CONSTRUCAO SUSTENTAVEL - SHELCIO Edit

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UNIVERSIDADE WUTIVI-UNITIVA

Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Planeamento Físico

Licenciatura em Engenharia Civil

Disciplina de Planeamento Regional Urbano

Tema: Construção Sustentável

Titulo: Estratégias tomadas de forma a requalificar o assentamento da região da Orla


Marítima da Matola, especificamente entre Makopene e Mucambene

Discente: Shelcio Arcénio Rufino

Docente: Valeriano Moiane

Boane, Maio de 2020


Sumário
1. Introdução..................................................................................................................4
1.2. Problematização.....................................................................................................5
1.3. Pergunta de Partida.................................................................................................6
1.4. Hipóteses................................................................................................................6
1.5. Objetivos.................................................................................................................7
1.5.1. Objetivo geral:....................................................................................................7
1.6. Justificativa.............................................................................................................7
1.7. Metodologia de pesquisa........................................................................................8
1.7.1. Classificação da Pesquisa...................................................................................8
1.7.2. Quanto a forma da abordagem do Problema......................................................8
1.7.3. Quanto a natureza da pesquisa............................................................................9
1.7.4. Quanto aos objetivos da Pesquisa.......................................................................9
1.7.5. Quanto aos procedimentos técnicos..................................................................10
1.8. Delimitação...........................................................................................................10
1.8.1. Delimitação espacial e universo.......................................................................10
1.8.2. Delimitação temporal........................................................................................11
2. Fundamentação teórica.............................................................................................14
2.1. Planeamento Urbano................................................................................................14
2.2. Expansão Urbana......................................................................................................15
2.3. Zona Húmida............................................................................................................16
2.4. Assentamentos..........................................................................................................18
2.5. Desigualdades sociais...............................................................................................19
2.6. Mangais....................................................................................................................20
2.7. Chapa de Isocobertura ou Termo acústico...........................................................22
2.7.1. Vantagens e desvantagens................................................................................22
3. Estudo de caso..........................................................................................................23
3.1. Construção Sustentável........................................................................................23
3.1. Saneamento Básico...............................................................................................25
3.2.1. Abastecimento de água.....................................................................................25
3.2.2. Sistema de esgotos............................................................................................25
3.2.3. Drenagem urbana..............................................................................................26
3.2.4. Microdrenagem.................................................................................................26
3.2.5. VIAS DE ACESSO..........................................................................................28
3.2. Murro de contenção..............................................................................................32

2
3.2.3. Murro de Gabião...............................................................................................32
3.3. Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.....................................................34
3.3.3. Gestão de resíduos sólidos................................................................................34
3.3.3.1. Acondicionamento........................................................................................34
3.3.3.2. Coleta............................................................................................................34
3.3.3.3. Contentores...................................................................................................34
3.4. Reflorestamento de mangal..................................................................................35
3.5. Resultados esperados............................................................................................36
Conclusão........................................................................................................................38
Referências bibliográficas...............................................................................................39

Figuras

Figure 1: situação Makopene e Mucambene.....................................................................6


Figure 2: Área delimitada de Makopene e Mucambene..................................................11
Figure 3 delimitação temporal de 2019 de Makopene e Mucambene.............................12
Figure 4 delimitação temporal de 2010 de Makopene e Mucambene.............................13
Figure 5 delimitação temporal de 2002 de Makopene e Mucambene.............................13
Figure 6 fundação à base de pneu....................................................................................24
Figure 7 chapa Isocobertura............................................................................................24
Figure 8: planta da habitação...........................................................................................25
Figure 9: Sistema de microdrenagem..............................................................................27
Figure 10: vias estreitas e inundada.................................................................................29
Figure 11: situação da via principal.................................................................................29
Figure 12: sub-base de pneu de borracha........................................................................30
Figure 13: Vias de acesso................................................................................................30
Figure 14: Via de acesso..................................................................................................31
Figure 15: sistema de saneamento residêncial.................................................................31
Figure 16: zona de risco..................................................................................................33
Figure 17 murro de gabião..............................................................................................33
Figure 18 mangais...........................................................................................................36

3
Capítulo I

1. Introdução
Neste presente trabalho, pretende-se falar das estratégias de requalificação de
assentamento da região da Orla Marítima da Matola A, que abrange a área de Makopene
e Mucambene, com a aplicação de construção sustentável usando materiais que não
agridão o meio ambiente e que contribua para o bem-estar da comunidade.

Desde muito tempo a região da Orla Marítima é assolada pelos fenómenos da natureza,
uma vez próxima do rio Matola e encontra-se junto da bacia de Maputo. No entanto, o
estudo desta região é de grande importância uma vez que faz parte da capital do país é
necessário se preservar a imagem de uma boa cidade.

Esta pesquisa busca soluções dos problemas ocorrentes em relação a assentamentos


informais urbanos, não só para a área de estudo mas bem como as demais semelhantes,
por isso é de extrema importância ter o domínio da disciplina do Planeamento Regional
Urbano que faz o estudo aprofundado e detalhado de um território (país, região, etc.) de
modo a elaborar planos com a finalidade de aproveitar, melhorar ou potencializar a
qualidade de vida social, econômica e ambiental de um determinado território.

O primeiro capítulo, denominado “construção teórica da pesquisa”, aborda questões


referentes a problematização, objetivos gerais e específicos, hipóteses, justificativa e por
fim as metodologias onde são apresentados os métodos e técnicas de pesquisa usadas
para a análise e recolha dos dados apresentados no trabalho em relação a delimitação
espacial e temporal e ao universo da área em estudo.

O segundo capítulo, intitulado de “fundamentação teórica”, apresenta a revisão da


literatura, onde busca-se trazer modelos científicos de teorias já realizadas no geral, que
servirão de base para o desenvolvimento da pesquisa e a confrontação com a realidade
da região da Orla Marítima, especificamente entre Makopene e Mucambene.

Por fim o terceiro capítulo, ``o estudo de caso´´, que trata do desenvolvimento e da
apresentação dos resultados encontrados acerca da pesquisa.

4
1.2. Problematização
A tentativa de minimizar os efeitos do crescimento urbano desordenado e a necessidade
de criação de instrumentos eficazes que promovam o ordenamento do território têm sido
um grande desafio para países em vias de desenvolvimento. Não obstante a
Moçambique que apresenta dificuldades de implementação do reordenamento e altos
indicadores de baixa qualidade de vida tornando assim cada vez mais difícil o acesso a
espaços formais e viáveis de habitação, promovendo dessa forma o desordenamento
territorial, resultando na procura de abrigos em lugares impróprios, regiões periféricas
arredores da cidade, zonas industriais ou mesmo em áreas naturalmente de alto risco à
habitação humana à mercê as forças da natureza como solução do problema de
habitação instigando o conceito de assentamento informal urbano.

O assentamento informal urbano é uma das consequências da vulnerabilidade politica e


económica (baixa qualidade de vida) dos seus ocupantes causando assim a ocupação
desordenada do solo, loteamentos irregulares, assentamentos precários, favelas, bairros
de lata, a título de exemplo encontra-se a população da região da Orla Marítima da
Matola, especificamente na área de Makopene e Mucambene.

A área em estudo encontra-se próximo do rio Matola e apresenta um elevado nível de


lençol freático que é atravessada pela bacia hidrográfica de Maputo, que por sua vez
vem a influenciar na permeabilização do solo. E, aliado a esse aspeto, o alto nível da
salubridade vem a alterar nas propriedades do tipo de construção das habitações que
nela se encontram.

Encontra-se ainda o problema referente a ocupação desordenada do solo causada pela


inexistência de técnicas de planeamento contra a expansão urbana.

O modo em que as residências estão organizadas faz com que haja complicações na
condução das águas pluviais e dificultando o encaminhamento para o rio, provocando
assim inundações nas vias de acesso, agravado ainda mais pelos resíduos sólidos
encontrados nas vias, consequentemente surgem doenças relacionadas aos mesmos,
sendo as crianças mais afetada.

Outro aspeto que não se deve deixar do lado é o fator da educação sanitária, que é
bastante fundamental e tem como objetivo induzir a população a hábitos que promovam
a saúde e a prevenção de doenças, que pelo que vive a população da área de estudo

5
perante as condições do ambiente encontram-se sob uma zona pantanosa no que vem a
influenciar no índice de doenças.

Depressão absoluta Desordenação do solo

Presença de residuos
sólidos nas vias de
acesso
Figure 1: situação Makopene e Mucambene

Fonte: autor, 2020

1.3. Pergunta de Partida


Diante desta problematização surge a seguinte pergunta de partida: Que Estratégias
podem ser tomadas de forma a requalificar o assentamento da região da Orla Marítima
da Matola, especificamente em Makopene e Mucambene?

1.4. Hipóteses
No que diz respeito a sustentabilidade habitacional têm-se as seguintes hipóteses:

6
1. Construção de habitações sustentáveis: Fundação com pneu; cobertura a base de
chapa Isocobertura. Esses elementos de construção provavelmente contribuirão
para a sustentabilidade e durabilidade da habitação;
2. Implementação de um sistema de saneamento: vala de drenagens,
microdrenagem e murro de alvenaria nas residências com um sistema de
tubagem com capacidade de encaminhar a água pluvial ate as valas de drenagem
possivelmente diminuirá as inundações nas residências e nas vias de acesso;
3. Colocação de Murro de contenção para pontos críticos que apresentam uma cota
de nível elevada possivelmente impedirá um possível deslizamento de terra;
4. Implementação de um sistema de recolha de resíduo sólido evitará
provavelmente a colocação inapropriada dos resíduos sólidos nas vias de acesso
e na costa;
5. Reflorestamento de mangais ao longo da costa provavelmente restaurará o
ecossistema marinho e a preservação do mesmo;

1.5. Objetivos

1.5.1. Objetivo geral:


 Apresentar estratégias tomadas de forma a requalificar o assentamento da região
da Orla Marítima da Matola, especificamente em Makopene e Mucambene.
1.5.2. Objetivos específicos:
 Identificar as causas do assentamento informal urbano da região da Orla
Marítima;
 Demonstrar como amenizar o assentamento informal urbano com técnicas
eficazes que promovam o ordenamento do território da Orla Marítima;
 Propor a requalificação da região da Orla Marítima com a construção de
habitações sustentáveis; construção de um sistema de saneamento; murro de
contenção e propor o programa de reflorestamento de mangais.

1.6. Justificativa
O incentivo da escolha da área de estudo deve-se a compreensão da origem do resultado
do assentamento informal urbano relacionado com a sobrevivência e bem-estar da
comunidade. Pois a preocupação com as questões ambientais tem sido um tema bastante

7
recorrente para os Moçambicanos principalmente para a comunidade que se encontra na
região não habitável. A população da região da Orla Marítima, especificamente na área
de Makopene e Mucambene vive uma tragédia dia pós dia perante as condições
ambientais. Facto triste para o município que por detrás da bela vista existem
comunidades que vivem sob condições precárias de segurança perante aos sistemas
básicos de habitação, saneamento, vias de acesso e saúde. Nem precisa se quer pensar
muito para perceber a batalha e sofrimento do dia-dia dessa comunidade que habitam
numa região de depressão absoluta do relevo por apresentar uma altitude baixa em
relação ao nível medio das águas, principalmente nas épocas chuvosas. Com isso as
águas pluviais provenientes das áreas mais altas influenciam na degradação e na
permeabilidade da água no solo. Aliado a esse aspeto, o solo apresenta um índice
elevado de salubridade devido ao lençol freático salubre, o que danifica as habitações
bem como a saúde sendo as crianças e idosos mais vulneráveis.

Outro fator principal a se considerar são as residências, que apresentam um aspeto não
condigno e que deixam muito a desejar, tanto quanto a precariedade do material que não
é adequado para construção nesta região em estudo, aspetos estes que afetam
negativamente na vida útil das habitações.

Visto que a área em estudo não é apropriada para a construção de infraestruturas a base
de materiais de construção precários, viu-se a necessidade de uma intervenção urbana
diante de um espaço que hoje encontra-se desordenado e degradado.

1.7. Metodologia de pesquisa

1.7.1. Classificação da Pesquisa


A pesquisa pode ser classificada de acordo com o tipo de abordagem, quanto a natureza,
quanto aos objetivos da pesquisa e quanto aos procedimentos técnicos.

1.7.2. Quanto a forma da abordagem do Problema


No que diz respeito a abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa,
aliada ao estudo de caso (pesquisa de campo). Em que o pesquisador colhe informações,
examina cada caso separadamente e tenta construir um quadro teórico geral (método
indutivo), (PAULA,et all. s/d apud MOIANE, 2016, p.23). O que significa, traduzir as

8
informações coletadas em obras literárias, documentos e sites da internet, que depois de
analisadas foram sintetizadas de forma descritiva, relatando desde a motivação da
escolha do espaço e do tema, a metodologia que foi usada, a origem do assentamento
informal urbano em estudo, a influência que tem no processo de provisão dos serviços
básicos e no desenvolvimento urbano sustentável das povoações.

1.7.3. Quanto a natureza da pesquisa


A pesquisa realizada terá a sua utilidade para a resolução dos problemas das povoações
de Makopene e Mucambene ainda para despertar a consciência não só dos governantes,
mas também da população destas povoações ou de outros espaços contíguos com
problemas similares.

A presente pesquisa é classificada como aplicada, pois far-se-á o estudo das estratégias
de requalificação do assentamento informal urbano da região da Orla Marítima, entre
Makopene e Mucambene. E, depois desse estudo, poderão também ser aplicadas as
estratégias em outros distritos em que passam a mesma situação. Além disso, a pesquisa
tem como objetivo através da aplicação prática gerar informações que poderão ser úteis
para a solução da problemática deste estudo, é mesmo dedicado pela necessidade de
resolver problemas concretos, mais imediatos, ou não, sem contradizer a síntese de
APOLINÁRIO (2004, p.152) salienta que pesquisas aplicadas têm o objetivo de
“resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas.” (APOLINÁRIO, 2004,
p.152 apud MOIANE, 2016, p.23).

1.7.4. Quanto aos objetivos da Pesquisa


A pesquisa em estudo assume-se como uma natureza exploratória, pois tem como
objetivo aprofundar as ideias sobre o objeto de estudo. É quase sempre feita na forma de
levantamento bibliográfico, entrevista com profissionais da área, visitas a websites
(PAULA, et al. s/d apud MOIANE, 2016, p.24).

No entanto, foi um estudo de campo, onde houve uma interação entre o autor e o objeto
em estudo, campo de recolha de dados, através da extração de fotografias. Neste
contexto, houve uma Secretário do Bairro da Matola A de forma propor um modelo que
beneficie o ambiente.

9
1.7.5. Quanto aos procedimentos técnicos
No que diz respeito a procedimentos técnicos, a pesquisa foi elaborada com recurso a
fontes bibliográficas, análise documental, síntese e compilação de dados. Consultou-se
livros que falam sobre o tema em discussão. Em seguida fez se a seleção dos dados que
seriam usados na pesquisa, após essa etapa fez se a interpretação dos dados já
mencionados e por fim chegou-se ao resultado final da pesquisa a partir do modelo
hipotético-dedutivo.

1.8. Delimitação

1.8.1. Delimitação espacial e universo

A área de estudo situa-se no município da Matola, no posto administrativo da Matola-


Sede que é composto por 13 bairros. O município apresenta um limite a noroeste e a
norte com o distrito de Moamba, a Oeste e a Sudoeste com o distrito de Boane, a Sul e
Leste com a cidade de Maputo e a Noroeste com o distrito de Marracuene.

O bairro da Matola A está contido no Posto Administrativo da Matola-Sede, onde


apresenta uma área de 29756 km2. A área delimitada para o estudo encontra-se na região
da Orla Marítima, em Makopene e Mucambene, com uma área aproximada de
133.084,68 m2, com coordenadas cósmicas de latitude 25°58'19.00"S e longitude
32°27'14.62"E (Google Earth, 2020).

10
Figure 2: Área delimitada de Makopene e Mucambene

Fonte: Google Earth, 2020

De acordo com a Estatística do censo populacional de 2017 o bairro da Matola A


apresenta uma população de 61 375 habitantes e constituído por 55 quarteirões (Posto
Administrativo da Matola-Sede, 2020).

1.8.2. Delimitação temporal


A fixação dos moradores da região da Orla Marítima surge como consequência da causa
político-militar da guerra civil dos 16 anos que iniciara em 1977 à 1992. A guerra teve
um grande impacto na região Norte e Centro do país, o que forçou a saída da população
destas regiões para as cidades da região sul do país em busca de abrigo e sobrevivência.
Não havendo espaços condignos nas cidades, recorreram a espaços inadequados á mercê
as foças da natureza resultando a origem de assentamentos informais urbanos.

O fenómeno que mais destaca-se é o ciclone Eline (mais conhecido por cheias de 2000).
Em que fora submetido um projeto que visava reassentar as populações afetadas pelo
ciclone para o bairro de Tsalala com vista a eliminar o crescimento demográfico de
populações na região da Orla Marítima (Secretário do Bairro da Matola A, 2020). Com
isso, mantendo o determinismo apenas uma e duas famílias cumpriram com as ordens,
no que veio a implicar ao que se encontra nos dias de hoje.

11
Outro aspeto fundamental sem deixar de lado que tem influenciado significativamente
na expansão da região da Orla Marítima é o fator socioeconómico.

Os habitantes das regiões centro e norte do país, muitos têm-se deslocado de suas
origens em busca de melhores condições de vida na capital do país, no entanto, essa
tentativa tem se visto frustrada, pois a maioria acabam se tornando guardas noturnos nas
empresas locais, vendedores ambulantes como caso de vendedores de crédito,
acessórios de celulares, roupas, etc.

Contudo, tem-se verificado uma alta expansão urbana nesta região, em que um
quarteirão estava para 60 casas e nos dias atuais um quarteirão está para mais de 100
casas, tendo analisado em períodos de 2002, 2010 e 2019.

Figure 3 delimitação temporal de 2019 de Makopene e Mucambene

Fonte: Google Earth, 2020

12
Figure 4 delimitação temporal de 2010 de Makopene e Mucambene

Fonte: Google Earth, 2020.

Figure 5 delimitação temporal de 2002 de Makopene e Mucambene

Fonte: Google Earth, 2020

13
Capítulo II

2. Fundamentação teórica
Como toda a pesquisa científica é baseada em alguns fundamentos teóricos já debatidos
por outros pesquisadores é importante conter a revisão da literatura pois através dela é
possível limitar-se apenas em uma única direção, sem ultrapassar a reflexão de
FAQUETI & ALBINO (2007) que diz: “Toda pesquisa parte de alguns referenciais já
conhecidos pela comunidade cientifica” (FAQUETI & ALBINO,2007 apud
MERCEDES et al, 2019).

Neste capítulo serão trazidos alguns conceitos principais que servirão de base para o
desenvolvimento da pesquisa, sendo eles: Planeamento Urbano, Expansão Urbana,
Assentamento Urbano Informal, Zona Húmida ou Pantanosa, Desigualdades Sociais.

2.1. Planeamento Urbano

A ocupação desordenada do espaço urbano vem crescendo constantemente, que por sua
vez envolve muitos consequências tais como o crescimento urbano desordenado, o
acúmulo de resíduos urbanos, aumento da densidade populacional, exclusão social e
territorial, violência, fome, poluição, falta de saneamento, além de problemas
econômicos, sociais e políticos. Por conta destes problemas ambientais e
socioeconômico surge a estratégia de planeamento urbano junto com a sustentabilidade
urbana.

O planeamento urbano é um processo de criação e desenvolvimento de programas que


buscam melhorar a qualidade de vida da população. Ela ainda com os processos de
produção, estruturação e apropriação do espaço urbano, desenvolve soluções que visam
proporcionar aos habitantes uma melhoria na qualidade de vida (FILHO e OLIVEIRA,
2013, p.54). Salientando ainda a mesma abordagem, o planeamento urbano reconhece e
localiza as tendências ou as propensões naturais (locais ou regionais) para o
desenvolvimento. Além de estabelecer regras de ocupação do solo, define as principais
estratégias e políticas do município, explicitando as restrições, as proibições e as

14
limitações que deverão ser observadas, de forma a manter e aumentar a qualidade de
vida de seus munícipes.

Segundo DUARTE (2007) O conceito de planeamento urbano sempre esteve


relacionado a outros termos, como, desenho urbano, urbanismo e gestão urbana. Todos
esses vocábulos, apesar de serem distintos, têm algo em comum: o seu objeto de estudo
é a cidade, considerada tanto em relação a suas características físicas quanto sociais,
culturais e econômicas. (DUARTE, 2007, p. 24 apud FILHO e OLIVEIRA, 2013, p.56).

De acordo com o SOUSA (2008, p.58 apud FILHO e OLIVEIRA, 2013, p.56) sugere
uma abordagem mais ampla do Planeamento Urbano se baseando na abordagem de
DUARTE (2007).

O importante para entendermos o planeamento urbano é que ele não pode ser
restrito a uma disciplina especifica. Nesse sentido, o campo se abre para
conhecimento e metodologias que abrangem aspectos da sociologia, da
economia, da geografia, da engenharia, do direito e da administração
(DUARTE, 2007 p. 25 apud FILHO e OLIVEIRA, 2013, p.56).

2.2. Expansão Urbana

A expansão urbana está associada ao crescimento das cidades e este por sua vez ao
aumento demográfico e das atividades.

Para PINTO (2018) a expansão urbana é o crescimento do espaço urbano além dos seus
limites, acompanhado pela difusão do modo de vida urbano e pelo desaparecimento de
estruturas e modos de vida rurais, hoje como há séculos em lugares agora consolidados
(PINTO, J. C. O., 2018, p.50).

As alterações territoriais verificadas pela expansão urbana “marcam-se em espaço


urbano de diferentes formas, em aspetos que cruzam dinâmicas globais com
particularidades locais com resultados variados, ainda que sempre bastante
condicionados pela dimensão populacional, económica e política de cada cidade”.
(FERNANDES & GONZÁLEZ, 2007:219 apud PINTO, 2018, p.50).

De acordo com as ideias de Friedman & Wolff (1982) e Williams, et. al (1983,5),
passam a definir urbanização como um “processo envolvendo duas atitudes:

a) A deslocação da população rural para espaços urbanos onde se envolvem


inicialmente em funções ou ocupações não-rural;

15
b) A mudança no estilo de vida de rural para urbano adotando os inerente valores,
atitudes e comportamento”.
São variáveis principais no primeiro caso, densidade populacional e funções
económicas, enquanto em relação ao segundo, as variáveis dependem de fatores sociais,
psicológicos e comportamentais, sendo estes por sua vez, aspectos complementares as
duas fases (FRIEDMAN & WOLFF ,1982 citado por MERCEDES et al, 2019, p.10) e
(WILLIAMS, et. al, 1983, p.5 citado por MERCEDES et al, 2019, p.10),

2.3. Zona Húmida


As zonas húmidas têm sustentado o desenvolvimento de muitas culturas por todo o
mundo, têm sido utilizadas para a agricultura, pesca entre outras atividades há milénios.

Sabe-se que atualmente, cerca de 2,5 mil milhões de habitantes de zonas rurais
dependem diretamente da agricultura, silvicultura, pesca, caça, ou de alguma
combinação destas atividades, como modo de subsistência (RAMSAR, 2014, p.2)

Também é de acrescentar que a agricultura é frequentemente um importante motor de


crescimento económico nos países em desenvolvimento e proporciona um apoio
económico decisivo para as regiões pobres do meio rural.

As zonas húmidas são uma infraestrutura natural valiosa para a agricultura, ao


proporcionarem água de boa qualidade e solos férteis, mas encontram-se em perigo
devido à crescente procura de terra e água para a agricultura. Têm vindo a ser
progressivamente ameaçadas pelo crescimento demográfico, pelas iniciativas de
desenvolvimento a grande escala para combate à pobreza e pelos impactos potenciais
das alterações climáticas. As funções e os valores económicos das zonas húmidas
devem ser considerados no planeamento das atividades agrícolas para obtenção de
alimentos e de outros produtos. As zonas húmidas disponibilizam uma variedade de
serviços ecossistêmicos que contribuem para o bem-estar humano, como sejam:
serviços de aprovisionamento (alimentos, água doce, fibra e combustível); serviços de
regulação (saneamento de água e tratamento de resíduos, regulação do clima, retenção
de solos e sedimentos, e proteção contra tempestades e inundações); serviços de suporte
(formação do solo e ciclo de nutrientes: nitrogénio, fósforo e carbono); e serviços
culturais (valores estéticos e espirituais, educação e recreio).

16
Pela definição da convenção de Ramsar e das organizações parceiras as Zonas Húmidas
incluem lagos e rios, pântanos e pauis, prados húmidos e turfeiras, oásis, estuários,
deltas e intermareal, áreas marinhas próximas da costa, mangais e recifes de coral, e
sítios artificializados como viveiros de peixes, arrozais e salinas (RAMSAR et al, 2014,
p.3).

Ramsar define ainda as características ecológicas das zonas húmidas como “a


combinação das componentes do ecossistema (físicas, químicas e biológicas da zona
húmida), processos (alterações ou reações físicas, químicas ou biológicas que ocorram
de forma natural na zona húmida) e benefícios/serviços (recebidos pela população
através da zonas húmida) que caracterizam a zona húmida num determinado momento“
(RAMSAR et al, 2014, p.6).

2.3.1. Impacto de prática de atividades na Zona Húmida

 Impactos na quantidade de água

As características ecológicas das zonas húmidas podem ser substancialmente alteradas


de diversas formas: Pela redução dos caudais, resultante da construção de barragens e da
extração de águas superficiais e subterrâneas para irrigação ou outros fins; pelo aumento
dos caudais fluviais ou dos níveis de lençóis freáticos, em resultado dos fluxos de
retorno de irrigação ou às descargas das barragens; e devido a alterações na frequência e
no padrão dos caudais fluviais. Muitas zonas húmidas costeiras dependem dos
nutrientes e dos sedimentos transportados pelos rios para manter as suas características
ecológicas.

As atividades agrícolas intensivas, incluindo a aquacultura intensiva, geram


frequentemente maiores quantidades de poluentes - como sejam pesticidas, fertilizantes,
antibióticos e desinfetantes - que afetam as características ecológicas das zonas húmidas
interiores e costeiras, e têm impactos na saúde humana e na qualidade de água potável
proveniente das zonas húmidas.

 Conversão e perturbação das zonas húmidas:

Entre as atividades agrícolas que podem alterar as funções das zonas húmidas e os
ecossistemas destacam-se a drenagem e a conversão de zonas húmidas em terras de
cultivo ou para aquacultura, a introdução de espécies invasoras de flora e de fauna, a
introdução de vetores de doenças e a alteração dos padrões de reprodução, migração e

17
alimentação da fauna das zonas húmidas. Por exemplo, a expansão acentuada da criação
intensiva de camarão tem contribuído para o desaparecimento de extensas zonas
húmidas costeiras em diversos países e a consequente perda dos serviços dos
ecossistemas associados como sejam a proteção contra as tempestades costeiras, o
pescado e os produtos florestais dos mangais.

Segundo os estudos cerca de 6,6% do crescimento médio anual da produção de pescado


de aquacultura destinado à alimentação entre 1970 e 2008. A procura de terra, água e
alimento para criação de peixes também está a aumentar, o que aumenta a pressão sobre
as zonas húmidas continentais e costeiras (RAMSAR et al, 2014, p.9).

2.4. Assentamentos
Assentamentos Informais – são áreas residenciais onde: (1) moradores não têm
segurança de posse com relação à terra ou moradias que habitam, com modalidades que
variam entre ocupações ilegais e locação informal; (2) os bairros geralmente carecem ou
estão isolados dos serviços básicos e da infraestrutura urbana e (3) as habitações podem
não cumprir com os regulamentos vigentes de planeamento e construção, e muitas vezes
estão situadas em áreas geograficamente e ambientalmente perigosas. Além disso, os
assentamentos informais podem ser uma forma de especulação imobiliária para todos os
níveis de renda dos residentes urbanos, ricos e pobres. As favelas e bairros de lata são as
formas mais destacadas de assentamentos informais, caracterizadas pela pobreza e
grandes aglomerações de habitações em ruínas, muitas vezes localizadas em terrenos
urbanos mais perigosos. Além da insegurança da posse, os moradores carecem de uma
oferta formal em infraestrutura básica e serviços, espaços públicos e áreas verdes, e
estão constantemente expostos à expulsão, doenças e violência (UNITED NATION
CONFERENCE ON HOUSING AND SUSTAINABLE URBAN DEVELOPMENT,
2015, p.1).

Enquanto para Araújo (1997) entende que o assentamento urbano assemelha-se entre a
relação com a forma como a população se organiza no espaço. E, salienta ainda, que são
fenómenos dinâmicos que adquirem características próprias de acordo co o tipo de
desenvolvimento sócio-econômico-cultural do grupo e da forma como este se relaciona
com a terra (ARAÚJO, 1997 apud MERCEDES et al, 2019, p.8).

18
Também, o conceito de assentamento informal é confundido com o conceito de
periferia. É possível distinguir dos dois a partir da reflexão de KOWARICK (2000, p.
43), em que:

No geral [as periferias são áreas] com graves problemas de


saneamento, transporte, serviços médicos e escolares, em zonas onde
predominam casas autoconstruídas, favelas ou o aluguel de um
cubículo situado no fundo de um terreno em que se dividem as
instalações sanitárias com outros moradores: é o cortiço da periferia.
Zonas que abrigam população pobre, onde se gastam várias horas por
dia no percurso entre a casa e o trabalho. Lá impera a violência. Dos
bandidos, da polícia, quando não dos ‘justiceiros’ (KOWARICK,
2000, p. 43 apud MEIRA, 2005, p.1).

2.5. Desigualdades sociais


Nas cidades, a exclusão social tem sua expressão mais evidente na
segregação espacial ou ambiental, com áreas onde se concentram as
populações pobres, e se forma uma espécie de gueto. (...) as marcas da
desigualdade se manifestam, com toda sua agudeza, no ambiente
espacial construído pela sociedade. (GOMES, 2003, p. 171-172 apud
MEIRA, 2005, p.6)

Quando se fala em desigualdades sociais presentes no meio urbano, logo são associadas
as imagem das favelas, guetos, ocupações em morros, beira de rios e córregos, cortiços,
periferias entre tantas outras interpretações. As explicações para tantas desigualdades
que ocorrem com maior materialização nos espaços urbanos se amparam na retórica da
exclusão social, segregação sócio espacial, espoliação urbana ou outros termos criados
para caracterizar os motivos da concentração e manutenção da pobreza nas cidades.
Independente do conceito ou caracterização indicada para determinado fenômeno de
exclusão no espaço urbano, o importante é desenvolver ferramentas teórico-
metodológicas que possam auxiliar na interpretação das desigualdades sociais urbanas e
que possam contribuir para apontar medidas que sejam voltadas para tais problemas,
junto às ações dos poderes públicos. No entanto, resta avaliar a ação dos agentes
responsáveis pelo aumento ou a falta de iniciativa para diminuir as desigualdades
sociais urbanas, por mais que muitas explicações tenham sua origem em episódios
precedentes.

19
Souza (2003) defende ainda que o que se deve priorizar no discurso de renovação das
cidades (ao menos na renovação social das mesmas), é a alteração do discurso de
desenvolvimento usado como sinônimo de desenvolvimento econômico pura e
simplesmente (SOUZA, 2003 citado por MEIRA,2005, p.9).

É de extrema importância ter um equilíbrio urbano nas infraestruturas constituídas de


uma cidade para que os mesmos se enquadre de uma requalificação urbana condigna,
sem contradizer a reflexão do MARICATO (2001). Em que segundo MARICATO o
desafio proposto na requalificação urbana é o de dar especial atenção para ampliação da
oferta de moradias novas e reforma das existentes, para atrair a classe média e para
manter nesses territórios os moradores dos cortiços que aí residem. Trata-se de
contrariar várias tendências dominantes no urbanismo do final do século XX, que têm
na cidade do espetáculo, na cidade mercadoria, na cidade empresa seus nexos centrais,
socialmente excludentes (MARICATO, 2001, p.12, apud MEIRA,2005, p. 9)

Acrescenta-se ainda a definição de desenvolvimento urbano supracitada, no sentido de


que o desenvolvimento urbano ocorre no momento em que as ações do poder público
são direcionadas a diminuir as desigualdades sociais no interior das cidades, e não
quando se observa somente ganhos na área econômica ou no montante de investimentos
(principalmente privados) no município (MEIRA, 2005, p. 9-10).

2.6. Mangais
São plantas com adaptações específicas para sobreviver em condições de submersão em
águas salobras (em baías protegidas contra ação direta das ondas das águas do mar,
estuários, deltas, margem de rios).

2.6.1. Fatores ambientais que afetam o crescimento e a distribuição de mangais:

 Clima (especialmente a chuva);


 Taxa de sedimentação;
 Regime da maré;
 Abrigo contra ação dos ventos;
 Salinidade;
 História geológica

Os mangais ocorrem:

20
 Na zona tropical e subtropical;
 Zona entre marés;
 Zonas protegidas;
 Ao longo da costa;
 Lagoas;
 Margens dos rios;
 Nos estuários e deltas

2.6.2. Importância de mangais

 Biologicamente são ecossistemas altamente produtivos;


 São importantes para a acumulação de nutrientes nas águas costeiras;
 O local de acumulação de matéria orgânica com impacto que faz prosperar a
flora e a fauna existente;
 Fornecem muitos serviços de ecossistemas, tais como proteção costeira contra
ciclones, contenção da erosão costeira e das margens dos rios, estabilização de
sedimentos e absorção de poluentes, entre outros;
 Fornecem bens e serviços de ecossistema, tais como produtos de mangal e
viveiro de peixes;

O ecossistema de mangal em Moçambique tem sido em larga escala ainda a ser


explorado de forma não sustentável. Desde um passado recente, a pressão populacional
tornou-se uma ameaça insuportável para o mangal. Ao redor da cidade de Maputo, a
taxa de desmatamento estima-se em 15.2% (Saket e Matusse, 1994 apud BALIDY,
2014).

Em Moçambique, assim como em outros países, esforço estão sendo feitos para
preservar o mangal e restabelecer as áreas destruídas, a destruição de mangal é
progressiva. No mundo, estima-se que os mangais tenham reduzido para cerca de 1/3 da
área original que ocupavam há 20 anos atrás (Vance et al 1996 apud BALIDY, 2014).

2.6.3. Causas da degradação do mangal

 Causas antropogênicas:
1. Urbanização;
2. Combustível lenhoso;

21
3. Estacas para construção;
4. Toros para construção de barcos;
5. Salinas;
6. Agricultura;
7. Aquicultura de camarão;
 Causas naturais
1. Ciclones;
2. Inundações ou cheias;

2.7. Chapa de Isocobertura ou Termo acústico


O isolamento térmico varia de acordo com os materiais utilizados.

A chapa de Isocobertura é constituída por duas chapas com um material metálico e


isolante no meio, que pode ser o isopor ou poliuretano.

Esta chapa estabelece um alto conforto térmico e acústico. Pois para além de ser
utilizada como cobertura também pode ser utilizada como forma de divisão de
compartimentos como vedação de paredes e fachadas.

A sua espessura deve ser de no mínimo 30 milímetros mas pode variar de acordo com o
nível de isolamento acústico que você procura. E as faces metálicas da chapa pode ser
pintada com tinta eletrostática, de forma a dar um visual mais criativo para a obra em
aplicação.

A chapa termo acústica é dividida em dois tipos:

 Simples: aquela em que a parte superior é feita com a chapa metálica e a inferior
com uma folha de alumínio.
 Dupla: tanto a parte superior com a inferior é feita com chapas metálicas.

2.7.1. Vantagens e desvantagens


Vantagens

 Melhor desempenho térmico e acústico;


 Contribui para a redução do uso de ar condicionado e ventilador economizando a
energia;

22
 Reduz o risco de alastramento de chamas, em caso de incêndio;
 Redução da humidade (não absorve a água);
 É de fácil manutenção;

Desvantagens

 Alto custo;
 Necessidade de profissionais altamente especializados

Capítulo III

3. Estudo de caso
A investigação desenvolvida permitiu sobretudo identificar as questões críticas, as
dificuldades e os obstáculos que surgem a par das soluções propostas para dar resposta
ao fenómeno não só dos assentamentos informais mas também de bairros precários,
tanto no que se refere especificamente ao caso de estudo da região da Orla Marítima.

O fenómeno dos assentamentos informais urbanos tornou-se a forma mais comum de


expansão urbana nos países em via de desenvolvimento, daí a importância de identificar
os instrumentos e as metodologias mais adequadas para solucionar as condições que
nela se encontra.

3.1. Construção Sustentável


De acordo com a definição de Matos (1997) a habitação é sem dúvida uma necessidade
básica, uma vez que todos almejamos um alojamento condigno; trata-se, aliás, de um
dos direitos consagrados na Constituição da República, ou se quisermos alargar o
espaço de referência, um direito reconhecido internacional (MATOS, 1997 apud
MERCEDES et al., 2019, p.19). Salientando ainda que, também um elemento,
porventura, o de maior impacto devido ao espaço que ocupa, da estrutura e imagem do
território, particularmente das áreas urbanas, permitindo-nos então considerar outra
perspectiva de analise, ao interrogarmo-nos acerca da forma como se constrói, como se
vive, incluindo aqui as relações entre casa e trabalho, entre a casa e os espaços de
consumo, perspectiva esta que dará mais ênfase às questões da qualidade de vida e do
ambiente urbano (MATOS, 1997 apud MERCEDES et al., 2019, p.19).

23
Matos (1997) faz uma abordagem mais profunda para o aspeto do que é estar alojado e a
questão da qualidade habitacional:

``Estar alojado é muito mais do que estar numa casa, esta tem de
possuir determinadas características (conforto, espaço suficiente para
a família, equipamentos, distancia aos serviços públicos/privados, aos
diferentes tipos de comércio e a outras atividades complementares à
habitação, como por exemplo as de lazer). O conceito de qualidade
habitacional é complexo porque não é absoluto, nem estático, pelo
contrário, é relativo, pois varia de país para país, com os diferentes
grupos sociais e com o tempo. A existência de más condições
habitacionais não pode ser considerada, apenas, como um problema
arquitetônico ou técnico; é fundamentalmente um problema
económico e político´´(Matos, 1997).

No entanto, a área em estudo da região da Orla Marítima, quanto as condições de


habitabilidade encontra-se sob forma precária, vivendo uma vida de risco
principalmente para o local onde se situa, com casas construídas à base de materiais
precários no que vem a influenciar para um símbolo da urbe.

A proposta habitacional do projeto de pesquisa em estudo visa em aplicar um tipo de


construção sustentável feita com uma fundação à base de pneu e uma cobertura a base
de chapa Isocobertura. Quanto a fundação ela será implementada sob forma a evitar a
permeabilidade uma vez que o solo que se encontra é bastante húmido e apresenta um
lençol freático elevado, requere uma estratégia sob forma a contribuir ao bem-estar. A
chapa de Isocobertura para além do seu preço acessível contribui para o seu conforto
térmico, apresentando ainda uma alta resistência ao fogo e o material não é oxidável.

Figure 6 fundação à base de pneu

Fonte: Matulapantaneira.blogspot, 2020

24
Figure 7 chapa Isocobertura

Fonte: Googlesearch, 2020

Figure 8: planta da habitação

Fonte: floorplanner, 2020

3.1. Saneamento Básico

3.2.1. Abastecimento de água


De acordo com Barros et al. (1995), o Sistema de Abastecimento de Água representa o
conjunto de obras, equipamentos e serviços destinados ao abastecimento de água
potável de uma comunidade para fins de consumo domestico, serviços públicos,
consumo industrial e outros usos. (BARROS et al., 1995 apud RIBEIRO & ROOKE,
2010, P.8).

O Fundo de Investimento e Património de Água (FIPAG) é proprietário de toda a


infraestrutura do sistema de abastecimento de água e é o responsável pelos
investimentos para melhoria e ampliação do sistema e a população da região assume

25
não haver problemas de abastecimento de água, porém, a maioria não atende aos
padrões de potabilidade devido ao armazenamento inapropriado e a má gestão dos
resíduos que origina a contaminação da mesma.

3.2.2. Sistema de esgotos


O sistema de esgotos sanitários é o conjunto de obras e instalações que propicia coleta,
transporte e afastamento, tratamento e disposição final das águas residuárias, de uma
forma adequada do ponto de vista sanitário e ambiental (RIBEIRO & ROOKE, 2010,
P.9)

Com a construção de um sistema de esgotos sanitários na região de Matola Rio procura-


se atingir os seguintes objetivos: afastamento rápido e seguro dos esgotos; coleta dos
esgotos individuais ou coletiva (fossas ou rede coletora); tratamento e disposição
adequada dos esgotos tratados, visando atingir benefícios como conservação dos
recursos naturais; melhoria das condições sanitárias local; eliminação de focos de
contaminação e poluição; eliminação de problemas estéticos desagradáveis; redução dos
recursos plicados no tratamento de doenças; diminuição dos custos no tratamento de
água para abastecimento (LEAL, 2008 apud RIBEIRO & ROOKE, 2010, P.9).

3.2.3. Drenagem urbana


No campo da drenagem urbana, os problemas agravam-se em função da urbanização
desordenada e falta de políticas de desenvolvimento urbano.

Um adequado sistema de drenagem urbana, quer de águas superficiais ou subterrâneas,


onde esta drenagem for viável, proporcionará uma série de benefícios, tais como:
desenvolvimento do sistema viário; redução de gastos com manutenção das vias
públicas; valorização das propriedades existentes na área beneficiada; escoamento
rápido das águas superficiais, reduzindo os problemas do trânsito e da mobilidade
urbana por ocasião das precipitações; eliminação da presença de águas estagnadas e
lamaçais; rebaixamento do lençol freático; recuperação de áreas alagadas ou alagáveis;
segurança e conforto para a população (RIBEIRO & ROOKE, 2010, P.12).

Nesta proposta das estratégias de requalificação do assentamento informal da região da


Orla Marítima visa em criar um sistema de drenagem e manejo de águas pluviais

26
urbanas para evitar enchentes nas vias, implementando um murro de alvenaria nas
residências com um sistema de tubagem com capacidade de encaminhar a água pluvial
ate a vala de drenagem. Nesse caso, as tubagens serão colocadas na parte inferior da
alvenaria e se juntarão com as outras das outras residências que por sua vez essas irão
ligar-se a tubagem principal que dá entrada a drenagem urbana.

3.2.4. Microdrenagem

Os sistemas de microdrenagem incluem a coleta e afastamento das águas superficiais ou


subterrâneas através de pequenas e médias galerias, fazendo ainda parte do sistema
todos os componentes do projeto para que tal ocorra. Sendo assim, as vazões são
conduzidas de acordo com as ruas da área de projeto, obedecendo ao alinhamento
arquitetónico das fachadas dos quarteirões, criando-se minicursos artificiais.

27
A função do sistema de microdrenagem é de recolher e conduzir a água pluvial até ao
sistema de macrodrenagem, além de retirar a água pluvial dos pavimentos das vias
públicas, oferecer segurança aos pedestres e motoristas e evitar ou reduzir danos.
Portanto, o sistema de microdrenagem é bastante ideal para ser utilizada nesta região,
pois pode ser provavelmente a melhor solução que responderia com bastante eficácia a
problemática das inundações nas residências assim como nas vias de acesso. Tanto que
também pode servir como um sistema eficaz de escoamento de águas pluviais para a
drenagem principal ou macrodrenagem assim como também para a irrigação de algumas
produções locais como: cana-de-açúcar, legumes com alface, tomate, cebola, piri-piri,
etc.

Figure 9: Sistema de microdrenagem

Fonte: DocPlayer.com, 2020

3.2.5. VIAS DE ACESSO


O crescimento desordenado da área de estudo faz com que a densificação haja um
aumento progressivo da impossibilidade de introduzir vias que sejam acessíveis a
viaturas motorizadas. Com isso, implica que seja essencial pensar em novas formas de
mobilidade dentro desta região. Makopene e Mucambene são quarteirões periféricos da
Matola A, originou-se a ocupação desordenada não respeitando as vias de acesso que
existem no local.

28
Estrada é a base de desenvolvimento de qualquer sociedade, e uma estrada com
condições adequadas oferecendo segurança facilitam o desenvolvimento humano
(MERCEDES et al. 2019, p.18).

Para a Requalificação do assentamento informal urbano, as suas estradas/ vias de acesso


serão acompanhadas de árvores nativas que se encontram no local, palmeiras,
mangueiras, Eucalipto, etc. tornando assim as vias mais verdes. No entanto, constatou-
se problemas recorrentes de saneamento tanto quanto as enchentes nas residências
devido ao mau estado das vias de acesso por apresentarem desníveis e inexistência de
um sistema de recolha de águas pluviais o que faz com que na época das precipitações
as aguas pluviais acabam sendo descarregadas nas residências causando dessa forma
inundações. Aliado a esse fator, está a ocupação desordenada do solo que implicou
provavelmente com que as vias de acesso ficassem cada vez mais estreitas. Outras
situações mais constrangedoras são ao ponto de ter que passar de uma residência para
ter acesso a outra.

Figure 10: vias estreitas e inundada

Fonte: autor, 2020

29
A projeção das vias de acesso estão feitas com propósito de transformar a estrada em
uma jusante que apenas as vias serão revestidas por alcatrão e pneus de borracha como
sub-base, tornando assim o pavimento impermeável uma vez que o lençol freático é
elevado.

Figure 11: situação da via principal

Fonte: autor, 2020

Figure 12: sub-base de pneu de borracha

Fonte: Pinterest,2020

30
Figure 13: Vias de acesso

Fonte: Archicad,2020

Sistema de Drenagem

Via Principal

Via Secundária

Via Terciária
Legenda:

Figure 14: Via de acesso

Fonte: Archicad, 2020

31
As residências que se encontram a nível mais alto que a estrada descarregarão suas
águas no sistema de recolha da estrada (valetas), contendo dos dois lados da via, que
conduzirá a água até ao sistema de drenagem.

Figure 15: sistema de saneamento residêncial

Fonte: DocPlayer.com, 2020

3.2. Murro de contenção

Os murros são estruturas corridas de contenção de parede vertical apoiadas em uma


função rasa ou profunda. Podem ser construídos em alvenaria (tijolos ou pedras) ou
betão (simples ou armado) ou ainda de elementos especiais (GERSCOVICH, s/d).

3.2.3. Murro de Gabião


Os murros de gabião é um tipo de murro de contenção que são constituídos por gaiolas
metálicas preenchidas com pedras arrumadas manualmente e constituídas com fios de
aço galvanizado em malha hexagonal com dupla torção. A rede metálica que compõe os
gabiões apresenta resistência mecânica elevada.

As principais características dos murros de gabiões são flexibilidade que permite que a
estrutura se acomode a rejeições diferenciais e a permeabilidade.

32
Este tipo de murro de contenção será aplicado em locais da região da Orla Marítima
onde apresentam primeiro uma cota de elevação elevada em relação a superfície que
apresentam um alto risco de deslizamento de terra. Também colocar-se-á na beira da
costa que servirá não só da sua utilidade principal mas também como forma de
estabelecer um limite para evitar o alastramento das populações.

Figure 16: zona de risco

Fonte: Autor, 2020

33
Figure 17 murro de gabião

Fonte: Pinterest, 2020

3.3. Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

3.3.3. Gestão de resíduos sólidos


De acordo com aquilo que se verifica no terreno, é de extrema urgência, pensar em
adotar uma estratégia de gestão dos resíduos sólidos funcional, que venham ajudar a
eliminar má gestão dos resíduos na região da Orla Marítima. Entretanto, a gestão
integrada de resíduos pelas várias instituições duma forma específica o Conselho
Municipal e a população, sobretudo difundirem os mecanismos de gestão de resíduos e
a sua importância para o meio ambiente e na saúde.

3.3.3.1. Acondicionamento

É a etapa de preparação dos resíduos para a coleta adequada de acordo com o tipo e
quantidade gerada. Os resíduos são acondicionados em recipientes próprios e mantidos
até o momento em que são coletados e transportados ao aterro sanitário ou outra forma
de destinação final.

34
3.3.3.2. Coleta

O passo seguinte é a coleta dos resíduos anteriormente acondicionados de forma correta.


Esta etapa deve ser realizada com frequência pelo menos duas a três vezes por semana
para evitar que o resíduo fique muito tempo exposto e ocorra emissão de odores e
atração de vetores.

3.3.3.3. Contentores

A implantação de contentores de rua de utilização coletiva destinados ao depósito de


resíduos, de recolha diferenciada ou indiferenciada, requer um planeamento estratégico
prévio, que envolva diversos fatores relacionados com a gestão logística e com os
hábitos populacionais de determinado local. No caso da área em estudo, serão colocados
dois contentores nas vias primárias em cada área (Makopene e Mucambene).

3.4. Reflorestamento de mangal


O mangal biologicamente são ecossistemas altamente produtivos. Pois contribui
para o próspero da flora e fauna e também para a acumulação de nutrientes nas
águas costeiras. Dessa forma, a gestão efetiva dos ``espaços comuns´´ como
consequência do sofrimento das sociedades humanas é essencial para prevenir
futuras degradações do ecossistema, por exemplo a comunidade da região da
Orla Marítima depende uma maneira direta e indireta do ecossistema costeiro
sob forma a garantir seu sustento através da pesca e condições mínimas de
segurança.

Segundo Balidy (2014) o ecossistema de mangal no país tem sido, e em larga


escola ainda a ser explorado de forma não sustentável. Salienta ainda que desde
um passado recente, a pressão populacional tornou-se uma ameaça insuportável
para o mangal.

35
Figure 18 mangais

Fonte: macua.blogs, 2020

3.5. Resultados esperados


Apos um estudo das estratégias de requalificação da região da orla marítima de uma
forma geral espera-se haver maiores facilidades na resolução do problema do
assentamento informal urbano. Nesse contexto, primeiro com a construção de habitação
sustentável espera-se que a infraestrutura garanta segurança e conforto a população.
Segundo, com a implementação de um sistema de saneamento, espera-se contribuir
significativamente na mitigação de águas estagnadas, que são grandes geradores de
doenças e no desordenamento territorial. Terceiro, com a colocação de um murro de
contenção espera-se evitar um possível deslizamento de terra principalmente em áreas

36
propensas a risco do mesmo. Quarto, com a implementação de um sistema de gestão de
resíduos sólidos espera evitar o descarte em lugares inapropriados como a beira da costa
do rio preservando o ecossistema marinho e diminuir o impacto ambiental. Quinto, com
o reflorestamento do mangal espera-se restaurar a Orla Marítima e promover a
reprodução de espécies marinhas.

37
Conclusão
Feito o estudo das estratégias de requalificação da região da Orla Marítima em face ao
desenvolvimento urbano e municipal da Matola, concluiu-se que:

A região da Orla Marítima é uma das regiões costeiras da capital do país que tem como
imagem a ocupação desordenada do solo, problemas graves de condições desfavoráveis,
problemas de saneamento básico entre outro devido ao assentamento informal. Perante
essa situação viu-se a necessidade de implementar estratégias de Planeamento Urbano
do modo a requalificar a dada região.

Não obstante a falta de uma gestão espacial referente a ausência de políticas


(ordenamento territorial, integração da população, plano de uso do solo e de expansão
urbana) que tem contribuído na sua maioria para casos de problemas urbanos.

38
Referências bibliográficas

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