Érica Eulalia - Genesis Erthal - Jéssica Camillo 2023

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUTÔNOMO DO BRASIL

UNIBRASIL

ÉRICA EULALIA
GENESIS ERTHAL
JÉSSICA CAMILLO

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VIDA ÚTIL DA ESTRUTURA DE UM


CONDOMÍNIO RESIDENCIAL EM CURITIBA E IDENTIFICAÇÃO DE
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RECENTES: UM ESTUDO DE CASO.

CURITIBA
2023
ÉRICA EULALIA

GENESIS ERTHAL

JÉSSICA CAMILLO

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VIDA ÚTIL DA ESTRUTURA DE UM


CONDOMÍNIO RESIDENCIAL EM CURITIBA E IDENTIFICAÇÃO DE
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS RECENTES: UM ESTUDO DE CASO.

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado ao Curso de
Graduação em Engenharia Civil do
Centro Universitário Autônomo do
Brasil – UNIBRASIL, como requisito
parcial à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Profª. Orientadora: Dra. Cristhiane Anete


Neiverth

Curitiba
2023
RESUMO

O trabalho analisa as manifestações patológicas e os conceitos de


engenharia diagnóstica presentes no relatório técnico utilizado como base para o
estudo de caso. Além das demais pesquisas em fontes secundárias como trabalhos
acadêmicos, artigos, livros e afins. Aplicando conceitos e ideais de outros autores,
cujos objetivos eram semelhantes ao desse trabalho, constroe-se uma análise
complementar das informações apresentadas no relatório técnico.
Os problemas de manifestações patológicas em construções são antigos e
surgiram juntos ao ato de construir. Desde as construções mais simples até as mais
complexas, as patologias estão presentes, e seu aparecimento pode ser causado por
diversos fatores. De acordo com estudiosos da área, tais fatores incluem desde
falhas no projeto, escolha inadequada de materiais, erros na execução e falta de
manutenção. Além disso, fatores externos, como variações climáticas e desastres
naturais, podem contribuir para o aparecimento de manifestações patológicas em
edificações. Por isso, é fundamental que os profissionais da área de construção civil
estejam sempre atualizados em relação às técnicas e materiais disponíveis, de modo
a evitar tais problemas e garantir a qualidade e a durabilidade das construções.
A pesquisa descritiva utilizou dados coletados em uma vistoria que abordou
as atuais condições dos edifícios, com o objetivo de restabelecer a estrutura das
edificações e prolongar a sua vida útil. O estudo utiliza uma abordagem quali-quanti,
com enfoque na exposição da análise de conceitos e estudos acerca da engenharia
diagnóstica e manifestação patológica, utilizando gráficos e tabelas para embasar e
consolidar as informações bibliográficas apresentadas.
O trabalho concluiu que a aplicação de normas e planos de manutenção
preventiva é fundamental para evitar manifestações patológicas em edificações,
garantindo a segurança e a durabilidade da construção. A negligência quanto a esses
aspectos pode comprometer a integridade da edificação e a saúde dos usuários,
aumentando os custos de reparo e manutenção. É importante conscientizar os
profissionais da área, proprietários e usuários sobre a importância dessas medidas
preventivas para assegurar a qualidade de vida dos usuários e a preservação do
patrimônio construído.
Palavras-chave: Manifestações patológicas. Engenharia diagnóstica. Segurança.
Durabilidade. Infiltração.
ABSTRACT

The overall objective of this work is to analyze the pathological manifestations


and the concepts of diagnostic engineering present in the technical report that will
be used as the basis for the case study. In addition to other research from secondary
sources such as academic papers, articles, books, and the like. Applying concepts
and ideas from other authors, whose objectives were similar to those of this work, in
order to build a complementary analysis of the information presented in the technical
report.
Pathological manifestations in constructions are ancient problems that arose
together with the act of building. From the simplest to the most complex
constructions, pathologies are present, and their appearance can be caused by
various factors. According to scholars in the field, such factors include failures in the
design, inadequate choice of materials, errors in execution, and lack of maintenance.
In addition, external factors such as weather variations and natural disasters can also
contribute to the appearance of pathological manifestations in buildings. Therefore,
it is essential that professionals in the field of civil construction are always updated
regarding the available techniques and materials, in order to avoid such problems
and ensure the quality and durability of constructions.
The descriptive research used data collected from an inspection that
addressed the current conditions of the buildings, with the aim of restoring the
structure of the buildings and prolonging their useful life. The study uses a quali-
quantitative approach, with a focus on the exposure of the analysis of concepts and
studies about diagnostic engineering and pathological manifestations, and makes
use of graphs and tables to support and consolidate the presented bibliographic
information.
The work concluded that the application of preventive maintenance plans and
standards is fundamental to avoid pathological manifestations in buildings, ensuring
the safety and durability of the construction. Neglecting these aspects can
compromise the integrity of the building and the health of the users, as well as
increasing repair and maintenance costs. It is important to raise awareness among
professionals in the field, owners, and users about the importance of these
preventive measures to ensure the quality of life of the users and the preservation of
the built heritage.
Keywords: Pathological manifestations. Diagnostic engineering. Safety. Durability.
Infiltration.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Estrutura de sustentação na medicina e na engenharia civil .....................14


Figura 2 - Fissuras e Trincas ...................................................................................... 16
Figura 3 - Porosidade do concreto. .............................................................................17
Figura 4 - Infiltração em Parede de Alvenaria. ........................................................... 18
Figura 5 - Carbonatação em uma viga de concreto ...................................................19
Figura 6 - Destacamento em uma viga de concreto ...................................................20
Figura 7 - Gretamento em peças de cerâmica ........................................................... 21
Figura 8 - Desbotamento na pintura ............................. Erro! Indicador não definido.
Figura 9 - Umidade em uma Edificação ......................................................................24
Figura 10 - Manchas causadas por umidade..............................................................26
Figura 11 - Mofo e Bolor causados pela umidade ........ Erro! Indicador não definido.
Figura 12 - Eflorescência no concreto ........................................................................28
Figura 13 - Manifestação de Criptoeflorescências .....................................................29
Figura 14 - Goteira em laje fissurada .......................................................................... 30
Figura 15 - Bolhas na pintura ...................................................................................... 31
Figura 16 - Descascamento E Desagregamento ........................................................31
Figura 17 - Aplicação de Argamassa Polimérica ........................................................35
Figura 18 - Execução de Manta Asfáltica ...................................................................39
Figura 19 - Emulsão Asfáltica .....................................................................................39
Figura 20 - Aplicação da Emulsão Asfáltica ............................................................... 40
Figura 21 - Calefação .................................................................................................. 41
Figura 22 - Hidrorrepelente Aplicado .......................................................................... 42
Figura 23 - Corrosão das armaduras da junta de dilatação V19 (torre B) .................49
Figura 24 - Corrosão avançada das armaduras da junta de dilatação V1 (torre A) e
V19 (bloco piscina) ......................................................................................................50
Figura 25 - Corrosão de Armadura V27 ......................................................................50
Figura 26 - Corrosão de armadura V16 ......................................................................51
Figura 27 - Exposição e corrosão de armaduras na Viga V9 ..................................... 51
Figura 28 - Corrosão de armaduras V47 ....................................................................52
Figura 29 - Laje da tampa da cisterna com pontos de corrosão ................................52
Figura 30 - Corrosão de armadura na viga ................................................................. 53
Figura 31 - Laje da tampa da cisterna com pits de corrosão......................................53
Figura 32 - Potencial de corrosão em função do pH ..................................................54
Figura 33 - Fissura Laje L18 .......................................................................................57
Figura 34 - Fissura Viga 45° V9 ..................................................................................58
Figura 35 - Calhas e pontos de corrosão ....................................................................59
Figura 36 - Calhas em vigas e sinais de eflorescência .............................................. 59
Figura 37 - Corrosão junta de dilatação por infiltração de umidade V35 ...................61
Figura 38 - Corrosão junta de dilatação por infiltração de umidade V35 ...................61
Figura 39 - Situação sobre a junta de dilatação com infiltração ................................. 62
Figura 40 - Situação sobre a junta de dilatação e presença de água ........................62
Figura 41 - Situação sobre a junta de dilatação ......................................................... 63
Figura 42 - Situação sobre a junta de dilatação ......................................................... 63
Figura 43 - Desplacamento por Corrosão L19............................................................64
Figura 44 - Corrosão em vigas e juntas de dilatação .................................................65
Figura 45 - Viga com segregação do concreto e infiltração V30 ................................66
Figura 46 - Lei de Evolução de Custos - Sitter ........................................................... 74
Figura 47 - Salão de festas ......................................................................................... 77
Figura 48 - Quadra de esportes ..................................................................................77
Figura 49 - Quadra de tênis ........................................................................................78
Figura 50 - Paisagismo ao lado da quadra de esportes .............................................78
Figura 51 - Estribo de reforço estrutural ..................................................................... 81

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Anomalias e Aberturas em ......................................................................12


Tabela 2 – Parâmetros de ensaio ............................................................................35
Tabela 2 – Parâmetros de ensaio (Continuação) ....................................................35
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...........................................................................................................11
1.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 12
1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .................................................................................12
1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................14
2.1 TRINCAS E FISSURAS .................................................................................... 16
2.2 POROSIDADE .................................................................................................. 17
2.3 INFILTRAÇÃO .................................................................................................. 18
2.4 CARBONATAÇÃO ............................................................................................18
2.5 DESTACAMENTO ............................................................................................19
2.6 GRETAMENTO................................................................................................. 20
2.7 DESBOTAMENTO ............................................................................................21
2.8 UMIDADE NAS EDIFICAÇÕES ....................................................................... 22
2.8.1 Caminhos para a umidade ............................................................................ 23
2.9 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS CAUSADAS PELA UMIDADE. .............. 25
2.9.1 Manchas ..................................................................................................... 25
2.9.2 Mofo e Apodrecimento ................................................................................ 26
2.9.3 Gelividade ...................................................................................................27
2.9.4 Eflorescências............................................................................................. 27
2.9.5 Criptoflorescências .....................................................................................29
2.9.6 Goteiras ......................................................................................................29
2.9.7 Bolhas .........................................................................................................30
2.9.8 Descascamento e desagregamento ........................................................... 31
2.10 TERAPIA DAS CONSTRUÇÕES ............................................................... 32
2.11 IMPERMEABILIZAÇÕES NO GERAL ........................................................33
2.11.1 Hidrofugantes .......................................................................................34
2.11.2 Argamassas Poliméricas......................................................................34
2.11.3 Emulsão Acrílica ..................................................................................36
2.11.4 Manta Asfáltica.....................................................................................36
2.11.5 Emulsão Asfáltica.................................................................................39
2.11.6 Calafetador........................................................................................... 40
2.11.7 Hidrorrepelentes...................................................................................41
2.12 TELHADOS, CALHAS E RUFOS ............................................................... 42
2.13 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS ................................................................. 44
2.14 REVESTIMENTOS .....................................................................................45
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 46
4 PRINCIPAIS TIPOS DE MANISFESTAÇÕES PATOLÓGICAS IDENTIFICADAS
NO LAUDO DA VISTORIA TÉCNICA ....................................................................48
4.1 CORROSÃO DE ARMADURAS ....................................................................... 48
4.1.1 Umidade relativa dos poros ........................................................................55
4.1.2 Temperatura ao redor das áreas de corrosão............................................ 55
4.1.3 Composição química da solução dos poros, circundantes ao aço ............ 55
4.1.4 Porosidade do Concreto .............................................................................56
4.1.5 FISSURAÇÃO DE VIGAS .......................................................................... 56
4.2 CALHA UTILIZADA PARA CONTER INFILTRAÇÃO DE ÁGUAS ..................58
4.3 CORROSÃO DE JUNTAS DE DILATAÇÃO .................................................... 60
4.4 DESPLACAMENTO POR CORROSÃO........................................................... 63
4.5 CORROSÃO POR INFILTRAÇÃO DE UMIDADE ...........................................64
4.6 SEGREGAÇÃO DO CONCRETO ....................................................................65
4.7 SEGURANÇA DA EDIFICAÇÃO ......................................................................66
4.8 CLASSIFICAÇÕES ........................................................................................... 67
4.8.1 Risco Crítico................................................................................................67
4.8.2 Risco Médio ................................................................................................67
4.8.3 Risco Mínimo ..............................................................................................68
4.8.4 Prioridade 1................................................................................................. 68
4.8.5 Prioridade 2................................................................................................. 68
4.8.6 Prioridade 3................................................................................................. 68
4.8.7 Desempenho Classe 1 ...............................................................................68
4.8.8 Desempenho Classe 2 ...............................................................................68
4.8.9 Desempenho Classe 3 ...............................................................................68
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................................. 69
5.1 RELAÇÃO QUANTITATIVA DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ............ 70
5.1.1 CORROSÃO/EXPOSIÇÃO DE ARMADURA .............................................70
5.1.2 Infiltração ....................................................................................................71
5.1.4 Manifestações patológicas mais frequentes .............................................. 73
5.2 RECOMENDAÇÕES E SOLUÇÕES PROPOSTAS ........................................73
5.3 RECUPERAÇÃO DOS DANOS PRESENTES NO EDIFÍCIO ......................... 75
5.3.1 Retirada das calhas .................................................................................... 76
5.3.2 IMPERMEABILIZAÇÃO .............................................................................. 76
5.3.3 Recuperação estrutural .............................................................................. 79
5.3.4 Técnicas de tratamento de fissuras............................................................82
5.4 ASPECTOS ECONÔMICOS ............................................................................ 82
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 84
REFERÊNCIAS .........................................................................................................85
11

INTRODUÇÃO
As manifestações patológicas nas edificações comprometem a estabilidade e
vida útil das construções. Essas manifestações incluem aspectos que impactam no
conforto e segurança dos usuários, além dos danos financeiros, sendo necessário,
mapear todos os riscos e projetar a edificação, objetivando a durabilidade da estrutura.
Para isso, diversos aspectos precisam ser considerados logo que se inicia uma nova
construção. O planejamento eficiente assume a função de estabelecer o procedimento
executivo e o cronograma que garantirá uma boa execução. Nessa etapa, os
responsáveis técnicos definirão os sistemas que garantirão, além do conforto e
eficiência, segurança para a estrutura.
Além do aspecto gerencial que se inicia antes dos serviços preliminares no
canteiro, uma equipe de execução, mão de obra e materiais de qualidade garantirão
o sucesso do novo empreendimento. A conjunção da etapa de planejamento atrelada
a execução de qualidade, reduzirá expressivamente as futuras manifestações
patológicas. Com a baixa necessidade de manutenções corretivas, se tornará
necessário apenas estababelecer um cronograma de manutenção preventiva,
imprescindível devido ao desgaste natural doselementos construtivos.
Esses desgastes são responsáveis diretos por diversas manifestações
patológicas nas edificações e estão atrelados a fatores como as variações climáticas,
falhas técnicas e a água que devido a sua capacidade de infiltração, é um problema
recorrente e o agente causador das manifestações patológicas mais comuns, além
de agente indireto para outras (VERÇOZA, 1991).
Os problemas relacionados a umidade se manifestam desde a etapa inicial de
contenção e fundação das obras, até a etapa de cobertura, com o emprego de calhas
e rufos, além, da inclinação adequada de cada cobertura, para garantir que não haja
infiltração interna na edificação. Cada etapa, precisa atender as demandas técnicas
para assegurar a integridade, segurança e durabilidade da edificação.
Apesar de ser um problema antigo, os impactos da umidade nas construções
ainda é um tópico amplamente abordado dentro na engenharia civil. Estudos em
busca de soluções capazes de evitar, reduzir e eliminar esses problemas, resultaram
em diversas opções de sistemas impermeabilizantes, que se tornaram essenciais
para a qualidade e vida útil das edificações.
12

1.1 OBJETIVO GERAL


Analisar as manifestações patológicas e os conceitos de engenharia diagnóstica
presentes no relatório técnico que será utilizado como base para o estudo de caso,
além das pesquisas em fontes secundárias como trabalhos acadêmicos, artigos, livros
e afins. Aplicando conceitos e ideais de outros autores com objetivos semelhantes ao
desse trabalho, com a finalidade de construir uma análise complementar das
informações apresentadas no relatório técnico.

1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO


a) Analisar o conceito de manifestações patológicas dentro da construção civil,
compreendendo a amplitude e origem dessa área.
b) Investigar a classificação de risco e desempenho que foram utilizados no
laudo técnico como base para o estudo de caso em questão.
c) Diferenciar as alternativas de tratamento e proteção das edificações, bem
como os métodos executivos e indicações para cada uma dessas
alternativas.
d) Abordar as patologias causadas pela umidade, nomeando categorias e
diferenciações para que possamos compreender o estudo de caso a ser
aprofundando após a abordagem dos conceitos iniciais e refererenciais
teóricos.

1.3 JUSTIFICATIVA
A análise da ocorrência das manifestações patológicias nas edificações é um
amplo campo de estudo dentro da engenharia civil.
Em diversas ocasiões engenheiros são acionados para analisar tecnicamente
as edificacoes com essas manifestações, emitindo laudos que descrevam e
classifiquem, além de prescrever as soluções para a correção das situações que
colocam em risco o bem estar e segurança dos usuários dessas edificações.
Discorrendo sobre os agentes causadores desses transtornos, mostraremos a
importância da equipe técnica responsável no planejamento e execução das obras ter
o foco em reduzir e até eliminar essas ocorrências, aumentando a vida útil e qualidade
dos edifícios.
Além disso, o trabalho terá como foco principal as patologias ocasionadas pela
umidade, devido a infiltrações, analisando a umidade como agente de origem para
13

diversas manifestações patológicas, bem como, as diversas soluções disponíveis no


mercado da construção civil para correção e prevenção desses problemas.
Nesse contexto, esperamos contribuir com o tema, abordando as diversas
consequências de subestimar a importância de proteger as edificações do impacto da
umidade, buscando minimizar a incidência dessas manisfestações patológicas.
14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O termo patologia vem do grego, sendo a junçãos dos termos páthos, que
siginifica doença e lógos que representa estudo. O termo é vastamente difundido nas
diversas áreas da ciência, sendo definido como o estudo de doenças, falhas e
anomalias, além de atuar na prevenção e tratamento de problemas.
As determinações dos objetos de estudo em cada uma dessas áreas possuem
uma ampla variação, de acordo com o ramo da atividade explorada. Nas Ciências
Biológicas a compreensão desse estudo evidencia a investigação enfática dos
aspectos que ocasionam alterações estruturais e funcionais dos órgãos, tecidos e
células em cada órgão dos seres vivos, provenientes de doenças e da longividade de
cada indivíduo. A Figura 1 apresenta exemplos de estruturas analisadas no campo da
patologia.

Figura 1 - Estrutura de sustentação na medicina e na engenharia civil

Fonte: SILVA, Fernando (2011)

Na Engenharia Civil, podemos afirmar que as patologias surgiram juntas ao ato


de construir. O professor Ênio José Versoza (1991), autor do livro Patologia nas
edificações, pioneiro na análise da patologia das edificações, definiu o conceito como
“o estudo dos problemas que se instalam nas edificações e a identificação de suas
respectivas causas (diagnóstico), bem como a sua devida correção (terapia)”.
15

A princípio, esse nicho da construção civil se restringia a análise e correção dos


problemas recorrentes nas construções, pois ocasionavam falta de segurança
estrutural, ou seja, seria um conceito que buscava apenas corrigir os problemas
depois que eles se ternavam realidade, sem uma visão e análise preventiva para
essas condições.
No entanto, ao longo dos anos, o desempenho das construções se tornou um
objeto de interesse mundial, devido aos impactos ambientes desse segmento. A partir
da Conferência das Nações Unidas acerca Desenvolvimento e Meio Ambiente
Humano (1972), o conceito do Construção Sustentável passou a ser difundido. A ONU
(Organização das Nações Unidas), define o desenvolvimento sustentável como
“aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.”
Dentro desse contexto, os responsáveis pelos processos construtivos
passaram a analisar os edifícios, pontes e estradas como um todo, trazendo a
importância de uma visão ampla e consistente dentro da engenharia civil, para assim,
incorporar o conceito de sustentabilidade e preocupação constante com os recursos
naturais.
Era necessário seguir construindo para garantir o desenvolvimento, mas com
foco em eficência, vida útil e durabilidade dos edifícios, assegurando a
sustentabilidade, saúde e vida no planeta Terra. Mas isso só se tornaria possível com
a unificação de todas as áreas de estudo da Engenharia Civil.
Assim, compor projetos de qualidade, planejamentos detalhados e execução
com material e mão de obra qualificados, além de acompanhamento técnico
constante. É necessário investir uma fração maior de tempo ao detalhamento e estudo
das estruturas, considerando aspectos muito mais profundos do que o tempo gasto e
dinheiro investido na construção.
Na etapa construtiva, o gerenciamento e atenção aos descritivos técnicos,
garantem que toda etapa de planejamento anterior se torne uma realidade na
edificação. Diagnósticos criteriosos e preventivos possibilitam uma correção assertiva
e uma reabilitação eficiente de manifestaçõe patológicas que ainda possam surgir.
A seguir, discorremos as principais manifestações patológicas existentes nas
edificações.
16

2.1 TRINCAS E FISSURAS


Trincas e fissuras podem aparecer na edificação durante ou depois da
construção, reconhecidas como a patologia mais frequente, estando presentes na
maioria das construções civis. É recorrente que as fissuras sejam a primeira aparição
de que algo está errado com a sua construção, apesar de serem inofensivas, podem
definir vários problemas na edificação e em alguns casos podem evoluir para trincas
ou até mesmo rachaduras, por esse motivo a importancia do monitoramento. A Figura
2 apresenta um exemplo de trinca e fissura.
Figura 2 - Fissuras e Trincas

Trinca
Fissur s
a

Fonte: Hydronorth (2020)

As suas causas se darão acompanhadas de outros elementos e patologias da


construção, exatamente por ser frequente é muito difícil diagnosticar utilizando apenas
um desses elementos já citados. Os motivos podem ser desde uma má execução de
argamassa de revestimento, o que é fácil de tratar, ou até mesmo um recalque
diferencial na fundação, seu comprimento, ângulo e tipo de desenho nos indicará qual
o caminho a seguir para o acompanhamento e resolução do problema.
De acordo com a norma NBR 9573:2003, podemos classificar como
microfissuras as aberturas inferiores a 0,05mm. Como fissuras, as aberturas inferiores
a 0,5mm e ainda como trincas para aberturas de até 1mm (TABELA 1). E seguindo as
recomendações do IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de
Engenharia), a planilha abaixo demonstra quais são as definições adequadas
conforme suas aberturas.

Tabela 1 - Anomalias e Aberturas em mm


17

Fissuras Capilares Menores que 0,2


Fissuras Até 0,5
Trincas De 0,5 a 1,5
Rachaduras De 1,5 a 5,0
Fendas De 5,0 a 10,0
Brechas Acima de 10,0
Fonte: Classificação de Fissuras (IBAPE)

2.2 POROSIDADE
Porosidade é a relação de espaços vazios visíveis ou não a olho nu de um
mesmo material, quanto maior o volume de vazios mais poroso é o elemento, se
tornando suscetível a entrada e absorção de elementos e agentes externos, que pode
causar avarias. A Figura 3 mostra um exemplo de concreto com manifestação de
porisade.
Esta patologia está presente no concreto já que a água evapora após entrar em
processo químico da pega do concreto, pois o cimento esquenta a mistura e essa
ação em uma proporção grande de vazios compromete a resistência do concreto,
quando não realizado de acordo com parâmetros de qualidade e boas práticas da
construção (Amorim, 2010).
Para que seja evitada a porosidade nas estruturas, é necessário se certificar
que o concreto esteja bem homogeneizado, e que processos como o lançamento
sejam realizados de maneira adequada.

Figura 3 - Porosidade do concreto.

Fonte: NEVES, Fernando (2020)


~
18

2.3 INFILTRAÇÃO
A infiltração na construção civil se dá ao excesso de água depositada em algum
elemento da edificação. Em um período longo ou recorrente esse contato direto com
a estrutura acarretará em danos ao edifico e a água encontrada na infiltração pode
ser por decorrência das chuvas, alta umidade do ar, escapes em tubulações ou até
mesmo saturação do solo onde a construção está localizada (Rodrigues e Ferreira,
2019).
Essa patologia pode ser evitada com alguns cuidados na impermeabilização
como, por exemplo: manta asfáltica em lajes, terraços e bits de banheiros e
estanqueidade nas prumadas hidráulicas, assim como, cuidados básicos na
construção, sendo um deles a execução correta da concretagem, evitando porosidade
e bicheiras, é muito importante garantir a estanqueidade dos elementos estruturais.
Um agente auxiliador da umidade por infiltração pode ser através de trincas e
fissuras encontradas nos ambientes externos, sendo a água absorvida pelos
componentes estruturais. Dessa forma é muito importante analisar da melhor forma
qual é o material e componentes a serem utilizados durante a construção, para que
seja possível evitar as diversas infiltrações que podem aparecer futuramente. A Figura
4 mostra um exemplo de manifestação de infiltração.

Figura 4 - Infiltração em Parede de Alvenaria.

Fonte: Clube das Tintas (2022)

2.4 CARBONATAÇÃO
A carbonatação ocorre quando há um desequilíbrio no pH de um elemento
estrutural. Esse processo químico causa a corrosão das armaduras de concreto e
pode ocorrer na hora da concretagem, ou seja, a falta de espaçamento de cobertura
19

do concreto em relação ao aço ou pela porosidade excessiva do concreto por alguns


agentes externos, como o próprio dióxido de carbono e, entrando em contato com a
água e a cal livre desse processo químico surge o carbonato de cálcio. Essa mudança
faz com que o pH do concreto de ácido modifique-se para neutro, desprotegendo
assim o aço. Patologias como infiltração, umidade, porosidade, fissuras e trincas são
grandes colaboradoras para a carbonatação, pois deixam a estrutura mais frágil,
sujeitas a danos e anomalias. (WERLE, KAZMIERCZAKII E KULAKOWSKI, 2010)
Em alguns casos pode ocorrer o desplacamento do cobrimento do aço, caindo
pedaços generosos de concreto, deixando a armação de pilares, vigas e lajes
expostos ao meio ambiente. A degradação continua agindo de forma interna e
silenciosa, podendo comprometer toda a estrutura da edificação (FIGURA 5).

Figura 5 - Carbonatação em uma viga de concreto

Fonte: Tecnosil (2022)

2.5 DESTACAMENTO
Concreto é composto por areia, brita, água e cimento. Quando produzido de
forma adequada, transforma-se em uma massa, com liga em que o agregado graúdo
fica coberto pela pasta de água, areia e cimento. A mistura dos agregados tem que
ser realizada com eficiência e qualidade. A utilização da massa de concreto após ser
realizada e devidamente misturada, tem sua extrema importância na parte do
manuseio e uso corretamente. Se, em alguma circunstância ocorre um erro de
lançamento ou de vibração, teremos um concreto cheio de vazios, através da
separação dos agregados graúdos do restante da pasta de concreto, tornando-se
permeável e resultando no destacamento do concreto no decorrer do tempo, podendo
20

ocorrer a exposição da armadura. A Figura 6 mostra um exemplo de destacamento.


Figura 6 - Destacamento em uma viga de concreto

Fonte: Equipe de obra (2011)

A dosagem da água no preparo da massa de concreto tem que ser


acompanhada e realizada por pessoas qualificadas. O uso inadequado no quesito
água cimento tem como resultado uma resistência comprometida, posteriormente
resultando no destacamento da armadura e podendo se romper de uma vez ou
lentamente. (Andrade, Resende e Maranhão, 2017)

2.6 GRETAMENTO
Podemos observar gretagem em peças cerâmicas e em pinturas, através de
aspectos de linhas finas bem distribuídas em uma superfície. Conhecidos como
patologia, apresentam rupturas no esmalte das peças de cerâmicas, causando um
efeito craquelado e prejudicando esteticamente o estabelecimento (FIGURA 7).
O gretamento ocorre quando se tem uma tenção na placa de ceramica,
causado por dilatações e retrações quando não se está de acordo com o dilatométrico
entre massa e esmalte. Consequentemente ocasionando essas tensões internas,
quando o limite de resistência da camada do esmalte é ultrapassado, temos o
gretamento (RHOD, 2011).
21

Figura 7 - Gretamento em peças de cerâmica

Fonte: Instituto de Promoció Cerâmica, 2022

A tendencia do gretamento é medida através de um teste, onde se coloca a


placa de cerâmica a uma pressão cinco vezes maior do que a normal, num período
de duas horas. Esse processo tem como objetivo reproduzir a EPU (Expansão por
Umidade) que a peça de cerâmica recebera após o assentamento no decorrer do
tempo.
Em artigos, verifica-se que esforços demasiados nas placas podem resultar no
deslocamento, como tensão de cisalhamento e compressão através das estruturas
construidas, observado em grande parte nas paredes e consequentemente
ocasionando no gretamento do esmalte. Para isso, tem que se ter uma força
considerável para que ocorra esse problema, o assentamento incorreto não esta
relacionado diretamente para que ocorra o gretamento (RHOD, 2011).

2.7 DESBOTAMENTO
O desbotamento acontece com o uso de tintas que não apresentam uma
resistência adequada, ocasionando a descoloração de pigmentação (FIGURA 8). O
uso de tintas não apropriadas, ou de baixa qualidade para determinados locais, leva
a uma perca de pigmento considerável. Com o intuito de economizar na construção,
acaba-se tendo uma obra terminada, mas que posteriormente apresentará uma
patologia, isto observa-se com mais frequência em áreas externas onde se tem um
contato constante com raios ultravioleta. (POLITO, 2006)
22

Fonte: Equipe de obra (2011)

O desgaste tambem está relacionado aos fatores naturais, mesmo com o uso
de uma tinta de qualidade, a manutenção pode ser mais frequente em áreas que
recebem fatores naturais, como chuva, sol, variações térmicas e poluição. Alguma das
patologias encontradas nas pinturas são eflorescência, saponificação,
descascamento de alvenaria, mofo, bolhas, enrugamento, crateras e
desagregamento.

2.8 UMIDADE NAS EDIFICAÇÕES


De acordo com o dicionário da lingua portuguesa, umidade indica a qualidade
do que é úmido, ou seja, levemente molhado. O conceito abrange também a
quantidade de vapor de água existente na atmosfera, bem como o orvalho próprio da
noite e a quantidade de líquido existente em determinada matéria.
Analisando esse elemento dentro da construção civil, podemos definir que
diversas deficiências, ou seja, manifestações patológicas, são provenientes da
penetração de água ou da formação de manchas de umidade. Essas situações trazem
problemáticas de difícil correção (PEREZ, 1988).
Embora considerada trivial por alguns profissionais, a umidade, apesar de
comum, é uma propriedade muito relevante dentro do cenário de manifestações
patológicas. É uma manifestação que ocasiona desconforto aos usuários das
edificaçãos além de diversos prejuízos de caráter funcional, impactando na utilização
de ambientes construídos devido a aspectos visuais ou fortes odores que geram
23

incômodo aos moradores e, sem dúvida, tudo isso trará prejuízos financeiros (PEREZ,
1988).
Segundo VERÇOZA (1991), a umidade não é apenas uma das causas direta
de patologia, é também um agente intermediário para que grande parte de outras
patologias em construções se manifestem. Já a NBR 15.575 de 2013 define a água
como um dos principais agentes de degradação de um amplo grupo de materiais de
construção. A norma afirma em um de seus trechos que:
A exposição à água de chuva, à umidade proveniente do solo e aquela
proveniente do uso da edificação habitacional devem ser consideradas em projeto,
pois a umidade acelera os mecanismos de deterioração e acarreta a perda das
condições de habitabilidade e de higiene do ambiente construído (NORMA
BRASILEIRA ABNT NBR 15575-1).

2.8.1 Caminhos para a umidade


É impossível abordar o conceito de umidade sem considerarmos o processo de
infiltração da água. De acordo com Barbosa Jr. (2007), infiltração é a passagem da
água da superfície para o interior do solo, podendo interpretar essa descrição como a
capacidade de penetração de um fluído em qualquer lacuna milimétrica.
É, pois, um processo que depende fundamentalmente (a) da disponibilidade de
água para infiltrar, (b) da natureza do solo, (c) do estado da camada superficial do solo
e (d) das quantidades de água e ar inicialmente presentes no interior do solo
(BARBOSA JR., 2007).
Dentro das edificações, a umidade pode ser ocosionada e incorporada a
construção por distintos caminhos. A presença de água na atmosfera, no solo, nos
materiais de construção, sistemas hidráulicos e por fim a higienização da edificação
podem ser o ponto inicial de uma série de problemas no caso de um ambiente cujo o
projeto e/ou execução, não tenham seguido os procedimentos de estanqueidade
eficientes para a contenção da umidade nesse ambiente (BARBOSA JR., 2007).
24

Figura 8 - Umidade em uma Edificação

Fonte: Pozzobon, 2007 apud Barbalho, 2011

Ao traçarmos um paralelo ao concreto, que é o “material de construção mais


utilizado pelo homem em conjunto com o aço” (TUTIKIAN, 2011), a definição do traço
que relaciona a água, cimento e os agregados, fator água/cimento, é determinante
para que um concreto atinja a resistência e consistência prevista e necessária.
Todo esse impacto se baseia na propriedade física de que qualquer espaço
não ocupado por cimento, brita, agregado miúdo ou aditivo durante a mistura, será
preenchido por água, ou seja, na capacidade de infiltração da água. É o elemento de
mais difícil controle e com grande influência no traço do elemento e por isso se torna
mais incidente na mistura acarretando em insuficiência estrutural.
Todo o restante da construção atende a mesma condição, ou qualquer outra
ocorrência exposta a líquidos. Podemos fundamentar essa capacidade de infiltração
como princípio de capilaridade, que segundo Verçoza está entre as formas de
manifestação da água, e consequentemente a umidade, dentro das construções.
A água gerada por capilaridade é a propriedade física que os fluidos têm de
subir ou descer em tubos extremamente finos. As fissuras milimétricas têm a
capacidade de intermediar uma transposição constante de água a determinado ponto
de uma edificação, apresentando qualquer um dos diversos problemas provenientes
da umidade que serão abordados nos tópicos subsequentes .
25

Fatores climáticos e a incidência de chuvas são considerados os mais comuns


agentes causadores da umidade. A direção e velocidade do vento, a intensidade e
frequência das precipitações, umidade do ar, além de aspectos do terreno, como o
grau de saturação e capacidade de escoamento e percolação da água no solo, são
fatores de grande influência nas construções (MONTECIELO e EDLER, 2016).
A umidade por condensação possui um aspecto distinto dos outros até aqui
mencionados, pois a água já se encontra no ambiente e se deposita na superfície da
estrutura. Sua provável aparição será em ambientes com pouca ventilação e
iluminação (MONTECIELO e EDLER, 2016).
Eflorescências, goteiras, manchas, mofo, apodrecimento, criptoflorescências,
gelividade e por fim, o desplacamento de revestimentos, estão entre os danos
provenientes da umidade nas edificações atrelada ao descuído quanto aos fatores
que impactam na estanqueidade dos edifícios.
Todos os sintomas e causas desses danos, precisam ser avaliados de maneira
efetiva para assegurar a adoção de procedimentos de correção bem definidos, de
modo que esses tornem as intervenções eficientes para a prevenção e correção de
cada um deles. Esses fatores serão avaliados de maneira descritiva no próximo tópico.

2.9 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS CAUSADAS PELA UMIDADE.


Além de ser um agente para as manifestações patológicas mais comuns, a
umidade é responsável direta por diversas manifestações patológicas nas edificações.

2.9.1 Manchas
As manchas são encontradas em lugares que apresentam umidade, acesso
diretamente com a chuva, em instalações hidráulicas improprias ou em ambientes que
tiveram uma impermeabilização inadequada, ocasionando a infiltração e levando a
criação de manchas. Podemos observar esse situação a maioria das vezes em
banheiros, fachadas, tetos e paredes (FIGURA 10).
26

Figura 9 - Manchas causadas por umidade

Fonte: Waraphon Siritakan – Shutterstock, 2018

Uma execução inadequada leva a uma restauração num curto período de


tempo, por isso, o uso de matérias adequados para a execução é de extrema
importância, devendo lembrar que para cada ambiente, se terá uma execução
especifica para que evite esse tipo de patologia.

2.9.2 Mofo e Apodrecimento


Mofo, no geral, é encontrado em ambientes escuros que apresentam umidade,
como em paredes internas, com pouca ventilação, paredes com baixa ou sem
iluminação solar. O mofo e o bolor dependem de água e ar para se reproduzirem, após
a fixação de suas raízes, é liberado uma enzima ácida que acaba ocasionando o
apodrecimento (PAIXÃO e AMARIO, 2022).
Também encontrado em locais com falta de manutenção, como a renovação
de uma pintura interna ou externa. O erro de projeto pode ter influência e devemos ter
um posicionamento das edificações correto e bem desenvolvido, para que se possa
receber a iluminação solar adequada e ventilação cruzadas. Este é um trabalho de
qualidade e que dificulta a aparição de patologias como mofo e bolor.
27

Figura 10 - Mofo e Bolor causados pela umidade

Fonte: MANTOVANINI, Marina (2017).

2.9.3 Gelividade
Verçoza (1991) associa a gelividade ao congelamento da água em determinado
material, sendo uma ocorrância muito comum em elementos rochosos, onde a água
congela e leva ao aumento da resistência dos elementos onde se manifesta. No
entanto, essas gelividades, ou seja, esses congelamentos, podem se manifestar
também em bases revestidas por materiais cerâmicos, concreto ou até em tijolos.
[...] no miolo dos pares, onde o material cerâmico mantém a
temperatura o congelamento não é tão comum, mas nas superfícies é
menor, assim formando gelo que desloca as camadas mais externas,
desagregando paulatinamente o material, a superfície começa a se
desgastar, parecendo que foi lixada. Se não haver penetração de água não
haverá gelividade (VERÇOZA, 1983).

A decorrência dessa variação de temperatura leva o material a expandir o seu


volume inicial. A partir desse aspecto, o congelamento de canais nas paredes do
materiais é capaz de proporcionar um aumento no teor de resistência. A gelividade
pode acarretar o surgimento de fissuras e essa propriedade pode até ser empregada
na composição de pedras de mármore, ampliando a resistência desse material
(MAZZOCHI, 2016).

2.9.4 Eflorescências
A eflorescência, popularmente conhecido como salitre, é o resultado de um
28

processo quimico conhecido como lixiviação, onde os sais minerais dos materiais
entram em contato com o excesso de água. Esse contato faz com que os sais se
dissolvam e sejam transportados para a superficie, onde em contato com o CO2
entram em um processo de cristalização, formando assim, manchas na superficie. Na
maioria das vezes a eflorescência é caracterizada pelo aparecimento de manchas
brancas, porém, nem sempre será assim, as manchas também podem ser castanhas,
amarelas e verdes em alguns casos (FIGURA 12).

Figura 11 - Eflorescência no concreto

Fonte: SABAI, Andrew (2017).

Essa patologia é extremamente comum e para encontra-la não precisamos


buscar por muito tempo, em um simples passeio pela cidade já conseguimos
identificar centenas dessas manifestações patológicas. Essa frequência se dá ao fato
de que todo o material proviniente do cimento com presença na composição de cal
livre, possui hidroxido de calcio e hidroxido de magnesio e esses dois compostos
químicos reagem com o gás carbonico do ar, transformando em cal livre, esse
processo é conhecido como carbonatação, já citado anteriormente.
Com a presença do cal livre na composição só precisamos de água, podendo
ser proviente das chuvas, infiltração do solo ou de qualquer outra fonte para que
ocorra a lixiviação apresentando a eflorescência.
A falta dos sais existentes no material faz com que surjam vazios, tornando o
elemento mais suscétivel a aparições de novas patologias. Se foi possivel manifestar
a eflorescencia, é porque no local podemos encontrar umidade. Para evitar, devemos
impedir a umidade, e o meio mais coerente é a impermeabilização correta do material.
29

Como a eflorescencia pode aparecer em diversas superficies como: pintura,


cerâmicas, texturas, tijolos, argamassas, entre outros, é importante que junto com a
impermeabilização correta para cada caso, o processo excecutivo ocorra de maneira
adequada tecnicamente.

2.9.5 Criptoflorescências
As criptoflorescências são provenientes de formações salinas, apresentando a
mesma causa e mecanismo que geram a eflorescência. No entanto, para essa
condição, os sais foram grandes cristais que se fixaram no interior da própria parede
ou estrutura, enquanto na manifestação por eflorescências os resíduos são
depositados nas superfícies exteriores das paredes.
Ao crescerem, esses cristais podem pressionar a massa, através de reações
expansivas em contato com compostos do cimento (FIGURA 13), se tornando os
mecanismos responsáveis pelo surgimento de fissuras e rachaduras em paredes,
muros ou outra superfície em que se manifestem (MONTECIELO e EDLER, 2016).
O maior causador da criptoflorescências é o sulfato, composto químico dos
mais agressivos aos materiais de construção, principalmente ao concreto. Ao receber
água, o sulfato aumenta o seu volume. Normalmente, eles encontram-se diluídos na
água, o que torna os concretos destinados a obras marítimas, subterrâneas ou de
condução de rejeitos industriais e esgotos os mais vulneráveis a esses ataques
(SANTOS, 2014).
Figura 12 - Manifestação de Criptoeflorescências

Fonte: SPERANZA, Sérgio (2022)


2.9.6 Goteiras
Goteiras são pingos de água presentes em um elemento da edificação.
30

Normalmente as goteiras são um aviso de que algo está errado com a construção,
podendo indicar um problema estrutural, falha nas instalações hidraúlicas ou um
acidente próximo. Caso encontre uma goteira, deve-se rapidamente encontrar a sua
causa, para que não se saia de uma categoria de patologia e se torne uma causadora
de patologias, o que em muito dos casos acontece, ao inves de ter um problema, cria-
se mais.
Uma das primeiras coisas a se fazer é analisar o local e a vazão dessa goteira.
Se for um apartamento e existir um acima, deve-se acionar o vizinho para identificar
se não está ocorrendo algum tipo de vazamento hidrico do mesmo, pois a
probabilidade de um vazamento em instalações hidraúlicas também existe, por isso,
feche todos os registros e verifique o hidrometro para descartar essa possibilidade.
A goteira pode tambem ser decorrente de água da chuva, sendo importante
verificar as instalações do telhado e a impermeabilização da laje, caso seja o seu caso.
Encontrada a causa, é hora de partir para a impermeabilização e estanqueidade do
local (Figura 14).
Figura 13 - Goteira em laje fissurada

Fonte: Blog Rei Caça Vazamentos (2019)

2.9.7 Bolhas
Essa manifestação ocorre quando há incidência de umidade em uma superfície
onde não houve uma remoção eficiente de gotículas de água e poeira antes da
aplicação da massa corrida ou a limpeza não ocorra após o lixamento da massa
corrida aplicada nessa superfície (MONTECIELO E EDLER, 2016).
Outro cenário para o surgimento dessa manifestação patológica é a aplicação
31

de uma nova tinta sobre uma camada de tinta antiga e de qualidade inferior. A nova
camada de tinta tem a capicidade de infiltrar sob a camada antiga, ocasionando bolhas
nessa superfície.
O surgimento dessas bolhas pode ser procedente de uma diluição ineficiente
da tinta a ser aplica na superfície, e se estas já apresetam umidade, é imprescindível
a execução de um tratamento prévio eficiente antes de qualquer nova aplicação, do
contrário, a superfície será novamente preencida por bolhas (FIGURA 15).

Figura 14 - Bolhas na pintura

Fonte: Blog Casa e Construção (2022)

2.9.8 Descascamento e desagregamento


O surgimento do descascamento abrange um conceito similar ao que origina
as bolhas. Tinta aplicada sobre uma superfície úmida, quando essa área de aplicação
contém partículas soltas ou quando a aplicação é realizada sem respeitar o processo

Figura 15 - Descascamento E Desagregamento


32

adequado de cura do revestimentos argamassados (Figura 16).


Fonte: soprojetos.com.br (2022)

Ainda há o impacto causado pela diluição ineficiente durante o processo de


preparação da tinta e a existência de uma superfíceia calcinada, com a incendência
de cal em sua preparação, “que não tenha possuído preparação adequada ou uma
superfície que não tenham eliminado totalmente o pó após um lixamento
(MONTECIELO e EDLER, 2016).
No caso da superfície cuja aplicação do reboco ainda não atingiu a cura
adequada, a aplicação da tinta pode resultar no estouro de bolhas, pois a reação está
acontecendo da cura do emboço emite gases, provenientes de uma reação natural da
cal usada na massa de prepararação do emboço, causando áreas de descascamento.
Já o desagregamento é um tipo de descascamento, onde, junto com a película
de tinta se extrai o emboço passando a ficar esfarelado. As circunstâncias para que
isso aconteça podem ser, a aplicação de tinta ou massa corrida sobre o emboço não
curado sobre paredes com umidade ou sobre um emboço muito arenoso. A massa de
emboço, cujo o traço possui abundância de areia, resulta em um reboco muito fraco.
Com o tempo, surge o descascamento junto com a tinta e massa corrida, e assim, se
soltam partes do reboco e areia (MONTECIELO e EDLER, 2016).

2.10 TERAPIA DAS CONSTRUÇÕES


Terapia das construções refere-se a correção dos danos causados numa
construção ocasionados por patologias, má execução e impermeabilização. O
primeiro passo, após encontrar um dano em uma construção, é identificar sua
patologia e sua causa, que podem ser única ou não e o tratamento se dará partindo
dessa analise inicial, feita por um profissional.
Essa é uma fase extremamente importante para a recuperação adequada da
edificação. Nesse momento um diagnostico errado pode acarretar mais danos,
inclusive financeiros, pois cada patologia trará uma causa variada. Os tratamentos vão
desde uma impermeabilização, até uma intervenção mais drástica na construção e
reforço estrutural. Tratar a causa correta evitará possiveis colapsos futuros de uma
construção e como estarmos focando no tema umidade e infiltração, traremos alguns
itens dessas causas.
Conforme Perez (1985), a umidade nas construções representa um dos
33

problemas mais difíceis de serem corrigidos dentro da construção civil. Uma simples
mancha pode se tornar algo complexo e alguns moradores não dão a real
preocupação que a infiltração exige.
Algumas causas estão diretamente ligadas a condição monetaria no qual a
construção está sendo composta, em determinadas circuntancias a gana por lucrar
está a frente de apresentar uma moradia ou edificio de qualidade para seus clientes e
futuros usuarios. A seguir abordaremos algumas das principais soluções para as
patologias causadas infiltração e umidade nas construções civis.

2.11 IMPERMEABILIZAÇÕES NO GERAL


A impermeabilização nada mais é do que um método empregado para vedar o
elemento, selando sua porosidade de modo que não ocorra infiltração ou acesso de
fluidos no elemento estancado, garantindo assim que o local fique enxuto, e não
saturado. Cada elemento exigirá um tipo de material para que a vedação ocorra
corretamente, sendo proporcial a sua porosidade e exposição à água.
É um processo utilizado e muito necessário na construção civil, possuindo
varios tipos, materiais e meios de ser executado corretamente. Os requisitos e
recomendações correspondentes à execução de impermeabilizações, estão
presentes na NBR 9574, com as exigencias mínimas para sua correta utilização.
Seguindo essa referência normativa, a construção garante uma estanqueidade
maior, ficando protegida da umidade e suas decorrentes patologias, trazendo mais
proteção e conforto. A NBR 9574, traz alguns processos que devem ser realizados,
como, por exemplo: limpar a região para que fique livre de poeira e sujeiras, não ter
quinas vivas, toda a superficie deve manter uma área para escoamento com no
mínimo 1% de caimento. Ter uma superficie plana ou realizar uma camada de
regularização, depois de realizada a aplicação da impermeabilização e o produto já
esteja seco e curado, é importante fazer um teste de estanqueidade com a aplicação
de uma lâmina de água, com, no mínimo 72 horas de duração. Essas são algumas
das exigências da NBR em questão.
De acordo com Guarizo (2008), podemos ramificar a impermeabilização em
dois sistemas: impermeabilização flexível e o de impermeabilização rígida. O sistema
flexível tem a propriedade de se adaptar com facilidade a superfície sobre a qual está
sendo aplicada, essas suportam a dilatação e movimentação da estrutura e pode ser
definido como uma membrana protetora. Moldado no local de aplicação, as opções
34

mais conhecidas do mercado são o revestimento polimérico e a membrana asfáltica e


acrílica.
Já o sistema de impermeabilização rígido é incapaz de suportar a
movimentação da superfície de aplicação, sendo assim, o uso é indicado para locais
com incidência mínima de contração ou dilatação. Essa classificação de compostos
por argamassas específicas ou por aditivos específicos para argamassas e concretos
são capazes de diminuir a porosidade conferida a impermeabilização da estrutura na
qual será aplicada.
DINIS (1997) define que sistemas de impermeabilização existentes no
mercado, apesar de possuírem um único objeito, possuem diferentes concepções,
princípios de funcionamento, materiais, técnicas de aplicação entre outros. Estas
distinções espacificam a base para várias e distintas classificações, que auxiliam na
compreensão e comparação dos sistemas existentes no mercado brasileiro.

2.11.1 Hidrofugantes
Os hidrofugantes são impermeabilizantes á base de solventes usados em
materiais porosos, como telhas, cerâmicas, tijolos, concreto aparente, entre outros.
Esse produto preenche os poros desses materiais e possui a caracteristica de repelir
os fluídos e liquídos. Conforme afirma a engeinheira civil Alexandra Almeida,
profissional da área técnica da Sika (Empresa de impermabilizantes), “O material
preenche a porosidade das superfícies, evitando o aparecimento de eflorescências,
manchas e o escurecimento de rejuntes”.
Esse impermeabilizante pode ser aplicado em elementos internos e externos,
não tem cor ou brilho e sua aplicação é muito simples, podendo ser realizado com
pincel, brocha ou até mesmo os pulverizadores de baixa pressão. Sua duração média
é de 20 anos e as fachadas com esse produto são conhecidas como autolimpantes,
pois com a ação repelente do produto, a simples reação chuva na superficie já faz
com que a sujeira seja eliminada.
Atualmente existe diversas marcas que produzem esse tipo de
impermeabilizante e por não possuirem normas brasileiras especificas, muitos destes
produtos são produzidos através da adoção de normas e exigentes internacionais.

2.11.2 Argamassas Poliméricas


Segundo Silveira (2001) as argamassas poliméricas são materiais que
35

possuem cimentos especiais, aditivos minerais e látex de polímeros altamente


impermeabilizantes em sua composição. Essa opção de argamassa está entre as
opções de impermeabilização mais comercializadas.
A argamassa polimérica é caracterizada por um aspecto de mistura A+B, o
componente A (resina líquida) sendo composto por polímeros acrílicos emulsionados
e o B (pó cinza) sendo constituido por cimentos especiais, aditivos
impermeabilizantes, plastificantes e agregados minerais sendo misturado ao
componente líquido branco, com aplicação simples. O processo de aplicação das
argamassas poliméricas, se assemelha ao de uma pintura convencional com trincha
ou vassoura de pelo, podendo ser aplicado na forma de revestimento final com
desempenadeira.
Viapol (2022) afirma que o procedimento de execução consiste em saturar a
superfície que será impermeabilizada e aplicar as demãos necessárias para cada
caso, conforme tabela de consumo indicada no site da fabricante.
Após a primeira demão é necessário aguardar a secagem completa, e após,
aplicar a segunda demão em sentido cruzado em relação à primeira, incorporando
uma tela industrial de poliéster resinada e aplicar as demãos subseqüentes,
aguardando os intervalos de secagem até atingir o consumo necessário. Proceder à
cura úmida por, no mínimo, três dias (VIAPOL, 2008)
Quando aplicado sobre a superfície, que pode ser de concreto, alvenaria e
argamassa ou argamassa comum, a armagassa polimérica forma uma camada
impermeável, uma película (FIGURA 17), que garante uma excelente aderância e
resistência mecânica, além de garantir impermealização tanto para pressões
negativas quanto positivas.

Figura 16 - Aplicação de Argamassa Polimérica

Fonte: Fibersals, 2017


36

De acordo com o site da viapol, empresa fundada em 1990 e referência no


desenvolvimento de soluções completas para a construção civil e diversos segmentos
industriais, esse formato de impermeabilização “permite assentamento direto de
revestimentos sem a necessidade de proteção mecânica no caso de banheiros,
cozinhas e lavanderias sem cota” (VIAPOL, 2022).

2.11.3 Emulsão Acrílica


De acordo com definição da NBR 13321/1995, a emulsão ou resina acrílica é
um composto “à base de polímeros acrílicos termoplásticos em dispersão aquosa”. A
aplicação desse sistema flexível de impermeabilização é indicada para superfícies que
ficarão expostas às intempérie, e dispensa a necessidade de revestimentos ou
proteção mecânica.
Ainda segundo a NBR 13321, a aplicação da emulsão acrílica como
impermeabilizante é indicado para: lajes, coberturas inclinadas e telhas. Alguns
fabricantes também indicam a aplicação em churrasqueiras, caixas d”água e
cisternas, ou seja, a aplicação é indicada para locais de difícil acesso e “trânsito
limitado a eventuais manutenções”.
O processo de execução é semelhante aos demais sistemas flexíveis de
impermabilização. Em uma superfície limpa, aplicar de duas a três demãos do produto,
respeitando o tempo de cura indicado pelo fabricante para que haja uma secagem
eficiente. A aplicação pode ser feita a partir do uso de rolo, pincel, trincha ou imersão.
Atenção para a execução desse sistema, pois é necessário incorporar um
material estruturante a segunda demão do produto, como por exemplo, a aplicação de
fibra de poliéster, malha 2x2 mm, com sobreposição de 5 cm nas emendas. Por fim,
aplicar as demãos subsequentes até atingir o consumo recomendado pelo fabricante.

2.11.4 Manta Asfáltica


As membranas asfálficas pré-fabricadas ou mantas asfálticas foram
desenvolvidas na década de 1970. Esse sistema de impermeabilização é composto
de asfalto, alguns elastômeros e uma manta que pode ser de véu de vidro, menos
resistente, ou poliéster, com diferentes níveis de resistência. O asfalto modificado
dessa composição é o responsável pela impermeabilização (VOTORANTIM, 2017).
De acordo com a NBR, esse é um sistema de impermeabilização com diversão
variações que são classificadas “de acordo com a tração e alongamento em tipos I, II,
37

III e IV, e a flexibilidade a baixa temperatura em classes A, B e C, conforme indicado


na Tabela 2.

Tabela 2 – Parâmetros de ensaio

Fonte: NBR 9952:2014


38

Tabela 3 – Parâmetros de ensaio (Continuação)

Fonte: NBR 9952:2014

A impermeabilização através do sistema pré-moldado de manta asfáltica é


indicada para estruturas que estejam sujeitas a movimentação, forte incidência de
raios solares, variações térmicas e vibração, tais como lajes de cobertura, terraços,
calhas de concreto, áreas frias como banheiros e cozinhas, área de serviço e
reservatórios elevados (VEDACIT, 2010). O mercado dispõe de quatro principais tipos
de manta asfáltica, sendo elas: manta asfáltica de polietileno, manta asfáltica
alumínio, manta asfáltica poliéster e manta asfáltica transitável.
Para o início do processo de impermeabilização com a manta asfáltica, a
superfície deve estar limpa, seca e isenta de óleos, graxas e partículas soltas de
qualquer natureza. A superfície precisa estar regularizada e com caimento mínimo de
1% em diração aos ralos. Esse sistema impermeabilizante exige que a manta suba a
uma altura mínima de 30 cm nas áreas de rodapés e fique embutida a uma
profundidade de 3 cm, conforme indicações do fabricante.
Diferente dos demais sistemas de impermebilização apresentados, a
espessura da camada de impermeabilização é difinida pelo fabricante, não sendo
necessária uma fiscalização para garantir que o consumo determinado será
executado e a capacidade impermeabilizante cumprirá o exigido para o sucesso da
impermeabilização, sendo esse fator um dos grandes responsáveis pelo alto custo-
benefíco desse sistema (VOTORANTIM, 2017).
39

Para o procedimento de execução, o primer precisa ser aplicada sobre a


superfície já regularizada e seca. Após a secagem, as bobinas deverão ser
desenroladas e alinhadas para teste, e em seguida, rebobinadas. A colagem das
bobinas será feita com asfalto modificado aquecido de forma homogênea em um
equipamento adequado (FIGURA 18).
Figura 17 - Execução de Manta Asfáltica

Fonte: Leroy Merlin

O asfalto é espalhado pela superfície e em seguida a manta é desenrolada


sobre a camada do asfalto. Nas colagens, a manta deve ser pressionada do centro
para as bordas, evitando a formação de bolhas. Nas emendas, sobrepor, no mínimo
10 cm nas laterais e 20 mm no topo. Após a instalação do sistema é necessário
executar uma camada de proteção mecânica.

2.11.5 Emulsão Asfáltica


Existem vários métodos de impermeabilização para se utilizar na construção
civil e assim ter uma construção protegida de umidade e de futuras patologias.
Encontramos diversos modelos que devem ser usados para usos específicos, como
vemos nas emulsões asfálticas (FIGURA 19).
Figura 18 - Emulsão Asfáltica

Fonte: Usina Anchieta (2022)


40

Utilizada para impermeabilizar elementos de fundação (Figura 19), pode ser


aplicado para criação de membranas reforçadas no local de aplicação e para base do
uso da manta asfáltica. É um material de composição asfáltica (derivado de petróleo)
em dispersão na água.
Segundo a empresa Fibersals (2021), uma edificação que recebe um sistema
de impermeabilização correto está protegida do ataque de umidade e das patologias
causadas pela infiltração, especialmente nos elementos estruturais.

Figura 19 - Aplicação da Emulsão Asfáltica

Fonte: Vedacit (2022)

A utilização da palavra emulsão, é empregada quando se faz a mistura de


materiais que não se associam. Para a utilização desse método deve-se utilizar
aditivos dispersantes, nesse caso se tem uma mistura de agentes dispersantes, água
e material asfáltico. Sua aplicação é aplicada à frio, com um maçarico.
Catalogada como impermeabilização flexível, encontramos o uso desse
método em elementos de fundação e em áreas internas, como sacadas e banheiros
que apresentam um nível de umidade considerável. O uso desse material pode ser
relativo, podendo ser usado como primer, para uma impermeabilização ou para
camada inicial de outro método utilizado em obras. A utilização dele fornece uma alta
aderência e um nível alto de resistência a ataques químicos.

2.11.6 Calafetador
Apesar de todos os cuidados e métodos utilizados em sua obra, os resultados
podem apresentar várias questões, como o surgimento de desgaste, ocasionando em
aberturas onde possibilitam a passagem de ar e líquidos. Esse problema afeta a
41

funcionabilidade e a estética da construção.


O uso dessa técnica está voltado para vedação de supostas imperfeiçoes e
buracos (FIGURA 21), onde se ocasiona a passagem de ar e líquidos para a estrutura,
sendo utilizado um silicone industrial que tem a função de vedar fendas e buracos
encontrado na obra. O uso desse material também influencia na diminuição da
concentração de umidade e ar frio, e na redução de ondas sonoras.
Para o uso dessa técnica a empresa Oliveira Alpinismo explica alguns passos
que devemos seguir para que a execução seja feita de forma correta e que tenhamos
o resultado que esperamos. A superfície deve estar devidamente limpa, sem poeiras
e óleos, bem como outros tipos de vedação realizados anteriormente na estrutura.
A presença de alguma imperfeição na hora da aplicação afeta na utilização do
material, o mesmo ocorre na utilização em ambientes úmidos, que deve estar
completamente seco e após o uso o ambiente permanece por um período de 24 horas
sem o contato com água ou umidade, para se obter um resultado adequado e de
qualidade.
A aplicação do silicone pode ser feita através de uma pistola especifica para o
manuseio, (FIGURA 21) e pode se ter o auxilio de uma espatula.

Figura 20 - Calefação

Fonte: Reviewbox (2022)

2.11.7 Hidrorrepelentes
Outro agente utilizado para a impermeabilização é o hidrorrepelente, produtos
que após aplicados tem a função de impermear a água de suas superfícies, impedindo
que passe para dentro de sua obra (FIGURA 22). O uso desse material altera as
características de absorção capilar, após penetrar na porosidade do substrato torna a
42

superfície repelente a água. A utilização desse método traz como vantagem a redução
de possíveis porosidades do material, evitando o surgimento de eflorescência e
manchas futuras.
Camargo ressalta, “O hidrorrepelente é considerado um acabamento, portanto,
dispensa a utilização de outros produtos ou soluções. Vale ressaltar também que, para
ter o resultado esperado é importante que a aplicação seja feita de forma adequada
por um profissional.”
O uso desse material em tempo pode ser considerado um acabamento,
dispensando a utilização de outros produtos ou soluções. Após o uso, não é
recomendado a aplicação de qualquer outro material sobre ele. Por fim, é necessário
que a especificação do hidrorrepelente seja observado e realizado de maneira correta,
compatibilizando suas propriedades junto ao substrato.

Figura 21 - Hidrorrepelente Aplicado

Fonte: Kroten Tintas

2.12 TELHADOS, CALHAS E RUFOS


Segundo Leão e Silva (2019), a ausência de componentes essenciais como
calhes e rufos, e falhas no sistema de cobertura (tellhas e lajes), estão entre os
principais agentes causadores de infiltração.
Ainda segundo os mesmos autores, no Brasil, no início da colonização grandes
beirais eram utilizados nos telhados de maneira a evitar ou minimizar o ataque direto
43

das chuvas às paredes (POZZOLI, 1991). Podemos indicar esse sistema como uma
dos primeiros a serem empregados no Brasil visando proteger as estruturas do risco
da umidade.
Já abordamos as atuais opções no mercado brasilero para impermeabilização
de lajes, coberturas e telhas. No entanto, outro fator com características determinantes
para um desempenho favorável desse elemento visando a não incidência de
infiltração e umidade é a inclinação da cobertura.
Essa inclinação, determinada em projeto para garantir o melhor desempenho
da cobertura, permite o escoamento da água da chuva e evita o acúmulo na superfície
da edificação, evitando lâminas d’água que possam causar infiltrações, além de evitar
a carga variável extra que esse acumulo causa a estrutura. A inclinação do telhado
varia em quatro tipos:
Uma Água: possui apenas um caimento, ou seja, apenas um ponto para escoamento
d’água. A inclinação desse tipo de telhado costuma ser menos evidente;
Duas Águas: possui duas superfícies para dar vazão à água. O layoutdesse telhado
costuma ser o mais tradicional, triangular;
Três Águas: conta com três superfícies para o escoamento d’água; em outras
palavras, três dos lados desse telhado são inclinados;
Quatro Águas: possui inclinação em todos os lados do telhado, ou seja, 4 pontos de
escoamento de água.
As calhas e rufos são outros elementos relevantes na proteção contra infiltração
e umidade nas edificações, eles tornam o imóvel menos suscetível à ação e
consequências da umidade causada pela água da chuva. As calhas tem o objetivo de
coletar as águas pluviais que caem sobre o telhado e as encaminhar para as
prumadas de descida até a área permeável.
As calhas, aliadas a inclinação do telhado, evitam que a água acumule sobre
as estruturas de cobertura. Esses elementos estão disponíveis no mercado em quatro
materiais diferentes: aço galvanizado (apesar do preço atrativo, o material é muito
propenso a corrosão e não indicado para regiões litorâneas), aço inoxidável (material
altamente resistente e durável, é o material mais caro), alumínio (apresenta excelente
resistência a corrosão) e PVC (preço acessível e excelente resistência a correção).
Já os rufos, têm a função de proteger paredes e abas expostas (rufo tipo
pingadeira) ou evitar infiltrações nas juntas entre telhado e parede, além de ser
aplicado nos muros (rufo interno). Para o engenheiro Roberto de Carvalho Júnior,
44

calhas e rufos em bom estado, evitam diversos danos causados pelas águas pluviais,
como o apodrecimento dos beirais das construções e a umidade excessiva nas
paredes, que acelera o desgaste da alvenaria e da pintura.

2.13 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS


A instalação correta dos sistemas hidráulicos de uma execução são de extrema
importância. Além de esperar um funcionamente correto, esperamos também que não
ocorra nenhum tipo de vazamento ou rompimento na instalação. A NBR 5626
estabelece as exigências mínimas para os projetos, execução e manutenção para as
instalações de água quente e fria, e a NBR 8160 define as exigências para o esgoto
sanitário da edificação. Seguir essas normas é imprescindível para que a técnica de
instalação seja realizada corretamente, não acarretando nenhum tipo de vazamento.
Para garantir a estanqueidade é importante que além da execução correta
conforme as normas, levemos em consideração:
e) O uso de materiais de boa qualidade, pois, em algumas situações, a
intensão de lucrar com o imóvel ou o simples fato de querer economizar, não
utilizando um bommaterial, pode causar alguns problemas, pois com o tempo perder
sua capacidade, modificando conforme o clima, ocorrendo a dilatação e retração,
causando trincas naspeças.
f) Uso adequado de vedações, pois o uso inadequado da quantidade de cola
e aneis de vedação podem fazer com que as peças se soltem depois de algum tempo
ou fique espaços vazios nas peças, fazendo com que ocorra vazamento, podendo
demorar até que se encontre o local de origem.
g) Contratar um profissional habilitado e com experiência para executar e
fiscalizar o serviço, tanto na escolha do material, quanto na própria execução.
h) Os cuidados de utilização devem ser frequentes, pois batidas, tensões,
pancadas fortes nas estruturas onde passam as tubulações, podem causar o
deslocamento dos canos e peças ou furos na tubulação, podendo ocorrer o
vazamento.
i) Impermeabilização correta dos ralos, pois o vazamento acontece com muita
frequencia, podendo acarretar em escoamento no teto do andar inferir. A vedação
correta dessa área nem sempre acontece da maneira adequada, ocorrendo o
vazamento pela área externa da tubulação ou até mesmo o transbordamento do ralo.
A presença de infiltração e umidade pode trazer danos financeiros volumosos.
45

Em alguns casos, os vazamentos e umidade são encontrados depois de revelar


uma ou mais patologias, trazendo um gasto de reparo ainda maior. A manutenção
desses casos, pode ser muito difícil, pois existem tubulações que não são aparentes
e ficam dentro das paredes de vedação. Na maior parte dos casos é necessário o
acionamento de um profissinal especialista e percebemos que economizar na hora do
projeto, compra de materiais e execução não é uma boa escolha.

2.14 REVESTIMENTOS
O uso do revestimento está diretamente ligado com a estética da obra, e está
é relacionado como uma proteção adicional para paredes e pisos. Podemos definir o
azulejo, porcelanatos, pastilhas e cerâmicas como revestimentos de uso mais
convencional. No entanto, devemos destacar que a definição do revestimento a ser
aplicadado está atrelado a aspectos como região, contexto arquitetônico e
necessidades específicas de cada projeto (MORAES, 2017).
Para a definição do revestimento a ser aplicado na obra é essencial sabermos
a diferença e especificações que cada ambiente necessita. As áreas molhadas, como
banheiros e lavanderias, exigem uma atenção maior. É necessário optar por um
revestimento que traga qualidade e resistências aos fatores que o local onde será
aplicado trás.
Segundo o Blog Toca Obra (2020), o uso desse material traz como objetivo,
além de proteger os pisos e paredes, a função estética do local. A aplicação desses
elementos de acabamento trazem uma obra limpa e bonita, favorecendo no resultado
final de cada edifício.
A aplicação do revestimento deve atender a condições favoráveis para a
colocação de forma correta. Fatores como chuva, sol intenso e ventos fortes podem
influenciar na execução do processo, além de um profissional adequado para
manusear a argamassa e a desempenadeira para uma colocação correta do material.
O uso de um profissional qualificado é de extrema importância para a realização do
serviço, após os cuidados, o resultado será de uma obra com um revestimento de
qualidade que prolongara a beleza e qualidade da obra (SANTOS, 2015).
46

3 METODOLOGIA
Para definições e resultados acerca da engenharia diagnóstica e da influência
da umidade nas edificações, foram abordados tópicos através de uma revisão
bibliográfica. Neste capítulo efetuamos a análise de um relatório técnico, abordando
as condições de vida útil da estrutura de um edifício e as recentes manifestações
patológicas no mesmo.
O estudo analisa um condomínio residencial composto por duas torres com dez
pavimentos. As edificações possuem subsolo, pavimento térreo com hall de entrada,
salão de festas e área de piscinas, além do pátio externo. A obra, localizada na Vila
Izabel, cidade de Curitiba, Paraná, foi concluída há trinta e dois anos, em agosto de
1991, e possui uma área total construída de 14.752,00 m² sob o alvará da Prefeitura
Municipal de Curitiba.
O estudo fundamenta a análise dos dados apresentados no laudo técnico. O
mesmo baseia-se em vistoria, abordando as atuais condições dos edifícios, além de
apresentar indicações de procedimentos e materiais que deverão ser executados para
restabelecer a estrutura das edificações e prolongar a sua vida útil, com o principal
objetivo de assegurar conforto e segurança dos proprietários e usuários.
Assim, a pesquisa descritiva apresenta enfoque nos dados coletados e discorre
sobre as características, causas e relações entre as manifestações patológicas
encontradas nas duas torres residenciais e o embasamento teórico proveniente da
revisão bibliográfica a respeito de manifestações patológicas e engenharia
diagnóstica. Além das demais pesquisas em fontes secundárias como trabalhos
acadêmicos, utilizando artigos, livros e afins. Aplicando conceitos e ideais de outros
autores com objetivos semelhantes ao desse trabalho, com a finalidade de construir
uma análise científica das informações apresentadas no relatório técnico.
Entretanto, é importante salientar a vasta quantidade de abordagens acerca da
engenharia diagnóstica e manifestações patológicas, o que torna essa temática um
assunto com amplas definições. Diversos autores discorreram sobre os impactos
dessa realidade construtiva proveniente de diversos aspectos da engenharia, entre
esses as deficiências de projetos, materiais e mão de obra, por exemplo.
O trabalho apresenta um caráter quali-quanti, que utilizará tanto os métodos
qualitativos quanto os enfoques quantitativos. A análise do tema possui enfoque na
exposição da análise de conceitos e estudos acerca da engenharia diagnóstica e
manifestação patológica, porém fará a utilização de gráficos e tabelas para embasar
47

e consolidar as informações bibliográficas apresentadas.


Utilizaremos os arquivos de levantamento fotográfico realizado pelo engenheiro
responsável pelo laudo durante a inspeção visual nas instalações dos edifícios, que
correspondem a áreas internas e externas da edificação. Utilizando esses dados
visuais, torna-se possível compreender e argumentar sobre as conclusões
relacionadas às manifestações patológicas presentes no edifício. Ainda será possível
realizar análises acerca da segurança da edificação, contemplando através da
engenharia diagnóstica.
Serão abordados os aspectos provenientes das manifestações patológicas que
apresentam riscos a segurança estrutural da edificação e que inferem diretamente a
capacidade que a estrutura possui de resistir as cargas a que ela está sujeita. Além
de abordarmos os aspectos que envolvem o Estado Limite de Serviço da edificação,
sendo esses os aspectos responsáveis pelo conforto e estética dos usuários, ou seja,
os impactos das manifestações patológicas que não representam um risco imediato
de colapso estrutural.
Desta forma, este trabalho contribuirá para a compreensão das manifestações
patológicas em edificações e para o desenvolvimento de soluções eficazes e seguras
para solucioná-las, garantindo a segurança e a durabilidade das construções e,
consequentemente, a segurança das pessoas que as utilizam.
48

4 PRINCIPAIS TIPOS DE MANISFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


IDENTIFICADAS NO LAUDO DA VISTORIA TÉCNICA
A inspeção predial, normatizada pela ABNT, ampara o procedimento de
vistorias em edificações e contribui para a redução de danos econômicos e técnicos,
além de analisar os riscos que essas edificações representam os usuários, patrimônio
e ao meio ambiente. Além de determinar que as vistorias e laudos referentes só
podem ser desempenhados por profissionais legalmente habilitados pelos Conselhos
Regionais de Engenharia e Agronomia e Conselhos de Arquitetura e Urbanismo –
CAUs.
As inspeções técnicas podem ser realizadas de forma periódica, em
conformidade com os regulamentos e leis aplicáveis, bem como com o Manual de
Operação, Uso e Manutenção da edificação em questão. Além disso, é possível que
as inspeções ocorram de forma pontual, caso haja manifestação de patologias no
edifício. Para essa finalidade, é necessário contratar um profissional habilitado com
os conhecimentos técnicos necessários para identificar as causas das anomalias e
recomendar as correções apropriadas. Esse cuidado é essencial para prevenir a
proliferação das patologias, que podem representar riscos diversos para a edificação
(ABNT - NBR 16747 e 14037).
Diversos tipos de dados visuais, como fotografias, desenhos e informações
coletadas a partir da vistoria realizada no local, nos permitirão compreender de forma
prática as consequências de imperícias construtivas, bem como da ausência de
manutenções periódicas. A partir dessas informações, serão identificadas as
principais causas das manifestações patológicas, como fissuras, trincas,
deslocamentos e deformações, entre outras.
Uma vez identificadas as causas, o laudo propõe soluções que serão
abordadas posteriormente, visando analisar a viabilidade e eficiência dessas
recomendações que têm como objetivo garantir a segurança e a durabilidade do
edifício. Essas soluções podem incluir reparos pontuais, reforços estruturais,
recuperação de elementos estruturais e até mesmo a demolição e reconstrução de
partes da estrutura.

4.1 CORROSÃO DE ARMADURAS


49

A corrosão de armaduras representa um dos maiores desafios à durabilidade e


segurança das estruturas de concreto armado. O processo de corrosão ocorre quando
as armaduras entram em contato com substâncias agressivas presentes no ambiente,
como a umidade e os agentes químicos, o que leva à degradação do aço e à perda
de resistência da estrutura. Para entender melhor as implicações desse fenômeno, é
importante compreender suas causas e como ele afeta a estrutura em questão
(HELENE, 1986).
Dentro do laudo técnico analisado, a maior parte das manifestações patológicas
acerca de corrosões de armadura no edifício analisado ocorrem nas juntas de
dilatação inseridas na estrutura de concreto. Essa corrosão pode levar à perda de
seção transversal das armaduras e comprometer a integridade estrutural da junta de
dilatação e da própria estrutura. É importante realizar inspeções periódicas nas juntas
de dilatação para detectar sinais de corrosão e tomar medidas de reparo e prevenção.
Na vistoria técnica foi possível identificar a exposição e corrosão de armaduras de
vigas, piscina e laje (Figura de 23 a 31)

Figura 22 - Corrosão das armaduras da junta de dilatação V19 (torre B)


50

Figura 23 - Corrosão avançada das armaduras da junta de dilatação V1


(torre A) e V19 (bloco piscina)

Fonte: Relatório técnico, 2022

Figura 24 - Corrosão de Armadura V27

Fonte: Relatório técnico, 2022


51

Figura 25 - Corrosão de armadura V16

Fonte: Relatório técnico, 2022

Figura 26 - Exposição e corrosão de armaduras na Viga V9

Fonte: Relatório técnico, 2022


52

Figura 27 - Corrosão de armaduras V47

Fonte: Relatório técnico, 2022

Figura 28 - Laje da tampa da cisterna com pontos de corrosão

Fonte: Relatório técnico, 2022


53

Figura 29 - Corrosão de armadura na viga

Fonte: Relatório técnico, 2022

Figura 30 - Laje da tampa da cisterna com pits de corrosão

Fonte: Relatório técnico, 2022

De acordo com o responsável técnico e autor do laudo analisado nesse


trabalho, as manifestações patológicas sempre ocorrem a partir de um “mecanismo
de deterioração”. De acordo com Paulo R. L. Helene, renomado especialista em
concreto armado, a conservação e durabilidade das estruturas estão intimamente
ligadas à dupla natureza que o concreto exerce sobre o aço.
54

O primeiro fator é o papel do cobrimento, que atua como uma barreira física
entre o aço e as substâncias agressivas presentes no ambiente, impedindo o contato
direto entre eles. O segundo fator é a elevada alcalinidade que o concreto desenvolve
sobre o aço, criando uma camada passiva que o protege contra a corrosão por um
determinado tempo. Essa camada é formada pela reação entre o aço e os hidróxidos
presentes no concreto, que resulta na formação de uma camada de óxido de ferro
estável e aderente, que protege o aço contra a corrosão (HELENE 1986).
De acordo com o perito, autor do laudo (2022, p. 39):
Quando o pH cai abaixo de 11 (carbonatação) ou em presença de
cloretos, esta película pode ser destruída. O aço é dito passivo, quando ele
resiste substancialmente à corrosão, em um meio onde existe uma grande
tendência termodinâmica para a passagem do estado metálico para o iônico.
A figura 31 mostra a relação entre o pH e o potencial de corrosão do ferro no
concreto que pode variar de +0,1 V a -0,4 V segundo a permeabilidade e as
características do concreto, para temperaturas de 25ºC (figura 32).

Figura 31 - Potencial de corrosão em função do pH

Fonte: Relatório técnico, 2022

Ainda acerca da análise técnica do perito responsável pela vistoria em questão,


a corrosão do aço possui outros fatores de alto impacto, sendo eles a qualidade
adequada do concreto, o projeto adequado para o ambiente a qual a estrutura de
concreto está inserida, ou a mudança nas características desse meio, visto a
55

impossibilidade da estrutura a se adaptar de maneira natural a essas alterações. Além


desses fatores, outros são citados como influência significativa para a corrosão das
armaduras no sistema construtivo de concreto armado. Sendo esses os fatores
listados a seguir:

4.1.1 Umidade relativa dos poros


A umidade relativa dos poros é uma medida da quantidade de água presente
nos poros do concreto em relação à quantidade máxima que esses podem armazenar.
É importante para a avaliação da durabilidade do concreto, pois a umidade excessiva
nos poros pode levar a problemas como a corrosão das armaduras e o surgimento de
fissuras devido à expansão do gel formado pela reação água-cimento. Geralmente, a
umidade relativa dos poros é expressa em percentagem e pode ser determinada
através de testes específicos de laboratório ou in situ (HELENE, 1988).

4.1.2 Temperatura ao redor das áreas de corrosão


O livro "Corrosão em armaduras de concreto armado: aspectos teóricos e
práticos" de Paulo Roberto Lopes Helene discute a influência da temperatura na
corrosão das armaduras em concreto armado. Segundo o autor, a temperatura pode
acelerar a corrosão das armaduras em ambientes agressivos, especialmente quando
há presença de íons cloreto.
O aumento da temperatura pode aumentar a taxa de reação química envolvida
na corrosão, além de facilitar a penetração de íons cloreto no concreto. Por outro lado,
temperaturas mais baixas podem retardar a corrosão, podendo levar a problemas
como a formação de gelo nos poros do concreto, ocorrendo à expansão e fissuração
do material. Portanto, o autor destaca a importância de considerar a temperatura
ambiente ao avaliar a durabilidade de uma estrutura de concreto armado (HELENE,
1988).

4.1.3 Composição química da solução dos poros, circundantes ao aço


Refere-se aos distintos componentes químicos presentes nos poros do
concreto que estão em contato com as armaduras. Essas composições podem conter
íons, cloretos e sulfatos e afetar a taxa de corrosão das armaduras, dependendo das
condições de exposição e da concentração presente na solução dos poros.
Além disso, a presença de agentes agressivos, como gases poluentes, pode
56

contribuir para a formação de compostos que afetam a resistência do concreto e a


corrosão das armaduras. Por isso, é importante realizar análises da composição
química da solução dos poros para avaliar o potencial de corrosão das armaduras em
estruturas de concreto armado (GOMES E SIQUEIRA, 2012).

4.1.4 Porosidade do Concreto


Medida da quantidade de espaços vazios ou poros presentes no material,
afetando sua resistência à compressão, permeabilidade e capacidade de suportar a
corrosão. Quanto maior a porosidade, maior a permeabilidade do concreto e a
probabilidade de água e íons nocivos, como cloretos, penetrarem na estrutura,
causando diversos danos. Além disso, uma porosidade elevada pode afetar
negativamente a aderência entre o concreto e a armadura, reduzindo a eficiência da
proteção contra a corrosão (MEIRA E JOHN, 2011).

4.1.5 FISSURAÇÃO DE VIGAS


As fissuras e trincas são patologias encontradas com frequência quando se tem
um problema estrutural. A aparição dessas trincas podem ocorrer na execução da
mistura do concreto, mão de obra não qualificada e sem conhecimento para executar
a função solicitada ou até mesmo o solo onde será construído a estrutura de concreto
possa ser imprópria.
Deve-se levar em conta a importância de uma análise detalhada quando se tem
uma fissura na sua estrutura, lembrando que pode evoluir para uma trinca ou até
mesmo rachadura. Corsini (2010) afirma que “as fissuras podem começar a surgir de
forma pacífica."
Existem dois tipos de fissuras em alvenaria, sendo elas geométricas ou
mapeadas, a diferença é percebida pela forma. A geometria pode ser encontrada em
tijolos, blocos e em suas juntas de assentamento, diferente da fissura de mapeamento
que é encontrada quando a argamassa sofre retração, normalmente são consideradas
aberturas superficiais e gerando formas parecidas a um “mapa”. Podem ser
classificadas em duas classes, ativas ou passivas e ser subdivididas em sazonais e
progressivas. Consideradas ativas as que têm variação de abertura, podendo abrir ou
fechar, através da temperatura onde se tem a variação de calor e frio, sendo
identificada como sazonais pela variação que a mesma recebe. Diferente da
progressiva que se tem o aumento com o passar do tempo, sendo perigosa para
57

estrutura. O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura afirma que “A


fissura não apresenta nenhum problema estrutural grave para estrutura desde que
não aumente sua espessura no decorrer do tempo”, devendo ser inferior a 0.5mm.
Em relação às imagens sobre fissuras apresentadas no laudo, foram
encontradas diversas nas lajes L18 (figura 33), L17, L2O, além das encontradas na
alvenaria e por falta de contra-verga. Com base no que o engenheiro responsável pelo
laudo técnico trás sobre a estrutura, podemos observar condições de segurança
inadmissíveis em que tal situação poderá trazer danos contra a saúde e comprometer
possivelmente a segurança de pessoas que habitam o local.
Quando encontrada fissuras nas áreas da laje (figura 34), viga e alvenaria,
estas devem ser acompanhadas e posteriormente realizar uma restauração estrutural
para que o problema seja resolvido. Uma intervenção com urgência pode evitar
consequências futuras à estrutura.
O engenheiro ressalta o risco crítico sobre essa patologia, em que uma demora
de restauração pode ocasionar o aumento de custo para manutenção e recuperação,
implicação sugestionável sobre a vida útil e perda do desempenho e funcionalidade,
ocasionando uma possível paralisação.

Figura 32 - Fissura Laje L18

Fonte: Relatório técnico, 2022


58

Figura 33 - Fissura Viga 45° V9

Fonte: Relatório técnico, 2022

4.2 CALHA UTILIZADA PARA CONTER INFILTRAÇÃO DE ÁGUAS


Com as fissuras causadas por conta da infiltração, a água presente na laje
térrea (teto do estacionamento do subsolo), começou a penetrar e por decorrência
desse fato, goteiras apareceram no teto do subsolo. Como tentativa de sanar o
problema das goteiras foram instaladas calhas nas vigas e porções da laje onde se
encontravam essas aparições de infiltraçao. Esta ação não trouxe muitos beneficios,
a partir do ponto em que essa infiltração se espalha por toda a extensão do subsolo
(GERALDI e ANDRAD, 2018).
Essa prática acabou danificando ainda mais o problema e ao inves de sanar as
falhas da infiltração causadas, apenas esconderam os infortunios causados. Ao longo
do tempo, a água ficou depositada nessas calhas e em contato direto e frequente com
vigas e laje de concreto que não foram impermeabilizadas de acordo com essa
interação frequente, gerando assim diversas adversidades.
Conforme apresentado no laudo do engenheiro Rui Medeiros, essa intervenção
não é recomendada, pois disfarça os acontecimentos e patologias que estão
ocorrendo no elemento, estando “longe dos olhos” o processo de corrosivo avança
sem que possamos notar.
De acordo com as fotos do laudo e também com a visita realizada in loco é
possivel notar que a água que fica parada e retida no local, em sua maioria, não
possuem local de saida ou condutores de água, causando a absorção pelo concreto
dos elementos estruturais já citados aqui. Esse fato causou a condenação das calhas
existentes no local, assim como tambám, a corrosão das ferragens dispostas nos
59

elementos que não foram devidamente protegidos contra esses males.


O equivoco na tentativa de sanar o problema causou danos graves a estrutura
e será necessário uma intervenção muito superior ao necessáio se o problema da
infiltração fosse tratado no inicio das aparições de suas patologias (Figura 35).

Figura 34 - Calhas e pontos de corrosão

Fonte: Relatório técnico, 2022

Na imagem acima podemos constatar que a tentativa de melhoria dos sintomas


causados pela infiltração, provocou a corrosão não só do elemento estrutual, mas
também a corrosão da própria “solução” que foi encontrada e implantada no local. Em
diversos locais é possivel reconhecer pontos de eflorescência no perimetro das calhas
instaladas, assim como fissuras, demonstrando que os pontos onde se encontram
esses sistemas aumentaram e muito os focos de umidade e infiltração, já que esses
são os locais de maior deposito dessas patologias.
Figura 35 - Calhas em vigas e sinais de eflorescência

Fonte: Relatório técnico, 2022


60

4.3 CORROSÃO DE JUNTAS DE DILATAÇÃO


De acordo com NBR 6118, as juntas de dilatação são qualquer interrupção do
concreto cuja a finalidade é reduzir tensões internas que possam resultar em
impedimentos a qualquer tipo de movimentação da estrutura, em decorrência de
retração ou redução da temperatura. De maneira prática, as juntas são espaços
deixados entre os materiais que possibilitam que os mesmos contraiam ou expandam
sem causar maiores riscos ou danos aos elementos construtivos.
O relatório técnico aborda duas aplicações distintas de juntas de dilatação: as
utilizadas em estruturas de concreto e as presentes na calçada externa da área
comum dos edifícios.
No caso das juntas de dilatação em estruturas de concreto, de acordo com
Helene (2008), a finalidade é permitir que as partes estruturais se movimentem
livremente devido às variações térmicas e higrométricas, evitando tensões excessivas
que possam levar ao aparecimento de fissuras e rachaduras. Já as juntas de dilatação
nas calçadas e pisos externos são projetadas para absorver os movimentos da
superfície devido a fatores como expansão térmica e carregamento, evitando o
aparecimento de desníveis e irregularidades que possam causar acidentes.
Nas duas situações encontradas na vistoria técnica, as juntas de dilatação
apresentam problemas visíveis. Em vigas de concreto há corrosão das armaduras da
junta de dilatação (Figuras 37 e 38) e, isso ocorre quando as armaduras inseridas na
junta de uma estrutura de concreto armado entram em contato com um meio corrosivo,
como a água ou substâncias químicas, e começam a se deteriorar (MEIRA e JOHN,
2011). Essa corrosão pode levar à perda de seção transversal das armaduras e
comprometer a integridade estrutural da junta de dilatação e da própria estrutura.
61

Figura 36 - Corrosão junta de dilatação por infiltração de umidade V35

Fonte: Relatório técnico, 2022

Figura 37 - Corrosão junta de dilatação por infiltração de umidade V35

Fonte: Relatório técnico, 2022

Em relação a inspeção técnica realizada nas calçadas e pisos externos (Figuras


39 a 42), foi constatado que as juntas apresentam trincas e deslocamentos, além de
infiltrações, indicando que não estão mais desempenhando sua função de forma
adequada. A origem desse problema pode ter diversas causas, tais como falhas no
projeto das juntas, uso de materiais inadequados ou problemas relacionados a mão
de obra de execução do projeto.
62

Figura 38 - Situação sobre a junta de dilatação com infiltração

Fonte: Relatório técnico, 2022

Figura 39 - Situação sobre a junta de dilatação e presença de água

Fonte: Relatório técnico, 2022


63

Figura 40 - Situação sobre a junta de dilatação

Fonte: Relatório técnico, 2022


Fonte: Relatório técnico, 2022

Figura 41 - Situação sobre a junta de dilatação

É importante destacar que a falta de manutenção adequada e a exposição às


intempéries podem acelerar o processo de deterioração das juntas de dilatação
externas, contribuindo para o aparecimento de problemas como desníveis, buracos e
trincas, que além de comprometer a estética do ambiente, podem gerar riscos à
segurança dos usuários.

4.4 DESPLACAMENTO POR CORROSÃO


O desplacamento, disgregação ou esfoliação é um fenômeno que tem origem
64

por tensões de tração acima da resistência do concreto. Podem ser encontradas


através da expansão causada pela corrosão da armadura, congelamento de águas
retidas, desagregações internas, impactos, cavitação, expansão causada pela reação
álcali-agregado e também pela deformação provocada por cargas excessivas.
Se é encontrado na laje L19 um desplacamento por corrosão (Figura 43), deve-
se realizar a restauração da mesma de forma eficiente e com urgência, para que não
haja um crescimento da patologia encontrada na região. Sua restauração deve ser
realizada seguindo o passo a passo correto, através de uma limpeza na área e na
sequência, através de um profissional qualificado, feito os reparos necessários no
local.

Figura 42 - Desplacamento por Corrosão L19

Fonte: Relatório técnico, 2022

4.5 CORROSÃO POR INFILTRAÇÃO DE UMIDADE


Os diversos erros de construção e de proteção dos elementos que foram
expostos a umidade, assim como a tentativa incorreta de tratar a aparição de sintomas
e patologias, acimas citados, causaram uma serie de problemas de corrosão
estabelecidas na estrutura do térreo e subsolo do prédio, comprometendo sua vida útil
e provocando diversos reparos e suportes necessários para que seu funcionamento
adequado seja mantido, da mesma forma que a segurança da vida humana que
transita no local seja resguardada e priorizara.
A corrosão do local pode ser observada em diversas fotos, apontando a
65

progressão de elementos que deveriam ser identificados e sanados ao inicio de suas


aparições patologicas com a orientação de profissional adequado para tal feito.

Figura 43 - Corrosão em vigas e juntas de dilatação

Fonte: Relatório técnico, 2022

Esse fenômeno se apresenta em diversas fases de desenvolvimento, de inicial


até avançado, demonstrando que será inevitável a utilização de diversos processos
de recuperação e manutenção desses elementos afetados. A segregação do concreto
e a utilização de calhas para mascarar a umidade em alguns elementos auxiliaram
para que a infiltração fosse espalhada e atingisse rapidamente a ferragem, sendo
possivel observar que algumas dessas se encontram totalmente expostas, sem a
presença do concreto que deveria ajudar na proteção das mesmas.

4.6 SEGREGAÇÃO DO CONCRETO


Segundo Helene (1998), a segregação do concreto é proveniente da separação
dos seguintes componentes (cimento, areia, brita, água e aditivos), ou seja, os
elementos não assumem a forma homogeneizada necessária para o traço eficiente
do mesmo. Há uma alta concentração de agregados graúdos em certas seções do
elemento estrutural e uma grande concentração de massa em outras.
Os engenheiros Souza e Ripper, autores do livro Patologia, Recuperação e
Reforço de Estruturas de Concreto (1998), descrevem o que é considerado por eles
as principais origens da presença de segregação nos elementos de concreto: (1988,
p. 28)
“Ao método de concretagem estão relacionadas, entre outras, as
66

falhas no transporte, no lançamento e no adensamento do concreto, que


podem provocar, por exemplo, a segregação entre o agregado graúdo e a
argamassa, além da formação de ninhos de concretagem e de cavidades no
concreto. Se uma nova quantidade de massa é lançada sobre uma superfície
que já completou o processo de endurecimento, pode acontecer a
segregação dos seus diversos componentes (efeito de ricochete). O
lançamento em plano inclinado pode levar ao acúmulo de água exsudada, o
que ocasionará a segregação entre o agregado graúdo e a nata de cimento
ou a argamassa, fazendo com que surjam pontos frágeis na estrutura,
facilitando, assim, a ocorrência de focos de corrosão. A vibração e o
adensamento do concreto são outras tarefas que, se não forem corretamente
realizadas, podem levar à formação de vazios na massa (ninhos e
cavidades).” (SOUZA e RIPPER, 1998)

No edifício analisado, pelo laudo técnico observamos a segragação de concreto


(Figura 45). É possível identificar uma concentração irregular do agregado graúdo
resultando em uma aparência disforme ao elemento estrutural, além da presumível
diminuição da resistência estrutural da peça. Essa manifestação patológica é
agravada com a presença combinada de infiltrações na viga, além da segregação.

Figura 44 - Viga com segregação do concreto e infiltração V30

Fonte: Relatório técnico, 2022

4.7 SEGURANÇA DA EDIFICAÇÃO


Com base nas informações previamente expostas e dos dados fotográficos
correspondentes às áreas internas e externas da edificação, coletados durante a visita
do perito aos edifícios analisados, a principal consideração referente a segurança das
67

edificações e evidente desconformidade, está relacionada as aberturas de fissuras e


trincas devido ao processos corrosivo das armaduras, que por sua vez origiram uma
expansão de volume e descolamento de camadas de combrimento de elementos
estruturais da edificação.
Para determinar a constatação da presença de fissuras e trincas na edificação,
adotou-se um critério rigoroso de inspeção visual da estrutura em concreto armado,
levando em consideração a presença de patologias existentes e possíveis
desconformidades executivas que possam atentar à segurança da obra e sua vida útil.
Além disso, foram analisados os dados fotográficos coletados durante a visita do
perito, permitindo identificar e documentar as áreas afetadas por fissuras e trincas,
bem como a extensão das mesmas.
Este tipo de inspeção é classificada como inspeção nível 1, e de acordo com o
IBAPE pode ser descrita como:
Inspeção Predial realizada em edificações com baixa complexidade
técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas
construtivos. Normalmente empregada em edificações com planos de
manutenção muito simples ou inexistentes. A Inspeção Predial nesse nível é
elaborada por profissionais habilitados em uma especialidade (IBAPE, 2012,
p. 7)

4.8 CLASSIFICAÇÕES
Para as determinações de segurança, os riscos, prioridades e desempenhos
das edificações são utilizados diversos critérios para estabelecer o ínidice de impacto
das manifestações patológicas nos elementos estruturais dos edifícios analisados.
Esses critérios são classificados de acordo com as determinações do IBAPE e da
Norma de Inspeção Predial NBR 16747 (2020) como:

4.8.1 Risco Crítico


Apresenta grande potencial de causar danos à saúde e segurança das pessoas
e do meio ambiente, além de perda significativa de desempenho e funcionalidade que
podem levar a paralisações, aumento exorbitante de custos de manutenção e
recuperação e comprometimento significativo da vida útil da edificação.

4.8.2 Risco Médio


Caracterizado pela possibilidade de provocar perda parcial de desempenho e
68

funcionalidade da edificação, sem afetar diretamente a operação dos sistemas, bem


como pela ocorrência de deterioração precoce.

4.8.3 Risco Mínimo


Corresponde a pequenos prejuízos estéticos ou programacionais, com baixa
probabilidade de ocorrência dos riscos regulares, e com impacto mínimo ou nenhum
no valor do edifício.

4.8.4 Prioridade 1
Perda de desempenho compromete a saúde e/ou segurança dos usuários e/ou
funcionamento dos sistemas construtivos e a vida útil. As intervenções deverão ser
realizadas com urgência.

4.8.5 Prioridade 2
Perda parcial do desemprenho sobre a funcionalidade da edificação.

4.8.6 Prioridade 3
Perda de desempenho pode ocasionar pequenos prejuízos a estética e não
necessita de intervenções imediatas.

4.8.7 Desempenho Classe 1


Desempenho adequado ao uso.

4.8.8 Desempenho Classe 2


Desempenho que requer recomendações corretivas e preventivas.

4.8.9 Desempenho Classe 3


Desempenho inadequado ao uso, quando as manifestações patológicas
encontradas são prejudiciais a segurança e/ou saúde dos usuários.
69

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS


Com base nas inspeções visuais realizadas durante a vistoria técnica realizada
no edifício, em alguns locais de manifestações patológicias foram constatados como
pontos de encerramento de vida útil, enquanto outros locais afetados foram
determinados como risco mínimo, ou seja, não colocando o edfício em risco.
Em relação a segregação do concreto, apresentado no item 2.6, a manifestação
é proveniente da ausência de mão de obra qualificada durante a mistura e vibração
do concreto durante a concretagem. A segragação está presente apenas na viga 30,
em uma curta extensão de tamanho que não é descrita no laudo. Tal manifestação
patológica é classificada pelo perito como um risco mínimo a segurança da edificação,
mas ainda assim, há a necessidade de intervenção corretiva, considerada na classe
dois de desempenho.
No que diz respeito a corrosão de armaduras, o perito afirmou que a estrutura
teve a sua vida útil encerrada em alguns pontos devido ao aparecimento de várias
fissuras, rachaduras nos elementos estruturais. O perito técnico recomenda que sejam
realizadas intervenções para recuperação estrutural nos locais afetados, a fim de
prevenir novas manifestações patológicas e corrigir as já existentes. A falta de ação
em relação a esses problemas pode resultar em consequências graves para a
estabilidade dos elementos degradados da edificação em um futuro próximo
Aprofundando a verificação das manifestações patológicas, a apresentação de
fissuras e rachaduras nas vigas e laje da tampa dos reservatórios e lajes do pavimento
térreo são classificadas como um risco crítico, de prioridade um e desempenho de
classe 3, ou seja, essas manifestações trazem riscos a saúde e segurança dos
usuários da edificação. De acordo com o projeto estrutural cedido ao perito pelo
condomínio, a estrutura é de concreto armado e protendido laje de 10 cm de
espessura apoiadas em vigas de concreto de 180 Kg/cm² ou 18 Mpa. Portanto,
concreto de baixa resistência a durabilidade e atualmente em desuso pela NBR
6118/2014, considerando que a classe mínima de resistência permitada pela norma
tem o seu fck em 20 MPa. Sendo que essa classe é indicada para estruturas simples
e cargas leves, como, por exemplo, lajes de cobertura ou de pisos de edifícios
residenciais de até dois pavimentos, muros de arrimo com altura de até 2,5 metros,
fundações rasas e estruturas pré-fabricadas.
Em relação ao sistema de impermeabilização do edifício, etapa construtiva
resposável por assegurar a proteção da construção contra a entrada indesejada de
70

água ou outros líquidos que possam causar danos à estrutura, bem como à saúde dos
ocupantes e ao meio ambiente e normatizado mediante a ABNT NBR 9575 –
Impermeabilização: Seleção e Projeto de Impermeabilização de 2003, o perito
determina que a vida útil do sistema está encerrado. Os procedimentos foram
executados durante a construção do edifício, no entanto, é necessária que a etapa de
impermeabilização seja feita novamente antes da recuperação das estruturas, onde
existe manchas e presença de umidade nas juntas de dilatação. A equipe técnica
responsável pela perícia considerou esses aspecto como um risco crítico, de
prioridade um e desempenho classe três.

5.1 RELAÇÃO QUANTITATIVA DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS


A seguir serão apresentados resumos dos dados coletados sobre as
manifestações patológicas encontradas nas lajes e vigas do subsolo durante a vistoria
técnica realizada no condomínio residencial. A análise desses dados é fundamental
para identificar as anomalias estruturais que comprometem a integridade da
edificação e define as medidas preventivas e corretivas necessárias para garantir a
segurança dos usuários e a durabilidade da construção. As manifestações patológicas
podem ser causadas por diversos fatores, como a má qualidade dos materiais e
execução da obra, a falta de manutenção entre outros. Dessa forma, é imprescindível
realizar uma avaliação criteriosa da estrutura e adotar soluções adequadas para sanar
as falhas detectadas. Somente assim, é possível garantir a vida útil da edificação e a
segurança dos seus ocupantes.

5.1.1 CORROSÃO/EXPOSIÇÃO DE ARMADURA


A manifestação patológica de corrosão estava presente nas duas torres
inspecionadas durante o laudo técnico, sendo as de maiores extensão as localizadas
na Viga 1 na Torre A e no Viga 19 localizada no Bloco Piscina (tabela 04).
A corrosão de armaduras sempre oferece riscos aos edifícios, no entanto,
podemos afirmar que quanto maior a área de corrosão, maior é o risco de danos
significativos na estrutura.
71

Tabela 4 – Relação de corrosão e armadura exposta


CORROSÃO/ARMADURA EXPOSTA

Local Identificação Medida 1 (m) Medida 2 (m) Área (m²)

Viga V1 0,2 12 2,40


Torre A Parede PAR7 0,2 0,1 0,02
Laje V19 0,1 0,45 0,045

Viga V19 0,2 12 2,40


Bloco Piscina Viga V32 0,2 0,35 0,07
Viga V9 0,3 0,8 0,24
Viga V35 0,05 0,45 0,0225
Viga V27 0,04 0,06 0,0024
Laje L17 0,003 0,003 0,000009
Torre B Viga V16 0,08 0,04 0,0032
Laje L45B 0,1 0,3 0,03
Viga V47 0,1 0,65 0,065
Viga V47 0,004 0,25 0,001
ÁREA TOTAL AFETADA (m²) 5,30
Fonte: Relatório técnico, 2022

5.1.2 Infiltração
Em relação a manifestação patológica (tabela 05) da infiltração, o diagnóstico
do perito consiste na ausência ou deficiência da impermeabilização do edifício,
alidados a não manutenção do sistema de impermeabilização. A área total de
infiltração é relativamente pequena, no entanto, não exclui a preocupação em saná-
la, uma vez que a mesma segue expandido a trazendo desconforto aos usuários.
Tabela 5 – Relação de infiltração
INFILTRAÇÃO
Medida 1 Medida 2
Local Identificação Área (m²)
(m) (m)
Viga V35 0,2 1 0,20
Torre A Viga V25 0,3 3 0,90
Viga V30 0,2 0,8 0,16
72

Laje L1 0,5 1,5 0,75


Bloco
Laje L15 0,05 0,08 0,004
Piscina
Laje L52 0,5 0,3 0,15
Laje L17 0,5 2,5 1,25
Torre B
Viga V16 0,1 0,1 0,01
ÁREA TOTAL AFETADA (m²) 3,42
Fonte: Relatório técnico, 2022

5.1.3 Fissura
As fissuras (Tabela 06) são as manifestações patológicas que atingem uma
maior área total. No entanto, se caracterizam como capilares, sendo de menor
espessura de acordo com a regulamentação do Instituto Brasileiro de Avaliações e
Perícias de Engenharia (Tabela 07).

Tabela 6 – Relação de fissuras em concreto


FISSURA CONCRETO
Espessura Comprimento Metro
Local Identificação
(mm) (m) Linear
Torre A Laje L20 0,005 6,00 6,00
Bloco
0,005 1,50 1,50
Piscina Laje L15
Viga V9 0,003 0,60 0,60
Laje L18 0,002 4,00 4,00
Torre B Laje L17 0,002 4,00 4,00
Viga V17 0,002 0,15 0,15
Viga V16 0,002 1,00 1,00
ÁREA TOTAL AFETADA (m²) 17,25
Fonte: Relatório técnico, 2022

Tabela 7 – Classificação de Fissuras


73

Fonte: IBAPE

5.1.4 Manifestações patológicas mais frequentes


De acordo com Machado (2002), a incidência de manifestações patológicas
nas edificações pode ser classificada de acordo com a tabela 8.

Tabela 8 – Indicidência de Manifestações Patológicas

Fonte: Machado (2002)

De acordo com os levantamentos tabelados pelo perito, a manifestação


patológica presente no edifício que possui a maior metragem linear de superfícies
atingidas são as fissuras, que totalizam 17,25 m, sendo a manifestação patológica
com o segundo maior índice de incidências nas constrruções (MACHADO, 2002). Já
em relação a áreas afetadas, a corrosão apresenta maior expansão, atingindo 5,30
m² da estrutura da edificação e não se enquadra entre as manifestações patológicas
com maiores percentuais de ocorrências.

5.2 RECOMENDAÇÕES E SOLUÇÕES PROPOSTAS


A NBR 5674 (2012) estabelece os princípios e procedimentos necessários para
a gestão da manutenção em totas as edificações, sejam elas residenciais, comerciais,
industriais ou públicas. Essa norma, tem como principal objetivo determinar os
requisitos para o gerenciamentoo da manutenção em edificações, visando garantir a
sua segurança, durabilidade e adequação ao uso.
74

De acordo com essa normatização e a expertise técnica do perito resposável


pela análise, a intervenção imediata e recuperativa dos elementos degradados é
fundamental para preservar a segurança da edificação e evitar o aumento significativo
dos custos. Em casos extremos, pode até ser necessário realizar a reposição de
reforço estrutural, conforme previsto na lei de Evolução de Custos – Sitter (Figura 46).
Essa lei demonstra os impactos econômicos decorrentes da falta de adoção de ações
preventivas, e apesar dessa análise ser direcionada à área de patologias é importante
ressaltar que essa temática tem relação direta com a gestão de projetos.

Figura 45 - Lei de Evolução de Custos - Sitter

Fonte: Relatório técnico, 2022

Antes de iniciar os trabalhos de recuperação estrutural descritos a seguir, o


perito determina ser altamente recomendável que se faça a impermeabilização das
áreas externas. Isso garantirá a eliminação da infiltração de umidade nos elementos
estruturais, prevenindo danos futuros à estrutura.
Além disso, ao analisarmos a norma de desempenho ABNT-NBR 15575,
compreendemos que essa não estabelece requisitos específicos para manutenções
periódicas de edificações habitacionais, no entanto, define que as edificações devem
ser projetadas e construídas com base em critérios de durabilidade e
manutenibilidade.
Isso significa que os projetos devem prever soluções construtivas que facilitem
75

a manutenção e garantam a durabilidade dos elementos e sistemas da edificação.


Além disso, a norma estabelece critérios e requisitos mínimos de desempenho para
diferentes sistemas e elementos que compõem as edificações habitacionais, como
estrutura, vedação, pisos, coberturas, entre outros, que devem ser observados
durante a manutenção.
Dessa forma, a manutenção periódica é uma medida importante para garantir
a durabilidade e o desempenho da edificação ao longo do tempo, destacando a
importância de projetar e construir edificações habitacionais com base em critérios de
durabilidade e manutenibilidade, para que sejam mais facilmente mantidas e tenham
maior vida útil.

5.3 RECUPERAÇÃO DOS DANOS PRESENTES NO EDIFÍCIO


De acordo com a Norma de Inspeção Predial do Instituto Brasileiro de
Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo - IBAPE (2012), a inspeção predial
é a análise do estado em que se encontra uma edificação, tendo em vista, suas
condições técnicas de uso e de manutenção que deverá ser conduzida por
profissionais habilitados e devidamente preparados, os quais deverão classificar as
não conformidades verificadas na edificação quanto a sua origem, grau de risco,
seguido de orientações técnicas necessárias à melhoria da manutenção dos sistemas
e elementos construtivos.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) disponibilizou à
sociedade um texto normativo voltado à Manutenção de Edificações (ABNT NBR
5674). Verifica-se, entretanto, lacuna não preenchida com esta Norma quanto à
avaliação técnica da qualidade da manutenção e sua aplicação direta na gestão
patrimonial. A Inspeção Predial é ferramenta que propicia esta avaliação sistêmica da
edificação.
Esta norma fixa as diretrizes, conceitos, terminologia, convenções, notações,
critérios e procedimentos relativos à inspeção predial, cuja realização é de
responsabilidade e competência dos profissionais, engenheiros e arquitetos,
legalmente habilitados pelos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia -
CREAs -, de acordo com a Lei Federal 5194 de 21/12/1966 e resoluções do CONFEA
e Conselhos de Arquitetura e Urbanismo - CAUs - Lei nº 12.378 de 31/12/2010 e
resoluções do CAU-BR.
Recomenda-se que a vistoria na inspeção predial abranja, minimamente, os
76

seguintes sistemas construtivos e seus elementos: estrutura, impermeabilização,


instalações hidráulicas e elétricas, revestimentos externos em geral, esquadrias,
revestimentos internos, elevadores, climatização, exaustão mecânica, ventilação,
coberturas, telhados, combate a incêndio e SPDA.
Depois de diagnosticado o problema com uma estrutura danificada, o próximo
passo é analisar o método de reparo a ser aplicado, considerando todas as
especificidades da estrutura em que vão intervir e escolher a tecnologia mais
adequada para cada caso, observando as diversas tecnologias existentes.
Os engenheiros responsáveis pela restauração também devem avaliar o
impacto dessas etapas da construção na estrutura existente, observando os possiveis
consequências no edifício, perturbando o mínimo possível as instalações existentes e
não danificando outros elementos saudáveis.
Como podemos observar, em decorrência da deteriorização da estrutura e
ainda em evolução constante em que a infiltração causou, o perito recomendou em
seu laudo, que a intervenção no local seja urgente, por se tratar da segurança do
edificio e dos moradores, conforme os laudo e fotos retiradas no local. Com o estudo
realizado nesse documento, é visivel que a segurança está em risco e as
recomendações para a reparação dos danos causados serão citadas a seguir:

5.3.1 Retirada das calhas


Para todo o problema causado (tópico 2.3), é necessário a retirada das calhas
que estão em contato direto com o concreto, causando maiores danos para os
elementos estruturais, alem do fato de que a propria calha já está muito deteriorada,
com diversos ponto de corrosão.
Essa etapa é a mais simples de todo o processo, porém deve-se tomar cuidado
durante a remoção, pois não se sabe como estão as vigas por trás desse material, por
isso é muito importante que o perímetro esteja seguro, sem veículos no local e as
calhas devem ser retiradas com cuidade e de maneira lenta.

5.3.2 IMPERMEABILIZAÇÃO
A impermeabilização objetiva impedir a penetração ou absorvição de fluidos
nos elementos estruturais. De acordo com a primeira parte desse documento temos
diversas maneiras de impermeabilizar um local. Nesse caso, o mais adequado é o uso
da manta asfaltica em todo a área externa, locais que possuem vegetação e
77

paisagismo. Para que seja realizada de forma correta, será necessária a retirada de
toda a vegetação, pedras decorativas e goiás amarela em torno da piscina (Figuras
47 e 48):
Figura 46 - Salão de festas

Fonte: Autoria própria


Figura 47 - Quadra de esportes

Fonte: Autoria própria

No local da foto, será necessario a retirada das pedras de concreto, pedra


decorativa no degrau de acesso a piscina e a limpeza da quadra. Após a regularização
em todo o local e posteriormente a impermeabilizaçao adequada, deve-se realizar a
reestruturação de todos os locais, para que se tenha a aparencia anterior à
intervenção (Figura 49).
78

Figura 48 - Quadra de tênis

Fonte: Autoria própria

A quadra de tênis está localizada no térreo do prédio, na área de convivencia,


a mesma tem poucos anos de uso, e ocorreu uma revitalização no local para que a
mesma fosse instalada. Mesmo em pouco tempo de uso, aparenta diversas avarias,
com muitas fissuras e até mesmo rachaduras em alguns pontos, por não ter
escoamento adequado, a água pluvial fica depositada no local, criando uma lâmina e
diversas infiltrações (Figura 50). Para a impermeabilização do local, será necessário
uma raspagem, tirando a tinta aplicada e criando uma camada aderente para a
camada de regularização.
Figura 49 - Paisagismo ao lado da quadra de esportes

Fonte: Autoria própria

Para áreas com vegetação, a execução do sistema de drenagem será


necessário, e toda a área deverá ser retirada, inclusive a terra para a enraização das
plantas, a estética do local deve ser mantida após a terapia.
79

Para a instalação adequada da manta asfaltica, é obrigatório a regularização


da base/superficie da aplicação, as áreas devem possuir caída e podem seguir os
ralos já existentes. Deverá apresentar um sistema de drenagem para a área externa
com vegetação, pois a atual não possui esse mecanismo. Nas juntas de dilatação, a
recomendação do laudo é que seja feita a regulamentação com tarugo, aplicação de
selante e tripla camada de manta asfaltica.
Falhas na execução da impermeabilização são comuns e reparos posteriores
podem se converter em altos custo, se tornando extremamente importante a
identificação desses problemas. Após a instalação da manta asfaltica, a empresa que
executar o sistema de impermeabilização deverá realizar o teste de estanqueidade.
Conforme a NR 9574, o local deve ser preparado para receber uma lâmina de água e
permanecer nesta condição por 72 horas. Após esse passo, uma verificação deve ser
feita para constatar se o nível dessa lâmina não baixou consideravelmente.
Se o teste de estanqueidade ocorrer sem nenhuma alteração, a água pode ser
removida normalmente e as próximas etapas, como a aplicação de revestimentos,
podem ser executadas.
O proximo passo é a execução da proteção mecânica, para garantir que a
manta não seja danificada após a instalação. Esta é a responsável por garantir a
durabilidade do sistema impermeabilizante, esta proteção é constituída de argamassa
de cimento e areia, emulsão adesiva, e em casos o projeto exija, deverá ser
estruturada com uma tela.
Posteriormente, o local estará em perfeito estado para o recebimento dos
revestimentos e paisagismo. O condominio deseja que a aparência do local seja
mantida, e por isso as as pedras decorativos e o paisagismo será mantido e
realocados os materiais que possam ser reutilizados.

5.3.3 Recuperação estrutural


A durabilidade das estruturas de concreto armado é o resultado da dupla
natureza que o concreto exerce sobre o aço, por um lado, o papel do cobrimento como
barreira física, e por outro à elevada alcalinidade que o concreto desenvolve sobre o
aço, criando uma camada passiva que o mantém inalterado por um determinado
tempo (HELENE, 1986).
O mecanismo da corrosão do aço, dentro do concreto, só desenvolve-se na
presença de água (exceto quando este estiver submerso), ou com umidade relativa
80

do ar elevada (U.R.>60%). Segundo Helene (1993) isto ocorre nas três condições
seguintes: existência de um eletrólito (exemplo água) deve existir uma diferença de
potencial de eletrodo e a presença de oxigênio.
A corrosão das armaduras é uma das principais causas de deterioração das
estruturas de concreto armado, afetando diretamente sua durabilidade e estando
diretamente relacionada com a porosidade da pasta de cimento, a umidade, a
agressividade do meio. As estruturas de concreto se encontram passivas em função
da alta alcalinidade do extrato aquoso do concreto, que possui pH entre 12 e 13
(HELENE, 1981) o que favorece a formação de um filme de óxidos submicroscópico
passivante, compacto e resistente aderido à superfície da armadura, inviabilizando
assim a ocorrência da corrosão. A carbonatação e o ingresso de íons cloretos no
concreto são os principais agentes iniciadores da corrosão das armaduras, gerando
sensível redução na vida útil das estruturas e um aumento nos seus custos de
manutenção. O cobrimento do concreto tem a finalidade de proteger fisicamente a
armadura e propiciar um meio alcalino elevado que evite a corrosão pela passivação
do aço. Esta proteção depende das características e propriedades intrínsecas do
concreto. Assim, um concreto bem dosado, pouco permeável, compacto e
apresentando uma espessura adequada de cobrimento estará bem protegido à
formação de células eletroquímicas pela estanqueidade 2 e pela reserva alcalina. Esta
proteção impedirá a entrada de agentes agressivos que venham a desencadear a
despassivação das armaduras.
Para recompor a vida util dos elementos e a capacidade estrutural, a
recuperação será necessária, e dessa forma, a restauração da ferragem oxidada será
fundamental para reestabelecer a aptdão das vigas do subsolo.
Segundo Ripper e Souza (1998), a possibilidade da diminuição de seção
transversal é viável quando a seção da barra corroída não ultrapassa 15% ou a perda
de diâmetro da barra é menor que 10%, sendo que em casos mais severos este critério
não deve ser utilizado. Se o somatório das perdas for inferior a 15% do somatório das
armaduras de projeto e não for alterado, pode causar sérios problemas, como estribos
e armaduras de pisos e paredes. Esse critério foi utilizado para a solução desse caso.
Nas juntas de dilatação na face comum das vigas, será realizada a substituição
dos estribos. Esse processo deverá ser realizado após as juntas serem tratadas e
seladas para evitar a entrada de umidade, conforme citado no item
impermeabilização.
81

Para a introdução de novos estribos serão necessários pré-cortes no concreto


dos dois lados, com disco de corte, deixando cerca de 3 x 3 cm de cantoneiras e o
desbaste longitudinal de toda a camada superficial de recobrimento da viga, retirando
material solto, desplacado ou fissurado, mantendo a aderência. Todo material
impregnado na armadura deve ser removido, inclusive partículas soltas e outros
provenientes da corrosão. Essa técnica é bastante utilizada para recuperaçao de
estruturas, os novos estribos são em formato de U com uma pequena ponta dobrada
para a fixação no concreto desbastado, a armadura longitudinal deve ser recomposta
com a mesma bitola da ferragem existente, fixada no estribo com arame. Após a
limpeza da armadura, deve-se aplicar um primer para vergalhões para interromper o
processo corrosivo e após a secagem, necessita a realização do preenchimento de
todos os espaços com uma camada de 1 a 2 mm com base de epoxi (Figura 51).

Figura 50 - Estribo de reforço estrutural

Fonte: Rui Medeiros, 2023

Apos a execução da ferragem, deverá ser realizado o cobrimento necessário


de concreto e realizado o cimbramento, poderá ser aplicado o graute (tipo específico
de concreto ou argamassa de alta resistência usado para preencher espaços vazios,
com o objetivo de aumentar a capacidade portante).
82

5.3.4 Técnicas de tratamento de fissuras


Os tratamentos das fissuras deverão ser realizados conforme tipo e tamanho
das mesmas, utilizando técnicas condizentes com a situação em que se enquadram,
de forma que não as mascare, mas solucione o problema. Para resolver essa
dificuldade, há diversas técnicas de restauração que podem ser aplicadas.
O laudo aponta tratamentos pertinentes a espesssura de cada fissura, no
entanto, não as classifica presentes em obra em ativas ou inativas, aspecto esse que
interfere na determinação de um tratamento eficiente para cada situação. De acordo
com OLIVEIRA e MAGALHÃES (2017), as fissuras ativas são classificadas como
progressivas, pois a abertura dessas, aumenta com o decorrer do tempo, devido a
corrosão, dilatação ou contração térmica.
Para realizar um tratamento adequado em peças fissuradas, é fundamental
identificar corretamente a causa da fissuração e o tipo da mesma, incluindo se há ou
não a atividade. Em alguns casos, é necessário executar reforços estruturais quando
a fissuração resulta na redução da capacidade resistente da peça. A identificação
correta do tipo de fissura é fundamental para escolher a técnica de reparo adequada
e evitar que a mesma retorne após o tratamento, que deve ser realizado por
profissionais qualificados e com materiais de qualidade para garantir a efetividade do
tratamento e a durabilidade da estrutura (RIPPER e SOUZA, 1998)
Além disso, é importante ressaltar que o tratamento de fissuras não deve ser
visto como uma solução definitiva, mas sim como uma medida preventiva e de
reparação. É essencial que sejam realizadas inspeções regulares na estrutura para
identificar possíveis problemas e tomar as medidas necessárias antes que a situação
se agrave. A manutenção adequada da estrutura, incluindo a prevenção de infiltrações
e o controle da umidade, também é fundamental para evitar o surgimento de novas
fissuras e preservar a integridade da estrutura a longo prazo.

5.4 ASPECTOS ECONÔMICOS


Para que toda a terapia corretiva fosse realizada, o condominio solicitou
orçamentos de empresas especializadas em execução de soluções corretivas em
processos construtivos. Esses orçamentos retornaram com custos extremamente
elevados, passando de 6 digitos, até mesmo por conta da metragem que foi danificada
com essas infiltrações e tentativas de correções que não foram corretivas e
mascararam o problema. Infelizmente não foi executada manutenções ou correções
83

no inicio do problema, elevando essa importância e causando riscos para a estrutura


e para frequentadores do local. Até o momento, passado mais de um ano da
elaboração do laudo, as obras não foram iniciadas, aumentando sua irradiação.
84

CONCLUSÃO
Observamos que os resultados atingidos foram satisfatórios e de acordo com
as considerações, o laudo em questão atendeu os requisitos necessários, conforme
normas e livros utilizados como forma de comparativo e respaldo técnico.
Durante o processo construtivo do edifício executado no ano de 1991, as
normas utilizadas durante a execução, atualmente consideradas ultrapassadas, o
projeto estrutural apresenta estrutura de concreto armado e protendido, laje de 10 cm
de espessura que são apoiadas em vigas de concreto de 18 MPa. Portanto, o concreto
é de baixa resistência e está em desuso segundo a NBR 6118/2014, que estabelece
a durabilidade da estrutura de concreto armado, que aponta a resistência mínima de
fck como 20 MPa para edifícios de baixa complexidade.
Concluímos que a falta de execução adequada e as normas utilizadas na época
não possuem a técnica necessária e juntamente com a falta de manutenção
preventiva apropriada e periódica, só aumentaram os riscos de uma infiltração, como
podemos observar nas diversas patologias. Isso demonstra que alteração da estrutura
e aparência da superfície é apenas o começo ou uma pequena parte de um problema
maior e complexo, que se apresentam em maior número em locais da área de lazer e
estacionamento subterrâneo. A intervenção corretiva e reforço estrutural se torna
indispensável e em carácter de urgência, em se tratando de tantas vidas que convivem
e transitam no local, o risco se torna maior a cada dia. Por outro lado, a reestruturação
do local, com a falta de interferência visual que o edifício possui, juntamente com a
alta demora para intervir na terapia e reforço que vem se demonstrando de uma certa
premência. Os custos e despesas de todos os danos provocados pela umidade, se
apresentam de uma forma elevada para que os condôminos ou o próprio condomínio
arque com esses valores, atrasando a recuperação e acrescendo os males da
estrutura, aumentando os prejuízos já causados.
Em alguns pontos o laudo se fez generalista e sem especificidade de dados, e
a falta desses poderia deixar algumas dúvidas ou até mesmo comprometer a
execução do reforço estrutural e impermeabilização que se fazem indispensável.
Esses pontos foram abordados no decorrer desse estudo, sanando algumas
fraquezas que poderiam ocorrer no processo construtivo de recuperação e até mesmo
deixar lacunas durante o orçamento das construtoras selecionadas para sanar as
patologias que acometem a estrutura do prédio, que por mais que seja considerado
“novo”, demonstra diversos avarias e enfraquecimento da vida útil da infraestrutura.
85

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