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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA

CICLO II - SEMANA 14

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
CICLO II – SEMANA 14

COMO UTILIZAR O MATERIAL

Este material de apoio deve ser lido semanalmente aos sábados. A ideia é que, por meio da
leitura recorrente, o aluno fixe os principais entendimentos do STF e STJ. Em caso de dúvida
sobre o teor do julgado, recomendamos que o aluno recorra ao site Dizer o Direito e estude o
informativo na íntegra, já que nosso objetivo é somente trazer os principais pontos de forma
a facilitar os estudos e revisão.
Observação: foram inseridos também os julgados considerados MAIS IMPORTANTES com data
anterior ao ano de 2018.

Sumário
Sumário ......................................................................................................................................... 2
SEMANA 14 ................................................................................................................................... 3
18. OUTROS CRIMES DO CÓDIGO PENAL E LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS .............................. 3
19. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (LEI 7.492/86) .................................... 4
20. RACISMO (LEI 7.716/89) .......................................................................................................... 5
21. CRIMES NO ECA ....................................................................................................................... 6
22. CRIMES HEDIONDOS (LEI 8.072/90) ........................................................................................ 8
23. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (LEI n° 8.137/90)..................................................... 9
24. CRIMES NA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS (LEI 8.666/93) ............................................... 11
25. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI 9.503/97) ............................................................... 13
26. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS (LEI 9.605/98)........................................................................... 14
27. ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI 10.826/2003) ............................................................ 15
28. LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/2006)............................................................................... 17
29. LEI DE DROGAS (LEI 11.343/2006) ........................................................................................ 21
30. OUTROS TEMAS DA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE ............................................................... 29
30.1 Crimes de Responsabilidades dos Prefeitos ( Dl 201/67) ............................................................... 29
30.2 Lei Antiterrorismo .......................................................................................................................... 30
30.3 Organização Criminosa................................................................................................................... 30
30.4 Crimes Contra as Relações de Consumo ( Lei 8.137/90) e Economia Popular ............................... 31
30.5 Lavagem de Dinheiro ..................................................................................................................... 31
30.6 Crimes Contra a Economia Popular................................................................................................ 33
30.7 Temas Diversos .............................................................................................................................. 35

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
CICLO II – SEMANA 14

SEMANA 14
18. OUTROS CRIMES DO CÓDIGO PENAL E LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para a caracterização do delito de associação criminosa inserido em contexto societário,
é imprescindível que a denúncia contenha a descrição da predisposição comum de meios
para a prática de uma série indeterminada de delitos e uma contínua vinculação entre os
associados com essa finalidade, não bastando a menção da posição/cargo ocupado pela
pessoa física na empresa.
STJ. 6ª Turma. RHC 139465-PA, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/08/2022 (Info 748).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A desobediência à ordem legal de parada, emanada por agentes públicos em contexto
de policiamento ostensivo, para a prevenção e repressão de crimes, constitui conduta
penalmente típica, prevista no art. 330 do Código Penal Brasileiro.

STJ. REsp 1.859.933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Terceira Seção, por maioria, julgado em 09/03/2022, DJe
01/04/2022. (Tema 1060) – (Info 732)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A contratação de detetive particular não é suficiente para justificar ação penal por
perturbação da tranquilidade.

STJ. 5ª Turma. RHC 140114/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 09/03/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Comete crime de desobediência o indivíduo que não atende a ordem dada pelo oficial de
justiça na ocasião do cumprimento de mandado de entrega de veículo.
Nota: a Lei afirma expressamente que a aplicação da multa ocorre sem prejuízo de
responsabilização na esfera penal.
STF. 1ª Turma. HC 169417/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/4/2020. (Info
975)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O porte de arma branca é conduta que permanece típica na Lei das Contravenções Penais, art.
19, não havendo que se falar em violação ao princípio da intervenção mínima ou da legalidade.
RHC 56.128-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 10/03/2020, DJe 26/03/2020. (Info 668-
STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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A materialidade do delito de incêndio deve ser comprovada, em regra, mediante exame


de corpo de delito, podendo ser suprida por outros meios caso haja uma justificativa para
a não realização do laudo pericial.
Nota: conforma autoriza o art. 167 do CPP.
HC 136964/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18.2.2020. (HC-136964)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Mero fato de o Ministro ter pedido vista do processo sem saber que estava impedido,
devolvendo na sessão seguinte e declarando seu impedimento, não configura indício de que ele
tenha praticado tráfico de influência (art. 332, caput, do Código Penal).
STF. 1ª Turma. Inq 4075/DF, rel orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/9/2019. (Info
951)

19. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (LEI 7.492/86)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O delito do art.19 da lei 7.492/86, "obter mediante fraude financiamento em instituição
financeira não exige, para a sua configuração, efetivo ou potencial abalo ao Sistema Financeiro
Nacional.
TJ. 5ª Turma. gRg no AgRg no AREsp 1642491/SP, Rel Min. Joel Ilan, julgado em 19/05/2020.
Mesmo sentido: STJ. 3ª Seção. CC 161707/MA, Rel Min. Joel Ilan, julgado em 12/12/2018

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete à Justiça Federal julgar a conduta de réu que faz oferta pública de contrato de
investimento coletivo em criptomoedas sem prévia autorização da CVM.
Nota: Se a denúncia imputa a oferta pública de contrato de investimento coletivo (sem prévio
registro), não há dúvida de que incide as disposições contidas na Lei nº 7.492/86 (Lei de Crimes
contra o Sistema Financeiro), especialmente porque essa espécie de contrato caracteriza valor
mobiliário, nos termos do art. 2º, IX, da Lei nº 6.385/76. Logo, compete à Justiça Federal apurar
os crimes relacionados com essa conduta. Compete à Justiça Federal julgar crimes relacionados
à oferta pública de contrato de investimento coletivo em criptomoedas.
STJ. 6ª Turma. HC 530563-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/03/2020 (Info 667).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A aplicação financeira realizada por meio da aquisição de cotas de fundo de investimento no
exterior sem que isso seja declarado ao BACEN configura o crime do art. 22, parágrafo único,
parte final, da Lei nº 7.492/86
STJ. 5ª Turma. AREsp 774.523-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 07/05/2019. (Info 648)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A simulação de consórcio por meio de venda premiada, operada sem autorização do Banco
Central do Brasil, configura crime contra o sistema financeiro, tipificado pelo art. 16 da Lei
nº 7.492/86, o que atrai a competência da Justiça Federal.
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STJ. 3ª Seção. CC 160.077-PA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/10/2018. (Info 637)

20. RACISMO (LEI 7.716/89)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A lei nº 7.716/89 pode ser aplicada para punir as condutas homofóbicas e transfóbicas.
Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os
mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da
República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem
aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem
expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por
identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de
incriminação definidos na Lei nº 7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese
de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código
Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”).
Nota: o conceito de racismo é construção social. Julgado muito importante. Recomenda-se
a leitura completa.
STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 13/6/2019. (Info 944)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Palestra proferida por Bolsonaro com críticas aos quilombolas e estrangeiros não
configurou racismo
Nota: O então Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no auditório de determinado
clube e ali fez críticas e comentários negativos a respeito dos quilombolas e também de povos
estrangeiros. No trecho mais questionado de sua palestra, ele afirmou: “Eu fui em um
quilombola em El Dourado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas.
Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais. Mais de um bilhão de
reais por ano gastado com eles. Recebem cesta básica e mais material em implementos
agrícolas. Você vai em El Dourado Paulista, você compra arame farpado, você compra enxada,
pá, picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por que? Porque eles
revendem tudo baratinho lá. Não querem nada com nada.”
O STF entendeu que a conduta de Bolsonaro não configurou o crime de racismo (art. 20 da
Lei nº 7.716/89). As palavras por ele proferidas estão dentro da liberdade de expressão
prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de também estarem cobertas pela imunidade
parlamentar (art. 53 da CF/88). O objetivo de seu discurso não foi o de repressão, dominação,
supressão ou eliminação dos quilombolas ou dos estrangeiros.
O pronunciamento do parlamentar estava vinculado ao contexto de demarcação e proveito
econômico das terras e configuram manifestação política que não extrapola os limites da
liberdade de expressão. Além disso, as manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas
com a sua função de parlamentar. Inclusive, o convite para a palestra se deu em razão do
exercício do cargo de Deputado Federal a fim de dar a sua visão geopolítica e econômica do

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País. Assim, havia uma vinculação das manifestações apresentadas na palestra com os
pronunciamentos do parlamentar na Câmara dos Deputados, de sorte que incide a imunidade
parlamentar.
STF. 1ª Turma. Inq 4694/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018. (Info 915)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não
está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. Assim,
é possível, a depender do caso concreto, que um líder religioso seja condenado pelo crime
de racismo (art. 20, §2º, da Lei nº 7.716/89) por ter proferido discursos de ódio público
contra outras denominações religiosas e seus seguidores.
STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018 (Info 893).

21. CRIMES NO ECA

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

Os tipos penais trazidos nos arts. 241-A e 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente
são autônomos, com verbos e condutas distintas, sendo que o crime do art. 241-B não
configura fase normal tampouco meio de execução para o crime do art. 241-A, o que
possibilita o reconhecimento de concurso material de crimes.
ProAfR no REsp 1.970.216-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 23/08/2022,
DJe 06/10/2022. (Tema 1168). (Info 755).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O delito de favorecimento à exploração sexual de adolescente NÃO exige HABITUALIDADE.
Nota: Trata-se de crime instantâneo, que se consuma no momento em que o agente obtém
a anuência para práticas sexuais com a vítima menor de idade, mediante artifícios como a
oferta de dinheiro ou outra vantagem, ainda que o ato libidinoso não seja efetivamente
praticado.
Esta interpretação da norma do art. 218-B, caput, do Código Penal é a única capaz de cumprir
com a exigência de proteção integral da pessoa em desenvolvimento contra todas as formas
de exploração sexual.

STJ. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 20/09/2022, DJe
29/09/2022. (Info 754).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Mesmo que a genitália da criança ou adolescente não esteja desnuda, é possível enquadrar
a imagem como ‘cena de sexo explícito ou pornográfica’ para os fins do art. 241-E do ECA.
Nota: O STJ já havia decidido no mesmo sentido: Fotografar cena e armazenar fotografia de
criança ou adolescente em poses nitidamente sensuais, com enfoque em seus órgãos
genitais, ainda que cobertos por peças de roupas, e incontroversa finalidade sexual e
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libidinosa, adéquam, respectivamente, aos tipos do art. 240 e 241-B do ECA. Portanto,
configuram os crimes dos arts. 240 e 241-B do ECA quando fica clara a finalidade sexual e
libidinosa de fotografias produzidas e armazenadas pelo agente, com enfoque nos órgãos
genitais de adolescente — ainda que cobertos por peças de roupas —, e de poses nitidamente
sensuais, em que explorada sua sexualidade com conotação obscena e pornográfica. STJ. 6ª
Turma. REsp 1543267-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 3/12/2015
(Info 577).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.899.266/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 15/03/2022 (Info 729).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O elevadíssimo número de material compartilhado, seu conteúdo repugnante, o modus
operandi revelador do profissionalismo do agente e a revitimização de milhares de crianças
constituem elementos que extrapolam em muito o tipo penal do art. 241-A do Estatuto da
Criança e do Adolescente e autorizam o aumento da pena basilar.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1.636.214/BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/05/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Em regra, não há automática consunção quando ocorrem armazenamento e
compartilhamento de material pornográfico infanto-juvenil.
Nota: Isso porque o cometimento de um dos crimes não perpassa, necessariamente, pela
prática do outro. No entanto, é possível a absorção a depender das peculiaridades de cada
caso, quando as duas condutas guardem, entre si, uma relação de meio e fim estreitamente
vinculadas. O princípio da consunção exige um nexo de dependência entre a sucessão de
fatos. Se evidenciado pelo caderno probatório que um dos crimes é absolutamente
autônomo, sem relação de subordinação com o outro, o réu deverá responder por ambos,
em concurso material. A distinção se dá em cada caso, de acordo com suas especificidades.
STJ. 6ª Turma. REsp 1579578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 04/02/2020 (Info 666).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O grande interesse por material que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente é ínsito ao crime descrito no art. 241-A da Lei n.
8.069/1990, não sendo justificável a exasperação da pena-base a título de conduta social
ou personalidade.
Não confunda: O elevadíssimo número de material compartilhado, seu conteúdo repugnante,
o modus operandi revelador do profissionalismo do agente e a revitimização de milhares de
crianças constituem elementos que extrapolam em muito o tipo penal do art. 241-A do
Estatuto da Criança e do Adolescente e autorizam o aumento da pena basilar.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1.636.214/BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado
em 26/05/2020.
REsp 1.579.578-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por maioria, julgado em 04/02/2020, DJe 17/02/2020. (Info 666-
STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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O delito do art. 240 do ECA é classificado como crime formal (consumação antecipada),
comum, de subjetividade passiva própria (criança ou adolescente), consistente em tipo
misto alternativo.
Obs: Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio,
cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente.
STJ. 5ª Turma. PExt no HC 438.080-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/08/2019. (Info 655)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É válida a extinção de medida socioeducativa de internação quando o juízo da execução,
ante a superveniência de processo-crime após a maioridade penal, entende que não restam
objetivos pedagógicos em sua execução.
HC 551.319-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020, DJe 18/05/2020. (Info 672-STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Tratando-se de medida socioeducativa aplicada sem termo, o prazo prescricional deve ter
como parâmetro a duração máxima da internação (3 anos), e não o tempo da medida, que
poderá efetivamente ser cumprida até que o socioeducando complete 21 anos de idade.
AgRg no REsp 1.856.028-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020, DJe
19/05/2020. (Info 672-STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na
aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida,
enquanto não atingida a idade de 21 anos.
Terceira Seção, aprovada em 14/03/2018, DJe 19/03/2018. (Info 620)
STJ.SÚMULA N. 605

22. CRIMES HEDIONDOS (LEI 8.072/90)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A semi-imputabilidade, por si só, não afasta o tráfico de drogas e o seu caráter hediondo,
tal como a forma privilegiada.

STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 716.210-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 10/05/2022,
DJe 13/05/2022 (Info 737).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Com a revogação do art. 224 do CP pela Lei 12.015/2009, há de ser redimensionada a pena
aplicada ao condenado, subtraindo-lhe o acréscimo sofrido em razão do aumento da pena
previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90, que foi tacitamente revogado.

STF. Plenário. HC 100181/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/8/2019. (Info
947)

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Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o cumprimento da pena no
regime prisional fechado.
Nota: Obs: existe um julgado da 1ª Turma do STF afirmando que o regime inicial no caso de
tortura deveria ser obrigatoriamente o fechado: HC 123316/SE, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 9/6/2015.
STJ. 5ª Turma. HC 383090/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 21/03/2017. STJ. 6ª Turma. RHC 76642/RN, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 11/10/2016.

23. CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA (LEI n° 8.137/90)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O dolo de não recolher o tributo, de maneira genérica, não é suficiente para preencher o
tipo subjetivo do crime de sonegação fiscal (art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990).

STJ. HC 569.856-SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022, DJe 14/10/2022.
(Info 753).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para fins do disposto no art. 2º, II, da Lei n. 8.137/1990, a menção a inúmeros
inadimplementos (inscritos em dívida ativa) gera a presunção relativa da ausência de
tentativa de regularização.
STJ. 6a Turma. AgRg no HC 728.271-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
21/06/2022, DJe 24/06/2022. (Info 742).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes de apropriação indébita
previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária será encaminhada ao
ministério público depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a
exigência fiscal do crédito tributário correspondente.
Nota: É constitucional o art. 83 da Lei nº 9.430/96.
STF. Plenário. ADI 4980/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 10/3/2022 (Info 1047).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para a configuração do delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, deve ser
comprovado o dolo específico.
Nota: A orientação do STJ era no sentido de que para o delito previsto no inciso II do art.
2º da Lei nº 8.137/90, não havia exigência de dolo específico, mas apenas de dolo genérico.
Agora, e entendimento que segue a posição do STF que exige dolo de apropriação: O
contribuinte que deixa de recolher, de forma contumaz e com dolo de apropriação, o ICMS
cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei
nº 8.137/90 (STF. Plenário. RHC 163334, Rel. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2019).
STJ. 6ª Turma. HC 675.289-SC, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), julgado em 16/11/2021
(Info 718).

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NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que se admite a mitigação da
Súmula Vinculante n. 24/STF nos casos em que houver embaraço à fiscalização tributária
ou diante de indícios da prática de outras infrações de natureza não tributária.
Nota: Os crimes contra a ordem tributária pressupõem a prévia constituição definitiva do
crédito na via administrativa para fins de tipificação da conduta. Existe um enunciado que
trata sobre o assunto: Súmula Vinculante 24: “Não se tipifica crime material contra a ordem
tributária, previsto no artigo 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento
definitivo do tributo”.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 551422/PI, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 09/06/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A configuração do crime de apropriação indébita tributária não pressupõe a
clandestinidade.

Nota: Para a configuração da apropriação indébita tributária, o fato de o agente registrar,


apurar e declarar em guia própria ou em livros fiscais o imposto devido não tem o condão de
elidir (fazer desaparecer) ou exercer nenhuma influência na prática do delito, visto que este
não pressupõe a clandestinidade (não se exige que seja feito às escondidas). Ademais, o crime
previsto no art. 2º, II, da Lei 8.137/90 não exige para sua configuração a existência de ardil,
fraude ou falsidade.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 609.039/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 17/11/2020.
Mesmo sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 476.704/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/09/2019.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o
ICMS cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço, incide no tipo penal do art. 2º, II, da
Lei 8.137/90.
STF. Plenário. RHC 163334/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2019 (Info 964).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A Súmula Vinculante 24 tem aplicação aos fatos ocorridos anteriormente à sua edição.
Como a SV 24 representa a mera consolidação da interpretação judicial que já era adotada
pelo STF e pelo STJ mesmo antes da sua edição, entende-se que é possível a aplicação do
enunciado para fatos ocorridos anteriormente à sua publicação.
TF. 1ª Turma. RHC 122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/5/2015 (Info 786). STJ. 3ª Seção. EREsp 1318662-PR, Rel. Min.
Felix Fischer, julgado em 28/11/2018 (Info 639).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O que acontece se o réu de um crime contra a ordem tributária aderir ao parcelamento da
dívida? Haverá a suspensão do processo penal. Nos crimes contra a ordem tributária,

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
CICLO II – SEMANA 14

quando o agente ingressa no regime de parcelamento dos débitos tributários, fica suspensa
a pretensão punitiva penal do Estado (o processo criminal fica suspenso).
Nota: Durante o parcelamento o que ocorre com o prazo prescricional? Também fica
suspenso. O prazo prescricional não corre enquanto estiverem sendo cumpridas as condições
do parcelamento do débito fiscal. É o que prevê o art. 9º, § 1º da Lei nº 10.684/2003. Se, ao
final, o réu pagar integralmente os débitos, haverá a extinção da punibilidade.
STF. 2ª Turma. ARE 1037087 AgR/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/08/2018. (Info 911)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para o início da ação penal, basta a prova da constituição definitiva do crédito tributário
(Súmula Vinculante 24), sendo desnecessária a juntada integral do Procedimento
Administrativo Fiscal correspondente.
STJ. 5ª Turma. RHC 94.288-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/05/2018. (Info 627)

24. CRIMES NA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS (LEI 8.666/93)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Os crimes de formação de cartel e de fraude a licitação constituem infrações penais de
natureza formal, bastando para se consumar a demonstração de que a competição foi
frustrada, independentemente de demonstração de recebimento de vantagem indevida
pelo agente e comprovação de dano ao erário.
STJ. AgRg no REsp 1.774.165-PR, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 19/04/2022, DJe 10/05/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A consumação do crime descrito no art. 89 da Lei nº 8.666/93, agora disposto no art. 337-
E do CP (Lei nº 14.133/2021), exige a demonstração do dolo específico de causar dano ao
erário, bem como efetivo prejuízo aos cofres públicos.
Nota: O crime previsto no art. 89 da Lei nº 8.666/93 é norma penal em branco, cujo preceito
primário depende da complementação e integração das normas que dispõem sobre
hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitações, agora previstas na nova Lei de
Licitações (Lei nº 14.133/2021). Dado o princípio da tipicidade estrita, se o objeto a ser
contratado estiver entre as hipóteses de dispensa ou de inexigibilidade de licitação, não há
falar em crime, por atipicidade da conduta. Conforme disposto no art. 74, III, da Lei n.
14.133/2021 e no art. 3º-A do Estatuto da Advocacia, o requisito da singularidade do serviço
advocatício foi suprimido pelo legislador, devendo ser demonstrada a notória especialização
do agente contratado e a natureza intelectual do trabalho a ser prestado. A mera existência
de corpo jurídico próprio, por si só, não inviabiliza a contratação de advogado externo para
a prestação de serviço específico para o ente público. Se estão ausentes o dolo específico e
o efetivo prejuízo aos cofres públicos, impõe-se a absolvição do réu da prática prevista no
art. 89 da Lei nº 8.666/93.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 669.347-SP, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do
TJDFT), Rel. Acd. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 13/12/2021 (Info 723).

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NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


As sucessivas revisões dos quantitativos máximos de receita bruta para enquadramento
como ME ou EPP, da LC 123/2006, para fazer frente à inflação, não descaracterizam crimes
de inserção de informação falsa em documento público, para fins de participação em
procedimento licitatório, cometidos anteriormente.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1526095-RJ, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 08/06/2021 (Info 700).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime de fraude à licitação é formal e sua consumação prescinde da comprovação do
prejuízo ou da obtenção de vantagem.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 10/02/2021. Súmula 645 STJ

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


No processo licitatório, não compete à assessoria jurídica averiguar se está presente a causa
de emergencialidade, mas apenas se há, nos autos, decreto que a reconheça.
Nota: sua função é zelar pela lisura sob aspecto formal do processo.
STF. 2ª Turma. HC 171576/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2019. (Info 952)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Ausência do crime do art. 89 em conduta de Secretário de Estado que compra, sem licitação,
livros didáticos escolhidos por equipe técnica, de fornecedor exclusivo, sem sobrepreço.
Nota: ATUALIZAÇÃO:
O art. 89 da Lei nº 8.666/93 foi revogado pela nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021), que
previu um novo crime para essa mesma conduta, no entanto, com diferente redação.
Confira:
Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta fora das hipóteses
previstas em lei:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
STF. Plenário. AP 946/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 30/08/2018. (Info 913)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para a configuração da tipicidade subjetiva do crime previsto no art. 89 da Lei 8.666/93,
exige-se o especial fim de agir, consistente na intenção específica de lesar o erário ou obter
vantagem indevida.
Nota: O tipo penal previsto no art. 89 não criminaliza o mero fato de o administrador público
ter descumprido formalidades. Para que haja o crime, é necessário que, além do
descumprimento das formalidades, também se verifique que ocorreu, no caso concreto, a
violação de princípios cardeais (fundamentais) da Administração Pública. Se houve apenas
irregularidades pontuais relacionadas com a burocracia estatal, isso não deve, por si só, gerar
a criminalização da conduta.
Assim, para que ocorra o crime, é necessária uma ofensa ao bem jurídico tutelado, que é o
procedimento licitatório. Sem isso, não há tipicidade material.
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Não haverá crime se a decisão do administrador de deixar de instaurar licitação para a


contratação de determinado serviço foi amparada por argumentos previstos em pareceres
(técnicos e jurídicos) que atenderam aos requisitos legais, fornecendo justificativas plausíveis
sobre a escolha do executante e do preço cobrado e não houver indícios de conluio entre o
gestor e os pareceristas com o objetivo de fraudar o procedimento de contratação direta.

ATUALIZAÇÃO: O art. 89 da Lei nº 8.666/93 foi revogado pela nova Lei de Licitações (Lei
14.133/2021), que previu um novo crime para essa mesma conduta, no entanto, com
diferente redação. Confira: Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação
direta fora das hipóteses previstas em lei: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
multa.
STF. 1ª Turma. Inq 3962/DF, Rel. Min Rosa Weber, julgado em 20/02/2018. (Info 891)

25. CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI 9.503/97)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para a observância da causa de aumento da pena prevista no artigo 302, § 1º, inciso III,
da Lei nº 9.503/1997, revela-se desinfluente a circunstância de a morte haver sido
instantânea, não cabendo ao agente presumir o estado de saúde da vítima e avaliar a
conveniência de socorrê-la.
STF. 1ª turma. HC 195.497/SP AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 23/03/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É constitucional o tipo penal que prevê o crime de fuga do local do acidente (art. 305 do
CTB).

Nota: A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é
constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao
silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade.
Art. 305 do CTB: “Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à
responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída:” Penas - detenção, de seis meses
a um ano, ou multa.
STF. Plenário. ADC 35/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 9/10/2020. (Info 994)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A causa de aumento prevista no art. 302, § 1°, II, do Código de Trânsito Brasileiro não exige
que o agente esteja trafegando na calçada, sendo suficiente que o ilícito ocorra nesse local.
Nota: ex. quando o agente estiver conduzindo o seu veículo pela via pública e perder o
controle vindo a adentrar na calçada e atingir a vítima.
AgRg nos EDcl no REsp 1.499.912-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 05/03/2020, DJe
23/03/2020. (Info 668-STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo


automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.
Nota: não viola o direito ao exercício da atividade profissional, pois este não é absoluto.
STF. Plenário. RE 607107/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/2/2020. (repercussão geral – Tema 486) (Info 966).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É atípica a conduta contida no art. 307 do CTB quando a suspensão ou a proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor advém de restrição
administrativa.
Nota: A conduta de violar decisão administrativa que suspendeu a habilitação para dirigir
veículo automotor não configura o crime do art. 307, caput, do CTB, embora possa constituir
outra espécie de infração administrativa, a depender do caso concreto.
STJ. 6ª Turma. HC 427.472-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/08/2018. (Info 641)

26. LEI DE CRIMES AMBIENTAIS (LEI 9.605/98)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O princípio da intranscendência da pena também se aplica para pessoas jurídicas;assim, se
uma empresa que está respondendo processo por crime ambiental for incorporada, sem
nenhum indício de fraude, haverá extinção da punibilidade.
STJ. 3ª Seção.REsp 1977172-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/08/2022 (Info 746).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Construir uma casa em uma unidade de conservação configura o crime do art. 64 da Lei
9.605/98 e absorve os delitos dos arts. 40 e 48 da mesma lei.

STJ. 5ª Turma. REsp 1.925.717-SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/05/2021 (Info 698).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É possível o concurso formal entre o crime do art. 2º da Lei n. 8.176/91 (que tutela o
patrimônio da União, proibindo a usurpação de suas matérias-primas), e o crime do art. 55
da Lei n. 9.605/98 (que protege o meio ambiente, proibindo a extração de recursos
minerais), não havendo conflito aparente de normas já que protegem bens jurídicos
distintos.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1856109/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti, julgado em 16/06/2020.
Mesmo sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1678419/SE, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 20/09/2018.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


As condutas delituosas previstas nos artigos 54, § 1º, I, II, III e IV e § 3º e 56, § 1º, I e II, c/c
58, I, da Lei n. 9.605/1998, que se resumem na ação de causar poluição ambiental que
provoque danos à população e ao próprio ambiente, em desacordo com as exigências
estabelecidas na legislação de proteção, e na omissão em adotar medidas de precaução nos

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casos de risco de dano grave ou irreversível ao ecossistema, são de natureza permanente,


para fins de aferição da prescrição.
AgRg no REsp 1.847.097-PA, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 05/03/2020, DJe
13/03/2020. (Info 667-STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O delito previsto na primeira parte do art. 54 da Lei nº 9.605/98 possui natureza formal,
sendo suficiente a potencialidade de dano à saúde humana para configuração da conduta
delitiva, não se exigindo, portanto, a realização de perícia.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.417.279-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 11/04/2018. (Info 624)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A assinatura do termo de ajustamento de conduta com órgão ambiental não impede a
instauração de ação penal.
STJ. Corte Especial. APn 888-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/05/2018. (Info 625)

27. ESTATUTO DO DESARMAMENTO (LEI 10.826/2003)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A flexibilização, via decreto presidencial, dos critérios e requisitos para a aquisição de armas
de fogo prejudica a fiscalização do Poder Público, além de violar a competência legislativa
em sentido estrito para a normatização das hipóteses
legais quanto à sua efetiva necessidade.
STF. ADI 6119 MC-Ref/DF, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em
20.9.2022/ADI 6139 MC-Ref/DF, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em
20.9.2022/ADI 6466 MC-Ref/DF, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em
20.9.2022 (Info 1069).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É atípica a conduta de colecionador, com registro para a prática desportiva e guia de
tráfego, que se dirigia ao clube de tiros sem portar consigo a guia de trânsito da arma de
fogo.

STJ. AgRg no AgRg no RHC 148.516-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 09/08/2022, DJe
15/08/2022. (Info 753).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

A apreensão de munições em quantidade não considerada insignificante, aliada a


condenação concomitante pelo delito de tráfico de entorpecentes, impõe o afastamento
da aplicação do princípio da insignificância.
STJ. REsp 1.978.284-GO, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022, DJe
17/06/2022.
Mesmo sentido: STJ. 3ª Seção. EREsp 1856980-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 22/09/2021 (Info 710)/ STF. 1ª Turma.
HC 206977 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2021.

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NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

O crime de porte de arma de fogo, na modalidade transportar, admite participação.

Nota: No caso, o Tribunal de Justiça entendeu não ser possível a condenação pela prática
do delito previsto no art. 16, caput, da Lei nº 10.826/2003, pois o réu não foi flagrado
realizando o transporte direto do armamento. Contudo, deve-se destacar que o crime de
porte de arma de fogo, seja de uso permitido ou restrito, na modalidade transportar,
admite participação, de modo que praticam os referidos delitos não apenas aqueles que
realizam diretamente o núcleo penal transportar, mas todos aqueles que concorreram
material ou intelectualmente para esse transporte. Aplica-se, portanto, o disposto no art.
29 do Código Penal, expressamente invocado na inicial acusatória, segundo o qual: Art. 29.
Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na
medida de sua culpabilidade.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.887.992-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 07/12/2021 (Info 721).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Todos os integrantes das guardas municipais possuem direito a porte de arma de fogo, em
serviço ou mesmo fora de serviço, independentemente do número de habitantes do
Município.
Nota: O art. 6º, III e IV, da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) somente previa
porte de arma de fogo para os guardas municipais das capitais e dos Municípios com maior
número de habitantes. Assim, os integrantes das guardas municipais dos pequenos
Municípios (em termos populacionais) não tinham direito ao porte de arma de fogo. O STF
considerou que esse critério escolhido pela lei é inconstitucional porque os índices de
criminalidade não estão necessariamente relacionados com o número de habitantes.
STF. Plenário. ADC 38/DF, ADI 5538/DF e ADI 5948/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 27/2/2021 (Info 1007).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A Lei nº 13.497/2017 equiparou a hediondo apenas o crime do caput do art. 16 da Lei nº
10.826/2003, não abrangendo as condutas equiparadas previstas no seu parágrafo único.

Nota: Assim, o crime de posse ou porte de arma de fogo de uso permitido com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado não integra
o rol dos crimes hediondos.
Resumo (dizer o direito):
-Antes da Lei 13.497/2017: o art. 16 do Estatuto do Desarmamento não era equiparado a
hediondo.  Depois da Lei 13.497/2017: divergência. 5ª Turma do STJ: tanto o caput como o
parágrafo único do art. 16 são equiparados a hediondo. 6ª Turma do STJ: somente o caput do
art. 16 é equiparado a hediondo.

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ATENÇÃO-Depois da Lei 13.964/2019: somente é equiparado a hediondo o crime de posse


ou porte ilegal de arma de fogo de uso PROIBIDO, previsto no § 2º do art. 16. Não abrange
mais os crimes posse ou porte de arma de fogo de uso restrito.
STJ. 6ª Turma. HC 525.249-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 15/12/2020. (Info 684)
Em sentido contrário: 09.12.2020, a 5ª Turma do STJ, no HC 624.903/SP.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Caracteriza ilícito penal o porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei n. 10.826/2003) ou de
arma de fogo de uso restrito (art. 16 da Lei n. 10. 826/2003) com registro de cautela vencido.
Nota: o entendimento na Apn n. 686/AP, CE, DJe de 29/05/2015, no sentido que o vencimento
da autorização não caracteriza ilícito penal, mas mera irregularidade administrativa é para
POSSE ilegal de arma de fogo de uso permitido E NÃO PORTE.
AgRg no AREsp 885.281-ES, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 28/04/2020, DJe
08/05/2020. (Info 671-STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Inexiste ilegalidade em portaria editada pelo Juiz Diretor do Foro da Comarca de Sete
Quedas que restringiu o ingresso de pessoas portando arma de fogo nas dependências do
Fórum.
RMS 38.090-MS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em 10/03/2020, DJe 16/03/2020. (Info 667-
STJ)

28. LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/2006)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É ilegal a fixação ad eternum de medida protetiva, devendo o magistrado avaliar
periodicamente a pertinência da manutenção da cautela imposta.
Nota: O Superior Tribunal de Justiça possui o entendimento segundo o qual "as medidas de
urgência, protetivas da mulher, do patrimônio e da relação familiar, somente podem ser
entendidas por seu caráter de cautelaridade - vigentes de imediato, mas apenas enquanto
necessárias ao processo e a seus fins" (AgRg no REsp 1.769.759/SP, relator Ministro Nefi
Cordeiro, Sexta Turma, DJe de 14/05/2019).
De acordo com a doutrina, "como desdobramento de sua natureza provisória, a manutenção
de toda e qualquer medida protetiva de urgência depende da persistência dos motivos que
evidenciaram a urgência da medida necessária à tutela do processo. São as medidas
cautelares situacionais, pois tutelam uma situação fática de perigo. Desaparecido o suporte
fático legitimador da medida, consubstanciado pelo fumus comissi delicti e pelo periculum
libertatis, deve o magistrado revogar a constrição".

STJ. HC 605.113-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 08/11/2022. (Info 756).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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As medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do art. 22 da Lei Maria da
Penha têm natureza de cautelares penais, não cabendo falar em citação do requerido para
apresentar contestação, tampouco a possibilidade de decretação da revelia, nos moldes da
lei processual civil.
Nota: Quanto à distinção entre a natureza cível e a natureza criminal das medidas protetivas,
a jurisprudência desta Corte Superior, há muito, posiciona-se no sentido de que aquelas
previstas no art. 22, incisos I, II e III, da Lei n. 11.340/2006 são de natureza criminal, enquanto
as dispostas nos demais incisos desse dispositivo têm natureza cível.
STJ. REsp 2.009.402-GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por maioria, julgado em
08/11/2022. (Info 756).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É indevida a manutenção de medidas protetivas na hipótese de conclusão do inquérito
policial sem indiciamento do acusado.

STJ. Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por maioria, julgado em 20/09/2022.
(Info 750).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A realização da audiência prevista no art. 16 da Lei n. 11.340/2006 somente se faz
necessária se a vítima houver manifestado, de alguma forma, em momento anterior ao
recebimento da denúncia, ânimo de desistir da representação.
STJ. 5ª turma. AgRg no REsp 1.946.824-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022,
DJe 17/06/2022. (Info 743).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A Lei n. 11.340/2006 (Maria da Penha) é aplicável às mulheres trans em situação de
violência doméstica.
Nota: aplicação da Lei Maria da Penha não reclama considerações sobre a motivação da
conduta do agressor, mas tão somente que a vítima seja mulher e que a violência seja
cometida em ambiente doméstico, familiar ou em relação de intimidade ou afeto entre
agressor e agredida.
Importa enfatizar que o conceito de gênero não pode ser empregado sem que se saiba
exatamente o seu significado e de tal modo que acabe por desproteger justamente quem a
Lei Maria da Penha deve proteger: mulheres, crianças, jovens, adultas ou idosas e, no caso,
também as trans.
Para alicerçar a discussão referente à aplicação do art. 5º da Lei Maria da Penha quando
tratar-se de mulher trans, necessária é a diferenciação entre os conceitos de gênero e sexo,
assim como breves noções de termos transexuais, transgêneros, cisgêneros e travestis, com
a compreensão voltada para a inclusão dessas categorias no abrigo da Lei em comento, tendo
em vista a relação dessas minorias com a lógica da violência doméstica contra a mulher.
Estabelecido entendimento de mulher trans como mulher, para fins de aplicação da Lei n.
11.340/2006, vale lembrar que a violência de gênero é resultante da organização social de

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gênero, a qual atribui posição de superioridade ao homem. A violência contra a mulher nasce
da relação de dominação/subordinação, de modo que ela sofre as agressões pelo fato de ser
mulher.
Com efeito, a vulnerabilidade de uma categoria de seres humanos não pode ser resumida à
objetividade de uma ciência exata. As existências e as relações humanas são complexas e o
Direito não se deve alicerçar em argumentos simplistas e reducionistas.
Assim, é descabida a preponderância de um fator meramente biológico sobre o que
realmente importa para a incidência da Lei Maria da Penha, com todo o seu arcabouço
protetivo, inclusive a competência jurisdicional para julgar ações penais decorrentes de
crimes perpetrados em situação de violência doméstica, familiar ou afetiva contra mulheres.

STJ. 6ª turma. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
05/04/2022. (Info 732).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É válida a atuação supletiva e excepcional de delegados de polícia e de policiais a fim de
afastar o agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida, quando
constatado risco atual ou iminente à vida ou à integridade da mulher em situação de
violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, conforme o art. 12-C inserido na
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
STF.ADI 6138/DF, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 23.3.2022 (Info 748).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não cabe o arbitramento de aluguel em desfavor da coproprietária vítima de violência
doméstica, que, em razão de medida protetiva de urgência decretada judicialmente, detém
o uso e gozo exclusivo do imóvel de cotitularidade do agressor.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.966.556-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 08/02/2022 (Info 724).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A idade da vítima é irrelevante para afastar a competência da vara especializada em
violência doméstica e familiar contra a mulher e as normas protetivas da Lei Maria da
Penha.
Nota: Cuidado - Posição da 5ª Turma do STJ: Se o fato de a vítima ser do sexo feminino não
foi determinante para a caracterização do crime de estupro de vulnerável, mas sim a tenra
idade da ofendida, que residia sobre o mesmo teto do réu, que com ela manteve relações
sexuais, não há que se falar em competência do Juizado Especial de Violência Doméstica e
Familiar contra a Mulher. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1020280/DF, Rel. Min. Jorge Mussi,
julgado em 23/08/2018.
STJ. 6ª Turma. RHC 121813-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Constatada situação de vulnerabilidade, aplica-se a Lei Maria da Penha no caso de violência
do neto praticada contra a avó.
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AgRg no AREsp 1.626.825-GO, Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 05/05/2020, DJe 13/05/2020.
(Info 671-STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É irrelevante o lapso temporal da dissolução do vínculo conjugal para se firmar a
competência do Juizados Especiais de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher nos
casos em que a conduta imputada como criminosa está vinculada à relação íntima de afeto
que tiveram as partes.
STJ. 5ª Turma. HC 542.828/AP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 18/02/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A reconciliação entre a vítima e o agressor, no âmbito da violência doméstica e familiar
contra a mulher, não é fundamento suficiente para afastar a necessidade de fixação do
valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração pena.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.819.504-MS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 10/09/2019. (Info 657)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Se a mulher vítima de crime de ação pública condicionada comparece ao cartório da vara e
manifesta interesse em se retratar da representação, ainda assim o juiz deverá designar
audiência para que ela confirme essa intenção e seja ouvido o MP, nos termos do art. 16 da
LMP.
STJ. 5ª Turma. HC 138.143-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/09/2019. (Info 656)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A medida de afastamento do local de trabalho, prevista no art. 9º, § 2º, da Lei é de
competência do Juiz da Vara de Violência Doméstica, sendo caso de interrupção do contrato
de trabalho, devendo a empresa arcar com os 15 primeiros dias e o INSS com o restante.
Nota: afastamento do local de trabalho por até 6 meses. O afastamento não advém da relação
de trabalho, mas sim da situação emergencial que visa garantir a integridade física,
psicológica e patrimonial da mulher.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.757.775-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/08/2019. (Info 655)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A decisão proferida em processo penal que fixa alimentos provisórios ou provisionais em
favor da companheira e da filha, em razão da prática de violência doméstica, constitui título
hábil para imediata cobrança e, em caso de inadimplemento, passível de decretação de
prisão civil.
STJ. 3ª Turma. RHC 100.446-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/11/2018. (Info 640)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é motivo idôneo
para justificar a prisão preventiva do réu.
STJ. 6ª Turma. HC 437.535-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
26/06/2018. (Info 632)

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NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Nos casos de violência contra a mulher praticados no âmbito doméstico e familiar, é
possível a fixação de valor mínimo indenizatório a título de dano moral, desde que haja
pedido expresso da acusação ou da parte ofendida, ainda que não especificada a quantia,
e independentemente de instrução probatória.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.643.051-MS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/02/2018. (recurso repetitivo) (Info 621)

29. LEI DE DROGAS (LEI 11.343/2006)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


As alterações providas pelo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019) apenas afastaram o
caráter hediondo ou equiparado do tráfico privilegiado, previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.
11.343/2006, nada dispondo sobre os demais dispositivos da Lei de Drogas.
Nota: a equiparação a hediondo do delito de tráfico de drogas decorre de previsão
constitucional constante no art. 5º, XLIII, da Carta Magna, que trata com mais rigor os crimes
de maior reprovabilidade.

STJ. AgRg no HC 748.033-SC, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 27/09/2022, DJe 30/09/2022.
(Info 754).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O fato de o flagrante do delito de tráfico de drogas ter ocorrido em comunidade apontada
como local dominado por facção criminosa, por si só, não permite presumir que os réus
eram associados (de forma estável e permanente) à referida facção, sob pena de se validar
a adoção de uma seleção criminalizante norteada pelo critério espacial e de se inverter o
ônus probatório, atribuindo prova diabólica de fato negativo à defesa.

STJ. HC 739.951-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 09/08/2022, DJe 18/08/2022. (Info 753).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A apreensão de petrechos para a traficância, a depender das circunstâncias do caso
concreto, pode afastar a causa de diminuição de pena do art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006.
Nota: No caso, as instâncias de origem, ao analisarem as provas constantes dos autos,
entenderam não se tratar de traficante eventual, mas de agente que efetivamente se
dedicava à atividade criminosa, especialmente tendo em vista terem sido apreendidos
petrechos para a traficância (balança de precisão, colher, peneira, todos com resquícios de
cocaína, 66 frasconetes), elementos que, nos termos da jurisprudência desta Corte, denotam
a dedicação às atividades criminosas.

STJ. AgRg no HC 773.113-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 04/10/2022, DJe
10/10/2022. (Info 752).

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NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

As guardas municipais não possuem competência para patrulhar supostos pontos de


tráfico de drogas, realizar abordagens e revistas em indivíduos suspeitos da prática de tal
crime ou ainda investigar denúncias anônimas relacionadas ao tráfico e outros delitos
cuja prática não atinja de maneira clara, direta e imediata os bens, serviços e instalações
municipais.

Nota: Ainda que eventualmente se considerasse provável que a sacola ocultada pelo réu
contivesse objetos ilícitos, não estavam os guardas municipais autorizados, naquela
situação, a avaliar a presença da fundada suspeita e efetuar a busca pessoal no acusado.
Caberia aos agentes municipais, apenas, naquele contexto totalmente alheio às suas
atribuições, acionar os órgãos policiais para que realizassem a abordagem e revista do
suspeito, o que, por não haver sido feito, macula a validade da diligência por violação do
art. 244 do CPP e, por conseguinte, das provas colhidas em decorrência dela, nos termos
do art. 157 do CPP, também contrariado na hipótese.
STJ. REsp 1.977.119-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 16/08/2022 (Info 746).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

A utilização da quantidade e a natureza das drogas apreendidas tanto para exasperar a


pena-base quanto para afastar a aplicação da minorante do tráfico de drogas dito
privilegiado, sendo o único fundamento apontado pela Corte de origem para rechaçar a
redutora legal, configura indevido bis in idem.
STJ. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 21/06/2022,
DJe 24/06/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

Nos delitos de tráfico de entorpecentes interestadual ocorrido em aeronave, e uma vez


apreendida a droga em solo, a competência para o julgamento da ação penal será da
Justiça Estadual.
STJ. AgRg no HC 691.423-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 07/06/2022, DJe 14/06/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não é possível a utilização de ações penais em curso para se afastar a causa especial de
diminuição de pena inserta no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006.
Nota: A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a existência de
inquéritos ou ações penais em andamento não é, por si só, fundamento idôneo para
afastamento da minorante do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006.
STJ. AgRg no REsp 1.982.403-MT, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT), Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 10/05/2022, DJe 19/05/2022.

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Mesmo sentido: REsp 1.977.027-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/08/2022 (Tema 1139)
– Info 745.
STF. 1ª Turma. RHC 205080 AgR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 04/10/2021.
STF. 2ª Turma. HC 206143 AgR, Relator p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É cabível a concessão de salvo-conduto para o plantio e o transporte de Cannabis
Sativa para fins exclusivamente terapêuticos, com base em receituário e laudo subscrito
por profissional médico especializado, e chancelado pela Anvisa.
DIVERGÊNCIA:
É incabível salvo-conduto para o cultivo da cannabis visando a extração do óleo medicinal,
ainda que na quantidade necessária para o controle da epilepsia, posto que a autorização fica
a cargo da análise do caso concreto pela ANVISA.
STJ. 5ª Turma. RHC 123402-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 23/03/2021 (Info
690). E STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 155610-CE, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
10/05/2022 (Info 736).
STJ. 6ª Turma. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
14/06/2022. (Info 742). E STJ. 6ª Turma. RHC 147169, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 14/06/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


No delito de tráfico de drogas praticado nas proximidades ou nas imediações de
estabelecimento de ensino, pode-se, excepcionalmente, em razão das peculiaridades do
caso concreto, afastar a incidência da majorante prevista no art. 40, inciso III, da Lei n.
11.343/2006.
Nota: No caso, o tráfico foi cometido 28/04/2020, momento em que as escolas de ensino do
DF estavam fechadas por conta das medidas restritivas de combate à COVID-19, situação que
perdurou entre março de 2020 e agosto de 2021, quando as aulas presenciais foram
retomadas.
Veja-se, portanto, que a proximidade do comércio ilícito de drogas com os estabelecimentos
de ensino e esporte foi, na verdade, um elemento meramente acidental, sem nenhuma
relação real e efetiva com a traficância.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 728.750-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, Julgado em 17/05/2022,
DJe de 19/05/2022. (Info 738).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A semi-imputabilidade, por si só, não afasta o tráfico de drogas e o seu caráter hediondo,
tal como a forma privilegiada.
Nota: não há previsão legal sobre a semi-imputabilidade, por si só, afastar da conduta do
tráfico de drogas e o seu caráter hediondo, tal como a forma privilegiada.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 716.210-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 10/05/2022,
DJe 13/05/2022 (Info 737).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


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É possível a valoração da quantidade e natureza da droga apreendida, tanto para a fixação


da pena-base quanto para a modulação da causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da
Lei n. 11.343/2006, neste último caso ainda que sejam os únicos elementos aferidos, desde
que não tenham sidos considerados na primeira fase do cálculo da pena.
Nota:
Entendimento anterior (Info 731):
A natureza e a quantidade da droga devem ser valoradas na primeira etapa da dosimetria da
pena. Isso porque o art. 42 da Lei nº 11.343/2006 afirma que esses dois vetores preponderam
sobre as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP (que são analisados na primeira fase da
dosimetria).
Não há margem, na redação do art. 42 da Lei nº 11.343/2006, para utilização de suposta
discricionariedade judicial que redunde na transferência da análise dos vetores “natureza e
quantidade de drogas apreendidas” para etapas posteriores, já que erigidos ao status de
circunstâncias judiciais preponderantes, sem natureza residual.
STJ. 5ª Turma. REsp 1985297-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 29/03/2022
(Info 731).
STJ. 3ª Seção. HC 725.534-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 27/04/2022 (Info 734).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Viola o princípio da proporcionalidade a consideração de condenação anterior pelo delito do art. 28
da Lei nº 11.343/2006, “porte de droga para consumo pessoal”, para fins de reincidência.

STF. 2ª Turma. RHC 178512 AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/3/2022 (Info 1048).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Demonstradas pela instância de origem a estabilidade e permanência do crime de
associação para o tráfico de drogas, inviável o revolvimento probatório em sede de habeas
corpus visando a modificação do julgado.
Nota: Sabe-se que, no crime de associação para o tráfico de drogas, há um vínculo associativo
duradouro e estável entre seus integrantes, com o objetivo de fomentar especificamente o
tráfico de drogas, por meio de uma estrutura organizada e divisão de tarefas para a aquisição
e venda de entorpecentes, além da divisão de seus lucros.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no sentido de que: Para a
configuração do delito de associação para o tráfico de drogas, é necessário o dolo de se
associar com estabilidade e permanência, sendo que a reunião de duas ou mais pessoas sem
o animus associativo não se subsume ao tipo do art. 35 da Lei n. 11.343/2006. Trata-se,
portanto, de delito de concurso necessário (HC n. 434.972/RJ, Relator Ministro Ribeiro
Dantas, Quinta Turma, julgado em 26/6/2018, DJe de 1º/8/2018).
STJ. HC 721.055-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 22/03/2022, DJe
25/03/2022. (Info 730)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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O histórico de ato infracional pode ser considerado para afastar a minorante do art. 33, §
4.º, da Lei nº 11.343/2006, por meio de fundamentação idônea que aponte a existência de
circunstâncias excepcionais, nas quais se verifique a gravidade de atos pretéritos,
devidamente documentados nos autos, bem como a razoável proximidade temporal com o
crime em apuração.

Nota: Explicação via DoD -O STF possui a mesma posição? Para o STF, a existência de atos
infracionais pode servir para afastar o benefício do § 4º do art. 33 da LD?
1ª Turma do STF: SIM. RHC 190434 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2021.
Embora atos infracionais praticados na adolescência não constituam crime na acepção
normativa do termo, não há como se olvidar que eles são fatos contrários ao Direito e
implicam, sim, consequências jurídicas, inclusive a possibilidade de internação do menor.
2ª Turma do STF: NÃO. STF. 2ª Turma. HC 202574 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
17/08/2021.
STJ. 3ª Turma. EREsp 1.916.596-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz, julgado em 08/09/2021 (Info 712)
Em sentido contrário: STF. 2ª Turma. HC 202574 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 17/08/2021.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não é possível que o agente responda pela prática do crime do art. 34 da Lei 11.343/2006
quando a posse dos instrumentos configura ato preparatório destinado ao consumo pessoal
de entorpecente.
Nota: "No Direito Penal brasileiro os atos preparatórios, em regra, não são puníveis, sequer
na forma tentada. De fato, o art. 14, II, do Código Penal vincula a tentativa à prática de ao
menos um ato de execução. Em casos excepcionais, entretanto, é possível a punição de atos
preparatórios nas hipóteses em que a lei opta por incriminá-los de forma autônoma, como
acontece com os chamados crimes-obstáculo ou tipos de realização imperfeita. (...) Por meio
desse crime hediondo por equiparação e subsidiário em relação ao tráfico de drogas
propriamente dito (quando as ações forem praticadas no mesmo contexto fático), o legislador
almejou alcançar situações que constituiriam mera preparação do delito contido no art. 33,
caput, da Lei de Drogas. (...) Nesse cenário, o art. 34 da Lei de Drogas, funcionando como
autêntico soldado de reserva, visa punir justamente ações preparatórias do narcotráfico,
como a aquisição de maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à
fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar." (Lei de drogas: aspectos penais e
processuais/ Cleber Masson, Vinicius Marçal - 2.ª ed. - Rio de Janeiro: Forense; MÉTODO,
2021, pp. 135-136).
STJ. 6ª Turma. RHC 135.617-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/09/2021 (Info 709).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Compete ao Juízo Federal do endereço do destinatário da droga, importada via Correio,
processar e julgar o crime de tráfico internacional.
Atenção: MUDANÇA DE ENTENDIMENTO. Na hipótese de importação da droga via correio
cumulada com o conhecimento do destinatário por meio do endereço aposto na
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CICLO II – SEMANA 14

correspondência, a Súmula 528/STJ deve ser flexibilizada para se fixar a competência no


Juízo do local de destino da droga, em favor da facilitação da fase investigativa, da busca
da verdade e da duração razoável do processo.
-Entendimento anterior do STJ: local de apreensão da droga Essa posição estava
manifestada na Súmula 528 do STJ, aprovada em 13/05/2015: Súmula 528-STJ: Compete
ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
processar e julgar o crime de tráfico internacional.
-Entendimento atual do STJ: local de destino da droga. Na hipótese de importação da
droga via correio cumulada com o conhecimento do destinatário por meio do endereço
aposto na correspondência, a Súmula 528/STJ deve ser flexibilizada para se fixar a
competência no Juízo do local de destino da droga, em favor da facilitação da fase
investigativa, da busca da verdade e da duração razoável do processo.
STJ. 3ª Seção. CC 177.882-PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 26/05/2021 (Info 698).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Nos termos do art. 28, § 2º, da Lei n. 11.343/2006, não é apenas a quantidade de drogas
que constitui fator determinante para a conclusão de que a substância se destinava a
consumo pessoal, mas também o local e as condições em que se desenvolveu a ação, as
circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e os antecedentes do agente.
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1740201/AM, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/11/2020.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É atípica a conduta de importar pequena quantidade de sementes de maconha.

STJ. 3ª Seção. EREsp 1.624.564-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 14/10/2020. (Info 683)
Mesmo sentido: STF. 2ª Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O STF, interpretando os §§ 2º e 3º do art. 48 da Lei nº 11.343/2006, afirmou que o autor do
crime previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006 deve ser encaminhado imediatamente ao
juiz e o próprio magistrado irá lavrar o termo circunstanciado e requisitar os exames e
perícias necessários.
Nota: normas dos §§ 2º e 3º do art. 48 da Lei nº 11.343/2006 foram editadas em benefício
do usuário de drogas, visando afastá-lo do ambiente policial, quando possível, e evitar que
seja indevidamente detido pela autoridade policial.
STF. Plenário. RE 662405, Rel. Luiz Fux, julgado em 29/06/2020. (Repercussão Geral – Tema 512) (Info 986)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A conduta de transportar folhas de coca melhor se amolda, em tese e para a definição de
competência, ao tipo descrito no § 1º, I, do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, que criminaliza o
transporte de matéria-prima destinada à preparação de drogas.

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Nota: A folha de coca não é considerada droga; porém pode ser classificada como matéria-
prima ou insumo para sua fabricação.
CC 172.464-MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/06/2020, DJe
16/06/2020. (Info 673-STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não incide a causa de aumento de pena prevista no inciso III do art. 40 da Lei n. 11.343/2006
em caso de tráfico de drogas cometido nas dependências ou nas imediações de igreja.
Nota: Isso porque o Direito Penal não admite analogia in malam partem.

Cuidado: Justificada a incidência da causa de aumento prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº
11.343/2006, uma vez consta nos autos a existência de igreja evangélica a aproximadamente
23 metros de distância do local onde a traficância era realizada. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC
668934/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 22/06/2021.

Obs: prevalece a 1ª corrente (a do julgado no HC 528.851). Na verdade, se formos analisar o


caso concreto envolvendo o AgRg no HC 668934/MG, iremos constar que, além de uma igreja
evangélica, o local também funcionava como entidade social, de modo que se amoldava no
inciso III por esse outro motivo
HC 528.851-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 05/05/2020, DJe 12/05/2020. (Info
671-STJ)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O cometimento do crime do art. 28 da Lei de Drogas deve receber o mesmo tratamento que
a contravenção penal, para fins de revogação facultativa da suspensão condicional do
processo.

Nota: mostra-se desproporcional que o mero processamento do réu pela prática do crime
previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006 torne obrigatória a revogação da suspensão
condicional do processo, enquanto o processamento por contravenção penal ocasione a
revogação facultativa.
STJ. 5ª Turma. REsp 1795962-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 10/03/2020 (Info 668).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado
ao avistar a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial
no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial.
RHC 89.853-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 18/02/2020, DJe 02/03/2020. (Info 666-
STJ)
Mesmo sentido: STJ, 6ª Turma. RHC 83.501-SP, julgado em 06/03/2018 (Info 623).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
CICLO II – SEMANA 14

Para fins do art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, milita em favor do réu a presunção de que ele
é primário, possui bons antecedentes e não se dedica a atividades criminosas nem
integra organização criminosa; o ônus de provar o contrário é do Ministério Público.
Nota: sob pena de desrespeito ao princípio da individualização da pena.
STF. 2ª Turma. HC 154694 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/2/2020. (Info 965)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A reincidência de que trata o § 4º do art. 28 da Lei nº 11.343/2006 é a específica e não
genérica.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.771.304-ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/12/2019. (Info 662)

O CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A habitualidade no crime e o pertencimento a organizações criminosas deverão ser
comprovados pela acusação, não sendo possível que o benefício do tráfico privilegiado (art.
33, § 4º) seja afastado por simples presunção.
STF. 2ª Turma. HC 152001 AgR/MT, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em
29/10/2019. (Info 958)

O CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não é necessário que a droga passe por dentro do presídio para que incida a majorante
prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006. Esse dispositivo não faz aexigência de que as
drogasefetivamente passem pordentro dos locais que se busca dar maior proteção, mas
apenas queo cometimento dos crimes tenha ocorrido em seu interior.
STJ. 5ª Turma. HC 440888-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/10/2019 (Info 659).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não é possível a fixação de regime de cumprimento de pena fechado ou semiaberto para
crime de tráfico privilegiado de drogas sem a devida justificação.
STF. 1ª Turma. HC 163231/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/6/2019. (Info
945)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Mesmo sendo crime, o STJ entende que a condenação anterior pelo art. 28 da Lei nº
11.343/2006 (porte de droga para uso próprio) NÃO configura reincidência. Isso porque a
porte de drogas para consumo próprio foi somente despenalizado pela Lei n° 11.343/2006,
mas não sendo descriminalizado.
Nota: Argumento principal: se a contravenção penal, que é punível com pena de prisão
simples, não configura reincidência, mostra-se desproporcional utilizar o art. 28 da LD para
fins de reincidência, considerando que este delito é punido apenas com “advertência”,
“prestação de serviços à comunidade” e “medida educativa”, ou, seja, sanções menos graves
e nas quais não há qualquer possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade pelo
descumprimento. Há de se considerar, ainda, que a própria constitucionalidade do art. 28 da
LD está sendo fortemente questionada.

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
CICLO II – SEMANA 14

Mesmo sentido: Viola o princípio da proporcionalidade a consideração de condenação


anterior pelo delito do art. 28 da Lei 11.343/2006, “porte de droga para consumo pessoal”,
para fins de reincidência. STF. RHC 178512 AgR/SP, relator Min. Edson Fachin, julgamento
em 22.3.2022
STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 04/10/2018. (Info 636)
Mesmo Sentido: STJ, 6ª Turma, REsp 1672654/SP, julgado em 21/08/2018. (Info 632)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006) configura-
se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a
transposição de fronteiras.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018.
Súmula 607-STJ

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006,
se a prática de narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não facilite a prática
criminosa e a disseminação de drogas em área de maior aglomeração de pessoas.
Nota: Ex: se o tráfico de drogas é praticado no domingo de madrugada, dia e horário em que
o estabelecimento de ensino não estava funcionando, não deve incidir a majorante.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.719.792-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/03/2018. (Info 622)

30. OUTROS TEMAS DA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE

30.1 Crimes de Responsabilidades dos Prefeitos ( Dl 201/67)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Se no momento do oferecimento da denúncia o acusado não exercia função ou cargo
público, torna-se dispensável a defesa prévia prevista no art. 2º, I, do DL 201/67.

STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 163645-TO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2022 (Info 746).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime previsto no art. 1°, VII, do Decreto-Lei nº 201/1967 se perfectibiliza quando há uma
clara intenção de descumprir os prazos para a prestação de contas.

Nota: Se tiver havido a entrega da prestação de contas em momento posterior ao estipulado,


mas se não tiver ficado suficientemente demonstrada a intenção de atrasar e de descumprir
os prazos previstos para se prestar contas, NÃO HAVERÁ CRIME POR FALTA DE ELEMENTO
SUBJETIVO (DOLO). Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos
ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos
Vereadores: (...) VII - Deixar de prestar contas, no devido tempo, ao órgão competente, da

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
CICLO II – SEMANA 14

aplicação de recursos, empréstimos subvenções ou auxílios internos ou externos, recebidos


a qualquer título.

STJ. 6ª Turma. REsp 1695266/PB, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/06/2020. (Info 676 e 677)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Configura o crime do art. 1º, III, do DL 201/67, a conduta do Prefeito que utiliza verbas
oriundas do Fundo Nacional de Saúde (vinculadas a determinado programa de saúde)
para o pagamento de débitos da Secretaria Municipal de Saúde junto ao instituto de
previdência do Município.
Nota: Para a configuração deste crime, é irrelevante verificar se houve, ou não, efetivo
prejuízo para a Administração Pública.
STF. 1ª Turma. AP 984/AP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/6/2019. (Info 944)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O pagamento de remuneração a funcionários fantasmas não configura apropriação ou
desvio de verba pública, previstos pelo art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei n. 201/1967.
Nota: Não é crime, pois a remuneração é devida ainda que questionável.
AgRg no AREsp 1.162.086-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 05/03/2020, DJe 09/03/2020.
(Info 667-STJ)

30.2 Lei Antiterrorismo

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para que se configure o crime do art. 5º da Lei nº 13.260/2016 (atos preparatórios de
terrorismo) exige-se que o sujeito tenha agido por razões de xenofobia, discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia e religião, expostas no art. 2° do mesmo diploma legal.

STJ. 6ª Turma. HC 537.118-RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/12/2019. (Info 663)

30.3 Organização Criminosa

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A imputação de dois crimes de organização criminosa ao agente não revela, por si só, a
litispendência das ações penais, se não ficar demonstrado o liame entre as condutas
praticadas por ambas as organizações criminosas.
Nota: Diante do contexto fático delineado, com base em elementos concretos dos autos, tem-
se devidamente definida a independência entre as organizações criminosas. A Operação
Deforest I, em trâmite na Justiça Estadual, diz respeito a organização criminosa armada,
destinada à prática de crimes de extorsão, os quais ocorreram entre 2018 e 22/10/2019. Já a
Operação Deforest II, em trâmite na Justiça Federal, se refere a organização criminosa
dedicada à extração ilegal e comercialização de madeiras retiradas de áreas de proteção
ambiental, praticada entre 2012 e 2020. Ademais, não há identidade quanto aos integrantes
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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
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de cada organização criminosa, com ressalva apenas de uma pessoa, que, em tese, lidera
ambas.
STJ. 5ª Turma. RHC 158.083-RO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 17/05/2022,
DJe 20/05/2022.

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O delito do art. 2º, § 1º, da Lei 12.850/2013 é crime material, inclusive na modalidade
embaraçar.
Nota: Tanto no núcleo impedir como embaraçar, o crime do art. 2º, § 1º da Lei nº 12.850/2013
é material. A adoção da corrente que classifica o delito como crime material se explica porque
o verbo embaraçar atrai um resultado, ou seja, uma alteração do seu objeto. Na hipótese
normativa, o objeto é a investigação, que pode se dar na fase de inquérito ou na instrução da
ação penal.

STJ. 5ª Turma. REsp 1817416-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 03/08/2021 (Info 703)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O Crime de impedir ou embaraçar investigação previsto na Lei das organizações criminosas
não é restrito à fase do Inquérito abrangendo este e a ação penal.
STJ. 5ª Turma. HC 487.962-SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 28/05/2019. (Info 650)

30.4 Crimes Contra as Relações de Consumo ( Lei 8.137/90) e Economia Popular

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Ausentes os elementos que revelem ter havido evasão de divisas ou lavagem de dinheiro
em detrimento de interesses da União, compete à Justiça Estadual processar e julgar crimes
relacionados a pirâmide financeira em investimento de grupo em criptomoeda.
CC 170.392-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em 10/06/2020, DJe 16/06/2020. (Info 673-
STJ)

30.5 Lavagem de Dinheiro

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A eventual incidência da causa de aumento descrita na parte final do § 4º do art. 1º da Lei
de Lavagem de Dinheiro, na redação dada pela Lei n. 12.683/2012, não constitui empecilho
para o juiz manter a separação dos feitos, nos termos do art. 80 do CPP.

Nota: O Superior Tribunal de Justiça, há muito, já sufragou entendimento de que "a reunião
de processos em razão da conexão é uma faculdade do Juiz, conforme interpretação
a contrario sensu do art. 80 do Código de Processo Penal que possibilita a separação de
determinados processos" (RHC 29.658/RS, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe
8/2/2012).
STJ. RHC 157.077-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 03/05/2022. (Info 735).

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
CICLO II – SEMANA 14

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Inexistindo a demonstração do mínimo vínculo entre o acusado e o delito a ele imputado,
impossibilitado está o exercício do contraditório e da ampla defesa.
Nota: Lavagem de capitais. Inépcia da Denúncia. Inicial acusatória que atribui tipos penais
sem indicar que conduta praticada pela acusada teria concorrido para o êxito da empreitada
criminosa. Ausência de indícios probatórios. Máculas que impedem o exercício do
contraditório e da ampla defesa. Trancamento da ação penal.
Sobre o tema, o STJ tem entendido ser "desnecessário que o autor do crime de lavagem de
capitais tenha sido autor ou partícipe do delito antecedente, bastando que tenha ciência da
origem ilícita dos bens e concorra para sua ocultação ou dissimulação. Sem contar que a
ocultação e a dissimulação podem se protrair no tempo, mediante a prática de diversos atos
subsequentes, exatamente para dar aparência de legalidade às aquisições obtidas de modo
ilícito" (REsp 1.829.744/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, Sexta Turma, DJe 3/3/2020).
Em outro viés, ainda que para a configuração do delito de lavagem de capitais não seja
necessária a condenação pelo delito antecedente, tendo em vista a autonomia do primeiro
em relação ao segundo, basta, apenas, a presença de indícios suficientes da existência do
crime antecedente (AgRg no HC 514.807/SC, Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta
Turma, DJe 19/12/2019).
Evidentemente, no entanto, exsurge-se da análise do caso concreto a avaliação do elemento
subjetivo, a saber, a ação volitiva do agente, com o intuito espúrio de ocultar a origem dos
valores ilícitos, dando a estes aspecto lícito, a incidir do tipo legal da Lei n. 9.613/1998.
STJ. RHC 154.162-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 22/03/2022. (Info 730).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Na autolavagem não ocorre a consunção entre a corrupção passiva e a lavagem de dinheiro.

STJ. Corte Especial. APn 989-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/02/2022 (Info 726).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


A medida assecuratória de indisponibilidade de bens, prevista no art. 4º, § 4º, da Lei nº
9.613/98, pode atingir bens de origem lícita ou ilícita, adquiridos antes ou depois da
infração penal, bem como de pessoa jurídica ou familiar não denunciado, quando houver
confusão patrimonial.
STJ. Corte Especial. Inq 1.190-DF, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 15/09/2021 (Info 710).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É inconstitucional a previsão legal que determina o afastamento do servidor público pelo
simples fato de ele ter sido indiciado pela prática de crime.

Nota: o STF declarou inconstitucional o art. 17-D da Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei nº
9.613/98): “Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
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prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente
autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno.”
O afastamento do servidor somente se justifica quando ficar demonstrado nos autos que
existe risco caso ele continue no desempenho de suas funções e que o afastamento é medida
eficaz e proporcional para se tutelar a investigação e a própria Administração Pública. Tais
circunstâncias precisam ser apreciadas pelo Poder Judiciário.

STF. Plenário. ADI 4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020. (Info
1000)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Não configura o crime de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98) a conduta do agente
que recebe propina decorrente de corrupção passiva e tenta viajar com ele, em voo
doméstico, escondendo as notas de dinheiro nos bolsos do paletó, na cintura e dentro das
meias.
Nota: o caso seria mero exaurimento da corrupção passiva.
STF. 1ª Turma. Inq 3515/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/10/2019. (Info 955).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Na denúncia pelo crime de lavagem de dinheiro, não é necessário que o Ministério Público
faça uma descrição exaustiva e pormenorizada da infração penal antecedente.
Nota: basta o apontamento da existência de indícios suficientes de que ela tenha sido
praticada e que os bens, direitos e valores que foram “lavados” sejam provenientes desta
infração.
STJ. Corte Especial. APn 923-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/09/2019. (Info 657)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O crime de lavagem de bens, direitos ou valores, quando praticado na modalidade típica de
ocultar, é permanente, protraindo-se sua execução até que os objetos materiais do
branqueamento se tornem conhecidos – ao contrário do que ocorre no delito de corrupção
passiva, cuja consumação é instantânea.
STF. HC 165036/PR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 9.4.2019.

30.6 Crimes Contra a Economia Popular

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...

O momento consumativo do crime de formação de cartel deve ser analisado conforme o


caso concreto, sendo errônea a sua classificação como eventualmente permanente.

Nota: No caso concreto, o STJ considerou que houve a celebração sucessiva de acordos
econômicos anticompetitivos entre os agentes até 2014. Logo, o crime de formação de
cartel no mercado de resinas fez-se permanente até 2014. Vale ressaltar, contudo, que o

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
PREPARAÇÃO EXTENSIVA PLUS – 30 SEMANAS
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STJ afirmou que é equivocada a nomenclatura “eventualmente permanente”, não


podendo dizer que o crime de cartel seja “eventualmente permanente”.

Crime instantâneo: é aquele que se consuma em momento determinado e se esgota com


a ocorrência do resultado, sem prolongação. Crime permanente: é aquele em que a
execução se protrai no tempo e se mantém ou cessa por vontade do agente. Crime
eventualmente permanente: “é o delito instantâneo, como regra, mas que, em caráter
excepcional, pode realizar-se de modo a lesionar o bem jurídico de maneira permanente.
Exemplo disso é o furto de energia elétrica. A figura do furto, prevista no art. 155,
concretiza-se sempre instantaneamente, sem prolongar o momento consumativo,
contudo, como o legislador equiparou à coisa móvel, para efeito punitivo, a energia elétrica
(art. 155, § 3º), permite-se, certamente, lesionar o bem jurídico (patrimônio) desviando a
energia de modo incessante, causando prejuízo continuado à distribuidora de energia.”
(NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. São Paulo: Grupo GEN, 2021). Crime
instantâneo de efeito permanente: a consumação se dá em momento determinado, mas
os efeitos são indeléveis, independente da continuidade da ação do agente.
STJ. 5ª Turma. AREsp 1.800.334-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 09/11/2021 (Info 718).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Nas hipóteses de crime contra a economia popular por pirâmide financeira, a identificação
de algumas das vítimas não enseja a responsabilização penal do agente pela prática de
estelionato.

Nota: Nos crimes da Lei nº 1.521/51, o bem jurídico é o patrimônio do povo ou de um número
indeterminado de pessoas (protege a economia popular).
No estelionato, o bem jurídico envolve o patrimônio de uma ou algumas pessoas
determinadas.
Delito contra a economia popular (art. 2º, IX, da Lei nº 1.521/51):
Art. 2º São crimes desta natureza:
(...)
IX - obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado
de
pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos (“bola de neve”, “cadeias”,
“pichardismo” e quaisquer outros equivalentes);
(...)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, de dois mil a cinqüenta mil
cruzeiros.

Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o


julgamento dos crimes contra a economia popular.
STJ. 6ª Turma. RHC 132.655-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 28/09/2021 (Info 711).

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIAS DO STF E DO STJ
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30.7 Temas Diversos

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


O § 3º do art. 326-A do Código Eleitoral, incluído pela Lei 13.834/2019, é constitucional,

STF. Plenário. ADI 6225/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/8/2021 (Info 1026).

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


É necessária a edição de lei em sentido formal para a tipificação do crime contra a
humanidade trazida pelo Estatuto de Roma, mesmo se cuidando de Tratado internalizado.
O disposto na Convenção sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e dos Crimes
contra a Humanidade não torna inaplicável o art. 107, inciso IV, do Código Penal.
STJ. 3ª Seção. REsp 1.798.903-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/09/2019. (Info 659)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Para configurar o delito de calúnia eleitoral, é necessária a comprovação da lesividade da
conduta e, se o suposto atingido afirma não ter se ofendido, não há prova da materialidade.
STF. Plenário. AP 929 ED-2º julg-EI/AL, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018. (Info 920)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo (art. 1º, II, da Lei nº 9.455/97)
aquele que detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.738.264-DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/08/2018. (Info 633)

NO CONCURSO SERÁ COBRADO DA SEGUINTE FORMA...


Candidato que omite, na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, recursos
utilizados em sua campanha eleitoral, pratica o crime do art. 350 do Código Eleitoral.
Nota: Vale ressaltar que o delito de falsidade ideológica é crime formal. Não exige, portanto,
o recolhimento do material não declarado.
STF. 1ª Turma. AP 968/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/5/2018. (Info 903)

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