Aspectos Ambientais - Alça Sul

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Projeto de Modelagem do Processo

para Concessão do Rodoanel da


Região Metropolitana de BH

Levantamento dos Aspectos Ambientais – Alça Sul

Resumo
Este documento contém o Levantamento dos Aspectos Ambientais e a
definição dos trechos de estudo do Projeto de Modelagem do Processo
para Concessão do Rodoanel da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, Alça Sul, a ser desenvolvido pela Secretaria de Estado de
Infraestrutura e Mobilidade do Governo do Estado de Minas Gerais, em
parceria com o Movimento Brasil Competitivo e a Accenture.

Agosto, 2020
Data: 31/08/2020
Levantamento de aspectos ambientais
Versão: 01

ÍNDICE

1. DIVISÃO DOS TRECHOS DE ESTUDOS........................................................... 4


2. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO .............................................................. 8
2.1. LITOLOGIA......................................................................................................... 8
2.2. RELEVO E PEDOLOGIA .................................................................................... 9
2.3. HIDROGRAFIA ................................................................................................. 10
2.4. OUTORGAS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS ......................................... 11
2.5. ÁREAS DE DRENAGEM A MONTANTE DE CURSO D’ÁGUA ENQUADRADOS
EM CLASSE ESPECIAL .......................................................................................... 12
2.6. POTENCIAL ESPELEOLÓGICO ...................................................................... 14
2.7. MINERAÇÃO .................................................................................................... 15
3. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO ......................................................... 21
3.1. BIOMA E FITOFISIONOMIAS .......................................................................... 21
3.2. RESERVAS DA BIOSFERA ............................................................................. 27
3.3. ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE .... 29
3.4. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE .................................................. 29
3.5. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDAS ............................ 29
3.5.1. ÁREA DE PROTEÇÃO ESPECIAL (APE) BACIA HIDROGRÁFICA DO
CÓRREGO DO TABOÃO ..................................................................................... 33
3.5.2. PARQUE ESTADUAL SERRA DO ROLA-MOÇA ....................................... 35
3.5.3. APA Sul RMBH........................................................................................... 36
3.5.4. MONUMENTO NATURAL MUNICIPAL SERRA DA CALÇADA ................. 37
3.5.5. RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ............................ 39
3.5.6. ÁREAS DESTINADAS A RESERVA LEGAL DE PROPRIEDADES RURAIS
........................................................................................................................40
4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ANTRÓPICO ................................................... 43
4.1. ESTRADAS E BAIRROS NO ENTORNO ......................................................... 43
4.2. EMPREENDIMENTOS NO ENTORNO ............................................................ 43
4.3. PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E CULTURAL ........................ 44

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Macro localização do traçado proposto – trecho sul do Rodoanel. ................. 4


Figura 2: Proposta de divisão dos subtrechos para estudo. .......................................... 7
Figura 3: Área de drenagem, bacia de córrego de classe especial, com interação no
traçado proposto. ........................................................................................................ 13
Figura 4: Gráfico com informações do potencial espeleológico conforme subtrechos
estudados. .................................................................................................................. 14
Figura 5: Mapa com a representação do potencial espeleológico observado ao longo
do traçado proposto. ................................................................................................... 15
Figura 6: Mapa caracterizando a interação do traçado proposto com os processos
minerários levantados na área. ................................................................................... 20
Figura 7: Uso e ocupação do solo no entorno de 50 m - Encarte 1 ............................. 23
Figura 8: Uso e ocupação do solo no entorno de 50 m - Encarte 2 ............................. 24
Figura 9: Uso e ocupação do solo no entorno de 50 m - Encarte 3 ............................. 25
Figura 10: Uso e ocupação do solo no entorno de 50 m - Encarte 4 ........................... 26
Figura 11: Inserção do traçado proposto em relação ao zoneamento das Reservas da
Biosfera da Mata Atlântica e da Serra do Espinhaço. ................................................. 28
Figura 12: Mapa ilustrando o mosaico de unidades de proteção existentes na área de
estudos para o projeto trecho sul, Rodoanel. .............................................................. 30
Figura 13: Mapa da interação do traçado com as Unidades de Conservação existentes
na região..................................................................................................................... 32
Figura 14: Mapa de detalhe da inserção do trecho que atravessa a APE da Bacia do
Córrego Taboão.......................................................................................................... 34
Figura 15: Mapa contendo as áreas de reserva legal presentes junto ao macro trecho
urbano. ....................................................................................................................... 41
Figura 16: Mapa contendo as áreas de reserva legal presentes junto ao macro trecho
rural. ........................................................................................................................... 42

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Divisão dos subtrechos estudados, conforme características identificadas e


afinidades propostas, com denominação, extensão e distanciamento. ........................................... 5
Tabela 2 - Principais litologias conforme subtrecho considerado. ................................................... 8
Tabela 3 - Principais cursos d’água interceptados pelo traçado, identificados segundo
fotointerpretação. .......................................................................................................................... 10
Tabela 4 - Relação de outorgas de captação identificadas, segundo dados
disponibilizados pelo IGAM e IDE Sisema. ................................................................................... 11
Tabela 5 - Potencialidade de ocorrência de cavidades segundo a litologia. .................................. 14
Tabela 6 - Relação das interações do traçado com processos ligados ao antigo DNPM,
atual ANM, área interceptada e substância envolvida. .................................................................. 17
Tabela 7 - Relação da interação do traçado proposto em relação às Unidades de
Proteção, contendo a área interceptada e a porcentagem que o subtrecho afeta e
representa. ................................................................................................................................... 31

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1. DIVISÃO DOS TRECHOS DE ESTUDOS

A Alça Sul do Rodoanel da RMBH consiste em 37,4 km de traçado linear com a adição
de alças e rampas de acesso para unir a BR-381/Sul (Contorno de Betim) e a BR-040
(sentido RJ).
O projeto transpõe os municípios de Betim, Ibirité, Sarzedo, Brumadinho e Nova Lima.

Figura 1: Macro localização do traçado proposto – Alça Sul do Rodoanel.

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Para realizar um estudo detalhado do traçado e identificar as possíveis interferências


ambientais, esse trecho principal foi dividido em oito subtrechos. A caracterização,
denominação e quilometragem desses subtrechos são apresentadas na seguinte
tabela. Cabe mencionar que a estaca zero está localizada na junção com o contorno
de Betim. Ao longo desse documento, esses trechos serão designados como trechos 1
a 8, ou pela denominação apresentada na seguinte tabela.

Tabela 1: Divisão dos subtrechos estudados, conforme características identificadas e afinidades propostas,
com denominação, extensão e distanciamento.

Caracterização Trecho Destaque Denominação Extensão Distância (km)

Trecho 1 Junção BR-040 0 a 0,6 0,6

Trecho 2 Betim/Petrovale 0,6 a 4,4 3,8


Área urbana
residencial e
industrial
Trecho 3 Refinaria Passos 4,4 a 8,9 4,5

Trecho 4 Ibirité 8,9 a 12,6 3,7

Trecho 5 Junção MG-040 12,6 a 18,4 5,8

18,4 a 19,5, 21,5


61 Serra Três Irmãos a 23,1, 23,4 a 4,1
24,8
Trecho 6
Serra Três Irmãos -
19,5 a 21,5 e
62 Obras Especiais 2,3
Área rural, 23,1 a 23,4
(túneis e viadutos)
atravessando a Serra
do Rola Moça e a
Serra da Calçada
Piedade do
Trecho 7 24,8 a 32,5 7,7
Paraopeba

81 Serra da Calçada 32,5 a 34 1,5

Trecho 8
Serra da Calçada -
82 Obras Especiais 34 a 37,4 3,4
(túneis e viadutos)

Os trechos 6 e 8 foram divididos em duas análises (1 e 2) para destacar os impactos


para obras de arte especiais.

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A definição dos subtrechos considera os seguintes critérios:


• Características de uso e ocupação de solo parecidas;
• Coesão de bairros residenciais ou zonas comerciais e industriais atravessados;
• Proximidade de unidades de conservação;
• Proximidade de bacias com curso d’água enquadrado em classe especial;
• Obras de arte especiais como túneis ou viadutos;
• Outras interferências socioambientais.

Vale salientar a importância de analisar os subtrechos de forma contínua ao longo do


traçado e não de forma independente.

Características do Empreendimento
Localizado no município de Betim, o trecho 1 faz a junção entre a BR-381/Sul, próximo
ao contorno de Betim, e Alça Sul do Rodoanel. O projeto, em seu início, conta com
alças e rampas de acesso, e segue até o quilômetro 0,6.
Do ponto de vista de obras de arte especial, os trechos 1 a 5 e 7 apresentam obras de
engenharia como cortes e aterros acompanhando o relevo da área. Por sua vez, o
trecho 6 conta com um túnel de comprimento de 1.960 metros a fim de atravessar a
Serra Três Irmãos. Além disso, observa-se um viaduto de 420 metros acima do
ribeirão Casa Branca e um dos seus afluentes. O trecho 7 conta com um viaduto de
130 m para atravessar o córrego Fundo. Por fim, no trecho 8, estão presentes dois
túneis de aproximadamente 1.150 e 1.950 m de comprimento e um viaduto ligando
estes.

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Figura 2: Proposta de divisão dos subtrechos para estudo.

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2. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

2.1. LITOLOGIA

O empreendimento irá atravessar diversas litologias. Estão contidos nos trechos do


empreendimento principalmente os gnaisses, migmatitos e granitos pertencentes aos
complexos metamórficos do embasamento – que ocorrem predominantemente na
porção norte e central do traçado, e pelas sequências supracrustais do Quadrilátero
Ferrífero, representadas resumidamente pelos xistos do Grupo Nova Lima, pelos
itabiritos do Grupo Itabira, e pelos quartzitos e filitos do Grupo Caraça e Piracicaba.
A seguinte tabela apresenta as principais litologias em função do trecho considerado,
onde são apresentadas as características geotécnicas das principais rochas
encontradas ao longo do traçado e considerações para atividades de terraplenagem,
cortes, taludes e erosão. Devido à grande diversidade de rochas encontradas e a
presença de túneis, obras de arte especiais complexas, estudos complementares de
engenharia são recomendados para avaliar considerações e impedimentos técnicos
no local para a realização destes.

Tabela 2: Principais litologias conforme subtrecho considerado.

Trecho Sigla Grupo Unidade Principal %

Complexo Gnáissico Complexos


1 A3bh 100,00%
Belo Horizonte Ortognáissicos

Complexo Gnáissico Complexos


2 A3bh 100,00%
Belo Horizonte Ortognáissicos

Complexo Gnáissico Complexos


3 A3bh 100,00%
Belo Horizonte Ortognáissicos

Complexo Gnáissico Complexos


4 A3bh 100,00%
Belo Horizonte Ortognáissicos

Filito, xisto, quartzito,


5 PP1mp Grupo Piracicaba Supergrupo Minas 0,30%
dolomito

Clorita xisto, metatufo,


5 PP2ms Grupo Sabará Supergrupo Minas 70,63%
metagrauvaca

Complexo Gnáissico Complexos


5 A3bh 29,07%
Belo Horizonte Ortognáissicos

Supergrupo Rio das


7 A34rn Grupo Nova Lima 24,61%
Velhas

A4 Granitóides tardi- a pós-


7 Província São Francisco Granitóides 75,39%
gama 3 tectônicos.

Filito, xisto, quartzito,


61 PP1mp Grupo Piracicaba Supergrupo Minas 31,82%
dolomito

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Trecho Sigla Grupo Unidade Principal %

Quartzito, filito,
61 PP1mc Grupo Caraça Supergrupo Minas 17,10%
metaconglomerado

Clorita xisto, metatufo,


61 PP2ms Grupo Sabará Supergrupo Minas 0,46%
metagrauvaca

Granitóides tardi- a pós-


61 A4 γ3 Província São Francisco Granitóides 50,62%
tectônicos.

Filito, xisto, quartzito,


62 PP1mp Grupo Piracicaba Supergrupo Minas 20,13%
dolomito

Quartzito, filito,
62 PP1mc Grupo Caraça Supergrupo Minas 9,55%
metaconglomerado

Itabirito, dolomito, filito e


62 PP1mi Grupo Itabira Supergrupo Minas 60,86%
xisto (2420 Ma)

Granitóides tardi- a pós-


62 A4 γ3 Província São Francisco Granitóides 9,46%
tectônicos.

Supergrupo Rio das


81 A34rn Grupo Nova Lima 47,69%
Velhas

Itabirito, dolomito, filito e


81 PP1mi Grupo Itabira Supergrupo Minas 52,31%
xisto (2420 Ma)

Supergrupo Rio das


82 A34rn Grupo Nova Lima 13,66%
Velhas

Quartzito, filito,
82 PP1mc Grupo Caraça Supergrupo Minas 24,69%
metaconglomerado

Itabirito, dolomito, filito e


82 PP1mi Grupo Itabira Supergrupo Minas 61,65%
xisto (2420 Ma)

2.2. RELEVO E PEDOLOGIA

O empreendimento percorre dois domínios morfoestruturais: um primeiro associado


aos domos gnáissicos, denominado como Depressão de Belo Horizonte; e o outro
associado as rochas metassedimentares, que sustentam cristas e esporões,
designado como Alinhamentos Serranos do Quadrilátero Ferrrífero. A Depressão de
Belo Horizonte ocorre na maior parte do traçado, sendo esse domínio descontinuado
no segmento próximo a Serra de Três Irmãos e ao final do projeto nas proximidades
da Sinclinal da Moeda, cuja toponímica local é Serra da Calçada.
Nos trechos no qual ocorrem os alinhamentos serranos podem ser observados
neossolos e cambissolos, com predomínio dos primeiros. Destaca-se que nos trechos
onde ocorrem as rochas do embasamento, Depressão de Belo Horizonte, é comum a
ocorrência de argissolos e latossolos, ocorrendo com frequência também cambissolos
de cor branca-amarelada, mais propenso à erosão.

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2.3. HIDROGRAFIA

Em relação à hidrografia, o empreendimento está contido na Unidade de Planejamento


e Gestão de Recursos Hídricos Rio Paraopeba - SF3 em quase toda a sua totalidade –
ocorrendo a Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos Rio das Velhas
- SF5 apenas no limite sudoeste. Destaca-se que não há interferência com cursos
d’água com largura superior a 10 metros.
A fim de garantir maior destaque aos cursos d’água de maior importância lançou-se
mão do ordenamento de Strahler, o qual atribui ordens aos cursos d’água. O aumento
na ordem é conferido conforme ocorre confluência dos corpos hídricos com outros de
mesma ordem; caso a confluência ocorra em canais com de ordens distintas, mantêm-
se a ordem mais elevada. Deste modo, na bacia do rio Paraopeba, vale destacar a
interseção com os cursos d’água Córrego do Quebra, Córrego do Pintado, Ribeirão
Ibirité, Ribeirão Casa Branca e o Córrego da Areia (ordem superior ou igual a 3).
Os principais cursos d’água interceptados são apresentados na tabela a seguir:

Tabela 3: Principais cursos d’água interceptados pelo traçado, identificados segundo fotointerpretação.

Número do Trecho Ordem (Strahler) Nome do Curso D’Água

1 3 Córrego Santo Antônio

2 4 Córrego do Quebra

3 2 Ribeirão Sarzedo

3 5 Córrego do Pintado

4 4 Ribeirão Ibirité

4 3 Córrego Jatobá

5 1 Córrego Sumidouro

61 2 Córrego Capão da Serra

61 3 Córrego Jangada

62 5 Ribeirão Casa Branca

7 3 Córrego Fundo

7 4 Córrego da Areia

De forma detalhada, adaptado da Base hidrográfica ottocodificada de Minas Gerais do


IGAM (2010), e considerando esses cursos d'água como perenes, foi identificada a
travessia de 71 cursos d’água, sendo enumerados os rios supramencionados e
afluentes de ordem menor sem nome estabelecido.

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Vale salientar a proximidade do traçado (menos de 100 m) com a Cachoeira do Anão,


no trecho 6, na altura do km 23.
Destaca-se também que os trechos 2, 3 e 4 se localizam nas sub-bacias a montante
da Represa Ibirité Petrobras podendo causar um impacto negativo sobre a qualidade
da água da represa.

2.4. OUTORGAS DE USO DE RECURSOS HÍDRICOS

A Outorga é o instrumento legal que assegura ao usuário o direito de utilizar os


recursos hídricos, no entanto, essa autorização não dá ao usuário a propriedade de
água, mas, sim, o direito de seu uso (IGAM).
No entorno de 100 metros do empreendimento, são encontradas quatro outorgas de
captação de águas superficiais (IDE SISEMA). Os dois primeiros pontos de captação
se encontram na margem direita do Contorno de Betim, consequentemente subindo o
impacto das estradas existentes. Os dois pontos no trecho 7 estão situados a jusante
da nova estrada. É recomendado estudar uma drenagem adaptada no local para
garantir a qualidade da água captada.

Tabela 4: Relação de outorgas de captação identificadas, segundo dados disponibilizados pelo IGAM e IDE
Sisema.

Nome do curso
Trecho Tipo de captação UPGRH Características
d’água

SF3: Rio Captação em corpo d’água


1 Superficial Córrego Goiabinha
Paraopeba (Rios, Lagoas Naturais, etc)

Afluente do
SF3: Rio Captação em corpo d’água
1 Superficial Córrego Santo
Paraopeba (Rios, Lagoas Naturais, etc)
Antônio

SF3: Rio Captação em corpo d’água


7 Superficial Riacho Fundo
Paraopeba (Rios, Lagoas Naturais, etc)

SF3: Rio Captação em corpo d’água


7 Superficial Riacho Fundo
Paraopeba (Rios, Lagoas Naturais, etc)

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2.5. ÁREAS DE DRENAGEM A MONTANTE DE CURSO D’ÁGUA


ENQUADRADOS EM CLASSE ESPECIAL

A Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG nº 01, de 05 de maio de 2008,


apresenta no Art. 4 que:
“as águas doces são classificadas em: I - classe especial: águas
destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,
c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de
conservação de proteção integral.”

Consta também que:


“Art. 13. Nas águas de classe especial deverão ser mantidas as
condições naturais do corpo de água.”
e
“Art. 32. Nas águas de classe especial é vedado o lançamento de
efluentes ou disposição de resíduos domésticos, agropecuários, de
aquicultura, industriais e de quaisquer outras fontes poluentes,
mesmo que tratados.”

Em 2017, uma nova deliberação COPAM-CERH nº 06, modificou os critérios de


diagnósticos do enquadramento de corpos d’água indicando que:
” Os trechos dos cursos de águas superficiais já enquadrados com
base na legislação anterior à data de publicação desta Deliberação
deverão ser revistos para posterior encaminhamento e aprovação do
Comitê de Bacia Hidrográfica e do CERH.

Contudo, o parágrafo § 2º diz que:


“A revisão referida no caput não se aplicará aos corpos de água já
enquadrados nas classes Especial e 1.”

Considerando esses elementos, é observada a sobreposição do trecho 5 à Área de


drenagem a montante de curso d’água enquadrado em classe especial do córrego
Taboão. O trecho corta a área próxima ao km 14,5, com uma sobreposição de 2,7 ha.
Interseções com a área acontecem também nos km 15,4 e 17,9 com 12 ha e 1,5 ha
respectivamente, totalizando 16,2 ha de sobreposição.
Essa bacia contribui para o abastecimento da região metropolitana de Belo Horizonte.
As águas captadas nos Córregos do Taboão, Rola Moça e Bálsamo são reunidas no
sistema Ibirité e correspondem a 2,80% das águas consumidas por municípios da
RMBH.
A sub-bacia do Córrego do Taboão se localiza principalmente no município de Ibirité.
Ela é limitada pela serra Três Irmãos, onde se localizam nascentes nos divisores de
águas das bacias dos rios Paraopeba e das Velhas que alimentam o Córrego Taboão,
afluente do Ribeirão Ibirité.

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De acordo com Haddad Filho e colaboradores (1988), o principal agente de


degradação da qualidade das águas e que afeta principalmente o recalque é o aporte
de sedimentos nesta sub-bacia. Assim sendo, na sub-bacia, prevalecem áreas
naturais, mas com alterações localizadas, como aquelas decorrentes de atividades
minerárias, supressão da vegetação. Os solos de ocorrência maior são os Neossolo
Litólico Distrófico e os Cambissolo Háplico Tb Distrófico, pouco evoluídos e bastante
erodíveis.
A área de captação de águas é coberta por floresta estacional semidecidual. No médio
curso desta sub-bacia, ocorrem os Latossolos Vermelho Distrófico, que correspondem
a solos evoluídos e resistentes a processos erosivos. Ela possui uma área de proteção
especial (APE) de 49 ha, tendo sido criada pelo Decreto de Proteção Estadual de nº
22.109 de 14 de junho de 1982. Deste modo, deverão ser propostas medidas
mitigadoras durante a etapa de implantação e operação a fim de evitar o carreamento
de sedimentos até tais cursos hídricos.
Destaca-se também que nas proximidades da sub-bacia do Córrego do Taboão
deverá constar dispositivos drenagem que isolem hidraulicamente a rodovia das
drenagens inseridas na APE. Tal medida tem como premissa evitar a alteração às
águas de classe especial de possível derrames de cargas perigosas e até mesmo da
poluição difusa.
A figura a seguir apresenta a sobreposição do trecho 5 com a área de drenagem.

Figura 3: Área de drenagem, bacia de córrego de classe especial, com interação no traçado proposto.

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2.6. POTENCIAL ESPELEOLÓGICO

Jansen (2009; 2011; et al., 2012) elaborou um mapeamento de todo o território


brasileiro de acordo com o seu potencial espeleológico. Este mapeamento também foi
executado a partir de bases cartográficas de 1: 2.500.000. Tal estudo foi pautado na
classificação litológica e sua propensão à dissolução. A partir desta análise,
agruparam-se as litologias em cinco classes distintas de potencial a ocorrência de
cavidades. A Tabela 5 a seguir elucida essas classes:
Tabela 5: Potencialidade de ocorrência de cavidades segundo a litologia.

Litotipo Grau de Potencialidade


Calcário, Dolomito, Evaporito, Formação Ferrífera bandada, Itabirito,
MUITO ALTO
Jaspilito, Calcrete
Calcrete, Carbonatito, Mármore, Metacalcário e Marga ALTO
Arenito,Conglomerado, Filito, Folheto, Fosforito, Grauvaca,
Metaconglomerado, Metapelito, Metassiltito, Micaxisto, Milonito, MÉDIO
Quartzito, Pelito, Riolito, Ritmito, Rocha calci-silicática, Silitito e Xisto
Demais litotipos (Anortosito, Arcóseo, Augengnaisse, Basalto,
Charnockito, Diabásio, Diamictito, Enderbito, Gabro, Gnaisse, Granito,
Granitóide, Granodiorito, Hornfels, Kingito, Komatito, Laterita, Metachert, BAIXO
Migmatito, Monzogranito, Oliva gabro, Ortoanfibolito, Sienito,
Sienogranito, Tonalito, Trondhjemito, entre outros).
Aluvião, Areia, Argila, Cascalho, Lamito, Linhito, demais OCORRÊNCIA
sedimentos,Turfa e Tufo IMPROVÁVEL

Analisando os diferentes trechos do rodoanel, nota-se que os trechos 1 a 4


apresentam um potencial espeleológico baixo. Os trechos 5 e 7 se inserem
principalmente em áreas de potencial baixo e médio. Os trechos 6 e 8 que atravessam
relevos mais acentuados apresentam potenciais baixo, médio, alto e muito alto.
Destaca-se que os potenciais muito altos são principalmente observados nos trechos
62 e 82, onde túneis estarão presentes. A figura e tabela a seguir detalham essas
observações:

Figura 4: Gráfico com informações do potencial espeleológico conforme subtrechos estudados.

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Figura 5: Mapa com a representação do potencial espeleológico observado ao longo do traçado proposto.

Além do potencial espeleológico, é importante considerar cavernas presentes no


Cadastro Nacional de Informações Espeleológicas - CANIE organizado pelo CECAV.
De acordo com essa fonte, atualizada até 31/12/2019, foram identificadas várias
cavidades nas duas serras atravessadas, com destaque para a Serra da Calçada. De
forma mais detalhada, a área do empreendimento não intercepta nenhuma caverna.
No entanto, ele intercepta os raios de influência de 250 metros de 13 cavidades, todas
localizadas no trecho 82. A totalidade destas se encontra acima do túnel projetado.
Destaca-se que durante a etapa de licenciamento será necessária uma análise
específica do impacto de um túnel sobre cavernas, sobretudo em relação às
vibrações, tanto na escavação (implantação), quanto na passagem de veículos
(operação). Tais estudos deverão ser conclusivos em relação à possibilidade de
impacto e poderão indicar tecnologias que podem mitigar efeitos adversos.
Cabe mencionar que, durante a etapa de licenciamento, podem ser inventariadas
cavidades de relevância máxima. Conforme a legislação afeta, não é possível suprimi-
la, podendo acarretar mudanças no projeto posteriormente a análise de relevância.

2.7. MINERAÇÃO

Os regimes de exploração e aproveitamento dos recursos minerais são administrados


pela União e regulados pelo Código de Mineração (Decreto-lei nº 227 de 28/02/1967,
com nova redação dada pela Lei nº 9.134, de 14/11/1994). O Código de Mineração
indica os regimes exploratórios das substâncias minerais, estabelecendo os requisitos

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e condições para a obtenção dos títulos minerários por meio de um procedimento


administrativo adequado. (Batista, 2006).
Conforme o DNPM (2020), os regimes exploratórios vigentes são: Autorização de
Pesquisa; Concessão de Lavra; Registro de Licenciamento; Registro de Extração;
Permissão de Lavra Garimpeira e Regime de Monopólio, este último destinado à
exploração de petróleo, gás e radioativos, com regulamentação própria e, os demais,
para todas as outras substâncias minerais.
Cada fase possui processo administrativo próprio, voltado à outorga de um título
minerário distinto e precedido por fases de transição, que se referem à fase requerida
no processo como, por exemplo, requerimentos para autorização de pesquisa,
requerimentos para concessão de lavra e assim por diante.
Em relação aos regimes de concessão, a Autorização de Pesquisa é outorgada com
prazo determinado. Seu título não gera direito adquirido por se tratar de uma fase de
incertezas quanto à existência de jazida e lavra. O regime de Concessão de Lavra
adequa-se a uma concessão de extração e o título é outorgado para fins de interesse
público, incorporando um direito real, por meio do qual a União consente ao minerador
o direito de aproveitar economicamente seus recursos minerais por tempo
indeterminado.
Os títulos de Regime de Licenciamento e Registro de Extração, apesar de serem fases
também de exploração, assim como a Concessão de Lavra, possuem prazo
determinado para estes fins.
As fases de transição, que são os requerimentos de Pesquisa, Registro de Licença,
Permissão de Lavra Garimpeira e Registro de Licença, podem ser indeferidos pelo
DNPM, não possuindo, portanto, o título minerário requerido. Ao longo do traçado, o
empreendimento intercepta os processos minerários a seguir:

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Tabela 6: Relação das interações do traçado com processos ligados ao antigo DNPM, atual ANM, área
interceptada e substância envolvida.

Área
Trecho Processo Fase Nome Substância interceptada
(ha)

Companhia Cimento
1 808200/1972 Concessão de Lavra ARGILA 3,0
Portland Itaú

Requerimento de LF Mineração e
1 830301/2020 AREIA 15,1
Pesquisa Beneficiamento Ltda

Requerimento de Rosângela Mara


1 831353/2017 AREIA 0,1
Licenciamento Barbosa

Autorização de Edilson Moreira da


2 830713/2016 AREIA 8,3
Pesquisa Costa

Autorização de Mineração Boa Vista


3 830188/2010 AREIA 11,0
Pesquisa Me

Requerimento de Brasmic Mineração


3 831322/2009 AREIA 3,4
Lavra Areia e Brita Ltda

Autorização de Antonio Edinarte


3 831757/2016 SAIBRO 5,4
Pesquisa Moreira

Requerimento de Antonio Edinarte


3 832067/2018 SAIBRO 5,4
Licenciamento Moreira

Requerimento de MINÉRIO DE
4 832541/2007 Bemisa Holding S.A. 3,2
Pesquisa MANGANÊS

Autorização de MINÉRIO DE
5 830846/2007 Gilmar Santana Luz 1,7
Pesquisa FERRO

Requerimento de Espólio de Inácio


5 831014/1990 GRANITO 9,8
Pesquisa Moreira Jardim

Requerimento de MINÉRIO DE
5 832541/2007 Bemisa Holding S.A. 18,7
Pesquisa MANGANÊS

Requerimento de
5 832848/2013 M Ruiz A Costa FILITO 4,6
Pesquisa

Autorização de MINÉRIO DE
5 833027/2003 Zaquia Cosac 10,2
Pesquisa FERRO

Autorização de Geraldo Roberto MINÉRIO DE


7 831251/2013 21,1
Pesquisa Fernandes Soares FERRO

Autorização de Geovani Alves MINÉRIO DE


7 831801/2013 13,5
Pesquisa Pimenta FERRO

Requerimento de José Raimundo MINÉRIO DE


7 831850/2012 8,3
Pesquisa Campos FERRO

MINÉRIO DE
7 833688/2008 Disponibilidade João Batista Vieira 15,0
FERRO

Autorização de MINÉRIO DE
7 833689/2008 João Batista Vieira 21,1
Pesquisa FERRO

Salute Locação e
MINÉRIO DE
7 834192/2006 Disponibilidade Empreendimentos 14,2
OURO
Ltda

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Área
Trecho Processo Fase Nome Substância interceptada
(ha)

Minerações
MINÉRIO DE
61 4909/1962 Concessão de Lavra Brasileiras Reunidas 9,0
FERRO
Sa

Autorização de MINÉRIO DE
61 831391/2004 Vale S A 4,0
Pesquisa FERRO

Requerimento de José Raimundo MINÉRIO DE


61 831850/2012 5,4
Pesquisa Campos FERRO

Autorização de Mib Mineração Ibirité MINÉRIO DE


61 832313/2018 4,7
Pesquisa Ltda FERRO

Autorização de MINÉRIO DE
61 833027/2003 Zaquia Cosac 11,0
Pesquisa FERRO

Mineração Minas MINÉRIO DE


61 833285/2004 Disponibilidade 4,7
Bahia S.A. FERRO

Minerações
MINÉRIO DE
62 4909/1962 Concessão de Lavra Brasileiras Reunidas 7,0
FERRO
Sa

Requerimento de Mineral do Brasil


62 813475/1974 FERRO 1,8
Lavra Ltda.

Autorização de MINÉRIO DE
62 831391/2004 Vale S A 1,0
Pesquisa FERRO

Autorização de MINÉRIO DE
62 833027/2003 Zaquia Cosac 1,3
Pesquisa FERRO

Minerações
81 3889/1963 Concessão de Lavra Brasileiras Reunidas MANGANÊS 15,5
Sa

Autorização de Geraldo Roberto MINÉRIO DE


81 831251/2013 0,0
Pesquisa Fernandes Soares FERRO

Requerimento de MINÉRIO DE
81 832301/2012 Brazminco Ltda 3,7
Pesquisa MANGANÊS

Autorização de MINÉRIO DE
81 833689/2008 João Batista Vieira 3,7
Pesquisa FERRO

Salute Locação e
MINÉRIO DE
81 834192/2006 Disponibilidade Empreendimentos 10,4
OURO
Ltda

AngloGold Ashanti
82 332/1973 Concessão de Lavra Córrego do Sítio OURO 15,3
Mineração S.A.

Minerações
82 3457/1937 Concessão de Lavra Brasileiras Reunidas MANGANÊS 15,3
Sa

Minerações
82 3889/1963 Concessão de Lavra Brasileiras Reunidas MANGANÊS 9,7
Sa

Requerimento de MINÉRIO DE
82 832301/2012 Brazminco Ltda 1,6
Pesquisa MANGANÊS

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Área
Trecho Processo Fase Nome Substância interceptada
(ha)

Autorização de MINÉRIO DE
82 833689/2008 João Batista Vieira 0,9
Pesquisa FERRO

Esta tabela ressalta a importância e a grande ocorrência de atividades de mineração


na região de estudo. O rodoanel intercepta cinco processos de concessão de lavra,
nos trechos 1, 6 e 8 para extração de argila, ouro, manganês e minério de ferro.
Cabe ressaltar que, mesmo que a área de estudo intercepte esses processos
minerários, não necessariamente a extração mineral vá ocorrer junto ao mesmo, pois
a área do processo minerário pode variar em até 2 mil hectares, em que esta é a área
de servidão do minerador, não necessariamente sendo utilizada.
Uma atenção particular tem de ser dada a processos de mineração existentes no
entorno do empreendimento com possíveis impactos mútuos. Além disso, os túneis
planejados atravessam zona de concessão de lavra. Deverão ser consultadas as
empresas mineradoras a fim de que não haja conflitos entre o projeto e a atividade
minerária.

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Figura 6: Mapa caracterizando a interação do traçado proposto com os processos minerários levantados na
área.

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3. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO

3.1. BIOMA E FITOFISIONOMIAS

A totalidade da região atravessada pelo rodoanel sul se encontra no bioma Mata


Atlântica.
Os usos e ocupações principais de solo na área são: Floresta Estacional Semidecidual
em estágio inicial e médio, áreas de pasto, áreas antrópicas residenciais urbanas ou
de tipo condomínio e áreas industriais ou comerciais. Na altura das duas serras são
encontrados também campos rupestres ferruginosos e quartzíticos. Algumas lavouras
estão também presentes, principalmente ao longo do trecho 5.
A classificação do uso e da ocupação do solo detalhados no entorno de 50 metros do
empreendimento (incluindo cortes e aterros) foram realizados com base na
interpretação das imagens satélite do Google Earth e imagens do Google Street View.
A figura a seguir apresenta a repartição das diferentes classes de uso do solo no
entorno de 50 metros do empreendimento.

As siglas FESDI e FESDM correspondem às fitofisionomias de Floresta Estacional


Semidecidual em estágio inicial e médio, respectivamente. Vale ressaltar que mais da
metade do empreendimento se insere em áreas de vegetação florestal (FESDI e
FESDM). Ainda cabe destacar, como tipologia de uso mais comum, as áreas de pasto,
perfazendo um quinto da área ocupada pelo entorno direto do trecho sul (rodoanel). O
uso e a ocupação do solo trecho por trecho é apresentado na(s) figura(s) a seguir.

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O uso e a ocupação do solo trecho por trecho é sintetizado no gráfico mostrado a


seguir.

Conforme a figura apresentada, próximo aos trechos 1 e 81, são observadas áreas
antrópicas maiores que correspondem às rodovias BR-381-262 e BR-040 nas zonas
de junção do rodoanel à malha rodoviária existente.
A diminuição de áreas antrópicas ao longo do traçado entre os trechos 1 e 8 consiste
no reflexo da transição entre áreas urbanas e áreas rurais. Os trechos 2, 3, 4, 5 e 7
são principalmente cobertos por vegetação florestal e áreas de pasto. A partir do
trecho 6, aparecem campos rupestre ferruginosos e quartzíticos. Os dois trechos 62 e
82 onde obras de arte estarão presentes apresentam a maior porcentagem de campos
rupestres com mais de 70% da área coberta. Cabe apontar que nesse local a
supressão não ocorrerá em sua completude, somente nas áreas de emboque e
desemboque dos tuneis.

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Figura 7: Uso e ocupação do solo no entorno de 50 m - Encarte 1

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Figura 8: Uso e ocupação do solo no entorno de 50 m - Encarte 2

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Figura 9 : Uso e ocupação do solo no entorno de 50 m - Encarte 3

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Figura 10 : Uso e ocupação do solo no entorno de 50 m - Encarte 4

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3.2. RESERVAS DA BIOSFERA

Criada pela UNESCO, a Reserva da Biosfera é um instrumento legal de conservação


que favorece a descoberta de soluções para problemas como o desmatamento das
florestas tropicais, a desertificação, a poluição atmosférica, o efeito estufa, entre
outros.
Nas duas figuras a seguir, pode-se observar que os trechos 5, 6, 7 e 8 do traçado se
sobrepõem a zonas de transição e de amortecimento da Reserva da Biosfera da Mata
Atlântica e da Serra do Espinhaço. No caso da Reserva da Biosfera da Serra do
Espinhaço, também estão inseridos os trechos 2, 3 e 4 dentro do seu limite.

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Figura 11: Inserção do traçado proposto em relação ao zoneamento das Reservas da Biosfera da Mata
Atlântica e da Serra do Espinhaço.

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3.3. ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO DA


BIODIVERSIDADE

A Fundação Biodiversitas definiu áreas prioritárias de classe alta, muito alta, extrema e
especial para a conservação da biodiversidade no estado de Minas Gerais. O
Quadrilátero Ferrífero se encontra na classe especial. No caso do rodoanel trecho sul,
são observadas sobreposições com áreas prioritárias de classe especial para os
trechos 5, 6, 7 e 8.
A sobreposição do empreendimento com áreas de Reserva da Biosfera e áreas para a
Conservação da Biodiversidade impacta o nível do estudo ambiental a ser realizado e
modifica as modalidades do licenciamento, devendo ser incluídas na análise as outras
interferências socioambientais.

3.4. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

A partir dos cursos d'água identificados (ver o parágrafo sobre a hidrografia), foram
delimitadas áreas de preservação permanente (APP) de 30 m para os cursos d'água
(rios inferiores a 10 m) e de 50 m para nascentes. Tais limites resultam em intervenção
pelo traçado que perfazem uma área de 49,9 ha de APPs, sendo a maioria, 26,4 ha
em Floresta Estacional Semidecidual em estágio médio e 6,7 ha em estágio inicial. Em
sequência em termos quantitativos se tem 5 ha em áreas pastoris, 3,6 ha em campo
rupestre ferruginoso e 3,2 ha em campo rupestre quartzítico.

3.5. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E ÁREAS PROTEGIDAS

De acordo com a Resolução CONAMA nº 428, de 17 de dezembro de 2010, o


licenciamento de empreendimentos de significativo impacto ambiental que possam
afetar diretamente Unidades de Conservação (UC) ou sua Zona de Amortecimento, só
poderá ser concedido após a autorização do órgão responsável pela administração da
UC. O mesmo se aplica quando estes empreendimentos estiverem localizados numa
faixa de 3 mil metros (3 km) a partir do limite da Unidade de Conservação, cuja Zona
de Amortecimento não esteja estabelecida (com exceção de Reservas Particulares de
Patrimônio Natural (RPPNs), Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e Áreas Urbanas
Consolidadas.)
Unidades de conservação podem ser classificadas como unidades de Proteção
Integral ou de Uso Sustentável. Por um lado, as unidades de Proteção Integral têm
como principal objetivo a proteção da natureza. Por isso, as regras e normas são mais
restritivas. Neste grupo é autorizado apenas o uso indireto dos recursos naturais; ou
seja, aquele que não envolve consumo, coleta ou danos aos recursos naturais. Por
outro lado, as unidades de Uso Sustentável são áreas que visam conciliar a
conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais e garantir a
perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos,
mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente
justa e economicamente viável. Neste grupo, atividades que envolvem coleta e uso
dos recursos naturais são permitidas, desde que praticadas de forma que a

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perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos esteja


assegurada. A figura a seguir representa as unidades de conservação na região.

Figura 12: Mapa ilustrando o mosaico de unidades de proteção existentes na área de estudos para o projeto
trecho sul, Rodoanel.

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No presente estudo, os trechos 1 a 4 não interceptam unidades de conservação ou


zonas de amortecimento.
Os trechos 5 a 8 se sobrepõem às seguintes UCs: Área de Proteção Especial Bacia
Hidrográfica do Córrego do Taboão, Monumento Natural Municipal da Serra da
Calçada e Área de Proteção Ambiental Sul RMBH. Vale destacar também que o trecho
5 passa a menos de 1200 metros do limite do Parque Estadual Serra do Rola-Moça.
Além disso, o traçado intercepta a zona de amortecimento (Plano de Manejo) do
Parque Estadual Serra do Rola-Moça e a zona de amortecimento do Monumento
Natural Municipal da Serra da Calçada (raio de 3 quilômetros).
Na tabela seguinte são indicadas as áreas interceptadas e a porcentagem do trecho
que se sobrepõe à área de proteção:

Tabela 7: Relação da interação do traçado proposto em relação às Unidades de Proteção, contendo a área
interceptada e a porcentagem que o subtrecho afeta e representa.

Área interceptada Porcentagem do


Nome da UC Trecho
(ha) trecho

Bacia Hidrográfica do Córrego do Taboão 5 15,477 34,35%

Bacia Hidrográfica do Córrego do Taboão 61 1,019 2,99%

Bacia Hidrográfica do Córrego do Taboão 62 2,925 27,02%

Serra da Calçada 81 0,950 3,21%

Serra da Calçada 82 8,980 33,70%

Sul RMBH 5 20,481 45,45%

Sul RMBH 61 34,073 100,00%

Sul RMBH 62 10,825 100,00%

Sul RMBH 7 28,891 50,13%

Sul RMBH 81 25,453 85,99%

Sul RMBH 82 26,645 100,00%

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Figura 13: Mapa da interação do traçado com as Unidades de Conservação existentes na região.

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3.5.1. ÁREA DE PROTEÇÃO ESPECIAL (APE) BACIA HIDROGRÁFICA DO


CÓRREGO DO TABOÃO

A Área de Proteção Especial Bacia Hidrográfica do Córrego do Taboão foi criada em


1982 pelo Decreto Estadual n° 22.109/1982 e define como de interesse especial para
a proteção de mananciais os terrenos situados no Município de Ibirité.
“... Art. 1º - Ficam definidas como áreas de proteção especial, para fins de
preservação permanente e proteção de mananciais, os terrenos localizados na bacia
hidrográfica do Córrego do Taboão, no Município de Ibirité, com a área de 890 ha,
necessários ao abastecimento de Belo Horizonte...”.
A área apresenta cenários paisagísticos naturais de grande relevância cultural e
beleza cênica e usos ligados à pesquisa científica, educação ambiental e ecoturismo
estão entre as potencialidades principais destas áreas.
As áreas dos mananciais são também protegidas por Decretos Estaduais, na categoria
de Áreas de Proteção Especial – Mananciais, denominadas de APEs Fechos,
Catarina, Mutuca, Barreiro, Bálsamo, Rola-Moça e Taboão. Além disso, inseridas no
perímetro das APEs, estão as áreas sob a administração da COPASA, onde a mesma
possui a concessão das águas. No entanto, mesmo com todo o aparato legal,
percebe-se grande intervenção antrópica nessas áreas.

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Figura 14: Mapa de detalhe da inserção do trecho que atravessa a APE da Bacia do Córrego Taboão.

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O mapa já apresentado ilustra a sobreposição de diferentes áreas de proteção


ambiental na altura do trecho 5, sendo elas, a Área de Proteção Especial Bacia
Hidrográfica do Córrego do Taboão, a Área de drenagem a montante de curso d’água
enquadrados em classe especial do córrego Taboão, a zona de amortecimento do
Parque Estadual Serra do Rola-Moça e a APA Sul RMBH. Pode ser observado que o
traçado passa próximo as linhas interfluviais da bacia hidrográfica do córrego Taboão.
Destaca-se que os cursos d'água, além de ser uma fonte de abastecimento dos
municípios da RMBH, possuem classe especial, não sendo admitidas alterações nos
parâmetros físicos, químicos ou biológicos. Assim, qualquer poluição difusa ou
material derramado na pista pode possivelmente atingir o curso d’água de classe
especial. No interior da bacia, deverão ser instalados dispositivos de drenagem que
permitam evitar a poluição da bacia. Além disso, alternativas ao traçado inicial podem
ser estudadas de forma a preservar a integridade ambiental da área tendo em vista
densidade de áreas protegidas no entorno.

3.5.2. PARQUE ESTADUAL SERRA DO ROLA-MOÇA

O Parque Estadual Serra do Rola-Moça (PESRM) é uma UC de proteção integral,


estabelecido pelo Decreto Estadual nº 36.071/1994. A referida UC abriga uma
paisagem peculiar por suas características geológicas e topografia acidentada. No
interior do Parque estão presentes fitofisionomias de matas ciliares, áreas de cerrado
e campos rupestres. Além disso, espécies endêmicas e ameaçadas estão presentes
no parque. As conhecidas e peculiares canelas-de-ema Vellozia sp. são plantas
facilmente encontradas no Parque, bem como exemplares da fauna como o lobo-
guará (Chrysocyon brachyurus) a lontra (Lontra longicaudis) e o mico-estrela (Callithrix
sp.) exemplos de uma fauna diversificada.
A região do PESRM abrange, em seus domínios, várias nascentes e cabeceiras de
rios das bacias do Rio das Velhas e do Paraopeba, destacando-se as Áreas de
Proteção Especial (APEs): Taboão, Rola-Moça, Bálsamo, Barreiro, Mutuca e Catarina,
além da Estação Ecológica de Fechos. Tais áreas consistem em mananciais não
abertos à visitação pública que abastecem milhões de usuários integrantes de parte da
população de Belo Horizonte, Ibirité e Brumadinho.
A área ao sudoeste da unidade mais próxima ao empreendimento está dividida
principalmente entre:
• Zonas de Uso Extensivo: “É aquela constituída em sua maior parte por áreas
naturais, podendo apresentar algumas alterações humanas. Caracteriza-se como
uma transição entre a Zona Primitiva e a Zona de Uso Intensivo. O objetivo do
manejo é a manutenção de um ambiente natural com mínimo impacto humano,
apesar de oferecer acesso ao público com facilidade, para fins educativos e
recreativos” e;
• Zonas primitivas: “É aquela onde tenha ocorrido pequena ou mínima intervenção
humana, contendo espécies da flora e da fauna ou fenômenos naturais de grande
valor científico. O objetivo geral do manejo é a preservação do ambiente natural e
ao mesmo tempo facilitar as atividades de pesquisa científica e educação
ambiental permitindo-se formas primitivas de recreação”.

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O rodoanel não atravessa a unidade de conservação. Porém, o traçado se insere em


194,7 ha da sua zona de amortecimento definida pelo plano de manejo de 2007.
Especificamente, a referida zona de amortecimento se sobrepõe ao trecho 5 com 43%
da área do trecho interceptada e aos trechos 6, 7 e 8, com respectivamente 45, 49,
57% da área.
As normas definidas para a ZA no plano de manejo considerando especificamente a
criação de uma nova rodovia são:
• O transporte de produtos perigosos poderá ser efetuado mediante anuência do
órgão Estadual de Meio Ambiente e do órgão de trânsito;
• Toda atividade passível de impacto ambiental, de acordo com as resoluções do
Conama nº 001 de 23/01/86 e nº 237 de 19/12/97, deverá ser licenciada pelo setor
Competente da FEAM e do IEF, tendo parecer técnico da gerência da UC;
• No processo de licenciamento de empreendimentos novos para o entorno da UC
deverão ser observados o grau de comprometimento da conectividade dos
fragmentos de vegetação nativa e a instalação de atividades compatíveis com os
objetivos da UC;
• Na ZA fica permitido somente o uso de agrotóxicos da Classe IV (pouco ou muito
pouco tóxicos), faixa verde, definido pela Lei Federal nº 7.802 de 11/07/89;
• A manutenção da estrada asfaltada deverá observar técnicas que permitam o
escoamento de águas pluviais para locais adequados;
• As propriedades rurais que fazem divisas com o limite do PESRM, não poderão ser
fracionadas em áreas menores do que 2.500 hectares;
• A vegetação nativa deverá ser recuperada e/ou reabilitada, caso necessário,
através do uso de espécies nativas da região;

(Fonte: Plano de Manejo do Parque da Serra do Rola Moça, Encarte 4, 2007).

3.5.3. APA Sul RMBH

A área de proteção ambiental Sul RMBH foi instituída originalmente pelo Decreto
Estadual nº 35.634, de 06.06.94 abrangendo ao todo 165.160 hectares, envolvendo 13
municípios. A APA é uma unidade de conservação de Uso Sustentável, porém
apresenta regime de uso ocupação únicos.
A Lei nº 13.960/2001 detalha:
“Art. 1º - Sob a denominação de Área de Proteção Ambiental Sul
Região Metropolitana de Belo Horizonte - APA Sul RMBH -, fica
declarada área de proteção ambiental a região situada nos
Municípios de Barão de Cocais, Belo Horizonte, Brumadinho, Caeté,
Catas Altas, Ibirité, Itabirito, Mário Campos, Nova Lima, Raposos,
Rio Acima, Santa Bárbara e Sarzedo, com a delimitação geográfica
constante no anexo desta Lei.”

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A Lei no 6.902 /1981, no Art. 9, apresenta os princípios constitucionais.

“Art. 9º - Em cada Área de Proteção Ambiental, dentro dos princípios


constitucionais que regem o exercício do direito de propriedade, o
Poder Executivo estabelecerá normas, limitando ou proibindo:
a implantação e o funcionamento de indústrias potencialmente
poluidoras, capazes de afetar mananciais de água;
a realização de obras de terraplenagem e a abertura de canais,
quando essas iniciativas importarem em sensível alteração das
condições ecológicas locais;
o exercício de atividades capazes de provocar uma acelerada erosão
das terras e/ou um acentuado assoreamento das coleções hídricas;
o exercício de atividades que ameacem extinguir na área protegida as
espécies raras da biota regional.”

Na APA Sul RMBH estão presentes duas grandes bacias hidrográficas, a do Rio São
Francisco e a do Rio Doce, que respondem pelo abastecimento de aproximadamente
70% da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região
metropolitana.
A área possui uma das maiores extensões de cobertura vegetal nativa contínua do
Estado, abrangendo regiões conhecidas como Caraça e Gandarela, onde estão
localizadas matas úmidas de fundos de vales e as matas de altitude, além de grandes
formações rochosas. Estas características determinam inestimável valor em termos de
biodiversidade.
Foi realizado o Zoneamento Ecológico Econômico da APA Sul RMBH em 2006, com o
intuito conduzir a tomada de decisões em gestão territorial a favor do equilíbrio entre
desenvolvimento econômico e conservação ambiental, de acordo com as reais
vocações temáticas e potencialidades da APA.

3.5.4. MONUMENTO NATURAL MUNICIPAL SERRA DA CALÇADA

O Monumento Natural Serra da Calçada, que integra a APA Sul da RMBH, é uma
unidade de conservação ambiental, criada pelo Decreto Municipal nº 5.320/2013, de
Nova Lima. É uma unidade de conservação de proteção integral e a visitação pública
está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade.
Esse plano de manejo existe desde 2016 e estabelece normas e diretrizes para o
Monumento Natural.
De acordo com o Art. 2 do decreto de criação, este MONA tem como objetivo básico
preservar os sítios naturais raros, singulares e de grande beleza cênica e, por
objetivos específicos, a salvaguarda da biodiversidade, dos recursos hídricos
superficiais e subterrâneos, dos sítios de valor arqueológico, paleontológico,
espeleológico, ecológico, histórico, científico, cultural e dos valores turísticos regionais.
A maioria dos terrenos incluídos no monumento natural são terrenos particulares
pertencentes a Mineradora Vale.
Na área da UC foi tombado, em 2008 pela Deliberação CONEP nº 04/2008, o
Conjunto Histórico e Paisagístico da Serra da Calçada provisoriamente pelo Instituto
Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA), com o objetivo de preservar seu

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imenso patrimônio natural, geológico, espeleológico, histórico, cultural, turístico e


paisagístico das interferências antrópicas, sobretudo do setor imobiliário, do turismo
predatório e das atividades de mineração. Esse Tombamento Provisório tem os
mesmos efeitos legais do Tombamento Definitivo, apesar de o bem tombado ainda
não se encontrar registrado no Livro dos Tombos.
O Monumento Natural da Serra da Calçada se localiza no divisor de águas entre a
bacia do Rio das Velhas e a bacia do rio Paraopeba. Ele abriga mananciais de
importância para a recarga de aquíferos da região. O relevo é montanhoso a
escarpado. Devido a essa configuração geomorfológica, o plano de manejo afirma que
a serra apresenta forte susceptibilidade à erosão, ressaltando-se a atividade humana
como agravante dos fenômenos naturais. Os processos erosivos hoje instaurados na
área do MONA Serra da Calçada são resultantes da interação rocha-solo-relevo-clima-
vegetação-atividades antrópicas, particularmente importantes na aceleração dos
processos erosivos. Os focos de erosão identificados revelam o predomínio dos sulcos
associados, em geral, a trilhas utilizadas por veículos automotores.
Os gradientes de altitude, microclimas e solos diferentes são propícios a presença de
fitofisionomias variadas com destaque para campos rupestres ferruginosos e
quartzíticos. No plano de manejo, é observado que nas áreas mais baixas e ao longo
de cursos d’água, os remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual dominam,
ao passo que nas encostas e topos de morros, são mais frequentes campos sujos,
campos limpos e campos rupestres (ferruginosos ou quartzíticos). Áreas de transição
entre florestas e campos em geral apresentam uma elevada riqueza de espécies.
A Serra da Calçada é um lugar visitado por turistas pelas riquezas naturais e o
patrimônio histórico presentes. Apesar dessa presença, o parque não conta com uma
infraestrutura implantada para apoio à visitação, salvo algumas estradas de acesso.
O Monumento Natural é de grande importância pelos elementos paisagísticos, físicos,
bióticos e históricos que ele abriga. São eles (SETE, 2016):
• "Patrimônio paisagístico: relevo de destaque e pontos de mirantes privilegiados;
beleza cênica associada principalmente ao relevo e à cobertura vegetal; disjunção
da malha urbana e favorecimento de corredores ecológicos.
• Aspectos físicos: importância como área de recarga de aquíferos.
• Aspectos bióticos: representatividade em relação ao ecossistema de campo
rupestre sobre canga; biota diversificada incluindo espécies endêmicas do
Quadrilátero Ferrífero.
• Patrimônio histórico: a Serra da Calçada, patrimônio cultural do estado de Minas
Gerais, integra a memória histórica da mineração dos séculos XVIII e XIX,
atividade fundamental para a ocupação do território mineiro. O Forte de
Brumadinho, a Calçada dos Escravos e os Muros de Pedras, localizados no
entorno do MONA, são resquícios dessa memória."
A maior parte do MONA está inserida em “zona de preservação” incluindo toda a área
de campos nativos e fragmentos florestais. Nessas zonas, a proteção dos recursos
naturais, do patrimônio histórico e preservação da biodiversidade são os objetivos
principais.

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O Plano de Manejo (SETE, 2016) também define a zona de amortecimento do MONA


como a zona acompanhando o limite oeste do monumento e se estendendo até os
bairros e localidades Miguelão, Vale do Sol e Serra dos Manacás ao leste. Os critérios
para estabelecer a zona de amortecimento foram: manter a visibilidade e preservar a
paisagem, garantir a acessibilidade, favorecer a conectividade entre fragmentos e
ambientes naturais e integrar os bairros e localidades vizinhos.
obre as normas que regem a zona de amortecimento, o Plano de Manejo declara:

"De acordo com o artigo 36 da lei do SNUC (parágrafo 3), toda atividade
passível de impacto ambiental deverá ter a anuência do Conselho Gestor do
Mosaico de Unidades de Conservação municipais de Nova Lima. Nos casos
de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto
ambiental, o MONA deverá ser um dos beneficiários da compensação
ambiental."(SETE, 2016)

"No processo de licenciamento de empreendimentos novos para o entorno da


UC, deverá ser considerada a visibilidade do Monumento Natural pela
população (respeitar a visibilidade do MONA a partir dos principais pontos
de visada nas vias de acesso do município); a conectividade dos
remanescentes de vegetação nativa campestre e florestal entre o MONA e os
vales florestados próximos (via APPs, mini-corredores ou pontos vegetados
intercalados nas áreas ocupadas – stepping stones)." Também, em relação
ao trânsito de veículos automotores consta que " Fica proibido o trânsito nas
estradas internas do MONA, exceto para acesso do proprietário da área,
para pesquisa, fiscalização e manutenção (...) fica proibida a prática de
atividades esportivas com veículos automotores (...) Fica ainda proibido o
transporte de carga, de qualquer natureza, que constituir potencial risco ou
dano à integridade dos ambientes e da fauna do MONA." (SETE, 2016)

3.5.5. RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

Em conformidade com a Lei Federal nº 9985/2000 (SNUC), “a reserva particular de


patrimônio natural (RPPN) é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o
objetivo de conservar a diversidade biológica” (Art. 21);
Segundo a Lei nº 14.309/02, “As reservas particulares do patrimônio natural têm por
objetivo a proteção dos recursos ambientais representativos da região e poderão ser
utilizadas para o desenvolvimento de atividades de cunho científico, cultural,
educacional, recreativo e de lazer e serão especialmente protegidas por iniciativa de
seus proprietários, mediante reconhecimento do poder público, e gravadas com
perpetuidade.” (Inciso V do Art. 24)
O traçado do rodoanel não intercepta Reservas Particulares do Patrimônio Natural.
Porém, aproxima-se das RPPNS Jangada (130m), Riacho Fundo I e II (menos de
250m). Além disso, no entorno direto encontram-se as RPPNS Sítio Grimpas (menos
de 1.600m), Sítio Pirilampo (menos de 2.300m) e Ville Casa Branca (menos de
2.300m).
Vale destacar que a Reserva Particular do Patrimônio Natural Sítio Grimpas se localiza
no município de Brumadinho, a menos de 2 km do empreendimento, tendo sido criada
pela Portaria nº 108/95-N do IBAMA. A área tem como vocação preservar mananciais
e fragmentos de vegetação nativa e a riqueza da biodiversidade. Se destacam

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também cenários paisagísticos naturais de grande relevância cultural e beleza cênica


de acordo com as informações contidas no ZEE da APA Sul RMBH.

3.5.6. ÁREAS DESTINADAS A RESERVA LEGAL DE PROPRIEDADES


RURAIS

A Reserva Legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,


com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos
ecológicos e da biodiversidade, abrigar a fauna silvestre e proteger a flora nativa,
conforme regulamentada na Lei Estadual nº 20.922/2013. A área de reserva legal
deverá ser equivalente a no mínimo 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, e
sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente,
excetuados os casos previstos na referida Lei (IEF).
O empreendimento intercepta 29,1 ha de Reserva Legal averbada ou proposta de
acordo com os dados disponíveis no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural
(2020), principalmente nos trechos 6, 7 e 8. Essas áreas deverão ser compensadas de
acordo com a legislação ambiental. A tabela seguinte explicita as áreas interceptadas:
TABELA TAL.....
Trecho Área interceptada (ha)
2 0,33
3 0,96
5 1,90
61 6,22
62 0,60
7 13,19
81 2,85
82 3,07

Nos trechos 6, 7 e 8, o empreendimento se sobrepõe a 16,7 ha de Reserva Legal


averbada.

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Figura 15: Mapa contendo as áreas de reserva legal presentes junto ao macro trecho urbano.

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Figura 16: Mapa contendo as áreas de reserva legal presentes junto ao macro trecho rural.

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4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO ANTRÓPICO

4.1. ESTRADAS E BAIRROS NO ENTORNO

Os trechos interceptam as estradas a seguir:


• Trecho 1: Contorno de Betim (BR-262-381) e uma estrada dupla sem nome.
• Trecho 2: Rua Paquistão, Alameda das Candeias, Alameda das Palmeiras,
Alameda do Espigão, Avenida dos Licuris, Rua Lorena, Rua Cristina no município
de Betim
• Trecho 3: Rua Vinte, Rua Sergipe, Avenida Industrial no município de Ibirité.
• Trecho 4: Rua Maia, Rua Integração, Rua 41, Avenida São Paulo e uma via
residencial sem nome identificado no município de Ibirité.
• Trecho 5: MG-040 e cinco estradas no município de Ibirité.
• Trecho 6: Estrada Maurílio Parreiras Maia e uma estrada não pavimentada no
município de Brumadinho.
• Trecho 7: Rua Josephina de Souza Lima Lobato, Estrada Francisco Amaro Filho e
três estradas não pavimentadas no município de Brumadinho.
• Trecho 8: Três estradas ou caminhos não pavimentados no município de Nova
Lima, próximos a interseção com a BR-040.
No entorno de 500 m do eixo principal do rodoanel são encontrados os bairros e
condomínios seguintes (OpenStreetMap):
• Em Betim, Vila Verde, Estância do Sereno, Granja das Candeias;
• Em Ibirité, Petrovale 2ª Seção, Vila Petrolina, Residencial Lajinha, Pantana,
Fazenda Lajinha, Residencial Palmira, Distrito Industrial Marsil, Cascata, Eldorado,
Condomínio Bela Vista, Petrovale, Petrolina, Condomínio das Palmeiras e Jardim
Rosário.
4.2. EMPREENDIMENTOS NO ENTORNO
Ao longo do traçado e principalmente nos trechos mais urbanos (1 a 4) foram
identificados pontos de atenção, como indústrias, barragens, áreas contaminadas e
outros empreendimentos antrópicos.
De forma detalhada, foram identificados, a menos de 200 metros do trecho 2, um
conjunto habitacional de interesse social, possivelmente consequência de algum
reassentamento recente, devendo se analisar a necessidade de reassentamento do
conjunto, um Aterro para resíduos de Classe II de origem industrial da TEKSID e uma
barragem da BRASMIC, ao lado da zona de extração de areia. No mesmo trecho, o
assentamento Dom Orione, do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST), se
encontra ao sul do projeto, próximo ao km 3

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A menos de 200 metros do trecho 3, estão presentes duas bases de armazenamento


e distribuição de gás liquefeito de petróleo – GLP da Ultragaz e Copagaz. Na mesma
altura, Áreas Contaminadas sob Investigação se sobrepõem ao traçado e ao entorno
imediato dele. Estudos futuros são recomendados para avaliar a extensão exata e o
tipo de poluição e a possível contaminação de áreas vizinhas.
Ao sul da refinaria Passos, estão localizadas duas barragens de resíduos de classe II
a montante do rodoanel. Na mesma zona, uma usina termoelétrica chamada Aureliano
Chaves (Antiga Ibirité), propriedade de Petróleo Brasileiro S.A. usando gás natural
está distante de menos de 200 metros do traçado do rodoanel. Destacam-se a
importância de uma análise de risco e o estudo da legalidade da localização do
traçado próximo a esta usina.
São observados no entorno de 200 m do trecho 4, a unidade de Ibirité da Universidade
do Estado de Minas Gerais – UEMG/Fundação Helena Antipoff, com salas de aula e
centros de pesquisa da UEMG, onde também encontramos como bem tombado em
nível municipal o Acervo de Helena Antipoff, a Escola de Educação Básica EEB
(Escola Sandoval Soares de Azevedo), a Clínica de Psicologia Edouard Claparède e a
Biblioteca Comunitária Helena Antipoff.
A Fazenda do Rosário - Fundação Pestalozzi e o Cemitério do Canal, também se
encontram próximos ao traçado. Vale destacar que o rodoanel se sobrepõe ao Centro
de Zoonose de Ibirité.
A menos de 300 metros do trecho 5, pode ser observada a Barragem Capim Branco
da empresa Vale. A proximidade do rodoanel de barragens a montante dele, implica
avaliar e analisar os riscos em caso de rompimento de barragem (Dam break).
Finalmente, o traçado intercepta duas Áreas de Segurança Aeroportuárias
estabelecidas pela Lei nº 12.725/2012. Os trechos 1 a 5 interceptam a área do
aeroporto Carlos Prates e os trechos 5 a 8, do aeroporto Haras RPC.

4.3. PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E CULTURAL

Em relação ao patrimônio cultural, o trecho 1 se encontra na área de influência dos


saberes, Linguagens e expressões musicais da viola em Minas Gerais registrada no
município de Betim (IEPHA, 2017). No município de Ibirité, os trechos 3, 4 e 5
interceptam áreas de influência das manifestações religiosas e práticas musicais
seguintes: Associação Folia de Reis Divino Espírito Santo, Prática Musical de Violeiro,
Folia de Reis Jesus-Maria-José e Folia dos Santos Reis Irmãos Unidos com Fé.
Destaca-se que, a menos de 400 metros do projeto, está localizada a Capela Nossa
Senhora do Rosário, que possivelmente está incluída no trajeto destas Folias. Essas
áreas de influência são indicativas, sem apresentar um valor legal impeditivo.
O único bem tombado em nível estadual no entorno do rodoanel é o Conjunto
Histórico e Paisagístico da Serra da Calçada que foi efetuado por meio da reunião do
Conselho Curador do dia 30 de julho de 2008. São encontrados vestígios históricos,
testemunhos da história da mineração na região nos séculos XVIII e XIX. O topônimo
Serra da Calçada advém do caminho pavimentado com lajes de pedra de mão que

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unia o Vale do Paraopeba a Serra da Moeda. Nela encontram-se várias ruínas e um


dos remanescentes é a antiga fábrica de São Caetano da Moeda Velha e complexo
minerário do “Forte de Brumadinho”. Aparentemente, esse tombamento é provisório,
mas tem os mesmos efeitos legais de um tombamento definitivo.
O Plano de Manejo do Monumento Natural da Serra da Calçada descreve esse
patrimônio histórico:
"Na Serra da calçada, do período histórico, é possível avistar ao longe parte das
estruturas que formam o Sítio Arqueológico Forte de Brumadinho, composto por
estruturas atribuídas a uma fortificação, uma grande cata a céu aberto, um extenso
sistema hidráulico e uma estrada calçada que ligava a área de lavra, na parte mais
baixa, ao topo da serra. De acordo com recentes pesquisas arqueológicas e históricas,
nas primeiras décadas do século XVIII, importantes descobertas de ouro foram
realizadas às margens do rio Paraopeba e em mais alguns pontos da serra da Moeda,
proporcionando um grande movimento exploratório. A construção do Forte de
Brumadinho é reflexo dessa intensa exploração aurífera, e testemunho da grande
riqueza produzida na região, período em que o contrabando foi praticado em larga
escala (JARDIM, 1982). Em função disso, o motivo da construção do forte passou a
frequentar o imaginário local, que criou hipóteses sobre a função do Forte: ele teria
servido de abrigo para tropas militares (PREFEITURA MUNICPAL DE
BRUMADINHO, 2003); ou teria sido um local de cunhagem clandestina de moeda,
recebendo a alcunha de Casa da Moeda Falsa; com o desenrolar das pesquisas
arqueológicas e históricas foram localizadas as ruínas da verdadeira Casa da Moeda
Falsa no atual lugarejo de “São Caetano da Moeda” (GUIMARÃES et al., 2003).
Pesquisas arqueológicas indicaram que a construção funcionava como sede
administrativa de uma grande unidade mineradora, característica do período colonial
mineiro (GUIMARÃES et al., 2003). Segundo Neves (in Baeta e Piló 2015), ela
provavelmente foi construída com o fim de resguardar o ouro de possíveis furtos; a
parte central ao fundo possuía um telhado de uma casa interna; o resto seria um pátio.
O muro maciço e sem brechas teria o fim de evitar contato com o exterior, com total
controle pela única entrada, com uma “caixa-forte”. A posição da entrada sugere o
controle do acesso para as povoações existentes pela serra acima, onde a maior
visibilidade propiciaria o controle de eventuais rebeliões."

A área de influência do bem tombado (IDE SISEMA) consiste em um raio de 10 km no


entorno de um ponto central localizado na Serra da Calçada. Porém, no Plano de
Manejo do MONA, é apresentado um limite mais detalhado. Esse limite borda a BR-
040 ao leste, é limitado ao sul pela mina Pau Branco e ao norte pela localidade Retiro
das Pedras. A divisa leste corresponde aproximadamente à confluência do córrego
Senzala com outro rio para formar o Ribeirão da Catarina. Essa área de influência
engloba a maior parte dos campos nativos da serra.
Finalmente, pode ser observada também a sobreposição dos trechos 3 e 4 com o raio
de restrição a terras Quilombolas de 15 km de tipologia "Aproveitamentos hidrelétricos
(UHEs e PCHs)". A restrição de 10 km para rodovias não alcança o quilombo. Esse
raio protege o Quilombo urbano dos Luízes na cidade de Belo Horizonte. O mesmo
cenário é encontrado em Brumadinho, com o Quilombo do Sapé, distante a 13 km do
trecho 7, em linha reta.

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