Acórdão - PP N. 3406-58
Acórdão - PP N. 3406-58
Acórdão - PP N. 3406-58
16/06/2020
Número: 0003406-58.2020.2.00.0000
Classe: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS
Órgão julgador colegiado: Plenário
Órgão julgador: Gab. Cons. Marcos Vinícius Jardim Rodrigues
Última distribuição : 08/05/2020
Valor da causa: R$ 1.045,00
Assuntos: Resolução
Objeto do processo: TJAL - TRF 5ª Região - TRT 19ª Região - Revisão - Resolução nº 314/CNJ -
Concessão - Autonomia - Tribunais - Estabelecimento - Prazos processuais - Advocacia - Atenção -
Circunstâncias locais - Agravamento - Pandemia - Coronavírus - COVID-19 - Decreto Estadual nº
69.722/2020.
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SECCIONAL DE JOAO AUGUSTO SOARES VIEGAS (ADVOGADO)
ALAGOAS (REQUERENTE)
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - CNJ (REQUERIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
40106 11/06/2020 12:01 Acórdão Acórdão
21
PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS. PLANTÃO EXTRAORDINÁRIO
IMPLANTADO COMO MEDIDA DE COMBATE À
PROLIFERAÇÃO DO NOVO CORONAVÍRUS – COVID-19.
SISTEMÁTICA DE SUSPENSÃO DE AUDIÊNCIAS POR
VIDEOCONFERÊNCIA E DE JULGAMENTO DE PROCESSOS
SUBMETIDOS À SESSÃO VIRTUAL. MANIFESTAÇÃO DE
ADVOGADO SEM ANUÊNCIA DA PARTE ADVERSA.
INDISPENSABILIDADE DE PEDIDO DEVIDAMENTE
FUNDAMENTADO A SER SUBMETIDO À AVALIAÇÃO DO
MAGISTRADO RESPONSÁVEL PELA CONDUÇÃO DO FEITO.
I. Em uma audiência, ou sessão de julgamento, são produzidos
diversos atos processuais. Logo, ainda que se admita que a
impossibilidade técnica para a realização de alguns destes atos por
uma das partes possa suspender automaticamente o prazo que lhe
fora concedido, na forma do artigo 3º, § 3º, da Resolução CNJ nº
314/2020, persiste a circunstância de que a suspensão da
audiência (ou do julgamento do feito), em si, depende da
avaliação do magistrado responsável pela condução do
processo, consoante o que dispõe o § 2º do mesmo
dispositivo, a fim de se evitar eventual prejuízo à parte
adversa.
II. Trata-se, em última análise, de medida destinada à proteção dos
direitos e prerrogativas do próprio advogado, no exercício da defesa
dos interesses da parte que representa, a serem preservados
mesmo na situação emergencial vivenciada no País, em face da
Pandemia pelo COVID-19.
III. Nada impede, entretanto, que, em havendo concordância da
parte contrária, seja viabilizada a suspensão da audiência por
videoconferência ou do julgamento por sessão virtual, ante a
apresentação de requerimento conjunto expressando esta intenção
ao Juiz da causa. Em contrapartida, a manifestação de apenas
uma das partes enseja, impreterivelmente, a avaliação do
pedido, devidamente fundamentado, pelo Magistrado
responsável pela condução do processo, a fim de se preservar
eventuais interesses contrários do adversário.
IV. Pedido de Providências que se julga improcedente.
ACÓRDÃO
O Conselho, por maioria, julgou improcedente o pedido de suspensão automática de audiência
por videoconferência ou julgamento de sessão virtual por mera manifestação do advogado de
uma das partes, quando ausente a anuência da parte adversa, por entender que o procedimento
afronta o artigo 3º, § 2º, da Resolução CNJ nº 314/2020, nos termos do voto do Conselheiro
Emmanoel Pereira. Vencidos os Conselheiros Marcos Vinícius Jardim Rodrigues e André
Godinho, votavam pelo conhecimento do pedido encartado na alínea c, julgando-o procedente
para determinar que, doravante, salvo nos casos em que os prazos e atos já estejam suspensos
pelo CNJ ou pelo próprio Tribunal, a alegação do advogado sobre a impossibilidade de cumprir os
atos processuais, diante da situação excepcional pela qual todos passam, fosse considerada
suficiente para a suspensão do ato. Declarou suspeição o Conselheiro Humberto Martins. Lavrará
o acórdão o Conselheiro Emmanoel Pereira. Presidiu o julgamento o Ministro Dias Toffoli.
Plenário Virtual, 10 de junho de 2020. Votaram os Excelentíssimos Conselheiros Dias Toffoli,
Emmanoel Pereira, Luiz Fernando Tomasi Keppen, Tânia Regina Silva Reckziegel, Mário
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Guerreiro, Candice L. Galvão Jobim, Flávia Pessoa, Maria Cristiana Ziouva, Ivana Farina
Navarrete Pena, Marcos Vinícius Jardim Rodrigues, André Godinho e Maria Tereza Uille Gomes.
Não votaram os Excelentíssimos Conselheiros Rubens Canuto, justificadamente, Henrique Ávila
e, em razão da suspeição, o Conselheiro Humberto Martins.
RELATÓRIO
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alterações pontuais na Resolução 314 ou outra que se faça necessária, para
estabelecer norma expressa prevendo que eventuais justificativas de
impossibilidade de prática de ato processual apresentadas pelos advogados devem
ser incondicionalmente acolhidas em nome da boa-fé.
Preliminarmente, quanto aos pedidos das alíneas “a” e “b”, tenho como
imperioso que a análise seja feita pelos Conselheiros Relatores previamente
designados para o acompanhamento - no que toca às medidas de prevenção ao
COVID19 - dos tribunais indicados pela Requerente: Tribunal de Justiça do Estado
de Alagoas (TJAL), relatado pelo Conselheiro Luiz Fernando Keppen; Tribunal
Regional do Trabalho da 19ª Região (TRT19), de relatoria da Conselheira Maria
Teresa Uille; e Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), que é relatado pelo
Conselheira Candice Lavocat.
Assim, determino extração de cópias deste procedimento e traslado aos PPs
n. 0002722-36.2020.2.00.0000, n. 0002788-16.2020.2.00.0000 e n. 0002763-
03.2020.2.00.0000.
Em relação ao pedido constante na alínea “c”, deve esta parte ser submetida
ao Comitê específico, criado pela Portaria nº 53 e coordenado pelo Corregedor
Nacional de Justiça, para análise e considerações.
[...]
Realizados os encaminhamentos pela Secretaria Processual, os autos
voltaram ao Gabinete, com o Despacho de Id 3994983, proferido pelo
Excelentíssimo Corregedor Nacional de Justiça, Ministro Humberto Martins, pelo
qual sugere que a questão dos autos seja submetida ao Plenário em sessão virtual
do Conselho.
VOTO DIVERGENTE
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considerada suficiente para a suspensão do ato.”
Ouso divergir.
Em sessão virtual extraordinária, realizada em 25 de maio de 2020, o
Plenário do Conselho Nacional de Justiça, por maioria, firmou entendimento de que
a suspensão de prazos e o adiamento de atos processuais, por mera alegação
de impossibilidade de sua prática pelo advogado, não são automáticos em
todos os casos, mas apenas naqueles especificados no artigo 3º, § 3º, da
Resolução CNJ nº 314/2020.
Nesse sentido, aliás, o acórdão proferido nos autos do Pedido de
Providências nº 0003594-51.2020.2.00.0000, apresentado pela Exma. Conselheira
Tânia Regina Silva Reckziegel, na qualidade de substituta regimental do Relator
originário, o Exmo. Conselheiro Rubens de Mendonça Canuto Neto.
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“Nas reuniões do referido Comitê, do qual participo, defendi
justamente a posição de que se o advogado alegasse a
impossibilidade de cumprir os prazos processuais,
independentemente de qualquer prova, diante da situação
excepcional pela qual todos passam, haveria presunção de
veracidade dessa alegação e o juiz deveria suspender os prazos
processuais em cada processo em que houvesse a alegação.
Porém, o Desembargador e Secretário-Geral desse Conselho, Dr.
Carlos Adamek, também integrante do Comitê, apresentou proposta
mais restritiva: de que apenas em algumas situações, em que se
presume a necessidade de prévio contato do advogado com a parte
ou de algum tipo de deslocamento, para a prática de determinados
atos processuais, bastaria a mera alegação do advogado.
Foi exatamente o que prevaleceu nas discussões do Comitê, e o que
foi incorporado ao § 3º do art. 3º da Resolução 314/2020: o prazo
para “apresentação de contestação, impugnação ao cumprimento
de sentença, embargos à execução, defesas preliminares de
natureza cível, trabalhista e criminal, inclusive quando praticados
em audiência, e outros que exijam a coleta prévia de elementos
de prova por parte dos advogados, defensores e procuradores
juntamente às partes e assistidos” pode ser suspenso diante da
impossibilidade de sua prática, se informada durante a sua fluência,
bastando, para isso, a alegação da parte ou do advogado.
Então, nos casos previstos no dispositivo, basta a alegação do
advogado, ainda que desacompanhado de qualquer prova, por se
tratar de casos em que normalmente é necessário contato entre o
advogado e a parte para obter informações mais detalhadas sobre os
fatos, obter documentos etc.
No entanto, isso só se aplica aos casos expressamente previstos
no §3º (apresentação de contestação, impugnação ao
cumprimento de sentença, embargos à execução, defesas
preliminares de natureza cível, trabalhista e criminal, inclusive
quando praticados em audiência, e outros que exijam a coleta
prévia de elementos de prova), já que, apesar de o pedido da
requerente fazer referência a esse dispositivo, poderia englobar todo
e qualquer prazo e ato processual.
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Nas outras situações não descritas no § 3º, não bastaria a mera
alegação do advogado, e a suspensão do prazo há de ser feita
após manifestação do juiz da causa. É exatamente o que prevê o
§2º do art. 3º da Resolução 314/2020: ‘os atos processuais que
eventualmente não puderem ser praticados pelo meio eletrônico ou
virtual, por absoluta impossibilidade técnica ou prática a ser apontada
por qualquer dos envolvidos no ato, devidamente justificada nos
autos, deverão ser adiados e certificados pela serventia, após decisão
fundamentada do magistrado’.
E essa sistemática é adequada porque evita prejuízos à prestação
jurisdicional e ao acesso à justiça (afastando-se a preclusão para a
prática de atos não realizados porque não era possível sua
realização), como também por evitar que pedidos indiscriminados de
suspensão de prazos, em quaisquer casos, sejam eventualmente
utilizados como medida protelatória por uma das partes a quem o
andamento do processo não seja interessante.”
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Vale destacar que, em uma audiência são produzidos diversos atos
processuais. Logo, ainda que se admita que a impossibilidade técnica para a
realização de alguns destes atos por uma das partes possa suspender
automaticamente o prazo que lhe fora concedido, na forma do artigo 3º, § 3º, da
Resolução CNJ nº 314/2020, persiste a circunstância de que a suspensão da
audiência, em si, depende da avaliação do magistrado responsável pela
condução do processo, consoante o que dispõe o § 2º do mesmo dispositivo,
a fim de se evitar eventual prejuízo à parte contrária.
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Ministro EMMANOEL PEREIRA
Conselheiro
/nsl
VOTO DIVERGENTE
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impossibilidade de cumprir os atos processuais, diante da situação excepcional pela
qual todos passam, seja considerada suficiente para a suspensão do ato”.
O aludido pedido da requerente é o seguinte
c) Que ao final o Pedido de Providências seja acolhido, a fim
de promover alterações pontuais na Resolução 314 ou outra
que venha a substitui-la, no sentido de:
c.1) Conferir autonomia aos tribunais nos Estados (Justiça
Estadual, Federal e Trabalhista) para dispor de regras
específicas ou exceções na exigência no cumprimento de
prazos pela advocacia, sempre atentos às condições locais da
pandemia e à harmonia com as regras gerais estabelecidas pelo
CNJ; e
c.2) Estabelecer norma expressa prevendo que eventuais
justificativas de impossibilidade de prática de ato processual
apresentadas pelos advogados devem ser
incondicionalmente acolhidas em nome da boa-fé.
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execução, defesas preliminares de natureza cível, trabalhista e
criminal, inclusive quando praticados em audiência, e outros que
exijam a coleta prévia de elementos de prova por parte dos
advogados, defensores e procuradores juntamente às partes e
assistidos, somente serão suspensos, se, durante a sua
fluência, a parte informar ao juízo competente a
impossibilidade de prática do ato, o prazo será considerado
suspenso na data do protocolo da petição com essa
informação.
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outras medidas, disciplinaram a fluência dos prazos em
processos físicos e eletrônicos. Diante da necessidade de
retomada gradual das atividades do Poder Judiciário, foi
autorizada a retomada dos prazos nos autos eletrônicos,
cabendo aos Tribunais, em face do cenário local, deliberar sobre
as providências a serem adotadas no âmbito das respectivas
jurisdições.
3. Passado o período inicial de estruturação dos serviços
judiciários e adaptação à nova realidade no qual foi necessária a
suspensão geral dos prazos processuais, carece de
razoabilidade condicionar a fluência de prazos em processos
eletrônicos ao consentimento dos advogados.
4. As medidas de isolamento social não impuseram novos
requisitos para autuação dos advogados nos autos eletrônicos. A
natureza deste tipo de processo sempre exigiu a utilização de
equipamento de informática e acesso à internet para
peticionamento.
5. Situações pontuais de advogados que venham a ser
impedidos de desenvolver suas atividades regulares ou de
participar de audiências via videoconferência devem ser
justificadas pelo interessado e avaliadas pelo magistrado
nos autos do processo judicial. Daí porque o silêncio da parte
não pode ser interpretado como manifestação pela
impossibilidade técnica ou prática.
6. Pedido julgado improcedente. (CNJ - PCA - Procedimento de
Controle Administrativo - 0003560-76.2020.2.00.0000 - Rel.
CANDICE LAVOCAT GALVÃO JOBIM - 15ª Sessão - j.
25/05/2020).
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SENTENÇA, EMBARGOS À EXECUÇÃO, DEFESAS
PRELIMINARES DE NATUREZA CÍVEL, TRABALHISTA E
CRIMINAL, INCLUSIVE QUANDO PRATICADOS EM
AUDIÊNCIA, E OUTROS QUE EXIJAM A COLETA PRÉVIA DE
ELEMENTOS DE PROVA POR PARTE DOS ADVOGADOS.
INTERPRETAÇAÕ DO §3º DO ART. 3º DA RESOLUÇÃO CNJ
N. 314/2020. DISPENSABILIDADE DE DECISÃO DO JUIZ.
SUFICIÊCIA DO PEDIDO DO ADVOGADO. PEDIDO JULGADO
PARCIALMENTE PROCEDENTE.
1. A possibilidade de suspensão dos prazos prevista nos casos
previstos no § 3º do art. 3º da Resolução CNJ n. 314/2020
(apresentação de contestação, impugnação ao cumprimento de
sentença, embargos à execução, defesas preliminares de
natureza cível, trabalhista e criminal, inclusive quando praticados
em audiência, e outros que exijam a coleta prévia de elementos
de prova) não depende de prévia decisão do juiz, bastando a
informação do advogado, durante a fluência do prazo, sobre a
impossibilidade da prática dos atos ali previstos.
2. Nos outros casos não previstos no § 3º, a suspensão
depende de decisão do juiz da causa, nos termos § 2º do art.
3º da Resolução CNJ n. 314/2020.
3. Pedido julgado parcialmente procedente.(CNJ - PP - Pedido de
Providências - Conselheiro - 0003594-51.2020.2.00.0000 - Rel.
TANIA REGINA SILVA RECKZIEGEL - 15ª Sessão - j.
25/05/2020).
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alterada.
É como voto.
VOTO
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No mesmo despacho, anotei ter sido publicada a Resolução/CNJ n. 318/2020
e determinei a intimação da Seccional alagoana da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB/AL), para que se manifestasse sobre a perda de objeto deste procedimento.
Em resposta, a Requerente informou ter havido parcial perda do objeto e,
após vasta explanação, concluiu com os seguintes pedidos (Id 3964109):
a) Que seja concedida a providência acauteladora requestada, sem a prévia
manifestação de autoridades interessadas, a fim de que se expeça ato explicitando
que as eventuais justificativas de impossibilidade de prática de ato processual
apresentadas pelos advogados devem ser incondicionalmente acolhidas em nome
da boa-fé;
b) Que, se julgar necessário, sejam notificados os Exmos. Srs. Presidentes
do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas, do Tribunal Regional do Trabalho da
19ª Região e do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, para tomarem ciência do
pleito e, se desejarem, se manifestarem acerca dele, no prazo e considerando a
urgência que o caso requer;
c) Que ao final o Pedido de Providências seja admitido, a fim de promover
alterações pontuais na Resolução 314 ou outra que se faça necessária, para
estabelecer norma expressa prevendo que eventuais justificativas de
impossibilidade de prática de ato processual apresentadas pelos advogados devem
ser incondicionalmente acolhidas em nome da boa-fé.
Quanto aos pedidos das alíneas “a” e “b”, determinei a extração de cópias e
encaminhamento aos Conselheiros Relatores previamente designados para o
acompanhamento - no que toca às medidas de prevenção ao COVID19 - dos
tribunais indicados pela Requerente. Ou seja, cópias foram remetidas ao
Conselheiro Luiz Fernando Keppen (relator do TJAL) e às Conselheiras Maria
Tereza Uille (TRT19) e Conselheira Candice Lavocat (TRF5), com traslado aos
Pedidos de Providências n. 0002722-36.2020.2.00.0000, n. 0002788-
16.2020.2.00.0000 e n. 0002763-03.2020.2.00.0000.
Em relação ao pedido constante na alínea “c”, para manifestação do Comitê
específico criado pela Portaria n.53 e coordenado pelo Corregedor Nacional de
Justiça, encaminhei o feito a este último, em 18/05/20.
Os autos voltaram ao Gabinete, no fim da tarde do dia 29/05/20 (sexta-feira),
com a seguinte conclusão de Sua Excelência o Corregedor Nacional:
[...]
Entendo que o relator deva submeter a questão dos autos à próxima sessão
virtual do Conselho Nacional de Justiça.
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apresentadas pelos advogados devem ser incondicionalmente acolhidas em nome
da boa-fé” – passo a me manifestar.
Eis que, sobre o presente pedido, a maioria dos membros deste Conselho
Nacional de Justiça posicionou-se do seguinte modo:
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DO ADVOGADO. PEDIDO JULGADO PARCIALMENTE PROCEDENTE.
1. A possibilidade de suspensão dos prazos prevista nos casos previstos no § 3º do
art. 3º da Resolução CNJ n. 314/2020 (apresentação de contestação, impugnação
ao cumprimento de sentença, embargos à execução, defesas preliminares de
natureza cível, trabalhista e criminal, inclusive quando praticados em audiência, e
outros que exijam a coleta prévia de elementos de prova) não depende de prévia
decisão do juiz, bastando a informação do advogado, durante a fluência do
prazo, sobre a impossibilidade da prática dos atos ali previstos.
2. Nos outros casos não previstos no § 3º, a suspensão depende de decisão do
juiz da causa, nos termos § 2º do art. 3º da Resolução CNJ n. 314/2020.
3. Pedido julgado parcialmente procedente.(CNJ - PP - Pedido de Providências -
Conselheiro - 0003594-51.2020.2.00.0000 - Rel. TANIA REGINA SILVA
RECKZIEGEL - 15ª Sessão - j. 25/05/2020). (destaque nosso)
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previsões das Resoluções/CNJ n. 314 e 318/2020 nas hipóteses em que a tramitação
dos prazos e atos processuais mostrar-se impertinente, dificultosa ou inexeqüível.
Neste diapasão, vale refletir que a “impossibilidade técnica ou prática” descrita
no § 2º, do art. 3º, da Resolução/CNJ n. 314/2020, representa contexto que encampa
uma gama de motivos, notadamente, mas não exclusivamente, as dificuldades de
acesso à estrutura compatível de Tecnologia da Informação.
No particular, conhecidas são as carências de estruturas de internet, telefonia
móvel e até de fornecimento de energia elétrica em muitas regiões brasileiras, que
somadas à instabilidade patrimonial e financeira que caracteriza a grande maioria dos
advogados brasileiros, envidam num perceptível quadro de dificuldades de acesso e
regular utilização dos aparatos tecnológicos suficientes ao exercício da profissão.
Assim, considerando que é ônus do poder público, e não da advocacia, garantir
as estruturas de TI necessárias ao exercício da profissão, conforme dispõe o artigo
198 do Código de Processo Civil e artigo 10, §3º da Lei n. 11.419/2006 (Lei do
Processo Eletrônico), a específica alegação de impossibilidade deve ser prontamente
acolhida, para o fim de sobrestar a realização das audiências instrutórias.
Por outro lado, é importante, ainda, refletir que audiências processuais são
procedimentos de natureza pública, cuja realização é encargo do Juízo, destinatário
das provas produzidas em processo judicial. Portanto, não é pertinente exigir da
advocacia suprir ônus que não lhe faz jus, mormente quando as salas de apoio das
OAB, sediadas nos Fóruns e Tribunais, restam inacessíveis, diante das medidas de
restrição de locomoção.
Sabe-se que a Advocacia atua, necessariamente, em conjunto com os
jurisdicionados no acesso à Justiça, porém, observa-se na presente quadra, a indevida
tentativa de transferência às partes (leia-se, aos advogados) de ônus pela manutenção
de estrutura adequada para realização dos atos processuais, cuja obrigação
inescusável é do poder público.
Para além, conforme dito, muitos outros motivos podem elencar o rol de
impossibilidades da espécie e, diante da amplitude e heterogeneidade de fatores, a
figura do advogado ressai como fiel instrumento a demonstrar, como medida de
prevenção, a necessidade da suspensão do prazo ou do ato, visando resguardar a
higidez do processo, partes e testemunhas.
Merece ser considerada de boa-fé, verbi grati, a manifestação do advogado que
resiste à realização da audiência instrutória em seu escritório ou residência, sob a
alegação de incompatibilidade do local, ou de segurança própria ou até receio de
contágio pelo COVID-19.
Do mesmo modo, é o advogado o mensageiro da inconveniência da realização
da audiência, diante do notório desconhecimento das partes e testemunhas, que
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impossibilitem o manuseio de inovações tecnológicas.
É, enfim, do advogado a tarefa de alertar sobre o risco de quebra da
incomunicabilidade e até a incerteza da personalidade da testemunha, quando esta
indicar o ambiente (desconhecido) para prestar o depoimento em juízo.
Neste eito, alegada a impossibilidade da realização da audiência, por qualquer
justificada impossibilidade técnica ou prática, deve, de fato o ato ser sobrestado, sob
pena de ofensa aos Princípios da Isonomia, Eficiência e Razoabilidade.
Não se ignora, decerto, que a retomada dos prazos e atos processuais é,
idealmente, objetivo a ser alcançado não apenas pelos tribunais, mas também pela
Advocacia, porém, as atuais circunstâncias não permitem a tramitação ordinária dos
processos judiciais, nos casos de alegada impossibilidade de cumprimento de atos
processuais, por advogado habilitado.
A Advocacia é indispensável à administração da justiça, consoante orientação do
artigo 133 da Constituição Federal de 1988 e como tal deve ser considerada quando
manifestar a impossibilidade de realização das audiências instrutórias.
Assim, considerando o quadro de exceção, cujas restrições atingem inclusive o
Poder Judiciário, permitir um juízo discricionário sobre as condições de cumprimento
dos procedimentos processuais é enveredar-se contra a particular destinação das
Resoluções supraditas, que expressamente ressaltam que em quaisquer hipóteses os
prazos e atos podem ser temporariamente estagnados, ainda que “não impostas
formalmente as medidas restritivas referidas no artigo anterior (LOCKDOWN), em que
se verifique a impossibilidade de livre exercício das atividades forenses regulares...”.
Dessa forma, mantenho-me firme ao entender que as condições pelas quais ora
perpassa a sociedade brasileira afetam o exercício da advocacia e impossibilitam a
prática dos atos judiciais, de modo que a simples comunicação do advogado deve ser
suficiente para suspensão de prazo e/ou ato judicial.
Por fim, louvo a edição do ATO CONJUNTO PRESIDÊNCIA-CORREGEDORIA
nº 01, em 08 de junho de 2020, pelo Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
Região (TRT/9 - Paraná) que, ao tratar dos procedimentos para a realização de
audiências por videoconferência, nos artigos 7º, 17 e 18, assim consolidou:
Art. 7º As audiências por videoconferência somente poderão ser realizadas se após
prévia intimação, as partes não se opuserem a prática do ato, independentemente
do juízo de valor quanto ao motivo apresentado (Ref. Leg - Resolução CNJ
314/2020. Art. 6º, §3 - CSJT 6/2020. Art. 16 - Outras Ref. Pedido de Providências n.
0003594-51.2020.2.00.0000
(...)
Art. 17 Os atos processuais que eventualmente não puderem ser praticados pelo
meio eletrônico ou virtual, por absoluta impossibilidade técnica ou prática a ser
apontada por qualquer dos envolvidos no ato, devidamente justificado nos autos,
deverão ser adiados após decisão fundamentada do magistrado (Ref. Leg - Ato
GCGJT 11/2020, Art. 5º).
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aos participantes que não se apresentarem no dia e no horário designados para a
realização da audiência por videoconferência, diante de notória dificuldade de ordem
técnica ou prática relacionada ao acesso ou permanência na sala virtual, depois
justificada nos autos. (destaques nossos).
Conclusão
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