Coesão Textual
Coesão Textual
Coesão Textual
MARIA
A coesão lexical estabelece-se por meio de uma rede de referências de um texto, que se faz por reiteração
(repetição) e por substituição (sinónimos/ antónimos, hiperónimos/ hipónimos e holónimos/ merónimos).
A coesão gramatical é conseguida através do uso de mecanismos textuais como as conjunções, as expressões
de tempo ou a noção gramatical de concordância ou de referência. Há quatro mecanismos de coesão gramatical: a
coesão referencial, a coesão frásica, a coesão interfrásica e a coesão temporal.
A deixis diz respeito aos elementos linguísticos que remetem para o contexto em que um
dado enunciado é produzido (EU/TU, AQUI e AGORA). De acordo com as ideias que transmitem, os
deíticos podem classificar-se como pessoais, temporais ou espaciais.
Uma manhã acordei sozinho em casa. Acordei a chorar. – Ó mãe, mãe! Vem cá… - Mas a mãe não vinha. Não
havia mãe. Havia só a porta fechada. – Ó mãe, mãe… - E a casa deserta. Pelas frinchas largas da porta via a manhã lá
fora. Devia haver meadas de palha naquela eira em frente. – Ó mãe, mãe… - E de repente, na manhã clara,
começaram a cair estrelas pequeninas, estrelas verdes, vermelhas, estrelas de oiro. As lagrimas caíam-me pela cara.
– Ó mãe, mãe…
E ninguém me abriu a porta para apanhar as estrelas. Nem mesmo tu, mãe, que a essas horas andavas a ganhar
o pão para a boca daquele que hoje te oferece estes versos.
Eugénio de Andrade, Os Amantes sem Dinheiro, in Poemas (texto com cortes e adaptações)
Estou de regresso. Trouxe-me a carreira noturna. Que extraordinária cidade esta! Com o autocarro prestes a
imobilizar-se, instalou-se novamente em mim a certeza de que Tondela ganha em ser vista a esta hora, toda ela
contornos e vultos pardacentos. A casa do meu padrinho não dista mais de meia hora daqui. Conheces o meu
padrinho? Acho impossível que nunca tenhas ouvido falar dele.
MARIA – “Menina e moça me levaram de casa de meu pai” – é o princípio daquele livro tão bonito que minha mãe
diz que não entende; entendo-o eu. Mas aqui não há menina nem moça; e vós, senhor Telmo Pais, meu fiel
escudeiro, “faredes o que mandado vos é”. E não me repliques, que então altercamos, faz-
-se bulha, e acorda minha mãe, que é o que eu não quero.