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F=16,350 para a escola particular, ambas com idade, sendo esta uma característica presente
nível de significância = p< 0,01). na maioria das faixas. O que se confirmou pela
O grupo da escola particular não tinha par- correlação moderada e significativa encontrada
ticipantes com 6 e 16 anos. A análise de Post entre as idades e a pontuação: escola particular:
Hoc de Tukey, utilizada para verificar em quais r= 0,435; escola pública: r= 0,417, ambas signi-
idades ocorreram as diferenças significantes, ficantes ao nível de 0,01. Esse resultado indica
permitiu identificar diferenças entre as idades evidência de validade para o teste AC entre o
de sete anos com todas as demais, com exceção grupo de crianças e adolescentes.
do grupo de 8 anos; oito com 9, 10, 12, 13, 14 e
15 anos; e dez com 11, 12, 13 e 14 anos. Correlação com outras variáveis
Na análise de Post Hoc de Tukey da escola Para verificar se a pontuação tende a aumen-
pública, as diferenças apareceram entre as ida- tar de forma significativa conforme o aumento
des de sete com 12, 13, 14, 15 e 16 anos; oito e da escolaridade, foi calculada a correlação de
nove com 12, 14 e 15 anos; e dez com 14 anos. Pearson em função da escolaridade, tendo como
Em geral, pode-se dizer que as diferenças resultado uma correlação positiva moderada en-
apareceram de forma mais frequente ao se com- tre essas variáveis (escola particular: r= 0,436;
parar os resultados das crianças mais novas com escola pública: r= 0,433, ambas significantes ao
as mais velhas. nível de 0,01).
Para a comparação entre as médias em função Essa análise demonstrou que os participantes
da escolaridade também se utilizou a Análise de deste estudo tendem a ter uma capacidade de
Variância (One Way ANOVA). O resultado obtido atenção mais elevada à medida que avançam
demonstrou ser estatisticamente significante na escolaridade.
(F=25,274 para a escola particular e F=14,325 Dessa forma, foram criadas normas para crian
para a escola pública; ambas com nível = ças e adolescentes por meio de percentis sobre
p< 0,01), indicando que os grupos diferiram em o total de pontos do Teste AC, considerando-se
função dessa variável. a escolaridade e o total da amostra de alunos de
A análise de Post Hoc de Tukey mostrou que, escola particular e, também em função da idade
no grupo de participantes da escola particular, de alunos de escola particular. Os dados estão
as diferenças ocorreram entre o 2º ano com todos dispostos nas Tabelas 7 e 8, respectivamente.
os demais avaliados; o 3º ano com 4º, 5º, 6º, 8º Na Tabela 9, constam as normas percentílicas
e 9º anos; o 4º com o 5º ano; e o 5º ano também referentes ao total de pontos obtidos no Teste
se diferenciou de todos os demais anos. AC, em função da escolaridade de crianças e
No grupo da escola pública, as diferenças adolescentes das escolas públicas e, na Tabela
ocorreram entre o 1º e 3º anos quando compa- 10, constam as normas em percentis em função
rados com o 6º, 7º, 8º e 9º; o 4º e 5º anos em da idade de alunos de escolas públicas.
relação ao 6º, 7º e 9º; e o 8º ano também diferiu
do 9º ano. DISCUSSÃO
As análises de frequência da amostra indica-
Estudo de evidência de validade relativa ao ram a existência de número suficiente de pessoas
desenvolvimento para a elaboração de tabelas de normas, tanto
Foram utilizadas para esta pesquisa as duas para a escola particular, quanto para a escola
amostras descritas no início deste estudo. Cal pública.
culou-se a correlação de Pearson, a partir da Os resultados obtidos demonstraram que
pontuação total do teste AC e as idades dos o desempenho dos alunos da rede pública de
participantes e, foi observado que as médias ensino foi inferior ao desempenho dos alunos
tenderam a crescer, conforme o aumento da da escola particular. Pode-se inferir aqui que
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alunos de escolas particulares são mais expostos ferenças significantes das idades de sete anos,
a estímulos visuais e grafomotores, tais como quando comparado aos alunos pré-adolescentes
agendas, revistas, livros, gibis, celulares, iPads, de 12, 13, 14, 15 e 16 anos; o mesmo sendo
entre outros, o que pode justificar o melhor observado com as idades de oito e nove anos
desempenho dos alunos de escola particular quando comparados aos alunos pré-adolescentes
no Teste AC quando comparados aos alunos da de 12, 14 e 15 anos; e dos alunos de dez anos
escola pública. comparados aos de 14 anos.
Com relação aos erros cometidos, os dois No entanto, de forma geral, pode-se afirmar
grupos obtiveram resultados semelhantes e não que, em ambos os grupos de alunos, tanto de
diferiram de forma significante, o que denota escolas particulares quanto de públicas, as dife-
que não houve diferença no desempenho dos renças significantes apareceram de forma mais
dois grupos relacionada à qualidade dos erros frequente ao se comparar as crianças mais novas
(erros e/ou omissão), mas somente ao número de com as mais velhas.
acertos, sendo este maior entre o grupo de alunos Estes resultados são compatíveis com outros
pertencentes às escolas particulares, em detri- estudos que relacionam o aumento da capacida-
mento do grupo de alunos de escolas públicas. de de atenção aos estágios do desenvolvimento
Foram realizadas comparações do desem- infantil14,15.
penho dos participantes em função do sexo, no A capacidade atencional não é inata, ela vai
entanto, apesar da média do grupo masculino ser sendo gradativamente desenvolvida no decorrer
mais elevada que a média do grupo feminino, dos anos, e somente por volta dos 15 anos de
tanto de escolas públicas quanto de escolas parti- idade é que a atenção com suas características de
culares, a análise dos dois grupos indicou que não focalização e tenacidade estará completamente
houve diferença estatisticamente significante, desenvolvida. Espera-se que, por volta dos 5 a 7
quando se considerou a amostra em função do anos de idade, a criança já seja capaz de eliminar
sexo e do tipo de escola. Dessa forma, meninos os estímulos irrelevantes e manter sua atenção vol-
e meninas, de escolas públicas e particulares, tada a um objetivo por períodos relativamente lon-
obtiveram desempenho similar na capacidade de gos e que seja capaz de manter um certo controle
atenção, não havendo diferenças entre os sexos. sobre as suas emoções e seu nível de atividades
No entanto, o resultado da análise de va- motoras16. Os processos de filtragem atencional e
riância entre as médias em função da idade os arranjos seletivos, processos necessários para a
se mostrou estatisticamente significante entre seleção da atenção, estão, em essência, presentes
a escola pública e a escola particular. Após a nas crianças desde a idade mais tenra; entretanto,
análise para verificar em quais idades ocorreram a velocidade e a eficiência desses processos ten-
diferenças significantes entre os alunos da escola dem a aumentar à medida que a criança cresce e
particular, foram verificadas diferenças entre as se aproxima da adolescência17.
idades de sete anos comparadas com todas as A análise de variância indicou que os gru-
demais idades, com exceção do grupo de oito pos diferiram também em função da variável
anos, demonstrando similaridade no desempe- escolaridade.
nho de crianças de sete e oito anos. No entanto, No grupo de participantes da escola particu-
há diferenças significantes das crianças de oito lar, as diferenças ocorreram entre o 2º ano com
anos comparadas às crianças mais velhas de 9, todos os demais avaliados; o 3º com 4º, 5º, 6º, 8º
10, 12, 13, 14 e 15 anos; como também no grupo e 9º anos; o 4º com o 5º ano; e o 5º ano também se
de dez anos comparados aos pré-adolescentes diferenciou de todos os demais anos. No grupo
de 11, 12, 13 e 14 anos. da escola pública, as diferenças ocorreram entre
Resultados similares foram obtidos junto aos o 1º e 3º anos quando comparados ao 6º, 7º, 8º
alunos de escolas públicas, por meio da mesma e 9º anos; o 4º e 5º anos em relação ao 6º, 7º e
análise estatística, onde foram encontradas di- 9º anos; e o 8º ano também diferiu do 9º ano.
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SUMMARY
The use of Concentrated Attention (AC) Test for children and
youth population: a contribution to the neuropsychological evaluation
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12. Cambraia SV. O Teste de Atenção Concen- dagógica. São Paulo: Martins Fontes; 2001.
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