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1.

A autora explora essas características por meio da facilidade de ser


influenciada que a personagem possui, em que a nordestina não se atenta às
mínimas percepções nos diferentes tipos de relações sociais e não luta pela
própria vida, vivendo do que a vida oferece e do que os outros ordenam, não
reagindo diante das emoções que a vida proporciona a ela, ou seja,
basicamente sem experiências ou emoções.

“Faltava-lhe o jeito de se ajeitar. Só vagamente tomava conhecimento da


espécie de ausência que tinha de si em si mesma. Se fosse criatura que se
exprimisse diria: o mundo é fora de mim, eu sou fora de mim” (Pág. 21).

2. O tema solidão é apresentado por meio das narrativas do escritor Rodrigo S.


M. sobre a sua própria vida e sobre a história de sua personagem Macabéa. No
livro é apresentada tanto a solidão física quanto a emocional. Macabéa é uma
personagem sozinha, invisível à sociedade. Perdeu seus pais quando tinha
apenas 2 anos e foi criada por uma tia, a qual não tinha nenhum vínculo
afetivo. Ao mudar-se para o Rio de Janeiro suas únicas conexões humanas
eram: Raimundo, seu chefe, Glória, sua colega de trabalho, e Olímpico, seu
namorado. A coisa mais preciosa da vida para ela era a solidão, pois quando
estava sozinha se sentia livre.

"Então, no dia seguinte, quando as quatro Marias cansadas foram trabalhar, ela
teve pela primeira vez na vida uma coisa a mais preciosa: a solidão. Tinha um
quarto só para ela.

...

Dançava e rodopiava porque ao estar sozinha se tornava: l-i-v-r-e!" (Pág. 37)

Assim como Macabéa, o escritor/narrador também se sente sozinho e


marginalizado e diz que sua força está na solidão.

"Sim, minha força está na solidão" (Pág. 15)

"Sim, não tenho classe social, marginalizado que sou. A classe alta me tem
como um monstro esquisito, a média com desconfiança de que eu possa
desequilibrá-la, a classe baixa nunca vem a mim" (Pág. 16)

A solidão dos dois personagens se confunde, a ponto do narrador afirmar que


tentou dar a Macabéa uma situação dele.

"Quisera eu tanto que ela abrisse a boca e disse-se:

- Eu sou sozinha no mundo e não acredito em ninguém, todos mentem, às


vezes até na hora do amor, eu não acho que um ser fale com o outro, a
verdade só me vem quando estou sozinha.
...

(Vejo que tentei dar a Maca uma situação minha: eu preciso de algumas horas
de solidão por dia senão 'me muero'.) Quanto a mim, só sou verdadeiro quando
estou sozinho" (Pág. 62)

3. No romance "A Hora da Estrela" é como se o narrador fosse uma


representação da própria Clarice Lispector. Ao decorrer do livro, Rodrigo S. M.
expõe aos leitores o quão difícil é escrever uma história e como é necessário
para um escritor despir-se de si mesmo e incorporar a vida e os sentimentos de
seus personagens. Através da história de Macabéa e das reflexões do
narrador, Clarice expõe suas próprias emoções e sentimentos. Assim como
Macabéa, Clarice também passou parte de sua vida no Nordeste, conhecendo
bem a pobreza e as dificuldades desse povo. Escrita em um momento difícil de
sua vida, "A Hora da Estrela" expressa através do narrador e do fim trágico de
Macabéa seus medos sobre a morte.

"O melhor negócio é ainda o seguinte: não morrer, pois morrer é insuficiente,
não me completa eu que tanto preciso.

Macabéa me matou.

...

E agora - agora só me resta acender um cigarro e ir para casa. Meu Deus, só


agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?!

Não esquecer que por enquanto é tempo de morangos.

Sim." (Pág. 78)

4. Macabéa é uma personagem que reúne diversas características das


questões abordadas no livro, ela é a personificação das mulheres que
migraram para as áreas urbanas em busca de empregos, que muitas vezes
estão sozinhas e acabam em empregos em que ganham mal, dividindo quartos
com outras mulheres na mesma situação. Macabéa não possui nenhuma
característica própria, podendo ser colocada em diversos cenários, ou seja,
assim como no livro, em que o autor teve sua inspiração no sentimento de
perdição no rosto de uma nordestina, podemos encontrar diversas versões dela
no nosso dia a dia.

5. Há vários simbolismos presentes em “A Hora da Estrela". A estrela do título


é um símbolo carregado de significados. A protagonista, Macabéa, é uma moça
simples e marginalizada que queria dar um significado maior para a sua
existência quase que invisível, mas que tinha o sonho de ser uma estrela de
cinema. A jovem foi indicada a passar com uma cartomante, que afirma que a
vida dela mudará logo que sair de lá, que irá conhecer um homem muito rico e
que ele irá casar com ela. Porém, logo ao sair, ela é atropelada por uma
Mercedes Benz e este é o único momento em que reparam nela, é a hora de
estrela de cinema de Macabéa morrer. Assim como o brilho de uma estrela que
apenas pode ser visto após sua morte, Macabéa também ganha existência
após morrer.

"Algumas pessoas brotaram no beco não se sabe de onde e haviam se


agrupado em torno de Macabéa sem nada fazer assim como antes pessoas
nada haviam feito por ela, só que agora pelo menos a espiavam, o que lhe
dava uma existência" (Pág. 73-74)

“Então — ali deitada — teve uma úmida felicidade suprema, pois ela nascera
para o abraço da morte. A morte que é nesta história o meu personagem
predileto. Iria ela dar adeus a si mesma? Acho que ela não vai morrer porque
tem tanta vontade de viver. E havia certa sensualidade no modo como se
encolhera. Ou é porque a pré-morte se parece com a intensa ânsia sensual? É
que o rosto dela lembrava um esgar de desejo.” (Pág. 76)

No posfácio do livro percebemos que o próprio nome Macabéa está carregado


de simbolismo pois faz referência aos guerreiros judeus rebeldes, os
Macabeus, que lutaram contra a cultura grega estrangeira e invasora, assim
como "A Hora da Estrela" também nos remete a um dos maiores símbolos do
judaísmo, a estrela de David, com seis pontas.

Maria Eduarda Pinheiro


Mariana Torres Pavan
Rebeca Campos

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