Protocolo de Cuidados de Feridas
Protocolo de Cuidados de Feridas
Protocolo de Cuidados de Feridas
DE
CU I DADOS
DE FERI DAS
2008
0
Prefeitura Municipal de Florianópolis
Secretaria Municipal de Saúde
Florianópolis, SC.
Julho, 2008.
CDU : 616-083
CDD : 617.14
Prefeito Municipal
Dário Elias Berger
Vigilância em Saúde
Antonio Anselmo Granzotto de Campos
Organizadores
Lucila Fernandes More – Enfermeira da Vigilância em Saúde / CEREST
Suzana Schmidt de Arruda – Enfermeira da Vigilância em Saúde / CEREST
REFERÊNCIAS .....................................................................................................67
APÊNDICES..........................................................................................................70
Apêndice 1 – Questionário sobre curativo .............................................................71
Apêndice 2 - Guia para Avaliação e Descrição de Feridas....................................74
Apêndice 3 – Ficha de Avaliação de Feridas.........................................................75
Apêndice 4 – Fluxograma de Liberação de Insumos para Curativo ......................76
6%
94%
3%
97%
O gasto de materiais foi estimado, sendo que se observou que a quantidade referida
de uso é maior que a dispensada pelo almoxarifado.
Ainda em relação ao material utilizado, as respostas nos indicam que a utilização de
produtos como água oxigenada e P.V.P.I. tópico são usuais no tratamento das
feridas, bem como o uso da pomada de neomicina e bacitracina seguido da
utilização de Ácido Graxo Essencial (AGE).
Verificando a literatura encontramos referências de contra indicação do uso do
P.V.P.I. tópico e da pomada de neomicina e bacitracina no tratamento das feridas.
O P.V.P.I. tópico possui ação deletéria nos tecidos provocando alguns efeitos
colaterais, tais como: acidose metabólica, hipernatremia, neutropenia, irritação da
pele e membranas mucosas, queimadura, dermatite, hipotireoidismo e prejuízo da
função renal.
Em relação à utilização tópica da neomicina, verificamos que ela é a causa mais
freqüente de alergias o que pode desencadear resposta alergênica a outros
medicamentos com princípio ativo similar.
1. OBJETIVOS
DE LI T ERAT U RA
PROT OCOLO DE FERI DAS 13
1. Histórico do tratamento de feridas
3.1. Etiologia
O transudato é uma substância altamente fluida que passa através dos vasos e
com baixíssimo conteúdo de proteínas, células e derivados celulares.
O exsudato é um material fluido, composto por células que escapam de um vaso
sanguíneo e se depositam nos tecidos ou nas superfícies teciduais, usualmente
como resultado de um processo inflamatório. O exsudato é caracterizado por um alto
conteúdo de proteínas, células e materiais sólidos derivados das células. Os
exsudatos das reações inflamatórias variam no conteúdo de líquido, proteínas
plasmáticas e células. A natureza exata do exsudato é amplamente ditada pela
gravidade da reação e sua causa específica.
A coloração do exsudato depende do tipo de exsudato e pode ser característica do
pigmento específico de algumas bactérias. Existem diversas colorações, sendo as
mais freqüentes as esbranquiçadas, as amareladas, as avermelhadas, as
esverdeadas e as achocolatadas.
O exsudato seroso é caracterizado por uma extensa liberação de líquido, com
baixo conteúdo protéico, que conforme o local da agressão origina-se de soro
sanguíneo ou das secreções serosas das células mesoteliais. Esse tipo de exsudato
inflamatório é observado precocemente nas fases de desenvolvimento da maioria
das reações inflamatórias agudas, encontrada nos estágios da infecção bacteriana.
O exsudato sanguinolento é decorrente de lesões com ruptura de vasos ou de
hemácias. Não é uma forma distinta de exsudação, é quase sempre, um exsudato
fibrinoso ou supurativo, acompanhado pelo extravasamento de grande quantidade
de hemácias.
O exsudato purulento é um líquido composto por células e proteínas, produzida por
um processo inflamatório asséptico ou séptico. Alguns microrganismos
(estafilococos, pneumococos, meningococos, gonococos, coliformes e algumas
amostras não hemolíticas dos estreptococos) produzem de forma característica,
supuração local e por isso são chamados de bactérias piogênicas (produtoras de
pus).
Exsudato fibrinoso é o extravasamento de grande quantidade de proteínas
plasmáticas, incluindo o fibrinogênio, e a participação de grandes massas de fibrina.
D. Quanto à profundidade:
Feridas planas ou superficiais: envolvem a epiderme, derme e tecido
subcutâneo;
As feridas são classificadas pela forma como se fecham. Uma ferida pode se fechar
por intenção primária, secundária ou terciária.
• 1ª intenção ou primária: a cicatrização primária envolve a reepitelização, na
qual a camada externa da pele cresce fechada. As células crescem a partir
das margens da ferida e de fora das células epiteliais alinhadas aos folículos
e ás glândulas sudoríparas. As feridas que cicatrizam por primeira intenção
são, mais comumente, feridas superficiais, agudas, que não tem perda de
tecido e resultam em queimaduras de primeiro grau e cirúrgicas em cicatriz
mínima, por exemplo. Levam de 4 a 14 dias para fechar;
• 2ª intenção ou secundária: é uma ferida que envolve algum grau de perda
de tecido. Podem envolver o tecido subcutâneo, o músculo, e possivelmente,
o osso. As bordas dessa ferida não podem ser aproximadas, geralmente são
feridas crônicas como as úlceras. Existe um aumento do risco de infecção e
demora à cicatrização que é de dentro para fora. Resultam em formação de
cicatriz e têm maior índice de complicações do que as feridas que se
cicatrizam por primeira intenção;
• 3ª intenção ou terciária: Ocorre quando intencionalmente a ferida é mantida
aberta para permitir a diminuição ou redução de edema ou infecção ou para
permitir a remoção de algum exsudato através de drenagem como, por
exemplo, feridas cirúrgicas, abertas e infectadas, com drenos. Essas feridas
cicatrizam por 3ª intenção ou 1ª intenção tardia.
As diretrizes da Agency for Health Care Policy and Research (AHCPR) são pouco
precisas com relação ao desbridamento. Contudo, indicam a remoção de qualquer
tecido necrosado do interior da ferida, se esta for consistente com os objetivos, com
a seleção do método apropriado às condições do usuário, bem como as
necessidades de avaliação e o controle da dor. As diretrizes também estabelecem
que as técnicas de desbridamento podem ser utilizadas isoladas ou combinadas.
Sob essa ótica, o desbridamento de tecido inviável é o fator mais importante na
gerência de lesões. A cicatrização não pode ocorrer até que o tecido necrótico seja
removido. Áreas de tecido necrótico podem esconder líquidos subjacentes ou
abscessos. O tecido necrótico pode ser amarelo e úmido ou cinza, e está separado
do tecido viável. Se este tecido necrótico e úmido secar, aparecerá uma escara
preta, grossa e dura. Porém, mesmo que o desbridamento seja doloroso,
especialmente em queimaduras, estes são necessários para prevenir infecção e
promover a cura, bem como se deve considerar a instalação do processo infeccioso.
Os métodos de desbridamento podem ser:
5. Avaliação de feridas
As queimaduras são os maiores traumas a que um ser humano pode ser exposto.
Nenhum outro tipo de trauma desencadeia uma resposta metabólica tão intensa e
com tantas repercussões em praticamente todos os órgãos e sistemas. Além das
repercussões imediatas conseqüentes às queimaduras, as seqüelas físicas e
emocionais do usuário queimado e de sua família permanecem por toda a vida.
Entretanto, recentes avanços no conhecimento da fisiopatologia da resposta
metabólica à queimadura, cuidados com as feridas, novas técnicas cirúrgicas e
bioengenharia da pele têm demonstrado excelentes resultados na maioria dos
usuários queimados que sobrevivem ao trauma.
As queimaduras comprometem as funções básicas da pele e/ou causam alterações
das funções normais de outros órgãos e sistemas. Sua gravidade é determinada
principalmente pela extensão da superfície corporal queimada e pela profundidade.
A profundidade da lesão é dependente da temperatura e duração da energia térmica
aplicada à pele. O contato da pele com o calor, substâncias químicas ou eletricidade
resulta na destruição do tecido em graus variáveis. Do ponto de vista evolutivo as
queimaduras são classificadas em:
• Primeiro Grau: Atinge apenas a epiderme, o local apresenta hiperemia ou
vermelhidão, calor, edema discreto, ardência e ressecamento da pele.
Geralmente, aparecem em pessoas que se expuseram demasiadamente ao
sol (raios ultravioleta) e/ou ao calor extremo. Quando atinge mais da metade
do corpo, torna-se grave;
• Segundo Grau: Atinge a derme, podendo ser superficial e profunda e tem
como característica a presença de flictenas ou bolhas com conteúdo líquido
O esquema de Lund e Browder (Quadro 3.2), mais adequado para uso em pediatria
e a comparação da SCQ com a região palmar (incluindo os dedos) do usuário que
corresponde a aproximadamente 1% da SCQ.
IDADE
ÁREA %
0-1 1-4 5-9 10-14 ADULTO
Cabeça 19 17 13 11 7
Pescoço 2
Tronco Anterior/
13
Posterior
Braço Direito/ Esquerdo 4
Antebraço Direito/
3
Esquerdo
Mão Direita/ Esquerda 2,5
Nádega Direita/
2,5
Esquerda
Genitália 1
Fonte: Lund CC, Browder NC.
Coxa Direita/ Esquerda 5,5 6,5 9 8,5 9,5
Skin estimation of burns. Surg
Ginecol Obstet. 79:352-8, 1944; Perna Direita/ Esquerda 5 5,5 - 6 7
O tecido queimado deve ser tratado com degermação – balneoterapia diária com
clorexidina 1% – e uso de agentes antimicrobianos como sulfadiazina de prata para
evitar a proliferação bacteriana no tecido queimado. Concentrações muito baixas são
letais para a maioria dos microrganismos, agindo na membrana celular e na parede
celular bacteriana. Após o enxágüe da clorexidina, ela é aplicada em uma camada
fina, sobre a superfície queimada. O tratamento deve ser contínuo, com aplicação 1
vez ao dia, após o banho. Está sempre indicada a excisão e enxertia de pele,
portanto o usuário deverá ser encaminhado ao hospital para a realização do
procedimento.
TIPO DE
CARACTERÍSTICAS
DERMATITE
M ET ODOLÓGI CAS
DE FERI DAS
A. Curativo Tradicional
Material:
Pacote de curativo (normalmente tem 1 pinça hemostática e/ ou Kocher, 1
anatômica e 1 dente de rato);
Pacote de compressa cirúrgica 7,5x7,5 cm estéreis;
Saco de lixo hospitalar (se necessário);
Chumaço (s/n);
Cuba rim;
Atadura (s/n);
Luvas de procedimento;
Solução fisiológica a 0,9% aquecida (37°C);
Esparadrapo comum ou esparadrapo hopoalergênico (s/n).
Material:
Cobertura adequada (de acordo com a prescrição de Enfermagem);
Luvas de procedimento;
Pacote de curativo;
Cuba rim;
Saco de lixo hospitalar (s/n);
Pacote de gaze estéril;
Cuba redonda estéril;
Seringa de 20 ml;
Agulha 40x12;
PROCEDIMENTO:
Lavar as mãos;
Observar orientação e prescrição médica e/ou de enfermagem;
Preparar material observando validade e integridade;
Preparar o ambiente;
Orientar o cliente;
Calçar luvas, normalmente de procedimento;
Remover curativo antigo com cuidado para não lesar a pele utilizando a pinça
anatômica dente de rato ou com as mãos enluvadas. O uso de SF 0,9% pode
ajudar na remoção;
Desprezar a pinça utilizada para remoção do curativo, bem como trocar as
luvas se estiverem contaminadas. Examinar a ferida cuidadosamente
observando: pele e adjacências (coloração, hematomas, saliências) aparência
dos bordos, características do exsudato, presença de tecido necrosado, de
granulação, sinais de infecção (hiperemia, edema, calor, dor).
• Se ferida fechada: realizar a limpeza começando pelo local da incisão
utilizando a pinça Kocher. Fazer uma torunda de gaze com o auxílio da pinça,
molhar a mesma com SF 0,9% Com movimentos rotatórios do punho, de
forma rítmica e firme, iniciar a limpeza de dentro para fora, do local mais limpo
para o mais contaminado. Utilize todas as faces da torunda apenas uma vez,
desprezando em seguida.
• Se ferida aberta: Realizar irrigação com solução fisiológica 0,9%, morna
utilizando seringa de 20ml e agulha 40X12 ou frasco de SF 0,9% perfurado
com agulha 40X12. Se necessário, remover exsudatos e/ou fibrina e/ou restos
celulares da lesão. Secar a região peri-lesional, aplicando no leito da ferida a
cobertura indicada. Cobrir com curativo secundário.
A utilização de soluções anti-sépticas deve ser realizada somente após
criteriosa avaliação.
Utilizar a pinça anatômica para cobrir a ferida.
Ao final, recolher o material, deixar o ambiente em ordem, desprezar o
material descartável contaminado em lixo hospitalar (saco branco).
• Limpar a pele ao redor do ostoma com água morna e sabão neutro, enxaguar
abundantemente e secar bem com um tecido macio;
• Medir o ostoma, utilizando um medidor específico, e marcar o tamanho no
papel (proteção) que recobre a placa protetora da bolsa;
• Antes de recortar, afastar a parte plástica anterior da posterior, tomando o
cuidado de não perfurar a bolsa;
• Recortar a abertura inicial da placa e posicionar a bolsa com a abertura sobre
a ostomia;
• Retirar o papel protetor da placa e posicionar a bolsa com a abertura sobre a
ostomia, pressionando levemente contra a pele;
• Remover o papel protetor do adesivo lateral (quando existir) e fixá-lo na pele
com uma leve pressão sem formar rugas;
• Proceder à remoção da bolsa. Indica-se preferencialmente a retirada durante
o banho, pois o umedecimento do adesivo e o deslocamento da placa
protetora suavemente da pele facilitam o procedimento. Indica-se que a troca
ocorra pela manhã ou entre as refeições, pois nestes horários há uma
diminuição da eliminação do conteúdo intestinal.
A. Alginato de Cálcio
C. Prata Nanocristalina
D. Hidrocolóide
F. Colagenase
MANUTENÇÃO AÇÃO
ABSORÇÃO DESBRIDAMENTO PREENCHER
LIMPEZA DO MEIO ANTIMICRO
DE EXSUDATO AUTOLÍTICO CAVIDADES
ÚMIDO BIANA
Alginato de
cálcio ou sódio
Usuário
Sala de
Curativo
Curativos complexos:
drenos, úlceras,
Curativo Simples
queimaduras, feridas
cirúrgicas e traumáticas
Técnico/Auxiliar de
Consulta Consulta de
Enfermagem
Médica SN Enfermagem
a) Orienta
usuário/família
b) Registra dados Lesão com Tecidos Feridas Lesão com
Viáveis Cirúrgicas Tecidos Inviáveis
Se presença de exsudato:
curativo tradicional
ÚLCERAS DE
PRESSÃO
Primeiro grau: usar hidratantes e Segundo grau Terceiro grau: curativo com sulfadiazina de
evitar exposição ao sol prata e encaminhar ao hospital para
avaliação com cirurgia plástica
Reavaliar após 48h: - retirar curativos terciários e secundários, avaliar curativo primário;
- Complementação do Preenchimento do apêndice 4
- Manter reavaliações e trocas conforme o período de permanência permitido para cada curativo;
- Complementação do preenchimento do Apêndice 4.
15 dias
Cicatrizou: usar hidratantes e massagem local; Não cicatrizou: encaminhar ao hospital para
evitar exposição ao sol por 06 meses. avaliação com cirurgia plástica
M ON I T ORAM EN T O
PROFI SSI ON AI S DE
SAÚ DE
3. Atribuições do Médico
OBS.: Em caso de suspeita de infecção local, deverá sempre ser solicitada cultura
com antibiograma. O tratamento com antibiótico sistêmico deverá ser iniciado logo
após a coleta de material. O principal valor da cultura é guiar o tratamento quando
houver falha terapêutica após um esquema inicial.
DA AT U AÇÃO DO
EN FERM EI RO
IRON, Glenn. Feridas: novas abordagens, manejo clínico e atlas em cores. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
LUND C.C., Browder N.C. Skin estimation of burns. Surg Ginecol Obstet.1944;
79:352-8.
TRELYN, J. Spirit of the beehive. Nursing Times, London, v. 93, n.7, p.72-74, 1997.
8) Qual a periodicidade?
□ Diário □ 1 x/semana □ 2 x/semana □ 3x/semana □ 4x ou + por semana
9) Para deslocamento:
infecção)
ÚLCERA
Vem. /Art.: - Estágio: I (epiderme + derme); II (subcutâneo); III (fáscia, músculo); IV (osso,
articulação)
Pé Diabético: - Grau: 0 (pé em risco); 1 (úlcera superficial); 2 (subcutâneo/tendão/ligam.); 3
(infecção/abscesso); 4 (pequena Gangrena: dedos, calcâneo, plantar
anterior/posterior); 5 (grande gangrena)
Queimadura: - Grau: 1º (epiderme: hiperemia, s/ bolhas, flictenas); 2º (epiderme, parte da derme,
bolhas, flictenas); 3º (epiderme, derme, outros tecidos)
Fonte: Valdenia Dias de Castro.
EQUIPE DE MONITORAMENTO
LOCAL – MÉDICOS E
ENFERMEIROS
CS – INCLUSÃO NO
REC. MATERIAIS – LIBERAÇÃO RESSUPRIMENTO MENSAL
PARA O CS JUNTO DO
RESSUPRIMENTO
CS - RECEBIMENTO E UTILIZAÇÃO
DO MATERIAL