HINDUÍSMO
HINDUÍSMO
HINDUÍSMO
Professando que a humanidade, a sociedade e o mundo trazem em si a lei da ordem suprema, mas se
acham marcados por conflitos e desordens, o Hinduísmo, por caminhos de sabedoria busca a harmonia profunda
e permanente dos seres, unindo-se ao íntimo e à verdade do Ser. Aceita a reencarnação, pratica a ascese, tende
à mística, cultuando a Divindade, múltipla em suas manifestações, porém vislumbrada na unidade de seu mistério
de comunhão e transcendência.
(Frei Carlos Josaphat)
O hinduísmo engloba um conjunto de tradições culturais e religiosas que se originaram no subcontinente Indiano;
é adequadamente chamado de bramanismo, a tradição e as práticas religiosas que se originaram do povo ariano, de cultura
Brahmacharya (seguidores de Brahma, o conceito criador da trindade hindu);
abrange várias crenças, práticas sociais, filosofias e denominações, algumas religiosas e outras não;
a yoga é a principal vertente prática deste rico manancial cultural, e originalmente não tinha relações com religião alguma;
foi somente pelo séc. VIII d.C., com a grande difusão do Vedanta, através da Índia, por Shankara, com sua filosofia de caráter
espiritualista, que a yoga adquiriu caráter espiritualista.
O hinduísmo é considerado a mais antiga religião do mundo;
ao contrário de outras grandes religiões, não possui nem fundador nem data de fundação;
é baseado em textos religiosos desenvolvidos por vários séculos;
literatura que contém insights espirituais e fornece guias práticos para a vida social e religiosa;
entre tais textos, os antigos Vedas são normalmente considerados os de maior autoridade;
as outras escrituras incluem os dezoito Puranas, e os épicos Mahabharata e Ramayana;
o Bhagavad Gita, contido no Mahabharata é ensinado e estudado como portador das verdades superiores dos Vedas.
Não tem um “início” tal como as outras religiões;
a expressão "hinduísmo", foi dada pelos ocidentais e muçulmanos;
seus fundamentos são considerados eternos; advém, segundo os devotos, da suprema personalidade de deus;
por isso, tais práticas religiosas são chamadas de Sanatana Dharma, ou “religião eterna”, uma vez que contém todo um conjunto
de princípios morais, que tornam as pessoas seres humanos, aqueles que seguem Manu, o primeiro preceptor que ditou as
normas éticas para a humanidade.
Surgiu na índia e se espalhou por Bangladesh, Sri Lanka, Paquistão, Malásia, Singapura, Ásia e, depois chegou ao Ocidente.
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O hinduísmo é visto como a continuação histórica do bramanismo por conter suas origens doutrinárias nos textos sagrados dos
brâmanes.
O Livro dos Vedas, que consiste em quatro coletâneas.
III. OS VEDAS
A palavra “vedas” em tradução primária é sabedoria, mas também significa livros.
vem da raiz “vid”, que significa “conhecer, saber”; assim, a tradução mais usada é a de sabedoria.
São a base do Dharma – que significa conduta ou dever correto e preciso e, também são as escrituras mais antigas da Índia.
São compilações de vários mantras criados pelos antigos Rishis - sábios realizados - durante suas meditações e estados de êxtase e
comunhão divina (samadhi).
Mantra (do sânscrito Man mente e Tra alavanca) é uma sílaba ou poema religioso normalmente em sânscrito.
Os mantras originaram do hinduísmo, porém são utilizados também no budismo e jainismo.
Segundo conta a tradição, os Rishis viram os mantras em estado de meditação profunda e, num trabalho árduo, transcreveram-
nos.
Diz-se que toda a linguagem sânscrita advém desses estados de êxtase e comunhão divina;
por isso, o seu alfabeto passou a ser chamado de Devanagari ou “Escrita Divina”.
O termo Rishi pode ser traduzido como vidente da verdade ou também como mantra drastha ou aquele que vê o mantra.
Pela antiguidade desses conhecimentos, é sabido que não havia papel ou qualquer outro meio de gravação disponível e por isso o
conhecimento era passado oralmente.
Isso contribuiu imensamente para o aprimoramento da gramática e da fonética da Índia antiga.
Os Vedas podem ser separados em duas seções: Samhita e Brahmana.
A união dessas duas seções constitui os Vedas.
Os Samhitas compõem-se de orações e hinos escritos com métrica chamados “ mantra”, e por isso, muitas vezes são chamados de
seção mântrica dos Vedas.
Os Brahmanas são comentários feitos sobre os hinos e geralmente estão em forma de prosa;
essa seção é considerada como os ensinamentos sobre Karma, Upasana e Tattva-Gyana;
Ação, Adoração e Autoconhecimento.
Os Brahmanas são divididos em três seções: Brahmanas, Aranyakas e Upanishads.
Os Upanishads são a contraparte filosófica dos Vedas e revelam a natureza do Ser.
Muitos deles se encontram na parte final da seção Aranyaka, com algumas exceções.
No princípio, os Vedas eram um livro único, depois foram compilados e divididos em quatro livros pelo sábio Vyasa.
Ele dividiu os Vedas em: Rig Veda, Yajur Veda, Sama Veda e Atharva Veda .
Posteriormente deram continuidade ao trabalho dele, quatro de seus discípulos, a saber: Paeli (Rig Veda), Vaishampayan (Yajur Veda),
Jaimini (Sama Veda) e Sumantu (Atharva Veda).
Rig Veda - a palavra “rig” é derivada da raiz “ric” que literalmente significa “ode ou verso”, no sentido de ser um verso sagrado,
recitado em homenagem a um deus específico;
Nele estão contidos hinos dispostos em métricas que devem ser cantados em voz alta;
possui 10.552 mantras que foram percebidos por 403 Rishis.
Yajur Veda: a palavra “Yajur” é derivada da palavra “yajus”, que tem como tradução “veneração ou sacrifício”.
O Yajur Veda é composto de hinos em prosa e seus mantras são usados basicamente em sacrifícios.
Ele é composto por dois Samhitas: o Krishna e o Shukla.
O Yajur Veda e o menor dentre todos os Vedas.
Sama Veda : é basicamente um compêndio de mantras para serem cantados.
A tradição nos diz que em cada Yagna (ritual) o Sama Veda deve ser cantado.
Muitos dos mantras contidos no Sama Veda foram retirados do Rig Veda.
Ele é composto por 1875 mantras.
Atharva Veda: nele existem mantras que podem ser usados com propósitos especiais.
O Arthava Veda possui 5977 mantras, dos quais alguns têm aplicações “leves” e outros, aplicações “pesadas”.
Intimamente ligado ao Tattva-Gyana e a seção Brahmana desse Veda contém os Upanishads Mundaka e Manduky
O conceito da Trimurti tomou forma nos textos védicos, na época do chamado período Purânico.
Ela significa o caminho cíclico do tempo Hindu.
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Vishnu e Shiva continuam sendo muito cultuados, enquanto Brahma tende a arrastar-se para um plano secundário, como um
deus criador.
II. OS QUATRO OBJETIVOS ALMEJADOS NA VIDA DO HINDU SÃO:
kama, artha, dharma e moksha.
Diz-se que todos os homens seguem o kama – prazer e conforto sensual, afetivo e emocional - e artha - poder, fama e riqueza -,
mas paulatinamente, com a chegada da maturidade, aprendem a controlar os desejos e a repulsa com o dharma, ou a harmonia
moral, presente em toda a natureza.
O objetivo maior é infinito, cujo resultado é a absoluta felicidade, moksha, (também conhecida como Mukti, Samadhi, Nirvana, etc.) ou
liberação do Samsara, o ciclo da vida, da morte, e da existência dual.
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Assim, o significado da palavra é – aquilo que suporta. No entanto, com o decorrer do tempo e após muita evolução deste
sistema, agora abarca um sentido de dever e responsabilidade, que é baseado nas virtudes.
Samsara
A palavra samsara do sânscrito Sam = próprio; com; junto com + sara = vagar; desviar; no Sanatana-dharma ou hinduísmo, tem um
significado de transmigração, curso, passagem, de ir numa sucessão de estados, etc., mas o seu sentido prático no Sanatana-
dharma, e nos Seus Darshanas ou visões, a exemplo do Yoga e do Vedanta, Samsara quer dizer ciclo da existência material, ou
reencarnação, por isso, é costume falar em Samsara Chakra, ou roda de nascimentos e mortes no mundo material.
O conceito de Samsara está ligado, de modo inseparável, ao conceito de reencarnação da alma, na filosofia védica. Isso quer
dizer que não há como falarmos em reencarnação sem termos que falar do Samsara e do eterno-retorno, somente superado
uma vez alcançado o Moksha ou liberação, deste ciclo.
Moksha
Moksha ou Mukti, vem do sânscrito - refere-se, em termos gerais, à libertação do ciclo de Samsara - nascimento, crescimento,
sofrimento e morte.
Na mais alta filosofia Hindu, é visto como a transcendência do fenômeno de existir, de qualquer senso de consciência do tempo,
espaço e causa (karma).
Significa a dissolução do senso do ser individual, ou ego, e a avaria total do nama-roopa (nome-forma).
No Hinduísmo, é visto como uma analogia ao nirvana, embora o Budismo tenda a diferir uniformemente da leitura da libertação do
Vedantismo Advaita.
O Jainismo também acredia no Moksha.
Karma
Um fator importante, que devemos levar em conta no Samsara, é que ele está delimitado,
traçado, etc., através da própria vontade da pessoa.
A reencarnação da alma está vinculada a outro conceito muito importante no vedismo, que é a
chamada lei do Karma, ou lei de causa e efeito das ações.
Nossas ações, desejos e aspirações, são satisfeitos na integralidade por um arranjo
transcendental de Deus. Isso quer dizer que se algo não é alcançado numa vida, poderá sê-lo numa
outra.
No Bhagavad-gita, verso 8.6, Krishna diz: "Aquilo que pensares na hora de abandonar o corpo
(morrer) será alcançado”, por conseguinte, tudo o que uma pessoa deseja será atingido,
segundo sua própria vontade, numa vida posterior.
Por outro lado, este “desejo” de querer desfrutar do mundo material é a causa deste “eterno retorno”, por isso, o Samsara é
protagonizado pela própria pessoa, e é o resultado das suas posturas, atividades, ações ou Karma.
Reencarnação
Ironicamente, para alcançar a moksha, deve-se fazer um esforço para não desejá-la. A salvação chega apenas quando a
pessoa abandona todas as buscas e desejos e aceita que a alma individual, o atmã é a mesma que Brahman, a alma
universal ou deus.
Ao sair desse ciclo, um indivíduo não precisa mais suportar a dor e o sofrimento da existência terrena sucessivas vezes.
A crença na reencarnação é predominante também em duas outras religiões na Índia: Jainismo e Sikhismo.
Os adeptos do jainismo acreditam que a alma acumula o carma na forma de uma substância física, diferente da idéia
conceitual da lei cármica dos hindus.
Se a alma estiver carregada de partículas cármicas, ela precisa estar ligada a um corpo, iniciando uma série de
renascimentos.
Somente quando a alma estiver livre de todo o carma poderá sair do ciclo de reencarnação e juntar-se a outras almas
desencarnadas num estado de perfeição.
No entanto, já que os seguidores do j ainismo acreditam que a libertação é impossível no presente, os adeptos mais fiéis
simplesmente buscam a purificação.
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Yoga é o caminho Hindu para quem quer chegar a Brahman, que providencia a eterna liberdade espiritual e a plenitude.
O desenvolvimento da yoga inclui os dois primeiros passos para atingir qualidades
humanas como não-violência, veracidade, etc.; os dois passos seguintes lidam a
manutenção de posturas firmes e a regulação da força vital (respiração); mais dois
passos seguintes lidam com o controle dos sentidos e o foco da mente em Brahman; os
dois últimos passos lidam com a introspecção ininterrupta da mente (a meditação) e
absorção espiritual por Brahman, experienciando plenitude Espiritual e liberdade.
Para além do referido processo de oito-passos, os métodos de devoção, conhecimento e
ação abnegada têm de ser seguidos para o desenvolvimento espiritual, intelectual e físico.
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