6 Estudando Introdução A Dinâmicas de Grupo

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Estudando: Introdução a Dinâmicas de Grupo

Introdução
O mundo hoje avança rapidamente em todos os sentidos, principalmente no que diz respeito aos avanços científicos e
tecnológicos. Poderíamos indagar, então, qual a relação destes avanços com as relações humanas? Quais as
conseqüências destes avanços para a vida do indivíduo na sociedade? Precisamos estar convictos de que ele, ao
contrário das demais espécies animais, necessita da interação para existir e, por isso, a maior condição para a
sobrevivência do ser humano está na vida em grupo. A tecnologia influi diretamente na vida do homem e principalmente
na sua forma de conviver.

Diante destes questionamentos, iniciaremos nossos estudos sobre as Relações Humanas e a Dinâmica dos Grupos.
Certamente você deve estar refletindo sobre o significado da expressão “Dinâmica de Grupo”. Elucidaremos esta questão
a seguir.

Na medida em que nos propomos a estudar as dinâmicas dos grupos, iremos nos deparar com sua estrutura, suas
origens, bem como as suas necessidades e as relações entre seus componentes. O estudo das relações humanas vem a
ser exatamente o estudo das relações entre os componentes dos mais variados grupos, sua atuação e a troca que existe
entre estes membros. Estes conceitos serão tratados detalhadamente no decorrer deste módulo.

De modo geral, participamos, a todo momento, de algum grupo e cada grupo do qual fazemos parte tem sua dinâmica
própria. Estes grupos se compõem de variáveis, ou melhor dizendo, de um conjunto de variáveis, que provocam energia e
geram ações diversas que, por sua vez, dão origem a situações e comportamentos entre seus membros, que irão definir a
personalidade destes grupos.

Precisamos entender esses fenômenos, os agentes, a atmosfera e o comportamento grupal, pois só desta forma
poderemos atuar e interagir neles. Para alcançar esses objetivos, estudamos a Dinâmica dos Grupos com o fim de
provocar estas mudanças consideradas necessárias, reforçando as atitudes grupais, de modo que possamos nos
relacionar, inclusive profissionalmente.

Para trabalhar e coordenar a participação das pessoas nos grupos, sejam eles educacionais ou organizacionais,
estudaremos as técnicas de Dinâmica de Grupo.

É muito importante que cada ser humano tenha ciência de sua real importância para o outro tanto quanto tenha para si
próprio. O estudo das relações interpessoais se constitui como fundamental na busca de práticas que viabilizem um
melhor convívio entre as pessoas, permitindo uma maior harmonia entre as mesmas.

Esta visão fica bem clara no texto, a seguir, citado por Serrão e Baleeiro (1999), destacado do texto de Joyce em
Finnegan´s Wake e que bem ilustra a dinâmica nos grupos.

“Quando olhamos por alto as pessoas, ressaltam suas diferenças: negros e brancos, homens e mulheres, seres
agressivos e passivos, intelectuais e emocionais, alegres e tristes, radicais e reacionários. Mas, à medida que
compreendemos os demais as diferenças desaparecem e em seu lugar surge a unicidade humana: as mesmas
necessidades, os mesmos temores, as mesmas lutas e desejos. Todos somos um”.

(Baleeiro, 1999: 15)

Em função desta unicidade, que aproxima as pessoas, é que hoje dedica-se grande parte das pesquisas ao estudo das
relações humanas e ao estudo do indivíduo nos grupos, em seus ambientes de trabalho e em outras formas grupais. As
organizações falam em “gestão de pessoas” – estudar os motivos que as levam a atuar de determinada forma e a reagir
de maneiras diversas - o que se constitui no foco das atenções de muitos estudiosos desta área.

Com as inúmeras mudanças trazidas pelos avanços da ciência e do processo de globalização, o ambiente de trabalho, a
família e outros grupos dos quais fazemos parte, transformam-se também. Os profissionais precisam estar atentos à
crescente complexidade com que essas transformações se refletem na área das Relações Humanas.

Uma das condições para a sobrevivência harmônica do ser humano está na convivência social. A própria concepção
biológica do homem é feita em grupo – por um casal. A satisfação das necessidades básicas de um bebê, dá-se no seio
de um grupo – a família. O processo de socialização e de aprendizado, também ocorre em grupo – a escola. Essas são
algumas das razões para compreendermos a importância que o grupo tem na vida do ser humano e para percebermos
que o profissional que lida com ele tem, por obrigação e por necessidade, que se esforçar para compreender melhor a
dinâmica relacional, complexa, que ocorre nos grupos; daí, a importância do estudo das Relações Humanas e da
Dinâmica de Grupo.

Se, neste momento, você pegar um papel e uma caneta e listar todas as coisas, desde as mais simples até aquelas mais
complexas, que você realiza durante um dia de sua vida, certamente você irá perceber que a maior parte delas você
realiza em grupos, seja participando efetivamente de uma tarefa ou simplesmente estando no convívio dos mesmos.
Experimente!

E que grupos seriam esses? Como poderíamos defini-los?

Assim como Ferrão e Baleeiro (1999) nos apontam que “um grupo é como um rio que tem força e vida próprias”, pois
sabemos que por mais que nos mergulhemos em suas águas, aproveitando “suas correntes e possibilitando a descoberta
de suas riquezas submersas,” não se pode “esgotar seus mistérios” (id. p.35), assim também sabemos que todos os
grupos, dos quais participamos, possuem uma dinâmica própria, composta por um conjunto de variáveis que dão energia
e sinergia, provocando a ocorrência de ações. São essas variáveis e fenômenos, que dão aos grupos uma atmosfera
grupal e os comportamentos diferenciados dos membros do grupo.

Conhecer bem os agentes, fenômenos, processos, a atmosfera e comportamento grupal é de fundamental importância
para o profissional que trabalha com Dinâmica de Grupo, em qualquer contexto. Este conhecimento é essencial para que
você esteja apto a aceitar esse desafio, que foi muito bem descrito por Áurea Castilho,

“Só aqueles que têm a coragem de correr o risco de se expor é que estão preparados para trabalhar em grupos.
Diferentemente do processo individual, a interface grupal exige sem dúvida muito mais do facilitador que um nível de
percepção, intuição e visão gestáltica, e estas são postas à prova a cada instante pelo grupo, através do seu julgamento,
pressões, resistência, coesão e normas, com as quais o facilitador terá que saber lidar a cada momento. Mas é preciso
que aqueles que lideram o grupo se sintam internamente bastante preparados para compreender o que se passa com ele
e analisar as relações desse fenômeno com sua condição e realidade pessoal, criando para si um nível de consciência
exata de sua posição e situação existencial, dentro do contexto do grupo, ante o momento vivido. Em outras palavras,
[que se tenha uma visão teórica e real do movimento do grupo”.

(Áurea Castilho, 1997)

E a que essas colocações de Castilho nos levam? O que é importante se ter, a priori, para se (con)viver em grupo? Como
os sujeitos, que compõem um grupo, se vêem e são vistos dentro do mesmo? Quais as condições necessárias para se
viver de forma harmônica num grupo, buscando alcançar um objetivo comum?

Para responder essas perguntas, deveremos analisar alguns princípios que embasam as relações grupais, tais como:

• a própria construção identitária dos sujeitos;

• as questões de relações entre os diferentes parceiros;

• a existência de valores e atitudes para o reconhecimento satisfatório entre os diferentes elementos que formam o grupo.

Utilizamos a Fábula dos Gansos para propor uma reflexão, procurando extrair questões pertinentes aos assuntos aqui
desenvolvidos e outros mais a serem pensados, que você poderá destacar, compondo idéias que o levem a busca de
maior aprofundamento sobre os seus próprios conceitos e valores, ao mesmo tempo que, sem a pretensão de desgastar
todas as possibilidades de análise que ele sugere, poderemos utilizá-lo, posteriormente, para iluminar outras reflexões.

Para melhor compreender o que queremos dizer, leia o texto e os comentários sobre cada parágrafo, na lição 2.

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