O Impacto Da Pandemia Na Arte de Projetar
O Impacto Da Pandemia Na Arte de Projetar
O Impacto Da Pandemia Na Arte de Projetar
SOARES, Roberta Doleys; Arquiteta e Urbanista - Dra. em Engenharia Civil; URI Campus
Santo Ângelo
[email protected]
Resumo
A presente pesquisa trata sobre a influência da pandemia na arquitetura, para isso, o estudo
desenvolveu-se por meio de trabalhos tridimensionais elaborados na disciplina de Plástica do
Curso de Arquitetura e Urbanismo da URI Santo Ângelo-RS, os quais retrataram importantes
estratégias projetuais para um cenário pandêmico. A proposta da atividade envolveu um
embasamento teórico sobre a arte de projetar, conjuntamente com análises sobre a forma de
contaminação da Covid-19, após realizaram-se maquetes enfatizando as soluções
arquitetônicas. Os resultados revelaram diversas alternativas que podem ser implantadas e
valorizadas na arquitetura, tanto internamente quanto externamente na edificação, como
também a adoção de estruturas efêmeras. Sendo assim, a pesquisa contribuiu para a reflexão
sobre a valia de uma arquitetura adequada e planejada para promover segurança e bem-estar
dos usuários, além de apontar sobre as novas tendências e necessidades despertadas no
período pandêmico.
Palavras-chave: arquitetura, pandemia, estratégias projetuais.
Abstract
The present research deals with the influence of the pandemic in architecture, for this, the
study was developed through three-dimensional works developed in the discipline of Plastics
in the Architecture and Urbanism Course at URI Santo Ângelo-RS, which portrayed important
design strategies for a pandemic scenario. The proposal of the activity involved a theoretical
background about the art of designing, together with analyses about the form of contamination
of Covid-19, and then models were made emphasizing the architectural solutions. The results
revealed several alternatives that can be implemented and enhanced in architecture, both
internally and externally in the building, as well as the adoption of ephemeral structures. Thus,
the research contributed to the reflection on the value of an adequate and planned architecture
to promote the users' safety and well-being, besides pointing out the new trends and needs
aroused in the pandemic period.
Keywords: architecture, pandemic, design strategies.
2. Referencial teórico
O referencial teórico compreende um levantamento do estado da arte, verificando os trabalhos
relacionados com o tema da pesquisa. Para isso, organizaram-se os estudos em ordem
cronológica a fim de analisar a evolução do assunto arquitetura e pandemia a partir do ano de
2020.
O artigo de Veloso (2020) aponta sobre o papel da arquitetura e do urbanismo como agentes
de transformações positivas do meio e atuando no controle de enfermidades, para essa
análise foi realizada uma abordagem histórica, direcionando-se até as questões mais
recentes. Apresentam-se indagações e soluções ligadas a arquitetura, como resposta
satisfatória para situações críticas, dentre elas, a importância de aprender com a história, com
as demais pessoas e também com a natureza.
Nesse contexto, vale ressaltar que as reflexões expostas por Veloso (2020) seguem uma linha
fortemente associada a humanização dos espaços, e a humanização nas suas mais diversas
formas foi pauta constante nesses últimos dois anos. Entretanto, quando vinculada a
arquitetura, ela é retratada por meio de ambientes confortáveis, saudáveis, acessíveis e
seguros para qualquer usuário.
3. Metodologia
A influência da pandemia sobre a arquitetura foi tema de um exercício realizado no ano de
2021 na disciplina de Plástica do Curso de Arquitetura e Urbanismo da URI Santo Ângelo-RS,
nesse período as restrições e o distanciamento ainda estavam ativos, esse fato permitiu a
inserção das próprias experiências e vivências na atividade.
O exercício foi apresentado aos acadêmicos do 1° semestre do Curso de Arquitetura e
Urbanismo, dessa forma, a metodologia de realização da atividade foi dividida em duas
etapas: embasamento teórico e confecção de um modelo tridimensional.
Para o embasamento teórico, realizaram-se estudos bibliográficos pertinentes ao tema a fim
de proporcionar suporte para as decisões projetuais, conjuntamente com essa etapa foram
elaborados esboços da proposta tridimensional e uma breve descrição do trabalho.
Quanto ao modelo tridimensional, executou-se o modelo 3D utilizando materiais como papel
Smith, palitos, tintas e cola. Os elementos representados no protótipo deveriam retratar com
máxima fidelidade a ideia desenvolvida pelo acadêmico e que o resultado estético da maquete
fosse o mais realístico possível.
No ano final do ano de 2021 realizou-se uma exposição dos trabalhos em um local público da
cidade de Santo Ângelo, com a finalidade de compartilhar os conhecimentos adquiridos com
a comunidade.
A Figura 3 também retrata um ambiente de trabalho integrado com uma sala de TV, no
entanto, há um zoneamento das atividades existentes em um espaço que é compartilhado no
intuito de que não haja conflito nas ações distintas. Verifica-se que esse ambiente se relaciona
com uma sacada que possui um jardim vertical.
Nas duas propostas, observa-se que além da multifuncionalidade, há um cuidado com o bem-
estar dos usuários, e isso é alcançado por meio do mobiliário, decoração, cartela de cores,
texturas, jardins verticais, além de grandes áreas envidraçadas para beneficiar a iluminação
e ventilação natural. As cores claras promovem amplitude no ambiente, transmitem
tranquilidade e a madeira é aconchego, todas essas alternativas são capazes de aprimorar o
conforto e a qualidade de vida do habitante em um período de distanciamento social.
O cultivo de hortas verticais (Figura 8) permite uma conexão com a natureza e esse vínculo
tem papel fundamental para melhorias psicológicas e fisiológicas, favorecendo o
desenvolvimento cognitivo. Junto a isso, o ato de manusear e cuidar das plantas tem
capacidades terapêuticas e ainda resulta em uma produção saudável para subsistência.
Os espaços públicos abertos são primordiais para o bem-estar mental e físico da população,
inclusive eles foram indispensáveis na pandemia para o restabelecimento da saúde. Dessa
forma, o acadêmico propôs uma área verde pública (Figura 13) com locais de lazer
estrategicamente posicionados a favor da saúde obedecendo o distanciamento, possuindo
mesas, quiosque para venda de lanches e estruturas em fibra de vidro que demarcam os
pontos de encontro das pessoas, garantindo uma interação segura entre os usuários do local.
A mobilidade urbana com ênfase em ciclovias (Figura 14), torna-se um tema pertinente, pois
na pandemia foi crescente a procura por atividades físicas realizadas no meio externo, dentre
elas, o ciclismo.
Desse modo, elaborou-se um estudo de implantação de uma ciclovia e melhorias em uma
avenida central, para isso, escolheu-se um trecho da Avenida Brasil da cidade de Santo
Ângelo.
O objetivo do estudo (Figura 14) foi ilustrar a importância de locais adequados para o
deslocamento seguro dos ciclistas, pois a utilização da bicicleta como meio de locomoção
gera inúmeros benefícios, tais como: saúde, qualidade do ar, reduz o número de acidentes,
diminui congestionamentos no trânsito e não emite ruídos.
As vantagens das ciclovias são independentes do contexto da Covid-19, no entanto, o referido
cenário fortaleceu o uso da bicicleta, enquanto que também houve uma considerável elevação
na circulação de automóveis ao invés do transporte coletivo. Essas constatações comprovam
a necessidade de mais discussões sobre mobilidade urbana, bem como, da cidade em sua
totalidade, pois a pandemia ressaltou as vulnerabilidades existentes no espaço urbano.
5. Considerações finais
O trabalho teve como objetivo inserir na graduação uma atividade teórico-prática sobre os
efeitos da pandemia na arquitetura. As proposições apresentadas pelos acadêmicos,
mostraram estratégias projetuais a serem consideradas e valorizadas em um período
pandêmico.
Dessa forma, pode-se afirmar que a reinvenção e a resiliência foram essenciais para a busca
do equilíbrio diante do cenário instaurado, sendo analisado que tanto as edificações quanto
as cidades precisam passar por um processo de readaptação para obter qualidade no
ambiente construído e promover uma gestão urbana adequada capaz de atender as
demandas atuais e futuras.
Observa-se que em períodos críticos, é preciso refletir e buscar transformações positivas, seja
nas ações de ser humano para ser humano, ser humano e natureza, como também em
relação ao espaço que nos circunda. Nesse contexto, a educação precisa operar a favor do
desenvolvimento da criticidade, comunicação, criatividade e colaboração, as quais são
competências fundamentais para o novo século.
MELO, C. Como o Coronavírus Vai Mudar Nossas Vidas: Dez Tendências para o Mundo Pós-
Pandemia. Jornal El País Brasil, 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/
opiniao/2020-04-13/como-o-coronavirus-vai-mudar-nossas-vidas-dez--tendencias-para-o-
mundo-pos-pandemia.html. Acesso em:13 abr. 2020.