Sociologia em Portugal

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A SOCIOLOGIA EM PORTUGAL

2023/24

Trabalho realizado por:

Ana Ribeiro, nº1, 12ºD


Beatriz Gomes, nº4, 12ºD
Inês Costa, nº10, 12ºD
ÍNDICE:

Introdução: O contexto histórico do surgimento da Sociologia 3

A Sociologia em Portugal 4

A Revolução dos cravos- Pedra basilar na a rmação da Sociologia 7

Após a década de 80 8

Bibliogra a 11

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Introdução: O contexto histórico do surgimento da Sociologia

Primeiramente, antes de avançarmos para a viagem que nos foi proposta ao


mundo da sociologia em Portugal, consideramos essencial uma abordagem histórica
sobre a origem desta ciência social.

A sociologia é um ramo das ciências sociais que, segundo a sua definição no


próprio dicionário, é o “Estudo científico das sociedades humanas e dos factos sociais”1.

Ao promover um retrocesso histórico, podemos notar que o homem na sua


capacidade cultural de criação sempre processou formas de compreender ou interpretar
sua forma de “estar no mundo”. É claro que as várias interpretações e explicações sobre
ele mesmo, homem, nem sempre foram pautadas numa atividade racional e científica, ela
foi utópica na Idade Antiga, espiritual na Idade Média, e posteriormente racional com os
Iluministas e Enciclopedistas que tratavam os temas medievais com tal claridade racional,
que transformaram a epistemologia e o trato metodológico das Ciências Sociais num
corpo estruturado sobre a razão, a razão dos modernos, assentada num conhecimento
experimental e no cientificismo das ciências naturais e exatas.

É assim que surge a Sociologia, não só do apoio filosófico do “raciocínio das


luzes” é o responsável pela elevação dessa nova ciência, existe um envolvimento
histórico que a modernidade cria, demandando formas interpretativas a respeito daquela
nova ordem social nascente, totalmente distinta do passado medieval e antigo, portanto a
Sociologia surge de uma combinação histórica e temporal entre os problemas e pontos
críticos da modernidade, e a formação de um corpo teórico e metodológico estruturado
numa forma de conhecer a realidade de modo racional e experimental, herança
transplantada das ciências físicas e naturais para as ciências naturais.

Neste trabalho, como grupo, propomo-nos a analisar a área de influência da


sociologia em Portugal. De certa forma, iremos explorar uma ciência social com certo
grau de desvalorização num país que, ao ser comparado a outros países da Europa, se
revela intelectualmente atrasado.

A Sociologia est , hoje, claramente firmada enquanto rea de forma o


especializada do Ensino Superior e enquanto rea pericial, mas est tamb m presente
nos planos de estudos de outras reas disciplinares e n veis de ensino, incluindo o b sico

1 https://dicionario.priberam.org/sociologia

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e o secund rio. A reflex o dos pr prios soci logos sobre esse percurso, no caso
portugu s, j assinal vel.

A Sociologia em Portugal

Fig.2. Fotogra a de
Fig.1.Capa do livro Teó lo Braga
“Positivismo”

Fonte:wikipedia.org/wiki/
Fonte:Amazon Teó lo_Braga

Antes de tudo, é importante estabelecer que a Sociologia em Portugal determina-


se pela divisão em três períodos: Durante o Estado Novo, após o Estado Novo e depois
da década de 80.

Entre 1870 e 1880, em Portugal configura-se a Revolução Industrial que provocou


mudanças profundas no panorama económico e social do país. Foi a parte deste evento
que os pensadores e intelectuais portugueses se interessaram pelo estudo da nova
realidade social levada a cabo pela introdução da produção mecanizada em Portugal,
nomeadamente, o surgimento de um novo grupo social: o operariado.

É difícil definir o exato ano da introdução desta ciência social no nosso país.
Contudo, podemos apontar o ano de 1878, tendo este sido ano da publicação da revista
Positivismo (fig.1), pensada e elaborada pelo intelectual e escritor republicano, Teófilo
Braga (fig.2), que mais tarde se assumira como Presidente da Republica Portuguesa em
substituição de Manuel de Arriaga, e Júlio de Matos.

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Enunciada a pedra basilar do pensamento comteano, esta revista teve um papel
fundamental na difusão do positivismo em Portugal. Teó lo Braga, muitas vezes referido
como o “Littré português”, colaborou extensivamente em periódicos de tendência
republicana.
A revista Positivismo, para além de ser um importante mecanismo para a difusão
da corrente positivista, publicou artigos contando com a colaboração de várias
personalidades, incluindo Adolfo Coelho, Alexandre da Conceição, Amaral Cirne, Arruda
Furtado, Augusto Rocha, Basílio Teles, Bettencourt Raposo, Cândido de Pinho,
Consiglieri Pedroso, Ernesto Cabrita, Horácio Esk Ferrari, João Diogo, Manuel Emygdio
Garcia, Teixeira Bastos e Vasconcelos Abreu.

Além do Positivismo, este também contribuiu para outras revistas como a Era
Nova (1880-1881) e a Revista de Estudos Livres (1883-1886).

Infelizmente, não conseguimos achar muitos detalhes específicos sobre os artigos


publicados nesta importantíssima revista que serviu de alicerce para a instalação das
ideias sociológicas no país. No entanto, é seguro dizermos que nela teriam sido
discutidas as ideias e princípios do positivismo e como estes se aplicavam à
sociedade e política portuguesas da época.

Mais tarde, em 1884, Teófilo Braga volta a dar cartas na área, publicando a sua
primeira obra direcionai à sociologia- Sistema de Sociologia.
Esta obra incorpora múltiplos estudos anteriormente dispersos por revistas, mas a
autonomia do livro é inegável quanto à sua formulação e sistematização.
Certamente o objetivo de responder à questão do que é uma sociedade, e como esta se
constitui ao longo da história, está indelevelmente marcado por um esquema
hermenêutico, devedor do pensamento e construção conceptual inaugurado por Comte,
como já referido, o positivismo.

A receção do Sistema de Sociologia não foi pacífica, e mesmo entre os


correligionários políticos a dissidência foi notória. Aliás, tal verifica-se em quase toda a
obra de Teófilo Braga que patenteou enormes polémicas e debates acesos no campo
intelectual. Mas importante, no nosso ponto de vista, é precisamente evidenciar que as
posições de Teófilo Braga foram marcantes na constituição da sociologia em
Portugal.

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Fig.3. Fotogra a de Adérito Fig.4.Capa de rosto Análise
Sedas Nunes Social (1963-1974)

Fonte:wikipedia.org
Fonte:analise_social.pdf

Em 1962 foi criado o Gabinete de Investigações Sociais, também conhecido como


GIS, fundado por Adérito Sedas Nunes, Ministro da Coordenação Cultural e da Cultura e
Ciência. Este gabinete tinha como intenção estudar a realidade portuguesa e as
sociedades e culturas com as quais Portugal estabelecia relações.

Em 1963, foi editada a revista Análise social, representado um enorme marco na


Sociologia em Portugal. Esta é uma edição trimestral do Instituto de Ciências Sociais da
Universidade de Lisboa, encabeçada por um grupo de investigadores movidos pelas
ideias de desenvolvimento económico baseado no progresso e na justiça. Trata-se da
mais antiga revista multidisciplinar de Ciências Sociais em Portugal, publicando
artigos originais que resultem de investigação empírica qualitativa ou quantitativa
ou de re exões teóricas inovadoras no domínio das Ciências Sociais.

Ponto de encontro entre diversas disciplinas, metodologias e abordagens


cientí co-sociais, a Análise Social aceita contribuições (mas não se limita a) das áreas da
Sociologia , Ciência Política, História, Antropologia, Psicologia Social e Geogra a.

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Como elevado grau de exigência teórica e metódica, este grupo levou a edição
desta revista e o estudo da realidade social o mais longe que conseguiu.

Desde 1963, data em que esta foi publicada o revista Análise Social, o
panorama alterou-se significativamente no que respeita aos contornos da oferta
formativa neste campo disciplinar.

O primeiro curso de sociologia a ser criado em Portugal disciplinar foi Iscte-


Instituto Universitário de Lisboa. E apenas um ano após a publicação deste manuscrito,
em 1964, surge a primeira licenciatura em Sociologia e é lançada uma nova revista,
intitulada de Economia e Sociologia- factos estes que nos comprovam o impulso que a
Análise Social deu à área.

A Revolução dos cravos- Pedra basilar na afirmação da


Sociologia

Não podemos falar da vinculação da Sociologia em Portugal sem referirmos o pós regime
ditatorial. Portanto, a partir de 25 de abril de 1974, e após as várias reformas
introduzidas a nível social e político, foram reunidas as condições de trabalho para
a diversificação e aprofundamento desta ciência social.

comum sugerir-se que a plena afirma o das ci ncias sociais em Portugal


relativamente tardia. Quanto sociologia, em particular, para esta se consolidar
derradeiramente, teria sido preciso esperar pela revolu o de 25 de abril de 1974 e
pela instaura o da democracia para ver a disciplina vingar em toda a sua
plenitude acad mica.

Simetricamente, assume-se, a vig ncia de um governo ditatorial durante quase


meio s culo (1926-1974) explicaria por si mesma – ou mais do que qualquer outro fator,
pelo menos – o reputado atraso luso no panorama internacional daquelas ci ncias.
corrente, por exemplo, a evoca o de m ximas lapidares do ditador Oliveira Salazar em
que este faria equivaler “sociologia” e “socialismo”; como corrente tamb m a ideia mais
geral de que vigoraria ent o ao mais alto n vel pol tico o receio expresso de que uma
eventual sociologia pudesse descobrir as disparidades sociais que o regime
fascista tanto se empenhou em ocultar. bem verdade que o Estado Novo levantou
entraves ao livre desenvolvimento das ci ncias sociais, como, de resto, ao livre
progresso das ci ncias em geral. Mais que isso: come ou por aniquilar boa parte do d bil
aparelho cient fico-institucional que herdou da I Rep blica, separando a investiga o do
ensino; impediu que muitos escritores e investigadores pudessem apresentar livremente

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os seus trabalhos; e chegou mesmo a afastar da universidade diversos docentes por
motivos pol ticos. Quanto a isto n o haja d vidas. Nem por isso se pode afirmar, contudo,
que a sociologia surge do nada, por gera o espont nea, no limiar do regime
democr tico, pois como já analisamos, embora de forma tardia, antes do regime
salazarista os primeiros frutos desta já começavam a ser plantados.

Como já vimos, a ditadura desconfiava dos sociólogos e das ciências


sociais, por isso procurou sempre desvalorizar qualquer tipo de teorização social,
utilizando mecanismos repressivos de forma a impedir o seu desenvolvimento
institucional.Assim sendo, durante as décadas em que vigorou o regime ditatorial, os
que se aventurassem neste tipo de atividades, teria que o fazer de forma clandestina.
Com a Revolução dos cravos surgem várias licenciaturas e pós graduações
nas ciências sociais, tanto em Sociologia como Antropologia, por todo o território
português.

Com este surgimento, ligados às universidades, começam a aparecer vários


centros de pesquisa e publicações de vários manuscritos, como revistas e jornais,
sobre o tema; constituem-se associações científicas e congressos. Podemos assim
afirmar que dá-se a consolidação das ciências sociais em terra lusa.

Após a década de 80
A Associação Portuguesa de Sociologia , criada a 9 de maio de 1985, com sede no
Instituto de Ciências Sociais na Universidade de Lisboa. Na sua ata estatutária, a
Associação Portuguesa de Sociologia (APS) de ne-se como uma associação sem ns
lucrativos, dotada de personalidade jurídica, constituída por tempo indeterminado, e que
prossegue os seguintes objetivos:

Fig.5. Objetivos do ASP

Fonte: http://aps.pt/pt/inicio/





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Como o professor José Ferreira da Almeida definiu na Sessão Comemorativa dos
20 anos da APS, esta “Nasceu a encorajar a diversidade de perspectivas sobre os
problemas, a diversidade de instrumentos teóricos e metodológicos que constitui o
arsenal da disciplina. (…) Na prática, a relativa periferização do país e a sua pequena
dimensão tornariam ridícula qualquer tentação de autossuficiência e até as nossas
competências linguísticas diversificadas nos iam facilitando, para enfrentar as questões
encontradas, a busca ativa de recursos e apoios onde eles pudessem ser encontrados
nas várias tradições sociológicas internacionais.Nasceu a encorajar a abertura pluri, inter
e transdisciplinar. Se havia alguma tensão entre, por um lado, a necessidade de a rmar a
disciplina conferindo-lhe identidade e visibilidade e, por outro, o desejo de praticar
cumplicidades variadas com todos os campos cientí cos, a verdade, a meu ver, é que se
foram conseguindo equilíbrios virtuosos entre os dois objetivos, e isso tanto no plano do
ensino como no da investigação. Nasceu, nalmente, a valorizar em simultâneo essas
atividades de ensino e pesquisa e todas as outras atividades pro ssionais que a
sociologia também informa. Se fosse necessário eleger um fator principal, mais saliente,
para explicar a vitalidade duradoura e crescente da nossa Associação, eu escolheria
provavelmente este. Foi possível assim recusar, desde o início, distinções entre o “puro”
e o “impuro”, o primeiro como apanágio da Academia e o segundo caracterizando uma
espécie de sociologia da 2ª divisão. Incipiente ainda nesses meados dos anos oitenta, a
sociologia pro ssional na administração central e local, nas empresas, nas equipas de
projeto, nas consultorias, ganhou rapidamente dimensão e importância pela capacidade
de contribuir para a resolução informada de problemas múltiplos". (J. Ferreira de
Almeida, 2005)

O 1º Congresso sociológico realizou-se entre 27 e 29 de janeiro de 1988 na


Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, tendo como tópico Sociologia e a Sociedade
Portuguesa na Viragem do Século.

Deste modo, ao longo dos anos estes congressos passaram a ser frequentes,
realizando-se de dois em dois anos, tendo se tornado o mais importante evento sociólogo
em Portugal.

O congresso mais recente de Sociologia realizara-se de 4 a 6 de abril deste ano


(2023) em Coimbra, sendo este o XII congresso e tendo como tema: Sociedades
Polarizadas? Desafios para a Sociologia (fig.6).

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Fig.6.Cartaz do XII Congresso de Sociologia

Fonte:https://xii-congresso-aps.eventqualia.net/pt/2023/inicio/

Assim podemos afirmar que, após a década de 80 e inícios da década de 90, a


Sociologia em Portugal passa a ser uma área refletora de progresso e
desenvolvimento, com uma rica oferta em sociólogos especialistas nas mais
diversas áreas e com capacidade para dar respostas aos problemas sociais
contemporâneos.

A estrutura e a dinâmica das modernas sociedades capitalistas colocam hoje


desa os e questionamentos sobre os objetivos nos diversos campos do saber
sociológico, o que acaba também por repercutir-se, quer nos projetos e centros de
investigação, quer nas estruturas dos Cursos de Ciências Sociais, nomeadamente no de
Sociologia, a começar pela necessidade de um debate público e aberto sobre o ensino e
a investigação

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Bibliogra a
• https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/77676/1/
CONFIGURACOES_FINAL.pdf
• http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/AS_206_f03.pdf
• https://sociologia12ano.blogs.sapo.pt/sociologia-em-portugal-789
• http://aps.pt/pt/inicio/
• http://analisesocial.ics.ul.pt
• Manual de Sociologia 12ºano adotado na disciplina;

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