Interculturalidade e Decolonialidade Filosófica
Interculturalidade e Decolonialidade Filosófica
Interculturalidade e Decolonialidade Filosófica
Quelimane, 2023
Universidade Licungo
Quelimane, 2023
Índice
1. Introdução..................................................................................................................3
1.1. Objectivos...........................................................................................................3
1.1.1. Geral............................................................................................................3
1.1.2. Específicos...................................................................................................3
2. Metodologia...............................................................................................................3
4. Conclusão.................................................................................................................10
5. Referencia Bibliográfica..........................................................................................11
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1. Introdução
2. Metodologia
Para a elaboração deste trabalho, usou-se o método de consulta bibliográfica,
consistiu na leitura de algumas obra que abordam sobre o tema em estudo. Portanto, as
obras citadas no desenvolvimento deste trabalho, constam nas referências bibliográficas.
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recentemente proposta pela UNESCO: articular a diversidade para que não seja fonte de
ameaça e insegurança.
Enquanto esses esforços pretendem promover a interculturalidade, uma de suas
preocupações centrais é como diz o informe nacional sobre o desenvolvimento humano
na Bolívia “O estado do Estado”, feito por PNUD, enfrentar e acalmar a “radicalização
de imaginários étnicos” e firmar as bases – por meio de discursos, políticas e projetos –
de um novo “sentido comum” compatível com o mercado.
Segundo Mignolo e Grosfoguel (2008), A interculturalidade aqui é funcional não
só ao sistema, senão também ao bem-estar individual, ao sentido de pertença dos
indivíduos a um projeto comum e a modernização, globalização e competitividade de
“nossa cultura ocidental”, já assumida como cultura própria latino-americana.
A terceira perspectiva – muito diferente da funcional é a que assumimos aqui – é
a interculturalidade crítica. Com esta perspectiva, não partimos do problema da
diversidade ou diferença em si, nem da tolerância ou inclusão culturalista (neo) liberal.
Melhor, o ponto central é o problema estrutural colonial racial e sua ligação ao
capitalismo de mercado. Como processo e projecto, a interculturalidade crítica, como
dizem os epítetos ao princípio, “questiona profundamente a lógica irracional
instrumental do capitalismo” e aponta para a construção de sociedades diferentes, a
outra ordem social (Mignolo & Grosfoguel, 2008).
O enfoque e a prática que se desprende da interculturalidade crítica não são funcionais
ao modelo social vigente, senão árduo questionador do assunto. Enquanto a
interculturalidade funcional assume a diversidade cultural como eixo central,
sustentando seu reconhecimento e inclusão “manipulada” dentro da sociedade e o
Estado nacional (uni nacional por prática e concepção), e deixando fora os dispositivos
e padrões de poder Institucional – estrutural – os que mantêm a discriminação,
iniquidade e desigualdade – a interculturalidade crítica parte da questão do poder, seu
padrão de racialização e a diferença que tem sido construída em função disso.
O interculturalismo funcional responde a parte dos interesses e necessidades das
instituições sociais; a interculturalidade crítica, por sua vez é uma chamada de e desde o
povo que tem sofrido uma histórica submissão e subalternização, de seus aliados, e dos
sectores que lutam, junto com eles, pela refundação social e descolonização, pela
construção de um mundo melhor.
Esta construção de baixo evidencia-se de maneira particular no contexto
equatoriano aonde a interculturalidade é conceito, bem visto e projecto significativo de
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cunho indígena, princípio ideológico de seu projecto político que - desde os 90 – vem
iniciando a transformação radical das estruturas, instituições e relações – ainda coloniais
– existentes, uma transformação não só para os povos e nacionalidades indígenas senão
para o conjunto da sociedade. Entendida desta maneira, o problema central do qual parte
a interculturalidade não é a diversidade étnico cultural, é a diferença construída como
padrão de poder colonial que segue transcendendo praticamente todas as esferas da vida
(Mignolo & Grosfoguel, 2008).
Por isso mesmo, a interculturalidade entendida criticamente ainda não existe, é
algo por construir. Daí seu entendimento, construção e posicionamento como projecto
político, social, ético e também epistémico – de saberes e conhecimentos -, projeto que
afiança para a transformação das estruturas, condições e dispositivos de poder que
mantém a desigualdade, racialização, subalternização e inferiorização de seres, saberes
e modos, lógicas e racionalidades de vida. Desta forma, a interculturalidade crítica
pretende intervir e actuar sobre a matriz da colonialidade, sendo esta intervenção e
transformação passos essenciais e necessários na construção mesma da
interculturalidade.
4. Conclusão
Chegando ao termino do trabalho, conclui-se que interculturalidade e
decolonialidade como projectos que caminham juntos. Construir a interculturalidade –
assim entendida criticamente – requer transgredir, interromper e desmontar a matriz
colonial ainda presente e criar outras condições de poder, saber, ser, estar e viver que se
distanciam do capitalismo e sua única razão. De forma similar, a decolonialidade não
terá maior impacto sem o projecto e esforço de interculturalidade, de articular seres,
saberes, modos e lógicas de viver dentro de um projecto variado, múltiplo e
multiplicador, que aponta para a possibilidade de não só co-existir senão de conviver
(de viver “com”) numa nova ordem e lógica que partem da complementaridade e das
parcialidades sociais.
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5. Referencia Bibliográfica