G12 e As Lutas de Representação
G12 e As Lutas de Representação
G12 e As Lutas de Representação
Introdução
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Graduada em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Mestranda pelo Programa de
Pós-Graduação em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Bolsista CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
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No século XIX, as formas de protestantismos que chegaram ao Brasil, tiveram uma acentuada
característica denominacional. Este tema já foi discutido pela historiadora Marli Geralda Teixeira (1983)
na sua tese de doutoramento onde apresenta as tipologias de Ernest Troeltsch sobre seita, igreja. De
maneira simplista, a seita seria uma organização comunitária, onde as suas práticas religiosas e
políticas seriam de contestação à sociedade circundante, daí alguns estudiosos tratarem os batistas
como seita. Já a igreja seria a instituição centralizada e burocrática da religião da maioria, um exemplo
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introduziu o conceito de uma segunda obra da graça, distinta da salvação, chamada de perfeição cristã.
Estes foram os primeiros elementos do “batismo no Espírito Santo”, no qual a evidência de tal batismo
seria a glossolalia.(FRESTON, 1994)
Paul Freston (1994) concluiu que as experiências religiosas de Parham e Seymour, foram
distintas porque o primeiro denotou um fato local, ao passo que o segundo em 1906, sendo convidado
para pregar em Los Angeles e devido ao sucesso da glossolalia, Seymour teve que alugar um
armazém na Azuza Street, onde atraiu negros e brancos. Porém a união entre negros e brancos teve
suas vicissitudes históricas, ocasionando divisões raciais já existentes na sociedade americana, que
por sua vez contribuíram por reforçar a tradição de dissidências entre os protestantes.
No Brasil o fenômeno pentecostal chegou ao final da primeira década do século XX. Vale
ressaltar, que a expansão do pentecostalismo ocorreu graças à tradição de dissidências dos grupos
históricos e também dos mais recentes pentecostais. Essas transformações doutrinárias nas diretrizes
teológico-religiosas que se tornam visíveis nas práticas e representações cunhadas por estes
segmentos do protestantismo são características centrais do pentecostalismo, como o êxtase religioso,
a prática de cura, o exorcismo, os aplausos, as danças, etc.
O biblicismo é uma outra característica marcante dos pentecostais, na nossa concepção
contribuiu para fundamentar ainda mais a tradição de dissidências entre os protestantes, tendo raízes
na liberdade de interpretação do texto sagrado, o que deu origem às divergências doutrinárias e
administrativas, resultando em última instância em divisionismos e práticas protestantes plurais.
Esta pluralidade de protestantismos é um fato que têm possibilitado a expansão de diversos
grupos protestantes na contemporaneidade. Cabe o destaque que o G12, como metodologia de
expansão de igrejas protestantes originário da Colômbia, produziu mais uma dissidência entre os
protestantes, fundando o M12, no qual sua liderança maior é o Apóstolo brasileiro Renê Terra Nova .
As religiões têm sido, historicamente, o lugar da construção de mitos. O mito como uma forma
de explicação e legitimação de uma determinada ordem social, política ou religiosa tem acompanhado
a humanidade desde a sua fase de desenvolvimento da comunicação oral. O desenvolvimento da
escrita e, num período mais recente, das ciências, não fez o mito e a religião perderem a sua
importância.
Nas palavras de Bourdieu (2005), o mito tem uma função de diferenciação social e legitimação
de uma determinada ordem,
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François Houtart (2004) discute a presente relação entre a fase de acumulação capitalista e as
religiões, constatando que o neoliberalismo e as contradições desencadeadas por ele suscitaram o
aparecimento de movimentos organizados em categorias específicas, no caso a religião. Essa
ocorrência de buscar no sobrenatural o sentido de explicação para as relações humanas com a
natureza e com a sociedade, delimitou a atuação dos assuntos religiosos na sociedade. O poder
cultural do neoliberalismo, que impõe como evidencias excludentes os valores individuais, o mercado e
o consumo como cultura, bem como o modelo político de demanda limitada como ideal de
perfeição.(HOUTART, p.116)
Com o advento da globalização, o neoliberalismo, observa-se a intensificação de práticas
religiosas neopentecostais, busca de estratégias de crescimento de igrejas, o uso do marketing e
outras práticas de ampliação de mercado no seio das comunidades protestantes, surgiu a “visão celular
no modelo dos 12”, uma estratégia de evangelismo baseada na Bíblia, concebida mediante uma visão
profética.
No livro “Sonha e Ganharás o Mundo”, César Castellanos (2002) faz uma espécie de auto-
biografia, relatando algumas das suas experiências na sua trajetória de líder religioso. Ele era um
jovem que tinha problemas com drogas e bebidas, até que em 1972 teve um encontro poderoso com
Deus, resultando na sua conversão, nesse encontro, Deus lhe fez promessas de torná-lo um grande e
próspero pastor. Depois disso, ele passou a pastorear algumas pequenas comunidades que chegavam
no máximo a 120 membros. Em 1983, expôs que estava desistindo dessas congregações, por que não
alcançou o sucesso desejado, foi tirar férias na praia, quando afirmou ter recebido em visão a seguinte
profecia, tratada aqui como o mito de origem do G12:
Numa noite das férias de 1983, estando na Costa Atlântica Colombiana, ao lado
de minha família, balançava-me a beira-mar, quando senti a presença de Deus
como nunca antes havia experimentado. Naquele dia sua voz se fez ouvir no
profundo do meu ser, dizendo-me: “Sou o ancião de Dias! Prepara teu coração
em adoração por que eu vou te usar.” Naquele dia entrei num nível de adoração
muito mais intenso, diferente do que estava acostumado. Rendi cada átomo de
minha existência ao Senhor. Logo escutei-O dizer: “Vou mover o teu assento”.
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Queremos enfatizar com este relato do pastor César Castellanos, três aspectos diferenciados
para uma mesma visão: o primeiro foi a ênfase da sua relação pessoal com a divindade. O pastor diz
ter ouvido a voz de Deus e recebeu a sua profecia, isto é, ser um pastor de milhares de milhares. Essa
relação pessoal com o ser divino lhe deu legitimidade e também o poder sacerdotal, que o distinguiu de
outros pastores e até mesmo dos seus discípulos. O fato de Deus está confiando a ele o privilégio do
saber sagrado, que vai surgindo pouco a pouco, este saber é a metodologia da Visão Celular no
modelo dos 12, conhecida como G12.
Essa relação de primazia do pastor colombiano com sua construção mítica, deu-lhe
legitimidade de monopolizar e manipular os bens sagrados; o outro aspecto do relato, são os grandes
projetos, as grandes metas, o que se constitui numa contradição com alguns segmentos pentecostais
tradicionais que buscam no porvir a felicidade prometida. Essa felicidade no Reino dos Céus
desencadeou um certo conformismo de alguns segmentos pentecostais em relação à sociedade. César
Castellanos e os grupos neopentecostais se apropriaram do texto bíblico de uma forma diferente dos
demais grupos protestantes, essa reelaboração de doutrinas e práticas permitiu um nova forma de
integração entre protestantes e a sociedade circundante. Com isso ele legitimou o seu desejo por
expandir-se; um terceiro aspecto é a legitimação da visão com imagens bíblicas poderosas como a
visão abraâmica para a descendência do povo de Iavé no Antigo Testamento, a apropriação de
imagens veterotestamentárias se tornará uma característica do movimento.
Nesse contexto, vale ressaltar que o G12 se configurou como uma metodologia organizacional
de denominações protestantes de perfil neopentecostal, onde as práticas de sonhos, visões e profecias
são perfeitamente legítimas. Essa estratégia surgiu na Colômbia, fazendo uma reelaboração eficaz do
discurso do comportamento protestante ascético, do ponto de vista da expansão numérica destes
grupos, em relação aos ramos do protestantismo histórico e o de perfil pentecostal tradicional,
apropriando-se de estratégias empresariais já desenvolvidas nos Estados Unidos para a expansão
religiosa.
O G12 foi divulgado e implantado no Brasil em nível nacional pelos líderes Valnice Milhomens
e René Terra Nova. Estes por sua vez foram conhecer o grande avivamento que estava acontecendo
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na Colômbia, tais notícias circulavam entre muitas lideranças protestantes que tinham ido à Colômbia e
participado de Congressos na Missão Carismática Internacional. No discurso da pastora feirense
Jardelina Silva que visitou Jerusalém, a Colômbia e a (MCI) em 1998, foi constatada a principal
característica da divulgação, a boa impressão do crescimento numérico,
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Entrevista concedida em junho de 2005 pela pastora Jardelina Silva que hoje atua em Boa Vista no estado de
Roraima.
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Entrevista concedida em junho de 2005 pela pastora Jardelina Silva que hoje atua em Boa Vista no estado de
Roraima.
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Olha nós conhecemos a Visão Celular no Modelo dos 12 há oito anos atrás, nós
conhecemos o apóstolo Renê de Araújo Terra Nova aqui pregando na Igreja
Batista Memorial, logo em seguida nós fomos a Manaus, participamos de um
encontro com Deus, e lá nós ficamos fascinados pela Visão de Consolidar vidas,
de ganhar vidas.4
As comunidades que aderiram ao G12, iniciando pela liderança que freqüentou os encontros
em Manaus, não vinham especificamente de uma Denominação. Nesse sentido, a adesão religiosa foi
transdenominacional, onde pastores de diversos ramos do protestantismo como batistas,
presbiterianos, quadrangulares e até assembleianos chegaram a implantar o G12 nas suas
congregações.
Uma questão necessária a se colocar é de onde vinham estes pastores que freqüentavam os
congressos de divulgação do G12, quais as denominações que estes líderes estavam vinculados e se
à sua adesão à estratégia colombiana mudou a sua vinculação institucional e se houve divergências
doutrinárias na execução do plano de evangelismo empreendido por César Castellanos.
Como já foi mencionado anteriormente existem variadas formas de ser protestante no Brasil.
Possuir identidade protestante pode ter variadas facetas, desde o protestantismo histórico, do ponto de
vista doutrinário e cultual, até os mais recentes pentecostais e neopentecostais. O sacerdócio universal
e a liberdade de interpretação do texto bíblico entre os mais variados ramos do protestantismo foi e
continua sendo a grande marca distintiva neste grupo do campo religioso. É a partir destas duas
concepções que analisaremos os conflitos e as lutas de representação advindas da legitimidade da
livre interpretação do texto bíblico sobre doutrinas e práticas reelaborads pelo G12.
Esta análise terá como fonte os periódicos representativos de dois grandes segmentos do
protestantismo brasileiro. “O Jornal Batista”, “Batista Baiano news” o órgão oficial da Convenção Batista
Brasileira representando a opinião doutrinária e teológica dos batistas tradicionais no Brasil e ao
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Entrevista concedida em junho de 2008 pela senhora Simone de Araújo Moura de 35 anos.
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mesmo tempo indispensável pelo grande número de adesões ao G12 entre congregações batistas.
Além dos batistas, o outro grupo protestante escolhido foi a Assembléia de Deus, com o periódico
“Mensageiro da Paz” por representar a opinião do maior segmento protestante no Brasil, além de fazer
parte do grupo pentecostal. Batistas e assembleianos tradicionalmente trabalhavam com uma doutrina
ascética de afastamento do mundo e da cultura, característica enfática nos grupos protestantes.
Na leitura dos seus líderes, o G12 foi apenas uma estratégia de crescimento, mas nas próprias
palavras do pastor César Castellanos a estratégia pretende ser prolongada na vida cotidiana dos fiéis
como um modo de vida que atua na sociedade para a transformação, uma metodologia que objetiva
trabalhar em todas as áreas da vida dos discípulos, desde a área familiar, do trabalho, das emoções e
até a psicológica.
No momento em que o G12 deixou de ser estratégia de crescimento para portar doutrinas
próprias, começaram os embates discursivos sobre as doutrinas do G12, desqualificando-as com o
objetivo de deslegitimar suas práticas ou ainda a auto-legitimação das grandes denominações.
Pretendemos abordar as lutas de representação advindas do choque teológico e doutrinário tendo em
vista que o G12 é uma metodologia para ser aplicada nas congregações locais, muitos líderes de
diversas denominações do Brasil, conhecendo a experiência colombiana de crescimento, adotaram
para suas congregações o que fez surgir uma série de debates acerca do G12. Estes conflitos que têm
a sua origem no confronto de mudanças de costumes implementadas pelo G12 e o tradicionalismo dos
grupos históricos.
Estas lutas de representação se engendraram e se construíram nas relações de poder dentro
dessas denominações e sua legitimidade de monopolizar o capital religioso. Vários grupos, entre os
quais, assembleianos e batistas se pronunciaram oficialmente contra as práticas do G12, o que
desencadeou desligamentos de convenções e a formação de grupos dissidentes. A expansão das
adesões entre os batistas desencadeou uma série de críticas ao G12, inclusive foi o objeto na pauta de
discussões na Convenção Batista Brasileira (CBB) e na Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB)
no ano de 2000.
César Castellanos ao longo do livro “Sonha e ganharás o mundo” expõe a sua trajetória
pessoal e ministerial ao discutir suas estratégias para êxito. Entre elas está a quebra de maldições que
podem ser individuais, familiares ou hereditárias e regionais, “e tudo isto ocorre num processo: primeiro
o senhor mostra as maldições na parte individual, na vida familiar e logo nos guia a identificar e quebrar
as prisões da nação.”5 Segundo a sua leitura, é necessário um processo de libertação que começa na
vida do crente que aceita a Jesus e na medida que este for liberto começa a libertação dos seus
familiares. Castellanos entendeu que esta libertação na área espiritual favorece a vida do cristão na
família e nas finanças. Também explicou que os demônios que agem na vida dos familiares podem
influenciar a vida do crente se este não neutralizara sua ação mediante batalha espiritual. Observemos
seu relato:
5
DOMINGUEZ, César Castellanos. Sonha e ganharás o mundo. 3ªed. Palavra da Fé produções: São Paulo,
2002. (p. 97)
10
O Senhor foi nos mostrando, pouco a pouco, todos os principados que impediam
o crescimento e a prosperidade. Não só era o problema do alcoolismo e as
drogas, mas no passado houvera separações, divórcios e muita idolatria.
Compreendemos que os problemas financeiros derivavam de que alguns de
nossos avós não haviam levado vidas retas. À medida que observávamos uma
prisão, nós a quebrávamos. Deus tem sido fiel, e por isso agora vemos nossas
famílias rendidas a Seus pés e entregues a seu serviço. Na área financeira
propusemo-nos a derrubar o gigante da escassez. Atualmente são treze anos
vivendo em prosperidade.6
a) MALDIÇÃO HEREDITÁRIA- estar sob maldição implica estar sob influência e poder
do diabo e em rebeldia contra Deus. Acreditar que uma maldição ultrapasse a
individualidade e seja transmitida a gerações é:
Primeiro: o desconhecimento e completa ignorância acerca da divisão sócio-
política de Israel em seus vários clãs; (Ex.20.5)
Segundo: É mostrar-se incauto e desinformado quanto às possibilidades da
ciência genética sobre isolamento de genes, o que possibilitaria o isolamento e aniquilação
do gene do pecado (ver projeto GNOMA), tornando sem efeito e desnecessária a morte de
Cristo;
Terceiro: É evidenciar despreparo bíblico-teológico acerca da Soterologia (doutrina
da Salvação) e as implicações convergentes (arrependimento/ fé/ conversão/ justificação/
eleição);
Quarto: É fazer de Deus impotente e de sua Palavra mentirosa, por deixar os seus
ainda dependentes do inimigo e afirmar que somos novas criaturas, tendo no sacrifício de
Jesus a expiação por todos os pecados;8
É percetível que o conceito de batalha espiritual não é considerado uma verdade bíblica para
este ramo do protestantismo histórico, com isso a desqualificação da prática de libertação espiritual,
comum nos grupos neopentecostais e nas práticas do G12 constitui uma disputa pela legitimidade da
interpretação do texto bíblico. “O Batista baiano news” diverge também dos neopentecostais em
relação à cura interior:
6
Ibidem. (p.95)
7
Jornal “O Batista Baiano news”: Órgão oficial da Convenção Batista Baiana. Ano LXXI-nº40,
setembro/outubro de 2000, folha 11.
8
Ibidem.
11
9
Ibidem.
10
Jornal “O Batista Baiano news”: Órgão oficial da Convenção Batista Baiana. Ano LXXI-nº40,
setembro/outubro de 2000, folha 11.
12
A realização dos encontros como uma etapa para a multiplicação das células, e
consequentemente das congregações foi o alvo de intensas críticas por parte da CBB, o que
desencadeou uma série de cismas religiosos entre pastores e a Convenção Batista Brasileira entre as
congregações que aderiram ao G12 na sua totalidade, transicionando suas igrejas de um modelo
tradicional para a Visão Celular no Modelo dos 12.
O texto lavrado pelo presidente da CBB, o Pr. Luciano Barreto Cardoso em 30 de setembro de
2000, convidou todos os pastores que aderiram ao G12 a se desligarem da CBB. “Não podemos
aceitar nem aplicar a visão, sob pena de uma mudança denominacional. Os postulados do G12 são de
uma igreja neopentecostal e desincompatibilizados com o corpo doutrinário e cúltico das igrejas
batistas da CBB.”12
Além dessa amostra da reação de um tradicional grupo do protestantismo histórico, também
pesquisamos no periódico “Mensageiro da Paz: Órgão Oficial das Assembléias de Deus no Brasil”,
representativo do grupo pentecostal que mais cresce no Brasil, a Assembléia de Deus. Também
encontramos as mesmas refutações com relação à adesão de fiéis e obreiros às doutrinas e práticas
propagadas pelo G12. A mesa diretora da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil
(CGADB), se pronunciou sobre o G12 nas seguintes palavras:
11
Idem.
12
Jornal “O Batista Baiano news”: Órgão oficial da Convenção Batista Baiana. Ano LXXI-nº40,
setembro/outubro de 2000, folha 11.
13
Observemos que a palavra espiritismo no trecho que destacamos com o negrito tem um tom
pejorativo de desqualificação e inferiorização doutrinária. A comparação de um grupo protestante ao
espiritismo denota quão conservadora é a (CBB), e a forma da Convenção expor as práticas do G12
como sectárias radicaliza a sua postura doutrinária.
Muitas são as críticas ao método de evangelismo do G12, desde “movimento herético, ventos
de doutrinas, idéias de sociedade oculta, Seita “grupo dos 12” invade igrejas, técnicas aproximam-se
dos princípios da maçonaria”14, são os termos pejorativos em se tratando de religião que os líderes da
Assembléia de Deus denominaram o G12 no ano de 2000. Vale salientar que toda mística que
envolveu a virada para o segundo milênio, também influenciou a opinião de muitas lideranças
fundamentalistas nas denominações brasileiras. Para a estrutura das convenções a intensificação das
adesões de muitas lideranças locais foi entendida como uma grande onda de falsos avivamentos, um
grande perigo para o corpo de Cristo. “O movimento G12 começa a chamar a atenção das lideranças
por trazer a tona uma realidade preocupante: a facilidade que inúmeras seitas têm encontrado para
penetrar no meio evangélico brasileiro.”15
Considerações finais
13
Pr. José Wellington Bezerra da Costa (presidente). Mensageiro da Paz: Órgão Oficial da Assembléias de Deus
no Brasil. Ano 70, nº1361 de 1 a 15 de maio de 2000. (p.10)
14
Mensageiro da Paz: Órgão oficial das Assembléias de Deus no Brasil. Ano 70, nº1358 de 16 a 31 de março de
2000. (p.4 e 5)
15
Ibidem.
14
em que há uma identificação quanto a ser evangélico no Brasil e um sentimento de fraternidade, por
outro lado, há uma série de disputas pela legitimidade de interpretar o texto bíblico suscitadas pela
Reforma Religiosa com o “sacerdócio universal” que transparecem à olhos observadores como uma
incompatibilidade doutrinária digna de sectarismos, cismas e dissidências religiosas.
A iniciativa de César Castellanos foi colocar no mercado religioso brasileiro mais uma forma de
evangelizar que se concretizou nas práticas religiosas das congregações locais em doutrinas próprias
que quando entraram em choque com os interesses das Convenções produziu dissidências religiosas,
além da multiplicação de templos e formas de ser protestante que não cabem na visão tradicional dos
protestantes históricos muito menos dos pentecostais tradicionais. Estes conflitos de representação, de
legitimidade de monopolizar os bens sagrados constitui a dinâmica do campo religioso brasileiro, além
de uma peculiaridade do cenário protestante brasileiro atual.
6. Referências bibliográficas