Cap. 4 - Marketing Digital
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Transmídia Storytelling Página 2
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
4 TRANSMÍDIA STORYTELLING
Depois daquele papo todo sobre as redes sociais, não tinha como fugir dessa
história aqui. Para que tudo faça sentido entre os canais de comunicação, precisamos
entender transmídia e storytelling. Mas o que é isso mesmo?
Já não é de se espantar que, nos dias de hoje, sejamos inundados por milhares
de termos que, quando usados aleatoriamente, parecem não significar nada. Palavras
em inglês se misturam a sentenças presentes no dia a dia de todo publicitário, numa
bagunça de idiomas que merecem a nossa atenção constante para não perdermos o
“bonde da propaganda” que está em constante movimento.
Uma dessas palavras é transmídia storytelling. Veja bem, elas, juntas, parecem
ter um sentido difícil de entender, mas quando dividimos e pensamos em cada uma
delas de maneira isolada, começam a fazer um pouco mais de sentido.
Um celular é uma mídia (o famoso mobile, para usar a palavra mais conhecida)
assim como estes também são: redes sociais, jornal (é mais velhinha, impressa),
revista, outdoor, banners, e-mail, cinema, jogos. Tudo isso são mídias a serem
exploradas e mixadas.
<https://www.youtube.com/watch?v=QhhsJyodPHs>.
Nesse caso, foi criada uma história de que a cantora estaria em um retiro
espiritual durante esses meses, e os vídeos davam continuação à história. O
planejamento foi tão estratégico e bem pensado que a cantora vestia dentro do
programa os mesmos looks com os quais ela estava nos vídeos. Essa estratégia
gerou, em apenas uma semana, mais de 1,5 milhões de seguidores em sua conta de
Instagram e um verdadeiro sucesso. Quando a estratégia é boa, o benchmarking rola
solto: é o que a internet chama de “fazer escola”, já que, na edição de 2021, vários
artistas também preparam conteúdos similares para serem publicados ao longo da
edição.
Como podemos ver, tudo tem potencial para transitar em diversos canais. Basta
contar a mesma história adaptando a linguagem e a mensagem para cada ambiente.
O que muda é apenas o formato.
Simples, não?
Opa, mas NÃO mesmo! Convenhamos que não é fácil ser um bom contador de
causos.
Lembra daquele amigo que você revira os olhos só de pensar em quando ele
terá de contar alguma coisa? Ele não tem foco, a história é sempre chata, monótona,
não existem altos e baixos e, no final, você não consegue se envolver com aquilo de
jeito nenhum.
Agora, pense nisso voltado a uma marca: é exatamente a mesma coisa. Para
inserir um produto dentro de uma história, é necessário contextualizá-lo genuinamente
para que ele seja vendido de forma natural. As pessoas precisam sentir que aquela
narrativa é verdadeira e serem tocadas por ela para terem o desejo de consumir o
produto.
Um exemplo bem ruim disso são aquelas intervenções feitas em novelas (que
são, hoje em dia, cada vez mais patrocinadas por marcas) em que uma cena é
literalmente interrompida para a demonstração do produto: pessoas usando Bankline
num contexto estranho ou alguma personagem mostrando o “perfume que acabou de
comprar e é delicioso” em outro momento. Nunca parece muito natural, né?
Figura 4.8 – Ações em novelas estão cada vez mais comuns e robustas
Fonte: Uol (2019)
Hoje, pensar na comunicação de uma marca deixa de ser apenas sobre vender
esse ou aquele produto e passa a ser em como se comunicar com os mais diferentes
tipos de público. Afinal, se existem tantas plataformas diferentes, as pessoas que as
utilizam também não são as mesmas – e, o mais importante, não esperam os mesmos
tipos de estímulo. #FicaDica
4.2.2 Mas o que tudo isso tem a ver com o marketing, minha gente?
Quando unimos essas duas palavras ao marketing, elas se tornam ainda mais
imprescindíveis. Afinal, hoje em dia, tudo pode virar um produto ou algo que vai muito
além daquilo que imaginamos inicialmente.
Figura 4.11 – A cantora Anitta é a nova diretora de criatividade e inovação da Skol Beats
Fonte: Consumidor Moderno (2019)
As possibilidades são tantas que é preciso ficar sempre ligado para não perder
as diversas oportunidades que surgem dentro de uma única campanha publicitária ou
até de qualquer tipo de comunicação a que o público tem acesso.
Para falar em termos nacionais, temos a NIVEA que, em 2015, criou bonecos
que se “queimavam” com os raios UV e precisavam ser cuidados com os protetores
solares da marca (alô, storytelling e transmídia!). O resultado, além de muitas
premiações em grandes festivais, foi o desenvolvimento do brinquedo para o grande
público, saindo do case publicitário para a vida real.
Você deve estar pensando: beleza, storytelling é legal, mas como eu crio algo
realmente relevante para uma marca?
Primeiro, você deve seguir uma estrutura de história mesmo. Como falamos
anteriormente, existem muitos “ganchos” que você pode pegar para gerar interesse
do público, mas é superimportante entender que essa narrativa precisa ter começo,
meio e fim, além de viradas, ápice e objetivo bem amarrado.
<https://www.youtube.com/watch?v=obEXroYwS2U>.
Agora, se a intenção for falar de storytelling que não deu certo, temos os cases
das marcas Do Bem e Diletto. A primeira criou uma história dizendo que suas laranjas
vinham da fazenda do sr. Francisco e eram cultivadas diariamente, o que era bem
diferente da realidade. Na verdade, as laranjas vêm de um grande fornecedor em São
Paulo mesmo. #fail
Já a Diletto contou que sua receita vinha de Vittorio Scabin, que fabricava
picolés feitos de neve e fugiu para São Paulo durante a Segunda Guerra Mundial.
Outra grande falácia que acabou caindo nas mãos do Conar – Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária.
<https://www.youtube.com/watch?v=owGykVbfgUE>.
O primeiro filme dentro do conceito “The smell your man could smell like”, que
virou referência dentro do mercado publicitário e gerou muito awareness para marca.
Quer saber?
O ideal é sempre analisar o contexto geral e trabalhar com sua equipe para
encontrar os diversos caminhos que você pode seguir, sempre preferindo ir pelo
caminho da verdade, afinal, em um mundo onde as informações correm tão rápido
você não vai querer perder sua reputação on-line por um storytelling mal feito, certo?
No caso, o planejamento é sempre uma área que faz muitas pesquisas e tende a
trazer insights relevantes sobre o público-alvo. #FicaDica02
Você já deve ter reparado que o assunto geral aqui é marketing de conteúdo,
né? No caso, transmídia e storytelling são mecanismos dentro dessa “modalidade”
para a marca conversar com o público de forma mais natural e menos forçada. Outra
ferramenta é o branded content.
em um contexto onde você vende seu produto de forma, digamos, menos direta.
Exemplo: menos, “compre aqui”; mais, “aprenda/divirta-se/veja/saiba conosco”.
Por exemplo, quando uma marca de vitaminas usa o espaço publicitário numa
revista e faz um conteúdo sobre o “poder da alimentação saudável na prevenção de
doenças”. Você não está vendo o produto ali falando das suas propriedades, mas
indiretamente está sendo levado a pensar que garantir vitaminas diariamente pode
fazer bem para o seu corpo.
Ou, ainda, num portal de grande presença masculina, uma marca de produtos
para cabelos resolve fazer uma série de vídeos com cabeleireiros famosos mostrando
“diferentes cortes de cabelo para os mais diferentes rostos”, sabe? A intenção é estar
dentro do assunto da marca, mas explorando diferentes formas de se fazer isso.
Esse recurso pode ser explorado em diversos formatos, indo desde um artigo
simples, um filme ou uma peça de teatro até um quadro específico dentro de um
programa televisivo ou mesmo um canal no YouTube. No branded content, a marca
pode patrocinar basicamente tudo e criar a forma como ela deseja se comunicar com
seu público.
Tá, mas não vamos largar você aqui sozinho com toda essa bronca (afinal, o
objetivo deste curso é ensinar mais do que confundir, né?).
O que você precisa ter em mente nesse papo todo é sobre lugar de fala. Essa
expressão significa nada mais, nada menos do que a autorização para alguém (ou
uma marca) falar algo com conhecimento de causa. Ou seja: propriedade.
Cada vez mais (e ainda bem, vai?) vemos que uma história só deve ser contada
caso a marca esteja genuinamente dentro daquele contexto. Sabe ter FIT real com o
público e sua vivência? Então, é exatamente isso. Se se encaixa e tem a ver com o
produto de verdade, ótimo. Senão, é melhor pensar duas vezes antes de abraçar um
assunto mais profundo.
Por isso mesmo, as famosas causas, hoje tão defendidas pelas empresas,
precisam vir junto com muita credibilidade para que a campanha funcione tanto na
propaganda quanto na vida real. Caso contrário, é esperar a chuva de haters que você
encontrará pelo caminho.
Vai dizer que é legal uma marca bradar aos quatro ventos quanto ama o meio
ambiente, mas não fazer nenhuma ação de sustentabilidade no seu dia a dia? Ou,
ainda, ela dizer quanto o feminismo importa e não ter nenhuma mulher no board de
diretoria? Pois é.
Figura 4.29 – Campanha da Skol para o Carnaval de 2018 com Jout Jout
Fonte: YouTube (2018)
<https://www.youtube.com/watch?v=CwwjjYmUj3U>.
Ainda nessa linha, tivemos um case interessante no carnaval 2020, com o Uber.
Eles levantaram a bandeira contra o assédio e qualquer tipo de discriminação contra
passageiros ou motoristas. Foi uma campanha bem elogiada.
Finalmente como último exemplo, esse sendo mais recente, em 2021 a loja
C&A fez uma parceria com o brechó on-line Enjoei chamado “Novo de Novo”. O
objetivo da parceria é estimular que as pessoas desapeguem de roupas, calçados e
acessórios usados da C&A e os vendam na plataforma on-line.
“Mas, e se não houver propósito nenhum?” Tudo bem, sua marca não precisa
querer salvar o mundo sempre. Se não existir uma motivação, basta se jogar num
assunto que traga o DNA da empresa e tudo vai dar certo. ;)
4.6 Ah, sim, mas ainda não falamos das NOVAS MÍDIAS!
Mas vamos lá: quando pensamos em novas mídias (as não tradicionais, como
TV, rádio, revista, outdoor, entre outras) que aparecem por aí a qualquer hora e em
qualquer lugar, a função da comunicação se volta para primeiro avaliar o perfil da
“novidade” e somente depois determinar a necessidade de a marca estar lá ou não.
<https://www.youtube.com/watch?v=twBauZ4GOWE>.
Por exemplo, o SNAPCHAT, quando foi lançado, teve o maior boom de marcas
entrando e tentando fazer parte da conversa. Então, muitas viram que não dominavam
a linguagem, que aquilo de apagar todo dia não fazia sentido em termos de conteúdo,
que o público era prioritariamente jovem... etc. etc. etc. O mesmo acontece com o
TikTok. Faz sentido fazer parte dessa conversa? Como?
Mas é importante estar sempre de olho para ver as novidades e entender para
onde a conversa está indo. A principal função do nosso trabalho diário não é tanto
participar de tudo, mas ter o conhecimento do que está acontecendo em termos de
comunicação e presença do público. Precisarmos estarmos cientes das coisas à
nossa volta, sabe?
Lançaram um novo jogo sobre o qual todo mundo está falando? Vai lá dar uma
olhada, instale, brinque e entenda como ele funciona. Aquilo ali vai ficar guardado na
sua cabeça e, pode ter certeza, será usado caso o gancho com uma marca seja
perfeito. É assim que acontece com as referências que carregamos.
Até porque, no final, o job sempre se resume a pessoas. São elas que vão
mostrar quanto uma ação é ou não relevante para a vida delas, são elas que vão dar
retorno positivo ou negativo para a sua marca e são elas que vão mostrar o caminho
por onde você deve ir. Basta estar atento – e disponível – para escutar e aprender o
máximo possível.
Estamos combinados?
Muito bem, agora podemos falar de pessoas que sabem contar boas histórias...
os influenciadores digitais 😊. Agora vai!!!!
REFERÊNCIAS
G1. Histórias contadas pelas marcas Diletto e Do Bem vão parar no Conar. 2014.
Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/midia-e-marketing/noticia/2014/11/his
torias-contadas-pelas-marcas-diletto-e-do-bem-vao-parar-no-conar.html>. Acesso
em: 13 abr. 2021.
UOL. Público pode pedir bolos de "A Dona do Pedaço" pelo iFood em 70
cidades. 2019. Disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/20
19/09/16/publico-pode-pedir-bolo-de-maria-da-paz-de-dona-do-pedaco-pelo-
ifood.htm>. Acesso em: 13 abr. 2021.