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EXCELENTÍSSIMA SENHORA PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DO ESTADO DO TOCANTINS

ANDRE GRISANI, brasileiro, servidor público, portador do RG n°

33.690.755-2 – SSP/SP, inscrito no CPF n° 221.088.378-41, residente e

domiciliado na ARNO 22, Av. NS 03, Lt. 01, Casa 27, Privilege, CEP n° 77001-

163, na cidade de Palmas, Estado do Tocantins, por meio de seus procuradores,

que esta subscrevem, conforme instrumento de mandato em anexo, com

escritório profissional localizado na Quadra 106 Norte, alameda 02, Lote 04,

salas 304 e 305, Ed. Palmas Business Center, Palmas – TO, onde recebem

correspondências e intimações para os atos processuais, vem, respeitosamente,

à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, LXIX, da Constituição

Federal e artigo 1º e seguintes da Lei nº 12.016/09, impetrar MANDADO DE

SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR, contra ato ilegal praticado pelo

SECRETÁRIO DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO, que compõe a estrutura

governamental do ESTADO DO TOCANTINS, com sede à Av. Teotônio

Segurado, Quadra 302 Norte, QI-01, Alameda 05, Lt 02-03, s/nº, Plano Diretor

Norte, cidade de Palmas-TO, CEP 77006-328, que podem ser localizados na

Esplanada das Secretarias, Praça dos Girassóis, Centro, Palmas/TO, na forma

dos fatos e fundamentos jurídicos adiante delineados.


DOS FATOS

No ano de 2004 foi instituído o Plano de Cargos, Carreiras e Subsídios

dos Policiais Civis do Estado do Tocantins – PCCS, por meio da Lei n. 1.545, de

30 de dezembro de 2004, passando a estabelecer a forma de progressão na

carreira.

Desde a edição da norma, os Policiais Civis que almejam a devida

progressão devem atender aos requisitos elencados nos artigos 6º e 7º, da

menciona lei.

A legislação em comento estabeleceu, ainda, que incumbe ao Conselho

Superior da Polícia Civil dirigir os processos de progressão funcional (art.9º, §1º,

I), bem como atuar na instrução e deliberação dos processos de avaliação de

desempenho, evolução funcional e de estágio probatório do policial civil, sendo

que suas decisões têm caráter normativo e são aprovadas pela maioria absoluta

de votos, conforme consta no artigo 3º, inciso X, e artigo 3º, parágrafo único, da

Lei nº 1.650, de 29 de dezembro de 2005.

Pois bem!

Imbuído desta obrigação, ao analisar os pedidos de progressões do

impetrante, entendeu por julgá-lo PROCEDENTE, conforme Ementa do

processo administrativo publicada no Diário Oficial do Estado n. 6.306, de

11 de abril de 2023, concedendo Progressão Vertical para Padrão I, a partir

de 01/10/2022; e Progressão Horizontal para Referência “G”, a partir de

01/03/2022. Vejamos:
Desde então o impetrante aguarda a publicação da portaria de promoção

das progressões funcionais, concedidas pelo Conselho.

Importante ressaltar que o processo administrativo teve o regular tramite

junto ao Conselho Superior e foi julgado procedente, logo a SECAD deveria

tomar somente as medidas necessárias à sua efetivação e enquadrar o

impetrante conforme decisão.

A não efetivação das progressões funcionais está causando enormes

prejuízos financeiros o Impetrante, pois as verbas que compõe seus

vencimentos possuem caráter alimentar, e são destinadas à manutenção sua e

de seus dependentes.

Saliente-se que com tamanha demora, o maior prejudicado é o

impetrante, pois aguarda indefinidamente pela portaria de promoção, o que está

lhe causando uma enorme frustração.

Assim sendo, não restou alternativa ao Impetrante que não fosse recorrer

ao Poder Judiciário, com o fito de evitar grande prejuízo, para que não seja
privado de receber as progressões funcionais após anos de trabalhos prestados

e já tendo adquirido tal direito, cujo gozo está sendo impedido pela SECAD/TO,

através de ato de seu titular, que se nega em cumprir o que já foi decidido pelo

Conselho Superior da Polícia Civil conforme consta no processo administrativo

em anexo.

Eis a síntese dos fatos.

DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

1 - DA COMPETÊNCIA

Conforme dispõe o art. 7º, inciso I, alínea “g”, da Resolução nº 004/2001,

é de competência do Tribunal de Justiça julgar o Mandado de Segurança contra

atos do Secretário de Estado, in verbis:

Art. 7º. O Tribunal Pleno não tem área de especialização, competindo-


lhe:

I - processar e julgar, originariamente:


[...]
g) o mandado de segurança e o habeas data, contra atos do
Tribunal, do seu Presidente e demais membros, do Governador
do Estado, da Mesa da Assembléia Legislativa, bem como de
seu Presidente, do Tribunal de Contas do Estado, dos
Secretários de Estado, do procurador -geral do Estado, do
Comandante-Geral da Policia Militar, do titular da Defensoria
Pública e do procurador-geral de Justiça;
Assim, compete ao Colendo Pleno do Tribunal de Justiça do Estado do

Tocantins, julgar a presente demanda.


2 - DA TEMPESTIVIDADE
O artigo 23 da lei 12.016/09 aduz acerca do prazo decadência do direito

de requerimento do writ, veja:

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á


decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo
interessado, do ato impugnado.

Entretanto, o presente mandamus, se trata de ato omissivo do

Impetrado, o qual se reveste de continuidade, uma vez que até o presente

momento não efetivou a progressão vertical do impetrante, assim não há que se

falar em decadência, tendo em vista que o prazo se renova continuamente.

Com a devida vênia transcrevemos parte do voto proferido pela

Desembargadora Etelvina Maria Sampaio Felipe, no Mandado de Segurança nº

0013407-90.2016.827.0000, acerca do prazo decadencial:

A ação mandamental é própria e tempestiva, o impetrante detém


interesse e legitimidade, bem como foram devidamente recolhidas as
custas e a taxa judiciária, razão pela qual conheço do mandamus.
De plano, afasto a ocorrência de decadência do direito perseguido
na presente impetração. O ato acoimado de coator consiste na
omissão das autoridades impetradas em não conceder aos
sindicalizados o enquadramento vertical já reconhecido por
decisão do Conselho Superior da Polícia Civil na esfera
administrativa.
Havendo omissão da Administração Pública, o prazo decadencial
se renova a cada mês, tendo em vista que, a cada mês, se renova
a omissão da Administração, o que afasta, por sua vez, a
verificação da decadência para impetrar o mandado de segurança.

Corroborando com o exposto, segue o entendimento jurisprudencial, veja-

se:

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO MADURO


PARA JULGAMENTO. HOMENAGEM AO PRINCÍPIO DA
CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL. AGRAVO INTERNO
PREJUDICADO.
1. O processo já está maduro para julgamento, razão pelo que deixo
de apreciar o agravo interno no evento 27 e passo ao julgamento do
mérito do mandando de segurança. Respeito ao princípio da celeridade
e economia processual.
2. Agravo interno prejudicado.
SERVIDORA PÚBLICA. PROGRESSÃO FUNCIONAL. ESCRIVÃ DA
POLÍCIA CIVIL APOSENTADA. PROGRESSÃO NOS QUADROS DA
CARREIRA. DEFERIMENTO PELO COLEGIADO DO CONSELHO
SUPERIOR DA POLÍCIA CIVIL. ATO CONCRETO. PORTARIA EM
PLENA VIGÊNCIA. RECUSA ADMINISTRAÇÃO NO
CUMPRIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. PRELIMINARES DE
DECADÊNCIA E INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. NÃO ACOLHIDAS.
LEI Nº 3.462/2019. NÃO APLICADA AOS SERVIDORES
APOSENTADOS. INSUBSISTÊNCIA DA ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE DISPONIBILIDADE ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA.
MANDADO DE SEGURANÇA CONHECIDO. SEGURANÇA
PARCIALMENTE CONCEDIDA.
3. Não merece guarida o argumento da autoridade coatora quanto
a ter ocorrido á decadência do direito da impetrante na hipótese
em exame, porque este Sodalício entende que, em se tratando de
impetração contra ato omissivo da Administração, envolvendo
obrigação de trato sucessivo, o prazo para ajuizamento desta
ação mandamental renova-se mensalmente. Precedente STJ.
4. No caso vertente, não há que se falar em inadequação da via eleita,
pois, em caso de constatação de violação a direito líquido e certo da
impetrante, a concessão da ordem mandamental limitará os efeitos
financeiros, fluindo os mesmo somente a partir da impetração, não
havendo, portanto, que se falar em inobservância às Súmulas 269 e
271 do STF. Precedentes TJTO.
5. Preliminares afastadas.
6. A impetrante é aposentada e por isso se encontra dentro da
excepcionalidade do art. 1º, II, da Lei nº 3.462/2019.
7. Se o Conselho Superior da Polícia civil, órgão competente para
decidir a respeito da progressão dos servidores, analisou o pedido e
decidiu em favor do servidor, concedendo-lhe a progressão pleiteada,
não pode o impetrante, ficar refém da discordância interna entre órgãos
diversos, mas que compõem a estrutura da mesma pessoa jurídica de
direito público interno. Existência de ato administrativo de efeito
emanado da autoridade competente, sem vício de forma ou matéria,
que já havia conferido o direito de progressão nos termos ora
vindicados pela via mandamental.
8. A alegação do impetrado de indisponibilidade orçamentária e
financeira e extrapolação do limite prudencial com despesas, não pode
constituir em óbice à implementação de direito subjetivo dos
servidores, alicerçado em direito legalmente previsto, do qual se extrai
presunção de reserva de valores.
9. Mandado de segurança conhecido. Segurança parcialmente
concedida.
10. Efeitos funcionais decorrentes da concessão da segurança que
deverão retroagir à data em que a impetrante alcançou os requisitos
imprescindíveis para sua progressão funcional.
11. Efeitos financeiros da concessão da segurança (retroativos e
mensais) que somente incidirão a partir da impetração (Súmulas n. 269
e 271, ambas do STF).
(TJTO, Mandado de Segurança Cível, 0027354-12.2019.8.27.0000,

Rel. ETELVINA MARIA SAMPAIO FELIPE, julgado em 18/06/2020,

DJe 25/06/2020 18:11:38)

Assim sendo, tempestiva a presente ação.


3 - DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO

A Lei Estadual nº 1.545/2004, ao ser editada, veio ao encontro dos

anseios dos Policiais Civis que há muito almejavam um Plano de Cargos,

Carreiras e Subsídios (PCCS), que reconhecesse o valor do servidor para a

Instituição.

O Artigo 1º da mencionada Lei, trata dos princípios que nortearam o

legislador na elaboração da Lei, vejamos:

Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Subsídios
dos Policiais Civis, sob orientação dos seguintes princípios:
I – estruturas eficazes de cargos e carreiras;
II – aperfeiçoamento profissional;
III – valorização pelo conhecimento adquirido, pela competência,
pelo empenho e pelo desempenho.

De acordo com o artigo supracitado, um dos princípios que nortearam a

elaboração da Lei, foi à valorização do servidor pelo conhecimento adquirido,

pela competência, pelo empenho e pelo desempenho.

É cediço que toda organização cuja meta é atingir resultados por meio das

pessoas precisa de um Plano de Cargo, Carreiras e Subsídios que estimulem o

crescimento e a confiança dos servidores na Instituição, devendo remunerá-los

de forma ajustada ao seu comprometimento, dedicação, competência, os quais

seriam aferidos de acordo com os requisitos estabelecidos na Lei.


Sendo assim, não se está discutindo na presente demanda o direito

do impetrante à progressão, pois o Conselho Superior da Polícia Civil,

órgão administrativo que trata das progressões dos Policiais, já concedeu

o pedido de progressão ao Impetrante.

Contudo, a SECAD até o momento não efetivou a progressão do

impetrante, o que está causando enormes prejuízos financeiros, os quais, por

certo, traduzem em infortúnios às condições de vida e demais expectativas dos

servidores e seus familiares, pois as verbas que compõe os vencimentos de um

servidor possuem caráter alimentar, e são destinadas à manutenção sua e de

seus dependentes.

Nesse, transcreve-se ementa de julgamento de Mandado de Segurança

análogo aos presentes autos:

MANDADO DE SEGURANÇA. PROGRESSÃO FUNCIONAL.


POLICIAL CIVIL. PRETENSÃO JULGADA PROCEDENTE PELO
CONSELHO SUPERIOR DA POLICIA CIVIL. CONSELHO QUE
POSSUI COMPETÊNCIA PARA DELIBERAÇÃO NA EVOLUÇÃO
FUNCIONAL. ART. 3º, X DA LEI N. 1.650/2005. TEMA REPETITIVO
N. 1.075 DO STJ. DIREITO SUBJETIVO DO SERVIDOR.
DEMONSTRAÇÃO DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO E ATO OMISSO
DA AUTORIDADE IMPETRADA. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1.
Trata-se de mandado de segurança impetrado contra ato
supostamente ilegal consistente na omissão quanto à adoção das
providências necessárias à implementação de sua evolução funcional
julgada pelo Conselho Superior de Polícia Civil, conforme processo
administrativo. 2. Para a concessão da ordem mandamental é
imprescindível a comprovação nos autos do direito líquido e certo
perseguido, a existência de ato ilegal (comissivo ou omissivo) praticado
por autoridade administrativa e a lesão ou ameaça a direito. 3. Extrai-
se do julgamento do Tema 1.075 STJ que o ato administrativo do órgão
que concede a progressão é simples e vinculado, ou seja, não depende
de homologação ou da manifestação de outro órgão, por exemplo, a
Secretaria de Administração, não havendo discricionariedade quando
presentes os requisitos legais. 4. O Conselho Superior da Polícia
Civil é competente para atuar na instrução e deliberação dos
processos de avaliação dos processos de avaliação e
desempenho, evolução funcional e estágio probatório do policial
civil, conforme previsto no art. 3º, X da Lei n. 1.650/2005. 5. No
presente caso, a Impetrante juntou nos autos, Diário Oficial no qual
contém a informação de que o Conselho Superior da Polícia Civil
deliberou pela procedência da evolução funcional pretendida. 6. Resta
demonstrada a violação do direito líquido e certo à implementação da
progressão reconhecida pelo Conselho Superior da Polícia Civil por
meio da omissão praticada pela autoridade administrativa. 7. Ordem
concedida. (TJTO, Mandado de Segurança Cível, 0002075-
67.2022.8.27.2700, Rel. EDIMAR DE PAULA, TRIBUNAL PLENO,
Relator do Acordão-Juiz em Substituição - EDIMAR DE PAULA,
julgado em 02/06/2022, DJe 07/06/2022 16:31:00)

Colaciona-se, também, julgado acerca discordância interna entre os

órgãos, do qual o impetrante tornou-se refém:

MANDADO DE SEGURANÇA. POLICIAL CIVIL. JULGAMENTO DO


TEMA 1.075/STJ. LEVANTAMENTO DA ORDEM DE SUSPENSÃO.
PROGRESSÃO RECONHECIDA PELO CONSELHO SUPERIOR DA
POLÍCIA CIVIL ANTES DE 25 DE ABRIL DE 2019. RECUSA DA
ADMINISTRAÇÃO EM IMPLEMENTAÇÃO DO DIREITO. OMISSÃO
ILEGAL CONFIGURADA. ARGUMENTOS DE ORDEM
FINANCEIRA/ORÇAMENTÁRIA NÃO CONFIGURAM ÓBICE
LEGÍTIMO A IMPLEMENTAÇÃO DO DIREITO. EFEITOS
FINANCEIROS A PARTIR DA IMPETRAÇÃO. ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1 - Diante do julgamento do Tema
1.075/STJ, não há razão para suspender o trâmite processual do
mandamus. 2- Não há qualquer óbice para concessão e
implementação financeira da progressão pleiteada pelo Impetrante
(horizontal para a referência L), uma vez que os requisitos para tanto
foram reconhecidos pelo Conselho Superior da Polícia Civil, conforme
o processo administrativo nº 053/2015, publicado no Diário Oficial do
Estado nº 5.074, de 20 de março de 2018, ou seja, antes de 25 de abril
de 2019, não se enquadrando, assim, dentre as causas previstas no
art. 3º, da MP 27/21. 3- Sendo o Conselho Superior da Polícia Civil
órgão competente para decidir sobre a progressão funcional do
Impetrante e tendo sido reconhecida, não pode o Secretário da
Administração simplesmente se recusar a implementá-la numa
clara omissão ilegal, pois veiculado o direito por ato
administrativo válido, emanado de autoridade competente, sem
vício de forma ou matéria declarado mediante processo adequado
a tanto, não podendo o servidor ficar refém da discordância
interna entre órgãos diversos da mesma pessoa jurídica de direito
público. 4- Os argumentos de ordem orçamentária e financeira,
inclusive, quanto ao parcelamento da dívida de janeiro de 2026 até
dezembro de 2030, não podem, segundo jurisprudência pacífica desta
Casa, ser utilizados como impeditivo à implementação de direitos
legalmente reconhecidos em favor dos servidores públicos, devendo o
gestor realocar os recursos de forma que possibilite o cumprimento das
obrigações do ente federativo, tampouco se verifica a ofensa ao
princípio da separação dos poderes no atuar do Poder Judiciário para
corrigir ilegalidade do ato administrativo. 5- Os efeitos financeiros fluem
somente a partir da impetração, em obediência às Súmulas nº 269 e
271 do STF. 6- Segurança parcialmente concedida. (Mandado de
Segurança Cível 0003132-23.2022.8.27.2700, Rel. JOCY GOMES DE
ALMEIDA, GAB. DO DES. RONALDO EURIPEDES, julgado em
23/06/2022, DJe 27/06/2022 17:33:01)
Assim, tendo em vista a omissão do Estado em não efetivar a progressão

vertical e horizontal do impetrante, não restou alternativa senão ingressar com a

presente ação.

DO JULGAMENTO DO TEMA 1.075 PELO STJ


Nesta oportunidade, cabe destacar o julgamento de recurso repetitivo

(Tema 1.075), submetido ao julgamento da Primeira Seção do Superior Tribunal

de Justiça, cuja a questão de direito versou sobre a "legalidade do ato de não

concessão de progressão funcional do Servidor Público, quando atendidos todos

os requisitos legais, sob o fundamento de que superados os limites

orçamentários previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, referentes a gastos

com pessoal de Ente Público".

Ao fim, a tese firmada pelo Tribunal Superior, no julgamento do REsp nº

1.878.849/TO, é de que é ilegal o ato de não concessão de progressão funcional

de servidor público, quando atendidos todos os requisitos legais, sob alegação

de inobservância aos limites orçamentários previstos na Lei de

Responsabilidade Fiscal, referentes a gastos com pessoal de ente público, vez

que a progressão é direito subjetivo do servidor público, decorrente de

determinação legal, estando compreendida na exceção prevista no inciso I do

parágrafo único do art. 22 da Lei Complementar 101/2000.

Senão, vejamos a Ementa do referido julgado:

EMENTA. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO


ESPECIAL. REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. SERVIDOR
PÚBLICO ESTADUAL. PREQUESTIONAMENTO FICTO.
OCORRÊNCIA. PROGRESSÃO FUNCIONAL. REQUISITOS LEGAIS
PREENCHIDOS. ILEGALIDADE DO ATO DE DESCUMPRIMENTO
DE DIREITO SUBJETIVO POR RESTRIÇÕES ORÇAMENTÁRIAS
PREVISTAS NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL. RECURSO
ESPECIAL DO ENTE FEDERATIVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Recurso especial da parte recorrente em que se discute a legalidade
do ato de não concessão de progressão funcional do servidor público,
quando atendidos todos os requisitos legais, sob o argumento de que
foram superados os limites orçamentários previstos na Lei de
Responsabilidade Fiscal, referentes a gastos com pessoal de ente
público.
2. Conforme o entendimento desta Corte Superior, a incidência do art.
1.025 do CPC/2015 exige que o recurso especial tenha demonstrado
a ocorrência de violação do art. 1.022 do referido diploma legal -
possibilitando observar a omissão do Tribunal de origem quanto à
apreciação da matéria de direito de lei federal controvertida, bem como
inaugurar a jurisdição na instância ad quem, caso se constate a
existência do vício do julgado, vindo a deliberar sobre a possibilidade
de julgamento imediato da matéria, o que ocorreu na espécie.
3. A LC 101/2000 determina que seja verificado se a despesa de cada
Poder ou órgão com pessoal - limite específico - se mantém inferior a
95% do seu limite; isso porque, em caso de excesso, há um conjunto
de vedações que deve ser observado exclusivamente pelo Poder ou
pelo órgão que houver incorrido no excesso, como visto no art. 22 da
LC 101/2000.
4. O mesmo diploma legal não prevê vedação à progressão funcional
do servidor público que atender aos requisitos legais para sua
concessão, em caso de superação dos limites orçamentários previstos
na Lei de Responsabilidade Fiscal, referentes a gastos com pessoal de
ente público. Nos casos em que há comprovado excesso, se global ou
específico, as condutas que são lícitas aos entes federativos estão
expressamente delineadas. Ou seja, há comandos normativos claros e
específicos de mecanismos de contenção de gasto com pessoal, os
quais são taxativos, não havendo previsão legal de vedação à
progressão funcional, que é direito subjetivo do servidor público
quando os requisitos legais forem atendidos em sua plenitude.
5. O aumento de vencimento em questão não pode ser confundido com
concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de
remuneração a qualquer título, uma vez que o incremento no
vencimento decorrente da progressão funcional horizontal ou vertical -
aqui dito vencimento em sentido amplo englobando todas as rubricas
remuneratórias - é inerente à movimentação do servidor na carreira e
não inova o ordenamento jurídico em razão de ter sido instituído em lei
prévia, sendo direcionado apenas aos grupos de servidores públicos
que possuem os requisitos para sua materialização e incorporação ao
seu patrimônio jurídico quando presentes condições específicas
definidas em lei.
6. Já conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequar a
remuneração a qualquer título engloba aumento real dos vencimentos
em sentido amplo, de forma irrestrita à categoria de servidores
públicos, sem distinção, e deriva de lei específica para tal fim. Portanto,
a vedação presente no art. 22, inciso I, da LC 101/2002 se dirige a essa
hipótese legal.
7. A própria Lei de Responsabilidade Fiscal, ao vedar, no art. 21,
parágrafo único, inciso I, àqueles órgãos que tenham incorrido em
excesso de despesas com pessoal, a concessão de vantagem,
aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título,
ressalva, de logo, os direitos derivados de sentença judicial ou de
determinação legal ou contratual, exceção em que se inclui a
progressão funcional.
8. O ato administrativo do órgão superior da categoria que concede a
progressão funcional é simples, e por isso não depende de
homologação ou da manifestação de vontade de outro órgão. Ademais,
o ato produzirá seus efeitos imediatamente, sem necessidade de
ratificação ou chancela por parte da Secretaria de Administração.
Trata-se, também, de ato vinculado sobre o qual não há nenhuma
discricionariedade da Administração Pública para sua concessão
quando presentes todos os elementos legais da progressão.
9. Condicionar a progressão funcional do servidor público a situações
alheias aos critérios previstos por lei poderá, por via transversa,
transformar seu direito subjetivo em ato discricionário da
Administração, ocasionando violação aos princípios caros à
Administração Pública, como os da legalidade, da impessoalidade e da
moralidade.
10. A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de
que os limites previstos nas normas da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), no que tange às despesas com pessoal do ente
público, não podem servir de justificativa para o não cumprimento
de direitos subjetivos do servidor público, como é o recebimento
de vantagens asseguradas por lei.
11. A Carta Magna de 1988 enumerou, em ordem de relevância, as
providências a serem adotadas pelo administrador na hipótese de o
orçamento do órgão público ultrapassar os limites estabelecidos na Lei
de Responsabilidade Fiscal, quais sejam, a redução de cargos em
comissão e funções de confiança, a exoneração de servidores não
estáveis e a exoneração de servidores estáveis (art. 169, § 3º, da
CF/1988). Não se mostra razoável a suspensão de benefícios de
servidores públicos estáveis sem a prévia adoção de medidas de
contenção de despesas, como a diminuição de funcionários
comissionados ou de funções comissionadas pela Administração.
12. Não pode, outrossim, o Poder Público alegar crise financeira e o
descumprimento dos limites globais e/ou específicos referentes às
despesas com servidores públicos nos termos dos arts. 19 e 20 da LC
101/2000 de forma genérica, apenas para legitimar o não cumprimento
de leis existentes, válidas e eficazes, e suprimir direitos subjetivos de
servidores públicos.
13. Diante da expressa previsão legal acerca da progressão funcional
e comprovado de plano o cumprimento dos requisitos para sua
obtenção, está demonstrado o direito líquido e certo do servidor
público, devendo ser a ele garantida a progressão funcional horizontal
e vertical, a despeito de o ente federativo ter superado o limite
orçamentário referente a gasto com pessoal, previsto na Lei de
Responsabilidade Fiscal, tendo em vista não haver previsão expressa
de vedação de progressão funcional na LC 101/2000.
14. Tese fixada pela Primeira Seção do STJ, com observância do
rito do julgamento dos recursos repetitivos previsto no art. 1.036
e seguintes do CPC/2015: é ilegal o ato de não concessão de
progressão funcional de servidor público, quando atendidos
todos os requisitos legais, a despeito de superados os limites
orçamentários previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal,
referentes a gastos com pessoal de ente público, tendo em vista
que a progressão é direito subjetivo do servidor público,
decorrente de determinação legal, estando compreendida na
exceção prevista no inciso I do parágrafo único do art. 22 da Lei
Complementar 101/2000.
15. Recurso especial do ente federativo a que se nega provimento.

ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de
Justiça, em sessão de 24/02/2022, negar provimento ao recurso
especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques,
Assusete Magalhães, Regina Helena Costa e Gurgel de Faria votaram
com o Sr. Ministro Relator.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Francisco Falcão e Og
Fernandes e, ocasionalmente, o Sr. Ministro Benedito Gonçalves.

Logo, qualquer subterfúgio que porventura poderá ser alegado em sede

de defesa pelo Impetrado, em especial quanto a superação dos limites

orçamentários previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, referentes a gastos

com pessoal do Ente Público, visando impossibilitar a implementação de

evolução funcional do servidor, deverá ser afastada, em obediência ao Tema

1.075/STJ.

DO RECONHECIMENTO DA INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL


DO ARTIGO 3º DA LEI ESTADUAL 3.901/2022.

Por meio do Mandado de Segurança de nº 0002907-03.2022.8.27.2700,

sob relatoria do Desembargador Adolfo Amaro Mendes, fora discutida a

constitucionalidade material do artigo 3º da Lei Estadual nº 3.901/22. A

legislação em questão versa sobre o Plano de Gestão Plurianual de Despesa


com Pessoal para amortização de passivos devidos aos servidores públicos,

civis e militares, do Estado do Tocantins, na forma que especifica, e adota outras

providências, oportunidade em que o dispositivo supracitado dispõe:

Art. 3º Fica suspensa a concessão administrativa de progressões

funcionais a servidores públicos vinculados ao Poder Executivo

estadual cujos requisitos tenham sido preenchidos a partir do dia 25 de

abril de 2020, sendo a implementação e o pagamento do saldo

retroativo correspondente condicionado à realização de estudos que,

devendo ser concluídos até 31 de dezembro de 2023, comprovem a

existência de disponibilidade orçamentária e financeira de cada

unidade de lotação.

Dentre outras discussões trazidas no Mandado de Segurança em

questão, o Relator firmou entendimento de que o art. 3º da Lei Estadual 3.901/22

é materialmente inconstitucional, haja vista que a manobra utilizada pela

Administração Pública, em suspender o direito de evolução funcional dos

servidores públicos, sob o argumento de reorganizar sua situação econômica,

sem comprovar que houve tentativas anteriores de contenção de gastos,

configura em clara inobservância ao disposto no art. 169, § 3º, da CF.

Neste sentido, vejamos a Ementa do referido processo:

MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. SUSPENSÃO

ADMINISTRATIVA DE PROGRESSÕES FUNCIONAIS. ARTIGO 3º

DA LEI ESTADUAL 3.901/2022. INCONSTITUCIONALIDADE

MATERIAL RECONHECIDA. ARTIGOS 1º, 2º E 4º DA LEI ESTADUAL

3.901/2022. INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO.


SUBMISSÃO AO CRONOGRAMA DE CONCESSÃO E PAGAMENTO.

IMPOSSIBILIDADE. INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. LIVRE

VONTADE E ESCOLHA DO SERVIDOR. POLICIAL CIVIL.

PROGRESSÕES HORIZONTAL E VERTICAL NOS QUADROS DA

CARREIRA. DEFERIMENTO COLEGIADO DO CONSELHO

SUPERIOR DA POLÍCIA CIVIL. PROCESSO ADMINISTRATIVO DE

REENQUADRAMENTO REMETIDO À SECAD. RECUSA DA

ADMINISTRAÇÃO NO CUMPRIMENTO. ILEGALIDADE. ALEGAÇÃO

DE AUSÊNCIA DE DOTAÇÃO ORÇMENTÁRTIA. INCABÍVEL. TEMA

REPETITIVO 1.075 DO STJ. VIOLAÇÃO DO DIREITO LÍQUIDO E

CERTO. CONFIGURAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA.

1. É possível o controle de constitucionalidade por via difusa no

mandado de segurança, nos casos em que a controvérsia constitucional

qualifique-se como questão prejudicial, indispensável à resolução do

litígio principal.

2. Os arts. 1º, 2º, II, e 4º da Lei Estadual nº 3.901/2022 devem ser

interpretados de acordo ou conforme a Constituição Federal, no sentido

de que se trata de diretrizes voltadas única exclusivamente para que a

Administração Pública estadual possa colocar em ordem as

progressões e o pagamento do retroativo não concedidas e pagos,

respectivamente, aos seus servidores, quando aceita, por sua livre

vontade e escolha, pelo servidor a ela se submeter, sendo certo que

inexiste impedimento para que possa ele buscar perante o Judiciário a

tutela de um direito subjetivo já incorporado ao seu patrimônio, sob pena

de se violar os princípios da separação de poderes (art. 2º da CF/88),

do acesso à Jurisdição (art. 5º, XXXV, da CF/88) e da à irretroatividade

da lei (art. 5º, XXXVI, da CF/88).


3. O art. 3º da Lei Estadual 3.901/2022, por outro lado, é

materialmente inconstitucional, pois não pode a Administração

Pública, sem adotar previamente as medidas de contenção de

gastos estabelecidas na Constituição Federal, editar lei estadual

prevendo, em flagrante violação ao art. 169, § 3º, da CF, a

suspensão de direitos subjetivos incorporados ao patrimônio

jurídico do servidor público sob o pretexto de reorganizar, pela

consolidação de um déficit, seu quadro orçamentário e financeiro.

4. A Lei Estadual nº 1.650/2005, em seu artigo 3º, inciso X, estabelece

competir ao Conselho Superior da Polícia Civil analisar e deliberar sobre

a evolução do policial civil, em decisão a ser tomada por maioria

absoluta dos votos, em caráter normativo, significando, portanto, que,

uma vez aprovada, deve ser cumprida, cabendo ao Secretário de Estado

da Administração, por competência, apenas e tão somente, implementar

o direito já reconhecido, mediante a promoção dos meios e caminhos

adequados para a publicação do respectivo ato administrativo na

imprensa oficial.

5. No caso em apreço, verificado que o Conselho Superior da Polícia

Civil do Estado do Tocantins, através de processo administrativo hígido

e sem mácula que possa contaminá-lo, aprovou e decidiu,

legitimamente, pela evolução funcional do policial civil requerente, cabe

ao secretário de Estado da Administração, por deve e competência

legal, sem margem para discricionariedade, promover todos os meios e

caminhos administrativos para que o direito concedido seja

implementado, abstendo-se de praticar condutas que caracterizem

omissão ou preterição.
6. Os gastos com o implemento de progressões dos servidores já estão

previstos em dotação orçamentária, razão pela qual a Administração

não pode se negar a implementá-los, sob a justificativa de ausência de

recursos orçamentários, sobretudo, porque tal atitude fere o direito

subjetivo do servidor público diante do não recebimento de vantagens

asseguradas por lei.

7. O Superior Tribunal de Justiça, no REsp nº 1.878.849/TO, sob a

sistemática dos recursos representativos da controvérsia (Tema 1.075),

assentou que a progressão não se confunde com extensão de

vantagem, aumento, reajuste ou adequação remuneratória a qualquer

título e, por ser uma determinação legal, está contemplada na ressalva

do art. 21, parágrafo único, I, da LRF, assim como o poder público, a

pretexto de reorganizar suas finanças, não pode deixar de conceder e

implementar a progressão devida, sem, antes, valer-se das medidas de

contenção postas no art. 169, § 3º, da CF/1988), consistente, primeiro,

na redução dos cargos comissionados e função de confiança; não

surtindo efeito, na exoneração dos servidores não estáveis; e, por fim, a

própria exoneração dos servidores estáveis.

8. Ordem concedida para o fim de, afastando as diretrizes da Lei

Estadual nº 3.901/2022, em decorrência da interpretação conforme a

Constituição dos arts. 1º, 2º, II, e 4º e do reconhecimento da

inconstitucionalidade material pela via difusa do art. 3º, por ofensa ao

art. 169, § 3º, da CF, ordenar que a autoridade coatora adote todas as

providências administrativas necessárias e úteis à efetivação das

progressões ora almejadas pelo impetrante. (TJTO, Mandado de

Segurança Cível, 0002907-03.2022.8.27.2700, Rel. ADOLFO

AMARO MENDES, julgado em 02/03/2023).


No caso, resta evidente que se trata de Mandado de Segurança que visa

assegurar ao servidor público, ora Impetrante, o direito de implementação

funcional e financeira de sua progressão, concedida por órgão competente.

Todavia, percebe-se que a promoção almejada encontra óbice no artigo 3º da

Lei 3.901/2022, que fora declarado inconstitucional pelo Tribunal de Justiça do

Estado do Tocantins, devendo ser aplicado, na presente hipótese, a decisão do

Mandado de Segurança de nº 0002907-03.2022.8.27.2700. Neste sentido:

Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou

de ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério

Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual

competir o conhecimento do processo.

Art. 949. Se a arguição for:

I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;

II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu

órgão especial, onde houver.

Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não

submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de

inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou

do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.


Ainda, o Regimento Interno do TJTO dispõe que “a decisão que declarar

a inconstitucionalidade ou rejeitar a arguição será de aplicação obrigatória para

todos os órgãos do Tribunal”.

Desta maneira, em respeito ao art. 169, § 3º, da CF/1988 e em

observância à segurança jurídica, o entendimento firmado pelo Pleno do Tribunal

de Justiça do Estado do Tocantins, por meio de Mandado de Segurança

0002907-03.2022.8.27.2700, deve ser aplicado no presente caso, reconhecendo

a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei Estadual 3.901/22, possibilitando a

progressão funcional do impetrante, nos termos dos dispositivos constitucionais.

DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR

O art. 7º, III, da Lei 12.016/09, que disciplinou o Mandado de Segurança,

dispõe que a liminar será concedida, suspendendo-se o ato que deu motivo ao

pedido, quando for relevante o fundamento do pedido e do ato impugnado puder

resultar a ineficácia da medida.

O deferimento liminar da segurança, INAUDITA ALTERA PARS, se faz

necessário ante a ofensa ao direito líquido e certo e o perigo da demora.

O fumus boni iuris encontra-se demonstrado, uma vez que, conforme

decisão do Conselho Superior de Polícia Civil constante no processo

administrativo anexo aos autos, o impetrante faz jus à progressão vertical.


O periculum in mora encontra-se demonstrado no fato da

demora/desídia/negativa da autoridade responsável expedir o ato de

progressão funcional, sendo que o impetrante aguarda a efetivação das

promoções há muito tempo e até o presente momento a Administração

Pública não tomou qualquer providência no sentido de efetivá-las.

Destarte, o acréscimo pecuniário que o impetrante faz jus, se trata de

verba alimentar constitucionalmente garantida, da qual depende não só o

servidor, mas também sua família.

Logo, presentes os requisitos legais, o impetrante faz jus à concessão

da medida liminar.

Portanto, requer o deferimento da LIMINAR, para que seja determinado

à SECAD/TO para que adote as providências necessárias à imediata

implementação e pagamento das progressões funcionais.

DOS PEDIDOS

Ex positis, requer:

a) A concessão da liminar, inaudita altera pars, para que os

Impetrados adotem as providências necessárias à implementação da

Progressão Vertical para Padrão I, a partir de 01/10/2022; e Progressão

Horizontal para Referência “G”, a partir de 01/03/2022, conforme decisão do

Conselho Superior da Polícia Civil constante no Diário Oficial n. 6.306, em anexo,


encaminhando-se o processo administrativo para pagamento do subsídio já com

a progressão funcional reconhecida, sob pena de multa diária no valor de R$

1.000,00 (mil reais);

b) Seja julgado procedente o pedido, concedendo-se a segurança em

definitivo, para o efeito de que o impetrante seja definitivamente beneficiado com

a Progressão Vertical para Padrão I, a partir de 01/10/2022; e Progressão

Horizontal para Referência “G”, a partir de 01/03/2022, conforme decisão do

Conselho Superior da Polícia Civil constante no Diário Oficial n. 6.306,

encaminhando-se o processo administrativo para pagamento do subsídio já com

a progressão funcional reconhecida, consequentemente assegurando o direito

invocado, de modo que, eventualmente, em caso de não cumprimento da

ordem concedida, requer-se a Vossa Excelência que seja fixada multa, em

desfavor do Impetrado, em caso de descumprimento da segurança;

c) A notificação das autoridades Impetradas para prestar

informações, nos moldes do artigo 7º, inciso I, da Lei 12.016/09.

d) A notificação do litisconsorte passivo necessário (ESTADO DO

TOCANTINS), por meio da Procuradoria Geral do Estado, no endereço

constante no preâmbulo desta peça, no sentido de dar integral cumprimento às

determinações de Vossa Excelência, inclusive com relação à liminar, acaso

deferida, bem como para, querendo, oferecer manifestação ou resposta, na

forma e prazos legais.


e) Requer, ainda, que seja dado vista ao Representante do Ministério

Público, para que tome conhecimento do aqui contido e possa emitir parecer.

Prova-se o alegado pelos meios de provas admitidos em direito,

especialmente provas documentais.

Dá-se ao presente o valor de R$1.320,00 (mil trezentos e vinte reais) para

meros efeitos fiscais.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Palmas - TO, 14 de agosto de 2023.

Leandro Manzano Sorroche Sinthia Ferreira Caponi Mendonça


OAB/TO 4.792 OAB/TO 6.536

Ana Júlia Felício dos S. Aires Cayo Bandeira Coelho


OAB/TO 6.792 OAB/TO 8.850

Giovana Silva Santos João Pedro Pessoa Nóbrega


OAB/TO 11.382 OAB/TO 12.220

Isabella Batista Lima


Assistente Jurídico

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