Historia 12a Classe
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FICHA TÉCNICA
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ÍNDICE
UNIDADE DIDÁCTICA 1: HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
SÍNTESE......................................................................................................................................6
1. Periodização da História de Moçambique.......................................................................................6
1.1 Os conceitos de Periodização e cronologia...................................................................................6
1.2 Os Períodos da História de Moçambique......................................................................................6
1.3 A Problemática das Fontes da História de Moçambique...............................................................8
EXERCÍCIOS……………………………………….………………………….…………….. 9
SÍNTESE.............................................................................................................12
As Primeiras comunidades em Moçambique - Breve Resumo.....................................................................12
EXERCÍCIOS..............................................................................................................12
SÍNTESE……………………………………………………………………………… 15
3.1 Os primeiros estados em Moçambique .................................................................... ..
3.1.1 O estado do zimbabwe..............................................................................................................15
3.1.2 O Estado dos Mwenemutapa.....................................................................................................16
3.1.3 Os Estados Marave....................................................................................................................19
3.2 A Penetração Mercantil Estrangeira.............................................................................................23
3.2.1 Penetração mercantil árabe -persa.............................................................................................23
3.2.2 Penetração mercantil portuguesa...............................................................................................24
3.3 As novas unidades políticas em moçambique...........................................................................28
3.3.1 Estados Militares do Vale do Zambeze.....................................................................................28
3.3.2 Os Reinos Afro-Islâmicos Da Costa..........................................................................................30
3.3.3 O Mfecane e o Estado de Gaza.................................................................................................30
EXERCÍCIOS……………………………………………………………….……… 34
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SÍNTESE…………………………………………………………………………….. 38
4.1 Do Período mercantil ao Imperialismo...................................................................................38
4.1. O Papel específico de Portugal na Penetração Imperialista.....................................................39
4.2. As Fronteiras de Moçambique................................................................................................39
4.3 O Estado colonial Português em Moçambique...........................................................................40
4.3.1 A cononquista militar...............................................................................................................41
4.3.2 Resistência e conquista no sul de Moçambique.......................................................................42
EXERCÍCIOS………………………………………..…………………………… 58
SÍNTESE.........................................................................................................66
5.1 O Nacionalismo Económico de Salazar....................................................................................66
5.2 A Resistência à dominação colonial.........................................................................................68
EXERCÍCIOS…………………………………………………………………………..…… 69
TÓPICOS DE CORRECÇÃO/SOLUÇÕES…………………………………………... 74
BIBLIOGRAFIA………………………………………………………..…… 76
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UNIDADE DIDÁCTICA 1 HISTÓRIA DE MOÇAMBIQUE
SÍNTESE
Cronologia é a listagem dos acontecimentos por datas, começando pelo mais antigo até ao mais recente.
Veja o exemplo que segue de uma Cronologia da história recente de Moçambique.
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Surgimento do excedente e de classes sociais.
1. ª Fase Afro-Asiática
Início da exploração intensiva dos recursos naturais;
Delimitação dos grupos etno-linguísticos em Moçambique;
Intercâmbio comercial entre Moçambique e o mundo extra-africano;
Surgimento dos primeiros Estados em Moçambique: Zimbabwe (Manyikeni),
Mwenemutapa e Marave;
Surgimentos dos primeiros núcleos islamizados na costa Norte de Moçambique.
2. ª Fase Europeia
Fixação portuguesa em Sofala e Ilha de Moçambique e início do conflito entre portugueses e árabes;
Ciclo do ouro, formação dos prazos e desagregação do estado dos Mwenemutapa;
Ciclo do marfim, desenvolvimento e desagregação dos Marave;
Ciclo de escravos e emergência de novos estados em Moçambique (Estados Militares do Vale do
Zambeze, Ajaua, Reinos Afro-Islâmicos da Costa;
Formação e desenvolvimento do Estado de Gaza;
Conferência de Berlim (1884/5).
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administração de Moçambique;
Introdução das culturas obrigatórias;
Criação dos colonatos e dos planos de fomento;
Diferenciação da educação para brancos/assimilados e para os indígenas;
Transformação das colónias em províncias ultramarinas;
Aumento da contestação interna e formação dos movimentos nacionalistas.
3. Crise e Reestruturação do Colonialismo
Abolição formal do indigenato e das culturas obrigatórias, e a introdução das propriedades
dos colonos;
Fundação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO);
Desencadeamento da luta armada e emergência das zonas libertadas;
Portugal adopta a política das portas-abertas com o objectivo de internacional a guerra em
Moçambique;
Golpe de estado em Portugal e assinatura dos acordos de Lusaka;
Instalação do governo de transição em Moçambique;
Independência de Moçambique.
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A noção de fonte histórica abarca textos, monumentos, observações de toda a ordem, sinais, palavras, paisagens,
etc. Em resumo, fonte histórica é "tudo o que nos pode informar sobre o passado dos homens ".
Existem diferentes tipos de fontes:
Fontes Escritas - manuscritas ou impressas, incluem inscrições, jornais, cartas, documentos oficiais, etc.
Dividem-se em:
Fontes Orais - informações transmitidas de geração em geração sob a forma de conto, lenda e outras
formas, com o objectivo de transmitir a memória dos antepassados.
Documentos gravados ou audiovisuais - transmitido por sons ou imagens (fita magnética, disco, cilindro,
desenho, pintura, mapa fotografia, filme, microfilme, etc).
EXERCÍCIOS
C. Listagem dos acontecimentos por datas, começando do mais antigo até ao mais recente.
D. Forma de organização dos acontecimentos no tempo e no espaço.
2. Periodização é:
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A. a forma de organização dos acontecimentos no tempo e no espaço.
B. a divisão dos acontecimentos históricos em grandes épocas, destacando as principais características.
C. a listagem dos acontecimentos por datas, começando do mais antigo até ao mais recente.
D. uma operação metodológica da história.
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5. Assinale com V as afirmações verdadeiras e F as falsas, sobre as fontes da História de
Moçambique.
Afirmações V/F
H. A fonte oral é a mais credível de todos os tipos de fontes que se podem usar.
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MOÇAMBIQUE: DA COMUNIDADE PRIMITIVA AO
UNIDADE DIDÁCTICA 2 SURGIMENTO DAS SOCIEDADES DE EXPLORAÇÃO
SÍNTESE
EXERCÍCIOS
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4. A palavra Bantu designa:
A. Um conjunto de tribos e raça com características diferentes
B. Um conjunto de línguas com características diferentes
C. Um conjunto de línguas com características comuns
D. Todos os estrangeiros que vinham a Moçambique
10. O lobolo era uma prática através da qual os chefes estabeleciam as relações entre as
linhagens
A. No Sul de Moçambique C. No Norte de Moçambique
B. No Centro de Moçambique D. Ocidente de Moçambique
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12. Assinale as características das sociedades de Moçambique após a fixação Bantu.
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OS ESTADOS DE MOÇAMBIQUE E A PENETRAÇÃO MERCANTIL ESTR
UNIDADE DIDÁCTICA 3
SÍNTESE
O estado do Zimbabwe foi um dos primeiros, senão mesmo o primeiro a surgir no território que é hoje
Moçambique, se bem que a sua maior parte se localizasse no actual Zimbabwe. Existiu entre 1250 e 1450.
A palavra Zimbabwe (plural madzimbabwe) significa casa de pedra e a designação de estado do Zimbabwe
advém do facto de as classes dominantes terem feito rodear as suas habitações por amuralhados de pedra.
Sobre o significado e importância dos madzimbabwe tudo leva a crer que, para além da ostentação do poder,
eram importantes instrumentos físicos de domínio de uma classe e sobretudo de protecção. Essas construções
eram feitas em zonas altas e rodeadas de construções das populações camponesas, o que sustenta, portanto, este
ponto de vista de muitos historiadores.
Como vimos o estado forma-se tendo como premissas básicas a existência de classes sociais com interesses
contrários, o que leva à luta de classes e, consequentemente, a pertinência de uma força para manter o referido
conflito a níveis controláveis e habitáveis.
No território que é hoje Moçambique a diferenciação social não apareceu com a prática de comércio com os
árabes, mas é um facto que esta actividade acelerou e generalizou como fenómeno social.
As populações que habitavam o planalto zimbabweano eram da cultura Leopards Kops, baseada na agricultura
e na mineração em grande escala e evoluíram para um estado centralizado, sob o
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impulso do comércio a longa distância.
O comércio não criou o estado do Zimbabwe, mas desempenhou um papel importante ao criar condições para
o alargamento do padrão de consumo a aumentar as ambições territoriais dos chefes. Com efeito a
necessidade de quantidades cada vez maiores de ouro para responder às exigências do comércio levou a
anexações e alianças políticas entre comunidades, um processo que é visto como de delimitação das fronteiras
do estado do Zimbabwe.
O estado do Zimbabwe não era uma unidade geográfico-administrativa contínua. Era constituído por uma
capital com as características já descritas e vários centros regionais de igual aspecto.
A diferenciação social era bem nítida no estado do Zimbabwe, como sugere a concentração dos bens de
prestígio no interior dos amuralhados enquanto o exterior se encontra repletos de artigos menos valiosos.
Formação
O estado de Mwenemutapa nasceu da desintegração do estado do Zimbabwe por volta do ano 1440- 1450
quando Mutota, juntamente com os seus exércitos, invadiu o planalto zimbabweano, vindo fixar- se em
Moçambique.
A decisão de Mutota mudar-se para o próximo do rio Zambeze com uma parte da população Karanga foi
motivada pelos seguintes factores:
Políticos: As contradições surgidas entre os chefes dos clãs pelo controlo do comércio com a costa,
respectivamente os clãs Rozwi e Torwa.
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Económicos: O Zambeze é uma óptima via de comunicação e de transporte de produtos.
Demográficos: O aumento populacional numa região pouco fértil, como era o grande Zimbabwe.
Naturais: A redução do caudal das águas do rio Save dificultando a comunicação com a costa.
Formas de conquista
Cerca de 1450, Mutota, chefe das populações Karanga, evadindo-se do planalto do Zimbabwe, reúne
numerosos guerreiros e, através de violentas campanhas militares, submete a maior parte da população das
imediações do Zambeze. Na sequência desta conquista do Norte do planalto zimbabweano pelos exércitos de
Mutota, desenvolveu-se, entre os rios Mazoe e Luia, o centro de um novo estado chefiado pela dinastia dos
Mwenemutapa.
Os povos submetidos que tenham sido anteriormente submetidos a chefes Marave, eram, à excepção dos Tonga,
matrilineares e não falavam a língua shona.
O efectivo de grupo invasor deu origem, no vale do Zambeze, a uma nova etnia, denominada
macorecore.
Sistema administrativo
O império dos Mwenemutapa era uma aliança de tribos Shona que se agruparam sob a autoridade de um chefe
da tribo Rowzi. Este reinava como um grande senhor, tendo vários outros reis ou chefes sob a sua autoridade.
Estes reis eram obrigados a pagar um imposto anual ao Mwenemutapa.
Os reis vassalos tinham poder administrativo sobre os seus reinos, mas eram obrigados a prestar contas ao
Mwenemutapa.
Os principais estados vassalos ou subordinados eram Báruè, Quiteve, Manica, Sedanda, Quissanga e Maúnguè.
Estratificação social
Nos seus traços mais gerais a sociedade shona caracterizava-se pela coabitação no seu seio de dois níveis sócio-
económicos distintos: a comunidade aldeã e do outro a aristocracia dominante.
A comunidade aldeã - Era constituído pelo grosso das massas em que se evidenciavam os camponeses.
A aristocracia dominante - A estrutura político-administrativa pode ser representada da seguinte
maneira:
1. º Mambo - o chefe supremo
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Mazarira, Inhahanda e Nambuize, que eram três principais esposas do soberano com funções
importantes na administração.
Nove altos funcionários responsáveis pela defesa, comércio, cerimónias religiosas, relações
exteriores, festas, etc.
2. º Fumos ou encosses, que eram chefes das províncias.
Mas como podiam saber aquilo que os antepassados desejam? Era normalmente o Mwenemutapa que servia de
intermediário entre os vivos e os antepassados. Além dele existiam algumas pessoas que o povo acreditava terem
poderes especiais para dialogar com os antepassados e essas pessoas eram muito respeitadas.
E como é que ele conseguia provar às massas que ele se comunicava com os antepassados?
Sendo considerado de origem divina, o povo acreditava na divindade de Mwenemutapa até ao ponto de não ver a
sua cara quando falava. Sempre que o rei se dirigisse ao povo falava atrás de uma cortina. O povo ouvia a sua
voz mas sem ver a cara.
Todo esse aparato ideológico, o sistema tributário e o comércio a longa distância contribuíam para assegurar a
reprodução do edifício social shona e das desigualdades sociais existentes.
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Quanto ao sistema tributário embora de carácter simbólico, cada uma das comunidades aldeãs tinha a obrigação
de dar qualquer coisa ao monarca regularmente para além da renda em trabalho de sete
(7) dias prestados ao longo do mês.
No respeitante ao comércio a longa distância, até do ponto de vista económico garantia a importação de produtos
asiáticos que na sociedade shona ascendia à categoria de bens de prestígio (tecidos, missangas de vidro, louça de
porcelana e de vidro, etc.).
Cronologia
3.1.3 Os Estados
Marave A formação
Os estados Marave começaram a formar-se após a chegada, ao sul do Malawi, de emigrantes, provavelmente
oriundos da região Luba do Congo, liderados pelo Clã Phiri. Segundo dados arqueológicos, a fixação dos Phiri-
Caronga terá ocorrido entre 1200-1400.
Os povos Phiri cuja linhagem dominante era a dos Caronga não constituíram apenas um estado, mas
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vários, na medida em que se registaram entre os invasores conflitos dinásticos que levaram à fragmentação do
clã original e ao surgimento de novas linhagens que se estabeleceram a Oeste, Sul e Sudeste do território
ocupado pelos Caronga, dando lugar a novos estados.
Assim, além do estado dos Caronga, passaram a existir os Estados Undi, Kaphwiti, Biwi, etc., cujo aparelho de
estado se confundia com a família reinante e era constituído por indivíduos oriundos do clã original Phiri.
Como é que esses povos migrantes dominaram os povos que aí existiam? Contrariamente ao estado dos
Mwenemutapa, cujo processo de conquista foi de natureza militar, a Norte do rio Zambeze entre os povos
matrilineares, a ocupação territorial se fez pela conquista da esfera ideológica expressa nos santuários e nos
rituais.
Tratou-se, pois, de um processo aparentemente não violento, uma vez que não envolveu acção militar. Foi, sim,
um processo pacífico conduzido através da esfera ideológica, por via da absorção gradual dos cultos nativos.
No caso de estado sénior dos Caronga, a mulher espírita do culto Muali foi tornada esposa perpétua do Caronga,
enquanto as oficiantes do culto eram substituídas por médiuns masculinos.
No estado Undi, oficiantes nomeados pelos Phiri foram colocados junto da oficiante mediúnica do culto
Makewana ligado ao clã local. Uma nova categoria de espíritos foi inoculada no panteão: a dos espíritos dos
antepassados dinásticos Phiri, que passaram a ser venerados não apenas como espíritos, mas igualmente e
sobretudo como espíritos territoriais. A oficiante do culto era considerada portadora de poderes pluviais,
mediúnicos e oraculares e o culto do Makewana tornou-se numa importante força unificadora do estado Undi.
No que diz respeito ao estado dos Lundu, o culto da m'bona sofreu o mesmo tipo da transformação, passando a
estar mais associado ao culto dos antepassados Phiri Lundu. A mulher espírita principiou a ser dada pelo Lundu
do espírito m'bona.
O gradual domínio dos territórios, através da absorção e adaptação da ideologia local, foi acompanhado por
casamentos com mulheres dos clãs nativos. Por exemplo, o Undi casava com mulheres desses clãs e os filhos dos
matrimónios eram designados como chefes. Outras vezes, o Undi reinante casava com uma irmã do chefe local.
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casando com mulheres mediúnicas e com mulheres de clã locais, as classes dominantes dos estados Marave
deixaram de ser olhadas como "intrusas". Através desse processo, subtil, na aparência não violento, era possível
controlar o meio de produção fundamentalmente, a terra, o que significa que era possível controlar a força do
trabalho.
Há evidência de que, já antes da chegada dos Phiri, havia um comércio regular com os swahili- árabes
que penetravam no vale do Zambeze e chegavam até ao Chire. Os Phiri passam a monopolizar esse intercâmbio.
Além da agricultura os Marave produziam e comercializavam enxada de ferro em grande escala. Nos séc. XVII e
XIX, as enxadas de metalurgia Marave constituía um dos produtos mais exportados pelo porto de Quelimane.
Fazia parte das actividades produtivas Marave o fabrico e venda de tecidos de algodão, chamados "machiras".
Eram tão elevadas a quantidade e qualidade do machira que até puderam resistir à competição de tecidos de
origem indiana e provocaram com frequência pânico na coroa portuguesa, que tinha muitos lucros dos direitos
aduaneiros cobrados pela entrada dos tecidos da Índia. Ainda dos estados Marave, saia também o sal que era
adquirido por mercadores Ajaua e Bisa.
Estrutura Sócio-política
Os estados Marave possuíam um aparelho muito complexo, considerando o exemplo do estado de Undi cujos
imensos territórios abrangiam a parte Norte da província de Tete. O chefe da aldeia denominava-se Fumo ou
Mwene-mudzi, a seguir estava o chefe territorial conhecido por Mwenedziko, por seu turno seguido por um
chefe provincial, encarregado de uma série de territórios, conhecido por Mambo e no topo estava o Undi.
Cada chefe era servido por um conjunto de conselheiros denominados Mbili e havia ainda um corpo de
funcionários menores como: mensageiros, guarda dos chefes, etc.
Esses chefes todos ligavam-se por laços de parentesco. No entanto as Mwene-mudzi, geralmente eram genitores
das matrilinhagens locais (núcleo matrilinear básico chamava-se Bele, formado pela
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mulher e, por incorporação, pelo marido da mulher e pelos maridos das filhas da mulher).
A Ideologia
Quando os Phiri chegaram à região entre Chire e Luangua, a população local, liderada por diversos clãs como o
Banda, praticavam cultos relacionados com a fertilidade dos solos, invocação, controlo das cheias, etc.
Esses cultos eram dedicados ora a "entidades supremas" como o culto de Muali ou o culto de Chewa de
Chissumbi, ora à veneração dos espíritos naturais.
Entretanto, aos Marave eram mais importantes os cultos dedicados às entidades supremas. Os mais importantes
eram geralmente realizados por mulheres, como o caso da mulher espírito do culto Muali ou do culto Makewana.
No caso do estado dos Undi, a classe dominante recebia tributos regulares: marfim, tabaco, géneros alimentares,
partes dos animais caçados pelos súbditos, utensílios de ferro, cestos, esteiras, panos, etc. Os súbditos eram
obrigados a trabalhar nas terras dos chefes, a construir as suas casas e a assegurar a manutenção da capital.
Existiam também os tributos de vassalagem que incluíam penas vermelhas de certos pássaros, marfim, peles de
leão e de leopardo, direitos de trânsito pelas terras, as primícias das colheitas, etc.
O Undi era uma espécie de guardião dos produtos das parcelas que os súbditos eram obrigados a cultivar no
"interesse geral". Com o produto de sobretrabalho dos súbditos, o Undi sustentava visitantes, jogos e danças e
ajudava os necessitados tal como nos Mwenemutapa. A outra parte de sobreproduto era usada para troca por
mercadorias produzidas pelos Swahili-Árabes.
Uma terceira categoria de tributos eram os tributos rituais, normalmente, os dedicados às primícias das colheitas
e às taxas devidas aos chefes pela orientação das cerimónias rituais. Os chefes
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recebiam ainda taxas pela resolução de disputas e taxas de trânsito pelo território.
O declínio das rotas comerciais Marave que iam até à costa substituídas desde fins do século XVI por duas novas
rotas controladas pelos Ajaua, também constitui um dos factores que minou o poder das dinastias e ditou a
fragmentação linhageira interna.
Por outro lado, a desintegração foi intensificada pela penetração de mercadores no fim do século
XVIII. Por exemplo, Caetano Pereira, com a sua dinastia "Prazeira", assenhorou-se de muitas províncias dos
Estados Undi.
Há que ter em conta ainda o aparecimento dos Nguni, que se fixaram na região na sequência do Mfecane em
1835.
O outro factor a ter em conta foi a penetração mercantil portuguesa no vale do Zambeze a partir de 1530 e o
bloqueio aos Swahili-Árabes.
Razões da Expansão
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de origem não existiam condições para a prática das mesmas.
d) Prática do comércio, baseado em tecidos, missangas e outros produtos.
No Plano Económico
desenvolvimento do comércio;
introdução de novas plantas e animais;
desenvolvimento das técnicas de navegação e de construção naval.
No Plano Cultural
No Plano Político
o surgimento dos primeiros estados em Moçambique. Com a expansão comercial e o advento do Islão,
esses núcleos da costa estruturaram-se em comunidades políticas como os xeicados e os sultanatos, cujas
independências ou subordinações, entre si ou em relação às potências Swahili da costa ao norte de
Moçambique ou as ilhas Comores, foram variando ao longo do tempo.
O ciclo do ouro
O contacto entre os portugueses e as populações de Moçambique iniciou em 1498 com a chegada de Vasco da
Gama, no âmbito da expansão europeia.
A fixação dos portugueses em Moçambique iniciou no século XVI com a ocupação de Sofala em 1505 e da Ilha
de Moçambique em 1507. Em 1530 os portugueses construíram feitorias em Tete e Sena (1530) e fixaram-se em
Quelimane em 1544.
Nesta fase as autoridades locais detinham total domínio e os estrangeiros eram obrigados a pagar tributos (curva
e empata) e a observar o ritual (descalçar, tirar o chapéu, estar desarmado e bater
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palmas para entrar na corte) em sinal de respeito ao soberano.
Em 1607, e em troca de apoio militar para fazer face às revoltas internas, o mambo Gatsi Lucere cedeu terras aos
portugueses, abrindo uma fase de aliança entre os shona e os portugueses. Em 1627, após a morte de Gatsi
Lucere, subiu ao trono Caprazine, que era contra os portugueses, este tentou retirar os privilégios destes.
Devido à sua posição, Caprazine foi derrubado com apoio dos portugueses e substituído por Mavura, defensor
dos portugueses. Em 1629 Mavura declarou-se vassalo de Portugal, oferecendo vários privilégios:
livre circulação de homens e de mercadorias isentas de qualquer tributo;
obrigatoriedade de Mwenemutapa consultar o capitão português de Massapa antes de tomar qualquer
decisão, a permissão para os mercadores entrarem na corte de Mwenemutapa sem respeitar o protocolo;
autorização para a construção de igrejas;
montagem de uma guarnição de 50 soldados portugueses passou no Zimbabwe do Mwenemutapa.
Em 1693 Changamire Dombo encabeçou uma revolta que levou à derrota dos portugueses e sua expulsão do
estado.
Os prazos eram pequenas unidades políticas estruturadas dentro do império dos Mwenemutapa por
mercadores de origem portuguesa e indiana. A ocupação das terras seguiu três vias principais:
doações dos chefes africanos ao governo português;
conquista militar por parte de alguns mercadores ricos; e
compra aos chefes africanos pelos mercadores.
O ciclo do marfim
O marfim representava para os Phiri a principal fonte de reprodução e também garantia de lealdade política
pois com este obtinham-se panos, missangas, objectos de porcelana, etc., mas foi também a
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razão de rivalidades entre os estados Marave.
Um dos conflitos ligados ao comércio do marfim eclodiu entre os Caronga e Lundu que culminou com a
intervenção militar conjunta dos portugueses e dos Caronga contra os Lundu. Como resultado desta ofensiva,
teve lugar a chamada expansão Zimba ou expansão Nyanja, que foi um extenso movimento migratório Lundu
rumo a Leste e Nordeste, causado, aparentemente, pelas razões acima indicadas bloqueio mercantil-militar
português e conflitos inter dinásticos.
A ligação entre Moçambique e Índia levou a que, a partir do século XVII, a chegada a Moçambique de
mercadores indianos torna-se este país a verdadeira metrópole mercantil.
Em 1686 foi formada a companhia dos Mazanes pelo vice-rei de Portugal em Goa, da qual faziam parte
mercadores indianos ricos, armadores. Esta companhia obteve monopólio do comércio Moçambicano e
privilégios comerciais em fretes, ajuda oficial Portuguesa e apoio logístico.
A formação dessa companhia beneficiava a nobreza portuguesa na Índia e não a estabelecida em Portugal, o que
ilustra bem as contradições que haviam entre os dirigentes portugueses. Terão sido essas contradições que
estiveram na origem da separação de Moçambique de Goa em 1752.
Quase todo o tipo de comércio a retalho e a grosso era feito pelos indianos a partir do Interland da ilha de
Moçambique, Mussuril e das Cabaceiras. Os indianos de menor posse, via de regra, trabalhavam como
relojoeiros, mecânicos, etc.
As modalidades de Comércio
O comércio de marfim envolvendo os Makua e os mercadores estrangeiros fazia-se de duas formas que, por
vezes, se complementavam:
• Tráfico regular com os Makua dos reinos vizinhos e, por vezes, com mercadores Yao, do Lago Niassa,
que levavam marfim, tabaco e azagaias para trocar nos armazéns dos portugueses, por tecidos e
missangas. Para estas trocas os portugueses usavam tecidos fornecidos a crédito pelos comerciantes
indianos;
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• Envio, ao sertão, dos patamares (mercadores africanos). Este sistema era, em geral, usado pelos
mercadores indianos.
O comércio do marfim levou os mercadores portugueses, sem capital e dependentes do fornecimento de tecidos
nas lojas dos indianos, a endividarem-se e, por via disso, os indianos apropriaram-se gradualmente das
propriedades dos portugueses que tinham sido colocadas sob hipoteca. Instalou- se, então, um ambiente de
rivalidade entre os dois grupos de mercadores, com os portugueses a pretenderam a expulsão dos concorrentes
indianos.
As guerras do marfim
As disputas pelo controlo do comércio do marfim não se deram apenas entre os mercadores estrangeiros.
Também ocorreram entre os reinos africanos envolvidos nesse comércio e entre esses reinos e os portugueses. É
o caso dos conflitos entre os reinos Makua e os portugueses devido ao bloqueio movido pelos Makua ao trânsito
dos Yao pelo seu território em direcção a costa para comerciar com os portugueses.
A Baía de Maputo esteve envolvida no comércio de marfim desde o século XVI, tendo conhecido duas
fases:
• 1.ª fase – 1550 /1759: comércio envolvendo tecidos indianos, marfim, pontas de rinoceronte e dentes de
cavalo-marinho. Os portugueses e depois os ingleses e holandeses traficavam com as ilhas de Inhaca e
Xefina e os reinos Tembe e Matola, que, desse modo, se tornaram os reinos mais prósperos da região;
• 2.ª fase – 1750/1800: mercadores ingleses e holandeses faziam comércio do marfim de barco e canoa
seguindo pelos rios Maputo e Incomáti, para fazer comércio com os reinos do interior (Maputo, Cossa e
Nwamba).
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Fases do ciclo de escravos
1ª fase (até 1750)- os escravos eram enviados para as plantações francesas nas ilhas Mascarenhas, no oceano
Índico.
2ª fase (1750-1836/42)- envio de escravos para as plantações europeias nas américas. Nessa altura mercadores
brasileiros, norte-americanos e centro americanos incrementaram o tráfico negreiro particularmente nos
princípios do século XIX.
3ª fase após a abolição (1836- 1842) - o tráfico negreiro diminuiu, mas a partir de 1840 a instituição do estatuto
de trabalhadores recrutados ou "engajados" permitiu a continuação dissimulada do comércio de escravos em
especial para as ilhas Mascarenhas. Nesta etapa o comércio era clandestino e era feito a partir dos reinos afro-
islâmicos da costa e os prazos.
Os escravos foram especialmente recrutados no vale do Zambeze e na faixa litoral e interland das zonas entre o
Rio Ligonha e a Baía de Memba. Também houve, se bem que em menor escala, recrutamento na Baía da Lagoa
e no interior de Inhambane.
Formação
Esteve ligada à queda dos prazos existentes no vale do
Zambeze, devido a três factores principais:
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os ataques dos exércitos dos Mwenemutapa aos prazos, entre 1820 e 1835, provocaram o abandono
dos mesmos tanto pelos prazeiros como pelos a-chicunda;
os ataques de grupos Nguni aos prazos, chefaturas e feiras espalhadas pelo vale do Zambeze
entre 1830 e 1844.
A queda dos prazos levou à eclosão de dinastias de senhores de escravos que ocuparam as antigas áreas
dos prazos e reagruparam os a-chicunda a troco de tecidos, bebidas e armas de fogo.
• A coroa portuguesa receando perder a sua influência no vale do Zambeze, devido à presença Nguni,
resolveu conceder patentes administrativo-militares a alguns dos novos reis fazendo-os defender o vale
do Zambeze contra os Nguni.
Controlam os camponeses
(Antigos) Mambos e
Fumos
Pagam o mussoco
Camponeses eram reservatório de escravos.
Ideologia
Africanização das classes dominantes visando diluir a distinção entre intrusos e súbditos locais, o que permitiu,
por vezes, aumentar a legitimidade da classe governante. Paralelamente, realizavam casamentos com mulheres
das famílias reais locais, procurando igualmente alterar o estatuto de estrangeiro e tornar assim legítima a sua
governação.
Os Estados Yao
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Até século XVIII - pequenas comunidades matrilineares, com uma economia baseada na agricultura, caça e
pesca, metalurgia do ferro, comércio.
O comércio de marfim no século XVIII e de escravos no século XIX provocou alterações importantes nas
sociedades Ajaua.
Com o comércio do marfim e de escravos começaram a aparecer grandes chefes de caçadores cujo poder
ultrapassou o nível do parentesco e permitiu a formação de estados centralizados, através da conquista de novas
terras e submissão de novos povos. Principais estados: Mataca; Mtalika; Makanjila; Jalasi.
O poder dos chefes Ajauas foi derivado do monopólio da comércio e das práticas predatórias e esclavagistas do
exercício e controlo exclusivo das tarefas técnico administrativas e mágico- religiosas.
As cerimónias mágico-religiosas concorriam para a lealdade política daquelas sociedades. A estas juntou-se a
islamização das classes dominantes Ajaua consubstanciada na adopção de títulos de xeique.
30
Mfecane - processo de lutas e transformações políticas na Zululândia que culminou com a centralização
política e a emigração dos grupos vencidos para outras regiões.
Causas do Mfecane
• Aumento do comércio com a baía de Maputo e disputas pelas rotas comerciais;
• a crise ecológica seguida de seca e fome nos princípios do século XIX originou disputas pelos recursos
naturais mais favoráveis à agricultura.
As lutas
2. ª metade do século XVIII - mais de 20 reinos Zulu envolvem-se em lutas, das quais por volta de 1815
sobressaíram dois: Nduandue, chefiado por Zuide, e Mtetwa, de Dinguisuaio.
Os reinos Nduandue e Mtetwa estiveram no centro dos conflitos militares ocorridos ente 1816 e 1821 e que
terminaram com a centralização e emigração.
Vitória dos Nduandue e morte do rei dos Mtetwa, Dinguisuaio, em 1818. Subida de Tchaka ao trono Mtetwa.
Em novo conflito entre as duas linhagens a vitória viria a sorrir para os
Mtetwa encabeçados por Tchaka.
Entretanto parte dos vencidos optaram pela emigração para evitar a
rendição.
Zuangedaba, Nguana Maseko, Nqaba Msane, por algum tempo se
fixaram em Moçambique.
Mzilikazi fixou-se no território do actual Zimbabwe.
Sobhuza na Swazilândia.
Sochangane fixou-se a Sul de Moçambique, fundando o estado de
Gaza.
Mosweswe - reino do Lesotho.
O Estado de Gaza
Fundado por Manicusse (Sochangane), no vale do rio Limpopo entre 1821 e 1858.
Em 1858, com a morte de Sochangane, subiu ao poder Maueue que iniciou uma era de conflitos internos. Em
1861 uma coligação integrando membros da aristocracia Nguni, comerciantes e populações do vale do Incomáti
apoia Mzila. Guerra Maueue/Mzila - até 1864 com a vitória de Mzila.
• 1862, a capital do Estado transferida para Mussorize.
• Mzila assumiu o poder em 1864 até à sua morte em 1884, e subida de Ngungunhane, o último rei de
Gaza.
• Em 1889, Ngungunhane mudou a capital, para Mandlakazi.
31
Razões:
– (1) as pressões dos portugueses e ingleses que pretendiam retomar a mineração;
– (2) o esgotamento dos recursos agrícolas em Manica, contrastando com sua relativa
abundância no vale do Limpopo; e
– (3) A revolta dos Chopi que impunha uma acção mais directa do rei para sua supressão.
• Em 1895 o estado de Gaza, sob reinado de Ngungunhane, caiu diante do avanço português.
Organização social
Alta Aristocracia (rei e seus familiares próximos);
Média Aristocracia (Nguni que não é da linhagem do rei) "assimilados";
Tonga (populações dominadas);
Cativos (afectos às comunidades domésticas Nguni);
As mulheres cativas podiam ser tomadas como esposas dos Nguni sem lobolo. Gradualmente
emancipavam-se, libertando-se da condição de escravos, mantendo-se o seu grupo social devido às
constantes guerras.
Economia
As principais actividades económicas eram a agricultura (mapira, mexoeira, milho, etc.), caça e pesca.
Estas actividades eram realizadas pela população e destinavam-se tanto ao sustento como ao pagamento
de tributos às classes dominantes.
Os tributos eram pagos em produtos agrícolas, marfim e em dinheiro ganho na África do Sul, após o
início da migração para as minas. Outra fonte de rendimento era o trabalho dos cativos nas propriedades
dos chefes;
A criação de gado e o comércio foram outras actividades praticadas no estado de Gaza, sendo, porém,
monopolizadas pelos Nguni.
Ideologia
• O poder real dos Nguni, tal como nos Mwenemutapa e nos Marave, esteve ligado ao exercício das
cerimónias mágico-religiosas;
• Os cultos e rituais eram oficiados pelo rei;
• O mais importante dos rituais era o Nkwaya, ligado às primícias das colheitas;
• Existiam também o Mbelengulu - cerimónia destinada a dar força aos guerreiros.
Cronologia
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1400-1450 - Fundação do Estado dos Mwenemutapa por Mutota.
1561 Padre Gonçalo da Silveira chega à corte do Mwenemutapa e baptiza o
mutapa reinante. Gonçalo da Silveira é morto.
1570 Inicia a expansão Zimba.
1571 Expedição militar de Francisco Barreto ao Mwenemutapa – fracassou.
1585 Expedição portuguesa contra o chefe macua Mauruça.
1586/89 Ascensão de Gatsi Lucere ao trono após a morte de Negomo.
1607 Gatsi Lucere faz concessões de terras aos portugueses.
1627 Caprazine sucede Gatsi Lucere.
1629 Caprazine é destronado pelos portugueses e colocado no seu lugar Mavura.
Mavura faz tratado de vassalagem com os portugueses e é baptizado com
o nome de Filipe.
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1912 Nova expedição contra Mataka termina com a conquista portuguesa num
momento de crise interna.
EXERCÍCIOS
2. Assinale a alínea que se refere aos objectivos da 1.ª fase da penetração mercantil
estrangeira em Moçambique?
A. A difusão do cristianismo na Europa e prática do comércio
B. Procura de terras férteis e prática do comércio
C. Desertificação das terras e o superpovoamento
D. A expansão do ferro no mundo
5. A ocupação das terras que deram origem aos prazos no vale do Zambeze foi através de:
A. Doação do mambo, compra e conquista militar
B. Distribuição das terras pela coroa portuguesa aos mercadores
C. Acordos entre os mercadores portugueses e árabes
D. Atribuição pelo rei a favor dos comerciantes
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A. A sua localização em regiões do interior, longe do alcance das autoridades.
B. A impotência de Portugal para impor a lei em terras ocupadas, sem apoio da coroa.
C. O apoio prestado pelos chefes africanos aos prazeiros.
D. O fraco investimento da coroa portuguesa nos prazos.
7. O tráfico de escravos foi uma das causas do declínio dos prazos porque:
A. O comércio de escravos criou conflitos entre os prazeiros
B. Os prazeiros não conseguiram acompanhar a abolição
C. Os prazeiros começaram a vender os a-chicunda
D. Os escravos começaram a atacar os prazos
10. No século XVIII o comércio de marfim entre portugueses e yao sofreu bloqueios movidos
pelos…
A. Swahili-árabes B. reinos da Macuana C. Marave D. Nguni
11. No Sul do Save, a primeira fase do ciclo do marfim teve lugar em:
A. 1550 a 1800 B. 1550 a 1750 C. 1750 a 1800 D. 1800 a 1850
12. No sul do Save, na primeira fase do ciclo do marfim, o marfim era trocado por:
A. Missangas e lingotes de latão C. Tecidos indianos e missangas
B. Tecidos indianos D. Machiras e enxada
13. Na sua primeira fase o comércio de marfim na baía de Maputo era feito:
A. com os reinos do interior C. com os mercadores indianos
B. com os reinos do litoral D. com os Nguni
14. Uma das características da segunda fase do ciclo do marfim, no Sul do Save foi:
A. Monopólio dos portugueses e ascensão do rei Tembe sobre Maputo
B. Chegada regular de navios europeus e ascensão do rei Tembe sobre Maputo
C. Comércio com os reinos do interior e ascensão do rei Maputo sobre Tembe
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D. Comércio ao longo da baía e ascensão dos reinos Matola, Nhaca e Tembe
15. Um dos mecanismos que os chefes dos estados militares usavam para legitimar o seu
poder era:
A. Força militar B. Aliciamento C. Africanização D. Superstição
16. Como é que os fundadores dos estados militares recrutaram os A-chicunda que haviam
abandonado os prazos?
A. Força militar B. Aliciamento C. Africanização D. Superstição
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23. Os a-chisi eram especialistas no trabalho de ferro nos Estados:
A. militares. B. Yao C. Macua D. Afro-Islâmicos
Zambeze.
Afirmações V/F
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4 UNIDADE DIDÁCTICA 4 O PERÍODO IMPERIALISTA
SÍNTESE
A passagem a esta nova etapa de relações entre Moçambique e Portugal esteve enquadrada num contexto mais
amplo de expansão imperialista com os países europeus se esforçando por ocupar colónias em África.
Este processo teve lugar no momento em que a economia europeia, particularmente assente na industrialização
iniciada em meados do século XVIII, impunha para o seu desenvolvimento que se conseguissem novas fontes de
matérias-primas, novos mercados, novos espaços para o reinvestimento de capitais e mão-de-obra barata. A
África mostrava-se, pois, a saída para este conjunto de necessidades.
Contudo Portugal não era propriamente uma potência capitalista e como tal não tinha as mesmas razões das
potências para justificar o seu interesse de ter colónias em África. Deste modo, a inserção de Portugal na
penetração imperialista reveste-se de alguma especificidade.
A presença portuguesa na corrida imperialista é, pois, entendida no quadro dos chamados Direitos Históricos,
adquiridos pelo facto de Portugal ter sido um dos primeiros países a estabelecer contactos comerciais com os
povos africanos.
Por outro lado, a esperança que alguns países, como a Inglaterra, tinham de vir a ser eles a explorar de facto as
colónias portuguesas, levou-os a apoiar Portugal nas suas reivindicações.
Os conflitos entre as principais potências capitalistas permitiram também uma margem de manobra a Portugal
que pôde, através de um complexo jogo de acordos e alianças tácticas, explorar as disputas entre esses países e
manter as suas colónias.
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Os territórios que ficaram com Portugal foram, em termos económicos, colónias das potências capitalistas de
facto (Inglaterra, França, Alemanha).
No caso de Moçambique pode-se ver como parte significativa do território (Centro e Norte) foi cedida às
companhias arrendatárias e majestáticas dominadas por capitais estrangeiros para administrarem e explorarem os
recursos naturais e humanos do país, enquanto o Sul de Moçambique ficava como reservatório de mão-de-obra
para a África do Sul.
Portugal, não sendo potência imperialista, conseguiu ser potência colonial. Como?
A exploração global das colónias foi levada a cabo através do apadrinhamento concedido pelo grande capital
internacional e reproduziu-se mediante um complexo jogo de concessões e de alianças tácticas com as diversas
potências coloniais, nem sempre bem-sucedido a curto ou a médio prazos, mas sempre bem-sucedido a longo
prazo.
Foi nesse contexto que se originou o estado colonial português, como medianeiro entre o imperialismo e os
recursos humanos e naturais de Moçambique. Ao assumir essa mediação, Portugal pôde preparar-se para uma
nova acumulação primitiva de capital na sua forma de capital- dinheiro, que viria a ser decisiva para o
desenvolvimento do “nacionalismo económico” de Salazar no pós-1930.
4.2. As Fronteiras de Moçambique
A Fronteira Sul
O estabelecimento da fronteira Sul fez-se no final de disputas entre ingleses, portugueses e bóeres pela posse
da Baía de Maputo.
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– Os portugueses chegaram à Baía de Maputo em 1544;
– Em 1820 entraram os ingleses (W Owen assinou tratados com chefes do sul da Baía) na disputa. A
importância da Baía de Maputo para os ingleses: a Baía de Maputo era reserva de mão-de-obra para a colónia
britânica do Natal, permitia controlar as vias de comunicações especialmente o Rio Maputo (para travar a
entrada de armas para os Zulu através da Baía) e era Base para as operações visando anexar o Transval.
1869 – Acordo Transval/Portugal fixa o limite dos territórios portugueses pelo paralelo 26º30’S.
1875 – Arbitragem internacional por Mac Mahon (decidiu a favor dos portugueses, validando o acordo de 1869).
Fronteira centro
O conflito envolveu os portugueses (com o Mapa-cor-de-Rosa) e os ingleses que tinham o plano Cabo-
Cairo.
– 1887 -MNE apresentou à Câmara dos deputados o mapa cor-de-rosa – antes, em 1886 tinha assinado
tratados com Alemanha e França.
– 11 de Janeiro de 1890 – ultimato inglês exige a retirada das tropas portuguesas do Chire e
Mashonalândia.
• Portugal apela aos seus “aliados” e a Inglaterra enviou uma força a Manica onde prendeu P. Andrade e
construiu o forte Salisbury.
• O governo português teve que se submeter ao ultimato inglês – fracassava a ideia do Mapa Cor-de-
Rosa.
Norte
Envolvidos Portugal e Alemanha que tinha ocupado o Tanganyika desde 1884.
• 1894 – Alemanha atravessa o Rovuma e expulsa a guarnição portuguesa e substituindo-a por uma
alemã.
• Portugal protesta, mas os alemães alargaram a sua ocupação até Quionga.
• Derrota alemã na I Guerra Mundial permitiu a Portugal recuperar as suas terras.
4.3 O Estado colonial Português em Moçambique
A exploração imperialista em Moçambique baseou-se em três pilares principais:
O Estado colonial Português;
O capital internacional expresso nas companhias;
O capital mineiro sul-africano.
O Estado colonial português, condição e garantia da exploração imperialista, foi montado para servir os diversos
interesses do capital internacional. Assim, toda a legislação publicada entre finais do século XIX e 1930
destinou-se a manter os moçambicanos na sua condição de indígenas e
40
trabalhadores forçados. Foi, por isso, que o estado colonial usou mais os aparelhos repressivos do que os
ideológicos.
4.3.1 A conquista
militar O Sul de
Moçambique
Até 1885 a autoridade política portuguesa no Sul de Moçambique estava limitada à região de Lourenço
Marques. Com a descoberta do ouro em Witwatersrand e o desenvolvimento do tráfego de trânsito e da
actividade mercantil no interior surgiu o interesse pela implantação política e administrativa, que era também
uma imposição da Conferência de Berlim.
Principais acções
Estas medidas eram, porém, insuficientes para permitir aos portugueses o controlo do Sul de Moçambique,
principalmente devido ao número reduzido de soldados portugueses na região. Assim, apresar dos tratados
assinados incluírem a cobrança de impostos, os portugueses não conseguiram cobrá-los, pelo menos até 1892.
Por outro lado, o trabalho migratório e o trânsito de mercadorias criaram novos problemas administrativos e
políticos para os portugueses.
A exportação da mão-de-obra provocou a escassez desta no Sul de Moçambique, originando uma forte
concorrência pelo seu controlo. Não podendo concorrer com os salários pagos nas minas da África do Sul, os
comerciantes e autoridades coloniais portuguesas procuravam formas para garantir o fornecimento de mão-de-
obra aos empreendimentos locais.
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Algumas medidas
Em finais de 1893 começaram a surgir sinais de insurreição, que foram agravando ao longo de 1894 com o
surgimento de vários incidentes com os portugueses.
Na região em redor de Lourenço Marques, alguns chefes tribais como os de Mahota, Maxaquene, Matola ou
Maputo eram vassalos dos portugueses, pagando o mussoco ou imposto de palhota, permitindo a livre
circulação de tropas nos seus territórios e fornecendo homens para as tropas auxiliares portuguesas, mas outros
chefes de tribo (Manhiça, Magaia, Zixaxa ou Moamba) obedeciam a Ngungunhane, de quem eram vassalos.
Foi nesse contexto, que a revolta iniciou, despoletada por um conflito que surgiu na tribo Magaia entre o chefe
Mahazul, vassalo de Ngungunhane, e Maveja, aliado dos portugueses.
Mahazul alia-se a Nwamatibyane da tribo Zihlahla, e juntamente com Angundjuane de Moamba resolvem atacar
Lourenço Marques. Em Agosto de 1894, os rongas de Lourenço Marques, liderados por Mahazul,
Nwamatibyane e Angundjuane cercaram durante mais de dois meses Lourenço Marques, preparando o assalto à
cidade.
A 14 de Outubro de 1894, Nwamatibyane, Mahazul e Angundjuane atacaram a cidade de Lourenço Marques,
forçando os portugueses a refugiar-se na fortaleza. A cidade foi saqueada e a fortaleza cercada, sendo a sua
queda impedida pelo bombardeamento feita pelos navios de guerra a partir do porto, que obrigaram ao
levantamento do cerco e à retirada dos sitiantes para Marracuene.
A missão de conquista do Sul de Moçambique foi incumbida a António Enes, que baseou a sua acção no
seguinte:
Fazer surgir pela força o prestígio português nos pequenos regulados;
Fazer alianças com os chefes submetidos ou amedrontados para cercar Gaza e dominar Ngungunhane,
mas não romper as hostilidades até estabelecer um dispositivo militar que permitisse agir com
segurança.
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A primeira etapa da conquista colonial foi Marracuene, que como muita dificuldade conseguiram vencer, depois
da célebre batalha de Marracuene, de 2 de Fevereiro de 1895. Em seguida Moamba e Matola aliaram-se aos
portugueses e atacaram Zilhalha e Magaia que se refugiaram em Gaza.
A conquista de Gaza
O estado de Gaza era a principal ameaça ao plano de ocupação dos portugueses. O plano de António Enes para
a ocupação de Gaza envolveu demarches diplomáticas e militares.
A nível diplomático o plano de Enes consistiu no envio de emissários para estabeleceram contactos com
Ngungunhane com os seguintes objectivos:
Convencer o rei de Gaza de que não haveria ataques ao seu território de modo a impedir que se
preparasse militarmente;
Impedir a aliança do rei de Gaza com a Companhia de Moçambique, para a cobrança de impostos
no seu território;
Evitar o estabelecimento de negociações com a British South Africa Company.
Enquanto decorriam os esforços diplomáticos os portugueses foram também se preparando militarmente para
o ataque.
Quando todos os preparativos para a intervenção militar se achavam concluídos os portugueses decidiram atacar.
Justificando o ataque como represália pela recusa de Ngungunhane em entregar os chefes fugitivos, os
portugueses lançaram o ataque em três frentes:
07/09/1895 - uma coluna que partiu do Sul travou com as tropas de Ngungunhane a batalha de Magul,
onde se encontrava Nwamatibyane.
10/ 1895 – quadrilha de embarcações entra pelo Limpopo e submete Bilene e Xai-Xai;
07/11/1895 – uma coluna parte de Inhambane e trava a batalha de Coolela, com as tropas de Gaza,
próximo da capital Mandlakazi que foi incendiada.
Na sequência deste ataque o estado ficou desorganizado e Ngungunhane refugiou-se em Chaimite com os seus
chefes fiéis. A maioria dos outros chefes aliaram-se aos portugueses.
Em Dezembro de 1895, Mouzinho de Albuquerque foi nomeado governador do distrito militar de Gaza e, no
final do mesmo mês, Mouzinho descobriu o esconderijo de Ngungunhane e prendeu-o, levando para Lisboa, de
onde foi deportado para a ilha de Açores, onde morreu em 1911.
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A prisão de Ngungunhane não pôs fim definitivo à resistência no estado de Gaza. O exército de Gaza continuou
a resistir sob a liderança de Maguiguane Cossa com o objectivo de restaurar a monarquia e eliminar a dominação
colonial.
A 27 de Julho de 1897 as tropas de Maguiguane foram derrotadas pelo exército português, chefiado por
Mouzinho de Albuquerque. Mais a Sul o reino Maputo foi conquistado em Fevereiro de 1896 e o seu rei
Nguanaze refugiou-se na África do Sul.
Criada a Primeira Companhia de Moçambique, Paiva de Andrade iniciou contactos com as aristocracias locais
mais influentes tentando obter concessões.
1889 – Acordo com Ngungunhane pelo qual reconhecia à Companhia direitos mineiros em Manica. Contudo a
presença portuguesa no interior continuou muito frágil.
Entre 1889 e 1891 as acções de conquista foram interrompidas devido às disputas entre os portugueses e
ingleses, só ultrapassados com a assinatura do acordo de fronteiras entre Portugal e Inglaterra, de 27 de Junho de
1891.
Terminados os conflitos entre Portugal e Inglaterra a Companhia de Moçambique retomou os esforços para a
ocupação das terras de Manica. Vejamos as principais acções nesse sentido:
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Filho de Cambuemba atacou Gorongosa com uma força de 2000 homens, mas
sem sucesso.
1896
Cambuemba assinou acordos com Massangano e Báruè para o fornecimento
de armas e em 1897 tinha um exército de 5 a 10 mil homens.
Revolta chefiada por Cambuemba - portugueses expulsos dos prazos de Bandar,
Tambara, Inharruca e Sone, e bloqueada a navegação do Baixo Zambeze.
Maio de
Cambuemba e seus aliados Gizi e Luís de Gorongoza derrotados e forçados
1897
a refugiar-se em Báruè.
Após a queda dos estados militares, Báruè passou a ser o único estado, em Manica e Sofala, fora do controlo dos
portugueses e, por isso, começou a preocupar a coroa portuguesa, que decidiu intervir.
30 de Julho de 1902 – três pelotões de soldados portugueses e africanos e 2000 soldados de reserva invadiram
Báruè. A tropas africanas comandadas por Hanga, Mafunda, Cambuemba, Cabendere e outros foram derrotadas
no final do ano e aí instalada a administração colonial.
Porquê a derrota?
A Revolta de Báruè
A derrota de 1902 não foi definitiva. Novas acções de resistência como os levantamentos contra o mussoco, as
fugas para fora do país e outras continuaram a registar-se. O ponto mais alto da resistência nesta fase foi atingido
com a Revolta de Báruè de 1917/8.
Causas
- A construção de uma estrada ligando Tete a Macequece passando por Báruè e o recrutamento de
camponeses para trabalharem nas obras em regime forçado;
Os constantes aumentos dos impostos a que os camponeses estavam sujeitos;
A decisão do governo português de recrutar 5000 homens para a guerra contra os alemães.
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Face a estes acontecimentos os principais chefes de Báruè, nomeadamente, Nongué-Nongué e Macossa
decidiram reorganizar o exército para lutar contra os portugueses.
A rebelião começou em Março de 1917, durante mais de 3 anos afectou diversas regiões e foi reprimida
em Novembro de 1920, devido:
À Incorporação de soldados Nguni e de mercenários vindos da Rodésia do Sul;
Conflitos e deserções entre os membros da elite da resistência.
A Ocupação de Nampula
As primeiras tentativas de ocupar Nampula foram conduzidas por Mouzinho de Albuquerque, contra a região da
Makuana em 1896 e 1897. Estas acções fracassaram devido:
- À adopção de uma estratégia comum contra a ocupação pelos chefes locais;
- Os grandes amuene Makua (Mucutu-munu, Komala e Kuphula e os xeiques Molid-Volay, Faralay, Suali
Bin Ibrahimo) souberam dirigir uma guerra popular, devido à grande coesão social que a estrutura social
e ideológica e linhageira conferia a essas confederações guerreiras.
Em 1905, os portugueses esboçaram um novo plano de ocupação que consistia na penetração em profundidade,
seguindo os vales dos rios, por linhas perpendiculares à costa. Assim, os portugueses obtiveram o apoio de
alguns chefes tradicionais do interior que estavam em conflito com os reinos esclavagistas da costa. Assim,
processou-se a ocupação de Nampula, partindo da costa para o interior e do Norte para o Sul.
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A ocupação do Niassa e Cabo Delgado
A ocupação das actuais províncias de Cabo Delgado e do Niassa efectivou-se em quatro fases:
1. ª fase - Os portugueses partem do Ibo para o continente e assinam tratados de vassalagem com os chefes
locais, de modo a reclamarem diante dos seus concorrentes o Norte como seu.
2. ª fase - Após a entrega formal do Niassa e Cabo Delgado à Companhia do Niassa(1891), esta programou o
início da ocupação para 1899. Neste ano iniciaram incursões militares para ocupar Niassa, com a destruição da
povoação do chefe Mataca e ergueu um posto militar em Metarica. Entre 1900 e 1902 a companhia ocupou
Mesumba e Metangula. A conquista foi travada pela resistência popular que levou à expulsão dos representantes
da Companhia de várias regiões entre o rio Lugenda e o Lago Niassa
3. ª fase - Depois de 1910, quando a Companhia conseguiu mais dinheiro, reiniciou a ocupação, atacando
território de Mataca e destruindo aldeias. Foi instalado um posto militar em Oizulu e, em 1912, tentou-se a
ocupação total de Cabo Delgado e Niassa.
4. ª fase - Depois da I Guerra Mundial e aproveitando os meios e as infraestruturas utilizados durante aquele
conflito os portugueses conseguiram penetrar no planalto de Mueda e submeter os Macondes. Assim, terminava
a resistência no Norte de Moçambique e consumava-se a ocupação da região.
Para os teóricos do colonialismo, após a extinção da condição de “liberto”, as relações de trabalho baseavam-se
no princípio da “liberdade de trabalho”, que dizia: “doravante ninguém tem a obrigação de trabalhar”. Por
outras palavras: permitia-se ao “indígena” a “liberdade de continuar a viver no estado selvagem”.
Neste contexto, em 1894, Portugal iniciou a publicação de leis visando a construção das infra- estruturas do
estado colonial e o enraizamento da filosofia governativa e dos princípios administrativos desse estado, servindo
as necessidades do capital internacional.
1894 – publicado um decreto que substituía a pena de prisão pela pena de trabalho correccional. O trabalho
correccional foi reinstituído pelos códigos de trabalho rural de 1899, 1911, 1914 e 1926, passando a ser uma
punição específica para os “indígenas”.
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(...) Todos os indígenas das províncias ultramarinas portuguesas são sujeitos à obrigação moral e legal, de
procurar adquirir pelo trabalho os meios que lhes faltem, de substituir e de melhorar a própria condição social.
Têm plena liberdade de escolher o modo de cumprir essa obrigação, mas, se não cumprem de modo algum, a
autoridade pode impor-lhes o seu cumprimento. Essa exigência legal
Aetxrapnlicsiftoavrma aa çfuãnoçdãoe dMooeçsatamdboiqcouleonniaulmpaortcuogluóênsia: sdeervpirroodcuaçpãitaol.foi
acompanhada de dois pressupostos:
As colónias deviam produzir matérias-primas e, por
C ó d i g o d e Tr a ba lh o R u r al
cons e q u ê n c ia , a s c o ló ni a s deviam “produzir” os produtores dessas matérias-
primas;
Os produtores dessas matérias-primas pertencem às raças inferiores e, como membros das raças
inferiores, deviam trabalhar para as raças superiores.
Os postos administrativos eram unidades políticas de base assegurados pelos régulos. O régulo era o elo de
ligação entre as populações de base e os portugueses, e tinha como funções:
a) Controlar o movimento do regulado;
b) Cobrança de impostos (mussoco e palhota);
c) Recenseamento da mão-de-obra;
d) Proibir o fabrico de bebidas alcoólicas.
O estado colonial não se limitou a legislar sobre a obrigação moral e legal de os nativos trabalharem. Organizou
seus aparelhos repressivos (administração, exército, polícia, tribunais e prisões), com a função de garantir, pela
violência, a disponibilidade da força de trabalho.
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4.3.2. A Economia Colonial em Moçambique
A exploração das colónias portuguesas aconteceu num contexto específico em que Portugal não era potência
capitalista mas conseguiu ser potência colonial. Assim, foi através do apadrinhamento concedido pelo grande
capital internacional e de um complexo jogo de concessões e de alianças tácticas com as diversas potências
coloniais que Portugal levou a cabo a conquista e ocupação, bem como a exploração de suas riquezas.
Assim, o estado colonial português surgiu como medianeiro entre o imperialismo na caça do sobre lucro colonial
e os recursos humanos e naturais de Moçambique. Com efeito, Portugal cedeu dois terços do território
moçambicano às companhias, recebendo uma parte dos lucros e autorizou o recrutamento nas áreas sob seu
controlo, o estado cobrando taxas de recrutamento às companhias autorizadas a efectuá-lo.
A instalação de companhias em Moçambique foi uma imposição colocada pela debilidade económica de
Portugal.
Após a Conferência de Berlim de 1884/5, Portugal empenhou-se mais na missão de conquista e subjugou
finalmente os estados militares. Em 1886 os portugueses subjugaram sucessivamente Massangano (1886),
Macanga (1889), Tete, Zumbo, Maganja, etc.
Em 1888 o Governo português nomeou uma comissão para estudar as reformas a introduzir nos prazos. O
relatório produzido aconselhava que se fizesse de Moçambique uma colónia de plantação e propunha que fosse
mantido o sistema de prazos para incrementar o sistema de plantações e a cobrança de uma parte do mussoco em
trabalho.
Com base no relatório, em 18 de Novembro de 1890, António Enes publicou um decreto que introduzia a
obrigatoriedade de se pagar uma parte do mussoco em trabalho.
Com este decreto, António Enes reeditava os prazos, o que aliado à modernização do mussoco, foi um atractivo
ao capital internacional para a Zambézia. Deste modo, o período posterior foi marcado pela coexistência entre o
capital e os mecanismos pré-capitalistas, expressos no prazo.
49
A legislação de 1890 deu origem à formação de sociedades por acções, as companhias. A estas o estado
português transferiu os encargos da administração como forma de aliciar e minimizar as despesas.
Entre 1897 e 1908, os estados locais continuavam sob liderança dos seus reis, por isso a Companhia não teve
condições para desenvolver as suas actividades. Assim, os grupos financeiros foram desistindo da companhia,
que passou pelas mãos de três grupos financeiros:
Ibo Sindicate adquiriu, em 1897 injectou capital, reorganizou a Companhia, foi e passou a sede da
administração para Ibo.
Em 1899 - Ibo Investiment Trust. Depois de uma expedição para ocupar o Leste do lago Niassa
dissolveu-se em 1902, por não vislumbrar grandes possibilidades de lucro.
1908 - Nyassa Consolidated. Este grupo dedicou-se à exportação de força de trabalho para a África do
Sul. Por este grupo foram relançadas as campanhas de ocupação. Em 1912 Mataca caiu, finalmente a
resistência popular continuou, o que desencorajou a permanência daquele grupo.
50
Em 1913 a Companhia passou para um consórcio bancário alemão, mas com o início da primeira Guerra
Mundial a Inglaterra confiscou as acções àquele grupo e vendeu-as a um grupo financeiro inglês.
A ocupação das terras entregues à Companhia só se tornou afectiva após a I Guerra Mundial (cerca de 1920),
portanto quando faltavam cerca de nove anos para o fim do período de concessão, o que fez com que não
houvesse qualquer interesse em desenvolver actividades como as plantações e outros empreendimentos cujos
resultados só começariam a aparecer já no final do contrato.
A exploração do Niassa e Cabo Delgado levada a cabo pela Companhia limitou-se a actividades especulativas,
tais como a exportar mão-de-obra, cobrança de impostos, taxação das mercadorias em trânsito e utilização do
trabalho forçado.
A formação desta Companhia foi o culminar de um longo processo iniciado em 1878 por Joaquim Paiva de
Andrade e culminou a atribuição de poderes majestáticos em 11 Fevereiro de 1891.
Direitos da companhia: monopólio do comércio; exclusivo das concessões mineiras e de pesca ao longo da costa;
cobrança de impostos; construir e explorar vias de comunicação; concessão a terceiros dos encargos derivados
de privilégios bancários; direitos de transferência de terras a pessoas singulares ou colectivas.
Ao Governo Português cabia: 10% dos dividendos distribuídos e 7.5% dos lucros líquidos totais; tinha também o
direito de recuperar o território uma vez expirado o prazo e a Companhia obrigava-se a manter-se portuguesa no
estatuto e a instalar a sua sede em Lisboa.
O capital estrangeiro sujeitava-se ao controlo português através de dois mecanismos principais: (1) imposição de
um corpo administrativo de maioria portuguesa; (2) obrigatoriedade de ratificação, pelo governo português das
leis e regulamentos implementados no território cedido a Companhia.
A tomada de posse da Companhia foi em Maio de 1892, com o fim da exploração do marcado para 1942.
51
Os impostos
A cobrança de impostos constituiu uma das primeiras acções rumo à transformação da economia camponesa
numa economia de mercado. Pelo sistema de impostos as autoridades coloniais pretendiam, por um lado, coagir
os camponeses a empregarem-se como assalariados e, por outro, adquirir receitas para a Companhia.
No território da Companhia de Moçambique, existiam duas modalidades de impostos, nomeadamente, o
mussoco e o imposto de palhota.
As concessões de terras
Uma das fontes de rendimento da Companhia foi o arrendamento de terras a outras companhias ou aos colonos.
Em geral as terras eram adquiridas para:
Construção (transportes) - As concessões nesta área foram feitas a The Beira Railway, que construiu a
linha férrea Beira - Macequece, cujas obras terminaram em Julho de 1900 e a The Port of Beira
Development Corporation construiu o porto da Beira entre 1925 e 1929.
Prática da agricultura - a Companhia cedeu terras a algumas companhias, aos colonos bem, como
manteve algumas terras nas mãos dos camponeses africanos. Deste modo, a agricultura nos territórios
da companhia de Moçambique desenvolveu-se a três níveis: a nível das companhias arrendatárias
(Companhia de Gorongosa, Companhia de Luabo, Sociedade Açucareira da África oriental, Companhia
colonial do Búzi, etc.), que receberam terras da Companhia; a nível da população colona; e ainda a nível
da pequena produção familiar camponesa.
Mineração - adquiridas, na zona de Macequece (distrito de Manica), tendo sido o ouro o principal
minério que se procurava. A fraca rentabilidade das minas e a falta de capitais não permitiram grandes
resultados, tendo muitas empresas caído na bancarrota.
O capitalismo colonial só podia se desenvolver através do domínio e exploração do trabalho assalariado nas
plantações, nas farmas, explorações mineiras e noutros sectores da economia.
Para obrigar os camponeses a tornarem-se assalariados foi necessário recorrer à violência não económica e
também ao trabalho forçado.
A primeira medida tomada para a compelir o campesinato para o trabalho assalariado foi a introdução do
imposto em dinheiro. Para centralizar o recrutamento e a distribuição de mão-de-obra foi criada, 1895, a
Inspecção-Geral dos Negócios Indígenas, repartição central responsável pela direcção superior de todos os
assuntos relativos às relações com a população africana, particularmente na
52
cobrança de impostos, fornecimento de trabalhadores para os serviços da Companhia e de particulares, bem
como a relação com os chefes tribais.
Em 1907 entrou em funcionamento a principal legislação de trabalho aprovada pelo Governo português para o
território, nomeadamente, o Regulamento Geral do Trabalho dos indígenas no território da Companhia de
Moçambique, o Regulamento para o fornecimento de indígenas a particulares no território de Manica e Sofala e
o Regulamento para o recrutamento de indígenas de Manica e Sofala.
A partir da segunda metade do século XIX, a economia do Sul de Moçambique começou a ser influenciada pela
expansão da economia capitalista que se verificava nas colónias britânicas do Cabo e Natal e nas repúblicas
bóeres do Transval e Estado Livre do Orange (Orange Free State).
As plantações de cana-de-açúcar do Natal (1850) e a indústria mineira de diamantes de Kimberley
53
(1870) constituíram os principais polos de atracção da força de trabalho moçambicana.
54
1884- Conferência de Berlim.
1885
12 de Outubro. Tratado entre Portugal e Ngungunhane em que este reconhece a
1885
soberania portuguesa e se reconhece vassalo de Portugal.
Maio. Convenção de limites entre França e Portugal em que o primeiro reconhecia
a soberania portuguesa nos territórios entre Angola e Moçambique.
1886
Dezembro. Tratado entre Portugal e Alemanha reconhecendo o direito de Portugal
exercer a sua influência entre Angola e Moçambique.
1887 Publicação do Mapa Cor-de-Rosa.
30 de Junho. Delimitação da fronteira entre Moçambique e Swazilândia.
1888
Outubro-Dezembro. Expedição de Paiva de Andrade a Gaza.
1888- Expedições portuguesas para a ocupação de territórios em disputa com a
1889 Inglaterra no Lago Niassa, Chire e Manica
1889 Fundada a British South Africa Company (BSAC) por Cecil Rhodes.
Fev/Nov. Expedição de Paiva de Andrade a Manica e Rodésia (planalto do
Zimbabwe).
1889- Nov./Jan. Conflito Luso – Makololo.
1890
1890 11.de Janeiro. Ultimato britânico a Portugal.
20 de Agosto. Primeiro tratado de fronteiras luso-britânico sobre os limites e áreas
de influência. Não é rectificado por Portugal.
14 de Novembro. Assinatura de um Modus-Vivendi entre Portugal e Inglaterra a
vigorar até à assinatura de acordo de fronteiras.
15 de Novembro. Prisão de Paiva de Andrade e Manuel de Sousa em Macequece
19 de Novembro. Ocupação Britânica de Manica
1991 11 de Junho. Tratado de fronteiras entre Portugal e Inglaterra.
1893 Modus-Vivendi enquanto o acordo de 11 de Junho não é aplicado.
1895 Acordo fixa definitivamente a linha de fronteira na região dos Amatongas.
Acordo secreto entre Inglaterra e Alemanha sobre a partilha de Angola e
1898
Moçambique.
Acordo entre Portugal e Inglaterra sobre a neutralidade portuguesa na guerra
1899
Anglo-Boer em troca da protecção inglesa aos territórios ultramarinos portugueses.
55
As Companhias
Trabalho Migratório
56
Descoberta das minas de diamantes em Kimberley – intensifica-se a migração de
1867
moçambicanos para a África do Sul.
1877 Oficializada migração para o Natal e Cabo.
Governo português declara livre e legal a emigração de trabalhadores
1885
contratados, através do porto de Inhambane.
Descoberta das minas de ouro de Witwatersrand – intensifica-se mais ainda a
1886
procura de mão-de-obra.
1889 Formada a Câmara das minas na África do Sul.
1891 Governo português institui o uso do passaporte.
Mouzinho de Albuquerque autoriza a emigração voluntária para a África do Sul.
1896
Criada pela Câmara das minas a “Rand Native Labour Association” (WENELA).
18 de Novembro. “Regulamento para o engajamento de indígenas da Província
1897
de Moçambique para o trabalho na República Sul-Africana”.
1899-1902 Guerra anglo-boer. Paralisa a indústria e o recrutamento de mão-de-obra diminui.
Assinatura de um Modus-Vivend.
1901
WENELA obtém direitos exclusivos de recrutamento.
Criada a Intendência dos Negócios Indígenas e Emigração junto ao Governador –
1903
Geral.
Criada a Secretaria dos Negócios Indígenas (SNI) que passou a supervisionar o
1907
recrutamento de trabalhadores para as minas e para o uso interno.
1909 Convenção de 1909 entre Moçambique e o Transvaal.
Criada a Intendência dos Negócios Indígenas e Emigração em Lourenço
1910
Marques.
Proibido o recrutamento de trabalhadores para o Transvaal a Norte do paralelo
1913
22º S.
1914 4 de Julho. Acordo suplementar ao de 1913.
1921 Brito Camacho, Alto-comissário em Moçambique denuncia a Convecção de 1909.
1923 Modus-Vivendi com base na convenção de 1909.
Convenção entre Portugal e África do Sul sobre o trabalho migratório que propôs
1928
restrições ao recrutamento.
Política Laboral
57
Substituição da pena de prisão pela de trabalho correccional.
1894
O imposto de palhota passa a ser obrigatoriamente pago em dinheiro.
Código de Trabalho de António Eanes aplicável nas áreas sob controlo do governo
1899
Consagrado o princípio do trabalho obrigatório/compelido.
1911 Novo código de trabalho repete quase integralmente o de 1899.
Proibido o recrutamento de trabalhadores para a África do Sul a Norte do paralelo
22ºS.
1913
4 de Outubro. Determinada a inscrição dos indígenas que prestam serviço dentro da
área da cidade e seus subúrbios.
1914 Regulamento Geral do Trabalho dos Indígenas das colónias portuguesas.
Portaria do assimilado diferencia “indígena” do “não indígena”.
1917
Greve dos trabalhadores ferroviários de Moçambique.
Proibida a apresentação em Lourenço Marques de qualquer indígena sem livre-
1918
trânsito.
1919 Publicado o 1º Regulamento de Identificação que introduziu o “Bilhete de Identidade”
Greve do pessoal dos carros eléctricos de Lourenço Marques.
1920
Greve dos trabalhadores ferroviários de Lourenço Marques.
Greve dos estivadores de Lourenço Marques.
1925
Greve dos trabalhadores ferroviários de Lourenço Marques.
Introduzida a “Caderneta de Identificação e Trabalho” (Caderneta Indígena).
1926 Cultivo forçado do algodão.
Greve dos trabalhadores do porto da Beira.
1928 “Código do Trabalho dos Indígenas das Colónias Portuguesas de África”.
EXERCÍCIOS
1. Assinale a razão que levou Portugal a atribuir, aos senhores de terras, títulos de
capitão e sargento-mor no século XIX.
A. “gratificação” pela entrega, à coroa, das terras conquistadas em guerras ou raides de caça ao
escravo.
B. Era uma forma de atrair o capital internacional.
C. Forma de protesto contra a fixação de estrangeiros no Chire e Báruè e do estabelecimento
da BSAC na Mashonalândia.
D. Forma de Portugal precaver-se da ameaça que a fixação de estrangeiros representava
58
e garantir o controlo do Zambeze.
4. Em 1888 o Governo português nomeou uma comissão para estudar as reformas nos
prazos cujo relatório aconselhava:
A. A criação de companhias majestáticas em Moçambique.
B. Tornar Moçambique colónia de plantação e manter os prazos.
C. Fazer de Moçambique uma colónia de plantação e acabar com os prazos.
D. Atrair capitais portugueses para desenvolver plantações.
6. No Centro a única região onde Portugal tinha alguma autoridade e tentava impor uma
administração directa e cobrar o mussoco era:
A. Quelimane B. Sofala C. Sena D. Tete
59
A. Companhia de Moçambique. C. Companhia da Zambézia.
B. Companhia do Niassa. D. Companhias majestáticas.
10. Um dos mecanismos que o governo português encontrou para controlar o capital
estrangeiro nos territórios da Companhia de Moçambique foi:
A. Imposição de um corpo administrativo de maioria portuguesa.
B. Instalar a sede da companhia em Lisboa.
C. Manter a companhia portuguesa com a sua sede em Lisboa.
D. Instalar a companhia em Manica e Sofala.
60
11. A cobrança de impostos constituiu uma das primeiras acções rumo à transformação
da economia camponesa numa economia de mercado porque…
A. Através dos impostos as autoridades coloniais pretendiam coagir os camponeses a trabalhar
como assalariados.
B. No território da Companhia de Moçambique existiam duas modalidades de impostos.
C. O mussoco era uma renda em géneros já tradicional entre as populações locais.
D. O imposto de palhota foi introduzido em 1892, sendo inicialmente pago de forma facultativa
em dinheiro ou em géneros.
15. Os objectivos dos agricultores colonos em Manica e Sofala nas lutas de classes de
1913-1936 eram:
A. Transformar os camponeses em trabalhadores assalariados.
B. Transformar os camponeses africanos em força de trabalho barato.
C. Impedir a produção do milho por parte dos camponeses africanos.
D. Alargar as terras dos camponeses africanos.
16. A Comissão Directora do Comércio de Milho foi criada como um órgão de:
A. Coordenação agrícola para a assistência directa aos agricultores.
B. Preservação e protecção do mercado local e externo do milho.
C. Criação de incentivos ao campesinato africano através da discriminação de preços.
D. Expropriação dos camponeses africanos a favor dos colonos.
6
17. Os regulamentos da principal legislação dos territórios de Manica e Sofala vieram:
A. Introduzir o recrutamento de moçambicanos para a África do Sul.
B. Acabar com o trabalho forçado nos territórios de Manica e Sofala.
C. Estabelecer um sistema de descentralização da força de trabalho.
D. Proibir o recrutamento para fora de Manica e Sofala.
18. A Associação dos Agricultores de Manica e Sofala era uma organização que:
A. Englobava os agricultores colonos e os pequenos agricultores africanos.
B. Foi lhe proibida qualquer representação da Repartição do trabalho Indígena.
C. Protegia os interesses dos agricultores colonos.
D. Protegia as grandes plantações.
6
24. O grupo financeiro interessado no recrutamento de mão-de-obra para as minas foi:
A. Ibo Investment Trust C. Niassa Investment Trust
B. Niassa Consolidated; D. Ibo Consolidated
26. Uma das formas de exploração usada pela Companhia do Niassa foi:
A. Exportação de mão-de-obra
B. Monopólio das taxas aduaneiras de importação e exportação
C. Pagamento de impostos em numerário e género
D. Pagamento de impostos em numerário e recrutamento da mão-de-obra
6
30. A principal disposição da cláusula do paralelo 22º era a:
A. Proibição do recrutamento ao Norte do paralelo 22º
B. Proibição do recrutamento a Sul do paralelo 22º
C. Garantia o monopólio do recrutamento à WENELA.
D. Recrutamento de trabalhadores do Sul e do Norte do paralelo 22º.
6
A. O governo sul-africano deixou de fazer o pagamento diferido.
B. O Malawi interrompeu o envio de mão-de-obra a RSA - 1974.
C. Houve desinteresse dos sul-africanos, malawianos e tswanas.
D. Moçambique proclamou a sua independência.
6
UNIDADE DIDÁCTICA 5 O COLONIAL – FASCISMO: 1930 – 1974
SÍNTESE
O “Nacionalismo Económico” centralizou os poderes legislativo e financeiro nas mãos do Ministro das
Colónias e visava colocar Portugal a par das restantes potências colonizadoras, sobretudo em termos de
capacidade de dominar e explorar os territórios ultramarinos.
Tendo em conta estes objectivos, Portugal tomou uma série de medidas a nível político, económico e
social.
Política
Publicou o Acto Colonial de 1930 que fez cessar os privilégios políticos das grandes companhias
majestáticas, o que levou a não renovação das amplas concessões obtidas antes de 1930.
Em 1933 foi tornada pública a Reforma Administrativa Ultramarina, pela qual a administração local ficou
sujeita ao mandato efectivo de Lisboa, assegurando-se, assim, os interesses da burguesia portuguesa.
A administração da colónia foi unificada estabelecendo-se uma hierarquia que ia do governador-geral ao
régulo. Neste processo, José Tristão Bettencourt, governador-geral desde 1940, desempenhou um
trabalho notável na dinamização do aparelho estatal colonial, coordenando todas as actividades que
beneficiassem Portugal.
6
Assinatura do Acordo Missionário e da Concordata com a Santa Sé pelos quais a igreja Católica assumiu
a responsabilidade de civilizar e instruir os indígenas.
Economia
O estado colonial passou a dominar toda a política laboral, especialmente através da Direcção dos
Serviços e Negócios Indígenas; tomou igualmente a responsabilidade da execução dos recenseamentos,
da cobrança de impostos, etc.
Com vista a dinamizar o desenvolvimento da indústria têxtil portuguesa, foi introduzido a cultura
forçada de algodão em 1926, sendo os camponeses obrigados a vendê-lo a preços e quantidades
estipulados pelo estado colonial, a concessionárias portuguesas (Junta de Exportação de Algodão
Colonial, criada em 1938).
Mais tarde, seria introduzida a cultura do arroz nos mesmos moldes.
Uma das principais fontes de rendimento do estado colonial português era o imposto. O estado colonial
aperfeiçoou a cobrança do “imposto indígena”, diversificou as modalidades e avolumou os seus
montantes – foi o que aconteceu em 1942 com a criação do imposto reduzido indígena para as mulheres
solteiras, viúvas ou divorciadas a mais de três anos.
A necessidade de exploração dos recursos de Moçambique após as companhias levou o estado colonial a
introduzir os planos de fomento:
- 1953-1958 Primeiro Plano de Fomento contemplando as áreas dos caminhos-de-ferro, portos e
transportes aéreos; o aproveitamento de recursos e povoamento (criação de colonatos). A principal
obra que surgiu no contexto deste plano de fomento foi a linha férrea Lourenço Marques –
Malvérnia (hoje Chicualacuala). O primeiro plano não previa investimentos nas áreas de
investigação científica, saúde pública e educação.
- 1959-1964 – Segundo Plano de Fomento – Privilegiou igualmente investimentos nos sectores
público e privado. A indústria continuava a não estar contemplada. Foram dirigidos alguns
investimentos para a saúde e melhoramentos locais.
Sociedade
6
esta diferenciação. Por exemplo, os cidadãos, asiáticos, mulatos e assimilados beneficiavam- se do ensino
ministrado nas escolas oficiais, enquanto aos indígenas estavam reservadas as escolas missionárias.
As práticas abusivas das autoridades coloniais levaram ao surgimento das mais diversas formas de
contestação ao regime tanto no campo como nas cidades. As fugas, greves, manifestações artísticas e
culturais, as manifestações estudantis e até a constituição de agrupamentos patrióticos de exilados, entre
outras são algumas formas que a resistência ao colonialismo em Moçambique assumiu até à década de
1960.
Em Moçambique a repressão fascista a todas as actividades políticas impediu que esses grupos se
constituíssem e actuassem a partir de Moçambique pelo que surgiram nos países vizinhos. O primeiro a
ser fundado foi a UDENAMO em Salisbúria – Rodésia (actual Zimbabwe) em 1960. No ano seguinte
foram fundadas a UNAMI em Dar-es-Salam (Tanzânia) e MANU em Mombaça (Quénia). Da unificação
destes três movimentos, surgiu a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) em 1962.
Após cerca de 2 anos de organização e preparação, iniciou a Luta Armada de Libertação Nacional
liderada pela FRELIMO. A guerra durou 10 anos e terminou com a vitória da FRELIMO, selada pelos
acordos de Lusaka no dia 7 de Setembro de 1974. Passados 9 meses, no dia 25 de Junho de 1975, foi
proclamada a independência de Moçambique.
6
Proclamada a independência, o novo estado seguiu uma orientação socialista, com uma
economia centralmente dirigida. Nesse âmbito, foram desenhados e implementados planos
económicos, entre eles: o Plano Estatal Central (PEC), o Plano Perspectivo Indicativo (PPI), o
Plano de Reabilitação Económica (PRE) e o Plano de Reabilitação Económica e Social
Afirmações V/F
6
5. O estado novo nasceu do golpe de estado de 1926 e consolidou-se em 1928
com a ascensão de Salazar a primeiro-ministro.
6. O estado novo nasceu do golpe de estado de 1930 e consolidou-se em 1933
com a ascensão de Salazar a primeiro-ministro.
7. Salazar manteve os laços com a África do Sul pois entendia que o corte desses
laços implicaria o fecho de uma importante fonte de riqueza.
8. Ao manter os laços com a África do Sul, Salazar pretendia manter o apoio a um
aliado tradicional.
9. Ao manter o envio de mão-de-obra a África do Sul, Salazar contou com o apoio
dos colonos.
10. Ao manter o envio de mão-de-obra a África do Sul, Salazar enfrentou protestos
dos colonos, que reclamavam a falta de trabalhadores para as suas herdades.
11. As bases da assimilação em Moçambique foram lançadas pelo ensino
missionário para os africanos.
12. A assimilação dos africanos teve as suas origens no acto colonial de 1930.
13. A assimilação pretendia arrastar parte dos africanos a favor da portugalidade
servindo de ponte entre a população da colónia e o poder colonial.
14. A portugalização foi sempre limitada para evitar que os assimilados
reivindicassem direitos iguais aos brancos.
15. Com a portugalização os assimilados tinham direitos iguais aos brancos e
tinham livre acesso às cidades.
16. Os camponeses usavam os meios de produção da companhia mas podiam
vender a colheita à companhia que lhes pagasse melhor.
17. Os camponeses usavam os meios de produção da companhia que lhes
forneceu as sementes e eram obrigados a vender a colheita à mesma.
18. Os camponeses usavam os seus próprios meios de produção e vendiam a
colheita à companhia que lhes pagasse melhor.
19. Os camponeses usavam os seus próprios meios de produção e vendiam a
colheita à companhia que forneceu as sementes.
II. Relacione.
20. Relaciona cada um dos nacionalistas à sua obra:
1. Eduardo Mondlane A. Um dos fundadores da UDENAMO
2. José Albazine B. Foi membro fundador da FRELIMO
3. José Craveirinha C. Um dos fundadores do NESAM
7
4. Adelino Guambe D. Promotor da unificação dos movimentos
nacionalistas e formação de uma frente única
5. Marcelino dos Santos E. Um dos fundadores do jornal “Brado Africano”
24. Qual era a explicação das autoridades coloniais para a separação entre ensino
missionário e o ensino oficial?
A. Os africanos ainda estavam por civilizar enquanto os brancos mulatos e assimilados já eram
civilizados.
B. As crianças africanas entravam tarde na escola da missão;
C. As crianças africanas reprovavam muito;
D. O limite de idade para o ingresso na escola secundária era 12/13 anos e o custo das propinas
era insuportável para os africanos.
7
C. Ascensão de Salazar ao poder e implantação do fascismo em Portugal.
D. Ocupação de mais colónias em África, Ásia e América.
27. Quais eram as obrigações das colónias portuguesas no âmbito do Estado Novo de
Salazar?
A. Fornecer força de trabalho para as empresas capitalistas e dos colonos.
B. Abrigar nacionais portugueses relegados ao desemprego.
C. Reduzir o poder das companhias, reduzindo-as à sua base produtiva.
D. Produzir matéria-prima para vender à metrópole em troca de produtos
manufacturados.
28. Que medidas tomou o Estado Novo para acelerar a acumulação de capital?
A. Destroçou as organizações do proletariado e tentou integrá-las no sistema corporativo.
B. Atraiu capitais estrangeiros para minimizar a escassez interna.
C. Estimulou as organizações do proletariado e tentou integrá-las no sistema corporativo.
D. Intensificou a exploração colonial e utilizou o intervencionismo estatal na economia.
7
31. Uma das consequências da crise económica mundial nas colónias foi:
A. Redução da produção e dos preços de matérias-primas.
B. Aumento da produção.
C. Aumento de preços, sobretudo do amendoim, milho, copra, açúcar e sisal.
D. Diminuição dos preços do caju e algodão.
34. O Acto Colonial renovou o papel especial da igreja católica na colonização, pois…
A. colocou fim a separação entre a igreja e o estado.
B. foi o primeiro documento que regulava as relações entre a igreja e o estado.
C. definia uma nova política que defendia a redução da dependência em relação ao capital
estrangeiro.
D. concedeu às missões católicas privilégios para se tornarem instrumentos de civilização e
influência nacional nas colónias.
7
TÓPICOS DE CORRECÇÃO/SOLUÇÕES
7
UNIDADE DIDÁCTICA 4 - O PERÍODO IMPERIALISTA
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. AAVV. (1983) - História de Moçambique. Agressão Imperialista, vol II, Maputo, UEM.
2. Bohaen, A. A. (ed) (1991). História Geral da África: A África sob dominação colonial, 1880- 1935,
vol VII. Paris: UNESCO/Ática.
3. Hedges, David (ed) (1993). História de Moçambique. Moçambique no auge do colonialismo, 1930-
1961, vol. III. Maputo: UEM.
4. Medeiros, E. (1988). As etapas da escravatura no norte de Moçambique. Maputo: Edição do Arquivo
Histórico de Moçambique.
5. Mondlane, E. (1995). Lutar por Moçambique. Maputo: Minerva central.
6. Newitt, M. (1997). História de Moçambique. Lisboa: Publicações Europa-América.
7. Nhampulo, T.(s.d). História 12ª Classe, Plural Editores, Maputo.
8. Souto, A. N. (1996). Guia Bibliográfico para o estudante da História de Moçambique. Maputo:
UEM/CEA.