Unid 3
Unid 3
Unid 3
Unidade III
7 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
A palavra violência vem do latim violentia, que significa caráter violento ou bravio. A violência é
composta de vis, que em latim significa força e sugere a ideia de vigor, potência, impulso. Também
traz a ideia de excesso e de destemor. Então, mais do que uma simples força, a violência pode ser
conceituada como o próprio abuso da força. Desse modo, pode ser entendida como o ato de brutalidade,
constrangimento, abuso, proibição, desrespeito, discriminação, imposição, invasão, ofensa e agressão
física, psíquica, moral ou patrimonial contra alguém, caracterizando relações que se baseiam na ofensa
e na intimidação pelo medo e pelo terror (RITT; CAGLIARI; COSTA, [s.d.]).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a violência como o uso de força física ou do poder,
em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que
resulte ou que possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou
privação (OMS, 1996b).
A violência afeta a vida de milhões de pessoas no mundo: em torno de meio milhão são assassinadas
a cada ano. Além das mortes, milhões de crianças, mulheres e homens sofrem em função da violência nas
casas, nas escolas e nas comunidades. Essa violência contribui para problemas de saúde ao longo da vida,
sobretudo entre as mulheres e as crianças. Geralmente, os problemas como o consumo inadequado de bebidas
alcoólicas e de drogas, a depressão, o suicídio, a evasão escolar, o desemprego e as recorrentes dificuldades de
relacionamento interpessoal ocorrem como consequência da violência. As mortes representam apenas uma
fração do fardo social e de saúde decorrente da violência (OMS, 2014; 2016).
A violência contra as mulheres está baseada no gênero (OMS, 2016). Joan Scott (1989), uma
historiadora influente nos estudos sobre gênero, definiu gênero como um elemento construtivo das
relações sociais humanas fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, e um primeiro modo
91
Unidade III
de dar significado às relações de poder entre homens e mulheres. Gênero pode ser entendido como
um construto social fundamentado no biológico (genitália), representando uma construção histórica
cultural de que o biológico define a cultura. Desse modo, uma criança deve viver e agir conforme o seu
gênero, ditado pela sociedade.
De acordo com a OMS (2016), a violência contra a mulher está enraizada na desigualdade entre
os gêneros masculino e feminino, fundamentada na cultura patriarcal existente em todo o mundo.
Essa violência pode ocorrer em diferentes estágios das vidas das mulheres e incluem diferentes
tipos, tais como:
• a violência sexual (incluindo estupro) por não parceiros (por exemplo, conhecidos, amigos,
professores e estranhos);
• o feminicídio, incluindo o do parceiro íntimo (ou seja, o assassinato de uma mulher por um
parceiro atual ou antigo);
• a violência on‑line por meio da internet ou das mídias sociais, que está cada vez mais frequente.
Todos os tipos de violência estão fortemente associados a consequências negativas para a saúde ao
longo da vida. No entanto, a violência contra as mulheres e crianças contribui de forma desproporcional
para prejuízos à saúde.
A figura a seguir apresenta as consequências não fatais para as vítimas, representando a carga social
e de saúde decorrente da violência, de acordo com a OMS (2014):
92
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
93
Unidade III
De acordo com a OMS (2014), as consequências sociais dos atos de violência geram um custo
econômico importante para os países. Entre os custos diretos associados à violência citam‑se a necessidade
de tratamento, serviços de saúde mental, cuidados emergenciais e respostas da justiça criminal. Existe
também uma ampla gama de custos indiretos. As vítimas de violência são mais propensas a vivenciar
períodos de desemprego e absenteísmo e a sofrer problemas de saúde que afetam o seu desempenho
no trabalho.
Essas informações indicam que a violência é um importante problema para a saúde pública, pois
além de ser um substancial fator de risco para o desenvolvimento de problemas de saúde ao longo da
vida, também é responsável por um leque de problemas sociais e econômicos.
A violência contra a mulher é definida pelo Ministério da Saúde do Brasil (BRASIL, 2012a) como
toda e qualquer conduta baseada no gênero, passível de causar morte, dano ou sofrimento nos âmbitos
físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na privada. É considerada uma
questão complexa e multifacetada, que viola os direitos humanos. Além disso, possui estreita relação
com as categorias de gênero, classe, etnia e suas relações de poder.
No Brasil, a partir das décadas de 1970 e 1980, o governo brasileiro propôs as primeiras políticas na
área de enfrentamento da violência contra a mulher, com destaque para a Lei Maria da Penha e a Lei de
Obrigatoriedade da Notificação de Violência contra Mulher.
• na comunidade e seja perpetrada por qualquer pessoa e que compreende, entre outros, violação,
abuso sexual, tortura, maus‑tratos de pessoas, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro
e assédio sexual no lugar de trabalho, bem como em instituições educacionais, estabelecimentos
de saúde ou qualquer outro lugar;
• perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra (BRASIL, 2003).
94
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Saiba mais
É importante mencionar que esta notificação compulsória foi universalizada para todos os serviços
de saúde a partir da publicação da Portaria n° 104, de 25 de janeiro de 2011 (BRASIL, 2011b).
A Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, foi importante
por criar mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, dispondo
sobre a criação dos juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher e também sobre
o estabelecimento de medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência
doméstica e familiar (BRASIL, 2006).
• no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
• em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, independentemente de coabitação.
A Lei Maria da Penha representou avanços importantes na assistência à mulher vítima de violência
por tipificar a violência doméstica como uma das formas de violação dos direitos humanos. Ainda,
possibilitou que agressores sejam presos em flagrante ou tenham prisão preventiva decretada quando
ameaçarem a integridade física da mulher. Além disso, prevê as medidas de assistência à mulher em
situação de violência doméstica e familiar, o atendimento pela autoridade policial, as medidas protetivas
de urgência, como o afastamento do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação física junto
à mulher agredida e, ainda, a assistência judiciária e da equipe de atendimento multidisciplinar.
Outros avanços importantes nesse contexto foram a criação da Rede de Atenção Integral para
mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica ou sexual, o estabelecimento e implantação
de normas técnicas e protocolos específicos para a assistência à saúde das mulheres e adolescentes
vítimas de violência e a permissão do abortamento legal nos casos de gravidez resultante de violência
sexual (estupro) (BRASIL, 2013c).
95
Unidade III
Para fortalecer essas ações e monitorar os acidentes e violências ocorridos no Brasil, o Ministério da
Saúde implantou o sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) integrando dois componentes
(BRASIL, 2012a; 2013c):
• vigilância sentinela: realizada por meio de inquérito nas portas de entrada de emergências de
municípios selecionados;
• vigilância contínua: feita por meio da notificação compulsória das violências doméstica, sexual
e outras violências interpessoais ou autoprovocadas em serviços de referência e outros serviços
de saúde, que são notificadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
Com a implantação da Viva nos serviços de saúde, o Ministério da Saúde espera subsidiar ações para
o enfrentamento dos determinantes e condicionantes das violências em uma perspectiva intersetorial,
incentivando a formação de redes de atendimento às vítimas de violência. Dessa forma, o Estado espera
garantir a atenção integral, compreendidas a promoção da saúde e da cultura de paz e a preservação
de direitos.
Nesse período foram notificados 27.176 casos de violência nos serviços de referência no País. As
principais vítimas foram as mulheres na faixa etária de 20 a 29 anos (42,5%), seguida pela faixa etária
entre 30 e 39 anos (32,6%); 41,7% se autodeclaram brancas e 34,3% eram negras.
Entre os casos notificados, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a) identificou que 37,2% da violência
eram de repetição e 57,1% ocorreram na residência. Com relação ao tipo de violência, a maioria das
vítimas sofreu violência física (76,2%), seguida pela psicológica/moral (34,8%) e pela sexual (9,4%).
Quando investigado o meio de agressão, verificou‑se que a força corporal ou espancamento foi a
mais frequente (58,1%), seguida pela ameaça (22,9%). Quanto à natureza da lesão, 23,8% das vítimas
sofreram contusão e 16,8% sofreram corte, perfuração ou laceração.
O estudo verificou que, na maioria dos casos, o provável autor da agressão foi do sexo masculino
(61,7%), das quais 28,7% foram perpetradas pelo próprio cônjuge e 9,3% foram perpetradas pelo
ex‑cônjuge, conforme dados apresentados na tabela a seguir, que apresenta a caracterização do provável
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POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
autor da agressão das violências domésticas, sexuais e outras violências contra as mulheres adultas (20
a 59 anos de idade), notificadas por serviços de referência e outros serviços de saúde selecionados (Viva
Contínuo) no Brasil em 2010:
Características (n = 27.176) %
Número de envolvidos
Um 18.900 69,5
Dois ou mais 3.599 13,2
Sem informação 4.677 17,2
Sexo do provável autor da agressão
Masculino 16.769 61,7
Feminino 4.659 17,1
Ambos os sexos 452 1,7
Sem informação 5.296 19,5
Relação com a vítima*
Cônjuge 7.805 28,7
Própria pessoa 2.924 10,8
Desconhecido 2.765 10,2
Ex‑cônjuge 2.536 9,3
Amigos/conhecidos 2.103 7,7
Namorado(a) 655 2,4
Irmão 596 2,2
Ex‑namorado(a) 554 2,0
Filho 520 1,9
Pai 227 0,8
Mãe 196 0,7
Pessoa com relação institucional 105 0,4
Policial/agente da lei 84 0,3
Padrasto 81 0,3
Patrão/chefe 58 0,2
Cuidador 35 0,1
Madrasta 31 0,1
Outros 1.527 5,6
Suspeita de uso de álcool 8.042 29,6
Notificações relativas a 2.131 serviços em 970 municípios, distribuídos em 26 estados da Federação e no Distrito Federal.
* A soma das respostas pode superar 100% pois se trata de questão que permite múltiplas escolhas de respostas.
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Unidade III
Resumidamente, os dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a) revelaram que entre as vítimas
de violência no Brasil no ano de 2010 destacaram‑se as mulheres adultas jovens, casadas ou em união
consensual, residentes da zona urbana, com escolaridade mais elevada e de cor branca. O agressor foi
predominantemente do sexo masculino, na maioria cônjuge, e em cerca de um terço dos casos havia
suspeita de uso de álcool. Destacaram‑se, ainda, a violência de repetição em cerca de um terço dos casos
e a violência física, por meio de força corporal.
Dados mais recentes da Central de Atendimento à Mulher no Brasil – Ligue 180, que completou
10 anos de funcionamento em 2015, informam que foram registrados 749.024 atendimentos nesse
mesmo ano. Desse total, 10,23% (76.651) corresponderam a relatos de violência, dos quais 58,86%
foram cometidos contra mulheres negras. Entre esses relatos, 50,16% corresponderam à violência física;
30,33%, à violência psicológica; 7,25%, à violência moral; 2,10%, à violência patrimonial; 4,54%, à
violência sexual; 5,17%, ao cárcere privado; e 0,46%, ao tráfico de pessoas (BRASIL, 2015b).
Existe uma complexa relação entre o gênero e a violência. Os diferentes papéis e comportamentos
de homens e mulheres, ditados pelas normas de gênero na sociedade, contribuem para a construção
das relações desiguais, caracterizada, sobretudo, pelo papel de subordinação da mulher ao homem. Essa
desigualdade de gênero pode ter um grande impacto na sociedade, aumentando o risco de atos de
violência dos homens contra as mulheres.
Desse modo, acredita‑se que a promoção da igualdade de gênero é fundamental para a prevenção
da violência. Entretanto, isso envolve ações que confrontam crenças e normas culturais arraigadas na
sociedade, o que a torna ainda mais complexa.
Acredita‑se que somente por meio da promoção da cultura da paz nas sociedades será possível
prevenir a violência, sobretudo a perpetrada contra a mulher, criança e adolescente.
Lembrete
98
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
O acolhimento pressupõe que os profissionais de saúde devem receber e escutar a pessoa, com
respeito e solidariedade, procurando maneiras de compreender suas demandas e expectativas. É
parte fundamental do atendimento às vítimas de violência. O estabelecimento de uma relação de
confiança entre o profissional de saúde e a vítima é elementar para garantir a continuidade da
assistência (BRASIL, 2013c).
Com o objetivo de preparar a equipe de saúde para identificar os sinais que sugerem violência, o
Ministério da Saúde relacionou alguns sinais de alerta para as situações de violência, conforme citados
no quadro a seguir:
Quadro 10 – Sinais de alerta para a equipe de saúde que podem indicar situações de
violência. Brasil, 2013.
Violência doméstica
• Queixas crônicas, porém vagas, sem causa física óbvia
• Ferimentos que não condizem com a explicação de como ocorreram
• Parceiros que observam excessivamente ou controlam os movimentos da mulher com muita insistência ou que não
se afastam da mulher
• Ferimentos físicos durante a gravidez
• Demora a iniciar o atendimento pré‑natal
• Histórico de tentativa ou tendência ao suicídio
• Demora em buscar tratamento para ferimentos sofridos
• Síndrome do intestino irritável
• Dor pélvica crônica
Violência sexual
• Gravidez de mulheres solteiras com menos de 14 anos
• Infecções sexualmente transmitidas em crianças
• Prurido ou sangramento vaginal
• Evacuação dolorosa ou dor ao urinar
• Dor pélvica ou abdominal
• Problemas sexuais e perda de prazer na relação
• Vaginismo (espasmos musculares nas paredes vaginais, durante a relação sexual)
• Ansiedade, depressão, comportamento autodestrutivo
• Problemas de sono
• Histórico de sintomas físicos crônicos inexplicáveis
• Dificuldade ou recusa em fazer exames pélvicos
99
Unidade III
A articulação entre os diferentes setores envolvidos com essa questão é igualmente importante para
garantir uma verdadeira rede de atenção, apoio e proteção a essas pessoas.
Observação
Nas duas últimas décadas, grandes avanços na legislação internacional e nacional sobre as dimensões
da reprodução e da sexualidade como direitos humanos e de cidadania foram registrados.
Direitos humanos devem ser compreendidos, como o direito à vida, à alimentação, à saúde, à
moradia, à educação, ao afeto, aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos. Respeitá‑los é promover
a vida em sociedade, sem discriminação de classe social, de cultura, de religião, de raça, de etnia e de
orientação sexual. Para o pleno exercício da cidadania, é preciso a garantia do conjunto dos direitos
humanos (BRASIL, 2013c).
A utilização do termo “saúde sexual” foi ampliada e intensificada a partir da primeira metade da
década de 1980, por efeito da eclosão e rápida expansão da epidemia do HIV/aids. Nas negociações
do Cairo, o termo não chegou a ser objeto de uma definição. Os conteúdos da saúde sexual foram
incorporados na própria definição de saúde reprodutiva (CÔRREA; ALVES; JANNUZZI, 2015).
Imediatamente após a Conferência do Cairo, duas definições formuladas de saúde sexual foram
formuladas, conforme descrito a seguir:
A IV Conferência Mundial sobre a Mulher, ocorrida em Pequim, em 1995, avançou alguns passos no
sentido de formular um conceito dos direitos sexuais como parte dos princípios dos direitos humanos
ao redigir o seguinte:
Os direitos humanos das mulheres incluem seu direito a ter controle e decidir
livre e responsavelmente sobre questões relacionadas à sua sexualidade,
incluindo a saúde sexual e reprodutiva, livre de coação, discriminação e
violência. Relacionamentos igualitários entre homens e mulheres nas questões
referentes às relações sexuais e à reprodução, inclusive o pleno respeito pela
integridade da pessoa, requerem respeito mútuo, consentimento e divisão
de responsabilidades sobre o comportamento sexual e suas consequências
(BRASIL, 2013c).
É importante mencionar que a OMS produziu novas definições operacionais em relação à sexualidade
em 2002, com o intuito de contribuir nos debates em curso sobre a temática, conforme apresentado no
quadro a seguir:
Sexo
Sexo refere‑se às características biológicas que definem humanos como mulheres e homens. Enquanto esse
conjunto de características biológicas não é mutuamente exclusivo, desde que há indivíduos que possuem ambas,
ele tende a diferenciar os humanos como homens e mulheres. De uso generalizado em muitos idiomas, o termo
“sexo” é usualmente utilizado com o significado de “atividade sexual”, mas, para propósitos técnicos no contexto das
discussões sobre sexualidade e saúde sexual, dá‑se preferência à definição que acabamos de apresentar.
Sexualidade
Sexualidade é um aspecto central do ser humano do começo ao fim da vida e circunda sexo, identidade de
gênero e papel, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. Sexualidade é vivida e expressa em
pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos.
Enquanto a sexualidade pode incluir todas estas dimensões, nem todas são sempre vividas ou expressadas. A
sexualidade é influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais,
éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais.
102
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Saúde sexual
Saúde sexual é um estado físico, emocional, mental e social do bem‑estar em relação à sexualidade; não é
meramente a ausência de doenças, disfunções ou debilidades. A saúde sexual requer uma abordagem positiva e
respeitosa da sexualidade das relações sexuais, tanto quanto a possibilidade de ter experiências prazerosas e sexo
seguro, livre de coerção, discriminação e violência. Para se alcançar e manter a saúde sexual, os direitos sexuais de
todas as pessoas devem ser respeitados, protegidos e satisfeitos.
Direitos sexuais
Direitos sexuais abarcam os direitos humanos que já são reconhecidos em leis nacionais, documentos internacionais
de direitos humanos e outras declarações acordadas. Eles incluem os direitos de todas as pessoas, livre de coerção,
discriminação e violência, para: a obtenção do mais alto padrão de saúde sexual, incluindo acesso a cuidados e serviços
de saúde sexual e reprodutiva; procurar, receber e conceder informação relacionada à sexualidade; educação sexual;
respeito pela integridade corporal, escolher seus parceiros; decidir ser ou não sexualmente ativo; ter relações sexuais
consensuais; casamento consensual; decidir se, não, ou quando ter filhos; e buscar satisfação, vida sexual saudável e
prazerosa. O exercício responsável dos direitos humanos requer que todas as pessoas respeitem os diretos dos outros.
Nos dias atuais, é importante reconhecer que, no mundo das práticas humanas, a atividade sexual
não implica, necessariamente, em reprodução. Embora a reprodução, geralmente, envolva a atividade
sexual, as novas técnicas de fertilização in vitro possibilitam cada vez mais a reprodução sem relação
sexual. Nesse sentido, é muito importante compreender que gênero, sexualidade e reprodução são esferas
da vida humana que se tangenciam, mas correspondem, ao mesmo tempo, a terrenos distintos em
termos de representação, significado e prática sexual. O claro discernimento entre direitos reprodutivos
e direitos sexuais é parte desse mesmo esforço de esclarecimento (CÔRREA; ALVES; JANNUZZI, 2015).
Nas Conferências do Cairo e Pequim, os governos de vários países, inclusive o Brasil, assumiram
o compromisso de fundamentar as políticas e os programas nacionais dedicados à população e ao
desenvolvimento nos direitos sexuais e reprodutivos, incluindo os programas de planejamento familiar
(BRASIL, 2005).
A partir dessas conferências, muitos avanços foram conseguidos no sentido de assegurar que as
pessoas de todas as orientações sexuais e identidades de gênero possam viver com a mesma dignidade
e respeito a que todas as pessoas têm direito (BRASIL, 2013c).
103
Unidade III
Para facilitar a compreensão dos diferentes conceitos, o quadro a seguir apresenta um resumo das
definições de direito sexual e reprodutivo:
Direitos reprodutivos
• Direito de as pessoas decidirem, de forma livre e responsável, se querem ou não ter filhos, quantos filhos desejam
ter e em que momento de suas vidas
• Direito de acesso a informações, meios, métodos e técnicas para ter ou não ter filhos
• Direito de exercer a sexualidade e a reprodução livre de discriminação, imposição e violência
Direitos sexuais
• Direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e imposições, e com total
respeito pelo corpo do(a) parceiro(a)
• Direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual
• Direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças
• Direito de viver a sexualidade, independentemente de estado civil, idade ou condição física
• Direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual
• Direito de expressar livremente sua orientação sexual: heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade
• Direito de ter relação sexual, independentemente da reprodução
• Direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez e de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e aids
• Direito a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e um atendimento de qualidade, sem discriminação
• Direito à informação e à educação sexual e reprodutiva
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2013c), destacam‑se cinco marcos referenciais
relacionados aos direitos sexuais e reprodutivos, os quais estão brevemente apresentados a seguir:
104
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Esse programa significou um avanço em relação aos direitos reprodutivos para as mulheres
brasileiras. Contudo, enfrentou dificuldades políticas, financeiras e operacionais para a sua
implementação, que impediram que se concretizasse de forma efetiva no cotidiano da atenção à
saúde da mulher (BRASIL, 2013c).
A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988, foi importante para a criação
do Sistema Único de Saúde (SUS) e para garantir aos cidadãos os direitos sexuais e reprodutivos no Brasil
ao entender o planejamento familiar como de livre escolha das pessoas e incluir a responsabilidade
do Estado nas questões relacionadas ao planejamento reprodutivo, devendo disponibilizar recursos
educacionais e científicos para viabilizar o exercício desse direito (BRASIL, 2013c; COSTA et al., 2013).
Em 1996, a Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que regulamenta o planejamento familiar. O artigo
2º desta Lei define o planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade que
garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo
casal, sendo proibida a utilização das ações a que se refere para qualquer tipo de controle demográfico
(BRASIL, 1996; 2013c; COSTA et al., 2013).
O artigo 9º da referida Lei descreve que para o exercício do direito ao planejamento familiar devem
ser oferecidos todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção aceitos cientificamente e que
não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade de opção (BRASIL, 1996).
Portanto, as instâncias gestoras do SUS, em todos os seus níveis, devem garantir, obrigatoriamente, a
atenção integral à saúde que inclua a assistência à concepção e à contracepção (BRASIL, 2013c).
Dessa forma, compete ao Programa de Planejamento Familiar desenvolvido pelo SUS o fornecimento
de informações às pessoas, por meio de um conjunto de ações e atitudes clínicas e práticas em saúde,
bem como a orientação sobre a anticoncepção e a concepção, fornecendo total liberdade de escolha,
105
Unidade III
sem distinção, para que seus usuários possam, com informação e conhecimento, decidir de forma segura
e eficaz, o momento que considerem mais pertinente para a concepção (COSTA et al., 2013).
A Política Nacional dos Direitos Sexuais e dos Direitos Reprodutivos foi implementada pelo Ministério
da Saúde em 22 de março de 2005, com o propósito de garantir os direitos de homens e mulheres,
adultos e adolescentes, em relação à saúde sexual e à saúde reprodutiva, com ênfase no planejamento
familiar (BRASIL, 2005; 2013c).
Entre as propostas dessa política, destacam‑se as ações direcionadas a (BRASIL, 2005; 2013c):
• ampliação dos serviços de referência para a realização do aborto previsto em lei e garantia de
atenção humanizada e qualificada às mulheres em situação de abortamento.
106
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005), a Política do Planejamento Familiar vem
sendo desenvolvida no âmbito nacional com o intuito de promover as ações direcionadas à concepção e
anticoncepção, assim como a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST). A assistência em
planejamento familiar deve incluir acesso à informação e a todos os métodos e técnicas para concepção
e anticoncepção cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, de
acordo com a Lei do Planejamento Familiar (Lei nº 9.263/1996).
Em 2007, foi lançada a Política Nacional de Planejamento Familiar, que também foi considerada um
importante marco na promoção dos direitos e da saúde sexual e reprodutiva aos cidadãos brasileiros.
Entre as suas ações, a Política Nacional de Planejamento Familiar englobou a distribuição gratuita
de contraceptivos – incluindo os anticoncepcionais orais e injetáveis, o dispositivo intrauterino (DIU), o
diafragma e os preservativos –, a venda de anticoncepcionais na Farmácia Popular e o fortalecimento de
ações educativas relacionadas à saúde sexual e reprodutiva em unidades de saúde e escolas.
Portanto, observa‑se que os direitos, a saúde sexual e a saúde reprodutiva estão na pauta
governamental. Por isso, diante das conquistas legais e políticas discutidas anteriormente, os gestores e
os profissionais de saúde têm papel fundamental no sentido de conhecê‑las e torná‑las uma realidade
no planejamento e na prática de atenção à saúde.
8.3.1 Evolução das políticas públicas de saúde da mulher no Brasil – um breve histórico
No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras
décadas do século XX. No entanto, os programas implementados voltavam‑se, exclusivamente,
para a assistência aos aspectos referentes à gestação e ao parto. Os programas materno‑infantis,
elaborados nas décadas de 1930, 1950 e 1970, traduziam uma visão restrita sobre a mulher,
fundamentada em sua especificidade biológica e no seu papel social de mãe e doméstica, responsável
pela criação, pela educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos e dos demais familiares. Esses
programas foram exaustivamente criticados pela perspectiva reducionista com que tratavam a
mulher (BRASIL, 2009b; 2013c).
107
Unidade III
Com forte atuação no campo da saúde, o movimento de mulheres contribuiu para introduzir na agenda
política nacional as questões relacionadas às desigualdades nas relações sociais entre homens e mulheres
que se traduziam também em problemas de saúde que afetavam particularmente a população feminina.
Em conjunto com as ações promovidas pelo movimento feminista, a Reforma Sanitária e o processo
de redemocratização do Brasil, ocorridos nas décadas de 1970 e 1980, contribuíram para a mudança no
modelo de atenção à saúde da mulher no País.
O PAISM foi anunciado como nova e diferenciada abordagem à saúde da mulher, rompendo a visão
do modelo materno‑infantil que compreendia a mulher simplesmente como uma reprodutora.
Contudo, apesar de promover avanços significativos na saúde da mulher no Brasil, o PAISM não
considerou em suas ações a necessidade de articulação com outras áreas técnicas e de ações direcionadas
à saúde das mulheres que compõem grupos socialmente excluídos, como as mulheres rurais, com
deficiência, negras, indígenas, presidiárias e lésbicas.
• Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia
de direitos legalmente constituídos, e ampliar o acesso aos meios e serviços de promoção,
prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo o território brasileiro.
Além das ações de promoção à saúde da mulher na terceira idade, da negra, das trabalhadoras
do campo e da cidade, da indígena e das mulheres em situação de prisão, a PNAISM também incluiu
estratégias para (BRASIL, 2009b):
• ampliar e qualificar a atenção clínico‑ginecológica, inclusive para as mulheres com infecção pelo
HIV e outras IST;
• implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob o enfoque de gênero;
Para o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009b), humanizar e qualificar a atenção em saúde refere‑se a
aprender a compartilhar saberes e reconhecer direitos, implicando no estabelecimento de relações entre
sujeitos, seres semelhantes, ainda que possam apresentar‑se muito distintos conforme suas condições
sociais, raciais, étnicas, culturais e de gênero. Trata‑se de um processo contínuo, que demanda reflexão
permanente sobre os atos, condutas e comportamentos de cada pessoa envolvida nessa relação.
Desse modo, a PNAISM consolidou os avanços do PAISM e redefiniu a agenda relativa à saúde da
mulher, ampliando o seu leque de ações, incluindo grupos historicamente alijados das políticas públicas,
como as mulheres lésbicas, as bissexuais, as no climatério, as mulheres do campo e da floresta, as índias,
as negras quilombolas, as que vivenciam a transexualidade, aquelas em situação de prisão, portadoras de
deficiência, em situação de rua e as ciganas (BRASIL, 2009b).
109
Unidade III
Portanto, a PNAISM reflete o compromisso do País com a implementação de ações de saúde que
contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e reduzam a morbimortalidade por
causas preveníveis e evitáveis no Brasil.
O termo “humanizar” significa “tornar humano, dar condição humana”. Também é definido como
“tornar benévolo, afável, tratável” e, ainda, “fazer adquirir hábitos sociais polidos, civilizar”. Humanizar é
estar coerente com os valores humanos. É afirmar o humano na ação (WALDOW; BORGES, 2011).
Waldow e Borges (2011) descrevem que humanizar a saúde compreende o respeito à unicidade
de cada indivíduo, personalizando a assistência. Para as autoras, o cuidado é uma expressão de nossa
humanidade, constituindo um elemento essencial para o desenvolvimento de todas as pessoas como
seres humanos.
A autora acrescenta que humanização remete a uma assistência capaz de promover o acolhimento e
a resolutividade do cuidado. Ainda, invoca a ideia de um modelo assistencial que seja capaz de valorizar
como sujeitos os diferentes atores envolvidos no processo de produção de cuidados, a partir de um
amplo e cotidiano investimento em comunicação entre os gestores, os profissionais de saúde e os
usuários (DESLANDES, 2006).
Desse modo, pode‑se inferir que a humanização se relaciona à construção de uma nova cultura de
atendimento que instaure padrões de relacionamento ético entre os gestores de saúde, profissionais
e clientes. Deve, ainda, estar fundamentada no respeito, na solidariedade e na cidadania de todos os
atores envolvidos.
No contexto político, os primeiros programas de atenção à saúde lançados pelo Ministério da Saúde
do Brasil que focaram a humanização da assistência foram:
110
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Contudo, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), para a construção de uma política de
qualificação do SUS, a humanização deve ser entendida como uma das esferas fundamentais. Não deve
ser compreendida como um “programa” a ser aplicado nos diferentes serviços de saúde. A humanização
deve ser uma política que opere transversalmente em toda a rede SUS.
Tornar a humanização um “programa” seria o mesmo que aprofundar as relações verticais em que
são estabelecidas normativas que devem ser aplicadas e operacionalizadas. Isso significa a efetuação
burocrática, descontextualizada e dispersiva da atenção à saúde, com ações pautadas nos índices a
serem cumpridos e metas a serem alcançadas (BRASIL, 2004).
A humanização deve ser uma diretriz política transversal entendida como um conjunto de princípios
e diretrizes que se traduzem em ações nas diversas práticas de saúde caracterizando uma construção da
coletividade. Neste sentido, humanizar pressupõe troca de saberes, incluindo os usuários, diálogo entre
os profissionais e trabalho em equipe.
Humanização deve ser entendida com uma estratégia de interferência no processo de produção de
saúde que considere que quando os sujeitos sociais são mobilizados, são capazes de transformar a realidade,
modificando a si mesmos. Assim, trata‑se da produção de um novo tipo de interação entre os sujeitos que
constituem os sistemas de saúde e deles usufruem, acolhendo e fomentando o seu protagonismo.
Considerando essas premissas, o Ministério da Saúde do Brasil lançou, em 2003, a Política Nacional
de Humanização (PNH), também conhecida como HumanizaSUS (BRASIL, 2014a). Essa política busca
efetivar os princípios do SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública
no Brasil e incentivando trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários.
• Transversalidade: refere‑se ao fato que a PNH deve estar presente e inserida em todas as políticas
e programas do SUS. Deve transformar as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de
contato e da comunicação entre as pessoas e grupos, tirando‑os do isolamento e das relações
de poder hierarquizadas. Transversalizar significa reconhecer que as diferentes especialidades
e práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele que é assistido. Juntos, esses
saberes podem produzir saúde de forma mais corresponsável.
coletiva. Além disso, o usuário e sua rede sociofamiliar também devem se corresponsabilizar pelo
cuidado, assumindo a posição de protagonismo com relação a sua saúde.
• Atuar em rede com alta conectividade, de modo cooperativo e solidário, em conformidade com as
diretrizes do SUS.
A Política Nacional de Humanização atua a partir de orientações clínicas, éticas e políticas, que se traduzem
em determinados arranjos de trabalho. As diretrizes da PNH são as seguintes (BRASIL, 2013d; 2014a):
Nota‑se que a PNH tem dedicado esforços e produzido interfaces a partir de seus princípios, diretrizes,
dispositivos e métodos, para a qualificação das práticas de saúde no SUS. Nesse sentido, e considerando as ações
a serem adotadas em todo o território nacional, o Movimento HumanizaSUS ampliou o campo de atuação ao
analisar os temas relativos à humanização em diversos campos da saúde.
112
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
Saiba mais
113
Unidade III
Observação
Em 2001, com base no documento publicado pela OMS, o Ministério da Saúde publicou o manual
Parto, Aborto e Puerpério: Assistência Humanizada à Mulher, no qual estabeleceu os princípios da atenção
que deve ser prestada à mulher no ciclo gravídico‑puerperal no País. Esse material foi fundamental
para disseminar os conceitos e as práticas assistenciais direcionadas ao parto e puerpério entre os
profissionais de saúde e as instituições que atendem às mulheres no Brasil (BRASIL, 2001).
Em junho de 2011, foi instituída a Rede Cegonha no âmbito do SUS, com o objetivo de assegurar
à mulher o direito à atenção humanizada na gestação, parto e puerpério, assim como o direito ao
planejamento reprodutivo e o direito da criança ao nascimento seguro e ao crescimento e ao
desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2017a).
Observação
Merece destaque que o componente Parto e Nascimento da Rede Cegonha refere que a adoção
de práticas de atenção à saúde no parto e nascimento no Brasil deve estar baseada em evidências
científicas, conforme apresentado no documento da OMS (BRASIL, 2017a).
• promoção da equidade;
• enfoque de gênero;
• garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes;
Em 2014, foi lançado o quarto volume dos Cadernos HumanizaSUS, do Ministério da Saúde, com a
finalidade de continuar apresentando as experiências de apoio à humanização no Brasil. Essa referência
busca dar visibilidade a um conjunto de lutas pelo direito à saúde e ao acesso de qualidade equânime a
mulheres grávidas brasileiras (BRASIL, 2014a).
Observação
Observação
Nesse sentido, para a efetiva realização da humanização da assistência à mulher durante o ciclo
gravídico‑puerperal, é essencial que o profissional de saúde, sobretudo o enfermeiro, tenha conhecimento
sobre as recomendações nacionais e internacionais para atender a esse público, visando a garantir à
mulher e ao bebê um parto e nascimento seguros.
Lembrete
Saiba mais
117
Unidade III
Boa leitura!
Resumo
118
POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER
119
Unidade III
Exercícios
Questão 1 (UFCG, 2016). Segundo o Ministério da Saúde, são objetivos gerais e específicos da
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, exceto:
A) Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia
de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção,
prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro.
C) Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa correta.
121
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Saúde. Coleta do papanicolaou e ensino do autoexame da mama:
manual de procedimentos técnicos e administrativos. 2. ed. São Paulo: Fundação Oncocentro de São
Paulo, 2004. p. 3.
Figura 6
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Saúde. Coleta do papanicolaou e ensino do autoexame da mama:
manual de procedimentos técnicos e administrativos. 2. ed. São Paulo: Fundação Oncocentro de São
Paulo, 2004. p. 4.
Figura 7
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle
dos cânceres do colo do útero e da mama. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013a. p. 65.
Figura 8
BRASIL. Ministério da Saúde. Sintomas e sinais: dor, nódulos e secreções. Brasília: Ministério da Saúde,
[s.d.]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/falando_cancer_mama2.pdf>. Acesso
em: 14 ago. 2017. p. 36.
122
Figura 9
BRASIL. Ministério da Saúde. Sintomas e sinais: dor, nódulos e secreções. Brasília: Ministério da Saúde,
[s.d.]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/falando_cancer_mama2.pdf>. Acesso
em: 14 ago. 2017. p. 36.
Figura 10
BRASIL. Ministério da Saúde. Sintomas e sinais: dor, nódulos e secreções. Brasília: Ministério da Saúde,
[s.d.]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/falando_cancer_mama2.pdf>. Acesso
em: 14 ago. 2017. p. 36.
Figura 11
BRASIL. Ministério da Saúde. Sintomas e sinais: dor, nódulos e secreções. Brasília: Ministério da Saúde,
[s.d.]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/falando_cancer_mama2.pdf>. Acesso
em: 14 ago. 2017. p. 36.
Figura 12
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico: sífilis 2016.
v. 47, n. 35. Brasil: Ministério da Saúde, 2016d. p. 10. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/sites/
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em: 28 abr. 2017.
Figura 13
Figura 14
Figura 15
123
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Figura 21
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico: sífilis 2016.
v. 47, n 35. Brasil: Ministério da Saúde, 2016d. p. 7. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/sites/
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em: 28 abr. 2017.
Figura 22
124
Figura 23
Figura 24
Figura 25
Figura 26
Figura 27
Figura 28
Figura 29
125
Figura 30
Organização Mundial da Saúde (OMS). Global status report on violence prevention. Genebra: OMS,
2014.
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