CMNo Varejo 17
CMNo Varejo 17
CMNo Varejo 17
CM NOVAREJO
NO VAREJO
O mais importante no varejo para os mais importantes do varejo
17
mai/jun 2011 R$ 15,50
Ano 3
Vendendo dinheiro
ESTENDIDA
DE CRÉDITO
GARANTIA
CARTÕES
SEGUROS
42 ESPECIAL
SHOPPING CENTERS
O Sudeste ainda domina essa
indústria, mas o setor já chega
a destinos pouco explorados
8 74
60 COMPRAS COLETIVAS
As vendas são um sucesso, mas será que
os consumidores voltam após a oferta?
66 FRANQUIAS
A trajetória da Onodera, rede comandada
apenas por mulheres
74 DISTRIBUIÇÃO
Empresas de logística contam como
suplantam os principais problemas
54 8 PRATELEIRA
18 ARTIGO 12
20 CAPA
30 E-COMMERCE
32 BASTIDORES
34 ESTUDO
50 PERFIL
42
54 ESTRATÉGIA
70 MOBILIDADE
78 ANÁLISE
82 PERGUNTE
AO PRESIDENTE
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Qual é o ‘tamanho’ do
seu relacionamento?
Ana Carolina Bornhausen é sócia e diretora de
planejamento da Tee-hee Brasil, agência de marketing below the line
A máxima das campanhas feitas fora da grande
mídia – o marketing promocional, ou below the line,
é criar ações direcionadas a cada perfil de comprador.
Mas como mensurar os resultados reais dessas
empreitadas? A Tee-hee, agência criada por dois
europeus com sede na China, chega ao Brasil com a
promessa de medir o potencial do relacionamento
entre as empresas e seus clientes.
Por Thiago Borges
chá
jeito
novo
de
vender
Talchá reinventa
a maneira de
vender esta
bebida milenar
Comprar chá pode ser um programão. Desde novembro de 2010, no Shopping Higienópolis,
a Talchá dá um cheirinho especial ao corredor com seus 60 tipos de chá, dos mais exóticos
– Pu-erh, envelhecido como vinho em caves a R$ 85,00 (50 g) – aos com maior saída, como
os verdes, todos importados. A empreitada é fruto da frustração de Mônica Rennó, consu-
midora voraz de chás especiais, que largou o mercado financeiro para criar uma loja em que
a experiência de compra fosse completa. “Antes eu precisava viajar para fora para encontrar
o que queria”, conta. Lá também estão à venda utensílios e acessórios, e na frente funciona
o serviço de chá, que também serve acompanhamentos e refeições leves. O design da loja
também chama atenção ao dispor os produtos em nichos de uma estante que toma toda a
parede, no que Mônica chama de “biblioteca de chá”. O que está em jogo aqui é justamente
a sacada da loja: ambiente e apresentação dão uma cara toda especial para a venda de um
produto milenar. v
A rede de
fast-fashion
sueca,
presente
em mais de
40 países,
lança coleção
com pegada
sustentável
Só para a diretoria
Em abril, o Makro Atacadista inaugurou o Makro De olho no
Speciale Adega & Emporium na loja Iguatemi, em
Salvador (BA). Trata-se de uma área destacada dentro
consumo
da loja que expõe produtos nacionais e importados, de produtos
como vinhos, destilados, cervejas especiais, azeites,
frios, chocolates finos, cafés diferenciados, e outros.
gourmet,
O espaço segue um modelo voltado principal- Makro
mente para atender hotéis, restaurantes, bufês e
empresas de catering, além dos pequenos revende-
inaugura a
dores e dos consumidores finais. Grande parte dos décima loja
produtos é de importação exclusiva do Makro. Além
disso, também estão disponíveis utensílios e acessó-
com conceito
rios, como taças, copos, decanters e adegas climati- Speciale,
zadas. O espaço oferece ainda a consultoria gratuita
de sommeliers para orientação aos clientes profis-
dessa vez em
sionais na montagem da carta de vinhos ou na har- Salvador
monização com o cardápio do estabelecimento. Os
sommeliers também estão preparados para ajudar
os clientes que pretendem dar uma festa ou jantar Por Ticiana Werneck
em grande escala, sugerindo o tipo e a quantidade
de bebidas ideal.
Essa é a décima loja nesse formato inaugu-
rada no País e a primeira fora do eixo Rio–São Presente no Brasil há 39 anos,
Paulo. “Pensamos em Salvador pelo que a ci- o Makro é parte do grupo holandês
dade representa para o segmento gourmet na- SHV. A rede atacadista possui 76
cional. Buscamos atender o cliente profissional lojas espalhadas em 24 Estados,
que busca produtos diferenciados, assim como além de 70 restaurantes e 30
todos os apreciadores da enogastronomia”, postos de combustíveis
afirma Gustavo Delamanha, diretor de marke-
ting do Makro no Brasil. Fotos Divulgação
Franquear ou morrer!
Por Daniel Zanco O título pode parecer radical, mas como auditor de muitos processos e exigin-
se torna perfeitamente aplicável em alguns do evolução constante. Aderir ao sistema de
segmentos do varejo brasileiro. Passamos por franquias não é fácil. Além de uma grande li-
um processo de descentralização do potencial ção de casa jurídica,há outros pontos em que
de consumo, no qual o Nordeste e regiões o empresário brasileiro sente dificuldade.
afastadas do eixo Rio–São Paulo crescem a ta- Dentre eles, cito cinco:
xas maiores e com um potencial de consumo n Profissionalização Uma empresa
enorme, fazendo com que redes nascidas nos franqueadora tem de ser profissional se
grandes centros concentrem suas estratégias quiser atrair bons franqueados. Esses
de crescimento a milhares de quilômetros de franqueados avaliarão seu negócio antes
suas bases. Por outro lado, operações interna- de colocarem seu capital – muitas vezes
cionais globais olham para nós como um ce- resultado de uma vida de trabalho.
leiro de oportunidades, uma terra com poten- n Gestão por processos Cuidar de uma
cial de crescimento, cultura de fácil adaptação rede cinco ou dez vezes maior é uma
e moeda em fortalecimento. tarefa complexa, que só irá funcionar se
Nesse contexto, o varejista brasileiro é obri- os processos forem bem estabelecidos
gado a crescer para não morrer, ganhar escala e executados. Se há dificuldade de
e escopo para competir num ambiente mais padronização em unidades próprias,
competitivo e, quando a captação de recursos imagine em franquias autônomas.
não é tão simples quanto parece e a adaptação n Relacionamento Para quem sempre
regional muitas vezes pode fazer a diferença en- esteve acostumado a lidar com
tre o sucesso e o fracasso, as franquias apare- funcionários, ter um franqueado muitas
cem como solução perfeita. Crescer usando o vezes exigindo atitudes não é fácil.
capital de terceiros e o conhecimento local dos O negócio de franquias é totalmente
operadores pode dar às empresas a chance de dependente de relacionamento.
acelerar sua expansão, imprimir uma marca n Ansiedade É comum redes errarem pela
de amplitude nacional, aumentar seu poder ansiedade em abrir lojas, muitas vezes
de negociação com fornecedores e capacida- abrindo em locais não adequados ou
de de gestão e se proteger de concorrentes com franqueados fora do perfil ou pouco
Daniel Zanco é
especialista em
varejo e franchising, e
internacionais, geralmente mais profissio-
nais, eficientes e capitalizados.
sócio-diretor da Universo
O varejo brasileiro passará ainda por um
processo de profissionalização, que já co-
meçou com a abertura de capital. A informa-
lidade, que ainda permeia muitos negócios,
a gestão familiar centralizadora, o comodis-
mo, a ausência de processos e outras prá-
ticas tendem a diminuir ou sumir
quando uma rede opta por crescer
com franquias. O franqueado, que
muitas vezes é visto como um mal
necessário, é um grande fiscal da
gestão de sua empresa e passa a
capitalizados. O franqueador tem de ter a
Varejo Consultoria
www.universovarejo.com.br dividir com o varejista o risco pelo País. As oportunidades estão aí, a palavra de
sucesso de seu negócio, agindo ordem é crescer. Pense nisso e boas vendas! v
OS
Varejo avança
em parcerias para
ampliar a oferta de
serviços financeiros
e conquistar
clientes nas classes
de baixa renda
BANCOS
QUEREM
O VAREJO
POR ALEXANDRE MELO
DE CRÉDITO
GARANTIA
SEGUROS
CARTÕES
para leiloar sua valiosa carteira entre o Bradesco e o Itaú, Evolução 2011
e, por que não, um terceiro concorrente. 628.015
Cartões – milhares
Altos valores pagos às redes pelas instituições
Total
Variação % ano anterior 11%
para romper obrigação de exclusividade, remuneração
por emissão e ativação de cartões e margens de lucro Faturamento – R$ milhões 541.859
Variação % ano anterior 22%
maiores que as dos produtos vendidos nos pontos de
venda são detalhes importantes nessas negociações. “A Cartões – milhares 153.375
Crédito
associação entre rede e banco é um excelente negócio Variação % ano anterior 13%
para os dois lados. Nas operações maiores, o resultado Faturamento – R$ milhões 313.737
é dividido em 50%, na alegria e na tristeza”, diz Cesario Variação % ano anterior 23%
Nakamura, diretor da Bradesco Cartões. Cartões – milhares 249.293
A catarinense Supermercados Comper enxergou a
Débito
Variação % ano anterior 7%
chance de alavancar os resultados da empresa ao consti-
Faturamento – R$ milhões 159.647
tuir sociedade com o Bradesco na financeira CompCard.
Variação % ano anterior 24%
Hilgo De acordo com Sergio Uchoa Carrasco, gerente nacional,
Cartões – milhares 225.347
Rede/loja
Gonçalves, os riscos da operação eram apenas da instituição finan-
da Losango ceira. Faz seis anos que a rede mudou o rumo da parce- Variação % ano anterior 15%
“A venda de 68.475
seguros no ria, na qual cada um tem metade do capital, e a varejista Faturamento – R$ milhões
varejo brasileiro uma nova fonte de receita da venda de títulos de capitali- Variação % ano anterior 15%
é pequena zação, seguros e crédito consignado para aposentados e
quando Fonte: Abecs
comparada pensionistas. “O CompCard representa entre 15% e 20%
às demais da nossa receita bruta de R$ 1,345 bilhão. Mesmo com a oportunidade de oferecer serviços cujo risco não é tão
economias. os cartões bandeirados, conseguimos fidelizar o cliente, grande para a financeira”, pontua Carrasco.
Ainda há muito
espaço para pois a maioria prefere pagar ou solicitar a segunda via da
crescer” fatura na loja, garantindo fluxo maior de pessoas. Essa é Vantagens
Balanço da Abecs (Associação Brasileira das Em-
presas de Cartões de Crédito e Serviços) de 2010
mostra que os cartões emitidos pelo varejo foram
responsáveis pelo maior avanço do setor. Dos 628,015
milhões de plásticos do País, 249,293 milhões são de
débito (7% a mais que em 2009), outros 225,347 mi-
lhões são ligados aos lojistas (15%) e 153,375 milhões
têm a função crédito (13%).
Esse cenário é atestado pelo Bradesco, detentor
de uma base com 80 milhões de cartões. Desses, 50
milhões, ou 62%, são provenientes de parcerias com
30 varejistas que o segundo maior banco privado bra-
sileiro atende. A instituição ingressou no segmento em
2003, ao estabelecer o primeiro acordo com a gaúcha
Supermercado Dois Irmãos. Nakamura, do Bradesco,
diz que o gasto médio do cliente com cartão de rede é
menor em relação ao cliente do banco, mas a quanti-
dade de plásticos emitidos nas parcerias é importante.
Para o executivo, a curva de crescimento desse
filão continuará acima do mercado de cartões de cré-
dito. A razão é que companhias de médio porte estão
fazendo alianças com os bancos, sendo que a mais
recente foi com a cearense Pague Menos. Três me-
ses após contrato com a BV Financeira, a instituição
PRIVATE LABELS
Posição das varejistas
conforme volume de cartões
1º C&A
2º Riachuelo
3º Renner
5º Pernambucanas
6º Marisa
7º Hipercard
8º Carrefour
Fonte: Abecs/SD&W
que a função básica do private label Apesar da criação dito e seguros. A varejista lançou em
era reduzir o custo de administração de financeiras 2009 um cartão de crédito em socie-
para o varejo. “Fininvest e Losango pelas varejistas dade com o Itaú Unibanco. Pelo acor-
começaram as parcerias com o se-
tor há mais de 30 anos. No auge, a
não ser novidade, o do, receberá R$ 120 milhões, sendo
R$ 65 milhões pagos para assegurar
Fininvest administrou cerca de 350 movimento ganha a exclusividade no uso da base de
contratos nos segmentos de vestu- força com a busca clientes por dez anos e outros R$ 55
ário, drogarias, supermercados, mó- por diferencial milhões condicionados ao cumpri-
veis e autopeças, até entender quais competitivo diante mento de metas no período de cinco
eram os mais rentáveis. Algum tem-
po depois, a empresa restringiu sua
da concorrência anos. A Marisa encerrou o primeiro
trimestre deste ano com base de 1,4
atuação a supermercados, drogarias e milhão de plásticos co-branded e fa-
material para construção”, contextualiza Carrasco, que turamento de R$ 8,5 milhões. Em relação à base de
trabalhou na Fininvest. private label, gerida pela varejista, são cerca de 15 mi-
Para Arquimedes Salles, diretor de produtos e servi- lhões de unidades. Uma mudança significativa nessas
ços da Marisa, a aproximação entre os grandes bancos parcerias com os bancos é a disposição do varejista
privados e as redes de lojas acontece de forma mais em assumir mais o risco da operação ao aprender téc-
intensa nos últimos dez anos. “O aprendizado foi enor- nicas financeiras de gestão. Por outro lado, as insti-
me, desde o desenvolvimento de produtos adequados tuições querem compreender melhor a dinâmica do
ao público até processos de venda, avaliação de risco setor, que é bastante ágil. “Investimos em pesquisa e
e programas de relacionamento”, elenca o executivo. formação dos executivos que fazem a ponta comercial
Essa nova realidade permite a inclusão financeira da com o varejo. Cursos de MBA ajudam a entender as
população das classes C e D, elevando o acesso ao cré- necessidades do setor e customizar soluções, visto
os estabelecimentos mais do que correspondentes Rafael Cintra, analista da corretora Link Investi-
bancários. A Lojas Renner, que mantém aliança com mentos, avalia que os braços financeiros do varejo
Santander, teve 45,2% do Ebitda (sigla em inglês para vêm ganhando importância nos últimos anos. “No
lucro antes de juros, impostos, depreciação e amor- caso do setor de vestuário, a queda na margem dos
tização) no primeiro trimestre proveniente desses produtos foi compensada pela alta na margem dos
serviços. A rede de vestuário informa que a licença serviços financeiros. Isso tem ajudado no crescimento
para abertura de sua financeira própria ainda está em do resultado consolidado das companhias.”
trâmite no Banco Central, sem prazo para receber o A Riachuelo, dona da segunda maior base de cartões
aval do órgão regulador. no varejo, segundo dados da Abecs, está fortalecendo
Supondo
R$ 100
Varejo de juros Varejo e financeira
Valor dos juros e encargos R$ 100 Valor dos juros e encargos R$ 100
Alíquotas Alíquotas
ICMS 18% R$ 18 ICMS 0% R$ 0
PIS 4,65% R$ 3,81 PIS 0,65% R$ 0,53
Cofins 5% R$ 4,10 Cofins 4% R$ 3,28
Impostos devidos sobre juros R$ 25,91 Impostos devidos sobre juros R$ 3,81
Fonte: Ricardo Fernandes Paixão/Felisoni Consultores Associados
K
teiras da Nike. Além da frase, dá A ideia de fazer igual com as
aká, meia brasileiro, para colocar escudos de clubes chuteiras surgiu no ano passado,
do Real Madrid, man- do mundo inteiro e bandeira dos em uma reunião com a diretoria da
dou estampar na sua países cujas seleções são patroci- Nike. Após quatro meses de testes
chuteira: “Jesus em pri- nadas pela marca em mais de cem dos produtos e implementação das
meiro lugar”. Ele não é modelos distintos. A estratégia máquinas bordadeiras, o serviço
o primeiro a carregar uma mensa- funcionou: 30% dos pares vendi- começou para valer. Por R$ 12 a
gem nos pés – o principal ativo de dos já são customizados. mais sobre o preço do produto, o
um futebolista. Outros jogadores “Cada vez mais, as pessoas cliente recebe em casa um par de
já fizeram o mesmo. Luis Fabiano, querem produtos que falem sobre calçados diferentes de qualquer
hoje no São Paulo, mandou gravar elas, que seja a cara delas”, conta outro no mundo.
o nome das filhas. Elano e Julio Roni da Cunha Bueno, diretor de No momento, Roni conversa
Baptista puseram o próprio nome. marketing da loja virtual. “A per- com outras marcas e está envolvido
O futuro é
Multicanal
B
ancos, grandes varejistas e operado- nança e gestão integrada de canais, e diretrizes es-
ras de telefonia – sem ordem de im- tratégicas calcadas nas áreas de vendas, branding e
portância – são os segmentos mais relacionamento. “A gente conversou com clientes e
qualificados do mercado brasileiro na empresas e analisou em campo a operação de todos
aplicação de estratégias coordenadas os canais das empresas”, diz Daniel Domeneghetti,
de atuação em seus canais corporativos, visando CEO da DOM Strategy Partners.
à conquista dos diversos formatos de share (ma- A consultoria avaliou as iniciativas elabora-
rket share, share of mind, attention share etc.) em das pelas empresas para cobrir todos os pontos
todos os canais de vendas, relacionamento ou de contato e momentos da verdade do consumi-
comunicação disponíveis ao consumidor. É o que dor com a marca, o produto ou o serviço ofere-
conclui o estudo “Novo varejo multicanal”, reali- cido. Algumas delas: lançamento de produtos;
zado pela consultoria estratégica DOM Strategy oferta de serviços agregados; inauguração de
Partners para a revista NOVAREJO. lojas e outros canais de distribuição; criação
A análise foi desenvolvida a partir da metodolo- de campanhas de marketing on-line e off-line;
gia exclusiva Gestão Estratégica Multicanal (GEM), promoções e eventos; implantação de sistemas
que é pautada em três pontos centrais: experiência e de canais de atendimento e relacionamento e
positiva e consistente do cliente, modelo de gover- de inteligência do cliente.
Renner (21º lugar) Banco do Brasil (9º lugar) Walmart (5º lugar)
A segunda maior rede de lojas de O BB utiliza a TI e a internet para A empresa investiu R$ 25 milhões em
departamentos de vestuário no Brasil, instituir processos segmentados de sua plataforma de e-commerce para tor-
com 110 lojas, possui a inovação em atendimento e novas arquiteturas de ná-la interativa e personalizável, amplian-
seu modelo de negócios, com serviços informações em clusters. Outro foco da do os pontos de contato com clientes e
financeiros agregados e estratégias cor- empresa são projetos de mobilidade e disseminação de conteúdo, o que conso-
porativas relevantes, como a abertura mobile payment, que já conta com mais lidou seu posicionamento e estratégia de
de capital na Bovespa. de 460 mil usuários. atuação multicanal.
Olhos
bem
abertos Por Juliana Gonçalves
Controle
abaixo de
zero Solução de coleta de dados por comando de voz
propicia mais qualidade na separação de materiais
ao grupo frigorífico Cefri/Cefrinor
O
Por Denis Moreira
processo de preparação de pedidos costuma ser pro- Com implantação realizada pela Seal Tecnologia, o
blemático para os frigoríficos. A começar pelo contro- sistema foi uma resposta às novas demandas do merca-
le, que deve ser feito pelos funcionários nos galpões, do. “As lojas têm pouquíssimos estoques e precisam de
a temperaturas baixíssimas, de -10ºC a -20ºC. Há seis mais entregas e com maior frequência”, afirma o diretor
anos, porém, o grupo alimentício Cefri/Cefrinor pra- comercial Adriano Rocha. “Precisávamos fazer separa-
ticamente eliminou esse problema em seu galpão na ções confiáveis”.
cidade de Simões Filho, na Bahia. A saída encontrada No início, a grande dúvida em relação ao voice pi-
por ela foi adotar, de forma inédita no País, a tecnolo- cking residia no fato de que o sistema poderia não fun-
gia de captura de dados por comando de voz – ou voice cionar, afinal, nunca havia sido instalado no Brasil ou
picking – da Vocollect, pioneira na aplicação dessa solu- em temperaturas tão baixas. “Fizemos adaptações. Por
ção no mercado nacional. exemplo, as balaclavas (o famoso gorro ninja, usado
Utilizado há décadas lá fora, mas ainda novo no pelos funcionários para proteger a cabeça e o pescoço
Brasil, o recurso permite ao funcionário “conversar” do frio) tiveram de ser modificadas para que o microfo-
em tempo real com a central computadorizada de ne ficasse embutido”, diz Wagner Bernardes, diretor de
distribuição. Equipado com um sistema de headset e marketing e vendas da Seal.
um coletor de dados – fixado na cintura –, ele recebe
comandos de voz com indicações da região do galpão agora, mãos livres
em que o produto está guardado, a quantidade a ser Antes da implantação, a Cefri/Cefrinor usava listas
separada e o local onde o material deve ser transporta- de papel para registrar as informações trocadas entre a
do. Ao mesmo tempo, checa as informações obtidas, central de distribuição e o departamento de separação
solicita a impressão de etiquetas e fornece dados ao de materiais, já que outras tecnologias eram de difícil
sistema por meio da fala. manipulação pelos funcionários no frigorífico. “Não
Os desbravadores
do consumo
Por Thiago Borges
S e quisessem assistir à versão em 3D do filme “Thor”, os 750 mil habitantes da região dos Carajás,
no sudeste do Pará, teriam de enfrentar 836 quilômetros de estradas mal cuidadas até a capital
Belém (onde fica a sala mais próxima). Desde 18 de maio, entretanto, o trajeto de dez horas
de viagem é dispensável. A película hollywoodiana está em cartaz em uma das quatro salas
do novíssimo Shopping Unique Parauapebas – a mais nova fronteira do segmento no Brasil.
É rico o solo onde fica o empreendimento. Nos fins da década de 60, a então estatal
Companhia Vale do Rio Doce iniciou a extração de ouro, ferro, cobre e manganês daquele
chão. A cidade de Parauapebas abriga a maior mina a céu
aberto do mundo e, em 2008, exportou para fora do
País US$ 3,8 bilhões em matéria-prima.
A população, de 155 mil pessoas, cresceu mais
de 15 vezes desde 1981. Ao menos oito mil delas
vivem da exploração mineral, que responde pela
maior parcela do Produto Interno Bruto (PIB)
de R$ 6,5 bilhões, o segundo maior do Estado.
Parte dessa verba, agora, pode ser gasta
em acessórios da Chilli Beans,
sapatos da Carmen Steffens,
roupas da M.Officer ou uti-
lidades e futilidades da
Dario Noronha,
da Urbia
“O shopping de
Parauapebas
deve faturar de
R$ 14 milhões
a R$ 15
milhões por
mês. Justifica o
investimento”
MODA
POR THIAGO BORGES
BARULHENTA
F
cerveja e vendedores
azia calor logo cedo naquela sexta- No começo, comprava roupas
-feira do verão paulistano. Tomo um amigões para de todas as marcas só para pegar o
copo d’água. A cerveja gelada fica conquistar clientes contato dos fabricantes. Depois de
para mais tarde. Nos cabides, várias fechar alguns contratos e ter cole-
camisas e algumas calças amassa- para a sua grife ções de camisas e bermudas, enchia
das. Enquanto me decido sobre a a mochila e rumava para o interior
roupa, a música eletrônica rola solta de São Paulo. Lá, batia à porta de
em volume elevado. No canto, um lojas multimarcas. Novidade na re-
pessoal ri e conversa em voz alta so- um coquetel de lançamento da mar- gião, a marca vendeu bem. De que-
bre as atitudes de uma participante ca. Arrumaram um ateliê de artes bra, Rony conseguiu emplacar a Re-
do Big Brother Brasil. Não. Não es- de um amigo, encheram o estoque serva na Fashion Rio, o que ajudou
tou em casa me aprontando para sair com cerveja Devassa – marca recém- a firmar a marca. Hoje, a grife ven-
com amigos. Eu estou na Reserva, -lançada por outro amigo –, convo- de para quase 500 varejistas multi-
grife carioca criada por Rony Meis- caram vendedores ambulantes do marcas no País. Não dava para ficar
ler, ex-engenheiro de produção da entorno e chamaram 120 pessoas somente na distribuição. “Comecei
Accenture, e o publicitário e amigo para o evento. a descobrir a paixão por esse negó-
de infância Fernando Sigal. Na estreia de “Reserva”, inspirada cio”, diz. “Nossas roupas são muito
Há pouco mais de seis anos, du- na praia preferida da dupla, apare- mais conteúdo que produto.”
rante a malhação rotineira, Rony e ceram 400 pessoas. Lotaram a rua.
Sigal repararam em cinco caras que “Meu pai falou: ‘vai bater polícia MINHA LOJA, MINHA VIDA
usavam bermudas idênticas. “Ou isso aqui’”, lembra Rony. Na hora, a ficha Uma marca pop, iconográfica,
é demanda reprimida ou é demência”, caiu. “A gente fazia aquilo com tanta “multi-impactante” e de contracul-
pensou Rony. A dupla saiu de lá ma- paixão que isso chegava até o produ- tura. Rony buscava um símbolo que
tutando como criar seus próprios mo- to. E olha que na época era um pro- representasse tudo isso. Por isso,
delos. Peritos em moda tanto quanto duto muito ruim”. Do alto de seus 23 escolheu justamente o ícone que vá-
qualquer outro consumidor comum, anos, Rony tinha de optar pela pro- rios outros clientes de uma agência
não viram isso como dificuldade. missora carreira corporativa e apro- de design haviam rejeitado: o pica-
Encontraram uma confecção bara- veitar o dinheiro extra para pegar -pau. “A Reserva não é estereótipo.
ta e produziram cerca de 300 peças. onda em Bali (Indonésia) ou abraçar É estado de espírito”, prega. Para
Largaram umas dez unidades na casa a loucura de empreender com o ami- demonstrar esse sentimento aos
de um amigo, 20 na casa de outro, e go Sigal. Ficou com a segunda. consumidores, Rony também preci-
assim sucessivamente, para que eles Rony se licenciou da Accenture e sava de uma loja com sua cara. “So-
vendessem. No Natal, foi-se tudo. estudou o mercado por seis meses. mos completamente loucos, todos
Com a grana conquistada, viaja- Falou com pessoas do meio, achou são loucos pela marca! Pensamos
ram nas férias de janeiro de 2005 e o segmento “burro”, “estereotipado” em como íamos transmitir isso na
só voltaram ao Rio depois do Car- e “individualista”, ignorou 90% dos nossa loja”, conta.
naval. Quando chegaram à praia da conselhos recebidos e foi montar Em setembro de 2006, enfim, a
Reserva, que frenquentavam assidu- seu negócio próprio. Ele sabia que flagship da grife foi inaugurada em
amente, trombaram com surfistas e quebraria logo se abrisse de cara Ipanema. Guitarra, troféus, globos
banhistas usando suas bermudas. uma loja própria antes de estabele- terrestres, telefones antigos, carri-
Fizeram mais algumas e ofereceram cer um nome no mercado. nhos de brinquedo, discos de vinil
outras lojas partem do princípio de é resultado de paixão, trabalho, te- Não temos pretensão de que todos
que o vendedor tem de ser burro, são – e não de babaquice, ego, vaida- entendam nossa mensagem”, expli-
mas o burro é quem está contra- de, que é o que rege esse mercado”. ca. Rony salienta que o mercado é
tando”. Resultado: muitos consu- Das novas lojas, uma deve focar muito chato e provoca pouco. E ele
midores conhecem os vendedores no público infanto-juvenil e a outra quer dar uma mexida nisso, surpre-
pelo nome, vão às lojas só para to- em vestuário mais casual. Também ender, nem que seja só um nicho.
mar uma cerveja e bater papo e até haverá uma unidade experimental, Polêmicas à parte, ele conseguiu
saem com eles para baladas. Nas ou “liquidificador de ideias”. Rony atenção. “A gente não faz roupa. A
peladas semanais, com mais de 200 quer que os colaboradores empre- gente faz barulho.” v
Instituições ligadas
ao setor de plásticos
acreditam que a
mobilização atual está
mais ligada a interesses
econômicos do que
ao meio ambiente.
Consumidor arcará com
os custos da mudança
BANIR
Durante a votação, os parlamentares
que apoiaram o fim das sacolas plásti-
cas descartáveis (foram 35 votos favo-
ráveis contra cinco) afirmam que elas
AS SACOLAS PLÁSTICAS
VAI RESOLVER O PROBLEMA?
54 | MAI/JUN 2011 CONSUMIDOR MODERNO NOVAREJO
No Walmart,
o programa
“ Cliente
consciente
merece
desconto” dá
R$ 0,03 de
desconto por
sacola não
utilizada
de desconto por cada sacola plástica não utilizada pelo versa de produtos reciclados por parte dos fabricantes;
cliente ou por cinco itens adquiridos (quantidade média compostagem para que o lixo passe a ser tratado e não
de produtos embalados em uma sacola, segundo estudo aterrado, e maior rigidez nas licitações para as empresas
do Instituto Akatu). Ou seja: numa compra de 200 itens, coletoras de lixo.
o cliente ganhará R$ 1,20 ao passar no caixa. E caso ele O diretor da Abief (Associação Brasileira da Indús-
leve menos de cinco itens também receberá um desconto tria de Embalagens Flexíveis) e da Abiplast (Associa-
equivalente ao preço da sacola (R$ 0,03). Além dessas ção Brasileira da Indústria do Plástico), Rogério Mani,
medidas, as lojas possuem caixa preferencial para quem não compartilha dessa opinião, destacando que, apesar
não usar os sacos plásticos. De acordo com a rede, com da indústria estar fazendo a sua parte – com o Programa
essa estratégia foi possível retirar do meio ambiente mais de Consumo Responsável de Sacola Plástica que promove
de 45 milhões de sacolas plásticas e conceder cerca de R$ uso consciente e a redução de excessos no uso das sacolas
1,3 milhão em desconto aos clientes. -, a sacolinha não pode ser considerada “a vilã do planeta,
até porque o ciclo de vida do plástico é mais sustentável
CONSUMIDOR ASSUMIRÁ O CUSTO DAS MUDANÇAS do que outros produtos como a pilha, bateria etc.”.
Para Lourival Pereira, coordenador da Secretaria de Por outro lado, Valmor Picolo, diretor da Zivalplast
Saúde e Meio Ambiente do Sindicato dos Químicos e Indústria e Comércio de Plásticos, defende que a medida
Plásticos de São Paulo, trata-se de uma estratégia do Es- de substituição das sacolas comuns pelas biodegradá-
tado e das grandes redes supermercadistas para angariar veis, por exemplo, está deixando de
mais lucro. “Eles elegeram a sacola plástica como bode considerar o custo que elas
expiatório, a fim de receber duas vezes. Isso porque o vão representar para os fa-
consumidor já paga pela sacola comum 4,5% do valor bricantes e, consequen-
total de sua compra e, com a medida, pagará duas vezes, temente, para as pes-
ao adquirir uma sacola retornável (o Projeto de Lei sus- soas de baixa renda.
pende a cobrança de sacolas plásticas descartáveis).” “O Brasil hoje não
Já para João Galassi, presidente da APAS, trata- possui resina o
-se de uma mudança cultural que se faz necessária, suficiente para
ainda que os resultados só sejam percebidos no abastecer todo o
longo prazo. “2,5 milhões de sacolas são usadas mercado varejis-
por mês em São Paulo. Desse volume, 90% vão ta que passará
para o aterro sanitário e 10% são recicláveis. Se a importar essa
não tomarmos providências hoje não vamos matéria-prima”,
parar de estocar. Estamos antecipando uma explica. v
situação que começou a partir da assinatura
da Política de Resíduos”, explica, se referindo Ligia Korkes,
à lei federal da Política de Resíduos do GPA
“A intenção é
Sólidos, assinada no final do promover a
ano passado, que favo- educação do
rece o meio ambiente consumidor”
e normaliza as con-
dições do catado-
res, por meio de
medidas como:
logística re-
FIÉIS À
PECHINCHA Cadeias de fast-food miram sites de descontos
para aumentar o número de clientes. As vendas
são um sucesso, mas será que os consumidores
voltam após a oferta relâmpago?
POR THIAGO BORGES
nunca
comprou não sim
42% 58%
Conhecem não sim 51% Pretende Base: 1.366
Já comprou?
o conceito? 39% 61% já comprou
comprar?
sim
49%
não
Base: 4.536
18% 82%
Base: 2.778
Base: 1.412
Fonte: e-bit Informação (www.ebitempresa.com.br)
100%
MULHER
Criada por uma empreendedora visionária, a
Onodera expande seus negócios por meio de
franquias comandadas somente por mulheres
POR TATIANA ALCALDE
I
kuo Onodera, técnico da seleção brasileira de judô nos
Jogos Pan-americanos de 1975 e 1995, e nas Olimpíadas
de 1976, tinha uma escola de judô. Edna, esposa do téc-
nico, vislumbrou ali mesmo um novo modelo de negócio:
no último andar da escola, abriu uma clínica de estética.
Assim nasceu a Onodera há 30 anos, que hoje é dirigida pela
filha Lucy.
Edna se inspirou em uma novela da época, “Dancing
Days”, que contava a história de um milionário que tinha uma
academia onde era possível encontrar de tudo. Nos dias em
que não havia treinos, ela implantou sessões de massagens e
limpeza de pele, entre outros procedimentos ligados ao bem-
-estar e à estética. O público da academia aumentou, passan-
do a atingir toda a família.
Academia e centro estético dividiram espaço até 1995, ano
em que foi aberta a primeira clínica especializada em Moema,
na capital paulista. “Em 1998, inauguramos mais três unidades
e eu comecei a trabalhar com minha mãe. Em 1999, começa-
mos a formatar o sistema de franquia e no ano seguinte já tra-
balhávamos com franqueados”, pontua Lucy.
Com o franqueamento, a rede passou de seis unidades no
primeiro ano para 19 no quarto. Hoje são 52 clínicas espalha-
das por São Paulo, interior e outros Estados, e mais de 1.200
colaboradores entre fisioterapeutas, nutricionistas, massa-
gistas, consultoras e médicos. Dez mil clientes são atendi-
dos por mês e mais de 60 mil procedimentos são realizados.
Por atender ao público feminino, uma das exigências da
Força cor-de-rosa
A prova de que o gerenciamento feminino está em alta
e é bem-sucedido é apontada pela Rizzo Franchise. A con-
sultoria de franquias aponta em uma pesquisa que o fatu-
ramento das unidades lidera-
das por mulheres cresceu até
32% mais do que o de lojas Mulheres no comando
geridas por homens. Lucy Onodera, diretora da Onodera Estética,
Os motivos que levam as lista as características positivas do sexo
mulheres a faturarem mais do feminino no comando de uma franquia e o
que os homens estão nas ca- que pode ser um entrave para o sucesso.
racterísticas de liderança: elas
se adaptam melhor aos pa- Pontos fortes
drões, são mais organizadas e • proatividade
possuem maior estabilidade • flexibilidade
com a equipe de funcionários, • facilidade para relacionar-se
o que gera menor rotatividade • facilidade em vendas
de colaboradores. • facilidade para realizar parcerias locais,
De acordo com uma pes- visando a ações de marketing regional
quisa inédita da Endeavor,
empresas inovadoras e de Pontos fracos
alto crescimento lideradas por • falta de agilidade na tomada de decisões
mulheres têm mais facilidade • falta de agilidade para realizar mudanças
em atrair e reter talentos do • insegurança ou medo em arriscar
que as lideradas por homens.
Lucy Onodera Enquanto 57,7% dos homens afirmam ter dificuldades na
“Se o proprietário área de recursos humanos ou no processo produtivo, so-
for um homem,
a cliente não se mente 34,6% das mulheres enfrentam a mesma questão.
sentirá à vontade Elas também trazem mais inovação ao setor de ser-
de vê-lo circulando viços, área que já responde por 60% do PIB do Brasil e
na unidade”
Fotos Douglas Luccena
Cidade
Colaborou Barbara Guerra
das compras
O
s mais de 35 milhões de visitantes que passam pelos cor- • O Center Norte ocupa uma área total de
redores do Shopping Center Norte anualmente não devem 300 mil m², sendo 117 mil m² de área
imaginar a trabalheira que se tem para manter o funciona- construída. O estacionamento tem vaga
mento desse centro comercial. Trata-se de um dos maiores para sete mil veículos. 470 dessas vagas
empreendimentos do tipo no Brasil – em faturamento por são para idosos e deficientes físicos
metro quadrado, é o número um.
Após o fechamento do shopping, às 10 da noite, um bata- • Cerca de 80 mil pessoas circulam pelo
lhão de profissionais entra em cena para polir os pisos, abas- shopping nos dias de semana. Aos sábados
tecer as lojas, trocar lâmpadas e todos os tipos de serviços e domingos, a média é de 120 mil pessoas
de manutenção. Quando as portas se abrem novamente, às
10 da manhã, os clientes encontram tudo tinindo. • São seis lojas âncoras, 325 satélites e
Quem coordena os 470 funcionários diretos é Ricardo 30 quiosques pelos corredores. A menor loja
Afonso, gerente-geral do Center Norte. “Fora o relaciona- do centro é o despachante (com 12 m²) e a
mento com o público final, tem o público interno, que são maior é a C&A (com 5,9 mil m²)
os lojistas”, explica.
Entre os desafios, está atender aos pedidos dos dois lados • Há um balcão de informações só para
do balcão. Tanto consumidores quanto varejistas conhecem atender os lojistas
a concorrência e exigem do shopping melhorias constantes.
Por isso, desde o dia 7 de abril (data em que o Center Norte • Clientes obtêm informações por um totem
completou 27 anos) teve início uma revitalização geral da parte e podem até falar com um atendente por
Fotos Douglas Luccena
Desafios
superados
E
specialistas em economia, comércio, indústria e Rússia, Índia e China), Estados Unidos e Canadá,
outras áreas são unânimes em afirmar que o maior estando em último lugar em rodovias pavimenta-
empecilho para que o Brasil, um dos países que das, extensão de ferrovias e quilômetros de dutos,
mais crescem hoje no mundo, dê o salto definitivo e penúltimo em hidrovias.
rumo ao desenvolvimento é a sua grave deficiência A falta de qualidade das estradas nacionais
em infraestrutura. A área de distribuição e logística corresponde, de fato, a uma das grandes dores de
é uma das que mais sofrem com essa realidade, cabeça com que o setor logístico precisa lidar. Os
tendo de lidar diariamente com questões como prejuízos decorrentes desse problema são muitos
o custo dos pedágios, estradas ruins e o trânsito – cerca de R$ 360 milhões são desperdiçados anu-
urbano. Apesar de tantos problemas, contudo, as almente com acidentes, resultando em perda ou
empresas do setor atendem bem à crescente de- estrago das mercadorias – e inevitáveis, já que o
manda por seus serviços, fenômeno que vem a ga- modal rodoviário é o mais usado no Brasil: hoje,
lope do ótimo momento vivido pelo varejo nacio- 60% das cargas que circulam pelo País são trans-
nal. E essa missão só é cumprida graças à adoção portadas por caminhões.
de novas estratégias, forjadas à custa de trabalho, A predominância esmagadora do transporte ro-
planejamento e criatividade. doviário em relação aos demais, aliás, chega a ser
As dificuldades enfrentadas pelo segmento uma “anomalia”, garante Arthur Hill, integrante do
estão explicitadas em uma pesquisa da Câmara conselho da Aslog (Associação Brasileira de Logís-
Americana de Comércio (Amcham) com empresá- tica). “Por seu tamanho e dispersão geográfica, o
rios brasileiros, feita pelo Ibope em julho de 2010. Brasil precisaria ter uma matriz de transporte mais
Nela, 54% dos entrevistados dizem que a logística equilibrada”, conta. “Algumas encomendas que saem
e a distribuição são o maior gargalo da infraestru- de São Paulo e vão para o Pará, por exemplo, não de-
tura brasileira. O levantamento também aponta viam estar em caminhões, mas, sim, em trem, navios
os modais rodoviário e aéreo como os principais ou algum outro veículo mais apropriado”, assegura.
problemas da área no País, afirmação que vai ao De acordo com o executivo, essa questão corres-
encontro de um estudo do Instituto de Logística e ponde ao primeiro grande problema da infraestru-
Supply Chain (Ilos) de 2009. O documento traz um tura brasileira e ainda vai demorar um bom tempo
dado preocupante: a logística nacional é a pior em a ser resolvida. “Mesmo com o PAC (Programa de
comparação com os outros países do BRIC (Brasil, Aceleração do Crescimento, iniciativa do governo
na estrada e na cidade
Mais frequentes e piores nas regiões distantes
dos grandes centros, as estradas com má conserva-
ção obrigam as empresas de logística e distribuição
a correrem atrás para minimizar seus
prejuízos vindos de problemas como Luiz Carlos
assaltos (o setor calcula perdas anu- Lopes, da
ais de R$ 170 milhões com roubos de Braspress
“O motorista
cargas), acidentes, atrasos nas entre- tem um canal
gas por causa de limitações na velo- para comunicar
cidade dos veículos – afinal, não dá dificuldades
e ter o apoio
para andar rápido em uma via que pa- que necessitar”
rece um queijo suíço – e especialmen- Ronan
te com a deterioração da frota. Hudson, da
“Enfrentamos esse cenário renovan- Jadlog
“A maioria dos
do a nossa frota com maior frequência. trajetos é de
A empresa possui mais de mil cami- madrugada
nhões, todos com idade média de para evitar o
trânsito”
dois anos e meio. Isso exige um es-
forço maior de investimento”, afirma
Luiz Carlos Lopes, diretor de opera-
ções da Braspress, autointitulada líder nacional no
transporte de encomendas. “O apoio da nossa cen-
tral de gerenciamento de risco, que está permanen-
temente ligada a esses veículos, também faz com
que o número de incidentes seja menor. O motoris-
ta tem um canal para comunicar dificuldades e ter o
apoio que necessitar”, garante.
De acordo com ele, ao contrário do que se pos-
sa pensar, os problemas também existem quando a
rota inclui rodovias bem conservadas. “Uma asso-
ciação de gerenciamento de risco tem uma pesqui-
sa com dados curiosos: os acidentes estão subindo
nas melhores estradas do País, pois a velocidade é
maior e os condutores não estão treinados para pi- mento de certos tributos para baixar custos e, as-
lotar uma carreta de 27 toneladas com rapidez. Se já sim, oferecer serviços mais baratos.
não há muitos motoristas à disposição no mercado,
os qualificados são ainda mais raros”, diz. Driblando o trânsito
Outra dificuldade a ser destacada é o alto custo Em relação às operações em ambiente urbano,
Fotos Douglas Luccena
dos pedágios, especialmente em São Paulo. Essas especialmente nas grandes cidades, o grande nó
despesas sobem os custos das empresas e normal- para o segmento de logística e distribuição é o trân-
mente são repassadas para os contratantes, redu- sito lento e engarrafado. Em geral, as empresas do
zindo a competitividade das companhias mais sé- segmento tentam superar esse obstáculo apostan-
rias: essas empresas precisam disputar espaço no do no fortalecimento de departamentos estratégi-
mercado com concorrentes que ignoram o paga- cos, capazes de traçar caminhos mais inteligentes e,
O ambiente de loja
e seus impactos no varejo
Por Maurício Por que o ambiente da loja é im- Philip Kotler. Veja como é atual o que ele escre-
Morgado portante? Já não aconteceu com você a expe- veu na época:
riência de entrar em uma loja e sentir vontade de “Um dos aspectos mais significativos do pro-
comprar tudo? Alguma coisa “no ar” faz esse de- duto é o ambiente no qual ele é comprado ou
sejo surgir e tudo parece interessante, prazeroso, consumido. Em alguns casos, o local, mais espe-
feito para você, do seu jeito. Também, decerto, cificamente a atmosfera do local, influencia mais
você já deve ter sentido o oposto, aquela sensa- do que o próprio produto no processo decisório.
ção de “pelo-amor-de-Deus-deixe-me-sair-daqui, Homens de negócio, entretanto, têm negli-
este-lugar-não-tem-nada-a-ver-comigo”. genciado a atmosfera como ferramenta de mar-
Pois é, muito provavelmente foi o ambien- keting. Isso se deve a dois fatores. Primeiro, ho-
te das lojas que fez com que você se sentisse mens de negócio tendem a ser práticos e fun-
assim. Por meio de uma linguagem silenciosa, cionais no seu pensamento; se fossem poéticos,
subliminar, o ambiente desempenha papel fun- provavelmente não seriam homens de negócio.
damental na tarefa de capturar a atenção do Devido a isso, tendem a negligenciar fatores es-
consumidor, auxiliando (ou atrapalhando!) so- téticos do consumo. Em segundo lugar, a atmos-
bremaneira o processo de venda. Quanto mais fera é uma linguagem silenciosa no processo de
prazer, estímulos agradáveis, descoberta e in- comunicação. Só recentemente que se passou
teração com as mercadorias a apresentação da a reconhecer e estudar linguagens silenciosas,
loja propiciar, maior o tempo que o consumidor tais como a linguagem corporal, a temporal e a
passará ali e maiores as chances de venda do espacial.”
varejista. Bem, é claro que ele não deve passar O esforço deliberado de combinar elemen-
mais tempo na loja por estar perdido lá dentro... tos da loja como a decoração, as cores, as tex-
A integração dos elementos de decoração, turas e os pisos, a iluminação, efeitos teatrais e
piso, paredes, teto, iluminação, sinalização e a a própria mercadoria, buscando produzir efeitos
própria apresentação das mercadorias no ponto emocionais no comprador, cria o que hoje cha-
de venda com os demais elementos do mix de mamos de visual merchandising.
marketing é fundamental para gerar no consu-
midor uma experiência de compra condizente Interações entre as pessoas
com o posicionamento de mercado pretendido e o ambiente
pela marca. Sabendo que estamos lidando com uma lin-
O ambiente da loja pode ser dividido em ex- guagem silenciosa, subliminar, porém capaz de
terno e interno. Quando se trata de ambiente gerar emoções, notamos que o consumidor, pri-
externo, a preocupação deve recair basicamen- meiro tem dificuldade em verbalizar os sentimen-
te sobre a fachada e a vitrine. Ao tos que o espaço da loja desperta, segundo tem
se tratar do ambiente interno, é dificuldade de lembrar desses efeitos ao deixar o
necessário ter em mente as pa- ambiente da loja; e terceiro, é muito mais influen-
Maurício Morgado é redes, os expositores, as cores, a ciado pela atmosfera da loja uma vez dentro desse
professor da FGV–Eaesp, sinalização, a circulação, a ilumi- ambiente do que, por exemplo, no momento de
consultor e palestrante
especializado em varejo e nação, som e música e a apresen- escolha da loja. Ou seja, ele não tem capacidade
serviços. tação de mercadorias. Tudo isso para opinar sobre esse ambiente e, se perguntado
www.mauriciomorgado.com.br integra o ambiente de loja, termo sobre o que acha, pouco pode contribuir racional-
usado desde 1973 num artigo de mente. É muito mais proveitoso observar suas
CARACTERÍSTICAS
DO AMBIENTE
Apelo aos sentidos
Cor e suas variações
Temperatura
Iluminação
Sons
Tato
Odores
Taxa de informação
RESPOSTAS
EMOCIONAIS PRIMÁRIAS
Boas vendas!v
Prazer – desprazer
Excitação – sonolência
Controle – descontrole
RESPOSTAS
COMPORTAMENTAIS
Aproximação ou afastamento
(aproximação física,
exploração, afiliação,
preferência)
De que forma
‘
é feito o
controle de
qualidade
dos produtos
e serviços
nas unidades
franqueadas,
já que algumas
vezes é visível que
o atendimento e A loja não
outros aspectos sabe o dia
da visita
variam de uma
loja para outra? “Nós temos um departamento de supervisão e um departamento
de controle de qualidade – dentro dos nossos 14 departamentos
– que visitam as lojas uma vez por semana e fazem um relatório
respondendo a mais de 50 itens. Esses dois departamentos são
‘
responsáveis pela padronização das lojas. Estamos falando em torno
de 80 pessoas trabalhando com isso. O conceito é muito simples:
visitas periódicas e surpresas. A loja sabe que vai receber a visita, mas
não sabe o dia. Temos um gestor para cuidar de oito a dez lojas e a
equipe que faz as visitas. Além disso, o departamento de controle de
qualidade também avalia as centrais de produção, assim como nas
lojas, mas de forma diferenciada, porque uma produz e outra elabora
a parte final do produto. O objetivo é manter a qualidade, os produtos
frescos, a padronização, o controle dos fornecedores e a
origem da matéria-prima. São uns dos departamentos mais
importantes da rede.”
Alberto Saraiva,
presidente do Habib’s