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LAUDO PSICOLÓGICO COM ENFOQUE NEUROPSICOLÓGICO

Identificação_______________________________________________________
Nome: Apolo Viana Barbosa

Data de nascimento: 28/10/2016 Idade: 6 anos

Escolaridade: 1º Ano Data da avaliação: Maio/2023

Psicóloga responsável: Kátia de França Brandão Luz – CRP06/150720

Solicitante: Neuropediatra

Finalidade: Avaliação neuropsicológica para avaliação de funções cognitivas gerais e


hipótese diagnóstica de Transtorno do Espectro Autista

Descrição da Demanda_______________________________________________
Os pais do paciente procuraram pela avaliação para avaliação de funções cognitivas gerais
e hipótese diagnóstica de Transtorno do Espectro Autista.

Desenvolvimento e Histórico Clínico_____________________________________


O paciente mora com os pais e é filho único. Atualmente fala, mas não mantém diálogo,
apresenta ecolalia imediata e tardia. Ainda hoje anda nas pontas dos pés. Apresenta
dificuldade para executar ordens, parece não entender o que é solicitado.
Ri e chora à toa, segundo a mãe. Não interage adequadamente com crianças ou adultos,
apresenta isolamento.

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Há presenta de seletividade alimentar, apegado à rotina, se sair da rotina se desestabiliza,
tem estereotipia motora, se balança ou mexe com as mãos.
Há sensibilidade auditiva e fixação por fase. Dorme bem, mas apresenta terror noturno.
Gravidez descoberta com 3 meses, ocorreu sem intercorrência. Parto normal com 39
semanas, nasceu com 3.560kg e 51cm, chorou logo que nasceu.
Foi amamentando até os 2 meses. O desenvolvimento motor deu-se dentro do esperado.
Apenas a ausência da fala despertou preocupação para os pais e após isso, começaram a
notar algumas inadequações.
Faz uso de medicamento risperidona atualmente.

Procedimentos______________________________________________________
Os atendimentos foram realizados no mês de maio de 2023, com duração de 1 hora e a
devolutiva realizada no mês de junho/2023. Para a realização da avaliação foram
utilizados os seguintes instrumentos padronizados: Escala de Maturidade Mental
Columbia; Teste de Atenção por Cancelamento, Teste Trilhas: Parte A e B, Escala Cars
(Childhood Autism Rating Scale) Escala da Classificação de Autismo na Infância, ATA -
(Escala de Traços Autísticos), ETDAH-PAIS – Escala de Rastreio para TDAH, Protea-R
(Instrumento para Rastreamento de TEA) e observação do comportamento, ludoterapia
(desenvolvimento terapêutico no brincar).
As técnicas utilizadas seguem descritas junto com a análise dos resultados, com
respectivas referências ao final do documento. Os resultados podem ser apresentados em
pontuações totais, percentis, pontos ponderados ou padrão ou ainda em forma de z-
score, sendo feita análise qualitativa ou quantitativa quando possível.
Vale destacar novamente, que para os instrumentos com manuais e considerados de uso
restrito ao psicólogo as normas advirão dos próprios manuais garantindo, portanto, o uso
de medidas verificadas pelo Conselho Federal de Psicologia.

Análise dos Resultados_________________________________________ _____


PROCESSOS INTELECTUAIS

No total, o avaliando acertou 33 itens de 58 possíveis (nível E - 6 anos e 6 meses a 7 anos


e 5 meses). Observa-se que esse escore bruto corresponde a um escore de capacidade de

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116. Ao converter esse resultado por meio da Tabela correspondente à idade do
avaliando, obtém-se um escore-padrão de 101. Quando esse resultado é associado a um
intervalo de confiança (IC) de 90%, observa-se uma faixa de resultados entre 92 e 110. Ou
seja, considerando a precisão da CMMS-3, 90 a cada 100 vezes os resultados do
respondente se encontrariam entre 92 e 110 pontos.
Para obter a medida de classificação, consultou-se a Tabela 5.3, na qual o escore-padrão
de 101 está associado ao percentil 53, estanino 5 e classificação “Média”. O percentil
atingido pelo avaliando indica que ele apresentou desempenho igual ou superior ao
obtido por 53% das crianças da amostra de referência.
Por fim, a CMMS-3 considera a maturidade mental como uma capacidade de raciocínio
geral, que permite pensar abstratamente, resolver problemas novos e encontrar padrões
em estímulos visuais, estando associada, ainda, à capacidade de categorização e
abstração. Assim, no que se refere à maturidade mental do grupo de crianças com
desenvolvimento típico na mesma faixa etária que o avaliando, o desempenho deste
tende a sugerir que ele apresenta as mesmas facilidades e dificuldades típicas de seu
grupo etário neste construto.

Tabela 1. Resultados

Escore Bruto 31
Escore de Capacidade 114
Escore de Padrão 97
Percentil Geral 42
Percentil 42
Estanino 5
Classificação Média

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FUNÇÕES ATENCIONAIS E EXECUTIVAS

O Teste de Atenção por Cancelamento, avalia aspectos da atenção seletiva, mecanismo


cognitivo que envolve processar informações, pensamentos ou ações relevantes de uma
determinada tarefa, ignorando estímulos distratores ou irrelevantes. Em todas as etapas
que avaliam em tempos distintos atenção seletiva, desempenho inferior (PB=76), atenção
sustentada, desempenho média (PB=91) e atenção alternada desempenho média
(PB=89).

Tabela 2. Desempenho de atenção

Pontos
Total Classificação
Atenção Seletiva 76 Inferior
Atenção Sustentada 91 Média
Atenção Alternada 89 Média

No Teste de Trilhas parte A e B, que avalia flexibilidade cognitiva, percepção, atenção e


rastreamento visual, velocidade e rastreamento visuomotor e conhecimento prévio de
letras e números. O paciente teve desempenho superior para a primeira parte e
desempenho superior na segunda parte, a qual explora mais o componente de
flexibilidade cognitiva.

Tabela 3. Resultados

Pontos
Total Classificação
Parte A 115 Superior
Parte B 112 Superior

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FUNÇÕES VISUAIS E VISUOESPACIAIS

Durante uma atividade que examina a capacidade de organização e processamento


visuoespacial/não-verbal, assim como, a capacidade de decompor mentalmente os
elementos constituintes da figura do modelo a reproduzir, o paciente apresentou
desempenho superior (Subteste CUBOS – WISC IV). Apresentou desempenho média na
no teste que avalia capacidade de percepção e processamento visual de estímulos
abstratos, distinção de detalhes essenciais dos não-essenciais e na organização
perceptual (Subteste RACIOCÍNIO MATRICIAL – WAIS IV).

PRAXIA CONSTRUTIVA

O paciente foi submetido a tarefa de cópia de uma figura geométrica complexa, com a
finalidade de avaliar, além da capacidade de discriminação visual e orientação espacial, a
praxia construtiva. Apresentou nesta tarefa desempenho inferior (perc.10). O tempo de
execução foi lentificado quando comparamos com a média. Desempenho aquém do
esperado para sua faixa etária. Comete erros por omissão e distorção de muitos
elementos.

PROCESSO DE APRENDIZAGEM E MEMÓRIA

Avaliamos a memória visuo-construtiva (longo prazo) com o uso de uma figura geométrica
complexa. Nessa tarefa o paciente apresentou desempenho inferior (perc.10). Após 30
minutos da visualização da figura geométrica, o modelo reproduzido apresentou
omissões e distorções da figura. O tempo de execução foi dentro do esperado quando
comparado a média.

No Teste de Aprendizagem de memória operacional aditivo-verbal (RAVLT), utiliza uma


lista de palavras simples e com alta frequência no Português Brasileiro, há etapas de
evocação imediata, tardia e reconhecimento. Avalia memória declarativa episódica e
fornece informações sobre as medidas de aprendizagem auditivo-verbal, índices de
interferência e de retenção de informações e memória de reconhecimento. No Teste de
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Aprendizagem de memória operacional aditivo-verbal (RAVLT), o paciente não foi capaz
de realizar a tarefa proposta.

INVESTIGAÇÃO DE TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA


ESCALA DE AVALIAÇÃO DE AUTISMO NA INFÂNCIA (CARS)
40 pontos - (CLASSIFICAÇÃO GRAVE)
Referência:
Típico: 15 a 29
Leve/moderado: 30 a 36,5
Grave: acima de 37 pontos

Trata-se de uma escala com 15 itens que auxiliam o diagnóstico e identificação de crianças
com autismo, além de ser sensível na distinção entre o autismo e outros atrasos no
desenvolvimento. A sua importância é baseada na capacidade de diferenciar o grau de
comprometimento do autismo entre leve, moderado e severo. A escala avalia o
comportamento em 14 domínios geralmente afetados no autismo, somados a uma
categoria única para descrição de impressões gerais Os 15 quesitos de avaliação são os
seguintes: (1) interação com as pessoas, (2) imitação, (3) resposta emocional, (4) uso do
corpo, (5) uso de objetos, (6) adaptação à mudança, (7) reação a estímulos visuais e (8)
auditivos, (9) a resposta e uso da gustação, olfato e tato; (10) medo ou nervosismo, (11)
comunicação verbal, (12) comunicação não verbal, (13) nível de atividade, (14) o nível e a
coerência da resposta intelectual e, finalmente, as (15) impressões gerais. A pontuação
atribuída a cada domínio varia de 1 (dentro dos limites da normalidade) a 4 (sintomas
autísticos graves). A pontuação total varia de 15-60 e o ponto de corte para o autismo é
30 (Schopler, Reichler & Renner, 1988).

ESCALA DE TRAÇOS AUTÍSTICOS (ATA)


36 pontos - (COM PRESENÇA DE TRAÇOS AUTÍSTICOS – MODERADO)
Referência: acima de 15 pontos sugere-se presença de Transtorno do Espectro Autista

Trata-se de questionário utilizado para averiguar a possibilidade da presença de autismo


em crianças. Sua pontuação é feita da seguinte forma: são 23 subescalas, cujas
pontuações variam de 0 a 2 cada, sendo “0” quando não há presença de qualquer dos
comportamentos citados naquela subescala, “1” quando a criança apresenta apenas um

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dos vários subitens citados ou “2” quando apresentar dois ou mais subitens. O
atingimento de 15 pontos sugere a presença de transtorno autista, sendo mais severo
quanto maior for a pontuação.

Escala de Avaliação de Comportamentos Infantojuvenil no Transtorno de Déficit de


Atenção/ Hiperatividade em Ambiente Familiar - Versão para Pais.

Tabela 5. Resultados

Fator Pontos Brutos Percentil Classificação

RE 43 50 Média

HI 51 85 Média Superior

CA 32 1 Inferior

A 45 85 Média Superior

Escore Geral 171 60 Média

No fator REGULAÇÃO EMOCIONAL observou-se a capacidade de estratégia de


enfrentamento com classificação na média (Perc.50). Este fator fala da capacidade que o
indivíduo tem para regular as emoções e as manter em um nível controlado para que
possa lidar com elas. Neste fator, o paciente apresenta um manejo eficiente das
frustrações, habilidade em manter uma autorregulação emocional e modular o afeto.
No Fator HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADE teve classificação em média superior
(Perc.85), sugerindo nível de atividade motora um pouco acima do esperado para faixa
etária.
No Fator COMPORTAMENTO ADAPTATIVO a classificação atingida foi inferior (Perc.1),
denotando dificuldade para adaptar-se passivamente, com dificuldade na busca de
relacionamentos sociais saudáveis.
No Fator ATENÇÃO a classificação observada foi na média (Perc.50), o que caracteriza
facilidade de atenção, incluindo atenção para detalhes.
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Conclusão__________________________________________________________
Quando avaliamos o desempenho intelectual do paciente encontra-se dentro da média
quando comparado com uma criança da sua faixa etária. A sua curva de aprendizagem é
adequada, consegue manter informações novas, mas com a passagem do tempo, perde e
não consegue manter o conteúdo aprendido. Faz algum tipo de recuperação de conteúdo,
mas com bastante dificuldade.
Há prejuízos em função visuoespacial, praxia, memória de trabalho, e tais prejuízos estão
ligados a funções executivas. Isto é, um conjunto de processos comportamentais
complexos que permitem ao paciente a realização independente e autônoma de
atividades do dia a dia. Essas funções dependem da integridade de processos volitivos
como a capacidade de estabelecer objetivos a partir da motivação e consciência de si e
do ambiente.
A funções executivas estão relacionadas a vários processos cognitivos como
planejamento, organização, prevenção das ações para atingir uma meta e um
desempenho efetivo e tomada de decisões, desenvolvimento de estratégias,
estabelecimento de prioridades, controle de impulsos, automonitoramento, autodireção
e autorregulação da intensidade, do ritmo e outros aspectos qualitativos
comportamentais. Ainda, envolve processos emocionais e motivacionais como a ação
intencional direcionada a um objetivo planejado, uma ação produtiva baseada na
capacidade de dar início, manter, modificar ou interromper um complexo conjunto de
ações e atitudes integradas organizadamente. Sabemos que o paciente está em processo
de maturação cognitiva, mas entendemos que a disfunção executiva percebida é uma
característica do Transtorno do Espectro Autista.
O paciente foi avaliado para TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade e
não pontuou na tabela de rastreio para tal transtorno, mas observa ritmo de atividade
motora acima do esperado para a idade e dificuldade no processo atencional, ambos mais
bem explicado pelo TEA.
O paciente fecha todos os critérios diagnósticos descritos no DSM-5-TR para TEA –
Transtorno do Espectro Autista, nota-se, déficit na comunicação e interação social, tanto
na abordagem, quanto na resposta e comportamentos. Déficit na manutenção e
compreensão de relacionamentos, padrões repetitivos, movimentos estereotipados,
hipersensibilidade a estímulos sensoriais, seletividade alimentar, fixação por fase,
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tendência a rotina. Tais déficits causam prejuízos clínicos e no funcionamento social do
paciente.
Indicamos acompanhamento com equipe multidisciplinar com o intuito de ampliar
autonomia, repertório social e emocional. Reavaliação após 2 anos de condutas
estabelecidas.

ENCAMINHAMENTOS

1) Acompanhamento com neuropediatra;


2) Acompanhamento com fonoaudiólogo;
3) Acompanhamento psicopedagógico;
4) Acompanhamento psicoterapêutico em ABA;
5) Acompanhamento em Terapia Ocupacional.

Conforme normas do Conselho Regional Federal de Psicologia, este documento


tem validade de 5 anos, no entanto dados obtidos indicam um modelo de
funcionamento cognitivo atual, pois as funções cerebrais são dinâmicas e
suscetíveis às modificações, no decorrer do tempo. Este documento por possuir
caráter sigiloso, trata-se de um documento extrajudicial.

São Paulo, 31 de maio de 2023

__________________________
Kátia de França Brandão Luz
CRP06/150720
Psicóloga Clínica e Neuropsicóloga

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Referências________________________________________________________
Fuentes, D.; Malloy-Diniz, L. F.; Camargo, C. H. P.; Consenza, R. M. Neuropsicologia: teoria
e prática. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Machado, A. B., Haertel, L. M. Neuroanatomia funcional. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2006.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 / [American Psychiatric


Association; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento ... et al.]; revisão técnica: Aristides
Volpato Cordioli ... [et al.]. – 5. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2014.

Santo, F. H., Andrade, V. M., Bueno, O. F. Neuropsicologia hoje. Porto Alegre: Artmed,
2015.

Tavares, H. et. Al. Psiquiatria, saúde mental e a clínica da impulsividade. Barueri, SP:
Manole, 2015.

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