Acordao-2016 2307591
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
MCM
Nº 70070942560 (Nº CNJ: 0304450-44.2016.8.21.7000)
2016/CÍVEL
DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.
1. Trata-se de remessa necessária da sentença das fls. 104-106 que, nos autos
da ação de mandado de segurança ajuizada por DANILO LIMA ALEGRE em face do
PREFEITO MUNICIPAL DO CHUÍ, julgou procedente o mandamus, nos seguintes termos:
ISSO POSTO, com fundamento no art. 487, inc. I, do CPC, CONCEDO A
SEGURANÇA para declarar ilegalidade do ato administrativo que demitiu
o impetrante (Portaria nº. 039/2015) e determinar a imediata reintegração
ao cargo de motorista, confirmando a liminar concedida à fl. 29.
Deixo de condenar o réu ao pagamento dos honorários advocatícios em
face das disposições do art. 25 da Lei nº. 12.016/09 e Súmulas 105 do STJ e
512 do STF.
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Com efeito, tenho que o decisum merece ser confirmado neste grau de
jurisdição.
No caso concreto, tratando-se de servidor público nomeado e empossado no
cargo de motorista, exercendo funções a ele inerentes, a sua exoneração somente poderia
efetuar-se após a formalização de procedimento administrativo que lhe tivesse assegurado
amplo direito de defesa – o que inocorreu na espécie.
Destaco que a posse marca o início dos direitos e deveres funcionais do
servidor público, sendo que a sua anulação somente pode ser procedida mediante processo
administrativo, que assegure o direito à ampla defesa e ao contraditório ao servidor, nos
termos da Súmula nº 20 do STF, que dispõe que “é necessário processo administrativo, com
ampla defesa, para demissão de funcionário admitido por concurso.”
Modo igual, preconiza o artigo 41 da Constituição Federal:
“Art. 41. São estáveis após 3 (três) anos de efetivo exercício os servidores
nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público.
§1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II – mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III – mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.
(...)”(grifei) .
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1. A questão referente aos arts. 166, IV e VII, 168, 169 e 185 do CC/02
não foi debatida pelo Tribunal de origem e, no Especial, não houve a
indicação de ofensa ao art. 535 do CPC, o que levaria ao exame de
possível omissão. Manifesta é, portanto, a ausência de prequestionamento,
o que atrai a incidência da Súmula 211 do STJ.
2. Quanto à regularidade do processo administrativo disciplinar a que foi
submetido o Servidor, a Corte de origem afastou as nulidades apontadas
concluindo que todo o trâmite administrativo deu-se em obediência às
disposições da Lei Complementar Estadual Paulista 207/79. Dest'arte, a
inversão do julgado encontra óbice na Súmula 280/STF, aplicável ao caso
por analogia.
3. De outro lado, não há dúvidas de que, para a tipificação da infração
administrativa de abandono de cargo, punível com demissão, exige para
completar-se o elemento objetivo e o elemento subjetivo.
Se um destes não resta demonstrado durante a instrução processual
disciplinar, (Servidor não faltou injustificadamente ou não tinha a intenção
de abandonar o cargo público de que estava investido) não há o que se
falar em penalidade de demissão para o mesmo.
4. Entretanto, o elemento subjetivo que caracteriza o animus
abandonandi terá de ser apreciado com cautela, não sendo suficiente a
constatação do abandono do cargo, mas a razão que levou a tal atitude e
o ônus da prova incumbe ao funcionário , é necessário que haja, quanto ao
agente, motivo de força maior ou de receio justificado de perda de um
bem mais precioso, como a liberdade, por exemplo.
5. No caso, não há nos autos notícias de que o Autor conseguiu
comprovar os problemas de saúde por ele alegados, extraindo-se,
inclusive, do documento juntado às fls. 288 que a alegação de problema
de saúde não encontra o mínimo embasamento, nada lhe servido de
fundamentação (como receitas médicas, prova de compra de medicamentos,
etc.); aliás, saliente-se que nem mesmo a prova testemunhal conseguiu
trazer alguma sustentação para a defesa policial, não havendo nenhum
depoimento que apontasse para a existência de real depressão ou outra
doença qualquer que impedisse o funcionário de desempenhar suas funções
normais.
6. Agravo Regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 111.032/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/06/2016, DJe 29/06/2016)
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