141790-Texto Do Artigo-278458-1-10-20171219
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RESUMO: Algumas esculturas budistas possuem letras sánscritas inscritas em seus corpos. Estas
marcas enigmáticas são partes da obra-prima e revelam um diálogo muito antigo entre âs linguagens
artística e ideográfica.
Palavras-chave: sánscrito/japonés, shuji, escultura budista, Japão.
ABSTRACT: Some Buddhist sculptures have Sanskrit letters engraved in their bodies. These
enigmatic marks take part in masterpiece and disclose a very ancient dialogue between the artistic
and ideographical languages.
Key words: Sanskrit/Japanese, shuji, Buddhist sculpture, Japan
1_ Melo, Gladstone Chaves de. Iniciação à Filologia e à Lingüística Portuguesa. Rio de Janeiro: Livraria
Acadêmica, [sd], p. 85〜103. Os outros ramos são: o hitita, o tocário, o grego, o italo-celta, o germânico, o
báltico, o eslavo, o albanês e o armênio. Alguns historiadores acreditam numa civilização muito desenvol-
vida no vale dos rios Indo e do deserto do Rajastão há pelo menos 4500 anos. Porém, em algumas descrições
dos movimentos celestes no Rig Veda, a datação pode pular para 15 a 20 mil a.C. Por volta de 2500 a.C. um
dos povos mais desenvolvidos da antiguidade, hindu ou harappa, tinha cidades planejadas nos vales dos rios
Indo e Ganges (Paquistão e norte da índia), contava com uma estrutura urbana de rede de esgotos, sistema
de fornecimento de água e casas de alvenaria e argila. Praticava intenso comércio com a Mesopotamia e com
os povos do Golfo Pérsico, fabricava diversos utensílios em cerâmica e ferramentas em bronze e cobre. Essa
cultura floresceu por cerca de mil anos, mas foi devastada a partir do séc. XV a.C. quando os povos arianos
invadiram a região e estabeleceram a cultura védica.
2. Os textos sagrados da índia escritos em sánscrito contêm hinos religiosos sacrificiais em linguagem aristo
crática, orações e fórmulas mágicas. A língua dessas coletâneas é conhecida por sánscrito védico.
6. Esta crença na origem divina da palavra é comum na mitologia de vários povos. Na Grécia, a palavra deriva
do deus grego Hermes, o tradutor da linguagem dos deuses para a linguagem humana.
7. Em 327 a.C” as tropas de Alexandre, O Grande, cruzaram o rio Indo no noroeste da índia e tiveram um
contato mais direto com os indianos descrito por autores em cerca de 300 a.C. As influências gregas e persas
inspiram as idéias de Estado, império, administração de territórios e poder centralizado. Após a partida de
Alexandre, muitas alianças geraram o Império Maurya. Por volta de 274 a.C.,Ashoka se tomou imperador
da dinastia Maurya e amparou o budismo elevado à categoria de religião oficial. Durante seu reinado, a
região de Gandhara (hoje, noroeste do Paquistão e leste do Afeganistão), entre os séculos I a.C. e VII d.C”
tinha se tomado cenário de intensiva atividade de missionários budistas. As primeiras imagens de Buda no
sudeste asiático apareceram por volta do século I, em esculturas e monumentos, mostrando as influências
das etnias locais. “THE BIRTH of Buddhist Images” (“O Nascimento das Imagens Budistas”). The East,
v. 23, n. 5, Tôkyô, novembro, 1987, pp.28-31.A dinastia Maurya entrou em declínio até perder o poder em
185 a.C. e a partir dai, várias dinastias ocuparam a índia. A cultura hindu atingiu o seu auge a partir do séc.
IV com a dinastia Gupta, que unificou o poder e diminuiu a influência do budismo. Nesse período, deuses e
deusas ganharam formas humanas e iniciou-se a construção de grandes templos para âDngar as divindades.
No início do séc. IV, a chegada dos hunos pôs fim à dinastia Gupta.
8 O Mahabharata, poema épico hindu, contém 200.000 linhas, ou seja, cinco vezes mais do que a Eneida,
a Odisséia e a Ilíada reunidas, que como se sabe, não fazem parte da literatura védica, mas exemplifica a
riqueza literária que o vedismo promoveu.
9 O jainismo, surgido na índia entre os séculos VII e V a.C. também tem o seu sutra chamado Kalpa ou “Livro
do Ritual’’,que narra a vida de Mahavira, o 24° mestre jaina.
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As letras sánscritas deviam manter a mesma multiplicidade de “forças”
que interagiram com deuses nos primórdios da linguagem humana. Podemos
levantar a hipótese de que os ideogramas foram valorizados pelo sánscrito.
Os ideogramas, quando usados em poesia e pintura caligráfica {shodô, 書
道 ),assumem inteiramente a sua natureza artística e revelam a habilidade do
artista. O processo de identidade (do povo japonês e do próprio indivíduo)
através da escrita e literatura se dá ao mesmo tempo em que os escultores de
imagens budistas não são mais apenas monges anônimos que praticam uma
especie de “voto artístico”
O conhecimento pós-Buda
Quando o budismo entrou na China, lá já se acentuava a escrita pictográfica
com mais de 4 mil anos e, por séculos, duas filosofias que marcaram profundamente
a sociedade chinesa pela crença em um modelo de comportamento humano em
que cada pessoa é virtuosa e que a grandeza moral é possível, respectivamente o
confucionismo e o taoísmo. Quando a China traduziu os sutras escritos em sánscritos
para o chinês, naturalmente usaram palavras que já existiam em seu léxico, mas
em ideogramas, e baseado naquelas filosofias. A partir daqui, os ideogramas, então,
também embutiriam a cultura sánscrita, e são esses os ideogramas que passariam para
o japonês.
A qualidade e a quantidade de sutras traduzidos para o chinês deram um
grande salto e durante cerca de mil anos, o empreendimento de tradução dos sutras
continuou, resultando em uma incrível obra de tradução para o chinês.
As traduções do chinês para o japonês foram realizadas ao mesmo tempo
em que nascia a língua japonesa, usando-se os ideogramas chineses com sua leitura
chinesa ON {on-yomi,音 廊 み )e adaptando as palavras nativas japonesas aos
ideogramas chineses, leitura japonesa KUN {ku n -yo m i, 言川読み) . Porém,
10. Uma pergunta interessante é “Por que a China não passou por uma Revolução Industrial, mesmo sendo a
origem de muitas invenções séculos antes das que brilhariam na Europa?”
1 1 . O ramo sino-tibetano inclui os idiomas Chinês, Tibetano, Bhasa de Nepal e Birmanês. O japonês está in
cluído no ramo uralo-altaica, relativa aos Montes Urais, Rússia e aos Montes Altai, Asia Central, mas não
existe vestígio de nenhum tipo de escrita no Japão anterior à introdução da escrita chinesa.
12. O deus japonês Enmaten, Senhor do Inferno, é uma adaptação chinesâ de um deus védico que ganhou acrés
cimos do taoísmo no final da dinastia Tang (618〜907) para o período da Cinco Dinastias (907-960), sendo
por isso representado usando um manto taoísta.
13. O jainismo e hinduísmo tântrico vêem o cosmos como uma gigantesca figura humana, em cuja cabeça estão
os 24 profetas, ou thirthankaras.
14. De acordo com a mitologia Xintoísta de século VIII em obras como Kojiki e Nihon shoki, Izanagi e Izanami
estavam em uma Ponte Flutuante no Céu e investigavam o vazio abaixo com uma lança até tocarem a massa
amorfa da matéria. Eles a sacudiram com uma lança e o que pingou de sua ponta se aglutinou em um lugar
chamado Onogorojima. Subseqüentemente, ilhas foram nascendo pelo ritual de cópula ou emergiram de vá
rias substâncias corporais das divindades. Por exemplo, os 5 deuses das montanhas surgiram quando Izanagi
cortou o deus fogo Kagutsuchi em cinco pedaços.
15. In “Buddhist Comer”. Disponível em www.onmarkproductions.com. Acesso era 2003; In EGAWA, Kiyoshi,
AOKI, Takashi, HIRATA, Yoshio (comps.). Kigô-no Jiten (“Dicionário de Símbolos”). Tôkyô: Sanseidô,
1985, p. 238.
16. A suástica nazista, hakenkreuz (hâkenkuroitsu,ハ一ケンクロイツ)com os braços para a direita e o eixo
inclinado em x, difere do manji cujo eixo é em cruz +. Ainda, enquanto desenho de várias culturas, também
é usada como um tipo de crucifixo (jüjika,十于架).
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A passagem dos escritos budistas do sánscrito para o chinés foi realmente
um encontro de escritas sofisticadas. Do chinés para o japonés, no mínimo, foi
um desafio compreender a carga milenar de significação dos ideogramas a ponto de
não haver outra maneira senão desmanchá-los e distingui-los, gerando um idioma
próprio, mas sem ignorar valores implícitos, ou seja, embora os japoneses pudessem
colocar todos os nomes próprios sánscritos em katakana, usaram os ideogramas, o
que indica que valores muito antigos foram preservados. Sabe-se que há uma certa
liberdade dos ideogramas em nomes próprios17, mas mesmo assim se procura o status
do ideograma isoladamente. Portanto, seria displicente ignorar que, no caso dos
nomes dos Budas, não pudesse ter ocorrido o mesmo. Se sim, qual seria o critério?
Quais valores lingüísticos foram preservados até hoje graças ao esforço da literatura
budista? Olhando para as imagens, isso é muito claro, e mesmo suas lendas nos
remetem a um passado remotíssimo das crenças autóctones e dos mitos arianos e que
compõem as diversas crenças que compõem o hinduísmo e a religião chinesa.
Bibliografía
17. Para a leitura dos nomes próprios japoneses usa-se o auxílio de dicionários de nomes próprios. Um mesmo
nome pode possuir ideogramas diferentes segundo o valor simbólico dos ideogramas escolhidos cuidado
samente pelos pais ao dar nomes aos filhos, ja que esse valor poderá refletir na personalidade. É claro que a
escolha de um nome, em qualquer língua, envolve valores culturais que gostaríamos de imprimir, sobretudo
nos filhos, e até nos animais de estimação, mas o ideograma chinês ainda tem um requinte simbólico incom
parável.
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Egawa, Kiyoshi, Aoki, Takashi e Hirata, Yoshio (comp.). Kigô-no Jiten (“Dicionário de
Símbolos”) Tôkyô: Sanseidô, 1985, p. 238. 江 川 清 青 木 隆 平 田 嘉 男 ( 編者) 「
記号の辞典」 東 京 三 省 堂 1985 (ilustrações: pagode, shuji-mandara, manji)