Adesão e Sistemas Adesivos
Adesão e Sistemas Adesivos
Adesão e Sistemas Adesivos
O intuito da aula é explicar sobre o sistema adesivo e a possibilidade de aderir ao dente, qual a sua importância e como essa
adesão influenciou a inovação da odontologia. A partir da descoberta do sistema adesivo, novas possibilidades clínicas surgiram.
Antigamente, antes dos sistemas adesivos serem integrados à odontologia, até a década de 50, tudo o que era utilizado como
material precisava ser fixado a partir de retenções mecânicas, que eram feitas a custas de tecido sadio. Ou seja, para prender algo
no dente, se fazia uma caixa retentiva nesse dente, no seu tecido sadio. A parti do momento em que houve a descoberta da
possibilidade de utilizar sistema adesivo para prender qualquer coisa no dente, foram criados novos princípios de preparos
cavitários e novas possibilidades clínicas.
Uma alternativa conservadora, com a finalidade de manter a profundidade da cavidade é a utilização de outro material restaurador,
como a resina composta associada ao sistema adesivo. Essa técnica não necessita de preparo retentivo (desgaste de tecido sadio)
para ocupar o espaço da cavidade com segurança, pela utilização de um adesivo que garante essa associação da resina ao dente.
Manejo ideal: É necessária a criação de um espaço (local pra infiltração/ porosidade) para a infiltração do adesivo e essa
porosidade deve ser completamente coberta pelo monômero resinoso.
Entretanto, quando há uma fenda entre a dentina (porção mais inferior) e o material resinoso (porção superior), gerando uma
ausência de contato entre o adesivo e o dente, há um problema. Afinal, se o adesivo não consegue recobrir completamente a
superfície do dente, os pequenos espaços vão, ao longo do tempo, ser infiltrados por água e bactérias, gerando um problema que
acometerá a perda da restauração.
*Logo, o intuito é que o adesivo seja capaz de cobrir completamente o dente.
Para evitar transtornos como esse, é necessário que se conheça as questões relacionadas à adesão que podem causar tais
problemas.
*Exemplos clínicos da aula: Uma cavidade com diversas áreas que precisavam ser aderidas. Como margem de esmalte na
superfície, áreas de dentina rasa, cavidade de dentina com profundidade média e esmalte na borda, área de dentina profunda sem
esmalte na borda (por estar abaixo da junção amelo-dentinária).
O sistema adesivo, para ter um funcionamento propício, deve funcionar em todas essas áreas (esmalte, dentina esclerótica,
dentina cariada/afetada, dentina rasa, etc). Porém, muitas vezes esse ideal não é garantido com os sistemas atuais, fazendo com
que haja a necessidade de conhecer a forma correta de usar o sistema adesivo a nosso favor.
Existe sistema adesivo que não funciona em dentina profunda, dessa forma, faz-se uma proteção pulpar para que, na área de
dentina profunda, haja um material mais apropriado.
A situação clínica define a necessidade de fazer uma combinação de materiais para restauração.
Interferência do substrato:
1. Esmalte: A adesão feita ao esmalte atualmente é muito parecida com a que era feita antigamente.
Isso ocorre pois o esmalte é uma superfície com características extremamente homogêneas, tanto de composição como de
morfologias.
Composição do esmalte: - 96% de material inorgânico (hidroxiapatita); - 3% de água e 1% de material orgânico (proteínas).
Morfologia é muito homogênea, visto que esses prismas vão estar organizados de uma forma muito parecida ao longo de todo
esmalte. Por ex., ao pegar um incisivo central, sua morfologia da região cervical será muito parecida com a da incisal. Aderir ao
esmalte, por conta dessas características de morfologia e adesão, acaba por ser uma estratégia mais confiável do que na dentina.
2. Dentina: Continua tendo uma taxa de material orgânico elevado (72%), mas já tem uma taxa de material orgânico mais
elevado (16-20%), e esse material orgânico é principalmente fibras colágenas do tipo 1.
Composição da dentina: - 72% de material inorgânico; - 16% material inorgânico; - 12% água.
Além da composição diferente a morfologia também possui alta variabilidade, ou seja, o formato acaba variando bastante em
função da região: uma dentina mais profunda tem uma morfologia diferente de uma dentina mais rasa/ superficial. Uma dentina
cariada tem uma morfologia diferente de uma dentina saudável (um formato, uma conformação diferente). Uma dentina
esclerosada diferente.
Então por essas características fazem com que a adesão à dentina seja muito mais complexa e difícil quando comparada ao
esmalte.
Isso não significa que seja impossível, significa que é mais difícil, podendo até optar por não fazer, em uma dentina muito
profunda.
Tipos de dentina:
Isso falando de dentina saudável. Deve-se lembrar que a dentina é composta por
túbulos dentinários, e esses túbulos são envolvidos pela dentina peritubular (a
dentina que forma os túbulos), já a dentina que está entre os túbulos é a dentina
intertubular.
Como saber onde fazer a adesão na dentina intertubular ou se o dente tem mais dentina peritubular? - Se o dente tem um túbulo
mais aberto significa que os espaços entre eles são menores, já nos locais em que os túbulos estão fechados o espaço da dentina
intertubular está mais ocupado. Então, o acesso às fibrilas colágenas que são fundamentais para a adesão ela será mais facilmente
acessada quanto mais rasa for a cavidade, isso ocorre devido ao formato dos túbulos (de funil), a abertura dos túbulos será maior
perto da polpa e menor longe da polpa.
Quanto mais profunda a cavidade, pior será a adesão. (Menos dentina intertubular).
Dúvida: Quanto menos material orgânico melhor será sua adesão, então porque na dentina intertubular, que contém mais
fibras colágenas têm uma adesão melhor?
R. Está relacionado ao local de infiltração, no esmalte será nos primas na dentina será na rede de fibrilas colágenas. O
problema é que a dentina quando é preparada para receber o adesivo a micro retenção será ao redor da rede de fibrilas
colágenas, então, o adesivo não vai conseguir penetrar bem essa dentina (motivo da dúvida), visto que o adesivo não vai
cobrir bem essa porção orgânica. Para conseguir com que essa infiltração aconteça na porção orgânica, será necessário
mudar a energia de superfície da rede de fibrilas colágenas, por meio de um componente (químicos) do sistema adesivo.
Sabe-se que na rede de fibrilas que irá ocorrer a infiltração, então, na região com bastantes fibrilas colágenas será possível fazer
uma boa adesão. Já em uma região com túbulos muito abertos não se tem uma vasta rede de fibras colágenas, apenas túbulos
abertos, e nesse local a adesão é muito ruim, pois esses túbulos já estão ocupados com muita água, fibras nervosas e extremamente
próximo à polpa, e o monômero pode ser tóxico à polpa.
Próximo a polpa não se faz adesão direto com sistema adesivo. Deve-se usar um material de proteção pulpar para proteger a
polpa, e sobre esse material será feita a restauração adesiva.
Na dentina, quanto mais permeável ela for pior vai ser a adesão. Melhor trabalhar na dentina que não é permeável, que tem os
túbulos fechados. Quanto mais profunda a cavidade, pior a adesão. De 30-40% menor quanto mais profunda for a cavidade.
Smear Layer
- Característica importante sobre a dentina: Smear Layer. Os tipos de sistemas adesivos disponíveis acabam se
diferenciando pela forma que interagem com essa característica - Smear Layer (em português seria a camada de
lama/sujeira).
Composta por restos de água, saliva, tecido duro. Um preparo cavitário sobre o dente/ dentina, essa sujeira gruda na dentina, ela
adere à dentina. Ex.Na remoção de tecido cariado vou estar criando uma camada de lama sobre a dentina.
Ela cobre o dente, depois do preparo no dente, não é possível ver os túbulos devido a Smear Layer (cobertos pela sujeira).
Espessura varia de acordo com o tipo de tecido, dentina ou tipo de instrumento de remoção.
Essa lama é importante devido a redução de permeabilidade. Então o sistema adesivo não iria se aderir a dentina e sim a lama.
Então deve-se remover ou modificar essa lama, tornando-a mais porosa.
Os sistemas adesivos são classificados de acordo com a forma que interagem com essa lama. Existem os que fazem a remoção
completa e os que fazem a modificação.
Smear Plug
Ela não fica apenas na superfície, também irá estar no interior dos túbulos dentinários. Quando ela penetra forma o tampão de
lama, ou Smear Plug, e esse Smear Plug tem uma característica importante pois reduz a permeabilidade da dentina ao tampar os
túbulos. Fator importante para a sensibilidade pós operatória, visto que a troca térmica acontecendo no interior do túbulo é o que
estimula a sensação dolorosa. Então, com o túbulo fechado ocorre menos chance da troca térmica gerar esse estímulo doloroso.
Os sistemas adesivos que não removem totalmente a lama e só modificam, esse trazem como uma característica a diminuição da
sensibilidade pós operatória, visto que não remove totalmente a lama e simplesmente modificam, muitos conseguem manter esses
tampos e menor sensibilidade dolorosa.
A divisão é feita de acordo com a interação do sistema com a Smear Layer. Tem os sistemas que removem totalmente
(convencionais), e os que não removem/que modificam (os autocondicionantes)
- Convencionais: removem totalmente a Smear Layer
- Auto condicionantes: modificam a Smear Layer
-Sistemas auto condicionantes: Também vão possuir uma versão completa e uma simplificada. É o sistema que não remove
completamente a lama, então não será feito na dentina o passo do ácido. Desse modo, o primer vai ter características acídicas +
um frasco com adesivo.
-Versão convencional: Primer ácido em um frasco e adesivo em outro.
-Versão simplificada (também chamado de universal): Primer e adesivo estão no mesmo frasco.
- O melhor ácido para fazer o condicionamento é o ácido fosfórico: H3PO4 + Sílica; o ácido fosfórico é líquido, então,
para ter um melhor aplicação ele é misturado com sílica. De cor azul e com consistência de gel.
- A concentração ideal: 30-40%;
- É importante que tenha como característica a homogeneidade (boa mistura entre o ácido e a sílica) e o baixo escoamento
(capacidade de permanecer no local de condicionamento)
- Não deve haver separação da fase líquida (ácido) com a s´lida (sílica)
Condicionamento ácido no esmalte:
- Remover totalmente a smear layer; Tornar o esmalte ainda mais mineralizado (remove as proteínas, vai ficar apenas a
hidroxiapatita); criar porosidades.
- O tempo de condicionamento é de 15- 30 segundos
- É na porosidade em que vai ser feita a infiltração com o material de adesão.
Condicionamento ácido na dentina:
- Vai remover totalmente a smear layer, desmineralizar superficialmente e vai trazer uma abertura maior dos túbulos e uma
exposição da rede de fibrilas colágenas, nesse momento ocorre uma redução da energia de superfície, essa redução da
energia pode ser minimizada com a aplicação do primer.
- O condicionamento ácido na dentina é possível ser feito desde que seja feito um preparo da dentina com o primer.
Fusayama - 1979.
- O condicionamento ácido não deve ultrapassar 15 segundos, visto que a dentina é menos mineralizada que o esmalte.
Mais que isso o risco de degradação/ infiltração aumenta.
- A micro retenção/ máxima retenção vai ocorrer quando o adesivo entrar na rede de fibrilas colágenas.
LAVAGEM
Lavagem abundante do material ácido. Tem como objetivo remover os resíduos do gel e os minerais retirados do dente. Lavagem
com jato de ar e água, pelo dobro do tempo de condicionamento. Quanto mais lavar, mais vai retirar os minerais que foram
removidos do interior do dente. Lavagem feita com a seringa tríplice.
SECAGEM
No esmalte a secagem pode ser feita de forma abundante, pois secar muito os primas de hidroxiapatita não vai prejudicar.