Hbtvaf,+1366 5303 1 CE
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MANHUAÇU - MG
Resumo: Através de dados fornecidos pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN, 2018)
e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2018) é possível concluir que Manhuaçu –
MG possui 2,17 habitantes/veículo. Tal índice está diretamente relacionado ao tráfego na cidade e à
qualidade da pavimentação. Este trabalho apresenta um estudo das patologias em uma via de
intenso fluxo de veículos de pequeno e grande porte, localizada no Bairro Alfa Sul, na cidade de
Manhuaçu – MG, com o objetivo de analisar, classificar as patologias encontradas e identificar o
estado de deterioração do pavimento em estudo. A via foi dividida em trechos/estacas e apresenta
pavimento flexível (revestimento betuminoso e blocos sextavados). Para realização do estudo,
utilizou-se como referência a norma DNIT 005/2003 - TER para identificação das patologias e DNIT
006/2003 - PRO para a avaliação da condição de deterioração do pavimento através da contagem e
classificação de ocorrências aparentes, atribuindo fatores de ponderação que salientaram a
gravidade de cada patologia considerada. Os resultados obtidos aplicando-se as formulações
propostas pela norma DNIT 006/2003 - PRO para o cálculo do IGI (Índice de Gravidade Individual) e
do IGG (Índice de Gravidade Global) indicaram que o pavimento é classificado como péssimo,
portanto, a maior mudança necessária seria o dimensionamento adequado da pavimentação.
1 INTRODUÇÃO
Por influência do setor industrial e impulsionada pelo aumento na frota de automóveis, inicia-
se em meados do século XX uma mudança significativa no modal de transportes brasileiro, até então
predominantemente ferroviário. A ampliação na malha rodoviária, além de ter grande importância
para o desenvolvimento econômico do país, garantiu aos usuários maior acessibilidade.
Paralelamente ao desenvolvimento no modal rodoviário, cresce também a demanda por melhorias na
qualidade da pavimentação, a qual está diretamente relacionada à segurança dos trechos, às
condições do tráfego e aos investimentos governamentais direcionados ao setor (MTPA, 2016).
Através do levantamento do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN, 2018), sabe-
se que a cidade de Manhuaçu – MG apresenta uma frota de 41.079 veículos. Levando-se em
consideração o censo realizado pelo IBGE, o número de habitantes da cidade em 2018 é de 89.256,
estima-se então que ela possua em média 2,17 habitantes/veículo. Com base na demanda do
município, que é considerado polo de ensino e agricultura, é fundamental que as vias da cidade
estejam em condições de uso e resistam às solicitações de maneira segura e durável.
Através de um estudo de caso o presente trabalho pretende analisar, classificar as patologias
encontradas e identificar o estado de deterioração do pavimento flexível. A via em estudo apresenta
revestimento asfáltico e em blocos sextavados e está situada no Bairro Alfa Sul, na cidade de
Manhuaçu – MG. Utilizando as normas DNIT 005/2003 - TER e DNIT 006/2003 - PRO, objetiva-se
contribuir para a identificação das patologias presentes no pavimento, definindo o estado de
conservação do mesmo.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Marques (2006), “pavimentos flexíveis são aqueles constituídos por camadas que
não trabalham bem à tração”. Danieleski (2004) define e divide as camadas de um pavimento em: (i)
subleito: “terreno de fundação do pavimento ou do revestimento.”, (ii) sub-base: “camada corretiva do
subleito, ou complementar à base, quando por qualquer circunstância não seja aconselhável construir
o pavimento diretamente sobre o leito obtido pela terraplenagem.”, (iii) base: “camada destinada a
resistir e distribuir os esforços verticais oriundos dos veículos sobre a qual se constrói um
revestimento.” e (iv) revestimento: “camada, tanto quanto possível impermeável, que recebe
diretamente a ação do rolamento dos veículos, destinada a melhorar as condições do rolamento
quanto à comodidade e segurança e resistir aos esforços que nele atuam, tornando mais durável a
superfície de rolamento.” Apresenta-se na Figura 2 a seção de um pavimento flexível e a identificação
de cada camada, cuja espessura pode variar de acordo com o dimensionamento do pavimento.
Terminologia Causas
Má dosagem do asfalto; excesso de finos (ou material de enchimento) no
Fissuras
revestimento; compactação excessiva ou em momento inadequado.
Contração da capa asfáltica causada devido a baixas temperaturas ou ao
Trinca transversal endurecimento do asfalto; propagação de trincas nas camadas inferiores à do
revestimento da estrada.
Má execução da junta longitudinal de separação entre as duas faixas de tráfego;
recalque diferencial; contração de capa asfáltica devido a baixas temperaturas
Trinca longitudinal
ou ao endurecimento do asfalto; propagação de trincas nas camadas inferiores
à do revestimento da estrada.
Colapso do revestimento asfáltico devido à repetição das ações do tráfego;
Trincas
subdimensionamento ou má qualidade da estrutura ou de uma das camadas do
interligadas tipo
pavimento; baixa capacidade de suporte do solo; envelhecimento do pavimento
“couro de jacaré”
(fim da vida); asfalto duro ou quebradiço.
Trincas
Contração da capa asfáltica devido à alternância entre altas e baixas
interligadas tipo
temperaturas; baixa resistência à tração da mistura asfáltica.
“bloco”
Fluência plástica de uma ou mais camadas do pavimento ou do subleito; falha
Afundamento
na dosagem de mistura asfáltica – excesso de ligante asfáltico; falha na seleção
plástico
de tipo de revestimento asfáltico para a carga solicitante.
Fluência plástica de uma ou mais camadas do pavimento ou do subleito;
Afundamento de
densificação ou ruptura por cisalhamento de camadas subjacentes ao
consolidação
revestimento; falha de compactação na construção; problemas de drenagem.
Falta de estabilidade da mistura asfáltica; excessiva umidade do solo subleito;
Ondulação ou
contaminação da mistura asfáltica; falta de aeração das misturas líquidas de
corrugação
asfalto.
Escorregamento Falhas construtivas e de pintura de ligação.
Exsudação Excessiva quantidade de ligante; baixo conteúdo de vazios.
Falhas de adesividade ligante-agregado; presença de água aprisionada e
sobreposição em vazios da camada de revestimento, gerando deslocamento de
Desgaste
ligante; deficiência no teor de ligante; problemas executivos ou de projeto de
misturas.
Trincas de fadiga (processo que ocorre devido ao acúmulo das solicitações do
tráfego ao longo do tempo); desintegração localizada na superfície do
Panela ou buraco
pavimento; deficiência na compactação; umidade excessiva em camadas de
solo; falha na imprimação.
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Carga de tráfego; emprego de material de má qualidade; ação do meio
Remendo*
ambiente; má construção.
Fonte: CNT (2018).
* Apesar de ser uma atividade de conservação, é considerado um defeito por apontar um local de
fragilidade e por impactar o conforto no rolamento. A deterioração de remendos é o conjunto de danos
existentes em uma área de remendo.
Defeitos Notação
Fissuras FI
Trincas isoladas transversais curtas TTC
Trincas isoladas transversais longas TTL
Trincas isoladas longitudinais curtas TLC
Trincas isoladas longitudinais longas TLL
Trincas interligadas tipo couro de jacaré sem erosão acentuada nos bordos J
Trincas interligadas tipo couro de jacaré com erosão acentuada nos bordos JE
Trincas isoladas devido a retração térmica TRR
Trincas em bloco sem erosão acentuada nos bordos TB
Trincas em bloco com erosão acentuada nos bordos TBE
Afundamentos plásticos locais ALP
Afundamentos plásticos nas trilhas de roda ATP
Afundamentos de consolidação locais ALC
Afundamentos de consolidação nas trilhas de roda ATC
Corrugação – ondulações transversais O
Escorregamento de revestimento betuminoso E
Exsudação EX
Desgaste acentuado D
Panelas P
Remendos existentes (superfície e/ou profundos) R
Fonte: Danieleski (2004).
5 O, P, E 1,0
6 EX 0,5
7 D 0,3
8 R 0,6
Fonte: DNIT 006/2003 - PRO.
IGI = fr x fp (1)
Figura 3 - Modelo de demarcação de áreas para inventário de defeitos especificado pela norma DNIT
006/2003 - PRO
Com a finalidade de conferir ao pavimento estudado uma classificação que retrate a sua
condição, o método exposto na NORMA DNIT 006/2003 - PRO define uma relação entre IGG e a
conceituação do pavimento (Quadro 4).
Conceitos Limites
Ótimo 0 < IGG ≤ 20
Bom 20 < IGG ≤ 40
Regular 40 < IGG ≤ 80
Ruim 80 < IGG ≤ 160
Péssimo IGG > 160
Fonte: DNIT 006/2003 - PRO.
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Seja para prevenir ou corrigir defeitos, de forma rotineira ou emergencial, os reparos
direcionados à pavimentação tem como objetivo final manter as vias em condições adequadas de
utilização, tendo em vista as questões econômicas envolvidas, além do bem-estar social. Neste
contexto, Stuchi (2005) aponta três técnicas como as mais utilizadas no país para reparo de
pavimentos asfálticos: remendo simples, remendo compactado e remendo permanente.
O remendo simples ou tapa-buraco é um reparo superficial pontual do pavimento asfáltico,
em geral das panelas, realizado manualmente. Apesar da gravidade deste defeito e da existência de
procedimentos normatizados para a execução do serviço, como escavação ou corte do pavimento
procedido de limpeza do local a ser remendado, ou mesmo compactação (BRASIL, 2005), esta
técnica é conhecida por ser empregada sem seguir qualquer especificação. Ocorre apenas um
preenchimento do buraco com material asfáltico.
O remendo compactado é um reparo superficial que segue, porém, a sistemática descrita em
norma. Além do corte da superfície desgastada e da posterior limpeza, aplica-se emulsão asfáltica
seguida do lançamento do agregado, o qual deve atender os requisitos quanto a granulometria, e que
deve ser comprimido com rolo pneumático (DNIT 154/2010 – ES, 2010).
O remendo permanente, também conhecido como remendo profundo, recebe a denominação
de permanente pela maior durabilidade conferida pelo seu método executivo. Usualmente é
retangular, formato em que se realiza o corte para a substituição do revestimento e, eventualmente,
de uma ou mais camadas inferiores do pavimento (DNIT, 2003).
3 METODOLOGIA
O presente trabalho realizou um estudo de caso das patologias em uma via de pavimento
flexível, situada no Bairro Alfa Sul, na cidade de Manhuaçu – MG, com o objetivo de analisar,
classificar as patologias encontradas e identificar o estado de deterioração do pavimento em estudo.
O trecho selecionado abrange a Rua Elói Werner e a Avenida Elói Werner.
Para o levantamento dos dados foi usada como referência a norma DNIT 006/2003 - PRO,
que consiste em fazer uma avaliação da condição de deterioração do pavimento através da contagem
e classificação de ocorrências aparentes, atribuindo fatores de ponderação para salientar a gravidade
de cada patologia considerada, podendo assim, definir o estado de conservação do pavimento.
Sendo assim, o trabalho utilizou as formulações propostas por esta norma para o cálculo do IGI e do
IGG. Vale ressaltar que a treliça metálica não foi utilizada para medição da trilha de roda, como
especifica a norma DNIT 006/2003 - PRO, devido à falta do equipamento.
O trecho possui extensão total de 510 m, apresentando 419 m em revestimento asfáltico e 91
m em bloco sextavado. Para coleta da amostragem realizou-se uma contagem visual das patologias,
com superfícies de avaliação de 6 metros de comprimento por 3,5 metros de largura, localizadas em
vias de pista simples, a cada 20 metros, partindo do eixo da superfície inicial até o eixo da superfície
seguinte, alternados em relação ao eixo da pista (Figura 3). No total, a via em estudo apresentou 26
estacas, onde da estaca 1 a 21 o pavimento apresenta revestimento asfáltico, da estaca 22 a 25 o
pavimento apresenta revestimento em bloco sextavado e a estaca 26 apresenta revestimento
asfáltico. Para ilustração dos defeitos foi utilizada uma régua de 15 cm de largura e 150 cm de
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comprimento, dividida em 15 faixas de 10 cm, pintadas alternadamente. Tal procedimento também foi
adotado por Danieleski (2004) com a finalidade de auxiliar no estabelecimento de noção das
dimensões das degradações.
A coleta da amostragem se deu ao longo do segundo semestre do ano de 2018, com a
primeira estação de trabalho (estaca) localizada no encontro da Avenida Elói Werner com a Praça
José André da Costa, na pista localizada à direita com trânsito direcionado à BR-262 e teve fim no
encontro da Rua Elói Werner com a BR-262, na pista localizada à direita com trânsito direcionado à
BR-262 (marcação em vermelho na Figura 5). Para registrar as patologias encontradas, foi utilizada
como referência a tabela fornecida pelo DNIT (Anexo IV), onde foram assinalados os defeitos
identificados em cada estação de trabalho avaliada.
Figura 5 - Trecho da Rua Elói Werner e Av. Elói Werner considerados no estudo
Figura 6 - Detalhe do posicionamento das superfícies de medição: (a) eixo posicionado em 20 m; (b)
eixo posicionado em 3 m.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 19 patologias consideradas pelo método DNIT 006/2003 - PRO, um total de 14 foram
identificadas nos trechos em estudo. A frequência com que cada uma aparece nos 26 trechos está
apresentada no Gráfico 2, onde os defeitos não citados obtiveram ocorrência absoluta igual a zero,
ou seja, não foram observados na via, sendo eles: trinca de retração do revestimento, trinca tipo
“bloco”, ondulação/corrugação e escorregamento.
Outro defeito, ilustrado na Figura 8, que deve ser analisado com contribuição importante para
o IGG, são as trincas interligadas tipo “couro de jacaré”, com e sem erosão, dada sua frequência, e
no caso das com erosão por consequência de seu fator de ponderação (0,8) ser elevado. Apesar do
presente trabalho não contemplar informações geotécnicas, de contagem do tráfego e da qualidade
da pavimentação executada, é pertinente sugerir que, como detalhado pela Confederação Nacional
do Transporte (CNT, 2018), este tipo de manifestação patológica surge principalmente por
consequência do “colapso do revestimento asfáltico devido à repetição das ações do tráfego;
subdimensionamento, má qualidade da estrutura ou de uma das camadas do pavimento; baixa
capacidade de suporte do solo; envelhecimento do pavimento (fim da vida)”.
Pela associação da elevada frequência relativa com um alto fator de ponderação, os
afundamentos locais plásticos contribuíram muito para o IGG calculado (Figura 9). Como exposto no
Quadro 1, é pertinente ressaltar que a inexistência de dimensionamento para a via, quanto à escolha
do tipo de revestimento betuminoso mais adequado ao tipo de carregamento ao qual é submetida, ou
a ausência de controle de qualidade dos componentes da mistura, especificamente do ligante
asfáltico, contribuíram para a presença deste tipo de defeito.
Figura 8 - Trinca tipo “couro de jacaré” (a) com erosão e (b) sem erosão
Figura 11 - Defeitos não classificados pelo DNIT: (a) derrame de material; (b) rampa invadindo a
pista e (c) bocas de lobo assentadas de maneira incorreta
Os dados de maior relevância obtidos neste trabalho foram os IGI’s, correspondentes a cada
manifestação patológica, e o IGG do pavimento. O Anexo V mostra a compilação de todos os dados e
os respectivos valores de IGI/tipo de patologia. Com valor de IGG igual a 230,4, o pavimento é
classificado como péssimo, segundo o Quadro 4. Os remendos, os afundamentos locais plásticos e
as trincas isoladas interligadas tipo “couro de jacaré” foram os defeitos com maior contribuição para o
IGG.
As fendas tipo 1 não foram contabilizadas no cálculo da frequência absoluta considerada
quando na estação sob análise foram detectadas trincas interligadas tipo 2. De maneira semelhante,
as fendas tipo 1 e as trincas interligadas tipo 2 foram desconsideradas quando na mesma estação
foram observadas trincas interligadas tipo 3. Para melhor compreensão desta informação, foram
hachurados em vermelho os defeitos desconsiderados (Anexo IV). Isto se deve ao fato das tricas tipo
3 serem uma evolução das trincas tipo 2, que por sua vez são uma evolução das trincas do tipo 1.
Considerar tais defeitos no cálculo do IGG seria excessivo e poderia mascarar a real condição do
pavimento.
5 CONCLUSÃO
A partir da análise objetiva do pavimento flexível realizada neste trabalho, conclui-se que a
péssima condição na qual ele se encontra sinaliza a necessidade de mudanças, como: no sistema de
drenagem de águas pluviais, na uniformização do tipo de revestimento em toda sua extensão e
principalmente na forma de execução da pavimentação. Dado o elevado grau de degradação, a
repavimentação seria a forma mais adequada para corrigir tantos defeitos, principalmente os mais
profundos. E vale ressaltar que esta deve ser feita conforme um projeto, atendendo requisitos de
qualidade normatizados e demandas do tráfego.
Sugere-se para trabalhos futuros um levantamento junto à Prefeitura Municipal de Manhuaçu
– MG tanto das vias que foram, de fato, projetadas como dos tipos de revestimento utilizados na
pavimentação, para que seja feita uma associação adequada e mais fiel à realidade, entre as
patologias levantadas e a execução da pavimentação. Recomenda-se ainda, a análise das patologias
quanto à severidade, através da elaboração de um fator próprio de ponderação, como realizado por
Danieleski (2004).
6 REFERÊNCIAS
DOCE OBRA. Piso intertravado: O que é e tudo sobre revestimento. Disponível em:
<https://casaeconstrucao.org/revestimentos/piso-intertravado/>. Acesso em: 27 de nov. 2018
SENÇO, W. Manual de Técnicas de Pavimentação, Vol. 2. 1ª Edição – São Paulo, SP. Ed. Pini,
2001.