidade tóxica” se refere a padrões » Souza, Francisco das Chagas S.; nuneS, Albino Oliveira.
de comportamento esperados de indivíduos do gênero mas- Estado da arte. IFRN-UERN-UFERSA. Disponível em: https://
culino que perpetuam formas de opressão e violência tanto docente.ifrn.edu.br/albinonunes/disciplinas/pesquisa-em-
contra as mulheres quanto contra outros homens. Com base ensino/estado-da-arte. Acesso em: 15 jul. 2020.
nessa definição, espera-se que eles mencionem, se possível O conteúdo produzido pelos professores Francisco das Chagas
dando exemplos reais, formas de violência que são fruto des- S. Souza e Albino Oliveira Nunes traz, em tópicos e de forma
sas expectativas sociais de comportamento. breve, os pontos mais importantes desse método de pesquisa.
246
Retomada
O esquema proposto a seguir apresenta os principais con- conhecimento e as relações que conseguiram estabelecer. Por
ceitos trabalhados ao longo da unidade e suas relações. Suge- meio desta proposta, os estudantes podem identificar even-
re-se pedir aos estudantes que montem seus próprios mapas tuais dúvidas e dificuldades em relação ao conteúdo, acionan-
mentais de organização dos conteúdos estudados. Com isso, do os docentes e retomando as pesquisas para aprofundar os
é possível perceber de que maneira se apropriaram desse conceitos necessários.
Fundamental para o
Participação política bom funcionamento
das democracias
Limitações históricas
Ampliação
e atuais Processo histórico de
Ações afirmativas
Juventudes
247
c) arbitrário, porque permitia ao imperador dissolver a Câma- d) no debate público e acadêmico, a ação afirmativa com
ra dos Deputados, o poder representativo da sociedade. frequência assume um significado mais restrito, sendo
d) neutro e fraco, especialmente nos momentos de crise, pois entendida como uma política cujo objetivo é assegurar
era incapaz de controlar os deputados representantes da o acesso a posições sociais importantes a membros de
Nação. grupos que, na ausência dessa medida, permaneceriam
e) capaz de responder às exigências políticas da nação, pois excluídos. Nesse sentido, seu principal objetivo seria
supria as deficiências da representação política. combater desigualdades e dessegregar as elites, tor-
nando sua composição mais representativa do perfil de-
Resposta: alternativa c. mográfico da sociedade.
248
Unidade
INTRODUÇÃO
Nessa unidade, serão abordadas as relações diplomáticas brasileiras estabelecidas com países europeus, americanos,
africanos e asiáticos. Essas relações são compreendidas considerando os condicionantes históricos, políticos e econômicos,
e a abordagem segue alguns recortes para melhor compreensão dos fenômenos tratados.
O capítulo 10 aborda as relações diplomáticas entre Brasil e países da América do Sul. Parte-se do contexto atual, mas ex-
ploram-se também elementos do passado histórico do país. Entre os assuntos do capítulo, destaca-se a discussão sobre as
políticas voltadas aos povos indígenas brasileiros e de outras regiões da América.
O capítulo 11 explora as relações do Estado brasileiro com alguns países do continente africano. O recorte se faz necessá-
rio dado o grande número de países do continente (54 ao todo) e porque há uma aproximação diplomática maior com os paí-
ses lusófonos. Nessa seção, aspectos do passado histórico do país e práticas contemporâneas são explorados para melhor
compreensão do fenômeno.
O capítulo 12 trata sobretudo das relações diplomáticas do Brasil com os Estados Unidos e a China e das demandas externas
para a preservação da Amazônia. Aspectos históricos das relações mundiais (como a Guerra Fria) entram no debate, bem como o
surgimento de um pensamento voltado ao consumo consciente, também chamado de “consumo verde”, no qual se questiona o
aspecto predatório da produção em larga escala.
Considerando a proposta dessa unidade, é recomendável que o projeto seja liderado pelos professores de História, Geo-
grafia e/ou Sociologia. Os professores devem estar atentos à atualidade dos temas tratados e à possibilidade de abordá-los
em um diálogo com diferentes áreas do saber, elementos que favorecem, também, práticas de pesquisa.
OBJETIVOS DA UNIDADE
• Identificar a existência de órgãos nacionais e internacionais que intermedeiam as relações entre países.
• Compreender a importância das relações diplomáticas para a formação de políticas econômicas e sociais.
• Analisar o impacto de processos históricos na configuração das relações diplomáticas entre os diferentes países.
• Comparar as relações entre os países, identificando disparidades no tratamento de determinados países.
JUSTIFICATIVA
O tema das relações diplomáticas, da maneira como é abordado ao longo da unidade, favorece a compreensão de sua
complexidade e sua influência nos mais diversos aspectos da vida nacional e mundial.
A unidade explora o impacto de eventos históricos, de longo e de curto prazos, nas relações construídas entre Brasil e ou-
tras nações.
Nesse sentido, a forma como o conteúdo é apresentado favorece a compreensão do panorama político e econômico, que
reverbera em questões sociais importantes, as quais devem ser levadas em conta quando se tenciona construir um conheci-
mento localizado no debate ético e crítico.
A atualidade dos temas abordados (e, espera-se, compreendidos em profundidade, graças ao intenso diálogo entre pas-
sado e presente, sugerido ao longo de todo o conteúdo) possibilita o preparo dos jovens para o debate público, o respeito aos
direitos humanos e a defesa do conhecimento produzido cientificamente.
249
CAPÍTULO COMPETÊNCIAS GERAIS DA COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS E HABILIDADES
EDUCAÇÃO BÁSICA
CECHSA1: EM13CHS101.
CECHSA2: EM13CHS204.
CECHSA3: EM13CHS302, EM13CHS303, EM13CHS304, EM13CHS305 e
EM13CHS306.
CGEB1, CGEB4, CGEB5, CECHSA5: EM13CHS504.
12 CGEB7 e CGEB10. CELT1: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103 e EM13LGG104.
CELT2: EM13LGG204.
CELT3: EM13LGG301.
CECNT1: EM13CNT104.
CECNT2: EM13CNT203 e EM13CNT206.
250
251
da unidade nacional e do estabelecimento de limites geográ- 2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam
ficos (por vezes ampliados, como no caso do Acre, em 1903). a ação de Brasil, Argentina e Uruguai como parte das inten-
Diferentemente do processo de independência da América ções de desarticular o Paraguai e impedir o desenvolvimen-
espanhola, o processo de independência da América portugue- to e a expansão daquele país, em prol dos próprios interesses.
sa (Brasil) foi bem-sucedido na manutenção territorial e da po-
pulação, o que não significou ausência de conflitos e disputas. Sugestões para o professor
Se julgar conveniente, retome com os estudantes os processos Artigos
de independência da América de forma comparativa. » VArgAs, Vera Lúcia Ferreira. Os índios Terena e a guerra
Pergunte aos estudantes o que entendem por imperialismo. contra o Paraguai (1864-1870). ANPUH – XXIII Simpósio
Anote nos quadros as definições sugeridas e auxilie-os na com- Nacional de História, Londrina, 2005. Disponível em: ht-
preensão de que, ao se identificar o papel imperialista do Brasil tps://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-
nas relações regionais, afirma-se a existência de mecanismos 01/1548206568_a24767b0d914797669fdbae118844ab9.
para a expansão e o domínio territoriais, culturais ou econômi- pdf. Acesso em: 30 jul. 2020.
cos. Essa definição é importante, pois a política brasileira impe- O artigo apresenta, de forma breve e didática, o envolvimen-
rialista será abordada ao longo da unidade. to dos Terena na Guerra do Paraguai e suas consequências,
que perduram até hoje.
Sugestão para o professor
» TorAl, André Amaral de. A participação dos negros escravos
Livro na Guerra do Paraguai. Estudos Avançados, São Paulo,
v. 9, n. 24, p. 287-296, ago. 1995. Disponível em: http://
» Anderson, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
sobre a origem e a expansão do nacionalismo. São Paulo: 40141995000200015&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 30
Companhia das Letras, 2018. jul. 2020.
Obra clássica, na qual o historiador explora as condições pa- Nesse artigo, o autor aborda o envolvimento de escravizados
ra a formação das nacionalidades, indicando a necessidade na guerra, bem como os discursos paraguaios em razão da
de elementos como a delimitação geográfica e um passado participação de homens negros no conflito.
histórico coletivo (ainda que construído).
Indígenas na América do Sul
Guerra do Paraguai: aniquilando (Páginas 123 e 124)
inimigos (Página 122) A respeito da participação de movimentos sociais em gover-
Peça aos estudantes que leiam com atenção o conteúdo da nos, é importante ressaltar que a aproximação dos ativistas é
página. Pergunte a eles como a Guerra do Paraguai pode ser uma forma de evidenciar que o Estado é reprodutor de desi-
vista como resultado de estratégias imperialistas. Do lado para- gualdades e deve, portanto, também ser agente de reversão
guaio havia o desejo de expansão, obtendo saída do país para desses quadros.
o mar; do lado dos países aliados, aniquilar o Paraguai era uma Ademais, partidos de esquerda sempre foram considerados
forma de reduzir a competitividade no mercado. mais receptivos às demandas de militâncias e causas de indíge-
Durante o conflito, o Brasil aproveitou-se de povos indígenas nas, negros e população sem terra.
localizados na fronteira – região onde hoje é o Mato Grosso do Caso exista acesso à internet na escola, os estudantes po-
Sul –, oferecendo a regularização de terras em troca da participa- dem conhecer o site da Câmara dos Deputados e ler discursos
ção na guerra. Várias etnias foram para as batalhas, entre eles os realizados na Subcomissão dos Negros, Populações Indígenas,
Terena, que, pela habilidade na montaria, ficaram conhecidos co- Pessoas Deficientes e Minorias. Em diversas reuniões, lideran-
mo “índios cavaleiros do Pantanal”. Assim, o Estado utilizou o co- ças desses segmentos foram ouvidas pelos parlamentares e
nhecimento que os indígenas tinham da região ao mesmo tempo seus discursos registrados em atas. (Disponível em: https://
que desarticulou esses povos com as baixas da guerra e a coop- www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/legislacao/Constitui-
coes_Brasileiras/constituicao-cidada/o-processo-constituinte/
tação dos chefes indígenas. Criava-se, na região, a ideia de inte-
comissoes-e-subcomissoes/comissao7/subcomissao7c. Acesso
gração do “índio” aos brasileiros. Muitas terras indígenas foram
em: 30 jul. 2020.
perdidas para particulares, e essa região é ainda hoje reivindica-
da pelas etnias que viviam ali.
Boxe Reflexão
A Guerra do Paraguai mobilizou também a participação de
negros escravizados alistados compulsoriamente (como defen- Peça aos estudantes que façam uma leitura atenta do con-
dem alguns historiadores) e ex-escravizados. Sob um decreto teúdo do boxe. Em seguida, retome com eles o conceito de su-
de dom Pedro II, que concedia a alforria a escravizados em troca jeitos históricos. Espera-se que os estudantes compreendam
de serviço militar, o que estava em pauta na participação na que a ideia de História como algo linear e que universaliza a ex-
guerra era a conquista da liberdade. periência europeia como central é aqui questionada. É impor-
O tema favorece o trabalho com as habilidades EM13CHS204 tante reconhecer o quanto as narrativas históricas acabaram por
e EM13CHS304. Também mobiliza aspectos da CGEB1, da ser influenciadas por esse discurso eurocentrista e observar ou-
CGEB9 e da CGEB10. tras possibilidades de análise histórica.
A proposta favorece reflexões pertinentes com a habilidade
Boxe Interação EM13CHS305, possibilitando pensar diferentes formas de se
relacionar com o meio ambiente.
1. O termo “Grande Guerra” faz referência à Guerra do Paraguai
(1864-1870). É assim chamada naquele país. Entre os pos- 1. Espera-se que os estudantes reconheçam que se trata das
síveis motivos para essa denominação estão o imenso im- articulações entre as pautas indígenas e tradicionais abor-
pacto econômico e o elevado número de baixas no Paraguai. dadas na página anterior.
252
2. O Buen Vivir se configura como uma alternativa aos projetos 3. a) Levando em consideração o posicionamento político do
neoliberais, os quais têm como foco a exploração predatória Brasil em 2013, é esperado que o país tenha estreitado
dos recursos naturais, o aumento do mercado consumidor e relações com Argentina, Bolívia, Equador, Guiana, Peru,
a industrialização. Também prevê o fortalecimento regional, Suriname, Uruguai e Venezuela. Já em 2018, a tendência
em detrimento das grandes corporações. era de que o país se alinhasse com governos cujo espectro
3. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes identifi- político se aproximasse do centro. Nesse sentido, os estu-
dantes podem apontar os países alinhados com a centro-
quem que o Buen Vivir é um projeto-conceito alinhado a va-
-direita (Argentina, Chile, Colômbia e Peru) e os países com
lores como sustentabilidade e respeito à diversidade, pilares
governos de centro-esquerda (Guiana e Uruguai). Para
importantes da sociedade ocidental moderna. Ideias e pro-
complementar a atividade, solicite aos estudantes que pes-
jetos que contribuam para a qualidade de vida e a preser-
quisem se suas análises se confirmaram e se, nos anos
vação ambiental são positivos para a manutenção das
observados, ocorreram as aproximações e os distancia-
sociedades.
mentos identificados por eles.
b) Reposta pessoal que demanda atividade de pesquisa. Es-
Sugestões para o professor
pera-se que os estudantes reconheçam que houve um cres-
Artigo cimento das direitas na América Latina, que há gradações
nas posições de cada um e que o Brasil tem se distanciado
» silVA, Klaus Pereira da; guedes, Ana Lucia. Buen Vivir an-
da América do Sul.
dino: resistência e/ou alternativa ao modelo hegemônico
de desenvolvimento. Cadernos EBAPE.BR, Rio de Janeiro, 4. a) A invisibilidade das trajetórias das mulheres é apresen-
v. 14, n. 3, p. 682-693, jul./set. 2017. Disponível em: https:// tada no texto sobre a Guerra do Paraguai, mas pode ser es-
www.scielo.br/pdf/cebape/v15n3/1679-3951-cebape- tendida à História como um todo. Esse silêncio invisibiliza
15-03-00682.pdf. Acesso em: 30 jul. 2020. as mulheres, que ainda hoje lutam por igualdade em diver-
O artigo possibilita se aprofundar na compreensão das ques- sos setores.
tões étnicas e políticas do projeto e do conceito de Buen Vivir, b) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a buscar as in-
subsidiando os diálogos sobre o tema. formações solicitadas na questão e a refletir sobre a impor-
Livro tância do reconhecimento da ação feminina na História.
Elisa Alicia Lynch (1833-1886) era a primeira-dama do Pa-
» sAnTos, Boaventura de Sousa; Meneses, Maria Paula (org.).
Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2013. raguai quando o país perdeu a guerra. Por sua atuação polí-
tica, é considerada uma das heroínas da cultura paraguaia.
Nessa importante obra, vários autores apresentam aborda-
Ana Néri (1814-1880) foi uma enfermeira brasileira que se
gens renovadas sobre a história dos povos colonizados. In-
destacou nos trabalhos hospitalares oferecidos durante a
tegrantes da teoria da decolonialidade, essas perspectivas
guerra. As duas mulheres são apenas alguns dos casos mais
enfatizam que é necessário pensar as experiências da Amé-
emblemáticos da participação feminina em um dos principais
rica pelos enunciados dos povos indígenas e levando em
conflitos armados da América do Sul. Os estudantes podem
consideração o processo de escravização como estruturante
buscar outras personalidades ou grupos de mulheres que
da história do continente.
atuaram nesse período. Os resultados das pesquisas podem
ser compartilhados por meio da construção de um painel in-
América do Sul: Aproximações formativo com imagens e pequenos textos.
e distanciamentos (Página 125) 5. Resposta correta: alternativa d. Roraima é o mais atingido
pela proximidade com a Venezuela, ainda assim, pesquisa-
Novamente, retome com os estudantes a ligação entre as
dores afirmam o pouco interesse dos imigrantes venezuela-
agendas partidárias e as aproximações (ou as divergências) po-
nos em permanecer no Brasil, indicando, entre outros
líticas internacionais.
problemas, a barreira linguística.
Espera-se que os estudantes compreendam que esse fenô-
meno é regular, mas prejudica a construção de políticas de Es-
tado e, portanto, de práticas duradouras capazes de reverter
problemas estruturais.
CAPÍTULO 11 CONEXÕES DO
ATLÂNTICO SUL:
Atividades (Página 126) BRASIL E ÁFRICA
1. a) Alguns nomes de países se modificaram, assim como as
(Página 127)
fronteiras políticas.
Seguindo a temática da unidade (as relações do Estado bra-
b) Resposta pessoal que favorece a pesquisa. Espera-se que sileiro com outros Estados), esse capítulo aborda as relações do
os estudantes reconheçam a mudança nas fronteiras dos Brasil com alguns países do continente africano, ressaltando o
países envolvidos na guerra. passado histórico em comum e o cenário recente.
2. Atividade de pesquisa. Além de seguir os procedimentos des-
critos no Livro do Estudante, destaque que o trabalho recai Conexões do Atlântico Sul: Brasil e África
sobre sujeitos tradicionalmente marginalizados e silenciados, (Página 127)
portanto pesquisas sobre eles podem ser mais limitadas se
comparadas a grupos pertencentes às camadas hegemôni- Durante o período do Brasil Império, parte significativa do
cas. E, exatamente por esse motivo, o esforço da turma ga- continente africano era dominado pelos interesses dos países
nha um significado adicional ao expandir a compreensão dos que controlavam o tráfico de escravizados. Depois de 1884, após
sujeitos históricos. a Conferência de Berlim, houve um reforço no processo de
253
ocupação e dominação do continente por alguns países euro- reparação contemporâneas. Isso pode auxiliar os estudantes
peus. Esse processo começou a ser questionado na segunda a articular suas respostas com base em eventos históricos e
metade do século XX. Esses elementos devem ser observados nas ideologias vigentes.
para que se compreendam as relações diplomáticas entre Brasil
e países da África.
Os anos 1980 são um marco na construção de movimentos Relações diplomáticas ancestrais
de identidade e valorização da população negra. O Ato Público (Página 128)
de 1978 do Movimento Negro Unificado é considerado um mo-
Retome com os estudantes o conceito de fonte histórica; em
mento de adensamento da discussão em todo o país. Os movi-
seguida, indique as fontes sistematizadas e utilizadas por Al-
mentos contemporâneos reconhecem na África o pertencimen-
berto da Costa e Silva. Comente que analisar a História com ba-
to racial positivado, propondo uma revisão da historiografia
se em tais fontes é um fenômeno recente, característico dos
brasileira.
movimentos acadêmicos do século XX. Dessa forma, enquanto
É importante que esse movimento seja visto de forma trans-
vigorou entre os historiadores o uso exclusivo das fontes escri-
nacional, ou seja, no contexto da intensificação de discussões
tas e oficiais, a ciência foi caracterizada por uma narrativa euro-
semelhantes em diferentes espaços da América e emergido de
cêntrica, com a qual agora se deseja romper.
lideranças africanas. Nos anos 1920, nomes como W. E. B. Du
A proposta favorece o trabalho com a CGEB1, a CGEB2 e a
Bois e Marcus Garvey já evidenciavam essa ligação diante das
CGEB8.
experiências da diáspora, interpretação reforçada pelo movi-
mento literário da Negritude, em que Aimé Césaire e Léopold
Boxe Interação
Senghor são referência. No Brasil, a aproximação da história
nacional com a África entra na pauta das militâncias dos anos 1. Costa e Silva cita o reconhecimento da independência do Bra-
1980 em diante, ainda que em tempos anteriores isso já tives- sil, feito por dois reinos africanos antes que países da América
se sido reivindicado por nomes de projeção nacional, como ou da Europa o fizessem. O autor também cita que Angola co-
Abdias do Nascimento. Trata-se de debates que favorecem a gitou alinhar-se ao Brasil, em detrimento de Portugal.
construção de aspectos da CGEB6 e da CGEB7, trabalhadas ao
longo de toda a unidade. Sugestão para o professor
A articulação do movimento negro brasileiro possibilitou, por Livro
exemplo, a aprovação da Lei n. 10 639, de 2003, que determinou
» silVA, Alberto da Costa e. A África explicada aos meus
a introdução da História da África e dos afro-brasileiros nos cur- filhos. São Paulo: Agir, 2008.
rículos escolares. Desde então, há uma progressiva inclusão do Escrito de forma didática e acessível aos estudantes do en-
tema nos livros escolares e a publicação de autores africanos ou sino básico, Alberto da Costa e Silva responde a questões
africanistas nas editoras do país. simples sobre o continente africano e suas relações com o
A respeito do poema apresentado e de sua autora, infor- Brasil.
me aos estudantes que a moçambicana Noémia de Sousa
(1926-2002) teve sua única obra publicada apenas no final
da vida: Sangue negro, em que foram reunidos seus princi- Novos paradigmas sobre a “conquista
pais poemas, foi publicado em 2001 pela Associação dos Es- da África” (Página 129)
critores Moçambicanos (Aemo) e, no Brasil, pela editora Kapu-
Muitos são os estereótipos sobre o continente africano. Sel-
lana, especializada na literatura africana. O poema “O cais”
va intocada e desabitada, lugar de fome, de miséria e de doen-
foi escrito em 1949, dedicado a Jorge Amado. A poesia que
abre esse capítulo será retomada em outros momentos, mos- ças. Essas imagens foram criadas no campo científico e são cons-
trando que naquela época já havia um rico intercâmbio cul- tantemente reforçadas em reportagens que exploram o
tural entre Brasil e Moçambique. exotismo, ou em filmes infantis nos quais apenas os animais
Os diálogos propostos nesse item abordam as habilidades parecem ser os habitantes do continente.
EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS203, EM13CHS204 e É importante que os estudantes reconheçam a que grupos
EM13CHS601, ao promover a discussão sobre processos his- interessa a perpetuação desses estereótipos. Porém, não bas-
tóricos de aproximação do Brasil com o continente africano, ta identificar o estereótipo; é necessário entrar em contato
pautando-se na experiência do tráfico de escravizados como com informações que criem e valorizem uma outra perspec-
processo de violência, mas também de aproximação cultural. tiva. Nesse sentido, é provável que os estudantes já tenham
Trabalha-se também a habilidade EM13LGG204. trabalhado, no Ensino Fundamental, o Reino do Mali e do Con-
go, por exemplo, mas pode ser interessante retomar e ampliar
esses conteúdos.
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES Comente com os estudantes que a necessidade de revisão
do conceito de “civilização” passou a questionar a negação do
1. Note-se que o texto apresenta uma série de referências à vi-
fato de a antiga civilização egípcia ser negra. Foi o senegalês
da e à cultura baiana, como o mar, o cais e a macumba> No
Cheikh Anta Diop (1923-1986) que comprovou o caráter negro
poema completo, são contemplados nomes de uma de suas
do Egito Antigo e defendeu a valorização de todo o continente
personagens, António Balduíno, e de um de seus romances,
com a produção de novos olhares para ele.
Jubiabá.
Além do conceito de imperialismo, para a compreensão dos
2. Resposta pessoal. O objetivo é que os estudantes reflitam conteúdos trabalhados nesse capítulo é fundamental que os
sobre as manifestações culturais de suas comunidades e as estudantes relembrem o darwinismo social do século XIX como
relacionem, se possível, à cultura moçambicana. estruturante dessas relações.
3. Resposta pessoal. Retome com os estudantes algumas re- A discussão sobre o darwinismo social, estereótipos e a cons-
flexões realizadas em outros momentos deste livro, tanto trução de novos conhecimentos sobre a África, em especial por
sobre a política de apagamento quanto sobre as ações de seus próprios intelectuais, favorece o desenvolvimento da
254
CGEB5 e da CGEB6, bem como das habilidades EM13CHS503, de fato, é uma gama de etnias que vê na escravização estraté-
EM13CHS504, EM13CHS601, EM13CHS603 e EM13CHS604. gias variadas; igualmente, parte desconhece o sistema escravis-
ta moderno que será posto em prática na América, conhecendo
Boxe Interação sistema de escravidão por dívida ou guerra, cujo status de hu-
1. Espera-se que os estudantes identifiquem que a frase está manidade do indivíduo não é contestada.
errada. O mapa mostra que a maior parte do território africa- A construção de um pertencimento ao continente africano
no não estava sob o domínio europeu. Além disso, o texto pelos próprios africanos se dá no processo de conquista das
esclarece que a presença dos europeus nas áreas indicadas independências e da formação das elites intelectuais do con-
não se caracterizava como controle absoluto do território, e tinente nos anos 1950 e 1960. Antes disso, dificilmente se
sim como entrepostos comerciais. poderá encontrar uma afirmação de pertencimento coletivo.
Ademais, é necessário estar consciente de que há, ainda ho-
2. Resposta pessoal. Espera-se que os textos dos estudantes
je, disputas internas étnicas. A Nigéria, por exemplo, lida com
problematizem o mapa da página 66, que mostra a divisão
conflitos entre etnias islamizadas (hauçás e fulânis) e não
do continente africano pelos europeus segundo a Conferên-
islamizadas (igbos e iorubás), que se identificam acima de
cia de Berlim. Eles devem levantar pontos importantes sobre
tudo por suas origens étnicas, não necessariamente pela na-
esse evento, como o discurso eurocêntrico e a violência do
imperialismo em suas investidas contra os povos africanos. cionalidade nigeriana.
A coleção História geral da África, sugerida no boxe Para Ex-
Sugestão para o professor plorar, é uma das maiores iniciativas já criadas para o desenvol-
vimento e a divulgação de conhecimento científico sobre o con-
Livro
tinente africano. Organizada em oito volumes, ela enfrentou
» M’Bokolo, Elikia. África Negra: história e civilizações. Sal- dificuldades para publicação no Brasil, até que o Ministério da
vador: Edufba, 2009 (Até o século XVIII, t. 1). Educação e o governo federal tomaram para si a iniciativa de
O livro do congolês Elikia M’Bokolo traz a História da África custear o processo e disponibilizar o acesso inteiramente gra-
de períodos menos conhecidos; por seu conteúdo e suas dis- tuito das obras.
cussões acessíveis, a obra é uma boa fonte de informação O processo de escravização é discutido em vários momen-
para os professores. O segundo tomo da obra se dedica à tos da coleção, visto que é parte importante da história bra-
história africana do século XIX em diante. sileira. Os escravizados são aqueles que construíram a colô-
nia (depois o que seria o país) com sua força de trabalho e
Eurocentrismo em xeque (Página 130) seu conhecimento, que vivenciaram a experiência do cati-
veiro sem que com isso silenciassem suas manifestações
Retome o conceito de darwinismo social e comente com os
particulares. Desse modo, o brasileiro hoje é incontestavel-
estudantes que essa forma de pensar acabava por legitimar o
mente uma produção da vivência entre indígenas, africanos
domínio dos europeus nas mais diferentes áreas.
e portugueses, em grande medida marcada pela violência.
Além da Etiópia, comente com os estudantes o caso parti-
Observado dessa forma, o conteúdo favorece o trabalho com
cular da Libéria, que também não foi colonizada por europeus
no período. A Libéria é fruto da iniciativa de afro-americanos a CECHSA6, em especial a habilidade EM13CHS601. As com-
libertos e da American Colonization Society, que, entre os anos petências CGEB9 e CGEB10 também são acionadas por meio
de 1821 e 1822, promoveram uma série de viagens de retor- dos debates propostos.
no ao continente, prática que também gerou disputas e resis- O trabalho com a imagem e os exercícios propostos no boxe
tências locais. Interação contemplam a CELT2, em sua habilidade EM13LGG204.
Ao tratar de atos de extrema violência, como o Massacre de
Ruanda, é importante comentar com estudantes sobre a cria-
Boxe Interação
ção das rivalidades regionais pelos europeus, o que dificultou 1. Espera-se que os estudantes notem que o artista, poetica-
que as etnias enxergassem a origem do problema. É igualmen- mente, troca a América do Sul pelo continente africano. A ati-
te importante indicar a mudança de práticas e reforçar que, vidade incentiva a leitura da peça como produto artístico, e
após 1994, houve uma conciliação nacional pelo desenvolvi- não como mapa cartográfico.
mento do país, investimento maciço na educação e a inclusão 2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes observem
das mulheres no sistema político. que a poesia de Noémia de Sousa e a obra de Thomas são
A obra de Scholastique Mukasonga, indicada no boxe Para
complementares, pois ambas abordam os pontos de inter-
explorar, integra uma trilogia. Sua obra permite compreender
secção entre a América do Sul e a África. Promova o compar-
que a perseguição aos tútsis se inicia já nos anos 1960, com a
tilhamento dos textos dos estudantes.
formação de campos de refugiados dentro do país, perdurando
até a tentativa de extermínio em 1994. Mukasonga vai além e
mostra que, mesmo naquele contexto de extrema violência, exis- Países africanos e o Brasil: observações
tia vida, as pessoas trabalhavam, apaixonavam-se, casavam-se sobre a Cooperação Sul-Sul
e mantinham vivo o sonho de uma Ruanda melhor.
(Página 132)
Sob o discurso da proximidade histórica entre Brasil e África,
Brasileiros, angolanos e moçambicanos pressionado pelas militâncias negras brasileiras, mas também
(Página 131) reconhecendo, em países africanos, importantes parceiros eco-
O tema trabalhado exige a articulação do tema com os con- nômicos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi um período de
textos históricos. O estudante que se depara com a informação significativo crescimento das relações diplomáticas e comerciais
de que “brasileiros” ou “africanos” foram participantes ativos do entre o Brasil e os países africanos, em especial os lusófonos.
tráfico de escravizados parte do conceito de uma nacionalidade Assim, em 2003, por exemplo, ao conceder o perdão para
construída posteriormente ao processo em questão. O que há, parte da dívida de Moçambique com o Brasil (referente a
255
serviços prestados e produtos, não a empréstimos), diplomati- da turma, dada a pouca abordagem sobre o continente africa-
camente se buscava uma aproximação econômica, com a pos- no nas redes sociais, nas mídias e nas escolas.
sibilidade de estabelecimento de novos acordos. Em discurso, o
feito foi anunciado como reconhecimento de nossa origem co-
• Em uma aula previamente agendada, os estudantes devem
apresentar suas considerações finais sobre o processo de
mum e irmandade. Economicamente, a estratégia parece ter ti- pesquisa, atentando-se para o volume de empresas, suas
do retorno, considerando a presença de empresas brasileiras operações, a relação unilateral no caso de empresas, e o
em solo moçambicano a partir de então. impacto financeiro e ambiental delas no continente (consi-
Sugira aos estudantes que prestem atenção na linha do tem- derando que parte dessas empresas é do setor de explora-
po sobre as cooperações Sul-Sul. Se julgar conveniente, busque ção mineral).
outros marcos relevantes para a consolidação dessas relações,
tornando a linha do tempo ainda mais completa.
O trabalho sobre as atividades econômicas abordadas ao Atividades (Página 133)
longo do capítulo e que culminam nesse ponto facilitam a abor-
1. Resposta pessoal. No geral, espera-se que os estudantes
dagem das habilidades EM13CHS304 e EM13CHS305.
identifiquem que, além do Obá Ósemwede e do Ologum
Ajan, o autor também faz referência aos marinheiros, mer-
Sugestão para o professor
cadores e ex-escravizados. O objetivo da proposta é que
Entrevista os estudantes percebam que as relações de poder e a po-
» rAngel, Lia. Entrevista do Ministro de Estado das Relações lítica têm impacto direto no cotidiano dos indivíduos, mes-
Exteriores, Embaixador Celso Amorim, à Agência Brasil – mo daqueles que não fazem parte dos órgãos oficiais do
“Para Celso Amorim, Brasil vai redescobrir a África”. governo. Além disso, a atividade promove a percepção de
Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/discur que todos são sujeitos históricos, não só os reis. O com-
sos-artigos-e-entrevistas-categoria/7590-entrevista-do-mi partilhamento dos textos pode ser feito em uma roda de
nistro-de-estado-das-relacoes-exteriores-embaixador-cel conversa.
so-amorim-a-agencia-brasil-para-celso-amorim-brasil-vai-
redescobrir-a-africa. Acesso em: 31 jul. 2020. 2. a) Espera-se que os estudantes identifiquem nessa expres-
são o discurso europeu de que os brancos da Europa deve-
Essa entrevista ajuda o leitor a compreender como são for-
riam ajudar os demais povos a se desenvolver. Dessa crença
muladas as estratégias diplomáticas e ilustra bem o tema
surgiram os projetos colonialistas.
abordado no livro (a proximidade entre Brasil e países afri-
canos após 2003). b) Fanon revela a contradição entre o discurso e a prática.
Enquanto os intelectuais europeus dialogavam sobre liber-
dade, igualdade e fraternidade entre os homens e a missão
Atividade complementar
do homem branco de “ajudar” os demais povos, na prática,
As relações diplomáticas entre Brasil e os países africanos os Estados europeus subjugavam outros povos e praticavam
foi estreitada nos anos 2000. Sob o discurso legítimo, mas tam- genocídios.
bém interessado, de nossa proximidade histórica, os países afri-
c) Caso necessário, retome com os estudantes a linha do
canos (em especial os lusófonos) se tornaram centros de atração
para empresas brasileiras. A reflexão sobre isso está vinculada tempo da página 132, especialmente a data de 1955, em
à proposta a seguir. que houve uma reunião que institucionalmente buscou al-
O objetivo desta atividade é favorecer a compreensão dos ternativas ao projeto colonialista. No excerto, Fanon exor-
estudantes sobre o impacto econômico e a abrangência do es- ta que se deixe de olhar para a Europa, que só trouxe
treitamento das relações com países africanos. Assim, cada es- destruição.
tudante (ou grupo de estudantes) deverá selecionar um país 3. Atividade de pesquisa. Incentive os estudantes a procurar
africano falante do português e desenvolver uma pesquisa so- informações em fontes confiáveis, analisar essas informa-
bre as empresas brasileiras que passaram a atuar no país. Para ções e correlacioná-las ao contexto atual. Igualmente, sugira
isso, sugerem-se as seguintes etapas de pesquisa: que compartilhem suas considerações com a turma.
• O grupo deve identificar os países falantes de português na 4. Resposta correta: alternativa c. Espera-se que os estudantes
África e selecionar um deles. Quanto mais diversas as esco- reconheçam manifestações como capoeira e candomblé co-
lhas, melhor será o resultado final e os saberes apreendidos. mo manifestações construídas na interação dos valores afri-
• O grupo deve buscar na internet informações sobre quais canos com as experiências vividas no Brasil. A essas
empresas brasileiras possuem filiais ou atuação nesses manifestações poderiam ser acrescidas muitas outras, va-
países, anotando o nome das empresas, o ramo de atua- riando de acordo com a região do país.
ção delas, a(s) cidade(s) africana(s) em que se instalaram,
5. Resposta correta: alternativa d. Espera-se que os estudantes
entre outras informações que auxiliem na compreensão
reconheçam a origem de muitos conflitos atuais na África co-
do impacto da presença delas nesses locais, em especial
mo resultado do processo de dominação colonial.
os valores que representam na economia dos países en-
volvidos.
• Concluída a pesquisa, os estudantes devem elaborar a Ampliando (Páginas 134 e 135)
melhor forma de apresentar esses dados visualmente, le- O conhecimento científico é produzido dentro de condicio-
vando em consideração os recursos disponíveis no am- nantes históricos e modifica-se no constante debate. É impor-
biente escolar. tante que os estudantes reconheçam as formas como o co-
• Para a construção da apresentação, reforce com os estudan- nhecimento científico se constrói, em especial que o debate
tes a necessidade de inserir um mapa para a localização do (fundamentado em pesquisa e métodos) é fundamental nes-
país selecionado, conhecimento que pode não ser de domínio se processo.
256
A respeito da decolonialidade, é necessário que se perceba sua Outras conexões com o Brasil (Página 136)
oposição direta a um conhecimento centrado na experiência euro-
Retome com os estudantes o conteúdo sobre a Guerra Fria.
peia, um conhecimento inserido no discurso da “modernidade” que
Pergunte se eles compreendem as estratégias lançadas pelos
tornou a trajetória da Europa ocidental um modelo universal.
Estados Unidos e pela China naquele contexto.
Os decoloniais, por sua vez, emergem no cenário acadêmico dos
Informe a eles que a China, ainda que tenha promovido uma
anos 1980 e proclamam que as periferias também produzem enun-
revolução socialista, optou por se distanciar do bloco liderado pela
ciados e possuem trajetórias próprias. Também afirmam que, para
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Da mesma forma, é
entender essas trajetórias, não se pode ignorar as escravizações
importante reconhecer que o processo de construção do socialis-
indígena e negra e o processo colonial. Ademais, denunciam que
mo chinês tem características próprias – a Revolução Cultural (1966-
os processos coloniais colonizaram, inclusive, as mentes dos povos
-1976) e a posterior abertura da economia chinesa para o capital
e que cabe agora libertar-se desse colonialismo.
privado precisam ser bem compreendidas.
Esse novo paradigma aproxima-se dos movimentos sociais Ao analisar o bloco liderado pelos Estados Unidos na Guerra
e é igualmente formulado por eles, portanto trata-se de um co- Fria, os estudantes devem reconhecer que também há diferen-
nhecimento à serviço da reversão da marginalização histórica ças entre os países capitalistas pós-Segunda Guerra Mundial.
de indígenas e negros na América. Assim, países europeus optaram pela construção do Estado do
O estudo sobre as narrativas políticas e científicas favorece bem-estar social, que se provou a longo prazo mais inclusivo do
o exercício das habilidades EM13CHS101, EM13CHS601 e que o modelo estadunidense.
EM13LGG204. A abordagem comparativa entre imagem e texto escrito fa-
1. A decolonialidade refere-se ao movimento que busca ques- vorece o trabalho com habilidade EM13LGG102.
tionar as estruturas de dominação colonial que ainda existem
nas sociedades colonizadas, valorizando outras epistemolo-
RESPOSTAS ÀS QUESTÕES
gias em substituição às epistemologias eurocêntricas.
2. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes manifes- 1. Resposta pessoal. No levantamento de hipóteses, espera-se
tem suas opiniões com respeito, levando em consideração que os estudantes reconheçam a questão da Guerra Fria e o
suas vivências e percepções a respeito da sociedade brasi- acirramento das relações entre países que optaram por mo-
leira no presente. delos econômicos diferentes.
3. Os autores se referem a valores eurocêntricos, que determi- 2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes observem
nam as formas de ser e pensar o mundo com base em uma que se trata de uma fotografia posada para a imprensa, bus-
matriz cultural europeia, que valoriza tudo o que provém des- cando reforçar o aspecto diplomático e a proximidade dos
sa matriz como bom ou positivo e marginaliza todas as de- países. Contudo, as relações entre China e Estados Unidos
mais formas de existência. são marcadas por tensões, mesmo que existam acordos e
interesses econômicos de ambos os lados.
4. Resposta pessoal. Como possibilidade de resposta, os estudan-
tes podem concluir que a valorização e a priorização de episte-
mologias não eurocêntricas para pensar a realidade dos países Aproximações e crises diplomáticas:
que foram colonizados constitui uma das maneiras de romper Brasil e China (Página 137)
com formas de dominação colonial que perduram na atualidade. Pergunte aos estudantes se eles compreendem a importân-
cia da economia chinesa para as atividades brasileiras. Informe
Sugestão para o professor a eles que, mesmo que a recente postura diplomática brasileira
Artigos busque um distanciamento do governo chinês, esse país asiáti-
» Walsh, Catherine. Interculturalidad, plurinacionalidad y de- co é ainda um dos nossos maiores parceiros comerciais. No ano
colonialidad: las insurgencias político-epistémicas de re- de 2019, por exemplo, o Brasil exportou mais para a China (apro-
fundar el Estado. Revista Tabula Rasa, Bogotá, n. 9, ximadamente 63 milhões de dólares) do que para os Estados
p. 131-152, 2008. Disponível em: http://revistatabularasa. Unidos (aproximadamente 30 milhões de dólares), como pode
org/numero-9/08walsh.pdf. Acesso em: 31 jul. 2020. ser conferido no artigo China e EUA, os maiores parceiros comer-
Nesse artigo seminal, uma das principais representantes da ciais do Brasil (disponível em: https://www.gruposerpa.com.br/
decolonialidade define as diretrizes dessa perspectiva e su- maiores-parceiros-comerciais-do-brasil/; acesso em: 30 jul.
gere formas práticas de observá-las, explorando as discus- 2020). Dessa forma, espera-se que os estudantes compreendam
sões sobre as Constituições do Equador e da Bolívia. que a imposição de agendas pessoais sobre políticas econômi-
cas pode prejudicar a economia do país a médio e a longo prazo.
Comente com os estudantes que a construção do Brics re-
presenta um período de prosperidade econômica do Brasil, que
CAPÍTULO 12 OUTRAS CONEXÕES chegou a liderar a lista dos países emergentes. Esse cenário foi
COM O BRASIL (Página 136) modificado pela crise política que se instaurou no país em 2016
e que tem se agravado desde então, desdobrando-se em terrí-
Nesse capítulo serão abordadas as relações diplomáticas do veis consequências econômicas.
Brasil com os Estados Unidos e a China. Esse recorte foi escolhi- Destaque a imagem apresentada na página. É importante
do devido à importância geopolítica das duas nações no contex- que a representatividade das mulheres seja abordada no deba-
to internacional. Ao longo do capítulo, os estudantes vão anali- te sobre as políticas atuais. A importância da liderança feminina
sar as tensões que envolvem os dois países e como elas podem tem sido destacada para ampliar as estratégias e a compreen-
reverberar no Brasil. são do cenário político, sendo a Alemanha (liderada por Angela
A discussão sobre esses outros espaços de atuação brasilei- Merkel, chanceler desde 2005) e Ruanda (cuja presença femini-
ra é importante para construir um cenário mais amplo das rela- na no Legislativo atual é de 67%) exemplos dessa ampliação e
ções políticas e econômicas estabelecidas pelo Brasil. do sucesso da atuação feminina.
257
A discussão sobre a participação econômica dos países em
Tensões: Estados Unidos e projetos
esfera mundial possibilita o trabalho com a área de Matemática
e suas Tecnologias. políticos (Página 139)
As relações diplomáticas dos Estados Unidos com os de-
Sugestão para o professor
mais países da América costumam ser bastante trabalhadas.
Vídeo Elas contemplam o Destino Manifesto do século XIX, a Dou-
» Ascensão da China (temporada 1, episódio 3). História: trina Monroe de 1823, a diplomacia de Theodore Roosevelt
direto ao assunto [Seriado]. Produtora: ITN Productions. Jr. da virada do século, também conhecida como Big Stick
Reino Unido: Netflix, 2020 (23 min). (“Grande porrete”). Elas refletem estratégias de ocupação ou
Esse episódio, da série de documentários britânicos que dominação econômica e política que representam os interes-
aborda temas contemporâneos de uma forma rápida e in- ses estadunidenses.
terativa, trata da Revolução Cultural e da abertura econô- Para compreender a nova postura do Brasil em relação às
mica da China, processos fundamentais para compreender demandas estadunidenses, é importante recuperar a informa-
o sucesso econômico do país. Como qualquer produção cul- ção, já discutida com os estudantes, de que as agendas dos par-
tural, é necessário um olhar crítico sobre seu conteúdo. tidos políticos acabam por definir sua diplomacia, ainda que is-
so signifique a interrupção de políticas exitosas que deveriam
Comunidade chinesa no Brasil ser preservadas. Essa informação é válida para o Brasil e para
(Página 138) os Estados Unidos, com a eleição do republicano Donald Trump,
que substituiu o democrata Barack Obama.
Comente com os estudantes que a perspectiva eurocêntrica Aproveite as charges apresentadas na página e explore com
da História, tradicional no ensino brasileiro (ainda que bastante os estudantes o potencial do trabalho com essas fontes históri-
debatida nas últimas décadas), dificulta o contato com experiên- cas. As charges são documentos que geralmente trazem críticas
cias históricas de outros povos, como o chinês. Assim, ao se es- e ironias e devem ser estudadas como produto do autor e do
tudar a Idade Moderna e a expansão marítima europeia, muitas contexto de produção. Auxilie os estudantes na interpretação
vezes se deixa de lado a existência de pungentes sociedades das imagens e na realização da atividade.
em outros territórios.
Nesse sentido, comente com os estudantes que o contato
com os chineses iniciado pelos portugueses se deu de modo di-
Boxe Interação
plomático, dada a superioridade dos chineses no caso de um 1. As duas imagens abordam os impactos dos interesses esta-
conflito militar. dunidenses nos contextos políticos da América do Sul. Na
Ademais, a questão da imigração no Brasil é uma discussão charge, o venezuelano Juan Guaidó foi representado como
importante, em que não se pode omitir que nos séculos XIX e marionete de Donald Trump. Na foto, foi registrada uma ma-
XX se deu prioridade à vinda ao Brasil de um tipo “ideal”, ou se- nifestação popular na Venezuela contra o bloqueio econômi-
ja, do europeu ocidental. Esse processo também gerou um bran- co imposto pelos Estados Unidos.
queamento da população. Ainda assim, é necessário reconhecer 2. Respostas pessoais. Oriente os estudantes a explorarem suas
a presença de asiáticos e imigrantes do Oriente Médio, entre percepções políticas sobre as imagens, criando legendas ex-
outros, na composição da sociedade brasileira. plicativas para elas. Uma dica pode ser aproveitar as ideias
Sobre a sugestão feita no boxe Para explorar, cabe res- e as informações levantadas para responder à primeira ati-
saltar que o papel das mulheres foi categoricamente silen- vidade do boxe.
ciado ao longo da história. Nas últimas décadas, contudo,
com a emancipação feminina, os movimentos feministas e
uma revisão metodológica da própria História, as mulheres Brasil e Estados Unidos: balanço
têm emergido como sujeitos históricos e precisam entrar na (Página 140)
pauta dos mais diferentes conhecimentos e períodos. Nesse
sentido, a obra de Xinran oferece uma oportunidade para Como já sublinhado, as estratégias diplomáticas dos Estados
essa ampliação. Unidos destinadas aos países da América são geralmente cons-
Diante de estereótipos já existentes sobre grupos asiáticos, truídas de forma a beneficiá-los e, até mesmo, tutelar os países
somados às notícias falsas sobre a disseminação proposital do “parceiros”.
vírus causador da covid-19 pelos chineses, é importante que o Para que os estudantes explorem em maior profundidade
debate atente para o respeito ao diferente e ao combate aos essas relações com o Brasil, peça que acompanhem a linha do
preconceitos, favorecendo, portanto, o trabalho com as habili- tempo e as informações contidas nela. Paralelamente, identifi-
dades EM13CHS503 e EM13CHS504. que com os estudantes os eventos históricos relacionados ao
Brasil em cada um desses períodos.
Sugestão para o professor
Sugestão para o professor
Artigo
Livro
» seyferth, Giralda. Colonização, imigração e a questão racial
no Brasil. Revista USP, São Paulo, n. 53, p.117-149, mar./ » amorim, Celso. Breves narrativas diplomáticas. São Paulo:
maio 2002. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/ Saraiva, 2017.
revusp/article/view/33192. Acesso em: 31 jul. 2020. Embaixador e Ministro das Relações Internacionais durante
O artigo aborda a construção das políticas migratórias no 12 anos, Amorim apresenta suas impressões pessoais como
Brasil durante um longo período, contemplando parte do Im- diplomata, abrangendo as questões do Iraque e da Venezue-
pério e da República. la e as relações comerciais com os Estados Unidos.
258
União Europeia e a Amazônia em selecionar o que consome, afinal os preços dos produtos
“verdes” ainda são mais elevados do que os preços de produtos
(Página 141) sem esse apelo.
Os blocos econômicos são criações de mercados regionais O fenômeno, por sua vez, já foi absorvido por parte das em-
entre países com a finalidade de dinamizar e integrar a eco- presas (em especial do setor alimentício), que têm buscado se
nomia de seus membros e igualmente favorecê-los em ne- colocar nesse mercado como alternativa às empresas que não
gociações com outros blocos. A prática foi fortalecida após demonstram consciência ambiental.
o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, ainda O trabalho com o consumo responsável e a consciência
que tenham sido registradas articulações de países em socioambiental exercita a habilidade EM13LGG301. Permite
“blocos” antes disso. ainda contemplar a CECNT2 e as habilidades EM13CNT203
É importante que se reconheça, ainda, que o estímulo de li- e EM13CNT206.
beralização econômica e redução de barreiras comerciais tende 1. Resposta pessoal. Espera-se, contudo, que os estudantes
a beneficiar os países-membros. compreendam e abordem em seus mapas mentais questões
Caso haja uma sala de informática na escola, peça aos estu- como a escolha associada à capacidade de consumo e a con-
dantes que busquem as notícias mais recentes sobre as nego- centração da terra em setores específicos de produção e de
ciações a respeito do Fundo Amazônico e a posição dos países grande impacto no meio ambiente, como as lavouras de soja
europeus que o compõem. e a criação de gado.
As discussões sobre os processos políticos e ambientais
2. Reposta pessoal. É importante que os estudantes não se sin-
nos âmbitos local, regional e mundial, como o Fundo Amazô-
tam responsáveis pela devastação da natureza de forma au-
nico, favorecem o trabalho com as habilidades EM13CHS101,
tomática e individualizada; espera-se que eles compreendam
EM13CHS303, EM13CHS304 e EM13CHS305. O tema da Ama-
que as discussões sobre sustentabilidade e consumo cons-
zônia exercita a consciência ambiental e a necessidade de pre-
ciente são recentes e que eles são parte dessa mudança, que
servação da vida, contemplando as habilidade EM13CNT104.
é emergente e gradativa.
259
b) Levando em consideração o conteúdo do capítulo, pode-se e solicitar aos estudantes que explorem o conteúdo do site a fim
afirmar que tais trocas não são recentes, pois essa prática é de obter os dados que julgarem relevantes.
feita desde o século XVIII. No Brasil, a questão do refúgio é competência do Comitê Na-
c) Resposta pessoal. A atividade de pesquisa favorece de cional para os Refugiados (Conare), composto de ministérios do
imediato a construção autônoma dos saberes e o hábito de Governo Federal e da Polícia Federal, tendo ainda como represen-
discussão de informações e, no futuro, o posicionamento tantes da sociedade civil a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Ja-
dos estudantes no debate público. Quanto ao conteúdo, pro- neiro e de São Paulo e a própria Acnur, ainda que sem poder de
vavelmente eles vão encontrar informações sobre tensões voto. Sobre o Conare, ver, no site do Ministério da Justiça e Segu-
entre as relações sino-brasileiras, em especial resultantes rança Pública, o conteúdo disponível em: https://www.justica.gov.
da agenda de indivíduos particulares do governo federal, br/seus-direitos/refugio/conare (acesso em: 31 jul. 2020).
ainda que a China permanecesse como maior parceiro eco- Além das fontes aqui citadas, importantes para a obtenção de
nômico do Brasil em 2020. dados, os estudantes podem ainda acessar o projeto “Algumas
histórias nunca foram feitas para crianças”, do Fundo das Nações
3. Resposta correta: alternativa c. Espera-se que os estudantes
Unidas para a Infância (Unicef). O projeto criou vídeos que abor-
observem o discurso do presidente estadunidense Donald
dam a trajetória de crianças reais em situação de refúgio. São
Trump como prática de um governo que prega a recuperação
animações que têm o potencial de sensibilizar e ilustrar situações
econômica do país a qualquer custo.
talvez pouco conhecidas pelos estudantes.
Todo o preparo inicial deve levar em consideração o contexto
Práticas de texto (Páginas 144 e 145) dos estudantes e seus conhecimentos prévios; se o município
em que se situa a escola é próximo de grandes centros urbanos
Nessa seção, pretende-se desenvolver nos estudantes as
ou de regiões de fronteira no Brasil, os estudantes podem estar
habilidades e as práticas de pesquisa, coleta e análise de infor-
mais habituados com o tema.
mações, bem como o domínio do conteúdo para exposição oral.
Ao mobilizar práticas de linguagem no universo digital, ex-
Como se trata da preparação de um seminário, é importante in-
pandindo sentidos, contemplam-se as habilidades EM13LGG103,
dicar aos estudantes que o domínio oral do conteúdo – incluindo
EM13LGG104 e EM13LGG204. Ao abordar a violação de direitos
aqui a clareza e o encadeamento de ideias – é fundamental pa-
humanos e buscar a construção de valores éticos e solidários, a
ra o bom desenvolvimento da apresentação e é algo construído
atividade contempla também as habilidades EM13CHS503 e
ao longo da pesquisa.
EM13CHS504. Há também a continuidade do trabalho com as
A proposta é conhecer de forma mais aprofundada a ques-
habilidades EM13CHS204 e EM13CHS302.
tão dos refugiados nos dias de hoje. Desde a Convenção de
Para o planejamento, é fundamental que os estudantes iden-
1951 da ONU, considera-se refugiado todo aquele que se en-
tifiquem o que é esperado de um seminário. Reforce que o do-
contra fora de seu país por causa de fundado temor de perse-
mínio oral do conteúdo é conferido nos processos de busca das
guição por motivos de raça, religião, nacionalidade, opinião po-
informações e de sistematização. Como observado no Livro do
lítica ou participação em grupos sociais, e que não possa (ou
Estudante, para que cada grupo tenha um bom desempenho na
não queira) voltar para casa. Posteriormente, o conceito foi es-
execução do seminário, é ideal que seja realizada uma prévia
tendido também a pessoas obrigadas a deixar seu país devido
entre o grupo, possibilitando a autoavaliação de cada integran-
a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva
te acerca de suas capacidades de domínio e exposição.
dos direitos humanos.
O seminário circunscreve a circulação ao público presente no
De início, espera-se que os estudantes reconheçam a dife-
momento da apresentação. Se os grupos optarem por preservar
rença entre o refugiado e o imigrante regular. A imigração é um
essa dinâmica e houver meios técnicos para isso, os seminários
fenômeno histórico ligado à busca de melhores condições de
podem ser gravados com câmeras e editados pelos grupos pos-
vida; diferentemente do refugiado, o imigrante não tem sua exis-
teriormente. Nesse caso, é necessário obter autorização dos en-
tência ameaçada no local de origem.
volvidos para o uso pedagógico do vídeo editado, definindo-se
Solicite aos estudantes que observem a imagem e pensem
também a possibilidade ou não da circulação das imagens fora
sobre as possíveis respostas às questões da página 144. Espe-
do espaço escolar.
ra-se que os estudantes reconheçam na obra de Ai Weiwei a
Como prática de avaliação, espera-se que os estudantes se-
referência aos refugiados contemporâneos que saem do norte
jam observados com base nos saberes mobilizados e na clareza
do continente africano pelo mar Mediterrâneo em direção a paí-
da exposição. Práticas como essa favorecem a construção de ha-
ses europeus. Muitos dos refugiados acabam morrendo duran-
bilidades e competências que, no futuro, ajudarão os estudantes
te essa travessia.
a se colocar no debate público de forma consciente e crítica.
Segundo a Acnur (Agência da ONU para Refugiados), 57%
dos refugiados em 2019 eram originários da Síria, do Afe-
Sugestões para o professor
ganistão e do Sudão do Sul, e 80% das pessoas deslocadas
viviam em países vizinhos aos seus. (UNHCR – Acnur. Dados Artigos
sobre refúgio, 2019; disponível em: https://www.acnur.org/ » galina,
Vivian Fadlo; silva, Tatiane Barbosa Bispo da; haydu,
portugues/dados-sobre-refugio/; acesso em: 31 jul. 2020). Marcelo; martin, Denise. A saúde mental dos refugiados:
O fato revela a falácia de que todos os refugiados buscam um olhar sobre estudos qualitativos. Interface –Comuni-
a Europa como destino, ainda que o continente permaneça cação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 21, n. 61, p. 297-308,
uma importante área de atração. No caso da Espanha, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?
por exemplo, que possui uma porção de terra dentro do con- pid=S1414-32832017000200297&script=sci_abstract&t
tinente africano, na fronteira com o Marrocos, as tensões nas lng=pt. Acesso em: 31 jul. 2020.
fronteiras são expressivas. O artigo promove um levantamento de uma pesquisa que se
As informações acima podem ser disponibilizadas aos estu- ocupa da situação dos refugiados, privilegiando o olhar dos
dantes; contudo, sugere-se refletir coletivamente sobre a Acnur próprios sujeitos afetados nesse processo.
260
» Weiss, Anja. Tornar-se refugiado: uma abordagem de traje- Aproveite as descrições das etapas no Livro do Estudante
tória de vida para a migração sob coação. Sociologias, v. 20, e explique à turma as etapas da execução do trabalho. Se o
n. 49, p. 110-141, 2018. Disponível em: https://www.scielo. professor que estiver liderando o projeto for de História, é
br/scielo.php?pid=S1517-45222018000300110&script=sci_art pertinente comentar que metodologicamente as pesquisas
text&tlng=pt. Acesso em: 4 set. 2020. na área têm sido desenvolvidas sempre buscando respostas
O artigo aborda os conceitos de migrante e refugiado, deba- a um problema inicial e que, a fim de responder a esse pro-
tendo as principais diferenças entre os dois status. O material blema, o pesquisador faz um levantamento bibliográfico ve-
pode ser usado tando para ampliar seu repertório teórico rificando o que já foi estudado sobre o tema, busca fontes
quanto como fonte de pesquisa pelos estudantes. Ele tam- históricas (textuais ou não textuais) e analisa esse conjunto
bém pode ser usado como modelo metodológico devido ao de dados. Assim, os estudantes tomam contato com a forma
tipo de pesquisa feito durante a investigação, favorecendo o de construção do conhecimento científico e poderão criticar
engajamento científico dos leitores. conteúdos que daí em diante percebam não terem sido pro-
» ZuZarte, André; Moulin, Carolina. Refugiados urbanos: duzidos desse modo.
política, polícia e resistência nas fronteiras da cidade. A entrevista como metodologia de pesquisa deve ser obser-
REMHU: Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, vada em diferentes aspectos. Primeiramente, é necessária certa
Brasília, v. 26, n. 53, p. 219-234, 2018. Disponível em: atenção ao material utilizado – os modernos smartphones, por
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi exemplo, têm facilitado o registro de entrevistas mesmo entre
d=S1980-85852018000200219&lng=en&nrm=iso. profissionais do jornalismo. Mas é imprescindível se assegurar
Acesso em: 4 set. 2020. da qualidade da gravação, da distância entre o aparelho e os
Para aprofundar o debate sobre a situação dos migrantes e entrevistados, da possibilidade de erros (deve-se, portanto, ter
dos refugiados nas grandes cidades, os pesquisadores pro- um plano B). Adianta-se, também, que é comum entrevistados
põem uma investigação sobre os direitos e os mecanismos se sentirem intimidados com gravações em vídeo, mais do que
de proteção a esses grupos nos centros urbanos, buscando apenas em áudio. Detalhes como esses podem pegar de surpre-
verificar aspectos relacionados à liberdade e à resistência sa o entrevistador e colocar em risco os acordos já estabelecidos.
das identidades. Em segundo lugar, é imprescindível também o preparo de um
Livro roteiro prévio da entrevista semiestruturada e ter sensibilidade
» sartoretto, Laura Madrid. Direito dos refugiados: do euro- no momento da realização da entrevista. O tema é delicado e
centrismo às abordagens de terceiro mundo. Porto Alegre: pode despertar determinados sentimentos nos entrevistados,
Arquipélago Editorial, 2018. que devem ser acolhidos com cuidado e respeito. Além disso, as
A obra apresenta análises sobre as origens do eurocentrismo autorizações para a gravação, de acordo com os termos éticos
no direito internacional enquanto apresenta percepções so- da pesquisa, podem ser anuladas mesmo depois de todo o pro-
bre os instrumentos regionais de proteção aos refugiados cesso já realizado. Sobre o preparo para a história oral, é possí-
elaborados nos continentes africano e americano, com foco vel obter orientações em:
na América Latina. • Alberti, V.; buArque, M. D.; CAVAlCAnte, V. M. Manual de história oral.
Site 3. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2013.
Enfatize o processo de planejamento e de preparo como algo
» Refúgio em Números e Publicações – Ministério da Justiça
e Segurança Pública. Disponível em: https://www.justica. fundamental para o desenvolvimento da pesquisa. Sem isso,
gov.br/seus-direitos/refugio/refugio-em-numeros. Acesso coloca-se em risco o andamento do projeto, bem como pode tor-
em: 31 jul. 2020. nar constrangedora a experiência do entrevistado. A empatia e
O site oferece dados (em estatísticas, infográficos, textos, o respeito devem ser guias nesta atividade, pois muitos dos imi-
mapas) sobre a questão dos refugiados no Brasil, competên- grantes tiveram seus direitos fundamentais violados, o que po-
cia, em parte, do Ministério da Justiça e Segurança. de tornar dolorosa a narrativa dessa experiência.
A divulgação das entrevistas para os demais grupos é uma
etapa importante que conduz a proposta para sua finalização.
Práticas de pesquisa (Páginas 146 a 149 ) Após entrar em contato com todas as narrativas, os estudan-
tes devem responder às questões a respeito das dificuldades
Nessa seção, pretende-se desenvolver nos estudantes as de realização desta atividade e comentar as considerações
habilidades e as práticas de pesquisa, coleta e análise de in- obtidas por intermédio das entrevistas. Isso deve ser feito em
formações. A proposta é que identifiquem a imigração como a uma aula específica, programada por você. Aqui seu papel de
busca por melhores condições de vida e de dignidade, assim mediador do debate é fundamental. Destaque trechos que
como observem o impacto desse fenômeno nas escalas local, considere importantes, bem como apresente informações
regional e nacional. complementares que estejam em fontes externas às entre-
O objetivo do tema trabalhado é favorecer a compreensão vistas, como páginas oficiais com dados estatísticos sobre
da imigração como um fenômeno complexo, que se inicia no determinado assunto.
deslocamento das pessoas, mas tem desdobramentos para a Caso você considere conveniente, a turma pode preparar um
fixação e a manutenção dos imigrantes nos novos espaços. retorno para os entrevistados. Essa contrapartida pode ser a
O contexto de crise venezuelano foi abordado no capítulo elaboração de um relatório final escrito a ser entregue às pes-
10 e pode ser aqui retomado. Dessa forma, os estudantes soas entrevistadas.
operam uma consolidação do percurso de aprendizagem e Os estudantes devem considerar a imigração nos termos
potencializam o aprofundamento dos temas estudados. Su- aqui trabalhados como fruto da violação dos direitos huma-
gere-se, por exemplo, o uso do documentário mencionado na nos e do impacto de processos políticos, trabalhando as ha-
página 119 para iniciar as discussões (Vindas & Vidas. Dire- bilidades EM13CHS101 e EM13CHS503. Por sua vez, o debate
ção: Ana Cláudia Dolores, Cláudia Holder, Jaqueline Maia e proporcionado pela atividade favorece o desenvolvimento das
Lícia Magna. Brasil, 2019. 48 min). habilidades EM13CHS604 e EM13CHS605. Ao mobilizar relações
261
de poder, processos identitários, empatia e diálogo, as discussões O site apresenta dados estatísticos e informações concer-
possibilitam ainda o trabalho com a competência específica de nentes à atuação do Estado brasileiro e do Unicef para am-
Linguagens e suas Tecnologias 3 e suas habilidades específicas parar os imigrantes venezuelanos. O material pode ser usado
EM13LGG302, EM13LGG303 e EM13LGG305. como fonte confiável de pesquisa pelos docentes e também
pelos estudantes, já que as informações são disponibilizadas
Sugestões para o professor em linguagem didática e os acesso aos dados é podem ser
Artigo acionados de modo intuitivo.
» Passarinho, Nathalia. Brasil recebe apenas 2% dos 2,3 mi-
lhões de venezuelanos expulsos pela crise. BBC News Retomada
Brasil, ago. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/ Os principais conceitos trabalhados ao longo da unidade
portuguese/brasil-45251779. Acesso em: 31 jul. 2020. foram organizados e disponibilizados no esquema a seguir.
No artigo, Nathalia Passarinho indica a facilidade territo- Sugere-se solicitar aos estudantes que montem seus próprios
rial de entrada no Brasil como elemento que favorece a mapas mentais, no caderno ou de modo digital, como forma
vinda dos venezuelanos para o país, mas a barreira linguís- de retomar e sistematizar os conteúdos.
tica explica o maior interesse dos venezuelanos em conti- Com isso, será possível perceber de que maneira se apro-
nuar viagem com destino a países falantes de espanhol. priaram desse conhecimento e as relações que conseguiram
Site estabelecer. Pode-se propor, também, o compartilhamento
» Crise migratória venezuelana no Brasil – O trabalho do dos mapas mentais, para que a turma observe como os cole-
Unicef para garantir os direitos das crianças venezuelanas gas sistematizaram seus aprendizados. Esta etapa pode ser
imigrantes. UNICEF-Brasil. Disponível em: https://www. importante para identificar eventuais dúvidas e dificuldades
unicef.org/brazil/crise-migratoria-venezuelana-no-brasil. dos estudantes em relação ao conteúdo estudado e retomar
Acesso em: 31 jul. 2020. ou aprofundar os conceitos necessário
Decolonialidade
Distanciamento Aprox. anos 1980 Passado Aprox. anos 2000
histórico histórico
Políticas de governo
Relações diplomáticas Interesses Fundo
3
BRASIL econômicos Amazônico
políticas de Estado
262
■ ATIVIDADES DE PREPARAÇÃO PARA EXAMES
263
da tradição foram rompidos e surgiu o Estado Nacional III. o Brasil, com a vitória, conseguiu anexar parte do territó-
como criação da classe dirigente local, cujos interesses rio do norte do Paraguai, obtendo acesso livre à navega-
estavam alinhados com o capitalismo internacional, o ção dos rios Paraná e Paraguai, fundamental à
que significou desenvolvimento para a maioria; água e comunicação com o Mato Grosso.
vinho estão separados. IV. a vitória brasileira não satisfez a Inglaterra, que temia
e) o processo de descolonização do século XX, na Ásia e na a afirmação do Brasil como uma grande potência eco-
África, é revolucionário na medida em que destruiu o ve- nômica e militar na América do Sul. Assim, os ingleses
lho colonialismo e colocou no poder a classe dirigente lo- buscaram atingir o Brasil com uma nova campanha
cal, identificada com o capitalismo internacional, que contra a escravidão, levando à aprovação da “Lei do
organizou o Estado Nacional segundo os interesses de Ventre Livre”.
estabilidade e de desenvolvimento para todos; água e vi-
Assinale a alternativa correta:
nho estão separados.
a) II e III são corretas.
Resposta: alternativa a. b) I e II são corretas.
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PROFESSOR
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MANUAL DO PROFESSOR
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ENSINO MÉDIO
Editores responsáveis:
Flávio Manzatto de Souza
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Valéria Vaz
ISBN 978-65-5744-187-9
Organizadora: SM Educação
2 900002 080674 Obra coletiva, desenvolvida e produzida
por SM Educação.