ALEITAMENTO

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Pediatria Geral

TEMA: ALEITAMENTO MATERNO episódios de diarreia e, quando tem, são de


menor gravidade.
INTRODUÇÃO 2. Menor incidência de otite média aguda - é a
principal infecção bacteriana do lactente. O
O aleitamento materno é fundamental para o
leite materno oferece proteção em todo o
desenvolvimento biológico e emocional do ser
tubo digestivo, diminuindo também a entrada
humano. É um meio natural de vínculo, proteção,
afeto e nutrição. Segundo o Ministério da Saúde de germes patogênicos no ouvido médio.
(MS), é a maneira mais sensível, econômica e 3. Fatores imunológicos presentes no leite
eficaz de intervenção para redução da materno - contém inúmeros fatores de
morbimortalidade infantil. proteção, tais como IgA secretoria, anticorpos
IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos
Indicação: A Organização Mundial da Saúde (OMS) B e T, lactoferrina, lisozima e fator bífido.
recomenda o aleitamento materno exclusivo até
a. Fator bífido: favorece o crescimento
os 6 meses de idade e complementado até 2 anos
do Lactobacillus bifidus, bactéria
ou mais.
não patogênica que acidifica as
TIPOS DE ALEITAMENTO MATERNO fezes, dificultando assim a
instalação de bactérias patogênicas
Classificação segundo a OMS: que causam diarreia, como a
Aleitamento materno ou ordenhado: leite Shigella, Salmonella e Escherichia
materno direto da mama (ou ordenhado), coli.
independente de receber ou não outros b. Lactoferrina: inibe a E. coli, tem
alimentos. ação bacteriostática.
Aleitamento exclusivo: leite c. Lisozima: tem ação bacteriostática
materno/humano, sem água ou qualquer (bacteriolítica).
líquido ou alimento sólido, exceto gotas ou d. Lactoperoxidase: oxidação de
xaropes contendo vitaminas, sais de algumas bactérias.
reidratação oral, suplementos minerais ou
medicamentos. Recomendado até 6 meses de 4. Menor pH fecal - como mencionado acima, o
idade. pH fecal mais ácido, criado pela microbiota
Aleitamento predominante: leite materno + intestinal, propicia um ambiente de proteção
água, sucos ou fluidos rituais. Sem alimentos
contra enteropatógenos
sólidos. Não é recomendado.
5. Proteção contra alergias - alimentação
Aleitamento complementado: leite materno +
exclusiva ao seio, durante 3 meses, diminui
alimentos sólidos ou semi-sólidos que
possuem a finalidade de complementar, não fenômenos alérgicos.
de substituir o leite materno. Recomendado
após os 6 meses, até no mínimo 2 anos. VANTAGENS PARA A MÃE
Aleitamento misto ou parcial: leite materno + 1. Recuperação da mãe - amamentação
outros tipos de leite. estimula a liberação de ocitocina, importante
na involução uterina.
VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO 2. Perda de peso - perda de 500 kcal/dia.
3. Efeito contraceptivo - aleitamento exclusivo
VANTAGENS PARA A CRIANÇA garante até 98% de anovulação. Outros
1. Proteção contra enteropatógenos - crianças métodos contraceptivos são indicados apenas
alimentadas ao seio materno têm menos 1 mês após o parto (quando se pode voltar a
ter vida sexual).
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Este material é elaborado de forma colaborativa, sendo vedadas práticas que caracterizem plágio ou violem direitos autorais e/ou de propriedade intelectual.
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4. Menor chance de desenvolver câncer de Nos 3 primeiros dias de vida do RN a mãe tem a
útero e ovário. apojadura (descida do leite) pela queda hormonal
e libera o colostro; que é produzido em menor
IMPORTANTE: Não usar pílulas de estrógeno, visto volume (adequado à imaturidade renal do RN) e
que pode levar a hipogalactia (diminuição do leite possui coloração amarelada. Contém mais
materno) e a feminização (no caso de criança do proteínas e IgA que o leite maduro, sendo rico
sexo masculino). Portanto, usar apenas pílulas de também em eletrólitos e vitaminas lipossolúveis
progesterona. (em especial vitamina A e K). Possui menor
concentração de minerais, gorduras e lactose.
VANTAGENS NO GERAL Volume diário: 10 a 40 ml.
Redução da mortalidade infantil, especialmente
pela proteção contra infecções e desnutrição; Após 1 semana começa a ser produzido o leite de
redução do risco futuro de obesidade, hipertensão transição (mais claro), que apresenta
e diabetes; diminuição do risco de alergias. características intermediárias entre o colostro e o
leite maduro.
DIREITOS DA MULHER
LEITE MADURO
Amamentar é um direito garantido por lei. A partir do 15º dia do pós parto o leite maduro
No Brasil, atualmente, a licença começa a ser produzido. Nele, há 3 fases durante a
maternidade é de 120 dias, podendo ter mamada: leite anterior (solução) rico em
início no primeiro dia do nono mês de imunoglobulinas e outros fatores de proteção;
gestação, salvo antecipação por prescrição seguido por predomínio de proteínas e lactose;
médica (Constituição Federal de 1988, última fase (posterior; emulsão) rico em gorduras,
artigo 7º, inciso XVIII). que garante saciedade e ganho ponderal.
Programa Empresa Cidadã - prevê a
prorrogação da licença maternidade para OBS: O colostro é rico em imunoglobulinas,
180 dias, mediante incentivo fiscal. proteínas e vitamina A, enquanto o leite maduro é
Pausas para amamentar – prevê até 2 mais rico em carboidratos, gorduras e calorias.
pausas de meia hora, durante a jornada de
trabalho, para que a mãe possa amamentar OBS: O leite tem variação circadiana, sendo mais
o próprio filho, até que ele complete seis rico em gorduras no final do dia.
meses de idade.
LEITE HUMANO x LEITE DE VACA

CARACTERÍSTICAS DO LEITE Em relação a taxa calórica são semelhantes,


aproximadamente 70 kcal/ 100mL.
A partir do nascimento, o leite materno evolui de Proteína - o leite humano (LH) possui menos
colostro ao leite de transição, se tornando leite proteína (3 vezes menos), com predomínio de
maduro em torno da 2º semana de vida. alfalactoalbumina, enquanto no leite de vaca
(LV) predomina a caseína e
#DICA: fique atento à composição e diferença betalactoglobulina (alergênica). Logo, a
nutricional entre os leites (colostro, maduro, leite de digestão é mais fácil. O leite de vaca induz a
vaca e leite de mães de RN prematuro). retardo no tempo de esvaziamento gástrico.
LH = 1,5%; LV = 3,3%.
COLOSTRO

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Gorduras, porcentagens semelhantes (3,5%). ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE


Diferença é que no LH a concentração de VACA ! OBS: Intolerância à lactose é
gordura é maior no fim da mamada, o que incomum no lactente.
gera saciedade na criança. OBS: O LH é rico Os sintomas podem ser agudos ou insidiosos, com
ácidos graxos essenciais (LC-PUFA, ARA e vômitos, diarréia e má absorção, com retardo de
DHA) e colesterol (reduz risco de crescimento e sangue nas fezes. Irritabilidade,
dislipidemia). cólica, choro intenso e recusa alimentar podem
Os valores de carboidratos são de 4,8% para o estar associados. Algumas manifestações alérgicas
LV e 6,5 a 7% para o LH (rico em lactose!). Isso na pele e sistema respiratório são frequentes,
gera fezes de consistência mais amolecida como broncoespasmo, urticária, rash cutâneo,
(maior osmolaridade no lúmen e fermentação dermatite atópica, entre outros.
por bactérias) e torna o pH intestinal mais O tratamento inclui dieta materna livre de leite de
ácido, aumentando a absorção de cálcio e vaca e derivados, enquanto estiver amamentando.
inibindo a proliferação de patógenos. Após são utilizadas fórmulas alimentares
Minerais - 3,6 vezes maior no LV, com exceção hidrolisadas ou de aminoácidos.
do cobre e do ferro. O LH tem lactoferrina,
que se liga ao ferro evitando perda intestinal LEITE DO RN PREMATURO
desse mineral. Leite de mãe de prematuro contém mais gordura,
Ferro: (1) O ferro encontrado no leite materno proteína, IgA, lactoferrina, excesso de potássio e
tem absorção 5 vezes maior. (2) Maior vitaminas A e E, adequado para prover o
biodisponibilidade no leite humano, sendo crescimento e adaptação do seu bebê.
suficiente nos primeiros 6 meses (ainda que
seja recomendado o ferro profilático a partir FISIOLOGIA DA AMAMENTAÇÃO
dos 3 meses). LACTOGÊNESE
Eletrólitos: o LH tem menos eletrólitos, já o A lactogênese começa na segunda metade
LV possui um excesso de sódio, cloro, da gestação (estágio I) e continua após o parto
potássio, cálcio e fósforo. Apesar da diferença (estágio II). Com a queda do estrogênio e
na concentração, o cálcio é melhor absorvido progesterona após o parto, a prolactina deixa de
no LH. ser inibida e começa a estimular a produção de
leite, independente de estímulo do bebê,
Relação caseína/proteína iniciando o estágio II. Esse fenômeno é conhecido
Materno: 80% de alfalactoalbumina e 20% de por apojadura e ocorre 2 a 4 dias pós-parto e é
caseína (proporção invertida no leite de marcado pela transição do mecônio para fezes
vaca!). amareladas.
A proteína do soro do leite de vaca é a B- Para que a produção láctea continue, aí sim
lactoglobulina, que é causa de alergia à é necessário estímulo e esvaziamento mamário.
proteína do leite. FISIOLOGIA DA MAMADA
1. Sucção da mama estimula o hipotálamo.
Alergia à proteína do leite de vaca (APLV) Quanto mais frequente, maior o estímulo.
Criança que desenvolve alergia ao introduzir o 2. O hipotálamo estimula:
leite de vaca na dieta tem alergia a lactose? A hipófise anterior a produz prolactina →
R: NÃO! Se houvesse alergia à lactose, a prolactina estimula a secreção das células
haveria muito mais alergia ao leite humano, produtoras de leite nos alvéolos →
que possui maior quantidade lactose do
produção do leite;
que o leite de vaca. Nesse caso trata-se de
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A hipófise posterior a liberar ocitocina - Praticar o alojamento conjunto - visa permitir


(produzida no hipotálamo) → ocitocina age que mães e bebês permaneçam juntos 24h
nos alvéolos promovendo a contração das por dia.
- A transferência do leite envolve uma boa
células mioepiteliais, levando o leite para
coordenação entre sucção e deglutição, a qual
dentro dos ductos para serem sugados pela
deve ser audível.
criança → reflexo de ejeção (descida do
leite). Posição adequada
Lactente bem apoiado;
Corpo do lactente próximo ao da mãe;
Cabeça, tronco e quadris do bebê
alinhados;
Rosto de frente para a mama;
Leve extensão do pescoço
Nariz na altura do mamilo.

Pega adequada
Boca bem aberta
RN deve abocanhar mamilo com a aréola
para uma sucção efetiva e evitar fissuras
Lábio inferior voltado para fora (evertido);
Queixo toca a mama;
Aréola mais visível acima da boca.
Obs: A mãe sente um movimento de
Reflexos infantis
ondulação, indolor, a cada sucção.
Busca;
Sucção (fraco em < 34 semanas e/ou 1500g);
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA MAMADA
Deglutição (incoordenada em < 32 semanas).
Ganho de peso do RN
A criança perde cerca de 5 a 7% do peso ao
TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO nascer nos 5 primeiros dias de vida. Isso de forma
alguma significa amamentação insuficiente. Mas a
Fique atento! As questões giram em torno da
recuperação para o peso de nascimento pode
atenção ao ato da amamentação e se a pega está
ocorrer até 7 a 14 dias de vida, não sendo
adequada.
indicativo de problemas, devendo a mãe ser
- Amamentar em livre demanda (varia de 8 a
orientada a manter a amamentação, sem uso de
12 vezes ao dia nas duas primeiras semanas e
fórmulas lácteas.
após reduz para 7 a 9 vezes), sem horário
Quando o aleitamento já está bem
definido e sem limitação de tempo para cada
estabelecido, o RN ganha 15-40 g por dia. Espera-
mama.
se que a criança ganhe aproximadamente 700g no
- Oferecer um seio de cada vez, esvaziando-o
primeiro mês. Se ganhou pouco peso nesse
por completo antes da troca. Começar a
período, a primeira ação é verificar a rotina de
mamada pela última mama oferecida.
amamentação e se certificar se o lactente está
- Posição confortável para mãe e bebê.
tendo uma boa pega e corrigir quando necessário.

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#DICA: A verificação do ganho de peso do lactente Infectada pelo HIV, HTLV 1 e/ou HTLV 2.
é tema frequente em provas. Mas, ATENÇÃO, Uso de medicamentos incompatíveis com a
geralmente, alternativas que sugerem prescrever amamentação, como as drogas radioativas,
fórmula estão erradas. A melhor saída é verificar a citotóxicas ou imunossupressoras. Ex:
pega e incentivar o aleitamento materno, com amiodarona; ciclofosfamida; busulfan;
reavaliação da criança. tamoxifeno; linezolida; ganciclovir,
radiofarmacos.
Sinais do RN Psicose puerperal grave: também é
Sinais urinários e fecais são indicativos da considerada uma contraindicação absoluta
boa eficácia da amamentação. Sinais positivos são ao aleitamento (para alguns autores é
troca de 6-8 fraldas por dia e transição para fezes indicação de amamentação vigiada).
amareladas com 3 dias de vida, com uma Contraindicações temporárias
frequência maior que 3 vezes ao dia. Herpes-simples na mama (doença ativa,
Além disso, a presença de fezes com vesículas herpéticas). Contraindica
esverdeadas e espumosas podem indicar a baixa amamentação apenas na mama com lesão
quantidade de gordura no leite materno, visto que ativa, até as lesões cicatrizaram. Se tiver
a alta concentração de gordura retarda o uma mama sadia pode-se realizar a
esvaziamento intestinal e permite a digestão da amamentação por ela.
lactose. Quando a mãe troca de mama antes de Varicela: mãe com vesículas na pele 5 dias
esgotar a primeira para sair o leite posterior rico antes ou até 2 dias após o parto,
em gordura, menos gordura tem para diminuir a recomenda-se o isolamento da mãe até
motilidade e assim altas concentrações de lactose que as lesões adquiram a forma de crosta.
chegam no cólon e é fermentada pelas bactérias, A criança deve receber Imunoglobulina
criando gás e fezes espumosas. Humana Antivaricela Zóster (Ighavz). O
leite pode ser esgotado para ser dado ao
CONTRAINDICAÇÕES À AMAMENTAÇÃO RN.
Vacinação contra febre-amarela: evitar
#DICA: tema muito cobrado nas provas!! Fique amamentação por 10 dias, se a mãe
atento às contra-indicações absolutas e às receber a vacina nos primeiros 6 meses de
condições, que ao contrário do que parece, que NÃO vida. Esgotar e conservar o leite antes. A
contraindicam a amamentação. preferência é não receber a vacina
enquanto amamentar.
RELATIVAS À CRIANÇA
Galactosemia: é contra indicações Contraindicações relativas
absoluta! O bebê é incapaz de utilizar a Doença de Chagas na fase aguda da doença
galactose e isso pode levar à déficit de ou se houver sangramento mamilar
crescimento, disfunção hepática, catarata e evidente (geralmente em fase crônica).
retardo mental. Uso de drogas de abuso - anfetaminas,
Doença do Xarope de Bordo (leucinose) cocaína, heroína, maconha e fenciclidina.
Atresia de esôfago Abscesso mamário: só o impede se houver
Fenilcetonúria (a criança deve receber LH + drenagem purulenta próxima ao mamilo
fórmula). (restrição unilateral).
Citomegalovírus: contraindicada se RN <32
RELATIVAS A MÃE semanas ou <2000g.
Contraindicações Absolutas NÃO se deve contraindicar o aleitamento
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Tuberculose: mães não tratadas ou ainda fraco". É extremamente raro, então deve-se
bacilíferas (duas primeiras semanas após assegurar à mãe que leite fraco não existe,
início do tratamento) devem amamentar
passando confiança e segurança:
com o uso de máscaras.
- Perguntar sobre a diurese. Troca de fralda
Bebê - Isoniazida por 3 meses.
com frequência é um bom sinal, indicando
Hanseníase: iniciar a amamentação depois
que o volume de leite ingerido é adequado.
da 1º dose de Rifampicina.
- Pesar a criança semanalmente e verificar se
Hepatite B: a vacina e a administração de
o ganho de peso está adequado. No 1º mês
imunoglobulina específica (HBIG) após o
espera-se ganhar 25 a 30 g/dia.
nascimento praticamente eliminam
- Se enquanto a criança mama em um seio há
qualquer risco teórico de transmissão da
o reflexo da descida do leite no outro seio,
doença via leite materno.
é sinal de volume de leite adequado.
Álcool e cigarro: desestimular o hábito e
- No caso da mãe ordenhar o leite para dar à
manter a amamentação.
criança posteriormente, os líquidos devem
Dengue: mãe passa fator antidengue no
ser oferecidos ao lactente através de
leite materno.
colher ou copo, afim de se evitar o uso da
Infecção por Zika
mamadeira, visto que sua sucção é
Hepatite C: a transmissão é possível mas
diferente.
nunca foi documentada.
Toxoplasmose: não há evidência de
Suplementação: deve ser evitada sempre que
transmissão.
possível, pois tende a gerar maiores dificuldades
no aleitamento materno. É recomendada apenas
Obs: você pode consultar o risco de uso de
para RN que perderam mais de 7% do peso com 5-
medicações durante a lactação neste site
10 dias, sinais de desidratação ou baixo débito
(LactMed):
fecal com baixo suprimento de leite materno. É
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK501922/
mantida apenas enquanto necessário. O uso de
lactogogos não é recomendado.
O que fazer em caso de contraindicação ao
aleitamento?
Fissuras: quando presente, primeira coisa a se
- A mãe deve usar Cabergolina 0,5 mg (1 mg, 2
fazer é avaliar se a posição e a pega estão
cp em dose única) para suprimir a lactação.
adequadas. Se não estiverem, mudo a posição de
- Para o lactente, indica-se uso das fórmulas
amamentação e ensino a pega correta, mas não se
infantis prontas, que possuem composição
deve parar de amamentar (para evitar acúmulo de
nutricional adequada.
leite). Além disso, orientar a ordenha antes da
- Caso o leite de vaca seja usado (não é o
mamada para estimular o reflexo de ejeção e o RN
recomendado até 1 ano de idade, mas
mamar menos vigorosamente.
acontece), ele deve ser diluído (70% leite,
Na impossibilidade de se continuar, completar o
30% água), além de acrescentar uma colher de
esvaziamento através da expressão manual
óleo para lactentes abaixo de 4 meses.
(ordenha). Ademais, banho de sol ajuda na
cicatrização, bem como passar o próprio leite
DIFICULDADES DA AMAMENTAÇÃO
materno nas lesões. Compressas frias ou quentes
e analgesicos podem ajudar. É Importante manter
Hipogalactia: consiste na secreção láctea o seio seco. Não se deve recomendar cremes.
insuficiente → "o leite está secando, é pouco ou

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Seio duro, ingurgitamento ou “leite colher. No trabalho, esvaziar as mamas a cada 2 ou


empedrado”: ocorre por acúmulo ou retenção de 3 horas.
leite. A mama fica aumentada, firme, hiperemiada
e dolorosa; pode haver sinais flogísticos e pode Conservação do leite humano ordenhado: em
afetar a pega do RN. Pode ser primária (excesso temperatura ambiente = 2 horas; na geladeira = 12
de produção de leite, geralmente 3-5 dias após o horas e no congelador = 15 dias.
parto) ou secundária (desequilíbrio entre
produção e extração do leite, por excesso de Amamentação durante outra gestação: não é
estímulo, medicações, redução da extração ou uma contraindicação, mas a dieta deve ser
períodos de doença do bebê). adequada para suprir as necessidades e pode
Devemos avaliar a posição e pega, orientar haver alteração na quantidade e composição do
amamentação em livre demanda, uso de sutiã de leite. Além disso, a sucção estimula contração
alças largas (para segurar bem a mama), indicar uterina, portanto mulheres com risco de trabalho
analgesia e compressas frias no intervalo entre parto prematuro ou insuficiência uteroplacentária
mamadas e principalmente realizar o devem parar de amamentar com cerca de 24
esvaziamento manual e ensinar a paciente a fazê- semanas de gestação.
lo.
Mamilos planos ou invertidos: não atrapalham a
Mastite: é a inflamação na mama devido a estase, pega, pois o bebê consegue abocanhar mesmo
causada em 60% das vezes pelo S. aureus. Cursa mamilos irregulares. A orientação quanto à
com sinais flogísticos locais (dor, edema e lactação, ajuste de pega, uso de bombas
hiperemia das mamas) e sistêmicos (febre e extratoras antes da pega e uso de um protetor de
mialgia). Deve ser diferenciado de ingurgitamento mamilo podem auxiliar na mamada. Não é indicado
mamário, pois na mastite, o esgotamento da a realização de técnicas para preparo da mama ou
mama não alivia os sintomas. É mais comum nas mamilo durante a gravidez (o estímulo pode
primeiras 6 semanas pós-parto e ocorre por induzir contração uterina).
ingurgitamento prolongado, bloqueio dos ductos
mamários, esgotamento de leite ineficiente, INTRODUÇÃO ALIMENTAR
trauma no mamilo ou pressão nos seios.
A conduta é manter a amamentação e tratar com A alimentação complementar é introduzida a
analgésicos, antitérmicos e antibióticos partir dos 6 meses de maneira gradual. Deve ser
(cefalosporinas). Compressas frias podem ajudar. oferecida 3 vezes por dia nas crianças em
aleitamento materno e 5 vezes nas que não.
Abscesso mamário: consiste em uma coleção de
pus localizada dentro do tecido mamário, As refeições devem incluir um alimento de cada
precedido por mastite. Se apresenta similar à grupo citado adiante: cereal ou tubérculo,
mastite mas com uma massa palpável e flutuante. hortaliça, leguminosas mais um alimento de
A conduta é manter a amamentação, com exceção origem animal.
de abscesso muito próximo do mamilo. Trato com Até o 6º mês = leite materno exclusivo;
drenagem e antibioticoterapia. 6º mês = leite materno, papa de frutas;
6º ao 7º mês = primeira papa salgada, ovo,
Mãe que trabalha fora: pode manter suco de frutas;
amamentação materna exclusiva em criança < 6 7º ao 8º mês = segunda papa salgada;
meses (apesar de ser difícil), através da ordenha e 9º ao 11º mês = gradativamente passar
estocagem de leite. Oferecer o leite em copo ou para a comida da família;
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12º mês = comida da família. >37 semanas e > 2,5 kg ⇒ aleitamento


exclusivo + complementar após 6 meses.
OBS: não bater a comida no liquidificador, a
< 6 meses ⇒ aleitamento materno
criança precisa aprender a comer alimentos
ou fórmula infantil.
sólidos.
OBS: Não oferecer mel antes de 1 ano de idade > 6 meses ⇒ 1 mg/kg/dia de ferro
(pelo risco de botulismo). O ovo pode ser inserido elementar, até os 2 anos de vida.
a partir dos 6 meses sem qualquer restrição. Exceção em caso de uso >500
ml/dia de fórmula infantil.
SUPLEMENTAÇÃO DE NUTRIENTES <37 semanas ou <2,5kg ⇒ iniciar
suplementação com 30 dias de vida e
FERRO manter até 2 anos
Recomendação segundo a Sociedade Brasileira de
1º ano ⇒ < 1 kg = 4 mg/kg/dia; 1-1,5
Pediatria (SBP):
kg = 3 mg/kg/dia; 1,5-2,5 kg = 2
Situação Recomendação
mg/kg/dia;
RN a termo, de peso AIG 1 mg de ferro elementar/kg
em aleitamento materno peso/dia a partir do 3º mês 2º ano ⇒ 1 mg/kg/dia
exclusivo ou não até 24º mês de vida

RN a termo, de peso AIGl 1 mg de ferro elementar/kg VITAMINAS


em uso de menos de 500mL peso/dia a partir do 3º mês Vitamina D
de fórmula infantil por dia até 24º mês de vida
A dose preventiva universal da vitamina D é de
RN a termo com peso 2 mg/kg de peso/dia, a partir 400 UI para lactentes até 1 ano, depois a dose
inferior a 2500g de 30 dias durante um ano.
Após este período, 1mg/kg/
passa a ser de 600 UI.
dia mais um ano

RN pré-termo com peso 2 mg/kg de peso/dia, a partir


Vitamina A
entre 2500 e 1500g de 30 dias durante um ano. Suplementação indicada entre os 6 meses e 5 anos
Após este prazo, 1mg/kg/dia de idade, somente em áreas com alta prevalência
mais um ano
de hipovitaminose A (nordeste, norte, Vale do
RN pré-termo com peso 3 mg/kg de peso/dia, a partir Ribeira, Vale do Jequitinhonha). As doses são
entre 1500 e 1000g de 30 dias durante um ano.
Após este período, 1mg/kg/ semestrais e nunca devem ser dadas intervalos
dia mais um ano menores que 4 meses.
RN pré-termo com peso 4 mg/kg de peso/dia, a partir Megadose única para crianças de 6-12
inferior a 1000g de 30 dias durante um ano. meses, dose de 100.000UI.
Após este período, 1mg/kg/
dia mais um ano
Dose de 200.000UI para crianças de 12-72
meses.
OBS: o ferro elementar corresponde a ⅕ da dose
Lembrando a relação local/regional do risco e
do sulfato ferroso (se tem 200 mg de sulfato,
benefício: hipertensão intracraniana x risco de
temos 40 mg de ferro elementar).
mortalidade por pneumonia, diarreia e sarampo.
Desde 2005, no Brasil, foi criado o Programa de
INFORMAÇÕES EXTRAS IMPORTANTES
Suplementação de Ferro (PNSF) que contempla as
Medicação que aumenta a produção do leite?
crianças de 6 meses a 24 meses de idade,
Metoclopramida, pois aumenta a liberação da
diferente da SBP. Observe:
prolactina.

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RESUMINDO…
Leite humano tem mais lactose e gordura e
menos proteína e sódio que o leite de vaca;
Leite maduro tem mais lactose e gordura
que o colostro;
HIV, HTLV e galactosemia são
contraindicações para aleitamento
materno;
Posicionamento = bem apoiada, corpo
próximo, alinhado e rosto de frente para
mama
Pega = boca bem aberta, lábio inferior
evertido, mais aréola acima da boca e
queixo toca a mama;
Profilaxia de anemia ferropriva:
Termo e > 2,5 kg: leite ou fórmula
até 6 meses; após 1 mg/kg/dia de
ferro elementar de 6 meses a 2
anos, exceto se >500 mg/dia de
fórmula;
Pré-termo ou < 2,5 kg: ferro a partir
do 1º mês até 2 anos. No 1º ano a
dose é maior (baixo peso 2; muito
baixo peso 3; extremo baixo peso
4).

CLIQUE AQUI E AVALIE ESTE


RESUMO

POLÍTICA DE USO
Este material é elaborado de forma colaborativa,
sendo vedadas práticas que caracterizem plágio ou
violem direitos autorais e/ou de propriedade
intelectual. Qualquer prática dessa natureza ou
contrária aos Termos de Uso da Comunidade MedQ
pode ser denunciada ao setor responsável pelo canal
de suporte.

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