18554416022012sociologia I Aula 10

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INSTITUIÇÕES E 10

PAPÉIS SOCIAIS aula


META
Apresentar o conceito de
instituição e papel social.

OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
compreender o que é uma
instituição social e suas relações
com os papéis sociais.

PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento sobre conceito
de socialização.
Sociologia I

D esde muito cedo, todos nós aprendemos a participar


adequadamente do nosso grupo. O mundo nos é apre-
sentado de maneira a sabermos o que é certo e o que é errado, o que
pode e o que não pode, o que deve e o que não deve. Todo o nosso
comportamento é estruturado de acordo com
INTRODUÇÃO os interesses do grupo. Já vimos que tudo isso é
aprendido no processo de socialização, mas de-
vemos acrescentar que a concretização desses processos se dá atra-
vés do que chamamos de instituições e papéis sociais.

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1. Escola. (Fonte: http://desafios.ipea.gov.br); 2. Família. (Fonte: http://


www.drugscreenmexico.com); 3. Balet. (Fonte: http://www.freguesia-nazare.com).

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Instituições e papéis sociais

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palavra instituição nos lembra entidades físicas: hospi-
tais, prisões, cartórios, fóruns, escolas, times, igrejas e
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associações das mais diversas. Há até quem se refira a pessoas impor-
tantes e festividades tradicionais como verdadeiras instituições da
cidade ou do país. Tais referências não estão
de todo equivocadas, pois acabam por desta-
PAPÉIS SOCIAIS
car a estabilidade e a legitimidade que são ca-
racterísticas do fenômeno que tentaremos dis-
cutir. Mas, existem insuficiências e imprecisões nessas representa-
ções que precisamos contornar para que o significado sociológico
das instituições sociais fique mais claro.
Poderíamos começar afirmando que uma instituição social é
tudo aquilo que busca padronizar a ação dos indivíduos, progra-
mando seus comportamentos e fazendo-os agir de acordo com as
expectativas socialmente construídas. Vejamos o exemplo mais
significativo de uma instituição social – a linguagem.
A apresentação do mundo à criança, realizada geralmente pe-
los pais, procura exatamente relacionar certas palavras a determi-
nadas coisas. Assim, a criança aprende que aquela figura A se cha-
ma mamãe, aquela figura B se chama papai, aquele líquido que ela
ingere significa gogó, aquela borracha que ela usa na boca se cha-
ma chupeta, aquele objeto que ela costuma manipular se chama
bola e assim por diante. A palavra Sim e, principalmente, a pala-
vra Não também farão parte desse mundo que lhe é apresentado.
Portanto, a linguagem oral é o primeiro e principal instrumento atra-
vés do qual entramos em contato com o mundo. Entretanto, ela
não se limita a isto.
Os sociólogos americanos Brigitte e Peter Berger nos pro-
põem que, além de ponto de partida das relações sociais, a lin-
guagem também é o que nos auxilia a estabilizar o mundo, à
medida que nos permite atribuir nomes às coisas e relacioná-las;
também nos permite interpretar e justificar a realidade. É atra-
vés da linguagem que podemos, inclusive, criar mundos fictíci-
os, como fazem poetas e romancistas. Daí, podermos afirmar

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Sociologia I

que a linguagem é uma instituição social no sentido


de padronizar símbolos e sentidos que me-
deiam as relações entre os indivídu-
os de um mesmo grupo.
Não é por outro motivo
que a melhor maneira de en-
trar em contato com uma
cultura que não é a nossa é
aprendendo a sua língua,
pois é nela que as socieda-
des plasmam os seus universos
práticos e imaginários.
Os sociólogos citados acima, desen-
volvendo um raciocínio de Émile Durkheim,
aquele clássico da sociologia estudado nas pri-
meiras lições, propõem que a verificação da
existência de uma instituição social depende
da observação de algumas características que
lhes são exteriores. São elas: exterioridade, an-
Mapa temático do Nordeste (Fonte: http:// terioridade, coercitividade, historicidade e legi-
www.terrabrasileira.net).
timidade. Vejamos, sumariamente, cada uma des-
sas características.
Exterioridade – se você quer saber se determinado fenômeno
social pode ser considerado como uma instituição observe se ele
é exterior aos indivíduos, ou seja, se existe independente das von-
tades individuais. Citemos o exemplo do casamento. Não resta
dúvida de que esta instituição social não depende da vontade de
cada individuo. Aliás, alguns chegam até a ser contra e se recusam
a casar. A instituição, entretanto, permanece.
Anterioridade – outra característica simples de identificar no
fenômeno aqui discutido, pois basta observar se ele é anterior ao
indivíduo dado. Continuemos com o nosso exemplo - é óbvio que
quando nascemos o casamento já existia, não foi nenhum de nós,
individualmente, que o criou.

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Instituições e papéis sociais

Coercitividade – essa característica é fundamental para identifi-


car a existência de uma instituição social, pois se não a aceitarmos e
não nos guiarmos por ela alguma forma de coerção se voltará contra
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nós. Continuemos com o casamento. Apesar de sua aparência
opcional, a negação do casamento pode nos trazer alguns problemas
no futuro, pois não é fácil envelhecer sozinho, como também algum
estigma no presente, como é o caso da pecha de rejeitado (a) que é
atribuída a quem não “consegue” casar.
Historicidade – é importante observar que tais instituições, em-
bora repressivas e padronizadoras, não se mantém intactas ao lon-
go do tempo; elas são ressignificadas, adaptadas e superadas. Em
outras palavras, se elas foram socialmente construídas também se-
rão socialmente reconstruídas ou destruídas, ou seja, elas são his-
tóricas. Se insistirmos no exemplo, veremos que os casamentos do
século XIX eram muito diferentes dos casamentos de meados do
século XX, que por sua vez diferem bastante daqueles que se reali-
zam nos nossos dias no que diz respeito à importância das cerimô-
nias religiosas, por exemplo.
Legitimidade – não esqueçamos que uma das características de
uma instituição social é a sua ascendência moral sobre o grupo,
afinal ninguém obedece a uma determinada regra somente porque
ela é coercitiva, mas porque, de alguma maneira, se identifica com
ela. Voltemos ao casamento – apesar de criticado e ressignificado,
não falta quem queira casar e entenda essa atitude como uma for-
ma de buscar a felicidade e o bem-estar, o que acaba por tornar
legítimo o matrimônio.

OS PAPÉIS SOCIAIS

O conceito de papéis sociais pode nos auxiliar a compreen-


der melhor o modus operandi das instituições sociais, pois não
seria exagero afirmar que a concretização destas depende do de-
sempenho daqueles.

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Sociologia I

Os papéis sociais
estão para as institui-
ções como os joga-
dores estão para o
jogo, como os falan-
tes estão para a lin-
guagem e como os
familiares para a fa-
mília. Estamos ten-
tando dizer que en-
quanto as institui-
ções estabelecem os
(Fonte: http://chacal.do.sapo.pt).
padrões, os papéis
estabelecem como
esses padrões serão realizados.
Por exemplo, se o casamento é uma instituição social, os noi-
vos, o sacerdote, os padrinhos, as damas-de-honra, o pai da noiva
etc. são papéis que possibilitam a concretização da instituição no
mundo real. Assim, se as instituições são as regras, os papéis são
os operadores dessas regras.
Ao contrário do que se possa imaginar, tais papéis não são
fixos, não engessam os atores que os desempenham. O papel de
noivo, por exemplo, pode ser desempenhado de várias maneiras,
desde aquelas mais padronizadas até aquelas mais criativas. O
mesmo pode ser dito para todos os outros papéis sociais que
operam as instituições, pois existem várias maneiras de ser joga-
dor, médico, professor, aluno, modelo, ator, pai, marido, sacerdo-
te e assim por diante.
Embora todos os papéis sejam desempenhados com a força da
sua tradição, é normal que os indivíduos que os desempenham ve-
nham a atualizá-los, ressignificá-los, reestruturá-los. Esse processo,
entretanto, se desenvolve dentro de certos limites que vão sendo
negociados, justamente, a partir das relações, muitas vezes
conflituosas, entre os indivíduos e os grupos aos quais pertencem.

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Instituições e papéis sociais

O bservamos que toda e qualquer sociedade cria e re


cria, ao longo de sua história, normas, valores e cos-
tumes que se expressam a partir do que denominamos de institui-
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aula
ção e papel social. Tais construções são as formas pelas quais os
grupos estabelecem o que deve e como deve
ser feito para garantir a sua sobrevivência. Tais
padrões de agir e pensar estão sob constante
CONCLUSÃO
tensão com as práticas individuais que se en-
carregam não somente de colocá-los em prática quanto de ajustá-
los a novas situações.

RESUMO

A instituição social é um conjunto de normas e padrões de


agir e pensar, os quais garantem a produção e reprodução da
vida social. As principais características das instituições so-
ciais são: exterioridade, anterioridade, coercitividade, historicidade
e legitimidade. Por sua vez, o papel social é a maneira pela qual os
indivíduos operam essas regras podendo atualizá-las e ressignificá-
las de acordo com as suas condições.

ATIVIDADES

1. Defina uma instituição social.


2. Por que a linguagem pode ser considerada uma instituição?
3. Quais são as características de uma instituição social?
4. Quais as diferenças entre instituição e papel social?
5. Exemplifique e analise um papel social.

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Sociologia I

COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES

1. Procure refletir sobre os padrões existentes no seu grupo


social.
2. Lembre que a linguagem é o ponto de partida de todas as
relações sociais.
3. Observe, detalhadamente, as cinco características.
4. Reflita sobre a metáfora do jogo e do jogador.
5. Discuta um papel social desempenhado por você mesmo.

INSTITUIÇÃO SOCIAL

Luciano Gallino

Conjunto de valores, normas, costumes, que com eficiência


variada define e regula duradouramente, de modo independente
da identidade de cada pessoa e ultrapassando a própria duração
da vida delas: a) as relações e os comportamentos recíprocos
de um determinado grupo de indivíduos cuja atividade está
voltada para conseguir um fim socialmente relevante, ou ao
qual se atribui de qualquer modo uma função estratégica para
a estrutura de uma sociedade ou de setores importantes dela;
b) a relação que um conjunto não determinado de outros
indivíduos tem e terá, sob vários títulos, com esse grupo sem
fazer parte dele, e os comportamentos em relação a ele. Nesse
sentido, uma Instituição como o casamento define e regula,
de um lado, as relações entre os dois cônjuges e o
comportamento de um em relação ao outro (por exemplo, a
obrigação de fidelidade e assistência); de outro lado, as relações
e os comportamentos que muitos sujeitos – funcionários do
Censo, inspetores, fiscais, vizinhos, entidades previdenciárias,

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Instituições e papéis sociais

juízes e seguradoras – devem ter em relação a qualquer casal


unido em casamento, toda vez que precise entrar em contato
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com este, embora seja impossível prever se, como, quando e
quem terá tais contatos.

PAPÉIS SOCIAIS

Ralph Turner

Na maioria das acepções em que o termo é empregado, os


seguintes elementos são incluídos na definição de papel: a)
fornece um padrão compreensivo para a conduta e as atitudes; b)
constitui uma estratégia para o confronto com situações
repetitivas; c) é socialmente identificável, de forma mais ou menos
clara, como uma entidade; d) pode ser desempenhado de forma
perceptível por indivíduos dessemelhantes; e) constitui uma das
bases mais importantes para a identificação e a classificação dos
indivíduos na sociedade.

REFERÊNCIAS

BERGER, Peter; BERGER, Brigittte. Socialização – como ser um


membro da sociedade. In: FORACCHI, Marialice M.; MARTINS,
José de S. Sociologia e sociedade – leituras de introdução à
Sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 1994.
GALLINO, Luciano. (Direção). Dicionário de Sociologia. Tradu-
ção de José Maria de Almeida. São Paulo: Paulus, 2005.

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