Antropologia Filosófica
Antropologia Filosófica
Antropologia Filosófica
BIBLIOGRAFIA
MONDIN, Battista. O homem, quem é ele?: elementos da antropologia filosófica. São Paulo:
Paulus, 2008.
VAZ, Henrique C. de Lima. Antropologia Filosófica. São Paulo, Loyola, 2006.
ZILLES, Urbano. Antropologia teológica. São Paulo: Paulus, 2011. (Coleção Estudos
antropológicos)
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INTRODUÇÃO
DIFERENTES PERSPECTIVAS ANTROPOLÓGICAS
1. Conceito de antropologia
A antropologia é o estudo do ser humano, de suas características específicas, das
dimensões que o constituem e de suas manifestações e obras, como cultura, família, educação,
religião e agrupamentos humanos. O termo “antropologia” provém da língua grega,
“anthropos” (= homem) e “logos” (= estudo, tratado), que significa estudo do homem,
tratado do homem.
Assim, em seu sentido original, a antropologia é a doutrina sobre o ser humano. O
termo surgiu com o filósofo grego Heródoto, no século V a.C. Por ser o primeiro, pelo que se
sabe, a tratar sistematicamente do tema, Heródoto é considerado o pai da antropologia.
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Arqueologia: é o estudo do passado da humanidade mediante os testemunhos
materiais que dele subsistem.
Antropologia filosófica: É a disciplina da filosofia que reflete sobre o ser humano, sua
origem, natureza, sentido, destino e lugar no mundo. É uma antropologia filosófica pagã, mas
aberta ao transcendente. Os filósofos antigos buscavam a autonomia da razão, mas não
desprezavam ou negavam a possibilidade da existência de divindades e até as levavam em
conta, chegando até mesmo à divinização do cosmos. A Antropologia Filosófica Secularista
realiza a mudança da centralização em Deus para a centralização no homem, mas sem Deus.
Este passo ocorreu na época moderna em consequência da secularização e do ateísmo, este
último desenvolvido no seio da filosofia européia. Para os filósofos secularistas, Deus
desaparece de cena e cede lugar ao homem. O espírito humano abre-se a um novo modo de
ver e agir. Dá-se um violento contraste com o modo precedente de entender todas as coisas e
acontecimentos, que tinha Deus como centro de tudo e de todo interesse humano, e passa a
assumir o homem como centro de tudo. Acontece, portanto, a passagem do teocentrismo para
o antropocentrismo. Os mais importantes filósofos dessa virada histórica do modo de pensar o
sentido e a razão de ser do ser humanos são Descartes, Hume, Spinosa, Hobbes, Kant. Mas é
Immanuel Kant, sem dúvida, quem atinge o ápice do pensamento independente da referência
a Deus, à religião, ao afirmar que o homem não é mais simplesmente o ponto de partida, mas
também o ponto de chegada da reflexão filosófica e de toda a história. É ele que abre as
possibilidades para que dali em diante muitos filósofos dêem continuidade, aprofundem e
motivem levar à prática o secularismo ateu.
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3. Cosmovisões antropológicas inadequadas
A cosmovisão significa a concepção que temos da realidade que nos cerca. As visões
parciais do ser humano são maneiras inadequadas de se perceber a realidade da pessoa
humana, capazes de influenciar e orientar suas opções, atitudes e atos.
Destacamos as seguintes visões parciais inadequadas do ser humano:
a) Visão determinista ou fatalista concebe o homem como aquele que aceita tudo
passivamente, pois tudo já está fatalmente determinado.
b) Na visão psicologista, a pessoa se reduz ao seu psiquismo. Há um reducionismo
antropológico na psicologia e na biologia. O ser humano é condicionado
fortemente pelas necessidades e tendências instintivas, que lhe tiram toda a
responsabilidade.
c) Na cosmovisão economicista, o homem é resultado de suas relações de
produção ou das forças econômicas. (objeto de consumo/ valores do ter, do poder e
do prazer, como sinônimos de felicidade humana/ negação dos valores humanos,
culturais e religiosos).
d) No individualismo, predomina a visão egocêntrica.
e) No coletivismo, a pessoa é vista apenas por sua existência social. Esse enfoque
desconhece ou nega os direitos humanos, especialmente o direito à liberdade e à
expressão religiosa, como também reduz o ser humano às estruturas externas e às
forças sociais.
f) A visão estatista coloca o Estado acima das pessoas.
g) A cosmovisão cientificista propugna nas ciências a única salvação do ser
humano.
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I. A concepção clássica do homem
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Corpo = instrumento da alma e subordinado a ela.
Liberdade: entendida como liberdade interior (autodomínio). Uma vez que a alma é
racional, ela alcança sua liberdade quando se livra de tudo o que é irracional, ou seja,
das paixões e dos instintos.
Felicidade (eudaimonia): virtude (a alma feliz= é vituosa = educação espiritual - A
felicidade assume valência espiritual e se realiza quando na alma prevalece a ordem.
Tal ordem se realiza mediante a virtude.
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daqueles que dizem que deve atender as coisas humanas quem tem natureza humana e
a coisas mortais quem é mortal. Ao contrário: convém, o quanto possível, torna-se
imortal e fazer de tudo para viver segundo a parte que em nós e mais excelente [...]”
(Aristóteles, Ética a Nicômaco)
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1) Dimensão física puramente animal (corpo);
Em si mesma mortal, a alma-intelecto torna-se imortal à medida que Deus lhe dá seu Espírito
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O objeto primário de suas reflexões é Deus,não o homem ou o mundo, porque
somente no contexto da revelação é que se torna possível raciocinar sobre o homem e
o mundo.
A razão está a serviço da fé (filosofia submissa á teologia). (“A graça não suplanta
mas aperfeiçoa a natureza”)
Tudo o que existe é ente e, portanto, também Deus e o mundo. Todavia, Deus e o
mundo são entes de modo diverso: o ser se predica deles por analogia: Deus é o ser, o
mundo tem o ser. (o homem pode conhecer Deus por meio (analogia) do mundo).
Homem – dotado de razão e de livre arbítrio – conhece a lei divina, a lei eterna e lei
humana e peca quando infringe as duas primeiras. (livre-arbítrio)
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Humanismo e Renascimento (sec. XIV) = Humanismo – conjunto de preposições que
atribui ao ser humano uma posição especial no esquema das coisas. Discerne, nos humanos
capacidades únicas a serem cultivadas e celebradas por si mesmas.
René Descartes (1596-1650) – realidade = Res cogitans (coisa pensante) e res extensa
(coisa extensa) = dualismo / antropologia dualista – corpo e alma.
John Locke (1632 – 1704) – racionalismo empirista.
Concebe a imagem do homem liberal – otimismo naturalista; forte crença na razão.
(prevalece XVIII e XIX).
Homem nasce como uma tábula rasa (folha em branco); conhecimento é adquirido
pelos sentidos.
Primazia ao indivíduo que servirá de inspiração ao pensamento liberal. (liberdade e
tolerância)
Immanuel Kant (1724 – 1804)
Tenta uma síntese para conservar a liberdade e a dignidade do homem frente as correntes
materialistas.
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Visão dualista do homem = razão e natureza animal – razão de afirmar-se sobre a
natureza animal.
Homem racional - deve ser guiado pela razão.
No século XIX e começo do século XX, a pesquisa antropológica voltou-se para o estudo das
condições físicas, mudando o objeto.
Questões:
O ser humano é naturalmente mau e egoísta e que a sociedade o melhora
ou controla? Ou, o ser humano é naturalmente bom e generoso e a sociedade o
corrompe?
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