Classificação Dos Crimes

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
[1] MATERIAL x FORMAL x MERA

CONDUTA____________
Esta classificação refere-se ao momento de consumação do crime.
Crime material (de resultado naturalístico)

Na sua descrição típica, descreve um resultado naturalístico e o exige para sua
consumação formal. Ou seja, é o crime que exige o resultado naturalístico para sua
consumação.
O resultado naturalístico é a ideia modificação do mundo externo, como no homicídio,
exige o resultado morte para a consumação.
Crime formal (de resultado cortado)

Na sua descrição típica, descreve um resultado naturalístico, mas não o exige para
sua consumação.
Como no crime de extorsão, se consuma com o constrangimento a vítima,
independentemente da obtenção da vantagem ilícita.
Crime de mera conduta

Na descrição típica, descreve somente a conduta e consuma-se (formalmente) com a
sua realização, sem descrever-exigir qualquer resultado naturalístico.
Como no crime de desobediência, invasão de domicílio, porte ilegal de arma de fogo.
[2] DOLOSO x CULPOSO x

PRETERDOLOSO____________
Esta classificação refere-se ao elemento volitivo caraterizador do crime.
Crime doloso
Quando o agente quis o resultado, ou assumiu o risco de produzi-lo.
O agente tem vontade de produzir aquele resultado, ou age sem se importar em eventual
ocorrência do resultado.
Crime culposo
Quando o agente deu causa ao resultado, por imprudência, negligência ou imperícia.
Preterdoloso
O crime cujo resultado total é mais grave do que o pretendido pelo agente.
Há uma conjugação de dolo antecedente e culpa subsequente, isto é, dolo no início e
culpa no resultado. O resultado total (mais grave) é atingido culposamente, e o resultado
previsto é atingido com dolo.
Como no caso de lesão corporal seguida de morte, onde A da um soco em B que cai e
bate a cabeça no meio fio; A teve dolo em dar o soco, e atingiu o resultado morte sem
querer.
[3] COMISSIVO x OMISSIVO x COMISSIMO-OMISSIVO

Crime comissivo
É a realização de uma ação positiva, almejando um resultado tipicamente ilícito; a ação
é o meio através do qual o agente produz o resultado
É um FAZER, o agente pratica uma ação, que está proibida em lei.
Crime omissivo (omissivo próprio)

É a realização de uma ação negativa (não fazer), causando resultado tipicamente
ilícito.
É a abstenção da conduta devida, quando o agente podia e devia realizá-la; o agente
tem a obrigação jurídica de realizar determinada conduta, mas não faz.
Como por exemplo omissão de socorro, basta que não preste socorro,
independentemente se a pessoa vier a morrer.
Crime comissivo-omissivo (omissivo impróprio) (comissivo por omissão)

A omissão é o meio pelo qual o agente produz o resultado, o agente tinha o dever legal
de impedir o resultado, o agente tem o dever de agir (seja por previsão legal, ou elo
contratual, ingerência; todos no art.13, §2 do CP).
[3] INSTANTÂNEO x
PERMANENTE_____________________
Esta classificação se refere ao momento consumativo.
Crime instantâneo
É o crime que se consuma com a ocorrência do resultado.
Se completa em determinado instante, sem continuidade temporal, pois uma vez
realizado os elementos, o crime vai se consumar.
Como no caso do homicídio, o criminoso mata a vítima e naquele momento o crime já
está consumado.
-O crime instantâneo de efeito permanente, embora o crime se consume em um só
momento, os efeitos se perpetuam no tempo, como se dá no homicídio.
Crime permanente
É o crime em que a consumação se alonga no tempo (com continuidade temporal),
dependendo da atividade do agente, que pode cessar sua atividade quando quiser.
Como no caso de cárcere privado ou sequestro, o criminoso mantém a vítima por dias
em seu domínio, a consumação vai se protraindo no tempo.
[4] DE DANO x DE
PERIGO____________________________
Crime de dano
É aquele crime cuja consumação depende de um resultado material, sendo uma efetiva
lesão ao bem jurídico tutelado. Isto é, deve acontecer um dano ao bem jurídico
protegido.
Sua ausência pode caracterizar tentativa.
Crime de perigo
É aquele crime cuja consumação depende de um resultado material, sendo uma criação
do perigo real ao bem jurídico tutelado, sem produzir dano efetivo.
a) Perigo concreto: é aquele que precisa ser comprovado; deve ser demonstrada a
situação efetiva de risco ao bem tutelado, no caso concreto.
b) Perigo abstrato: é aquele que não precisa ser comprovado; o perigo é presumido
‘’juris et de jure’’, há uma presunção absoluta de perigo. (exemplo: embriaguez ao
volante, basta que o sujeito esteja embriagado, não é necessário que ele ande em zigue-
zague ou cometa infrações de trânsito para que seja considerado como situação de risco)
[5] UNISUBJETIVO x PLURISSUBJETIVO
Esta classificação refere-se à quantidade de pessoas necessárias à realização do crime.
Crime unissubjetivo
É o crime que pode ser praticado por uma ou várias pessoas, isto é, pode ser praticado
individualmente ou em concurso de pessoas.
É a regra geral dos delitos.
Crime plurissubjetivo
É o crime só pode ser praticado por duas ou mais pessoas, pressupõe o concurso de
pessoas.
Como no caso de associação criminosa.
[6] UNISSUBSISTENTE x
PLURISSUSBSISTENTE__________
Crime unissubsistente
É o crime executado por único ato, uma única conduta, não admite fracionamento.
O processo executivo unitário coincide temporalmente com a consumação, isto é, o ato
único implica na consumação do crime.
Não admite a tentativa.
Exemplo: injúria verbal, homicídio por único ato.
Crime plurissubsistente
É o crime executado em vários atos sucessórios, várias condutas, admite o
fracionamento.
A ação (execução) e o resultado típico separam-se espacialmente, isto é, o momento da
execução não é o mesmo que o da consumação, de forma que em alguns casos pode até
ser evitado a consumação.
Admite a tentativa, pois o agente pode desistir no meio do caminho e evitar a
consumação,
Exemplo: tráfico de drogas; homicídio onde a execução é feita por vários atos; injúria
por escrito.
[7] COMUM x PRÓPRIO x MÃO PRÓPRIA

Crime comum
É o crime que pode ser praticado por qualquer pessoa; não exige condições especiais do
sujeito ativo.
Exemplo: lesão corporal, furto, homicídio, estelionato.
Crime próprio (especial)

É o crime que não pode ser praticado por qualquer pessoa; exige uma qualidade ou
condição especial do sujeito ativo.
A condição pode ser jurídica (acionista), pode ser profissional (comerciante, funcionário
público), natural (gestante, mãe), pode ser de parentesco (descendente, ascendente).
OBS: O sujeito ativo, inclusive pode, determinar que a execução seja feita por outrem,
um número limitado de pessoas.
Exemplo: corrupção passiva, aborto
Crime de mão própria

É o crime que só pode ser praticado pelo próprio agente, isto é, a mesma pessoa deve
ser sujeito ativo e passivo ao mesmo tempo.
Exemplo: falso testemunho, prevaricação, infanticídio
[8] CONSUMADO x TENTADO

Crime consumado
É o crime que já reuniu todos os requisitos legais para se consumar, se enquadrar no
tipo penal, se concluir.
Não é imprescritível o resultado naturalístico para o crime estar consumado, pois
existem crimes que a mera conduta já consuma o crime, sem que haja efetivo dano.
Crime tentado
É o crime que não se consumou, por circunstâncias alheias à vontade do agente
Exemplo: tentativa de homicídio, onde o agente atira mas erra a vítima, o homicídio não
se consumou.
[9] SIMPLES x COMPLEXO x QUALIFICADO x
PRIVILEGIADO
Crime simples é o crime basilar, formado objetivamente por um único tipo penal,
sem nenhuma circunstância que aumente ou diminua o patamar pena mínima ou
máxima.
Exemplo: homicídio simples
Crime complexo é o crime formado por meio da reunião entre dois ou mais tipos
penais, sem nenhuma circunstância que aumente ou diminua o patamar da pena mínima
ou máxima.
Como: roubo (furto+constrangimento), extorsão mediante sequestro
(extorsão+sequestro)
-crime ultra complexo: quando um crime complexo é acrescido de outro, servindo este
como qualificadora ou majorante daquele; como o roubo (crime complexo) é praticado
com arma de fogo (porte de arma ilegal), será aplicado ao réu o tipo de roubo majorado.
Crime qualificado deriva do crime simples ou complexo, mas com a pena agravada
em novos patamares mínimos e máximos, em virtude da maior gravidade da conduta.
Exemplo: homicídio qualificado, lesão corporal qualificada.
Crime privilegiado é aquele crime em que a lei determina uma pena mais leve, em
razão de determinadas circunstâncias que tornam a conduta menos reprovável.
Exemplo: homicídio privilegiado, furto privilegiado
[10] CRIME HABITUAL

É aquele que se configura mediante reiterados atos; para ocorrer depende da ocorrência
de repetidas condutas que revelem ser procedimentos costumeiros por parte do agente.
Exemplo: artigo 229 que trata da casa de prostituição, precisa de reiteradas práticas
sexuais.
[11] OUTROS
Crime progressivo (de passagem): o agente para atingir seu objetivo, realiza outra
conduta menos grave.
Como no furto a residência, antes de acontecer é praticado a violação de domicílio; ou
no homicídio, acontece a lesão corporal antes de consumá-lo.
É uma manifestação do princípio da consunção.
Crime de ação única ou múltipla: será única quando o tipo penal previr uma única
conduta nuclear, um único verbo; será múltipla quando houver dois ou mais verbos no
tipo penal, responde apenas por um deles, também conhecido como tipo misto
alternativo.
Exemplo: tráfico de drogas tem 18 verbos; furto tem 1 verbo, ‘’subtrair’’.
Crime a prazo: é aquele que exige decurso de um prazo para que se configure.
Exemplo: apropriação de coisa achada (art.169)
Crime de opinião ou de palavra: é aquele praticado por meio de abuso de liberdade de

expressão.
Exemplo: calunia, difamação, injúria, apologia ao crime
Crime remetido: é aquele que em sua definição típica, se reporta a outro crime.
Exemplo: Art.304 – uso do documento falsificado que se refere ao 297 a 302.
Crime de rua (de colarinho azul): é aquele cometido por pessoas economicamente
menos favorecidas; o nome se dá em razão ao uniforme dos operários norte americanos
no início do século XX; como furto ou roubo.
Crime de colarinho branco: é aquele cometido na esfera econômica, geralmente
movimento grande quantidade de recursos; como lavagem de dinheiro ou contra o
sistema financeiro nacional.
Crime de greve: delito cometido no decorrer da paralisação do empregado.
Crime de lockout: delito cometido no decorrer da paralisação do empregador.

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[1] MATERIAL x FORMAL x MERA

Crime material (de resultado naturalístico)

Crime formal (de resultado cortado)

Crime de mera conduta

[2] DOLOSO x CULPOSO x

[3] COMISSIVO x OMISSIVO x COMISSIMO-OMISSIVO

Crime omissivo (omissivo próprio)

Crime comissivo-omissivo (omissivo impróprio) (comissivo por omissão)

[7] COMUM x PRÓPRIO x MÃO PRÓPRIA

Crime próprio (especial)

Crime de mão própria

[8] CONSUMADO x TENTADO

[10] CRIME HABITUAL

Crime de opinião ou de palavra: é aquele praticado por meio de abuso de liberdade de

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