E Book Energia Eolica EnergIF Profa J Lucena
E Book Energia Eolica EnergIF Profa J Lucena
E Book Energia Eolica EnergIF Profa J Lucena
EÓLICA
Juliana de Almeida Yanaguizawa Lucena
ENERGIA
EÓLICA
Florianópolis
2023
L935e
ISBN 978-65-981191-9-5
CDD 621.312136
DIRETOR-PRESIDENTE
Luis Fernando Paroli Santos
DIRETOR DE GESTÃO DE
PROGRAMAS DE GOVERNO
Miguel da Silva Marques
IFSC
INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINA – IFSC
REITORIA DO IFSC
Maurício Gariba Júnior
DIAGRAMAÇÃO
Vinícius Zambaldi
ELABORAÇÃO:
Juliana de Almeida Yanaguizawa Lucena – Instituto Federal de Pernambuco - IFPE
REVISÃO TÉCNICA:
Wênio Fhara Alencar Borges – Instituto Federal do Maranhão - IFMA
REVISÃO ORTOGRÁFICA:
Cláudia Regina Silveira (coordenadora)
Juliana Rabello
AGRADECIMENTOS
O Projeto EnergIF, em suas várias linhas de trabalho, conta com o apoio e participa-
ção de muitas pessoas e instituições, às quais gostaríamos de deixar aqui nossa gratidão.
De forma particular, agradecemos:
ao Procel, por ter acreditado na magnitude das metas propostas no Projeto e que,
por meio do seu Plano de Aplicação de Recursos, viabiliza a sua execução;
ao professor Marco Antônio Juliatto, um dos idealizadores deste trabalho, e a toda
equipe do Programa EnergIFE (Setec/MEC), pelo apoio e confiança na equipe gestora,
desde a concepção do Projeto;
aos profissionais da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., Rodrigo Limp Nascimento,
Renata Leite Falcão, Marcel da Costa Siqueira e, especialmente, a José Luiz Grunewald
Miglievich Leduc, que vivenciou diretamente a execução do Projeto.
Por fim, agradecemos a todos aqueles que fazem do Projeto EnergIF uma aspira-
ção possível de ser realizada, acreditando na educação como um processo responsável
pela transformação de hábitos e atitudes, capaz de construir um mundo melhor e mais
consciente.
Nosso propósito é fazer deste um material acessível e democrático que esteja sempre
aberto à renovação; para isso, nosso desafio será manter uma constante atualização
do conteúdo exposto nos cadernos temáticos. Sendo assim, propomos aos professores
e pesquisadores, que atuam nas áreas de eficiência energética e energias renováveis,
que utilizarem este material, um contato direto conosco para eventuais contribuições e
atualizações dos temas trabalhados – e até mesmo para manifestação de interesse em
contribuições para futuras edições do Projeto EnergIF. Os interessados poderão enviar
e-mail para: [email protected].
Esperamos, por fim, que os estudos apresentados nesta coleção possam contribuir
para que (futuros) profissionais promovam reflexões e (inov)ações nas áreas de eficiência
energética e energias renováveis, firmando compromisso com o bem-estar social e a
sustentabilidade do planeta.
Unidade 1
INTRODUÇÃO À ENERGIA EÓLICA
ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
nominal na década de 2020. Desde 2017, a eólica é a fonte de eletricidade mais barata
nos leilões de contratação do Governo Federal brasileiro, dentre as renováveis. No
entanto, ainda existe uma necessidade crescente de parques eólicos com menor impacto
visual, maior eficiência energética e custos de operação e manutenção cada vez mais
acessíveis. Mesmo com tantos avanços, ainda há muitos desafios tecnológicos, logísticos
e de regulamentação a serem superados.
Nesse sentido, este material fornece uma visão geral da energia eólica, seu panorama
atual no Brasil e no mundo, bem como os fundamentos e as tecnologias empregadas
nos campos da produção, operação, manutenção e reciclagem de turbinas eólicas.
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ENERGIA EÓ LICA
da energia elétrica, quando, então, os moinhos de vento foram usados para abastecer
locais residenciais e industriais, e a tecnologia para a construção de usinas eólicas foi
conduzida pela primeira vez (KALDELLIS; ZAFIRAKIS, 2011). A Figura 1.1 mostra exemplos
de construções usadas ao longo da história para aproveitamento da energia eólica. Com
o início da Revolução Industrial, o uso dos moinhos de vento diminuiu significativamente
devido à introdução das máquinas a vapor movidas a carvão e eletricidade como prin-
cipais fontes de energia.
Figura 1.1 – Exemplos de usos da energia eólica pelo homem: (a) Catavento para bombeamento de água. (b)
Moinho de vento para moagem de grãos. (c) Turbina eólica para geração de eletricidade nos dias atuais
Figura 1.2 – Primeiras turbinas eólicas do mundo para produção de eletricidade: (a) Turbina eólica de eixo
vertical de James Blyth (Escócia). (b) Turbina eólica de eixo horizontal de Charles Brush (EUA)
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ENERGIA EÓ LICA
Mais tarde, em 1891, o cientista dinamarquês Poul la Cour descobriu que turbinas
eólicas com menos pás de rotor eram mais eficientes para produzirem eletricidade que
turbinas com múltiplas pás (porque atingiam uma velocidade de rotação muito maior do
que aquelas do tipo construído por Brush). Assim, ele construiu uma turbina eólica para
gerar eletricidade. Poul também descobriu como fornecer um fluxo contínuo de corrente
da turbina eólica, usando um dispositivo regulador, o Kratostate, e, em 1895, converteu
seu moinho de vento em um protótipo de usina elétrica, que foi usada para iluminar a
vila de Askov. Em 1903, Poul fundou a Sociedade de Eletricistas Eólicos na Dinamarca.
As bases teóricas do uso da energia eólica para gerar eletricidade foram desenvol-
vidas na Alemanha, na segunda década do século XX, e foi, principalmente, do trabalho
de Albert Betz, físico alemão, que, em 1919, originou-se a lei que leva seu nome.
Assim, no início do século XX, as usinas eólicas começaram a ser desenvolvidas
para abastecer fazendas e residências, eventualmente; elas cresceram em tamanho e
foram conectadas a redes elétricas como fonte central de energia para iluminação. O
desenvolvimento inovador da energia eólica na Europa ocorreu na Dinamarca, onde
ganhou considerável atenção, no início do século XX, e contribuiu para a construção de
um modelo descentralizado de eletrificação do país. Em 1908, havia 72 aerogeradores
no país, com potência entre 5kW e 25kW.
Em outros lugares, do outro lado do Atlântico, os moinhos de vento foram amplamente
utilizados na década de 1930, para gerar eletricidade em muitas regiões agrícolas dos
Estados Unidos, onde os sistemas de distribuição ainda não haviam sido desenvolvidos.
A primeira turbina com potência superior a 1MW só foi instalada em 1941.
Nas décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial, o uso da energia eólica decli-
nou em favor de fontes de energia mais baratas, como o petróleo. Mas, a escassez de
petróleo e as preocupações ambientais na década de 1970 despertaram o interesse
em desenvolver fontes alternativas de energia para geração de eletricidade, causando
a expansão da energia eólica em todo o mundo.
Assim, na década de 1970, o governo dos EUA iniciou pesquisa com líderes da
indústria para desenvolver e criar grandes turbinas eólicas comerciais. A NASA super-
visionou programas de pesquisa em larga escala em turbinas eólicas adequadas para a
geração de energia para concessionárias, que foram pioneiras em muitas das tecnolo-
gias de turbinas de grande porte, ainda hoje em uso. Na década de 1980, milhares de
turbinas eólicas foram instaladas na Califórnia (Figura 1.3), em grande parte por causa
de políticas federais e estaduais que incentivaram o uso de fontes de energia renovável
(US ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION, 2022).
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ENERGIA EÓ LICA
Nos anos 2000, com as políticas de Figura 1.3 – Parque eólico em Tehachapi (Califórnia),
concessão de energia eólica adotadas criado no início dos anos 1980, com turbinas de
por muitos países, por necessidade de 30 kW de potência unitária
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
Fonte: Adaptado de Global Wind Energy Council (2021; 2022); Lucena (2021).
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
Figura 1.6 – Evolução da capacidade eólica instalada no Brasil de 1999 a 2022, e previsão
até o ano de 2026
Fonte:Adaptado de Global Wind Energy Council (2020), Lucena; Lucena (2019), Associação Brasi-
leira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (2022).
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
do litoral Sul e do Nordeste como áreas de bons ventos para geração de energia eólica,
como será apresentado na Unidade 2.
O Brasil possui mais de 820 parques eólicos em operação, presentes em 12 estados
do país, conforme mostra a Tabela 1.2, com mais de 9.400 aerogeradores em funciona-
mento. Os 22,5GW de potência eólica instalados no Brasil conseguem abastecer 36,2
milhões de residências por mês, isto é, 108,7 milhões de pessoas beneficiadas com a
fonte eólica (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA E NOVAS TECNOLOGIAS, 2022).
Além disso, pode-se observar que os principais estados produtores estão localizados na
região Nordeste, ou seja, 90% da capacidade eólica é proveniente desta região.
Capacidade N° de N° turbinas
Estado Região
instalada (MW) parques eólicas
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
No entanto, a maior parte das emissões de GEE da fonte eólica surge na fabricação
das turbinas (principalmente torre, pás e nacele) e na construção do parque. Para cada
MW da fonte eólica, são empregadas 221 toneladas de material em turbinas offshore e
640 toneladas em turbinas onshore. Ou seja, as estruturas offshore são mais leves que as
onshore (GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL, 2022). As emissões de GEE não relacionadas
à construção e produção podem surgir durante a operação e manutenção, descomissio-
namento, transporte de materiais e turbina. Turbinas maiores (sob condições de vento
semelhantes) em seu ciclo de vida, normalmente, têm emissões de GEE mais baixas do
que turbinas menores, e turbinas offshore têm emissões mais altas do que as onshore.
A disposição das turbinas eólicas em uma usina afeta claramente não apenas a pro-
dução de energia, mas também a aparência visual e a influência do ruído nos moradores
locais (FARRIS, 2017). Os impactos sonoros ocorrem devido ao ruído do rotor (baixa e
alta frequência) e variam de acordo com as especificações do equipamento. As turbinas
com múltiplas pás são menos eficientes e mais ruidosas do que as atuais turbinas eólicas
de três pás e alta velocidade. Para evitar transtornos à população vizinha, o nível de
ruído das turbinas deve estar de acordo com as normas e padrões estabelecidos pela
legislação vigente.
Turbinas eólicas com ruído máximo a uma distância superior a 300m de uma
residência não apresentam um problema de ruído de baixa frequência ou infrassom
(O'NEAL; HELLWEG JR; LAMPETER, 2010). Alguns especuladores afirmam que os ruídos
de alta e baixa frequência produzidos pelas turbinas podem causar uma série de pro-
blemas de saúde, até mesmo câncer. No entanto, vários estudos concluíram que essas
preocupações são infundadas (CHAPMAN; GEORGE, 2013; CRICHTON et al., 2014). As
queixas de saúde são mais provavelmente explicadas pela resposta nocebo, em que os
efeitos adversos são gerados por expectativas negativas.
A Figura 1.8 exemplifica o quão silenciosa uma turbina eólica moderna pode ser
em relação a diversos equipamentos eletroportáteis de uso doméstico. Normalmente,
uma turbina eólica é instalada a, pelo menos, 300m de distância de uma casa. Nessa
distância, uma turbina terá um nível de pressão sonora de 43 decibéis (dBA). Para colocar
isso em contexto, um aparelho de ar-condicionado médio pode atingir 50dBA de ruído,
e a maioria dos refrigeradores funciona em torno de 40dBA. A 500m de distância, esse
nível de pressão sonora cai para 38dB. Na maioria dos lugares, o ruído de fundo varia
de 40 a 45 dBA, o que significa que o ruído da turbina seria perdido entre eles. Para as
áreas mais silenciosas e rurais, o ruído de fundo é de 30dBA.
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ENERGIA EÓ LICA
Figura 1.8 – Comparação do ruído emitido por uma turbina eólica em relação a aparelhos
eletroportáteis de uso residencial, como cortador de grama, liquidificador, aspirador de pó,
microondas e geladeira
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
tempo, a maior capacidade eólica instalada, conforme foi apresentado na Tabela 2. Várias
comunidades que vivem próximas aos parques eólicos do sertão nordestino enfrentam
problemas como falta de luz, saneamento básico e, principalmente, escassez de água.
A entrada de grandes grupos empresariais na região Nordeste, com suas políticas de
responsabilidade social e medidas compensatórias incluídas nas licenças ambientais,
está ajudando a impulsionar o desenvolvimento socioeconômico das comunidades locais
(LUCENA; LUCENA, 2019).
Parques eólicos chegam a regiões remotas do Brasil, especialmente no Nordeste,
impactando positivamente comunidades por meio de empregos diretos e indiretos e
geração de renda com os arrendamentos de terras dos pequenos proprietários, que
seguem com suas criações de animais ou plantações, já que apenas uma pequena
parcela da área é utilizada para colocação dos aerogeradores. Há também impactos
de aumento de arrecadação de impostos que, com adequado gerenciamento público,
podem significar melhorias para o município.
Diferentemente da produção hidrelétrica e de óleo e gás, a energia eólica não paga
compensação financeira aos estados e municípios. Os principais beneficiários locais são
os proprietários de terras (pequenos agricultores) que cedem parte de suas terras para
a instalação de aerogeradores em troca de uma renda mensal entre US $300 e US $500
no Brasil. No sertão pernambucano, por exemplo, os agricultores sofrem com a seca que
prejudica o cultivo da macaxeira, e tem como fonte de renda alternativa o arrendamento
de terras (LUCENA; LUCENA, 2019).
Alguns investimentos sociais das empresas eólicas estão sendo focados em diversas
ações na região Nordeste do Brasil: melhoramento genético de animais; pastagens mais
resistentes à vazante; adaptação e reforma dos barcos de pesca; reforma e impermea-
bilização de barragens; tratamento dentário; renovação de conservatórios de música,
escolas e postos de saúde; promoção de cursos de capacitação em diversas áreas (edu-
cação ambiental e eficiência energética, primeiros socorros, corte e costura, artesanato
e empreendedorismo, construção e manutenção de cisternas, hortas e pomares, etc.)
(LUCENA; LUCENA, 2019).
As tecnologias de energia eólica geram até dez vezes mais empregos por MW de
capacidade instalada do que a geração baseada em combustível fóssil ou nuclear. Por outro
lado, a operação e manutenção de parques eólicos não demandam muitos empregos;
em geral, são necessárias pequenas equipes com grau de qualificação mínimo em nível
técnico, sendo possível operar e controlar as turbinas remotamente por computadores.
Além disso, a geração de empregos nos parques eólicos brasileiros concentra-se no
período da edificação, uma vez que a baixa qualificação local, principalmente no sertão
do Nordeste, dificulta sua utilização durante a fase de operação do empreendimento.
As questões relacionadas com a educação e a formação profissional são pontos
críticos para o emprego do setor eólico em todas as áreas, e o foco é necessário devido
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ENERGIA EÓ LICA
ao rápido avanço desse tipo de energia em todo o mundo. No Brasil, tem-se observado
a falta de qualificação profissional para atender às necessidades dos projetos eólicos
em suas diversas fases, desde a concepção do projeto e desenvolvimento tecnológico,
até a instalação, operação e manutenção.
Algumas iniciativas tentam diminuir essa lacuna e os empregadores estão investindo
em programas internos de treinamento. Por outro lado, instituições de ensino públicas
e privadas vêm desenvolvendo cursos específicos, em uma ampla gama de formações
disciplinares, incluindo engenharia, analistas de energia, economia e planejamento,
em diferentes níveis e modalidades de ensino, mas enfrentam desafios nesse aspecto,
visto que o número de professores atuantes na área eólica ainda é pequeno no Brasil,
e a energia eólica é uma modalidade de geração elétrica relativamente nova no país.
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
Os sistemas isolados são aqueles não conectados à rede elétrica e, em geral, são
de pequeno porte e utilizam alguma forma de armazenamento de energia. A geração
eólica, nesse caso, é feita de forma isolada, ou seja, o gerador não é conectado à rede
de energia e atende uma demanda específica. Esse sistema é muito usado em regiões
afastadas com vento, mas que possuem baixo índice de radiação solar.
A energia produzida no sistema isolado pode ser armazenada por baterias e, pos-
teriormente, ser utilizada em aparelhos elétricos. Estes sistemas armazenam a energia
do aerogerador em baterias estacionárias, que permitem consumir energia quando não
ventar, evitando que falte energia elétrica quando o aerogerador parar.
Alguns sistemas isolados não necessitam de baterias de armazenamento, como no
caso dos sistemas para irrigação,em quel toda a água bombeada é diretamente consumida,
ou quando a energia é diretamente empregada para bombear água para reservatórios.
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ENERGIA EÓ LICA
a) Sistemas onshore
Os parques eólicos onshore são infraestruturas encarregadas de gerar energia
elétrica a partir do vento que sopra em localizações em terra. Para isso, são projetados
e construídos vários elementos capazes de transformar primeiro a energia cinética do
vento em energia mecânica de rotação das pás, para logo convertê-la em eletricidade
apta para consumo, e finalmente integrá-la na rede de distribuição.
Os parques eólicos onshore, normalmente, são instalados em áreas rurais despo-
voadas, isoladas dos núcleos populacionais. As instalações eólicas não interrompem as
atividades agrícolas e pecuárias que podem ser desenvolvidas em torno dos parques.
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ENERGIA EÓ LICA
b) Sistemas offshore
A energia eólica offshore vem despontando, nas últimas décadas, como oportunidade
e opção para os países poderem atingir os objetivos e as metas firmadas no Acordo de
Paris, em 2015, por se tratar de uma alternativa energética renovável, de baixa emissão
de gases de efeito estufa e que garante o desenvolvimento sustentável.
Geralmente, os países que usam usinas offshore não possuem uma grande extensão
territorial e as áreas com maior velocidade dos ventos ficam no mar, como é o caso do
Reino Unido, Alemanha e Coréia do Sul. Os parques offshore possuem maior custo de
construção e de conexão à rede de energia, já que são instalados longe do continente,
geralmente a pelo menos 20km da costa.
No entanto, uma turbina offshore tem um tamanho maior (e potência nominal maior,
o que significa ser mais produtiva) e menor peso (cerca de 221ton/MW, sendo 90% da
estrutura composta por aço), enquanto que uma turbina onshore tem 640ton/MW de
peso (sendo 72% de concreto e 24% de aço) (GLOBAL WIND ENERGY COUNCIL, 2022).
Atualmente, os parques eólicos offshore estão localizados em águas não muito
profundas (até 60m de calado) e afastados da costa, das rotas de tráfego marinho, das
instalações estratégicas navais e dos espaços de interesse ecológico.
São todos os sistemas que produzem energia elétrica em simultâneo com outra
fonte. Essa fonte poderá ser de origem fotovoltaica, de geradores elétricos de diesel/
biodiesel, etc. Nesses sistemas, temos o mesmo funcionamento que nos sistemas
isolados, a única diferença é que o carregamento das baterias estacionárias é feito por
mais de um gerador.
A utilização de várias formas de geração de energia elétrica aumenta a complexi-
dade do sistema e exige a otimização do uso de cada uma das fontes. Nesses casos, é
necessário realizar um controle de todas as fontes para que haja máxima eficiência e
otimização dos fluxos energéticos na entrega da energia para o usuário.
Em geral, os sistemas híbridos são empregados em sistemas de médio porte
destinados a atender um número maior de usuários. Por trabalhar com cargas em cor-
rente alternada, o sistema híbrido também necessita de um inversor. Devido à grande
complexidade de arranjos e multiplicidade de opções, a forma de otimização do sistema
torna-se um estudo particular a cada caso.
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ENERGIA EÓ LICA
1.7 Atividades
Questão 1. Quantas turbinas eólicas estão instaladas no Brasil?
a) Menos de 50.
b) Entre 100 e 1000.
c) Entre 1000 e 5000.
d) Mais de 5000.
Questão 2. Qual destas fontes de energia emite mais CO2 na sua operação?
a) Eólica.
b) Solar.
c) Biomassa.
Questão 3. No Brasil, a fonte eólica ocupa qual posição na matriz elétrica (ano
de 2022)?
a) 1ª posição.
b) 2ª posição.
c) 5ª posição.
Questão 5. Que país possui a maior capacidade eólica onshore instalada (ano
de 2022)?
a) Estados Unidos.
b) Alemanha.
c) China.
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
Questão 11. O que podemos dizer sobre o potencial eólico onshore do Brasil?
a) É praticamente infinito.
b) É insuficiente para atender a demanda do país.
c) O Brasil já usa seu potencial eólico em sua totalidade.
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EN E RGIA EÓLIC A
Unidade 2
O VENTO E A ENERGIA EÓLICA
ENERGIA EÓ LICA
2.1 Introdução
Vento é o movimento de camadas de ar, nas atmosferas dos planetas. Embora o ar
possa mover-se na direção vertical, a denominação “vento” é comumente aplicada apenas
ao movimento horizontal, paralelo à superfície do planeta. Como o ar tem massa (sua
densidade é de 1,2kg/m³ a 15°C e 1atm), o vento tem energia cinética. Essa energia pode
ser transformada em energia elétrica, calor ou trabalho mecânico por turbinas eólicas.
Na meteorologia, a velocidade e a direção do vento, juntamente à temperatura, a
umidade e a pressão do ar atmosférico, são as variáveis mais importantes empregadas
na descrição meteorológica da atmosfera terrestre.
O vento, como agente meteorológico, atua nas modificações das condições do
tempo, sendo responsável pelo transporte de umidade e de energia na atmosfera.
A energia dos ventos pode provocar grande destruição quando associada a eventos
como furacões e tornados. Contudo, o vento pode ser empregado como uma fonte de
energia por meio da conversão de sua energia cinética em outras formas (de energia),
especialmente eletricidade (MARTINS; GUARNIERI; PEREIRA, 2008).
Os ventos que sopram em escala global e aqueles que se manifestam em pequena
escala são influenciados por diferentes aspectos, entre os quais se destacam a altura, a
rugosidade, os obstáculos e o relevo.
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
1 O efeito Coriolis (ou força de Coriolis) é a aceleração aparente provocada pela rotação da Terra e que
tende a desviar todo objeto, movendo-se livremente. É uma importante força que afeta o movimento do vento,
alterando sua velocidade e, principalmente, sua direção (LIMA, 2016).
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ENERGIA EÓ LICA
A célula Polar ocorre nas zonas de altas latitudes, mais próximas aos polos. São
células menores e mais fracas, que se estendem entre 60° e 70° norte e sul, até os pólos.
O ar, nessas células, afunda nas latitudes mais altas e flui para as latitudes mais baixas
na superfície. As massas de ar oriundas das outras células, ao chegarem aos polos, ficam
carregadas de umidade e sofrem uma brusca queda de temperatura, dispersando-se,
assim, para as regiões tropicais, provocando a ocorrência de fenômenos climáticos
associados ao frio e à elevada umidade.
Vale enfatizar que os movimentos e células descritos acima são apenas um modelo
simplificado da circulação global atmosférica e correspondem às condições médias apro-
ximadamente observadas ao longo do ano e em torno do globo terrestre, indicando os
ventos de grande escala predominantes (MARTINS; GUARNIERI; PEREIRA, 2008).
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
Figura 2.2 – Instrumentos de medição de direção e velocidade dos ventos: (a) Catavento
tipo Wild. (b) Anemômetro tipo concha. (c) Anemômetro ultrassônico. (d) Anemógrafo
Fonte: (a) Universidade Federal do Paraná (1999). (b) A autora (2022). (c) Direct Industry (2022).
(d) Fatec-Jahu (2020).
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ENERGIA EÓ LICA
As estações anemométricas, como mostra a Figura 2.3, servem para gerar medições
anemométricas e climatológicas de qualidade. Erros nas medições de vento no local em
estudo podem comprometer todo o empreendimento eólico.
As estações anemométricas devem estar localizadas próximas ao local onde será
instalado o parque eólico e também ajudam na análise do potencial do vento. Elas pos-
suem equipamentos capazes de medir e registrar diversos parâmetros meteorológicos
automaticamente. Ou seja, elas conseguem medir a velocidade e direção do vento na
região (entre outras características) e ajudam a estimar um possível potencial.
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
Figura 2.4 – Atlas eólico para o território brasileiro e alguns países da América do Sul, para
velocidades de vento em alturas de 100m, 150m e 200m
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
Mesmo que uma área apresente um recurso eólico que seja interessante do ponto
de vista energético, restrições locais podem inviabilizar seu aproveitamento. Entre eles se
destacam: tipo de terreno, logística e infraestrutura. Certos locais dificultam a instalação
de parques eólicos, como aqueles localizados em terrenos considerados complexos,
assim chamados por apresentar regiões muito íngremes. Esse tipo de terreno interfere
sensivelmente no escoamento do vento, dificultando sua modelagem em softwares de
engenharia, que podem resultar em consequências catastróficas para o projeto (LIMA,
2016).
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ENERGIA EÓ LICA
Voltar ao sumário 51
ENERGIA EÓ LICA
[2.1]
[2.2]
onde:
P: Potência disponível no vento [W];
dE/dt: Fluxo de energia no tempo [J/s];
Fluxo de massa de ar [kg/s];
V: Velocidade do vento [m/s];
ρ: Densidade do ar [kg/m³];
A: Área da seção transversal [m²].
Voltar ao sumário 52
ENERGIA EÓ LICA
Pela Equação 2.2 verifica-se, portanto, uma relação direta entre a potência disponí-
vel no vento e a densidade do ar. Ela , por sua vez, varia com a temperatura e a pressão
atmosférica (de acordo com a equação de estado dos gases perfeitos). Como a altitude
do local afeta a temperatura ambiente e a pressão atmosférica, a densidade do ar é
dependente dessas variáveis. Pela Equação 2.2 também é possível inferir que a potência
que pode ser extraída do vento é diretamente proporcional ao cubo da velocidade. Como
a velocidade do vento varia ao longo do dia, do mês, do ano e até mesmo ao longo dos
anos, a variação do vento no tempo é a principal característica a ser determinada e,
consequentemente, da energia eólica que poderá ser extraída pelo aerogerador.
Essas variações são muito importantes e não são determinísticas. O estudo é feito
por análise probabilística (conforme apresentado anteriormente nesta Unidade 2),
pois apresenta uma característica estocástica e sua velocidade é uma variável aleatória
contínua.
Voltar ao sumário 53
ENERGIA EÓ LICA
2.6 Atividades
Questão 1. O período de "safra dos ventos" no Brasil vai de…
a) outubro a fevereiro.
b) março a agosto.
c) junho a novembro.
d) janeiro a julho.
Voltar ao sumário 54
ENERGIA EÓ LICA
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EN E RGIA EÓLIC A
Unidade 3
TURBINAS EÓLICAS
ENERGIA EÓ LICA
3.1TURBINAS
3. Introdução
EÓLICAS
Foi apresentado, nas unidades anteriores, que a energia dos ventos pode ser
usada para gerar energia mecânica ou eletricidade. A energia mecânica pode ser usada
para tarefas específicas (como moer grãos ou bombear água), em que as máquinas são
chamadas de moinhos de vento, moinhos eólicos ou cataventos. Mas, para converter a
energia dos ventos em eletricidade, são utilizadas torres de energia eólica, os chamados
aerogeradores, turbinas eólicas ou geradores eólicos.
Existem diferentes tipos de geradores eólicos, mas todos utilizam a mesma estrutura
básica e componentes para funcionar. Nesta Unidade, serão apresentados os compo-
nentes de uma turbina eólica e suas funções, bem como o processo de conversão de
energia dos ventos em eletricidade.
Voltar ao sumário 57
ENERGIA EÓ LICA
de três pás são certamente eficientes e funcionam bem em baixas rotações, o que resulta
na produção de menos ruído e um aumento significativo de sua vida útil.
Quanto à forma de interação do vento com o perfil aerodinâmico das pás, as tur-
binas eólicas podem ser de arrasto (ou arraste) ou de sustentação.
As turbinas de arraste utilizam a força de arraste (que atua sobre uma área per-
pendicular à direção do vento), ou seja, são turbinas em que o vento empurra as pás,
forçando o rotor a girar. Ou seja, o vento, fluindo sobre as pás, provocará o surgimento
de uma força de arraste. Nas turbinas de arraste, a velocidade das pás não pode ser
maior que a velocidade do vento, o que limita sua eficiência; por isso são frequente-
mente usadas para bombear pequenos volumes d’água com ventos de baixa velocidade.
Apresentam potências em torno de 0,5 kW para um rotor com diâmetro da ordem de
5 m (LIMA, 2016).
Já as turbinas de sustentação utilizam pás com perfil aerodinâmico, cuja força
resultante da interação do vento com o rotor não possui somente a componente de
arraste na mesma direção da velocidade relativa (que é a soma vetorial da velocidade
do vento e a velocidade das pás), mas também uma componente perpendicular à velo-
cidade relativa, denominada de força de sustentação. As turbinas de sustentação usam
pás com geometria que se assemelham a asas de aviões, e por possuírem alta velocidade
e baixo torque, são mais adequadas para geração de eletricidade. Por isso, são as mais
empregadas em parques eólicos atualmente.
Quanto ao eixo de rotação, as turbinas podem ser classificadas em horizontais ou
verticais. As turbinas eólicas com rotor de eixo vertical (Figura 17) são mais seguras,
fáceis de construir, podem ser montadas mais próximas do solo e lidam muito melhor
com condições de turbulência. O tamanho delas facilita as operações de manutenção, e
possuem uma velocidade de arranque menor em relação às turbinas de eixo horizontal,
o que traz vantagens no caso de baixa velocidade dos ventos.
As turbinas verticais são indicadas para áreas urbanas, por serem mais silenciosas e
pelo fato de conseguirem captar o vento em qualquer direção. Por outro lado, por serem
mais baixas, as turbinas verticais são menos eficientes do que as de eixo horizontal. Isso
porque a intensidade do vento próximo ao solo é menor, além de geralmente serem
mais caras.
Turbinas pequenas de eixo vertical costumam ser a melhor opção para residências
e prédios em centros urbanos porque são pequenas; produzem baixo nível de ruído; têm
custo de manutenção acessível; podem produzir eletricidade em condições adversas e
são fáceis de serem instaladas e operadas.
A turbina vertical do tipo Savonius (Figura 3.1a) foi desenvolvida e patenteada
por Sigurd J. Savonius, em meados de 1929 na Finlândia. Esse rotor atua sob as forças
de arrasto, predominantemente, mas existe contribuição da força de sustentação, as
quais proporcionam a rotação da turbina. É por causa deste mecanismo (combinação
Voltar ao sumário 58
ENERGIA EÓ LICA
das forças de arrasto e sustentação) que uma Savonius é capaz de desenvolver alto
torque de partida mesmo sob baixas velocidades de vento, acarretando baixo custo de
implantação e reduzindo o impacto ambiental, sendo por isso utilizadas basicamente
para moer grãos e bombear água.
A turbina Darrieus (Figura 3.1b) foi desenvolvida por volta da década de 1920
pelo francês G.J.M Darrieus. A principal força motriz dessas turbinas são as forças de
sustentação. As turbinas do tipo Darrieus possuem rendimentos superiores às Savonius
e, basicamente, constituem-se de pás curvas ou retas ou helicoidais (duas ou três) de
perfil aerodinâmico atadas pelas extremidades e pelo eixo vertical, criando sustentação
para se movimentar e gerar energia elétrica. Esses rotores podem atingir alta velocidade,
com um torque de partida aproximadamente nulo.
Voltar ao sumário 59
ENERGIA EÓ LICA
eixo horizontal podem ainda ser classificadas, baseadas na posição do rotor em relação
à torre, em upwind e downwind. Nas turbinas downwind, o vento incide na área de
varredura do rotor por trás da turbina eólica. Nas turbinas upwind, o vento incide na
área de varredura do rotor pela frente da turbina.
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ENERGIA EÓ LICA
Voltar ao sumário 61
ENERGIA EÓ LICA
baixo volume e alta variedade de produtos, alta flexibilidade, alta especialização de mão
de obra, baixo nível de automação e maior dificuldade no planejamento, programação
e controle da produção, diferentemente do sistema de produção contínua, como é o
caso do processo de refino de petróleo (LUCENA, 2021).
Turbinas eólicas são atualmente compostas por diversos componentes e sistemas,
conforme ilustrado na Figura 3.3: pás do rotor, gerador, controles eletrônicos (sensores,
atuadores, sistemas de hardware e software), sistema de transmissão (controle de passo,
cubo, montagem, eixo principal, rolamentos e caixa multiplicadora), fundação, torre,
sistema elétrico (cabos de alimentação, proteção contra raios, conversor e transforma-
dor), freio e sistema de guinada.
A nacele da turbina eólica é uma cabine que abriga todos os componentes da
turbina, por isso é a parte mais pesada do aerogerador, podendo chegar a mais de 100
toneladas em algumas máquinas. Dentro da nacele, encontram-se os seguintes com-
ponentes: controladores e inversores, plataforma de serviços, sistema de aquecimento
de ar, gerador, motores de posicionamento da nacele, luva de acoplamento, sistema de
freios, plataforma da nacele, caixa multiplicadora, sistema hidráulico, sistema de trava do
rotor, aquecedor de óleo e eixo principal. A parte externa da nacele da turbina eólica é
uma estrutura tipo cabine que protege todos os componentes da parte interna, podendo
ser feita de fibra de vidro. Um dos principais problemas que atingem essa estrutura é o
dano na sua vedação hermética. Isso pode trazer consequências, como a corrosão das
partes internas, que acabam ficando mais expostas (LUCENA, 2021).
As pás e o cubo (peça que conecta as pás ao eixo de baixa velocidade de rotação)
são chamados de rotor. O rotor transfere a energia cinética do vento para um eixo gira-
tório que aciona um gerador para produzir energia elétrica.
O gerador elétrico é o equipamento que faz a conversão da energia de rotação do
eixo do rotor em energia elétrica. Possui um campo magnético, que é criado por ímãs
permanentes ou eletroímãs feitos de materiais de terras raras. O uso de geradores de
indução com rotor gaiola em turbinas eólicas é amplamente aceito. Isso se deve ao fato de
que essas máquinas são simples, têm elevada razão potência/volume e requerem pouca
manutenção devido à ausência de escovas. Por isso, podem oferecer uma vantagem de
custo significativo sobre outros tipos de geradores (LUCENA, 2021).
No entanto, comumente, o gerador de indução é controlado por conversores de
potência, que aumentam o custo do sistema. Além disso, uma desvantagem comum
de máquinas de indução com rotor em gaiola de esquilo é o baixo fator de potência,
sobretudo, quando operam com baixos valores de escorregamento (diferença entre a
velocidade no eixo do rotor e a velocidade do campo girante magnético) (NASCIMENTO
et al., 2014).
As torres podem ser feitas de aço tubular, de treliças ou de concreto. Como a velo-
cidade do vento aumenta com a altura, as torres são altas para capturar mais energia.
Voltar ao sumário 62
ENERGIA EÓ LICA
A maioria dos aerogeradores de grande porte possuem torres de aço cônicas e são de
eixo horizontal devido a sua maior eficiência na produção de energia.
A caixa multiplicadora de velocidades (também chamada de caixa de transmissão,
ou de engrenagens) tem por princípio elevar a velocidade de rotação de um eixo ao passo
que reduz o torque mecânico nesse eixo. É composta por eixos, mancais, engrenagens
de transmissão e acoplamentos. O projeto tradicional de uma turbina eólica consiste
em colocar a caixa multiplicadora entre o rotor e o gerador de forma a adaptar a baixa
velocidade do rotor à velocidade de rotação mais elevada dos geradores convencionais.
Mais recentemente, alguns fabricantes desenvolveram com sucesso aerogeradores sem
a caixa multiplicadora e abandonaram a forma tradicional de montar turbinas eólicas.
Assim, ao invés de utilizar a caixa de engrenagens com alta relação de transmissão,
necessária para elevar a rotação dos geradores, utilizam-se geradores múltiplos de baixa
velocidade e grandes dimensões (LUCENA, 2021).
As turbinas também possuem um mecanismo de orientação direcional (yaw drive,
chamado de sistema de guinada ou controle de giro) para manter o rotor de frente para
o vento quando o vento mudar de direção.
Voltar ao sumário 63
ENERGIA EÓ LICA
Mesmo que as naceles na maioria das turbinas de eixo horizontal sejam controladas
para capturar o vento da forma mais eficiente possível, o rotor pode ser danificado em
condições de tempestade e ventos de velocidade extremamente alta. É por isso que as
pás atacam o vento ortogonalmente para evitar que girem fora de controle.
Os freios a disco podem ser do tipo mecânico, elétrico ou hidráulico e são usados
para impedir que as pás rotacionem muito rápido, como um sistema auxiliar para a
turbina em condições adversas de operação.
O controlador é utilizado para a partida e/ou desligamento da turbina, através do
monitoramento de todas as partes da turbina.
As fundações são estruturas de concreto armado para enraizar firmemente as
turbinas no solo a fim de suportarem ventos fortes e condições ambientais adversas.
Os mancais são peças essenciais para o bom funcionamento de grandes aerogera-
dores e incluem: mancais principais, mancais de geradores, mancais de pás, mancais de
caixa de engrenagens e mancais de guinada. Considerando que as cargas e velocidades
de rotação dos mancais dos aerogeradores mudam consideravelmente devido aos fluxos
dinâmicos do vento, em caso de condições extremas de operação, os mancais sofrerão
cargas excessivas e poderão ser potencialmente danificados (LUCENA, 2021).
Os rolamentos das pás são componentes das turbinas eólicas que conectam o cubo
do rotor e a pá do rotor; eles podem inclinar lentamente as pás nos ângulos desejados
para controlar as cargas e a potência da turbina eólica e, assim, otimizar a produção de
energia elétrica. A falha dos rolamentos da pá pode reduzir drasticamente a produção de
energia, portanto, o diagnóstico de falha do rolamento da pá é extremamente importante
para evitar custos de reparo e falhas inesperadas (LUCENA, 2021).
As principais dificuldades no diagnóstico de rolamentos de pás de baixa velocidade
são os fracos sinais de vibração de falha que são mascarados por muitos distúrbios de
ruído e os dados limitados de vibração efetiva.
O sistema de pitch traz a pá para a posição desejada adaptando o ângulo de ataque
aerodinâmico (como será apresentado adiante) e também é usado para o sistema de
frenagem de emergência da turbina. A rede neural tem sido utilizada para melhorar os
parâmetros do controlador do ângulo de passo em aerogeradores de passo variável,
uma vez que este ajuste afeta a velocidade do rotor e as cargas mecânicas nas pás.
Mecanismos tradicionais de controle de pitch coletivo só podem lidar com distúrbios
simétricos. Por outro lado, o advento do controle de passo individual oferece novas opor-
tunidades para compensar cargas assimétricas ou periódicas nas pás. No entanto, como
a dinâmica da turbina eólica é altamente não linear e existem incertezas significativas
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
Voltar ao sumário 66
ENERGIA EÓ LICA
A forma da pá deve ser aerodinâmica, e seu material deve ser rígido (para evitar
falhas devido à deflexão e flambagem), forte (vida de fadiga de longo prazo adequada
em condições adversas, incluindo ventos inconstantes, carga de gelo e relâmpagos)
e leve (para reduzir a massa total e os custos). Além disso, uma pá eólica precisa ser
rígida o suficiente para evitar bater na torre, adaptando-se continuamente às mudanças
nas condições do vento e tendo uma vida útil de 20 anos, além de uma superfície que
combata a erosão e elimine umidade e sujeira.
Por essa razão, as pás eólicas de grande porte são feitas de material compósito –
uma combinação macroscópica de materiais poliméricos e cerâmicos, possuindo uma
interface reconhecível, que juntos proporcionam um produto superior a qualquer um
deles isolado. Desde a década de 1960, o compósito polimérico é um material de enge-
nharia avançada amplamente utilizado em diversas aplicações de alto desempenho, como
aeroespacial, civil, automobilística, naval e eólica, devido às suas excelentes proprieda-
des mecânicas e químicas, substituindo materiais convencionais. Outra característica
importante dos materiais compósitos é a sua anisotropia – a variação da propriedade
física de um material em função da direção considerada.
A produção de pás de turbinas eólicas é um sistema de fabricação por projetos
muito complexo, com bastantes processos manuais que dificultam a padronização e o
controle de qualidade. A logística e a cadeia de suprimentos também são alguns desafios
na gestão da produção, devido às grandes dimensões das pás exigidas hoje.
Compósitos de matriz polimérica (principalmente resina à base de epóxi ou poli-
éster) reforçados com fibras de vidro ou carbono são geralmente usados para fabricar
pás eólicas. As espumas de madeira balsa, politereftalato de etileno (PET), cloreto de
polivinila (PVC) ou poliuretano (PU) são frequentemente colocadas como materiais de
enchimento/núcleo estruturais.
As pás, normalmente, são produzidas combinando fibras e resina em um molde
aberto que definirá o formato final da pá, utilizando o processo de infusão a vácuo,
conforme apresentado na Figura 3.4. Este processo utiliza pressão (vácuo) para conduzir
a resina em um sistema composto por um laminado (materiais secos) colocados em um
molde devidamente preparado com agente desmoldante (cera). Comumente, as peças
feitas por infusão a vácuo não são colocadas em autoclaves para curar resinas termofixas,
o que representa a grande vantagem desse processo, pois as autoclaves aumentam os
custos de produção (LUCENA; LUCENA, 2019).
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
3.4 Atividades
Questão 1. A madeira de balsa é usada em que parte da turbina eólica?
a) torre.
b) nacele.
c) fundação.
d) pá.
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
Questão 9. Qual o tempo de vida útil de uma turbina eólica de grande porte?
a) 1 ano.
b) 5 anos.
c) 10 anos.
d) 20 anos.
e) 50 anos.
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ENERGIA EÓ LICA
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EN E RGIA EÓLIC A
Unidade 4
GERAÇÃO EÓLICA
ENERGIA EÓ LICA
4.
4.1GERAÇÃO EÓLICA
Introdução
[4.1]
onde:
P: Potência disponível no vento [W];
ρ: Densidade do ar [kg/m³];
A: Área da seção transversal [m²];
V: Velocidade do vento [m/s];
Voltar ao sumário 74
ENERGIA EÓ LICA
Para determinar a potência extraída do vento por uma turbina eólica de eixo hori-
zontal, temos que assumir um duto de ar, mostrado na Figura 4.1.
A equação da continuidade de Bernoulli (Equação 4.2) define que a vazão de um
fluido é constante para diferentes localizações ao longo de um tubo de vazão, consideran-
do-se que não há fluxo de massa através dos limites do tubo de vazões e assumindo-se
que a densidade do ar é constante, o que é válido para velocidades de vento menores
que 100 m/s (fluido incompressível).
Assim, tem-se:
[4.2]
onde:
Q: vazão volumétrica do ar que atravessa a turbina eólica dentro do tubo de vazões
[m³/s].
V é a velocidade do ar nas pás da turbina [m/s];
A é a seção da turbina [m²];
V1 é a velocidade do ar na entrada do duto (antes das pás da turbina) [m/s];
V2 é a velocidade do ar na saída do duto (após a turbina) [m/s];
A1 é a seção do tubo de corrente antes da turbina [m²];
A2 é a seção do tubo depois da turbina [m²].
Voltar ao sumário 75
ENERGIA EÓ LICA
[4.3]
onde:
Pt: Potência extraída do vento pela turbina eólica [W];
Pe: Potência disponível no vento na entrada do rotor eólico [W];
Ps: Potência disponível no vento na saída do rotor eólico [W].
De acordo com a teoria publicada pelo físico alemão Albert Betz, em 1919, mesmo
para os melhores aproveitamentos eólicos (turbinas de 2 ou 3 pás de eixo horizontal),
recupera-se apenas um máximo de 59% da energia do vento. Essa fração é conhecida
como Coeficiente de Betz (Limite de Betz). Essa Lei determina que a fração máxima de
energia que pode ser aproveitada em uma turbina eólica é de 59%. Isso significa que
o máximo que poderia ser extraído da potência disponível no vento seria em torno de
60%. Ou seja, uma turbina eólica ideal só pode diminuir a velocidade do vento em 2/3
da sua velocidade original.
Com base nessas considerações, a potência máxima aproveitada (teórica) pode,
então, ser calculada a partir da Equação 4.4:
[4.4]
onde:
Pt: Potência extraída do vento pela turbina eólica [W];
Cp: Coeficiente de potência (adimensional);
ρ: Densidade do ar [kg/m³];
A: Área da seção transversal [m²];
V: Velocidade do vento [m/s].
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ENERGIA EÓ LICA
[4.5]
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ENERGIA EÓ LICA
Voltar ao sumário 78
ENERGIA EÓ LICA
Voltar ao sumário 79
ENERGIA EÓ LICA
O controle de estol passivo funciona, reagindo à velocidade dos ventos. Nesse tipo
de controle, as pás do rotor são fixas e não podem ser giradas em torno de seu eixo
longitudinal. Então, devido ao ângulo ser fixo, quando o valor da velocidade ultrapassa
o nominal, ocorre o efeito estol, que nada mais é do que o momento no qual o escoa-
mento do vento em torno do perfil da pá “descola” de sua superfície. E isso ocasiona
variações na potência da turbina devido à diminuição de sua sustentação e aumento
na força de arrasto.
Assim, o ângulo de passo é escolhido de tal maneira que, para velocidades de
ventos maiores que a nominal, o fluxo em torno do perfil da pá do rotor se descola
da superfície (estol), ou seja, o fluxo se afasta da superfície da pá, surgindo regiões de
turbulência entre ele e a superfície.
Voltar ao sumário 80
ENERGIA EÓ LICA
Para evitar que o estol ocorra em todas as posições radiais das pás ao mesmo tempo
— o que reduziria drasticamente a potência do rotor — , as pás possuem uma torção
longitudinal que as levam a um suave desenvolvimento de estol. Sob todas as condições
de velocidade de vento superior à nominal, o fluxo em torno dos perfis das pás do rotor
é, pelo menos, parcialmente deslocado da superfície, produzindo sustentações menores
e forças de arrasto mais elevadas.
As turbinas que utilizam esse tipo de controle são mais simples do que aquelas que
utilizam o controle por passo, uma vez que tem uma estrutura de cubo mais simples,
menos manutenção devido a um número menor de peças móveis e autocontrole de
potência (CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA, 2008).
As desvantagens desse método de controle de potência são: alta fadiga mecânica
causada por rajadas de vento, partida e parada não assistidas e variações na máxima
potência devido a variações na densidade do ar.
Voltar ao sumário 81
ENERGIA EÓ LICA
As turbinas com controle de passo são mais sofisticadas e caras que as de passo
fixo (controladas por estol), pois necessitam de um sistema de variação de passo, porém
apresentam as seguintes vantagens:
• permitem controle da potência ativa sob todas as condições de vento;
• podem alcançar a potência nominal mesmo sob condições de baixa densidade
do ar, como em grandes altitudes e altas temperaturas;
• maior produção de energia sob as mesmas condições, sem redução da eficiência
na adaptação ao estol da pá;
• partida simples do rotor pela mudança de passo;
• dispensa o uso de grandes freios para paradas de emergência, feitas pela mudança
de passo (freio aerodinâmico);
• cargas das pás do rotor decrescentes para ventos acima da potência nominal;
• posição de embandeiramento das pás do rotor para ventos extremos e massa
das pás do rotor menores (nesta posição, as pás são alinhadas paralelamente à
direção do vento, para evitar o contato com a torre do aerogerador).
Tais vantagens permitem a turbina eólica: manter a produção nominal de energia,
manter o fluxo dos ventos aderente ao perfil da pá, dar sustentação ao equipamento,
reduzir a força de arrasto e preservar a estrutura da pá.
Voltar ao sumário 82
ENERGIA EÓ LICA
[4.6]
onde:
ω: velocidade angular de rotação da pá [rad/s];
R: comprimento da pá [m];
V: velocidade do vento [ms/s].
1 Considera-se que a velocidade linear de um corpo em movimento circular uniforme é igual ao produto
da velocidade angular pelo raio da trajetória descrita pelo corpo.
Voltar ao sumário 83
ENERGIA EÓ LICA
rede elétrica, é necessário gerar energia com o rotor, operando em uma rotação típica
para frequência de 60Hz (Brasil) ou 50Hz (Europa). Para o caso brasileiro, é necessário,
então, elevar a rotação para até algo em torno de 1800rpm.
A relação λ da velocidade da ponta da pá é importante para o controle de frequência
do aerogerador, como veremos a seguir.
Voltar ao sumário 84
ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
elétrica do gerador no valor definido pelo sistema elétrico ao qual o aerogerador está
conectado (LIMA, 2016).
Para manter a máxima eficiência aerodinâmica, o rotor deve mudar sua velocidade
rotacional de acordo com a velocidade do vento. Em outras palavras, ventos baixos com
velocidades do rotor baixas, e ventos altos com velocidades do rotor altas.
De acordo com Lima (2016), essas máquinas apresentam as seguintes vantagens:
• maior extração da energia do vento;
• flutuações pequenas de potência em relação à potência nominal;
• cargas menores no rotor devido à ação de rajadas;
• pequenas taxas de variação de passo;
• baixa velocidade do rotor em condições de baixa velocidade do vento, que reduz
consideravelmente a emissão de ruído.
Voltar ao sumário 87
ENERGIA EÓ LICA
por exemplo), a esteira que a turbina irá gerar é menos importante do que
em condições muito estáveis e de baixa turbulência, como vemos em parques
eólicos offshore.
À medida que o fluxo do vento é perturbado, as turbinas localizadas à jusante da
primeira turbina verão velocidades de vento mais baixas, reduzindo, assim, sua produção
anual de energia. Essa redução na produção não é o único efeito: como o fluxo do vento
é mais turbulento, a turbina a favor do vento sofrerá maiores cargas e mais vibrações,
o que pode eventualmente reduzir a vida útil de suas turbinas eólicas. Esses efeitos são
muito mais importantes em parques eólicos maiores, onde dezenas de turbinas são
agrupadas e seus diferentes efeitos de esteira são combinados entre si (Figura 4.5).
Voltar ao sumário 88
ENERGIA EÓ LICA
4.7 Atividades
Questão 1. A potência nominal de 5MW de uma turbina eólica é igual a…
a) 5 mil watts.
b) 50 mil watts.
c) 500 mil watts.
d) 5 milhões watts.
Questão 4. Um parque eólico aproveita a força dos ventos para gerar eletricidade
de maneira totalmente limpa, usando para isso turbinas eólicas. O gráfico a seguir mostra
como a potência de uma das turbinas eólicas do parque varia em função da velocidade
do vento que atinge suas pás. Nesse sentido, é correto afirmar que:
Voltar ao sumário 89
ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
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EN E RGIA EÓLIC A
Unidade 5
PROJETO, INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO DE
SISTEMAS EÓLICOS
ENERGIA EÓ LICA
5.1 Introdução
O vento como fonte de energia está disponível gratuitamente e de forma ilimitada
em todo o globo terrestre, conforme apresentado na Unidade 2. Nos últimos anos, o
uso da energia eólica evoluiu para uma das principais tecnologias de energia renovável
em todo o mundo. Um parque eólico pode ter dezenas e até centenas de aerogeradores
para aproveitar a força dos ventos e converter energia mecânica em energia elétrica.
Este processo não libera emissões de CO2 prejudiciais ao meio ambiente e, por isso, a
energia eólica ajuda a conter o aquecimento global.
Construir um parque eólico pode demorar vários meses e envolve muitas ativida-
des complexas de engenharia. As etapas de construção de um parque eólico envolvem:
projeto; preparação do terreno e da base (fundação); montagem do aerogerador (edi-
ficação); comissionamento e operação.
Durante as etapas de projeto e construção do parque eólico, são empregados pro-
fissionais de diversas áreas, como Logística, Segurança do Trabalho, Direito e Engenharia
(Civil, Mecânica, Elétrica, de Produção, de Energia, de Materiais e Ambiental), sendo
necessária mão-de-obra qualificada com formação técnica, tecnológica e superior.
Com o início do funcionamento do parque eólico, as atividades de operação e
manutenção (O&M) irão ocorrer durante todo o tempo de vida útil dos aerogeradores,
que gira em torno de 20 anos. Ao fim da vida útil das turbinas eólicas, estas poderão
ser descomissionadas (decomissioning), ou repotencializadas (repowering) para mais
alguns anos de vida.
5.2 Projeto
A etapa de projeto é composta por vários estudos para determinar se o parque
eólico é viável do ponto de vista técnico e comercial. O projeto começa com a definição
da área de instalação e análise do potencial eólico local, no momento em que são esta-
belecidos parâmetros importantes, como a velocidade média anual do vento no local e
o potencial eólico para a geração de energia elétrica, apresentados a seguir.
Voltar ao sumário 93
ENERGIA EÓ LICA
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ENERGIA EÓ LICA
[5.1]
Voltar ao sumário 95
ENERGIA EÓ LICA
Voltar ao sumário 96
ENERGIA EÓ LICA
Voltar ao sumário 97
ENERGIA EÓ LICA
estudada for maior que a taxa mínima de atratividade (TMA), a empresa estará
aumentando seu patrimônio com o projeto.
Para o cálculo da receita do parque eólico, deve-se observar o valor praticado
nos leilões de energia da ANEEL. Esses leilões ocorrem para promover o incremento na
geração de energia em nível nacional.
Os valores pagos às empresas geradoras seguem um valor de geração fixo esti-
pulado. Esse valor é conhecido como energia contratada, a qual se estipula pela EPE, e
com base nestes valores, os pagamentos são realizados às empresas.
Voltar ao sumário 98
ENERGIA EÓ LICA
Voltar ao sumário 99
ENERGIA EÓ LICA
Figura 5.4 – Edificação da nacele de uma turbina eólica de 4,5 MW, contendo em seu inte-
rior o gerador elétrico e todos os componentes elétricos e mecânicos da turbina
Uma vez montado o gerador, são feitas as conexões das 3 pás ao cubo do rotor
(Figura 5.5). Essa montagem pode ser feita no solo e depois, o conjunto é içado por gruas
e conectado à nacele ou, então, cada pá é içada individualmente e conectada, uma a
uma, no cubo do rotor. E assim, a montagem do aerogerador é concluída.
Figura 5.5 – Tipos de montagem das pás da turbina eólica: (a) Montagem individual de cada
pá ao cubo do rotor. (b) Montagem das três pás ao cubo do
1 O termo SCADA vem do inglês: Supervisory Control and Data Acquisition, que em português quer dizer
Sistema de Controle e Aquisição de Dados. O sistema SCADA é utilizado para monitorar e atuar sobre as variáveis
selecionadas por meio de sensores e atuadores. Essas variáveis podem ser: temperatura, pressão atmosférica,
velocidade de vento, umidade, etc.
Figura 5.6 – Danos em turbinas eólicas durante sua vida útil:(a) Delaminação da pá. (b) Pane elétrica na
nacele. (c) Erosão no bordo de ataque. (d) Dano por queda de raio. (e) Fadiga mecânica
condição) ou off-line (os dados são coletados em intervalos regulares de tempo, usando
sistemas de medição não integrados no aerogerador).
Uma visão detalhada de um sistema de monitoramento de condição de turbina
eólica normalmente inclui: velocidade do vento, potência ativa e reativa, ângulo de
guinada, status de comando, operacional e falha, dados elétricos e mecânicos, dados
meteorológicos, dados de rede e dados estatísticos.
A inspeção manual de turbinas eólicas é uma atividade de alto risco que requer
muito tempo para avaliar cada turbina em uma usina. Outra característica é o tempo de
operação de cada turbina, que diminui quando ela deve estar parada durante a inspeção.
Normalmente, são necessários grandes guindastes para fornecer acesso para inspeção
de perto dos vários componentes da turbina eólica (LUCENA, 2021).
Atualmente, esses problemas são superados pela inspeção, realizada com câmeras
no solo ou, utilizando veículos aéreos não tripulados (drones) (Figura 5.7), que informam
a localização e o tamanho dos danos: rachaduras, delaminação, descoloração, descola-
gem, derramamento de óleo e hot-spot (pontos quentes).
Figura 5.7 – Inspeção não destrutiva de turbina eólica: (a) Com o uso de
câmera de alta resolução no solo. (b) Com o uso de drone
Vários tipos de técnicas não destrutivas podem ser acopladas em drones: câmeras
visuais e infravermelhas, fontes radiográficas, sistemas ultrassônicos e de alta frequên-
cia, que estão preparados para gerar, coletar e transferir as imagens/dados, em tempo
real e sem fio, para as ferramentas de inspeção utilizadas. Outras técnicas comuns de
monitoramento são: parâmetros de processo, monitoramento de desempenho, análise
de vibração, análise de óleo, medição de deformação e efeitos elétricos.
de potência por condensação e acúmulo de água) e com menos peças (para melhorar
a confiabilidade dos componentes e reduzir o número de defeitos ou falhas) são imple-
mentadas pelos fabricantes de eletrônica de potência.
As altas taxas de crescimento e desenvolvimento da energia eólica nas últimas
décadas levaram a um grande aumento na complexidade e escala dos sistemas de con-
versão, bem como na otimização das tecnologias de fornecimento de energia e modos
de consumo de energia, incluindo: rede elétrica inteligente e medição, tecnologia de
armazenamento de eletricidade, transmissão de energia por longas distâncias, produção
de equipamentos energeticamente eficientes altamente econômicos e ecologicamente
corretos e transporte elétrico (como tecnologias veículo-rede e rede-veículo) (LUCENA,
2021). À medida que a computação e as comunicações da camada cibernética se tornam
mais complexas, os sistemas de energia eólica estão cada vez mais expostos a vulnera-
bilidades, falhas de software e ataques cibernéticos.
Por essa razão, os sistemas de conversão de energia eólica devem ser seguros,
protetores e sustentáveis. Na perspectiva dos desafios e oportunidades de expansão da
tecnologia de energia eólica, há a necessidade de colaboração interdisciplinar, como ocorre
entre a ciência dos materiais e a engenharia aerodinâmica, para melhor compreender
as condições ambientais em áreas onde as turbinas mais altas irão operar, bem como as
restrições de materiais associadas ao aumento de escala e à necessidade de interação
entre os locais das turbinas com as características das linhas de transmissão gerais. As
unidades fora da rede tendem a aumentar devido à viabilidade econômica eficiente em
áreas isoladas em comparação com parques eólicos conectados à rede. As iniciativas
governamentais voltadas à eletrificação rural, juntamente à crescente integração da
infraestrutura de microrredes, são fatores-chave que podem fortalecer ainda mais o
potencial da indústria eólica global. Baixos custos de instalação e esquemas regulatórios,
incluindo alimentação tarifária e medição líquida, incentivarão a participação da indústria
na rede. O desenvolvimento contínuo de infraestrutura de eletricidade baseada em ser-
viços públicos para atender à crescente demanda por eletricidade em áreas residenciais
aumentará ainda mais o negócio eólico nas próximas décadas (LUCENA, 2021).
Além dos cuidados com a operação e manutenção dos aerogeradores num parque
eólico, a segurança dos trabalhadores e do próprio empreendimento deve também ser
garantida, de forma a atender as normas de segurança estabelecidas pelo Ministério
do Trabalho e Emprego.
Segundo a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA EÓLICA E NOVAS TECNOLOGIAS
(ABEEólica, 2022), a construção dos parques eólicos criou quase 196 mil postos de
trabalho ou 10,7 empregos por MW instalado de 2011 a 2020.
torna os custos de reparo e tempo por hora parada mais elevados (WINTER; SEGALOVICH,
2018). Em situações mais extremas, existe, ainda, a possibilidade da queda de torres e
componentes que podem atingir demais partes do sistema, gerando focos de incêndios
secundários. Devido às longas distâncias entre os parques eólicos e as estações de combate
a incêndio, somadas aos fortes ventos presentes nestas regiões, os focos disseminam-se
rapidamente, podendo chegar a níveis de incêndios florestais - em muitos casos difíceis
de serem combatidos. Nessas situações, além dos custos diretos ao sistema, os danos
ao meio ambiente são irrecuperáveis.
Além disso , o risco de queda de raios deve-se não somente à grande estrutura
das torres dos aerogeradores, mas também às elevadas altitudes às quais são expostos
quando instalados. Sistemas de proteção não dimensionados e/ou não implementados
corretamente, ou em que as devidas manutenções não sejam executadas, podem fazer
com que riscos de incêndio aumentem. Além disso, em uma instalação elétrica todos
os condutores estão expostos a facilitar o caminho de sobretensões transitórias, provo-
cando, assim, perturbações na alimentação de todos os sistemas elétricos conectados.
Ademais, uma descarga atmosférica pode vir a produzir efeitos secundários, tais como:
efeitos eletrodinâmicos, térmicos, magnéticos e eletromagnéticos; sobrecarga; danos
e desprendimento de componentes; incêndios florestais; e contaminação (óleo) dos
aerogeradores (BONFIM; YAMANISHI, 2017).
Com os meios atualmente disponíveis, as brigadas de incêndio não têm qualquer
chance de combater um incêndio em turbinas eólicas se a nacele ou rotor forem afe-
tados. As escadas da plataforma giratória da brigada de incêndio não atingem a altura
necessária e, portanto, uma nacele que está em chamas não pode ser alcançada de fora.
O caminho para a nacele via escada ou elevador de uma turbina em chamas também é
perigoso para os bombeiros e, portanto, isso também não é uma opção. Os bombeiros
estão expostos ao risco de serem feridos pela queima de peças que caem, mesmo no
chão, no entorno da turbina (WINTER; SEGALOVICH, 2018).
Toda a área da turbina eólica deve ser declarada área para não fumantes. Todos os
trabalhadores presentes na planta, sejam equipes de serviço ou funcionários de empresas
externas autorizadas, devem receber instruções regularmente sobre prevenção de riscos
de incêndio, funcionalidade dos sistemas e instalações de proteção contra incêndios
presentes no parque eólico, além de saber como lidar com eles, como se comportar
corretamente em casos de incêndio e o uso correto de extintores. Sugere-se, também,
a realização de testes de alarmes de incêndio, ensaios para implementação do plano
de emergência e evacuação da nacele e envolver o corpo de bombeiros local nestes
treinamentos e simulações (CONFEDERATION OF FIRE PROTECTION ASSOCIATIONS IN
EUROPE, 2022).
demanda por esse tipo de material reciclado é inferior à quantidade de resíduos gerados
pelo mercado eólico e por isso mais soluções tecnológicas são desejáveis.
A Figura 5.9 ilustra o ciclo de vida Figura 5.9 – Ciclo de vida de uma turbina eólica e
a necessidade de alinhamento entre os atores da
de uma turbina eólica, que começa com energia eólica e as novas tecnologias
a fabricação de seus componentes e sis-
temas, seguido pelo transporte até o local
do parque eólico (na maioria das vezes em
áreas remotas) e montagem (comissiona-
mento). Uma vez que o parque eólico entra
em operação, são realizadas manutenções
preventivas e corretivas rotineiramente.
Ao final da vida útil, a turbina eólica pode
ser repotencializada para uma máquina
mais moderna (repowering), ou desativada
(decomissioning), com a intenção de reci-
clar a maioria dos componentes. Pesquisa,
desenvolvimento e inovação devem estar
alinhados com todas essas etapas para um
melhor aprimoramento das tecnologias de Fonte: Lucena (2021).
energia eólica.
Considerando os progressos atuais e futuros da energia eólica em todo o mundo,
espera-se que os materiais residuais aumentem. Sommer, Stockschläder e Walther
(2020) estimaram que 570Mton de resíduos plásticos reforçados com fibra ocorrerão
entre 2020 e 2030, apenas na União Europeia, sendo 18Mton (menos de 4%) de resíduos
plásticos reforçados com fibra de carbono. Certamente, a reciclagem de turbinas eólicas
5.11 Atividades
Questão 1. As baterias na geração eólica servem para:
a) transportar energia.
b) aumentar a tensão elétrica.
c) armazenar energia.
Questão 7. Qual técnica não destrutiva é usada com muita frequência na inspeção
de pás eólicas?
a) partículas magnéticas.
b) ultrassom.
c) líquido penetrante.
Gabarito
UNIDADE 1
1.D / 2.C / 3.B / 4.B / 5.C / 6.D / 7.B / 8.A / 9.D / 10.B / 11.A
UNIDADE 2
1.C / 2.B / 3.B / 4.D / 5.A.
UNIDADE 3
1.D / 2.C / 3.B / 4.A / 5.B / 6.B / 7.D / 8.A / 9.D / 10.D
UNIDADE 4
Questão 1. D
Como:
Temos:
Questão 5.
I. Verdadeira.
II. Verdadeira.
V. Verdadeira.
UNIDADE 5
1.C / 2.A / 3.C / 4.C / 5.B / 6. B / 7.B / 8.C / 9. D. / 10.B
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