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PREFEITURA MUNICIPAL DE VOTORANTIM

PLANO MUNICIPAL DE
GERENCIAMENTO INTEGRADO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS

Votorantim/SP
2014
APRESENTAÇÃO

O crescimento populacional desenfreado, unido com o desenvolvimento


industrial e econômico das cidades, faz com que o planejamento urbano seja uma das
principais necessidades em curto prazo, sobretudo no que se refere ao meio ambiente.
Aliado a esse cenário, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída
pela Lei 1.2305 de 02 de agosto de 2010, dispõe sobre seus princípios, objetivos e
instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao
gerenciamento de resíduos sólidos (incluídos os perigosos), às responsabilidades dos
geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis, proibindo ainda
a criação de lixões, nos quais os resíduos são lançados a céu aberto, auxiliando assim a
melhoria nas condições sanitárias e ambientais das cidades.
É introduzida na legislação a "responsabilidade compartilhada", envolvendo
a sociedade, as empresas, as prefeituras e os governos estaduais e federal na gestão dos
resíduos sólidos. Grande parte dos municípios brasileiros apresentam ações voltadas
para a coleta dos resíduos, no entanto, não atendem às necessidades no que se refere ao
tratamento e destinação final adequada.
O presente documento consolida os estudos técnicos relacionados aos
serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos do Município de
Votorantim. Foi desenvolvido em conformidade com a Lei Federal nº 11.445/07, que
estabelece a Política Nacional de Saneamento, bem como com a Lei Federal 12.305/10,
que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
O horizonte de tempo considerado no presente estudo foi de 20 (anos),
incluindo prognósticos de curto (1 a 4 anos), médio (4 a 8 anos) e longo (8 a 20 anos)
prazos.
Em seu desenvolvimento, o documento foi estruturado de forma a
apresentar o diagnóstico, que retrata a situação atual da gestão integrada dos resíduos
em Votorantim, a proposição dos objetivos, metas e ações, bem como os mecanismos e
procedimentos a serem utilizados visando avaliar de forma sistemática as ações
programadas. Compõem este plano, também, as ações para emergências e contingências
e ainda as proposições relacionadas à forma como se dará o controle social sobre a
gestão integrada dos resíduos sólidos.

2
Sumário

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 6
2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 7
2.1 OBJETIVOS PRELIMINARES .............................................................................. 8
2.3 OBJETIVOS ESPECIFICOS ................................................................................... 9
2.4 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ............................................................................... 10
3. Metodologias adotadas ............................................................................................ 11
3.1 Classificações dos Resíduos Sólidos .................................................................... 12
3.1.1 Doméstico ou Residencial: ................................................................................ 13
3.1.2 Comerciais: ....................................................................................................... 13
3.1.2.1. Relação das Empresas Consideradas como Grande Geradoras de Resíduos
Sólidos em Votorantim....................................................................................................14
3.1.3. Público ............................................................................................................. 14
3.1.4. Domiciliar Especial .......................................................................................... 15
3.1.5 Fontes Especiais ................................................................................................ 16
4. CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS............................................. 20
4.1. Quanto às características físicas ......................................................................... 20
4.2. Quanto às características químicas .................................................................... 21
4.3. Quanto às características biológicas ................................................................... 21
5. O PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS23
5.1. Interação do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos com o Plano Diretor Municipal ...................................................................... 23
6. DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE LIMPEZA URBANA E MANEJO DE
RESIDUOS SOLIDOS ................................................................................................ 26
6.1. CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE RESÍDUOS CONTEMPLADOS ...... 27
6.1.1. Resíduos Sólidos Urbanos .................................................................................. 27
6.1.1.1. Resíduos domiciliares....................................................................................... 27
6.1.1.2. Tipos de coleta e transportes .......................................................................... 29
6.1.2. Coleta Seletiva .................................................................................................... 32
6.1.2.1. Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Votorantim -
COOPERVOT ............................................................................................................... 33
6.1.3. Outros Serviços ................................................................................................... 36
6.1.3.1. Serviços de roçada e capinação ....................................................................... 36
6.1.4. Aterro sanitário .................................................................................................. 36
6.1.4.1. Estudo investigatório de águas subterrâneas ................................................ 37
6.1.4.2. Resultados do Estudo Investigatório de Águas Superficiais ........................ 38
6.1.4.3. Plano de Monitoramento das Águas Superficiais do córrego Machadinho 39
6.1.4.4. Estudo investigatório de solos ......................................................................... 40
6.1.5. Resíduos dos Serviços de Saúde ......................................................................... 40
6.1.5.1. Tipos/Classes de Resíduos Coletados ............................................................. 41
6.2. UNIDADES DE TRANSBORDO, TRATAMENTO, RECICLAGEM E
DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS ...................................................................... 42
6.2.1. Área de Transbordo ............................................................................................ 42
7. PROGNÓSTICOS .................................................................................................... 43
7.1. DEMOGRAFIA ..................................................................................................... 43
7.2. GERAÇÃO DE RESÍDUOS DOMICILIARES.................................................. 45

3
7.3. GERAÇÃO DE RESÍDUOS DA SAÚDE ............................................................ 48
7.4. Geração de Resíduos da Construção Civil
(RCC)..............................................................................................................................49
7.5. Geração de Resíduos da Coleta Seletiva .............................................................. 50
8. PLANO DE METAS E AÇÕES ............................................................................. 52
8.1 ASPECTOS SÓCIO-PARTICIPATIVO .............................................................. 52
8.2. COLETA CONVENCIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS .......... 54
8.2.1. Resíduos Domiciliares ......................................................................................... 54
8.2.2. Resíduos da Varrição e Serviços Complementares .......................................... 55
8.2.3. Coleta Seletiva e Valorização dos Recicláveis .................................................. 57
8.3. COLETA CONVENCIONAL DE RESÍDUOS DE SAÚDE ............................ 58
8.4. COLETAS DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - RCC ...................... 60
8.4.1. Pontos de Descarte de Resíduos Inertes em Votorantim ................................. 65
8.5. NOVAS TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO E DESTINAÇÃO FINAL DE
RESÍDUOS .................................................................................................................... 66
9. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL E INFORMAL ....... 69
9.1. Programas e ações de capacitação técnica ........................................................... 71
9.2. LOGÍSTICA REVERSA (RESÍDUOS ESPECIAIS) ........................................ 73
9.3. ÁREAS DE PASSIVOS AMBIENTAIS .............................................................. 74
10. ESCOPO DOS SERVIÇOS PARA 20 ANOS ...................................................... 78
10.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 78
10.2. ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DOS SERVIÇOS ............................................ 81
10.2.1. Resíduos Domiciliares e Comerciais ................................................................ 81
10.2.1.1. Coleta Manual e Transporte de Resíduos Sólidos Domiciliares e
Comerciais ..................................................................................................................... 81
10.2.1.2. Varrição Manual de Vias e Logradouros Públicos .................................... 82
10.2.1.3. Coleta domiciliar Conteinerizada ................................................................. 82
10.2.1.4. Serviços Diversos ........................................................................................... 82
10.2.1.5. Coleta Seletiva ................................................................................................ 83
10.2.1.6. Coleta Seletiva Especificada ......................................................................... 85
10.2.2. Resíduos da Saúde ............................................................................................ 99
10.2.3. Recolhimento de Animais Mortos ................................................................. 100
10.2.4. Resíduos Inertes ............................................................................................. 101
10.2.4.1. Unidade de beneficiamento ......................................................................... 101
10.2.4.2. Aterro de inertes .......................................................................................... 101
10.2.4.3. Ecopontos – operação e manutenção .......................................................... 102
10.2.5. Limpeza de bocas de lobo ............................................................................... 104
10.2.6. Lavagem de vias, feiras livres, praças e logradouros ................................... 104
10.2.7. Logradouros Especiais - Cemitérios, Praças, Parques e Várzeas ............... 105
10.2.8. Operação da Unidade de Triagem do Aterro Sanitário .............................. 105
10.2.9. Aterro Sanitário Atual .................................................................................... 106
10.2.9.1. Serviços de Operação ................................................................................... 106
10.2.9.2. Obras de Ampliação..................................................................................... 107
10.2.9.3. Projeto, Licenciamento e Implantação ....................................................... 107
11. ASPECTOS LEGAIS ........................................................................................... 108
11.1. ÂMBITO FEDERAL ......................................................................................... 108
11.2. ÂMBITO ESTADUAL ...................................................................................... 112
4
11.3.ÂMBITO MUNICIPAL ..................................................................................... 113
12. SISTEMA MUNICIPAL DE REGULAÇÃO DA PRESTAÇÃO DOS
SERVIÇOS PÚBLICOS DE MANEJO E DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS ..................................................................................................................... 113
12.1. A Atividade Regulatória e de Fiscalização: Conceito e Características do
Sistema Municipal de Regulação dos Serviços Públicos de Manejo de Resíduos
Sólidos Urbanos e de Limpeza Urbana ..................................................................... 113
12.1.1. A delimitação da abrangência e intensidade da regulação.......................... 116
12.1.1.1. Regulação interna, a abranger....................................................................117
12.1.1.2. Regulação externa, a abranger ................................................................... 118
12.1.2. A questão da alocação institucional de competências regulatórias ............ 118
12.1.3. Modelo institucional da entidade de regulação a ser constituída ............... 122
13. ASPECTOS FINANCEIROS............................................................................... 124
13.1. INVESTIMENTOS PREVISTOS NO PLANO .............................................. 124
13.1.1. Premissas consideradas para as simulações dos valores ............................. 125
13.2. Fluxo de Caixa dos Resíduos ............................................................................. 126
13.3. ASPECTOS REGULATÓRIOS E MODELOS .............................................. 128
13.4. CONTEXTO SETORIAL ................................................................................. 132
13.5. MODELO PARA A GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM
VOTORANTIM .......................................................................................................... 136
14. PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES ............................................................. 141
14.1. PLANO DE AÇÕES PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL ............ 141
14.2. ESTRUTURAS A SEREM IMPLANTADAS ................................................. 142
14.2.1. Central para o Recebimento dos Resíduos Sólidos Provenientes da Coleta
Domiciliar/Sistema de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos ......................... 142
14.2.2. Transbordo de Resíduos Sólidos Domiciliares ............................................ 143
14.2.3. Sistemas de Transbordo, Tratamento e Disposição Final de Resíduos de
Serviços de Saúde ........................................................................................................ 144
14.2.4. Usina de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição ......... 145
14.3. PRAZOS PARA O PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL .. 145
14.4. UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO TRATAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS................................................................................................146
15. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO, CONTROLE E MONITORAMENTO
COM MODELO E PROPOSTA DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
PARA A GESTÃO DE RSU. ..................................................................................... 147
16. AÇÕES DE EMERGÊNCIA E CONTINGÊNCIAS ........................................ 153
17. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 157
18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 158
19. ANEXOS ................................................................................................................ 160

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1. INTRODUÇÃO
Os Serviços de Limpeza Urbana são de responsabilidade do Município
conforme o inciso V do artigo 30 da Constituição Federal, e a Lei Federal nº 11.445, de
5 de janeiro de 2007.
Nos últimos anos a Prefeitura Municipal de Votorantim, através do extinto
Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), de 1999 a 2013, e de outros órgãos da
Administração Direta vem desempenhando essa função da melhor maneira possível,
garantindo a realização desses serviços vitais para a limpeza, embelezamento e saúde
pública da cidade. A referência para execução desses serviços é o Plano Diretor de
Resíduos Sólidos de Votorantim, elaborado em 2002, cujo conteúdo serviu de base de
informações para o presente estudo.
Os serviços de limpeza urbana são considerados complexos e tem gerado
despesas e investimentos ao longo do tempo por parte da Prefeitura.
O histórico e a complexidade desses serviços exigem planejamento de longo
prazo para que a articulação dos recursos orçamentários ocorra uniforme e
constantemente e de forma coerente com as demandas da cidade.
É certo que a Administração Municipal não detém, em seu quadro, todos os
recursos técnicos, operacionais e humanos para o desempenho de todas as funções que
lhe são atribuídas na legislação local e federal vigente, como as de coleta e transporte e
principalmente a destinação final dos resíduos sólidos. Por isso, a Prefeitura tem
recorrido à contratação de particulares, em regime de empreitada.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS - Lei 12.305, de 2 de
agosto de 2010, reafirma a definição da Lei 11.145/2007 sobre a obrigatoriedade de
elaboração de Planos de Resíduos Sólidos para todos os municípios brasileiros.
Em seu Art. 14 a Lei 12.305 define como planos de resíduos sólidos:
(i) O Plano Nacional de Resíduos Sólidos; os planos estaduais de resíduos
sólidos;
(ii) os planos microrregionais de resíduos sólidos e os planos de resíduos
sólidos de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas;
(iii) os planos intermunicipais de resíduos sólidos;
(iv) os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos; e
(v) os planos de gerenciamento de resíduos sólidos.

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A referida Política Nacional de Resíduos Sólidos condiciona a elaboração
de plano de gestão integrada de resíduos sólidos pelos municípios e o Distrito Federal
para acessar recursos da União, ou por ela controlados, destinado a empreendimentos e
serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem
beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou
fomento para tal finalidade.
Ainda para acesso a recursos federais, a Lei 11.445/2007 prioriza
municípios que implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Estas
devem ser formadas por pessoas físicas de baixa renda e que trabalharem de forma
consorciada. Define ainda em seu Art. 19 as etapas e o conteúdo mínimo obrigatório
para a elaboração do Plano.
A Lei 11.445/2007 também define que a prestação dos serviços públicos de
saneamento básico observará plano, que são indispensáveis e obrigatórios para a
contratação ou concessão dos serviços. Em seu Art. 3º inciso II a lei define a gestão
associada como uma associação voluntária de entes federados, por convênio de
cooperação ou consórcio público, conforme disposto no art. 241 da Constituição
Federal.
O plano deve ser elaborado pelos municípios individualmente ou de forma
regionalizada realizado por meio de consórcio público. O processo de elaboração do
Plano obrigatoriamente deve contar com a participação da comunidade através de
consulta pública e audiências públicas.

2. OBJETIVOS

A falta de gerenciamento dos resíduos em geral, tem sido atualmente alvo


de grandes discussões entre as mais diversas áreas da sociedade. Isto tem ocorrido
devido ao fato dos resíduos representarem uma fonte de riscos à saúde e ao meio
ambiente, principalmente pela falta de adoção de procedimentos técnicos e
ambientalmente adequados no que diz respeito ao seu manejo.
O manejo inadequado dos resíduos pode oferecer uma série de riscos
ambientais, que ultrapassam os limites do município gerador, podendo gerar doenças e

7
perda da qualidade de vida da população que, direta ou indiretamente tenha contato com
o material descartado, desde o momento da geração até seu destino final.
O objetivo geral deste documento é consolidar e apresentar os diferentes
aspectos (técnicos, institucionais, administrativos, legais, sociais e econômicos) do
sistema de limpeza urbana, manejo e gestão integrada de resíduos sólidos do município
de Votorantim. Ressaltando que, nos termos da legislação federal, a elaboração do plano
de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do município atende aos preceitos legais da
Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010),
Assim, a mencionada Lei prevê que o Município formulará a respectiva
política pública de Gestão dos seus resíduos entre outras medidas, deverá elaborar o
plano de Gestão integrada de Resíduos sólidos, observando parâmetros para a eficiência
nos processos de não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos
resíduos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

2.1 OBJETIVOS PRELIMINARES

 Proteger a saúde pública e a qualidade do meio ambiente;


 Definir o papel do setor privado e da sociedade civil na gestão dos resíduos e
suas responsabilidades no cumprimento dos objetivos da política de meio
ambiente da cidade;
 Incentivar a coleta seletiva, a reutilização e a reciclagem, garantindo a redução
da geração de resíduos sólidos;
 Incentivar a indústria da reciclagem, através do fomento do o uso de matérias-
primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados, bem como o
desenvolvimento de novos produtos e processos, com vistas a estimular a
utilização das tecnologias ambientalmente saudáveis;
 Garantir a adequada disposição final dos resíduos mediante utilização de
técnicas ambientalmente sustentáveis e propiciadoras do aproveitamento de
energia;
 Gerar benefícios sociais e a busca da sustentabilidade econômica dos serviços
ligados ao gerenciamento de resíduos, promovendo o desenvolvimento
sustentável;

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 Criar mecanismos de geração de trabalho e de renda promovendo a inclusão
social dos catadores de materiais recicláveis;
 Promover a capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
 Incentivar as parcerias do governo com organizações que permitam aperfeiçoar a
gestão integrada de resíduos sólidos;
 Garantir a recuperação de áreas degradadas pela disposição inadequada de
resíduos sólidos e de rejeitos, pela própria municipalidade ou pelo autor da
degradação, quando identificado;
 Garantir o acesso da população à informação, à participação e ao controle social
nas questões relativas à gestão integrada de resíduos sólidos;
 Garantir a regularidade, a continuidade, a funcionalidade e a universalidade dos
serviços públicos de manejo de resíduos sólidos.

2.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos deste documento são elaborar e apresentar os


diagnósticos dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos
(conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte,
transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário de varrição
e limpeza de logradouros e vias públicas).
Para tanto, serão levantados e sistematizados os dados disponíveis referentes
ao manejo atual dos resíduos sólidos urbanos gerados no município de Votorantim e,
com base em tais informações:
(i) Formular prognósticos para diferentes temas e diferentes cenários
temporais, de curto (1 a 4 anos), médio (4 a 8 anos) e longo (8 a 20 anos);
(ii) Apresentar o plano de metas (curto, médio e longo prazos) para as
diferentes ações de coleta e disposição final dos resíduos; para a
implementação de programas de educação ambiental formal e informal; para
as ações de coleta seletiva e de logística reversa, entre outras;
(iii) Propor programas, projetos e ações focados: (a) na capacitação técnica;
(b) na educação ambiental voltada às ações de não geração, redução,
reutilização e de reciclagem de resíduos; (c) no controle e fiscalização da

9
implementação e operacionalização dos planos de gerenciamento de
resíduos sólidos dos sistemas de logística reversa/responsabilidade
compartilhada;
(iv) Propor instrumentos de avaliação, controle e monitoramento voltados
ao estabelecimento de indicadores de desempenho operacional e ambiental
dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
(v) Propor ações de emergência e contingências embasadas em ações
preventivas e corretivas, incluindo programas de monitoramento, em
especial para aquelas áreas com consolidado passivo ambiental relacionado
aos diferentes tipos de resíduos sólidos;
(vi) Apresentar a hierarquização das áreas de intervenção prioritária, tendo
por base todo o diagnóstico socioambiental realizado e os aspectos
financeiros decorrentes.

2.4. Princípios e Diretrizes

O sistema de limpeza urbana de uma cidade deve ser institucionalizado


segundo um modelo de gestão que, na medida do possível e da realidade local, seja
capaz prioritariamente de promover a sustentabilidade econômica das operações;
preservar o meio ambiente e a qualidade de vida da população e, ainda, contribuir para a
solução dos aspectos sociais envolvidos com a questão.
Em todos os segmentos operacionais do sistema de limpeza deverão, então,
ser escolhidas as melhores alternativas que atendam simultaneamente a duas condições
fundamentais: que sejam as mais econômicas e que sejam tecnicamente corretas para o
ambiente e para a saúde da população.
Assim, assume-se no presente estudo, também conforme entendimento de
IBAM (2001), que o modelo de gestão dos resíduos municipais deverá não somente
permitir, mas, sobretudo, facilitar a participação da população na questão da limpeza
urbana da cidade, para que esta se conscientize das várias atividades que compõem o
sistema e dos custos requeridos para sua realização, bem como se conscientize de seu
papel como agente consumidor e, por consequência, gerador de lixo.

10
A consequência direta dessa participação popular poderá se traduzir, de fato,
na real possibilidade de se dar pleno atendimento às determinadas diretrizes
previamente estabelecidas pelos gestores públicos, quais sejam:
(i) redução da geração de lixo;
(ii) manutenção dos logradouros limpos;
(iii) acondicionamento e disposição para a coleta adequados, e, como
resultado final,
(iv) operações dos serviços menos onerosas.
Também de encontro ao que recomenda IBAM (2001), entende-se que a
base para a ação política está na satisfação da população com os serviços de limpeza
urbana, cuja qualidade se manifesta na universalidade, regularidade e pontualidade dos
serviços de coleta e limpeza de logradouros, dentro de um padrão de produtividade que
denota preocupação com custos e eficiência operacional.

3. METODOLOGIAS ADOTADAS

A metodologia de construção do plano baseia-se nos dados técnicos


resultantes do Diagnóstico Técnico e Participativo realizados no município, durante um
período de quatro meses com compilação dos dados secundários, levantamentos de
campo, entrevistas com lideranças comunitárias, empresas, entre outros.
O Diagnóstico inicial de caracterização tem por objetivo levantar a situação
dos resíduos sólidos no município, traçando um quadro geral, focado nos problemas
mais frequentemente ocasionados pelos resíduos nas localidades diagnosticadas, com o
registro daqueles com presença (em volume) mais significativa – muito provavelmente
os resíduos urbanos, secos e úmidos, e os resíduos da construção civil.
Será, também, informada a existência de: práticas de coleta seletiva de
embalagens e outros resíduos secos, práticas de compostagem de orgânicos, manejo dos
resíduos da construção; além das alternativas de destinação e disposição final já adotada
pelo município
Assim, a elaboração de cenários de situação atual e futura constitui-se um
dos principais aspectos do planejamento, ou seja, analisar em tempos alternativos,
respondendo as perguntas “como estamos hoje e o que queremos para o futuro,

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objetivando a solução de um problema ou a melhoria de uma condição presente
indesejável ou insatisfatória”.

3.1 Classificações dos Resíduos Sólidos

Os resíduos sólidos são classificados de diversas formas tendo-se por base


determinadas características ou propriedades; entretanto, as mais comuns são:
(i) quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente; e
(ii) quanto à natureza ou origem.
A classificação é relevante para a escolha da estratégia de gerenciamento
mais viável. A ABNT classifica os resíduos sólidos segundo a NBR 10.004, tendo por
base o conceito de “classes de resíduos”, conforme segue:
Resíduos Classe I – Perigosos:
São aqueles que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente
apresentando uma ou mais das seguintes características: periculosidade,
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. (ex: baterias,
pilhas, óleo usado, resíduo de tintas e pigmentos, resíduo de serviços de saúde, resíduo
inflamável, etc).
Resíduos Classe II – Não perigosos:
Resíduos Classe II A – Não Inertes: Aqueles que não se enquadram nas
classificações de resíduos classe I – perigosos ou de resíduos classe II B – inertes, nos
termos da NBR 10. 004.
Os resíduos classe II A – Não inertes podem ter propriedades tais como:
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. (ex: restos de alimentos,
resíduo de varrição não perigoso, sucata de metais ferrosos, borrachas, espumas,
materiais cerâmicos, etc.)
Resíduos Classe II B – Inertes: Quaisquer resíduos que, quando amostrados
de uma forma representativa, segundo ABNT NBR 10.007, e submetidos a um contato
dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente,
conforme ABNT NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados
a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto,
cor, turbidez, dureza e sabor. (ex: rochas, tijolos, vidros, entulho/construção civil, luvas
de borracha, isopor, etc.).
12
A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos.
De acordo com IBAM (2001), e segundo este critério, os diferentes tipos de lixo podem
ser agrupados em cinco classes, a saber:
(i) Lixo doméstico ou residencial;
(ii) Lixo comercial;
(iii) Lixo público;
(iv) Lixo domiciliar especial, incluindo os entulhos de obras (RCC), pilhas e
baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus;
(v) Lixo de fontes especiais, incluindo o lixo industrial, radioativo, de
portos, aeroportos e terminais rodoferroviários, agrícola e os resíduos de
serviços de saúde.

3.1.1. Doméstico ou Residencial

São os resíduos gerados das atividades diária nas residências e também


conhecidos como resíduos domiciliares. Apresentam em torno de 50% a 60% de
composição orgânica (cascas de frutas, verduras e sobras, etc.), sendo o restante
formado por embalagens em geral (jornais e revistas, garrafas, latas, vidros, papel
higiênico, fraldas descartáveis e uma grande variedade de outros itens).
A taxa “média” diária de geração de resíduos domésticos por habitante em
áreas urbanas é de 0,5 a 1 Kg/hab.dia para cada cidadão, dependendo do poder
aquisitivo da população, nível educacional, hábitos e costumes.

3.1.2. Comercial

Os resíduos variam de acordo com a atividade dos estabelecimentos


comerciais e de serviço. No caso de restaurantes, bares e hotéis predominam os resíduos
orgânicos, já os escritórios, bancos e lojas os resíduos predominantes são o papel,
plástico, vidro entre outros.
Os resíduos comerciais podem ser divididos em dois grupos dependendo da
sua quantidade gerada por dia. O “pequeno gerador” de resíduos pode ser considerado
como o estabelecimento que gera até 120 litros por dia; o “grande gerador” é o
estabelecimento que gera um volume superior a esse limite.

13
3.1.2.1. Relação das Empresas Consideradas como Grande Geradoras
de Resíduos Sólidos em Votorantim:

• COMPANHIA BRASILEIRA DE ALUMÍNIO - CBA;

• DIXIE TOGA LTDA;

• KALIMO TEXTIL LTDA;

• FIAÇÃO ALPINA LTDA;

• EMPHASIS INDÚSTRIA E COMÉRCIO VOTORANTIM LTDA;

• SEIREN PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA;

• VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A;

• VOTORANTIM ENERGIA LTDA;

• VITOPEL DO BRASIL LTDA;

• FLEXTRONICS INTERNATIONAL TECNOLOGIA LTDA;

• TOYOTA DO BRASIL LTDA;

• FIBRIA;

• CONCESSIONÁRIA ÁGUAS DE VOTORANTIM.

3.1.3. Público

São os resíduos provenientes dos serviços de limpeza urbana (varrição de


vias públicas, limpeza de praias, galerias, córregos e terrenos, restos de podas de
árvores, corpos de animais, etc.), limpeza de feiras livres (restos vegetais diversos,
embalagens em geral, etc.). Também podem ser considerados os resíduos descartados
irregularmente pela própria população, como entulhos, papéis, restos de embalagens e
alimentos.
Importante aqui destacar que, de forma geral, nas atividades de limpeza
urbana, os tipos de lixo "doméstico" e "comercial" constituem o chamado "lixo
domiciliar", que, junto com o lixo “público”, representam a maior parcela dos resíduos
sólidos produzidos nas cidades.
O grupo de lixo comercial, assim como os entulhos de obras, pode ser
dividido em subgrupos chamados de "pequenos geradores" e "grandes geradores". O
14
regulamento de limpeza urbana do município poderá definir precisamente os subgrupos
de pequenos e grandes geradores.
Pode-se adotar como parâmetro: (i) pequeno gerador de resíduos comerciais
é o estabelecimento que gera até 120 litros de lixo por dia; e (ii) o grande gerador de
resíduos comerciais é o estabelecimento que gera um volume de resíduos superior a esse
limite.
Analogamente, pequeno gerador de entulho de obras é a pessoa física ou
jurídica que gera até 1.000kg ou 50 sacos de 30 litros por dia, enquanto grande gerador
de entulho é aquele que gera um volume diário de resíduos acima disso.

3.1.4 Domiciliar Especial

Este grupo que compreende os entulhos de obras, as pilhas e baterias, as


lâmpadas fluorescentes, os óleos lubrificantes e os pneus. Destaca-se que os entulhos de
obra, também conhecidos como resíduos da construção civil (RCC), só estão
enquadrados nesta categoria por causa da grande quantidade de sua geração e pela
importância que sua recuperação e reciclagem vêm assumindo no cenário nacional.
No presente estudo os resíduos da construção civil e de demolição (RCD)
são entendidos como uma mistura de materiais inertes provenientes de construções,
reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, tais como tijolos, blocos
cerâmicos, concreto em geral, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados,
forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações,
fiação elétrica etc., frequentemente chamados de entulhos de obras, além daqueles os
resultantes da preparação e da escavação de terrenos(solos e rochas).De acordo com o
CONAMA nº. 307/02, os resíduos da construção civil são classificados:
Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
- De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras
obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
- De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, entre outros),
argamassa e concreto;

15
- De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meios fios, entre outros) produzidas nos canteiros
de obras.
Classe B: são materiais recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.
Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais
como os produtos oriundos do gesso.
Classe D: são os resíduos “perigosos” oriundos do processo de construção, tais como:
tintas, solventes, óleos, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e
reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais.

3.1.5 Fontes Especiais

Os resíduos especiais são assim considerados em função de suas


características tóxicas, radioativas e contaminantes e merecendo, por tal motivo,
cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento, estocagem, transporte e sua
disposição final. Dentro da classe de resíduos de fontes especiais, merecem destaque os
seguintes resíduos: as embalagens de agrotóxicos, os resíduos radioativos e os resíduos
sólidos dos serviços de saúde.
Embalagens de Agrotóxicos: Os agrotóxicos são insumos agrícolas,
produtos químicos usados na lavoura, na pecuária e até mesmo no ambiente doméstico
(inseticidas, fungicidas, acaricidas, nematicidas, herbicidas, bactericidas, vermífugos).
As embalagens de agrotóxicos são resíduos oriundos dessas atividades e possuem
materiais tóxicos que representam grandes riscos para a saúde humana e de
contaminação do meio ambiente.
Radioativo: São resíduos provenientes das atividades nucleares,
relacionadas com urânio, césios, tório, radônio, cobalto, entre outros, que devem ser
manuseados de forma adequada utilizando equipamentos específicos e técnicos
qualificados.
No presente estudo, destaque especial será dado aos resíduos dos serviços
de saúde, e que segundo a Resolução RDC nº 306/04 da ANVISA e a Resolução nº.
358/05 do CONAMA, “são todos aqueles provenientes de atividades relacionados com
16
o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive de assistência domiciliar e de
trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios;
funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento; serviços de
medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimento de
ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de
produtos farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais e
controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços
de acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros similares”.
Ainda de acordo com essas mesmas resoluções, os resíduos de serviços de
saúde são classificados conforme a tabela, a seguir.

17
18
19
4. CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

As características dos resíduos sólidos podem variar em função de aspectos sociais,


econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também
diferenciam as comunidades entre si e as próprias cidades. A análise do lixo pode ser
realizada segundo suas características físicas, químicas e biológicas.

4.1. Quanto às características físicas

Geração per Capita


A "geração per capita" relaciona a quantidade de resíduos urbanos gerada diariamente
e o número de habitantes de determinada região. Muitos técnicos consideram de 0,5 a
0,8kg/hab./dia como a faixa de variação média para o Brasil.

Composição Gravimétrica
A composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente em relação ao
peso total da amostra de lixo analisada.

Peso Específico Aparente


O peso específico aparente é o peso do lixo solto em função do volume ocupado
livremente, sem qualquer compactação, expresso em kg/m3. Sua determinação é
fundamental para o dimensionamento de equipamentos e instalações. Na ausência de dados
mais precisos, podem-se utilizar os valores de 230kg/m3 para o peso específico do lixo
domiciliar, de 280kg/m3 para o peso específico dos resíduos de serviços de saúde e de
1.300kg/m3 para o peso específico de entulho de obras.

Teor de Umidade
O teor de umidade representa a quantidade de água presente no lixo, medida em
percentual do seu peso. Este parâmetro se altera em função das estações do ano e da
incidência de chuvas, podendo-se estimar um teor de umidade variando em torno de 40 a
60%.

20
Compressividade
A compressividade é o grau de compactação ou a redução do volume que uma massa
de lixo pode sofrer quando compactada. Submetido a uma pressão de 4kg/cm², o volume
do lixo pode ser reduzido de um terço (1/3) a um quarto (1/4) do seu volume original.

4.2. Quanto às Características Químicas

Poder Calorífico
Esta característica química indica a capacidade potencial de um material desprender
determinada quantidade de calor quando submetido à queima. O poder calorífico médio do
lixo domiciliar se situa na faixa de 5.000kcal/kg.

Potencial Hidrogeniônico (pH)


O potencial hidrogeniônico indica o teor de acidez ou alcalinidade dos resíduos. Em
geral, situa-se na faixa de 5 a 7.

Composição Química
A composição química consiste na determinação dos teores de cinzas, matéria
orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo, resíduo mineral total, resíduo
mineral solúvel e gorduras.

Relação Carbono/Nitrogênio (C:N)


A relação carbono/nitrogênio indica o grau de decomposição da matéria orgânica do
lixo nos processos de tratamento/disposição final. Em geral, essa relação encontra-se na
ordem de 35/1 a 20/1.

4.3. Quanto às características biológicas

As características biológicas do lixo são aquelas determinadas pela população


microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo que, ao lado das suas
características químicas, permitem que sejam selecionados os métodos de tratamento e de
disposição finais mais adequados.

21
O conhecimento das características biológicas dos resíduos tem sido muito utilizado
no desenvolvimento de inibidores de cheiro e de retardadores/aceleradores da
decomposição da matéria orgânica, normalmente aplicados no interior de veículos de
coleta para evitar ou minimizar problemas com a população ao longo do percurso dos
veículos.
Da mesma forma, estão em desenvolvimento processos de destinação final e de
recuperação de áreas degradadas com base nas características biológicas dos resíduos.
Apenas a título ilustrativo, apresenta-se a seguir mostrando a importância da plena
caracterização dos resíduos sólidos em relação ao planejamento de um sistema de limpeza
urbana ou sobre o projeto de determinadas unidades que compõem tal sistema.

22
5. O PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

O gerenciamento integrado do lixo municipal, segundo IPT/CEMPRE (2000), “é um


conjunto articulado de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que
uma administração municipal desenvolve (com base em critérios sanitários, ambientais e
econômicos), para coletar, segregar, tratar e dispor o lixo de sua cidade”.
Nessa mesma linha de abordagem, IBAM (2001) define o Plano de Gerenciamento
Integrado do Lixo Municipal como sendo “um documento que aponta e descreve as ações
relativas ao seu manejo, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação,
acondicionamento, coleta (convencional ou seletiva), armazenamento, transporte,
tratamento e disposição final, bem como proteção à saúde pública”.
De forma sintética, então, o Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos
pode ser entendido como o envolvimento de diferentes órgãos da administração pública e
da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a
disposição final do lixo, elevando assim a qualidade de vida da população e promovendo o
asseio da cidade, levando em consideração as características das fontes de produção, o
volume e os tipos de resíduos, para a eles ser dado tratamento diferenciado e disposição
final técnica e ambientalmente corretas, as características sociais, culturais e econômicas
dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais.

5.1. Interação do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos


Sólidos com o Plano Diretor Municipal

O Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PMGIRS)


permite à integração das atividades voltadas a gestão dos resíduos sólidos e, portanto, a
manutenção da qualidade ambiental do município de Votorantim, de forma que se associa
ao objetivo principal do Plano Diretor Municipal, conforme definido no Plano Diretor do
Município.
O Plano Diretor do Município de Votorantim foi aprovado em 2006, por meio da lei
complementar nº. 1907/2006 alterada pela Lei 2004/2008, que dispõe sobre o
parcelamento, uso e ocupação do solo no município de Votorantim. De acordo com a
referida lei em seu art. 109 o município de Votorantim é compartimentado inicialmente em
duas grandes áreas.
23
A presente Lei determina no território do município a divisão em macrozonas e
setores, a saber:
I. Macro Zona Urbana (ZU) - área contida na delimitação do perímetro urbano do
município e destinada às funções caracteristicamente urbanas de habitação, trabalho,
circulação e recreação, caracterizadas no Art 66 desta lei;
II. Macro Zona Rural (ZRU) - área exterior a delimitação do perímetro urbano do
município e caracterizada pelas funções rurais, quais sejam agricultura, pecuária,
atividades ligadas ao plantio e extração de madeira, mineração e pontos de atração turística
e de recreio.
As zonas de uso são:
I. ZCP - Zona Comercial Principal - Área de comércio central e uso predominante de
comércio e prestação de serviços, com intensidade de ocupação e densidade demográfica
alta;
II. ZCS - Corredores de Comércio e Serviços; enquadrando-se nesta zona os lotes
linderos as vias de primeira e segunda categoria, conforme “Quadro IV” desta Lei;
III. ZMD1 – Zona Predominantemente Residencial Média Densidade;
IV. ZMD2 – Zona de Uso Residencial Mista de Média Densidade;
V. ZMD3 – Zona Residencial Alta densidade;
VI. ZRL1 – Zona de Recreação e Lazer de Densidade Demográfica Baixa;
VII. ZRL2 - Zona de Recreação e Lazer de Densidade Demográfica Média;
VIII. ZEI - Zona Exclusivamente Industrial;
IX. ZPI - Zona Predominantemente Industrial;
X. ZTR1 - Zona Turística e Recreativa de Densidade Demográfica baixa;
XI. ZTR2 - Zona Turística e Recreativa de Densidade Demográfica média;
XII. ZEIS – Zona Especial de Interesse Social;
(Inciso com Redação alterada pela Lei nº 2004 de 29/09/08)
XIII. ZES - Zonas Especiais.

A partir do momento em que o plano diretor municipal disciplina o uso e ocupação


no território municipal, permitem o desenvolvimento de atividades econômicas e sociais
que acarretam em produção de resíduos sólidos de diferentes naturezas, sejam domésticos,
industriais, hospitalares, entre outros. Ou seja, integra-se de maneira direta com o Plano
Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PMGIRS).
24
A ZEIS se classificam em:
(Parágrafo acrescido pela Lei 2004 de 29/09/08)
a) ZEIS I – Assentamentos habitacionais consolidados até 31 de dezembro de 2001,
ocupados sem justo título por população da baixa renda em área pública;
b) ZEIS II - Assentamentos habitacionais consolidados até 31 de dezembro de 2001,
ocupados sem justo título por população da baixa renda em área particular;
c) ZEIS III – Áreas de parcelamentos de solo irregulares ou clandestinos
consolidados até 31 de dezembro de 2001, ocupados por população de baixa renda;
d) ZEIS IV – áreas de terras não utilizadas, não edificadas ou subutilizadas,
adequadas à implantação de programas sociais de interesse social onde é possível
identificar os locais e os tipos de resíduos produzidos em cada área.
Cabe aqui destacar que, cada uma destas zonas foi determinada de acordo com as
características físicas do território municipal, presença ou ausência de infraestrutura, de
população, ou seja, densidades demográficas, assim como de acordo com os vetores de
crescimento do município. Portanto, pela descrição destas zonas se identificam as
principais restrições que o meio físico impõe a ocupação e a pela diretriz adotada para cada
uma delas é possível identificar quais são as áreas mais frágeis do município, as quais
necessitam de uma maior proteção e o contrário quais são as mais permissivas, com maior
capacidade de suporte.
De forma que é possível também associar aos tipos e periculosidade de resíduos.
Cabe aqui destacar as definições de periculosidade, nocividade e incomodidade, em
acordo com a norma NBR-13.296, conforme descrição a seguir:
I - periculosidade é a repercussão adversa que se manifesta de forma aguda e
acidental sobre o meio ambiente;
II - nocividade é a alteração adversa de características do meio ambiente que resulte
em dano de qualquer tipo;
III - incomodidade é a alteração adversa de características do meio ambiente que
resulte única e exclusivamente em desconforto ou inconveniência do bem estar público.
É importante informar que o novo Plano Diretor de Votorantim entrará em vigência a
partir do ano de 2015.

25
6. DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE LIMPEZA URBANA E MANEJO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS

Com base na quantidade de resíduos coletada, e considerando que a


população atual do município de Votorantim é de cerca de 115.585 habitantes (IBGE,
2013), deduz-se por uma produção per capita de resíduos de 0,786 kg/dia.hab.

TABELA GERAL DE QUANTIFICAÇÃO DE


RESÍDUOS SÓLIDOS EM VOTORANTIM
GERENCIADOS PELA PREFEITURA E
PARCEIROS. Ano base: 2014
Qtd
Tipo de Resíduo
(Ton/ano)
Resíduos Sólidos Urbanos: Domésticos e
28.324,20
Comerciais

Material Reciclável Convencional 1.200

Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) 56

Resíduos da Construção Civil (RCC) 440

Lâmpadas Fluorescentes 1,8


Pneus Inservíveis 88
Eletrônicos, Pilhas e Baterias 2,5
Óleo Comestível 3
Bitucas de Cigarro 1,2
TOTAL 30.116,70
Compostagem (m3) 8 m3
Madeira (m3) 480 m3
Lodo de Esgoto 2808 m3
850.000
Lacres de Alumínio (Un.)
un.

26
6.1. CARACTERIZAÇÃO DOS TIPOS DE RESÍDUOS
CONTEMPLADOS

As principais características dos resíduos sólidos de Votorantim estão


referidas nos próximos capítulos. O levantamento e a atualização dos dados foram
realizados através de pesquisa e consultas ao Departamento de Saneamento Básico da
Secretaria de Serviços Públicos (SESP), Secretaria de Meio Ambiente (SEMA),
Secretaria de Obras e Urbanismo (SOURB), Concessionária Águas de Votorantim e
outras organizações e instituições públicas e particulares. Além disso, foram obtidas
informações do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) do
Ministério das Cidades – Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental.
Tem-se para o Município de Votorantim um total de 30.116,70 toneladas de
resíduos sólidos geradas por ano, ou 2.509,7 toneladas/mês.

6.1.1. Resíduos Sólidos Urbanos

6.1.1.1. Resíduos domiciliares

Em geral, as pessoas consideram lixo tudo aquilo que se joga fora e que não
tem mais serventia. Mas, se olharmos com cuidado, veremos que o lixo não é uma
massa indiscriminada de materiais. Ele é composto de vários tipos de resíduos que
precisam de manejo diferenciado. Assim, para efeito de coleta e tratamento, o lixo pode
ser classificado de várias maneiras.
Com base em sua natureza física, o lixo pode ser “seco” ou “molhado”. O
lixo seco é composto por materiais recicláveis (papel, vidro, lata e plástico). Alguns,
porém, não são reciclados por falta de mercado, como é o caso de papéis sujos e vidros
planos. O lixo molhado corresponde à parte orgânica dos resíduos, como as sobras de
alimentos, cascas de frutas, restos de poda, etc., que pode ser usada para compostagem.
Essa classificação é muito usada nos programas de coleta seletiva, por ser de fácil
entendimento para a população.
Outra forma de classificar o lixo é de acordo com sua composição química.
Nesse caso, é denominada matéria orgânica, ou seja, procedente de organismos vivos,

27
como plantas e animais, ou matéria inorgânica, que inclui os minerais, materiais
sintéticos e outros.
Quando se leva em conta os riscos potenciais ao meio ambiente, o lixo pode
ser classificado como perigoso ou tóxico; inerte; não inerte; e radioativo.
A Amostra Seletiva realizada no período de 22 a 24 de setembro de 2008,
tendo como origem o lixo colhido nos seguintes bairros: Dia 22 - Partes do Pq Bela
Vista, Vossoroca e Jd Clarice. Dia 23 - Rio Acima, Jd Archila e Vl Irineu. Dia 24 -
Parte do Pq Bela Vista, Paraiso, Jd Icatu, Vl Albertina e Centro, está descrita em
seguida e pode ser considerada realista para o ano de 2014, já que as configurações e as
populações destes bairros pouco se alteraram.
Em média, para o ano de 2014, a cidade de Votorantim envia 77,6 toneladas
de resíduos sólidos por dia para o aterro sanitário municipal. Esse montante representa
os resíduos domésticos e comerciais gerenciados pela prefeitura por meio das viagens
diárias dos caminhões de lixo.

28
6.1.1.2. Tipos de coleta e transportes:

Coleta convencional/porta a porta.


Este tipo consiste na coleta, porta a porta ou de forma indireta, dos resíduos
comuns e rejeitos, tais como: papéis sanitários, restos de alimentos, entre outros,
oriundos das residências e comércios do município de Votorantim. Ela é realizada em
todo o perímetro urbano da cidade. A separação, acondicionamento e disposição dos
resíduos para a coleta pública é de responsabilidade do gerador de acordo com os dias
previstos. A coleta regular dos resíduos domiciliares e comerciais é feita diariamente na
região central da cidade e em dias alternados nos bairros e na periferia. O número de

29
bairros onde serão coletados os RSDV (Resíduo Sólido Domiciliar e Varrição) é de 35
(trinta e cinco) bairros.

30
A coleta dos resíduos sólidos domiciliares e de varrição do município de
Votorantim é efetuada por veículos coletores compactadores de diversas capacidades,
conforme Tabela abaixo.

31
Os serviços de varrição são efetuados diariamente, sendo que os resíduos
varridos são acondicionados em sacos plásticos que são disponibilizados para coleta
pelos caminhões compactadores, em dias alternados. São utilizados 12 funcionários que
se utilizam de carrinhos tipo caçamba e ferramentas complementares.
A foto abaixo mostra a atividade de varrição dos logradouros do município de
Votorantim.

6.1.2. Coleta Seletiva

O Plano de Gerenciamento da Coleta Seletiva de que trata a Lei nº 2062/09


tem por finalidade a melhoria da qualidade de vida dos munícipes, através da coleta
seletiva gradativa dos resíduos domiciliares, para que se obtenha uma maior vida útil do
aterro sanitário, desenvolvimento sustentável e ecologicamente correto do ponto de
vista socioambiental e econômico.
A cidade envia 77,6 toneladas de resíduos sólidos por dia para o aterro
sanitário. São comercializados pelos 8 depósitos de sucata da cidade cerca de 150
toneladas de material por mês, existindo 320 catadores que entregam seus materiais para
esses 8 depósitos. A Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Votorantim
(COOPERVOT) recolhe cerca de 100 toneladas de material por mês. A estimativa de
gerenciamento de materiais recicláveis para Votorantim é de 790 toneladas por mês,

32
necessitando para isso a ampliação da abrangência da coleta de material reciclável por
toda a cidade.

6.1.2.1. Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de


Votorantim - Coopervot

A Cooperativa de Reciclagem de Votorantim nasceu em 2001 de uma


parceria envolvendo o CEADEC - Centro de Estudo e Apoio ao Desenvolvimento,
Emprego e Cidadania, Organização Não Governamental, cuja missão principal é a
organização e assessoria aos projetos de geração de emprego e renda, e a Prefeitura
Municipal de Votorantim.
A utilização da reciclagem como forma de geração de renda, foi fruto de
uma série de discussões organizadas pela Prefeitura e o CEADEC com os catadores do
“lixão de Votorantim” e desempregados. Os fatores determinantes, que definiram
trabalhar com os catadores do lixão foram dar uma qualidade de vida melhor e um
rendimento maior para os catadores e catadoras.
Na época tinha a base de 70 famílias entre adultos e crianças trabalhando no
“lixão”, Iniciou-se um cadastro com todos os catadores e catadoras que trabalhavam no
local e começou a ser discutido um projeto piloto de coleta seletiva, sempre dentro dos
princípios da economia solidária, ou seja, em uma Cooperativa, neste momento nasceu a
COOPERVOT – Cooperativa de Reciclagem de Votorantim.
A Cooperativa de Reciclagem de Votorantim, conta hoje em seu quadro,
com 36 trabalhadores catadores, cujas retiradas mensais compreendem entre R$ 600,00
e R$ 1000,00 e coletam aproximadamente, 100 toneladas de materiais recicláveis por
mês.
A cooperativa realiza a Coleta Seletiva em 60% da cidade de Votorantim,
visitando casa a casa uma vez por semana e depositando os materiais coletados em
Centros de Armazenamento, também desenvolve coleta em geradores coletivos, dentre
eles citamos: condomínios residenciais, escolas e indústrias da cidade de Votorantim.
A cooperativa atende a um programa de coleta seletiva apoiado pela
Prefeitura Municipal de Votorantim, através de seus cooperados, equipados com
uniformes, EPIs, dois caminhões, prensas, balança, uma talha elétrica, dois micros

33
computadores e mesas, além da Central de Triagem com barracão de aproximadamente
500 m2 na Vila Garcia.
O Programa Municipal de Coleta Seletiva mantida pela Prefeitura de
Votorantim está cada vez mais ganhando adesão da população. O trabalho é executado
pelos integrantes da Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Votorantim
(Coopervot). A meta da Prefeitura é fazer com que o Programa Municipal de Coleta
Seletiva passe a atender toda a cidade e com isso aumentar a quantidade coletada
mensalmente, que nos últimos meses chegou a média de 100 toneladas. Quanto mais
recicláveis forem coletados juntos às residências, menos material será encaminhado
para o aterro sanitário do município, que passa a contar com maior tempo de vida útil.
Além disso, há geração de renda no município, combatendo o desemprego e auxiliando
o meio ambiente em diversos aspectos.
Diariamente os catadores passam de casa em casa recolhendo o material,
conforme pode ser observado na tabela abaixo.

34
Para efeito informativo dos materiais comercializados pela Coopervot, no ano de
2010, a cooperativa contava com 42 cooperados e comercializou de maio a julho do mesmo ano
cerca de 143 toneladas de materiais, tal como ilustra a tabela abaixo.

35
6.1.3. Outros Serviços

6.1.3.1. Serviços de Roçada e Capinação

O serviço de roçada, capinação, “despraguejamento” manual, coleta e


transporte de resíduos oriundos da limpeza das vias públicas de intenso tráfego, vias
conectoras, vias rápidas, entre outras, é executado de segunda-feira a sábado.

6.1.4. Aterro Sanitário

O aterro sanitário é um método de aterramento dos resíduos em terreno


preparado para a colocação do lixo, de maneira a causar o menor impacto ambiental
possível. Veja a seguir algumas das medidas técnicas empregadas para proteger o meio
ambiente:
• o solo é protegido por uma manta isolante, de maneira a impedir que os
líquidos poluentes, lixiviados ou chorume, venham a se infiltrar, atingindo
as águas subterrâneas;
• são colocados dutos (drenos) captadores de gases, para impedir explosões
e combustões espontâneas causadas pela decomposição da matéria orgânica.
Os gases são queimados para evitar sua dispersão na atmosfera;
• é implantado um sistema de captação do chorume, para encaminhamento
desses lixiviado tóxico a lagoas ou outros sistemas de tratamento;
• as camadas de lixo vão sendo compactadas, para redução do volume, e
cobertas com terra, de maneira a impedir a exalação de odores e atração de
animais, roedores e insetos.
• o acesso ao local deve ser controlado, para evitar o aparecimento ou
abandono de resíduos de natureza perigosa, colocados sem controle.
O município possui um Aterro Sanitário localizado às margens do quilômetro
106 da rodovia SP-79 (estrada que liga Votorantim a Piedade), numa área de 90 mil
metros quadrados.
Existe um indicador da qualidade dos aterros, o Índice de Qualidade de Aterros
de Resíduos (IQR), cujas pontuações variam de 0 a 10, sendo que:
• 0,0 a 6,0 - Condições Inadequadas;

36
• 6,1 a 8,0 - Condições Controladas;
• 8,1 a 10,0 - Condições Adequadas.
O Aterro Sanitário de Votorantim recebeu a nota de 7,2 (Condições
Controladas), segundo o Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares – Ano
2014, elaborado pela CETESB.
Para o ano de 2014, em média, o aterro sanitário recebeu cerca de 28.324,2
toneladas de resíduos sólidos.

6.1.4.1. Estudo investigatório de águas subterrâneas

O extinto SAAE forneceu a seguinte informação, retirada do estudo “Relatório


final de atendimento de exigência para obtenção de licença de instalação” da Nutrenzi:
Foram feitas investigações geotécnicas de subsuperfície e não foram encontrados
níveis de água subterrânea em todas as sondagens realizadas no local, tanto percussivas
quanto elétricas verticais. As sondagens à percussão (SPT) alcançaram a profundidade
de até 16m, em um total de 20 furos, totalizando 170,97m lineares.
Em nenhum dos furos à percussão foi encontrado o nível d’água subterrânea e a
descrição da litologia subjacente ao depósito mostra que abaixo dos níveis de deposição
no aterro, as camadas descritas são de material argilo-arenoso de cores vermelhas,
amarelas, ou argilas de cor cinza. Do total de vinte furos de sondagem, 12 deles
apresentam, no limite inferior de investigação, a descrição de camada de argila/silte
dura cinza-claro. Esta camada intransponível parece ser pela descrição -- cor e dureza, a
pretérita várzea do córrego Machadinho antes de eventos tectônicos de soerguimento
local. Possivelmente o atual córrego deveria estar em área mais plana e com extensa
várzea no entorno. Desta feita pela descrição e presença espacial desta camada de argila
cinza dura pode-se afirmar que esta camada deve formar um selo intransponível para os
percolados advindos das camadas superiores. Esta hipótese corrobora com os resultados
das Sondagens Elétricas Verticais.
Foram feitas 14 Sondagens Elétricas Verticais (SEV’s) que atingiram a
profundidade máxima de 48,3m (SEV 12). Em nenhuma das sondagens foi observada a
presença do lençol freático, seja no local do empreendimento atual, ou no entorno, nem
tampouco na área destinada ao novo aterro sanitário. Do total de 14 sondagens em 10
são apresentadas colunas geoelétricas.
37
Os resultados indicam que os locais de deposição no aterro apresentam baixa
resistividade pela presença de material de dejetos inconsolidados (SEV’s 02, 03, 04, 05
e 06) como era de se esperar. Abaixo das camadas de lixo ocorrem camadas de argila
consolidada comprovadas pela sondagem à percussão até os limites amostrados.
O cruzamento de informações entre as Sondagens Elétricas Verticais e as
Sondagens à Percussão mostram que até a profundidade de 48m não foi detectada a
presença de lençol freático. O mais provável é que não haja lençol na área em estudo e
se houver está à profundidades superiores a 50m. De qualquer modo, em tais
profundidades, o risco de contaminação seria inexistente dada a litologia em
subsuperfície que se comporta como camada selante de argila dura na base de toda a
área do aterro.
Esta laje de argila impede a percolação de fluidos para as camadas adjacentes e
como não foi encontrado o nível de lençol freático até os 48m, há que se supor que ele
realmente não ocorra na área de estudo.
Foi feita uma simulação para saber o Índice de Vulnerabilidade e Risco de
Contaminação se, por eventualidade, o aquífero ocorresse abaixo de 50m, considerando-
se as características geológicas e hidrogeológicas do local do empreendimento. O Índice
de Vulnerabilidade Qualitativo de contaminação apurado mostra que o risco para os
recursos hídricos é extremamente reduzido pelas características geológicas e
hidrogeológicas locais.
Desta forma, sugerimos que não sejam construídos os poços de monitoramento
pois há chance de se gastar grandes quantias de recursos financeiros indevidamente,
visto que, as investigações geotécnicas do subsolo levam à premissa de que não há
presença de lençol freático. Outros agravantes em insistir na construção de poços seria a
contaminação dos níveis inferiores pela própria abertura dos mesmos e a instabilidade
das paredes dos poços se perfurados à profundidade superior a 50m. (Sondagens
Elétricas Verticais e as Sondagens à Percussão estão anexadas ao relatório parcial).

6.1.4.2. Resultados do Estudo Investigatório de Águas Superficiais

O extinto SAAE forneceu a seguinte informação, retirada do estudo “Relatório


final de atendimento de exigência para obtenção de licença de instalação” da Nutrenzi:

38
A jusante da gleba está o córrego Machadinho à distância de aproximadamente
145m do vazadouro, declividade de 10-25% em relação ao atual aterro. Este córrego é
afluente do ribeirão Jurupará, ambos enquadrados como classe 2, de acordo com o
Decreto Estadual Nº 10.755/77. O empreendimento encontra-se na Unidade de
Gerenciamento de Recursos Hídricos no. 10 - Sorocaba/Médio Tietê. O córrego
Machadinho dista 15km (ao sul) da malha urbana do município de Votorantim. Os
resultados das análises das águas do córrego Machadinho apresentados por ocasião do
PRAD, 2003, indicam a influência do empreendimento sobre o mesmo por valores
elevados em relação aos parâmetros para as seguintes substâncias: condutividade, óleos
e graxas, mercúrio, bário, cloretos, ferro solúvel, manganês, nitrato, nitrogênio
amoniacal, índice de fenóis, e coliformes totais.
Os pontos de coleta foram escolhidos de tal forma a permitir uma avaliação
precisa da influência atual do empreendimento sobre o córrego Machadinho. Foram
coletadas: uma amostra à montante próxima à nascente do córrego (amostra AG1 -
431AG1) e duas à jusante (duas amostras AG2 - 431AG2 e AG3 - 431AG3). A escolha
dos pontos de coleta foi feita considerando os pontos estratégicos desde a nascente do
córrego (amostra de montante AG1 - 431AG1), e ponto de saída das águas pluviais no
corpo d’água - ponto de maior influência do vazadouro AG2 - 431AG2 no córrego e o
terceiro ponto mais ao sul do empreendimento AG3 - 431AG3, conforme mostrados em
mapa de localização das amostras e discriminados na tabela abaixo.

6.1.4.3. Plano de Monitoramento das Águas Superficiais do córrego


Machadinho

O extinto SAAE forneceu a seguinte informação, retirada do estudo “Relatório


final de atendimento de exigência para obtenção de licença de instalação” da Nutrenzi:
Considerando a boa qualidade do resultado das análises, a periodicidade de
coleta e análise das águas do córrego Machadinho deverá ser feita semestralmente com
o intuito de se observar a evolução dos níveis de depuração das águas, que já se

39
encontram em níveis de qualidade bons e a eficácia das medidas mitigadoras irão
melhorar ainda mais a qualidade das águas do córrego. As características a serem
analisadas serão completas quanto aos aspectos físicos, biológicos e químicos,
conforme feito nesta primeira campanha. O monitoramento deverá ser feito durante os
próximos 20 anos, ou seja, até o ano de 2028.
Espera-se a auto-depuração completa do córrego com o passar dos anos após a
implantação definitiva das medidas mitigadoras.
Quando os resultados das análises semestrais nos dois primeiros anos
apresentarem maior depuração, em relação à esta primeira campanha, a partir de então
as coletas e as análises passarão a ser feitas anualmente durante o período de estiagem.

6.1.4.4. Estudo investigatório de solos

O extinto SAAE forneceu a seguinte informação, retirada do estudo “Relatório


final de atendimento de exigência para obtenção de licença de instalação” da Nutrenzi:
Foram coletadas e analisadas quatro amostras de solo, sendo uma delas coletada
a montante (amostra CSM) do empreendimento e três a jusante (amostras: CSJ1, CSJ2 e
CSJ3). Os pontos de coleta de solo estão mostrados no capítulo de desenhos e
fotografias. As coordenadas geográficas de localização de coleta de amostras estão
listadas na Tabela abaixo.

Os drenos de gás e caixas de chorumes instalados, drenos de águas pluviais, e


outras melhorias promoveram uma considerável diminuição dos níveis de
contaminantes de solo e água que se apresentam atualmente dentro dos limites
estabelecidos pela CETESB.

6.1.5. Resíduos dos Serviços de Saúde

Os resíduos sólidos gerados em estabelecimentos de prestação de serviços de


saúde são extremamente nocivos ao meio ambiente em vista de suas propriedades

40
patogênicas. A operação de coleta é necessária e deve ser realizada diariamente em
todos os estabelecimentos de prestação de serviços de saúde, tais como: hospitais,
farmácias, ambulatórios, clinicas, laboratórios e demais estabelecimentos congêneres.
Os RSS devem ser tratados antes de seu descarte sobre o solo, conforme
estabelece a Resolução 05/93 do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, o
que não ocorre no município de Votorantim. Portanto, deverá ser exigido dos
estabelecimentos de prestação de serviços de saúde a segregação dos seus resíduos, de
forma a separá-los em resíduos infectados e não infectados.
A coleta dos resíduos hospitalares é feita em Votorantim sob a
responsabilidade da Secretaria da Saúde (SESA), que terceirizou junto a empresa
especializada a coleta de RSS, que no ano de 2014 soma 56 toneladas por ano ou 4,6
toneladas por mês, sendo que o valor para o gerenciamento dos RSS é de R$2.190/ton.
Deve-se atentar que a coleta de animais mortos é feita pelo Setor de
Controle de Zoonoses da Secretaria de Saúde.

6.1.5.1. Tipos/Classes de Resíduos Coletados

Os RSS, gerados em função de atividades de suporte à vida e saúde humana


e animal, são classificados conforme sua capacidade de provocar, direta ou
indiretamente, doenças (ABTN BR 10.007). Segundo a norma da ANVISA RDC 306,
os resíduos dos serviços de saúde são classificados como pertencentes aos grupos A, B,
C, D e E.
O modelo de classificação a seguir é baseado na ABNT 12808, bem como na
Resolução CONAMA nº 358 de 29/04/05.

41
Resumidamente, observa-se que o grupo A, nessa legislação, reúne os
resíduos com risco biológico. Os resíduos químicos (soluções diversas e medicamentos)
encontram-se no grupo B e no grupo C os resíduos nucleares. Os resíduos do grupo D
são muito similares aos resíduos domiciliares (resíduos comuns) e o grupo E abrange
materiais perfuro cortantes e os escarificantes, como agulhas e bisturis.
Os resíduos dos grupos A, B e E devem sempre ser encaminhados para uma
estação de tratamento para que seja reduzida a sua periculosidade ao mínimo.
Posteriormente, ao processo de tratamento que elimina os microorganismos por meio do
calor, pressão, ondas ou destruição térmica.

6.2. UNIDADES DE TRANSBORDO, TRATAMENTO, RECICLAGEM E


DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS

6.2.1. Área de Transbordo

Considerando a média atual diária de recebimento de resíduos de 77,6 toneladas, é


possível se projetar uma vida útil para este equipamento de mais 10 anos, a partir de
2014.
Com base nas características naturais do terreno onde está implantado o aterro
sanitário municipal, bem como a concepção espacial de ocupação da gleba, que a
operação do aterro sanitário é apoiada por diversos sistemas de proteção ambiental,
conforme concepção do projeto do empreendimento:
• Camada de impermeabilização de base;
• Sistema de drenagem de líquidos percolados;
• Sistema de drenagem de gases;
• Sistema de drenagem de águas pluviais;
• Tratamento de líquidos percolados;
• Controle de admissão de resíduos;
• Acessos controlados;
• Fechamento da gleba e vigilância;
• Manutenção da limpeza das vias de acesso;
• Aspectos operacionais do aterro

42
O resíduo é depositado na frente de trabalho, onde é espalhado, compactado e
coberto com camadas de terra. As “células” de resíduos encerradas são cobertas com
argila e terra.
A manutenção das estruturas do aterro sanitário é realizada de forma contínua e
sistemática, consistindo na verificação da eficiência do sistema de drenagem interna de
efluentes líquidos e gases, verificação e manutenção da drenagem de águas pluviais,
manutenção do sistema de tratamento de efluentes e manutenção das vias de acesso e
instalações prediais e de apoio operacional.
O sistema de monitoramento das condições ambientais do aterro inclui:
• Monitoramento do sistema de tratamento de efluentes;
• Monitoramento topográfico e geotécnico;
• Monitoramento da qualidade das águas superficiais;
• Monitoramento da qualidade das águas subterrâneas.

7. PROGNÓSTICOS

7.1. DEMOGRAFIA

Modelo aplicado para projeção populacional de Votorantim – SP.


O crescimento de uma população se deve a uma série de fatores da mais variada
natureza: sociais, econômicas, políticas, geográficas e geomorfológicas e outras
particularidades locais e regionais. A ação integrada destes fatores é que irá determinar,
em última instância, o comportamento das variáveis estritamente demográficas que
comandam a evolução demográfica.
O modelo de projeções adotado no estudo populacional de Votorantim vale-se de
algumas dessas variáveis. As primeiras, de caráter endógeno, dizem respeito à
reprodução populacional, são elas: a natalidade e a mortalidade. A outra, exógena, que
independe do número inicial de habitantes, reflete o intercâmbio demográfico das
regiões, ou seja, expressa o saldo migratório.
A população objeto de estudo deve ter seu comportamento avaliado segundo as
relações de dependência existente entre as áreas que a compõem. O critério de
dependência aqui adotado admite que, na ausência de fatores restritivos, o contingente

43
demográfico de uma dada parcela de solo cresce tão mais rapidamente quanto menos
adensada for esta parcela.
A definição das Zonas Homogêneas que compõe o território do município de
Votorantim foi realizada com o apoio de imagens obtidas de satélites, complementadas
por minuciosas observações de campo, e obedecendo às indicações do Plano Diretor do
Município de Votorantim, elaborado por Jorge Wilheim Consultores Associados, ora
em discussão na Câmara Municipal. De acordo com o referido Plano, percebe-se que o
município de Votorantim conta com uma ampla área de expansão dos seus limites
urbanos, fato que conduziu a um alto número de saturação populacional. As áreas em
zona rural com loteamentos já aprovados ou solicitados foram consideradas de expansão
urbana e portanto, foram incluídas na delimitação das zonas homogêneas.
A tabela a seguir apresenta a população estimada para o município de Votorantim
até o ano de 2042, de acordo com o modelo de crescimento populacional adotado:

44
7.2. GERAÇÃO DE RESÍDUOS DOMICILIARES

Para estimativa da quantidade de resíduos a ser gerada nos próximos anos, dentro do
horizonte do plano, se considerou a projeção populacional estimada para o município de
Votorantim e a geração per capita de resíduos, entendendo que a geração per capita é a
quantidade média de resíduos gerados por habitante por dia. Tal metodologia foi
baseada segundo o Manual Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólido Urbano

45
elaborado pela Secretária Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da
República.
O cálculo de estimativa da demanda futura foi realizado em função do aumento da
população do município até o horizonte de 20 anos e a quantidade de resíduos
produzidos pelo município.
A partir da determinação da projeção populacional, e da taxa média de geração per
capita de resíduos, usando o ano de 2013 como ano base, calculou-se a quantidade de
resíduos sólidos urbanos a ser gerada em anos futuros. Para tanto, foram consideradas as
seguintes premissas:
- Composição dos resíduos sólidos urbanos não variando com os anos;
- Taxa média de geração per capita de resíduos constante para cenários futuros, igual
à taxa observada para o ano de 2010; neste caso 0,762kg/hab/dia; e
- Projeção populacional estimada com base na metodologia do IBGE.
Multiplicou-se o valor da taxa pela população estimada para cada ano futuro e obteve
a quantidade de resíduos a ser gerada em cada respectivo ano.

46
47
7.3. GERAÇÃO DE RESÍDUOS DA SAÚDE

Optou-se como parâmetro, a geração per capita, considerando para as projeções


futuras uma taxa média de geração per capita de resíduos constante, adotando-se a taxa
do ano de 2010; neste caso 0, 0103 kg/hab/dia, considerando a projeção populacional do
município.
Vale ressaltar que a quantidade total de resíduos corresponde a soma do que foi
produzido pelos pequenos geradores (serviços ligados a saúde que não pertencem a rede
hospitalar) e pelos grandes geradores (hospitais, ambulatórios e maternidades).

48
7.4. Geração de Resíduos da Construção Civil (RCC)

A Construção Civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades


para o desenvolvimento econômico e social, e, por outro lado, comporta-se, ainda, como
grande geradora de resíduos sólidos.
A estimativa da geração de resíduos da construção civil para os cenários futuros
teve como base o índice de 2,18 kg de RCC per capita diariamente. Neste caso, também,
projetou-se a geração de RCC de forma constante, nos diferentes cenários futuros,
considerando a projeção populacional do município. Ou seja, desconsiderou-se as
eventuais oscilações que poderão ocorrer no mercado da construção civil, entre outros.

49
7.5. Geração de Resíduos da Coleta Seletiva

Os serviços de coleta seletiva de resíduos recicláveis atende atualmente 60% da


área urbana do município de Votorantim, coletando cerca de 100 toneladas/mês.
Destaca-se, ainda, que nos municípios com um perfil socioeconômico e porte
populacional semelhantes aos de Votorantim, esse patamar pode atingir um índice
médio de 20%. Ou seja, considerando-se que o município de Votorantim apresenta bons
indicadores de desenvolvimento socioeconômico, entende-se que há um grande
potencial de geração, tanto quantitativo quanto qualitativo de resíduos recicláveis.
Com base nas considerações apresentadas anteriormente e, principalmente, no fato
de que a “composição” do lixo produzido em Votorantim não é conhecida em um nível
de detalhe suficiente para que se possa estabelecer, à priori, a quantidade potencial de
lixo reciclável, assume-se no presente estudo, que para os cenários futuros o Programa
de Coleta Seletiva deverá contemplar minimamente um “potencial” de geração/coleta de
4% em relação ao total de resíduos domiciliares produzidos. Para tanto, há a
necessidade de se considerar uma “potencial geração e coleta de ao menos 0,035
toneladas/“habitantes atendido”/ano e, também, maior participação da população de
35%, 55% e 70%, respectivamente, para os cenários de curto, médio e longo prazo.
Assim sendo, considerando um cenário otimista, onde se prevê o aumento da
participação da população, resultado da ampliação do Programa de Coleta Seletiva e dos
investimentos públicos para o setor, espera-se também o aumento do volume da geração
de resíduos destinados a coleta seletiva.
Neste contexto, é importante aferir que devido ao grande potencial gerador de
resíduos para reciclagem e a atual incipiência do sistema de coleta seletiva de
Votorantim, a produção de resíduos sólidos para esse fim poderá superar os resultados
estimativos do presente relatório.

50
51
8. PLANO DE METAS E AÇÕES

8.1 ASPECTOS SÓCIO-PARTICIPATIVO

Para estudos de cenários e prognósticos para a construção participativa do


PMGIRS o ponto de vista da sociedade é condição básica para assegurar que as decisões
tomadas serão adequadas para as próprias comunidades sendo elas transformadoras da
sua realidade local e suas múltiplas dimensões.
Assim, conhecer as diferentes percepções, visões, expectativas e aspirações
individuais e coletivas do público envolvido é de fundamental importância nesse
processo participativo, uma vez que as decisões passam a ocorrer mediante discussões e
deliberações multilaterais e descentralizadas.
Nesse contexto, torna-se importante conhecer todas as perspectivas dos
conflitos, pois estão diretamente associados à percepção de antigas questões, ora
enunciadas como sociais, ora enunciadas como públicas, como é o caso dos resíduos
sólidos. A investigação sobre a diversidade de percepções ou representações sociais
possibilita a constituição de um processo de discussão e de envolvimento dos diferentes
segmentos sociais, como instrumento de produção de conhecimento, que reflete anseios
e a busca de melhores condições de vida de alcance coletivo, subsidiando um
planejamento adequado e eficiente para a gestão dos resíduos sólidos.
O planejamento realizado, reuniu e sistematizou essas informações
compartilhadas e forneceu uma base confiável e representativa que possibilitou a
seleção acerca de possíveis alternativas, ou seja, tomadas de decisão para atingir metas
específicas em um determinado tempo futuro.
Segundo Franco (2001), a elaboração de cenários de situação atual e futura é um
dos principais aspectos do planejamento, ou seja, analisar em tempos alternativos,
respondendo as perguntas, como estamos hoje? E, o que queremos para o futuro?
objetivando a solução de um problema ou a melhoria de uma condição presente
indesejável ou insatisfatória.
O presente Diagnóstico Participativo foi elaborado com base nesses
pressupostos, cujos stakeholders sociais tiveram sua participação formal, combinando
uma diversidade de conhecimentos que foram construídos interativamente para o
Cenário Atual e Cenário Futuro.
52
Na etapa seguinte, procedeu-se a avaliação do Cenário Atual e Cenário Futuro,
bem como, das expectativas e sugestões emanadas das lideranças do município. Os
resultados do Diagnóstico Participativo foram confrontados e integrados ao Diagnóstico
Técnico. Buscou-se eleger e detalhar aquelas consideradas possíveis de ser realizadas e
mais significativas para a melhoria da eficiência do sistema de gerenciamento integrado
de resíduos sólidos, quando então se consolidou o Prognóstico, e respectivas
proposições da vertente Sócio-comunitária.
Dessa forma, o planejamento buscou responder as demandas dos diversos atores
envolvidos, aproximando o futuro desejado do possível de ser realizado, considerando
os aspectos técnicos, operacionais, institucionais, legais, econômicos, geográficos,
culturais e sociais envolvidos. O Prognóstico apresentado antecipa a resolução dos
problemas identificados por meio de um plano de Gestão, contendo as macroações,
diretrizes, atividades e projetos de cada proposição, conforme descrito no item Cenário
Futuro, Vertente Sócio Participativa do presente documento.
Os objetivos, metas, programas, projetos e ações apresentados neste Plano de
Metas, foram definidos para um horizonte de tempo de 20 (vinte) anos, contemplando
cenários de curto (1 a 4 anos), médio (4 a 8 anos) e longo (8 a 20 anos) prazos. Assume-
se no presente estudo que a gestão integrada de resíduos sólidos do município de
Votorantim tem como princípio básico a prevenção, a precaução, o princípio do
poluidor pagador, o desenvolvimento sustentável, a responsabilidade solidária e a
responsabilidade socioambiental.
Como “regras fundamentais” para a gestão dos resíduos, assegurando a saúde da
população e a proteção do ambiente, bem como a garantia de regularidade,
continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, adotam-se as seguintes prioridades:
(i) a não geração;
(ii) a redução;
(iii) a minimização;
(iv) o reuso;
(v) a reciclagem;
(vi) a recuperação;
(vii) o tratamento e a destinação final adequadas.

53
8.2. COLETA CONVENCIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

8.2.1. Resíduos Domiciliares

A utilização dos serviços de coleta pública por parte da população de Votorantim


apresenta, segundo a Prefeitura Municipal, o índice de 96,18% no ano de 2014, ou 111.177
habitantes atendidos. Nas áreas de difícil acesso para os caminhões coletores o município
disponibiliza a coleta indireta, através do uso de contêineres.
Com a intensificação dos programas relacionados a gestão dos resíduos sólidos e ações
de sensibilização da população para a disposição adequada dos resíduos considera-se que vem
sendo mantido o atendimento satisfatório neste serviço.
No que se refere à coleta convencional de resíduos a meta prevista neste plano é, então,
de se atingir a plena eficácia da prestação dos serviços promovendo sempre que necessário o
realinhamento dos planos de coleta, garantindo o atendimento a 100% da população.
No ano de 2014, a média de resíduos de coletas domiciliares e comerciais encaminhadas
ao aterro sanitário municipal é de 77,6 toneladas por dia, ou 2.360,35 toneladas/mês.

54
8.2.2. Resíduos da Varrição e Serviços Complementares

A execução dos serviços de limpeza urbana atinge, atualmente, 52% dos bairros da cidade
de Votorantim, com frequência variável que vai de uma vez por semana a diária, dependendo da
região da cidade.
A “varrição com calçada”, que abrange todas as avenidas e praças, soma 2.421 km/ano e é
realizada com periodicidade média de 03 vezes por semana. A varrição do “quadrilátero central”
é realizada diariamente e em dois turnos.
Complementarmente aos serviços de varrição manual, também estão aqui incluídos os
serviços de roçada e capinação (média de 350.000 m2/mês); os serviços de limpeza das feiras
livres (média de 20 km/mês); os serviços de pintura de guias e os serviços de trituração de
galhos/resíduos vegetais.

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8.2.3. Coleta Seletiva e Valorização dos Recicláveis

A coleta porta a porta seletiva oferecida pelo município de Votorantim possui uma
abrangência limitada e atinge 60% do território municipal de Votorantim.

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8.3. COLETA CONVENCIONAL DE RESÍDUOS DE SAÚDE

A coleta do RSS é realizada em todo o perímetro urbano da cidade de Votorantim, incluindo


os “pequenos geradores” (que somam aproximadamente 200 pontos de coleta) e os “grandes
geradores” (hospitais, maternidades, unidades básicas de saúde), que somam 49 pontos. A
empresa contratada pela prefeitura Municipal e responsável por esse serviço transporta, trata e
destina cerca de 4,6 toneladas por mês de RSS.

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59
8.4. COLETAS DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL - RCC

No município de Votorantim existia apenas um local para despejo de


resíduos da construção e que nunca foi licenciado (Aterro do Costa). Estima-se que das
100 caçambas recolhidas diariamente na cidade, 75 eram destinadas à área; as demais
restantes têm destino incerto e muito provavelmente são despejadas de forma irregular e
clandestinamente, em diferentes locais da cidade. Até o final do ano de 2012 a área
ainda recebia inúmeros resíduos advindos de diferentes geradores, inclusive de outros
municípios.
Atualmente, no ano de 2014, a Prefeitura de Votorantim estabeleceu uma
parceria com a Empresa Votorantim Cimentos Ltda, para implantar o aterro de resíduos
inertes localizado na Rodovia Raimundo Antunes Soares, Km 105, Bairro Jurupará. A
Prefeitura já tornou público o requerimento de Licença Prévia (LP) e recebeu a Licença
Prévia Nº 6002741 da Companhia Estadual De Tecnologia de Saneamento Básico e
Controle de Poluição das Águas (CETESB). Há previsão de início das instalações para
o final do ano de 2014, estando apenas aguardando a Licença de Instalação (LI) e outras
manifestações da CETESB.
Por meio da instalação do novo Aterro de Inertes em Votorantim, acredita-
se que os inúmeros despejos irregulares de entulho observados na cidade,
principalmente em Áreas de Preservação Permanente, sejam minimizados em função do
município possuir uma área adequada e devidamente licenciada para receber os RCC.
Torna-se imperioso a implantação de um Centro de Reciclagem de Resíduos
da Construção Civil com Licenciamento de Operação junto a CETESB. Deverá ter uma
usina de reciclagem de resíduos da construção civil e inertes, com capacidade de
processamento médio anual de 82.000 toneladas.
Outro aspecto importante a ser considerado é o fato de que grande parte dos
geradores são pessoas comuns; ou seja, moradores e comerciantes que fazem pequenas
obras e reformas. Estes geradores ainda não têm conhecimento e nem estímulo para
lidar de forma adequada com este tipo de resíduo temporário. A prática corrente e
adotada pela grande maioria ainda é a de contratar uma caçamba para deposição de
todos os tipos de resíduos e rejeitos, sem qualquer preocupação com a segregação ou a
destinação destes resíduos.

60
Este é, portanto, um dos grandes desafios a ser enfrentado pelo município,
quando se fala no controle do RCC; ou seja, as propostas apresentadas para
desenvolvimento deste tema, deverão contemplar aspectos legais, institucionais,
organizacionais, operacionais, além do componente de educação ambiental, voltado a
informar, esclarecer e capacitar os diferentes atores envolvidos.
Para isso, a Prefeitura de Votorantim, por meio da Secretaria de Meio
Ambiente (SEMA) e Secretaria de Obras e Urbanismo (SOURB), projetaram 24
Ecopontos para toda a cidade. Até o final do ano de 2014 pretende-se instalar 04
Ecopontos nas áreas mais urgentes do município.
Diferentemente dos modelos ultrapassados de Ecopontos, que consistiam
apenas em contêineres isolados onde todo tipo de material era depositado, inclusive
animais mortos, sendo ainda muitas vezes incendiado pela própria população para
diminuir o grande volume acumulado naquele local, causando diversos tipos de
prejuízos ao meio ambiente e à comunidade.
O modelo atual da Prefeitura Municipal consiste em Ecopontos
monitorados, instalados nos locais onde costumeiramente há problemas com depósitos
irregulares de resíduos pela população. Terão uma área de aproximadamente 300 m2,
piso impermeabilizado, cobertura contra chuvas, guarita de monitoramento, iluminação
noturna e baias para acondicionamento de restos de resíduos de poda e jardinagem,
madeira, resíduos da construção civil (RCC), resíduos volumosos (colchão, geladeira,
sofá, etc), pneus inservíveis, lâmpadas fluorescentes, bitucas de cigarro, resíduos
eletrônicos, pilhas, baterias e materiais recicláveis.
Os restos de podas e de vegetação, após passarem pelo triturador de galhos,
serão encaminhados para as composteiras públicas localizadas no Viveiro Municipal e
no Parque do Matão. O excedente deste material deverá ser destinado ao aterro
sanitário. As madeiras serão destinadas às empresas que promovem a sua reciclagem
e/ou reutilização (ex: Empresa Salmeron Ambiental).
Os RCC e os resíduos volumosos serão encaminhados ao próprio aterro de
inertes para triagem, reutilização e devido acondicionamento.
Os resíduos volumosos que forem identificados como reaproveitáveis serão
restaurados pela marcenaria da prefeitura e/ou encaminhados para centros
especializados em reformas de mobília. Os resíduos volumosos elétricos, como

61
máquinas domésticas deverão ser encaminhados para a reciclagem ou para centros de
treinamento tecnológicos para serem utilizados como componentes de treinamento.
Por meio do Programa Municipal de Gerenciamento de Pneus Inservíveis,
implementado pela SEMA em parceria com a Empresa Reciclanip, este material será
transportado para o depósito de pneus da SEMA, quando atingido o número mínimo de
dois mil pneus, a empresa é contatada para realizar o transporte dos mesmos para a
devida reciclagem. Além disso, a SEMA trabalha com o reaproveitamento de pneus
para construir lixeiras públicas, brinquedos de playground, bicicletários e jardineiras,
lembrando que todos os pneus são previamente perfurados para impossibilitar o
acúmulo de água.
As lâmpadas fluorescentes deverão ser adequadamente descartadas,
enroladas em jornal, pano ou papelão para serem processadas pelas empresas de
gerenciamento deste material, a fim de separar os materiais recicláveis dos demais
componentes químicos presentes em sua constituição. Atualmente a SEMA estabelece
vínculo com a empresa Bulbless.
As bitucas de cigarro encaminhadas aos Ecopontos pelos munícipes serão
acondicionadas em caixas metálicas e coletadas pela empresa Poiato Recicla para serem
desintoxicadas e preparadas para servirem como constituinte de papel reciclado.
Os resíduos eletrônicos, pilhas e baterias deverão ser acondicionados em
caixas plásticas para serem encaminhadas ao centro municipal de recolhimento destes
materiais, sendo um local arejado, protegido e lacrado para que assim a cooperativa de
catadores possa coletá-lo para separação dos diversos componentes que seguirão para a
reciclagem.
Os materiais recicláveis serão coletados pela Cooperativa dos Catadores de
Material Reciclável de Votorantim (Coopervot) a fim de representarem maiores
possibilidades de renda aos cooperados.
Com isso, espera-se que sejam minimizados os inúmeros despejos
irregulares de entulho observados na cidade, principalmente em Áreas de Preservação
Permanente, pois a população poderá descartar seus rejeitos em locais apropriados e
licenciados, como é o caso dos Ecopontos e do Aterro de Inertes.

62
Figura: Modelo de Ecoponto a ser implementado pela Prefeitura Municipal de
Votorantim.

63
Figura: Planta do Ecoponto a ser implementado pela Prefeitura Municipal de Votorantim.
Fonte: Secretaria de Obras e Urbanismo (SOURB).
64
8.4.1. Pontos de Descarte de Resíduos Inertes em Votorantim

Os principais pontos de descarte de resíduos inertes, estão listados conforme


abaixo:
1 - Jardim São Lucas (Fundos das casas da Rua Lourenço Mouro e Rua Manoel
Vicente Duraes e Rua José Maria de Barros e Rua Bertilha Laureano);
2 - Jardim Europa (Fundos das casas da Rua Emerson Wagner Torres e Rua
Gilberto Tadeu Gonçalves);
3 - Bairro São João (Fundos das casas da Rua Darwin Sbrana e final de todas as
ruas e avenida que terminam na divisa);
4 - Jardim dos Bandeirantes (Divisa com a Rua Adelina Monari);
5 - Bairro Santo Antônio (Continuação da Av. Santo Antônio: Estrada de
Votorantim para a Represa de Itupararanga);
6 - Área Rural: No portão da Empresa Fibria que fica na margem da rodovia
(SP079) que vai para a Santa Helena (um pouco antes do viaduto da Santa Helena) e;
depois do pátio único da Votorantim Cimentos (conhecida como Estrada Velha de
Piedade);
7 – Ao longo da Av. Jaziel de Azeredo Ribeiro, caminho do antigo Aterro do
Costa;
8 – Rua José Celeste, próximo ao Bairro dos Morros;
9 – Ás margens do Rio Sorocaba no Bairro da Chave;
10 – Continuação da Rua Nelson Teixeira, Pq Jataí I;
11 – Bairros: São Matheus, Vl Nova Votorantim, Prómorar, Tatiana, Primavera e
Novo Mundo, entre outras ainda não catalogadas.

65
8.5. NOVAS TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO E DESTINAÇÃO FINAL DE
RESÍDUOS, CONSÓRCIOS INTERMUNICIPAIS E PARCERIAS PÚBLICO-
PRIVADAS (PPP)

Os rejeitos domiciliares, ou seja, o mínimo acumulado após serem procedidos os


devidos encaminhamentos dos materiais recicláveis e certa parcela de matéria orgânica
para composteiras, poderiam ter como possíveis alternativas de destinação adotadas
pelo município a utilização de novas tecnologias de gerenciamento de resíduos sólidos.
As novas tecnologias para a gestão de resíduos sólidos mais aceitas e viáveis
para o Município de Votorantim, podem ainda gerar energia elétrica e material inerte
destinados à reutilização por indústrias, na construção civil ou na pavimentação de vias
rurais.
Considerando que entre as metas estabelecidas para os “serviços de coleta” de
resíduos domiciliares será buscado o atendimento de 100% da população, entende-se
que esta condição irá se refletir na obrigatoriedade de, também, se promover uma
destinação adequada, em equipamento público, privado ou em parceria público-privada
(PPP), em consórcio intermunicipal ou não, devidamente licenciado, para os 100% dos
resíduos domiciliares coletados.
É importante informar que a Lei Municipal Nº 825/90 autoriza o executivo a
participar de consórcios intermunicipais. E desde o mês de julho de 2014, a Prefeitura
Municipal de Votorantim, por meio do Programa Municipal de Parcerias Público-
Privadas (PPPs) pode atrair investimentos da iniciativa privada para a concretização de
obras ou projetos de interesse municipal.

66
67
68
9. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL FORMAL E INFORMAL

A Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal 9.795/99)


estabelece como conceito da educação ambiental as ações e práticas educativas voltadas
à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e
participação na defesa da qualidade do meio ambiente, devendo o Poder Público, em
suas diferentes instâncias, incentivar a ampla participação das escolas, das universidades
e de organizações não governamentais na formulação e execução de programas e
atividades vinculadas à educação ambiental não formal.
Dessa forma, a educação ambiental se constitui numa forma abrangente de
educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico
participativo e permanente que procura incutir nos cidadãos uma consciência crítica
sobre a problemática ambiental.
Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o comportamento do
homem em relação à natureza, no sentido de promover sob um modelo de
desenvolvimento sustentável (processo que assegura uma gestão responsável dos
recursos do planeta de forma a preservar os interesses das gerações futuras e, ao mesmo
tempo atender as necessidades das gerações atuais), a compatibilização de práticas
econômicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidentes junto à qualidade de
vida de todos.
Quando o processo de educação ambiental é institucionalizado, ocorrendo
nas unidades de ensino, é denominado formal. Por outro lado, quando se caracteriza por
realização fora da escola, envolvendo flexibilidade de métodos e de conteúdos e um
público alvo muito variável em suas características (faixa etária, nível de escolaridade,
nível de conhecimento da problemática ambiental, etc) é denominado informal.
Um programa de educação ambiental para ser efetivo deve promover
simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilidades
necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental. A aprendizagem será mais
efetiva se a atividade estiver adaptada às situações da vida real da cidade, ou do meio
em que vive a sociedade. Nesta perspectiva, então, a gestão de resíduos sólidos, em seu
conceito mais amplo, estabelece enquanto diretriz para o processo de Educação
Ambiental:

69
(i) a necessidade do consumo consciente para a redução da geração de
resíduos,
(ii) a reutilização e encaminhamento para a reciclagem; e
(iii) a destinação ambientalmente adequada dos materiais inservíveis.

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9.1. Programas e Ações de Capacitação Técnica

Ao refletir sobre as questões relacionadas à gestão dos resíduos sólidos, as soluções e


as ações possíveis delineadas sempre apontam para a importância da educação
ambiental.
A visão sistêmica necessária para a gestão de resíduos sólidos (que leve em
consideração as variáveis ambientais, sociais, culturais, econômicas, tecnológicas e de
saúde pública), o senso de corresponsabilidade, cooperação e articulação entre o Poder
Público e os demais segmentos da sociedade, e a garantia do direito à informação são
princípios da PERS, que se coadunam significativamente com os princípios da educação
ambiental.
A Educação Ambiental, como instrumento das PERS e PNRS, fomenta o
envolvimento e a transformação da sociedade com vistas à promoção de padrões
sustentáveis de produção e consumo, à prevenção da poluição e à minimização dos
resíduos na fonte geradora, assim como ao incentivo às práticas ambientalmente
adequadas de redução, reutilização, recuperação e reciclagem de resíduos.
O Poder Público tem a competência de promover a educação ambiental de forma
direta ou, por meio de convênios e parcerias com entidades públicas e privadas, entre
outros.
71
No SEAQUA, a Coordenadoria de Educação Ambiental (CEA) da SMA é o órgão
responsável pelo fomento, planejamento, coordenação e proposição de canais de
comunicação e políticas públicas de educação ambiental.
O Decreto Estadual nº57.817, de 28 de fevereiro de 2012, instituiu o Programa
Estadual de Implementação de Projetos de Resíduos Sólidos, que criou uma estrutura de
quatro projetos, entre eles o de Educação Ambiental, para a gestão dos resíduos sólidos
são:
“Artigo 5° (...)
I - fomentar e promover ações de Educação Ambiental sobre resíduos sólidos, em
especial pela capacitação dos professores da rede pública de ensino;
II - promover a disseminação de informações e orientações sobre a participação de
consumidores, comerciantes, distribuidores, fabricantes e importadores nos sistemas
de responsabilidade pós-consumo;
III - sensibilizar e conscientizar a população sobre suas responsabilidades na gestão de
resíduos, em especial na coleta seletiva e nos sistemas de responsabilidade pós-
consumo, visando a difundir e consolidar padrões sustentáveis de produção e
consumo;
IV - elaborar e publicar material de orientação sobre a gestão dos resíduos sólidos.”
O FEHIDRO é, atualmente, o principal fundo estadual de financiamento de projetos
de educação ambiental no estado de São Paulo. Esse fundo atende aos Municípios, a
Organizações da Sociedade Civil e ao próprio Poder Público Estadual.
Dentre as áreas de atuação elegíveis para o financiamento do FEHIDRO encontram-
se a Educação Ambiental para a Gestão Sustentável de Recursos Hídricos que
contempla as seguintes ações:
• Sensibilização, conscientização e mobilização socioambiental;
• Educação voltada à comunicação, difusão e disseminação de informações.

72
9.2. LOGÍSTICA REVERSA (RESÍDUOS ESPECIAIS)

O tema “logística reversa” é ainda uma novidade em nosso meio e a sua


efetiva implementação necessita, ainda, ser normatizada de forma plena.
Ainda que já se tenha alguma experiência mais difundida, de forma geral,
com a logística reversa aplicada aos pneus inservíveis, este conceito irá requerer, por
parte dos mais diversos atores envolvidos (ou seja, a cadeia de fabricantes,
importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores) muita reflexão quanto à
“responsabilização compartilhada”.
Por estas particularidades, as propostas ora apresentadas no presente estudo
são, obviamente, bastante preliminares e carentes de maior detalhamento.

73
9.3. ÁREAS DE PASSIVOS AMBIENTAIS

De acordo com a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo)


passivo ambiental pode ser definido como: “O valor monetário necessário para custear a
reparação do acúmulo de danos ambientais causados por um empreendimento, ao longo
de sua operação. Todavia, o termo passivo ambiental tem sido empregado, com
frequência, para conotar, de uma forma mais ampla, não apenas o custo monetário, mas
a totalidade dos custos decorrentes do acúmulo de danos ambientais, incluindo os custos
financeiros, econômicos e sociais”.
Conforme estabelecido na PNRS, em seu Art. 19, os Planos Municipais de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS deverão apresentar um conteúdo
mínimo, que inclui a identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos
sólidos, conforme determinado no inciso XVIII e transcrito a seguir:
XVIII - identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos,
incluindo áreas contaminadas, e respectivas medidas saneadoras.
Conforme já apresentado e discutido no presente estudo, o crescimento
populacional e o processo de urbanização verificados no município de Votorantim,
aliados a melhoria da renda têm contribuído, sobremaneira, para o aumento da geração
de grandes volumes de resíduos, em especial os da construção civil e demolição (RCC).
Neste cenário, então, podem ser observados atualmente no território municipal de
Votorantim, inúmeros “bolsões” de disposição irregular de RCC (que por vezes estão
misturados aos outros tipos de resíduos não inertes e/ou perigosos), clandestinos. Para
evitar este tipo de problema, espera-se que a instalação dos Ecopontos monitorados,
bem como o licenciamento do novo aterro de inertes possam estabelecer uma nova
perspectiva acerca do gerenciamento deste tipo de resíduo, considerado um dos mais
complexos no município.
Por meio de consulta realizada à Relação de Áreas Contaminadas e Reabilitadas,
de dezembro de 2013, publicada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo –
CETESB, foram relacionadas 05 áreas classificadas como contaminadas em Votorantim
e quatro delas apresentam como fonte de contaminação a armazenagem, ou seja,
nenhuma por deposição de resíduos, são áreas de postos de combustível. Tais áreas se
encontram nas etapas de gerenciamento, compreendendo a investigação confirmatória, a
investigação detalhada e o plano de intervenção. E das quatro áreas, apenas duas
74
possuem a etapa de remediação com monitoramento da eficiência e eficácia, possuindo
a seguinte localização:

• Av. 31 de Março,913, centro;

• Av. Octávio Augusto Rangel, 537, Rio Acima;

• Av. 31 de Março,60, centro;

• Av. 31 de Março,724, centro;


A outra área que não foi mencionada tem como atividade principal a indústria,
ela se localiza na rua Moacir Oséas Guitte, 40, centro. Ela já passou por todas as etapas
de gerenciamento e agora se encontra em fase de monitoramento para encerramento. A
principal medida de remediação foi a Extração Multifásica.
No entanto, existe uma área de disposição ambientalmente inadequada de resíduos em
Votorantim que necessitam ser avaliadas quanto ao seu passivo ambiental. Nesse
sentido, com o objetivo de identificar os danos ambientais associados e estabelecer
planos de ação condizentes que procurem sanar a questão dos passivos ambientais do
município de Votorantim, estão sendo levantados os principais pontos críticos, reais e
potenciais, relacionados à disposição final de resíduos sólidos.
O intuito de identificar tais passivos ambientais é buscar apoio e recursos para a
recuperação das situações ambientalmente irregulares e, consequentemente, minimizar
os impactos historicamente pendentes. Salienta-se que há a probabilidade da existência
de passivos ainda não identificados no município. Cabe frisar que a busca pelas formas
de obtenção de recursos financeiros deve garantir o financiamento de projetos
executivos, bem como a recuperação de passivos ambientais, caso seja detectada
futuramente a presença dos mesmos.
Atualmente, a prefeitura contratou uma empresa especializada para proceder o
monitoramento de uma área indevidamente utilizada para deposição de resíduos. Assim,
o local encontra-se em processo de avaliação de passivo ambiental, em atendimento as
exigências da CETESB. Essa área é o antigo Aterro do Costa, que foi utilizada para
deposição, principalmente, de resíduos de construção civil, resíduos volumosos e
resíduos de poda e capina, além de outros tipos de resíduos. Após a avaliação deste
passivo ambiental, será necessário um projeto para a recuperação ambiental dessa área.

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76
77
10. ESCOPO DOS SERVIÇOS PARA 20 ANOS

10.1. INTRODUÇÃO

A Prefeitura tem tomado diversas iniciativas no sentido de incrementar o


oferecimento dos serviços e a consecução das finalidades públicas nele envolvidas. No
entanto, todos os estudos elaborados até então apontam numerosas deficiências na
gestão urbana e, apesar da modernização de determinados bens utilizados na prestação
dos serviços, são exatamente aqueles de investimento de longo prazo, sobretudo o aterro
sanitário, que apresentam vida útil de curto prazo.
A contratação de prestação de serviços lastreada no regime de empreitada
estabelecido na Lei Federal nº 8.666/93 não tem surtido o efeito desejado e não
garantem os ganhos de qualidade necessários. Há considerável dificuldade de assegurar
a continuidade dos serviços com a qualidade devida, em função da carência de recursos
humanos, materiais e financeiros.
Ainda, a limitação de prazo prevista no regime da Lei de Licitações e
Contratos (sessenta meses, excepcionalmente prorrogáveis por mais doze) impede que
se transfira para o particular a responsabilidade pelos investimentos de grande vulto e
longo prazo necessários para a modernização e recuperação da infraestrutura básica de
limpeza urbana.
Diante da impossibilidade, enfrentada pelos entes públicos de maneira geral,
de custear diretamente tais investimentos, a lei federal facultou à Administração a
realização de formas de delegação do serviço que possibilitam tais investimentos em
prazo mais longo, amortizados por meio da própria exploração do serviço.
Diante deste quadro, de necessidades de implantação imediata de novos
equipamentos e instalações e do prazo de vencimento dos atuais contratos de limpeza
urbana, que não permitem gerar obrigações de investimentos pelas empresas prestadoras
de serviços, recomenda-se à Administração reestruturar o setor de limpeza urbana no
Município.
O modelo atual, apesar da relativa aprovação do serviço, não é isento de
críticas, o que fundamenta a busca de alternativas.
Dada a alteração do contexto da atividade no território nacional e a alteração
do contexto político, o atual modelo carece de modernização, não só para melhor
78
atender às necessidades dos usuários, como também para fomentar o aproveitamento do
potencial econômico da atividade no país.
Decorrido o prazo para a operação e manutenção do atual aterro sanitário,
observa-se que a aplicação da evolução do conceito de limpeza urbana nos últimos 8
anos, apesar de ter implantado a Coleta Seletiva e a Usina de Triagem dos Resíduos,
deixou de implantar serviços e conceitos de limpeza urbana novos que poderiam ajudar
muito a cidade em sua evolução no saneamento ambiental, sendo o caso da implantação
de uma Central de Beneficiamento de Resíduos Inertes, ou uma Unidade de Tratamento
de Resíduos de Saúde, além da conteinerização da coleta dos resíduos domiciliares nas
zonas centrais, entre outros.
A questão da Limpeza Urbana não apresenta avanços, por planejamento
inadequado ou escassez de recursos. Os serviços são executados de modo descontínuo,
como exemplo pode ser citada a varrição das ruas, que ocorre precariamente e tem
tarefas divididas com entre o Setor de Limpeza da Prefeitura provocando, fatos que não
otimizam os recursos empregados, prejudicam o planejamento dos trabalhos e causam
problemas na qualidade da prestação dos serviços e dificuldades para o sistema de
gestão.
Assim para que a situação de limpeza urbana na cidade atinja níveis de
excelência que a população espera e merece usufruir, e que sejam compatíveis com
atual grau de desenvolvimento econômico da cidade, despontando como referência
regional, é necessário que a Prefeitura envide grandes esforços de planejamento,
investimentos em tecnologia e recursos e qualificação dos profissionais envolvidos, nos
próximos anos de execução do Plano.
Para que o Município possa atingir um novo patamar na gestão da Limpeza
Urbana, é necessário um montante expressivo de investimentos no setor, o qual não se
realiza num curto lapso de tempo. Pelo contrário, é cada vez mais assente a ideia de que,
na área de saneamento ambiental, os operadores dos serviços precisam de um longo
prazo para amortização dos investimentos que deles são exigidos. As dimensões do
equacionamento da Limpeza Urbana exigem recursos, os quais, quase sempre, são
ressarcidos ao longo dos anos dos contratos, com as empresas prestadoras dos serviços,
cujos prazos de 5 (cinco) anos que já não conseguem mais resolver a questão dos

79
investimentos, que a Limpeza Urbana tanto exige e também não conseguem mais
resolver a questão de amortização desses investimentos.
A Prefeitura deve saber que nos próximos 20 anos deverá investir em
serviços de limpeza urbana valores vultosos, o que deverá comprometer os planos de
investimentos em outros setores carentes também, tais como obras de infraestrutura,
ampliação do saneamento básico, desenvolvimento industrial, educação, saúde,
assistência social, turismo, etc.
Foram escolhidos os serviços mais necessários que a Prefeitura de
Votorantim realiza atualmente, assim essa simulação é uma foto ampliada da
manutenção das necessidades atuais da Limpeza Urbana da cidade. No futuro poderão
surgir outras demandas ocasionadas pela evolução das atividades econômicas da cidade,
e também decorrentes do avanço da tecnologia dos equipamentos e veículos
relacionados a Limpeza Urbana, tais como exploração do biogás de aterro, etc.
Seguem os escopos de serviços:
1) Coleta Manual e Transporte de Resíduos Domiciliares e Comerciais;
2) Coleta e Transporte de Resíduos de Estabelecimento de Saúde;
3) Coleta e Transporte da Coleta Seletiva;
4) Varrição de Vias e Logradouros Públicos;
5) Equipe de Serviços Diversos;
6) Equipe de Coleta Manual de Resíduos Inertes em vias públicas;
7) Equipe de Limpeza de Boca de Lobo;
8) Implantação, operação, manutenção, de Aterro Sanitário;
9) Implantação de Unidade, Operação e Tratamento de Resíduos de Saúde;
10) Reforma, readequação, operação, manutenção da Usina de Triagem;
11) Implantação, operação, manutenção de Ecopontos;
12) Implantação de Usina de Beneficiamento de Resíduos Inertes (RCC);
13) Equipe de Lavagem de Feiras, Vias e Logradouros Públicos;
14) Equipe Especial para Cemitérios e Parques;
15) Implantação, operação, manutenção de Aterro de Inertes;
16) Equipe de recolhimento de animais mortos;
17) Coleta Domiciliar Conteinerizada.

80
10.2. ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DOS SERVIÇOS

Essa especificação destina-se a detalhar como os serviços indicados são


realizados e como foram dimensionados os recursos necessários para tanto. Destina-se,
ainda, a estabelecer as diretrizes técnicas gerais, bem como fornecer valores e
informações referenciais, complementares para a formulação do ensaio de valores
contratuais.

10.2.1. Resíduos Domiciliares e Comerciais

10.2.1.1. Coleta Manual e Transporte de Resíduos Sólidos


Domiciliares e Comerciais
Considerou-se para esta simulação o serviço de coleta de resíduos sólidos
domiciliares e comerciais, provenientes da limpeza pública da área urbana, rural e da
varrição manual correspondendo ao recolhimento regular dos resíduos nas vias públicas,
depositados pelos munícipes-usuários, acondicionados em sacos plásticos.
Os equipamentos de coleta considerados foram caminhões com
equipamentos compactadores com capacidade de 15m³. A frequência utilizada para a
coleta dos resíduos é diária para algumas áreas do centro da cidade e alternada de três
vezes por semana no período diurno e noturno nos bairros. Considerada uma equipe
mínima para a execução dos serviços composta por 01 (um) motorista mais reserva de
10%; 03 (três) coletores mais a reserva de 10%; e 01 caminhão coletor compactador de
15m³, de carga traseira, bem como de ferramentas de trabalho necessárias ao bom
desempenho das funções. Adotou-se inicialmente uma frota de 08 (oito) caminhões
coletores compactadores, para a capacidade atual de carga, já inclusa a reserva técnica.
No ano de 2014, reúnem-se cerca de 100 funcionários alocados nos serviços
de resíduos sólidos urbanos em Votorantim.
A receita orçada com a cobrança de taxas e tarifas referentes à gestão e manejo
de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no ano de 2013 foi de R$ 4.756.000,00 R$/ano. E a
receita arrecadada com taxas e tarifas referentes à gestão e manejo de RSU foi de R$
4.616.776,99/ano.

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10.2.1.2. Varrição Manual de Vias e Logradouros Públicos

Considerou-se o serviço de varrição como a operação manual de varredura,


recolhimento e ensacamento de todos os resíduos existentes nas vias, logradouros
públicos e papeleiras, conforme o Plano de Trabalho para a Varrição Manual, existente
na Prefeitura, onde consta o nome da cada via a ser varrida, trecho considerado,
metragem, frequência adotada e o período de execução dos serviços. A equipe para a
execução dos serviços de varrição manual é formada por 02 (dois) varredores; 01 (um)
lutocar; utensílios, ferramentas e EPI’s necessárias para a perfeita realização dos
trabalhos. Dimensiona-se a quantidade de equipes pela quilometragem a ser varrida no
mês.

10.2.1.3. Coleta domiciliar conteinerizada

Considerou-se o serviço de coleta domiciliar conteinerizada, como a coleta


dos resíduos de limpeza pública acondicionados em contêineres de 1,20 m³ espalhados
por alguns locais da cidade, principalmente condomínios e locais com muita produção
de resíduo. Adotou-se a coleta de 20 contêineres (20 m³ de resíduo/dia) que serão
renovados anualmente.
Foram considerados veículos de coleta com equipamentos compactadores
de capacidade de 15m³ e sistema de basculamento de contêineres. A frequência utilizada
para a coleta dos resíduos poderá ser diária ou alternada, no período diurno e noturno.
Considerada uma equipe mínima para a execução dos serviços composta por
01 (um) motorista; 02 (dois) coletores; e 01 caminhão coletor compactador de 15m³, de
carga traseira, bem como de ferramentas de trabalho necessárias ao bom desempenho
das funções. Adotou-se uma frota inicial de 2 (dois) caminhões coletores compactadores
na operação e 01 (um) caminhão como reserva técnica.

10.2.1.4. Serviços Diversos

Considerou-se como serviços diversos os correspondentes ao reforço de varrição


de vias nas vias não contempladas pelo serviço, capinação, roçagem, raspagem, pintura
de guias com cal, dentro da área do Município, utilizando as ferramentas necessárias
para a melhor execução dos trabalhos, bem como o recolhimento dos resíduos gerados.
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As equipes destinadas a estes serviços deverão atender ás atividades pré-programadas
pela Prefeitura em forma de mutirão.
A equipe para esses tipos de serviços é formada por 01(um) motorista; 01 (um)
operador de trator; 6 (seis) ajudantes; 02 (dois) operadores de roçadeira costal; 02 (duas)
roçadeira costal; 01 (um) caminhão carroceria de madeira ou similar, com cabine para
transporte de pessoal, equipamento tipo furgão ou similar, ou poderá ser disponibilizado
um veículo utilitário para transporte de pessoal, bem como de ferramentas de trabalho
necessárias ao bom desempenho das funções; 01 (um) trator agrícola acoplado com
roçadeira.

10.2.1.5. Coleta Seletiva Convencional

Considerada a coleta e transporte regular dos materiais recicláveis


disponibilizados pelos domicílios, estabelecimentos comerciais, estabelecimentos
industriais, em vias ou logradouros públicos ou ainda nos próprios locais de
funcionamento dos estabelecimentos. Entende-se como materiais recicláveis todo
material que tenha condições de reutilização, reuso ou de serem reciclados tais como:
papel, papelão, plásticos, vidros, metais, pneus, ferrosos, e não ferrosos e outros.
Consideraram-se as frequências do atual plano de coleta seletiva da Prefeitura.
A equipe mínima utilizada para a execução dos serviços é de 01 (um)
motorista; 02 (dois) coletores; 01 (um) caminhão coletor compactador de 15 m³, de
carga traseira ou 01 (um) caminhão equipado com carroceria de madeira modelo
“gaiola”, bem como de ferramentas de trabalho necessárias ao bom desempenho das
funções. Os equipamentos necessários para as dimensões da cidade de Votorantim são 2
caminhões coletores compactadores de 15 m³ e 2 caminhões equipados com carrocerias
de madeira modelo “gaiola”, já inclusa a reserva técnica.
Por meio da parceria entre a Prefeitura Municipal de Votorantim e a
Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Votorantim (Coopervot), o
Programa Municipal de Coleta Seletiva se destina à coleta dos materiais recicláveis no
Município.
Para isso, a Coopervot realiza diariamente a coleta, transporte, triagem,
prensagem e o encaminhamento dos materiais às empresas de transformação e
reciclagem.
83
São recolhidas em média 100 toneladas ao mês. Dentre os materiais mais
coletados estão o papel somando 50% da coleta, seguido do plástico, sucatas e lixo
eletrônico, além do óleo de cozinha com mais de dois mil litros coletados por mês.
Depois da coleta é feita uma triagem e o material é vendido às empresas
parceiras. Cerca de 60% da cidade é atendido pela Coopervot e a ampliação desta
cobertura está sendo programada.
Para o gerenciamento dos materiais recicláveis no Município de
Votorantim, a Secretaria de meio Ambiente (SEMA) e a Secretaria de Cidadania (SECI)
estabeleceram parceria com a Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de
Votorantim (Coopervot), que conta atualmente com 36 cooperados.
Por meio desta parceria, a Prefeitura Municipal cedeu à Coopervot o terreno
e o galpão utilizado como centro de triagem de materiais recicláveis, bem como cedeu
uma prensa hidráulica e dois caminhões de coleta. Além disso, a Prefeitura custeia
permanentemente o combustível e óleo dos caminhões e arca com os custos da troca dos
pneus quando necessário.
Outra triangulação realizada entre a Prefeitura e as empresas atuantes no
Núcleo de Desenvolvimento Empresarial José Ermírio de Moraes Filho (Empresa
Incubadora Municipal) possibilitou o patrocínio para a confecção das camisetas
utilizadas para a identificação dos cooperados durante os trabalhos de coleta. As
empresas parceiras são a Poiato Recicla, a Braslen Chocolates e a Formigueiro Doces.
Além da coleta diária casa a casa procedida pela Coopervot, a SEMA
instalou dois pontos permanentes de coleta de materiais recicláveis (sede da SEMA e
Parque do Matão), nos quais encontram-se os contêineres devidamente identificados
para o recebimento dos materiais. Frequentemente a SEMA aciona a Coopervot para a
coleta dos materiais ao centro de triagem de materiais recicláveis para
acondicionamento, prensagem e embalagem para a venda.
Outra iniciativa da SEMA para auxiliar a Coopervot na coleta seletiva no
Município, é a instalação de diversos tambores devidamente adesivados e banners
informativos alocados em diversos pontos durante a realização de eventos no
Município, como feiras, shows e festas populares.

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Os pontos de coleta são:
• Eco-Ponto “Materiais Recicláveis” da Secretaria de Meio Ambiente de
Votorantim (SEMA), no Paço Dois, localizado na Avenida Moacir Oséias
Guitti, Nº 41, Centro;
• Parque do Matão. Rua Ângelo Delapasi, N° 117, Parque Bela Vista;
• Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Votorantim
(Coopervot), localizada na Avenida Jaziel de Azeredo Ribeiro, N° 680, Vila
Garcia;
Os pontos temporários de coleta são:
• Festa Junina de Votorantim, realizada do dia 14 ao dia 29 de junho;
• Demais eventos municipais.
O objetivo do presente Programa é diminuir ao máximo o lançamento de
resíduos no meio ambiente. A destinação dos materiais à reciclagem reduz
consideravelmente o descarte de resíduos em aterros sanitários, ampliando a vida útil
desses locais e reduzindo a contaminação ambiental. Além disso, a coleta seletiva
proporciona ganhos de importância social e econômica envolvidas na venda dos
materiais.

10.2.1.6. Coleta Seletiva Especificada

O Município de Votorantim desenvolve o devido gerenciamento de


diversos tipos de resíduos, grande parte deles inseridos nos sistemas de logística reversa
de que também trata o Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
Programas específicos foram elaborados para cada tipo de resíduo, a
saber: lâmpadas fluorescentes; resíduos eletrônicos; pilhas e baterias; pneus inservíveis;
óleo de cozinha; lacres de alumínio; bitucas de cigarro; RCC, madeira, resíduos
volumosos (Programa Cidade Limpa – TV TEM) e matéria orgânica (composteira).
A seguir será detalhado o procedimento para cada tipo dos resíduos
listados acima, que ao todo trabalha com uma média de 7.396 toneladas/ano em
Votorantim.

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• Lâmpadas Fluorescentes:
O Programa se destina ao recolhimento e encaminhamento para o devido
gerenciamento de lâmpadas fluorescentes e similares, a fim de assegurar o destino
correto dos materiais depois de seu uso pelos consumidores, o seu recolhimento,
destinação correta e a reciclagem dos mesmos. Objetivando cada vez mais a
conscientização e a participação da população para o correto descarte deste resíduo.
Para isso, foi alocado na sede da Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) o
Ecoponto de Lâmpadas Fluorescentes, onde os munícipes de Votorantim pode descartar
este tipo de material.
Quando há uma considerável quantidade deste material, a SEMA de
Votorantim aciona a Empresa Bulbless, para promover a trituração, separação adequada
dos componentes e encaminhamento aos processos de reciclagem.
A máquina “papa lâmpada”, tritura os materiais vidro e metal das lâmpadas
e separa o elemento mercúrio que passa pelo carvão ativado, onde o mesmo é retirado.
Por meio do Programa de Coleta e Destinação de Lâmpadas Fluorescentes e
Similares, até o primeiro semestre de 2014, a SEMA encaminhou aproximadamente 12
mil lâmpadas fluorescentes para a devida destinação e reciclagem do material.
No Ecoponto de coleta de lâmpadas encontram-se os contêineres
devidamente identificados e adequados para o recebimento do material, que é embalado.
Além dos munícipes que entregam as lâmpadas no Ecoponto, a SEMA
ainda recebe dos departamentos da Prefeitura Municipal as lâmpadas descartadas.
Quando os contêineres encontram-se quase cheios, a Empresa Bulbless é
acionada para proceder aos primeiros processos de gerenciamento dos resíduos, para
depois realizar o transporte dos mesmos até a sede da empresa localizada no Município
de São José dos Campos, SP, onde é devidamente reciclado.
O Eco-Ponto “Lâmpadas Fluorescentes” da Secretaria de Meio Ambiente de
Votorantim (SEMA), localiza-se no Paço Dois, localizado na Avenida Moacir Oséias
Guitti, Nº 41, Centro.

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• Resíduos Eletrônicos, Pilhas e Baterias:
O Programa se destina ao recolhimento e encaminhamento para o devido
gerenciamento de resíduos tecnológicos, pilhas e baterias, objetivando cada vez mais a
conscientização e a participação da população.
Além da sede da Secretaria de Meio Ambiente (SEMA), a Prefeitura
Municipal dispõe de mais outros 14 pontos de coleta de pilhas e baterias distribuídos em
locais estratégicos de fácil acesso e de grande circulação de público, tal como
supermercado, posto de combustível, terminal de ônibus, comércios, entre outros, além
de um Ecoponto para recebimento de materiais eletrônicos na sede da SEMA.
Contudo, é importante destacar que a SEMA, em parceria com a
Concessionária Águas de Votorantim, disponibilizou mais 50 coletores de pilhas e
baterias feitos com tubos de PVC reutilizados para o recebimento destes resíduos em
diversos pontos na cidade, além das Escolas Municipais inscritas no Programa
Municipal “Escola Sustentável”.
Por meio do Programa de Coleta e Destinação de Resíduos Tecnológicos e
do Programa de Coleta de Pilhas, Baterias e Similares, bem como para a devida
destinação e reciclagem destes materiais, a SEMA transportou aproximadamente 2.500
Kg de rejeitos eletrônicos (principalmente computadores e televisores), pilhas e baterias
advindos de cidadãos votorantinenses até o primeiro semestre de 2014.
Para o gerenciamento destes resíduos, a SEMA de Votorantim vem
estabelecendo parceria desde o início desta nova administração com o Núcleo de
Resíduos Eletroeletrônicos de Sorocaba, um projeto de criação da Secretaria Municipal
de Parcerias de Sorocaba, junto à Cooperativa de Coleta Seletiva Reviver e a empresa
Alliance, que faz o transporte dos componentes eletrônicos em quantidade, dando-lhes
tratamento e destinação ambientalmente adequada para outras empresas de reciclagem.
Após reunião realizada com o Núcleo de Sorocaba, representado por seu
sócio fundador o Sr. Júlio César de Andrade, a SEMA de Votorantim vem estudando a
instalação de um centro de triagem e separação de resíduos eletrônicos no município,
capacitando a mão-de-obra dos funcionários da Cooperativa dos Catadores de Material
Reciclável de Votorantim (Coopervot), para que parte do recurso financeiro da venda
deste tipo de resíduo seja repassada aos cooperados.

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Portanto, quanto mais o cidadão evitar o descarte indevido dos rejeitos
eletrônicos, pilhas e baterias, mais estarão contribuindo para a preservação da natureza e
da saúde da população em geral, pois estes materiais possuem inúmeras substâncias
tóxicas, tais como os metais pesados que são biocumulativos e cancerígenos.
Nos pontos de coleta de pilhas e baterias encontram-se os contêineres
devidamente identificados e adequados para o recebimento do material.
Quando os contêineres encontram-se quase cheios, a SEMA é acionada para
proceder o transporte dos mesmos até a sede da Secretaria, que por sua vez armazena os
resíduos em volume considerável para que os funcionários da Cooperativa de Coleta
Seletiva Reviver de Sorocaba procedam sua retirada e o encaminhamento às empresas
de reciclagem envolvidas.
O público envolvido abrange os comerciantes e munícipes em geral que
entregam voluntariamente as pilhas e baterias nos Pontos Definitivos de Coleta e
aqueles que entregam na sede da SEMA os resíduos eletrônicos.

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• Pneus Inservíveis:
A grande problemática que envolve o descarte de pneus vem exigindo cada
vez mais do Município de Votorantim projetos e ações que ofereçam soluções
adequadas a este tipo de resíduo. Nesse sentido, a Secretaria de Meio Ambiente
(SEMA) com o apoio da Secretaria da Saúde (SESA), por meio da Seção de Zoonoses,
estruturou ações no sentido de disponibilizar locais apropriados para que população
possa dispor os pneus que serão encaminhados para a devida reciclagem.
Para isso, são realizadas campanhas educativas permanentes por meio de
matérias para a imprensa e inserção do Programa na realização de palestras.
Estima-se que as ações da SEMA até o primeiro semestre de 2014 com o
Programa de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis resultaram na adequada
reciclagem de aproximadamente 22.000 pneus inservíveis, entre caminhões, carros,
motos e bicicletas, além de milhares de câmaras de ar e tapetes de borracha.
Para o gerenciamento destes resíduos, a SEMA de Votorantim firmou
convênio de cooperação mútua com a Associação Reciclanip, que faz o transporte dos
pneus, dando-lhes destinação ambientalmente adequada para outras empresas de
reciclagem.
Os pneus serão reutilizados ou transformados, em maior parte como
material constituinte de pavimentação para asfaltamento em algumas rodovias do país.
Este produto, conhecido por “asfalto-borracha”, possibilita grandes ganhos econômicos
e socioambientais. Isto porque, em comparação ao asfalto comum, o “asfalto-borracha”
utiliza menos energia em sua fabricação, reduz o uso de matérias-primas não renováveis
e reduz as intervenções e os custos para manutenção das vias, pois aumenta a
durabilidade do pavimento em até 40%, diminuindo ainda as rachaduras e aberturas de
buracos.
Além disso, a utilização deste material reduz a quantidade de pneus
indevidamente depositados em aterros sanitários, fato que aumenta a vida útil destes
locais, e reduz a quantidade de pneus descartados ao ar livre, colaborando para a
despoluição ambiental e diminuição de focos de proliferação do mosquito da dengue.
Nos pontos de coleta, que são a sede da SEMA e a sede do Departamento
Municipal de Zoonoses, encontram-se os locais devidamente cobertos e preparados para
o recebimento e estocagem dos pneus inservíveis.

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A SEMA e a Zoonoses, além de receberem os pneus de munícipes e de
borracharias cadastradas, também procedem a coleta nas vias públicas e demais locais
do território municipal. Todos os pneus recolhidos são encaminhados para a sede da
SEMA e esta por sua vez aciona frequentemente a Empresa Reciclanip, que tem como
parceira a Empresa Policarpo que procede o transporte dos pneus ao centro de
reciclagem localizado no Município de Bragança Paulista para que sejam transformados
em asfalto-borracha.
Os pontos de coleta são:
• Eco-Ponto “Pneus” da Secretaria de Meio Ambiente de Votorantim
(SEMA), no Paço Dois, localizado na Avenida Moacir Oséias Guitti, Nº 41,
Centro;
• Departamento Municipal de Zoonoses, localizado na Avenida Santo
Antônio, s/n°, Bairro Santo Antônio II.
Com isso, objetiva-se diminuir ao máximo o descarte de pneus inservíveis
no meio ambiente, principalmente em Áreas de Preservação Permanente, evitando assim
a poluição física do meio ambiente, bem como auxiliar na redução dos criadouros
propícios à proliferação do mosquito Aedes aegypti transmissor da dengue.

• Óleo de Cozinha:
O Programa se destina ao recolhimento de óleo ou gordura utilizados na
fritura de alimentos domésticos, industriais, em eventos e feiras. São realizadas
campanhas educativas permanentes por meio de matérias para a imprensa, inserção do
Programa na realização de palestras, confecção de panfletos e banners informativos.
É importante destacar que a SEMA disponibilizou caixas de recebimento de
óleo para todas as Escolas Municipais inscritas no Programa Municipal “Escola
Sustentável”.
Estima-se que as ações da SEMA até o primeiro semestre de 2014 com o
Programa Recicla Óleo resultaram na adequada reciclagem de aproximadamente 3.000
litros de óleo usado.
Para o gerenciamento do resíduo, a SEMA de Votorantim firmou convidou
a Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Votorantim (Coopervot), que
conta com 36 cooperados. A Coopervot encaminha a uma empresa especializada, mais

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de mil litros de óleo inservível por mês, dando-lhes destinação ambientalmente
adequada para que o óleo seja transformado em sabão e outros componentes
detergentes.
De acordo com o Instituto Akatu (www.akatu.org.br), 1 litro de óleo
contamina 1 milhão de litros de água. O óleo que chega intacto aos rios, lagos e às
represas fica na superfície da água e pode impedir a entrada da luz, essencial para a
realização da fotossíntese das algas que são vitais para a cadeia alimentar aquática. Em
contato com a pelagem ou plumagem dos animais aquáticos, o óleo dificulta a natação e
pode matar estes animais por afogamento. Além disso, quando atinge o solo, o óleo tem
a capacidade impermeabilizá-lo, dificultando o escoamento de água das chuvas, o que
pode colaborar na intensidade das enchentes.
O óleo despejado diretamente nas pias e vasos sanitários, entope as
instalações hidráulicas domésticas e com isso atrai ratos, baratas e o seu predador, o
escorpião. Pode ainda, entupir as instalações de captação dos esgotos, contaminar a
água e elevar os custos da estação de tratamento em 40%, custos pagos por todos os
cidadãos.
O óleo dificilmente se decompõe, ele pode contaminar os solos e os lençóis
freáticos que estocam ou repõem as águas mais disponíveis para o consumo humano. A
decomposição do óleo libera metano na atmosfera, esse gás do efeito estufa contribui
para a intensificação do aquecimento global. Portanto, quanto mais o cidadão evitar o
descarte indevido de óleo, mais estará contribuindo para a preservação da natureza.
A melhor forma de descartar o óleo é colocá-lo em um recipiente vedado,
para que não haja riscos de vazar e entregar em qualquer ponto de coleta no Município
de Votorantim.
Nos pontos de coleta encontram-se os contêineres devidamente
identificados e adequados para o recebimento do óleo usado. Foram instaladas telas
finas nos orifícios de recebimento para evitar que outros resíduos misturem-se ao óleo.
Quando os contêineres encontram-se quase cheios, a Coopervot é acionada
para proceder o transporte dos mesmos ao centro de triagem de materiais recicláveis
para acondicionamento do óleo nos tambores de 1.000 litros onde é instalada uma
bomba elétrica que retira devidamente o resíduo para o caminhão de coleta que

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encaminha o material para a central de reciclagem envolvido para que seja transformado
em sabão e outros componentes detergentes.
O objetivo do presente Programa é diminuir ao máximo o lançamento de
óleo vegetal no meio ambiente, principalmente nos encanamentos que ligam a rede
coletora de esgoto, fossa séptica ou qualquer outro equivalente no Município de
Votorantim.
Os pontos de coleta são:
• Eco-Ponto “Recicla Óleo” da Secretaria de Meio Ambiente de Votorantim
(SEMA), no Paço Dois, localizado na Avenida Moacir Oséias Guitti, Nº 41,
Centro;
• Parque do Matão. Rua Ângelo Delapasi, N° 117, Parque Bela Vista;
• Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Votorantim
(Coopervot), localizada na Avenida Jaziel de Azeredo Ribeiro, N° 680, Vila
Garcia;
• SESI Votorantim, Avenida Cláudio Pinto Nascimento, Nº 140, Jardim
Paraíso.
Os pontos temporários de coleta são:
• Festa Junina de Votorantim, realizada do dia 14 ao dia 29 de junho;
• “Feira da Lua” todas às terças-feiras, localizada na Praça de Eventos Lecy
de Campos.
• Escolas Municipais do Programa Municipal “Escola Sustentável”.

• Lacres de Alumínio:
O Programa de iniciativa da Comissão de Assistência Social (COMAS) e da
CCR ViaOeste, por meio de seu Programa “Lacre Solidário”, se destina à arrecadação
de lacres de latas de alumínio. Para isso, são realizadas ações de conscientização e de
mobilização da população de Votorantim para somar esforços mediante aos
engajamentos de setores públicos, privados, comunitários e individuais.
No ano de 2013, a SEMA auxiliou a COMAS na Campanha de Arrecadação
de Lacres de Latas de Alumínio para troca por cadeiras de rodas. Diante dos esforços
conjuntos, foram até o mês de setembro, arrecadados cerca de 850.000 lacres de
alumínio.

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Para a Campanha de Arrecadação Solidária dos lacres, a Secretaria de Meio
Ambiente de Votorantim (SEMA) auxiliou a COMAS na divulgação da campanha, bem
como disponibilizou todas as infraestruturas a ela envolvidas (Sede da SEMA, Centro
de Educação Ambiental – Sala Verde, Casa do Chapéu, Parque Municipal do Matão e
Viveiro Municipal) como pontos de coleta dos lacres de alumínio.
Professores e coordenadores das unidades escolares têm participado de
oficinas pedagógicas do programa "Estrada para a Cidadania", da CCR ViaOeste, e
também estão sendo convidados a promover ações para arrecadação de lacres nas
escolas, como gincanas e atividades no período do recesso escolar de julho.
As entidades que mantém barracas beneficentes na Festa Junina de
Votorantim foram estimuladas a participar da arrecadação.
Com isso, além da Campanha de Arrecadação de Lacres de Alumínio –
“Lacre Legal” ser uma iniciativa social e inclusiva, é também uma ação ambiental, já
que destina o alumínio para a devida reciclagem.
O objetivo ambiental da presente Campanha é diminuir ao máximo o
lançamento de lacres de alumínio no meio ambiente, inclusive por se tratar de um
material reciclável e valoroso, auxiliando na diminuição de resíduos encaminhados ao
aterro sanitário e incrementando a renda da cooperativa de reciclagem. Além disso, há o
desafio inclusivo e social em possibilitar o auxílio às pessoas necessitadas previamente
cadastradas e impossibilitadas em adquirir as cadeiras de rodas por meios próprios.
Nos pontos de coleta encontram-se as garrafas PET identificadas para a
Campanha de Coleta. Quando as garrafas PET encontram-se quase cheias, a SEMA
transporta as mesmas à Sede da COMAS para que sejam armazenadas e trocadas por
cadeiras de rodas destinadas às pessoas necessitadas previamente cadastradas e
impossibilitadas em adquirir as cadeiras de rodas por meios próprios.
São necessárias 140 garrafas PET de dois litros cheias de lacres de alumínio
para trocar por uma cadeira de rodas. Em cada garrafa encontram-se aproximadamente
3.000 lacres. Por meio desta Campanha, o Município de Votorantim já promoveu a
troca de aproximadamente 280 garrafas PET cheias de lacres de alumínio, que
possibilitou na troca de duas cadeiras de roda. Além disso, a CCR ViaOeste oportunizou
mais uma cadeira de rodas ao Município por este ser o primeiro município a promover a

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primeira troca por cadeira de rodas entre os demais municípios participantes e
envolvidos em sua área de concessão.
Os pontos de coleta são:
• Escolas da Rede Municipal de Ensino de Votorantim;
• Centro de Educação Ambiental – Sala Verde (biblioteca municipal),
Parque Municipal do Matão e Viveiro Municipal;
• Sede da COMAS;
• Prefeitura Municipal de Votorantim;
• Associação Comercial e Empresarial de Votorantim (ACEV).

• Bitucas de Cigarro:
A Prefeitura Municipal de Votorantim, em parceria com a Empresa Poiato
Recicla, possibilitou a instalação de mais de 70 caixas adequadas à coleta de bitucas de
cigarro nas áreas públicas do município.
O resíduo é semanalmente coletado das caixas coletoras e encaminhado à
sede da Poiato Recicla que o remete a uma empresa de soluções ambientais em
Uberlândia, Minas Gerais, para ser triturado, testado sua toxicidade e incorporado ao
adubo orgânico a ser utilizado como insumo para áreas de recomposição florestal,
jardins municipais, etc.
O objetivo do presente Programa é diminuir ao máximo o descarte de
bitucas de cigarro, evitando assim a poluição do meio ambiente, bem como diminuindo
as chances de serem consumidas por diversos animais que as confundem com alimento
e acabam morrendo em virtude do tipo de material e da contaminação por substâncias
tóxicas.
Estima-se que por meio da parceria entre a Prefeitura de Votorantim e a
Empresa Poiato Recicla, foi promovido o adequado recolhimento e reciclagem de
aproximadamente 3,4 milhões de bitucas de cigarro, que foram voluntariamente
depositadas nas caixas coletoras.
É importante informar que esta parceria promove estrategicamente intensas
e diversas iniciativas de educação ambiental para a população. Além de ações
educativas, como seminários, palestras e exposições, ambos os parceiros também
elaboram materiais informativos impressos para serem mensalmente fixados nas caixas

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coletoras instaladas na cidade a fim de melhor conscientizar os cidadãos sobre as
consequências negativas do tabagismo para a saúde e para o meio ambiente.
As bitucas foram descartadas nas caixas coletoras exclusivamente pelos atos
voluntários conscientes dos cidadãos, referendando as ações de educação ambiental
aplicadas por este Projeto.
O resultado desse processo é que as bitucas são descartadas em locais
adequados e não geram malefício algum para o meio ambiente. Outro dado interessante
é que o resíduo, que antes demoraria até 20 anos para se decompor no meio ambiente,
transforma-se em adubo praticamente em 40 dias, objetivando um fim nobre para o
resíduo, que é o de enriquecer o solo em áreas degradadas e em projetos paisagísticos.
Além disso, a Empresa Poiato Recicla conquistou em 2013 a Certificação
ISSO 14001. E a partir de julho de 2013, quando a SEMA assumiu a responsabilidade
técnica da Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de Votorantim
(Coopervot), a Poiato Recicla, por sugestão da SEMA, passou a patrocinar as camisetas
e bonés para os cooperados.
Depois de recolhidas das caixas coletoras, as bitucas de cigarro passam por
uma pré-triagem na própria Poiato Recicla e todo o material coletado é pesado para ser
mensurado o volume coletado. O processo é controlado por um gestor ambiental
devidamente qualificado que irá certificar as empresas parceiras. A Poiato Recicla é a
primeira empresa de coleta e triagem de bitucas de cigarro do Brasil.
Toda bituca coletada é enviada ao Município de Uberlândia, BH, para
empresa parceira (Conspizza Soluções Ambientais) responsável pelo processamento
destes resíduos, onde são submetidas a um processo que elimina os metais pesados e
toxinas, sendo assim misturadas com outros insumos (resíduos vegetais, compostos
orgânicos, etc) e após processo de compostagem são descartados em adubos utilizados
exclusivamente em recuperação de áreas degradadas e paisagismo.
Os pontos de coleta são:
• 70 locais públicos de grande circulação de pessoas com caixas coletoras de
bitucas de cigarro instaladas.

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• RCC, Madeira, Resíduos Volumosos - Programa Cidade Limpa - TV
TEM:
Desde o ano de 2010 a Prefeitura Municipal não mais realizava o Programa
Cidade Limpa de iniciativa da TV TEM (Rede Globo) no Município de Votorantim. Em
função disso, a administração municipal decidiu promover o Programa Cidade Limpa a
fim de “desafogar” e dar vazão a imensa quantidade de resíduos volumosos em posse da
população e que muitas vezes se encontravam descartados e espalhados em áreas
públicas e Áreas de Preservação Permanente, poluindo o meio ambiente e causando
transtornos à população municipal.
Dentre os resíduos mais disponibilizados pela população, encontram-se as
geladeiras e fogões quebrados, mobílias usadas, colchões, grande quantidade de
madeira, pneus, eletroeletrônicos, materiais recicláveis (plástico, papel, vidro, metais) e
sucatas em geral, entre muitos outros resíduos.
Todas as ações de planejamento e de execução dos processos de coleta
foram gerenciadas pelas Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Serviços
Públicos, que juntas disponibilizaram oito caminhões e mais de quarenta funcionários
para a realização dos serviços de coleta. A divulgação da programação coube à TV
TEM e à Secretaria Municipal de Comunicação (SECOM).
Exceto os materiais recicláveis, sucatas, madeiras e os pneus inservíveis,
que foram disponibilizados aos programas de gerenciamento pertinentes, todos os
demais itens coletados pelos caminhões da Prefeitura Municipal foram encaminhados a
uma área pública de transbordo temporário. Isso porque, a atual administração pública
municipal, está promovendo tramitação avançada do processo de licenciamento de uma
nova área para o aterro de inertes do município, sendo que já foi divulgado o edital de
licitação para licenciar o novo espaço para construção do aterro de inertes.
Concomitantemente aos laudos e ao projeto técnico deste novo processo, a
empresa contratada por licitação realizará a execução do projeto de encerramento do
antigo aterro de inertes.
Para otimizar o correto gerenciamento destes resíduos, a SEMA convidou a
Coopervot para coletar os materiais recicláveis e firmou parceria com a Empresa
Salmeron Ambiental para o gerenciamento da madeira.

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Além de coletarem os materiais recicláveis em frente às residências durante
o mesmo cronograma do Programa Cidade Limpa, a Coopervot procedeu a coleta dos
recicláveis na área de transbordo temporária, a fim de diminuir a quantidade dos
resíduos no local.
A Empresa Salmeron Ambiental foi acionada para dar destinação correta às
madeiras e às mobílias descartadas durante o Programa.
Ao fim de todo o processo, foi realizado o encaminhamento de
aproximadamente 480 m3 de madeira usada (mobília) para a devida destinação e
reciclagem do material por meio da parceria com a Empresa Salmeron Ambiental.
A Coopervot encaminhou cerca de 15 toneladas de materiais recicláveis ao
fim do Programa.
O total do restante de resíduos coletados pelo Programa Cidade Limpa, que
serão encaminhados ao novo Aterro de Inertes de Votorantim, é estimado em
aproximadamente 200 toneladas ou mais.
Conforme o cronograma planejado pela Prefeitura Municipal de
Votorantim, os moradores de todo o município dispuseram seus resíduos em frente às
suas residências.
O objetivo do presente Projeto é diminuir ao máximo o lançamento de
Resíduos Volumosos no meio ambiente, principalmente em Áreas de Preservação
Permanente, evitando assim a contaminação do meio ambiente. Visa ainda conscientizar
a população sobre os riscos provocados pelo acúmulo de lixo, motivando a comunidade
a participar de um grande mutirão de limpeza, gerando mais segurança e melhoria da
qualidade de vida.
Além disso, a existência de materiais inservíveis nas residências também
expõe as crianças a riscos de acidentes e, na estação das chuvas, podem entupir bueiros,
provocando inundações.
Inicialmente, as ações estavam programadas para acontecerem durante os
dias 19/08/2013 até o dia 23/08/2013. A Prefeitura disponibilizou oito caminhões e mais
de quarenta funcionários para a realização dos serviços de coleta. Porém, diante da
intensa demanda de transporte dos materiais, tendo inclusive casos que uma única
residência lotava um caminhão inteiro, a Prefeitura Municipal estendeu as ações para

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mais duas semanas, repetindo todos os itinerários e totalizando três semanas de intensa
coleta.
Nas residências em que os munícipes disponibilizaram os resíduos fora das
datas previamente programadas, a SEMA listou todos os endereços para oportunizar as
coletas pontuais em cada solicitação.

• Matéria Orgânica (composteira):


A compostagem é uma técnica alternativa disposta na Política Nacional de
Resíduos sólidos e também na Lei Municipal 2065/09, que tem como objetivo gerenciar
de maneira mais adequada os resíduos orgânicos, foi inserida no município de
Votorantim em 2013 para administrar materiais oriundos de restos vegetais.
Essa ação é grande aliada para a redução de resíduos dispostos em lugares
inadequados e para gerar uma economia financeira relacionada com a compra de
adubos, fertilizantes e terra, pois o produto desta ação é o composto orgânico, material
rico em nutrientes que pode ser usado nos tratos culturais dos plantios municipais sejam
eles reflorestamentos ou jardins, além de também ser usado como substrato para a
produção de mudas no viveiro municipal.
As composteiras do município de Votorantim foram construídas, como já
dito anteriormente em 2013, e estão localizadas nas dependências do Viveiro Municipal
e do Parque do Matão. Foram construídas para gerir uma parte dos restos vegetais
produzidos pelo município através de atividades de poda e corte de árvores. Nelas
então, são depositados resíduos de restos vegetais e neles são aplicados, seguindo o
método tradicional de compostagem, os tratos necessários, tais como revolvimento do
material, manutenção de sua umidade e pH, assim no final do processo, após 90 a 120
dias esse composto poderá ser utilizado.
Através da aplicação da lei municipal 2065/09, a Prefeitura Municipal
desenvolveu, as composteiras que recebem parte dos resíduos vegetais oriundos das
podas e cortes de árvores, ações essas realizadas pela própria Prefeitura Municipal
através da Secretaria de Meio Ambiente (SEMA). Assim, por meio desta técnica, o
município gerencia de maneira adequada os resíduos vegetais, desenvolvendo o mesmo
ao ciclo orgânico e utilizando seu produto posteriormente.

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As composteiras possuem atualmente capacidade de aproximadamente 4m3,
no entanto, essa capacidade será aumentada subindo o nível de sua altura. Também tem-
se a intenção de implantar mais composteiras seguindo esses moldes. Assim, espera-se,
em um futuro próximo (utilizando a composteira já construída) proceder ao
armazenamento de aproximadamente 8m3 de compostagem.
Mas, principalmente, almeja-se em longa data atender 100% dos resíduos de
restos vegetais gerados a partir de podas e cortes de árvores realizados pela Prefeitura
Municipal, a serem utilizados na recuperação ambiental.
As podas e cortes de árvores são realizadas pela Secretaria de Meio
Ambiente de Votorantim com a utilização de um caminhão para coletar os restos
vegetais, assim após a produção destes restos vegetais que são triturados, os mesmos
são levados para a composteira que se localizam no viveiro municipal e no Parque do
Matão.
É importante destacar que a SEMA disponibilizou três caixas de
recebimento de matéria orgânica para todas as Escolas Municipais inscritas no
Programa Municipal “Escola Sustentável”.
O objetivo é destinar de maneira adequada os resíduos de restos de poda e
corte de árvores do município e assim gerar produto (composto orgânico) altamente
importante para a manutenção de tratos culturais e substrato para produção de mudas,
diminuindo o gasto público com a compra de adubos, fertilizantes e terras.

10.2.2. Resíduos da Saúde

Consistem em serviços de coleta e transporte de resíduos sépticos de


serviços de saúde (RSSS), gerados em hospitais, prontos-socorros, laboratórios de
análises clínicas, farmácias, drogarias, zoonoses, biotérios, centros e postos de saúde,
consultórios médicos e odontológicos, ambulatórios e demais geradores públicos de
resíduos sépticos do município.
O serviço segue a norma NBR-14652/2001, como também as Resoluções
RDC-306/2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA e a 358/2005
do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, no que se referem aos resíduos
sólidos das classes A e E.A coleta é realizada nos pontos relacionados no plano de
coleta da Prefeitura.
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Foi considerada a equipe mínima para a execução dos serviços formada por
01 (um) motorista; 01 (um) coletor; 01 (um) veículo coletor com carroceria isolada da
cabine do motorista, estanque e com dispositivos de captação de líquidos percolados,
bem como ferramentas de trabalho necessárias ao bom desempenho das funções.
O serviço constitui em dar o destino final correto ao resíduo sólido de
serviço de saúde coletado, em unidades licenciadas pelo órgão ambiental, podendo a
qualquer momento licenciar, implantar e operar um sistema de tratamento de resíduos
sépticos no município de VOTORANTIM, em área a ser definida pela Prefeitura.
A unidade deverá ser dimensionada para atender a totalidade dos Resíduos
Sólidos de Serviços de Saúde gerados na cidade de VOTORANTIM, ou seja a
quantidade gerada nas instituições públicas e privadas estimada em uma quantidade
total em torno de 10 t/mês, sendo que somente 4 t/mês é coletada de estabelecimentos
públicos e tratados pela Prefeitura. Até que seja implantada a Unidade de Tratamento
dos resíduos infectantes de serviços de saúde, deverá ser encontrada uma solução de
tratamento dos RSSS, na forma, no local em conformidade com as condições
estabelecidas na legislação. O serviço será realizado de segunda a sexta-feira no período
diurno, operada por 02 operadores e 02 ajudantes. O sistema foi dimensionado para
permitir o tratamento da totalidade dos RSSS.

10.2.3. Recolhimento de Animais Mortos

O serviço consiste na coleta e transporte dos animais mortos na cidade


durante o horário diurno. Os animais coletados serão armazenados em local definido
pelo escritório da ANVISA da cidade para posterior transporte até o local de tratamento
e destinação final. O local de destinação final deverá ter licença do órgão ambiental para
realizar o serviço de destinação final.
A equipe para esse serviço foi estimada em (dois) motoristas, 02 (dois)
ajudantes, 01 (um) operador de trator de esteira e 01 (um) caminhão basculante, 01 (um)
trator de esteira D6 e 1 (um) caminhão irrigadeira, e ferramentas necessárias para a
realização dos trabalhos. O serviço foi dimensionado para uma quantidade de coleta de
4 t/mês de animais mortos. A quantidade de 4 t/mês que foi estimada, poderá se alterar.

100
10.2.4. Resíduos Inertes

Considerou-se como serviço de coleta manual e mecanizada, e transporte de


resíduos inertes dispostos nas vias e logradouros públicos, o recolhimento e posterior
transporte ao destino final, no local indicado, de quaisquer resíduos ou detritos
provenientes de entulhos, restos de construção civil, restos de bens inservíveis e
resíduos volumosos de um modo geral, dispostos em terrenos baldios, vias e
logradouros públicos. Considerou-se uma equipe para esse serviço formada por 03 (três)
motoristas; 03 (três) ajudantes; 01 (um) caminhão dotado de carroceria basculante, com
capacidade pra 6 m³; 02 (dois) caminhões dotados de carroceria basculante, com
capacidade pra 10 m³, ferramentas de trabalho necessárias; 01 (um) Operador de Pá
Carregadeira; 01 (uma) Pá Carregadeira de pneus.

10.2.4.1. Unidade de beneficiamento

O serviço é composto pela realização do projeto, licenciamento e


implantação de uma Usina de Beneficiamento de Resíduos oriundos da Construção
Civil, para a produção de agregados a serem utilizados em usos específicos. A usina foi
dimensionada para processar 500 Ton/mês de resíduos previamente triados e escolhidos.
Os materiais beneficiados (agregados) serão de propriedade da Prefeitura,
que irá designar o destino específico de sua aplicação. Até esta definição, o material
ficará estocado provisoriamente em pátios separados na própria área da Usina de
Beneficiamento.
Além do sistema de reciclagem, dos britadores e de seus respectivos
acessórios, a equipe deverá ser a necessária para a operação do sistema - 01 (um)
encarregado; 01 (um) operador de quadro de britagem; 02 (dois) auxiliares de operação;
03 (três) selecionadores do material a reciclar; 01 (um) operador de pá carregadeira; 01
(uma) pá carregadeira; 02 (dois) motorista, 02 (dois) caminhões basculantes. O
funcionamento previsto será de 8 horas diária.

10.2.4.2. Aterro de inertes

O serviço consiste na implantação de um aterro para receber materiais


inertes não aproveitáveis gerados nos vários locais do município, tais como na Unidade
101
de Beneficiamento de RCC, obras e construções, Ecopontos, coletados em vias e
logradouros pela equipe de coleta, etc.
Atualmente, no ano de 2014, a Prefeitura de Votorantim estabeleceu uma
parceria com a Empresa Votorantim Cimentos Ltda, para implantar o aterro de resíduos
inertes localizado na Rodovia Raimundo Antunes Soares, Km 105, Bairro Jurupará. A
Prefeitura já tornou público o requerimento de Licença Prévia (LP) e recebeu a Licença
Prévia Nº 6002741 da Companhia Estadual De Tecnologia de Saneamento Básico e
Controle de Poluição das Águas (CETESB). Há previsão de início das instalações para
o final do ano de 2014, estando apenas aguardando a Licença de Instalação (LI) e outras
manifestações da CETESB.
A equipe para esse serviço foi estimada em 01 (um) motorista, 02 (dois)
ajudantes, e 01 (um) caminhão basculante, 01 (um) trator de esteira D6 e 1 (um)
caminhão irrigadeira, e ferramentas necessárias para a realização dos trabalhos. O
dimensionamento será revisto conforme a evolução do recebimento de inertes, e
conforme as características do local.

10.2.4.3. Ecopontos – operação e manutenção

A Prefeitura de Votorantim, por meio da Secretaria de Meio Ambiente


(SEMA) e Secretaria de Obras e Urbanismo (SOURB), projetaram 24 Ecopontos para
toda a cidade.
O modelo atual da Prefeitura Municipal consiste em Ecopontos
monitorados, instalados nos locais onde costumeiramente há problemas com depósitos
irregulares de resíduos pela população. Terão uma área de aproximadamente 300 m2,
piso impermeabilizado, cobertura contra chuvas, guarita de monitoramento, iluminação
noturna e baias para acondicionamento de restos de resíduos de poda e jardinagem,
madeira, resíduos da construção civil (RCC), resíduos volumosos (colchão, geladeira,
sofá, etc), pneus inservíveis, lâmpadas fluorescentes, bitucas de cigarro, resíduos
eletrônicos, pilhas, baterias e materiais recicláveis.
Os restos de podas e de vegetação, após passarem pelo triturador de galhos,
serão encaminhados para as composteiras públicas localizadas no Viveiro Municipal e
no Parque do Matão. O excedente deste material deverá ser destinado ao aterro de
sanitário.
102
As madeiras serão destinadas às empresas que promovem a sua reciclagem
e/ou reutilização. Atualmente a SEMA estabelece parceria com a empresa Salmeron
Ambiental.
Os RCC e os resíduos volumosos serão encaminhados ao próprio aterro de
inertes para triagem, reutilização e devido acondicionamento.
Os resíduos volumosos que forem identificados como reaproveitáveis serão
restaurados pela marcenaria da prefeitura e/ou encaminhados para centros
especializados em reformas de mobília. Os resíduos volumosos elétricos, como
geladeiras e máquinas domésticas deverão ser encaminhados para a reciclagem ou para
centros de treinamento tecnológicos para serem utilizados como componentes de
treinamento.
Por meio do Programa Municipal de Gerenciamento de Pneus Inservíveis,
implementado pela SEMA em parceria com a Empresa Reciclanip, este material será
transportado para o depósito de pneus da SEMA, quando atingido o número mínimo de
dois mil pneus, a empresa é contatada para realizar o transporte dos mesmos para a
devida reciclagem. Além disso, a SEMA trabalha com o reaproveitamento de pneus
para construir lixeiras públicas, brinquedos de playground, bicicletários e jardineiras,
lembrando que todos os pneus são previamente perfurados para impossibilitar o
acúmulo de água.
As lâmpadas fluorescentes deverão ser adequadamente descartadas,
enroladas em jornal, pano ou papelão para serem processadas pelas empresas de
gerenciamento deste material, a fim de separar os materiais recicláveis dos demais
componentes químicos presentes em sua constituição. Atualmente a SEMA estabelece
vínculo com a empresa Bulbless.
As bitucas de cigarro serão acondicionadas em caixas metálicas e coletadas
pela empresa Poiato Recicla para serem desintoxicadas e preparadas para servirem
como constituinte de papel reciclado e artesanato.
Os resíduos eletrônicos, pilhas e baterias deverão ser acondicionados em
caixas plásticas para serem encaminhadas ao centro municipal de recolhimento destes
materiais, sendo um local arejado, protegido e lacrado para que assim a cooperativa de
catadores possa coletá-lo para separação dos diversos componentes que seguirão para a
reciclagem.

103
Os materiais recicláveis serão coletados pela Cooperativa dos Catadores de
Material Reciclável de Votorantim (Coopervot) a fim de representarem maiores
possibilidades de renda aos cooperados.
A equipe será composta por: 01 vigia em cada Ecoponto; 01 um motorista;
01 (um) ajudante e 1 (um) caminhão. O serviço de transporte dos resíduos funcionará de
segunda a sexta, no período das 08:00 às 17:00, e aos sábados no período das 08:00 às
12:00, sendo o mesmo horário de funcionamento do “Ecoponto”.

10.2.5. Limpeza de bocas de lobo

Considerou-se como serviço de limpeza manual das bocas de lobo, o serviço


que efetua a retirada de terra e areia e outros materiais que estejam obstruindo as bocas
de lobo, bem como o transporte dos resíduos retirados até o local de destinação final
determinado pela Prefeitura. O período de trabalho considerado é diário, no período
diurno, de segunda a sexta-feira;
A equipe para a execução dos serviços de limpeza de bocas de lobo
considerada é formada por 01 (um) motorista; 07 (sete) ajudantes; 01 (um) caminhão
dotado de carroceria basculante, bem como de ferramentas de trabalho necessárias ao
bom desempenho das funções.

10.2.6. Lavagem de vias, feiras livres, praças e logradouros

O serviço de lavagem de Vias e Feiras livres compreende o jateamento


d’água com pressão suficiente para a limpeza de todos os resíduos restantes e
impregnados no pavimento, após a coleta ou varrição. A lavagem deve gerar a
desinfecção das vias e locais das feiras com produtos higienizadores aplicados
manualmente nas áreas onde foram comercializados pescados, aves e outros tipos de
carnes. Considerou-se o aproveitamento da água de reuso para a lavagem utilizada no
serviço de limpeza.
A equipe para esse serviço foi estimada em 02 (dois) motoristas, 03 (três)
ajudantes, 03 (três) varredores e 01 (um) caminhão equipado com lavadora de alta
pressão e 01 (um) caminhão irrigadeira, e utensílios e ferramentas necessárias para a

104
realização dos trabalhos. O dimensionamento será revisto conforme a criação de novas
feiras ou inclusão de novas vias no escopo do serviço.

10.2.7. Logradouros Especiais - Cemitérios, Praças, Parques e


Várzeas

O serviço de limpeza de logradouros especiais compreende a limpeza,


lavagem, de locais de alta dificuldade, onde se exige trabalhos especiais da equipe. Há a
necessidade de manter uma equipe especializada nesse tipo de serviço, que terá
ferramentas e equipamentos específicos e especiais para esse tipo de trabalho.
A equipe para esse serviço foi estimada em 01 (um) motorista, 06 (seis)
ajudantes, 02 (dois) operadores de roçadeiras, 01 (um) caminhão carroceria de madeira,
01 (um) veículo utilitário e ferramentas necessárias para a realização dos trabalhos. O
dimensionamento será revisto conforme a complexidades dos logradouros existentes na
cidade.
10.2.8. Operação da Unidade de Triagem do Aterro Sanitário

Considerou-se como serviço de operação e manutenção de usina de triagem,


o serviço de recepcionar os resíduos domiciliares e ou da coleta seletiva, para serem
selecionados e separados conforme a sua natureza. O objetivo da Usina de Triagem é
reduzir a quantidade de resíduos que serão lançados ao Aterro Sanitário.
O serviço compreende em operar os equipamentos da Usina de Triagem e
fornecer mão de obra para realizar a separação manual dos vários tipos de materiais
recicláveis. Também deverá ser realizada a manutenção dos equipamentos da Usina
bem como sua preservação.
Os rejeitos provenientes da usina de triagem serão encaminhados para
disposição no Aterro Sanitário. A Usina de Triagem poderá funcionar no período
necessário para o processamento dos resíduos gerados pelo Município.
A equipe estimada para a execução dos serviços de operação e manutenção
da usina de triagem será constituída por: 01 (um) encarregado de usina; 02 (dois) fiscais
de área; 01 (um) auxiliar administrativo; 50 (cinquenta) ajudantes; 03 (três) caminhões
com carroceria basculante, para o transporte do rejeito para o aterro sanitário.

105
10.2.9. Aterro Sanitário Atual

10.2.9.1. Serviços de Operação

Engloba os serviços normais de operação e manutenção e monitoramento de


Aterros Sanitários, incluindo as atividades básicas tais como:
- Controle de entrada e aplicação de materiais;
- Controle qualitativo e quantitativo dos resíduos;
- Fluxo de veículos e visitantes;
- Controle gerencial de mão-de-obra/equipamentos.
- Os equipamentos considerados como necessários para a operação do
aterro, são: 01 trator de esteira D6; 03 caminhões basculantes; 01 retro
escavadeira; 01 caminhão-pipa.
Para a gestão e controle considerou-se a equipe dos seguintes profissionais:
01 (um) Engenheiro; 01 (um) Encarregado Geral; 04 (quatro) vigilantes; 02 (dois)
ajudantes; 02 (dois) operadores de máquinas; 01 (um) motorista; 01 (um) Apontador;
Seguem as atividades padrões de operação e manutenção de aterros
consideradas na simulação da composição de custos:
- Espalhamento e compactação
- Drenagem de Chorume
- Tratamento do Chorume
- Drenagem do biogás
- Gerenciamento das águas pluviais
- Manutenção do pátio de descarga de lixo e acessos
- Pátio de descarga
- Acompanhamento topográfico
- Cobertura final do Aterro
- Proteção Vegetal
- Analises físico-químicas nos poços de monitoramento
- Pesagem dos Veículos
- Plano de Contingência.

106
10.2.9.2. Obras de Ampliação

O escopo a ser executado, no que tange á área destinada ao aterro sanitário,


é o seguinte:
- Elaboração de projeto executivo e construção das células de disposição de
acordo com as especificações do descritivo do Projeto em execução
contratado pela Prefeitura;
- Fornecimento de materiais e serviços e consequente construção de novas
células;
- Implantação, operação e manutenção dos sistemas de drenagem de águas
pluviais.

10.2.9.3. Projeto, Licenciamento e Implantação

A ampliação do aterro deverá possibilitar o adequado aterramento dos


resíduos sólidos urbanos domiciliares gerados na cidade pelo período de 20 anos. Os
serviços a serem realizados foram assim detalhados:
- Pagamento da área;
- Elaboração de projeto executivo e obtenção das licenças
ambientais necessárias para construção e operação do aterro, ou seja,
Licença previa de Instalação e de Operação;
- Fornecimento de materiais e serviços e consequente construção do aterro;
- Recebimento e controle dos resíduos a serem dispostos nas células;
- Disposição dos resíduos na célula, segundo as premissas
técnicas estabelecidas no projeto;
- Cobertura intermediária dos resíduos depositados nessa área;
- Implantação, operação e manutenção dos sistemas de
drenagem de percolado e gás;
- Implantação, operação e manutenção dos sistemas de
drenagem de águas pluviais;
- Fechamento final dessas fases;
- Manutenção em geral durante a operação;
- Monitoramento geotécnico e ambiental durante a operação;

107
- Coleta, condução e adequado tratamento do percolado gerado
durante a operação;
- Atividades típicas de pós fechamento até o final do contrato
(manutenção, vigilância, monitoramento geotécnico e ambiental, coleta e
tratamento de líquido percolado).

11. ASPECTOS LEGAIS

11.1. ÂMBITO FEDERAL

A Política Municipal de Limpeza Urbana e Manejo de Resíduos Sólidos


deve referenciar-se na Constituição Federal, Constituição Estadual, Lei Orgânica do
Município e especialmente no novo ordenamento jurídico denominado “Marco
Regulatório de Saneamento Básico” quais sejam: a Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de
2007 que “Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico: altera as Leis nº
6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21de junho
de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de
1978, e dá outras providências” e a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que “Institui
a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº9.605, de 12 de 12 de fevereiro
de 1998; e dá outras providências”.
As referidas leis estabelecem as diretrizes norteadoras dos serviços de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, tratando dos princípios, objetivos,
instrumentos, definições e conceitos. Igualmente regem sobre os planos de resíduos
sólidos municipais, especificamente acerca do conteúdo a ser abrangido por estes
planos, e abordam sobre as ações municipais a serem realizadas diante dos resíduos dos
grandes geradores, e dos planos que este devem elaborar, aprovar e executar.
A Lei Federal nº 11.445/2007 estabelece as definições relevantes aos
serviços de saneamento, dentre as quais se destaca a de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos (art. 3º, I, c): “Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto
de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte,
transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da
varrição e limpeza de logradouros e vias públicas”.

108
A Lei Federal nº 11.445/2007 destaca, ainda, que é condição de validade
dos contratos firmados para prestação de serviço público de saneamento a existência de
plano de saneamento básico (art. 11, II), bem como define que a prestação do serviço
propriamente dita “observará plano, que poderá ser específico para cada serviço...”
(art.19, caput), estabelecendo a sua abrangência e conteúdo a ser observado.
A Lei Federal nº 11.445/2007 define, também, como princípio fundamental
dos serviços públicos de saneamento básico o controle social, indicando em seu
Capítulo VIII a participação de órgãos colegiados no controle social.
Em seu art. 47, caput, estabelece que: “o controle social dos serviços
públicos de saneamento básico poderá incluir a participação de órgãos colegiados de
caráter consultivo, estaduais, do Distrito Federal e municipais, assegurada a
representação”.
Tratando-se da Lei 12.305/2010, como instituidora da Política Nacional de
Resíduos Sólidos, estão em seu conteúdo os princípios, objetivos e instrumentos desta
Política Nacional, com destaque para as seguintes definições (art. 3º, X e XI):
“Art. 3°. Para os efeitos desta Lei, entende-se por:
X – gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta
ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação
final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos
sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma da lei;
XI – gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para
a busca desoluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões
política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa
do desenvolvimento sustentável”.
Em similaridade a Lei nº 11.445/2007, a Lei nº 12.305/2010 estabelece
acerca do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, estabelecendo em
seu art. 19 o seu conteúdo mínimo a ser observado.
Pode-se considerar que os principais marcos regulatórios instituídos pela
Política Nacional de Resíduos Sólidos são:
- A prevenção e a precaução (inciso I, art. 6o);
- O poluidor-pagador e o protetor-recebedor (inciso II, art. 6o);

109
- A visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variáveis
ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde publica (inciso III, art.
6o);
- O desenvolvimento sustentável (inciso IV, art. 6o);
- A ecoeficiência, mediante a compatibilização entre o fornecimento, a preços
competitivos, de bens e serviços qualificados que satisfaçam as necessidades humanas e
tragam qualidade de vida e a redução do impacto ambiental e do consumo de recursos
naturais a um nível, no mínimo, equivalente a capacidade de sustentação estimada do
planeta (inciso V, art. 6o);
- A cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e
demais segmentos da sociedade (inciso VI, art. 6o);
- A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos (inciso VII, art. 6o);
- O reconhecimento do resíduo solido reutilizável e reciclável como um bem econômico
e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania (inciso VIII, art.
6o).
- O respeito as diversidades locais e regionais (inciso IX, art. 6o);
- O direito da sociedade a informação e ao controle social (inciso X, art. 6o);
- A razoabilidade e a proporcionalidade (inciso XI, art. 6o).
Complementarmente, e ainda no âmbito federal, valem serem elencadas
também as seguintes leis, decretos e resoluções hoje em vigência e os respectivos temas
abordados:
- Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981: Dispõe sobre a Política nacional do
Meio Ambiente seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras
providências.
- Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997: Institui a Política Nacional de
Recursos Hídricos.
- Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998: Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências.
- Lei nº 11.442, de 5 de janeiro de 2007: Estabelece as diretrizes nacionais
para o saneamento básico: altera as Leis nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de

110
11de maio de 1990, 8.666, de 21de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995,
revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978, e dá outras providências.
- Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010: Institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências.
- Decreto nº 875, de 19 de julho de 1993: Promulga a Convenção da
Basiléia sobre o Controle de Movimentos Trans-fronteiriços de Resíduos Perigosos e
seu depósito.
- Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010: Regulamenta a Lei nº 11.445,
de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e
dá outras providências.
- Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986: Estabelece
critérios básicos e diretrizes para o Relatório de Impacto Ambiental RIMA, para o
licenciamento de atividades com significativo impacto ambiental.
- Resolução CONAMA nº 005, de 05 de agosto de 1993: Define os
procedimentos mínimos para o gerenciamento dos resíduos, com vistas a preservar a
saúde pública e a qualidade do meio ambiente.
- Resolução CONAMA nº 006, de 15 de junho de 1988: Determina o
controle específico de resíduos gerados (ou existentes) pelas atividades industriais.
- Resolução CONAMA nº 023, de 12 de dezembro de 1996: Define
critérios de classificação de resíduos perigosos.
- Resolução CONAMA nº 237, de 07 de janeiro de 1998: Trata da
alteração do Anexo 10 da Resolução CONAMA nº 23, Listagem dos resíduos perigosos
com importação proibida e resíduos não inertes classe II controlados pelo IBAMA.
- Resolução CONAMA nº 257, de 30 de junho de 1999: Procedimentos
especiais ou diferenciados para destinação adequada quando do descarte de pilhas e
baterias usadas, para evitar impactos negativos ao meio ambiente.
- Resolução CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001: Estabelece código
de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva.
- Resolução CONAMA nº 283, de 12 de julho de 2001: Dispõe sobre o
tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde.

111
- Resolução CONAMA nº 301, de 21 de março de 2002: Altera
dispositivos da Resolução nº 258, de 26 de Agosto de 1999, que dispõe sobre
pneumáticos.
- Resolução CONAMA nº 306, de 05 de julho de 2002: Estabelece os
requisitos mínimo se o termo de referência para realização de auditorias ambientais
- Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002: Estabelece
diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
- Resolução CONAMA nº 308, de 21 de março de 2002: Licenciamento
Ambiental de sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em
municípios de pequeno porte.
- Resolução CONAMA nº 313, de 29 de outubro de 2002: Dispõe sobre o
Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais.
- Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005: Dispõe sobre o
tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras
providências.
- Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004: Dispõe sobre o
regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

11.2. ÂMBITO ESTADUAL

- Decreto Estadual nº 54.645/2009, que regulamenta dispositivos da Lei n°


12.300 de 16 de março de 2006, que institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos, e
altera o inciso I do artigo 74 do Regulamento da Lei n° 997, de 31 de maio de 1976,
aprovado pelo Decreto n° 8.468, de 8 de setembro de 1976.
- Resolução SMA nº 38/2011 (em conformidade com o Decreto Estadual nº
54.645, de 5/8/2009, que regulamenta a Lei Estadual nº 12.300, de 16 de março de
2006, que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos), estabelecendo a
relação de produtos que, após o consumo, resultam em resíduos considerados de
significativo impacto ambiental, cabendo implantar programa de responsabilidade pós-
consumo para fins de recolhimento, tratamento e destinação final desses resíduos.

112
11.3. ÂMBITO MUNICIPAL

- Lei Municipal Nº 1365/98. Dispõe sobre a outorga dos serviços de


limpeza pública do município ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Votorantim –
SAAE e dá outras providências;
- Lei Municipal Nº 1806/05. Dispõe sobre a reorganização administrativa
do Serviço Autônomo de Água e Esgoto – SAAE de Votorantim, e dá outras
providencias;
- Lei Municipal Nº 1847/05. Dispõe sobre denominação de próprio
municipal (Centro de Reciclagem “Theodoro Miqueloti” - Dóro);
- Lei Municipal Nº 1863/06. Dispõe sobre o recolhimento e destino final de
resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências;
- Lei Municipal Nº lei 2062/09. Dispõe sobre o Plano de Gerenciamento da
Coleta Seletiva do Município de Votorantim e dá outras providências;
- Lei Municipal Nº lei 2065/09. Dispõe sobre o Gerenciamento de Resíduos
da Construção Civil e de Resíduos Volumosos do Município de Votorantim;
- Decreto Municipal Nº 4124/11. Aprova o Plano de Saneamento Básico
do Município de Votorantim e dá outras providências.

12. SISTEMA MUNICIPAL DE REGULAÇÃO DA PRESTAÇÃO DOS


SERVIÇOS PÚBLICOS DE MANEJO E DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS
SÓLIDOS

12.1. A Atividade Regulatória e de Fiscalização: Conceito e Características do


Sistema Municipal de Regulação dos Serviços Públicos de Manejo de Resíduos Sólidos
Urbanos e de Limpeza Urbana

Os serviços públicos de manejo de resíduos sólidos urbanos e de limpeza urbana


possuem quatro elementos: planejamento, regulação, fiscalização e prestação. No presente
tópico discorreremos acerca da regulação e da fiscalização desses serviços públicos, com
ênfase no sistema proposto para o Município de Votorantim, o qual já conta com a Agência
Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Município de Votorantim (AGERV),
principalmente no que concerne ao saneamento básico e à distribuição da água.
Um conceito amplo da atividade regulatória pode ser sintetizado nos seguintes termos:
“a atividade estatal mediante a qual o Estado, por meio de intervenção direta ou indireta,
113
condiciona, restringe, normatiza ou incentiva a atividade econômica de modo a preservar a
sua existência, assegurar seu equilíbrio interno ou atingir determinados objetivos públicos
como a proteção da hipossuficiência ou a consagração de políticas públicas”1.
O Decreto Federal nº 7.217/2010 apresenta os seguintes conceitos para as atividades de
regulação e fiscalização:
“Art. 2º Para os fins deste Decreto, consideram-se:
(...)
II - regulação: todo e qualquer ato que discipline ou organize determinado serviço
público, incluindo suas características, padrões de qualidade, impacto socioambiental,
direitos e obrigações dos usuários e dos responsáveis por sua oferta ou prestação e
fixação e revisão do valor de tarifas e outros preços públicos, para atingir os objetivos do
art. 27;
III - fiscalização: atividades de acompanhamento, monitoramento, controle ou
avaliação, no sentido de garantir o cumprimento de normas e regulamentos editados pelo
poder público e a utilização, efetiva ou potencial, do serviço público;”

Os conceitos apresentados ressaltam as características jurídico-institucionais da


regulação e da fiscalização. Insere-as expressamente no rol de competências do Poder Público
e condiciona seus objetivos a temas de interesse coletivo vigentes em dado momento
histórico.
No presente caso, tratar-se-á da regulação e da fiscalização de serviços públicos de
manejo de resíduos sólidos urbanos e limpeza pública, bem como de serviços equiparados a
serviços públicos e de demais serviços que estão atrelados aos Resíduos de Construção e
Demolição e aos Resíduos dos Serviços de Saúde.
Presta-nos analisar a necessidade de ser estruturada entidade de regulação e fiscalização
dos serviços públicos de manejo de resíduos sólidos urbanos e limpeza urbana do Município
de Votorantim, condição de validade dos contratos que tenham por objeto a prestação desses
serviços (artigo 11, inciso III, da Lei federal nº 11.445/2007).
Acrescenta-se, ainda, que, além do Plano de Saneamento Básico Municipal, as normas
de regulação que prevejam os meios para o cumprimento das diretrizes da Lei nº 11.445/2007,
normas estas que deverão ser editadas pela entidade de regulação a ser estrutura, também
compõem as condições de validade do contrato (artigo 11, inciso III, da Lei nº 11.445/2007),
sendo que o § 2º deste dispositivo prevê que nos casos de serviços prestados mediante
contratos de concessão estas normas de regulação deverão prever (i) a autorização para a
contratação dos serviços, indicando os respectivos prazos e a área a ser atendida; (ii) a
inclusão, no contrato, das metas progressivas e graduais de expansão dos serviços, de
114
qualidade, de eficiência e de uso racional da água, da energia e de outros recursos naturais, em
conformidade com os serviços a serem prestados; (iii) as prioridades de ação, compatíveis
com as metas estabelecidas; (iv) as condições de sustentabilidade e equilíbrio econômico-
financeiro da prestação dos serviços, em regime de eficiência, incluindo o sistema de
cobrança e a composição de taxas e tarifas; a sistemática de reajustes e de revisões de taxas e
tarifas; e a política de subsídios; (v) mecanismos de controle social nas atividades de
planejamento, regulação e fiscalização dos serviços; (vi) as hipóteses de intervenção e de
retomada dos serviços.
Além das normas de regulação que prevejam os meios para o cumprimento das
diretrizes da Lei nº 11.445/2007, a regulação externa ao contrato e o próprio contrato, de
concessão, constituem os meios regulatórios colocados à disposição do Poder Público para o
direcionamento da ação privada (no caso os concessionários) em torno de temas de interesse
público.
Os contratos celebrados entre os titulares dos serviços públicos de saneamento básico
(Municípios) e os prestadores são classificados pela doutrina econômica como contratos
incompletos. É impossível que tais instrumentos consigam prever todas as obrigações e
ocorrências futuras vinculadas à prestação dos serviços. Daí a importância da regulação
externa ao contrato, que proporciona maior completude à atuação do Poder Concedente.
Em qualquer hipótese, a certeza inaugural que preside a instauração de sistema
regulatório que será adotado pela entidade de regulação a ser estruturada é a de que se trata de
uma função abrangente quanto aos meios e fins. Engloba a edição de normas, estabelecimento
de tarifas, o desempenho de ações fiscalizatórias e a solução de conflitos entre usuários e
concessionários e entres estes e o Poder Concedente. Nesses temos, os incisos do § 1º do art.
11 da Lei nº 11.445/2007 impõem que a entidade de regulação definirá, pelos menos, (i) as
normas técnicas relativas à qualidade, quantidade e regularidade dos serviços prestados aos
usuários e entre os diferentes prestadores envolvidos; (ii) as normas econômicas e financeiras
relativas às tarifas, aos subsídios e aos pagamentos por serviços prestados aos usuários e entre
os diferentes prestadores envolvidos; (iii) a garantia de pagamento de serviços prestados entre
os diferentes prestadores dos serviços; (iv) os mecanismos de pagamento de diferenças
relativas a inadimplemento dos usuários, perdas comerciais e físicas e outros créditos devidos,
quando for o caso; e (v)o sistema contábil específico para os prestadores que atuem em mais
de um Município.

115
Há, portanto uma diversidade de áreas a serem consideradas como arena de atuação da
atividade regulatória. A tarefa inicial deste item do estudo será a de delimitar e discernir os
setores objeto do sistema regulatório da entidade de regulação.
Inicialmente, para uma melhor colocação do problema, afigura-se possível dividir a
atividade regulatória em dois grandes vetores: a regulação interna à estrutura administrativa
da entidade de regulação e a regulação externa das atividades de regulação e fiscalização dos
serviços públicos de saneamento básico.
Vejamos como essa divisão pode oferecer uma melhor visualização dos objetivos da
consultoria a ser contratada.

12.1.1. A Delimitação da Abrangência e Intensidade da Regulação

A delimitação da abrangência da regulação é o primeiro passo para a instituição de um


modelo regulatório eficiente. A separação entre regulação interna e externa atende a uma
exigência clara constante da solicitação de proposta que busca ao mesmo tempo pautar a
prestação das atividades de regulação e fiscalização pela entidade reguladora e estabelecer
uma atuação com qualidade também da própria administração no exercício de suas
competências.
A regulação interna corresponde, em essência, à já conhecida atividade de organização
interna da atividade administrativa por meio da regulamentação de leis por decretos e edição
de outros atos normativos infralegais. De forma complementar, caberá desenvolver padrões de
eficiência e padronização de comportamentos da própria administração gestora, in casu, a
entidade reguladora, e não apenas dos prestadores regulados.
Assim, a regulação interna destina-se a disciplinar as práticas intrínsecas à entidade de
regulação no exercício de suas competências associadas às atividades de regulação e
fiscalização dos serviços públicos de saneamento básico: criação de guias para práticas ideais
(bestpractices) pelos órgãos encarregados da formulação de projetos; formatação de um
controle interno da atividade administrativa, criação de padrões de qualidade para a atuação
dos servidores públicos, dentre outros temas.
Por meio da organização interna da ação administrativa deverão ser definidos os papéis
da entidade reguladora na condução das atividades internas de regulação e fiscalização dos
serviços de saneamento básico.

116
Já as relações entre Poder Concedente, concessionários e usuários dos serviços e
atividades vinculados aos serviços de saneamento básico configuram outro aspecto digno de
menção na estruturação do sistema regulatório e que concernem à sua dimensão externa, ou
seja, a regulação a disciplinar a interação entre entidade reguladora e a sociedade,
representada seja pelos prestadores, seja pelos cidadãos que usufruem das utilidades
colocadas à sua disposição.
A abrangência da regulação externa impõe desafios específicos. Inicialmente, ao se
desenvolver o modelo de regulação a ser adotado pela entidade reguladora, deverá adaptá-lo
às especificidades do serviço público in concreto (serviços públicos de manejo de resíduos
sólidos urbanos e limpeza pública), sempre se balizando pelas características próprias que este
serviço apresenta no Município de Votorantim. Para tanto, deverão ser desenvolvidos
parâmetros de qualidade próprios, avaliações econômicas específicas, indicadores de
desempenho característicos, índices de aferição de equilíbrio econômico-financeiro
adaptados, etc.
Em síntese, as atividades de regulação interna e externa devem considerar uma ampla
gama de situações. No segundo caso, a enumeração das atividades objeto de regulação
dependerá de uma cuidadosa avaliação das situações concretas que envolvam os serviços
públicos de saneamento básico.
Para uma melhor visualização do quadro regulatório que pautará a prestação dos
serviços, segue uma descrição esquemática do afirmado até o momento.

12.1.1.1. Regulação Interna, a abranger:


a.) estabelecimento de práticas ideais da entidade reguladora na elaboração de projetos,
contratação e gestão dos contratos (por meio de guias e manuais – bestpractices);
b.) divisão clara de competências dos gestores dos contratos, dos órgãos encarregados
da normatização, dos órgãos encarregados da fiscalização interna da administração (auditoria
interna e revisão jurídica de atos – Procuradoria Jurídica do Município);
c.) definição de parâmetros de eficiência baseado em incentivos aos servidores públicos
para o desempenho com qualidade das atividades de normatização, fiscalização e gestão de
contratos de concessão (preocupação com recursos humanos);
d.) definição de fluxos procedimentais que prevejam a participação dos distintos órgãos
e entidades da administração nos procedimentos de modelagem, licitação e gestão de

117
contratos e tarifas. Definição do relacionamento entre órgãos do executivo e de outros
poderes, tal como aqueles encarregados do controle externo (Tribunal de Contas e Ministério
Público) – antecipação e padronização de comportamentos – (foco na organização da
administração pública).

12.1.1.2. Regulação Externa, a abranger:

a.) a regulação de aspectos econômicos, técnicos e operacionais de contratos (foco na


relação com o concessionário - revisões tarifárias, equilíbrio econômico-financeiro das
avenças, dentre outros):
b.) a regulação da participação dos usuários na gestão dos serviços (sugestões,
reclamações, audiências públicas, consultas públicas, ouvidoria pública, exercício de direitos
etc.);
Cada uma das hipóteses registradas exigirá maior ou menor participação dos usuários.
Certamente existirão zonas de interseção que deverão ser exploradas para otimizar e
tornar o sistema regulatório mais ágil e produtivo. Avaliemos a regulação quanto aos seus
fundamentos a fim de que tais zonas sejam, no futuro, identificadas com clareza.

12.1.2. A questão da Alocação Institucional de Competências Regulatórias


Qualquer que seja a escolha do tipo organizacional, um conjunto de características
institucionais se apresenta como imprescindível para sustentáculo da atividade regulatória. A
exposição a seguir será realizada como o apoio da doutrina de Floriano de Azevedo Marques2.
(MARQUES NETO, Floriano de Azevedo. Agências Reguladoras – Instrumento de
fortalecimento do Estado. São Paulo: Associação Brasileira de Agências de Regulação (19-
21).
Segundo o autor em referência, para dar cabo das tarefas da regulação “mostra-se
necessária a constituição de um tipo específico de órgãos públicos (públicos tanto por serem
dotados de autoridade como por serem abertos ao controle e participação da sociedade), que
enfeixem ampla gama de competências associadas a uma alta especialização técnica, de modo
a intervir num determinado setor da economia (cuja relevância ou essencialidade da atividade
econômica justifiquem essa intervenção).”
Deve, assim, a entidade reguladora apresentar as seguintes características essenciais,
dentre outras possíveis:

118
1) apresentar ampla transparência e permeabilidade de modo a receber e processar
demandas e interesses dos regulados, dos consumidores e do próprio poder político;
2) ser detentor de um caráter público que lhes confira autoridade e prerrogativas
inerentes a todos órgãos públicos que manejam poder extroverso;
3) ser transparente na sua forma de atuação e permeável à participação dos
administrados (regulados ou cidadãos) no exercício da autoridade;
4) ser capaz de abarcar uma multiplicidade de funções e competências;
5) possuir a capacidade de, eficientemente, combinar o equilíbrio do sistema regulado
com o alcance de objetivos de interesse geral predicados para o setor, possuindo, para tanto,
competências e instrumentos amplos e efetivos;
6) ser detentor de profundo conhecimento sobre o setor regulado. Sua atuação deve ser
focada na sua área de especialidade – saneamento básico - em busca de legitimidade técnica
(embora não seja impossível a existência de órgãos de regulação multi-setoriais ou gerais);
7) promover o equilíbrio no sistema pela mediação, sopesamento e interlocução entre os
vários interesses existentes no setor regulado. Trata-se da necessidade de a entidade de
regulação interagir com os atores privados como forma de legitimar sua intervenção na ordem
econômica. O equilíbrio coloca-se ainda como essencial em função da necessidade de
previsibilidade de expectativas no ambiente regulatório;
8) apresentar-se como neutro. Trata-se da equidistância que o ente regulador deve
manter em face dos interesses regulados, incluídos aí também os interesses do Poder Público.
Corroborando as características essenciais mencionada, o Decreto nº 7.217/2010, que
regulamentou a Lei nº 11.445/2007, no inciso II do seu art. 30, especifica os aspectos
mínimos que deverão abranger as normas da entidade de regulação:
I - as metas progressivas de expansão e de qualidade dos serviços, de eficiência e de uso
racional do aterro sanitário, em conformidade com os serviços a serem prestados e os
respectivos prazos e prioridades;
II - padrões e indicadores de qualidade da prestação dos serviços, inclusive quanto ao
atendimento ao público;
III - requisitos operacionais e de manutenção dos sistemas;
IV - as condições de sustentabilidade e equilíbrio econômico-financeiro da prestação
dos serviços, em regime de eficiência, incluindo:
a) a composição de taxas e tarifas e o sistema de cobrança;

119
b) os procedimentos e prazos de fixação e sistemática de reajustes e de revisões de taxas
e tarifas;
c) a política de subsídios tarifários e não tarifários;
V - medição, faturamento e cobrança de serviços tarifados;
VI - planos de contas da prestadora e mecanismos de informação, de auditoria e
certificação e de monitoramento dos custos;
VII – sistemática de avaliação da eficiência e eficácia dos serviços prestados;
VIII - mecanismos de participação e controle social das atividades de interesses dos
serviços públicos de saneamento básico;
IX - medidas a serem adotadas em situações de contingências e de emergências,
inclusive racionamento;
X - hipóteses de intervenção e de retomada de serviços delegados;
XI - penalidades a que estão sujeitos os prestadores de serviços por descumprimento dos
regulamentos;
XII – direitos e deveres dos usuários;
XIII – condições relativas à autorização, por titular ou titulares, para a contratação dos
serviços prestados mediante contratos de concessão ou de programa;
XIV – condições relativas à autorização de serviços prestados por usuários organizados
em cooperativas ou associações;
XV - relações entre prestadores de diferentes atividades de um mesmo serviço;
XVI - os resíduos sólidos originários de atividades comerciais, industriais e de serviços
que possam ser considerados assemelhados aos resíduos sólidos domiciliares;
XVII - os resíduos líquidos ou sólidos cuja responsabilidade pelo manejo seja atribuída
ao gerador em razão de norma legal e os encargos do gerador;
XVIII - as hipóteses de interrupção da prestação dos serviços públicos, limitadas a
situação de emergência ou de calamidade pública, especialmente a que coloque em risco a
saúde do trabalhador de serviço de saneamento básico ou a segurança de pessoas e bens; ou à
necessidade de efetuar reparos, modificações ou melhorias nos sistemas por meio de
interrupções programadas; e
XIX - a exigência de comunicação prévia aos usuários e ao Consórcio das interrupções
programadas da prestação de serviço.

120
Os itens acima enumerados representam, de certa forma, uma base comum de
características das agências reguladoras federais hoje existentes (aqui trazidas à tona a título
exemplificativo).
Isoladamente, contudo, as agências apresentam diferenças relevantes atribuíveis às
características de cada setor regulado.3 Independentemente da estrutura utilizada, será
preocupação constante a criação de mecanismos de accountability e controle da entidade de
regulação. Deveras, a maior independência e autonomia geram necessidade de maior
transparência e clareza nas suas ações:
“Uma burocracia completamente autônoma, como todo poder auto-referenciado,
traz riscos à sociedade e à democracia. A discussão ganha novos contornos com os
processos de reforma do Estado, nos quais uma das principais marcas foi o repasse da
execução de atividades antes estatais a entes privados e, nesse contexto, instrumentos de
accountability precisaram ser repensados. Além disso, cada vez mais o controle e a
accountability do Estado são inseridos num contexto de ampliação dos espaços
democráticos, que precisa chegar aos cidadãos (Clad, 2000).
Apesar de existirem áreas superpostas entre controle e accountability, podemos
estabelecer uma diferenciação operacional básica entre os termos. Para o controle
assumimos a definição de Dahl e Lindblom (1971) que o consideram como a capacidade
de um ator em fazer que outro atenda às demandas daquele, pela imposição de
restrições, penalidades e incentivos. A accountability é um conceito mais amplo, que
inclui a existência de condições para os cidadãos participarem da definição e avaliação
das políticas públicas, premiando ou punindo os responsáveis (Clad, 2000). Nessas
condições deve constar a disponibilidade de informações sobre a atuação dos governos e
seus resultados, bem como a existência de instituições que permitam contestar as ações
do poder público. Assim, controle e accountability não são sinônimos, sendo o primeiro
um dos componentes do segundo, embora sejam, num regime democrático,
indissociavelmente ligados, porque não há efetivação da accountability sem a utilização
de instrumentos institucionais de controle.”

3
Segundo nos informam Marcos Vinicius Pó e Fernando Luiz Abrucio: “Apesar de haver um modelo
básico que permeia as agências reguladoras, é um equívoco partir do pressuposto que, a despeito dos
contextos políticos e históricos das burocracias e dos setores, o formato institucional e de regras
tenha levado as agências a se comportarem da mesma forma. A implantação de um modelo
institucional não leva necessariamente a resultados semelhantes, como pode ser inferido dos
resultados deste estudo.”
ABRUCIO, Fernando Luiz; PÓ, Marcos Vinicius. Desenho e funcionamento dos mecanismos de
controle e accountability das agências reguladoras brasileiras: semelhanças e diferenças. Rev. Adm.
Pública vol.40 no.4 Rio de Janeiro July/Aug. 2006.

Imprescindível, portanto, o estabelecimento de mecanismos de participação na atividade


regulatória da Agência. No tocante à participação dos usuários, vários são os mecanismos que
deverão ser analisados, tais como a instituição de comitês de usuários dos serviços; a
integração de entidades de representação de classes de usuários; a instituição da figura do
Ombudsman tanto na concessionária como no órgão regulador; a obrigatoriedade de que a
121
concessionária tenha um SAC permanente e eficazmente acessível aos usuários; a instituição
de regras claras de publicidade ampla para os procedimentos da entidade de regulação; a
obrigatoriedade de Consultas e Audiências Públicas para a prática dos atos relevantes do
órgão regulador. Todos estes mecanismos, já encontradiços na legislação brasileira (vide
CDC, Lei 9.472/97, Lei 8.987/95, entre outras), deverão ser analisados e adaptados às
peculiaridades do serviço, de modo a concretizar o pressuposto de ampla participação do
usuário na atividade regulatória.
Igualmente indeclinável será a participação na entidade de regulação do Poder Público
Municipal. Esta participação deverá envolver: i) o processo de escolha dos dirigentes; ii) a
instituição de conselhos consultivos com a participação de representantes do Município; e iii)
a criação de comitês técnicos para os quais deverão ser indicados membros pelo Município,
entre outros mecanismos.

12.1.3. Modelo Institucional da Entidade de Regulação a ser Constituída

Tendo em vista o acima expendido, e do previsto na legislação de regência dos serviços


(Lei federal nº 11.445/2007 regulada pelo Decreto federal nº 7.217/2010 e Lei federal nº
12.305/2010 regulada pelo Decreto federal nº 7.404/2010), a regulação e a fiscalização dos
serviços públicos de manejo de resíduos sólidos e limpeza público do Município de
Votorantim poderão ser executadas pelo próprio Município ou podem ser delegadas a
qualquer entidade reguladora que possua competência em território do qual o Município faça
parte4.

4 - Nos termos do § 1º do artigo 23 da Lei federal nº 11.445/2007: “A regulação de serviços públicos


de saneamento básico poderá ser delegada pelos titulares a qualquer entidade reguladora constituída
dentro dos limites do respectivo Estado, explicitando, no ato de delegação da regulação, a forma de
atuação e a abrangência das atividades a serem desempenhadas pelas partes envolvidas.”

Das hipóteses mencionadas, e diante da estrutura administrativa do Poder Público do


Município de Votorantim, sugerimos a criação, por meio de lei, de uma coordenadoria, órgão
que integrará a administração municipal direta, integrada à estrutura do Gabinete do Prefeito
Municipal, que passará a ter a competência para regular e fiscalizar o sistema Municipal de
Limpeza Pública e de Manejo de Resíduos Sólidos Integrados do Município de Votorantim.
O Projeto de Lei que criará a Coordenadoria de Manejo de Resíduos Sólidos e Limpeza
Pública deverá prever que sua atuação estará balizada pela independência, observando os
122
princípios da legalidade, da imparcialidade, da impessoalidade, da proporcionalidade,
competindo-lhe regular, controlar e fiscalizar os serviços de limpeza pública e de manejo de
resíduos sólidos integrados, assumindo todas as competências de: (i) zelar pela
implementação dos deveres do Poder Público Municipal, dos princípios fundamentais e das
diretrizes do Sistema de Limpeza Pública e de Manejo de Resíduos Sólidos Integrados do
Município de Votorantim; (ii) proteger os direitos dos usuários; (iii) elaborar e propor ao
Poder Executivo as políticas públicas que considerar cabíveis; (iv) elaborar periodicamente os
planos que fixem as metas de universalidade e qualidade dos serviços públicos de limpeza
pública e de manejo de resíduos sólidos urbanos; (v) expedir normas, na forma de resoluções,
quanto à outorga, prestação e fruição destes serviços, bem como para fixar as penalidades
aplicáveis aos usuários e operadores do Sistema Municipal de Limpeza Pública e de Manejo
de Resíduos Sólidos; (vi) autorizar a prestação dos serviços em regime privado e regular as
condições de interesse público que deverão ao prestador deste ser impostas; (vii) manter
cadastro público dos grandes geradores de resíduos sólidos, mediante procedimento que
regulará; (viii) deliberar e aprovar resolução estabelecendo seu regimento interno.
Reiteramos que o exercício das funções de regulação e de fiscalização por órgão
integrante da administração direta do Município de Votorantim somente será possível se este
órgão tiver independência decisória com relação ao próprio Município. Deverá, também, se
salvaguardar a transparência, a tecnicidade, a celeridade e a objetividade das decisões da
Coordenadoria de Manejo de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública, haja vista que “só é
justificável se lhe forem atribuídas competências irrenunciáveis de atuar em face do setor a
ser regulado, aplicando em concreto as medias postas à sua disposição com vistas ao
cumprimento dos objetos da regulação setorial”5.
Ou, dito de outra maneira, as decisões proferidas pela Coordenadoria de Manejo de
Resíduos Sólidos e Limpeza Pública não poderão ter sua eficácia ou validade dependentes de
órgão ou entidade externa a ela.
No Projeto de Lei que criará Coordenadoria de Manejo de Resíduos Sólidos e Limpeza
Pública do Município de Votorantim deverão estar detalhadas a composição institucional,
técnica e diretiva. Com relação à estrutura técnica da Comissão, dever-se-á prever, no
mínimo, que seu corpo seja composto por profissionais com notório conhecimento sobre os
serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

5 - AZEVEDO MARQUES, Floriano de.Discricionariedade e Regulação Setorial – O caso concreto dos atos de
concentração por regulador setorial, in O Poder Normativo das Agências Reguladoras, Alexandre Santos de
Aragão (coordenador), Rio de Janeiro, Forense, 2006, páginas 669 a 704.

123
13. ASPECTOS FINANCEIROS

13.1. INVESTIMENTOS PREVISTOS NO PLANO

Nos últimos anos, a Prefeitura Municipal de Votorantim, através do Departamento de


Saneamento Básico e de outros órgãos da Administração Direta e de entidades da sociedade
civil, vem desempenhando essa função da melhor maneira possível, garantindo a realização
desses serviços vitais para a limpeza, embelezamento e saúde pública da cidade. A Prefeitura
tem tomado diversas iniciativas no sentido de incrementar o oferecimento dos serviços e a
consecução das finalidades públicas nele envolvidas. No entanto, todos os estudos elaborados
até então apontam numerosas deficiências na gestão urbana e, apesar da modernização de
determinados bens utilizados na prestação dos serviços, são exatamente aqueles de
investimento de longo prazo, sobretudo o aterro sanitário, que apresentam vida útil de curto
prazo. Dada a alteração do contexto da atividade no território nacional e a alteração do
contexto político, o atual modelo carece de modernização, não só para melhor atender às
necessidades dos cidadãos, como também para fomentar o aproveitamento do potencial
econômico da atividade na cidade e região.
Para que o Município possa atingir um novo patamar na gestão da Limpeza Urbana, é
necessário um montante expressivo de investimentos no setor, o qual não se realiza num curto
lapso de tempo. Pelo contrário, é cada vez mais assente a ideia de que, na área de saneamento
ambiental, os operadores dos serviços precisam de um longo prazo para amortização dos
investimentos que deles são exigidos. As dimensões do equacionamento da Limpeza Urbana
exigem recursos, os quais, quase sempre, são ressarcidos ao longo dos anos dos contratos,
com as empresas prestadoras dos serviços. O prazo de cinco anos determinado pela lei de
licitações não é suficiente para resolver a questão dos investimentos, que a Limpeza Urbana
tanto exige, tampouco permite amortizar os investimentos.
Para se ter uma ideia dos investimentos e recursos necessários a serem investidos na
Limpeza Urbana nos próximos anos, apenas como ilustração, projetou-se um contrato de
concessão administrativa – modelo PPP - dos serviços necessários para a cidade nos próximos
20 anos.

124
13.1.1. Premissas consideradas para as simulações dos valores

Para realizar a simulação dos valores nos 20 anos utilizou-se uma metodologia de
composição de cálculo formada pelas seguintes premissas:
1) O Valor Total Mensal é a soma dos valores mensais de cada serviço;
2) O Valor Mensal de Cada Serviço é a Quantidade Mensal X Preço Unitário;
3) Preço Unitário dos Serviços: Foram calculados utilizando-se a planilha de composição
de custo padrão compatível com o conceito desenvolvido da FGV/SELUR. Os valores dos
insumos e locação de equipamentos foram atualizados com pesquisa de mercado realizada
com fornecedores e produtores. Os salários e os encargos foram atualizados de acordo com a
convenção do setor. Foram considerados investimentos estimados de forma que a
responsabilidade pela obtenção dos mesmos seja da concessionária;
4) Quantidades dos Novos Serviços: As quantidades foram calculadas para os serviços
realizados atualmente e para os outros as quantidades foram estimadas pela necessidade atual
da cidade. Podem se alterar no tempo devido às demandas dos serviços, principalmente as
equipes, produção de inertes, as quantidades de coleta, etc;
5) Investimentos: os valores dos investimentos necessários foram calculados com base
em estimativas de investimentos básicos tais como construção de células de Aterro, aquisição
de unidade de tratamento, etc. calculados através de valores obtidos em pesquisa de mercado
realizada em consulta com outras Prefeituras, fornecedores, processos de licitações em
andamento ou realizados, etc;
Abaixo são apresentadas de forma simplificada as planilhas de composição de custos dos
serviços projetados para 20 anos, contendo os investimentos necessários.
Os valores unitários refletem a aplicação do conceito de linearização dos preços unitários
para o período de 360 meses, ou seja, as despesas foram divididas sempre linearmente pelos
360 meses. Os insumos, equipamentos e mão-de-obra estão com preço atualizado até
Dez/2013.

125
Tabela 27: Investimentos Necessários

13.2. Fluxo de Caixa dos Resíduos

Mesmo tendo a necessidade de investimentos em larga escala conforme os


estudos elaborados no capitulo 6, o atual regime de operação de resíduos sólidos e
deficitário operacionalmente. Ou seja, a receita corrente – taxa de limpeza – e
insuficiente para o custeio dos serviços.
Desta forma a possibilidade de realização dos investimentos preconizados passa
inexoravelmente pela busca de fontes alternativas de recursos financeiros.

126
Neste sentido o estudo do fluxo de caixa apresentado a seguir demonstra a
necessidade de uma revisão das taxas cobradas em 12% para equilibrar os atuais níveis
de custeio e receita.
Resíduos - Cenário 1.

127
Resíduos - Cenário 2.

13.3. ASPECTOS REGULATÓRIOS E MODELOS

De acordo com a Lei 11.445 de janeiro de 2007, que estabeleceu as diretrizes nacionais
do setor de saneamento básico, este é composto pelos seguintes serviços (artigo 3):
(i) Abastecimento de água potável – composto de toda a infra-estrutura necessária para o
abastecimento de água potável incluindo a captação, ligações prediais e instrumentos de
medição;
(ii) Esgotamento sanitário – atividades e estruturas para a coleta, transporte, tratamento e
disposição final de esgotos sanitários;

128
(iii) Limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos – atividades e estruturas para a coleta,
transbordo, transporte, tratamento e destino final do lixo doméstico e o decorrente da varrição
e limpeza de logradouros e vias públicas;
(iv) Drenagem e manejo de águas pluviais urbanas.
Este conjunto de serviços caracteriza-se pela essencialidade e cuja ausência tende a gerar
uma série de efeitos negativos sobre a saúde pública e o meio ambiente. Vários estudos
demonstram o elevado custo decorrente de doenças associadas a falta de saneamento básico, a
contaminação ambiental em função da disposição inadequada dos resíduos, com impactos
negativos sobre a atividade econômica e a geração de emprego e renda, entre outros aspectos.
Estas são as chamadas externalidades negativas decorrentes da provisão inadequada desses
serviços.
Além da importância dos serviços uma série de especificidades está associada à provisão
desses serviços. Os ativos associados a estes serviços possuem alta especificidade com difícil
redirecionamento para outra atividade, o que implica a necessidade de um correto
dimensionamento dos investimentos necessários, problemas técnicos e de informação exigem
uma ampla regulação técnica sobre a qualidade do serviço prestado; entre outros fatores que
limitam a possibilidade de concorrência e resultam em economias de escala para os serviços.
Isto faz com que esses serviços sejam caracterizados como Serviços de Utilidade Pública
em que a universalidade dos serviços (garantir o acesso a toda população) e a qualidade
técnica são fundamentais. Como tal, as receitas devem ser suficientes para cobrir os custos
dos serviços e possibilitar os investimentos necessários na expansão dos serviços e na
manutenção dos mesmos e a cobertura de toda a população.
A Constituição define que a responsabilidade pela provisão dos diversos serviços de
saneamento – água, esgoto e limpeza urbana - é dos municípios. Esses serviços podem ser
providos diretamente pelo setor público, seja pela administração direta ou por meio de
autarquias e empresas públicas; ou serem transferidas ao setor privado, seja por meio de
concessões ou de contratação de serviços de terceiros (terceirização).
O setor se ressentiu ao longo de vários anos da ausência de leis específicas que
definissem as regras para a provisão dos diferentes serviços. A Lei do Saneamento só foi
aprovada em 2007 e prevê alguns aspectos essenciais, dentre os quais cabe destacar a
titularidade dos municípios nos serviços de saneamento, a responsabilidade pela busca da
universalização dos serviços e o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos.

129
No caso dos resíduos sólidos a lei específica só foi aprovada em agosto de 2010, Lei nº
12.305 (Lei dos Resíduos Sólidos). Esta lei estabelece uma série de princípios e objetivos,
dentre os quais se podem destacar: (i) a visão sistêmica na gestão dos resíduos (econômica,
social, ambiental, tecnológica e saúde pública); (ii) a precaução com a saúde pública; não
geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; (iii) gestão integrada de resíduos
sólidos; (iv) regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos
serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de
mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços
prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira; entre
outros aspectos relacionados ao estímulo a reciclagem, ao acompanhamento do ciclo de vida
do produto; à redução da geração de resíduos, estímulo a formação e desenvolvimento das
cooperativas de catadores e sua inclusão nos programas de coleta seletiva e reciclagem;
estímulo a formação de consórcios para viabilizar a escala econômica de determinados
investimentos, entre outros objetivos.
Algumas determinações da lei devem ser destacadas, aquela que prevê o fim dos lixões
para 2014 e a implantação dos sistemas de logística reversa em determinados setores:
lâmpadas, eletrônicos, embalagens, pilhas, etc. Deve-se destacar a preocupação da lei com a
redução da geração, a reciclagem, o reuso dos resíduos; a correta disposição dos mesmos e a
implantação do princípio do poluidor-pagador, em que o responsável pela geração do resíduo
deve pagar pelo mesmo. Deverá haver cooperação entre os diferentes entes da federação seja
na elaboração dos seus respectivos seus Planos de Resíduos Sólidos, seja na implantação dos
instrumentos, na realização do investimento e no financiamento dos serviços.
Percebe-se que tanto a Lei de Concessões dos Serviços Públicos de 1995 como as leis de
Saneamento e Resíduos Sólidos e a de PPPs destacam a importância do equilíbrio
econômico-financeiro dos contratos. Isto faz com que os contratos devam ser revistos sempre
que ocorrerem mudanças decorrentes de custos mais elevados, perda de receitas,
redimensionamento de investimentos, entre outros fatores que possa sacrificar o equilíbrio dos
contratos e a prestação dos serviços. Assim, reavaliações periódicas de contratos visando à
adequação das receitas aos custos de provisão dos serviços são necessárias para garantir a
continuidade dos mesmos dentro dos critérios de qualidade técnica requerida e de
universalização.

130
Estudo do Banco Mundial mostra que a revisão de contratos de concessões e de PPPs é
bastante comum em todas as regiões do mundo, seja em países desenvolvidos ou em
desenvolvimento. Estas decorrem tanto das incertezas relacionados a contratos de longo prazo
e dificuldades em prever todos os riscos de mercado e operacionais, como em função de
alterações regulatórias que afeta o desempenho dos mesmos. Estes aspectos mostram a
incompletude dos contratos de concessão e PPPs frente à ampla variedade de situações e
incentivos aos quais estão sujeitos e que não se consegue incorporar aos contratos (Guasch,
2007). De qualquer modo revisões periódicas devem ser previstas e não devem ser
consideradas como meros erros. A sua importância é reduzir os riscos de investimentos tão
necessários para a qualidade de vida e que com maiores riscos tenderiam a ser mais caros,
com a exigência de maiores retornos, e/ou seriam realizados em menor magnitude limitando o
acesso aos serviços.
Como o principal objetivo nas concessões e PPPs é alcançar o objetivo público de
qualidade e quantidade de serviços com o menor custo seja em termos de tarifa ou de
pagamentos do setor público, os contratos devem gerar incentivos para que os provedores
busquem as melhores tecnologias e o menor custo. Neste sentido a definição do escopo de
serviços, das formas de remuneração e dos mecanismos de reajuste e revisão tarifária, entre
outros aspectos são de extrema importância. Vale destacar, que a realização de uma concessão
ou de uma PPP não exime o setor público da responsabilidade de prover os respectivos
serviços.
O setor público está delegando ao parceiro, mas ainda deve regular e fiscalizar o
cumprimento dos contratos.
Um risco muito comum em contratos com o setor público é o risco político e o de atrasos
nos pagamentos. Assim, os contratos também podem prever mecanismos para mitigar esses
riscos; como por exemplo, a constituição de fundos de garantia de pagamentos, contas
vinculadas (tarifas ou taxas vinculadas ao pagamento de determinados serviços), entre outros
mecanismos. Note-se que tanto a construção de garantias como a possibilidade de revisão de
contratos frente a ocorrência de desequilíbrios tendem a gerar amplos benefícios ao Estado e
aos cidadãos pela redução do risco e com isso do retorno exigido, reduzindo os custos dos
serviços prestados e ampliando a eficiência.
Os serviços de utilidade pública podem ser providos diretamente pelo Estado ou por meio
do setor privado seja com concessões, PPPs ou contratações do setor público. O essencial

131
nesses serviços é buscar a qualidade do atendimento e o maior acesso possível nas melhores
condições possíveis. Diversas características desses segmentos justificam a presença do setor
público, direta ou indiretamente: especificidade de ativos, restrições à concorrência;
economias de escala e escopo no oferecimento dos serviços; externalidades associadas aos
serviços, em especial sobre o meio ambiente e a saúde pública; características de bem público
em alguns serviços, entre outros. Dessa forma estes serviços requerem investimentos
constantes e, em geral, elevados; continuidade e eficiência nos serviços; modicidade de
custos. A responsabilidade pública requer então que se garanta a realização de investimentos
necessários, independente da capacidade fiscal do estado e que os serviços sejam providos de
forma eficiente ao menor custo possível. O alcance desses objetivos pode se dar com
diferentes formas de provisão, em cada contexto haverá uma mais adequada de acordo com a
capacidade financeira do setor público, a presença de empresas privadas capacitadas a prover
os serviços, entre outras variáveis que poderão determinar a forma mais eficiente.

13.4. CONTEXTO SETORIAL

Dentre os serviços de utilidade pública no país, o saneamento básico, em seus diferentes


serviços, é um dos que apresentam maiores deficiências. Este quadro resulta de profunda
retração dos investimentos nas últimas décadas em função do esgotamento da capacidade de
investimento do setor público em suas diferentes esferas e pela demora na aprovação das leis
específicas do setor. Com isso, a participação privada no setor é relativamente menor do que
em outros serviços como energia, telecomunicações e transporte. Deve-se destacar também
que este setor acaba sendo o mais social dentre os serviços públicos o que resulta em
resistências políticas e restrições a uma gestão mais profissional (Foster, 2002).
Os desafios impostos tanto pela Lei de Saneamento como pela Lei de Resíduos Sólidos
são bastante amplos para o país, o que exigirá tanto um montante de investimentos elevados
como a disponibilização de quadros técnicos qualificados para a sua implantação. Além disso,
a imposição de novos serviços e objetivos, por exemplo, a logística reversa combinada com o
princípio do poluidor pagador, implicará na elevação de custos para diversos atores
econômicos.
Alguns indicadores podem mostrar os desafios colocados para o setor de saneamento
básico no Brasil. Em relação à água e esgoto, por exemplo, a Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico de 2008 mostra que:
132
(i) 2495 municípios brasileiros não possuem rede de esgoto, 33 não possuem rede de
água;
(ii) Apenas 78 % dos domicílios brasileiros estão conectados à rede de água e 44% à rede
de esgoto (apenas os estados de SP, MG e DF possuem mais de 50% dos domicílios
conectados), com isso, 34,8 milhões de pessoas não possuem acesso a rede de esgoto;
(iii) Apenas 28,5% dos municípios possuem tratamento de esgoto e somente 68% do
esgoto coletado é tratado (o tratamento se coloca nos municípios maiores);
(iv) Os déficits de acesso à água e rede de esgoto se concentram, principalmente nos
municípios do Norte e Nordeste, municípios com população reduzida, baixa taxa de
urbanização e baixa renda per capita.
(v) A provisão dos serviços de água e esgoto é feito principalmente por meio das
Companhias estaduais de saneamento básico, que provêm serviços e vários municípios de um
mesmo estado por meio de concessões, seguido por alguns provedores locais públicos
(departamentos, autarquias, empresas municipais) e ainda poucos provedores privados;
(vi) O investimento no setor é muito restrito tanto pela baixa capacidade financeira dos
provedores (vários indicadores de eficiência que resultam em baixa geração de excedente);
restrições ao endividamento para provedores públicos e baixa participação privada;
(vii) Nos municípios que optaram por provisão privada tem-se verificado maiores taxas
de investimento, ampliação da cobertura dos serviços e ganhos de eficiência;
Vale destacar que a deficiência dos serviços de água e esgoto geram uma série de custos
econômicos. Verifica-se uma maior incidência de doenças infecciosas nos municípios com
deficiências nos serviços ampliando os custos da saúde; a frequência escolar é menor nesses
municípios assim como os indicadores de evasão escolar; problemas de saúde são uma das
principais causas de falta ao trabalho com redução da produtividade e da remuneração, entre
outros aspectos, que mostram os elevados benefícios econômicos dos investimentos no setor6.
6 - A esse respeito ver estudo do Instituto Trata Brasil, www.tratabrasil.org.br, sobre os
benefícios dos investimentos em saneamento básico.
No que tange aos resíduos sólidos alguns outros aspectos devem ser mencionados. Como
destacado a provisão é de responsabilidade municipal que pode fazê-lo por diferentes arranjos
institucionais. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento, 61% dos municípios
realizam a provisão por meio da Administração Direta, 4% por meio de autarquias e empresas
públicas e 35% por meio de concessões ou terceirizações para empresas privadas. Deve-se

133
destacar que a maior participação privada tende a se dar nos municípios maiores e
principalmente nas regiões Sul e Sudeste.
Na maior parte dos municípios brasileiros existe a coleta regular dos resíduos no caso dos
domicílios, em apenas 2 não se verifica a presença dos serviços. Verificam-se algumas
deficiências no caso de resíduos da saúde, tanto na regularidade da coleta, como,
principalmente na qualidade dos serviços e na existência de uma provisão específica para os
mesmos. Mas, a principal dificuldade do setor refere-se à disposição dos resíduos e a coleta
seletiva e reciclagem. No caso brasileiro, 50,8% dos municípios brasileiros destinam seus
resíduos para lixões ou vazadouros a céu aberto; 22,5% para aterros controlados, que em
muitos casos são totalmente inadequados, e apenas 27,7% direcionam para aterros sanitários.
Mesmo no estado de São Paulo, o mais rico do país, 7,6% dos municípios destina para
lixões.
Percebe-se que no país 72% dos municípios (mais de 4000) encontra-se em situação
inadequada. O mapa a seguir mostra como está a questão da destinação de resíduos sólidos no
país.

134
Vale destacar que a situação é muito melhor que a verificada no começo do século, nos
anos 2000, mas nos permite dimensionar os enormes desafios e os elevados investimentos que
deverão ser feitos para adequar esta situação no prazo estipulado pela Lei dos Resíduos. A
dificuldade é ainda maior se considerarmos os seguintes aspectos:
(i) a maior parte da provisão é feita pelas Administrações Diretas Municipais que
possuem baixa capacidade de investimentos em função do elevado comprometimento das
receitas e das restrições ao endividamento colocadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) e pelas resoluções de contingenciamento de crédito ao setor público;
(ii) em torno de 50% dos municípios cobra pelos serviços de manejo de resíduos sólidos,
a maior parte no próprio IPTU, mas as receitas geradas para a cobertura dos serviços na maior
parte dos casos são insuficientes;
(iii) o montante de investimentos necessários para adequar a destinação é muito elevado e
os aterros tendem a apresentar economias de escala, isto é, de acordo com a questão
tecnológica, o custo unitário tende a decrescer com o aumento do volume e, portanto, da
população;
(iv) quando se observa as carências no país estas tendem a se concentrar nas regiões de
menor densidade demográfica, municípios de menor porte, menor renda, para os quais
soluções consorciadas devem ser buscadas, isto é, realizar um investimento de maior
dimensão que atenda um número maior de municípios;
(v) os investimentos ainda tendem a ser maiores se considerarmos a necessidade de
recuperação das áreas contaminadas pela destinação inadequada do passado;
(vi) a correta destinação, a eliminação dos impactos negativos existentes e a implantação
de novos serviços (coleta seletiva, unidades de tratamento, reciclagem e reaproveitamento)
deverão ampliar de forma significativa os custos dos serviços, o impacto orçamentário e,
eventualmente, as taxas sobre a população; vale destacar, que muitos estudos mostram que a
provisão por meio de empresas privadas resulta em ganhos de eficiência superiores a 50%
podendo compensar parte do impacto.
Uma das dificuldades associadas a este quadro é que os resíduos sólidos tendem a
assumir uma elevada importância nos orçamentos municipais, em alguns casos representa
mais de 20% do total das despesas.
Os orçamentos municipais encontram-se bastante pressionados também por outras
despesas gerais como a necessidade de ampliar a qualidade da educação, tendências

135
demográficas de envelhecimento populacional e maiores gastos de saúde, entre outros. Mas
deve-se destacar que os investimentos no melhor manejo de resíduos sólidos,
semelhantemente aos em água e esgoto, tendem a gerar uma série de benefícios econômicos
relacionados a menor incidência de doenças, atração de novas atividades econômicas,
fortalecimento do turismo, redução de custos ambientais, entre outros.
Assim, são investimentos cuja taxa de retorno social é extremamente elevada,
justificando a busca de recursos para a implantação dessas políticas.
A lei de resíduos sólidos no Brasil demanda vários serviços e amplas melhorias na
provisão de serviços além de permitir instrumentos bastante modernos para a gestão: foco na
redução, reciclagem e reuso dos resíduos por meio de incentivos a melhor gestão, princípio do
poluidor pagador, educação ambiental, políticas sociais, entre outros.
Prevê-se uma maior diversidade de instrumentos ao poder público, incentivo a gestão
integral dos serviços, incentivos ao reaproveitamento e geração de receitas acessórias, ganhos
de produtividade, entre outros. Os municípios podem se valer de diferentes mecanismos de
cobrança, beneficiar-se de consórcios para alcançar escala e eficiência, diferentes mecanismos
de interação com o setor privado.
É dentro deste escopo que se insere esta proposta; desenvolver um modelo de provisão de
serviços de limpeza urbana para o município de Votorantim, que amplie a qualidade e a
abrangência dos serviços prestados, com maior eficiência e menor custo para a
municipalidade. Busca-se incentivar o uso de tecnologias modernas e as melhores práticas do
ponto de vista ambiental e social.

13.5. MODELO PARA A GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM


VOTORANTIM

Conforme destacado no Diagnóstico, o município de Votorantim destaca-se pela sua


renda per capita, pelo nível educacional da população, qualidade e quantidade dos serviços de
saúde, infraestrutura municipal, entre outros aspectos. O forte dinamismo econômico do
município decorre tanto da produtividade do agronegócio regional centrado no setor
sucroalcooleiro como do fato de ser o polo comercial e de prestação de serviços de uma
região dinâmica. A economia municipal e regional gira em torno do comércio e da prestação
de serviços qualificados na área de educação, saúde, entre outros, além de alguns ramos
industriais com destaque para a área de saúde humana e animal.
136
As perspectivas para o município e região nos próximos anos são bastante favoráveis.
Vários fatores sinalizam que as principais atividades econômicas continuarão crescendo em
ritmo acelerado. A crescente preocupação com as questões ambientais e com a emissão de
gases efeito estufa faz com que a demanda por etanol e bioenergia continuem a crescer no
futuro mantendo preços elevados e aumento da produção. Os investimentos em novas plantas
produtivas e a expansão das áreas agrícolas gerarão forte demanda por máquinas e
equipamentos agrícolas além de equipamentos industriais contribuindo para o fortalecimento
da indústria regional fornecedora do setor.
O processo de envelhecimento populacional e de ampliação da expectativa de vida
tende a ampliar a demanda por serviços de saúde e estimular o desenvolvimento de novas
tecnologias de tratamento. Tanto por ser um pólo de serviços como por possuir uma forte
indústria voltada para produtos de saúde a economia municipal tende a se beneficiar com esse
processo. O setor educacional, em especial, o ensino médio e superior, também deve
apresentar desempenho favorável em função de mudanças demográficas, melhorias na
educação básica e novas características do mercado de trabalho. O rápido avanço nos
indicadores de matrícula no ensino fundamental e as políticas voltadas para ampliar o número
de alunos no ensino superior tende a favorecer o município que se constitui um importante
pólo educacional com forte atração de estudantes de todas as regiões do país.
Com este quadro, Votorantim apresenta uma ampla base tributária que tende a crescer
ainda mais, com significativo potencial de geração de receita para a prefeitura credenciando-a
a oferecer serviços públicos de qualidade. No caso da limpeza urbana, como destacado, o
município consta com diversos contratos voltados para a provisão dos serviços fragmentados
em diversos prestadores. A mencionada fragmentação resulta em custos administrativos
excessivos e baixa eficiência por não possibilitar aos provedores se beneficiar das economias
de escala e escopo presentes nos serviços. A falta de coordenação dos serviços, as
dificuldades associadas à fiscalização e acompanhamento dos diferentes contratos, os prazos
diferenciados entre os contratos, as formas de pagamento e os riscos envolvidos desestimulam
a adoção de melhores tecnologias e maior eficiência pelos provedores.
O conjunto de contratos existentes tem gerado uma despesa de aproximadamente R$ 10
milhões no ano. O gasto efetivo em Votorantim é um pouco superior ao valor mencionado dos
contratos, pois estes contemplam apenas as despesas contratadas do Departamento de

137
Limpeza Urbana, existem alguns outros contratos em outras secretarias assim como alguns
serviços que não são terceirizados.
Além da coleta, o transporte e destinação final dos resíduos também apresentam um
custo relativamente menor no município. O custo por tonelada tem se situado na faixa de
R$76,00 enquanto a média de municípios semelhantes tem sido da ordem de R$ 109,00. Ou
seja, se tomarmos o serviço completo de coleta, transporte e destinação, o preço de
Votorantim é da ordem de R$ 128,00 por tonelada enquanto o de municípios semelhantes
encontra-se na faixa de R$200,00; isto é, quase 38% superior ao do município. Na gestão dos
resíduos da saúde também se observa uma situação mais favorável para o município.
Vale destacar, que parcela dessa situação favorável pode refletir defasagens de preço e
não apenas maior eficiência. A renovação dos contratos atuais por si só, deverá gerar uma
elevação dos custos em torno de 20% no total das despesas, ou seja, mantido os mesmos
serviços atuais deverá ocorrer um aumento do valor dos contratos em função das defasagens
existentes. Essas diferenças decorrem, essencialmente, de uma forte elevação dos salários nos
últimos anos que tem crescido muito acima dos índices de preços, em função do momento
favorável da economia brasileira, que tende a gerar forte impacto nos custos, em especial de
setores intensivos em mão de obra como a limpeza urbana.
A seguir, apresentamos um comparativo de preços praticados no município em relação a
outros. Os dados apresentados referem-se ao valor atualizado pelo IPCA dos preços que
constavam nos editais dos referidos serviços; os preços praticados hoje pelo prestador e o
preço médio em cidades semelhantes (40 a 800 mil habitantes das regiões Sul e Sudeste) de
acordo com o levantamento do Ministério das Cidades.

138
Se tomarmos como referência os preços do SNIR apenas para os serviços nos quais se
dispõe de informações nesta base, observa-se que o custo seria da ordem de 75% maior que os
praticados, ou seja, as despesas em Votorantim são significativamente menores que no resto
do país. Destaca-se o menor custo da coleta, transporte, destinação de resíduos domiciliares e
varrição que correspondem, em geral, aos principais componentes de custos dos serviços de
limpeza urbana.
A tabela acima apresenta apenas uma parcela dos serviços prestados para os quais
existem informações disponíveis no SNIR. Mas, a melhor situação do município também
pode ser verificada pelos gastos totais por habitante que é significativamente mais baixo em
Votorantim.
Conforme destacado, o município tem gasto em torno de R$ 9 milhões por ano com
Resíduos Sólidos Urbanos, além da Saúde e Construção Civil, o que gera uma despesa per
capita da ordem de R$73,00 considerando uma população na faixa dos 131 mil habitantes. De
acordo com o último panorama do setor realizado pela ABRELPE (Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) em 2010, a média de gastos nos
municípios brasileiros era de R$119,00 e nos do Sudeste era de R$ 138,00.
O custo por habitante no município é inferior ao de regiões caracterizadas por coleta
irregular dos serviços e destinação totalmente inadequada de serviços na forma de lixões.
Além disso, se considerarmos que a renda per capita do município está muito acima da média
nacional, verifica-se que o peso das despesas com resíduos no orçamento domiciliar está
muito aquém de outras localidades do país.

139
Mas, conforme destacado no diagnóstico, o município ainda apresenta uma série de
deficiências que deverão ser atacadas. Entre os problemas verificados no município destaca-se
a baixa presença da coleta seletiva, tanto no que diz respeito aos bairros atendidos na coleta
porta a porta como na disponibilidade de pontos para entrega voluntária. Assim, dever-se-á
ampliar este serviço. Outra dificuldade refere-se aos resíduos da construção civil, em especial
de pequenos geradores, tornando-se necessária a expansão de ecopontos para a disposição
desses resíduos. Outro aspecto a ser destacado é a necessidade de uma correta destinação do
conjunto de resíduos da construção civil que, em muitos casos, são despejados de forma
inadequada.
A ampliação desses serviços e a melhora dos indicadores de reciclagem e reutilização
de resíduos dependem de um amplo programa de educação ambiental que estimule um maior
envolvimento da sociedade. Outros programas que deverão ser incorporados referem-se à
recuperação dos passivos ambientais gerados por problemas acumulados ao longo dos anos
em função da disposição inadequada dos resíduos; o aproveitamento energético do biogás e de
resíduos, os centros de triagem de materiais, entre outros.
Mesmo em alguns serviços já oferecidos o grau de cobertura mostra-se insuficiente.
Destaca-se nesse sentido a varrição, o corte de grama, poda de árvores, manutenção de
parques e jardins; limpeza de terrenos, entre outros. No caso destes serviços é importante
preservar as metas de prestação de serviço sem oscilações nas ordens de serviço em função da
disponibilidade de recursos.
O município tem apresentado um elevado crescimento econômico nos últimos anos e
uma elevada taxa de crescimento demográfico. Assim, tanto pelo aumento populacional como
pelo aumento da renda deverá ocorrer uma grande ampliação nos serviços a serem prestados:
maior geração de resíduos, ampliação das ruas e avenidas a serem varridas, criação de novas
áreas de lazer, parques e jardins; aumento das áreas verdes do município e das árvores nas
principais vias, entre outros. Os serviços de saúde e seus resíduos deverão continuar com um
forte crescimento. A expansão imobiliária deverá manter a trajetória ascendente de resíduos
da construção civil, enfim, os serviços de limpeza urbana deverão ter uma forte expansão nos
próximos anos.
Percebe-se, portanto, que os investimentos necessários e os custos decorrentes da
provisão de uma gestão integral de resíduos sólidos no município resultarão em ampliação das
despesas municipais. Mas, deve-se destacar que os benefícios econômicos e sociais gerados

140
tendem a superar esses custos em termos de melhora da qualidade de vida, benefícios
ambientais, impactos na saúde, entre outros fatores. Uma questão relevante para determinar as
condições em que os serviços serão prestados é a situação das finanças públicas municipais.

14. PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES

14.1. PLANO DE AÇÕES PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Com o propósito de prover as informações e procedimentos necessários para o


desenvolvimento das ações voltadas ao Licenciamento Ambiental, da estrutura a ser
implantada no município de Votorantim, assim como para dar atendimento à disposição e
tratamento adequado dos resíduos sólidos gerados no território municipal, o presente plano
identifica e determina estas ações, de forma a atender a legislação ambiental em vigor. As
ações apresentadas na sequência estão agrupadas por tipologia/grupo de resíduos, conforme
tabela abaixo, que exibe, para melhores visualização e entendimento, as ações para o
licenciamento ambiental.
Para dar atendimento ao processo de licenciamento ambiental das estruturas a serem
implantadas, conforme apresentadas acima, são detalhados a seguir os procedimentos
necessários á obtenção das licenças ambientais em suas diversas etapas, quais sejam: Licença
Prévia L.P, Licença de Instalação L.I e Licença de Operação L.O.

141
14.2. ESTRUTURAS A SEREM IMPLANTADAS

14.2.1. Central para o Recebimento dos Resíduos Sólidos Provenientes da Coleta


Domiciliar/Sistema de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos.

Para uma nova central de recebimento de resíduos em Votorantim, o empreendimento


estará sujeito ao licenciamento ambiental com Avaliação de Impacto Ambiental. Os estudos
necessários á obtenção das licenças ambientais deverão ser iniciados, através de consulta
prévia a CETESB, via Diretoria De Avaliação De Impacto Ambiental, Departamento de
Avaliação Ambiental de Empreendimentos, em atendimento à Resolução SMA -54, de
30/11/2004 e decreto estadual 47.397/2002. Decorrente da Central a ser implantada para
atender a população do município de Votorantim, o instrumento para a obtenção da Licença
Prévia, que constitui a licença que atesta a viabilidade ambiental do empreendimento, deverá

142
ser o EIA - Estudo de Impacto Ambiental e respectivo RIMA - Relatório de Impacto
Ambiental. As atividades pertinentes ao desenvolvimento deste estudo são:
• Elaboração de Termo de Referência para a elaboração do EIA;
• Protocolo do Termo de Referência na CETESB;
• Realização de Audiência Pública para a discussão do Termo de Referência;
• Obtenção do Plano de Trabalho junto á CETESB;
• Contratação do Estudo de Impacto Ambiental;
• Elaboração do Estudo de Impacto Ambiental;
• Apresentação dos resultados do Estudo de Impacto Ambiental em Audiência Pública;
• Apresentação do Estudo de Impacto Ambiental para o Conselho Estadual do Meio
Ambiente;
• Obtenção da L.P licença Prévia;
• Atendimento aos requisitos estabelecidos na Licença Prévia para a obtenção da L.I -
Licença de Instalação;
• Elaboração do Projeto Básico Ambiental;
• Requerimento e Obtenção da Licença de Instalação.

Somente após a obtenção da Licença de Instalação é que a Central para o Recebimento


dos Resíduos Sólidos Provenientes da Coleta Domiciliar/Sistema de Tratamento de Resíduos
Sólidos Urbanos poderá ser implantada.
Após a implantação desta Central deverá ser requerida junto á CETESB, a L.O Licença
de Operação.
Os mesmos procedimentos deverão ser adotados para o licenciamento ambiental dos
Sistemas de Tratamento de Resíduos Sólidos Industriais, associados ou não a Instalações
Industriais e do Aterro Industrial e Co-Disposição.

14.2.2. Transbordo de Resíduos Sólidos Domiciliares

A implantação desta estrutura constitui empreendimento sujeito ao licenciamento


ambiental em obediência a Resolução SMA 56 de 10 de junho de 2010. O processo deverá ser
iniciado junto a Agência Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo –
CETESB, com a apresentação do Memorial de Caracterização do Empreendimento (MCE) ou
de estudos ambientais simplificados.

143
O processo deve ser acompanhado da Certidão de Uso e Ocupação do Solo, expedida
pela Prefeitura de Votorantim, emitida, no máximo, até 180 dias antes da data do pedido da
licença e em conformidade com o parágrafo 1o do artigo 10 da Resolução CONAMA
237/1997. Da mesma forma a Prefeitura de Votorantim, deverá emitir a manifestação do
órgão ambiental municipal, nos termos da Resolução SMA 22/2009 em conformidade com o
artigo 5º e Resolução CONAMA 237/1997.

14.2.3. Sistemas de Transbordo, Tratamento e Disposição Final de Resíduos de


Serviços de Saúde

A implantação desta estrutura constitui empreendimento sujeito ao licenciamento


ambiental em obediência a Resolução SMA 56 de 10 de junho de 2010. O processo deverá ser
iniciado junto a Agência Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo –
CETESB, com a apresentação do Memorial de Caracterização do Empreendimento (MCE) ou
de estudos ambientais simplificados.
O processo deve ser acompanhado da Certidão de Uso e Ocupação do Solo, expedida
pela Prefeitura de Votorantim, emitida, no máximo, até 180 dias antes da data do pedido da
licença e em conformidade com o parágrafo 1o do artigo 10 da Resolução CONAMA
237/1997. Da mesma forma a Prefeitura de Votorantim, deverá emitir a manifestação do
órgão ambiental municipal, nos termos da Resolução SMA 22/2009 em conformidade com o
artigo 5º e Resolução CONAMA 237/1997.
(i) 2.4. Aterros de Resíduos Sólidos da Construção Civil Classificados como Classe A
pela Resolução CONAMA 307/2002 e de Resíduos Sólidos Classe IIB, conforme NBR
10.004 da ABNT.
A implantação desta estrutura constitui empreendimento sujeito ao licenciamento
ambiental em obediência a Resolução SMA 56 de 10 de junho de 2010. O processo deverá ser
iniciado junto a Agência Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo –
CETESB, com a apresentação do Memorial de Caracterização do Empreendimento (MCE) ou
de estudos ambientais simplificados.
O processo deve ser acompanhado da Certidão de Uso e Ocupação do Solo, expedida
pela Prefeitura de Votorantim, emitida, no máximo, até 180 dias antes da data do pedido da
licença e em conformidade com o parágrafo 1o do artigo 10 da Resolução CONAMA
237/1997. Da mesma forma a Prefeitura de Votorantim, deverá emitir a manifestação do
144
órgão ambiental municipal, nos termos da Resolução SMA 22/2009 em conformidade com o
artigo 5º e Resolução CONAMA 237/1997.

14.2.4. Usina de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição

A implantação desta estrutura constitui empreendimento sujeito ao licenciamento


ambiental em obediência a Resolução SMA 56 de 10 de junho de 2010. O processo foi
iniciado junto a Agência Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo –
CETESB, com a apresentação do Memorial de Caracterização do Empreendimento (MCE) e
estudos ambientais simplificados.
Atualmente, no ano de 2014, a Prefeitura de Votorantim estabeleceu uma parceria com
a Empresa Votorantim Cimentos Ltda, para implantar o aterro de resíduos inertes localizado
na Rodovia Raimundo Antunes Soares, Km 105, Bairro Jurupará. A Prefeitura já tornou
público o requerimento de Licença Prévia (LP) e recebeu a Licença Prévia Nº 6002741 da
Companhia Estadual De Tecnologia de Saneamento Básico e Controle de Poluição das Águas
(CETESB). Há previsão de início das instalações para o final do ano de 2014, estando apenas
aguardando a Licença de Instalação (LI) e outras manifestações da CETESB.
O processo foi acompanhado da Certidão de Uso e Ocupação do Solo, expedida pela
Prefeitura de Votorantim, emitida, no máximo, até 180 dias antes da data do pedido da licença
e em conformidade com o parágrafo 1o do artigo 10 da Resolução CONAMA 237/1997. Da
mesma forma a Prefeitura de Votorantim, deverá emitir a manifestação do órgão ambiental
municipal, nos termos da Resolução SMA 22/2009 em conformidade com o artigo 5º e
Resolução CONAMA 237/1997.

14.3. PRAZOS PARA O PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O processo de licenciamento ambiental que precede o início de qualquer atividade


relacionada à gestão dos resíduos sólidos gerados no município de Votorantim deve ser
conduzido com a antecedência devida, uma vez que podem impactar muito os prazos
previstos para a implantação das estruturas necessárias ao atendimento à disposição e
tratamento adequado dos resíduos sólidos gerados.
Os prazos estimados para a obtenção das licenças ambientais são abaixo apresentados
no considerando a obtenção das licenças Prévia e de Instalação. Para todos os

145
empreendimentos previstos, para a obtenção da L.O - Licença de Operação, que somente será
solicitada após a conclusão dos mesmos, deve se prever o prazo de 02 meses para a obtenção
da mesma.

14.4. UTILIZAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO TRATAMENTO DE


RESÍDUOS SÓLIDOS

Os rejeitos domiciliares, ou seja, o mínimo acumulado após serem procedidos os


devidos encaminhamentos dos materiais recicláveis e certa parcela de matéria orgânica para
composteiras, poderiam ter como possíveis alternativas de destinação adotadas pelo município
a utilização de novas tecnologias de gerenciamento de resíduos sólidos.
As novas tecnologias para a gestão de resíduos sólidos mais aceitas e viáveis para o
Município de Votorantim, podem ainda gerar energia elétrica e material inerte destinados à
reutilização por indústrias, na construção civil ou na pavimentação de vias rurais.
Considerando que entre as metas estabelecidas para os “serviços de coleta” de resíduos
domiciliares será buscado o atendimento de 100% da população, entende-se que esta condição
irá se refletir na obrigatoriedade de, também, se promover uma destinação adequada, em
equipamento público, privado ou em parceria público-privada (PPP), em consórcio

146
intermunicipal ou não, devidamente licenciado, para os 100% dos resíduos domiciliares
coletados.
É importante informar que a Lei Municipal Nº 825/90 autoriza o executivo a participar
de consórcios intermunicipais. E desde o mês de julho de 2014, a Prefeitura Municipal de
Votorantim, por meio do Programa Municipal de Parcerias Público-Privadas (PPPs) pode atrair
investimentos da iniciativa privada para a concretização de obras ou projetos de interesse
municipal.

15. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO, CONTROLE E MONITORAMENTO


COMO MODELO E PROPOSTA DE INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE
PARA A GESTÃO DE RSU.

De uma maneira geral, dentre os indicadores relacionados aos resíduos sólidos urbanos,
o mais utilizado no Brasil e no mundo é o da quantidade gerada de resíduos/habitante/unidade
de tempo. Outro indicador largamente medido se refere à recuperação de resíduos municipais,
percebido como o conjunto de operações (reciclagem, reutilização ou compostagem) que
permitem o aproveitamento total ou parcial dos resíduos.
No presente estudo será utilizado, de forma “referencial”, o conjunto de 12 indicadores
de sustentabilidade específicos para a gestão de RSU, propostos por MILANEZ (2002). De
acordo com POLAZ & TEIXEIRA, (2008), aquele autor obteve uma lista abrangente de
indicadores após uma ampla pesquisa à bibliografia nacional e internacional sobre os
indicadores associados à gestão de RSU, comumente utilizados para monitorar e avaliar o
desempenho de políticas institucionais.
Ainda segundo POLAZ & TEIXEIRA, (2008), numa segunda etapa, Milanez definiu 11
princípios de sustentabilidade específicos para resíduos, sendo que, para um deles (respeito ao
contexto local), não foi definido um indicador. Em seguida, ordenou e comparou os indicadores
obtidos na literatura que, então, sofreram um processo de seleção e ajustes.
Os critérios levados em consideração pelo autor para a escolha dos indicadores foram:
coerência com a realidade local, relevância, clareza na comunicação, construção e
monitoramento participativo, facilidade para definir metas, consistência científica,
acessibilidade dos dados, confiabilidade da fonte, sensibilidade a mudanças no tempo,
preditividade e capacidade de síntese do indicador.

147
Os 12 temas para os quais houve a proposição de indicadores foram:
(1) assiduidade dos trabalhadores do serviço de limpeza pública;
(2) existência de situações de risco à saúde em atividades vinculadas à gestão de RSU;
(3) postos de trabalho associados à cadeia de resíduos apoiados pelo poder público;
(4) canais de participação popular no processo decisório da gestão dos RSU;
(5) realização de parcerias com outras administrações públicas ou com agentes da
sociedade civil;
(6) acesso da população às informações relativas à gestão dos RSU;
(7) população atendida pela coleta domiciliar de resíduos sólidos;
(8) gastos econômicos com a gestão dos RSU;
(9) autofinanciamento da gestão dos RSU;
(10) recuperação de áreas degradadas;
(11) medidas mitigadoras previstas nos estudos de impacto ambiental/licenciamento
ambiental;
(12) recuperação de material oriundo do fluxo de resíduos realizada pela administração
municipal.
Para cada indicador, Milanez definiu três parâmetros de avaliação relativos a tendência
à sustentabilidade:
(i) MD - Muito Desfavorável;
(ii) D– Desfavorável; e
(iii) F - Favorável.
Assim, tomando por base todo o anteriormente exposto, assume-se no presente estudo
que o modelo proposto por Milanezs e alinha aos princípios de sustentabilidade, conforme
preconizados na PNRS.
Dessa forma, aplicando-se as necessárias adequações às questões “locais” (Votorantim),
conforme sugerem POLAZ & TEIXEIRA, (2007), os seguintes critérios foram utilizados para o
processo de seleção dos indicadores para o município de Votorantim:
(i) quando os indicadores do modelo de Milanezs e mostraram adequados ao
atendimento dos problemas diagnosticados no município de Votorantim, os mesmos foram
adotados no presente estudo;

148
(ii) nos casos contrários, foram buscados os indicadores que se relacionam diretamente
com o problema diagnosticado; porém, oriundos de outras literaturas que também servem de
base conceitual para o tema em questão;
(iii) Se nenhum dos critérios anteriores deu atendimento ao problema diagnosticado,
fez-se um exercício específico na busca da formulação de novos indicadores.
A tabela a seguir, elenca os “indicadores locais” assumidos para a gestão municipal dos
RSU de Votorantim, organizados segundo as diferentes “dimensões de sustentabilidade”
adotadas para este estudo.

149
150
151
(*) Baseado e adaptado de POLAZ & TEIXEIRA (2007).

152
Do anteriormente exposto, vale ser enfatizados que o conjunto aqui proposto de
indicadores foi direcionado para a gestão pública de RSU no município de Votorantim, de
forma que a geração e a divulgação sistemática de resultados – a partir de sua aplicação
periódica – podem tornar as características desta gestão mais transparentes à sociedade em
geral.
Entende-se, ainda, que a sensibilização e a participação dos diversos agentes e parceiros
envolvidos com a gestão de RSU em Votorantim poderão legitimar a implementação efetiva e
permanente de um sistema de indicadores locais, possibilitando a criação de mecanismos de
controle social e o estabelecimento de metas que apontem para uma gestão “mais sustentável”
dos RSU.
Ou seja, assume-se que um indicador jamais será bom o suficiente se a comunidade não
o julgar importante para a sua realidade; daí o fato fundamental de envolvê-la neste processo
de desenvolvimento.

16. AÇÕES DE EMERGÊNCIA E CONTINGÊNCIAS

A contingência é uma situação de risco, inerente às atividades, processos, produtos,


serviços, equipamentos ou instalações industriais e que, quando ocorre, se caracteriza em uma
emergência. Essa por sua vez é toda a ocorrência anormal, que foge ao controle de um
processo, sistema ou atividade, da qual possam resultar danos a pessoas, ao meio ambiente, a
equipamentos ou ao patrimônio próprio ou de terceiros, envolvendo atividades ou instalações
industriais.
Em caso de emergências e contingências relacionadas a resíduos sólidos deve ser
acionado imediatamente o setor responsável pelo serviço de limpeza pública ou os órgãos de
segurança e fiscalização.
Em caso de situações especiais não corriqueiras, emergências, desastres ou calamidade
pública, com aumento temporário de demanda ou diminuição da capacidade de coleta,
transporte, tratamento ou disposição, o poder público deverá garantir a continuidade dos
serviços de coleta e limpeza pública, em acordo com a capacidade de prestação e as
necessidades apresentadas, considerando as peculiaridades da situação, podendo reduzir os
serviços em áreas não atingidas visando concentrar esforços no atendimento das áreas com

153
maior demanda e requisitar equipamentos e próprios municipais ou particulares, atendidos os
requisitos legais, para reforço de suas atividades.
De uma maneira geral, os serviços de Coleta e Limpeza Pública se integram aos
esforços da Defesa Civil do Município, desde a fase do planejamento até a intervenção nas
situações que demandem a intervenção da Defesa Civil. Reciprocamente os esforços da
Defesa Civil podem ser acionados em caso de emergência ou contingência nos serviços de
limpeza e coleta de resíduos.
Os serviços de Coleta e Limpeza pública poderão, em situações críticas, ter suas regras
de atendimento e funcionamento operacional modificadas pelo poder público visando melhor
atender o interesse público, em especial as questões de saúde pública.
A tabela a seguir, consolida os principais Procedimentos para Ações de Emergência e
Contingência.

154
155
156
17. CONCLUSÕES

A edição do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos


(PMGIRS) coloca o Município de Votorantim em conformidade com a Legislação Federal.
Obviamente, esta é uma primeira etapa, a do Planejamento, agora é fundamental a
participação da Sociedade, e o empenho dos agentes públicos em estabelecer os mecanismos
concretos para a contratação, a operação, a fiscalização e a regulação, para atingir patamares
de prestação de serviço adequado.
Implementado de forma correta, com transparência e controle social, vislumbra-se os
seguintes aspectos relevantes:
• Visão sistêmica: Implementação de uma política de gestão integrada e gerenciamento
dos resíduos planejada e com controle público e social (Variáveis: Ambiental, social,
econômica, tecnológica, cultural e saúde pública);
• Introdução de conceitos e estabelecimento de ações e metas que visam: não geração,
redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos, com disposição final adequada
ambientalmente dos rejeitos;
• Adoção e aperfeiçoamento de tecnologias limpas para minimização de impactos
ambientais, com recuperação e aproveitamento energético;
• Estruturação e qualificação dos programas de coleta seletiva e reciclagem,
possibilitando a integração e cooperação das cooperativas e associações de trabalhadores,
poder público, segmento empresarial e comunidade. (Ecopontos, PEV, Central de triagem,
Campanhas, etc);
• Incentivo e reconhecimento ao conceito de que o resíduo sólido reutilizável e
reciclável é um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho digno e renda e de
promoção à cidadania;
• Sustentabilidade econômico-financeira, além dos recursos orçamentários já
utilizados, pode se adotar modalidade de prestação de serviços delegada, com investimentos
amortizáveis no longo prazo, e modelagem (PPP) que possibilita a participação do capital
privado, a priorização na destinação dos recursos públicos, a prestação dos serviços públicos
adequados e a modicidade tarifária;
• Ganhos de escala e de produtividade;

157
• Racionalização da estrutura administrativa da Prefeitura, com integração das ações e
contratos;
• Educação ambiental e participação social como ações estruturantes da política
municipal de resíduos sólidos;
• Ações para eliminação de passivos ambientais;
• Definição dos mecanismos de regulação e fiscalização;
• Definição de indicadores para avaliação sistemática da qualidade da prestação dos
serviços;
• Planejamento e avaliação periódica (máximo a cada 04 anos) com participação e
controle social;
• A universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo
de resíduos sólidos.

18. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CETESB - COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. 1997


Uso das águas subterrâneas para abastecimento público no Estado de São Paulo. CETESB,
São Paulo. 48 p.

CETESB (2001): Relatórios de Qualidade Ambiental 2000. Secretaria do Meio Ambiente, SP,
(CD-ROM).

COUTINHO, L.M. O conceito de cerrado. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 1, p.


17- 23, 1978.

INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINSITRAÇÃO MUNICIPAL – IBAM. Manual de


Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos/José Henrique Penido Monteiro ...[et al.];
coordenação técnica Victor Zular Zveibil. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. 200 p.; 21,0 x 29,7cm

INSTITUTO FLORESTAL. Inventário Florestal do Estado de São Paulo. São Paulo.


Instituto Florestal. 199p. 1993.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA -IBGE. Mapa de


Vegetação do Brasil. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Escala
1: 5.000.000. 1993.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Indicadores de


Desenvolvimento Sustentável: Brasil 2004. Brasília, DF, 2004.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@. População Estimada


2013.Disponívelem:<http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=35570
0&search=sao-paulo|votorantim> Acesso em: 10 maio 2014.

158
INSTITUTO GEOLÓGICO/COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO
AMBIENTAL/ DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA
(IG/CETESB/DAEE). 1997. Mapeamento da vulnerabilidade e risco depoluição das águas
subterrâneas no Estado de São Paulo. IG, CETESB, DAEE. São Paulo, 2 volumes.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS – IPT 1981. Mapa geológico do Estado de


São Paulo (1:500.000). São Paul. PT, 2 V.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS IPT 2000. Lixo Municipal: manual de


Gerenciamento Integrado/Coordenação: Maria Luiza Otero D’Almeida, André Vilhena –
2.ed. São Paulo: IPT/CEMPRE, 2000. – (Publicação IPT 2622).

KAYANO, J. & CALDAS, E. L. (2002) Indicadores para o diálogo. In: CACCIA-BAVA, S.;
PAULICA, V.; SPINK, P. (orgs). Novos contornos da gestão local: conceitos em construção.
Polis:Programa Gestão Pública e Cidadania/FGV – EAESP, São Paulo.

MILANEZ, B. Resíduos sólidos e sustentabilidade: princípios, indicadores e instrumentos de


ação.2002. 206p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Federal de
São Carlos– Ufscar, São Carlos, SP.

OLIVEIRA-FILHO, A.T.; RATTER, J.A. A study of the origin of central Brazilian forests by
the analysis of plant species distribution patterns. Edinburgh JournalofBotany52(2):141-194.
1995.

POLAZ, C.N.M. & TEIXEIRA, B.A.N. Indicadores de sustentabilidade como ferramenta


para a gestão municipal de resíduos sólidos. IV Encontro Nacional da Anppas – Brasília - DF.
2008.

POLAZ, C.N.M. & TEIXEIRA, B.A.N. Utilização de indicadores de sustentabilidade para a


gestão de Resíduos Sólidos Urbanos no município de São Carlos/SP. In: Anais do 24º
Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Belo Horizonte, MG. 2007.

RIBEIRO, J.F. & WALTER, B.M.T. Fitofisionomias do bioma cerrado. In Cerrado:


ambiente e flora (S.M. Sano & S.P. Almeida, eds). EMBRAPA-CPAC, Planaltina, p.89-
166.1998.

RIZZINI, C.T. Tratado de fitogeografia do Brasil - aspectos sociológicos e florísticos. v.2.


São Paulo, SP. HUCITEC, Ed. Universidade de São Paulo. 1979.

SÃO PAULO. Secretaria do Meio Ambiente. Instituto Florestal. Inventário Florestal da


Vegetação Natural do Estado de São Paulo. Atlas. 2005.
SÃO PAULO. Áreas Naturais sob Proteção no Estado de São Paulo. São Paulo. SMA.
Série Cartográfica. 1998. Secretaria do Meio Ambiente. Atlas das Unidades de Conservação
do Estado de São Paulo. São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
30p.

SOARES, P.C., SINELLI, O. PENALVA, F., WERNICK, E., SOUZA, A. & CASTRO,
P.R.M. 1973. Geologia do Nordeste do Estado de São Paulo. Anais XXVII Cong. Bras. Geol.,
1:209 – 236.

VELOSO, H.P. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro. Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Série Manuais Técnicos em Geociências. N° 1.
92 p. 1991.

159
19. ANEXOS

ANEXO I

MODELOS PROPOSTOS PARA TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS

Atualmente, são empregados vários processos para tratamento e valorização de resíduos


sólidos urbanos (RSU), tais como:
1) Reciclagem de materiais como plásticos, vidros, metais, papel e papelão;
2) Destinação em aterros sanitários e utilização de biogás para geração de energia;
3) Compostagem de material orgânico para produção de adubo;
4) Geração de energia elétrica através de: (a) incineração, (b) queima de materiais secos
de alto poder calorífico (CDR – Combustível Derivado de Resíduos) e (c) “pirólise”, que
constitui na destruição térmica dos resíduos em câmara fechada, sem injeção de ar (oxigênio);
5) Geração de energia elétrica a partir da queima do gás metano produzido no processo
de decomposição (“biometanização”) da matéria orgânica contida no RSU por processos
anaeróbios.
Existem diferentes tecnologias disponíveis tanto para execução dos processos de
valorização de resíduos mencionados acima. A seleção do modelo e da tecnologia a serem
empregados de vários fatores, destacando-se:
- geográficos: disponibilidade de área;
- econômicos: quantidade de recursos disponíveis para implantação e operação da
tecnologia, bem como do valor obtido pela venda da energia produzida;
- ambientais: obtenção de licenças para implantação do modelo, pois cada tecnologia
tem sua particularidade na emissão de gases e na geração de subprodutos.
A Figura 1 mostra que não há uma uniformidade na utilização das técnicas para
tratamento e valorização dos resíduos sólidos urbanos. Nota-se a presença da reciclagem, da
compostagem, da valorização energética e da destinação em aterros sanitários. Países mais
ricos e com menor território são os que mais utilizam os processos de conversão dos resíduos
em energia através 12 de processos de destruição térmica. Dados da Columbia University de
2010 mostram que nos Estados Unidos, 69% dos resíduos são destinados a aterros sanitários,
24% são reciclados e 7% são convertidos em energia. Nota-se que os Estados Unidos, mesmo

160
sendo altamente desenvolvido, ainda destina a maior dos resíduos para os aterros sanitários,
porém apresenta um alto percentual de reciclagem de materiais.
FIGURA 1 – Comparação da utilização de reciclagem, compostagem, transformação de resíduos
em energia e de aterros em diferentes países

161
A Tabela 1 mostra a situação do tratamento e valorização de RSU coletados no Brasil,
na região Sudeste, no Estado de São Paulo (ABRELPE, 2010) e em Votorantim e resíduos da
construção civil (RCC), destacando:

Nota-se que:
a) No Estado de São Paulo, o mais desenvolvido da União, ainda são utilizados lixões e
aterros controlados.
b) Não há dados gerais disponíveis para se determinar o volume de reciclagem de
materiais. Sabe-se que 79,5% dos municípios do Sudeste têm algum programa de coleta
seletiva e de triagem de material para reciclagem.
c) Não há plantas de conversão dos resíduos em energia. Existem vários aterros
sanitários que produzem energia a partir do biogás.
d) Há poucas iniciativas de compostagem de material orgânico para produção de adubo.
OCEAGESP tem um programa de produção de adubo a partir dos restos de matéria orgânica.
No caso dos resíduos da construção civil (RCC ou RCD – Resíduos da Construção e
Demolição) o tratamento, o reaproveitamento e a destinação correta dos rejeitos são quase
inexistentes, sendo a maioria destes resíduos lançadas em logradouros públicos.
Assim, concluímos sucintamente que:
• Há muito espaço para implantação de programas destinados à educação ambiental,
visando a redução na fonte dos resíduos, a separação e a coleta seletiva dos materiais
recicláveis, bem como para implantação de técnicas de tratamento e reaproveitamento dos
diversos tipos de resíduos sólidos;

162
• Há diferentes tecnologias disponíveis para o tratamento, reaproveitamento e
destinação final correta dos rejeitos;
• A responsabilidade, de acordo com a legislação vigente, de implantar, coordenar e
fiscalização os programas de gestão dos resíduos sólidos é do Município, a quem compete
legislar sobre o tema.
• Cada Município deve implantar o programa que mais atende às suas características
socioeconômicas;
• Há uma crescente preocupação com a geração e a destinação dos resíduos (“lixo”)
gerados e seu impacto na sustentabilidade de nosso planeta;
• O desenvolvimento tecnológico na área de tratamento e reaproveitamento de resíduos
tem sido muito rápido, proporcionando o surgimento de diversas alternativas técnicas.
• Finalmente, são propostos a seguir alguns modelos para tratamento, processamento e
aproveitamento dos resíduos sólidos urbanos e da construção civil.

Figura 2 - Modelos para tratamento, processamento e aproveitamento dos resíduos sólidos


urbanos e da construção civil

163
Figura 3 – Alternativas de valorização de RSU

Figura 4 – Triagem e processamento de entulho

164

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