LF DReais
LF DReais
LF DReais
LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Título X
Poss
Capítulo I
Função
MC - defende que a posse tem duas funções: a tutela dominial (pela qual a posse defende a propriedade ou o direito
base através das presunções legais e das ações possessórias) e a tutela da con ança (pela qual seriam protegidas a
con ança do possuidor, que não será molestado, e de terceiros, que, com referência aos bens possuídos, terão, pelo
menos, um interlocutor provisório).
PINTO DUARTE - defende que a posse tem as funções de defesa da paz pública, valor da continuidade e proteção da
con ança.
JAV defende que a posse tem as funções de:
- Atribuir provisoriamente um direito a quem tem o controlo material de uma coisa
corpórea – a atribuição diz-se provisória porque se apresenta resolúvel em alguns casos:
- a) Quando a posse é formal e o proprietário ou outro titular de direito real de gozo faz valer o seu direito contra o
possuidor (nomeadamente através da reivindicação), a posse cede no confronto com a propriedade (ou outro
direito real de gozo);
- b) O possuidor formal só conserva a sua posse enquanto a titularidade do direito real de gozo não é demonstrada
(art. 1278o/1). Isso é igualmente verdade para o possuidor causal que não invoca o seu direito no confronto com
outro titular de direito real de gozo;
- c) O direito real constitui uma afetação de nitiva da coisa ao seu titular, enquanto a posse confere apenas uma
atribuição provisória.
- Esta atribuição provisória, contudo, enquanto dura, consubstancia um direito subjetivo e implica uma proibição de
ingerência para terceiros, podendo o possuidor defender a sua posição com recurso aos esquemas normativos de
tutela da posse.
- Prevenção da violência ou de garantia da paz social – a posse constitui uma afetação jurídica da coisa ao possuidor e
uma ofensa a ela constitui uma ação ilícita reprimida pela ordem jurídica.
- Função de publicidade – desenvolve-se, sobretudo, para as coisas móveis, uma vez que quanto aos imóveis existe um
sistema organizado de registo predial que assegura a publicidade respetiva e que consagra também uma presunção de
titularidade (art. 7o CRP)
- Função de conservação – fundamenta-se na usucapião. Quando o possuidor não é titular do direito real de gozo
exteriorizado pela posse, o ordenamento faculta-lhe, veri cados os requisitos legais, a aquisição desse direito, com
preterição, em última análise, do proprietário da coisa. O ordenamento consegue assim que a exteriorização do
direito coincida com a atribuição do mesmo ao possuidor
Artigo 50
Posse vs Detenção
1 - Só ter um domínio real sobre a coisa não é sinónimo de posse
Tese objetivista - Jhering, MC (embora atualmente diga que é misto), ML, OA, JA
Posse = corpus + animus
Detenção = corpus + animus - Le
Esta tese defende que é muito difícil saber o animus, por isso é sempre posse a não ser que a Lei diga o contrário
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Provar a vontade de alguém só se pode fazer de forma indireta - se apega impostos, se faz obras sem perguntar a
ninguém
A teoria objetivista atribui à lei o critério de aferição de uma situação como posse ou detenção. Sempre que um sujeito
tenha a coisa em seu poder, existe posse, a não ser que, por força de uma norma legal concreta, a posse lhe seja negada
Tese subjetivista - Savigny, Pires de Lima, Mota Pint
Posse = corpus + animus (vontade de possuir
Detenção = corpus
A posse desdobra-se em dois elementos: o elemento físico da relação material entre um sujeito e uma coisa (corpus), e o
animus, que corresponde à vontade de atuar como proprietário, ou a vontade de atuar como o titular de um direito real
de gozo. Faltando o animus, haverá uma mera detenção
A jurisprudencia diz ser subjetivista mas na realidade tende para a tese objetivista porque é de muito difícil prova
A nossa lei de ne a detenção do 1253 - apoia a tese objetivista - ML (assistente é objetivista
Ac. TRL 6/11/2008 - “Havendo corpus possessório e não incidindo nenhuma norma jurídica que descaracterize a
situação para mera detenção, existirá posse, pois o animus não é um dos elementos da posse”// “Havendo corpus, em
princípio há posse, salvo quando o possuidor revele uma vontade segundo a qual ele age sem animus possidendi, sendo
este elemento negativo que desvaloriza ou descaracteriza o corpus.
Nem todo o controlo material da coisa (corpus) atribui posse. Para se a rmar a existência de posse num dado caso
concreto, para além do corpus, deve averiguar-se também da incidência de uma norma jurídica que quali que a situação
como mera detenção
Artigo 51
Alínea a) do 125
1 - Distinção entre posse e detenção no ordenamento português:
Maioria (PL/AV, OC, MP, HM, SJ, JT, DM, Pinto Duarte) – subjetivista, pois art. 1253º/a menciona animus e intençã
PL/AV – alíneas são aspetos do mesmo fenómeno, a falta de animus possidend
Mas reconhecem também proximidade prática com sistemas objetivistas – concedeu tutela possessória a meros
detentores (posse interdictal
ML, OA, CF, JAV, PA, BR – objetivista, não havendo referencia no art. 1251º ao animus e porque art. 1253º refere-se a
situações excluídas, sendo casos de desquali cação lega
Art. 1252º - presume-se no que tem poder de facto, o que tem corpu
Concede tutela possessória a meros detentores (posse interdictal
Inversão do título da posse e apossamento não se referem a animu
OA – al. a) não é subjetivista porque é intenção declarada, sendo um elemento objetiv
MC – al. a) é situação em que poder foi adquirido mas que própria lei afasta posse
Exercício do poder de facto sobre bens do domínio public
JAV – al. a) mostra que é objetivista, porque intenção não funciona como atribuição da posse, mas para a sua
exclusã
Reduz al. a) a casos de constituto possessório – causa jurídica de detençã
ML – al. a) não é subjetivista porque intenção não serve para converter toda a detenção em poss
Corresponde a situações em que há exercício de poderes de facto sobre a coisa, mas de um direito ao
qual lei não reconhece a tutela possessória
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CÓDIGO REGISTO PREDIAL
LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Contrato de hospedagem e direito real de habitação periódic
Rui Ataíde & VPF – al. a) não é problema, por estar esvaziada, já que esses casos já estão previsto
expressament
MC – sistema português tem natureza mis
RA – sistema objetivista, mas o que distingue não é mera desquali cação legal, mas falta de corpu
Vitor Fidalgo - a a) não lhe apresenta grandes dúvidas pela existência da c), que é residual
A lei admite que as pessoas podem ter a posse mesmo sem noção ou até intenção.
Diz que o nosso sistema é totalmente objetivista. Até diz que pode ser uma norma remissiva
Artigo 52
Casos em que a distinção é important
1 - Os que exercem o poder de facto sem intenção de agir como bene ciários do direito - A diferença para a al. c) é que
nesta se atende exclusivamente ao título, elemento objetivo, pelo qual o detentor tem a coisa em seu poder, enquanto a
al. a), superando o que em contrário resultar do título eventualmente existente, se baseia somente naquilo que o
interessado declara. A intenção desempenha assim um papel negativo: não confere a posse, antes retira-a em situações
que normalmente seriam de posse
2 - Os que simplesmente se aproveitam da tolerância do titular do direito (atos de mera tolerância) - A mera autorização
de uso de uma coisa, fora do contexto de um facto constitutivo de um direito real (ou de outro), não confere posse ao
bene ciário dela, que é um mero detento
3 - Os representantes ou mandatários do possuidor e, de um modo geral, todos os que possuem em nome de outrem -
Quando alguém atua sobre a coisa nos termos de um título que não atribui a propriedade, é sempre detentor em nome do
proprietário.
Dentro destes casos, é importante referir o caso - Aqueles que, atuando sobre a coisa em nome do proprietário,
sendo por isso detentores relativamente a este direito, são simultaneamente possuidores nos termos de um direito
próprio (pe usufrutuário). Sempre que alguém retenha a coisa em seu poder com referência a um direito real menor,
para o exercer, tem posse quanto a esse direito real e é detentor quanto à propriedade
Podemos assim dizer que a posse representa a exteriorização de um direito e que a detenção constitui, ao invés, uma
atuação sobre coisa alheia, independentemente de o detentor ser simultaneamente possuidor, por referência a um direito
própri
Artigo 5
Posse
1 - a) O possuidor bene cia dos efeitos da posse: presume-se titular do direito a que a posse se refere (art. 1268o),
recebe uma tutela possessória (arts. 1276o e ss.), tem direito a ser indemnizado em caso de violação da posse (art.
1284o), tem direito aos frutos se estiver de boa fé (art. 1270o/1), ca sujeito ao regime das benfeitorias (arts. 1273o a
1275o) e goza de um regime excecional de responsabilidade civil em caso de perda ou deterioração (se estiver de boa fé
– art. 1269o);
b) A atribuição provisória do direito em que a posse consiste respeita unicamente ao possuidor;
c) A posse constitui um direito subjetiv
Artigo 54
Detençã
1 - a) O detentor não recebe nenhuma proteção do ordenamento - pode é, excessionalmente, utilizar a proteção de um
possuidor;
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
b) Não existe nenhuma atribuição provisória de um direito;
c) A detenção não constitui um direito subjetivo nem se reconduz a nenhuma outra
situação jurídica ativa;
d) A detenção resulta da incidência de uma norma jurídica que retira ao corpus a sua
consequência normal de atribuição da posse. É importante aqui o art. 1253o, que afasta a posse em três grupos de caso
Artigo 55
Corpu
1 - O corpus possessório não requer uma ligação física constante do possuidor à coisa. Sem dúvida que essa ligação é
essencial no momento de aquisição da posse, mas a partir desse momento o corpus subsiste com a mera possibilidade de
atuação material sobre a coisa. O art. 1257o/1 deixa isto bem claro quando alude que a posse se mantém enquanto durar
a possibilidade de atuação correspondente ao exercício do direito
Isto é dizer que a inércia do possuidor não afeta a sua subsistência, desde que a possibilidade de o possuidor renovar a
sua atuação sobre a coisa não seja afetada pela intervenção de um terceiro que se erga em obstáculo a el
Artigo 56
Âmbito da poss
1 - A extensão da tutela possessória opera igualmente fora dos Direitos reais, bene ciando titulares de direitos que não
têm natureza real – o locatário (art. 1037o/2), o comodatário (art. 1133o/2), o parceiro pensador (art. 1125o/2) e o
depositário (art. 1188o/2)
Nestes casos, há posse ou detenção? A corrente subjetivista diz que, como não há animus, não há posse
A corrente objetivista (JAV) diz que não há nenhuma razão para limitarmos o âmbito da posse aos direitos reais de
gozo. Se a posse repousa numa atuação material sobre uma coisa corpórea nos termos de um direito, ela pode ser
referida a todos os direitos subjetivos que con ram poderes para essa atuação, independentemente da natureza real ou
outra do direito subjetivo em questão. A não ser, claro, que haja uma norma jurídica que negue a posse nestes caso
Artigo 57
Direitos abrangidos pela tutela possessória
1 - Nos Direitos Reais de Gozo – pode existir posse quer em termos de propriedade plena, quer em termos de usufruto,
uso e habitação, superfície e servidões prediais. Não existe no direito real de habitação periódica porque é limitado no
tempo:
O usufrutuário reúne a qualidade de detentor em relação ao direito de propriedade e de possuidor em nome
próprio em relação ao usufruto, podendo interpor ações possessórias contra qualquer pessoa que perturbe ou esbulhe o
exercício do seu direito.
o A tutela possessória do usufrutuário não impede que o nu proprietário continue a bene ciar de ações possessórias,
podendo igualmente reagir perante o esbulho da coisa por terceiro, ou mesmo contra atos do próprio usufrutuário que
ultrapassem os seus poderes sobre a coisa.
Em relação ao uso e habitação, o facto de não poderem ser adquiridos por usucapião não impede que
bene ciem de tutela possessória.
Em relação à superfície, a tutela é mais complexa e abrange não apenas o direito sobre as construções e
plantações realizadas em terreno alheio como a própria faculdade de construir ou plantar, desde que já se tenham
iniciado (conforme com o art. 1263o/b).
Em relação às servidões prediais, o facto de não poderem ser adquiridas por usucapião (art. 1263o/a) não
exclui a tutela provisória exige-se é um título provindo do proprietário do prédio serviente (art. 1280o).
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
2 - Nos Direitos Reais de Garantia – só há tutela possessória se se veri car alguma forma de apreensão material da coisa
por parte do credor respetivo (como no penhor e na retenção aos quais a lei atribui ações possessórias, nos art. 670o/a e
758o). Quando isso não acontece, não são suscetíveis de posse.
3 - Nos Direitos Pessoais de Gozo – na medida em que atribuem poderes sobre a coisa, que a lei tutela através das
competentes ações possessórias (art. 1037o/2, 1125o/2, 1133o/2, 1188o/2). A existência de posse, nestes direitos, não
implica a sua quali cação como direitos reais pois o direito de gozo da coisa é obtido a partir de uma prestação do
devedor.
4 - Também existe posse no caso promitente-comprador que obteve a tradição da coisa a que se refere o contrato
prometido, pois este exerce antecipadamente os poderes correspondentes a um aproveitamento da coisa, o que justi ca
que bene cie da tutela possessória.
Título X
Classi cação da poss
Artigo 58
Originária vs Derivad
1 - Se é constituida ex novo ou por facto transitiv
Artigo 59
Causal vs Forma
1 - A posse diz-se causal quando o possuidor é simultaneamente titular do direito real a que a posse se reporta
A posse é formal quando essa titularidade falta
O direito português não distingue estes dois tipos de posse: ambas constituem posse e estão sujeitas ao regime da poss
Regime:
(i) O possuidor formal tem o conteúdo de gozo estabelecido nos arts. 1268o a 1275o (efeitos da posse), mas o
possuidor causal fundamenta o seu gozo da coisa no conteúdo do direito de que é titular;
(ii) Em caso de con ito possessório, o possuidor formal apenas pode invocar a sua posse contra aquele com o qual tem
o con ito, contrariamente ao que sucede com o possuidor causal, que pode sempre invocar o seu direito real de
gozo para vencer a oposição do possuidor formal (art. 1278o/1)
Artigo 60
Civil vs Interdita
1 - Civil é aquela que se exerce nos termos dos direitos reais de gozo. - dá direito à usucapiã
Interdital é aquela que se exerce nos termos dos direitos reais de garantia ou direitos pessoais de gozo - não dá direito à
usucapiã
Artigo 61
Efetiva vs Não Efetiva
1 - A posse é efetiva quando o possuidor mantém o controlo material da coisa através do corpus possessório.
A posse é não efetiva quando a situação possessória permanece como mero direito desacompanhado do corpus.
A lei por vezes mantém a situação possessória, apesar de já se ter perdido o controlo material sobre a coisa (arts. 1278o/
1, 1282o e 1267o/d)
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Artigo 62
Titulada vs Não Titulad
1 - A posse titulada funda-se num modo legítimo de adquirir, independentemente do direito do transmitente ou da
validação substancial do negócio jurídico (art. 1259o/1) tem título legítimo de posse sobre a coisa
Interessa que haja um título legítimo abstrato que seja idóneo de constituir o direito à qual a posse se report
Abstrai-se da validade substancial do facto jurídico com e cácia real para quali car a posse como titulada –
dá-se primazia à forma. Assim, é posse não titulada a compra de um imóvel por contrato oral (vício de forma) mas é
posse titulada no caso de compra e venda de bem alheio (vício substancial
A posse não titulada é aquela que não deriva de um modo legítimo de adquirir
Regime:
- Presume-se que a posse titulada é uma posse de boa fé e a não titulada de má fé (art. 1260o/2). Trata-se, contudo, de
uma presunção ilidível, cabendo ao possuidor fazer prova dos factos relativos ao título sob pena de a posse se ter por
não titulada (art. 1259o/2).
- Havendo título, a posse presume-se existente desde a data do título (art. 1254o/2). Não havendo, ter-se-á de provar o
momento do seu início, o que será relevante em matéria de prazos para a usucapião e de aquisição do direito por este
facto (art. 1288o);
- Em caso de con ito de posses, em que haja necessidade de atribuir a coisa a um dos litigantes pela melhor posse (art.
1278o/2), a posse titulada leva vantagem sobre a não titulada (art. 1278o/3
Artigo 63
Boa vs Má-f
1 - Na posse de boa fé, possuidor ignorava que, ao adquiri-la, estava a lesar o direito de outrem subjacente à posse que
está a exteriorizar (art. 1260o/1). Boa fé deve ser entendida num sentido ético e não meramente psicológico – está de
boa fé aquele que ignora sem culpa.
Na posse de má fé, possuidor sabia, no momento de aquisição da posse, que estava a lesar o direito de outrem.
A posse titulada presume-se de boa fé e a não titulada presume-se de má fé (art. 1260o/2) e faz considerações sobre a
posse violenta (art. 1260o/321
Artigo 64
Pací ca vs Violenta
1 - A posse violenta é aquela em que, para adquiri-la, o possuidor usou de coação física ou moral (art. 1261o/2). Uma
posse adquirida com violência mas mantida paci camente é violenta.
A violência pode dizer respeito à pessoa ou património do possuidor ou de terceiros (art. 255o/2). Quanto à violência
sobre o titular do direito, basta que haja uma perturbação do elemento volitivo (ameaça). Quanto à violência sobre o
património:
JAV – violência contra a coisa em que termos? Apenas nos termos em que é instrumental à coação da pessoa. Por
exemplo, se um terceiro usa explosivos no prédio para atemorizar o possuidor, forçando a sua saída, a posse é violenta;
se o possuidor está fora e não pode ser assustado pelo recurso a esses meios, já não o será.
ML – a violência pode ser exercida contra coisas ou contra pessoas mas não se confunde com a ilicitude na sua
aquisição.
A posse pací ca é aquela que foi adquirida sem violência (art. 1261o/1). Uma posse adquirida sem violência é pací ca
para sempre, ainda que seja depois mantida com violência.
Regime:
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CÓDIGO REGISTO PREDIAL
LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
- O possuidor que for esbulhado com violência pode interpor um procedimento cautelar de restituição provisória da
posse contra o esbulhador (art. 1279o);
- A posse adquirida com violência é tida como posse de má fé, sem possibilidade de prova em contrário (art. 1260o/3);
- O prazo de um ano para a perda da posse previsto no art. 1267o/1 d) não se inicia enquanto a violência não cessar
(art. 1267o/2);
- Enquanto durar a violência, a posse não é boa para a usucapião. Mas isto não signi ca que a posse violenta exclua a
usucapião. Uma posse adquirida com violência pode servir de base à usucapião, contando que o possuidor possua a
coisa paci camente por todo o prazo legal de usucapião; mas enquanto durar a violência, o prazo para a usucapião
não corre.
- A posse violenta não pode ser registada (art. 1295o/2
Artigo 65
Oculta vs Pública
1 - Esta classi cação encontra-se no art. 1262o, o qual, contudo, apenas de ne a posse pública. A posse oculta, ao invés,
é a que não é pública.
Segundo o art. 1262o, “posse pública é a que se exerce de modo a poder ser conhecida dos interessados”. Esta
classi cação afere-se então ao modo como é exercida a aquisição da posse. A posse é pública quando possa ser
conhecida dos interessados:
Conta somente a cognoscibilidade – a posse poder ser conhecida, i.e., a posse é pública mesmo que os interessados não
a conheçam, desde que a possam conhecer. Ex: a circunstância de o possuidor não se encontrar junto da coisa, porque
mora noutro local e, por isso, não car a conhecer a nova posse de outrem, não afasta o caráter público dessa posse.
A cognoscibilidade resulta de uma possibilidade efetiva de conhecimento a partir de um comportamento normalmente
diligente em relação à coisa. Parte-se daquilo que se entende ser a atuação de um possuidor medianamente diligente em
relação à sua coisa e veri ca-se se o possuidor em questão, agindo dessa forma, conheceria ou não a nova posse de
outrem.
A publicidade da posse não advém do conhecimento de toda a gente, mas apenas dos interessados:
- Todos aqueles que tiverem posse sobre a coisa
- Os titulares de direitos reais de gozo que não sejam possuidores, seja porque nunca adquiriram a posse ou porque a
perderam entretanto. A caracterização da posse oculta levanta alguns problemas, nomeadamente quanto à sua
admissibilidade: na verdade, a posse supõe um controlo material da coisa pelo seu possuidor (corpus); aquele que, às
escondidas, sem os interessados saberem, leva o gado a beber no ribeiro do vizinho, não domina materialmente a
coisa (não tem corpus) e, logo, não tem posse.
Assim, nos casos em que o caráter oculto da atuação corresponde verdadeiramente à ausência de corpus, não há posse a
considerar;
Há, contudo, casos em que o caráter oculto da atuação aparece associado ao controlo material da coisa – ex: A apropria-
se secretamente da carteira de B; C furta o automóvel de D e leva-o para um local escondido. Nestes casos, há posse,
mas ela é oculta, porquanto o possuidor interessado, tendo embora perdido o controlo material da coisa, não sabe nem
pode saber quem a tem em seu poder (art. 1262o).
Diferenças de regime entre posse pública e posse oculta:
- Quando a posse é tomada ocultamente, o prazo de 1 ano para a perda da posse do possuidor esbulhado (art. 1267o/1
d)) só começa a contar quando a posse oculta se torne conhecida deste último (art. 1267o/2);
- O prazo para o possuidor intentar as ações correspondentes apenas se inicia após o conhecimento do esbulho (art.
1282o, parte nal);
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
- A posse oculta não pode ser registada (art. 1295o/2) e não permite a contagem do prazo para a usucapião (art. 1297o
e 1300o/1); tornando-se pública a posse que era oculta, o prazo para a usucapião começa imediatamente a contar;
- A posse pública é melhor que a posse oculta e prevalece sobre esta em caso de con ito;
- O possuidor só pode obter o título judicial para registo da posse desde que tenha possuído pública e paci camente
por tempo não inferior a 5 anos (art. 1295o/2
Título XII
Factos constitutivos da poss
Artigo 66
Apossamento
1 - Segundo o art. 1263o/a), seriam necessários três requisitos para haver apossamento:
a) Uma prática de atos materiais;
b) Reiteração da prática dos atos materiais;
c) Publicidade dos atos materiai
O apossamento constitui a tomada do controlo material da coisa e concretiza-se através dos atos físicos necessários à
sua apreensão. Como o que está em causa é a investidura do corpus possessório de alguém que não tinha ainda a coisa
consigo, o agente tem de atuar de molde a tê-la em seu poder.
O controlo material não tem de ser exclusivo, no sentido de privar outras pessoas do controlo material que também
tenham sobre a coisa; um apossamento nos termos da propriedade pode coexistir com o controlo material que outros
possuidores nos termos do mesmo direito real, em situações de comunhão, ou de direitos reais menores, exerçam
igualmente sobre a coisa. Ex: se o proprietário de um prédio inicia a sua passagem sistemática pelo prédio vizinho e o
possuidor deste nada faz para o impedir, consumando-se o apossamento a certa altura com o controlo material da área
utilizada, a posse nos termos da servidão predial de passagem não afasta a posse exercida relativamente à propriedade
no prédio serviente.
O apossamento pode ocorrer nos termos de qualquer direito real de gozo, e não apenas quanto à propriedade. Ex: A
vende o usufruto do prédio x a B, mas recusa-se injusti cadamente a fazer a entrega da coisa ao usufrutuário; B instala-
se então no prédio contra a vontade de A, para iniciar o exercício do seu direito; aferindo a sua atuação ao título
(compra e venda), B concretiza um apossamento nos termos de um usufruto e a sua posse coexistirá com a do
proprietário.
Relativamente à situação de terceiros, importa considerar a posição dos possuidores cujo corpus é afetado pelo
apossamento de outrem: o apossamento só se concretiza com a quebra do corpus de possuidor anterior. Mas note-se que
o apossamento pode quebrar apenas o corpus de uma das posses, justamente aquela cujo exercício é incompatível com o
direito exteriorizado pelo novo possuidor, respeitando as outra
OA critica a formulação do art. 1263o/a), na medida em que ele induz falsamente a necessidade de uma repetição da
atuação material, quando o que está em causa é somente a tomada do controlo material da coisa, que se pode consumar
num único ato.
O controlo material da coisa pode advir somente de um conjunto de atos repetidos – ex: o proprietário que leva o seu
rebanho a pastar uma vez no prédio do vizinho, não tem certamente o controlo material sobre ele, de modo a poder-se
falar de uma posse nos termos de uma servidão predial de pasto; no entanto, a continuação da prática de atos desse tipo
pode induzir um controlo material do imóvel para o exercício da servidão.
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Existem outras situações em que basta um único ato ou um número muito limitado de atos não repetidos para consumar
a apropriação física da coisa e a tomada de controlo material sobre ela – ex: o carteirista que furta a carteira a um
passageiro.
Decisivo será então a intensidade da atuação sobre a coisa para consumar o controlo dela, e não a repetição da atuação
material.
Note-se ainda que o controlo material sobre a coisa requer que o possuidor esteja em condições (abstratamente) de atuar
duradouramente sobre a coisa, ou seja, de a conservar debaixo do seu poder
A lei portuguesa admite a posse oculta, que não é uma posse exercida com publicidade – como compatibilizar assim a
previsão da posse oculta como verdadeira posse com o requisito de publicidade dos atos materiais do apossamento?
Resposta – pretende-se negar a posse àqueles que praticam atos materiais de aproveitamento da coisa às escondidas do
possuidor, sem que, contudo, afastem este do controlo material. O caráter oculto da atuação equivale aqui à ausência de
um controlo material, portanto, do corpus e, logo, da própria posse.
Em todo o caso, o caráter oculto da atuação material do agente não obsta à constituição de uma posse a favor deste, por
apossamento, sempre que este envolva a tomada do controlo material da coisa.
A consequência da redução deste requisito à existência de corpus possessório é o esvaziamento deste requisito. Se
houver corpus possessório, este requisito já estará preenchido.
O animus ou vontade de ter posse tem sido mencionado como requisito do apossamento. Em Portugal:
- MANUEL RODRIGUES veio defender que o ato de investidura da posse há de conter um elemento que estabeleça a
relação material da posse com a coisa, e há de conter um elemento espiritual que signi que a intenção de exercer um
direito no próprio interesse – teria de haver corpus e animus (aqui entendido como vontade de ter a coisa como
possuidor).
- PL/AV – seguiram o mesmo trilho. A al. a) do art. 1263o valerá assim como um complemento ou uma con rmação
do conceito de posse expresso no art. 1251o. O disposto no art. 1266o con rmaria que o animus é um elemento
essencial para a aquisição da posse:
- JAV discorda – sustentando os autores subjetivistas que a vontade requerida não é uma vontade jurídico-negocial,
mas uma vontade naturalística, evidenciam com isto que, a nal, a vontade não é necessária ao apossamento. Se a
vontade não é negocial, mas naturalística, não pode ser substituída por esquemas jurídicos (pois aí estar-se-ia a
manifestar uma intenção que não é a do bebé, por exemplo) e, assim, um bebé não pode adquirir a posse. A vontade
aqui relevante é uma vontade negocial, é a vontade declarada.
JAV e MC– o CC omite qualquer referência à intenção no art.1263/a), o que não surpreende, uma vez que o CC é na
estruturação do regime da posse profundamente objetivista: tal como o animus não é elemento constitutivo da posse, ele
não é necessário no apossamento. Basta, então, a apreensão da coisa que induza o controlo material sobre ela para que o
apossamento esteja consumado e a posse se constitua, se não se veri car nenhum dos casos previstos no art. 1253o, e
isto seja qual for a vontade que o agente tenha e ainda que não tenha vontade nenhuma de possuir.
O apossamento pode ainda ter lugar através da atuação de alguém que atue por conta do adquirente da posse. Assim, se
por exemplo, os trabalhadores de uma empresa efetivam o controlo material de uma coisa por conta daquela, é a
empresa e não os trabalhadores quem adquire a posse por apossamento. Trata-se de uma aplicação da regra que dispõe
que a posse pode ser exercida através de outrem (art. 1252o/1).
Nesta ordem de ideias, o apossamento pode ser levado a cabo por uma pessoa coletiva, que adquire a posse
originariamente nos mesmos termos de uma pessoa singula
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Artigo 67
Inversão do título da poss
1 - 1265 - A inversão do título da posse não é um facto aquisitivo do direito real, mas simplesmente da posse: provoca a
aquisição da posse relativa ao direito a que o detentor passa a referir a sua atuação sobre a coisa. Há uma oposição à
posse existente, pelo que é um facto aquisitivo; não há nenhuma transmissão
A inversão do título da posse opera sempre por um detentor (alguém que tem o corpus possessório – art. 1253o);
distingue-se, assim, do apossamento, que supõe uma inexistência prévia do corpus possessório.
O art. 1265o dispõe que a inversão do título da posse apenas ocorre perante a veri cação de dois factos:
- A oposição do detentor contra aquele em cujo nome possuía – o detentor pratica atos que contradizem a situação de
estar a possuir em nome alheio, opondo-se assim à posse daquele em cujo nome possuía (exteriorizando um
comportamento: material, jurídico, ambos)
- A oposição pode ser material, jurídica, ou revestir as duas formas: o detentor que paga a contribuição autárquica
no lugar do possuidor ou que recebe a renda do arrendatário no lugar daquele pratica atos jurídicos de oposição ao
possuidor; todavia, o detentor que constrói um muro à volta da casa para impedir a entrada do possuidor age
materialmente.
- A oposição pode ser judicial ou extrajudicial.
- O comportamento de oposição deve ser exteriormente reconhecível pelo possuidor quando a oposição não lhe é
comunicada e signi car, inequivocamente, a a rmação de um direito próprio pelo detentor, diverso do até aí
exteriorizado por ele.
- Veri cação de um ato de terceiro capaz de transmitir a posse – o detentor adquire um título distinto para a sua
situação possessória, diferente daquele pelo qual possuía em nome alheio. o O ato de terceiro consiste num negócio
jurídico, unilateral (testamento) ou multilateral (contrato – JAV):
- Este negócio jurídico deve ter, em abstrato, e cácia real para fundar a constituição ou transmissão do direito real
em causa a favor do detentor – tem de ter idoneidade para fundar uma posse nos termos de um direito real próprio
(podendo mesmo ser nulo).
- O negócio jurídico tem de fundamentar a exteriorização de um direito próprio pelo até aí detentor.
Ocorre, nesta segunda modalidade de inversão do título de posse, a incidência de um novo título, que é constituído
pelo negócio jurídico que bene cia o detentor.
Exemplos:
(a) A, super ciário do prédio X, cujo direito foi constituído por compra ao proprietário B, bene cia de deixa
testamentária de C, que lhe lega a propriedade do prédio;
(b) C, comodatário de D, alegadamente proprietário do prédio Y, celebra com E um contrato de compra e venda da
propriedade.
Nestes exemplos, os detentores nos termos da propriedade bene ciam de negócios jurídicos aquisitivos do direito
de propriedade e vão atuar sobre a coisa nos termos deste direito. Por isso, o art. 1265o determina a mudança do
estatuto jurídico-possessório; o até aí detentor adquire a posse relativa ao direito agora exteriorizado, ou seja, a
propriedad
Título XIII
Factos transitivos da poss
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Artigo 68
Tradição material da coisa
1 - A tradição requer a passagem do controlo material sobre a coisa corpórea para o novo possuidor, o que é feito
através do ato de entrega: o art. 1263o/b) menciona apenas a tradição, distinguindo:
a) Tradição material – respeita à entrega da coisa mão a mão, possível unicamente no que respeita a coisas móveis
b) Tradição simbólica – abrange todas as formas pelas quais o possuidor renuncia voluntariamente ao seu senhorio
sobre a coisa, colocando-a à disposição do adquirente. E isso tanto pode ser através da entrega de outra coisa que
represente a coisa cuja posse se transfere, as chaves ou os documentos, como deixando livre a coisa para o
adquirente apreender.
Também a traditio brevi manu se deve considerar compreendida na al. b) do art. 1263o, ocorrendo sempre que o
detentor adquire do possuidor o direito nos termos do qual detinha a coisa.
Distingue-se da inversão do título da posse, na medida em que na traditio brevi mani existe um acordo entre as partes e
na inversão do título da posse existe uma oposição
Contrariamente ao que se passa relativamente à constituição ou transmissão do direito real, que dependem da validade
do facto aquisitivo respetivo, a transmissão da posse por tradição não vem a ser afetada pela invalidade do negócio
jurídico que lhe serviu de causa, se o houver (a única consequência será que a posse será formal).
2. Constituto possessório
Representa, de certo modo, o oposto da traditio brevi manu. Enquanto naquela o detentor se torna possuidor pela prática
de um facto aquisitivo do direito real, no constituto possessório o possuidor passa a detentor, continuando embora a ter
a coisa consigo. Por exemplo, quando o proprietário vende a coisa, mas celebra simultaneamente com o comprador um
arrendamento, um comodato, um depósito; ou doa a propriedade e reserva para si o usufruto no contrato de doação.
O constituto possessório integra uma transmissão da posse por simples consenso, assemelhando-se em matéria de posse
ao princípio da consensualidade no que toca à constituição e transmissão de direitos reais.
Tudo indica que o constituto possessório seja uma espécie de traditio simbólica, sujeita embora ao regime especí co do
art. 1264o. Este preceito estabelece três requisitos para o constituto possessório:
(1) Um negócio jurídico de transmissão de um direito real de gozo – a transmissão da posse acompanha a transmissão
do direito a ela relativo.
(2) Que o transmitente do direito real seja possuidor – se o transmitente do direito real não é possuidor, não pode
transmitir uma posse que não tem; neste caso, não ocorre o efeito do constituto possessório.
(3) Uma causa jurídica para a detenção da coisa – é esta causa que justi ca legalmente que, sem entrega da coisa, o
adquirente do direito real se torne possuidor dela e aquele que a tem em seu poder veja a sua posição
descaracterizada para mera detenção
Artigo 69
Sucessão na poss
1 - Prevista no art. 1255o, designa um fenómeno diferente da transmissão. Esta implica a deslocação do direito do
transmitente para o transmissário como efeito de um contrato jurídico translativo. Justamente porque a transmissão de
uma situação jurídica provém da e cácia de um contrato, é preciso contar com a incidência desse facto na posição
jurídica do adquirente transmissário.
A transmissão tem implícita uma ideia de movimento da situação jurídica, da esfera jurídica do transmitente para a do
transmissário. Diversamente, na sucessão, a situação jurídica permanece estática, e é o sucessor que entra na posição
jurídica do sucedido.
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
A aquisição da posse por sucessão não carece de uma apreensão material da coisa. Uma vez que a posse continua nos
sucessores, sendo a mesma posse do de cuiús, a apreensão material é desnecessária, por já ter sido consumada
anteriormente
Título XIII
Factos extintivos da poss
Os casos de extinção da posse retratam situações nas quais, por qualquer razão, o corpus possessório foi perdido ou a lei
interveio, dispondo a extinção da posse:
a) Assentando no corpus, a posse extingue-se quando o possuidor, por sua vontade ou sem ela, deixa de ter esse
controlo material. Assim como a obtenção do senhorio e domínio da coisa atribuem a posse, mesmo que a esta não
corresponda qualquer direito, a perda do poder de facto conduz à sua extinção.
b) A lei pode intervir fazendo extinguir a posse. Se uma coisa na posse de alguém é colocada legalmente no domínio
público do Estado, cando fora do comércio, a posse cessou
Artigo 70
Abandon
1 - O abandono consiste na perda voluntária do corpus possessório pelo possuidor: este quebra o controlo material que
tinha sobre a coisa, deixando de o exercer por opção própria. Consequentemente, a posse extingue-se (art. 1267o/1 a)).
MC, fazendo o paralelo entre o abandono e o apossamento, defende ser necessário que o primeiro deva ter um mínimo
de publicidade, de modo a poder ser conhecido pelos interessados.
JAV discorda. Nada na lei impõe a publicidade do abandono, nem isso se adequa à generalidade das situações.
Se alguém quer deitar no lixo um televisor velho ou um livro usado, não tem de o evidenciar a ninguém; e se o televisor
ou o livro forem levados pelos serviços de limpeza a posse extingue-se por abandono, atendendo à perda do corpus,
mesmo que mais ninguém saiba.
O abandono só extingue a posse havendo perda do corpus. Não basta um íntimo e escondido desejo de abandono do
possuidor para que a posse se extinga. A pura intenção (animus) de não possuir é juridicamente irrelevante se o controlo
material da coisa permanecer inalterado – tem de haver uma quebra efetiva do domínio fático da coisa, traduzida na
impossibilidade de voltar a ter domínio sobre a coisa.
Assim, o proprietário do veículo que o deixa na via pública sem querer saber dele, mas que conserva as chaves
consigo, podendo a todo o tempo retomar a atuação sobre a coisa, mantém a sua posse (art. 1257o/1). Perde-a, no
entanto, se deixa o veículo num depósito de ferro velho para que o comerciante faça o que quiser
Artigo 71
Perda da cois
1 - A perda da coisa, por contraposição ao abandono, existe quando, involuntariamente, o possuidor deixa de estar no
controlo material dela, sem que tal se deva a um ato de terceiro.
Como salienta MENEZES CORDEIRO, a perda da posse só implica a extinção da posse quando o possuidor estiver
impossibilitado de encontrar a coisa. Só nessa hipótese ocorre a quebra do corpus em que a posse assenta
Artigo 72
Destruição material da cois
1 - A posse tem por objeto uma coisa corpórea. Se, por força de facto humano ou da natureza, a coisa é integralmente
destruída, desaparecendo enquanto tal, a posse extingue-se.
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
A destruição material da coisa que determina a extinção da posse é a destruição total. A destruição parcial deixa
subsistir a posse na parte restant
Artigo 73
Colocação da coisa fora do comérci
1 - A apropriação jurídico-privada de coisas corpóreas só é legalmente possível relativamente a coisas no comércio (art.
202o/2). Se uma coisa é posta legalmente no domínio público, extingue-se a posse que sobre ela incid
Artigo 74
Esbulh
1 - Consiste na privação da coisa por ato de terceiro contra a vontade do possuidor. O esbulhador toma o controlo
material da coisa, afastando o controlo do possuidor. A partir desse momento, cessa o domínio ou o senhorio da coisa
em que repousava a posse do possuidor, deixando este de poder atuar sobre a coisa segundo a sua vontade. O corpus
ca assim destruído, e a posse cessa.
As formas típicas de esbulho são o apossamento (quando a coisa esteja na posse de outrem e lhe seja retirada contra a
sua vontade) e a inversão do título da posse pelo detentor da coisa.
A lei, porém, não prevê a extinção da posse no momento em que o esbulho ca consumado. O possuidor esbulhado só
perde a posse um ano após o esbulho (art. 1267o/1 d)). Durante esse ano, o esbulhado permanece possuidor, coexistindo
a sua posse com a nova posse do esbulhador, adquirida pelo apossamento ou pela inversão do título da posse.
A permanência de uma posse sem corpus durante o período de um ano arrasta consigo alguns problemas de construção
dogmática:
1. Ideia de posse privada de objeto – o possuidor esbulhado não tem a coisa consigo, nem é possível dizer que o
esbulhador o representa na posse, possuindo em seu nome, porquanto é evidente que o esbulhador a rma uma posse
em nome próprio, em oposição à posse do esbulhado, independentemente da titularidade do direito a que essa posse
se refere e da consciência que ele possa ter acerca da violação do direito do possuidor esbulhado. Uma teoria que
veja na posse uma situação de facto não consegue explicar como a mesma subsiste se o possuidor não tem a coisa
consigo, tendo sido desapossado. Desaparecido o pressuposto de facto da posse, esta não pode subsistir. Esta
objeção, contudo, não pode ser levantada se a posse for regulada como uma situação jurídica (direito subjetivo). A
situação jurídica pode subsistir na titularidade de alguém mesmo após a sua violação. Este argumento, porém,
levado demasiado longe, corre o risco de esvaziar a posse do seu signi cado social: a posse liga-se ao senhorio
sobre uma coisa. A razão para a subsistência de uma posse despida do corpus possessório é de ordem prática: ao
possuidor deve ser dada a possibilidade de reagir judicialmente contra o esbulhador.
Tradicionalmente, essa reação processa-se através das ações possessórias. A m de garantir a defesa
possessória contra o esbulho, a lei xa um prazo de um ano para a interposição da ação respetiva (art. 1284o). O prazo
constante do art. 1267o/1 d) deve, deste modo, ser articulado com a defesa possessória. A posse jurídica que permanece
não obstante o esbulho assegura ao possuidor a possibilidade da sua defesa.
2. Possibilidade de, sobre a mesma coisa, existirem duas posses nos termos do mesmo direito – não podem existir duas
propriedades singulares ou dois usufrutos singulares sobre a mesma coisa; como explicar então que duas posses
atinentes ao mesmo direito coexistam simultaneamente?
A explicação reside no caráter relativo da posse: na verdade, na relação entre o esbulhador e o esbulhado apenas um
deles é o possuidor; e será aquele que tiver melhor posse, de acordo com o disposto no art. 1268o/2 e 3, se nenhum
deles zer prova do seu direito (art. 1268o/1).
Na relação do esbulhador com terceiros, porém, aquele é possuidor, bene ciando da tutela geral da posse
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Artigo 75
Efeitos da posse: presunção de titularidade do direito rea
1 - A doutrina que quali ca a posse como um mero facto a rma maioritariamente que se trata de um facto ao qual o
Direito associa consequências jurídicas, falando, por conseguinte, em efeitos da posse.
Quem, como JAV, veja na posse um direito e não um mero facto, menciona o conteúdo do direito. Seja como for, isso
não signi ca que da possa não decorram igualmente efeitos jurídicos que não fazem parte do conteúdo desse direito.
O principal efeito da posse vem previsto no art. 1268o/1: a posse faz presumir a titularidade do direito a que essa posse
se reporta. Quem tem posse como proprietário presume-se proprietário; quem tem posse como super ciário presume-se
super ciário e assim sucessivamente.
A presunção de titularidade do direito prende-se diretamente com a função de publicidade a que a posse se encontra
associada
Título XIII
Meios de defesa da poss
1 - O Direito providencia ao possuidor meios de defesa da sua posse. Genericamente, esses meios podem ser
extrajudiciais ou judiciais.
As ações possessórias são típicas, isto é, apenas existem aquelas que a lei prevê: atualmente, o CC consagra:
Três ações possessórias: ação de prevenção (art. 1276o), ação de manutenção da posse (art. 1278o) e ação de restituição
da posse (art. 1278o); Um procedimento cautelar – restituição provisória da posse (art. 1279o); A estes meios de defesa
da posse há que juntar os embargos de terceiro (art. 1285o) – não são uma ação possessória propriamente dita, mas são
um meio judicial de defesa da posse em processo de execução.
Fundamento da tutela possessória:
A tutela possessória pressupõe, obviamente, a posse. Só o possuidor pode defender a posse com recurso às ações
possessórias, não o detentor. Assim, todas as ações possessórias têm em comum o facto de o fundamento da ação ser a
posse do autor.
A demonstração da posse não constitui simples matéria de facto. Veri car a existência do controlo material da coisa é
matéria de facto; contudo, saber se existe ou não posse é estritamente matéria de Direito. A posse não é uma mera
situação de facto, é um direito que resulta da interpretação/aplicação de normas jurídicas
Artigo 76
Restituição provisória da posse
1 - O art. 1279o dispõe que “sem prejuízo do disposto nos arts. anteriores, o possuidor que for esbulhado com violência
tem o direito a ser restituído provisoriamente à sua posse, sem audiência do esbulhador”.
Este preceito xa, assim, três requisitos:
(a)Existência de uma posse;
(b)Ato de esbulho da coisa;
(c)Violência no esbulho – não é qualquer esbulho que fundamenta a restituição provisória da posse nos termos do art.
1279o, mas sim um esbulho violento. A violência é de considerar de acordo com o disposto no art. 1261o/2: o esbulho é
violento sempre que o esbulhador empregue coação física ou psicológica sobre o possuidor para obter a coisa.
O art. 1279o consagra uma solução excecional do ponto de vista do Direito Processual Civil – se for feita a prova da
posse, do esbulho e da violência, o possuidor esbulhado obtém a condenação judicial do esbulhador à restituição da
coisa sem este ser ouvido no processo, ou seja, sem contraditório.
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
O sacrifício do princípio do contraditório encontra a sua justi cação na reação à violência: sendo esta intolerável para a
OJ, o esbulhador não é admitido sequer a pronunciar-se sobre a pretensão do esbulhado e é condenado a devolver-lhe a
coisa antes de poder intervir processualmente.
A restituição provisória da posse tem a sua regulação processual como procedimento cautelar nos arts. 393o a 395o
CPC.
Como se disse, a posse tem de ser demonstrada pelo autor do procedimento cautelar – o possuidor esbulhado. Contudo,
a prova de facto limita-se à existência de corpus possessório. A posse como situação jurídica resulta de uma
interpretação/aplicação do Direito a essa situação de facto, a fazer pelo jui
Artigo 76 - A
Ação de prevençã
1 - Vem prevista no art. 1276o que dispõe que “se o possuidor tiver justo receio de ser perturbado ou esbulhado por
outrem, será o autor da ameaça, a requerimento do ameaçado, intimado para se abster de fazer agravo, sob pena de
multa e responsabilidade pelo prejuízo que causar”.
A ação de prevenção destina-se a prevenir a prática de atos de turbação ou esbulho de terceiro, sejam eles judiciais ou
extrajudiciais e, neste último caso, materiais ou jurídicos. O terceiro em causa pode ser qualquer um, pessoa singular ou
coletiva, de direito privado ou público, etc.
Uma vez que esta ação requer que não tenha havido ainda perturbação na posse da coisa, o seu escopo é unicamente
evitar que esta perturbação venha a ter lugar, obtendo-se a condenação judicial do autor da ameaça a abster-se de
concretizar atos de turbação ou esbulho sobre a coisa.
Para além de demonstrar a posse, o possuidor terá ainda de provar o “justo receio de ser perturbado ou esbulhado”: não
basta o simples receio. O possuidor terá de fazer prova de indícios que sustentem a convicção do julgador de que a
violação da posse se a gura como uma possibilidade real (“justo receio”).
Na ação de prevenção, o tribunal não pode condenar o autor da ameaça em multa ou indemnização por violação da
posse, porquanto a violação da posse não teve ainda lugar
Artigo 76 - B
Ação de manutençã
1 - Vem prevista no art. 1278o/1, que dispõe que “no caso de recorrer ao tribunal, o possuidor perturbado será mantido
enquanto não for convencido na questão da titularidade do direito”. Diferentemente da ação de prevenção, a ação de
manutenção supõe que um terceiro concretizou uma ação de violação da posse, através da prática de atos de turbação,
que são todos os atos materiais que não impliquem o esbulho, isto é, o desapossamento efetivo da coisa.
Assim, se A coloca caixotes de mercadoria na garagem do vizinho B para aproveitar o espaço deste, sem afastar o
controlo material do último sobre a coisa, está a levar a cabo atos de turbação. A reação adequada de B contra o terceiro
consiste na ação de manutenção, uma vez que não foi consumado o esbulho.
Na ação de manutenção, ao contrário de na ação de prevenção, não se está mais perante uma perspetiva abstrata de
violação da posse, de uma possibilidade de isso acontecer, pressupondo-se antes que o terceiro perpetrou já atos
materiais sobre a coisa que perturbam o gozo dela pelo possuidor.
A diferença entre a ação de manutenção e a ação de restituição está em que a primeira pressupõe que o possuidor
mantém a coisa consigo, não tendo sido consumado o desapossamento. A reação contra uma tentativa falhada de
esbulho deve ser feita através da ação de manutenção e não por via da ação de restituição
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Artigo 76 - D
Ação de restituiçã
1 - Encontra-se igualmente prevista no art. 1278o/1, que estabelece que “no caso de recorrer ao tribunal, o possuidor
esbulhado será restituído enquanto não for convencido na questão da titularidade do direito”.
Esta tem lugar quando o possuidor foi privado da coisa pelo esbulho. Neste caso, o corpus possessório é destruído pela
intervenção de um terceiro, que concretiza um desapossamento da coisa, retirando-a da esfera de poder do possuidor
Artigo 77
Legitimidade ativa para as ações possessórias
1 - A legitimidade ativa vem regulada no art. 1281o, o qual, contudo, apenas menciona as ações de manutenção e de
restituição, omitindo a referência às ações de prevenção.
JAV – seja como for, a gura-se claro que a legitimidade ativa para a ação de prevenção pertence ao possuidor
ameaçado. Se este entretanto morre, os seus herdeiros têm igualmente legitimidade para a interposição desta ação.
Quanto à legitimidade ativa para a ação de manutenção, dispõe o art. 1281o/1 que esta pode ser intentada pelo
perturbado ou pelos seus herdeiros.
Nas ações de restituição, o art. 1281o/2 mantém a regra do no 1: pode ser intentada pelo esbulhado ou pelos seus
herdeiros.
Assim, conclui-se que a regra geral no que toca à legitimidade ativa nas ações possessórias é que essa cabe ao
possuidor. É a solução natural e conforme ao conteúdo jurídico do direito posse. o poder defender a posse é um poder
integrado na situação jurídica (direito subjetivo) posse. Ao titular deste direito cabe exercê-l
Artigo 78
Legitimidade passiva para as ações possessória
1 - Surge regulada unicamente por referência às ações de manutenção e de restituição. Não restam dúvidas, todavia, de
que a ação de prevenção só pode ser intentada contra o autor das ameaças. Uma vez que ainda não há violação da posse,
não faz sentido considerar a legitimidade passiva para uma ação de indemnização no caso daquele falecer entretanto.
Quanto às ações de manutenção, a legitimidade passiva, de acordo com o art. 1281o/1, cabe ao perturbador. Falecendo o
perturbador, o possuidor pode intentar uma ação de indemnização contra os herdeiros, mas não uma ação de
manutenção da posse. Isso explica-se pelo facto de não terem sido os herdeiros a praticar os atos de turbação e,
consequentemente, uma ação de manutenção não ter quanto a eles qualquer sentido útil
Artigo 79
CriLegitimidade passiva para a ação de restituição da poss
1 - O art. 1281o/1 dispõe que a ação de restituição pode ser interposta contra o esbulhador. Caso o esbulhador haja
falecido e a coisa esteja com os seus herdeiros, a ação de restituição pode igualmente ser intentada contra estes.
Pode acontecer, porém, que o esbulhador transmita a coisa a terceiro. Pergunta-se, nesse caso, se a ação de restituição
pode ser movida contra ele.
A parte nal do art. 1281o/2 distingue entre o terceiro de boa fé e o terceiro de má fé (aquele que “esteja na posse da
coisa e tenha conhecimento do esbulho”). Quanto a este último, admite-se que o possuidor esbulhado possa fazer valer a
sua posse numa ação de restituição.
Estando o terceiro de boa fé (subjetiva ética), a posse não lhe é oponível. Não se trata, contudo, de um problema de
legitimidade passiva para a ação de restituição, mas simplesmente de inoponibilidade de um direito (a posse) contra
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
terceiro. A ação de restituição, se movida contra terceiro de boa fé, será improcedente, por falta de oponibilidade do
terceiro.
JAV: a inoponibilidade da posse a terceiro de boa fé foi introduzida pelo novo CC, por in uência do Codice
Civil italiano. Trata-se de uma solução di cilmente justi cável num sistema que não positivou a regra “posse vale
título
Artigo 80
Exceptio domini
1 - Na ação de restituição ou de manutenção o réu pode defender-se contra o pedido do autor invocando ser o
proprietário da coisa – exceptio dominii. Esta defesa respeita a qualquer direito real de gozo e não somente à
propriedade.
Com esta exceptio, a discussão no processo deixa de se con nar à questão possessória, passando a envolver o direito de
fundo sobre a coisa. A razão para a admissão da discussão sobre o direito real é de economia processual.
Se a titularidade do direito real do réu vem a ser provada na ação possessória de manutenção ou restituição, esta deve
ser decidida de acordo com a hierarquização entre a posse e o direito real em causa. É neste momento que a
provisoriedade da atribuição possessória se manifesta e o possuidor vê a sua posição ceder perante o titular do direito
real de gozo
Título XIII
Limites negativos do usufrut
Artigo 81
Mort
1 - Quando o pai trespassa o usufruto ao lho mas este morre. Volta para ele
Temos que ver o que queria a pessoa que transmitiu
Tem que se evitar que o usufruto possa ser passado para que as pessoas não passassem antes de morrer
O trespasse de usufruto a terceiro é possível nos termos do 1444º CC. Se B transmite o seu usufruto vitalício a C por
trespasse e C morre, continuando o B vivo, o usufruto não volta para B porque este não o quis. O usufruto não cessa
pela morte de C pois este foi constituído tendo em conta a vida de B e não a de C, tendo C a expetativa jurídica de
depois da sua morte o seu usufruto passar para os herdeiros de C até à morte de B, nos termos da alínea a) do 1476º nº1
CC
Artigo 82
Limite
1 - O usufruto tem limites negativos
Não pode alterar a coisa nem a substancia - 143
Nem a destinação económica - 1446
O usufruto está limitado, legalmente, pela proibição de alteração da forma ou substância da coisa e pelo destino
económico desta. O problema coloca-se na forma como se articula a forma e substância da coisa, prevista no art. 1439o,
com outros limites como o destino económico da coisa (art. 1446o e 1450o/1)
Preservação da sustância: o usufruto não pode incidir sobre coisas consumíveis, ou, no meso sentido, o usufrutuário
encontra-se obrigado a preservar a integridade da coisa, não a destruindo ou deteriorando de qualquer modo
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Artigo 83
Doutrina nos limite
1-
JAV: m económico e forma ou substância é, no direito português, a mesma coisa
Problema: o art. 1445o dispõe acerca da supletividade dos arts. 1446o a 1467o o que suscita muitas questões
acerca da supletividade ou imperatividade do limite destino económico. JAV relembra que este capítulo não contém só
normas supletivas, razão pela qual parte do problema parece estar já ultrapassado
Assim, os arts. 1446 e 1450o/1 apenas reiteram os limites negativos que já constam do art. 1439o
O art. 1446o sujeita o uso, a fruição e a administração a um critério de diligência, que corresponde ao critério
do bom pai de família – somente este é supletivo e não o respeito pelo destino económico, devendo esse ser respeitado,
porquanto este é um elemento do tipo legal de usufruto
Art. 1450o - porque menciona a forma e substância: tem que ver, entende JAV, com o tipo de poder envolvido.
Está em causa o poder de transformação e é este que pode justamente pôr em causa a substância da coisa – o mesmo já
não acontece com o uso, fruição e administração
O destino económico afere-se à data da constituição do usufruto. O usufrutuário que recebe o usufruto deve
conformar-se com o estado económico atual da coisa, que o proprietário de niu e que existia no momento da
constituição do usufruto
Conclusão: Admite apenas como limite principal o respeito pelo destino económico da coisa, uma vez que o
respeito pela forma e substância é di cilmente conciliável com o poder de transformação do usufrutuário. Não obstante,
o limite pelo destino económico pode ser ultrapassado por acordo entre as parte
OA: exigência mais genérica é a do art. 1439o, que faz parte do próprio tipo do usufruto, enquanto a do art. 1446o é
disposição supletiva e pode ser afastada
ML: é a proibição de alteração de forma e substância que faz parte do tipo legal do usufruto, sendo o respeito pelo seu
destino económico uma disposição supletiva, cuja observância não se a gura essencial. Desde que possível, seja, a
reversibilidade no momento da extinção
MC: art. 1439o é de nição legal e não tem natureza imperativa, pelo que o usufruto não está vinculado a respeitar a
forma e substância mas sim o destino económico da coisa
Artigo 85
Diferença de substancia e destino económico
1 - Em termos históricos e no direito comparado, o que está em causa é o destino económico
Assistente - forma e substancia é o mesmo que destino económico. Uma interpretação contrária restringiria muito o
usufruto
Pode alterar o destino mas desde que seja reversível. Baseia-se no 144
Há várias posições: dois supletivos; ou qualquer um pode ser
Usufruto – injuntividade dos limite
Destino económico como requisito supletivo (OA & ML) – pode ser afastada por parte
Está integrada em disposições supletivas (1446º) - 1445º xa supletividad
Parte injuntiva é limite da forma e substância - faz parte do tipo lega
Destino económico como injuntivo (MC
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
MC – art. 1439º é de nição legal, não vinculando, sendo só o destino económico da coisa que vincul
JAV – destino económico é concretização, sendo igual à forma da cois
Usufruto – como de nir destino económic
Objetivamente – destino a que coisa seja idóne
Subjetivamente (VPF, ML) - aproveitamento dado por destinatário ou destino anteriormente atribuído por proprietári
Nada impede que proprietário atribua destino económico diferente ao anterio
Título XIII
Vizinhanç
Artigo 85 - A
Mais Princípios
1 - Deveres
Abstenção das Emissões - 134
Proibição de perturbar o escoamento natural das aguas - 135
Limitações impostas às construções e edi cações - 1360 e s
Deveres de prevenção de perigo - 1347 e s
Ac STJ 22/9/09
Desde logo, a Constituição da República no seu artigo 66.º garante o “direito a um ambiente de vida humano, sadio e
ecologicamente equilibrado e o dever de o defender” (n.º 1), fazendo recair sobre o Estado o dever de “prevenir e
controlar a poluição e os seus efeitos” (n.º 2, alínea a)), densi cando o principio da inviolabilidade da integridade física
e moral das pessoas (artigo 25.º, n.º 1) – cf., ainda, o artigo 24.º da Declaração Universal dos Direitos do Homem -
direitos também garantidos no n.º 1 do artigo 70.º do Código Civil
O art1 do Regulamento Geral do Ruído refere-se àquele tipo de poluição como atentatório da saúde humana e do bem-
estar das populações, sendo os conceitos de actividade ruidosa (permanente ou temporária) reportadas a “ruído nocivo
ou incomodativo” para quem habite, trabalhe ou permaneça em locais onde os mesmos se façam sentir.
E a “incomodidade” é de nida na publicação “Les effects du bruit sur la santé”, como a sensação perceptiva e afectiva
de carga negativa, expressa por pessoas expostas ao ruído.
O legislador tenta minorar os efeitos da poluição sonora procedendo ao respectivo diagnóstico com detecção das fontes
de ruído da sua frequência (Hz), pressão, re exão, reverbação, em termos de a controlar e diminuir o seu efeito
perturbador, sendo notáveis os avanços conseguidos na Acústica Ambiental
No entanto, pode concluir-se que o ruído, afectando a saúde, constitui não só uma violação do direito à integridade
física, como do direito ao repouso e à qualidade de vida
Como defendem PL e AV - A emissão de ruídos, desde que perturbadores, incómodos e causadores de má qualidade de
vida, e ainda que não excedam os limites legais, autorizam o proprietário do imóvel que os suporta a lançar mão do
disposto no artigo 1346.º do Código Civil, já que só deve suportar os que não vão para além das consequências de
normais relações de vizinhança
A apreciação da normalidade deve ser casuística, tendo como medida o uso normal do prédio nas circunstâncias de
fruição de um cidadão comum e razoavelmente inserido no seu núcleo social
Temos que decidir em termos objetivos, para evitar caprichos
Em casos de vizinhança, temos sempre que ver os dois lado
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Título XIII
Acessã
1 - Pressupostos: união ou mistura de duas ou mais coisas - 1325; inseparabilidade dessa união (em sentido normativo) -
1333/1 - que seja impossível ou com prejuízos para alguma das partes
Analisa-se a boa/má fé e o valor do implante
Artigo 86
Con
Natural - 132
Pertence tudo ao dono da cois
Industria
Mobiliári
Pode se dar: Por união; Por confusão; Por especi cação
União ou confusão realizadas voluntariamente e de boa fé do autor – art. 1333o;
União ou confusão realizadas voluntariamente e de má fé do autor – art. 1334o;
União ou confusão operadas casualmente – art. 1335o;
Especi cação de boa fé – art. 1336o;
Especi cação de má fé – art. 1337o.
Imobiliári
A lei estabelece um regime distinte consoante se trate de:
Obras, sementeiras e plantações feitas em solo próprio com materiais alheios – art. 1339o;
Obras, sementeiras e plantações feitas em terreno alheio, distinguindo-se a boa fé ou má fé do autor da união (arts.
1340o e 1341o) - derroga o princípio super cies solo credi
Obras, sementeiras e plantações feitas com materiais alheios em terreno alheio (art. 1342o);
Prolongamento de edifício por terreno alheio (art. 1343o)
Artigo 86
Ben etorias vs Acessã
1 - Press Critério da especialidade - quando não é benfeitoria segundo a lei, é acessão
Critica: Esvazia praticamente totalmente os casos de acessão, pois a acessão pode ser sem autorização, ou sem
poss
Histórico: O art da acessão antes dizia “o possuidor que…
Isto para dizer que quem faz uma acessão, é sempre possuidor
Alteração da forma ou substânci
A benfeitorias é melhorias. Assim, estarei a tratar de uma acessão quando transformar a coisa noutr
Isto é muito uma discussão teórica, na prática, é muito parecido. Em ambos os casos, há ES
A única coisa que pode alterar é a boa-fé. (Quando há ou não um vínculo jurídico com a coisa)
Vitor Fidalgo - o vínculo jurídico em relação à coisa tem que ser um que possa utilizar temporariamente aquela coisa.
Não existindo vinculo jurídico, muito muito muito di cilmente haverá acessão de boa fé - muito próximo da posição de
ML
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Acessão vs Benfeitoria
PL/AV – acessão vem de exterior/estranho, enquanto benfeitoria implica ligação e relação jurídica anterior com cois
Benfeitorias quando é feito por possuidor (1273º-1275º), locatário (1046º, 1074º, 1082º), comodatário (1138º)
e usufrutuário (1450º
VS – benfeitoria quando conserva ou melhora e acessão quando constitui coisa nov
Acessão permite adquirir propriedade – benfeitoria apenas atribui direito de levantamento ou direito de crédit
MC – regra geral é acessão, sendo benfeitoria quando lei expressamente o estabelece (comodato, locação, usufruto
Acessão quando coisa incorporada não seja quali cável como benfeitori
Quando valha mais do que a outra cois
Quando modi que o destino económico do conjunt
Quando não conserve/melhore a coisa, nem serve para recreio do benfeitorizante, mas corresponde a
normal exercício do direito acedid
Problema da teoria da especialidade – implicaria não haver acessão na posse (há benfeitorias), mas não é
possível acessão sem poss
MC – casos de mera posse ponderados no caso concret
JAV – benfeitoria quando lei estabelece (especialidade), mas não na poss
ML – benfeitoria quando é para conservar ou melhorar (mantém ou desenvolve valor económico) e acessão quando gera
direito novo, incorporando valor económico nov
Regime de benfeitoria cede sempre que há situação de acessão – exceto se lei excluir (empreitada e superfície
Lei regular benfeitoria não é su ciente para afastar acessã
Título XIII
Compropriedad
As quotas resultam do título constitutivo e presumem-se iguais quando este for omisso - 1403/2 mas é uma presunção
ilidivel
Artigo 87
Poderes dos comproprietário
Uso da coisa
1406/1 - todos podem usar livremente a coisa. Tem dois limites
- Restrição funcional – não poder usar a coisa para m diverso daquele a que ela se destina. O m da coisa a que o uso
se deve conformar é o que, conforme os casos, decorra da lei, resulte do título constitutivo ou haja sido acordado entre
os comunheiros. Na dúvida, deve atender-se ao m a que a coisa atualmente se encontra afeta.
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
- Restrição quantitativa – não poder privar os outros consortes do uso a que igualmente têm direito.
Fruir e bene ciar das vantagens gerados pela cois
Quanto aos seus frutos, cada comunheiro tem direito a eles na proporção da sua quota (art. 1405/1 2a parte).
Havendo réditos ou outros proveitos da coisa, a regra é a mesma.
Em todo o caso, o poder de fruição deve ser articulado no seu exercício com o poder de administração da coisa comum.
Se os comunheiros, no exercício do seu poder de administrar a coisa comum, determinam o momento da colheita dos
frutos, o comunheiro deve respeitar a deliberação.
Transformar a cois
Este poder cabe conjuntamente a todo
Reivindicação da coisa comum - 1405/
Qualquer O comproprietário pode solicitar o reconhecimento da propriedade e a consequente restituição da coisa,
sempre que esta se encontre na posse ou detenção de terceiro
Poder de dispor da coisa comum - 140
Tratando-se de um ato de disposição sobre a coisa comum, é necessário o consentimento dos restantes comunheiros;
caso contrário, tratar-se-á de venda de coisa alheia, que é havida por nula (arts. 1408o/1 2a parte e 2 e 892o).
Porém, uma boa parte da doutrina tem acentuado que se trata de uma ine cácia jurídica e não de nulidade – VAZ
SERRA, PL/AV, OLIVEIRA ASCENSÃO, CARVALHO FERNANDES.
JAV – essas duas quali cações são compatíveis: a ine cácia jurídica do ato de disposição relativamente aos outros
comunheiros signi ca que aquele ato é quanto estes últimos res inter alios acta. Ficam, pois, dispensados de fazer
declarar a nulidade do ato, que não os atinge. Todavia, não obstante ine caz quanto aos comunheiros que não o
celebraram, o nj de disposição celebrado sem legitimidade é nulo e está sujeito ao regime geral da nulidade em tudo
aquilo que o regime jurídico especí co do negócio em causa não determinar diferentemente.
Sendo o negócio nulo – favor negotii – converte-se o negócio de disposição da coisa comum num negócio de disposição
da quota do comproprietário, que é o que este pode fazer.
Poder de dispor da quota – art. 1408o
O art. 1408o/1 estabelece para a disposição do direito do comunheiro o princípio da livre disponibilidade. Contudo,
existe um direito de preferência a favor do outro comproprietário (arts. 1409o e ss.) na venda ou dação em cumprimento
da quota do seu consorte, em ordem a evitar que terceiros estranhos se imiscuam na titularidade do direito sobre a coisa.
Poder de suscitar a divisão da coisa comum – arts. 1412o e ss.
O comunheiro tem o poder potestativo de, a qualquer momento, pedir a divisão da coisa comum (art. 1412o/1). Essa
divisão é feita nos termos do acordo a que todos os comunheiros cheguem, o qual está sujeito à forma da compra e
venda (art. 1413o/2), que será a escritura pública tratando-se de imóvel (art. 875o), neste caso.
Caso os comunheiros não cheguem a acordo sobre a divisão da coisa, a qualquer deles é lícito o recurso ao tribunal para
o efeito (art. 1413o/1), seguindo-se a tramitação dos arts. 1052o a 1057o CPC.
No caso de a coisa ser indivisível, a mesma não pode ser fracionada sem a alteração da sua substância, pelo que a
solução é vender-se a coisa e dividir o dinheiro entre eles; ou fazer um acordo da utilização comum (uns dias usa um,
outros dias usa outro); ou, se fosse possível, estabelecer uma propriedade horizontal.
Poder de administrar a coisa comum – art. 1407o
Cada comunheiro tem o poder de administrar a coisa comum (art. 985o/1 por remissão do art. 1407o/1). Todos os
comunheiros têm igual poder para administrar a coisa comum, independentemente do valor individual da sua quota.
Sistema de administração disjunta (art. 985o/1, 2) - poderes de adminsitração concentram-se integralmente em cada um
dos comproprietários, podendo estes individualmente praticar todos os atos de administração, sem necessidade de
consentimento nem sujeição às diretivas dos outros. Há direito de oposição aos atos que os outros pretendam realizar,
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
cabendo à maioria decidir sobre o mérito da oposição (art. 985o/2). A maioria legal é formada com metade do valor das
quotas (art. 1407o/1, in ne).
Pode haver casos de administração conjunta e maioritária – art. 985o/3 e
Artigo 87 - A
Obrigações dos comproprietário
1 - O art. 1405o/1 impõe aos comproprietários participar nos encargos da coisa, na medida das suas quotas. Tal está
patente no art. 1411o, que estabelece a regra da repartição dos encargos da coisa por todos os comproprietários em
termos proporcionais às respetivas quotas.
As partes podem, contudo, acordar outro critério.
O comproprietário pode exonerar-se do dever de pagar as despesas e encargos gerados pela coisa renunciando ao seu
direito (art. 1411o/1) – trata-se de gura da renúncia liberatória. Em todo o caso, o comproprietário não pode renunciar
ao seu direito como forma de se ver livre das despesas com a coisa, se aprovou as mesmas. Nestes casos, a renúncia só é
e caz se todos os comproprietários derem o seu assentimento (art. 1411o/2)
Artigo 88
Extinção da compropriedad
1 - A compropriedade cessa sempre que cessar a situação de contitularidade do direito em relação à coisa.
A cessação pode resultar:
- Da aquisição derivada ou originária, por parte de um dos consortes ou terceiro, da propriedade sobre toda a coisa –
pode resultar de negócio jurídico ou de usucapião da propriedade exclusiva (por um dos consortes ou por um terceiro);
- Da divisão da coisa em frações, com atribuição da propriedade (horizontal) exclusiva sobre essas frações a cada um
dos consortes (cuja forma está sujeita à forma exigida para a alienação onerosa da coisa (art. 1413o/2)
Capítulo V
Propriedade horizontal
É a propriedade exclusiva sobre uma fração autónoma e co-propriedade sobre as partes comuns do prédio
Requisitos legais
1438-A - aplica-se a conjunto de edi cios
1415 - as frações têm que ser idóneas a constituir propriedade horizonta
1421 - Partes comun
1421/2 - presunção que pode ser ilidida
1421/3 - a parte mantém-se comum mas de exclusiva utilização de um dos condóminos
Artigo 88
Constituiçã
1 - 1417 - Por escritura pública ou documento particular autenticado (art. 22o DL 116/2008) ou documento particular ao
abrigo de procedimento especial de transmissão, oneração e registo (DL 263-A/2007, Portaria 794- B/2007 ex vi
Portaria 1167/2010)
Forma mais comum é NJ unilateral do proprietário, podendo tal ocorrer até antes da própria constituição do edifício
(caso em que registo é lavrado provisoriamente – art. 92o/1/b CRP
Até o dono vender uma das frações, não há propriedade horizontal
Versão à data de 21-12-2021 Pág. 69 de 420
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Artigo 89
Título constitutiv
1 - Art. 59o Cód Notariado – só se pode constituir propriedade horizontal por documento passado pela câmara
municipal comprovando que as frações autónomas satisfazem os requisitos legais.
Art. 62o Cód Notariado – tem de se exibir documento comprovativo da inscrição no 82/2CRP
Incumpridos os requisitos legais (ou o 1418/3), o título constitutivo é nulo e sujeita-se o prédio à compropriedade
mediante a quota xada no 1418 - na falta desta, 1416/1 - conversão automátic
Artigo 90
Poderes relativos à fraçã
1 - Os poderes dos condóminos são muito inferiores aos poderes que possuiria caso não houvesse propriedade
horizontal. A sua propriedade está limitada
o Uso tem de respeitar o m a que a fração se destina (art. 1422o/2/b).
o Fruição também não pode ser para qualquer m.
o Transformação não pode prejudicar a segurança, linha arquitetónica ou arranjo estético do edifício (art. 1422o/2/a
Artigo 91
Obrigaçõe
1 - Todos contribuem para a conservação do prédio - 1424 e a cobrança cabe ao administrador - 1436/d)
Reparações indispensáveis ou urgentes - 142
A prática social (costume) levou a que estas cobranças sejam feitas mensalmente e o administrador pode pedir mais
quando necessári
É necessário um Fundo Comum - 4/1 DL268/9
Seguro do condomínio - 1424 e 5 DL 268/9
Inovações - cam a cargo dos condóminos seguindo o 1426/1 e 1424 e entram os que não aprovaram - 1426/2
Artigo 92
Administração das partes comun
1 - Assembleia e Administrador - 143
Assembleia
Toma decisões para o administrador executar - 1436/h - e scaliza a sua atividade - 1431, 143
Administrado
Eleito pelo 1435 e 1435-
Funções do 1436
É remunerável - 1435/
Artigo 92
Modi cação e extinçã
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
1 - Pode ser modi cado mas, de acordo com o princípio da autonomia privada, se exija o acordo de todos os
condóminos - 1419, 1422-
Extingue-se por acordo entre condóminos, concentração de todas as frações numa pessoa, destruição do edifício (1428
Artigo 93
Natureza da Propriedade horizontal
1 - Teoria do Condomínio como pessoa coletiva – países anglo-saxónicos, Pinto Duarte – pessoa rudimentar devido aos
poderes representativos do administrador, à sua capacidade judiciária ativa e passiva e à personalidade judiciária que a
lei reconhece ao condomínio.
➢ ML: não há património próprio.
Teoria da Compropriedade – Cunha Gonçalves – apesar de cada fração ter o seu proprietário, tal não prejudica a
existência de uma compropriedade sobre o condomínio no seu conjunto, tanto mais que partes importantes do imóvel
permanecem em estado de indivisão perpétua e forçada.
➢ ML: o regime das partes comuns afasta-se da compropriedade e têm função instrumental em relação ao gozo
exclusivo das frações autónomas. E elas podem ser de gozo exclusivo de certos condóminos.
Teoria da Propriedade Especial – PL / AV, OA – é propriedade com limitações especiais em que se conjuga propriedade
e compropriedade (propriedade é essencial e compropriedade é instrumental).
➢ ML: relações de vizinhança são mais intensas que na propriedade comum e há órgãos destinados à administração
Teoria Dualista – Mota Pinto – concurso entre dois direitos
➢ ML: os direitos são incindíveis, não sendo somatório e sim direito novo
Teoria do Direito real complexo – OA, MC – direito real que combina a propriedade e a compropriedade, fundindo-se
tais direitos para constituir unidade nova.
➢ ML: não é mera conjugação de realidades e sim um regime legalmente estabelecido, em que se aplicam as regras da
propriedade e compropriedade quando para lá é remetido.
Teoria do Direito real de gozo típico – Henrique Mesquita, Carvalho Fernandes, ML – novo modelo de direito real de
gozo que, embora mantenha similitudes com a propriedade singular e a compropriedade, traduz uma síntese que se
espelha num regime jurídico especí co, com particularidades que não encontram justi cação em nenhuma daquelas
guras, sendo, portanto, um direito real de gozo típico
Título XIV
Registo Predia
O registo tem por objeto factos jurídicos (contratos, etc) e não direitos
O facto tem que estar em doc escrito - 43/1CRP
O 36 dá legitimidade às partes, aos seus herdeiros e todos os interessados (aqueles cuja posição jurídica possa ser
afetada pela falta de registo). O 8-B/1 CRPr dá a outros
Tirando as excessões do mesmo art, não se pode titular um facto sem que o disponente tenha prévia inscrição a seu
favor - 9. MC diz que é nulo; OA diz que é uma mera irregularidade, gerando paralelamente responsabilidade
disciplinar porn parte do notári
O notário tem um dever funcional de registar e a sua falta gera responsabilidade civil - 8B/
Artigo 94
Princípio
Da obrigatoriedade
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1
LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Introduzido no DPortugues pelo DL 116/2008 - passa a ser obrigatório registar os factos do art 2 e 3 CRPr (8-A). Antes
havia, segundo OA e maioria, uma obrigação indireta
Caracteriza-se num dever de registrar a uma categoria de destinatários - 8-BCRP
A obrigação cessa quando o registo já foi promovido por alguém com legitimidade para o fazer - 8-B/5CRP
Da legalidade - 68 CRP
Duas modalidades
- Controlo formal da legalidade - o conservador apenas observa a forma e a legitimidade das partes
- Controlo substancial da legalidade- cabe ao conservador um verdadeiro controlo de validade do ato sujeito a registo.
(Escolhido pelo nosso sistema
O pedido deve ser recusado nos casos do 69 ou lançado como provisório por dúvidas nas situações contempladas no 70
Não pode, no entanto, o conservador ter mais poderes que um juiz num processo civil
Não pode invocar anulabilidades
Não pode invocar nulidades atípicas atribuídas por lei às parte
Quanto a nulidades típicas, depende se visam prosseguir um escopo público ou de terceiros que não as partes
Da instância - 4
São os particulares os responsáveis pelo registo - o conservador não lança os registos o ciosamente
Os docs devem ser entregues respeitando o 4
Do trato sucessivo - 34 e
Violar este art dá a nulidade do registo - 16/e
Da prioridade -
Este art serve para os direitos que se constituem com o registo, em PT, apenas a hipoteca
Este princípio tmb vale para os direitos cuja oponibilidade é dependente de registo
Título XIV
Efeitos substantivos do Regist
Artigo 95
Ordem substantiva vs Ordem Registal
1 - Regra geral, irá prevalecer a ordem substantiva
Caso o registo esteja comprovadamente mal, o registo é cancelado - 8/1 e 1
A desconformidade das duas ordem podem acontecer em 4 casos
Incompletude do registo - quando um facto que a ele estava sujeito não foi registad
Ine cácia do registo - inexistencia - 14; nulidade - 16;
Inexatidão do registo - 18 - pode ser rati cado - 120 e s
Invalidade do facto jurídico registado - fala-se em invalidade substantiva
Extensão da presunção prevista no
JAV - a presunção do 7 não abrange os elementos da descrição registal (identi cação física, económica e scal do
prédio), apenas o que resulta do facto inscrito
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Argumentos: a descrição predial não tem repercussão na situação substantiva; o “registo de nitivo” por
natureza ou por dúvidas, reporta-se à inscrição registal
Artigo 96
Efeitos do registo na ordem substantiva
Efeito presuntivo -
Presunção iludível, mediante prova em contrário - 350/2CC.
Esta pode colidir com a da possa - 1268/1CC
Nestes casos, prevalece a mais antiga
Efeito consolidativ
O registo não é parte integrante do facto inquisitivo do DR mas ajuda a evitar a aquisição tabular de um terceiro
Efeito constitutivo
Em PT, o único caso é a hipoteca - 687CC
OA critica, dizendo que o registo é meramente condicionante - antes dele, é um DR desprovido de oponibilidade
Efeito atributivo/aquisição tabula
Regra geral, a ordem substantiva prevalecerá, no entanto, a unicamente maneira de fazer cumprir o 1, é proteger o
terceiro que se baseia, legitimamente, na ordem registral
É possível dar-se uma inversão da prevalência das ordens e o ato de registo se tornar um verdadeiro facto aquisitivo de
direitos. A isto se chama aquisição tabular e tem por fundamento a fé pública registal. Este efeito atributivo não
prevalece sobre o efeito consolidativo, que é de nitivo
O que é um terceiro? Andrade Costa + Ac uniformizado de jurisprudência do STJ em 99: “aquele que adquire de autor
comum direito incompatível”, ultrapassando a tese de Guilherme Moreira
Existem 4 preceitos que prevêem uma aquisição tabular: (Carvalho Fernandes discorda da posição majoritária da
doutrina e da posição da jurisprudência, a rmando que o terceiro tem proteção mesmo em caso de negócio gratuito
1 - caso do 5/1 (casos de dupla disposição) - tem que ser interpretado restritamente (só abrange os casos de registo
incompleto) e tem os seguintes requisitos: NJ inválido (nulo pelo 892); o registo do terceiro da sua aquisição; boa fé do
terceiro (291/3CC - boa-fé subjectiva ética - desconhecimento desculpável); facto aquisitivo oneroso
2 - caso do 17/2 - subaquisição com nulidade registal - requisitos: pré-existência de um registo nulo (pelo 16) com
desconformidade substantiva; ato de disposição fundado no registo nulo; boa-fé de terceiro; onerosidade do NJ; o
registo do facto aquisitivo tem que ser anterior à declaração de nulidade
3 - caso do 122 - subaquisição com registo inexato - é o mesmo que nos casos do 17/2 mas, em vez de nulidade, é um
registo inexato nos termos do 18/1
4 - caso do 291CC - subaquisição com invalidade substantiva - requisitos: situação registal desconforme com a
substantiva; ato de disposição do direito a que se reporta o facto registado; boa-fé do terceiro (291/3CC); onerosidade
do NJ; registo da aquisição anterior à declaração de nulidade; passados 3 anos da conclusão do negócio (291/2CC)
Nem todos os casos de aquisição tabular são iguais mas todos se fundam na fé pública registal, na presunção da
titularidade do direito - 7 - e na legitimação registal - 9/1
É possível adquirir DR menores tabularmente
Opinião corrente (OA) diz que a aquisição tabular extingue o outro direito de propriedade
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
MC criou a teoria dos DR naturais, situação onde alguns DR cariam sem oponibilidade. A aquisição tabular seria uma
destas situações - o DR não se extingue, mas sim ca numa situação de inoponibilidade em sentido próprio. Esta
posição é duramente criticada por JAV: a teoria não se harmoniza com os princípios dos DR (inerência, tipicidade,
oponibilidade absoluta); tratando-se de um DR de gozo, também todo o aproveitamento ca suspenso. Seria uma
propriedade atípica por não admitir reivindicação e ser uma propriedade sem conteúdo; impossibilidade de coexistirem
simultaneamente duas propriedade incompatíveis
Artigo 97
O que é um terceiro?
1 - Conceção de terceiros do art. 5
GM, AV, HM, CF, Ac STJ 15/97 – defendiam noção ampl
MA, OC, Ac STJ 3/99 – seguia noção restrit
Ac STJ 3/99 – falava em transmitente comum
Em relação ao terceiro. houve um problema porque vários Ac eram contraditórias (Ac de 97 dava uma concepção ampla
e um de 99 dava uma concepção restrita), e por isso o legislador interveio e escolheu a restrita
Há quem critique porque o nosso critério é muito muito restrito
Com a concepção ampla, protege-se mais o terceiro, dá mais força ao registo
Vitor Fidalgo - seria melhor um sistema de concepção ampla porque com uma concepção restrita faz, pe, com que os
créditos quem mais caros
Artigo 98
824/2 vs 5CRPr
1 - Vitor Fidalgo - Tese que o 824/2 é especial em relação ao 5/4 - Assistent
Argumento teológico - não vale a pena aquele que adquire por via executiva? Claro que vale a pena tutelar. Quando é
vendido pela venda executiva, já existiram vários processos e ninguém reclamou. Depois de todo o processo, poderá vir
reclamar? Seria contra a segurança jurídica
O 5/4 protege aqueles da norma comum
824/2 protege aqueles da via executiv
Outras teses: Tese da aplicação da transmissão; Tese de ccionar a transmissão executiv
Artigo 99
Frase
1 - Asim, devido ao caracter absoluto dos DR, isto é, o facto dos direitos reais não se estruturarem com base em
qualquer relação jurídica, sendo oponíveis erga omnes e à prevalência, ou seja, signi ca que o direito real que primeiro
se constituir prevalece sobre todos os direitos reais de constituição ou registo posterior, bem como sobre todos os
direitos de crédito que se venham a constituir - prior in tempore, prior in iur
fi
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CÓDIGO REGISTO PREDIAL
LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Artigo 100
Ação de reivindicação
1 - PL/AV, ML – 2 pedidos, um de reconhecimento do direito e outro de restituição da cois
JAV – 1 único pedido principal, de entrega da coisa, sendo a titularidade do direito um fundamento que tem de ser
provad
Causa de pedir única é facto aquisitivo (498º/4 CPC) – prova é que é até aquisição originari
3 condições de procedênci
Autor ser titular do direito rea
Reu ter coisa em seu poder (possuidor ou detentor
Reu não provar ser titular de direito que permita ter cois
Artigo 101
Locação real ou obrigacional
Tese pessoalista- corrente maioritári
O direito do locatário é usualmente considerado um direito pessoal de gozo, na medida em que permite ao seu titular
retirar vantagens de uma coisa, mediante prestação da contraparte
-direito de arrendamento como um direito de natureza creditícia ou pessoal—consideram que o art. 1057º deve ser
interpretado numa ótica obrigacional, pois a regra contida trata de uma transmissão de direitos e deveres, elemento este
que é próprio dos direitos de crédito, e não dos direitos reais
-invocam também: art. 1682º-A/1/2; art. 1031º/b + argumento de que a sistematização do CC coloca o direito de
arrendamento no livro “Das obrigações” e não no dos “Direitos das Coisas”; a lei fala em obrigações do locador e do
locatári
Tese realista- defendida por Oliveira Ascensão, Dias Marques, Paulo Cunha e Gomes da Silva + o assistente —
corrente minoritári
Consideram a locação um direito real de gozo, sendo que o principal argumento consta no art. 1057º- o direito do
locatário é munido de sequela: acompanha o bem independemente de quem seja o titular do direito de fundo
- considera o direito do arrendatário como um verdadeiro direito real. Defende-se que ao arrendatário é conferido um
verdadeiro direito real aquando da entrega do locado—passa a ter o gozo da coisa, como um poder autónomo—após a
entrega do locado existe um efeito constitutivo de direito real que se traduz para o arrendatário numa verdadeira posse
-art. 1037º/2—são facultados ao locatário os meios de defesa da posse
-art. 1057º- norma que consagra a regra emptio non tollit locatum—o direito do arrendat rio opon vel erga omnes,
at porque o arrendat rio, enquanto possuidor do im vel poder opor o seu direito e defend -lo (artigo 1037º do C.C.),
isto porque, com a entrega do locado o arrendat rio adquire o gozo do im vel de forma plena, absoluta, como
verdadeiro possuidor do bem. A posição do locador transfere-se globalmente para o adquirente do direito
- direito do arrendat rio como um direito de natureza real, pois baseia-se em elementos como a regra emptio non tollit
locatum, o tipo de posse do arrendat rio, a oponibilidade que da resulta, e o tipo de gozo de que o arrendat rio
disp e.
- Seguindo a doutrina maioritária (direito pessoal de gozo), o locatário tem um direito que lhe permite gozar a coisa—
ROMANO MARTINEZ: o gozo atribuído ao locatário confere-lhe um poder sobre coisa corpórea, consubstanciado
no seu uso, fruição—é conferido um direito de gozo inerente a uma coisa, oponível erga omnes (não é conferido o
poder direto e imediato sobre a coisa—como é o caso dos titulares de direitos reais)
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
- Nos termos da noção legal de locação, a entrega da coisa não é um elemento integrante do contrato, o locador
vincula-se a proporcionar ao locat rio o gozo temporário da coisa, a obriga o de entrega nasce do contrato e
corresponde ao cumprimento de uma das presta es que dele emergem, n o sendo um efeito real do neg cio jur dico.
- Nesta medida, a loca o corresponde a uma das hipóteses de constitui o de Direitos Pessoais de Gozo, mencionadas
no artigo 407º do CC.
Direito obrigacional de gozo com caráter real. A posição do locatário é baseada em prestações – trata-se de uma relação
inter-partes.
O CC apresenta a locação com uma estrutura obrigacionista, enfatizando o dever do locador de proporcionar o gozo da
coisa. Assim, o locador cumpre esta obrigação, inicialmente, entregando ao locatário a coisa objeto da locação- é uma
obrigação de dare
art. 1037º/2:os meios de defesa podem ser dirigidos contra qualquer sujeito que ameace ou perturbe o gozo do locatário
—defensores das teorias pessoalistas: é possível considerar que o locatário tem posse, embora não igual à posse nos
termos de um direito rea
a esta posse do locatário e demais titulares de direitos pessoais de gozo que, embora não tendo a plenitude dos efeitos
possessórios, têm a faculdade de utilização das ações possessórias, chama alguma doutrina de “POSSE
INTERDICTAL” (MC
1022º - não nos diz que é necessária entrega da coisa para se constituir (1031º a) – mas para aplicar tutela possessória é
preciso entrega da coisa). A locação só é direito pessoal de gozo quando existe entrega da coisa e por isso não se aplica
o 407º (mas não signi ca que seja invalido sem a entrega da coisa).
Posição de C prevalece, é a única que tem tutela possessória e um direito pessoal de gozo. Quando não há
entrega da coisa é um direito de crédito simple
A B, não pode intentar ações de tutela possessória pois não teve o objeto do contrato entregue, mas sim uma
ação de responsabilidade contratual (art. 798º e ss).
Só é e caz o 407 quando existem dois direitos pessoais de gozo
A grande diferença da locação para os outros d.pessoas de gozo é que é quod effectum
Antes da entrega é d.pessoal de gozo
Assistente tem sérias dúvidas - diz que antes de haver um controlo efeito sobre a coisa (traditio)
Ao contrario aos outros d.pessoais de gozo, a locação tanto pode estar num lado como do outro. Até lá é apenas um
direito de crédito - excluindo a aplicação do 40
Artigo 102
Obrigações Propter Re
1 - Este tipo é inassociável do direito real - fazem “parte” da cois
Quem deve a obrigação é quem é o titular
Duas posições
Minoritária - JAV - Se o devedor é sempre encontrado com base na titularidade, não interessa quem provocou a dívida -
o credor pode dirigir-se ao novo proprietári
Maioritária - ML - A partir do momento que as obrigações são vencidas, passam a onerar apenas aquele que as fez
vence
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
HM, ML – obrigações são periódicas e não se transmitem, porque se venceram quando titular era outr
Ac. STJ 08/06/2017 – obrigações de dare são não ambulatórias, cabendo a quem era titular quando se
venceram (mesmo grandes sobras estruturais – pintar prédio
JAV & MAR – paga novo titular, havendo transmissã
Crítica de VPF – problema formal, porque levaria 2º a exigir restituição a 1º pelo enriquecimento sem causa,
levando a mesmo resultado, mas de forma mais complex
Resolvido para propriedade horizontal, com alteração aprovada ao CC – despesas das partes comuns são da
responsabilidade dos condóminos proprietários no momento das respetivas deliberaçõe
Também adicionou obrigatoriedade de “Declaração de Não Dívida” na alienação de frações – com montante
dos encargos, dívidas existentes e especi cidades Declaração de Não Dívida? Abril de 2022 - alteração ao CC que
colocou a obrigatoriedad
O direito, sendo uma ciencia prática, não gosta de fazer as coisas da maneira mais dolorosa
Se B tirasse o dinheiro de C, C iria intentar uma ação contra A para este pagar, logo, mete-se logo o A a pagar.
Jurisprudência sob os condomínios. - aprovadas obras numa facção autónoma, mas depois vende-se: quem paga
Ac., do Tribunal da Relação de Lisboa de 2 de fevereiro de 2006, que toma
como referência o Ac. da RL de 14 de dezembro de 200
Neste Ac., este Tribunal con rmou a decisão do Tribunal Cível da Comarca de Sintra que proferiu que a obrigação de
contribuir para as despesas, devidas por obras de conservação e fruição das partes comuns do edifício em propriedade
horizontal é uma obrigação que recai sobre aquele que for titular da facção integrada no condomínio no momento em
que haja lugar ao pagamento da parte do preço que caiba efectuar para a realização das aludidas obras
Poderá suceder, entre outras hipóteses, que entre a deliberação de realizar as obras e a conclusão da respectiva
empreitada, mas antes de determinado condómino pagar a parte que lhe compete, proceda este condómino à transmissão
da sua fracção.
Se assim suceder, e salvo acordo em contrário entre vendedor e comprador ou compromisso do vendedor, será o novo
condómino o responsável pela liquidação da parte do preço imputado à fracção de que é titular. Isto porque se considera
que esta obrigação “propter rem”, tem como característica a “ambulatoriedade”, no sentido de que a transmissão do
direito real de cuja natureza a obrigação emerge implica automaticamente a transmissão desta para o novo titular
Como explica MC, Este tipo de obrigação de ne-se como “aquela cujo sujeito passivo (o devedor) é determinado não
pessoalmente (“intuitu personae”), mas realmente, isto é, determinado por ser titular de um determinado direito real
sobre a coisa
Não obstante, a natureza jurídica destas obrigações tem gerado discussão doutrinária
Realista (HM & JAV) – direitos reais “in faciendo
JAV – é parte do conteúdo do direito real, enquanto situação jurídica complex
Personalista (AV, MC, ML) – são obrigações, tendo por objeto uma prestação
Relação com coisa não implica direito real – apenas determina sujeito passiv
Mista – tem elementos dos 2, participando nos 2 regime
Relativa – depende do critério para distinguir direitos reais e de crédit
Se for estrutura dos direitos – são direitos de crédit
Se for inerência – são direito reai
O Tribunal fundamentou a sua decisão arguindo que parece mais razoável em face de quem tira proveito do gozo do
bem. Assim, no que concerne ao alienante, não se justi ca que ele tenha de contribuir para uma despesa de que nenhum
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
proveito lhe poderá advir, uma vez que deixou de usufruir do gozo do prédio. Porém, já parece inteiramente justi cável
que o adquirente se sujeite ao pagamento de uma despesa de que ele irá de futuro ter benefício
Por outro lado, in casum, as obras foram realizadas posteriormente à alienação da fracção, tendo bene ciado
unicamente os actuais titulares do direito de propriedade, ora apelantes
E os apelantes quando adquiriram a fracção, se desconheciam a necessidade de obras no prédio, por falta de informação
ou por eventualmente ela não ser manifesta, não podiam era ignorar que essa necessidade se poderia colocar em
qualquer momento e à obrigação, própria, de comparticipar na sua realização não iriam subtrair-se, do mesmo modo que
nem iriam menosprezar a correspondente bene ciação das partes comuns do edifício
Artigo 102
Outra visão
Generalidades
Situações jurídicas “propter rem” são as cujo sujeito ativo ou passivo é determinado em virtude da titularidade de um D
Real = situações em que a existência do D Real atribui ao seu titular direitos ou obrigações em relação a outrem
As obrigações “propter rem
Generalidades
Obrigações em que o devedor é determinado pela titularidade de um D Real
Regime jurídico
Situações em que surgem obrigações “propter rem” – comproprietários têm o dever de contribuir para as despesas
necessárias à conservação ou fruição da coisa comum (1411º/1); usufrutuário tem a obrigação de realizar as reparações
na coisa usufruída (1472º/1) = as obrigações “propter rem” integram o D Real, não tendo existência isolada do mesmo
Podem ter um conteúdo negativo (JAV e ML) – basta ver a obrigação do usufrutuário tolerar obras efetuadas pelo
proprietário (1471º)
Em certos D Reais (usufruto – 1445º - uso e habitação – 1485º - superfície – 1530º - servidões prediais – 1564º) a lei
confere uma certa amplitude para a constituição por via negocial. Apesar disso, estão sujeitas ao principio da tipicidade
(1306º/1) e caso sejam constituídas fora das hipóteses que a lei admite serão consideradas obrigações pessoais comuns
(1306º/1)
São transmitidas no caso de transmissão do D Real, passando a vincular o novo adquirente desse direito) mas se a
obrigação se venceu enquanto a coisa estava na com o alienante, não se transmite pois parece que com o vencimento
passou a vincular pessoalmente o titular do direito
Extinguem-se com a extinção do D Real, havendo casos em que extinguem D para se exonerarem da obrigação
(renuncia liberatória do direito – 1411º/3); podem ainda extinguir-se por ter sido constituído um direito real com elas
incompatível
ML – não parece que se possam prescrever
Os ónus reais
Generalidades
Prestação de “dare”, em dinheiro ou géneros, única ou periódica, imposta ao titular de certos bens, que atribui ao
respetivo credor preferência no pagamento sobre esses bens – ex. direito a certa quantia sobre os bens doados (959º
Regime jurídico
Não fazem parte do conteúdo de D Reais, apesar de serem igualmente constituídos em virtude da titularidade de
determinados bens, aos quais permanecem ligados – adquirente dos bens responde mesmo pelo cumprimento das
prestações anteriores, uma vez que sucede na titularidade da coisa a que essa obrigação se encontra unida
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Apesar de estarem acopulados a uma garantia real, não se podem considerar direitos de garantia, uma vez que não se
limitam a atribuir preferência a um credor, vinculando o dono da coisa a uma verdadeira obrigação
As pretensões reais
D Reais, sendo absolutos, permitem atribuir pretensões de caráter relativo, com natureza obrigacional
Sendo direitos relativos são sujeitas primordialmente ao regime dos D de crédito, menos quando existam disposições
especi cas de Reais ou a aplicação do regime obrigacional não se harmonize com os princípios dos D das Coisas
Estão sujeitas às normas sobre o cumprimento das obrigações, sendo-lhe aplicável o regime da mora do credor/devedor
Pretensões primárias (ação de reivindicação ou ação negatória) não podem ser cedidas a terceiro VS secundárias
(indemnização por RC) podem ser (577º e ss
Prestações secundárias estão sujeitas à prescrição (498º) VS principais não
Não se aplica a indemnização por incumprimento (798º e ss) pois pressupõe a violação de uma obrigação previamente
constituída, enquanto que as pretensões surgem diretamente em resultado da violação do D Rea
Artigo 102
Mais um
Efeito resultante dos Direitos Reais
Situações jurídicas cujo sujeito ativo ou passivo é determinado em virtude da titularidade dum direito real.
Correspondem a situações em que a existência do direito real atribui ao seu titular direitos ou obrigações em relação a
outrem
Obrigações Propter Rem
Obrigações em que o respetivo devedor é determinado pela titularidade de um direito real.
Aquelas em que o devedor é devedor em virtude de ser titular de um direito real
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LEGISLAÇÃO CONSOLIDADA
Em certos direitos a lei confere uma certa amplitude para a constituição de obrigações propter rem por via negocial –
usufruto (art. 1445o), uso e habitação (art. 1485o), superfície (art. 1530o) e servidões prediais (art. 1564o).
Apesar disto, estão sujeitas ao princípio da tipicidade e só se podem constituir nos casos previstos na lei – pois elas
vinculam o titular do direito real enquanto tal.
Obrigações propter rem acompanham o direito real de que fazem parte nas suas vicissitudes, permanecendo ligadas a
este.
São transmitidas caso o direito real também o seja.
Se a obrigação se venceu enquanto a coisa estava na titularidade do alienante, não é
transmitida com o direito real pois o vencimento desta implicou que ela passasse a vincular pessoalmente o titular do
direito. Ex: adquirente de fração autónoma não está obrigado a liquidar dívidas do anterior proprietário nem a custear
obras anteriores à sua aquisição.
Extinguem-se quando se extingue o direito real.
o Podem ainda extinguir-se por ter sido constituído, por via negocial ou
usucapião, um direito real com elas incompatível (como as servidões desvinculativas)13.
Natureza Jurídica
Teoria Realista – correspondem a verdadeiros direitos reais, uma vez que não há
obstáculos a que o direito real tenha por objeto um facere, podendo haver direitos reais in faciendo; são geradas pela
propriedade e resultam duma oneração dessa propriedade; são inerentes às coisas e não às pessoas – Henrique
Mesquita14, JAV
Teoria Personalista – correspondem a verdadeiras obrigações, uma vez que nelas existe o dever de uma pessoa realizar
uma prestação, sendo consequentemente submetidas ao regime geral das obrigações; especialidade da pessoa do
devedor é determinada através da relação com a coisa, mas, não há direito real pois não há atribuição de direito sobre
essa coisa (que serve apenas para determinar o sujeito passivo da obrigação) e sim sobre uma prestação – Antunes
Varela, MC, ML
Teoria Mista – têm uma natureza mista pois recolhem elementos dos direitos reais e dos direitos de crédito; relação de
natureza complexa – Penha Gonçalves
Teoria Relativa – correspondem a direitos reais ou direitos de crédito consoante o critério que se adotasse, o da estrutura
dos direitos e o da vinculação e pertença do titular em relação a uma coisa determinada - Giorgianni