Original Protocolo Enfermagem PDF

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TERESINA - PI, 2016

PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA


FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE

2º EDIÇÃO - 2016
2016 - Fundação
Gestão Municipal:
Municipal de Saúde -
FMS
Firmino da Silveira Soares Filho
Todos os direitos
Prefeito Municipal de Teresina
reservados a FMS.
Normas e Manuais Francisco das Chagas de Sá e
Técnicos. Pádua
Presidente da Fundação
Elaboração e Municipal de Saúde – FMS
Distribuição
Fundação Municipal de Smithanny Barros da Silva
Saúde Diretoria de Articulação das
End. Rua 1º de Maio, nº Ações Assistenciais
1530, Bairro Aeroporto.
Telefone: Diretorias Regionais de Saúde -
086.3215.7732 / 7719 DRS

Distribuição: CD – Adriana Maria de Carvalho


Virtual Valadares
DRS Centro Norte
Coordenação Geral:
GEAB/FMS José de Ribamar Santos Filho
Ayla Maria Calixto de DRS Leste Sudeste
Carvalho
Maria de Fátima de Sousa
DRS Sul
Email:[email protected]

Autores e Revisores do Protocolo:


- Identificados nos Capítulos do Protocolo
PIAUÍ (Teresina), Fundação Municipal de Saúde. Diretoria de
Articulação das Ações Assistenciais. Gerência de Atenção
Básica. Protocolo de Enfermagem na Atenção
Básica e Ambulatórios do Município de Teresina. Teresina:
2016.

451p. (Série A - Normas e Manuais Técnicos).

1.Saúde da Família 2. Ambulatórios 3.Protocolo de


Enfermagem.
I. Título.
Aproveitem este protocolo, leiam, estudem e façam dele um dos
seus instrumentos de trabalho, mas nunca o seu único objeto de
trabalho. A enfermagem é muito mais do que
isso... A enfermagem que queremos perpassa por justiça,
reconhecimento, trabalho com qualidade, conhecimento, ciência,
técnica, amor, paixão, saber ouvir e estar junto dos
nossos clientes, da pessoa, família e comunidade.
Este protocolo é uma conquista de todas (os) enfermeiras (os)
teresinenses e é com muita satisfação que a Fundação Municipal
de Saúde o entrega a todas as enfermeiras e
enfermeiros da Estratégia Saúde da Família de Teresina.
Gerente de Atenção Básica
Maria Eliane Martins Oliveira da Rocha
(1ª edição: 2012)

“Podemos ser instruídos com o conhecimento de outro, mas


não podemos ser sábios com a sabedoria de outro”.
Michel De Montaigne.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................... 08
CAPÍTULO I
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À SAÚDE
DA CRIANÇA ..............................................................................17
CAPÍTULO II
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À SAÚDE
DO ADOLESCENTE ...................................................................74
CAPÍTULO III
PROTOCOLOS DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À
SAÚDE DA MULHER PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO
........................................................................................................ 88
- PREVENÇÃO DE CÂNCER COLO ÚTERO .........................114
- PREVENÇÃO DE CÂNCER DE MAMA ................................130
- CLIMATÉRIO ..........................................................................140
- PLANEJAMENTO REPRODUTIVO .....................................149
CAPÍTULO IV
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À SAÚDE
DO ADULTO - HIPERTENSÃO ARTERIAL .....................164
CAPÍTULO V
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À SAÚDE
DO ADULTO DIABETES MELLITUS .................................191
CAPÍTULO VI
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À
PESSOA IDOSA .........................................................................214
CAPÍTULO VII
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AO
USUÁRIO EM SAÚDE MENTAL ..........................................239
CAPÍTULO VIII
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA VIGILÂNCIA EM
SAÚDE - DENGUE, TUBERCULOSE, HANSENIASE E
OUTROS AGRAVOS ...............................................................259
CAPÍTULO IX
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM – INFECÇÕES
SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, AIDS E HEPATITES
VIRAIS .......................................................................................330
CAPÍTULO X
ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM ................363
CAPÍTULO XI
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO – POP ........375
ANEXO: PORTARIA Nº 1.294 .............................................. 448
APRESENTAÇÃO

O presente instrumento de trabalho foi elaborado com o


objetivo de orientar os profissionais enfermeiros a desenvolver suas
atividades de forma a qualificar a assistência, garantir a segurança e
os direitos dos usuários e dos profissionais de enfermagem e apoiar
os profissionais frente às mudanças do modelo de atenção a saúde
propostas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
É também um protocolo facilitador e orientador do processo
de trabalho para os enfermeiros que lidam com a pessoa/indivíduo
em todo o seu ciclo de vida, com a família e comunidade, durante a
Consulta de Enfermagem nas Unidades Básicas de Saúde (UBS),
nos ambulatórios, no domicílio, no atendimento a grupos educativos
e / ou em espaços coletivos, como a creche, pré-escola e a escola (a
saúde do escolar: sua higiene corporal e oral, a saúde mental, triagem
auditiva, oftalmológica, antropométrica e alimentação, dentre
outros).
Para elaboração deste protocolo, tem-se como referência a
Portaria da Atenção Básica GM 2488/11, a Lei do Exercício
Profissional de Enfermagem Nº 7.498/86, os Manuais e portarias do
Ministério da Saúde (MS). E para o desenvolvimento do trabalho de
enfermagem com base científica tem-se como referência a
Sistematização da Assistência de Enfermagem (Resolução COFEN
nº 358/09) e quanto a Teoria de Enfermagem sugere-se o uso da
Teoria de Wanda Aguiar Horta – Necessidades Humanas Básicas.
A teoria de Horta (1979) tem como base as leis do equilíbrio, da
adaptação e holística. A enfermagem neste contexto é definida
como uma ciência aplicada e é uma profissão que integra a equipe

8
de saúde buscando o cuidado e a prestação de serviços ao ser
humano, no contexto individual, familiar, na comunidade e
sociedade em que se insere.
Este documento também é o resultado do trabalho de um
grupo de profissionais visionários que almejam desenvolver com
qualidade a assistência prestada ao usuário, com base solida e
fundamentada na legislação e Constituição Brasileira, e nas
mudanças imprescindíveis para atenção à saúde no modelo da
Clínica Ampliada e das Redes de Atenção à Saúde. E também da
gama de ações necessárias ao desenvolvimento de uma Atenção
Básica de Saúde/SUS com atenção integral, com equidade, de
qualidade e humanizada.
O Protocolo de Enfermagem na Atenção Básica de Saúde e
Ambulatórios foi instituído através da Portaria/FMS nº 1.294 de 2
de outubro de 2012 e poderá passar por revisões a cada dois anos
para que se proceda adequações as leis, portarias e manuais do
Ministério da Saúde / SUS e da Enfermagem.

9
1. O PAPEL DA EQUIPE DE ATENÇÃO BÁSICA
NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMILIA

Realizar atendimento tendo como ponto de partida o


acolhimento: promovendo a escuta qualificada, recebendo
bem, ouvindo a demanda, buscando formas de compreendê-la
e solidarizar-se com ela, promovendo uma escuta qualificada
que deve ser realizado por toda a equipe de saúde e em toda
relação entre profissional de saúde – pessoa em cuidado.
As atribuições de cada um dos profissionais das
equipes de atenção básica estão determinadas na PORTARIA
Nº 2.488, DE 21 DE OUTUBRO DE 2011, que aprova a
Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão
de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica,
para a Estratégia Saúde da Família (ESF), o Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS), dentre outros.
Assim, devem seguir as referidas disposições legais e as que
regulamentam o exercício de cada uma das profissões.

1.1 ATRIBUIÇÕES DO (A) ENFERMEIRO (A)


As atribuições específicas do enfermeiro são as
determinadas na Portaria Nº 2.488/2011 e as especificadas:
- Realizar a Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE) no âmbito ambulatorial, com atendimento feito através
da Consulta de Enfermagem.

10
- Realizar diagnóstico de enfermagem e prescrições das ações e
intervenções de enfermagem de acordo com problemas de
saúde detectados.
- Solicitar exames complementares que são necessários para
avaliação clínica de enfermagem da situação de saúde do
paciente/cliente.
- Prescrever medicamentos conforme padronização deste
protocolo, normativas do Ministério da Saúde e/ou portaria
municipal.
- Divulgar para os usuários quanto à importância das consultas
de enfermagem com vistas à prevenção e promoção da saúde,
recuperação e reabilitação, em todo o ciclo da vida.
- Estimular a adesão ao agendamento das consultas em
conformidade com padrões determinados em manuais do
Ministério da Saúde e estipuladas pela equipe.
- Realizar a escuta qualificada e avaliação minuciosa,
detectando riscos.
- Identificar situações de risco e vulnerabilidades da pessoa,
família e comunidade.
- Identificar dúvidas e dificuldades procurando esclarecê-las.
- Avaliar a pessoa em todo seu ciclo vital buscando solucionar
problemas através da escuta qualificada e de encaminhamentos
aos demais profissionais da equipe de saúde e serviços de
referências.
- Identificar os faltosos dos programas e solicitar a busca ativa
pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS).
11
- Verificar estado vacinal dos usuários do Sistema único de
Saúde (SUS).
- Encaminhar e/ou administrar as vacinas conforme o calendário
do Programa Nacional de imunização (PNI).
- Encaminhar usuários para o serviço de odontologia da
unidade, se necessário.
- Realizar encaminhamentos para médico da ESF e
especialidades médicas, se necessário.
- Supervisionar o trabalho dos Auxiliares e Técnicos de
enfermagem e dos Agentes Comunitários de Saúde - ACS.
- Corrigir problemas detectados, bem como planejar, gerenciar
e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS, preferencialmente
em conjunto com os outros membros da equipe/ESF.

1.2 ATRIBUIÇÕES DO (A) AUXILIAR OU TÉCNICO


DE ENFERMAGEM
As atribuições do Auxiliar ou Técnico de enfermagem
são as determinadas na Portaria Nº 2.488/2011 e as
especificadas:
- Realizar acolhimento do usuário com escuta qualificada;
- Orientar aos usuários quanto às consultas de enfermagem,
médicas e odontológicas e adesão ao agendamento das
consultas estipuladas pela equipe.
- Administrar as vacinas conforme calendários de vacinação e
orientações do enfermeiro e médico da equipe.

12
- Verificar sinais vitais, peso, estatura, perímetro cefálico e
perímetro torácico de acordo com cada caso e necessidade.
- Preencher todos os formulários e fichas de atendimento
necessário ao bom andamento das consultas de enfermagem e
médica.
- Orientar aos usuários sobre os serviços existentes na UBS (sala
de reuniões, SAME, farmácia, vacinas, ferro, vitaminas,
marcação de consultas).
- Executar atividades prescritas pelo enfermeiro com vistas a
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).

2. A CONSULTA DE ENFERMAGEM
A Consulta de Enfermagem consiste em uma
oportunidade de atenção à saúde da criança e adolescente, do
adulto e do idoso. É um momento de acolhimento, interação e
avaliação das condições de saúde e vulnerabilidades na vida
do ser humano em todo o ciclo da vida.
No caso especifico da avaliação das condições de saúde
da criança e da mãe, se destacam a consulta de enfermagem no
aleitamento materno e apoio às dificuldades apresentadas,
aplicação das vacinas para a puérpera e criança, agendamento
da consulta puerperal e de planejamento familiar para a mãe, e
de acompanhamento para a criança sadia – consulta de
puericultura (BRASIL, 2005).
Na consulta permite-se realizar avaliação de acordo
com idade, verificando o crescimento e desenvolvimento
13
adequado para cada idade, fazer o registro nos instrumentos da
SAE e UBS, encaminhamentos para o médico da ESF e/ou
especialidades médicas, ou para psicólogos e nutricionistas,
dentre outros, de acordo com alterações detectadas. Outro
momento da consulta de enfermagem se dá também no
domicílio.
Para o desenvolvimento da Sistematização da
Assistência de Enfermagem e ações de enfermagem com base
científica tem-se como referência a Resolução COFEN nº
358/09, que determina as etapas do Processo de Enfermagem:
1. Coleta de Dados de Enfermagem (Histórico de
Enfermagem), 2. Diagnóstico de Enfermagem, 3.
Planejamento de Enfermagem, 4. Implementação e
5.Avaliação de Enfermagem.

2.1 COLETA DE DADOS / HISTÓRICO DE


ENFERMAGEM:
O enfermeiro deve utilizar os instrumentos que
permitam a realização de uma anamnese e exame físico
adequado a cada pessoa consultada e teoria escolhida.
Neste momento, identificam-se os problemas de saúde
e necessidades humanas básicas afetadas e de acordo com
avaliação clínica de enfermagem são realizados os
diagnósticos e intervenções de enfermagem.
Horta (1979) considera que a enfermagem visa o
reconhecimento do ser humano, que tem necessidades
14
humanas básicas, as quais são classificadas em psico-
biológicas, psicossociais e psico-espirítuais. Estas
necessidades são consideradas os entes da enfermagem, e são
estados de tensão, conscientes ou inconscientes, resultantes de
desequilíbrios hemodinâmicos dos fenômenos vitais.
Os desequilíbrios no ser humano exigem do enfermeiro
uma assistência profissional, e são denominados
“necessidades afetadas” que devem ser identificadas e
trabalhadas pelo enfermeiro na Consulta de Enfermagem.
1. Necessidades psico-biológicas: oxigenação,
hidratação, nutrição, sono e repouso, exercícios e atividades
físicas, sexualidade, abrigo, mecânica corporal, mortalidade,
cuidado corporal, integridade cutâneo - mucosa, integridade
física, regulação fisiológica, locomoção, percepção, ambiente
e terapêutica.
2.Necessidades psicossociais: segurança, amor,
liberdade, comunicação, criatividade, aprendizagem, gregária,
recreação, lazer, espaço, orientação espaço - temporal,
aceitação, auto realização, autoestima, participação,
autoimagem e atenção.
3.Necessidades psico-espirituais: religiosa ou
teológica, ética ou filosofia de vida.

2.2 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM


Feito a partir dos problemas detectados ou necessidade
afetada, que culmina na tomada de decisão sobre conceitos
15
diagnósticos de enfermagem, e constituem a base para seleção
das ações ou intervenções de enfermagem. Deve-se ter como
referência a CIPE ou CIPESC, NANDA.

2.3 PLANEJAMENTO DE ENFERMAGEM


A assistência de enfermagem se dá a partir da avaliação
dos estados de desequilíbrio do ser humano e tem como
objetivo satisfazer as necessidades básicas afetadas buscando
o estado de saúde da pessoa/individuo. Aqui, se determina as
prescrições das ações e intervenções de Enfermagem e os
resultados a serem alcançados.

2.4 CONSULTA DE ENFERMAGEM SUBSEQUENTE


Deve-se realizar:
 AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM – avaliar
os cuidados de enfermagem prescritos e os resultados obtidos
conjuntamente com o cliente e família;
 Realizar o exame físico e o levantamento de
dados ou novas queixas do cliente;
 Identificar problemas → fazer novos
Diagnósticos de Enfermagem e adequar, se necessário, os
cuidados de enfermagem.

16
CAPÍTULO I
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA
ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA

Autores
Maria de Jesus Lima Almeida
Maria Eliane Martins Oliveira da Rocha
Luís Pires de Sousa
Rogers Pires Lima

Revisão – abril 2016


Maria Eliane Martins Oliveira da Rocha
Ozirina Maria da Costa
Rogers Pires Lima

1 INTRODUÇÃO

A atenção a criança traz mudanças que dizem respeito


à ampliação do cuidado com beneficio de uma atenção
integral, que possa compreender todas as suas necessidades e
direitos como indivíduo através da promoção do nascimento
saudável, do acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento, alimentação saudável, com enfoque
prioritário para a vigilância à saúde das crianças de maior risco
e o cuidado às doenças prevalentes.

17
A taxa de mortalidade infantil (referente às crianças
menores de um ano) caiu muito nas últimas décadas no Brasil
devido às ações relacionadas ao contexto social, ampliação da
cobertura da Estratégia Saúde da Família e a outros fatores, os
óbitos infantis diminuíram de 47,1 a cada mil nascidos vivos,
em 1990, para 15,6 em 2010 (IBGE, 2010). Porém, a meta de
garantir a toda criança brasileira o direito à vida e à saúde ainda
não foi alcançada, além de persistirem elevadas taxas de
morbimortalidade infantil, principalmente as mortes de
crianças com menos de um ano acontecem no período neonatal
(até 27 dias de vida) e que representam 68,6%, sendo a maioria
no primeiro dia de vida (BRASIL, 2012).
Assim, um número expressivo de mortes por causas
evitáveis por ações dos serviços de saúde – tais como a atenção
pré-natal, ao parto e ao recém-nascido (RN) – faz parte da
realidade social e sanitária de nosso país. Com o objetivo de
nortear uma assistência de enfermagem qualificada e de
reduzir a morbimortalidade infantil este protocolo tem como
referência a Portaria MS Nº 1.130, de 5 de agosto de 2015, que
institui a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Criança (PNAISC) no âmbito do SUS. A mesma tem por
finalidade promover e proteger a saúde da criança e o
aleitamento materno, mediante a atenção e cuidados integrais
e integrados, com especial atenção à primeira infância e às
populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da
morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com
18
condições dignas de existência e pleno desenvolvimento.
Nesta nova ótica de atendimento as ações de saúde serão
planejadas segundo as necessidades da criança, família e
comunidade e/ou as queixas apresentadas pelo indivíduo.
(BRASIL, 2015)
Portanto, a promoção da saúde integral da criança e o
desenvolvimento das ações de prevenção de agravos e
assistência são objetivos que, para além da redução da
mortalidade infantil, apontam para o compromisso de se
prover qualidade de vida para a criança, ou seja, que esta possa
crescer e desenvolver todo o seu potencial.

1.1 DIRETRIZES
População Alvo
 Crianças de 0 a 9 anos residentes na zona
urbana e rural da cidade de Teresina.
População de Risco / Situações de Vulnerabilidade
 Criança residente em área de risco;
 Baixo peso ao nascer (menor que 2.500g);
 Prematuros (idade gestacional menor que 37
semanas);
 Asfixia grave ou Apgar menor que 7 no 5º
minuto de vida;
 Crianças internadas ou com intercorrências na
maternidade ou em unidade de assistência ao recém-nascido;
 Idade materna menor que 18 anos;
19
 RN de mãe com baixa instrução (< 8 anos de
estudo);
 História familiar de morte de crianças com
menos de 5 anos de idade;
O ciclo da criança compreende um período da vida do
ser humano onde incidem diferentes ricos de adoecer e morrer,
conforme o momento do crescimento e desenvolvimento e a
inserção social da criança. De um modo geral, a
vulnerabilidade da criança ao agravo de saúde é maior nos dois
primeiros anos de vida, especialmente no primeiro ano de vida,
em função da imaturidade de alguns sistemas e órgãos (sistema
imunológico, sistema neurológico, motor e outros), que vão
passar por intenso processo de crescimento.
Outras situações reconhecidas de vulnerabilidade:
aleitamento materno ausente ou não exclusivo, gestação
gemelar, malformação congênita, mais do que três filhos
morando juntos, ausência de pré-natal, problemas familiares e
socioeconômicos que interfiram na saúde da criança,
problemas específicos da criança que interfiram na sua saúde,
não realização de vacinas, identificação de atraso no
desenvolvimento (PORTO ALEGRE, 2004 apud BRASIL,
2015) e suspeita ou evidência de violência.
Planejar o atendimento sob o enfoque de risco significa
um olhar diferenciado para a criança que estar exposta a
determinada condições, sejam biológicas, ambientais ou
sociais- as chamadas situações de riscos- que a predispõe a
20
uma maior probabilidade de apresentar problemas de saúde ou
mesmo de morrer.

1.2 METAS
- Garantir a Consulta do recém-nascido na primeira semana de
vida - através de visita domiciliar a 100% das crianças;
- Identificar os recém-nascidos com fatores de risco para
morbimortalidade infantil;
- Acompanhar prioritariamente 100% dos recém-nascidos de
risco da área;
- Monitorar o cumprimento do calendário mínimo de
atendimento, para acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento da criança;
- Estimular a prática do aleitamento materno exclusivo até o
sexto mês de vida em 100% das crianças, tendo como
referência a estratégia da “Rede Amamenta Alimenta
Brasil”- EAAB.
- Manter atualizado o esquema vacinal de 100% das crianças da
área de abrangência da unidade;
- Orientar a família quanto a medidas para prevenir acidentes
comuns na infância;
- Trabalhar a prevenção de doenças infectocontagiosas e
doenças carências através de orientações básicas de saúde para
as famílias;

21
- Atuar na prevenção de situação de violência e maus-
tratos à criança referenciando à rede de cuidados e acompanhar
as famílias vítimas deste agravo.
Nesta ótica de atendimento as ações de saúde deverão
ser planejadas segundo as necessidades da criança, família e
comunidade e/ou as queixas apresentadas pelo indivíduo.

1.3 PRINCIPIOS NORTEADORES DO CUIDADO NA


SAÚDE DA CRIANÇA

1.3.1 LINHAS DE CUIDADO


O Ministério da Saúde (MS) propõe por meio do
programa Humaniza SUS, a humanização como eixo
norteador das práticas de atenção e gestão em todas as
instâncias do Sistema Único de Saúde (SUS). Humanizar
configura-se no ato de ofertar atendimento de qualidade,
envolvendo e articulando os avanços tecnológicos com o
acolhimento e melhoria nos ambientes de cuidado e das
condições de trabalho dos profissionais da saúde (BRASIL,
2009). Espera-se que todos os profissionais da Atenção Básica
de Teresina agreguem o acolhimento no cotidiano de suas
atividades, assim como exerçam suas atribuições específicas à
saúde da criança, elencadas nas linhas de cuidado à criança.

22
1.3.2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO
INTEGRAL À SAÚDE DA CRIANÇA - PNAISC
Para fins da PNAISC, considera-se:
I - criança: pessoa na faixa etária de 0 (zero) a 9 (nove)
anos, ou seja, de 0 (zero) a 120 (cento e vinte) meses; e
II - primeira infância: pessoa na faixa etária de 0
(zero) a 5 (cinco) anos, ou seja, de 0 (zero) a 72 (setenta e dois)
meses.
Parágrafo único. Para fins de atendimento em serviços
de pediatria no SUS, a PNAISC contemplará crianças e
adolescentes até a idade de 15 (quinze) anos, ou seja, 192
(cento e noventa e dois) meses, sendo este limite etário
passível de alteração de acordo com as normas e rotinas do
estabelecimento de saúde responsável pelo atendimento.
A PNAISC se estrutura em 7 eixos estratégicos, com a
finalidade de orientar e qualificar as ações e serviços de saúde
da criança, considerando os determinantes sociais e
condicionantes para garantir o direito à vida e a saúde
proporcionando a efetivação de medidas que permitam o
nascimento e o pleno desenvolvimento na infância, de forma
saudável e harmoniosa. Bem como a redução das
vulnerabilidades e risco para o adoecimento e outros agravos,
a prevenção das doenças crônicas na vida adulta e da morte
prematura de crianças (BRASIL, 2015).
EIXO I - atenção humanizada e qualificada à gestação,
ao parto, ao nascimento e ao recém-nascido: consiste na

23
melhoria do acesso, cobertura, qualidade e humanização da
atenção obstétrica e neonatal, integrando as ações do pré-natal
e acompanhamento da criança na atenção básica com aquelas
desenvolvidas nas maternidades, conformando-se uma rede
articulada de atenção;
EIXO II - aleitamento materno e alimentação
complementar saudável: estratégia ancorada na promoção,
proteção e apoio ao aleitamento materno, iniciando na
gestação, considerando-se as vantagens da amamentação para
a criança, a mãe, a família e a sociedade, bem como a
importância de estabelecimento de hábitos alimentares
saudáveis;
EIXO III - promoção e acompanhamento do
crescimento e do desenvolvimento integral: consiste na
vigilância e estímulo do pleno crescimento e desenvolvimento
da criança, em especial do "Desenvolvimento na Primeira
Infância (DPI)", pela atenção básica à saúde, conforme as
orientações da "Caderneta de Saúde da Criança", incluindo
ações de apoio às famílias para o fortalecimento de vínculos
familiares;
EIXO IV - atenção integral a crianças com agravos
prevalentes na infância e com doenças crônicas: consiste em
estratégia para o diagnóstico precoce e a qualificação do
manejo de doenças prevalentes na infância e ações de
prevenção de doenças crônicas e de cuidado dos casos

24
diagnosticados, com o fomento da atenção e internação
domiciliar sempre que possível;
EIXO V - atenção integral à criança em situação de
violências, prevenção de acidentes e promoção da cultura de
paz: consiste em articular um conjunto de ações e estratégias
da rede de saúde para a prevenção de violências, acidentes e
promoção da cultura de paz, além de organizar metodologias
de apoio aos serviços especializados e processos formativos
para a qualificação da atenção à criança em situação de
violência de natureza sexual, física e psicológica, negligência
e/ou abandono, visando à implementação de linhas de cuidado
na Rede de Atenção à Saúde e na rede de proteção social no
território;
EIXO VI - atenção à saúde de crianças com deficiência
ou em situações específicas e de vulnerabilidade: consiste na
articulação de um conjunto de estratégias intrassetoriais e
intersetoriais, para inclusão dessas crianças nas redes
temáticas de atenção à saúde, mediante a identificação de
situação de vulnerabilidade e risco de agravos e adoecimento,
reconhecendo as especificidades deste público para uma
atenção resolutiva; e
EIXO VII - vigilância e prevenção do óbito infantil,
fetal e materno: consiste na contribuição para o monitoramento
e investigação da mortalidade infantil e fetal e possibilita a
avaliação das medidas necessárias para a prevenção de óbitos
evitáveis.
25
1.4 AÇÕES ESTRATÉGICAS DA PNAISC
O Art 7º diz - São ações estratégicas do eixo de
atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao
nascimento e ao recém-nascido:
I - a prevenção da transmissão vertical do HIV e da
sífilis;
II - a atenção humanizada e qualificada ao parto e ao
recém-nascido no momento do nascimento, com capacitação
dos profissionais de enfermagem e médicos para prevenção da
asfixia neonatal e das parteiras tradicionais;
III - a atenção humanizada ao recém-nascido
prematuro e de baixo peso, com a utilização do "Método
Canguru";
IV - a qualificação da atenção neonatal na rede de
saúde materna, neonatal e infantil, com especial atenção aos
recém-nascidos graves ou potencialmente graves, internados
em Unidade Neonatal, com cuidado progressivo entre a
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), a Unidade de
Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo) e a
Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru
(UCINCa);
V - a alta qualificada do recém-nascido da maternidade,
com vinculação da dupla mãe-bebê à Atenção Básica, de
forma precoce, para continuidade do cuidado, a exemplo da
estratégia do "5º Dia de Saúde Integral", que se traduz em um
26
conjunto de ações de saúde essenciais a serem ofertadas para a
mãe e bebê pela Atenção Básica à Saúde no primeiro contato
após a alta da maternidade;
VI - o seguimento do recém-nascido de risco, após a
alta da maternidade, de forma compartilhada entre a Atenção
Especializada e a Atenção Básica; e
VII - as triagens neonatais universais.
Art. 8º São ações estratégicas do eixo de aleitamento
materno e alimentação complementar saudável:
I - a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC);
II - a Estratégia Nacional para Promoção do
Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável
no SUS - Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB);
III - a Mulher Trabalhadora que Amamenta (MTA);
IV - a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano;
V - a implementação da Norma Brasileira de
Comercialização de Alimentos para Lactentes, para Crianças
de Primeira Infância, Bicos Chupetas e Mamadeiras
(NBCAL);
VI - a mobilização social em aleitamento materno.
Art. 9º São ações estratégicas do eixo de promoção e
acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento
integral:
I - a disponibilização da "Caderneta de Saúde da
Criança", com atualização periódica de seu conteúdo;

27
II - a qualificação do acompanhamento do crescimento
e desenvolvimento da primeira infância pela Atenção Básica à
Saúde;
III - o Comitê de Especialistas e de Mobilização Social
para o Desenvolvimento Integral da Primeira Infância, no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
IV - o apoio à implementação do Plano Nacional pela
Primeira Infância.
Art. 10. São ações estratégicas do eixo de atenção
integral a crianças com agravos prevalentes na infância e
com doenças crônicas:
I - a Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na
Infância (AIDPI);
II - a construção de diretrizes de atenção e linhas de
cuidado; e
III - o fomento da atenção e internação domiciliar.
Art. 11. São ações estratégicas do eixo de atenção
integral à criança em situação de violências, prevenção de
acidentes e promoção da cultura de paz:
I - o fomento à organização e qualificação dos serviços
especializados para atenção integral a crianças e suas famílias
em situação de violência sexual;
II - a implementação da "Linha de Cuidado para a
Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas
Famílias em Situação de Violência";

28
III - a articulação de ações intrassetoriais e
intersetoriais de prevenção de acidentes, violências e
promoção da cultura de paz; e
IV - o apoio à implementação de protocolos, planos e
outros compromissos sobre o enfrentamento às violações de
direitos da criança pactuados com instituições governamentais
e não-governamentais, que compõem o Sistema de Garantia de
Direitos.
Art. 12. São ações estratégicas do eixo de atenção à
saúde de crianças com deficiência ou em situações
específicas e de vulnerabilidade:
I - a articulação e intensificação de ações para inclusão
de crianças com deficiências, indígenas, negras, quilombolas,
do campo, das águas e da floresta, e crianças em situação de
rua, entre outras, nas redes temáticas;
II - o apoio à implementação do protocolo nacional
para a proteção integral de crianças e adolescentes em situação
de risco e desastres; e
III - o apoio à implementação das diretrizes para
atenção integral à saúde de crianças e adolescentes em situação
de trabalho infantil.
Art. 13. Os comitês de vigilância do óbito materno,
fetal e infantil em âmbito local são ações estratégicas do
eixo de vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e
materno.

29
1.5 COMPROMISSO DA UBS.
 Identificação e priorização do atendimento da
criança de alto risco.
 Incentivo ao aleitamento materno.
 Verificação dos testes de triagem neonatal.
 Aplicação e orientação sobre as vacinas do
esquema básico.
 Orientação sobre amamentação e alimentação
saudável.
 Acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento.
 Atendimento aos agravos de saúde.

2. REFERÊNCIA PARA O PROTOCOLO DE


ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM NA
SAÚDE DA CRIANÇA

A Fundação Municipal de Saúde do município de


Teresina-PI, no âmbito da Atenção Básica, adota como parte
integrante de seu protocolo para Saúde da Criança os seguintes
documentos:
 Estatuto da Criança e do Adolescente Lei Nº
8.069/90.
 Agenda de Compromisso para Saúde Integral
da Criança e Redução da Mortalidade Infantil MS/2005.
 Caderno de Atenção Básica da Criança Nº 23,
24 e 33;
30
 Manual - Linhas de cuidado: Saúde da Criança;
 Manuais - AIDPI (Atenção Integrada as
Doenças Prevalentes na Infância), PNI (Programa Nacional de
Imunização), Programa do Ferro e Vitamina A.
Em relação às atribuições do profissional
enfermeiro (a) das equipes e os fluxos de atenção
classificação e estratificação de risco, a FMS resolve:
 Adotar os Critérios Diagnósticos, Classificação
e Estratificação de Risco e Manter as atribuições e
competências da equipe de saúde conforme estabelecidos nos
Cadernos de Atenção Básica e normativas do Ministério da
Saúde (MS), Secretaria de Atenção Básica (SAS) e Programas:
AIDPI, PNI, Ferro e Vitamina A.
 Adotar diretrizes e orientações da PNAISC.

3 CONSULTAS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA (0 a 9


anos)
A adolescência é, portanto, fase de importantes
transformações biológicas e mentais, articuladas ao
redimensionamento de papéis sociais, como mudanças na
relação com a família e escolha de projeto de vida. Percebe-se
o quanto essa fase deve ser valorizada, constituindo-se em
período de muita vulnerabilidade e exposição a fatores de
risco.
A Consulta de Enfermagem a Criança consiste na
avaliação sistemática do crescimento, estado nutricional,
31
situação vacinal, verificação da acuidade visual, auditiva,
medidas antropométricas, higiene bucal e corporal,
desenvolvimento psicomotor, social e psíquico do recém-
nascido e criança com vistas a identificação de
problemas/Diagnostico de Enfermagem e a prescrição de
cuidados de enfermagem, terapêutica e encaminhamentos
adequados e resolução dos problemas, se necessário. Deve ser
realizada com base na Resolução COFEN 358/09 seguindo
todas as etapas do processo de enfermagem.
3.1. OPERACIONALIZAÇÃO
 O acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da
criança de 0 a 9 anos deverá ser realizado através das consultas
de enfermagem e médica ou em função da presença de equipe
multidisciplinar na Unidade Básica de Saúde.
 A Consulta de Enfermagem/puericultura seguirá calendário
mínimo de consulta preconizado pelo Ministério da Saúde
(MS), ou seja, 7 (sete) consultas no primeiro ano de vida: 1ª
semana, 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês, além
de duas consultas no segundo ano de vida (no 18º e no 24º
mês), e a partir do 2º ano de vida consultas anuais, próximas
ao mês do aniversário (BRASIL, 2012, p. 61).
 O acompanhamento da criança no 1º mês deverá ser realizado
em consulta de enfermagem e/ou consulta médica para garantir
a realização e/ou avaliação da triagem neonatal (teste do
pezinho, teste do olhinho, teste do coraçãozinho, do ouvidinho
e da linguinha), acompanhamento da criança com vista ao
32
aleitamento materno exclusivo, vacinas, presença de icterícia
neonatal e detectar alterações e corrigi-las. Aproveitar este
momento para perguntar sobre a saúde da mãe e agendar as
consultas de revisão do parto e 1º mês para o RN.
- Teste do Pezinho – deve ser realizado a partir do 3º
dia de visa, quando já ocorreu uma ingestão adequada de
proteína e é possível analisar com mais segurança o
metabolismo da fenilalanina, evitando-se resultados falsos
negativos para fenilcetonúria. Ideal realizar entre o 3º e 7º dia
de vida (ddv), porém a coleta pode se feita até 30 dias de
nascido.
- Teste do Reflexo Vermelho (TRV) – o enfermeiro na
sua consulta poderá realizar a triagem do olhinho, que deve ser
realizado ao nascer ou na primeira consulta de enfermagem
e/ou medica na atenção básica/ESF (caso não tenha sido feita
ao nascer), aos 6 meses e 12 meses e repetido na consulta de 2
anos. A partir dos 3 anos está indicada a triagem da acuidade
visual anual, com uso de tabelas de letras ou figuras,
adequando-se a idade da criança. Casos de alterações no teste
do olhinho (TRV) ou na acuidade visual deve-se encaminhar a
criança ao médico oftalmologista (recomendações CAD nº 33,
2012, p. 65).
 Os registros do peso, da estatura e do comprimento, bem como
do perímetro cefálico da criança, aferidos nos gráficos de
crescimento, são recomendáveis para todas as consultas, para

33
crianças de risco ou não, até os 2 anos de idade (PANPANICH;
GARNER, 2008).
 E se algumas crianças necessitarem de maior atenção - deve
ser vistas com maior frequência e/ou serem referenciadas ao
atendimento médico especializado.
 Nas consultas de enfermagem entre os 2 e os 10 anos de
idade, deve-se aferir o peso e a altura e plotá-los no gráfico
nas consultas realizadas. A altura para a idade é o melhor
indicador de crescimento da criança e, no Brasil, representa o
déficit antropométrico mais importante. Recomenda-se a
plotagem de peso, estatura/comprimento nas curvas de IMC
por idade e gênero desde o nascimento (LYNCH; WANG;
WILCKEN, 2000). O índice de massa corporal (IMC) teve
seu uso validado em crianças como bom marcador de
adiposidade e sobrepeso, além do fato de que seu valor na
infância pode ser preditivo do IMC da vida adulta (TANAKA
et al., 2001 apud BRASIL 2012, p.63).
 Importante na Consulta de Enfermagem á criança realizar
avaliação de acordo com idade verificando o crescimento e
desenvolvimento adequado para cada idade, registrando dados
no cartão ou caderneta da criança e fazendo encaminhamentos
de acordo alterações detectadas.
 Visitas domiciliares devem ser realizadas para crianças que
apresentaram alterações no estado de saúde e/ou em caso de
faltosos às consultas de rotina.

34
4. SOLICITAÇÃO DE EXAMES
COMPLEMENTARES
Os exames complementares são como o próprio nome
diz, complementares à consulta, visando ao estabelecimento de
diagnósticos que a anamnese e o exame físico não são capazes
de estabelecer isoladamente. Durante o acompanhamento de
puericultura, podem surgir intercorrências que demandem a
solicitação de exames complementares. Poderão ser
solicitados durante a realização da Consulta de Enfermagem
os exames especificados no quadro 1.

Quadro 1- Exames Complementares mínimos para a


avaliação inicial da Criança

EXAMES Valor de Referência


Exame de Urina Rotina 1 Ausência de Proteinúria,
(ou EAS) hematúria
Hemograma Depende do tipo de
amostra, da idade e sexo do
paciente
Exame parasitológico de Normal
fezes
Perfil lipídico Avaliação conforme sexo,
idade e percentil

Hemograma:
Solicitar em caso de dúvidas em relação à situação
clínica da criança; avaliar o grau da palidez palmar e mucosa.
Em casos de crianças com história anterior de anemia.

35
Parasitológico de Fezes (PPF).
Solicitar nas diarreias frequentes; suspeita de
infestações por parasitas ou infecções intestinais recorrentes;
fezes com presença de muco ou sangue.
A reavaliação laboratorial complementar mínima é de
caráter anual, mas depende também da avaliação clínica de
enfermagem à criança e sua idade.

5. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
A Prescrição de medicamentos pelo enfermeiro no
atendimento a criança pode ser realizada de acordo com
avaliação clínica de enfermagem a ser realizada nas consultas
de enfermagem e conforme quadro a seguir.

36
Quadro 2 – Tratamento medicamentoso
MEDICAMENTOS INDICAÇÕES DOSES ADMINISTRAÇÃO
Acetaminofem/ Antitérmico e 1 gota por Kg de Via oral, até 4 vezes/dia (gotas
Paracetamol gotas (200 analgésico peso (máximo de ou comprimido).
mg/ml) / Comprimido 40 gotas por
(500mg) dose)
Dipirona gotas (500mg/ml) / Antitérmico e 1 gota /2kg/ dose
Via oral, até 4 vezes ao dia;
solução oral / Comprimidos analgésico Gotas - dose máxima por dia:
(500mg) * 60 gotas até 6 anos, 120 gotas
de 6 a 12 anos e 160 gotas para
maiores de 12 anos.
Ibuprofeno (50mg/ml – Febre e dores leves e Uso oral, adulto Via oral
suspensão oral) / Comprimido moderadas, associadas a e pediátrico
(200, 300 ou 600mg) gripes e resfriados, dor
de garganta, cabeça,
dente, nas costas,
cólicas
menstruais, dores
musculares e outras.

37
MEDICAMENTOS INDICAÇÕES DOSES ADMINISTRAÇÃO
Permetrina - Loção 1% (10 Escabiose Aplicar loção Aplicação local à noite; Lavar
mg/g) / 5% (50 mg/g) ** Pediculose após 8 -12 h; Pode ser usada a
partir de 2 meses
Aplicar loção Aplicar loção por 10 a 15
minutos por 3 dias seguidos;
Repetir após 7 dias
Permanganato de potássio Anti-séptico. Adultos e Tópico – Banho, higiene local
100mg – Tópico Limpeza e Crianças: ou compressas úmidas
desodorização de dissolver um
feridas e úlceras. Evitar comprimido de
infecção bacteriana 100 mg em 1
secundária das lesões; litro de água
morna.
Banho – diluir 1
comprimido de
100mg de
permanganato de
potássio para 4
litros de água
morna.

38
MEDICAMENTOS INDICAÇÕES DOSES ADMINISTRAÇÃO
Nistatina 100.000 UI/ml – Monilíase oral ½ conta-gotas Via oral
suspensão oral em cada canto da 4 x dia durante 7 dias
boca
Nistatina Creme Moniliase e Dermatite Aplicar na Uso tópico - após a troca de
Cetoconazol 2% - Creme perineal região perineal fraldas e higiene prévia
Neomicina / Bacitracina Infecções locais Aplicação local Uso tópico
Pomada
Dexametaxona Anti-inflamatório e Uso adulto e Uso tópico - o acetato de
pomada/creme 1mg/g (0,1%) antipruriginoso tópico pediátrico – dexametasona atua no alívio da
utilizado no tratamento aplicação local coceira e dos sintomas de
de muitas formas de inflamação.
dermatoses.
Sais de reidratação oral Doença diarreica Pó para solução Via oral
(27,9g) oral – Uso
conforme norma
Solução fisiológica nasal Obstrução nasal Solução nasal – Local
(cloreto de sódio 0,9% - Uso de ½ conta-
9mg/ml) gotas em cada
narina antes das
mamadas

39
MEDICAMENTOS INDICAÇÕES DOSES ADMINISTRAÇÃO
Sulfato ferroso Profilático; 1 mg/kg/dia a Via oral;
xarope (5mg/ml); Solução Palidez palmar leve e/ou
partir do 4º/6º Verificar orientações na Figura
oral (25mg/ml); gotas (1 mg = Hb: 10 a 11 g/dl mês, após inicio 1 em anexo no final deste
1 gota) do desmame até capítulo.
2 anos de idade.
Vitaminas A Profilático Cápsulas de Via oral
Criança de 6 -11 meses 100.000 UI;
(100.000 UI); Cápsulas de
Criança de 12 a 59 200.000 UI:
meses (200.000 UI) 1 Dose de 6 / 6
meses
Albendazol (40 mg/ml e Amebíase, Enterobíase, Suspensão e Via oral
400mg) Oxiuríase, Giardíase e comprimidos
Mebendazol suspensão oral Ascaridíase
(20mg/ml e 100 mg) ****
Metronidazol suspensão oral
(40mg/ml), Comprimidos
(250 e 400 mg)
Fonte de referência: RENAME, 2014; REMUME, 2015.

40
* Crianças menores de 3 meses de idade ou pesando
menos de 5 kg não devem ser tratadas com dipirona sódica.
Doses maiores, somente a critério médico.
** Usar com cautela em menores de 2 anos.
*** Prescrição dos medicamentos do quadro 2 pelo
enfermeiro devem ser aceitos em toda a rede do município e
em farmácias populares que recebem prescrições do SUS.
****Não use mebendazol em crianças com menos de 1
ano de idade.

6. ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS

O Enfermeiro durante a consulta e avaliação clínica de


enfermagem à criança deverá identificar a necessidade de
encaminhamentos para consultas de acordo com problemas
detectados: cirurgião dentista e médico da equipe (na própria
UBS) e especialistas: pediatra, oftalmologista e
otorrinolaringologista; e também para psicólogo e
nutricionista.

7. CUIDADOS DE ENFERMAGEM / TRATAMENTO


NÃO-MEDICAMENTOSO

No manejo dos problemas mais comuns na criança


(0 - 9 anos), compete a(o) enfermeira(o) atuar na

41
sensibilização do cliente orientando quanto aos fatores de
riscos e preventivos associados, prescrição de intervenções e
cuidados de enfermagem.

1. Cólica - Comum aparecer durante ou após as mamadas até


o 4º mês de vida para crianças em AMEX.
Cuidados de Enfermagem: manter o bebê em posição ventral,
fazer massagem e aplicação de calor no abdome; verificar e
orientar alimentação materna.
2. Conjuntivite - Presença de secreção nos olhos devido ao
uso do nitrato de prata no nascimento ou infecções outras.
Cuidados de Enfermagem: limpeza com água fervida ou soro
fisiológico a 0,9% 3 vezes ao dia ou sempre que houver
secreção.
Caso não melhore e surgir vermelhidão ou secreção purulenta,
encaminhar para consulta com o pediatra. Seguir manual
AIDPI Neonatal.
3. Obstrução nasal - Conhecido como nariz entupido, é
frequente até o 4º mês de vida.
Cuidados de Enfermagem: Lavar as narinas com 1ml de soro
fisiológico 0,9% em cada narina, antes de cada mamada.
4. Monilíase oral - Conhecido como sapinho, é a infecção
causada por Cândida albicans.
Cuidados de Enfermagem: Higiene oral com água bicarbonada
(1 colher de chá de bicarbonato de sódio para 100 ml de água
fervida e fria) 4 vezes ao dia  Fazer a limpeza da região oral
42
com dedo indicador envolvendo-o em fralda limpa e
umedecida com a solução de água bicarbonada durante 7 – 10
dias; Limpeza dos seios com água filtrada ou fervida antes e
após cada mamada; Em caso de alimentação artificial, ferver
mamadeiras e bicos diariamente.
Avaliação de Enfermagem: retorno após 3 dias. Dar
continuidade tratamento.
Para tratamento medicamentoso seguir quadro com
medicamentos estabelecido neste protocolo. Ver também
manual AIDPI Neonatal.
5. Dermatite Amoniacal perineal - Conhecida como
assaduras, dermatite de fraldas ou amoniacal. A criança
apresenta eritema brilhante nas superfícies das coxas das faces
mediais e na raiz. Em geral corre também infecção secundaria
por cândida albicans. Nesse caso a suspeita surge quando não
há melhora do quadro com tratamentos habituais, eritema é
mais intenso e aparecem pequenas lesões pápulo-vesiculares.
Fatores de risco/relacionados: falta de higiene pós-diurese,
higiene precária e contaminação por cândida albicans.
Cuidados de Enfermagem:
Orientar higiene com água e sabonete neutro a cada troca de
fralda, manter pele seca, banho de sol (10-15 minutos) e uso
do amido de milho;
Suspender o uso de lenços umedecidos, assim como produtos
industrializados (oleosos, lavanda, soluções de limpeza);

43
Suspender fraldas descartáveis; Lavar as fraldas com sabão
neutro;
Usar nistatina creme após cada troca de fralda por 5 dias;
Usar cremes a base de óxido de zinco.
Avaliação de Enfermagem: retorno após 5 dias. Melhora do
quadro: Alta
OBS.: Avaliar outras dermatites e se o eritema for muito
intenso encaminhar para avaliação médica. Ver também
manual AIDPI Neonatal.
6. Miliária (Brotoeja) – Erupção cutânea causada pela
retenção de suor na pele com consequente formação de
vesículas. Localizam-se, frequentemente, em áreas de flexão
da pele (pescoço, axilas e virilhas), região frontal e dorso.
Os RNs podem apresentar miliária nos dias mais quentes,
durante processos febris ou situações que favoreçam sudorese
intensa.
Cuidados de Enfermagem: manter o bebê em local ventilado,
usar roupas leves, evitar banhos muito quentes ou sabonetes
em excesso, dar preferência a sabonetes neutros.
Avaliação de Enfermagem: retorno após 7 dias. Não melhora
do quadro – consulta médica.
7. Nódulo mamário - Ocorre em ambos os sexos devido a
presença de excesso de hormônio feminino.
Cuidados de Enfermagem: não existem medidas terapêuticas,
desaconselha-se expressão da mama, se houver sinais de
inflamação encaminhar para pediatra.
44
8. Dermatite seborreica - Descamação oleosa do couro
cabeludo e eritema difuso constituindo a crosta láctea.
Cuidados de Enfermagem: remover as escamas com óleo de
amêndoas, vaselina liquida, utilizando pente fino e, se
necessário consultar pediatra.
9. Granuloma Umbilical - Cicatrização incompleta do coto
umbilical.
Cuidados de Enfermagem: higiene com álcool 70%, 4 vezes
ao dia;
Tratamento médico - cauterização do coto com nitrato de prata
em bastão.
10. Constipação fisiológica - Característico em recém-
nascidos com aleitamento materno exclusivo.
Cuidados de Enfermagem: Orientação à mãe: Amamentar ao
seio; Respeitar o horário de amamentação, buscando sempre
uma periodicidade (2/2 horas ou 3/3 horas.);
A mãe que amamenta deve beber boa quantidade de líquidos
diariamente (cerca de 4 litros).
11. Constipação por uso de leite artificial - É a eliminação
de fezes de consistência endurecida, em pequenos volumes,
ocasionando grande esforço por parte da criança e dor,
independente do intervalo entre as evacuações.
- O Uso do leite artificial, quando necessário, fora das
concentrações recomendadas pelo pediatra ou fabricante e a
adição de "engrossantes" ao leite artificial podem causar a
constipação.
45
Cuidados de Enfermagem: hidratação oral com água filtrada e
fervida nos intervalos das mamadas, em pequenos volumes.
12. Diarreia - Pode ser definida como um aumento no número
de evacuações ou uma diminuição na consistência das fezes. A
severidade da diarreia pode variar muito, sendo o aumento da
frequência das evacuações o seu maior indicador. Os sintomas
de diarreia e vômito são comuns nas crianças e podem causar
a desidratação, sendo necessário oferecer água em pequena
quantidade, várias vezes ao dia. Para combater a desidratação,
deve-se fazer uso de sais de reidratação oral.
Cuidados de Enfermagem: Os bebês devem continuar sendo
amamentados ou tomar mamadeira. Nas crianças maiores,
boas opções de alimentos são as papinhas de arroz, arroz
cozido, frango ou peixe cozido, banana, maçã e sopas.
- Seguir Manuais AIDPI / Plano A e B.
13. Tosse ou dificuldade para respirar
- Orientar cuidados. Seguir Manuais do AIDPI.
14. Escabiose (em crianças maiores de 1 ano) - Doença
altamente infecciosa causada pelo parasita Sarcoptes scabiei,
transmissível pelo contato íntimo entre pessoas ou mesmo
através das roupas. Esse parasita se alimenta da queratina, ou
seja, proteína que constitui a camada superficial da pele.
Depois do acasalamento, a fêmea põe os ovos (seis em média
por fêmea) que eclodem após duas semanas. As lesões mais
comuns ocorrem entre os dedos das mãos e é, especialmente,
a mão que serve de veículo para levar a escabiose a outros
46
pontos do corpo, principalmente coxas, nádegas, axilas,
cotovelo.
Cuidados de Enfermagem:
- Orientar que a transmissão se dá por contato pessoal, por uso
de roupas e objetos de uso pessoal; higiene pessoal.
- Tratamento simultâneo dos comunicantes do núcleo familiar
e se possível da escola.
Para tratamento medicamentoso seguir quadro com
medicamentos estabelecido neste protocolo e portaria
municipal.
Avaliação de Enfermagem: retorno após 3 a 5 dias.
15. Pediculose (em crianças maiores de 1 ano) - A
pediculose da cabeça é uma doença parasitária, causada pelo
Pediculus humanus var. capitis, vulgarmente chamado de
piolho da cabeça. Atinge todas as classes sociais, afetando
principalmente crianças em idade escolar e mulheres. É
transmitida pelo contato direto interpessoal ou pelo uso de
objetos como bonés, gorros, escovas de cabelo ou pentes de
pessoas contaminadas. A doença tem como característica
principal a coceira intensa no couro cabeludo, com a coçadura
das lesões pode ocorrer a infecção secundária por bactérias,
levando, inclusive, ao surgimento de glânglios no pescoço.
Cuidados de Enfermagem:
- Orientar hábitos adequados de higiene;
- Lavar cabelos pela manhã, secar bem, aplicar solução de
vinagre morno diluído em partes iguais (1:1); deixar agir por
47
20 a 30 minutos e pentear os cabelos com pente fino com
objetivo de remover as lêndeas; Orientar cuidados com os
olhos.
- Lavar roupas de uso pessoal e de cama com água quente ou
lavar e depois passar ferro, além de higienizar chapeis e bonés
de uso pessoal.
Para tratamento medicamentoso seguir quadro com
medicamentos estabelecido neste protocolo.
Avaliação de Enfermagem: retorno até 5 dias. Não melhora
do quadro – Repetir tratamento.
16. Parasitoses intestinais - Constituem grave problema de
saúde pública em países em desenvolvimento. Associando-se
a quadros de diarreia crônica e desnutrição são um dos
principais fatores debilitantes na criança. A incidência de
parasitas intestinais tem relação direta com condições
ambientais, higiênicas e sanitárias às quais uma população está
submetida. Principais parasitoses intestinais: Amebíase,
Enterobiase ou oxiuríase, Giardíase e Ascaridiase.
Cuidados de Enfermagem:
- Orientar hábitos adequados de higiene pessoal e saneamento
básico.
Para tratamento medicamentoso seguir anexo com
medicamentos estabelecido neste protocolo.
17. Hipertermia - A temperatura corporal normal também
conhecida como normotermia ou eutermia, é um conceito que
depende do local do corpo no qual a temperatura é medida,
48
hora do dia, e nível de atividade do corpo. A hipertermia
resulta de sobrecarga dos mecanismos termorreguladores do
corpo. É uma condição aguda que ocorre quando o corpo
produz ou absorve mais calor do que pode dissipar. Isso
geralmente é causado por exposição prolongada a altas
temperaturas. A temperatura de 37,0 °C é comumente aceita
como média da medição retal, enquanto 36,8 °C ± 0,7 °C é o
considerado normal para medições na boca ou axilas.
Cuidados de Enfermagem:
- Avaliar a condição clínica da criança e doenças associadas.
Seguir Manuais do AIDPI.
- Prescrever antitérmico quando hipertermia (Temp. ≥ 38,5),
situações como pós-vacina, dengue e conforme determinações
em manuais do MS e risco para paciente.
- O tratamento da hipertermia envolve resfriar e hidratar o
corpo. Isso pode ser feito removendo a pessoa da luz direta do
sol para um local mais fresco, beber água, remover a roupa, ou
sentar em frente a um ventilador.
- Banhar em água fria ou tépida, ou até lavar a face ou outras
áreas expostas do corpo.
- Encaminhar para avaliação medica em casos de doenças
associadas.
18. Regurgitação / Refluxo Gastroesofágico (RGE) é um
distúrbio do sistema digestivo, onde ocorre retorno do
alimento do estômago para o esôfago. O RGE pode aparecer
nos primeiros dias de vida do recém nascido (RN), ou nos
49
primeiros meses de vida (ou mesmo na fase adulta), com
vômitos, ausência de ganho de peso, irritação antes de ser
amamentado e após amamentação, criança fica irritada ao ser
deitada, hiperextensão (quando a criança joga-se para trás),
choro (devido a azia) entre outros sintomas.
Cuidados de Enfermagem:
- Auxiliar os pais no posicionamento adequado para dormir
(elevar cabeceira do berço em 30 graus, com travesseiro ou
outro objeto abaixo do colchão);
- Manter o bebê apoiado no colo após as mamadas em posição
vertical (para arrotar).
- Evitar trocas de fraldas e manuseios bruscos após as
mamadas. Ao colocá-lo no berço, mantê-lo em decúbito lateral
ou dorsal com cabeceira elevada.
- Não deixe a criança no bebê-conforto por muito tempo, pois
essa posição favorece a regurgitação.
19. Dor no ouvido -
Cuidados de Enfermagem:
- Se secreção secar o pavilhão auditivo 3 vezes ao dia com
algodão ou gaze;
- Tratar a dor com analgésico; Seguir Manuais do AIDPI.
- Verificar doenças associadas e encaminhar para consulta
médica.
Avaliação de Enfermagem: retorno em 2 dias.
20. Higiene corporal e bucal

50
Cuidados de Enfermagem: A higiene da criança deve ser
realizada a cada evacuação e diurese, sendo também
importante o banho diário e orientação de higiene da menina e
menino. Toda a equipe de saúde deve estar apta a dar
informações adequadas aos pais e aos cuidadores sobre higiene
corporal e bucal das crianças. A higiene bucal deve se iniciar
na mais tenra infância: 1. Para bebês sem dentes: a limpeza da
cavidade bucal deve ser iniciada a partir dos primeiros dias de
vida, com a finalidade de remover o leite estagnado em seu
interior e nas comissuras labiais, massagear a gengiva e
acostumá-lo à manipulação da boca. A limpeza pode ser
realizada com uma gaze ou fralda limpa – embebida em água
potável ou solução com uma colher de água oxigenada (vol.
10) em ½ copo de água potável (fria), que deve ser passada
delicadamente na gengiva e em toda a mucosa oral do bebê
pelo menos uma vez ao dia; 2. Para bebês em fase de erupção
dos incisivos (de 6 a 18 meses): gaze ou fralda umedecida em
água potável, duas vezes ao dia; 3. Para bebês em fase de
erupção de molares (de 18 a 36 meses): com a erupção dos
molares decíduos (ao redor dos 18 meses), deve-se iniciar o
uso da escova dental macia, duas vezes ao dia (BRASIL,
2012). Além disso, pode-se encaminhar a criança para
avaliação e acompanhamento odontológico.

8. CONDUTA DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES


ESPECIAIS PARA CRIANÇA
51
8.1 Alimentação Saudável e prevenção do sobrepeso e
obesidade infantil
A avaliação e orientação para hábitos alimentares
saudáveis devem fazer parte de todo o atendimento da criança,
no calendário de acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento e nas intercorrências. A abordagem da
criança pela equipe de saúde deve destacar a importância dos
hábitos alimentares, como um meio eficiente de promoção da
saúde, controle dos desvios alimentares e nutricionais e
prevenção de várias doenças, na infância e na futura vida
adulta, como as deficiências nutricionais, as doenças crônicas,
sobrepeso e obesidade.
Os hábitos alimentares são formados por meio de
complexa rede de influências genéticas e ambientais. O
comportamento dos pais em relação à alimentação infantil
pode gerar repercussões duradouras no comportamento
alimentar de seus filhos até a vida adulta. A alimentação
saudável deve contemplar os seguintes pontos básicos:
 Acessibilidade física e financeira: alimentos in
natura e produzidos regionalmente. A alimentação das
crianças deve ser composta por alimentos básicos e devem ser
evitados alimentos processados nos primeiros anos de vida.
 Sabor: o sabor é um atributo fundamental para a
promoção da alimentação saudável. Os alimentos precisam ser
saborosos para que a criança o aceite.
52
 Variedade: o consumo de vários tipos de alimentos
fornece os diferentes nutrientes necessários, evitando a
monotonia alimentar. Ás vezes, a criança deve ter diversas
exposições ao mesmo alimento para a sua aceitação.
 Cor: quanto mais colorida é a alimentação, mais rica é
em termos de vitaminas e minerais. Essa variedade de
coloração torna a refeição atrativa, o que agrada aos sentidos e
estimula o consumo de alimentos saudáveis, como frutas,
legumes e verduras, grãos e tubérculos em geral.
 Harmonia: essa característica da alimentação se refere
especificamente à garantia do equilíbrio em quantidade e em
qualidade dos alimentos consumidos para o alcance de uma
nutrição adequada.
 Segurança sanitária: os alimentos devem ser seguros
para o consumo, ou seja, não devem apresentar contaminantes
de natureza biológica, física ou química ou outros perigos que
comprometam a saúde do indivíduo ou da população.

8.2 Introdução da Alimentação Infantil – Dez passos para


uma Alimentação Saudável
 Passo 1 - Dar somente leite materno até os 6 meses,
sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento.
 Passo 2 - Ao completar 6 meses, introduzir de forma
lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até
os dois anos de idade ou mais.

53
 Passo 3 - Ao completar 6 meses, dar alimentos
complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas,
frutas e legumes) três vezes ao dia, se a criança estiver em
aleitamento materno.
 Passo 4 - A alimentação complementar deve ser
oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em
intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança.
 Passo 5 - A alimentação complementar deve ser
espessa desde o início e oferecida de colher; iniciar com a
consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente,
aumentar a consistência até chegar à alimentação da família.
 Passo 6 - Oferecer à criança diferentes alimentos ao
dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida.
 Passo 7 - Estimular o consumo diário de frutas,
verduras e legumes nas refeições.
 Passo 8 - Evitar açúcar, café, enlatados, frituras,
refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas, nos
primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
 Passo 9 - Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos
alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação
adequados.
 Passo 10 - Estimular a criança doente e convalescente
a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus
alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.

54
As crianças menores de seis meses que recebem com
exclusividade o leite materno já muito cedo começam a
desenvolver a capacidade de autocontrole da ingestão,
aprendendo a distinguir as sensações de fome, durante o jejum,
e de saciedade, após a alimentação.

8.3 Orientações Alimentares (0-2 anos)


0 - 6º mês – em aleitamento materno exclusivo (AMEX):
O leite materno contém a quantidade de água suficiente
para as necessidades do bebê, mesmo em climas muito
quentes.
A oferta de água, chás ou qualquer outro alimento
sólido ou líquido, aumenta a chance do bebê adoecer, além de
substituir o volume de leite materno a ser ingerido, que é mais
nutritivo.
Orientações importantes:
1. O leite materno contém tudo o que o bebê necessita até
o 6º mês de vida, inclusive água. Assim, a oferta de chás, sucos
e água é desnecessária e pode prejudicar a sucção do bebê,
fazendo com que ele mame menos leite materno, pois o
volume desses líquidos irá substituí-lo.
2. Água, chá e suco representam um meio de
contaminação que pode aumentar o risco de doenças. A oferta
desses líquidos em chuquinhas ou mamadeiras faz com que o
bebê engula mais ar (aerofagia) propiciando desconforto
abdominal pela formação de gases, e consequentemente,
55
cólicas no bebê. Além disso, pode-se instalar a confusão de
bicos, dificultando a pega correta da mama e aumentar os
riscos de problemas ortodônticos e fonoaudiológicos.
3. A pega errada vai prejudicar o esvaziamento total da
mama, impedindo que o bebê mame o leite posterior (leite do
final da mamada) que é rico em gordura, interferindo na
saciedade e encurtando os intervalos entre as mamadas. Assim,
a mãe pode pensar que seu leite é insuficiente e fraco.
4. Se as mamas não são esvaziadas de modo adequado
ficam ingurgitadas, o que pode diminuir a produção de leite.
Isso ocorre devido ao aumento da concentração de substâncias
inibidoras da produção de leite.
5. Em média a produção de leite é de um litro por dia,
assim é necessário que a mãe reponha em seu organismo a
água utilizada no processo de lactação. É importante que a mãe
tome mais água (filtrada e fervida) e evite a ingestão de
líquidos com calorias como refrigerantes e refrescos.
6. As mulheres que precisam se ausentar por
determinados períodos, por exemplo, para o trabalho ou lazer,
devem ser incentivadas a realizar a ordenha do leite materno e
armazená-lo em frasco de vidro, com tampa plástica de rosca,
lavado e fervido.
7. O leite materno na a geladeira, pode ser estocado por
12 horas e no congelador ou freezer por no máximo 15 dias. O
leite materno deve ser descongelado e aquecido em banho
maria e pode ser oferecido ao bebê em copo ou xícara,
56
pequenos. O leite materno não pode ser descongelado em
microondas e não deve ser fervido.

6º mês – 12 meses para crianças amamentadas:


A partir dessa idade, a criança já apresenta maturidade
fisiológica e neurológica para receber outros alimentos.
Mesmo recebendo outros alimentos, a criança deve
continuar a mamar no peito até os 2 anos ou mais. O leite
materno continua alimentando a criança e protegendo-a contra
doenças. Com a introdução dos alimentos complementares é
importante que a criança receba água nos intervalos.
 A partir dos 6 meses, as necessidades nutricionais da
criança já não são mais atendidas só com o leite materno,
embora este ainda continue sendo uma fonte importante de
calorias e nutrientes.
 A partir dessa idade, a criança já apresenta maturidade
fisiológica e neurológica para receber outros alimentos.
 Mesmo recebendo outros alimentos, a criança deve
continuar a mamar no peito até os 2 anos ou mais. O leite
materno continua alimentando a criança e protegendo-a contra
doenças.
 A partir dos 6 meses o reflexo de protrusão da língua
diminui progressivamente, o que facilita a ingestão de
alimentos semissólidos; as enzimas digestivas são produzidas
em quantidades suficientes para essa nova fase; e a criança

57
desenvolve habilidade para sentar-se, facilitando a
alimentação oferecida por colher.
 Com a introdução dos alimentos complementares é
importante que a criança receba água nos intervalos.
 A partir dos 8 meses de idade a criança já pode
receber gradativamente os alimentos preparados para a
família, desde que sem temperos picantes, sem alimentos
industrializados, com pouco sal e oferecidos amassados,
desfiados, triturados ou picados em pequenos pedaços.
 Os alimentos complementares, especialmente
preparados para a criança, são chamados de alimentos de
transição.
 A introdução dos alimentos complementares deve
respeitar a identidade cultural e alimentar das diversas regiões,
resgatando e valorizando os alimentos regionais, ou seja, as
frutas, legumes e verduras produzidas localmente.
 A água oferecida deve ser a mais limpa possível
(tratada, filtrada e fervida). •

Quadro 1 – Alimentação para crianças 0 – 12 meses


Idade Tipo de alimento
Até completar 6 meses Aleitamento materno
exclusivo
Ao completar 6 meses Leite Materno, papa de
fruta*, papa salgada*
Ao completar 7 meses Segunda papa salgada*
Ao completar 8 meses Gradativamente passar para
a alimentação da família

58
Ao completar 12 meses Comida da família
Fonte: Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasil 2013,
p.16.

*Papa de fruta: A expressão “papa de fruta” tem como


objetivo salientar a consistência com que deve ser oferecido
esse alimento, ou seja, amassado ou raspado.
*Papa Salgada: Embora a expressão “papa salgada”
seja utilizada diversas vezes ao longo do texto, por ser
conhecida e de fácil tradução para os pais na orientação da
composição da dieta da criança e para diferenciá-la das papas
de frutas, é importante salientar que o objetivo do uso do termo
“salgada” não é adjetivar a expressão, induzindo ao
entendimento de que a papa tenha muito sal ou que seja uma
preparação com utilização de leite acrescido de temperos/sal.
Expressões como “papa de vegetais com carne” ou outra que
dê ideia de consistência (de purê) e variedade também podem
ser empregadas como outras estratégias para uma boa
comunicação em saúde.
Recomendações importantes:
1. As refeições, quanto mais espessas e consistentes,
apresentam maior densidade energética (caloria/grama de
alimento), comparadas com as dietas diluídas, do tipo sucos e
sopas ralas.
2. Como a criança tem capacidade gástrica pequena e consome
poucas colheradas no início da introdução dos alimentos

59
complementares, é necessário garantir o aporte calórico com
papas de alta densidade energética.
3. Aos 6 meses, a trituração complementar dos alimentos é
realizada com as gengivas que já se encontram suficientemente
endurecidas (devido a aproximação dos dentes da superfície da
gengiva). A introdução da alimentação complementar espessa
vai estimular a criança nas funções de lateralização da língua,
jogando os alimentos para os dentes trituradores e no reflexo
de mastigação.
4. Com 8 meses, a criança que for estimulada a receber papas
com consistência espessa, vai desenvolver melhor a
musculatura facial e a capacidade de mastigação. Assim, ela
aceitará, gradativamente, com mais facilidade a comida da
família a partir dessa idade.

Quadro 2 – Grupo de alimentos que podem ser oferecidos


as crianças de 6 -12 meses
Cereais, tubérculos Exemplos: arroz,
aipim/mandioca/macaxeira,
batata-doce, macarrão,
batata, cará, farinhas,
batata-baroa e inhame.
Leguminosas Exemplos: feijões, lentilha,
ervilha seca, soja e grão-de-
bico
Legumes, verduras e Exemplos: folhas verdes,
frutas laranja, abóbora/jerimum,
banana, beterraba, abacate,
quiabo, mamão, cenoura,
melancia, tomate e manga.

60
Carnes ou ovo Exemplos: frango, peixe,
pato, boi, ovo, miúdos e
vísceras.
Fonte: Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasil 2013,
p.19.

Quadro 3 – Tipos de alimentos que podem ser oferecidos


as crianças de 6 -12 meses
Ao completar 6 meses até Frutas (ex.: banana, manga,
12 meses abacate, caju, maçã, caqui,
mamão, priorizar alimentos
regionais)
Ao completar 12 meses • Frutas (ex.: banana, manga,
abacate, caju, maçã, caqui,
mamão, priorizar alimentos
regionais)
• Cereal ou tubérculo
Fonte: Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasil 2013,
p.19.

61
12 – 24 meses para crianças amamentadas

Ao completar 12 meses recomenda-se que a criança


tenha três principais refeições (café da manhã, almoço e jantar)
e dois lanches (frutas ou cereais ou tubérculos).
Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes,
balas, salgadinho e outras guloseimas, nos primeiros anos de
vida. Usar sal com moderação.

Quadro 4 – Esquema alimentar para crianças


amamentadas
Ao completar Ao completar Ao completar
6 meses 7 meses 12 meses
Leite materno Leite materno sob Leite materno e
sob livre livre demanda fruta ou cereal ou
demanda tubérculo
Papa de fruta Papa de fruta Fruta
Papa salgada Papa salgada Refeição básica
da família
Papa de fruta Papa de fruta Fruta ou pão
simples ou
Leite Materno Papa salgada Refeição básica
da família
Fonte: Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasil 2013, p.
16.

Crianças não amamentadas / Aleitamento artificial -


Orientações para crianças não amamentadas no primeiro ano
de vida.
Sabe-se que há condições em que as crianças não tem
condições de ser amamentadas ou não estão mais sendo

62
amamentadas ao peito e não há a possibilidade de reverter essa
situação. Assim, as orientações a seguir permitirão aos
profissionais de saúde atuar de maneira mais adequada frente
a tais casos e de forma individualizada. Essas devem ser
adotadas apenas excepcionalmente, quando esgotadas todas as
possibilidades de relactação da mãe e analisados caso a caso.
Recomendações importantes:
1. É importante reforçar que o leite de vaca integral fluido
ou em pó não é recomendado para criança menor de um
ano. Diante da impossibilidade de impedir a utilização desse
alimento para o lactente o profissional de saúde deve orientar
a mãe quanto aos procedimentos a seguir, que incluem a
diluição adequada para a idade, a correção da deficiência de
ácido linoléico com óleo nos primeiros quatro meses e a
suplementação com vitamina C e ferro.
2. A amamentação deve ser protegida. Por isso, a orientação
sobre preparo de leites artificiais nunca deve ser coletiva. Nos
casos em que há necessidade de orientar sobre o preparo de
leites artificiais (por exemplo, mães HIV positivo) esta
orientação deve ser feita de maneira individualizada e por
profissional qualificado.
3. Para crianças menores de 4 meses:
 Perguntar à mãe ou responsável como ela prepara o
leite que oferece à criança e corrigir, se for o caso, a diluição
(que pode estar muito diluída ou concentrada), o volume de
cada refeição e o número de refeições que estão sendo
63
oferecidos (as tabelas a seguir mostram as diluições e volumes
aproximados por faixa etária).
 Identificar as práticas de higiene usadas na
manipulação e no preparo dos alimentos complementares,
orientando adequadamente as mães e cuidadores, quando
necessário.
 Orientar a mãe para preparar cada refeição láctea
próxima à hora de oferecê-la à criança, sobretudo se não possui
refrigerador. E nunca oferecer à criança sobras de leite da
refeição anterior.
4. Caso a criança não amamentadas, oferecer quatro refeições
diárias, além de duas refeições lácteas, a partir dos 4 meses de
vida: duas refeições básicas (almoço e jantar) e duas frutas,
além do leite sem adição de açúcar. A composição das papas,
forma de introdução e consistência deve seguir as orientações
contidas nos passos para crianças a partir de 6 meses.
5. A partir dos 4 meses, a orientação básica é iniciar logo a
alimentação (não esperar que a criança entre no sexto mês) e
ir substituindo a refeição láctea pura pela alimentação, de
modo gradativo. Todas as demais orientações dadas para as
crianças menores de 4 meses também se aplicam a esse grupo
de idade.
6. Preparo do leite de vaca integral em pó: primeiro, diluir
o leite em pó em um pouco de água tratada, fervida e filtrada e
em seguida adicionar a água restante necessária. Ver Quadro
de volume por refeição.
64
Quadro 5 – Volume e frequência da refeição láctea para
crianças não amamentadas, de acordo com idade
Idade Volume/Refeição Número de
refeições/dia
Do nascimento 60 – 120 ml 6a8
a 30 dias
30 a 60 dias 120 – 150 ml 6a8
2 a 3 meses 150 – 180 ml 5a6
3 a 4 meses 180 – 200 ml 4a5
> 4 meses 180 - 200 ml 2a3
Fonte: Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasil 2013, p.
36.

Quadro 5 – Volume e frequência da refeição láctea para


crianças não amamentadas, de acordo com idade
Menores de De 4 a 8 Após Após
4 meses meses completar 8 completar
meses 12 meses
Leite Leite Leite e fruta
ou cereal ou
tubérculo
Papa de Fruta Fruta
Fruta
Alimentação Papa Papa Salgada ou Refeição
láctea Salgada refeição da básica da
família família
Papa de Fruta Fruta ou pão
Fruta simples ou
cereal ou
tubérculo
Papa Papa Salgada Refeição
Salgada ou refeição da básica da
família família
Leite Leite Leite
Fonte: Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasil 2013, p.
37.

65
Importante:- Se a criança estiver recebendo fórmula infantil,
não há necessidade de suplementação com ferro e vitaminas,
porque já são enriquecidas. Fórmulas infantis são os leites
industrializados próprios para o lactente.
- Se a criança estiver recebendo preparação com leite
de vaca integral em pó ou fluido, seguir o seguinte esquema:
com 2 meses – suplementação com vitamina C (30mg/dia) -
suco de fruta ou suplemento medicamentoso na idade de 2 a 3
meses – suplementação com ferro (1 a 2mg por kg de peso/dia)
até que a alimentação complementar seja introduzida e supra
as necessidades desses minerais

8.4 Combate à desnutrição e anemias carências


Programa do Ferro – Prescrição de medicamento
conforme Manual do Ministério da Saúde.

8.5 Imunização
O calendário básico de vacinação da criança adotado
corresponde ao proposto pelo Programa Nacional de
Imunização (PNI). Este calendário pode sofrer alterações que
dependem da situação epidemiológica de cada doença ou da
inclusão de novos imunobiológicos. Assim, o enfermeiro na
sua consulta deve avaliar e fazer as indicações de acordo com
calendário de vacinação e idade da criança.

66
8.6 Doenças Prevalentes na Infância - Infecções
Respiratórias Agudas/ Diarreia/ Desidratação/ Infecção
local.

Seguir Manuais - Atenção Integrada as Doenças Prevalentes


na Infância – AIDPI.

8.7 Prevenção de acidentes, maus tratos/violência e


trabalho infantil - Legislação vigente.

8.8 Atenção à criança portadora de deficiência – Legislação


vigente.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2 ed.
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008.

_________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas.
Manual AIDPI Neonatal. Ministério da Saúde, Organização
Pan-Americana de Saúde. 3 ed., Brasília: Ministério da Saúde,
2012.

_________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança:
crescimento e desenvolvimento. Ministério da Saúde.
Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 272 p.: il. –
(Cadernos de Atenção Básica nº 33).

67
_________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da Criança:
nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação
complementar. Brasília: Editora MS, 2009.

__________. Humaniza SUS: Documento base para


gestores e trabalhadores do SUS. 4 ed. Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2009.

___________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para
uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças
menores de dois anos : um guia para o profissional da saúde na
atenção básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2 ed. – 2 reimpr. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Agenda de Compromissos para a Saúde Integral


da Criança e Redução da Mortalidade Infantil. Brasília -
DF, 2005.

68
69
Quadro 1 – Classificação de crianças conforme idade e
necessidade de suplementação de ferro

Classificação Condutas
Grupo 1 (com menos de 12 meses)
A. Crianças em aleitamento A. Crianças em aleitamento
materno exclusivo materno exclusivo
B. Crianças em uso de B. Crianças em uso de
fórmulas com leite de fórmulas com leite de
C. Prematuros sadios e bebês C. Prematuros sadios e bebês
pequenos para a pequenos para a
D. Prematuros com história D. Prematuros com história
de hemorragia de hemorragia
Grupo 2 (de risco para maiores de 24 meses)
- Dieta pobre em ferro: Solicite hemograma e aja
vegetarianos, excesso de conforme o resultado.
laticínios (mais de 2 copos Sugere-se pesquisa anual
de leite por dia ou neste grupo de risco até os 5
equivalente) e baixa ingesta anos de idade. Trate a
de frutas e verduras. anemia com 3mg/kg/dia de
- Infecções frequentes, ferro e aconselhe os pais
hemorragias frequentes ou sobre dieta rica em ferro.
profusas (epistaxes,
sangramentos digestivos),
cardiopatias congênitas
cianóticas, uso prolongado
de Aine e/ou corticoides por
via oral, fatores ambientais
(pobreza, acesso limitado a
alimentos).
Fonte: Caderno de Atenção Básica, Nº 33, Brasil 2012, p. 81.

70
Quadro 2 – Frequência respiratória normal segundo
Organização Mundial de Saúde
De 0 a 2 meses Até 60mrm*
De 2 a 11 meses Até 50mrm
De 12 meses a 5 Até 40mrm
anos
De 6 a 8 anos Até 30mrm
Acima de 8 anos Até 20mrm
Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E
TISIOLOGIA, 2007, p. 31-50. In: Caderno de Atenção Básica Nº 33, Brasil
2012, p. 65.
(*) mrm=movimentos respiratórios por minto.
Quadro 3 – Frequência cardíaca normal
Idade Variação Média normal
Recém-nato De 70 a 170 120
11 meses De 80 a 160 120
2 anos De 80 a 130 110
4 anos De 80 a 120 100
6 anos De 75 a 115 100
8 anos De 70 a 110 90
10 anos De 70 a 110 90
Fonte: DIECKMANN; BROWNSTEIN; GAUSCHE-HILL, 2000, p. 43-
45. In: Caderno de Atenção Básica Nº 33, Brasil 2012, p. 65.

Quadro 4 – Classificação da pressão arterial em menores


de 18 anos
Média das 2 últimas de 3 Definição
aferições da pressão arterial na
consulta
PA sistólica e diastólica < percentil Normal
90
PA sistólica média e/ou diastólica Normal alta
média entre o percentil 90 e 95
PA sistólica média e/ou diastólica Alta ou hipertensão
média > percentil 95
Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2006. In:
Caderno de Atenção Básica Nº 33, Brasil 2012, p. 69.

71
Quadro 5 – Distribuição dos valores normais de lipídios
em individuas de 5 a 19 anos, conforme idade e sexo

Homens Mulheres
Idade (anos) Idade (anos)
5a9 10 a 14 15 a 19 5a9 10 a 14 15 a 19
Colesterol total (mg/dl) Colesterol total (mg/dl)
*P 50 153 161 152 P 50 164 159 157
P 75 168 173 168 P 75 177 171 176
P 90 183 191 183 P 90 189 191 198
P 95 186 201 191 P 95 197 205 208
Triglicerideos (mg/dl) Triglicerideos (mg/dl)
P 50 48 58 68 P 50 57 68 64
P 75 58 74 88 P 75 74 85 85
P 90 70 94 125 P 90 103 104 112
P 95 85 111 143 P 95 120 120 126
LDL (mg/dl) LDL (mg/dl)
P 50 90 94 93 P 50 98 94 93
P 75 103 109 109 P 75 115 110 110
P 90 117 123 123 P 90 125 126 129
P 95 129 133 130 P 95 140 136 137
HDL (mg/dl) HDL (mg/dl)
P5 38 37 30 P5 36 37 35
P 10 43 40 34 P 10 38 40 38
P 25 49 46 39 P 25 48 45 43
P 50 55 55 46 P 50 52 52 51
Fonte: DANIELS; GREER, 2008, p. 198-208 (com adaptações).In:
Caderno de Atenção Básica Nº 33, Brasil 2012, p. 83.
(*) P = percentil

72
CAPÍTULO II
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA
ATENÇÃO AO ADOLESCENTE

Autores
Amália de Oliveira Carvalho
Conceição de Maria Costa
Jairo José de Moura Feitosa
Marilene Araújo Barradas Brito
Ozirina Maria da Costa

Revisão – Abril 2016


Maria Eliane Martins Oliveira da Rocha
Rogers Pires Lima

1 INTRODUÇÃO

A adolescência é a etapa da vida compreendida entre a


infância e a fase adulta, marcada por um complexo processo
de crescimento e desenvolvimento biopsicossocial (BRASIL,
2005). A Organização Mundial de Saúde circunscreve a
adolescência à segunda década da vida (de 10 a 19 anos) e
considera que a juventude estende dos 15 aos 24 anos.
No atendimento à saúde de adolescente, alguns pontos
devem ser considerados durante a abordagem clínica,
destacando-se o estabelecimento do vínculo de confiança entre
Estratégia Saúde da Família, as Unidades Básicas de Saúde, os
adolescentes, suas famílias e os estabelecimentos escolares.

73
Uma atitude acolhedora e compreensiva também possibilitará
a continuidade de um trabalho com objetivos específicos e
resultados satisfatórios no dia a dia (BRASIL, 2010).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera,
ainda, como juventude o período que se estende dos 15 aos 24
anos, identificando adolescentes jovens (de 15 a 19 anos) e
adultos jovens (de 20 a 24 anos). A lei brasileira, através do
Estatuto da Criança e do Adolescente, considera adolescente o
indivíduo de 12 a 18 anos (FRANGOSO; MAURO, 2006).
Para efeitos deste protocolo levaremos em consideração o
preconizado pela OMS.
A vulnerabilidade desta faixa etária é outra questão
importante e deve ser considerada como fator importante para
o desenvolvimento de ações junto aos profissionais da
Estratégia Saúde da Família (ESF), determinada pelo processo
de crescimento e desenvolvimento, suas características
psicológicas peculiares da idade, contexto social em que está
inserido, condições que muitas vezes o tornam mais
suscetíveis às mais diferentes situações de risco, como
gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis (DST),
acidentes, violência, maus tratos, uso de drogas, evasão
escolar, dentre outros fatores.
2. DIRETRIZES
População Alvo
 Adolescente de 10 a 19 anos de idade residentes na
zona urbana e rural da cidade de Teresina.
74
Rede de Atenção à Saúde
 Participar e desenvolver ações de promoção e
prevenção da saúde da criança e do adolescente;
 Realizar avaliação clínica, nutricional, oftalmológica e
auditiva;
 Avaliação da saúde e higiene bucal;
 Avaliação psicossocial;
 Monitorar e acompanhar o calendário vacinal;
 Redução da morbimortalidade por acidentes e
violências;
 Prevenção e redução do consumo do álcool e de drogas;
 Promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva;
 Controle do tabagismo e outros fatores de risco de
câncer;
 Educação permanente em saúde;
 Estimulo a atividade física e saúde;
 Promoção da cultura da prevenção no âmbito escolar;
 Inclusão de temáticas de educação em saúde no projeto
político pedagógico das escolas;
 Uso da Caderneta de Saúde do Adolescente.
A Unidade Básica de Saúde (UBS) deve buscar
trabalhar às necessidades específicas dos adolescentes, a partir
dos recursos humanos e materiais disponíveis para
atendimento aos adolescentes, respeitando suas características
pessoais, socioeconômicas e culturais, além do perfil

75
epidemiológico da população local e estimular a participação
ativa dos jovens nas ações de prevenção e promoção à saúde.

3 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CUIDADO NA


SAÚDE DO ADOLESCENTE: facilitadores da relação
entre a equipe de saúde e o adolescente

1. O adolescente precisa perceber que o profissional de saúde


inspira confiança, que adota atitude de respeito e
imparcialidade. Não emite juízo de valor sobre as questões
emocionais e existenciais escutadas. Nesse terreno o
profissional de saúde não deve ser normativo;
2. O adolescente precisa estar seguro do caráter confidencial
da consulta, mas ficar ciente também das situações na qual o
sigilo poderá ser rompido, o que, no entanto, ocorrerá sempre
com o conhecimento dele. Essas situações estão relacionadas
a riscos de vida do adolescente e de outras pessoas;
3. É importante estar preparado não só para ouvir com atenção
e interesse o que o adolescente tem a dizer, mas também ter
sensibilidade suficiente para apreender outros aspectos que são
difíceis de ser expressados verbalmente por eles;
4. Geralmente, o atendimento de adolescente necessita de
tempo e, na maioria das vezes, demanda mais de um retorno;
5. O modelo clássico de anamnese clínica mostra-se
inadequado ao atendimento do adolescente na UBS, pois não
são considerados os aspectos da vida social, de trabalho, da
sexualidade, da situação psicoemocional, de situações de
76
vulnerabilidade ou de riscos para violências, acidentes, uso
abusivo de álcool e drogas, entre outros;
6. Na maioria das vezes, o adolescente não procura o médico,
ou outro profissional de saúde, espontaneamente; é levado
pelos pais, familiares ou cuidadores e, com certa frequência,
contra a sua vontade. Assim, é comum defrontar-se com um
jovem ansioso, inseguro, com medo, assumindo uma atitude
do mais absoluto silêncio ou, pelo contrário, de enfrentamento;
7. Quando o adolescente procurar a UBS sem o
acompanhamento dos pais ele tem o direito de ser atendido
sozinho. No entanto a equipe poderá negociar com ele a
presença dos pais ou responsáveis, se for o caso;
8. A entrevista inicial poderá ser feita só com o adolescente ou
junto com a família. De qualquer forma, é importante haver
momento a sós com o adolescente, que será mais de escuta,
propiciando uma expressão livre, sem muitas interrogações,
evitando-se as observações precipitadas;
Cabe à equipe de saúde criar estratégias específicas de
atendimento ao adolescente, por exemplo, estabelecer espaços
reservados de atendimento, individual ou em grupo.
Ao Enfermeiro cabe realizar Consulta de Enfermagem
ao adolescente, para detectar as necessidades humanas básicas
afetadas e definir junto à equipe de saúde o projeto terapêutico
individual ou coletivo.

77
4 REFERÊNCIA PARA PROTOCOLO DE
ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM AO
ADOLESCENTE

A Fundação Municipal de Saúde do município de


Teresina-PI, no âmbito da Atenção Básica, adota como parte
integrante de seu protocolo para adolescentes os seguintes
documentos:
 Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.
 Programa Saúde na Escola - Cadernos de
Atenção Básica Nº 24.
 Caderno de Atenção Básica Nº 18, 23, 26 e 33.
 Orientações Básicas de Atenção Integral à
Saúde de Adolescentes nas escolas e Unidades Básicas de
Saúde. 2010.
 CADERNETA DE SAÚDE DO
ADOLESCENTE – MENINO;
 CADERNETA DE SAÚDE DO
ADOLESCENTE – MENINA.
Em relação às atribuições do profissional Enfermeiro
(a) das equipes e os fluxos de atenção classificação e
estratificação de risco, a FMS resolve:
 Manter as atribuições e competências da equipe
de saúde estabelecidas nos Cadernos de Atenção Básica e
portarias ministeriais.

78
5 CONSULTA DE ENFERMAGEM AO
ADOLESCENTE

Na Consulta de enfermagem ao adolescente, o


enfermeiro deve atentar para questões essências que envolvem
esta faixa etária, tais como a busca da identidade, da
independência, projeto de vida, sexualidade e educação, além
do acompanhamento do crescimento, estado nutricional,
situação vacinal, verificação da acuidade visual (uso da Escala
de Snellen), auditiva, medidas antropométricas,
desenvolvimento psicomotor, social e psíquico com vistas à
identificação de problemas/Diagnóstico de Enfermagem e a
prescrição de cuidados de enfermagem, terapêutica e
encaminhamentos adequados e resolução dos problemas, se
necessário. Deve ser realizada com base na Resolução COFEN
358/09 seguindo todas as etapas do processo de enfermagem.
Importante na consulta criar um vínculo de confiança,
realizar o exame físico em acomodações que permitam
privacidade e ambiente em que o adolescente se sinta mais à
vontade.
Durante o exame físico, poderá haver outro
profissional presente, como medida de segurança e resguardo
para o profissional e para o adolescente, em relação a possíveis
interpretações, por parte do adolescente, parentes ou
responsáveis, que possam colocar em dúvida a integridade
ética e deontológica de conduta e procedimentos seguidos no
atendimento. É importante esclarecer ao adolescente, antes do
79
exame, tudo o que vai ser realizado. O uso adequado de lençóis
e camisolas torna o exame mais fácil.
Em situações de violência sexual, o enfermeiro deve
enfatizar a prevenção das DST/AIDS, da anticoncepção de
emergência (observado prazo máximo recomendado de até 72
horas), da hepatite B, outras doenças e complicações
decorrentes da violência, incluindo as consequências
psicológicas.
Importante o trabalho da equipe multiprofissional e
envolvimento, se necessário, da ESF com NASF e PSE, além
de encaminhamentos para os serviços de referência.
Seguir o Fluxograma da Consulta de Enfermagem ao
adolescente anexo a este capítulo.

6 SOLICITAÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES


Devem ser solicitados, na consulta de enfermagem
anual do adolescente os seguintes exames: Hemograma
completo, Sumário de Urina, Parasitológico de fezes (com
evidências clínicas, tratar de imediato), Lipidograma e
Glicemia de jejum.
Para os adolescentes de ambos os sexos, sexualmente
ativos e com história de vários parceiros, além dos exames de
rotina já indicados, é recomendado solicitar, na consulta
sorologia para sífilis e HIV (com aconselhamento prévio do
adolescente).

80
Para adolescentes do sexo feminino, que já iniciaram
atividade sexual, deve ser solicitado ou realizado o exame de
Papanicolau. Outros exames poderão ser solicitados de
acordo com a necessidade de cada caso e previsíveis neste
protocolo.

7 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
A prescrição medicamentosa deve seguir as condutas
deste protocolo municipal e Manuais do Ministério da Saúde:
 Saúde da Mulher (Pré-natal, Prevenção de
Câncer de Mama e Colo de Uterino);
 D S T s / AI D S ;
 Planejamento reprodutivo e familiar;
 Também poderão ser prescritos pelo enfermeiro
os medicamentos citados no Quadro 2 do Capítulo I - Saúde
da Criança, acrescidos dos itens do quadro a seguir.

81
Quadro 2 – Tratamento medicamentoso

MEDICAMENTOS INDICAÇÕES DOSES ADMINISTRAÇÃO


Peróxido de Anti- Fazer uma ou Tópico após
benzoíla – Gel inflamatório,duas higiene local.
2,5% (25 mg/g) tratamento aplicações Antes de cada
/5% (50 mg/g) da acne tópicas diárias aplicação, lavar o
vulgar. nas áreas local com água e
acneicas sabonete neutro.
Cetoconalzol Micoses de O creme deve Tópico após
2% Creme pele, frieira e ser aplicado higiene local.
pano branco. nas áreas
infectadas uma
vez ao dia *
Fonte: RENAME, 2014; REMUME, 2015.
* O tratamento deve ser mantido por mais alguns dias após o
desaparecimento dos sintomas e das lesões. Resultados
favoráveis após 4 semanas de tratamento, dependendo,
obviamente, do tipo de micose, extensão e intensidade das
lesões. Devem ser praticadas medidas gerais de higiene para
auxiliar no controle de fatores de contaminação ou reinfecção.

6 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS

Médico e cirurgião dentista da ESF (na própria UBS);


Psicólogo, Nutricionista e especialidades medicas:
Ginecologista, endocrinologistas, oftalmologista e ortopedista.

82
REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, L. M.; CUBAS, M. R. Org. Cipescando


em Curitiba: Construção e Implementação da Nomenclatura
de Diagnósticos e Intervenções de Enfermagem na Rede
Básica de Saúde Curitiba – PR. Curitiba: 2005.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. Marco legal:
saúde, um direito de adolescentes. Brasília: Ministério da
Saúde, 2005. 60 p.: il.– (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

__________. Ministério da Saúde. Saúde integral de


adolescentes e jovens: orientações para a organização de
serviços de saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde,
2010. il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

__________. Ministério da Saúde. Estatuto da Criança e do


Adolescente / Ministério da Saúde. 3. ed. Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2008. 96 p. – (Série E. Legislação de
Saúde).

__________. Ministério da Saúde. Saúde na escola /


Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da
Saúde, 2009. 96 p. : il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)
(Cadernos de Atenção Básica – CAD n. 24).

FRANGOSO, L. A. & MAURO, A. M. M. F. (org.). Manual


de Atenção à Saúde do adolescente. São Paulo: Secretaria da
Saúde/Coordenação de Desenvolvimento de Programas e
Políticas de Saúde, 2006.

HORTA, V. A Processo de enfermagem. E. P. Castellanos.


São Paulo: EPU, 1979.

83
ANEXOS
FLUXOGRAMA 1- CONSULTA DE ENFERMAGEM AO ADOLESCENTE

ACOLHIMENTO

I - COLETA DE DADOS /HISTÓRICO DE ENFERMAGEM

Exame físico*

Preenchimento da Caderneta de Saúde do Adolescente


Solicitação de exames: Hemograma – Sumário de urina; Glicemia de jejum; Lipidograma;
Vida sexual ativa: VDRL; HIV (com consentimento);
Citologia/Papanicolau

II - DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM Médico ESF


Dentista ESF
III - PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM ENCAMINHAMENTOS: Especialista
Grupos educativos
Outras instituições
IV - AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM: Consulta subsequente

84
*EXAME FÍSICO:
1. Aspecto geral (aparência física, humor, pele hidratada, eupnéico, normocorado, etc.);
2. Avaliar aspectos emocionais, de estresse, ansiedade, tristeza, euforia, (des) orientação mental, física e /ou
espacial e uso de medicação psicotrópica;
3. Avaliação de peso, altura, IMC/idade e Altura/idade – usar curvas e critérios da OMS (2007);
4. Verificação da pressão arterial (deve ser mensurada pelo menos uma vez/ano usando as curvas de pressão
arterial para idade);
5. Avaliação dos sistemas: respiratório, cardiovascular; gastrointestinal, etc;
6. Avaliação do Estagiamento Puberal – usar critérios de Tanner (masculino e feminino);
7. Avaliação da acuidade visual (escala de Snelle) e auditiva;
8. Avaliação de aspectos cognitivos e comportamentais;
9. Avaliação de possíveis sintomas ou sinais (físicos, psíquicos e sociais) sugestivos ou indicativos de violência
doméstica, sexual, maus tratos, dentre outros.

85
FLUXOGRAMA 2 - ATENDIMENTO DO USUÁRIO
ADOLESCENTE

ADOLESCENTE PROCURA
UBS/AMBULATÓRIO
(Demanda espontânea ou encaminhado pelo
ACS)

Acolhimento no SAME

Vacinação Consulta Consulta de Consulta


Médica Enfermagem Odontológica

Identificação de Riscos e
Vulnerabilidades

Encaminhamento Consulta Consulta de


ao especialista médica Enfermagem

Acompanhamento pela UBS

Encaminhamento para
Grupo de
atividades em outras
adolescente
instituições

86
CAPÍTULO III
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À
SAÚDE DA MULHER NO PRÉ-NATAL DE BAIXO
RISCO E PUERPÉRIO

Autores
Ivanilda Sepúlveda Gomes
Raimundo Nonato Pereira de Sousa
Rosilane dos Santos Oliveira
Susanne Emanuelle G. dos Santos
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

Revisão – abril 2016


Milleni Sousa Vieira
Raimundo Nonato Pereira de Sousa
Renara Maria Carvalho de Oliveira
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

1 INTRODUÇÃO
A atenção pré-natal constitui-se em uma das ações mais
elementares da atenção básica, impactando de maneira positiva os
indicadores materno-infantis. Assim, o principal objetivo da
atenção pré-natal e puerperal é acolher a mulher desde o início
da gravidez, assegurando, ao fim da gestação, o nascimento de
uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e
neonatal.
Uma atenção pré-natal e puerperal qualificada e
humanizada se dá por meio da incorporação de condutas
acolhedoras e sem intervenções desnecessárias; do fácil acesso
a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem
87
todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência
à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento
ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco
(BRASIL, 2006).
Por tanto, é necessário no mínimo seis consultas com
profissionais de nível superior (consultas alternadas e
complementares entre o médico e o enfermeiro) que devem ser
oferecidas mensalmente até a 28ª semana; quinzenalmente da 28ª à
36ª semana; semanalmente da 36ª a 41ª semana. Quando o parto não
ocorrer até a 41ª semana, é necessário encaminhar a gestante para
avaliação do bem-estar fetal, incluindo avaliação do índice de
líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal (BRASIL, 2013).
O enfermeiro solicita os exames complementares
indicados, exames para diagnóstico e prevenção do câncer de colo
de útero e de mama, imunização. Faz uma avaliação clínica em cada
consulta, que, no mínimo, envolve classificação de risco, avaliação
nutricional, mensuração da pressão arterial e da altura uterina,
ausculta do batimento cardíaco fetal.
Realiza atividades educativas mensais, abordando temas
relativos à gravidez, parto e puerpério. Busca promover ou
ampliar a participação do companheiro no pré-natal, parto e
puerpério, pois essa participação repercute positivamente na
melhoria do estado geral de saúde da gestante. Mantém o
acompanhamento por meio de visitas domiciliares e de grupo de
educação em saúde das gestantes que optaram por realizar o pré-
natal em outros serviços (BRASIL, 2013).

88
2 REFERÊNCIAS PARA PROTOCOLO DE
ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM NO PRÉ-
NATAL

A Fundação Municipal de Saúde do município de


Teresina-PI, no âmbito da Atenção Básica, adota como parte
integrante de seu protocolo para acompanhamento no pré-
natal, os seguintes documentos:
 Caderno de Atenção Básica 32 Atenção ao pré-natal de baixo
risco, 2013.

Em relação às atribuições do enfermeiro(a) no


acompanhamento pré-natal, a FMS resolve:
• Orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do
pré-natal, da amamentação e da vacinação;
• Realizar o cadastramento da gestante no SisPreNatal e
fornecer o Caderneta da Gestante devidamente preenchido (o
cartão deve ser verificado e atualizado a cada consulta);
• Realizar a consulta de pré-natal de gestação de baixo risco;
• Solicitar exames complementares de acordo com o protocolo
local de pré-natal;
• Realizar testes rápidos;
• Prescrever medicamentos padronizados para o programa de
pré-natal (sulfato ferroso e ácido fólico, além de medicamentos
padronizados para tratamento das ISTs, conforme protocolo da
abordagem sindrômica);
• Orientar a vacinação das gestantes;

89
• Identificar as gestantes com algum sinal de alarme e/ou
identificadas como de alto risco e encaminhá-las para consulta
médica. Caso seja classificada como de alto risco e houver
dificuldade para agendar a consulta médica (ou demora
significativa para este atendimento), a gestante deve ser
encaminhada diretamente ao serviço de referência;
• Realizar exame clínico das mamas e coleta para exame
citopatológico do colo do útero;
• Desenvolver atividades educativas, individuais e em grupos
(grupos ou atividades de sala de espera);
• Orientar as gestantes e a equipe quanto aos fatores de risco e
à vulnerabilidade;
• Orientar as gestantes sobre a periodicidade das consultas e
realizar busca ativa das gestantes faltosas;
• Realizar visitas domiciliares durante o período gestacional e
puerperal, acompanhar o processo de aleitamento e orientar a
mulher e seu companheiro sobre o planejamento familiar.

3 CONSULTA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL

3.1 Diagnóstico de gravidez


O diagnóstico da gravidez pode ser feito pelo enfermeiro
(seguir Fluxograma I, ANEXO), observando:
O atraso ou irregularidade menstrual, náuseas, aumento do
volume abdominal e exames laboratoriais ou de imagem
(ultrassonografia) que poderão ser solicitados pelo enfermeiro.
Sinais e sintomas relevantes relacionados à gravidez:
90
Presuntivos
 Amenorreia;
 Náuseas e vômitos;
 Alterações mamarias;.
 Alterações cutâneas: linha nigra, cloasma, estrias;
 Fadiga, mal estar, desconforto geral e letargia sem
qualquer causa aparente;
Prováveis
 Sinal de Piskacek ou sinal de Braunvon Fernwald:
congestão e amolecimento do fundo do útero;
 Sinal de Hegar: amolecimento do istmo uterino.
 Sinal de Gooldelle: amolecimento da cérvice.
 Sinal de Chadwick: coloração azulada visível nas
mucosas da cérvice.
 Crescimento do abdome;
 Contrações de Braxton Hicks: contrações uterinas
indolores que começam no inicio da gravidez e tornam-se mais
frequentes após a 28ª semana.
 Contorno fetal: a partir da 24ª semana;
 Testes positivos para gravidez: aumento do HCG no
exame sérico ou de urina.

Positivo
 Ausculta dos BCF: a partir de desenvolvimento de feto,
pode-se auscultar a partir de 12ª semanas com sonar Doppler,
e após 24ª semana com Pinard.
 Percepção do movimento fetal pela palpação do
examinador: pode ser percebido como ondulação na parede
abdominal;
 Sinal de Puzos: Rechaço: movimento passivo do feto.

91
Após confirmação da gravidez em consulta de
enfermagem, dá-se o início ao acompanhamento da gestante.

3.2 A consulta de enfermagem no pré-natal de baixo risco


As consultas de pré-natal deverão ser intercaladas
consultas de enfermagem com consultas médicas. O
enfermeiro deverá realizar um trabalho em conjunto com o
médico com objetivo único de assistir integralmente a gestante
e seu filho, durante toda a gravidez, parto e puerpério. Sendo
que o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente
acompanhado pelo enfermeiro.
As consultas deverão ser agendadas e ter seu
atendimento programado em função dos períodos gestacionais
que determinam maior risco materno e perinatal, também
visando melhorar o acesso da gestante. Importante que o
atendimento seja precoce (1º trimestre), regular, completo,
garantindo que todas as avaliações propostas sejam realizadas,
preenchendo-se a caderneta, ficha da gestante e seu cadastro e
o acompanhamento no SISPRENATAL e ser extensivo a todas
as gestantes.

3.2.1 Classificação de risco gestacional


Com o objetivo de reduzir a morbimortalidade
materno-infantil e ampliar o acesso com qualidade, é
necessário que se identifiquem os fatores de risco gestacional
o mais precocemente possível. Dessa forma, o acolhimento
com classificação de risco pressupõe agilidade no atendimento
92
e definição da necessidade de cuidado e da densidade
tecnológica que devem ser ofertadas às usuárias em cada
momento.
Portanto, é indispensável que a avaliação do risco seja
permanente, ou seja, aconteça em toda consulta. Em
contrapartida, quando são identificados fatores associados a
um pior prognóstico materno e perinatal, a gravidez é definida
como de alto risco, passando a exigir avaliações mais
frequentes, muitas vezes fazendo-se uso de procedimentos
com maior densidade tecnológica.
A seguir, são apresentados os fatores de risco gestacional e
as situações em que deve ser considerado o encaminhamento
ao pré-natal de alto risco e/ou à emergência obstétrica
(BRASIL, 2013).

3.2.2 Fatores de risco que permitem a realização do pré-


natal pela equipe de Atenção Básica

- Fatores relacionados às características individuais e às


condições sociodemográficas desfavoráveis:
• Idade menor do que 15 e maior do que 35 anos; • Ocupação:
esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de
horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos,
estresse; • Situação familiar insegura e não aceitação da
gravidez, principalmente em se tratando de adolescente; •
Situação conjugal insegura; • Baixa escolaridade (menor do
que cinco anos de estudo regular); • Condições ambientais

93
desfavoráveis; • Altura menor do que 1,45m; • IMC que
evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade.
- Fatores relacionados à história reprodutiva anterior:
• Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou
malformado; • Macrossomia fetal; • Síndromes hemorrágicas
ou hipertensivas; • Intervalo interpartal menor do que dois
anos ou maior do que cinco anos; • Nuliparidade e
multiparidade (cinco ou mais partos); • Cirurgia uterina
anterior; • Três ou mais cesarianas.
- Fatores relacionados à gravidez atual:
• Ganho ponderal inadequado; • Infecção urinária; • Anemia.

3.2.3 Fatores de risco que podem indicar encaminhamento


ao pré-natal de alto risco

- Fatores relacionados às condições prévias:


• Cardiopatias; • Pneumopatias graves (incluindo asma
brônquica); • Nefropatias graves (como insuficiência renal
crônica e em casos de transplantados); • Endocrinopatias
(especialmente diabetes mellitus, hipotireoidismo e
hipertireoidismo); Doenças hematológicas (inclusive doença
falciforme e talassemia); • Hipertensão arterial crônica e/ou
caso de paciente que faça uso de anti-hipertensivo
(PA>140/90mmHg antes de 20 semanas de idade gestacional
– IG); • Doenças neurológicas (como epilepsia); • Doenças
psiquiátricas que necessitam de acompanhamento (psicoses,

94
depressão grave etc.); • Doenças autoimunes (lúpus
eritematoso sistêmico, outras colagenoses); • Alterações
genéticas maternas; • Antecedente de trombose venosa
profunda ou embolia pulmonar; • Ginecopatias (malformação
uterina, miomatose, tumores anexiais e outras); • Portadoras de
doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção
pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação fetal) e
outras ISTs (condiloma); • Hanseníase; • Tuberculose; •
Dependência de drogas lícitas ou ilícitas; • Qualquer patologia
clínica que necessite de acompanhamento especializado.
- Fatores relacionados à história reprodutiva anterior:
• Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior,
principalmente se for de causa desconhecida; • História prévia
de doença hipertensiva da gestação, com mau resultado
obstétrico e/ou perinatal (interrupção prematura da gestação,
morte fetal intrauterina, síndrome Hellp, eclâmpsia, internação
da mãe em UTI); • Abortamento habitual; •
Esterilidade/infertilidade.
- Fatores relacionados à gravidez atual:
• Restrição do crescimento intrauterino; • Polidrâmnio ou
oligoidrâmnio; • Gemelaridade; • Malformações fetais; ou
arritmia fetal; • Distúrbios hipertensivos da gestação
(hipertensão crônica preexistente, hipertensão gestacional ou
transitória); • Infecção urinária de repetição ou dois ou mais
episódios de pielonefrite (toda gestante com pielonefrite deve
ser inicialmente encaminhada ao hospital de referência, para
95
avaliação); • Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de
tratamento com sulfato ferroso; • Portadoras de doenças
infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV,
sífilis terciária (USG com malformação fetal) e outras DSTs
(condiloma); • Infecções como a rubéola e a citomegalovirose
adquiridas na gestação atual; • Evidência laboratorial de
proteinúria; • Diabetes mellitus gestacional; • Desnutrição
materna severa; • Obesidade mórbida ou baixo peso (nestes
casos, deve-se encaminhar a gestante para avaliação
nutricional); • NIC III (nestes casos, deve-se encaminhar a
gestante ao oncologista); • Alta suspeita clínica de câncer de
mama ou mamografia com Bi-rads III ou mais (nestes casos,
deve-se encaminhar a gestante ao oncologista); • Adolescentes
com fatores de risco psicossocial.

3.2.4 Fatores de risco que indicam encaminhamento à


urgência/ emergência obstétrica

 Síndromes hemorrágicas (incluindo descolamento


prematuro de placenta, placenta prévia), independentemente
da dilatação cervical e da idade gestacional;
 Suspeita de pré-eclâmpsia: pressão arterial > 140/90,
medida após um mínimo de 5 minutos de repouso, na posição
sentada. Quando estiver associada à proteinúria, pode-se usar
o teste rápido de proteinúria;

96
 Obs.: Edema não é mais considerado critério
diagnóstico (grau de recomendação C).
 Sinais premonitórios de eclâmpsia em gestantes
hipertensas: escotomas cintilantes, cefaleia típica occipital,
epigastralgia ou dor intensa no hipocôndrio direito;
 Eclâmpsia (crises convulsivas em pacientes com pré-
eclâmpsia);
 Crise hipertensiva (PA > 160/110); • Amniorrexe
prematura: perda de líquido vaginal (consistência líquida, em
pequena ou grande quantidade, mas de forma persistente),
podendo ser observada mediante exame especular com
manobra de Valsalva e elevação da apresentação fetal;
 Isoimunização Rh;
 Anemia grave (hemoglobina < 8);
 Trabalho de parto prematuro (contrações e modificação
de colo uterino em gestantes com menos de 36 semanas); • IG
a partir de 41 semanas confirmadas;
 Hipertermia (Tax > = 37,8C), na ausência de sinais ou
sintomas clínicos de Ivas;
 Suspeita/diagnóstico de abdome agudo em gestantes;
 Suspeita/diagnóstico de pielonefrite, infecção ovular
ou outra infecção que necessite de internação hospitalar;
 Suspeita de trombose venosa profunda em gestantes
(dor no membro inferior, edema localizado e/ou varicosidade
aparente);
 Investigação de prurido gestacional/icterícia;
97
 Vômitos incoercíveis não responsivos ao tratamento,
com comprometimento sistêmico com menos de 20 semanas;
 Vômitos inexplicáveis no 3º trimestre;
 Restrição de crescimento intrauterino;
 Oligoidrâmnio; Casos clínicos que necessitem de
avaliação hospitalar: cefaleia intensa e súbita, sinais
neurológicos, crise aguda de asma etc. Nos casos com menos
de 20 semanas, as gestantes podem ser encaminhadas à
emergência clínica.

3.3 PRIMEIRA CONSULTA DE ENFERMAGEM NO


PRÉ-NATAL
Realizar consulta conforme roteiro e orientação do Caderno de
Atenção Básica nº 32:
Realizar História Clinica (Coleta de dados)
Utilizar Caderneta da Gestante;
Realizar Cadastro no SISPRENATALWEB e registros no e-
SUS;
Solicitar exames complementares;
Aconselhamento pré-teste e pós-teste para HIV/AIDS;
Encaminhar para vacinas se necessário;
Realizar ações educativas e marcar consulta subsequente;
Prescrever medicamentos, conforme o preconizado para o pré-
natal.

3.4 CONSULTA DE ENFERMAGEM SUBSEQUENTE


Revisão da ficha pré-natal;

98
Anamnese atual sucinta;
Verificação do calendário de vacinação.
Controles maternos:
– Cálculo e anotação da idade gestacional;
– Determinação do peso para avaliação do índice de
massa corporal (IMC), anotar no gráfico e observar o sentido
da curva para avaliação do estado nutricional;
– Medida da pressão arterial;
– Palpação obstétrica e medida da altura uterina. Anotar
no gráfico e observar o sentido da curva para avaliação do
crescimento fetal;
– Pesquisa de edema;
– Verificação dos resultados dos testes para sífilis
(VDRL e confirmatório, sempre que possível) e, no caso de
resultado positivo, o esquema terapêutico utilizado (na
gestante e em seu parceiro), além do resultado dos exames
(VDRL) realizados mensalmente para o controle de cura;
– Avaliação dos outros resultados de exames
laboratoriais.
Controles fetais:
– Ausculta dos batimentos cardíacos;
– Avaliação dos movimentos percebidos pela mulher
e/ou detectados no exame obstétrico.
Condutas:
– Interpretação dos dados de anamnese, do exame
obstétrico e dos exames laboratoriais com solicitação de
outros, se necessários;
99
– Tratamento de alterações encontradas, ou
encaminhamento, se necessário;
– Prescrição de suplementação de sulfato ferroso (40mg
de ferro elementar/dia) e ácido fólico (400mcg/dia) que deverá
ser iniciado na primeira consulta e permanecer até o final do
pré-natal e demais medicamentos em caso de verminoses
(conforme quadro abaixo) e infecções ginecológicas conforme
demais protocolos (IST/AIDS)
– Orientação alimentar;
– Acompanhamento das condutas adotadas em serviços
clínicos especializados (a mulher referenciada ao serviço
especializado deverá continuar sendo acompanhada pela
equipe da atenção básica);
– Realização de ações e práticas educativas individuais e
em grupos (os grupos educativos para adolescentes devem ser
exclusivos dessa faixa etária, abordando temas de interesse do
grupo);
– Agendamento de consultas subsequentes.

3.5 CONSULTA PUERPERAL


O puerpério é considerado o período do ciclo grávido-
puerperal em que o organismo materno retorna suas condições
pré-gravídicas e é caracterizado pelas regressões das
modificações locais e sistêmicas que foram provocadas pela
gravidez.

3.5.1 Atividades:

100
1. Preencher FICHA DE REGISTRO DIÁRIO DOS
ATENDIMENTOS DAS GESTANTES NO
SISPRENATALWEB (conclusão da assistência pré-natal).
2. Completar o preenchimento da FICHA PERINATAL
com os dados relativos ao parto, constantes na Caderneta da
gestante, bem como preencher os dados no e-SUS.
3. Proceder ao exame ginecológico completo e registrar
as eventuais queixas para tratamento e/ou encaminhamento
adequado.
4. Solicitar os exames complementares, se necessário.
5. Referenciar a gestante para completar as doses de
vacina, se necessário.
6. Prescrever e orientar o uso de Sulfato Ferroso (1
comprimido ao dia) por 3 meses pós-parto ou pós-aborto.
7. Orientar alimentação.
8. Averiguar se a amamentação se processa normalmente,
corrigindo as distorções identificadas.
9. Discutir a importância da observação de adequado
intervalo gestacional e ministrar subsídios técnicos na
abordagem do planejamento familiar.
10. Assinalar a importância do acompanhamento
ginecológico de rotina (prevenção do câncer cérvico-uterino e
de mama) e o acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento da criança.

3.5.2 Avaliação materna no domicílio


 Sinais vitais
101
 Exame das mamas
 Verificar involução uterina
 Investigar possíveis alterações na gestação, parto e
puerpério.
 Verificar as condições de cicatrização da ferida
cirúrgica
 Avaliar a loquiação.
 Incentivar aleitamento materno exclusivo
 Oferecer vitamina A, se necessário.
 Avaliar esquema vacinal.
 Agendar consulta puerperal na UBS.
 Orientar a procurar o serviço de saúde em caso dúvidas
e intercorrências.

3.5.3 Avaliação materna na unidade de saúde


 Realizar consulta puerperal até 42 semanas após o
parto.
 Solicitar exames laboratoriais, se necessário.
 Realizar exame citopatológico, se houver necessidade.
 Orientar contracepção e prescrever conforme protocolo
de Planejamento Reprodutivo.
 Cadastrar no programa de planejamento reprodutivo da
unidade de saúde.

102
4 EXAMES COMPLEMENTARES E CONDUTAS

Quadro 1 – Exames complementares de rotina do pré-


natal
Período Exames
1ª consulta Hemograma
ou Tipagem sanguínea e fator Rh
1º trimestre Coombs indireto (se for Rh negativo)
Glicemia em jejum
Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR
Teste rápido diagnóstico anti-HIV
Anti-HIV
Toxoplasmose IgM e IgG
Sorologia para hepatite B (HbsAg)
Urocultura + urina tipo I (sumário de urina – SU, EQU)
Ultrassonografia obstétrica
Citopatológico de colo de útero (se for necessário)
Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica)
Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica)
2º trimestre Teste de tolerância para glicose com 75g, se a glicemia
estiver acima de 85mg/dl ou se houver fator de risco
(realize este exame preferencialmente entre a 24ª e a 28ª
semana)
Coombs indireto (se for Rh negativo)
3º trimestre Hemograma
Glicemia em jejum
Coombs indireto (se for Rh negativo)
VDRL
Anti-HIV
Sorologia para hepatite B (HbsAg)
Repita o exame de toxoplasmose se o IgG não for reagente
Urocultura + urina tipo I (sumário de urina – SU)
Bacterioscopia de secreção vaginal (a partir de 37
semanas de gestação)
Fonte: Cadernos de Atenção Básica, n° 32, p.109.

103
Quadro 2 - Condutas diante dos resultados dos exames
complementares de rotina
Exames de Resultados Condutas
rotina
Tipagem Rh negativo e Solicite o teste de Coombs
sanguínea parceiro Rh indireto:
positivo ou fator Se for negativo, deve-se
Rh desconhecido repeti-lo a cada 4 semanas, a
partir da 24ª semana;
Quando for positivo, deve-se
referir a gestante ao pré-natal
de alto risco.
Teste rápido para TR positivo Colete amostra sanguínea
sífilis (triagem) para realização do VDRL e
teste parceiros sexuais
TR negativo Realize sorologia no 3º
trimestre, no momento do
parto e em caso de
abortamento
Sorologia para VDRL positivo Trate a gestante e seu
sífilis (lues) parceiro.
Sífilis primária = trate com
penicilina benzatina, em dose
única de 2.400.000 UI
(1.200.000 em cada nádega).
Sífilis secundária ou latente
recente (menos de 1 ano de
evolução) = trate com
penicilina benzatina,
2.400.000 UI (1.200.000 UI
em cada nádega), em duas
doses, com intervalo de uma
semana. Dose total de
4.800.000 UI.
Sífilis terciária ou latente
tardia (1 ano ou mais de
evolução ou duração
ignorada) = trate com
penicilina benzatina, 3
aplicações de 2.400.000 UI
(1.200.000 UI em cada
nádega), com intervalo de
uma semana. Dose total de
7.200.000 UI.

104
Exames de Resultados Conduta
rotina
Sorologia para VDRL positivo Realize exame mensal para
sífilis (lues) controle de cura
VDRL negativo Repita o exame no 3º
trimestre, no momento do
parto e em caso de
abortamento.
Urina tipo I e Proteinúria “Traços”: repita em 15 dias;
urocultura caso se mantenha, encaminhe
a gestante ao pré-natal de alto
risco.
“Traços” e hipertensão e/ou
edema: é necessário referir a
gestante ao pré-natal de alto
risco.
“Maciça”: é necessário
referir a gestante ao pré--
natal de alto risco.
Piúria/bacteriúria/ Trate a gestante para infecção
leucocitúria do trato urinário (ITU)
Cultura positiva empiricamente, até o
(> 105 col/ml) resultado do antibiograma.
Solicite o exame de urina tipo
I (sumário de urina) após o
término do tratamento.
Em caso de ITU de repetição
ou refratária ao tratamento,
após ajuste da medicação
com o resultado do
antibiograma, é necessário
referir a gestante ao pré-natal
de alto risco.
Caso haja suspeita de
pielonefrite, é necessário
referir a gestante ao hospital
de referência para
intercorrências obstétricas.
Hematúria Se for piúria associada,
considere ITU e proceda da
mesma forma como foi
apresentada no item anterior.
Se for isolada, uma vez que
tenha sido excluído
sangramento genital, é
105
Exame de rotina Resultados Condutas
Urina tipo I e Hematúria necessário referir a gestante
urocultura para consulta especializada.
Cilindrúria É necessário referir a gestante
ao pré-natal de alto risco
Outros elementos. Não necessitam de condutas
especiais.
Dosagem de Hemoglobina Suplementação de ferro a
hemoglobina > 11g/dl partir da 20ª semana:
Ausência de 1 drágea de sulfato
anemia ferroso/dia (200mg), que
corresponde a 40mg de ferro
elementar.
Recomenda-se ingerir a
medicação antes das
refeições.
Hemoglobina A)Solicite exame
(Hb) entre 8g/dl e parasitológico de fezes e trate
11g/dl as parasitoses, se presentes;
Anemia leve a B) Trate a anemia com 120 a
moderada 240mg de ferro elementar ao
dia. Normalmente,
recomendam-se
5 (cinco) drágeas/dia de
sulfato ferroso, de 40mg
cada, via oral (podem ser 2
pela manhã, 2 à tarde e 1 à
noite), uma hora antes das
refeições;
C) Repita a dosagem de
hemoglobina entre 30 e 60
dias:
- Se os níveis estiverem
subindo, mantenha o
tratamento até a Hb atingir
11g/dl, quando deverá ser
iniciada a dose de
suplementação (1 drágea ao
dia, com 40mg de ferro
elementar). Repita a dosagem
no 3º trimestre;
- Se a Hb permanecer em
níveis estacionários ou se
diminuir, será necessário
referir a gestante ao pré-natal
106
Exames de Resultados Condutas
rotina
Dosagem de de alto risco
hemoglobina Hemoglobina Será necessário referir a
< 8g/dl gestante ao pré-natal de
Anemia grave alto risco.
Glicemia em 85 – 119mg/dl Realize TTG de 24 a 28
jejum semanas de gestação.
> 110mg/dl Repita o exame de glicemia
em jejum. Se o resultado for
maior do que 110mg/dl, o
diagnóstico será de DM
gestacional.
TTGO 75g (2h) Jejum < 110mg/dl Teste negativo.
2h < 140mg/dl
Jejum > 110mg/dl DM gestacional
2h > 140mg/dl
Proteinúria (teste
rápido)
Teste rápido TR positivo Realize o aconselhamento
diagnóstico para pós-teste e encaminhe a
HIV gestante para o seguimento
ao pré-natal no serviço de
atenção especializada em
DST/Aids de referência.
TR negativo Realize o aconselhamento
pós-teste e repita a sorologia
no 3º trimestre.
Sorologia para Positivo Realize o aconselhamento
HIV pós-teste e encaminhe a
gestante para o seguimento
ao pré-natal no serviço de
atenção especializada em
DST/Aids de referência.
Negativo Realize o aconselhamento
pós-teste e repita o exame no
3º trimestre.
Sorologia para Positivo Realize o aconselhamento
hepatite B pós-teste e encaminhe a
gestante para o seguimento
ao pré-natal no serviço de
atenção especializada em
hepatites de referência.

107
Exames de Resultados Condutas
rotina
Sorologia para Teste Negativo Realize o aconselhamento
hepatite B pós-teste e vacine a gestante
caso ela não tenha sido
vacinada anteriormente. Em
seguida, repita a sorologia no
3º semestre.
Fonte: Cadernos de Atenção Básica, n° 32, p.111

5 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

- Uso de ácido fólico (400mcg/dia) a partir da suspeita


de gravidez até o final da gestação;
- Uso de sulfato ferroso (40mg/dia) a partir da 20ª
semana até 3 meses após o parto;
Tratar verminoses e infecções ginecológicas conforme demais
protocolos (IST/AIDS e Saúde da mulher

108
Quadro 3 - Condutas medicamentosa na presença de
helmintíases e protozooses

Medicamentos indicados na terapêutica das helmintíases e


protozooses intestinais durante a gestação
Helmintíases Medicamentos Posologia
Ancilostomíase Mebendazol 100mg, duas vezes ao
Ascaridíase dia, por VO, durante três
Enterobíase dias seguidos.
Esquistossomose Oxaminiquine Contraindicados: tratar
Praziquantel no puerpério
Ditioletiona
Estrongiloidíase Tiabendazol 50mg/kg/dia, por VO, em
duas tomadas (manhã/
noite), durante dois dias
seguidos.
Himenolepíase Praziquantel Contraindicados: tratar
Niclosamida no puerpério
Teníase Mebendazol 200mg, por VO, duas
vezes ao dia
(manhã/noite), durante
quatro dias seguidos.
Tricuríase Mebendazol 100mg, duas vezes ao
dia, por VO, durante três
dias seguidos.
Protozooses Medicamentos Posologia
Amebíase Metronidazol 250mg, três vezes ao dia,
por VO, durante dez dias.
Giardíase Metronidazol 250mg, três vezes ao dia,
por VO, durante sete dias
seguidos.
Fonte: Cadernos de Atenção Básica, n° 32, p.233
OBSERVAÇÃO:
O diagnóstico e o tratamento de pacientes com essas
condições deveriam ser realizados antes da gestação.
Nenhuma droga antiparasitária é considerada totalmente
segura na gestação. Pacientes com parasitos intestinais só
devem ser tratados na gravidez quando o quadro clínico é
exuberante ou as infecções são maciças.

109
Não se recomenda o tratamento durante o primeiro
trimestre da gestação. Medidas profiláticas (como educação
sanitária, higiene correta das mãos, controle da água, dos
alimentos e do solo) devem ser encorajadas devido ao impacto
positivo que geram sobre a ocorrência de parasitoses
intestinais.
6 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS
Médico obstetra; psicólogo e nutricionista, de acordo com a
necessidade identificada e não solucionada na Unidade Básica
de Saúde.
7 TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO
Compete a(o) enfermeira(o) atuar na sensibilização da cliente
orientando quanto a concepção e contracepção por meio de:
Práticas Educativas
Promover Orientações Individuais ou em Grupo quanto:
Importância do pré-natal;
Aconselhamento quanto aos exames;
Alimentação e ganho de peso;
Sono e repouso;
Gestação e parto;
Cuidado com as mamas e amamentação;
Possíveis intercorrências: contrações uterinas, sangramento,
perda de líquido, febre;
Movimentação fetal;
Atividade física e sexual.

110
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de
baixo risco [recurso eletrônico]. 1. ed. rev. Brasília: Ministério
da Saúde, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e


parasitárias: guia de bolso. 4. ed. Brasília, 2004. 2 volumes.

BRASIL Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica da


Saúde da Mulher. Parto, Aborto e Puerpério: Assistência
Humanizada à Mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área
Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção
qualificada e humanizada - manual técnico. Brasília:
Ministério da Saúde, 2005.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE GOIÁS


(COREN-GO). Protocolo de Enfermagem em Atenção à
Saúde de Goiás. COREN: Goiás, 2010.

111
FLUXOGRAMA 1 – SUSPEITA DE GRAVIDEZ

MULHER
Atraso menstrual acima de 15 dias

CONSULTA MÉDICA OU DE ENFERMAGEM


Solicitar: Teste rápido de gravidez (TR)
Teste Imunológico da Gravidez (TIG) ou Beta-HCG

TR ou Beta- HCG ou TIG TR, Beta- HCG ou TIG


positivo negativo

1ª CONSULTA DE -
Repetri Beta-HCG ou
-ENFERMAGEM TIG com 15 dias
- Seguir Fluxograma II

Agendar 1ª consulta)
- Beta-HCG/TIG
-
Beta-HCG ou Negativo
TIG positivo

Persistência da
amenorreia –
identificar outros
fatores

Encaminhar para
Consulta Médica

112
FLUXOGRAMA 2- CONSULTA DE ENFERMAGEM
CONSULTA DE
ENFERMAGEM NO PRÉ-
NATAL Histórico e exame físico (deverá ser feito em todas as consultas

Ações de rotina Ações complementares


Registro no SISPRENATALWEB
(Cadastro e consultas subsequentes)
Classificação do risco Referência para Referência para
Cartão da gestante gestacional em todas as atendimento outros
consultas odontológico profissioanis
Calendário vacinal

Identificação de risco
Avaliação nutricional
Sim Encaminhar para a
referência
Solicitação de US obstétrica
Não Cessado o risco
Solicitação de exames laboratoriais

Interpretação dos resultados de exames e tratamento. Continuar no pré-natal de baixo risco

113
FLUXOGRAMA 3 – Infecção EXAME DE URINA I
Urinária na Gravidez (ITU)

≥10 PIÓCITOS POR CAMPO


<10 PIÓCITOS/ CAMPO E/OU FLORA BACTERIANA
ELEVADA

ROTINA NORMAL ASSINTOMÁTICA SINTOMÁTICA


ORIENTAÇÕES

SOLICITAR
ENCAMINHAR PARA
UROCULTURA
CONSULTA MÉDICA

<100.000 col/ml
ROTINA >=100.000 col/ml de
ORIENTAÇÕES bactérias patogênicas

114
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À
SAÚDE DA MULHER PREVENÇÃO DO CÂNCER DO
COLO DE ÚTERO

Autores
Ozirina Maria da Costa
Svetlana Coelho Martins
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

Revisão – abril 2016


Milleni Sousa Vieira
Raimundo Nonato Pereira de Sousa
Renara Maria Carvalho de Oliveira
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

1 INTRODUÇÃO

A mortalidade por câncer de colo de útero é totalmente


evitável, uma vez que existem ações para seu controle e
tecnologias para o diagnóstico e tratamento de lesões
precursoras que permitem a cura em 100% dos casos
diagnosticados na fase inicial.
Em 1998, foi instituído pelo Ministério da Saúde, o
Programa Nacional de Combate ao Câncer do Colo do Útero,
com a publicação da Portaria GM/MS nº 3.040/98, de 21 de
junho de 1998. A coordenação do Programa foi transferida
para o Instituto Nacional do Câncer (INCA) por meio da
Portaria GM/MS nº 788/99, de 23 de junho de 1999. Foi
também nesse ano que se instituiu o Sistema de Informação do
Câncer do Colo do Útero (SISCOLO) como componente

115
estratégico no monitoramento e gerenciamento das ações
(Portaria nº 408, de 30 de agosto de 1999).
Em 2002, o fortalecimento e a qualificação da rede de
atenção primária, bem como a ampliação de centros de
referência possibilitaram a realização de uma segunda fase de
intensificação, priorizando mulheres que jamais haviam se
submetido ao exame preventivo ou que estavam sem fazê-lo
há mais de três anos.
Em 2005, foi lançada a Política Nacional de Atenção
Oncológica (PNAO), que estabeleceu o controle dos cânceres
do colo do útero e de mama como componente fundamental a
ser previsto nos planos estaduais e municipais de saúde
(Portaria GM nº 2.439/2006, de 31 de dezembro de 2005). A
importância da detecção precoce dessas neoplasias foi
reafirmada no Pacto pela Saúde em 2006, por meio da inclusão
de indicadores na pactuação de metas com estados e
municípios, para a melhoria do desempenho das ações
prioritárias da agenda sanitária nacional.
Depois de todas essas iniciativas, ainda que o
SISCOLO tenha registrado cerca de 11 milhões de exames
citopatológicos no Brasil no ano de 2009 e, apesar dos avanços
em nível da atenção primária e de todo SUS, reduzir a
mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil ainda é um
desafio a ser vencido.
Segundo dados do INCA o câncer de colo de útero é a
segunda causa de óbitos por câncer em mulheres, precedido do
116
câncer de mama e seguido por câncer de colo e reto, pulmão e
estômago. A faixa etária mais acometida compreende dos 25 a
69 anos.
Os fatores de risco mais importantes para o
desenvolvimento do câncer do colo do útero são:
• Infecção pelo Papiloma Vírus Humano – HPV - sendo
esse o principal fator de risco;
• Início precoce da atividade sexual;
• Multiplicidade de parceiros sexuais;
• Tabagismo, diretamente relacionados à quantidade de
cigarros fumados;
• Baixa condição sócio-econômica;
• Imunossupressão;
• Uso prolongado de contraceptivos orais;
• Higiene íntima inadequada
O exame citopatológico ou Papanicolau se tornou uma
técnica de alta eficácia e baixo custo na detecção precoce das
lesões iniciais provocadas pelo agente do câncer de colo de
útero e tem sido amplamente adotado em diversos países,
dentre eles o Brasil, por meio do Ministério da Saúde como
método de prevenção desse tipo de câncer.
A enfermeira da Atenção Básica deverá ter
conhecimentos técnicos para realizar o procedimento de coleta
de exame de prevenção de câncer de colo uterino
(PCCU/citologia oncótica Resolução COFEN nº 381/2011),
bem como habilidades para sensibilizar todas as mulheres de
117
sua área de abrangência, na faixa etária recomendada pelo
Ministério da Saúde, a realizá-lo. É também o membro da
equipe com capacidade de promover a educação em saúde e
ser um facilitador dos seguimentos dos casos alterados na rede
de referência e contrareferência da Fundação Municipal de
Saúde (FMS).
Objetivos do Cuidado de Enfermagem à mulher na
Prevenção do Câncer do Colo Uterino:
 Realizar atividades educativas e informativas sobre a
prevenção do câncer de colo do útero;
 Orientar quanto à importância da vacina contra o HPV para
prevenção primária e realizar a captação em tempo oportuno
das adolescentes (9 a 13 anos);
 Realizar consulta de enfermagem: histórico, exame físico
geral e ginecológico com coleta para citologia oncótica;
 Solicitar e/ou encaminhar para exames complementares
 Avaliar resultados dos exames solicitados e coletados, e, de
acordo com os protocolos e diretrizes clínicas,
 Realizar o encaminhamento para os serviços de referência em
diagnóstico e/ou tratamento do câncer do colo do útero.
 Examinar e avaliar pacientes com sinais e sintomas
relacionados aos cânceres do colo do útero e de mama.
 Prescrever tratamento para outras doenças detectadas, como
DSTs, na oportunidade do rastreamento, de acordo com os
protocolos ou normas técnicas estabelecidas pelo gestor local.

118
 Fazer acompanhamento das pacientes com exames alterados;
 Realizar cuidado paliativo, na UBS ou no domicílio, de
acordo com as necessidades da usuária;
 Avaliar periodicamente, e sempre que ocorrer alguma
intercorrência, as pacientes acompanhadas em AD1, e, se
necessário, realizar o encaminhamento para unidades de
internação ou Emad;
 Contribuir, realizar e participar das atividades de educação
permanente de todos os membros da equipe;
 Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o
adequado funcionamento da Unidade Básica de Saúde.

2 REFERÊNCIA PARA PROTOCOLO DE


ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM NA
PREVENÇÃO DO CÃNCER DE COLO DE ÚTERO
A Fundação Municipal de Saúde do município de
Teresina-PI, no âmbito da Atenção Básica, adota como parte
integrante de seu protocolo de saúde da mulher-prevenção do
câncer de colo de útero os seguintes documentos:
 Cadernos de Atenção Básica nº 13. Controle dos
cânceres do colo do útero e da mama / Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2. ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2013.
 Diretrizes Brasileiras para o rastreamento do câncer
do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer. Coordenação

119
Geral de Ações Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de
Atenção Oncológica. – Rio de Janeiro: INCA, 2011.
 Protocolos da Atenção Básica: Saúde das
Mulheres [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Instituto
Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília: Ministério da
Saúde, 2015.
Assim considerando tais documentos apontamos as
recomendações abaixo para a periodicidade e o público alvo
para a realização da citologia oncótica

3 CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA COLETA DO


EXAME PREVENTIVO DO CÂNCER DE COLO
UTERINO

3.1. Público Alvo


O início da coleta, com objetivo de detectar o câncer
(CA) de colo uterino, deve ser aos 25 anos de idade para as
mulheres que já iniciaram atividade sexual. Os exames devem
seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após essa
idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos
consecutivos nos últimos cinco anos.
Para mulheres com mais de 64 anos e que nunca
realizaram o exame citopatológico, deve-se realizar dois
exames com intervalo de um a três anos. Se ambos forem
negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames
adicionais.

120
3.2 Periodicidade para realização do Papanicolau
O intervalo entre os exames deve ser de três anos, após
dois exames anuais negativos para células neoplásicas. As
mulheres que se enquadrarem no grupo de risco deverão
realizar o exame com a frequência a critério do especialista
conforme o seguimento.

3.2.1 Recomendações especiais


Mulher grávida: não se deve perder a oportunidade para a
realização do rastreamaento. Pode ser feito em qualquer
período da gestação, preferencialmente até o 7º mês. Não está
contraindicada a realização do exame em mulheres grávidas, a
coleta deve ser feita com a espátula de Ayre e evitando usar
escova de coleta endocervical.
Mulheres sem história de atividade sexual: a coleta em
mulheres que não iniciaram a atividade sexual não deve ser
realizada na rotina. A ocorrência de condilomatose genitália
externa, principalmente vulvar e anal, é um indicativo da
necessidade de realização do exame do colo, devendo-se
encaminhar para médico e/ou especialista.
Mulheres histerectomizadas: sem história prévia de
diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau,
podem ser excluídas do rastreamento, desde que apresentem
exames anteriores normais. Em casos de histerectomia por
lesão precursora ou câncer do colo do útero, a mulher deverá
ser acompanhada de acordo com a lesão tratada.
121
Imunossuprimidas: o exame citopatológico deve ser
realizado neste grupo após o início da atividade sexual com
intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, manter
seguimento anual enquanto se mantiver o fator de
imunossupressão. Mulheres HIV positivas com CD4 abaixo de
200 células/mm³ devem ter priorizada a correção dos níveis de
CD4 e, enquanto isso devem ter o rastreamento citológico a
cada seis meses.
É necessário ressaltar que a presença de colpites,
corrimentos ou colpocervicites comprometerá interpretação da
citopatologia. Nesses casos, a mulher deve ser tratada
(conforme exposto na abordagem sobre as IST) e retornar após
um mês do tratamento para coleta do exame preventivo do
câncer do colo do útero.

3.3 Operacionalização
Antes do exame é necessário o preenchimento correto
da requisição do exame citopatológico, pois a falta ou os dados
incompletos poderá comprometer por completo coleta do
material, o acompanhamento, o tratamento e outras ações de
controle do câncer do colo do útero.
A lâmina e o frasco que serão utilizados para colocar o
material a ser examinado devem ser preparados e identificados
previamente. Observar para Fluxograma da Consulta de
Enfermagem.

122
3.4 Coleta para citologia oncótica
O exame citopatológico (Papanicolaou) é o exame
preventivo do câncer do colo do útero. Consiste na análise de
células oriundas da ectocérvice e da endocérvice que são
extraídas por raspagem do colo do útero.
A coleta do exame é realizada durante uma consulta
ginecológica de rotina. Introduz-se o espéculo bivalve na
vagina em sentido longitudinal-obliquo (para desviar da
uretra), afastando os pequenos lábios e imprimindo
delicadamente um trajeto direcionado para trás, ao mesmo
tempo em que se gira o instrumento para o sentido transverso.
Sempre se deve avisar a paciente de que está introduzindo o
espéculo, preveni-la quanto ao desconforto e tranquilizá-la
com relação à dor. Não se devem utilizar lubrificantes, pois
confunde a avaliação das secreções (utilizar soro fisiológico se
for o caso).
Depois de introduzido o espéculo, e aberto, procurar
individualizar o colo uterino e avaliar o pregueamento e o
trofismo da mucosa vaginal, as secreções, as lesões da mucosa,
os condilomas, os pólipos, os cistos de retenção e a ectopia. Se
necessário, proceder a limpeza das secreções vaginais em
excesso com gaze seca.
Com a espátula de Ayre colhe-se o esfregaço da
ectocérvice fazendo uma rotação de 360° para obter células de
toda a mucosa cervical com cuidado para não traumatiza-la e
espalha o esfregaço na metade superior da lamina próximo à
123
parte fosca no sentido transversal. Com a escova endocervical,
fazer a coleta citológica do canal cervical fazendo uma rotação
de 360° e espalhar na metade inferior da lâmina no sentido
longitudinal.
O material deve ser fixado, com fixador celular ou
imerso em solução alcoólica a 96%, rapidamente para evitar
dessecação. Uma vez coletado o material, ele deve ser
adequadamente rotulado para identificação da paciente e
acompanhado pela requisição contendo todas as informações
necessárias, e assinada pelo profissional que coletou. Os
exames devem ser enviados ao laboratório, o mais breve
possível, para que o tempo entre a coleta e o resultado não seja
prolongado desnecessariamente.
A visualização de um colo com aspecto tumoral é uma
indicação de encaminhamento direto a colposcopia, mesmo na
vigência de um resultado citológico negativo para malignidade
(a coleta pode ter sido efetuada em áreas necrótica, onde o
resultado poderá ser falso-negativo).

3.5 CONSULTAS SUBSEQUENTES


Os resultados das citologias oncóticas dentro dos
limites de normalidades deverão ser acompanhados pelo
médico e/ou enfermeiro da equipe, enfocando o tratamento
adequado das infecções genitais conforme a microbiologia e
seguimento.

124
Os resultados das citologias oncóticas alteradas
deverão ser acompanhados pelo médico da equipe e deverão
ter seguimento de acordo com as novas Diretrizes Brasileiras
para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero (Portaria nº
2.508/2011).

4. CONDUTA DIANTE DO RESULTADO DO


CITOPATOLÓGICO

Quadro 1 - Exames citopatológicos normais e condutas


recomendadas
RESULTADO O QUE FAZER
Dentro dos limites da Seguir a rotina de rastreamento
normalidade no material citológico.
examinado
Metaplasia escamosa imatura
Reparação
Inflamação sem identificação - Seguir a rotina de rastreamento
do agente (alterações celulares citológico;
benignas reativas ou - Tratar apenas em caso de queixa
reparativas) clínica de corrimento vaginal,
Achados microbiológicos: segundo o Fluxograma do capítulo
- Lactobacillus sp. - Cocos; - DST/AIDS, sobre corrimentos
Bacilos supracitoplasmáticos vaginais.
(sugestivos de Gardnerella/
Mobiluncus); Candida sp.
Atrofia com inflamação  Seguir a rotina de rastreamento
citológico;
 Na eventualidade de o laudo do
exame citopatológico mencionar
dificuldade diagnóstica decorrente da
atrofia, a estrogenização deve ser feita
por meio da via vaginal. Encaminhar
para o profissional médico.
Indicando radiação  Seguir a rotina de rastreamento
citológico;
 O tratamento radioterápico prévio
deve ser mencionado na requisição do
exame.

125
RESULTADO O QUE FAZER
Achados microbiológicos: A colpocitologia oncótica não é
• Chlamydia sp. método com acurácia diagnóstica
• Efeito citopático compatível suficiente para o diagnóstico de
com vírus do grupo herpes infecções microbianas, inclusive por
• Trichomonas vaginalis ISTs. No entanto, diante da
• Actinomyces sp indisponibilidade de realização de
métodos mais sensíveis e específicos
para confirmar a presença destes
micro-organismos, tais achados
microbiológicos são oportunidade
para a identificação de agentes que
devem ser tratados.
Achados microbiológicos:  Chlamydia, Gonococo e
• Chlamydia sp. Trichomonas: mesmo que
• Efeito citopático compatível sintomatologia ausente, seguir
com vírus do grupo herpes esquema de tratamento da mulher e
• Trichomonas vaginalis parceiro, além de oferta de sorologias
• Actinomyces sp. e orientações, conforme Quadro-
síntese sobre corrimentos do capítulo
sobre Atenção aos Problemas/Queixas
mais Comuns em Saúde das Mulheres;
 Actinomyces: bactéria encontrada
no trato genital de um percentual (10%
a 20%) de mulheres usuárias de DIU;
raramente estão presentes em não
usuárias. A conduta é expectante: não
se trata, não se retira o DIU;
 Herpes vírus: recomenda-se o
tratamento em caso de presença de
lesões ativas de herpes genital,
conforme orientações do capítulo
sobre IST/AIDS.
Citologia com células  Seguir a rotina de rastreamento
endometriais normais fora do citológico;
período menstrual ou após a  Avaliar a cavidade endometrial,
menopausa confirmando se o exame não foi
realizado próximo ao período
menstrual. Essa avaliação deve ser
preferencialmente através de
histeroscopia. Na dificuldade de
acesso a esse método, avaliar o eco
endometrial através de
ultrassonografia transvaginal.
Fonte: BRASIL, 2015

126
Quadro 2 - Exames citopatológicos anormais e conduta recomendada
GRAU DE CONDUTA
RESULTADOS SUSPEIÇÃO
Atipias de Em células Provavelmente não Repetição da citologia em 06 meses (> 30
significado escamosas neoplásica Menor anos) ou 12 meses (< 30 anos)
indeterminado
Não pode afastar lesão Encaminhamento para colposcopia
alto grau Maior
Em células Provavelmente não Maior Encaminhamento para colposcopia
glandulares neoplásica
Não se pode afastar Maior Encaminhamento para colposcopia
lesão de alto grau
De origem Provavelmente não Maior Encaminhamento para colposcopia
indefinida neoplásica
Não se pode afastar Maior Encaminhamento para colposcopia
lesão de alto grau
Atipias em células Lesão intraepitelial de baixo grau Menor Repetição da citologia em seis meses
escamosas Lesão intraepitelial de alto grau Maior Encaminhamento para colposcopia
Lesão intraepitelial de alto grau, não Maior Encaminhamento para colposcopia
podendo excluir microinvasão
Carcinoma epidermoide invasor Maior Encaminhamento para colposcopia
Atipias em células Adenocarcinoma in situ Maior Encaminhamento para colposcopia
glandulares Adenocarcinoma invasor Maior Encaminhamento para colposcopia
Fonte: BRASIL, 2011.

127
5 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS
Médico da equipe (na própria UBS) e/ou ginecologista.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica:


Saúde das Mulheres [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2015.

BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica;


n. 13. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama /
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. 2.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

_______, Ministério da Saúde. Diretrizes brasileiras para o


rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de
Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de
Apoio à Rede de Atenção Oncológica. – Rio de Janeiro: INCA,
2011.

_______, Ministério da Saúde. Portaria nº 2.508, de 27 de


outubro de 2011. Aprova as Diretrizes Brasileiras para o
rastreamento do câncer de colo do útero. Brasília: Ministério
da Saúde, 2011.

128
FLUXOGRAMA 1 - ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA
E COLO DO ÚTERO
Consulta de Ginecologia de Enfermagem

Histórico e exame físico geral

Exame citológico
Exame Clinico das mamas Solicitação de exames de rotina Coleta anual

Dentro dos limites Tratar o processo


Presença de alterações ou nódulo normais inflamatório,
Insatisfatório reavaliação e
Alterações epiteliais controle anual
reativas ou reparativas
Repetir o exame Seguir protocolo
Não Sim
Compatível com HPV específico

Orientar para: Encaminhar para o Lesão de baixo grau Repetição da citologia


Exame clínico anual ou semestral; médico da ESF ou em 6 meses
Mamografia conforme faixa etária ou risco especialista. Demais lesões**
*

129
*Realizar o Exame físico geral e específico: Órgãos genitais
externos: Observar presença de: Lesões cutâneas; Distribuição
dos pelos; Abscessos da glândula de Bartolin; Aspecto do
clitóris; Aspecto do meato uretral. Ao esforço, verificar se
ocorre prolapso das paredes vaginais anterior e posterior ou
perda de urina. A) Exame especular - Inspecionar o colo
uterino, anotando: Cor; Tamanho; Lacerações; Máculas;
Neoformações. Inspecionar o orifício do colo, anotando:
Tamanho; Forma; Cor; Presença de secreções e/ou pólipos.
Inspecionar as paredes vaginais, anotando: Presença de
lacerações; Lesões verrucosas; Ulcerações. Colo sem lesões:
aguardar resultado da citologia oncótica e orientar quanto à
higiene e cuidados prevenção de DSTs/AIDS e câncer de colo
uterino. Colo com lesões: encaminhar para consulta médica
com ginecologista.

** Demais lesões: lesão de alto grau; carcinoma in situ;


carcinoma escamoso; adenocarcinoma - encaminhar para
colposcopia.

130
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À
SAÚDE DA MULHER CÂNCER DE MAMA

Autores
Maria do Carmo B. Marinho
Svetlana Coelho Martins
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

Revisão – abril 2016


Milleni Sousa Vieira
Raimundo Nonato Pereira de Sousa
Renara Maria Carvalho de Oliveira
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

1 INTRODUÇÃO
O câncer de mama é o mais incidente em mulheres,
representando 23% do total de casos de câncer no mundo, em
2008, com aproximadamente 1,4 milhão de casos novos
naquele ano. É a quinta causa de morte por câncer em geral
(458 mil óbitos) e a causa mais frequente de morte por câncer
em mulheres (WHO, 2008).
A taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada
pela população mundial, apresenta uma curva ascendente e
representa a primeira causa de morte por câncer na população
feminina brasileira, com 11,28 óbitos por 100 mil mulheres em
2009 (INCA, 2012).
Apesar de ser considerado um câncer com bom
prognóstico, se diagnosticado e tratado oportunamente, as
taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas

131
no Brasil, muito provavelmente porque a doença ainda seja
diagnosticada em estágios avançados.
Sendo o profissional enfermeiro um educador em
saúde por excelência, torna-se de suma importância que este
profissional esteja preparado para atuar na dimensão do cuidar,
prevenindo e detectando o câncer de mama, contribuindo para
redução da morbimortalidade por esta patologia.

2 REFERÊNCIA PARA PROTOCOLO DE


ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM NA
PREVENÇÃO DO CÂNCER DE MAMA

A Fundação Municipal de Saúde do município de


Teresina-PI, no âmbito da Atenção Básica, adota como parte
integrante de seu protocolo para Prevenção do Câncer de
mama, os seguintes documentos:
 Cadernos de Atenção Básica nº 13. Controle dos
cânceres do colo do útero e da mama / Secretaria de Atenção à
Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2.ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2013.
 Recomendação para redução da mortalidade por câncer de
mama (INCA, 2011).
 Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres [recurso
eletrônico] / Ministério da Saúde, Instituto Sírio-Libanês de
Ensino e Pesquisa – Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
Seguem às atribuições do profissional enfermeiro(a):

132
 Realizar atividades educativas e informativas sobre a
prevenção do câncer de mama;
 Realizar consulta de enfermagem: histórico, exame físico
geral e ginecológico com exame clínico das mamas;
 Solicitar mamografia de rastreamento de acordo com as
normas estabelecida no protocolo do Ministério da Saúde
para detecção precoce do câncer de mama;
 Avaliar resultados dos exames solicitados e, de acordo com
os protocolos e diretrizes clínicas;
 Realizar o encaminhamento para os serviços de referência em
diagnóstico e/ou tratamento do câncer de mama;
 Examinar e avaliar pacientes com sinais e sintomas
relacionados ao câncer de mama;
 Fazer acompanhamento das pacientes com exames alterados;
 Realizar cuidado paliativo, na UBS ou no domicílio, de
acordo com as necessidades da usuária;
 Avaliar periodicamente, e sempre que ocorrer alguma
intercorrência, as pacientes acompanhadas em AD1, e, se
necessário, realizar o encaminhamento para unidades de
internação ou Emad;
 Contribuir, realizar e participar das atividades de educação
permanente de todos os membros da equipe;
 Alimentar e analisar dados dos Sistemas de Informação em
Saúde (Sistema de Informação em Saúde na Atenção Básica

133
– SISAB-e-SUS, SISCAN e outros), para planejar, programar
e avaliar as ações de controle do câncer de mama.

3 CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA EXAME DA


MAMA

Seguir Fluxograma da Consulta de Enfermagem em


anexo ao final deste capítulo.

4 EXAMES COMPLEMENTARES

A mamografia é a radiografia da mama que permite a


detecção precoce do câncer, por ser capaz de mostrar lesões
em fase inicial, muito pequenas (de milímetros). É realizada
em um aparelho de raio X apropriado, chamado mamógrafo.
Nele, a mama é comprimida de forma a fornecer melhores
imagens, e, portanto, melhor capacidade de diagnóstico. O
desconforto provocado é discreto e suportável.
Mamografia: para mulheres assintomáticas com idade entre
50 a 69 anos de idade, com intervalo máximo de 2 anos entre
os exames. É considerada pelo INCA/MS, nesta faixa etária,
como rastreio e poderá ser solicitada pelo enfermeiro.
Exame Clínico das Mamas e Mamografia Anual: para
mulheres assintomáticas a partir de 35 anos de idade,
pertencentes a grupos populacionais com risco elevado de
desenvolver câncer de mama.

134
São definidos como grupos populacionais com risco
elevado para o desenvolvimento do câncer de mama:
 Mulheres com história familiar de, pelo menos, um parente
de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de
câncer de mama, abaixo dos 50 anos de idade;
 Mulheres com história familiar de pelo menos um parente de
primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer
de mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa
etária;
 Mulheres com história familiar de câncer de mama
masculino;
 Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária
proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ.
Padronização dos laudos mamograficos - BI-RADS
O objetivo do BI-RADS consiste na padronização dos
laudos mamográficos levando em consideração a evolução
diagnóstica e a recomendação da conduta, não devendo se
esquecer da história clínica e do exame físico da mulher.

135
Quadro 1 – Categorias BI-RADS no exame mamográfico,
interpretação e recomendação de conduta

Categoria Interpretação Recomendação de conduta


BI-RADS
0 Inconclusivo Avaliação adicional com
incidências e manobras;
correlação com outros métodos de
imagem; comparação com
mamografia feita no ano anterior
1 Exame negativo Rotina de rastreamento conforme
a faixa etária ou prosseguimento
da investigação, se o ECM for
alterado.
2 Exame com Rotina de rastreamento conforme
achado a faixa etária.
tipicamente
benigno
3 Exame com  Controle radiológico por três
achado anos, com repetição do exame a
provavelmente cada seis meses no primeiro ano e
benigno anual nos dois anos seguintes.
 A paciente pode ser
encaminhada à mastologia para
acompanhamento compartilhado,
mantendo a equipe na
coordenação de cuidado, atenta às
ações nos outros pontos da Rede
de Atenção à Saúde.
4 Exame com Deverão ser encaminhadas para a
achado suspeito unidade de referência secundária
para investigação histopatológica.
Confirmado o diagnóstico, deverá
ser encaminhada à unidade de
5 Exame com referência terciária para
achado altamente tratamento.
suspeito
6 Exame com Terapêutica específica em
achados cuja Unidade de Tratamento de Câncer.
malignidade já está
comprovada
Fonte: BRASIL, 2013; BRASIL, 2015.

136
4 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS
Médico da equipe (na própria UBS) e mastologista.

5 TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO
Compete a(o) enfermeira(o) atuar na sensibilização a
usuária orientando quanto aos fatores de riscos e preventivos
associados ao Câncer de Mama.
É recomendável que alguns fatores de risco,
especialmente a obesidade e o tabagismo, sejam alvo de ações
visando à promoção à saúde e a prevenção das doenças
crônicas não transmissíveis, em geral. Portanto, a orientação é
para a prática de atividade física regularmente e alimentação
saudável.

6 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

6.1 Orientações para o Exame Clínico das Mamas (ECM)


O exame deve ser feito com a mulher sentada e depois,
repetido com ela deitada. O examinador deve se posicionar à
frente da mulher e proceder da seguinte maneira:
A) Inspeção Estática: Com os membros superiores ao longo
do corpo, observar se as mamas são simétricas, se existem
abaulamentos, retrações ou alterações de pele (hiperemia,
edema ou ulceração) ou das papilas (descamação ou erosão) e
saída espontânea de secreção.

137
B) Inspeção Dinâmica: Solicitar que a mulher eleve os braços
ao longo do segmento cefálico e que ela coloque as mãos atrás
da nuca, fazendo movimentos de abrir e fechar os braços,
observar presença de abaulamento, retrações ou exacerbação
de assimetrias. C) Palpação: Dos linfonodos: colocar a mulher
sentada, apoiar o braço do lado a ser examinado, sobre o braço
do examinador. Palpar os linfonodos cervicais,
supraclaviculares, infraclaviculares e axilares; Das mamas:
colocar a mulher em decúbito dorsal, sem travesseiro e com as
mãos atrás da nuca. Palpar todos os quadrantes, iniciando a
palpação com a face palmar dos dedos sempre de encontro ao
gradeado costal, de forma suave, no sentido horário, partindo
da base da mama para a papila, até o prolongamento axilar,
pesquisando a presença de nódulos.
D) Expressão da Aréola e Papila Mamária: É realizado após
a palpação da mama, com a mulher deitada. Fazer a expressão
suave na região da aréola.

6.2 Recomendações para Detecção Precoce


 Exame Clínico das Mamas: para todas as mulheres a partir
dos 40 anos de idade, com periodicidade anual. Esse
procedimento é ainda compreendido como parte do
atendimento integral à saúde da mulher, devendo ser realizado
em todas as consultas clínicas, independente da faixa etária.
 Mamografia: para mulheres com idade entre 50 a 69 anos de
idade, com intervalo máximo de 2 anos entre os exames.
138
 Exame Clínico das Mamas e Mamografia Anual: para
mulheres a partir de 35 anos de idade, pertencentes a grupos
populacionais com risco elevado de desenvolver câncer de
mama.
 Garantia de acesso ao diagnóstico, tratamento e seguimento
para todas as mulheres com alterações nos exames realizados.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica:


Saúde das Mulheres [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2015.

______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer.


Recomendações para a redução da mortalidade por câncer de
mama no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2011.

______. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica; n.


13. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama /
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. 2.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

139
FLUXOGRAMA 1 – CONSULTA DE ENFERMAGEM
A USUÁRIA NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE
MAMA

CONSULTA DE GINECOLOGIA DE ENFERMAGEM

Histórico de Enfermagem e Exame Físico


Geral e Específico

Exame Clinico das mamas Orientações do Tratamento não


medicamentoso

Presença de alterações ou nódulos

Não Sim

-Realizar exame
Encaminhar para
clínico anual;
médico da ESF e/ou
-Solicitar a
mamografia de especialista
rastreamento:
50 – 69 anos.
(
5

140
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO À
SAÚDE DA MULHER CLIMATÉRIO

Autores
Maria do Carmo B. Marinho
Svetlana Coêlho Martins
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

Revisão – abril 2016


Milleni Sousa Vieira
Raimundo Nonato Pereira de Sousa
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

1 INTRODUÇÃO

O climatério é definido pela Organização Mundial da


Saúde como uma fase biológica da vida e não um processo
patológico, que compreende a transição entre o período
reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher. A
menopausa é um marco dessa fase, correspondendo ao último
ciclo menstrual, somente reconhecida depois de passados 12
meses da sua ocorrência e acontece geralmente em torno dos
48 aos 50 anos de idade (BRASIL, 2008).
O climatério é um período da vida feminina
caracterizado pelo esgotamento dos folículos ovarianos e
tendo como resultado a queda dos níveis de estrogênio e
progesterona. Resultam disto alterações sobre a pele, as
mucosas, o esqueleto, o metabolismo lipoprotéico e a função
emocional. A menopausa é um episódio dentro do climatério e
representa a última menstruação da vida da mulher.
141
Esse período é definido quando a mulher encontra-se
dentro da faixa etária esperada e apresenta: a) Queixas
sugestivas (manifestações transitórias conforme referência do
Protocolo da Atenção Básica de 2015; e/ou b) 12 meses
consecutivos de amenorreia.
Nos casos em que há amenorreia e outras
irregularidades menstruais, realizar abordagem ampliada
considerando outros diagnósticos diferenciais. A confirmação
do climatério e menopausa é eminentemente clínica, sendo
desnecessárias dosagens hormonais. Apenas em caso de
dúvida diagnóstica, dosar FSH (valores acima de 40 mUI/ml
indicam hipofunção ovariana; valores inferiores não
confirmam climatério).
As ações de enfermagem, para este período de vida da
mulher estão baseadas nas seguintes vertentes:
- acompanhamento clínico, que deve ser realizado através do
oferecimento de consultas de enfermagem intercaladas com
consultas médicas.
- encaminhamentos
- atividades educativas: grupos terapêuticos e educação em
saúde

2 REFERÊNCIA PARA PROTOCOLO DE


ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM A
MULHER NO CLIMATÉRIO
A Fundação Municipal de Saúde do município de
Teresina-PI, no âmbito da Atenção Básica, adota como parte
142
integrante de seu protocolo para usuárias no climatério os
seguintes documentos:
 Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa
(BRASIL, 2008).
 Cadernos de Atenção Básica; n. 13. Controle dos cânceres do
colo do útero e da mama. (BRASIL, 2013).
 Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres
(BRASIL, 2015).
Em relação às atribuições do profissional enfermeiro
(a) das equipes e os fluxos de atenção à mulher climatérica, a
FMS resolve:
 Realizar atividade educativa;
 Realizar a Consulta de Enfermagem;
 Solicitar exames para avaliação do climatério;
 Referenciar para consulta especializada;
 Avaliar e Atualizar o Calendário Vacinal;

3 CONSULTA DE ENFERMAGEM

3.1 Primeira consulta


A avaliação clinica da mulher no climatério deve ser
voltada ao seu estado de saúde atual e também pregresso e
envolve uma equipe multidisciplinar. A atenção precisa
abranger além da promoção da saúde, prevenção de doenças,
assistência aos sintomas clínicos e possíveis dificuldades. Bem
como enfocar a abordagem integral, a sexualidade no

143
climatério, os aspectos emocionais. Podem ocorrer,
concomitantemente, patologias sistêmicas, repercutindo em
queixas como as dores articulares ou musculares, o ganho de
peso gradativo, a depressão ou mesmo sintomas de um
hipotireoidismo ainda não diagnosticado, simulado por uma
coincidência na transição hormonal ovariana.
Observar Fluxograma anexo.

3.2 Consulta subsequente


 Avaliar dos cuidados de enfermagem prescritos e dos
resultados obtidos conjuntamente com a cliente;
 Realizar o exame físico e o levantamento de dados ou novas
queixas da cliente;
 Identificar problemas  Diagnósticos de Enfermagem e
adequar se necessário as Intervenções de enfermagem;
 Encaminhar para consulta médica, se necessário.

4 EXAMES COMPLEMENTARES
Os exames complementares essenciais para o
acompanhamento do climatério estão abaixo relacionados,
cuja indicação e periodicidade de realização deverão seguir as
orientações definidas de acordo com os protocolos clínicos
adotados pelo Ministério da Saúde seguindo cada
especificidade.
 Avaliação laboratorial (Hemograma Completo, TSH, TGO,
TGP, Glicemia em Jejum, Colesterol Total e Frações,
144
Triglicérides, Sumário de Urina, Urocultura, Creatinina
Sérica, Teste de tolerância à glicose).
 ECG repouso
 Mamografia (de acordo com as diretrizes de rastreamento
para o câncer de mama).
 Exame Preventivo do câncer do colo do útero (de acordo com
as diretrizes de rastreamento para o câncer de colo do útero).
 Ultrassonografia Transvaginal.

Mamografia
Deve ser solicitada de rotina para as mulheres com
idade entre 50 e 69 anos, com o intervalo máximo de dois anos
entre os exames, conforme protocolo de CA de mama.

Preventivo ginecológico
A coleta do material para citopatologia deve abranger
a ectocérvice e endocérvice, e nas mulheres histerectomizadas,
o fundo de saco vaginal. A ocorrência de hipo ou atrofia da
mucosa pode comprometer a qualidade do material citológico,
podendo ocorrer sangramentos por traumatismos e processo
inflamatório que são comuns nesta fase. A JEC (Junção
Escamo Colunar) migra para o interior do canal endocervical,
causando entropia e dificuldade de obtenção das células
glandulares na amostra. O pH vaginal também sofre
alterações, com tendência a alcalinização e mudança da flora,
predispondo muitas vezes ao crescimento bacteriano com
145
ocorrência de vaginite ou vaginose. As lesões suspeitas
identificadas devem ser biopsiadas e tratadas. A presença de
atrofia que comprometa a qualidade do exame ou traga
desconforto importante a mulher, indica a utilização previa de
estrogênio vaginal. A paciente deverá ser encaminhada para o
médico para prescrição de estrogênização local.

5 TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO
A atuação do enfermeiro na assistência ao climatério
envolve necessariamente atividades educativas e assistenciais,
objetivando acompanhamento adequado, com esclarecimentos
sobre modificações biológicas inerentes ao climatério, com
adequada vigilância epidemiológica as situações de risco
associadas.
Abordagens:
 Modificações biológicas no climatério
 Influência das mudanças sexuais, afetivas e sociais
 Hábitos de vida saudáveis – alimentação adequada à fase,
com aquisição de hábitos saudáveis (uso de alimentos ricos
em cálcio e fibras).
 Atividades físicas, culturais e práticas integrativas e
complementares: caminhadas, danças, natação, yoga, uso de
fitoterápicos, participação de reuniões festivas e formação de
grupos de convivência e outros.
Nas atividades de educação em saúde o enfermeiro aborda
as alterações presentes nesta fase da vida e esclarece dúvidas.
146
6 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS

Neste protocolo ficam definidos estes profissionais e


especialidades médicas, os quais são listados a seguir:
Nutricionista, Fisioterapeuta, Assistente social, Psicólogo,
Cardiologista, Mastologista e Ginecologista

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica:


Saúde das Mulheres [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2015.

BRASIL, Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica;


n. 13. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama /
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. 2.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual
de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa. Brasília:
Ministério da Saúde, 2008.

147
FLUXOGRAMA 1 - ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM AO CLIMATÉRIO

CONSULTA DE ENFERMAGEM

Histórico de enfermagem, exame físico


geral e ginecológico

CONDUTAS

Solicitação de exames Avaliar presença e


laboratoriais de rotina intensidade da
e/ou imagem e síndrome climatérica
complementares Atividades afetadas

Interpretação dos
resultados e Atividades de
tratamento Educação em Saúde;
Grupos Terapêuticos

Encaminhamento para médico da equipe


ou especialistas para:
- Tratamento para síndrome climatérica;
- Terapia de reposição hormonal;
- Avaliação clinico-cirurgica.
Encaminhamento a outros profissionais.

148
* Histórico de enfermagem: Motivo da consulta e queixas da
paciente (sinais e sintomas - início e tempo de duração).
Antecedentes gineco-obstétricos: ciclos menstruais, data da
última menstruação (DUM - duração, intervalos,
regularidade), dismenorréia, idade da primeira relação sexual,
número de gestações, número de partos, números de abortos,
número de filhos vivos, vida sexual, frequência urinária e fecal
e citopatológico cervical, mamografia e cirurgias anteriores;
Antecedentes patológicos: doenças crônicas, doenças
endêmicas, alergias, antecedentes familiares; Situação vacinal;
Anticoncepção (método, tempo de uso, adequação do método);
Reposição hormonal.
Exame Físico Geral: Iniciar exame físico geral; Verificar e
anotar peso, estatura, IMC, SSVV, circunferência abdominal;
(IMC= PESO(kg) /ALTURA (m2); Avaliação risco
cardiovascular; Inspeção e palpação de cabeça e pescoço;
Ausculta pulmonar; Ausculta cardíaca; Manobra de Giordano
(investigar infecção do trato urinário); Inspeção, palpação,
percussão e ausculta abdominal; Inspeção e palpação de
membros inferiores.
Exame clínico-ginecológico: exame clínico da mama (ECM)
e orientação sobre autoexame e exame de genitália externa e
interna (coleta do citopatológico cervical, se necessário).

149
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO
À SAÚDE DA MULHER PLANEJAMENTO
REPRODUTIVO

Autores
Ivanilda Sepúlveda Gomes
Raimundo Nonato Pereira de Sousa
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

Revisão – abril 2016


Raimundo Nonato Pereira de Sousa
Renara Maria Carvalho de Oliveira
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

1 INTRODUÇÃO
A atuação do enfermeiro no Planejamento
Reprodutivo deve estar baseada no Art.226, Parágrafo 7, da
Constituição da República Federativa do Brasil, no direito de
livre escolha dos indivíduos e/ou casais e na paternidade
responsável. E, tem como objetivo possibilitar o acesso
preferencialmente do casal, aos métodos anticoncepcionais,
buscando diminuir as gestações não planejadas e as Infecções
Sexualmente Transmissíveis (IST).
A lei nº 9.263/96 no capítulo I, Art. 4, defini que o
Planejamento Reprodutivo orienta-se por ações preventivas e
educativas e pela garantia do acesso igualitário a informações,
meios, métodos e técnicas disponíveis para regulação da
fecundidade.

150
O Planejamento Reprodutivo envolve a assistência na
concepção e contracepção por meio de atividades educativas,
oferecendo ao usuário conhecimento sobre os métodos
contraceptivos disponíveis na Atenção Primária,
aconselhamento para a participação ativa do casal e avaliação
clínica para averiguar a adequação ao método, bem como
prevenir, identificar e tratar as possíveis intercorrências.

2 REFERÊNCIA PARA PROTOCOLO DE


ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM NO
PLANEJAMENTO FAMILIAR

A Fundação Municipal de Saúde do município de


Teresina-PI, no âmbito da Atenção Básica, adota como parte
integrante de seu protocolo para o Planejamento Reprodutivo
os seguintes documentos:
Cadernos de Atenção Básica nº 26 - Saúde Sexual e Saúde
Reprodutiva (2010).
Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres (2015).
Em relação às atribuições do profissional
enfermeiro(a) na assistência ao Planejamento Reprodutivo, a
FMS resolve utilizar os Protocolos da Atenção Básica: Saúde
das Mulheres (2015) do Ministério da Saúde. Acrescentando
as atribuições a seguir:
• Captação da clientela;
• Orientação e informações sobre saúde sexual e
reprodutiva e métodos contraceptivos;

151
• Prescrição de anticoncepcionais hormonais (orais e
injetáveis)
• Prescrição do anticoncepcional de emergência;
• Avaliação para utilização do DIU;
• Orientações e indicações para laqueadura ou
vasectomia (seguir o Fluxograma I);
• Orientações e/ou indicação do preservativo masculino
e feminino;
• Aconselhamento e prescrição do diafragma;
• Aconselhamento e prescrição dos métodos naturais e
comportamentais;
• Consulta de rotina;
• Consulta subsequente e acompanhamento da paciente
em uso de contraceptivos
• Dispensação e orientação sobre efetividade e segurança
dos métodos hormonais.

3 CONSULTA DE ENFERMAGEM NO
PLANEJAMENTO FAMILIAR
Na Entrevista:
 Registrar os antecedentes pessoais obstétricos e patológicos
(com atenção especial às IST e às doenças cardiovasculares e
metabólicas), conforme as categorias de elegibilidade da
OMS.
 Abordar, sempre que pertinente, as questões referentes às
parcerias, à identidade de gênero, à orientação sexual e à
satisfação sexual pessoal ou do casal.
152
 Questionar se há medicações em uso.
 Investigar presença de dispaurenia e de sangramentos vaginais
pós-coito ou anormais, principalmente se há intenção de uso
do DIU.
 Questionar sobre o desejo de concepção ou anticoncepção por
parte da mulher ou do casal.
 Indagar sobre o conhecimento e uso prévio de métodos
anticoncepcionais.
Exame físico geral e específico:
 Realizar se necessário, conforme o método de escolha e os
critérios de elegibilidade;
 Solicitar exames de rotina e/ou exames complementares:
hemograma, Teste rápido para sífilis/VDRL, Teste rápido para
HIV/Sorologia para HIV, beta-HCG, sumário de urina,
HBsAg.
Educação em saúde:
 Orientar individual ou coletivamente pessoas em idade fértil
(10-49 anos), considerando os aspectos biopsicossociais
relacionados ao livre exercício da sexualidade e do prazer,
além dos aspectos culturais e transgeracionais relacionados à
sexualidade e à reprodução.
 Orientar acerca de temas importantes como direitos sexuais e
direitos reprodutivos, sexo seguro, métodos anticoncepcionais,
papéis sociais e projeto de vida, reprodução humana assistida,
atenção humanizada ao abortamento, riscos implicados em
certas práticas sexuais.
153
 Orientar sobre os métodos anticoncepcionais existentes e
disponíveis na Atenção Básica.
 Informar a eficácia de cada método, sua forma de uso e
possíveis efeitos adversos.
 Orientar sobre suas contraindicações diante de certos
antecedentes clínicos e/ou ginecológicos.
 Reforçar a importância do retorno para acompanhamento
clínico conforme método em uso e disponibilidade da usuária.
 Recomendar métodos de acordo com adequação e escolha
informada da usuária, considerando fatores individuais e
contexto de vida dos usuários(as) no momento da escolha do
método.
Observar Fluxograma II e III.

3.1 Primeira consulta


 Realizar avaliação e indicação do método
contraceptivo;
 Pesquisar o uso de método contraceptivo em toda a
mulher em idade fértil;
 Aplicar os critérios de elegibilidade da Organização
Mundial de Saúde (OMS);
 Realizar ações de educação e Saúde;
 Inscrever a cliente no programa fornecendo-lhe Cartão
de Planejamento Familiar
 Para um atendimento no qual haja garantia do uso
adequado de métodos contraceptivos hormonais a usuária
154
deverá ser acompanhada pelo profissional de saúde (médico
e/ou enfermeiro) devendo ter sua consulta subsequente
garantida.
 Aprazar retorno da cliente;
 Encaminhar para consulta médica, se necessário;
 Registrar os dados pertinentes no prontuário/e-SUS e
livro de acompanhamento das usuárias.

3.2 Consulta de acompanhamento de usuárias em


planejamento reprodutivo:
 Avaliar sobre adequação do método em uso e reorientar;
 Observar a adequabilidade do método e possíveis efeitos
indesejáveis;
 Verificar grau de aceitação do método (principalmente
para usuários de anticoncepcionais hormonais);
 Solicitar exames de rotina e/ou exames complementares:
hemograma, Teste rápido para sífilis/VDRL, Teste rápido
para HIV/Sorologia para HIV, beta-HCG, sumário de
urina, HBsAg.
 Oferecer método contraceptivo de acordo com a rotina do
serviço;
 Aprazar retorno da cliente;
 Encaminhar para consulta médica, se necessário;
 Registrar os dados pertinentes no prontuário/e-SUS e livro
de acompanhamento das usuárias.

155
3.3 Consulta de enfermagem na avaliaçao pré-
concepcional
A Avaliação pré-concepcional é a consulta que o casal
faz antes de uma gravidez, objetivando identificar fatores de
risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma
futura gestação. Constitui um instrumento importante na
melhoria dos índices de morbidade e mortalidade materno e
infantil, garantindo uma gestação mais saudável em um
período reprodutivo adequado e diminui riscos de gravidezes
não desejadas e de abortos (BRASIL, 2013).
As atividades a serem desenvolvidas na consulta para
aconselhamento pré-concepcional devem incluir:
 Realizar o Histórico de enfermagem e Exame físico e
ginecológico completo, conforme descrito na consulta de
Planejamento Reprodutivo;
 Orientação nutricional visando à promoção do estado
nutricional adequado tanto da mãe como do recém-nascido,
além da adoção de práticas alimentares saudáveis;
 Orientações sobre os riscos do tabagismo e do uso rotineiro de
bebidas alcoólicas e outras drogas;
 Orientações quanto ao uso de medicamentos e, se necessário
mantê-los, realização da substituição para drogas com menores
efeitos sobre o feto;
 Avaliação das condições de trabalho, com orientação sobre os
riscos nos casos de exposição a tóxicos ambientais;

156
 Administração preventiva de ácido fólico no período pré-
gestacional, para a prevenção de anormalidades congênitas do
tubo neural, especialmente nas mulheres com antecedentes
desse tipo de malformações (5mg, VO/dia, durante 60 a 90
dias antes da concepção);
 Orientação para registro sistemático das datas das
menstruações e estímulo para que o intervalo entre as
gestações seja de, no mínimo, 2 (dois) anos. Em relação à
prevenção e às ações que devem ser tomadas quanto às
infecções e a outras doenças crônicas, são consideradas
eficazes as investigações para:
 Solicitar os exames laboratoriais – VDRL, HBsAg, Sorologia
para rubéola, teste anti-HIV; Tipagem Sanguínea da mulher
e/ou do homem (se necessário).
 Rubéola e hepatite B: nos casos negativos, deve-se
providenciar a imunização previamente à gestação;
 Toxoplasmose: deve-se oferecer o teste no pré-natal;
 HIV/Aids: deve-se oferecer a realização do teste anti-HIV,
com aconselhamento pré e pós-teste. Em caso de teste
negativo, deve-se orientar a paciente para os cuidados
preventivos. Já em casos positivos, deve-se prestar
esclarecimentos sobre os tratamentos disponíveis e outras
orientações para o controle da infecção materna e para a
redução da transmissão vertical do HIV. Em seguida, deve-se
encaminhar a paciente para o serviço de referência
especializado;
157
 Sífilis: nos casos positivos, devem-se tratar as mulheres e seus
parceiros para evitar a evolução da doença, fazer o
acompanhamento de cura e orientá-los sobre os cuidados
preventivos para sífilis congênita. Para as demais DST, nos
casos positivos, deve-se instituir diagnóstico e tratamento no
momento da consulta (abordagem sindrômica) e orientar a
paciente para a sua prevenção. Deve-se também sugerir a
realização de exame de eletroforese de hemoglobina se a
gestante for negra e tiver antecedentes familiares de anemia
falciforme ou se apresentar histórico de anemia crônica.
A partir de todo este levantamento procedem-se as
orientações ao casal como anotar a DUM e definir o período
fértil. A avaliação pré-concepcional tem-se mostrado
altamente eficaz também quando existem doenças crônicas
como: Diabetes mellitus, Epilepsia, Hipertensão arterial, além
de outras situações como anemias, carcinomas de colo uterino
e mama, etc. No caso de identificação de fatores de risco
conceptivo para uma futura gravidez encaminhar ao médico da
ESF ou ao nível secundário para o ginecologista e/ou obstetra.

4 TRATAMENTO / CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Compete a(o) enfermeira(o) atuar na sensibilização da


cliente orientando quanto a concepção e contracepção e uso
adequado dos métodos contraceptivos, seus efeitos, vantagens
e desvantagens.

158
5 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS
Ginecologista, Urologista e Psicólogo.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Saúde Sexual e Saúde
Reprodutiva. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Caderno
26.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de
baixo risco [recurso eletrônico]. 1. ed. rev. Brasília: Ministério
da Saúde, 2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica:


Saúde das Mulheres [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília:
Ministério da Saúde, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Lei Nº 9.263, de 12/01/1996 – Planejamento Familia

159
FLUXOGRAMA 1 – ESTERILIZAÇÃO CIRÚGICA

160
REQUISITOS
A esterilização cirúrgica por meio da laqueadura tubária e da
vasectomia será indicada nos casos em que se caracterizar
como a melhor opção, conforme critérios definidos pela Lei
Federal Nº 9263 de 12 de janeiro de 1996:
 Mulheres e homens com capacidade civil plena;
 Maiores de vinte e cinco anos de idade;
 Com pelo menos, dois filhos vivos;
 Observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a
manifestação da vontade e o ato cirúrgico.
 Apresentação de documento escrito e firmado, com a
expressa manifestação da vontade da pessoa, após receber
informações a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos
colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de
contracepção reversíveis existentes;
 Em caso de convivência conjugal a realização da
laqueadura/vasectomia depende do consentimento expresso de
ambos os cônjuges em documento escrito e firmado.
ATENÇÃO:
É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante períodos de parto ou
aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas
sucessivas anteriores ou na caracterização de risco de vida. A indicação da
laqueadura tubária será médica, sempre nos casos de risco à vida ou à saúde
da mulher ou do futuro concepto.
Consideram-se risco reprodutivo, com indicação à esterilização cirúrgica
na mulher (laqueadura tubária), obedecidos critérios acima citados, as
seguintes patologias:
a) Hipertensão Arterial Sistêmica;
b) Diabetes mellitus;
c) Doença Renal Crônica;
d) Cardiopatias;
e) Outras patologias, justificadas e com indicação médica.
Quando se evidenciar clinicamente risco, à vida ou à saúde da mulher
ou do futuro concepto, que recomende a esterilização, o procedimento
deverá ser testemunhado em relatório escrito e assinado por dois
médicos.

161
FLUXOGRAMA 2 – CONSULTA DE
ENFERMAGEM NO PLANEJAMENTO
REPRODUTIVO
CONSULTA DE ENFERMAGEM

Atividades Educativas Atividades clínicas Aconselhamento

Histórico de enfermagem, exame físico geral e ginecológico

Solicitação de exames de rotina e/ou complementares*

Orientação para concepção e


contracepção

CONCEPÇÃO: Avaliação CONTRACEPÇÃO:


pré-concepcional. Oferta do método contraceptivo
Realizar orientações considerando**:
- A escolha da mulher, do homem ou
casal;
- Características dos métodos;
Encaminhamento ao - Fatores individuais e situacionais
médico da ESF ou ao relacionados ao usuário do método;
nível secundário (setor - Critérios de elegibilidade.
de reprodução humana
e outras especialidades) Consulta de retorno para avaliação
periódica do uso do método, prevenção,
identificação e tratamento de
intercorrências ou encaminhamentos.

*Incluindo a Citologia Oncótica.


** No caso do método hormonal o enfermeiro poderá prescrever o
anticoncepcional oral e transcrever o injetável no acompanhamento da
mulher.

162
FLUXOGRAMA 3- ASSISTÊNCIA NO
PLANEJAMENTO REPRODUTIVO

ORIGEM DA DEMANDA

Agente Profissional de Demanda


Comunitário saúde espontanea
de Saúde

GRUPO DE PLANEJAMENTO FAMILIAR


Orientador do grupo: (médico ou enfermeiro)
Realizar 01 X por semana
Com grupo de no máximo 10 pessoas
Orienta o conteúdo proposto e atende individualmente

MÉTODOS CONTRACEPTIVOS

Comportamentais
Hormonais Dispositivo intra-uterino

Barreira
Anticoncepcionais
Tabelinha orais e injetáveis; - Esterilização
Muco Camisinha Minipílula; cirúrgica:
cervical masculina Pílula de laqueadura;
Temperatura e feminina emergência vasectomia
Basal
corporal
Sinto-térmico

163
CAPÍTULO IV
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AO
ADULTO COM HIPERTENSÃO ARTERIAL
Autores
Danieli Maria Matias Coêlho
Dária Maria Bernardes Nogueira
Jaqueline Carvalho e Silva Sales
Maria Eliane Martins Oliveira da Rocha
Mariângela Gomes Barbosa
Vera Lúcia Evangelista de Sousa Luz

Revisão – abril 2016


Danieli Maria Matias Coêlho
Maria Eliane Martins Oliveira da Rocha
Mariângela Gomes Barbosa
Vera Lúcia Evangelista de Sousa Luz

1 INTRODUÇÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é a mais


frequente das doenças cardiovasculares. É também o principal
fator de risco para as complicações mais comuns, como
acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio, além
da doença renal crônica terminal. Corresponde a uma condição
clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e
sustentados de pressão arterial. Associa-se, frequentemente, às
alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo
(coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às alterações
metabólicas, com aumento do risco de eventos
cardiovasculares fatais e não fatais (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).
164
A HAS é um grave problema de saúde pública no
Brasil e no mundo e sua prevalência varia entre 22% e 44%
para adultos, chegando a mais de 50% para indivíduos com 60
a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos. Além
de ser causa direta de cardiopatia hipertensiva, é fator de risco
para doenças decorrentes de aterosclerose e trombose, que se
manifestam, predominantemente, por doença isquêmica
cardíaca, cerebrovascular, vascular periférica e renal. A
multiplicidade de consequências coloca a HAS na origem de
muitas doenças crônicas não transmissíveis, caracterizando-a
como uma das causas de maior redução da expectativa e da
qualidade de vida dos indivíduos (DUNCAN; SCHMIDT;
GIUGLIANI, 2006; SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA, 2010).
A HAS consiste em aumento dos níveis de pressão
arterial a valores acima dos considerados normais em pessoas
que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva e
traz como consequência lesões em órgãos alvo como cérebro,
coração e rins. Deve-se ressaltar que a HAS normalmente
evolui sem qualquer sintomatologia e a sua identificação se faz
através da aferição casual 1 , onde se encontra um valor
sustentado maior ou igual a 140 mmHg e/ou 90 mmHg da
pressão arterial (PA) sistólica e/ou diastólica, respectivamente

1
A aferição causal da pressão arterial é a aferição comumente realizada no
consultório, através de método indireto com utilização de estetoscópio e
esfignomanômetro (BRASIL, 2012).
165
(BRASIL, 2012). A partir de 115 mmHg de pressão sistólica
(PS) e de 75 mmHg de pressão diastólica (PD), o risco para
eventos cardiovasculares aumenta de forma constante,
dobrando a cada 20 mmHg no primeiro caso e a cada 10 mmHg
no segundo caso (LEWINGTON et al., 2002; CHOBANIAN
et al., 2003).
No Brasil, os desafios do controle e prevenção da HAS
e suas complicações são, sobretudo, das equipes de Atenção
Básica (AB). As equipes são multiprofissionais, cujo processo
de trabalho pressupõe vínculo com a comunidade e a clientela
adscrita, levando em conta a diversidade racial, cultural,
religiosa e os fatores sociais envolvidos (GRUPO
HOSPITALAR CONCEIÇÃO, 2009; BRASIL, 2013).
A classificação da PA de acordo com a Tabela 1, será
realizada após dois atendimentos, utilizando-se o maior valor
médio obtido na PA sistólica ou diastólica.

166
Quadra 1 - Classificação da pressão arterial para adultos
maiores de 18 anos*
CLASSIFICAÇÃO PRESSÃO PRESSÃO
SISTÓLICA DIASTÓLICA
(mmHg) (mmHg)
Ótima <120 <80

Normal <130 <85

Limitrofe 130-139 85-89

Hipertensão 140-159 90-99


estágio 1
Hipertensão 160-179 100-109
estágio 2
Hipertensão ≥180 ≥11O
estágio 3
Fonte: (SBC; SBH; SBN, 2010).
Nota: Quando as pressões sistólica e diastólica estiverem em
categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação
da pressão arterial.
As manifestações clínicas da HAS geralmente estão
relacionadas com suas complicações, pois pessoas com HAS
podem estar assintomáticas e permanecer assim durante
muitos anos, contudo, podem ocorrer alterações na retina,
como hemorragias, exsudados (acúmulo de liquido),
estreitamento arterial e manchas algodoadas, na hipertensão
grave, assim como pode ser observado o papiledema (edema
do disco óptico). No entanto, quando os sinais e sintomas
específicos aparecem, eles geralmente indicam uma lesão
vascular com manifestações específicas relacionadas com os
órgãos servidos afetados (SMELTZER; BARE, 2008).

167
Todo adulto com 18 anos ou mais de idade, ao procurar
a Unidade Básica de Saúde (UBS) para consulta, atividades
educativas, procedimentos, entre outros, e não tiver registro no
prontuário de ao menos uma verificação da PA nos últimos
dois anos, deverá tê-la verificada e registrada A primeira
verificação deve ser realizada em ambos os braços. Caso haja
diferença entre os valores, deve ser considerada a medida de
maior valor. O braço com o maior valor aferido deve ser
utilizado como referência nas próximas medidas. O indivíduo
deverá ser investigado para doenças arteriais se apresentar
diferenças de pressão entre os membros superiores maiores de
20/10 mmHg para as pressões sistólica/diastólica,
respectivamente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
HIPERTENSÃO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE
CARDIOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE
NEFROLOGIA, 2010).
De acordo com a média dos dois valores pressóricos
obtidos, a PA deverá ser novamente verificada a cada dois
anos, se PA menor que 120/80 mmHg; a cada ano, se PA entre
120 – 139/80 – 89 mmHg nas pessoas sem outros fatores de
risco para doença cardiovascular (DCV); em mais dois
momentos com intervalo de 1 – 2 semanas, se PA maior ou
igual a 140/90 mmHg ou PA entre 120 – 139/80 – 89 mmHg
na presença de outros fatores de risco para DCV (BRASIL,
2006; CHOBANIAN et al., 2003).

168
O diagnóstico da pressão arterial é baseado na história
de saúde, anamnese, no exame físico completo e consiste na
média aritmética da PA maior ou igual a 140/90mmHg,
verificada em pelo menos três dias diferentes com intervalo
mínimo de uma semana entre as medidas, ou seja, soma-se a
média das medidas do primeiro dia mais as duas medidas
subseqüentes e divide-se por três. Os exames laboratoriais
rotineiros incluem exame de urina, potássio, creatinina,
glicemia de jejum, hematócrito, colesterol total, HDL,
LDL,VLDL, triglicérides, além do Eletrocardiograma
(BRASIL, 2006; BRASIL, 2013).
. O controle da HAS se faz por meio de tratamento
medicamentoso e não medicamentoso, este último através de
mudanças no estilo de vida, com hábitos alimentares
saudáveis, baixo consumo de sal, gorduras e álcool, prática
regular de atividade física, dentre outros, exigindo de seus
portadores controle durante toda a vida, o que pode estar
relacionado à dificuldade na adesão ao tratamento. Já o
tratamento medicamentoso, objetiva a redução da morbidade e
da mortalidade cardiovasculares reduzindo não só a pressão
arterial como os eventos cardiovasculares fatais e não fatais
(CARVALHO et al., 2011; GASPERIN; FENSTERSEIFER,
2006).
Os profissionais de saúde da rede básica têm
importância primordial nas estratégias de controle da
hipertensão arterial, quer na definição do diagnóstico clínico e
169
da conduta terapêutica, quer nos esforços requeridos para
informar e educar o paciente hipertenso como de fazê-lo seguir
o tratamento.
É preciso ter em mente que a manutenção da motivação
do paciente em não abandonar o tratamento é talvez uma das
batalhas mais árduas que profissionais de saúde enfrentam em
relação ao paciente hipertenso. Para complicar ainda mais a
situação, é importante lembrar que um grande contingente de
pacientes hipertensos também apresenta outras co-
morbidades, como diabetes mellitus, dislipidemia e obesidade,
o que traz implicações importantes em termos de
gerenciamento das ações terapêuticas necessárias para o
controle de um aglomerado de condições crônicas, cujo
tratamento exige perseverança, motivação e educação
continuada (BRASIL, 2006).
A assistência de enfermagem ao paciente com
hipertensão arterial deve estar voltada para a prevenção de
complicações cardiovasculares, manutenção de níveis
pressóricos normais, avaliando e controlando os fatores de
risco. O serviço de saúde deve oferecer agendamento prévio
para os atendimentos individuais ou em grupo, para
monitoramento das condições de saúde, segundo projeto
terapêutico individual e coletivo elaborado pela sua equipe de
referência.
Na perspectiva de uniformizar as ações de enfermagem
a nível municipal surgiu a necessidade de criação, implantação
170
e implementação de protocolos de atendimento para
indivíduos com suspeita de HAS, bem como para o controle e
acompanhamento dos pacientes de acordo com os fluxos
estabelecidos e discutidos abaixo.

2 REFERÊNCIAS PARA PROTOCOLO DE


ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM AO
ADULTO COM HIPERTENSÃO ARTERIAL

A Fundação Municipal de Saúde do município de


Teresina-PI, no âmbito da AB|, adota como parte integrante de
seu protocolo para HAS os seguintes documentos:
• Cadernos de Atenção Básica – nº 14 / Prevenção
Clínica de Doença Cardiovascular, Cerebrovascular e Renal
Crônica.
• Cadernos de Atenção Básica – nº 35 - Estratégia para
o cuidado da pessoa com doença crônica;
• Cadernos de Atenção Básica – nº 37 - Hipertensão
Arterial Sistêmica.
• Manual - Linhas de cuidado: hipertensão arterial e
diabetes;
Em relação às atribuições do profissional
enfermeiro (a) das equipes e os fluxos de atenção
classificação e estratificação de risco, a FMS resolve;
 Manter as atribuições e competências da equipe de
saúde estabelecidas nos Cadernos de Atenção Básica.

171
 Adotar os Critérios Diagnósticos, Classificação e
Estratificação de Risco adotados nos referidos Cadernos de
Atenção Básica.

3 CONSULTA DE ENFERMAGEM - PRIMEIRA


CONSULTA DE ENFERMAGEM
Deve ser realizada com base na Resolução COFEN
358/09 seguindo todas as etapas do Processo de Enfermagem.
3.1 COLETA DE DADOS
Exame físico geral e específico:
Avaliar:
• Peso, altura, cintura abdominal, estabelecer Índice de
Massa Corpórea (IMC), pressão arterial e frequência
respiratória;
• Faces que podem sugerir doença renal ou disfunção
glandular (tireóide, supra-renal e hipófise);
• Pescoço para pesquisa de sopro em carótidas;
• Ausculta cardíaca com possível presença de arritmias,
sopros e frequência cardíaca;
• Ausculta pulmonar: estertores, roncos e sibilos;
• Examinar no abdômen massas palpáveis e ruídos
hidroaéreos;
• Avaliação de eventual edema;
• Estado neurológico e fundo de olho.

172
Verificação da PA nas consultas:
• Em cada consulta deverão ser realizadas no mínimo
duas aferições, com intervalo de 1 a 2 minutos entre si;
• Caso as pressões diastólicas obtidas apresentem
diferenças superiores a 5 mmHg, sugere-se que sejam
realizadas novas aferições, até que seja obtida aferição com
diferença inferior a esse valor.
• De acordo com a situação clínica presente,
recomenda-se que as aferições sejam repetidas em pelo menos
duas ou mais visitas.
• As medições na primeira avaliação devem ser obtidas
em ambos os membros superiores.
• As posições recomendadas na rotina para a aferição
de pressão arterial são: sentada e/ou deitada.
 Realizar Classificação de risco cardiovascular.

3.2 CONSULTA DE ENFERMAGEM SUBSEQUENTE


• Exame físico;
• Avaliar os cuidados prescritos e resultados obtidos
conjuntamente com o cliente;
• Identificar problemas/Diagnósticos de Enfermagem e
adequar, se necessário, os cuidados de enfermagem.
• Revisar classificação de risco cardiovascular.

173
4 SOLICITAÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES
Os exames complementares são como o próprio nome
diz complementares à consulta, visando ao estabelecimento de
diagnósticos que a anamnese e o exame físico não são capazes
de estabelecer isoladamente. Assim, o Enfermeiro deve
solicitar anualmente:
 Exame de urina, potássio, creatinina, glicemia de
jejum, hematócrito, colesterol total, HDL, LDL,VLDL,
triglicérides;
Outros exames complementares, tais como ECG, fundo
de olho e Raio-X de tórax PA/P, podem ser solicitados de
acordo com a rotina da instituição.
Na avaliação laboratorial complementar mínima da
pessoa com HAS deve constar os seguintes exames descritos a
seguir no Quadro 1 e que poderão ser solicitados pelo
enfermeiro na 1ª consulta de enfermagem e nas subsequentes
caso sejam necessários.

174
Quadro 2 - Exames Complementares mínimos para a avaliação inicial de Hipertensão Arterial Sistêmica

Exame Valor de Referência

Exame de Urina Rotina 1 (ou EAS) Ausência de Proteinúria, hematúria


Potássio plasmático (ou potássio sérico) 3,5 a 5,1 mmol/L
Creatinina plasmática (ou creatinina sérica)2 Mulheres: 0,6 a 1,1 mg/dL Homens: 0,6 a 1,5 mg/dL
Hemograma completo Depende do tipo de amostra, da idade e sexo do paciente

Glicemia de jejum 60 a 99 mg/Dl


Hemoglobina glicada  Para as pessoas sadias: entre 4,5% e 5,7%
 Para pacientes com diabetes: abaixo de 7%.
-Valore entre 5,7% e 6,4% é considerado anormal próximo do limite.
-Maior ou igual a 6,5% é considerado consistente para diabetes. A
Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda o uso da dosagem de
hemoglobina glicada também como critério de diagnóstico de diabetes
mellitus nas seguintes condições: HbA1c maior de 6,5% confirmada em
outra ocasião (dois testes alterados) ou uma dosagem de HbA1c associada
a glicemia de jejum maior que 200 mg/dl na presença de sintomas de
diabetes.

2
A partir da Cretinina plasmática faz-se o cálculo da estimativa de filtração glomerular (TFGE) = (140-idade) x peso (kg) ÷ creatinina plasmática (mg/dl) x
72 x 1 para homens ou x 0.85 para mulheres;

175
Exame Valor de Referência

Colesterol total (CT), HDL-colesterol (HDL) e CT:


Triglicérides (TGL) plasmáticos3 Entre 2 a 19 anos: <170mg/dL Adulto:
Ótimo <199mg/dL
Limítrofes 200 a 239mg/dL
Alto ≥240mg/dL
HDL >40mg/dL TGL:
Ótimo <150mg/dL
Limítrofe 150 a 199mg/dL Alto 200 a 499mg/dL
Muito alto ≥500mg/Dl
Ácido úrico Mulheres: 2,6 a 6,5mg/dL Homens: 3,5 a 7,7mg/dL

Eletrocardiograma de repouso (ECG) Normal


Fundoscopia Normal
Raio-X de tórax PA/Perfil Normal

3
As demais frações do Colesterol podem ser calculadas pela fórmula: LDL = CT - (HDL + TGL ÷ 5); e VLDL = TGL ÷ 5

176
Ao avaliar os exames de rotina, o profissional deve
observar alguns aspectos:
• O eletrocardiograma é razoavelmente sensível para
demonstrar repercussões miocárdicas da hipertensão, como
sobrecarga de ventrículo esquerdo.
• A presença de proteinúria leve a moderada no
sedimento urinário é, geralmente, secundária à repercussão de
hipertensão sobre os rins. Proteinúria mais acentuada,
leucocitúria e hematúria (excluídas outras causas),
especialmente se acompanhadas dos cilindros
correspondentes, indicam hipertensão grave ou hipertensão
secundária à nefropatia.
• O potássio sérico anormalmente baixo sugere o uso
prévio de diuréticos. Excluída essa causa, o paciente deve
realizar, via encaminhamento, investigação de
hiperaldosteronismo primário.
• A dosagem do colesterol e da glicemia visa detectar
outros fatores que potencializam o risco cardiovascular da
hipertensão.
A reavaliação laboratorial complementar mínima é de
caráter anual em pacientes com níveis pressóricos limítrofes,
assintomáticos e sem intercorrências. A fundoscopia será
solicitada apenas na avaliação inicial do paciente hipertenso
(BRASIL, 2012

177
5 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

A indicação do anti-hipertensivo deverá ser a critério médico, sendo de competência da (o) enfermeira (o)
a transcrição do medicamento durante a consulta de enfermagem nos casos de clientes com a pressão arterial
controlada.
Quadro 3 – Tratamento medicamentoso
Grupos e representantes Dose diária Intervalo de dose (h) Risco de emprego mais Indicações
(mg) importantes Favoráveis
hipocalemia, hiperuricemia
DiúreticoTiazidicos: hipovolemia, hipocalemia
Hidroclorotiazida 12,5 – 50 24/24
De alça: Furosemida 20 - 320 12 - 24

Antagonista adrenérgico Em predispostos:


betabloqueadores: broncoespasmo, doença
Atenolol 25 - 100 12 - 24 arterial periférica,
Carvedilol 3,125-50 12 bradiarritmias
Metoprolol 25-200 12-24 C.I*. em pacientes com asma
Propranolol 40 - 320 6 - 12 brônquica, DPOC* e BAV*
de segundo e terceiro grau

178
Dose diária Risco de emprego mais Indicações
Grupos e representantes Intervalo de dose (h) importante favoráveis
(mg)

Antagonistas do SRA Inibidores Tosse, hipercalemia


da ECA: C.I. na gestação Hipercalemia,
Captopril elevação de escórias
12,5 - 150 6 - 12 nitrogenadas, C.I na gestação
Enalapril
5 - 40 12 - 24
Antagonistas do receptor da
25-300 12-24
angiotensina: Losartana
Antagonista de cálcio: Anlodipina 2,5 - 10 24/24 Cefaleia, tontura, rubor facial, Idosos(>65 anos),
edema de extremidade ( angina de peito,
maleolar) HAS sistólica
Galactorreia, anemia
Inibidores adrenérgicos -Ação
hemolítica e lesão hepática
central: alfametildopa 250-1000 6-12
C.I. em insuficiência hepática
Fonte de referência: RENAME, 2014; REMUME, 2015.
(*) CI = Contraindicação; DPOC = doença pulmonar obstrutiva crônica; BAV = Bloqueio Atrioventricular

179
6 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS
 Médico e cirurgião dentista da equipe (na própria
UBS); Nutricionistas; Médicos especialistas: cardiologista e
oftalmologista.

7 CUIDADOS DE ENFERMAGEM
 Oferecer ao cliente informações em relação à doença e à
prevenção das complicações;
 Envolver o cliente no cuidado de forma a torná-lo ativo e
co-responsável por sua saúde;
 Estimular a adesão ao tratamento:
– Estabelecendo objetivos junto com o cliente;
– Através do vínculo com o paciente e familiares;
– Considerando e adequando crenças, hábitos e cultura do
paciente;
– Realizando visita domiciliar para sensibilizar os familiares na
adesão ao tratamento;
– Através de busca de faltosos;
– Incentivando a participação do cliente e familiares em grupos
educativos.

8 TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO

Orientar quanto aos fatores de riscos e preventivos


associados à hipertensão como:
 Manter o peso corporal na faixa normal (IMC entre 18,5 a 24,9
Kg/m);
180
 Consumir dieta rica em frutas e vegetais, alimentos com baixa
densidade calórica e baixo teor de gorduras saturadas e totais;
 Substituir bolos, biscoitos doces, sobremesas doces por frutas
in natura;
 Incluir, pelo menos, seis porções de frutas, legumes, e verduras
no plano alimentar diário, procurando variar os tipos e cores
consumidos durante a semana;
 Manter ingesta adequada de cálcio pelo uso de vegetais de
folhas verde-escuras e produtos lácteos, de preferência,
desnatados;
 Reduzir a ingestão de sódio para não mais que 2g (5 g de
sal/dia) = no máximo 3 colheres de café rasas de sal = 3g +2 g
de sal dos próprios alimentos e retirar o saleiro da mesa;
 Preferir temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola,
salsa e cebolinha, ao invés de similares industrializados;
 Restringir as fontes industrializadas de sal: temperos prontos,
sopas, embutidos como salsicha, linguiça, salame e mortadela,
conservas, enlatados, defumados e salgados de pacote,
“fastfood”;
 Limitar o consumo dia 30g/dia de etanol para homens e
15g/dia para mulheres;
 Abandono do tabagismo;
 Habituar-se à prática regular de atividade física aeróbica.

181
9 CONDUTA DE ENFERMAGEM EM CASOS DE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
HIPERTENSIVA4

Nos casos em que ocorrer a presença de valores de


pressão arterial maiores que 160mmHg para a pressão arterial
sistólica e/ou 110mmHg para pressão arterial diastólica, o
enfermeiro deverá encaminhar o paciente para a avaliação por
médico de forma imediata e assim ser realizada a tomada de
uma decisão terapêutica adequada.
Nos casos em que o paciente conhecidamente
hipertenso encontra-se sintomático, com os valores de pressão
arterial acima de 160 e/ou 110mmHg, para PAS e PAD
respectivamente, e já faz ou fez uso de medicamentos da classe
de inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA)
como captopril ou enalapril, por exemplo, e não apresenta
histórico conhecido de angioedema ou hipersensibilidade à
droga, é possível o enfermeiro prescrever e administrar uma
dose complementar de 25mg de captopril mastigado por via
oral enquanto aguarda atendimento pelo médico, como uma
forma de reduzir a exposição do risco imediato do paciente.
Em casos específicos de maior complexidade, a equipe
deverá estar preparada para encaminhar o paciente para o

4
Pode-se definir emergência hipertensiva como toda situação clínica em que a
elevação crítica da pressão arterial é acompanhada de grave quadro clínico,
progressiva e rápida lesão de órgão-alvo e risco de morte, exigindo imediata
redução da pressão arterial com agentes por via parenteral. Já o termo urgência
hipertensiva refere-se à substancial elevação da pressão arterial, porém, sem lesão
de órgão-alvo, exigindo a redução da pressão arterial em até 24 horas.
182
atendimento em local apropriado (pronto-atendimento
hospitalar ou emergência).

REFERÊNCIAS

______, Ministério da saúde. Departamento de Atenção Básica.


Hipertensão Arterial Sistêmica. (Cadernos de Atenção Básica, n.
37). Brasília, 2013

______, Ministério da saúde. Subsecretaria de Atenção primária em


saúde. Protocolo de enfermagem – hipertensão arterial. Brasília,
2010.

CARVALHO, A. K. M et al. Consulta de enfermagem na


percepção dos portadores de Hipertensão Arterial na Estratégia
Saúde da Família. Rev. Min. Enferm, Belo Horizonte, v. 15, n. 3,
p. 341-7, 2011.

DUNCAN, B.; SCHMIDT, M. I.; GIUGLIANI, E. R. J. Medicina


ambulatorial: condutas de atenção primária baseada em
evidências. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

GASPERIN, D; FERSTERSEIFER, L. M. As modificações no


estilo de vida para hipertensos. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre,
v. 27, n. 3, p. 372-8, 2006.

HORTA, W. de A. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU/


EDUSP, 1979

OPAS, Linhas de cuidado: hipertensão arterial e diabetes.


Organização Pan- Americana de saúde. Brasília, 2010.

SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner & Suddarth:tratado de


enfermagem médico cirúrgica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008.

Sociedade Brasileira de Cardiologia / Sociedade Brasileira de


Hipertensão / Sociedade Brasileira de Nefrologia. VI Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol 2010; 95(1 supl.1):
1-51
183
ANEXOS

Figura 1 – Condições classificatórias da pressão arterial


considerando a aferição em consultório e fora de
consultório

Mapa ou MRPA

Normal Anormal

Normotensão Hipertensão
Normal Mascarada

Consultório
Jaleco Hipertensão
Branco
Anormal

Fonte: Caderno de Atenção Básica Nº 37, 2013.

184
Fonte: Caderno de Atenção Básica Nº 37, p. 36.

185
Fonte: Caderno de Atenção Básica Nº 37, p.62

186
Figura 4 – Fluxograma da abordagem nutricional com pessoas
com PA limítrofe ou HAS em consulta médica e de
enfermagem na Atenção Básica

Pessoa com PA limítrofe ou


HAS na consulta médica ou
de enfermagem

A Avaliação antropométrica
(IMC e CA)

Obesidade ou sobrepeso
e/ou CA aumentada?
NÃO
SIM
Apoio do Fatores de
Orientação nutricional
nutricionista risco relacionados
(individual ou em
ou de outro à alimentação?
grupo) com
profissional
estabelecimento de
da UBS e/ou Nasf
regras

Segue as orientações?
SIM NÃO

Metas alcançadas? Restabelecer metas com a


pessoa e com equipe
SIM multiprofissional
NÃO

Monitorar metas Reformular metas

Orientações gerais e acompanhamento


conforme fluxograma de tratamento de
HAS

Fonte: Caderno de Atenção Básica Nº 37, p.86


187
Anexo A – Projeção do risco de doença arterial
coronariana de acordo com o escore de Framingham
HOMENS
Idade Pontos
20 34 -7
35 39 -3
40 44 0
45 49 3
50 54 6
55 59 8
60 64 10
65 69 12
70 74 14
75 79 16
Colesterol Idade
Total 20 – 39 40 49 50 – 59 60 – 69 70 – 79
< 160 0 0 0 0 0
160 – 199 4 3 2 1 1
200 – 239 8 6 4 2 1
240 – 279 11 8 5 3 2
> 280 13 10 7 4 2
Condição Idade
20 – 39 40 – 49 50 – 59 60 – 69 70 – 79
Não fumante 0 0 0 0 0
Fumante 9 7 4 2 1
HDL Pontos
> 60 -1
50 – 59 0
40 – 49 1
<40 2
PA sistólica Pontos se não Pontos se tratada
tratada
< 120 0 0
120 – 129 1 3
130 – 139 2 4
140 – 159 3 5
> 160 4 6
Fonte: Caderno de Atenção Básica Nº 37, p.124.

188
189
190
CAPÍTULO V - PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA
ATENÇÃO AO ADULTO COM DIABETES

Autores
Francisca Costa de Abreu
Gilda dos Santos Costa
Iolete Soares da Cunha
Joana Rodrigues de Lima
Marcelo de Moura Carvalho
Nancy Nay Leite de Araújo Loiola Batista
Sandra Maria G. de Sousa

Revisão - abri 2016


Ana Clara Lucena Silva
Ana Maria Chaves Ferreira
Joana Rodrigues de Lima
Sayonara dos Santos Mendes Damasceno

1. INTRODUÇÃO

O termo “diabetes mellitus” refere-se a um transtorno


metabólico de etiologias heterogênicas, caracterizado por
hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos,
proteínas e gorduras, resultantes de defeitos da secreção e/ou
da ação da insulina (BRASIL, 2013).
O diabetes mellitus (DM) pode permanecer
assintomático por longo tempo e sua detecção clínica e
frequentemente feita, não pelos sintomas, mas pelos seus
fatores de risco. Por essa razão, e importante que as equipes de
Atenção Básica estejam atentas, não apenas aos sintomas de
diabetes, mas também aos seus fatores de risco (hábitos
191
alimentares não saudáveis, sedentarismo e obesidade). A
abordagem terapêutica dos casos detectados, o monitoramento
e o controle da glicemia, bem como o início do processo de
educação em saúde são fundamentais para a prevenção de
complicações e para a manutenção de sua qualidade de vida
(prevenção terciária) (BRASIL, 2013).

2 REFERÊNCIAS PARA PROTOCOLO DE


ACOMPANHAMENTO DE ENFERMAGEM AO
ADULTO COM DIABETES

A Fundação Municipal de Saúde do município de


Teresina-PI, no âmbito da Atenção Básica, adota como parte
integrante de seu protocolo para Diabetes os documentos
identificados nos Cadernos de Atenção Básica – nº 16 /
Diabetes Mellitus e o Caderno de Atenção Básica – n° 36
/Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica:
diabetes mellitus.

3 RASTREAMENTO

Algumas ações podem prevenir o diabetes e suas


complicações. Essas ações podem ter como alvo rastrear quem
tem alto risco para desenvolver a doença (prevenção primária)
e assim iniciar cuidados preventivos; além de rastrear quem
tem diabetes, mas não sabe (prevenção secundária), a fim de
oferecer o tratamento mais precoce.

192
Recomenda-se que a consulta de rastreamento para a
população-alvo definida pelo serviço de Saúde seja realizada
pelo enfermeiro da UBS, encaminhando para o médico em um
segundo momento, a fim de confirmar o diagnóstico dos casos
suspeitos.

Quadro 1 – Critérios para o rastreamento do DM em


adultos assintomáticos

Excesso de peso (IMC >25 kg/m2) e um dos seguintes


fatores de risco:

• História de pai ou mãe com diabetes;


• Hipertensão arterial (>140/90 mmHg ou uso de anti-
hipertensiv os em adultos);
• História de diabetes gestacional ou de recém-nascido com
mais de 4 kg;
• Dislipidemia: hipertrigliceridemia (>250 mg/dL) ou HDL-C
baix o (<35 mg/dL);
• Exame prévio de HbA1c ≥5,7%, tolerância diminuída à
glicose ou glicemia de jejum alterada;
• Obesidade severa, acanthosis nigricans;
• Síndrome de ovários policísticos;
• História de doença cardiovascular;
• Inatividade física;
OU
Idade ≥ 45 anos;
OU
Risco cardiovascular moderado (Ver Cadernos de Atenção
Básica, nº 37 – Estratégias para o Cuidado da Pessoa com
Doença Crônica – Hipertensão Arterial Sistêmica).
Fonte: AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2013.

193
4 CRITÉRIOS LABORATORIAIS PARA O
DIAGNÓSTICO DE DIABETES

Os critérios de diagnostico apresentados na tabela


abaixo deverão ser realizados pelo médico e registrados em
prontuário. A partir dessa informação, o enfermeiro deve
utilizá-la para definir com o médico da equipe (conforme
roteiro de classificação de risco definida pela FMS), a
periodicidade das consultas de enfermagem no
acompanhamento aos pacientes.

Quadro 2 – Valores preconizados para o diagnóstico de DM tipo 2 e


seus estágios pré-clínicos

Categoria Glicemia TTG: duas Glicemia Hemoglobina


de jejum horas após casual ** glicada
* 75 g de (HbA1C)
glicose
Glicemia <110 <140 <200
normal
Glicemia >110 e
Alterada <126
Tolerância ≥140 e
diminuída <200
à
Glicose
Diabetes ≥126 ≥ 200 200 (com >6,5%
mellitus sintomas
clássicos*
**)
Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Diabetes, 2009; W orld Health
Organization (2006).

*O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por, no mínimo, oito


horas.
**Glicemia plasmática casual é definida como aquela realizada a qualquer
hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última refeição.
***Os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e polifagia.
194
195
5 CONSULTA DE ENFERMAGEM

A consulta de enfermagem para o acompanhamento da


pessoa com diagnóstico de DM pode ser realizada por meio da
aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE) e possui seis etapas interrelacionadas entre si,
objetivando a educação em saúde para o autocuidado. As ações
devem auxiliar a pessoa a conhecer o seu problema de saúde e
os fatores de risco correlacionados, identificar
vulnerabilidades, prevenir complicações e conquistar um bom
controle metabólico que, em geral, depende de alimentação
regular e de exercícios físicos.

5.1 Histórico
5.2 Exame físico específico:

• Altura, peso, circunferência abdominal e IMC.


• Pressão arterial com a pessoa sentada e deitada.
• Alterações de visão.
• Exame da cavidade oral, com atenção para a presença de
gengivite, problemas odontológicos e candidíase.
• Frequência cardíaca e respiratória e ausculta
cardiopulmonar.
• Avaliação da pele quanto a sua integridade, turgor,
coloração e manchas.
• Membros inferiores: unhas, dor, edema, pulsos pediosos e
lesões; articulações

196
(capacidade de flexão, extensão, limitações de mobilidade,
edemas); pés (bolhas, sensibilidade, ferimentos, calosidades e
corte das unhas).
• Durante a avaliação ginecológica, quando pertinente, deve-
se estar atento à presença de candida albicans.

Quadra 3 – Exames complementares e periodicidade de


realização

Exame Periodicidade
Glicemia de jejum A cada seis meses ou
Glicemia pós-prandial conforme a necessidade
Hemoglobina Glicada A cada seis meses
(HbA1c)
Colesterol Total
Triglicerídeos
HDL- colesterol
LDL- colesterol Anual ou conforme
Creatinina sérica necessidade
Proteína e creatinina em
amostra de urina
Urina tipo I
TSH

5.3 DIAGNÓSTICO DAS NECESSIDADES DO CUIDADO

É fundamental, para seguir o processo de planejamento e


implementação da Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE), estar atento para as seguintes situações:
• Dificuldades e déficit cognitivo, analfabetismo;
• Diminuição da acuidade visual e auditiva;

197
• Problemas emocionais, sintomas depressivos e outras
barreiras psicológicas;
• Sentimento de fracasso pessoal, crença no aumento da
severidade da doença;
• Medos: da perda da independência; de hipoglicemia, do
ganho de peso, das aplicações de insulina;
• Automonitorização: Consegue realizar a verificação da
glicemia capilar? Apresenta dificuldades no manuseio do
aparelho?

5.4 PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA

São estratégias para prevenir, minimizar ou corrigir os


problemas identificados nas etapas anteriores, sempre
estabelecendo metas com a pessoa com DM.
Pontos importantes no planejamento da assistência:
• Abordar/orientar sobre:
 Sinais de hipoglicemia e hiperglicemia e orientações sobre
como agir diante dessas situações;
 Motivação para modificar hábitos de vida não saudáveis
(fumo, estresse, bebida alcoólica e sedentarismo);
 Percepção de presença de complicações;
 A doença e o processo de envelhecimento;
 Uso de medicamentos prescritos (oral ou insulina), indicação,
doses, horários, efeitos desejados e colaterais, controle da
glicemia, estilo de vida, complicações da doença;

198
 Uso da insulina e o modo correto de como reutilizar agulhas;
planejamento de rodízio dos locais de aplicação para evitar
lipodistrofia.
• Solicitar e avaliar os exames previstos no protocolo
assistencial local.
• Quando pertinente, encaminhar ao médico e, se necessário,
aos outros profissionais.

5.5 IMPLEMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

Deverá ocorrer de acordo com as necessidades e grau


de risco da pessoa e da sua capacidade de adesão e motivação
para o autocuidado, a cada consulta. As pessoas com DM com
dificuldade para o autocuidado precisam de mais suporte até
que consigam ampliar as condições de se cuidar. O apoio ao
autocuidado poderá ser da equipe de Saúde ou de outros
recursos, familiares ou comunitários, articulados para esse fim.

5.6 AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CUIDADO

Avaliar com a pessoa e a família o quanto as metas de cuidados


foram alcançadas e o seu grau de satisfação em relação ao
tratamento.
Observar se ocorreu alguma mudança a cada retorno à
consulta.

199
Avaliar a necessidade de mudança ou adaptação no processo
de cuidado e reestruturar o plano de acordo com essas
necessidades.
Registrar em prontuário todo o processo de acompanhamento.

6 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Compete a(o) enfermeira(o) a transcrição dos medicamentos


(relação abaixo) durante a realização da consulta de
enfermagem.

Quadro 4 - Tratamento medicamentoso para pacientes


diabéticos e hipertensos

Fonte: Relação Nacional de Medicamento (Rename) de 2012

200
Figura 2 – Fluxograma de Tratamento do DM tipo 2

Pessoa com diagnóstico DM*

Glicemia >300 ou sintomas importantes**

MEV
SIM
SIM
Atingiu metas após 3 meses?

Introduzir antidiabético oral

Atingiu metas após 3 meses?

Introduzir 2º antidiabético oral

Atingiu metas após 3 meses? Associar insulina

SIM N Iniciar com dose


Manter
acompanhamento à única de NPH ao
HbA1c O deitar. Corrigir
de HbA1c de 6
atingiu dose conforme
em 6 meses
meta? glicemia de jejum:
NÃO < 70 = diminuir
4U;
Ajustar esquema de insulina conforme 70-130 = manter;
AMGC (antes do almoço, antes do jantar 131-180 =
e ao deitar) – em geral iniciar 4U e ajustar aumentar 2U;
2U a cada 3 dias até atingir as metas >180 = aumentar
4U.

Glicemia Glicemia ao
Glicemia deitar Solicitar
antes do antes do HbA1c após
almoço aumentada:
jantar adicionar 2-3 meses da
aumentada: meta de GJ
aumentada insulina de
adicionar : adicionar atingida
insulina de ação rápida
NPH pela antes do
ação rápida manhã
antes do jantar.
café. Fonte: DAB/SAS/MS.

201
*Introduzir metformina ao diagnóstico para pessoas com
sobrepeso e obesos.
**Quando há o diagnóstico, nessa situação, a insulinoterapia
deve ser plena e pode ser temporária.
AMGC – automonitorização de glicemia capilar.

6.1 METAS DO TRATAMENTO

Quadro 5 – Metas do tratamento da diabetes


GLICOSE Ideal
PLÁSMTICA (mg/dl)
Jejum Entre 70 - 130 mg/dl
Pós pandrial Abaixo de 180 mg/dl
Glicohemoglobina (%) < 7%
Colesterol (mg/dl)
Total < 200
HDL > 45
LDL < 100
Triglicêrides (mg/dl) < 150
Pressão Arterial (mmHg)
Sistólica <130
Diastólica <80
Índica de Massa 20 – 25
Corporal (Kg/m²)

202
6.2 TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO

O tratamento do DM inclui a sensibilização do cliente para


modificações do estilo de vida, educação, reorganização dos
hábitos alimentares e aumento da atividade física.
• Educação
• Modificações dos hábitos de vida
• Suspender fumo
• Atividade Física
• Plano alimentar adequado
• Adequação de peso
• Farmacoterapia

6.3 AVALIAÇÃO DO PÉ EM RISCO PELO


ENFERMEIRO

O enfermeiro deve ser capaz de detectar, classificar e se


necessário encaminhar a lesão dos pés de acordo com a
classificação de risco.

203
Técnica de aplicação e locais para avaliação do teste com
monofilamento de Semmes-Weinstem:

Fonte: Apelqvist et al., 2008. Boulton et al., 2008.

204
Método de avaliação da sensibilidade vibratória
utilizando o diapasão de 128 Hz

Fonte: Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético,


2001.

205
Técnica palpatória para identificação de artérias:

A – Palpação do pulso pedios dorsal B – Palpação do pulso tibial


posterior

Fonte: Makadisse, 2004.

Quadro 6: Classificação de risco do Pé Diabético

Categoria de risco Situação Clínica


Grau 0 Neuropatia ausente.
Grau 1 Neuropatia presente com ou sem
deformidades (dedos em garra,
dedos em martelo, proeminências
em antepé, Charcot).
Grau 2 Doença arterial periférica com ou
sem neuropatia presente.
Grau 3 História de úlcera e/ou amputação.
Fonte: Boulton et al., 2008; Brasil, 2013.

206
Quadro 7: Cuidados recomendados para o Pé Diabético,
segundo a Classificação de Risco:
Categoria Definição Recomendação Periodicidade de
de risco acompanhamento
recomendada
Sem PSP* Orientações sobre Anual,
Sem DAP* calçados preferencialmente
0 apropriados. com médico ou
Estímulo ao enfermeiro da AB.
autocuidado.
PSP com ou Considerar o uso A cada 3 a 6
sem de calçados meses, com
1 deformidades adaptados. médico ou
Considerar enfermeiro da AB.
correção cirúrgica,
caso não haja
adaptação.
DAP com ou Considerar o uso A cada 2 a 3
sem de calçados meses, com
2 PSP adaptados. médico e/ou
Considerar enfermeiro da AB.
necessidade de Avaliar
encaminhamento necessidade de
ao cirurgião encaminhamento
vascular. para outro ponto
de atenção.
História de Considerar o uso A cada 1 a 2
úlcera ou de calçados meses, com
amputação adaptados. médico e/ou
3 Considerar enfermeiro da AB,
correção cirúrgica, ou equipe
caso não haja especializada.
adaptação.
Se houver DAP,
avaliar a
necessidade de
encaminhamento
ao cirurgião
vascular.
Fonte: Boulton et al., 2008; Brasil, 2013.

(*) PSP = Perda de Sensibilidade Protetora dos pés;


DAP = Doença Arterial Periférica.

207
Quadro 8 - Classificação fisiopatológica do Pé Diabético,
segundo sinais e sintomas
Sinal/Sintoma Pé Neuropático Pé Isquêmico
Temperatura do pé Quente ou morno Frio
Coloração do pé Coloração normal Pálido com
elevação ou
cianótico com
declive
Aspecto da pele do Pele seca e Pele fina e
pé fissurada brilhante
Deformidade do Dedo em garra, Deformidades
pé dedo em martelo,
ausentes
pé de Charcot ou
outro
Sensibilidade Diminuída, Sensação
abolida ou dolorosa, aliviada
alterada quando as pernas
(parestesia) estão pendentes
Pulsos pediais Pulsos amplos e Pulsos
simétricos diminuídos ou
ausentes
Calosidades Presentes, Ausentes
especialmente na
planta dos pés
Edema Presente Ausente
Localização mais 1º e 5º Latero-digital;
comum da úlcera metacarpos e sem anel
(se houver) calcâneo querotásico;
(posterior); dolorosas
redondas, com
anel querotásico
periulcerativo;
não dolorosas
Fonte: Dealey, 2006; International Diabetes Federation, 2006.
208
Orientações para o autocuidado no Pé Diabético –
prevenindo as feridas:
 Realize a inspeção diária dos pés (seja por você mesmo ou
com a ajuda de um familiar ou um cuidador orientado),
incluindo as áreas entre os dedos.
 Realize a higiene regular dos pés, seguida da secagem
cuidadosa deles, principalmente entre os dedos.
 Cuidado com a temperatura da água! Ela deve estar sempre
inferior a 37°C, para evitar o risco de queimadura.
 Evite andar descalço, seja em ambientes fechados ou ao ar
livre.
 Sempre use meias claras ao utilizar calçados fechados.
 Use, sempre que possível, meias com costura de dentro para
fora ou, de preferência, sem costura.
 Procure trocar de meias diariamente.
 Nunca use meias apertadas e evite usar meias altas acima do
joelho.
 Inspecione e palpe diariamente a parte interna dos calçados, à
procura de objetos que possam machucar seus pés.
 Use calçados confortáveis e de tamanho apropriado, evitando
o uso de sapatos apertados ou com reentrâncias e costuras
irregulares.
 Use cremes ou óleos hidratantes para pele seca, porém, evite
usá-los entre os dedos.
 Corte as unhas em linha reta.
 Não utilize agentes químicos ou emplastros para remover
calos.
 Calos e calosidades devem ser avaliados e tratados pela sua
equipe de saúde.
 Faça a reavaliação dos seus pés com a sua equipe de saúde
uma vez ao ano (ou mais vezes, se for solicitado).
 Procure imediatamente sua Unidade de Saúde se uma bolha,
corte, arranhão ou ferida aparecer.
 Em caso de dúvidas, procure sempre a sua equipe de saúde!

209
As alterações cutâneas mais frequentes e condutas:
 Xerodermia (pele seca): orientar quanto ao uso de
hidratante comum após o banho, sempre cuidando para poupar
os espaços interdigitais, a fim de evitar o aparecimento de
micoses.
 Calosidades: avaliar adequação de calçado, a
necessidade de órteses para mudança de pontos de pressão e a
redução do nível de atividade para os pés. Em caso de falha
terapêutica com as medidas conservadoras, avaliar a
necessidade de debridamento.
 Alterações ungueais: as unhas devem ser cortadas
sempre retas e o profissional de saúde deve orientar o
indivíduo ou seu cuidador quanto à técnica correta. Diante de
um quadro de unha encravada, deve-se encaminhar o indivíduo
para consulta com o médico da equipe, para avaliação da
necessidade de cantoplastia.
Infecções mais frequentes e condutas:
Infecções fúngicas:
 Tinea pedis (“micose dos pés”) ou Onicomicose
(“micose das unhas”): manter dedos secos, manter local
ventilado; usar meias de algodão, secar os pés após o banho;
cuidados locais: se tratamento tópico coadjuvante (lixar unhas
para melhor absorção).
Infecções bacterianas:
O tratamento recomendado para infecções bacterianas no Pé
Diabético depende gravidade da infecção. Condutas:
210
tratamento medicamentoso; avaliação médica e controle
glicêmico.

6.4 Recomendações para o armazenamento, transporte,


preparo e aplicação da insulina.
Armazenamento:
• as insulinas lacradas precisam ser mantidas refrigeradas entre
2°C a 8°C;
• após aberto, o frasco pode ser mantido em temperatura
ambiente para minimizar dor no local da injeção, entre 15°C e
30°C, ou também em refrigeração, entre 2°C a 8°C;
• não congelar a insulina;
• após um mês do início do uso, a insulina perde sua potência,
especialmente se mantida fora da geladeira. Por isso, é
importante orientar que a pessoa anote a data de abertura no
frasco;
• orientar sobre o aspecto normal das insulinas (Tabela 4) e sua
observação antes da aplicação, descartando o frasco em caso
de anormalidades.
Transporte e viagens:
• colocar o frasco em bolsa térmica ou caixa de isopor, sem
gelo comum ou gelo seco;
• na ausência de bolsa térmica ou caixa de isopor, o transporte
pode ser realizado em bolsa comum, desde que a insulina não
seja exposta à luz solar ou calor excessivo;

211
• em viagens de avião, não despachar o frasco com a bagagem,
visto que a baixa temperatura no compartimento de cargas
pode congelar a insulina.

Preparação e aplicação:
• lavar as mãos com água e sabão antes da preparação da
insulina;
• o frasco de insulina deve ser rolado gentilmente entre as
mãos para misturá-la, antes de aspirar seu conteúdo;
• em caso de combinação de dois tipos de insulina, aspirar
antes a insulina de ação curta (regular) para que o frasco não
se contamine com a insulina de ação intermediária (NPH);
• não é necessário limpar o local de aplicação com álcool;
• o local deve ser pinçado levemente entre dois dedos e a
agulha deve ser introduzida completamente, em ângulo de 90
graus;
• em crianças ou indivíduos muito magros esta técnica pode
resultar em aplicação intramuscular, com absorção mais rápida
da insulina. Nestes casos podem-se utilizar agulhas mais curtas
ou ângulo de 45 graus;
• não é necessário puxar o êmbolo para verificar a presença de
sangue;
• esperar cinco segundos após a aplicação antes de se retirar a
agulha do subcutâneo, para garantir injeção de toda a dose de
insulina;

212
• é importante mudar sistematicamente o local de aplicação de
insulina de modo a manter uma distância mínima de 1,5 cm
entre cada injeção. Orientar a pessoa a organizar um esquema
de administração que previna reaplicação no mesmo local em
menos de 15 a 20 dias, para prevenção da ocorrência de
lipodistrofia.

Locais para aplicação da insulina:


Braços: parte externa e posterior.
Coxas: parte anterior e lateral
Região Abdominal
Região glútea.

REFERÊNCIAS
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o
cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus.
Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 160 p.: il. (Cadernos de
Atenção Básica, n. 36)

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Manual do pé diabético:
estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica.
Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

213
CAPÍTULO VI
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO A
PESSOA IDOSA

Autores
Francisca Cecília Viana Rocha
Ravena Napoleão da Rocha

Revisão – abril 2016


Claudia Maria Sousa de Carvalho
Kátia Regina de Sousa Batista Tôrres
Mary Ane Leão Lima

1 INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo que faz parte da


humanidade. De acordo com as estatísticas mundiais, estima-
se que até o ano 2050 existam cerca de 2 bilhões de pessoas
com 60 anos e mais em todo o mundo e grande parte destas
vivendo em países em desenvolvimento (BRASIL, 2010). Em
relação ao Brasil, este será a sexta maior população de idosos
do mundo. Essa mudança no perfil epidemiológico se deve em
parte à diminuição nos indicadores de mortalidade e de
fecundidade no país (BORGES; COIMBRA, 2008).
Em resposta às mudanças no perfil epidemiológico
descritas acima, a expectativa de vida do cidadão brasileiro
aumentou. Este fenômeno pode estar associado às melhorias
nas condições sociais, no saneamento, nos avanços
214
tecnológicos da medicina, no uso de antibióticos e vacinas,
entre outros; como a prática de atividade física e a alimentação
saudável, também, tem influenciado o aumento da longevidade
(NARSI, 2008).
Em contrapartida, a transição epidemiológica, ou seja,
a diminuição da mortalidade por doenças infecciosas e
aumento das doenças crônicas não transmissíveis, que
demandam acompanhamento contínuo, passou a despertar a
preocupação de gestores e profissionais da saúde,
considerando que tais patologias podem afetar a saúde do
idoso podendo levá-los a incapacidades, gerando dificuldades
no desempenho de suas atividades de vida diária e afetando,
assim, a qualidade de vida dos mesmos (BRASIL, 2010).
Além disso, o aumento do número de doenças crônicas produz
uma sobrecarga no sistema de saúde e de proteção social, pois
o idoso tende a fazer uso de maior número de medicamentos,
a realizar exames com maior frequência e a utilizar cada vez
mais os serviços de saúde.
O conceito de envelhecimento ativo pressupõe a
independência como principal marcador de saúde. Portanto a
capacidade funcional surge como novo paradigma de saúde
(NARSI, 2008).
O processo de envelhecimento é único para cada
pessoa, resulta da interação dos fatores genéticos e ambientais.
Cabe ressaltar que a idade cronológica (medida em anos) e a
biológica (capacidade funcional) quase sempre não coincidem.
215
É importante diferenciar senescência ou envelhecimento
fisiológico de senilidade ou envelhecimento patológico. A
senescência é universal e progressiva, influenciada por
múltiplos fatores como educação, estilo de vida, estresse,
alimentação e exercícios físicos; enquanto a senilidade
constitui um processo que acarreta danos à saúde associados
ao tempo, em consequências de doenças ou maus hábitos de
vida (SILVA, 2009).
Desta forma, a avaliação multidimensional do idoso
deve ser global e sistematizada, permitindo a identificação de
problemas de natureza biopsicossocial levando em conta o
contexto familiar e comunitário no qual o idoso está inserido,
possibilitando a elaboração de um projeto terapêutico produtor
de cuidado integral ao idoso e à sua família.
A Atenção Básica, definida pelo Ministério da Saúde,
como o contato preferencial do usuário ao sistema de saúde,
deve estar preparada e organizada de forma articulada para
atender integralmente ao conjunto de necessidades da pessoa
idosa. Para tanto, é necessário que a equipe da Estratégia
Saúde da Família tenha conhecimento da estrutura e dinâmica
da rede de assistência à saúde voltada à pessoa idosa
(BORGES; COIMBRA, 2008).
Além disso, a assistência de enfermagem ao idoso deve
estar pautada em conhecimentos e habilidades que permitam o
desenvolvimento do processo de enfermagem envolvendo uma
abordagem holística do indivíduo e, assim, garantindo um
216
cuidado integral. As alterações fisiológicas, psicológicas,
sociais e espirituais devem ser consideradas em todas as fases
do processo de enfermagem.
Para isso, as equipes da Estratégia Saúde da Família
têm entre suas atribuições o desenvolvimento de um conjunto
de ações de âmbito individual e coletivo, executando ações de
promoção da saúde, prevenção de agravos, recuperação e
reabilitação de doenças, além de manter a saúde da
comunidade (BRASIL, 2011).
A aplicação do processo de enfermagem na saúde do
idoso tem como referência a Resolução COFEN nº 358/2009 e
a Lei do Exercício Profissional. E para embasar
cientificamente as etapas do processo será utilizada a Teoria
de Enfermagem da Wanda Horta (1979), pois esta tem como
base as leis do equilíbrio, da adaptação e do holismo.
Nesse contexto, faz-se necessário a implementação da
Sistematização da Assistência de Enfermagem, com vistas a
melhorar a qualidade da assistência através de um atendimento
individualizado dando outro olhar de forma mais humana e
efetiva ao idoso.

2 REFERÊNCIA PARA PROTOCOLO DE


ENFERMAGEM PARA ACOMPANHAMENTO DA
PESSOA IDOSA

Este protocolo está fundamentado nas diretrizes dos


seguintes documentos:

217
 Caderno de Atenção Básica – nº 19 /Envelhecimento e saúde
da pessoa Idosa.
 Estatuto do Idoso – Lei nº 10.741/2003.
 Caderneta do Idoso – 3ª edição
 Portaria nº 2.488/2011, que aprova a Política Nacional de
Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e
normas para a organização da Atenção Básica, para a
Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS).

3 CONSULTA DE ENFERMAGEM

O trabalho no âmbito da Atenção Básica por meio das


equipes da Estratégia Saúde da Família é organizado segundo
a lógica do trabalho em equipe interdisciplinar; contudo, o
Ministério da Saúde define atribuições comuns a todos os
profissionais da equipe e atribuições específicas para cada
categoria profissional integrante da equipe multiprofissional.
Assim, de acordo com o Ministério da Saúde, quanto às
atribuições do enfermeiro, estas consistem em:

218
a) Realizar atenção integral às pessoas
idosas.
b) Realizar assistência domiciliar,
quando necessário.
c) Realizar consulta de enfermagem,
incluindo a avaliação multidimensional
rápida e instrumentos complementares,
se necessário, solicitar exames
complementares e prescrever
medicações, conforme protocolos ou
outras normativas técnicas estabelecidas
pelo gestor municipal, observadas as
disposições legais da profissão.
d) Supervisionar e coordenar o trabalho
dos ACS e da equipe de enfermagem.
e) Realizar atividades de educação
permanente e interdisciplinar junto aos
demais profissionais da equipe.
f) Orientar ao idoso, aos familiares e/ou
cuidador sobre a correta utilização dos
medicamentos.

Fonte: BRASIL, 2010, p. 28

3.1 O ACOLHIMENTO DA PESSOA IDOSA

O acolhimento da pessoa idosa na unidade básica deve


respeitar as diretrizes que asseguram os direitos e o acesso às
ações e serviços de saúde em conformidade com sua
necessidade; bem como, os aspectos da singularidade e

219
especificidades do sujeito. Para isso, no acolhimento, o
Enfermeiro deve estar atento para:
 Promover relação de ajuda, dedicando tratamento respeitoso
e cordial à pessoa idosa;
 Tratar o idoso pelo nome e estabelecer diálogo buscando
resguardar a privacidade, conforto e segurança da pessoa
idosa;
 Dirigir-se ao idoso com perguntas e/ou orientações claras e
objetivas. Caso o idoso esteja acompanhado, fazer
esclarecimentos ao acompanhante após dirigir-se ao idoso;
 Dedicar tempo ao idoso a fim de realizar escuta ampliada das
necessidades e identificar problemas;
 Se necessário, discutir o caso com outros membros da equipe;
 Dar seguimento adequado ao caso:
 Encaminhar ou agendar para consulta médica, odontológica,
de enfermagem ou especializada;
 Inserir o idoso nas ações ofertadas da unidade básica;
 Inserir na rede social de apoio, conforme a necessidade.

3.2 CONSULTA DE ENFERMAGEM A PESSOA IDOSA


NA ATENÇÃO BÁSICA:

A avaliação do idoso deve ser global com ênfase no


funcionamento do sistema orgânico, psicológico e na
funcionalidade de vida. Para isso, neste protocolo, dividimos a
consulta de Enfermagem em duas condições: o idoso sem
220
complicações clínicas e/ou psíquicas e o idoso com
complicações clínicas e/ou psíquicas.
 Lembrar que todas as informações levantadas na consulta de
enfermagem devem ser registradas no prontuário e na
caderneta do idoso.

A – IDOSO SEM COMPLICAÇÕES CLÍNICAS E/OU


PSICOLÓGICAS:
a) Levantar histórico do idoso: antecedentes pessoais e
familiares, doenças e tratamentos anteriores, investigação de
queixas e percepção de problemas.
b) Realizar exame físico e avaliação de funcionamento dos
sistemas circulatório, respiratório, digestivo, endócrino,
urinário, reprodutor, locomotor, neurológico e das funções
cognitivas e psíquicas.
c) Investigar mudanças no estado funcional no último ano:
alterações no peso, fadiga, mal estar, ocorrência de quedas,
alterações no sono, problemas cardiovasculares, urinários e
digestivos, humor, dor e problemas sexuais;
d) No exame físico, observar presença de manchas, edemas e
feridas. Além, das condições de simetria de membros, resposta
dos reflexos, limitações de movimentos e força muscular.
e) Avaliar antropometria e padrão nutricional do idoso. Avaliar
tipo e intervalo entre refeições. Utilizar a classificação do
Índice de Massa Corporal (IMC), recomendada pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).

221
Lembre-se:
1 - o declínio da altura é observado com o avançar da
idade, em decorrência da compressão vertebral, mudanças
nos discos intervertebrais, perda do tônus muscular e
alterações posturais;
2 - o peso pode diminuir com a idade, porém, com variações segundo
o sexo. Essa diminuição está relacionada à redução do conteúdo da
água corporal e da massa muscular, sendo mais evidente no sexo
masculino;
3 - alterações ósseas em decorrência da osteoporose;
4 - mudança na quantidade e distribuição do tecido adiposo
subcutâneo.
5-redução da massa muscular devida à sua transformação em gordura
intramuscular, o que leva à alteração na elasticidade e na capacidade
de compressão dos tecidos (BRASIL, 2010, p.33).

 É importante investigar:
 Prejuízos na autonomia para comprar e preparar alimentos;
 Dificuldades para alimenta-se;
 Alterações no apetite, na ingesta de líquidos (água) e na
percepção da temperatura dos alimentos;

222
 Alterações visuais5 e olfativas que interfiram na alimentação;
 Necessidade de restrição alimentar por algum problema de
saúde ou intolerância alimentar;
 Observar e investigar prejuízos na mastigação em decorrência
de ausência de elementos dentários, presença de cáries ou
lesões na cavidade bucal, condições de prótese dentária.
 Avaliar condição dos elementos dentários/próteses. Caso
necessário, encaminhar para avalição odontológica.
 Decidir sobre a necessidade de orientações e/ou
encaminhamentos diante de problemas identificados.
f) Avaliar a função auditiva do idoso. Se necessário, utilizar o
“teste do sussurro” (Anexo B).
g) Investigar atividade sexual do idoso. É importante
esclarecer que a atividade sexual pode fazer parte do cotidiano
do idoso. Para isso, esclarecer quanto às mudanças fisiológicas
que ocorrem nesta fase. Nesta oportunidade, investigar
ocorrências de infecções sexualmente transmissíveis / AIDS.
h) Investigar e orientar necessidade de realizar exame de
prevenção (citologia oncótica) e mamografia de rastreamento
na mulher e o exame de toque retal no homem (ver protocolos
de saúde da mulher e saúde do homem).
i) Fazer a avaliação da situação vacinal do idoso (ver protocolo
de imunização do idoso).

5
Caso seja identificada alguma alteração, aproveite para investigar
também dificuldade ao ler, escrever, assistir TV, dirigir ou realizar
outras tarefas. Se necessário, fazer a avaliação usando o Cartão de
Jaeger (Anexo A).
223
j) Investigar estado mental do idoso. Perguntar sobre interação
social e familiar; queixas de esquecimento frequente
(condições da memória); episódios depressivos, isolamento,
perda do interesse por atividades tidas como prazerosas,
padrão de consumo de álcool, fumo ou outras drogas. Realizar
avaliação cognitiva do idoso (Anexo C) e avaliação de
depressão (Anexo D).
l) Avaliar capacidade de mobilidade e investigar risco de
quedas.
m) Avaliar desempenho funcional: investigar autonomia para
autocuidados (alimentar-se, banhar-se, vestir-se, mobilizar-se,
deambular, ir ao banheiro, controle das necessidades
fisiológicas) e atividades da vida diária (utilizar meios de
transporte, realizar compras, realizar tarefas domésticas,
utilizar telefone, preparar refeições e cuidar das finanças).
n) Investigar suporte familiar e social: relacionamento
intrafamiliar e social, riscos e vulnerabilidades a violências.

B – IDOSO COM COMPLICAÇÕES CLÍNICAS E/OU


PSICOLÓGICAS:

a) A consulta de enfermagem para o idoso com complicações


clínicas e/ou psicológicas deve seguir o mesmo protocolo da
consulta ao idoso sem complicações clínicas e/ou
psicológicas. Contudo, o enfermeiro deve estar atento para

224
queixas, fragilidades e disfunções identificadas durante a
avaliação do idoso.
b) Diante do idoso com complicações o enfermeiro deve:
 Investigar queixas e ocorrências relacionadas.
 Avaliar riscos e complicações.
 Investigar adesão e continuidade do tratamento.
 Orientar necessidade de uso regular da medicação prescrita e
realização de exames de controle.
 Solicitar avaliação do médico da equipe ou encaminhar para
avaliação com especialista, caso necessário.
c) Participar da elaboração e gestão do Projeto Terapêutico
Singular (PTS)6. (Ver Caderno de Atenção Básica n. 19.
Páginas 127 a 131)
d) Idoso em situação de urgência e emergência deve ser
encaminhado pelo Serviço Móvel de Urgência e Emergência
(SAMU).

4 EXAMES DE MONITORAMENTO E CONTROLE


Os exames7 a serem solicitados na Consulta de Enfermagem:

6
“Projeto terapêutico é um plano de ação que considera todos os fatores
envolvidos no processo de adoecimento, formulando uma estratégia de
intervenção, pactuada com o usuário, que vai além do medicamento, e da
solicitação de exames, mas que considera o ambiente, a família, o
trabalho, os recursos da comunidade e outros aspectos que podem ser
relevantes” (BRASIL, 2010, p 127).
7
A avaliação dos exames laboratoriais obedecerá aos parâmetros de
referência descritos nos protocolos de atenção à pessoa com hipertensão
arterial e diabetes.
225
 Hemograma
 EAS
 Lipidograma
 ECG
 Glicemia de Jejum
 Parasitológico de Fezes
 Citologia Oncótica (*)
 Mamografia de rastreamento (*)
(*)
Ver protocolo de saúde da mulher.

5 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

A prescrição e/ou transcrição de medicamentos será


definida em consonância com a condição ou estado de saúde
da pessoa idosa. Desta forma, a indicação dos fármacos
respeitará as recomendações para atenção à Saúde da Mulher,
Saúde do Homem, Vigilância em Saúde, Hipertensão,
Diabetes e IST/AIDS, descritas neste protocolo.

 A indicação de fármacos para o controle da Hipertensão


Arterial e Diabetes é responsabilidade do médico, após
definição de diagnóstico, sendo de competência da(o)
Enfermeira(o) a prescrição do medicamento de uso contínuo
do idoso durante a consulta de enfermagem nos casos de
clientes sem alterações clínicas relacionadas às referidas
doenças crônicas.

226
6 TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO
Compete a(o) Enfermeira(o) atuar na sensibilização do
cliente orientando quanto aos fatores de riscos e medidas
preventivas associados as doenças crônicas como hipertensão
arterial, diabetes, doenças osteoarticulares, entre outras. Entre
estes cuidados incluem:
 Estímulo à adoção de estilo de vida saudável.
 Orientações quanto à alimentação saudável (rica em frutas e
legumes; pobre gordura e sal).
 Adoção de medidas para o controle do peso.
 Ingestão adequada de Líquidos (água e sucos).
 Desenvolvimento de atividade física – com orientação de um
educador físico e após avaliação médica (Academia da
Saúde).
 Orientação quanto aos danos caudados pelo consumo de
álcool e ao tabagismo.
 Orientações sobre a necessidade de proteção à exposição ao
sol e outros agentes nocivos.
 Incentivo à inclusão social e aos grupos comunitários.

7 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS

Constitui atribuição do Enfermeiro(a) da Estratégia


Saúde da Família o encaminhamento da pessoa idosa para os
seguintes profissionais e especialidades médicas:
 Cirurgião dentista e médico da equipe (na própria UBS);
227
 Cardiologia
 Oftalmologia
 Dermatologia (nos casos de acompanhamento de Hanseníase)
 Gerontologia
 Psiquiatra
 Urologia
 Ginecologia
 Endocrinologia
 Fisioterapia
 Nutricionista
 Enfermeiro Estomoterapêuta
 Especialista em Terapias Alternativas
 Assistente Social
 Psicólogo

8 VISITA/ASSISTÊNCIA DOMICILIAR À PESSOA


IDOSA

A Equipe Saúde da Família deve estar organizada para


atender as necessidades de saúde da pessoa idosa que
necessitem de atendimento no domicílio. Nesse sentido, o
Enfermeiro(a) tem como atribuição:
 Realizar visita domiciliar a pessoa idosa nas seguintes
condições: acamado, egresso de internação hospitalar,
faltosos, por indicação ou solicitação de outros serviços de

228
saúde, em condições de abandono/violência, por solicitação do
próprio usuário e em caso de interesse epidemiológico.
 Desenvolver visita domiciliar para realização de
procedimentos de competência do Enfermeiro (curativos
complexos, administração de medicamentos especiais,
sondagens e outros).
 Articular visita com equipe interdisciplinar em casos
específicos (CAPS, CRAS, Serviço Social, Melhor em Casa e
outras).
 Realizar visita domiciliar para investigação de denuncias.
 Monitorar cuidados domiciliares ao idoso.
 Lembrando que é atribuição da equipe e do Enfermeiro a
notificação compulsória dos casos de violência.

229
9 FLUXOGRAMA: CONSULTA DE ENFERMAGEM
AO IDOSO

PACIENTE IDOSO

ACOLHIMENTO
(Escuta qualificada, identificação de problemas, busca de
solução)

CONSULTA DE ENFERMAGEM
(Histórico de enfermagem, exame físico e mental, avaliação de
risco e vulnerabilidade)

NÃO SIM
Existem
complicações
?
- Realizar consulta de
Enfermagem;
- Realizar consulta de Enfermagem; - Investigar e avaliar
- Solicitar exames de complicações;
acompanhamento; - Solicitar exames de
- Ofertar medicação de uso contínuo; controle;
- Agendar retorno. - Encaminhar (se
- Incentivar a participação em grupos necessário).
comunitários e rede social de apoio. - Elaborar Projeto
Terapêutico Singular
(PTS)
VISITA DOMICILIAR

REGISTRAR NO PRONTUÁRIO E NA CADERNETA DO


IDOSO

230
REFERÊNCIAS

BORGES, A.P.A.; COIMBRA A.M.C. Envelhecimento e


Saúde da Pessoa Idosa. Rio de Janeiro: EAD/ENSP, 2008.

BRASIL, Ministério da Saúde. Envelhecimento e Saúde da


pessoa Idosa. Caderno de Atenção Básica nº19. Brasília.
2010.

______. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção Básica.


Departamento de Atenção a Saúde. Política Nacional de
Atenção Básica. Brasília-DF. 2011.

NARSI, F. O envelhecimento populacional no Brasil.


Einsten. 6 (Supl1)2008.

SILVA, J.V. Saúde do idoso e a Enfermagem: Processo de


envelhecimento sob múltiplos aspectos. 1ª Ed. São Paulo:
látria, 2009.

231
Anexo A – Avaliação da visão

CARTÃO JAEGER
O cartão é colocado a uma distância de 35 cm da pessoa idosa
que se possuir óculos deve mantê-los durante o exame. A visão
deve ser testada em cada olho em separado e depois em
conjunto. Os olhos devem ser vendados com as mãos em forma
de concha.

Objetivo: Identificar possível disfunção visual.


Avaliações dos resultados: as pessoas que lerem até o nível
20/40 serão consideradas sem disfunção.
Providências com os achados/resultados: em caso de
alterações, encaminhar para avaliação no oftalmologista.

Fonte: Caderno de Atenção Básica nº 19/MS

232
Anexo B – Avaliação da audição

A audição pode ser avaliada por meio do uso de algumas


questões simples listadas a seguir ou ainda pela utilização do
Teste do Sussurro (whisper) já validade em relação à
audiometria.
Questões:
• Compreende a fala em situações sociais?
• Consegue entender o que ouve no rádio ou televisão?
• Tem necessidade que as pessoas repitam o que lhe é falado?
• Sente zumbido ou algum tipo de barulho no ouvido ou
cabeça?
• Fala alto demais?
• Evita conversar? Prefere ficar só?
TESTE DO SUSSURRO: O examinador deve ficar fora do
campo visual da pessoa idosa, a uma distância de
aproximadamente 33cm e “sussurrar”, em cada ouvido, uma
questão breve e simples como, por exemplo, “qual o seu
nome?”
Objetivo: avaliação da acuidade auditiva.
Avaliações dos resultados: se a pessoa idosa não responder,
deve-se examinar seu conduto auditivo para afastar a
possibilidade de cerume ser a causa da diminuição da acuidade
auditiva.
Providências com os achados/resultados: não sendo
identificados obstáculo nos condutos auditivos externos, deve-
se solicitar audiometria em ambulatório especializado.
Fonte: Caderno de Atenção Básica nº 19/MS

233
Anexo C – Avaliação cognitiva

MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM)

É o teste mais utilizado para avaliar a função cognitiva por ser


rápido (em torno de 10 minutos), de fácil aplicação, não
requerendo material específico. Deve ser utilizado como
instrumento de rastreio não substituindo uma avaliação mais
detalhada, pois, apesar de avaliar vários domínios (orientação
temporal, espacial, memória imediata e de evocação, cálculo,
linguagem-nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia
de desenho) o faz de maneira superficial. Não serve para
diagnóstico, mas serve para indicar que funções devem ser
melhor investigadas. É um dos poucos testes validados
e adaptados para a população brasileira.

Objetivo: é um teste neuropsicológico para avaliação da


função cognitiva.
Avaliações dos resultados: Pontuação total = 30 pontos. As
notas de corte sugeridas são: Analfabetos = 19.1 a 3 anos de
escolaridade = 23.4 a 7 anos de escolaridade = 24.> 7 anos de
escolaridade = 28.
Providências com os achados/resultados: escores muito
baixos associados aos outros testes de função cognitiva
sugerem encaminhamento para avaliação neuropsicológica
específica.
234
MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM
1.Orientação Em que dia estamos? Ano 1
temporal Semestre 1
(0 – 5 pontos) Mês 1
Dia 1
Dia da semana 1
2. Orientação Onde estamos? Estado 1
espacial (0 Cidade 1
- 5 pontos) Bairro 1
Rua 1
Local 1
3. Repita as Peça ao idoso para repetir Caneca 1
palavras (0 as palavras depois de dizê- Tijolo 1
- 3 pontos) las Repita todos os objetos Tapete 1
até que o entrevistado o
aprenda (máximo 5
repetições)
4. Cálculo O(a) Sr(a) faz cálculos? Sim (vá para 4a) 1
Não (vá para 4b) 1
4a. Cálculo Se de R$100,00 fossem 93 1
(0 - 5 pontos) tirados R$ 7,00 quanto 86 1
restaria? E se tirarmos 79 1
mais R$ 7,00? 72 1
(total 5 subtrações) 65 1
4b. Soletre a palavra MUNDO O 1
de trás para frente D 1
N 1
U 1
M 1
5. Repita as palavras que Caneca 1
Memorização disse há pouco Tijolo 1
Tapete 1
6. Linguagem Mostre um relógio e uma Relógio 1
(0-3 pontos) caneta e peça ao idoso para Caneta 1
nomeá-los
7. Linguagem Repita a frase: NEM AQUI, NEM 1
(1 ponto) ALI, NEM LÁ.
8. Linguagem Siga uma ordem de três Pegue o papel com a 1
(0-2 pontos) estágios: mão direita
Dobre-o ao meio 1
Ponha-o no chão 1
9. Linguagem Escreva em um papel: FECHE OS OLHOS 1
(1 ponto) “feche os olhos”. Peça ao
idoso para que leia a ordem
e a execute
235
10. Peça ao idoso para 1
Linguagem escrever uma frase
(1 ponto) completa.
11. Copie o desenho: 1
Linguagem
(1 ponto)

Fonte: Caderno de Atenção Básica nº 19/MS

236
Anexo D – Avaliação de Depressão

ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA


ABREVIADAGERIATRIC DEPRESSION SCALE
(GDS) (versão de 15 questões)

Trata-se de um questionário de 15 perguntas com respostas


objetivas (sim ou não) a respeito de como a pessoa idosa tem
se sentido durante a última semana. A Escala de Depressão
Geriátrica não é um substituto para uma entrevista diagnóstica
realizada por profissionais da área de saúde mental. É uma
ferramenta útil de avaliação rápida para facilitar a
identificação da depressão em idosos. A cada resposta
afirmativa some 1 ponto. As perguntas não podem ser
alteradas, deve-se perguntar exatamente o que consta no
instrumento.
Objetivo: verificar a presença de quadro depressivo.
Avaliações dos resultados: Uma pontuação entre 0 e 5 se
considera normal, 6 a 10 indica depressão leve e 11 a 15
depressão severa.
Providências com os achados/resultados: escores elevados
sugerem encaminhamento para avaliação neuropsicológica
específica.

237
ESCALA DE DEPRESSÃO GERIÁTRICA ABREVIADA
1. Está satisfeito(a) com sua vida?
Sim ( ) Não ( )
2. Interrompeu muitas de suas atividades?
Sim ( ) Não ( )
3. Acha sua vida vazia?
Sim ( ) Não ( )
4. Aborrece-se com frequência?
Sim ( ) Não ( )
5. Sente-se bem com a vida na maior parte do tempo?
Sim ( ) Não ( )
6. Teme que algo ruim lhe aconteça?
Sim ( ) Não ( )
7. Sente-se alegre a maior parte do tempo?
Sim ( ) Não ( )
8. Sente-se desamparado com frequência?
Sim ( ) Não ( )
9. Prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas?
Sim ( ) Não ( )
10. Acha que tem mais problemas de memória que outras
pessoas? Sim ( ) Não ( )
11. Acha que é maravilhoso estar vivo(a)?
Sim ( ) Não ( )
12. Sente-se inútil?
Sim ( ) Não ( )
13. Sente-se cheio/a de energia?
Sim ( ) Não ( )
14. Sente-se sem esperança?
Sim ( ) Não ( )
15. Acha que os outros tem mais sorte que você?
Sim ( ) Não ( )

238
CAPÍTULO VII
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AO
USUÁRIO EM SAÚDE MENTAL

Autora
Claudia Maria Sousa de Carvalho

Revisão abril 2016


Claudia Maria Sousa de Carvalho
Kátia Regina de Sousa Batista Tôrres

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O presente protocolo de assistência em Saúde Mental


dirige-se aos profissionais Enfermeiros da Estratégia Saúde da
Família (ESF) com o propósito de apoiar e direcionar as ações
de cuidado às pessoas em sofrimento psíquico no próprio
território e, quando necessário, articulado com outros
dispositivos assistenciais existentes na rede de atenção
psicossocial do município.
Deste modo, este instrumento consiste na possibilidade
de ampliação dos espaços de cuidados para o acolhimento,
tratamento e acompanhamento dos usuários do Sistema Único
de Saúde (SUS) com algum grau de sofrimento psíquico ou
com transtorno mental, incluindo os problemas relacionados
ao uso de crack, álcool e outras drogas, garantido por meio da
legislação brasileira, que trata dos direitos e da proteção aos

239
portadores de transtornos mentais, citados na Lei nº 10.216/01
(BRASIL, 2004).
Assim, de acordo com o delineamento da Política de
Saúde Mental, a rede de cuidados em saúde mental deve
estruturar-se a partir da Atenção Básica, obedecendo ao
modelo de rede, de base territorial e comunitária, buscando o
estabelecimento de vínculo e a continuidade do cuidado
(BRASIL, 2011a).
Sendo assim, a Unidade Básica de Saúde (UBS) é parte
integrante desta rede de cuidados e constitui a porta de entrada
preferencial no sistema de saúde. Além disso, deve ter livre
interlocução com os demais dispositivos da rede como: os
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços
Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de Convivência,
Ambulatórios de Saúde Mental e Hospitais Gerais para
garantir a integralidade do cuidado e, assim, a efetivação das
diretrizes do SUS (BRASIL, 2011a).
Nesse sentido, o sistema de saúde do município busca
consolidar um modelo de atenção com acesso aos diversos
equipamentos assistenciais que vão desde cuidados básicos
nos domicílios e atendimento nas UBS, através da atuação das
Equipes de Saúde da Família (ESF), até os serviços
especializados ambulatoriais e hospitalares.
Deste modo, as ações de cuidado devem ser ofertadas
de acordo com as diferentes necessidades manifestadas pelo
sujeito, considerando não somente a condição clínica do
240
paciente, mas, também, desenvolvendo ações que promovam
a autonomia, reinserção social e familiar desse sujeito.
Para isso, o Município de Teresina está buscando
organizar a rede de cuidados por meio da ampliação dos
serviços extra-hospitalares e dos pontos de cuidados em saúde
mental. Tal condição tem favorecido ao processo de mudança
no modelo de cuidados às pessoas com transtorno mental,
modificando o fluxo dos usuários do sistema de saúde, antes
direcionado para o modelo de serviço do tipo manicomial e,
atualmente, voltado para os CAPS e outros dispositivos
substitutivos do hospital psiquiátrico tradicional.
Atualmente, a rede de cuidados em saúde mental do
município de Teresina, considerando os serviços de gestão
estadual e municipal, é composta por: CAPS II, CAPS III,
CAPS ad e CPAS i; leitos de atenção integral no hospital geral
(Hospital da Primavera), leitos no Serviço Hospitalar de
Referência em Álcool e Drogas (Hospital do Mocambinho),
Serviços Residenciais Terapêuticos, Equipe do Consultório na
Rua, Unidade de Acolhimento (infanto-juvenil). Além das
263 Equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), dos
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), Centro de
Convivência da Terceira Idade (CCTI), Serviços de Urgência
e Emergência (SAMU e UPAS) e Ambulatórios
Especializados de Saúde Mental em funcionamento no
município. Vale destacar, que o Hospital Psiquiátrico Areolino

241
de Abreu, ainda constitui elemento da rede devido à
insuficiência de recursos substitutivos no município.
Diante do exposto, para atender a estas diretrizes de
cuidado à pessoa com transtorno mental ou com algum grau de
sofrimento psíquico, a Fundação Municipal de Saúde
disponibiliza mais uma ferramenta de trabalho aos
profissionais Enfermeiros da Atenção Básica que se traduz no
protocolo aqui apresentado.

2 REFERÊNCIAS PARA ELABORAÇÃO


PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NO CUIDADO EM
SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA

Este protocolo está fundamentado nas diretrizes dos


seguintes documentos:
 Lei nº 10.216 de 06 de Abril de 2001;
 Legislação em Saúde Mental: 1990-2004.
 Portaria nº 2.488 de 21 de outubro de 2011.
 Portaria nº 3.088 de 23 de Dezembro de 2011;
 Caderno de Atenção Básica nº 34, 2013.
 PREVENÇÃO DO SUICÍDIO: MANUAL DIRIGIDO
PROFISSIONAIS DA SAÚDE DA ATENÇÃO BÁSICA,
2009.

242
3 SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA

As Equipes de Saúde da Família têm, entre suas


atribuições, o papel de garantir o acesso e o atendimento da
população adscrita. O usuário com sofrimento psíquico ou
transtorno mental, que procura a Unidade Básica de Saúde,
deve ser visto como sujeito que necessita de cuidados e com
direito a ter suas necessidades atendidas.
De acordo com o Ministério da Saúde, alguns quadros
psiquiátricos podem ser resolvidos e/ou acompanhado no nível
da atenção básica: são os transtornos mentais leves como, por
exemplo, os estados depressivos relacionados ao uso abusivo
de crack, álcool e outras drogas, os quadros de ansiedade, além
de outras formas de sofrimento psíquico (BRASIL, 2005).
Considerando as potencialidades próprias da
organização e da gestão do cuidado inerentes ao processo de
trabalho das Equipes da Estratégia Saúde da Família, não há
dúvidas que os profissionais podem e devem desenvolver
algum tipo de intervenção dirigida aos pacientes em
sofrimento psíquico.
Assim, ações como o acolhimento, a escuta, a inserção
do usuário em grupos comunitários, a identificação e busca de
solução para problemas de saúde ou outros agravos na vida do
usuário até o encaminhamento da pessoa em sofrimento
psíquico para os serviços especializados em saúde mental

243
constituem medidas fundamentais para o sucesso terapêutico
do paciente (CHIAVERINE, et al, 2011).
Nessa perspectiva, a Unidade Básica de Saúde, como
componente da Rede de Atenção Psicossocial, deve
desenvolver em parceria com outros pontos de atendimento
existentes no território, ações de promoção de saúde mental,
tratamento e reabilitação das pessoas com transtorno mental
incluindo ações de redução de danos e cuidados às pessoas
com complicações decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas (BRASIL, 2011b).
Assim, para o planejamento e desenvolvimento de
intervenções voltadas para as questões relacionadas à saúde
mental é importante que o Enfermeiro possa construir uma
conexão entre as queixas somáticas e o sofrimento psíquico,
buscando identificar a causa de conflitos que muitas vezes não
apresentam explicações de origem física.
Para isso, apresentamos, a seguir, o fluxograma da rede de
atenção em saúde mental (em anexo) e as principais
intervenções para o cuidado de enfermagem em saúde mental
no âmbito da atenção básica, de acordo com a condição
manifestada pelo paciente / família.

244
3.1 INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM AO
PACIENTE EM SOFRIMENTO PSÍQUICO / CRISE
PSIQUIÁTRICA.

A crise psiquiátrica é definida como um estado de


desequilíbrio emocional manifestado diante de um evento
crítico e que se evidencia pela inabilidade do sujeito em
resolver o problema, levando a certo grau de desorganização
no comportamento da pessoa (ARANTES, FUKUDA,
STEFANELLI, 2008).
Sendo assim, o estado de crise psiquiátrica constitui um
quadro que necessita de atendimento imediato em razão do
risco que tal condição pode representar tanto para o paciente
como para outas pessoas presentes na unidade.
Diante disso, a Equipe de Saúde da Família deve estar
preparada para o desenvolvimento de medidas que possam
contribuir com o restabelecimento do quadro do paciente. Para
isso, elencamos algumas intervenções que podem ser
desenvolvidas no âmbito da atenção básica:
 Realizar o acolhimento do usuário e dos acompanhantes,
priorizando medidas de segurança para o usuário e demais
pessoa presentes no ambiente, em caso de agitação, auto /
hetero-agressividade ou manifestações psicóticas (delírios e
alucinações);
 Caso o usuário apresente comportamento agressivo, afastar
objetos que possam ser utilizado como instrumento de
agressão;
245
 Manter atitude positiva de aceitação e não julgamento em
relação ao cliente e aos familiares, transmitindo-lhes
segurança e confiança.
 Tentar controlar o quadro de agitação do usuário por meio do
diálogo e com postura que favoreça ao bom relacionamento
terapêutico entre enfermeiro e cliente.
 Se possível, levantar o histórico de enfermagem do cliente
através de entrevista, exame físico e exame do estado mental
do usuário;
 Providenciar ou solicitar que outra pessoa providencie o
encaminhamento do usuário para serviço de urgência
psiquiátrica (conforme fluxograma). Se necessário, acionar a
equipe do SAMU.
 Caso o usuário apresente comportamento suicida, afastar
objetos / instrumentos que possam ser utilizados pelo mesmo.
Além disso, mantenha o usuário na companhia de um familiar
ou responsável, enquanto providencia ajuda de equipe
especializada;
 Comunicar ao usuário e aos familiares a necessidade de
encaminhamento para outro serviço. Nesse caso, explicar aos
familiares ou acompanhantes o modelo de funcionamento do
serviço para o qual está sendo encaminhado a fim de estimular
a aceitação do tratamento;
 Registrar no prontuário a ocorrência;

246
 Realizar Visita Domiciliar após o retorno do usuário para a
comunidade a fim de garantir a continuidade do cuidado.

3.2 INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM AO


PACIENTE COM TRANSTORNO MENTAL EM
TRATAMENTO COM EQUIPE ESPECIALIZADA.

 Realizar o acolhimento do usuário e dos acompanhantes (se


estiverem presentes), adotando os seguintes procedimentos:
 Atender cordialmente o usuário e seus familiares, tratando-os
pelo nome;
 Investigar motivo da procura à UBS;
 Estabelecer diálogo com o usuário e familiares;
 Proporcionar escuta qualificada do usuário e familiares,
identificando necessidades;
 Promover relação de vínculo terapêutico com o usuário,
demonstrando empatia na relação;
 Buscar solução para as demandas do usuário;
 Fazer registro no prontuário.
 Realizar consulta de enfermagem: exame físico completo,
exame do estado mental e exame neurológico - aplicar o
Processo de Enfermagem;
 Agendar acompanhamento mensal para observar:
 Evolução do tratamento;
 Adesão ao tratamento farmacológico;
 Efeitos colaterais pelo uso da medicação;
 Continuidade do tratamento no CAPS de referência;
247
 Disponibilização e orientações quanto a medicação de uso
contínuo;
 Garantir a medicação controlada do usuário desde que este
esteja apresentando boa resposta ao uso da medicação. Neste
caso encaminhar o paciente para o Médico (a) da equipe.
 Investigar complicações clínicas associadas, inclusive
complicações clínicas que cursam com manifestações
psiquiátricas;
 Comunicar e discutir com o médico da equipe a necessidade
de exames diagnósticos e tratamento de complicações clínicas,
caso existam;
 Avaliar queixas odontológicas e encaminhar para exame
periódico com o dentista da equipe;
 Manter esquema vacinal atualizado;
 Estimular a realização de exames preventivos regulares
(papanicolau, exames laboratoriais de rotina) conforme a
necessidade do usuário;
 Monitorar o Projeto Terapêutico Singular elaborado pelo
CAPS de referência;
 Estimular e/ou promover a inserção do usuário em grupos
comunitários existentes no território.
 Realizar visita domiciliar para verificar condições de
autocuidado, relacionamento familiar e com a comunidade,
uso correto da medicação, situações de violência, maus tratos
ou outros riscos.

248
 Estabelecer com o usuário projeto terapêutico singular,
compartilhado com o projeto terapêutico elaborado no CAPS,
incluindo participação em atividades existentes na rede de
apoio social disponível no território.
 Se necessário, encaminhar ou discutir com a equipe do CAPS
alterações no comportamento do usuário (insônia, agitação,
alucinações, delírios, recusa da medicação, tentativa de
suicídio e outros).
 Articular com outros setores, como os Centros de Referência
da Assistência Social (CRAS), escolas ou outros segmentos
para a solução de demandas sociais do usuário e de familiares.

3.3 INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM AO


PACIENTE COM DEPENDÊNCIA AO CRACK,
ÁLCOOL OU OUTRAS DROGAS.

 Realizar acolhimento do usuário e de seus familiares (caso


estejam presentes);
 Tratar cordialmente o usuário e seus familiares, tratando-os
pelo nome;
 Realizar escuta qualificada, demonstrando interesse e
disponibilidade para escutá-lo;
 Evitar atitudes preconceituosas, punitivas ou de repreensão,
mas não seja conivente com as condutas adotadas pelo usuário
em relação ao consumo de drogas;
 Procure tranquilizar o usuário e os familiares.
 Abrir prontuário do usuário na Estratégia Saúde da Família.
249
 Realizar consulta de enfermagem: exame físico completo,
exame do estado mental e exame neurológico (aplicar o
Processo de Enfermagem);
 Em relação ao consumo do álcool, avaliar grau de consumo:
 Consumidor moderado: aquele que utiliza bebida alcoólica
sem dependência e sem problemas decorrentes do seu uso;
 Consumidor problema: aquele que apresenta na sua história
qualquer problema de ordem física, psíquica e/ ou social em
decorrência do consumo do álcool;
 Dependente de álcool: aquele que apresenta estado físico ou
psíquico caracterizado por reações que incluem ingestão
excessiva de álcool de modo contínuo ou periódico, para
experimentar seus efeitos psíquicos e/ou evitar o desconforto
de sua falta.
 Adotar medidas de redução de danos:
 Investigar comorbidades;
 Realizar limpeza de área com lesões, se existir;
 Esclarecer /reforçar a importância do uso de preservativos nas
relações sexuais (ofertar preservativos).
 Avaliar esquema vacinal: atualizar ou iniciar esquema vacinal
(contra Tétano, Febre Amarela e hepatite B);
 Orientar quanto à prevenção de acidentes e lesões;
 Orientar quanto aos benefícios do consumo satisfatório de
água;
 Esclarecer /reforçar a importância da manutenção de
alimentação saudável;
250
 Esclarecer quanto às modalidades de tratamento (CAPS AD,
SHRAD, Leitos de Atenção Integral no Hospital Geral);
 Encaminhar e discutir com o médico da equipe a necessidade
de realização de exames laboratoriais, RaioX e outros,
inclusive indicação de tratamento farmacológico (Tiamina,
ácido fólico, etc);
 Ofertar exames preventivos regulares (papanicolau, exames
laboratoriais de rotina) conforme a necessidade do usuário;
 Avaliar queixas odontológicas e encaminhar para exame
periódico com o dentista da equipe;
 Estimular a participação em grupo de ajuda;
 Estabelecer com o usuário plano de tratamento (projeto
terapêutico singular);
 Agendar retorno do usuário, mas deixá-lo ciente que o mesmo
poderá procurar a UBS sempre que precisar;
 Abrir espaço para a escuta e apoio à família.
 Realizar Visita Domiciliar para fortalecer o vínculo com o
usuário, acompanhar tratamento ou fazer busca ativa, caso o
usuário não retorne à UBS.
 Articular com outros setores, como os Centros de Referência
da Assistência Social (CRAS), escolas ou outros segmentos
para a solução de demandas sociais do usuário e de familiares.

3.4 AÇÕES DE PROMOÇÃO DE SAÚDE MENTAL E


DE PREVENÇÃO DO USO PREJUDICIAL DE CRACK,
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS.

251
Considerando o modelo de organização da Estratégia
Saúde da Família, em consonância com os princípios e
diretrizes das políticas de saúde do SUS, a atenção básica
constitui o nível da assistência privilegiado para o
desenvolvimento de ações de promoção de saúde mental.
O fato das equipes da atenção básica conhecerem o
modo de viver das famílias cadastradas, os problemas
existentes no território, bem como os recursos disponíveis para
enfrentamento das condições de vulnerabilidades favorecem à
identificação dos problemas existentes na comunidade e
possibilita a implementação de medidas que visem a promoção
da saúde.
Nesse sentido, vale destacar que as ações de promoção
de saúde, desenvolvidas pela ESF, dirigidas às diferentes
necessidades das famílias que constituem a população adscrita
da equipe, também implicam em ações de promoção de saúde
mental e de prevenção dos problemas relacionados aos
transtornos mentais incluindo os problemas decorrentes do uso
de substâncias psicoativas.
Dito isso, seguem algumas ações que podem ser
desenvolvidas no âmbito da atenção básica e que tem como
resultado a promoção da saúde mental. Vale lembrar que tais
ações podem ser realizadas com o apoio matricial das
equipes de saúde mental do município (equipes dos CAPS):
 Realizar o diagnóstico do território, identificando as situações
de risco e os casos de transtorno mental existentes na área;
252
 Identificar situações de vulnerabilidade para o uso abusivo de
drogas;
 Fazer o reconhecimento no território dos equipamentos de
apoio às atividades de promoção de saúde desenvolvidas pela
ESF;
 Cadastrar as pessoas com problemas relacionados à saúde
mental (utilizar a ficha de cadastro dos problemas de saúde
mental)
 Desenvolver grupos de educação em saúde, abrindo espaço
para diálogo com os participantes;
 Realizar ações de educação em saúde abordando temas
variados, entre eles o tema das drogas e seus prejuízos físicos,
mentais e sociais;
 Desenvolver a formação de grupos de familiares para a
discussão de temas que ajudem na solução de problemas;
 Estimular a inserção de criança e adolescentes em atividades
de grupos desenvolvidas pela escola e assistência social;
 Realizar atendimento individual das demandas do paciente
ampliando a escuta dos problemas e desenvolvendo vínculo
com o paciente e responsabilização pela solução de seus
problemas;
 Realizar visitas domiciliares às famílias dirigindo o foco para
as questões de vulnerabilidades ao transtorno mental e outras
situações de risco;

253
 Buscar parcerias com as escolas, CRAS, grupos comunitários
e outras organizações sócias para o trabalho de prevenção dos
agravos, incluindo o transtorno mental e o uso de drogas;
 Monitorar o tratamento das pessoas com transtorno mental;
 Desenvolver reuniões de equipe, inclusive com as equipes do
CAPS, para a discussão do projeto terapêutico de pacientes
cadastrados na ESF.
 Durante as consultas de enfermagem para os grupos
específicos (gestantes, hipertensos, adolescentes e outros)
investigar situações de risco para a saúde mental;
 Fazer encaminhamentos para os serviços de atenção à saúde
mental para os casos que necessitam de intervenção
especializada.

3.5 AÇÕES DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO


SUICÍDIO

O suicídio e a tentativa de suicídio constituem práticas


que tem se tornado uma preocupação para profissionais de
saúde, educadores e para a sociedade em geral. De acordo com
análise de estudos feita pela Organização Mundial de Saúde
(2009), 90% dos casos de suicídio estão associados a um
diagnóstico de transtorno mental (depressão, transtorno
afetivo bipolar, dependência de substâncias psicoativas),
sendo que em algum momento este paciente é acompanhado
pela equipe de saúde da unidade básica.
254
As equipes da atenção básica por estarem em contato
mais próximo com a comunidade, estão em posição
privilegiada para:
 detectar precoce dos transtornos mentais;
 avaliação da “rede de proteção social” de pacientes em risco
de suicídio e a criação de estratégias de reforço dessa rede;
 identificar das condições ambientais, clínicas, familiares,
financeiras, psicológicas e de trabalho dos indivíduos nos
quais é detectado risco de suicídio.
 prover tratamento quando indicado.
 encaminhar casos selecionados a um serviço de saúde mental.
Contudo, é importante que a equipe da atenção básica
esteja atenta para situação de sofrimento manifestado pelo
usuário, que pode levar a comportamento suicida, toda vez que
realizar o atendimento do usuário. Nesse sentido, os
profissionais da atenção básica devem observar:
 comportamentos de ambivalência (querer morrer e viver),
impulsividade e rigidez (a pessoa não percebe outra saída para
o problema);
 frases de alerta como: “Eu preferia estar morto”; “Eu já sei o
que vou fazer”; “Eu não aguento mais”. Por trás delas estão os
sentimentos de pessoas que podem estar pensando em suicídio.
 sentimentos de depressão, desesperança, desamparo e
desespero.
 Medidas que podem ser adotadas pela equipe da
atenção básica:
255
 Providenciar lugar adequado e tempo para realizar a escuta da
pessoa em sofrimento.
 Promover um diálogo aberto, permitindo à pessoa falar de seus
sentimentos.
 Procure desenvolver a confiança e o vínculo com a pessoa.
 Proporcione apoio emocional.
 Estimule a pessoa a identificar alternativas positivas na
solução do problema que está causando sofrimento.
 Investigar histórico de tentativa de suicídio
 Investigar sobre plano suicida
 Em caso de risco evidente de suicídio, a equipe deve buscar
recursos de apoio (encaminhar para especialista, entrar em
contato com equipe do CAPS, NASF, Assistência Social,
família, rede social de apoio, etc)
 Estabelecer contrato com a pessoa (tente fazer um contrato
com a pessoa de que ela não fará nada até encontrarmos uma
solução. A intenção é ganhar tempo para as intervenções
adequadas).
 Manter o acompanhamento da pessoa por meio de consultas,
visitas domiciliares, acompanhamento por outras equipes.
 Orientar ao agente comunitário a realizar o acompanhamento
do caso intensificando as visitas domiciliares.
REFERÊNCIAS
ARANTES, E. C.; FUKUDA, I. M. K.; STEFANELLI, M. C.
O Enfermeiro em Emergência Psiquiátrica: Interveção em
Crise. In: ARANTES, E. C.; FUKUDA, I. M. K.;
STEFANELLI, M. C. (Organizadoras). Enfermagem
256
psiquiátrica em suas dimensões assistenciais. Barueri, SP.
Manole, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva.


Secretaria de Atenção à Saúde. Legislação em Saúde Mental:
1990-2004. 5ª edição Brasília, Ministério da Saúde, 2004.

______. Secretaria de Atenção à Saúde. Reforma


Psiquiátrica e Política de Saúde Mental no Brasil.
Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma
dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas.
OPAS. Brasília, 2005.

______. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011a.

______. Secretaria da Atenção Básica. Departamento de


Atenção a Saúde. Política Nacional de Atenção Básica.
Brasília-DF. 2011b.

______. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Saúde mental / Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Cadernos de Atenção Básica, n.
34. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

______. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da


Saúde. PREVENÇÃO DO SUICÍDIO: MANUAL DIRIGIDO
PROFISSIONAIS DA SAÚDE DA ATENÇÃO BÁSICA.
Ministério da Saúde, 2009.

CHIAVERINE, D. H. et al. (Organizadora). Guia prático de


matriciamento em saúde mental. Brasília, Ministério da
Saúde: Centro de Estudo e Pesquisa em Saúde Coletiva, 20

257
FLUXOGRAMA 1 - DE ATENDIMENTO AO USUÁRIO
EM SAÚDE MENTAL
USUÁRIO / COMUNIDADE

UNIDADE Consultório
BÁSICA DE na Rua
SAÚDE

Crise psiquiátrica?

NÃO SIM

Urgência
Permanece na UBS Psiquiátrica
(Hospital Geral,
Centro de Atenção
HAA, UPA)
Psicossocial (CAPS)

UNIDADE ,
BÁSICA DE
SAÚDE CAPS II
CAPS III
LAIHG1 Dependência
Química

CAPSAD
SRHAD2

1
LAIHG - Leitos de Atenção Integral no Hospital Geral (Hospital da
Primavera),
2
SRHAD - Serviço Hospitalar de Referência em Álcool e outras Drogas
(Hospital do Mocambinho)

258
CAPÍTULO VIII
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA VIGILÂNCIA
EM SAÚDE: DENGUE; ZIKA, CHICUNGUNYA,
DST/HIV; HANSENIASE; TUBERCULOSE.

Autores
Fabrícia Alves Soares
Luciana Gonçalves da Silva Miranda
Neile Socorro Alves Bezerra

Revisão – abril 2016


Adriana Sávia de Souza Araújo
Alaide Alves de Amorim
Luciana Gonçalves da Silva Miranda
Mary Ane Leão Lima
Maria dos Remédios Brasileiro do Nascimento
Neile Socorro Alves Bezerra
Raimundo Nonato Pereira de Sousa

1 INTRODUÇÃO

A Vigilância em Saúde tem como objetivo a análise


permanente de saúde da população e a organização de práticas
de saúde adequadas ao enfretamento dos problemas existentes.
As ações de vigilância devem estar inseridas cotidianamente
na prática das equipes de saúde de Atenção Básica.
A operacionalização da Vigilância Epidemiológica nas
unidades básicas de saúde consiste na coleta e processamento
de dados, análise e interpretação dos dados processados,
investigação de casos e surtos e decisão das medidas de
controle conforme os protocolos do Ministério de Saúde.

259
2. PROTOCOLO DE DENGUE/CHIKUNGUNYA/ZIKA

Revisão – abril 2016


Luciana Gonçalves da Silva Miranda
Adriana Sávia de Souza Araújo
Mary Ane Leão Lima
Raimundo Nonato Pereira de Sousa
Maria dos Remédios Brasileiro do Nascimento

A Fundação Municipal de Saúde do município de


Teresina-PI, no âmbito da Atenção Básica, adota como parte
integrante de seu protocolo para Dengue, Chikungunya e Zika
os seguintes documentos:
 Cadernos de Atenção Básica, n. 21: Vigilância em Saúde:
Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, Malária, Tracoma e
Tuberculose;
 Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed./2009;
 Portaria Nº 204, 17 de fevereiro de 2016. Define a lista
nacional de notificação compulsória de doenças, agravos e
eventos em saúde pública nos serviços públicos e privados em
todo o território nacional;
 Dengue: diagnóstico e manejo clínico – adulto e criança. 5. ed.
– Brasília : Ministério da Saúde, 2016. (Série A. Normas e
Manuais Técnicos);

260
 Febre de Chikungunya: manejo clínico: diagnóstico e manejo
clínico – adulto e criança – Brasília : Ministério da Saúde,
2015;
 Nota Informativa: Procedimentos a serem adotados para
Vigilância da Febre do vírus Zika no Brasil – 2016.
Em relação às atribuições do profissional enfermeiro
(a) das equipes a FMS resolve:
Manter as atribuições e competências da equipe de
saúde estabelecidas nos Manuais e demais normativas da
vigilância publicadas pelo Ministério da Saúde, acrescidas de
ações definidas pelo município.
A partir de 2014 o Brasil passou a utilizar a nova
classificação de dengue. Esta abordagem enfatiza que a dengue
e uma doença única, dinâmica e sistêmica. Isso significa que a
doença pode evoluir para remissão dos sintomas, ou pode
agravar-se exigindo constante reavaliação e observação, para
que as intervenções sejam oportunas e que os óbitos não
ocorram (BRASIL, 2015).
A febre de chikungunya é uma arbovirose causada pelo
vírus Chikungunya (CHIKV), da família Togaviridae e do
gênero Alphavirus. A viremia persiste por até dez dias após o
surgimento das manifestações clínicas. A transmissão ocorre
pela picada de fêmeas dos mosquitos Ae. Aegypti e Ae.
albopictusinfectadas pelo CHIKV. Casos de transmissão
vertical podem ocorrer quase que, exclusivamente, durante o
período de intraparto em gestantes virêmicas e, muitas vezes,
261
provoca infecção neonatal grave. Pode ocorrer transmissão por
via transfusional, todavia é rara se os protocolos forem
observados (BRASIL, 2015).
A infecção pelo vírus Zika afeta todos os grupos etários
e ambos os sexos e, à luz do conhecimento atual, é uma doença
febril aguda, autolimitada na maioria dos casos, que leva a uma
baixa necessidade de hospitalização e que, via de regra, não
vinha sendo associada a complicações. Quando sintomática, a
infecção pelo vírus Zika pode cursar com febre baixa (ou,
eventualmente, sem febre), exantema maculopapular,
artralgia, mialgia, cefaleia, hiperemia conjuntival e, menos
frequentemente, edema, odinofagia, tosse seca e alterações
gastrointestinais, principalmente vômitos. Formas graves e
atípicas são raras, mas, quando ocorrem, podem
excepcionalmente evoluir para óbito (BRASIL, 2015).

2.1 CONSULTA DE ENFERMAGEM - PRIMEIRA


CONSULTA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM
SUSPEITA DE DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA

HISTÓRICO DE ENFERMAGEM (RESOLUÇÃO


CONFEN n° 358/2009).

a) Data do inicio dos sintomas.


b) Verificar pressão arterial, pulso, enchimento capilar,
frequência respiratória, temperatura.

262
c) Realizar medidas antropométricas (peso, altura, índice de
massa corporal (IMC)).
d) Pesquisar sinais de alarme.
e) Pesquisar fatores de risco para doença grave
(comorbidades): história de convulsão febril, diabetes, asma,
insuficiência cardíaca, doenças reumatológicas, consumo
abusivo de álcool, anemia falciforme, talassemia e hipertensão
arterial sistêmica. Atualmente a incidência de casos de
infecção pelo vírus Zika impõe a intensificação do cuidado da
gestante durante o acompanhamento pré-natal, devido a uma
possível associação com os casos atuais de microcefalia em
recém-nascidos por isso, uma atenção especial as gestantes
com suspeita de zika.
f) Realizar prova do laço na ausência de manifestações
hemorrágicas.
g) Segmento da pele: pesquisar pele fria ou quente, sinais de
desidratação, exantema, petéquias, hematomas, sufusões e
outros como: prurido, dermatite esfoliativa, hiperpigmentação,
lesões por fotossensibilidade, lesões simulando eritema
nodoso, úlceras orais, bolhas e vesículas.
h) Segmento cabeça: observar sensibilidade a luz, edema
subcutâneo palpebral, hemorragia conjuntival, petéquias de
palato, epistaxe e gengivorragia. Investigar queixas oculares:
dor ocular, diminuição da acuidade visual, turvação visual,
moscas volantes e olho vermelho.

263
i) Segmento torácico: pesquisar sinais de desconforto
respiratório, de derrame pleural e pericárdico.
j) Segmento abdominal: pesquisar dor, hepatomegalia, ascite,
timpanismo, macicez e outros.
k) Segmento neurológico: pesquisar cefaleia, convulsão,
sonolência, delírio, insônia,
Inquietação, irritabilidade e depressão, paresia, parestesia,
tontura, rebaixamento do nível de consciência.
l) Sistema musculoesquelético: pesquisar mialgias, artragias e
edemas, caracterizar o envolvimento articular determinando a
duração, intensidade, localização das articulações
primariamente envolvidas, progressão para outras
articulações, natureza aguda ou insidiosa, assim como a
periodicidade das dores (principalmente na chikungunya).
m) Investigar dor lombar: procurar indícios para diferenciá-la
de outras causas (por exemplo, comprometimento discal ou
lombalgia mecânica comum).
n) Questionar uso de medicamentos: aspirina e anti-
inflamatórios.
o) Realizar a notificação e investigação do caso.

EXAME FÍSICO
• Sinais vitais: pressão arterial em duas posições, frequência
cardíaca e respiratória e temperatura axilar.
•. Examinar a pele em busca de lesões maculares, papulares,
vesiculares ou bolhosas.
264
• Exame neurológico e oftalmológico, quando queixas na
anamnese estiverem presentes.
• Exame articular: levando em consideração que
frequentemente não se percebem sinais de calor e rubor nas
articulações afetadas, devem-se examinar, criteriosamente, as
articulações, em busca de sinais de comprometimento
articular.
• Exame físico dos membros superiores e inferiores: deve-se
iniciar com a inspeção e palpação das mãos, observando
formas e dimensões, edema, paralisia, atrofias e contraturas
musculares. As outras articulações devem ser examinadas
quanto ao aspecto da pele, à mobilidade ativa e passiva
(abdução, adução, flexão, extensão, rotação, movimentos do
ombro em suas três articulações), ao aumento do volume, à
crepitação, à limitação dos movimentos, às atrofias musculares
e aos nódulos.

DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Feito a partir dos problemas detectados ou necessidade
afetadas, que culmina na tomada de decisão sobre conceitos
diagnósticos, e constituem a base para seleção das ações ou
intervenções de enfermagem (possíveis diagnósticos descritos
no Anexo D).

265
PLANEJAMENTO DA ASSISTENCIA DE
ENFERMAGEM
A assistência de enfermagem se dá a partir da avaliação
dos estados de desequilíbrio do ser humano e tem como
objetivo satisfazer as necessidades humanas básicas afetadas
buscando o estado de saúde da pessoa/individuo. Aqui se
determina as prescrições das ações e intervenções de
Enfermagem e os resultados a serem alcançados (possíveis
intervenções descritas no Anexo D).

Orientações aos pacientes e familiares


a) Todos os pacientes (adultos e crianças) devem retornar
imediatamente em caso de aparecimento de sinais de alarme
(descrito no Anexo A).
b) Na Dengue o desaparecimento da febre (entre o segundo e
o sexto dia de doença) marca o início da fase crítica razão pela
qual o paciente deverá retornar para nova avaliação no
primeiro dia desse período.
c) Orientar o paciente sobre o uso e importância do “Cartão
de Identificação do Paciente com Dengue” para
acompanhamento e consulta de seguimento (apresentado no
Anexo C).
d) Na febre do Chigunkunya recomenda-se a utilização de
compressas frias como medida analgésica nas articulações
acometidas de 4 em 4 horas por 20 minutos. Existem
evidências que o repouso é fator protetor para evitar evolução

266
para fase subaguda, sendo de extrema importância. Deve-se
evitar atividades que sobrecarreguem as articulações e orientar
sobre o posicionamento adequado dos membros favorecendo
a proteção articular e o retorno venoso.
e) É importante que aquelas mulheres ou casais que desejam
engravidar recebam as orientações necessárias sobre a
prevenção da infecção pelo vírus Zika e sobre os cuidados
necessários para evitar essa infecção durante a gravidez,
principalmente no primeiro trimestre.

2.2 CONSULTA DE ENFERMAGEM SUBSEQUENTE

O manejo adequado do paciente com


dengue/chikungunya/zika depende do reconhecimento
precoce dos sinais de alarme, do continuo monitoramento,
reestadiamento dos casos e da pronta reposição hídrica. Com
isso, torna-se necessário a revisão da história clínica,
acompanhado do exame físico completo a cada reavaliação do
paciente, com o devido registro em instrumentos pertinentes
(prontuários, ficha de atendimento, cartão de
acompanhamento).
Retorno de imediato na presença de sinais de alarme.
O desaparecimento da febre na dengue (entre o terceiro e sexto
dia de doença) marca o início da fase crítica. Portanto,
reavaliar o paciente sempre que possível nesse período.

267
Na febre do chigunkunya orientar a retornar à unidade
de saúde no caso de persistência da febre por 5 dias ou no
aparecimento de fatores de gravidade.

2.3 AVALIAÇÃO LABORATORIAL

Diagnóstico sorológico – a sorologia e utilizada para a


detecção de anticorpos antidengue e deve ser solicitada a partir
do sexto dia do início dos sintomas.
O diagnóstico laboratorial para chigunkunya é
realizado por meio de e testes sorológicos (titulação IgM),
sendo necessário considerar o tempo de evolução da doença.
A partir do oitavo dia de início de sintomas, devem-se
encaminhar as amostras para testes sorológicos.
O diagnóstico laboratorial para Zika é feito através do
PCR para vírus Zika e somente em casos suspeitos
sintomáticos em : gestantes ,óbitos e pacientes com
manifestações neurológicas graves( meningite, encefalite,
mielite transversa e síndrome de Guillain-Barré) ,para coleta
de soro ( se sintomas iniciados há até cinco dias ) e ou urina (
se sintomas iniciados há até oito dias ).
A confirmação laboratorial e orientada de acordo com
a situação epidemiológica:
• em períodos não epidêmicos, solicitar o exame de
todos os casos suspeitos;

268
• em períodos epidêmicos, solicitar o exame em todo
paciente grave ou quando houver dúvidas no diagnostico,
seguindo as orientações da Vigilância Epidemiológica do
município.

2.4 EXAMES COMPLEMENTARES

Exame inespecífico: Hemograma completo:


• A coleta deve ser feita no momento do atendimento, com
liberação do resultado em tempo hábil para avaliação e manejo
adequado e precoce. Os valores de referência constam na
tabela 01.
• Na dengue, o leucograma é variável (a leucopenia pode
indicar outra infecção viral e a leucocitose não afasta a
doença).
• Nos pacientes do Grupo A não há hemoconcentração nem
queda abrupta de plaquetas.
• A plaquetopenia não constitui necessariamente fator de risco
para sangramento
em pacientes com suspeita de dengue, mas a queda progressiva
de plaquetas indica necessidade de um acompanhamento mais
atento, pois indica que o doente pode se complicar, sendo
considerado um sinal de alarme. A elevação das plaquetas,
quando associadas a melhora clínica do paciente, apontam para
a recuperação favorável.

269
. As alterações laboratoriais de chikungunya, durante a
fase aguda, são inespecíficas. Leucopenia com linfopenia
menor que 1.000 cels/mm3 é a observação mais frequente. A
trombocitopenia inferior a 100.000 cels/mm3 é rara. A
velocidade de hemossedimentação e a Proteína C-Reativa
encontram-se geralmente elevadas, podendo permanecer
elevadas por algumas semanas. Outras alterações podem ser
detectadas como elevação discreta das enzimas hepáticas, da
creatinina e da creatinofosfoquinase (CPK).

ATEN ÇÃO!
O hemograma na dengue tem como finalidade
principal avaliar o hematócrito, para identificação de
hemoconcentração. Hemoconcentração indica provável
alteração de permeabilidade capilar (extravasamento
plasmático), associado à gravidade, além de definir a
necessidade de hidratação e resposta a terapia de reposição
instituída. Queda de hematócrito pode sugerir hemorragias.

270
Quadro 1. Eritrograma: valores de referência
(média ± 2 desvios padrões); eritrócitos: M/μL;
hemoglobina: g/dL; hematócrito: % VCM*:
fL.

2.5 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

- Orientar o cliente quanto aos fatores de riscos da Dengue,


Chikungunya e Zika;
- Orientar retorno para reavaliação após cessar a febre;
- Orientar repouso, hidratação e retorno imediato na presença
de sinais de gravidade.
- Orientar na febre do Chikungunya utilização de compressas
frias como medida analgésica nas articulações acometidas de
4 em 4 horas por 20 minutos. Existem evidências que o
271
repouso é fator protetor para evitar evolução para fase
subaguda, sendo de extrema importância. Deve-se evitar
atividades que sobrecarreguem as articulações e orientar sobre
o posicionamento adequado dos membros favorecendo a
proteção articular e o retorno venoso.
- Gestantes com infecção pelo vírus Zika ou com microcefalia
fetal detectadas intrauterinas deverão ser acompanhadas e caso
seja necessário avaliação com especialista, referenciar ao
serviço de pré-natal das maternidades municipais (Satélite,
CIAMCA, Promorar e Buenos Aires).

2.6 TRATAMENTO

Hidratação oral:
Adultos
Calcular o volume de líquidos de 80 ml/kg/dia, sendo 1/3 com
solução salina e no início com volume maior. Para os 2/3
restantes, orientar a ingestão de líquidos caseiros (água, suco
de frutas, soro caseiro, chás, água de coco etc), utilizando-se
os meios mais adequados à idade e aos hábitos do paciente.
Especificar o volume a ser ingerido por dia. Por exemplo, para
um adulto de 70 kg, orientar:
• 80 ml/kg/dia 6,0 l:
» período da manhã: 1 l de SRO e 2 l de líquidos caseiros.
» período da tarde: 0,5 l de SRO e 1,5 l de líquidos caseiros.
» período da noite: 0,5 l de SRO e 0,5 l de líquidos caseiros.
272
» a alimentação não deve ser interrompida durante a
hidratação, mas administrada de acordo com a aceitação do
paciente.
Crianças
Orientar hidratação no domicílio, de forma precoce e
abundante, com soro de reidratação oral (um terço das
necessidades basais), oferecido com frequência sistemática,
independentemente da vontade da criança; completar a
hidratação oral com líquidos caseiros, tais como água, sucos
de frutas naturais, chás e água de coco; evitar uso de
refrigerantes e alimentos como beterraba e açaí; para crianças
<2 anos, oferecer 50-100 ml (¼ a ½ copo) de cada vez; para
crianças >2 anos, 100-200 ml (½ a 1 copo) de cada vez.

2.7 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO


Sintomáticos
Os usos destas drogas sintomáticas são recomendados para
pacientes com febre elevada.
Analgésicos:
• Dipirona sódica
≫ Adultos: 20 gotas ou 1 comprimido (500mg) até de 6/6
horas.
≫ Crianças: 10 mg/kg/dose até de 6/6 horas (respeitar dose
máxima para peso e idade);
■ Gotas: 500 mg/ml (1 ml = 20 gotas);
■ Solução oral: 50 mg/ml;
273
■ Comprimidos: 500 mg por unidade;

• Paracetamol
≫ Adultos: 40-55 gotas ou 1 comprimido (500 a 750mg) até
de 6/6 horas.
≫ Crianças: 10 mg/kg/dose até de seis em seis horas (respeitar
dose máxima para peso e idade):
■ Gotas: 200 mg/ml (1 ml = 20 gotas);
■ Comprimidos: 500 e 750 mg por unidade;

ATENÇÃO!
Os salicilatos, como o AAS, são contraindicados e não devem
ser administrados, pois podem causar ou agravar
sangramentos.
Os antiinflamatórios não-hormonais (Cetoprofeno,
Ibuprofeno, Diclofenaco, Nimesulidae outros) e as drogas com
potencial hemorrágico não devem ser utilizados.

2.8 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS


O Enfermeiro durante a consulta e avaliação clínica de
enfermagem deverá identificar a necessidade de
encaminhamento do paciente com dengue, chigunkunya e zika
para consultas médica (na própria UBS) ou em serviço de
referência de acordo com a classificação de risco.

274
2.9 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Febre
Objetivo
a) Reduzir a temperatura.
b) Avaliar a evolução clinica.
c) Prevenir a convulsão por febre.
d) Proporcionar conforto para o paciente.

Conduta
a) Controle rigoroso de temperatura.
b) Aplicar compressas mornas (nunca fria devido ao risco de
vasoconstricção súbita).
c) Orientar, auxiliar e supervisionar a ingesta de líquidos
(oferta de soro oral).
d) Orientar banho com água morna.
e) Atentar para o risco de crise convulsiva (crianças menores
de 5 anos, principalmente lactentes).
f) Orientar observação da diurese (quantidade, aspecto e cor).
g) Prescrever antitérmico.
h) Registrar no prontuário as condutas de enfermagem
prestadas.

Cefaléia, dor retroorbitária, mialgias e artralgias


Objetivo
a) Controlar e reduzir a dor.
275
b) Prevenir complicações.
c) Avaliar a evolução clinica.
d) Proporcionar conforto para o paciente.
Conduta
a) Verificar sinais vitais.
b) Orientar ambiente com pouca luminosidade e ruídos, se
possível.
c) Orientar repouso relativo.
d) Estimular a mudança de decúbito.
e) Registrar no prontuário as condutas de enfermagem
prestadas.
Prurido
Objetivo
a) Avaliar a evolução clinica.
b) Restabelecer e manter a integridade da pele.
c) Proporcionar conforto para o paciente.
Conduta
a) Auxiliar, orientar e dar banhos com água em temperatura
ambiente ou aplicar
compressas umedecidas em água na pele do paciente, sem
fricção.
b) Manter as unhas aparadas e lixadas.
c) Orientar para a utilização de sabonete neutro.
d) Registrar no prontuário as condutas de enfermagem
prestadas.

276
Dor abdominal
Objetivo
a) Avaliar a evolução clínica.
b) Observar evolução para formas graves.
c) Proporcionar alivio a dor.
d) Controlar complicações.
e) Proporcionar conforto ao paciente.
Conduta
a) Realizar exame físico dirigido: localização da dor, distensão
abdominal, som maciço a percussão, edema, presença de
defesa abdominal.
b) Orientar o paciente para adotar posição confortável,
preferencialmente com a cabeceira elevada (semi-Fowler).
c) Verificar e avaliar os sinais vitais.
d) Orientar controle da ingesta de líquidos e da eliminação.
e) Registrar no prontuário as condutas de enfermagem
prestadas.
ATENÇÃO!!!
A dor abdominal é um achado importante que pode anteceder
o choque, constituindo um dos principais sinais de alarme.

Plaquetopenia
Objetivo
a) Avaliar a evolução clinica.
b) Controle e avaliação de exames de laboratório.
c) Prevenir complicações.
277
Conduta
a) Realizar exame físico dirigido: verificar edema, petéquias,
equimose, hematoma,
sangramentos (epistaxe, gengivorragia, metrorragia e outros).
b) Encaminhar ao médico sempre que o resultado da plaqueta
for menor ou igual
a 100.000 e o hematócrito maior do que 10% em relação ao
valor basal ou anterior (crianças: ≥ 38% e ≤ 42%; mulheres: ≥
40% e ≤ 44%; homens: ≥ 45% e ≤ 50% e/ou plaquetopenia
entre 50 e 100.000 cels/mm3 e/ou leucopenia <1.000
cels/mm3).
c) Verificar sinais vitais.
i) Observar sinais de irritação, agitação, sonolência e
convulsão.
j) Registrar no prontuário as condutas de enfermagem
prestadas

Anorexia, náuseas e vômitos


Objetivo
a) Acompanhar evolução clínica.
b) Estabelecer e manter o equilíbrio hídrico e hidroeletrolítico.
c) Prevenir complicações.
Conduta
a) Realizar exame físico.
b) Orientar a aceitação da dieta.

278
c) Estimular a ingesta de soro de reidratação oral (livre
demanda em crianças e em adultos 1/3 do peso corporal,
conforme aceitação).
d) Incentivar a ingesta de alimentos/frutas ricas em potássio
(laranja, banana, tomate, etc.).
e) Adequar a ingesta de líquidos conforme os hábitos do
paciente (água de coco, etc.).
f) Pesar o paciente a cada retorno.
g) Observar e avaliar os sinais e sintomas de desidratação
(turgor e elasticidade da pele reduzidos, diminuição da reserva
salivar, pulso filiforme, oliguria ou anuria, fontanela
deprimida e taquicardia).
h) Verificar e avaliar as alterações dos sinais vitais.
i) Orientar para que seja anotado característica, data, hora do
vômito, frequência e estimativa do volume.
j) Manter o ambiente livre de odores desagradáveis.
k) Registrar no prontuário as condutas de enfermagem
prestadas.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde:
Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, Malária, Tracoma e
Tuberculose. 2. ed. rev. - Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
195 p.: il. - (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos
de Atenção Básica, n. 21)

279
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de
vigilância epidemiológica. 7. ed. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2009. (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 204, 17 de


fevereiro de 2016. Define a lista nacional de notificação
compulsória de doenças, agravos e eventos em saúde pública
nos serviços públicos e privados em todo o território nacional,
nos termos do anexo, e dá outras providencias. Brasília:
Ministério da Saúde, 2016. Diário Oficial da União; Poder
executivo, Brasília, DF, 18 fev. 2016, Seção 1.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: diagnóstico e
manejo clínico – adulto e criança. 5. ed. – Brasília: Ministério
da Saúde, 2016. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Febre de Chikungunya:
manejo clínico: diagnóstico e manejo clínico – adulto e
criança – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. (Série A.
Normas e Manuais Técnicos).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Nota Informativa: Procedimentos a serem
adotados para Vigilância da Febre do vírus Zika no Brasil –
SVS/MS- Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

280
ANEXO A - FLUXOGRAMA PARA CLASSIFICAÇÃO
DE RISCO DE DENGUE

281
ANEXO B - CARTÃO DE ACOMPANHAMENTO DO
PACIENTE COM SUSPEITA DE DENGUE

282
ANEXO C - PROVA DO LAÇO

A Prova do laço deve ser realizada na triagem,


obrigatoriamente, em todo paciente com suspeita de dengue e
que não apresente sangramento espontâneo.
A prova deverá ser repetida no acompanhamento clínico do
paciente apenas se previamente negativa.
Passos:
• Verificar a pressão arterial e calcular o valor médio pela
fórmula (PAS + PAD)/2; por exemplo, PA de 100 x 60 mmHg,
então 100+60=160, 160/2=80; então, a média de pressão
arterial é de 80 mmHg.
• Insuflar o manguito até o valor médio e manter durante cinco
minutos nos adultos e três minutos em crianças.
• Desenhar um quadrado com 2,5 cm de lado no antebraço e
contar o número de petéquias formadas dentro dele; a prova
será positiva se houver 20 ou mais petéquias em adultos e dez
ou mais em crianças; atenção para o surgimento de possíveis
petéquias em todo o antebraço, dorso das mãos e nos dedos.
• Se a prova do laço apresentar-se positiva antes do tempo
preconizado para adultos e crianças, a mesma pode ser
interrompida.
• A prova do laço frequentemente pode ser negativa em
pessoas obesas e durante o choque.

283
ANEXO D - FLUXOGRAMA PARA CLASSIFICAÇÃO
DE RISCO DE PACIENTES COM SUSPEITA DE
CHIKUNGUNYA

284
ANEXO E - FLUXOGRAMA PARA CONDUTA
CLÍNICA DE PACIENTES COM SUSPEITA DE
CHIKUNGUNYA

285
ANEXO F – ORIENTÇÕES PARA O DOMICÍLIO DE
PACIENTES COM SUSPEITA DE CHIKUNGUNYA

286
ANEXO G - FLUXOGRAMA PARA CONDUTA
CLÍNICA DE PACIENTES COM SUSPEITA DE ZIKA

287
ANEXO H - DIFERENÇAS ENTRE AS DOENÇAS
DENGUE, CHIKUNGUNYA E ZIKA:

288
3. PROTOCOLO DE ENFERMAGEM –
TUBERCULOSE

Revisão – abril 2016


Alaide Alves de Amorim
Neile Socorro Alves Bezerra

O diagnóstico de tuberculose na atenção básica de


saúde está implícito nas atribuições do enfermeiro, segundo
Portaria Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011: “Realizar
consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo
e conforme protocolos ou outras normativas técnicas
estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal ou do
Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão,
solicitar exames complementares, prescrever medicações e
encaminhar, quando necessário, usuários a outros serviços”
(BRASIL, 2012).
A captação de sintomáticos respiratórios (SR) é de
grande importância para identificar precocemente os casos
bacilíferos, interromper a cadeia de transmissão e reduzir a
incidência da doença. Considera-se SR pessoas com tosse por
tempo igual ou superior a três semanas (BRASIL, 2011b).

3.1 CONSULTA DE ENFERMAGEM

3.1.1 Primeira consulta de enfermagem


a) investigar data do início dos sintomas;

289
b) pesquisar tosse persistente, produtiva ou não (com muco e
eventualmente sangue), febre vespertina, sudorese noturna,
inapetência e emagrecimento (BRASIL, 2011a);
c) investigar outras comorbidades, situação de moradia,
uso/abuso de álcool e drogas, abandono de tratamento, dentre
outros;
d) solicitar o Teste Rápido Molecular para tuberculose (TRM-
TB), baciloscopia, cultura e teste de sensibilidade aos
antimicrobianos (TSA), de acordo com o anexo A –
Fluxograma de investigação diagnóstica;
e) preencher ficha GAL – TUBERCULOSE;
f) orientar a coleta de escarro;
g) fornecer pote de coleta de escarro, identificado com nome
completo do paciente e data da coleta. A identificação do
escarro deve constar no corpo do pote e não na tampa;
i) registrar corretamente os dados do paciente no “Livro de
Registro de Sintomático Respiratório”;
j) agendar consulta subsequente.
3.1.2 Consulta de enfermagem subsequente

Classificação de usuário para o acompanhamento com o


enfermeiro:
a) casos de Sintomáticos Respiratórios com TRM-TB com
resultado Mycobacterium tuberculosis (MTB) detectado e
resistência a rifampicina não detectada, o enfermeiro pode
iniciar o tratamento com esquema básico e agendar a consulta
para o médico, se necessário (Anexo A);
290
b) casos de Sintomáticos Respiratórios com TRM-TB com
resultado Mycobacterium tuberculosis (MTB) detectado e
resistência a rifampicina detectada, encaminhar para referência
terciária para avaliação e conduta;
c) casos de tuberculose na forma pulmonar negativa e
extrapulmonar, quando o diagnóstico for confirmado após
investigação em uma Unidade de Referência.
Consulta
a) Preencher as fichas de notificação e investigação dos casos
confirmados;
b) registrar no “Livro de registro e acompanhamento de
tratamento dos casos de tuberculose”;
c) informar sobre a doença, sua transmissão, a questão do
estigma, o preconceito, a duração do tratamento, o
acompanhamento, a tomada regular supervisionada da
medicação, a adesão e a cura;
d) observar sentimentos de revolta, ansiedade, apreensão e
irritabilidade que podem interferir no tratamento
medicamentoso instituído;
e) aconselhar e realizar o teste rápido para HIV, conforme
autorização do paciente em ficha específica;
f) realizar tratamento diretamente observado (TDO) para todos
os pacientes de tuberculose;
g) agendar consulta de retorno;
h) realizar monitoramento do peso do paciente com eventual
ajuste de dose dos medicamentos prescritos;
291
i) identificar e avaliar todos os contatos do paciente e registrar
na “Ficha de acompanhamento de Tuberculose”;
j) solicitar baciloscopia mensal (uma amostra) para o controle
dos casos de tuberculose pulmonar positiva;
k) encaminhar os pacientes para Referência em Tuberculose:
quando houver antecedentes ou evidências clínicas de
hepatopatia aguda (hepatite) ou crônica (cirrose e hepatopatia
alcoólica); qualquer intercorrência clínica não controlada na
unidade de saúde; falência de esquema por resistência
bacteriana; pacientes com coinfecção Tuberculose/HIV/AIDS;
quando houver antecedentes ou evidências clínicas de
nefropatias (insuficiência renal crônica, pacientes em regime
de diálise); pacientes com baciloscopia negativa para
confirmar diagnóstico; pacientes com efeitos adversos maiores
ao uso da medicação; casos que apresentem baciloscopia
positiva ao final do 2° mês de tratamento; casos de difícil
diagnóstico;
o) encaminhar ao médico da equipe os pacientes com reações
adversas aos medicamentos antituberculose. Caso a equipe
esteja sem médico, encaminhar para a unidade de referência.

3.2 EXAMES
a) o enfermeiro deve solicitar TRM-TB de SR de possíveis
casos novos (nunca antes tratados para tuberculose), conforme
anexo A;

292
b) solicitar baciloscopia de escarro (2 amostras), TRM-TB,
cultura e TSA para os SR de casos de retratamentos (recidiva
ou retorno após abandono), conforme anexo C;
c) solicitar TRM-TB, cultura e TSA para os SR de casos novos
de populações mais vulneráveis: profissional de saúde, pessoas
que vivem com o HIV/aids, pessoa privada de liberdade,
pessoas em situação de rua, indígenas e contatos de TBDR,
conforme BRASIL, 2014a (anexo B).

3.3 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO


Para os casos com TRM-TB detectável, com resistência a
rifampicina não detectada, o enfermeiro deve
prescrever/transcrever as drogas do esquema básico para
adultos e adolescentes recomendados pelo MS, conforme
quadro abaixo (BRASIL, 2011a):

293
Quadro 1 - Esquema básico para o tratamento da TB em
adultos e adolescentes.
Regime Fármacos Faixa de Unidade/dose Meses
peso
2 RHZE RHZE 20 a 35 kg 2 comprimidos
Fase 150/75/400/27
Intensiva 5 36 a 50 kg 3 comprimidos
Comprimidos 2
em dose fixa
> 50 kg 4 comprimidos
combinada

4 RH RH 20 a 35 kg 2 comprimidos
Fase de Comprimido de 150/75
manuten de 150/75
ção 36 a 50 kg 3 comprimidos
de 150/75 4

> 50 kg 4 comprimidos
de 150/75

Fonte: BRASIL, 2011a.

Indicação:
1. Casos novos adultos e adolescentes (> 10 anos), de todas as
formas de tuberculose pulmonar e extrapulmonar (exceto a forma
meningoencefálica), infectados ou não por HIV;
2. Retratamento: recidiva (independentemente do tempo decorrido
do primeiro episódio) ou retorno após abandono com doença ativa
em adultos e adolescentes (> 10 anos) (exceto a forma
meningoencefálica).
Obs.: 1. Esquema com RHZE pode ser administrado nas doses
habituais para gestantes e está recomendado o uso de Piridoxina
(50mg/dia) durante a gestação pela toxicicidade neurológica (devido
à isoniazida) no recém-nascido;

3.4 TRATAMENTO DIRETAMENTE OBSERVADO DA


TUBERCULOSE (TDO)
a) pactuar o local e o horário para a tomada da medicação. O
doente pode ir ao serviço para receber a medicação, ou o
profissional do serviço pode ir ao domicílio;

294
b) quando não for possível escolher nenhuma das modalidades
acima, a unidade poderá propor ao doente que a observação
seja realizada por uma pessoa da família ou da comunidade
treinada, mas não será considerado TDO para fins operacionais
(registro no Sinan);
c) conversar com o doente sobre a doença, transmissão,
duração do tratamento, regularidade na tomada do
medicamento, abandono do tratamento, medicamentos a serem
utilizados e possíveis efeitos adversos; estimulá-lo para o
controle de seus contatos;
d) a tomada observada deve ser diária, de segunda à sexta-
feira. No entanto, se para o doente a opção de três vezes por
semana for à única possível, deve ser exaustivamente a ele
explicada a necessidade da tomada diária, incluindo os dias em
que o tratamento não será observado;
e) em caso de falta do paciente, proceder a contato telefônico
e/ou visita domiciliar, preferencialmente no mesmo dia;
f) solicitar cesta básica para pacientes com tuberculose
pulmonar positiva, quando necessário, conforme os critérios;
g) ao final do tratamento, para a definição se o tratamento foi
observado, convenciona-se que este doente deverá ter tido no
mínimo 24 tomadas observadas na fase de ataque e 48 tomadas
observadas na fase de manutenção;
o) registrar as doses supervisionadas na “Ficha de
acompanhamento de Tuberculose”.

295
3.5 CONTROLE DOS CONTATOS

Contato de caso de tuberculose é toda pessoa que convive no


mesmo ambiente com o caso índice, no momento do
diagnóstico da TB, seja em casa e/ou em ambientes de
trabalho, instituições de longa permanência, escola ou pré-
escola, devendo-se avaliar individualmente o grau de
exposição do contato (BRASIL, 2011a).
a) listar todos os contatos e suas respectivas idades, o tipo de
convívio (casa, ambiente de trabalho, escola etc.) e formas de
localização (endereço e/ou telefone);
b) realizar criteriosa anamnese e exame físico e prosseguir
conforme “fluxograma para investigação de contatos” (Anexo
D, E);
c) Na indisponibilidade do PPD, proceder com a investigação
de todos os contatos com avaliação clínica e radiológica, com
vistas a identificar casos de tuberculose ativa (BRASIL,
2014b).
c) identificar os SR, solicitar TRM-TB e registrar no “Livro
de sintomático respiratório”;
d) encaminhar os contatos com indicação de tratamento da
Infecção Latente (ILTB) ou quimioprofilaxia secundária para
consulta médica na unidade de saúde;
e) registrar em formulário de tratamento da ILTB os casos com
indicação de tratamento para quimioprofilaxia e iniciar
esquema terapêutico conforme prescrição médica (Anexo);

296
f) após serem avaliados, não sendo constatada TB ou não
existindo indicação de tratamento da ILTB, deverão ser
orientados a retornar a unidade de saúde, em caso de
aparecimento de sinais e sintomas sugestivos de tuberculose,
particularmente sintomas respiratórios;
g) os contatos de pacientes portadores de bacilos resistentes
devem ser encaminhados para a unidade de referência
terciária;
h) contatos em menores de 5 anos, pessoas vivendo com
HIV/aids e portadores de condições de alto risco devem ser
considerados prioritários no processo de avaliação de contatos
e tratamento de ILTB.

3.6 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS

O Enfermeiro durante a consulta e avaliação clínica de


enfermagem deverá identificar as necessidades e encaminhar
para as seguintes especialidades: pneumologia, psicologia,
fisioterapia e nutricionista. As questões de vulnerabilidade
social, se necessário, podem ser encaminhadas via processo
para as DRS - Assistente Social.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual
de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil.
Brasília: Ministério da Saúde, 2011a. 284 p. (Série A. Normas
e Manuais Técnicos).
297
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica.
Tratamento diretamente observado (TDO) da tuberculose na
atenção básica: protocolo de enfermagem. Brasília, Ministério
da Saúde, 2011b. 168 p. (Série F. Comunicação e Educação
em Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de
Atenção Básica (PNAB). Brasília, Ministério da Saúde, 2012.
110 p. (Série E. Legislação em Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Trata das
recomendações sobre o diagnóstico da tuberculose por meio
do teste rápido molecular para tuberculose. Brasília,
Ministério da Saúde, 2014a. (Nota Informativa n. 09).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Trata das
recomendações para controle de contatos e tratamento da
infecção latente da tuberculose na indisponibilidade
transitória do Derivado Proteico Purificado. Brasília,
Ministério da Saúde, 2014a. (Nota Informativa n. 08).

298
ANEXO A - Fluxograma para investigação de tuberculose
em possíveis casos novos (nunca antes tratados para TB).

Fonte: BRASIL, 2014a.

1Resistência à rifampicina detectada – Nos casos com resistência à


rifampicina realizar cultura de escarro
preferencialmente pelo método automatizado.
2TSA – teste de sensibilidade antimicrobiana.
3Referência terciária – ambulatório especializado em tratamento de
tuberculose drogarresistente. O paciente deve chegar à referência
terciária imediatamente. Nesse serviço a avaliação médica e a conduta
adequada deverão ser tomadas em até sete dias. O resultado da cultura com
TSA deverá ser encaminhado à referência terciária.
4Reavaliar o tratamento após resultado da cultura com TSA.
5Investigar micobacteriose não tuberculosa (MNT).

299
ANEXO B - Fluxograma para investigação de tuberculose
em populações vulneráveis nunca tratados para TB
(possíveis casos novos).

Fonte: BRASIL, 2014a.

1Populações consideradas mais vulneráveis: profissional de saúde,


pessoa que vive com HIV/Aids, população privada de liberdade, população
em situação de rua, povos indígenas, contatos de tuberculose
drogarresistente.
2TSA – teste de sensibilidade antimicrobiana
3Referência terciária – ambulatório especializado em tratamento de
tuberculose drogarresistente. O paciente deve chegar à referência
terciária imediatamente. Nesse serviço a avaliação médica e a conduta
adequada deverão ser tomadas em até sete dias. O resultado da cultura com
TSA deverá ser encaminhado à referência terciária.
4Resistência à rifampicina detectada – Nos casos com resistência à
rifampicina realizar cultura preferencialmente pelo método automatizado.
5Investigar micobacteriose não tuberculosa (MNT).

300
ANEXO C - Fluxograma para investigação de tuberculose
em retratamento (recidiva ou retorno após abandono).

Fonte: BRASIL, 2014a.


1TSA – teste de sensibilidade antimicrobiana.
2 Baciloscopia positiva – pelo menos uma positiva das duas baciloscopias.
3 Baciloscopia negativa – duas baciloscopias negativas.
4 MNT – micobateriose não-tuberculosa
5 Referência secundária – ambulatório com especialista em tuberculose
para casos especiais. O paciente deve chegar à referência imediatamente.
Nesse serviço a avaliação médica e a conduta adequada deverão ser
tomadas em até sete dias. O resultado da cultura com TSA deverá ser
encaminhado ao serviço de referência.
6 Referência terciária – ambulatório especializado em tratamento de
tuberculose drogarresistente. O paciente deve chegar à referência
terciária imediatamente. Nesse serviço a avaliação médica e a conduta
adequada deverão ser tomadas em até sete dias. O resultado da cultura com
TSA deverá ser encaminhado ao serviço de referência.
7Resistência à rifampicina detectada – nos casos com resistência à
rifampicina realizar cultura preferencialmente pelo método automatizado.
301
ANEXO D - Fluxograma para investigação de contatos
adultos e adolescentes (> 10 anos).

Fonte: BRASIL, 2011a.

302
ANEXO E - Fluxograma para avaliação de contatos
crianças (< 10 anos).

Fonte: BRASIL, 2011a.

303
ANEXO F - Indicações de tratamento ILTB de acordo com
a idade, resultado da PT e risco de adoecimento.

Fonte: BRASIL, 2011a.

304
FICHAS UTILIZADAS NO ACOMPAHAMENTO E
VIGILÂNCIA DE PACIENTES COM TUBERCULOSE
Ficha de notificação/investigação de Tuberculose
Ficha de acompanhamento de tuberculose
Ficha de controle dos contatos
Registro de pacientes e acompanhamento de tratamento dos
casos de tuberculose
Registro de sintomático respiratório no serviço de saúde
Boletim de acompanhamento de tuberculose (Relatório Sinan)
Ficha de requisição GAL – TUBERCULOSE
Ficha de Referência e contra referência Tuberculose
Ficha de Encaminhamento para Avaliação especializada
Ficha de notificação de tuberculose latente (ILTB)
Classificação de risco quanto à necessidade de internação ao
paciente suspeito ou diagnosticado por tuberculose

305
4. PROTOCOLO DE ENFERMAGEM – HANSENÍASE

Revisão – abril 2016


Alaide Alves de Amorim
Neile Socorro Alves Bezerra

A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa,


que acomete principalmente pele e nervos periféricos, causada
pelo Mycobacterium leprae, bacilo capaz de infectar grande
número de indivíduos (alta infectividade), mas que poucos
adoeçem (baixa patogenicidade). A transmissão se dá
principalmente pelas vias aéreas superiores de pessoas com as
formas clínicas multibacilares (MB) não tratadas (BRASIL,
2014).
O diagnóstico é essencialmente clínico e
epidemiológico, realizado por meio da anamnese, exame geral
e dermatoneurológico. É considerado um caso de hanseníase a
pessoa que apresenta um ou mais dos seguintes sinais
cardinais, devendo ser instituído o tratamento com
poliquimioterapia-PQT (BRASIL, 2016):
a) lesão(ões) e/ou área(s) da pele com alteração da
sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil; ou
b) espessamento de nervo periférico, associado a alterações
sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; ou
c) presença de bacilos M. leprae, confirmada na baciloscopia
de esfregaço intradérmico ou na biópsia de pele.
Na atenção básica, a classificação operacional do caso se dá
pelo número de lesões cutâneas, sendo até cinco lesões
306
classificado como paucibacilar (PB) e acima de cinco lesões
multibacilar (MB). A classificação pela forma clínica leva em
consideração os aspectos da lesão, conforme quadro abaixo:

307
Quadro 1 – Classificação operacional da hanseníase

CARACTERÍSTICAS
Formas Classificação
Clínicas Baciloscópicas
clínicas operacional
Áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas
Indeterminada
hipocrômicas e/ou eritemo-hipocrômicas, com ou sem Negativa
(HI)
diminuição da sudorese e rarefação de pelos Paucibacilar
Placas eritematosas, eritemato-hipocrômicas, até 5 (até cinco lesões)
Tuberculóide
lesões de pele bem delimitadas, hipo ou anestésicas, Negativa
(HT)
podendo ocorrer comprometimento de nervo
Lesões pré-foveolares (eritematosas planas com o Positiva (bacilos
centro claro). Lesões foveolares e globias ou
Dimorfa
(eritematopigmentares de tonalidade ferruginosa ou com raros
(HD)
pardacenta), apresentando alterações de sensibilidade bacilos) ou Multibacilar
negativa (mais de cinco
Eritema e infiltração difusos, placas eritematosas de lesões)
Positiva (bacilos
pele infiltradas e de bordas mal definidas, tubérculos e Virchowiana
abundantes e
nódulos, madarose, lesões das mucosas, com alteração (HV)
globias)
de sensibilidade
Fonte: BRASIL, 2014

308
4.1 CONSULTA DE ENFERMAGEM

Primeira consulta de enfermagem


a) avaliar a história clínica e epidemiológica do paciente;
b) realizar inspeção de toda superfície corporal;
c) identificar lesões de pele com alteração de sensibilidade;
d) iniciar a avaliação com o paciente de olhos vendados,
comparando sempre lesão e periferia da lesão e/ou área
contralateral;
e) pesquisar sensibilidade térmica utilizando dois tubos de
ensaio de vidro, um com água fria e outro com água morna
(45º C), aplicar sobre a lesão suspeita, alternando o frio e o
quente (BRASIL, 2008);
f) pesquisar sensibilidade dolorosa utilizando uma agulha
descartável (montada tipo martelinho), alternar ponta
(dolorosa) e cabo (tátil);
g) pesquisar sensibilidade tátil utilizando uma mecha fina de
algodão, tocando a área suspeita;
h) realizar palpação dos principais troncos nervosos
acometidos na hanseníase (nervo radial, ulnar, mediano,
fibular e tibial) buscando alterações como dor e/ou
espessamento;
i) realizar avaliação sensitiva das áreas palmar e plantar,
conforme pontos estabelecidos na ficha de avaliação
neurológica simplificada;

309
j) avaliar o grau de incapacidade física, utilizando o formulário
de avaliação do grau de incapacidade física no diagnóstico e
na alta de PQT;
k) registrar em prontuário todo o exame dermatoneurológico;
l) orientar sobre a doença, crenças e pré-conceitos, forma de
contágio, cura e importância do envolvimento da família em
um possível tratamento, incluindo o exame de contatos;
m) orientar o paciente e a família para a realização de
autocuidado;
n) orientar e/ou realizar técnicas simples de prevenção de
incapacidades físicas;
o) o enfermeiro deve iniciar o esquema terapêutico
padronizado de acordo com a classificação operacional;
p) observar a tomada da dose supervisionada mensal, entregar
a cartela com os medicamentos das doses a serem
autoadministradas em domicílio e orientar sobre os efeitos
adversos dos medicamentos;
q) agendar retorno a cada 28 dias;
r) esclarecer ao paciente a importância da avaliação de todos
os contatos e agendar consulta para exame
dermatoneurológico e vacinação. N o caso de não
comparecimento dos contatos, realizar busca ativa;
s) realizar a notificação e investigação do caso;
t) registrar as informações nas fichas específicas;
u) orientar anticoncepcional para mulheres em tratamento com
PQT e garantir a realização de citologia oncótica;

310
v) encaminhar para consulta odontológica todos os casos
diagnosticados;
w) solicitar exames de laboratório (TGO, TGP, ureia,
creatinina e hemograma)
x) encaminhar para referência casos com lesão única e extensa,
casos cuja classificação seja definida pelo número de nervos
acometidos, suspeitos de recidiva e menores de quinze anos.
Consulta de enfermagem subsequente
a) identificar estados reacionais, efeitos adversos aos
medicamentos em uso e surgimento de dano neural;
b) observar a tomada da dose supervisionada e entregar a
cartela com os medicamentos das doses autoadministradas,
caso o retorno para dose supervisionada coincida com final de
semana ou feriado, agendar a dose para o primeiro dia útil
posterior;
c) orientar o paciente a não tomar a dose autoadministrada no
dia da dose supervisionada;
d) encaminhar ao médico da equipe ou da unidade de
referência os pacientes com reações adversas a PQT e/ou
reação hansênica;
e) orientar repouso do membro afetado em caso de suspeita de
neurite;
f) orientar o paciente e a família para a realização de
autocuidado;
g) orientar e/ou realizar técnicas simples de prevenção de
incapacidades físicas;

311
h) agendar consulta médica para avaliação de alta após término
do tratamento;
i) realizar visita domiciliar aos pacientes que não
comparecerem à dose supervisionada, no máximo em até 30
dias, buscando-se continuar o tratamento e evitar o abandono;
j) registrar em prontuário.

4.2 EXAMES COMPLEMENTARES


O enfermeiro deve solicitar baciloscopia de pele (esfregaço
dérmico), quando disponível, como exame complementar para
a classificação dos casos. A baciloscopia positiva classifica o
caso como MB, independentemente do número de lesões.
4.3 TRATAMENTO COM POLIQUIMIOTERAPIA
(PQT)

Quadro 2 – Tratamento dos casos classificados como


paucibacilar (PB)
FAIXA DOSE PAUCIBACILARES (6
cartelas)
Rifampicina (RFM): 600 mg
(2 cápsulas de 300 mg)
Supervisionada
Dapsona (DDS): comprimido
Adulto
de 100 mg
Auto Dapsona (DDS): comprimido
administrada de 100 mg
Rifampicina (RFM): 450 mg (1
cápsula de 150 mg e 1 cápsula
Criança Supervisionada de 300 mg)
Dapsona (DDS): comprimido
de 50 mg
Auto Dapsona (DDS): comprimido
administrada de 50 mg
Fonte: BRASIL, 2016.

312
OBS: a) a gravidez e o aleitamento não contraindicam o tratamento PQT
padrão.
b) para mulheres em idade reprodutiva atentar ao fato de que a rifampicina
pode interagir com anticoncepcionais orais, diminuindo a sua ação.

Quadro 3 – Tratamento dos casos classificados como


multibacilar (MB)
FAIXA DOSE MULTIBACILARES (12
cartelas)
Rifampicina (RFM): 600 mg (2
cápsulas de 300 mg)
Dapsona (DDS): comprimido
Supervisionada
de 100 mg
Clofazimina (CFZ): 300 mg (3
Adulto
cápsulas de 100 mg)
Dapsona (DDS): comprimido
Auto de 100 mg
administrada Clofazimina (CFZ): cápsula de
50 mg
Rifampicina (RFM): 450 mg (1
cápsula de 150 mg e 1 cápsula
de 300 mg)
Criança Supervisionada Dapsona (DDS): comprimido
de 50 mg
Clofazimina (CFZ): 150 mg (3
cápsulas de 50 mg)
Dapsona (DDS): comprimido
Auto de 50 mg
administrada Clofazimina (CFZ): cápsula de
50 mg em dias alternados
Fonte: BRASIL, 2016.
OBS: a) a gravidez e o aleitamento não contraindicam o tratamento PQT
padrão.
b) para mulheres em idade reprodutiva atentar ao fato de que a
rifampicina pode interagir com anticoncepcionais orais, diminuindo a
sua ação.

313
O tratamento de crianças segue a recomendação do
peso corporal como fator mais importante do que a idade,
sendo o mesmo tratamento de adultos para crianças com peso
superior a 50 kg, para crianças com peso entre 30 e 50 kg
utilizar as cartelas infantis (azul/marrom), para crianças com
peso menor que 30 kg devem-se fazer os ajustes de dose
conforme peso (BRASIL, 2016).

4.4 CRITÉRIOS PARA ALTA


O critério de alta será o cumprimento de 6 cartelas no
período máximo de 9 meses para os casos paucibacilares e, 12
cartelas em até 18 meses, para os casos multibacilares. A
tomada da dose mensal supervisionada deve ser assistida pelo
profissional de saúde, e, no momento da última dose
supervisionada, o paciente deverá ser submetido ao exame
dermatológico, à avaliação neurológica simplificada e do grau
de incapacidade física. Os pacientes que não apresentarem
melhora clínica ao final do tratamento devem ser
encaminhados para avaliação em um serviço de referência
(BRASIL, 2016).
Todo paciente que não conseguiu completar o
tratamento dentro do prazo máximo permitido será
considerado um caso de abandono, ou seja, paciente PB que
perdeu mais de três meses de tratamento e MB que perdeu mais
de seis meses de tratamento. Para evitar o abandono, o doente
que não comparecer à dose supervisionada, deve receber visita
314
domiciliar da equipe no máximo em até 30 dias (BRASIL,
2016)
OBS: casos que retornam ao serviço de saúde após abandono
do tratamento devem ser notificados como outros reingressos.

4.5 ENCAMINHAMENTOS ESPECIALIZADOS


O Enfermeiro poderá encaminhar para as seguintes
especialidades: dermatologista, psicólogo, cirurgião-dentista,
enfermeiro estomoterapêuta, serviço social e nutricionista.

4.6 DIAGNÓSTICO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS


Os estados reacionais ou reações hansênicas (tipos 1 e
2) são alterações do sistema imunológico que se exteriorizam
como manifestações inflamatórias agudas e subagudas que
podem ocorrer mais frequentemente nos casos MB. Elas
podem ocorrer antes, durante ou depois do tratamento PQT
(BASIL, 2016).
A Reação Tipo 1 ou Reação Reversa (RR) caracteriza-
se pelo aparecimento de novas lesões dermatológicas
(manchas ou placas), infiltração, alterações de cor e edema nas
lesões antigas, com ou sem espessamento e dor de nervos
periféricos (neurite).
A Reação Tipo 2, cuja manifestação clínica mais
frequente é o Eritema Nodoso Hansênico (ENH) caracteriza-
se pelo aparecimento de nódulos subcutâneos dolorosos,
acompanhados ou não de manifestações sistêmicas como
febre, dor articular, mal-estar generalizado, orquite,
315
iridociclites, com ou sem espessamento e dor de nervos
periféricos (neurite).
Frente a suspeita de reação hansênica, recomenda-se:
a) confirmar o diagnóstico de hanseníase e sua classificação
operacional;
b) diferenciar o tipo de reação hansênica;
c) investigar fatores predisponentes (infecções, infestações,
distúrbios hormonais, fatores emocionais e outros);
d) avaliar função neural.
As reações hansênicas deverão ser consideradas como
situações de emergência e encaminhadas às unidades de saúde
de nível secundário e terciário, para tratamento nas primeiras
24 horas (BRASIL, 2016).

4.7 INVESTIGAÇÃO DOS CONTATOS


A vigilância de contatos tem por finalidade a
descoberta de casos novos entre aqueles que convivem ou
conviveram, de forma prolongada com o caso novo de
hanseníase diagnosticado (caso índice). Além disso, visa
também descobrir suas possíveis fontes de infecção no
domicílio (familiar) ou fora dele (social), independentemente
de qual seja a classificação operacional do doente (BRASIL,
2016).
Considera-se contato domiciliar toda e qualquer pessoa
que resida ou tenha residido com o doente de hanseníase.
Contato social é qualquer pessoa que conviva ou tenha

316
convivido em relações familiares ou não, de forma próxima e
prolongada. Os contatos sociais, que incluem vizinhos, colegas
de trabalhos e de escola, entre outros, devem ser investigados
de acordo com o grau e tipo de convivência, ou seja, aqueles
que tiveram contato muito próximo e prolongado com o
paciente não tratado. Atenção especial deve ser dada aos
contatos familiares do paciente (BRASIL, 2016).
A investigação epidemiológica dos contatos consiste em:
a) realizar anamnese dirigida aos sinais e sintomas da
hanseníase;
b) realizar exame dermatoneurológico em todos os contatos de
casos novos, independente da classificação operacional;
c) indicar a vacina Bacilo de Calmette Guérin intradérmica –
BCG-ID para os contatos sem presença de sinais e sintomas de
hanseníase no momento da avaliação, não importando se são
contatos de casos PB ou MB. A vacinação deve ser realizada
de forma seletiva, a partir da avaliação da cicatriz vacinal,
devendo ser adotadas as seguintes recomendações:
1) contatos de hanseníase com menos de 1 ano,
comprovadamente vacinados, não necessitam da
administração de outra dose de BCG;

317
2) contatos de hanseníase com mais de 1 ano, adotar o seguinte
esquema:

Fonte: BRASIL, 2016.


d) registrar no prontuário e “Livro de registro e
acompanhamento de tratamento dos casos de hanseníase”.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Guia de vigilância em saúde. Capítulo 5 (Hanseníase).
Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 812 p. Disponível em
www.saude.gov.br/bvs. Acesso em: 6 abr. 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e
eliminação da Hanseníase como problema de saúde
pública: manual técnico-operacional [recurso eletrônico].
Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 58 p.: il. Disponível em
www.saude.gov.br/svs. Acesso em: 6 abr. 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde:
Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, Malária, Tracoma e
Tuberculose. 2. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.
195 p.: il. (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos
de Atenção Básica, n. 21).

318
FICHAS QUE DEVERÃO SER UTILIZADAS NO
ACOMPANHAMENTO E VIGILANCIA DE
PACIENTES E FAMILIARES, ALÉM DAS DE
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA.

FORMULÁRIOS DE HANSENÍASE
I - Ficha individual de notificação/investigação do SINAN;
II- Ficha de avaliação neurológica simplificada;
III- Formulário para avaliação do grau de incapacidade;
IV- Protocolo complementar de investigação diagnóstica de
casos de hanseníase em menores de 15 anos - PCID < 15;
V- Ficha de investigação de suspeita de recidiva;
VI- Formulário de vigilância de contatos de hanseníase;
VII- Formulários de referência e contra referência;
VIII- Formulário de transferência
IX – Registro de casos de hanseníase.

319
5. PROTOCOLO DE ENFERMAGEM – DOENÇAS
EXANTEMÁTICA E DEMAIS AGRAVOS DE
RELEVÂNCIA PARA O MUNICÍPIO

Os agravos constantes nesse capítulo deverão ser


investigados na Consulta de Enfermagem, por serem doenças
de interesse da vigilância do município, seja pela ocorrência
ou por estarem entre os agravos em que foram implantadas
medidas efetivas de controle e eliminação.
5.1 DOENÇA EXANTEMÁTICA
5.1.1 Sarampo
 Definição de caso:
Todo paciente que, independente da idade e da situação
vacinal, apresentar febre e exantema maculo papular,
acompanhado de um ou mais dos seguintes sinais e sintomas:
tosse e ou coriza e ou conjuntivite; ou todo indivíduo suspeito
com história de viagem ao exterior nos últimos 30 dias ou do
contato, no mesmo período, com alguém que viajou ao
exterior.

5.1.2 Rubéola
 Definição de caso: Todo paciente que apresente febre
e exantema maculo papular, acompanhado de linfoadenopatia
retroauricular, occiptal e cervical, independentemente da idade
e situação vacinal ou todo indivíduo suspeito com história de
viagem ao exterior nos últimos 30 dias ou de contato, no
mesmo período, com alguém que viajou ao exterior.
320
5.1.3 Síndrome da Rubéola Congênita
 Definição de caso: A síndrome da rubéola congênita
(SRC) é uma importante complicação da infecção pelo vírus
da rubéola durante a gestação, principalmente no primeiro
trimestre, podendo comprometer o desenvolvimento do feto e
causar aborto, morte fetal e anomalias congênitas. As
manifestações clínicas da SRC podem ser transitórias
(púrpura, trombocitopenia, hepatoesplenomegalia, icterícia,
meningoencefalite, osteopatia radioluscente), permanentes
(deficiência auditiva, malformações cardíacas, catarata,
glaucoma, retinopatia pigmentar), ou tardias (retardo do
desenvolvimento, diabetes mellitus). As crianças com SRC
freqüentemente apresentam mais de um sinal ou sintoma, mas
podem ter apenas uma malformação, das quais a deficiência
auditiva é a mais comum.
Vigilância epidemiológica das doenças exantemáticas:
1.Notificar casos suspeitos, preencher ficha de notificação e
investigação no momento do atendimento;
2.Encaminhar para consulta médica;
3.Comunicar imediatamente por telefone ou fax à DRS e FMS
todos os casos suspeitos;
4.Encaminhar as fichas à DRS;
5.Investigar em até 48 horas
6.Identificar novos casos suspeitos
7.Identificar ocorrência de surtos;
8.Identificar área de transmissão;
321
9.Avaliar cobertura vacinal da área;
10.Realizar vacinação de bloqueio limitada aos contatos- deve
ser administrada, de preferência, dentro de 72hs após a
exposição, mesmo considerando que nem sempre é possível
estabelecer com precisão quando ocorreu a exposição, como
forma de implementar a cobertura vacinal da área, ainda que
esse prazo tenha sido ultrapassado. A vacinação de bloqueio
deve abranger as pessoas do mesmo domicílio do caso
suspeito, vizinhos próximos, creches, ou, quando for o caso, as
pessoas da mesma sala de aula, do mesmo quarto de
alojamento ou da sala de trabalho, etc.
Na vacinação de bloqueio, utilizar a vacina tríplice viral para
a faixa etária de 6 meses a 39 anos de idade, de forma seletiva.
A dose de vacina tríplice viral, aplicada em crianças menores
de 1 ano, não será considerada como dose válida. Aos 12
meses, a criança deverá ser vacinada com a tríplice viral (dose
válida) e receber a segunda dose entre 4 e 6 anos de idade. Para
outras faixas, acima dos 40 anos de idade, a vacina só é
indicada com base na análise da situação epidemiológica.
11- Realizar operação limpeza frente a um caso confirmado ou
surto- a conduta indicada é a realização da operação limpeza,
com o objetivo de interromper a cadeia de transmissão do vírus
da rubéola, numa área geográfica determinada.

322
A operação limpeza implica na busca exaustiva de todos os
suscetíveis mediante a vacinação casa a casa, incluindo os
domicílios e os estabelecimentos coletivos, como, por
exemplo, escolas, creches, orfanatos, canteiros de obras, etc.
A operação limpeza deve abranger:
• os locais frequentados pelo caso confirmado;;
• todo o quarteirão, área residencial ou bairro, se
necessário;
• a escola, creche, cursinhos, faculdade, alojamento,
local de trabalho e outros estabelecimentos coletivos
frequentados pelo caso;
• todo o município, quando indicado.
A faixa etária a ser vacinada deve ser aquela exposta no
parágrafo anterior. Essa vacinação é utilizada de forma
seletiva.
A realização do monitoramento rápido de cobertura vacinal
auxiliará na análise da cobertura local, após a operação
limpeza.
Encerrar os casos notificados, no prazo de até 30 dias, no
boletim de notificação semanal (BNS).
Realizar atividades educativas de forma integrada com a área
de educação. Na escola, deverá ser trabalhada a doença e meios
de prevenção. No momento da investigação, deve-se orientar
as pessoas sobre a importância da prevenção do sarampo e o
dever de cada cidadão de informar, ao serviço de saúde mais
próximo de sua casa, a existência de um caso suspeito.
323
5.2 POLIOMIELITE
 Definição de caso:
A poliomielite ou “paralisia infantil” é uma doença
infectocontagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de
paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se
subitamente e a evolução dessa manifestação, frequentemente,
não ultrapassa três dias. Acomete em geral os membros
inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal
característica a flacidez muscular, com sensibilidade
conservada e arreflexia no segmento atingido.

Investigação epidemiológica
Todo caso de paralisia flácida aguda deve ser investigado, nas
primeiras 48 horas após o conhecimento, e coletada uma
amostra de fezes para pesquisa de poliovírus.

Roteiro da investigação epidemiológica


 Caracterizar clinicamente o caso, para determinar sua inclusão
no sistema de vigilância e iniciar a investigação.
 Solicitar a coletar uma amostra de fezes do caso,
preferencialmente até o 14º dia do início da deficiência motora,
para pesquisa de poliovírus.
 Obter informações detalhadas e uniformes para todos os
casos, através do preenchimento de todos os campos da ficha
do Sinan para investigação epidemiológica de PFA, de modo
a permitir a comparabilidade e análise dos dados.
324
 • Visitar imediatamente o domicílio para
complementar dados da ficha de investigação (história
vacinal, fonte de infecção, etc.) e buscar outros casos, quando
necessário.
 Orientar medidas de controle pertinentes.
 Realizar a revisita do caso para avaliação de seqüela, aos
60 dias após o início da deficiência motora.
 Retroalimentar a fonte notificadora.

5.3 LEISHMANIOSE VISCERAL (Calazar)


 Definição de caso
Caso humano suspeito
Todo individuo proveniente de área com ocorrência de
transmissão, com febre e esplenomegalia ou todo individuo de
área sem ocorrência de transmissão, com febre e
esplenomegalia, desde que descartados os diagnósticos
diferenciais mais freqüentes na região

Caso humano confirmado


Critério clínico-laboratorial –a confirmação dos casos
clinicamente suspeitos devera preencher no mínimo um dos
seguintes critérios:
 encontro do parasito no exame parasitológico direto ou
cultura;;
 • imunofluorescencia reativa com titulo de 1:80 ou
mais, desde que excluídos outros diagnósticos diferenciais.
325
Investigações epidemiológica
A LV humana e uma doença de notificação compulsória,
portanto, todo caso suspeito deve ser notificado e investigado
pelos serviços de saúde, através da ficha de investigação
padronizada pelo Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (Sinan).

5.4 MENINGITE
 Definição de caso:
A meningite é uma síndrome na qual, em geral, o quadro
clinico e grave e caracteriza se por febre, cefaleia intensa,
náusea, vomito, rigidez de nuca, prostração e confusão mental,
sinais de irritação meníngea, acompanhados de alterações do
liquido cefalorraquidiano (LCR)
Investigação epidemiológica
O instrumento de coleta de dados e a ficha de investigação
do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan), que contem as informações essenciais a serem
coletadas em uma investigação de rotina. Todos os campos
dessa ficha devem ser criteriosamente preenchidos, mesmo
que a informação seja negativa.

NOTA: Todos os casos suspeitos dos agravos relacionados


acima devem ser notificados, investigados e referenciados.

326
5.5 DOENÇAS DIARREICAS
 Definição de caso
A doença diarreica aguda (DDA) é uma síndrome causada por
diferentes agentes etiológicos (bactérias, vírus e parasitos),
cuja manifestação predominante é o aumento do número de
evacuações, com fezes aquosas ou de pouca consistência. Em
alguns casos, há presença de muco e sangue. Podem ser
acompanhadas de náusea, vômito, febre e dor abdominal. No
geral, é autolimitada, com duração de 2 a 14 dias.

Instrumentos de coleta e registro de dados


Impresso I - Planilha de Casos de Diarreia – MDDA
Os casos de diarreia atendidos na unidade de saúde
participante da MDDA deverão ser registrados diariamente no
Impresso I - Planilha de Casos de Diarreia ;
Impresso II - Distribuição dos casos de diarreia por faixa
etária, plano de tratamento e procedência.
Ao final da semana epidemiológica os casos registrados nos
Impressos I deverão ser condensados no Impresso II -
Distribuição dos casos de diarreia por faixa etária, plano de
tratamento e procedência.
OBS: Os impressos I e II estão disponibilizados nas UBSs e
DRSs.

327
5.6 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, SEXUAL E/OU
OUTRAS VIOLÊNCIAS

 Definição de caso
Considera-se como violência o uso intencional de força física
ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra
pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte ou
tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação
(OMS, 2002).

Tipos de violências a serem notificadas


Física, Psicológica/moral, Sexual, Negligência/abandono,
Maus tratos, Tráfico de seres humanos, Trabalho infantil,
Patrimonial/financeira.
Outras violências interpessoais e/ou autoprovocadas (suicídio
e tentativas).
A notificação das violências foi estabelecida como obrigatória
por vários atos normativos e legais. Entre eles destacam-se o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Lei n°
10778/2003, que institui a notificação compulsória de
violência contra a mulher; e a Lei n° 10741/2003 que instituiu
o Estatuto do Idoso.

328
5.7 MONITORAMENTOS DE ÓBITOS EM MENORES
DE ANO, MULHERES EM IDADE FÉRTIL E
GESTANTES

• Realizar o monitoramento dos óbitos em menores de


ano, através de ficha específica e encaminhar à DRS.
• Realizar o monitoramento de mulheres em idade fértil
e gestantes, através de ficha específica e encaminhar à DRS

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de
vigilância epidemiológica. 7. ed. – Brasília: Ministério da
Saúde, 2009. 816 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em


Saúde. Manual de Monitorização das Doenças Diarreicas.
Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

329
CAPÍTULO IX
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM –INFECÇÕES
SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST), AIDS E
HEPATITES VIRAIS

Autor
Kledson Augusto Morais Batista

Revisão – abril 2016


Milleni Sousa Vieira
Raimundo Nonato Pereira de Sousa
Renara Maria Carvalho de Oliveira
Tatiana Maria Melo Guimarães dos Santos

1 INTRODUÇÃO
A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis
(IST) passa a ser adotada neste Protocolo, em substituição à
expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), em
consonância com a utilização internacional empregada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Organização Pan-
Americana da Saúde (OPAS), pela sociedade científica e por
alguns países. Nesse contexto, alerta-se a população sobre a
possibilidade de ter e transmitir uma infecção, mesmo sem
sintomas, o que aponta para estratégias de atenção integral,
eficaz e resolutiva.
Segundo estimativas da OMS (2013), mais de um
milhão de pessoas adquirem uma IST diariamente. A cada ano,
estima-se que 500 milhões de pessoas adquirem uma das IST
curáveis (gonorréia, clamídia, sífilis e tricomoníase). Da
330
mesma forma, estima-se que 530 milhões de pessoas estejam
infectadas com o vírus do herpes genital e que mais de 290
milhões de mulheres estejam infectadas pelo HPV.
As Infecções sexualmente transmissíveis (IST), AIDS
e as Hepatites Virais estão dentro de um único Departamento
no âmbito do Ministério da Saúde e da Fundação Municipal de
Saúde, portanto, o protocolo de enfermagem e o fluxograma
de atendimento vão seguir as mesmas diretrizes.

1.1 Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)


As Infecções Sexualmente Transmissíveis são doenças
de grande interesse em saúde pública ,devendo ser encarada
como prioridade pela sua magnitude, transcendência,
vulnerabilidade e factibilidade de controle. Assim, oportunizar
o atendimento e tratamento imediato quebra a cadeia de
transmissão, diminuindo a morbimortalidade das IST.

1.2 HIV/AIDS
A epidemia de AIDS no Brasil vem estabilizando em
número de casos novos e de mortalidade, em consequência as
ações do Programa Nacional de combate a AIDS, que financia
ações de promoção em saúde, prevenção, diagnóstico precoce
e tratamento antirretroviral, além de garantir tratamento contra
doenças oportunistas e efeitos adversos e de reabilitação em
casos de pacientes que apresentam lipoatrofia facial.

331
No entanto, essa estabilização de casos não está
acontecendo em todo Brasil uniformemente. Em algumas
regiões, como o nordeste, a epidemia de AIDS ainda não
estabilizou, apresentado números crescentes de casos novos a
cada ano. Outras mudanças no perfil da epidemia são: a
feminização; interiorização; pauperização; e,
heterossexualização.

1.3 Hepatites Virais


As hepatites virais são doenças de notificação
compulsória, possuindo cinco tipos de vírus transmissor: A, B,
C, D e E. Esses vírus tem predileção por hepatócitos, causando
uma inflamação aguda e, às vezes, crônica no fígado. A
Hepatite A e E tem sua transmissão de forma fecal-oral, a via
de transmissão da Hepatite B e D são sexual e parenteral,
enquanto que a transmissão da hepatite C, principalmente
parenteral (podendo ocorrer transmissão sexual).

2 REFERÊNCIA PARA O ATENDIMENTO DE


ENFERMAGEM AO PORTADOR DE IST
A Atenção Básica, por meio das ações informativas
/educativas desenvolvidas na comunidade e nas UBS,
promoverá maior conscientização da população com relação
às IST. Consequentemente, haverá uma busca mais precoce
dos serviços de saúde pelos indivíduos com suspeita de IST e
seus parceiros, tornando as UBS porta de entrada para esses
332
pacientes, reduzindo assim a automedicação e a procura da
resolução do problema em farmácias.
A abordagem sindrômica das IST instrumentalizará
os enfermeiros, permitindo realizar durante a primeira consulta
do indivíduo nesse nível de atenção, aconselhamento,
diagnóstico e tratamento adequado para cerca de 90-92% das
IST. Os casos persistentes (8-10%) deverão ser encaminhados
para consulta médica.
A prescrição de medicamentos, a solicitação de
exames e encaminhamento para especialista pelos enfermeiros
deverá seguir o fluxograma estabelecido nesse protocolo. Vale
ressaltar que as ações do enfermeiro deverão estar embasadas
em conhecimento específico prévio sobre as patologias,
medicações e efeitos colaterais ou interações medicamentosas
e interpretação de exames.

333
Quadra 1 - Estratégia de Atenção
Integral às Pessoas com IST

3 CONSULTA DE ENFERMAGEM
• Aconselhar e oferecer sorologias anti-HIV1 e 2 ,
VDRL, hepatite B (HBsAg) e C (Anti-HCV);
• Vacinar contra hepatite B independente da idade e
HPV conforme faixa etária recomendada;
• Enfatizar a adesão ao tratamento;
334
• Prescrever medicamentos, conforme fluxogramas
descritos neste protocolo;
• Encaminhar para infectologista, urologista ou
ginecologista, quando necessário;
• Orientar para que a pessoa conclua o tratamento
mesmo se os sintomas ou sinais tiverem desaparecidos;
• Interromper as relações sexuais até a conclusão do
tratamento e o desaparecimento dos sintomas;
• Oferecer preservativos, orientando sobre as técnicas de
uso;
• Encorajar o paciente a comunicar a todos os seus
parceiros (as) sexuais do último mês mesmo que
assintomáticos (as) para que possam ser atendidos e tratados.
• Notificar o caso no formulário apropriado do SINAN.
• Registrar em prontuário a Consulta de Enfermagem;
• Marcar o retorno para conhecimento dos resultados dos
exames solicitados e para o controle de cura em 7 dias.
• Recomendar o retorno ao serviço de saúde se voltar a
ter problemas genitais.
• Após a cura, usar preservativo em todas as relações
sexuais, caso não exista o desejo de engravidar, ou adotar
outras formas de sexo mais seguro.

335
Quadra 2 - Sinais e sintomas das principais síndromes de
IST e suas etiologias

Síndrome Sintomas mais Sinais mais Etiologia mais


comuns comuns comuns
Corrimento Prurido; Edema de vulva Vulvovaginite:
vaginal Disúria; Hiperemia deTricomoníase;
Dispareunia; vulva; Corrimento Vaginose
Odor fétido vaginal bacteriana;
e/ou cervical Candidíase;
Cervicite:
gonorreia;
Infecção por
clamídia;
Corrimento Prurido; Corrimento Gonorréia;
uretral Polaciúria; uretral muco ou Infecção por
Odor fétido; purulento; clamídia;
Estrangúria; Tricomoníase;
Micoplasma;
Ureaplasma;
Úlcera Úlcera genital; Úlcera genital; Sífilis
genital Ferida; Aumento de Cancro mole
lesão linfonodos Herpes genital
inguinais; Donovanose
vesículas
Desconforto Desconforto ou Corrimento Infecção por
ou Dor Dor Pélvica cervical Dor à Clamídia
Pélvica Dor durante palpação Infecção por
relação sexual abdominal germes
Dor à mobilização Anaeróbios
do colo
Temperatura >
38ºC
Gonorréia

336
4 ABORDAGEM SINDRÔMICA DAS IST
O objetivo da abordagem sindrômica é facilitar a
identificação das síndromes para então maneja-las de forma
adequada. Cada fluxograma conduz as decisões e ações que
precisam ser tomadas, levando à condição ou condições que
devam ser tratadas. Esses fluxogramas poderão ser utilizados
pelos enfermeiros, tornando possível a assistência aos
portadores de IST em qualquer serviço de saúde, onde ele
então terá acesso à orientação, educação, aconselhamento,
prescrição de medicamentos, solicitação de exames
complementares e encaminhamento para especialistas,
oferecimento de testes para sífilis (VDRL), Hepatite B
(HBsAg) e C (Anti-HCV) e para o HIV (Anti-HIV 1 e 2) e o
tratamento desde a sua primeira consulta. A prescrição dos
medicamentos contidos nesse protocolo deverá ocorrer dentro
do processo de enfermagem, a partir de uma consulta de
enfermagem.

337
FLUXOGRAMA 1 - MANEJO DO CORRIMENTO
URETRAL

Fonte: DDAHV/SVS/MS

338
Quadra 3 - Tratamento para corrimento uretral

Fonte: DDAHV/SVS/MS

ATENÇÃO:
No retorno, em caso de persistência do corrimento ou recidiva,
encaminhar para consulta com urologista.
Observações:
Deve-se considerar a existência de infecções associadas por C.
trachomatisou T. vaginalis. Caso um destes ocorra, será
necessário tratamento específico em conjunto. Os pacientes
devem se abster de relações sexuais e evitar contaminação dos
339
olhos, além de bebidas alcoólicas (irritante de mucosa), bem
como a expressão da glande para evidenciação de possível
secreção uretral.
Os pacientes devem ser aconselhados e estimulados a
encaminhar todas as parceiras (ou parceiros) sexuais para
atendimento médico, pois é elevado o risco de transmissão (90
a 97%). É fundamental que todas as parceiras (ou parceiros),
com sintomas ou não, de homens com infecções gonocócicas
recebam prontamente o tratamento.
Pacientes infectados pelo HIV devem ser encaminhados para
o SAE CIS Lineu Araújo (sem necessidade de
encaminhamento CGSUS, portando somente documentos e
resultado de HIV)

340
FLUXOGRAMA 2 – CORRIMENTOS VAGINAIS

Fonte: DDAHV/SVS/MS

341
 Na ausência do teste pH vaginal KOH 10%: tratar vaginose
bacteriana quando paciente apresentar: corrimento
acinzentado ou esbranquiçado em pequena quantidade, com
aspecto bolhoso, e mau cheiro semelhante ao de peixe podre e
por vezes, coceira na vulva e na vagina; Tratar tricomoníase
quando apresentar corrimento amarelo-esverdeado com mau
cheiro, que por vezes pode apresentar-se espumoso. Pode
ocorrer ainda dor durante a relação sexual e ao urinar. Casos
raros apresentam dor no baixo ventre.
O exame ginecológico é parte essencial do fluxograma de
conduta e deve ser realizado segundo os passos abaixo:
• Examinar a genitália externa e região anal;
• Separar os lábios vaginais para visualizar o intróito
vaginal integralmente. Introduzir o espéculo para examinar a
vagina, suas paredes, fundo de saco e colo uterino.
• Fazer o teste de pH vaginal, colocando, por um minuto,
a fita de papel indicador na parede vaginal lateral (evitar tocar
o colo).
• Colher material para realização da bacterioscopia
quando disponível e para o teste de Whiff (teste das aminas
ou do “cheiro” = lâmina com uma gota de KOH 10% sobre
uma gota de conteúdo vaginal, considerando o resultado
positivo se o cheiro for de peixe podre).

342
• Fazer teste do cotonete do conteúdo cervical (colher
swabendocervical com cotonete e observar se muco purulento
contrapondo em papel branco).
• Havendo possibilidade de realização no local ou em
referência, coletar material para cultura de gonococos,
pesquisa de clamídia. Se houver mucopusendocervical (teste
do cotonete positivo) ou colo friável ou dor à mobilização do
colo ou presença de algum critério de risco, recomenda-se o
tratamento como cervicite (gonorréia e clamídia).
• A vaginose bacteriana e a candidíase são infecções
endógenas. Assim, apenas os parceiros de mulheres com
tricomoníase, devem ser tratados com o mesmo medicamento
em dose única, porque esta é considerada uma IST.
Mulheres vivendo com HIV/AIDS: devem ser
encaminhadas para o SAE do CIS Lineu Araújo.
Durante o tratamento para tricomoníase, deve-se evitar
a ingestão de álcool (efeito antabuse, devido interação de
derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-
estar, náuseas, tonturas, “gosto metálico na boca”).
• A tricomoníase vaginal pode alterar a classe da
citologia oncológica. Por isso, nos casos em que houver
alterações morfológicas celulares e tricomoníase, deve-se
realizar o tratamento e repetir a citologia após 3 meses, para
avaliar se as alterações persistem. Durante o tratamento,
devem ser suspensas as relações sexuais.
• Manter o tratamento se a paciente menstruar.
343
Na vaginose bacteriana – os parceiros não precisam ser
tratados.
O tratamento sistêmico, os casos de difícil controle ou
recorrentes (4 ou mais episódios/ano) de candidíase deverão
ser feito por médico. Pois, nesses casos, o médico deverá
investigar causas sistêmicas predisponentes (diabetes,
imunodepressão, inclusive a infecção pelo HIV, uso de
corticoides e outros). Observações:
 O simples achado de cândida na citologia oncótica em
uma paciente assintomática não permite o diagnóstico de
infecção clínica, e, portanto, não justifica o tratamento.
 O enfermeiro poderá encaminhar pacientes com
corrimento vaginal ou cervicite para ginecologista.

344
Quadro 4 - Tratamento para corrimento vaginal

345
FLUXOGRAMA 3 – ÚLCERA GENITAL

346
Quadro 5 - Tratamento para herpes genital

Tratar herpes genital:


O Enfermeiro deverá tratar apenas o 1º episódio de herpes genital e iniciar
o tratamento o mais precocemente possível de acordo com Quadro 6. Na
recorrência de herpes genital, casos de recidiva e herpes durante a gestação,
o enfermeiro encaminhará para consulta médica;

347
• Em pacientes com HIV/AIDS, encaminhar para o SAE CIS
Lineu Araújo;

Quadro 6 - Tratamento para úlceras genitais

Conduta de enfermagem em sífilis primária, cancro mole,


donovanose e linfogranuloma venéreo:

Na consulta de enfermagem, o enfermeiro que identificar


úlcera genital, sem história ou evidência de lesões vesiculosas,
encaminhar para consulta médica. Nos casos de lesões vesiculosas,
tratar como herpes genital.
 Lembrar que lesões ulceradas com mais de 04 semanas, pode
ser donovanose ou neoplasia. (Esses casos deverão ser
encaminhados para consulta médica especializada).
348
FLUXOGRAMA 4 - MANEJO DA SÍFILIS UTILIZANDO
TESTE RÁPIDO NÃO TREPONÊMICO CONFIRMATÓRIO

349
FLUXOGRAMA 5 - MANEJO DA SÍFILIS UTILIZANDO
TESTE NÃO TREPONÊMICO COM TESTE RÁPIDO
CONFIRMATÓRIO

350
Quadro 7 - Esquema terapêutico para sífilis

Fonte: DDAHV/SVS/MS

351
FLUXOGRAMA 6 - MANEJO DA DIP

352
DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA- DIP
É uma síndrome clínica atribuída à ascensão de micro-
organismos do trato genital inferior, espontânea ou devida à
manipulação (inserção de DIU, biópsia de endométrio, curetagem,
entre outros), comprometendo endométrio (endometrite), tuba
uterina, anexos uterinos e/ou estruturas contíguas (salpingite,
miometrite, ooforite, parametrite, pelviperitonite).
É uma das mais importantes complicações das IST e um sério
problema de saúde pública, sendo comum em mulheres jovens com
atividade sexual desprotegida. Está associada a sequelas importantes
em longo prazo, causando morbidades reprodutivas que incluem
infertilidade por fator tubário, gravidez ectópica e dor pélvica
crônica (em 18% dos casos). Mulheres que já tiveram um episódio
de DIP têm chance de 12% a 15% de ter gravidez ectópica no futuro.
A taxa de infertilidade é de 12% a 50%, aumentando com o número
de episódios. Estima-se um caso de DIP para cada 8 a 10 casos de
pacientes com cervicite por algum desses patógenos.

QUADRO CLÍNICO DA DIP

O diagnóstico clínico de DIP é feito a partir de critérios maiores,


critérios menores e critérios elaborados.

Para a confirmação clínica de DIP, é necessária a presença de:

 três critérios maiores MAIS um critério menor


OU
 um critério elaborado

353
Os critérios elaborados podem aumentar a especificidade do
diagnóstico clínico de DIP.

CUIDADOS E ABORDAGEM DAS PACIENTES COM DIP

A melhora clínica das pacientes com DIP deverá acontecer


nos três primeiros dias após o início do tratamento antimicrobiano.
Se houver piora do quadro, considerar outros exames de imagem,
como ressonância nuclear magnética ou tomografia
computadorizada axial, para diagnósticos diferenciais ou
complicações de DIP. A paciente deverá retornar ao ambulatório
para seguimento na primeira semana após a alta hospitalar e deverá
seguir abstinência sexual até a cura clínica.
As pacientes que usam DIU não precisam remover o
dispositivo. Caso exista indicação, a remoção deve ser realizada
somente após as duas primeiras doses do esquema terapêutico.
Nesses casos, as pacientes devem ser orientadas sobre métodos
alternativos de barreira, como diafragma, preservativo masculino e
feminino. As duchas vaginais não estão recomendadas.
As parcerias sexuais dos últimos dois meses, sintomáticas ou
não, devem ser tratadas empiricamente contra Neisseria gonohrroeae
e Chlamydia trachomatis.

TRATAMENTO PARA DIP

Deve-se iniciar imediatamente o tratamento antimicrobiano


nas mulheres jovens, sexualmente ativas, com queixa de desconforto
354
ou dor pélvica, e que preencham os critérios clínicos para DIP. A
decisão de tratar a paciente, ou referi-la para unidade de maior
complexidade baseia-se na gravidade do quadro clínico e das
condições locais de trabalho para assistência e cuidados,
considerando que o retardo no tratamento pode acarretar danos
irreversíveis no sistema reprodutor feminino.
O tratamento ambulatorial aplica-se a mulheres que
apresentam quadro clínico leve, exame abdominal e ginecológico
sem sinais de pelviperitonite. A laparotomia está indicada nos casos
de massas anexiais não responsivas ao tratamento ou ruptura das
mesmas.

Quadro 8 - Esquema terapêutico para DIP

Fonte: DDAHV/SVS/MS
5

355
NA INFECÇÃO PELO VÍRUS T-LINFOTRÓPICO HUMANO
(HTLV) E INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO
(HPV)

A conduta do enfermeiro frente ao HTLV e HPV, em


consulta de enfermagem, é encaminhar para o médico ou especialista
(urologista, ginecologista ou infectologista, via CGSUS). O
Enfermeiro não prescreverá medicamentos para esses agravos.

6 CONDUTA DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DAS IST


NA VIOLÊNCIA SEXUAL
O enfermeiro que atender uma pessoa vítima de violência
sexual deverá proceder da seguinte forma: vítima do sexo feminino,
encaminhá-la para o Serviço de Atendimento a Mulher Vítima de
Violência Sexual (SAMVVIS), localizado na Maternidade D.
Evangelina Rosa e Delegacia da Mulher; vítima do sexo masculino,
encaminhá-lo para o Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela e
a Delegacia de Polícia mais próxima do local do crime.
 Lembrar de notificar na Ficha do SINAN de Violência, e em
casos de vítimas menores de 18, comunicar ao conselho tutelar.

7 CONDUTA DE ENFERMAGEM NA NOTIFICAÇÃO DAS


IST
O enfermeiro deverá notificar na ficha de notificação
compulsória do SINAN conforme tabela abaixo:

356
Quadro 9–IST de notificação compulsória
municipal/nacional
IST
SINDROME DA ULCERA GENITAL (EXCLUIDO HERPES
GENITAL)
SINDROME DO CORRIMENTO URETRAL
SINDROME DO CORRIMENTO CERVICAL
(SINTOMATICO)
SIFILIS EM ADULTOS (EXCLUIDA A FORMA PRIMARIA)
HERPES GENITAL (APENAS O PRIMEIRO EPISODIO)
CONDILOMA ACUMINADO (VERRUGAS ANOGENITAIS)
SIFILIS NA GESTANTE
HEPATITES VIRAIS
HIV E AIDS
Observação: Para garantir o tratamento utilizando a abordagem
sindrômica, a medicação estará presente na UBS. Para reposição
desse medicamento, o enfermeiro deverá preencher a ficha de
notificação da IST, anexar a receita e enviar para a DRS. A
Coordenação Municipal de DST/AIDS será a responsável para
abastecer os medicamentos das DRS.

8. O ATENDIMENTO AO PORTADOR DE HIV/AIDS NO SUS

As atividades informativo-educativas, desenvolvidas pelos


agentes comunitários de saúde (ACS) nas comunidades e pelos

357
profissionais das UBS, deverão despertar os indivíduos para a
realização do teste anti-HIV. Pessoas com sintomas sugestivos de
infecção pelo HIV chegarão as UBS para esclarecimento de seu
quadro clinico. Portanto, as UBS devem se estruturar para responder
a essa demanda, proporcionando oportunidade de diagnóstico ao
primeiro contato, e encaminhamento aos serviços especializados
disponíveis no SUS.
Os serviços especializados para atenção às pessoas vivendo
com HIV/aids em Teresina é o Serviço de Assistência Especializado
(SAE) , que está localizado no CIS Lineu Araújo, com atendimento
direto (sem necessidade de encaminhamento via CGSUS, apenas
documento de identidade e resultado de exame laboratorial de HIV),
no turno manhã e tarde.
 O enfermeiro, dentro da consulta de enfermagem, poderá
solicitar exame anti HIV 1 e 2 para qualquer paciente e em qualquer
vulnerabilidade para doença, devendo encaminhar os soropositivos
para o serviço de referência. No entanto, as pessoas vivendo com
HIV/AIDS que necessitarem de outras demandas de saúde, terão
suas necessidades supridas na atenção básica, como qualquer outro
paciente da rede SUS.
 O enfermeiro estará autorizado a laudar resultado de teste
rápido para HIV, Sífilis, hepatite B e C, como triagem ou
diagnóstico, desde que tenha recebido treinamento e possua
certificado emitido pelo Ministério da Saúde, Secretaria Estadual da
Saúde ou Fundação Municipal de Saúde.

358
 O esquema vacinal da pessoa vivendo com HIV/AIDS deve
ser completado dentro do SAE CIS Lineu Araújo, com prescrição do
médico infectologista.

9 QUIMIOPROFILAXIA APÓS A EXPOSIÇÃO


OCUPACIONAL A MATERIAL BIOLÓGICO

O profissional de saúde exposto deverá ser encaminhado para


o Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela nas primeiras horas
(idealmente dentro de 1 a 2 horas) após o acidente, quando houver
indicação para a quimioprofilaxia. Estudos em animais sugerem que
a quimioprofilaxia não é eficaz quando iniciada de 24 a 36 horas
após o acidente e início da medicação após largos intervalos de
tempo (1 a 2 semanas) pode ser considerado somente para exposição
com elevado risco de transmissão do HIV.
 Lembrar que o início da quimioprofilaxia fica a critério do
médico infectologista, que será baseado no tipo de exposição
(percutânea, mucosa, cutânea ou mordedura), no tipo de material
(sangue, outros materiais contendo sangue, sêmen e secreções
vaginais, etc) e se o paciente fonte é soropositivo ou não;

10 O ATENDIMENTO AO PORTADOR DE HEPATITES


VIRAIS
As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes
agentes etiológicos, com tropismo primário pelo tecido hepático, que
apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais
semelhantes e importantes particularidades.

359
As hepatites virais têm grande importância pelo número de
indivíduos atingidos e pela possibilidade de complicações das
formas agudas e crônicas.
A distribuição das hepatites virais é universal, sendo que a
magnitude dos diferentes tipos varia de região para região. No Brasil,
há grande variação regional na prevalência de cada um dos agentes
etiológicos; devem existir cerca de dois milhões de portadores
crônicos de hepatite B e três milhões de portadores da hepatite C. A
maioria das pessoas desconhece seu estado de portador e constitui
elo importante na cadeia de transmissão do vírus da hepatite B
(HBV) ou do vírus da hepatite C (HCV), que perpetua as duas
infecções.
Hepatite B e C
Na consulta de enfermagem, o enfermeiro poderá solicitar HBsAg e
Anti-HBc para triar Hepatite B e solicitar Anti-HCV para Hepatite
C para todos os pacientes, em qualquer faixa etária ou grupo
vulnerável, devido ao grande número de portadores assintomáticos
dessa patologia.
Outras ações do enfermeiro no manejo da Hepatite B e C:
 Orientar e ofertar o preservativo para prevenir a Hepatite B;
 Orientar quanto ao não compartilhamento de seringas,
barbeadores, esmalte de unha, tesourinha para cortar unhas, lixa de
unha, escova de dentes;
 Orientar sobre o risco de fazer uma tatuagem ou colocar
piercing em local que não utilize material descartável;

360
 Notificar e encaminhar para o SAE CIS Lineu Araújo todos
os casos de HBsAG e Anti-HCV reagente;
 Ofertar vacina contra Hepatite B para pessoas até 29 anos e
populações vulneráveis (profissionais de saúde, prostitutas,
população LGBT, presidiários, policiais, bombeiros, agentes
penitenciários, manicures, pedicures, doadores de sangue, entre
outros)
 Realizar teste rápido para Hepatite B e C, triagem ou
diagnóstico, quando treinado e possuir certificado expedido pelo
Ministério da Saúde, Secretaria de Saúde ou Fundação Municipal de
Saúde.
Hepatite D
Agravo que se apresenta apenas em pacientes com hepatite B,
devendo ao serviço de referência solicitar exames sorológicos e
subsequentes.

REFERÊNCIAS

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Secretaria de ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos. Protocolo
Clínico e Diretrizes Terapêuticas Infecções Sexualmente
Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Básica. HIV/Aids, hepatites e outras
DST. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 196 p. il. - (Cadernos de
Atenção Básica, n. 18) (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

361
_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Programa Nacional de DST/AIDS. Diretrizes para controle da
sífilis congênita: manual de bolso. 2. ed. Brasília: Ministério da
Saúde, 2006. 72 p. il. – (Série Manuais 24)

_______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.


Programa Nacional de DST e Aids. Manual de Bolso das Doenças
Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde. 2005.
108p. Série Manuais n. 24 2.ed.

________. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.


Programa Nacional de DST e Aids. Manual de Controle das
Doenças Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da
Saúde. 2005. 140p.

_________. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.


Programa Nacional de DST e Aids. Recomendações para
Atendimento e Acompanhamento de Exposição Ocupacional a
Material Biológico: HIV e Hepatites B e C. Brasília: Ministério da
Saúde, 2004. (disponível em www.aids.gov.br).

362
CAPÍTULO X
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AO
HOMEM

Autores
Ayla Maria Calixto de Carvalho
Kledson Augusto Morais Batista
Marcelo de Moura Carvalho
Maria Eliane Martins Oliveira da Rocha
Paula Cynara de Lima Ramos
Rogers Pires Lima

Colaboração
Afonso Ribeiro Alves Filho (cirurgião dentista)
Carlos Henrique Ferreira (médico)

Revisão – abril 2016


Ayla Maria Calixto de Carvalho

1. INTRODUÇÃO

A Política de Saúde do Homem visa promover a melhoria das


condições de saúde da população masculina brasileira, contribuindo,
de modo efetivo, para a redução da morbidade e da mortalidade
dessa população, por meio do enfrentamento racional dos fatores de
risco e mediante a facilitação ao acesso. São cinco os eixos
temáticos: Acesso e Acolhimento, Saúde Sexual e Reprodutiva,
Paternidade e Cuidado, Doenças prevalentes na população
masculina e Prevenção de Violências e Acidentes. Tem como um
dos pontos mais importantes modificar o comportamento masculino,

363
de modo a estimular sua participação em campanhas de prevenção e
promoção de sua saúde.
É nesse contexto que acontece o atendimento de enfermagem
destinado aos homens, independente de identidade de gênero e com
idade de 20 a 59 anos, de modo a garantir a consulta de enfermagem
contemplando os problemas que mais atingem a população
masculina, a referência e contra referência para consultas
especializadas, e a garantia de acesso a procedimentos como
vasectomia e outros inerentes ao homem.

2. REFERÊNCIA PARA PROTOCOLO DE ENFERMAGEM


NA ATENÇÃO AO HOMEM

- A Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do


Homem/PNAISH, que foi instituída pela Portaria nº 1.944/GM, do
Ministério da Saúde, de 27 de agosto de 2009.
- O Programa Municipal de Atenção integral à Saúde do
Homem (PMAISH), portaria municipal nº 577, de 09 de julho de
2012.

3. ATENDIMENTO DO HOMEM NA UBS

Implementar o acolhimento com a sensibilização de todos os


profissionais de saúde para atender ao homem e melhorar sua
procura pelos serviços. Assim, deve-se trabalhar desde o setor de
recepção das UBS aos profissionais que realizam as consultas para
364
se ter a garantia do bom atendimento e acolhimento ao homem,
estimulando sua participação continua e a procura pelos serviços, e
seu envolvimento em ações de prevenção, promoção e tratamento de
agravos.
A organização do atendimento se dará conforme especificado
nos fluxogramas 1 a 7, que tem como objetivo padronizar o
atendimento e garantir a continuidade do cuidado com o homem.
Deve-se estimular o homem a prevenção dos problemas que
acometem a sua saúde através de avaliação periódica para controle
dos fatores de riscos como sobrepeso, obesidade, diabetes,
colesterol, hipertensão arterial, sedentarismo e cuidados com saúde
pessoal e bucal, entre outros. Assim deve-se garantir a assistência ao
homem como demostra-se nos fluxogramas a seguir.

365
FLUXOGRAMA 1 - ATENDIMENTO DO HOMEM NA
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE


EQUIPE SAÚDE DA FAMÍLIA

Acolhimento

Consulta de
Enfermagem

Consulta Consulta
Médica Odontológica

366
FLUXOGRAMA 2 - CONSULTA DE ENFERMAGEM PARA
O HOMEM

Consulta de Enfermagem

Histórico* e exame físico geral**

Histórico de enfermagem: Exame Físico Geral:

Motivo da consulta e queixas do Verificar e anotar: peso,


paciente (sinais e sintomas - início e estatura, IMC, SSVV,
tempo de duração). circunferência abdominal;
Antecedentes: vida sexual; frequência Inspeção e palpação de cabeça e
urinária e fecal; cirurgias anteriores; pescoço;
doenças crônicas, doenças Ausculta pulmonar;
endêmicas, alergias, Situação Ausculta cardíaca;
vacinal; padrão alimentar. Inspeção, palpação, percussão e
ausculta abdominal;
Inspeção e palpação de membros
inferiores.
Solicitar exames:
Hemograma; Glicemia de
Jejum;
Urina Tipo I; Perfil Formular o Diagnóstico de
Lipídico. Enfermagem
Ofertar as Sorologias (se
houver relato de exposição):
HIV, sífilis, hepatite B, C Elaborar o plano de cuidados/
prescrição de enfermagem

Agendar Consulta Subsequente: Na detecção de problemas não


Avaliação resolvidos pelo enfermeiro
Encaminhar ao
médico/odontólogo

367
FLUXOGRAMA 3 – DISFUNÇÃO ERÉTIL

368
FLUXOGRAMA 4 – PROSTATISMO

369
Escala Internacional de Avaliação dos Sintomas Prostáticos (IPSS)
No último mês, quantas vezes: Nenhuma Menos Menos que a Cerca de Mais que a Quase
vez de 1 vez metade das metade metade Das sempre
em cada 5 vezes das vezes vezes

1.Ficou com a sensação de não esvaziar 0 1 2 3 4 5


completamente a bexiga após urinar?
2. Teve que urinar novamente antes de 2 0 1 2 3 4 5
horas depois de urinar?
3. Teve o jato urinário interrompido 0 1 2 3 4 5
várias vezes enquanto urinava?
4. Teve dificuldade em controlar e evitar 0 1 2 3 4 5
o desejo de urinar?
5.Você teve que fazer força para iniciar o 0 1 2 3 4 5
ato de urinar?
6. No último mês, quantas vezes você 0 1 2 3 4 5
observou que o jato urinário estava fraco?
7.Na média, teve que levantar da cama 0 1 2 3 4 5
para urinar a noite?
Score total

Pontuação final: Leves: até 7 pontos. Moderados: 8 a 19 pontos. Severos: 20 a 35 pontos


370
• FLUXOGRAMA 5 – CORRIMENTO URETRAL

371
FLUXOGRAMA 6 – ATENDIMENTO PARA REALIZAÇÃO
DE ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA: VASECTOMIA

372
REQUISITOS:

A esterilização cirúrgica por meio da vasectomia será indicada nos


casos em que se caracterizar como a melhor opção, conforme
critérios definidos pela Lei Federal Nº 9263 de 12 de janeiro de 1996:
Mulheres e homens com capacidade civil plena; - Maiores de vinte e
cinco anos de idade; Com pelo menos, dois filhos vivos; - Observado
o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o
ato cirúrgico. Apresentação de documento escrito e firmado, com a
expressa manifestação da vontade da pessoa, após receber
informações a respeito dos riscos da cirurgia, possíveis efeitos
colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de contracepção
reversíveis existentes; Em caso de convivência conjugal a realização
da laqueadura/vasectomia depende do consentimento expresso de
ambos os cônjuges em documento escrito e firmado.

4. EXAMES COMPLEMENTARES
Todos os previstos nos fluxogramas apresentados no item 3.

5. ENCAMINHAMENTOS
Médico e odontólogo (na própria UBS)

373
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.
Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

TERESINA (PIAUÍ). Fundação Municipal de Saúde. Portaria nº 577,


de 09 de julho de 2012. Institui Programa Municipal de Atenção
Integral Saúde do Homem no âmbito do Município de Teresina.
Teresina, 2012.

TERESINA (PIAUÍ). Fundação Municipal de Saúde. Informe da


Atenção Básica nº 03/2014. Institui rotina de exames no Pré-Natal
masculino. Teresina, 2014.

374
CAPÍTULO XI
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO (POP) DE
ENFERMAGEM NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
ORIENTAÇÕES PARA VISITA DO CONSELHO REGIONAL DE
ENFERMAGEM
PROPOSTA DE ESCALA MENSAL DO SERVIÇO DE
ENFERMAGEM
POP SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM
POP VISITA DOMICILIAR
SUPERVISÃO/ACOMPANHAMENTO
POP Coleta de Sangue Capilar (glicemia)
POP Coleta de Papanicolaou
POP Administração de Medicamentos
POP Terapia de Reidratação Oral
POP Aerossolterapia
POP Higienização das mãos
POP Sondagem Vesical
POP Aferição da Pressão Arterial
POP Curativos
POP da Organização e Funcionamento da Sala de Vacinação
POP de Registro das Atividades e Arquivos da Sala de Vacinação
POP de Limpeza na Sala de Vacinação
POP para o Setor de Medicação
POP para Sala de Expurgo
POP para o Preparo do Material ou Instrumental
POP para Sala de Esterilização
POP para Limpeza e Desinfecção de Superfícies
POP para Recebimento de Material Contaminante, Infectante e
Perfurocortante de uso domiciliar
POP para o Setor de Coleta de Exames Laboratoriais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

375
POP DE ENFERMAGEM

Autores
Ayla Maria Calixto de Carvalho
Adriana Sávia de Souza Araújo
Smithanny Barros da Silva

Colaboradores
Maria de Fátima Santana Moreira
Soraia Martins da Fonseca

1 INTRODUÇÃO

Considerando a necessidade de uniformizar as condutas,


facilitar e tornar mais eficiente e eficaz a assistência prestada ao
usuário, enfermeiros representantes das três Diretorias Regionais de
Saúde elaboraram o Procedimento Operacional Padrão (POP) de
Enfermagem das Unidades Básicas de Saúde.
Os POP foram criados com o objetivo de minimizar a
ocorrência de erros na execução de procedimentos fundamentais da
prática diária, e dessa forma melhorar a qualidade da assistência, e
servir como um instrumento para a Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE).
Eles foram desenvolvidos para descrever cada passo, de modo
a garantir o resultado esperado de um mesmo cuidado realizado por
pessoas diferentes. Os padrões de enfermagem definem seu campo
de prática e proporcionam orientação para seu desempenho, projetam
as competências desejadas e as exigências educacionais do
enfermeiro.
376
2 ORIENTAÇÕES PARA VISITA DO CONSELHO REGIONAL
DE ENFERMAGEM

1) O departamento de fiscalização do COREN-PI deve anunciar-


se a Coordenação da UBS, ou seu respectivo substituto e buscar ser
acompanhado pelo mesmo;
2) A visita fiscalizatória deverá ser acompanhada pelo
enfermeiro Responsável Técnico (RT) ou alguém que o represente;
3) O Enfermeiro RT da Unidade deverá encaminhar as
notificações do COREN-PI para as Gerências Executivas de Saúde
das Diretorias Regionais de Saúde, que analisarão e responderão
conjuntamente, enviando cópia da resposta aos Diretores das DRS.

377
3 POP - SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM

Objetivo:
Identificar situações de saúde/doença, prescrever e implementar
medidas de enfermagem que contribuam para a promoção, prevenção
e proteção da saúde, recuperação e reabilitação do indivíduo, família
e comunidade. Para tanto, a consulta de enfermagem na Atenção
Básica deve garantir atenção individual no ciclo vital e aos grupos
prioritários (crianças menores de 2 anos e desnutridos, gestantes,
idosos, diabéticos, hipertensos, portadores de tuberculose e
hanseníase).
Responsável: Enfermeiro.
Descrição do procedimento:
1. Receber o usuário e explicar o procedimento;
2. Desenvolver a consulta conforme as etapas previstas na
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), seguindo o
roteiro e fluxo de seguimento contido nos Protocolos de Enfermagem
de FMS;
3. Fazer anotação no prontuário e boletim de produção;
4. Manter a organização da sala/consultório.

378
4 POP - VISITA DOMICILIAR
Definição:
É o ato de visitar o domicílio com finalidade de intervir no processo
saúde / doença de indivíduos, famílias e o planejamento de ações
visando à promoção de saúde da coletividade.
Objetivo:
– Conhecer a realidade do indivíduo (condições de moradia, hábitos
familiares, levantamento de dados, cadastro das famílias e outros) a
fim de obter subsídios para intervenção no processo saúde/doença.
– Realizar procedimentos (medicações, orientações, curativos e
outros).
– Realizar busca ativa para determinadas patologias.
Responsável:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
Enfermeiro, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem
Material:
Conforme as ações planejadas.
Descrição da Técnica de VD:
1. Planejamento;
2. Execução;
3. Registro de dados;
4. Avaliação do processo.
Descrição do procedimento:
1. Identificar a necessidade da visita domiciliar;
2. Planejar de acordo com a necessidade identificada;

379
3. Realizar a visita domiciliar possibilitando a participação do maior
número possível, de membros da família;
4. Na chegada ao domicílio, o profissional deve identificar-se e
expressar de maneira informal, mas com clareza o objetivo da visita;
5. Ser cordial no relacionamento, evitando os extremos da formalidade
e da intimidade no contato com os usuários;
6. Realizar a observação sistematizada da dinâmica da família;
7. Caso a VD demande procedimento de enfermagem:
– Contactar antecipadamente o usuário;
– Preparar o material necessário;
– Realizar o procedimento conforme técnica ou protocolo
8. Registrar a atividade e os procedimentos executados no prontuário
e boletim de produção.

380
5 POP - SUPERVISÃO E ACOMPANHAMENTO

Definição:
É o planejamento e o acompanhamento do serviço de enfermagem
pelo enfermeiro.
Objetivo:
Assegurar a assistência de Enfermagem com qualidade,
proporcionando a educação em serviço
Responsável:
Enfermeiro Responsável Técnico
Execução do procedimento:
Enfermeiro
Descrição do procedimento:
O enfermeiro deve supervisionar diariamente os diversos setores e as
ações desenvolvidas pelo auxiliar de enfermagem, proporcionando a
educação em serviço:
1. Inalação:
– Limpeza e organização da sala e mobiliários;
– Fluxo e acomodação da clientela;
– Avaliação do estoque e qualidade do material de consumo;
– Checagem das condições dos equipamentos;
– Checagem da Rotina de desinfecção dos materiais;
– Registro dos procedimentos realizados (produção, prontuário,
identificação do profissional);
– Técnica utilizada nos procedimentos;

381
– Postura do profissional no setor;
-– Avaliação do conteúdo das ações educativas;
– Avaliação da qualidade da assistência;
– Checagem do cumprimento da escala de limpeza terminal.
2. Medicação / Observação
– Limpeza e organização da sala e mobiliários;
– Fluxo e acomodação do usuário;
– Avaliação do estoque e qualidade do material de consumo;
– Rotina de desinfecção dos materiais;
– Registro dos procedimentos realizados;
– Técnica utilizada nos procedimentos;
– Checagem dos materiais e medicamentos de emergência;
– Postura do profissional no setor;
– Avaliação do conteúdo e desenvolvimento das ações educativas;
– Avaliação da qualidade da assistência;
– Checagem do cumprimento da escala de limpeza terminal;
Procedimentos de biossegurança
Condição do descarte do material perfuro cortante;
Manutenção da privacidade do usuário.
3. Vacina
– Limpeza e organização da sala e mobiliários;
– Fluxo e acomodação do usuário;
– Avaliação do estoque e qualidade do material de consumo;
– Checagem das condições dos equipamentos;
– Registro dos procedimentos realizados;

382
– Técnica utilizada nos procedimentos;
– Postura do profissional no setor;
– Avaliação do conteúdo e desenvolvimento das ações educativas;
– Avaliação da qualidade da assistência;
– Checagem do cumprimento da escala de limpeza terminal;
– Descarte do material perfuro cortante;
– Manutenção da privacidade do usuário;
– Registro das temperaturas dos equipamentos;
– Registro das doses aplicadas no mapa de produção diária;
– Disposição adequada dos equipamentos na sala;
– Acondicionamento das vacinas em geladeira de estoque;
– Identificação de data e horário da abertura dos frascos; – Técnica de
limpeza da geladeira.
4. Coleta de Exames, Papanicolaou
– Limpeza e organização da sala e mobiliários;
– Fluxo e acomodação do usuário;
– Avaliação do estoque e qualidade do material de consumo;
– Rotina de desinfecção dos materiais;
– Registro dos procedimentos realizados (produção, prontuário,
identificação do profissional);
– Técnica utilizada nos procedimentos;
– Postura do profissional no setor;
– Conteúdo e desenvolvimento das ações educativas;
– Qualidade da assistência;
– Cumprimento da escala de limpeza terminal;

383
Condições do descarte do material perfuro cortante;
Manutenção da privacidade do usuário;
Acondicionamento correto das amostras dentro da caixa de
transporte;
– Verificação do encaminhamento da solicitação de exames conforme
amostras;
– Retirada do material conforme horário estipulado;
– Identificação correta dos frascos de exames, lâminas; –
Encaminhamento das amostras para o destino correto;
5. Curativo:
– Limpeza e organização da sala e mobiliários;
– Fluxo e acomodação do usuário;
– Avaliação do estoque e qualidade do material de consumo;
– Registro dos procedimentos realizados (produção, prontuário,
identificação do profissional);
– Técnica utilizada nos procedimentos;
– Postura do profissional no setor;
– Avaliação do conteúdo e desenvolvimento das ações educativas;
– Avaliação da qualidade da assistência;
– Cumprimento da escala de limpeza terminal.
– Conhecimento técnico quanto à evolução das feridas;
– Rotina de arquivamento e preenchimento das fichas de curativo.
6. Esterilização de material:
– Limpeza e organização da sala e mobiliários;

384
– Checagem da existência e a aplicação da instrução de manuseio dos
aparelhos;
– Checagem da entrada e saída dos materiais da sala;
– Checagem da utilização correta do teste de eficácia e registros afins;
– Checagem do cumprimento da escala de limpeza terminal;
– Procedimento de biossegurança;
– Técnica de lavagem e desinfecção do material conforme o tipo;
– Identificação do material;
– Acondicionamento do material a ser esterilizado;
– Validade do material esterilizado;
– Monitoramento e controle da esterilização do material;
– Conforme o equipamento, acomodação do material, tempo de
esterilização e temperatura.
7. Expurgo:
Limpeza e organização da sala e mobiliários;
Checagem das condições dos equipamentos;
Educação em serviço;
– Checagem do cumprimento da escala de limpeza terminal;
– Acondicionamento e descarte dos resíduos;
– Procedimentos de biossegurança;
– Técnica de lavagem e desinfecção do material conforme o tipo.
Observação: em relação ao preparo do material:
– Limpeza e organização da sala e mobiliários;
– Checagem do cumprimento da escala de limpeza terminal;
– Acondicionamento e descarte dos resíduos;

385
– Procedimentos de biossegurança;
– Controle do encaminhamento dos materiais para esterilização em
outra unidade.
Registro: A supervisão deverá ser registrada em livro ATA de
intercorrências de enfermagem da Unidade.

386
6 POP - COLETA DE SANGUE CAPILAR (GLICEMIA)

Definição:
Amostra de sangue capilar a fim de detectar o nível de glicose no
sangue.
Objetivos:
Detectar alterações no nível de glicose sanguínea.
Responsável:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
Auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro
Materiais:
1. Glicosímetro
2. Fita teste
3. Lanceta ou agulha descartável
4. Algodão
5. Álcool a 70%
Descrição do procedimento:
1. Lavar as mãos com água e sabão;
2. Orientar o usuário quanto ao procedimento a ser realizado;
3. Deixar o braço pendente ao longo do corpo por 30 segundos;
4. Pressionar o dedo da base para a ponta;
5. Solicitar para o usuário a lavagem das mãos com água e sabão, se não
for possível, fazer assepsia com algodão e álcool na face lateral da
ponta do dedo, esperando secar;

387
6. Puncionar a face lateral da ponta do dedo com lanceta ou agulha
esterilizadas;
7. Com o dedo puncionado voltado para baixo preencher com a gota de
sangue toda a área da fita;
8. Ler o resultado, anotar em prontuário e no boletim de produção
diária;
9. Orientar o usuário quanto ao resultado e seguir o fluxo de
acompanhamento do Protocolo – FMS.

388
7 POP - COLETA DE PAPANICOLAOU
Definição:
Coleta de material cérvico vaginal para realização de exame
diagnóstico.

Objetivos:
Detectar a presença de lesões neoplásicas ou pré-neoplásicas e alguns
processos de outra natureza (parasitas, processos inflamatórios, etc).

Responsável:
Enfermeiro

Execução do procedimento:
Auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro

Materiais e equipamentos:
1. Mesa ginecológica 15. Gazes esterilizadas
2. Mesa auxiliar 16. Lençol
3. Biombo 17. Avental
4. Escada de dois degraus 18. Recipiente para acondicionamento
de lâminas usadas
5. Foco de luz com cabo 19. Balde com solução desincrostante
flexível em caso de instrumentos não
descartáveis
6. Cesto de lixo com pedal 20. Formulário de requisição e de
remessa de exames;
7. Espéculo P, M e G 21. Livro de registro
8. Fixador citológico 22. Lápis preto nº 2
9. Escova endocervical 23. Apontador
10. Espátula de Ayres 24. Borracha
11. Lâmina com uma 25. Canetas
extremidade fosca
12. Luvas de procedimento 26. Régua
13. Pinça Cheron 27. Fita adesiva de papel para
identificação dos recipientes de lâmina
14. Soro fisiológico 0,9%

389
Descrição do procedimento
1. Lavar as mãos
2. Preparar e separar o material
3. Criar um ambiente acolhedor;
4. Respeitar a privacidade;
5. Saber ouvir e esclarecer para a mulher possíveis dúvidas ou
angústias;
6. Descrever para a mulher como será realizada a coleta de exame,
possibilitando a sua familiarização com os materiais (kit educativo
prático: espéculo, escova, espátula e lâmina);
7. Realizar a entrevista da usuária com o preenchimento da ficha
padronizada para coleta pelo serviço, identificando situações
específicas (gestação, virgindade);
8. Anotar no prontuário: idade, data da coleta, DUM, se possível, anotar
resultado do papa anterior, descrever a acuidade, avaliação e
orientação de enfermagem e retorno;
9. Fazer a identificação da lâmina na extremidade fosca, com
lápis preto nº 2, contemplando: – Abreviatura do nome da UBS; -
Data da coleta; – O número de registro da mulher na Unidade; – As
iniciais do nome da mulher.
10. Solicitar que a usuária esvazie a bexiga;
11. Em seguida solicitar que ela retire as partes inferiores da roupa,
dando-lhe um lençol para que se cubra;
12. Ajudar a usuária a posicionar-se na mesa;
13. Iniciar o exame através da inspeção da vulva e vagina;

390
14. Introduzir o espéculo sem lubrificá-lo com óleo ou vaselina,
recomenda-se em caso de pessoas idosas ou de vagina ressecada o
uso de espéculo umedecido com soro fisiológico;
15. Introduza-o em posição vertical e ligeiramente inclinado (inclinação
de 15º);
16. Iniciada a introdução faça uma rotação de 90 graus deixando-o em
posição transversa, de modo que a fenda de abertura do espéculo
fique na posição horizontal. Uma vez introduzido totalmente na
vagina abra-o lentamente com delicadeza e, se ao visualizar o colo
houver grande quantidade de muco ou secreção, seque-o
delicadamente com uma gaze montada em uma pinça, sem esfregar
para não perder a qualidade do material a ser colhido;
17. Para a coleta no ectocérvice utilize a espátula de madeira tipo Ayres,
do lado que apresenta a reentrância.
18. Encaixe a ponta mais longa da espátula no orifício externo do colo
(figura 1), apoiando-a firmemente, fazendo uma raspagem na
mucosa ectocervical em movimento rotativo de 360 graus, em torno
de todo orifício, procurando exercer uma pressão firme, mas
delicada, sem agredir o colo, para não prejudicar a qualidade da
amostra.
19. Estenda o material de maneira uniforme, dispondo-o no
sentido transversal, na metade superior da lâmina, próximo da região
fosca, previamente identificada com as iniciais da mulher e nº do
registro. Vale lembrar que o esfregaço deve ser feito no lado da
lâmina onde se encontra a região fosca.(figura 1).

391
20. Realizar a coleta da endocérvice utilizando a escova de coleta.
Recolha o material introduzindo a escova delicadamente no canal
cervical, girando a 360º
(figura 2). Em gestante não colher material endocervical.
21. Colocar o material retirado da endocérvice na metade inferior da
lâmina, no sentido longitudinal. Distender todo o material sobre a
lâmina de maneira delicada para a obtenção de um esfregaço
uniformemente distribuído, fino e sem destruição celular. (figura 2).
22. Fazer a fixação da lâmina imediatamente após a coleta. Borrifa-se a
lâmina, imediatamente após a coleta, com Spray fixador, a uma
distância de 20 cm. Armazenando as lâminas separadamente em
recipiente adequado.
23. Fechar o espéculo, retirar delicadamente, inspecionando a vulva e
períneo.
24. Retirar as luvas, auxiliar o paciente a descer da mesa e solicitar que
ela troque de roupas.
25. Avisar a paciente que um pequeno sangramento poderá ocorrer após
a coleta.
26. Orientar a paciente para que venha receber o resultado do exame
conforme a rotina da sua Unidade de Saúde.
27. Preencher a relação de remessa na mesma sequência das lâminas e
das requisições.
28. As lâminas deverão ser acondicionadas em caixas específicas
para transportá-las.

392
Figura 1 – Coleta na ectocérvice

Figura 2 – Coleta na endocérvice

393
8 POP - ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Definição:
Administração do medicamento com a técnica adequada e de acordo
com a prescrição do profissional responsável.
Objetivos:
Proporcionar com segurança o tratamento medicamentoso prescrito
Responsável:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
Auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro.
Materiais:
1. Álcool 70º 6. Medicamento prescrito
2. Algodão 7. Garrote
3. Seringas (3 ml, 5 ml, 10 8. Equipo de soro
ml, 20 ml)
4. Agulhas (30x07, 30x08, 9. Esparadrapo
25x07, etc)
5. Scalps (23, 25, 27) 10. Bandeja ou cuba rim

394
Descrição do procedimento

1. Ter em mãos o prontuário 7. Orientar quanto à


e /ou prescrição; medicação a ser
administrada;
2. Recepcionar o usuário com 8. Administrar a medicação
cortesia chamando-o pelo com segurança;
nome proporcionando
conforto e privacidade ao
mesmo;
3. Seguir normas de 9. Checar no prontuário e/ou
biossegurança; receituário os procedimentos
realizados, constando data,
horário, carimbo e assinatura;
4. Não conversar durante o 10. Anotar dados na produção
preparo; diária;
5. Verificar a identificação e 11. Desprezar o material
a validade dos utilizado em local apropriado.
medicamentos;
6. Iniciar o preparo da
medicação conforme
prescrição, observando a
técnica, respeitando os
“cinco certos” (nome do
usuário, nome da medicação,
via de administração, dose,
horário e validade)

395
9 POP - TERAPIA DE REIDRATAÇÃO ORAL
Definição:
Reposição de líquidos e eletrólitos
Objetivos:
Prevenção da desidratação e dos agravos
Responsável:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
Auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro.
Material:
1. Envelope de Soro de 5. Colher de plástico cabo
Reidratação Oral - SRO; longo;
2. Água filtrada ou fervida (fria); 6. Colher de sopa ou de chá;
3. Jarra de 1 litro (plástico com 7. Balança adulto e infantil;
tampa);
4. Copo descartável;

396
Procedimentos:

–Pesar a criança no – Observar se os sinais de desidratação


início da TRO e a cada permanecem, tais como: criança inquieta
hora; e irritada, olhos fundos, bebe avidamente
e com sede, boca seca e com ausência de
saliva, ausência de lágrima e o sinal da
prega (a pele
volta lentamente ao estado anterior);
– Diluir um envelope – Reavaliar a criança e classificá-la
de SRO em 1 litro de quanto à desidratação (enfermeiro);
água;
–Determinar a – Orientar a mãe a introduzir a dieta o
quantidade de soro a mais breve possível (enfermeiro).
ser administrada
durante as primeiras
quatro horas, conforme
protocolo de Atenção a
Saúde da Criança;
–Ofertar o SRO, com Observação: a criança poderá receber o
uma colher, toda vez SRO no volume de 50 a 100 ml por
que a criança desejar, kilograma de peso, por um período
no volume que máximo de 4 a 6h. Não apresentando
aceitar e toda a vez que melhora, solicitar a avaliação médica
a criança evacuar; (enfermeiro).
– Se a criança vomitar, Registro: Anotar o procedimento e a
aguardar 10 minutos e evolução no prontuário do paciente e no
depois continuar, mapa de produção da Unidade.
porém mais
lentamente.

397
10 POP - AEROSSOLTERAPIA

Definição:
É a introdução de soro fisiológico e/ou medicamento em forma de
aerosol ou vapor no trato respiratório.
Objetivos:
Umidificar as vias aéreas, fluidificar secreções da membrana mucosa
do trato respiratório, facilitando a sua expectoração.
Responsável:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
Auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro.
Materiais:
1. Inalador limpo e desinfetado
2. Recipientes com tampa para acondicionar inaladores e tubos
contaminados, limpos e desinfetados
3. Solução desinfetante (hipoclorito de sódio 0,5%)
4. Tubo extensor
5. Fluxômetro
6. Fonte de ar comprimido
7. Seringa descartável de 10 ml
8. Agulha 40x12
9. Ampola ou frasco de SF 0,9% ou água destilada
10. Medicamento prescrito (se houver)
11. Lenços de papel ou papel higiênico

398
12. Sabão líquido
Descrição do procedimento
1. Lavar as mãos;
2. Preparar o material;
3. Preparar a solução inalatória conforme prescrição médica ou do
enfermeiro;
4. Orientar o paciente sobre o procedimento;
5. Conectar o copo do inalador ao tubo extensor e ligar no fluxômetro;
6. Abrir o fluxômetro e regular a quantidade de ar comprimido de
acordo com a prescrição;
7. Orientar o paciente ou responsável quanto à posição para segurar o
inalador;
8. Desligar o fluxômetro e retirar o inalador após o término da solução;
9. Lavar com água e sabão líquido, secar o inalador e colocá-lo em
solução desinfetante (hipoclorito de sódio 0,5% por 30 minutos);
10. Retirar os inaladores da solução desinfetante e deixar secar
através da aeração sobre superfície limpa (papel lençol ou toalha);
11. Lavar externamente e diariamente a extensão do inalador com
água e sabão líquido. Após a lavagem, fazer a desinfecção injetando
na parte interna da extensão o hipoclorito de sódio a 0,5% por 60
minutos de contato direto, mantendo a outra extremidade ocluída.
Considerações Gerais:
– O uso de inalação pode ser feito com oxigênio ou ar comprimido,
sendo este último mais indicado para pacientes portadores de DPOC
que fazem retenção de CO2;

399
– Deve-se fazer à inalação com o paciente sentado ou em decúbito
elevado, sempre que possível, para facilitar a expectoração;
– Os inaladores devem ser lavados e desinfetados imediatamente após
cada uso, mesmo que tenha um para cada paciente, uma vez que o
material de aerossolterapia propicia um meio ideal para o
desenvolvimento de bactérias patogênicas e contaminação cruzada;
– Caso não seja possível fazer a desinfecção imediata, mantê-los em
recipiente exclusivo, fechado e identificado como
“Contaminado”;;
– A extensão deverá ficar um período para aeração até secagem e
armazenados em recipiente plástico, tampado e identificado como
“Desinfetado”.
– A circulação desnecessária de acompanhantes na sala deve ser
evitada.

400
11 POP - HIGIENIZAÇÃO SIMPLES DAS MÃOS
Definição:
Limpeza das mãos para a remoção das células mortas, sujidades e
microrganismos.
Objetivos:
Prevenir infecção cruzada. Deve ser realizado antes do início e após
todo e qualquer procedimento.
Responsável:
Enfermeiro (supervisão dos auxiliares de enfermagem)
Execução do procedimento:
Todos os profissionais de assistência direta ou indireta ao usuário
Materiais:
1. Água corrente
2. Sabão líquido
3. Papel toalha
Descrição do procedimento:
1. Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando encostar- se à pia.
2. Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de sabão líquido para
cobrir todas as superfícies das mãos.
3. Ensaboar as palmas das mãos, friccionando-as entre si.
4. Esfregar a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda
entrelaçando os dedos e vice-versa.
5. Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais.
6. Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta,
segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem e vice-versa.

401
7. Esfregar o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda,
utilizando-se movimento circular e vice-versa.
8.Friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a
palma da mão direita, fechada em concha, fazendo movimento
circular e vice-versa.
9. Esfregar o punho esquerdo, com o auxílio da palma da mão direita,
utilizando movimento circular e vice-versa.
10. Enxaguar as mãos, retirando os resíduos de sabão. Evitar contato
direto das mãos ensaboadas com a torneira.
11. Secar as mãos com papel-toalha descartável, iniciando pelas mãos e
seguindo pelos punhos. Desprezar o papel-toalha na lixeira para
resíduos comuns.
12. Feche a torneira utilizando o papel toalha descartável.
13. Desprezar o papel-toalha na lixeira.
Observação
• Use luvas somente quando indicado.
• Utilize-as antes de entrar em contato com sangue, líquidos corporais,
membrana mucosa, pele não intacta e outros materiais
potencialmente infectantes.
• Troque de luvas sempre que entrar em contato com outro paciente.
• Troque também durante o contato com o paciente se for mudar de um
sítio corporal contaminado para outro, limpo.
• Nunca toque desnecessariamente superfícies e materiais (tais como
telefones, maçanetas, portas) quando estiver com luvas.
• Lembre-se: o uso de luvas não substitui a higienização das mãos.

402
Lembrete
Momentos em que o procedimento deve ser realizado, não sendo
indicada a substituição pela fricção antisséptica das mãos:
• Quando as mãos estiverem visivelmente sujas;
• Ao iniciar e terminar o turno de trabalho;
• Antes e após ir ao banheiro;
• Antes e após as refeições;
• Antes de manipulação e preparo de medicamentos e alimentos.

403
12 POP - SONDAGEM VESICAL

Definição:
É a introdução de um cateter estéril através da uretra até a bexiga.
Objetivos
- Esvaziar a bexiga dos pacientes com retenção urinária;
- Controlar o volume urinário;
- Promover drenagem urinária dos pacientes com incontinência
urinária; - Auxiliar no diagnóstico das lesões traumáticas do trato
urinário.
Responsável: Enfermeiro.
Execução do procedimento:
Auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro.
Material:
– Pacote de cateterismo vesical esterilizado contendo cuba rim, cuba
redonda, gaze, pinça Pean ou similar;
– Sonda vesical número 10, 14 ou 16 (Polivinil ou demora, dependendo
do caso);
– Seringa de 10 ml (sondagem de demora);
– Água destilada (sondagem de demora);
– Agulha 30x8 (sondagem de demora);
– Bolsa coletora sistema fechado (sondagem de demora);
– Luvas estéreis;
– Biombo;
– Frasco de PVPI Tópico e Soro Fisiológico;

404
– Seringa de 20ml para assepsia;
– Geleia anestésica;
– Frasco coletor de urina (se necessário);
– Saco plástico de lixo; – Lençol.
Descrição do procedimento:
1 - Feminino:
– Preparar o material;
– Explicar o procedimento e sua finalidade a paciente;
– Encaminhar a paciente para higiene íntima ou fazê-la se necessário;
– Preservar a privacidade da paciente com o biombo;
– Colocar a paciente em posição ginecológica, protegendo-a com o
lençol;
– Lavar as mãos;
– Abrir com técnica asséptica o pacote de cateterismo entre as pernas
da paciente;
– Colocar na cuba redonda o antisséptico;
– Colocar o lubrificante na gaze;
– Abrir o invólucro da sonda vesical, colocando-a na cuba rim;
– Calçar a luva com técnica asséptica;
– Lubrificar a sonda e aproximar a cuba rim;
– Afastar os pequenos lábios com o polegar e o indicador da mão
esquerda e com a mão direita fazer a antissepsia no períneo usando
as gazes embebidas na solução antisséptica e a pinça Pean (sentido
púbis/anus na sequência: grandes lábios, pequenos lábios e
vestíbulo).

405
Usar a bola de algodão uma vez e desprezá-la;
– Limpar a região com soro fisiológico, obedecendo aos mesmos
princípios descritos acima;
– Afastar com a mão direita a cuba redonda e a pinça;
– Continuar a manter exposto o vestíbulo com a mão esquerda e, com
a mão direita, introduzir a sonda lubrificada (mais ou menos 10 cm),
colocar a outra extremidade na cuba rim para receber a urina drenada.
a) Na sondagem de alívio:
• Retirar a sonda (terminada a drenagem) e o campo fenestrado e
controlar o volume urinário e colher uma amostra se necessário.
b) Na sondagem de demora:
• Insuflar o balão com água destilada e puxar a sonda até sentir a
ancoragem do balão no trigono vesical;
• Conectar a sonda na extensão do sistema coletor e retirar as luvas
(sistema fechado conectado).
• Medir o volume drenado, se necessário.
2. Masculino, repetir a técnica do cateterismo feminino com as
seguintes diferenças:
• Colocar o paciente em decúbito dorsal e com as pernas
afastadas;;
• Após enluvar as mãos, colocar 8 ml de geleia anestésica na seringa
com o auxílio de outra pessoa;
• Segurar o pênis com uma gaze (com a mão esquerda) mantendo-
o perpendicular ao abdome;

406
• Fazer a antissepsia afastando o prepúcio com o polegar e o
indicador da mão esquerda e, com a pinça montada fazer a
antissepsia do meato uretral para a periferia (trocar as luvas se usar
material descartável);
• Injetar a geleia anestésica na uretra com a seringa e pressionar
a glande por 2 ou 3 minutos a fim de evitar o refluxo da geleia;
• Introduzir a sonda até a sua extremidade (18 a 20 cm), com
movimentos circulares, com o pênis elevado perpendicularmente
e baixar o pênis lentamente para facilitar a passagem na uretra bulbar;
• Recobrir a glande com o prepúcio, a fim de evitar edema de
glande;
Observação: deixar a unidade e o material em ordem e proceder à
limpeza concorrente caso haja contaminação de superfícies

Registro:
Fazer o registro no prontuário do paciente e no mapa de produção.

407
13 POP: AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL

Definição:
Verificação dos níveis pressóricos.
Objetivos:
Detectar, acompanhar e controlar os níveis pressóricos para
prevenção das doenças cardiovasculares.
Responsável:
Enfermeiro (supervisão do auxiliar de enfermagem)
Execução do procedimento:
Auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro.
Materiais:
1. Esfigmomanômetro
2. Estetoscópio
3. Material para anotação

Descrição do procedimento:
1. Explicar o procedimento ao paciente, orientar que evite falar
e deixar que descanse por 5 a 10 minutos em ambiente calmo, com
temperatura agradável. Promover relaxamento para atenuar o efeito
do avental branco;
2. Certificar-se de que o paciente não está com a bexiga cheia;
não praticou exercícios físicos há 60- 90 minutos; não ingeriu bebidas
alcoólicas, café, alimentos, ou fumou até 30 minutos antes; e não está
com as pernas cruzadas;

408
3. Utilizar manguito de tamanho adequado ao braço do paciente,
cerca de 2 a 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa
de borracha sobre a artéria braquial.;
4. Manter o braço do paciente na altura do coração, livre de
roupas, com a palma da mão voltada para cima e cotovelo
ligeiramente estendido;
5. Posicionar os olhos no mesmo nível da coluna de mercúrio ou
do mostrador do manômetro aneroide;
6. Palpar o pulso radial e insuflar o manguito até seu
desaparecimento, para a estimativa do nível da pressão sistólica;
desinsuflar rapidamente e aguardar um minuto antes de insuflar
novamente;
7. Posicionar a campânula do estetoscópio suavemente sobre a
artéria braquial, na fossa cubital, evitando compressão excessiva;
8. Inflar rapidamente, de 10 em 10 mmHg, até ultrapassar, de 20
a 30 mmHg, o nível estimado da pressão sistólica. Proceder à
deflação, com velocidade constante inicial de 2 a 4 mmHg por
segundo. Após identificação do som que determina a pressão
sistólica, aumentar a velocidade para 5 a 6 mmHg para evitar
congestão venosa e desconforto para o paciente; 9. Determinar a
pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (fase
I de Korotkoff), seguido de batidas regulares que se intensificam com
o aumento da velocidade de deflação. Determinar a pressa diastólica
no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff). Auscultar cerca
de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu

409
desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa.
Quando os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a
pressão diastólica no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff),
anotar valores da sistólica/zero;
10. Registrar os valores das pressões sistólicas e diastólicas;
11. Esperar 1 a 2 minutos antes de realizar novas medidas;
12. O paciente deve ser informado sobre os valores obtidos da pressão
arterial;
13. Seguir o fluxo de acompanhamento do Protocolo FMS.

410
14 POP - CURATIVOS

Definição:
É o procedimento que se baseia na limpeza mecânica diária da lesão,
diminuindo a concentração de bactérias no local.
Objetivo:
Proporcionar o processo de cicatrização da lesão
Responsável:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
– Enfermeiro: Avaliação e tratamento da ferida e
preenchimento da ficha - Consulta de Enfermagem.
– Auxiliares e Técnicos de Enfermagem: Execução da
prescrição Materiais:
• Bandeja contendo:
• 1 pacote de curativo estéril
• Luvas de procedimento
• Gazes estéreis
• Esparadrapo ou micropore
• Soro fisiológico a 0,9% (SF 0,9%) de 125 ou 250 ml
• Agulha 40x12
• Curativos padronizados pela FMS
• Acrescentar, se necessário:
• 1 lâmina de bisturi nº 23 com cabo, estéril
• 1 bacia ou cuba estéril

411
• Ataduras de crepe
• Compressa estéril
• Luvas estéreis

Descrição:
1. Lavar as mãos com água e sabão;
2. Reunir o material e levá-lo próximo ao paciente;
3. Explicar ao paciente o que será feito;
4. Garantir a privacidade do paciente;
5. Colocar o paciente em posição adequada, expondo apenas a área a
ser tratada;
6. Abrir o pacote de curativo com técnica asséptica;
7. Colocar gazes em quantidade suficiente sobre o campo estéril;
8. Abrir a embalagem do SF a 0,9%(morno) e colocá-la sobre o campo
estéril;
9. Umedecer o micropore com SF a 0,9% para facilitar a retirada;
10. Calçar as luvas;
11. Perfurar na parte superior do frasco do SF a 0,9% com agulha 40x12;
12. Remover o curativo antigo;
13. Desprezar essas luvas;
14. Calçar novas luvas;
15. Realizar a limpeza da ferida;
16. Cobrir a ferida com gaze embebida em SF a 0,9% cobrindo todo o
leito da ferida (cobertura primária) em quantidade suficiente para

412
manter o leito da ferida úmida ou utilizar uma cobertura apropriada
para o tipo de tecido da lesão;
17. Ocluir a ferida com gaze estéril, chumaço ou compressa (cobertura
secundária) e fixar com esparadrapo, micropore ou atadura de crepe,
quando necessário;
18. Retirar as luvas;
19. Lavar as mãos;
20. Anotar na ficha de enfermagem (Evolução Diária) e/ou prontuário e
Boletim de Produção Diária.
Observações:
1. Cobertura primária é a que permanece em contato direto com a ferida;
2. Cobertura secundária é a cobertura seca colocada sobre a cobertura
primária;
3. A troca do curativo será prescrita de acordo com a avaliação da ferida
e o tipo de cobertura utilizada;
4. Proceder à desinfecção da bandeja ou mesa auxiliar após a execução
de cada curativo, com álcool a 70%;
5. Após cada curativo, proceder a lavagem e preparo do material usado
para a esterilização; 6. A lixeira deverá estar próximo do local onde
realiza o procedimento para o descarte da sujidade de forma que você
não necessite manipulá-la durante o mesmo;

413
15 POP - ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA SALA
DE VACINAÇÃO

Revisão – abril 2016


Danilo Soares Lima Silva
Definição:
Determina a organização e o funcionamento da sala de vacinação
Objetivo:
Garantir a adequada administração de imunobiológicos, com a
máxima segurança, prevenindo infecções na clientela atendida e a
equipe de vacinação.
Responsável:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
Auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro.
Materiais:
– Permanentes:
• Bancada ou mesa para preparo dos imunobiológicos;
• Refrigerador exclusivo para conservação dos
imunobiológicos;
• Fichário ou arquivo;
• Mesa tipo escrivaninha com gavetas;
• Cadeiras (três no mínimo);
• Suporte para papel toalha;
• Porta sabonete;
• Lixeira com tampa e pedal;

414
• Armário com porta para guarda de material;
• Bandeja de aço inoxidável (grande, média e pequena);
• Tesoura reta com ponta romba;
• Bandeja de aço inoxidável (grande, média, pequena)
• Maca.
• Notebook ou computador para as salas informatizadas.
• Bobinas reutilizáveis para a conservação dos
imunobiológicos em caixas térmicas.
Observações:
O refrigerador, de compartimento único, deve ter capacidade mínima
para 280 litros, aproximadamente.
– De Consumo:
• Termômetro de máxima e mínima;;
• Termômetro de cabo extensor;;
• Termômetro clínico;;
• Bandeja plástica perfurada;;
• Gelo reciclável;;
• Garrafa plástica com água e corante;
• Caixa térmica para a conservação dos imunobiológicos
nas seguintes situações:
– no dia-a-dia da sala de vacinação;
– no caso de falhas na corrente elétrica;
– para a vacinação extramuros (intensificação, campanha e
bloqueio); e – para o transporte de vacinas.
• Álcool a 70%
• Algodão hidrófilo;;
415
• Recipiente com tampa para algodão;;
• Seringas descartáveis (1ml, 3ml, 5ml e 10 ml);;
• Agulhas descartáveis para uso intradérmico, subcutâneo,
intra-muscular e para diluição;
• Imunobiológicos;
• Campo plástico para vacinação extramuros;
• Caixa especial para coleta de material perfuro-cortante;
• Papel toalha;;
• Depósito para lixo comum, com tampa;;
• Saco plástico para lixo, descartável;;
• Material para o registro das atividades: lápis, caneta,
borracha, carimbo, almofada e outros;
• Sabão liquido.

Observação:
O saco plástico é de cor branca para o lixo hospitalar e de outra cor
para outros tipos de lixo.

Impressos e Manuais:
• Formulários para registro da vacina administrada: cartão ou
caderneta da criança, do adolescente, do adulto, do idoso, da gestante.
• Livro de Registro;
• Mapa Diário de Vacinação (registro imediato);
• Boletim Mensal de Vacinação;
• Boletim de Campanha de Doses Aplicadas de Vacina;

416
• Mapa para Controle Diário da Temperatura do
Refrigerador;
• Ficha de Investigação dos Eventos Adversos Pós-
Vacinação;
• Ficha de Fluxo Imediato de Eventos Adversos Pós-
Vacinação;
• Outros impressos, como o formulário para inutilização
de imunobiológicos;
• Manual técnico operacional de Vacinação do Ministério
da Saúde;
• Quadro com o esquema básico de vacinação;
• Instruções simplificadas quanto às condutas imediatas frente
à alteração de temperatura do(s) refrigerador (es) a ser fixado em
local visível;
• Outros impressos: pareceres técnicos, notas técnicas,
informes técnicos e legislações atualizadas referentes ao PNI.

Descrições:
– Equipe e Funções Básicas:
A equipe é composta, preferencialmente, por um técnico ou auxiliar
de enfermagem, para cada turno de trabalho.
A supervisão e o treinamento em serviço são realizados pelo
enfermeiro. A equipe pode ser ampliada, dependendo da demanda do
serviço de saúde.
São funções da equipe que trabalha na sala de vacinação:
• manter a ordem e a limpeza da sala;
417
• prover, periodicamente, as necessidades de material e de
imunobiológicos;
• manter as condições ideais de conservação dos
imunobiológicos;
• manter os equipamentos em boas condições de
funcionamento;
• encaminhar e dar destino adequado aos imunobiológicos
inutilizados e ao lixo da sala de vacinação;
• orientar e prestar assistência à clientela, com segurança,
responsabilidade e respeito;
• registrar a assistência prestada nos impressos adequados;
• avaliar, sistematicamente, as atividades desenvolvidas.

Início do Trabalho Diário


Antes de dar início às atividades diárias, a equipe executa os
seguintes procedimentos:
• Verificar se a sala está limpa e em ordem;
• Verificar e anotar a temperatura do refrigerador ou
refrigeradores, no mapa de controle diário de temperatura;
• Verificar ou ligar o sistema de ar-condicionado;
• Higienizar as mãos;
• Realizar a limpeza concorrente das superfícies, diariamente,
com água e sabão e em seguida com álcool 70º;

418
• Verificar o prazo de validade dos imunobiológicos,
usando com prioridade aqueles que estiverem com prazo mais
próximo do vencimento;
• Retirar do refrigerador de estoque a quantidade de vacinas
e diluentes necessária ao consumo na jornada de trabalho;
• Colocar as vacinas e os diluentes da jornada de
trabalho na caixa térmica (com gelo reciclável e com o
termômetro) quando a temperatura já estiver adequada;
• Suprir o serviço com os materiais necessários no dia/período.
Triagem
A triagem engloba as seguintes condutas:
• Se o usuário está comparecendo à sala de vacinação pela primeira
vez, abra os documentos padronizados do registro pessoal de
vacinação (cartão ou caderneta de vacinação) ou cadastre o usuário
no SI-PNI.
• No caso de retorno, verificar que vacinas devem ser administradas,
consultando o documento de registro da vacinação (CARTÃO OU
CARDENETA) e a ficha de registro ou o Cartão de Controle;
• Obter informações sobre o estado de saúde da pessoa a
ser vacinada, a fim de observar as indicações e possíveis
contraindicações à administração dos imunobiológicos, evitando as
falsas contraindicações;
• Orientar sobre a importância da vacinação e conclusão do
esquema básico de vacinação;

419
• Fazer o registro da vacina a ser administrada, no
espaço reservado dos documentos de registro:
– o Cartão da Criança, do Adulto, gestante, adolescente ou
idoso carimbando, datando e assinando;
– a Livro de Controle (datando);
– o Mapa Diário de Vacinação (registro imediato);
• Fazer o aprazamento, ou seja, verificar a data de retorno
do cliente para receber nova dose de vacina;
• Administrar o imunobiológico indicado.
Observação:
Nos casos em que for indicada a administração de imunobiológicos
especiais, encaminhar a pessoa para o Centro de Referência de
Imunobiológicos Especiais (CRIE).
Administração de Imunobiológicos
Na administração dos imunobiológicos adotar os seguintes
procedimentos:
• Verificar qual o imunobiológico a ser administrado,
conforme indicado no Cartão ou caderneta;
• Orientar o usuário quanto ao procedimento a ser
realizado;
• Lavar as mãos com água e sabão;
• Examinar o frasco da vacina, observando a aparência da
solução, o estado da embalagem, o prazo de validade, inclusive
pela abertura do frasco, a via de administração, o número do lote e a
dosagem;

420
• Preparar e administrar o imunobiológico segundo a técnica
específica;;• Observar reações imediatas;
• Reforçar as orientações, especialmente a data aprazada
para o retorno;
• Desprezar o material descartável em caixa de
perfurocortante;
• Lavar as mãos.
Observações:
As orientações, além de considerar as especificidades de cada um dos
imunobiológicos, incluem:
– A indicação dos imunobiológicos e, quando for o caso, a
necessidade do retorno na data agendada para receber as demais
doses, ou para receber outros imunobiológicos;
– Os cuidados a serem observados após a administração do
imunobiológico;
– A possível ocorrência de eventos adversos associados à
vacinação e medidas necessárias; – Os cuidados com a guarda do
Cartão da Criança ou de outro documento, bem como a sua
importância como registro do imunobiológico recebido.
Encerramento do trabalho diário
Ao final das atividades do dia, adotar os seguintes procedimentos:
• desprezar os frascos com sobras de vacinas que
ultrapassaram o prazo estabelecido após abertura do frasco e os
frascos de vacina que estejam com o rótulo danificado, na caixa de
pérfuro-cortante ou no recipiente para autoclavação (se indicado);

421
• Retirar da caixa térmica as demais vacinas que podem
ser utilizadas no dia seguinte, recolocando-as no refrigerador de
estoque;
• Proceda à limpeza da caixa térmica, deixando-a seca.
• Verificar e anotar a temperatura do refrigerador no
respectivo Mapa de Controle Diário de Temperatura;
• Guardar todo material, em local limpo e seco, de preferência
em armário fechado;
• Fechar somatórias do boletim diário de vacinação.
Encerramento do trabalho mensal
Ao final das atividades do mês, a equipe de vacinação deve adotar os
seguintes procedimentos:
• Controlar o estoque de insumos e imunobiológicos.
Compete ao técnico de enfermagem:
• Somar as doses administradas, registradas no Mapa Diário
de Vacinação, transferindo para o consolidado do Boletim Mensal
de Doses Aplicadas;
Compete ao enfermeiro:
• Avaliar e calcular o percentual de utilização e perda de
imunobiológicos;
• Avaliar a cobertura vacinal da área de abrangência do
serviço de saúde, junto à equipe;
• Fazer solicitação de insumos e imunobiológicos para o
mês subsequente.

422
16 POP - REGISTRO DAS ATIVIDADES E ARQUIVOS DA
SALA DE VACINAÇÃO

Definição:
Descrição das atividades e arquivamento da sala de vacinação.
Objetivos:
Acompanhar e analisar as doses de vacinas administradas e a
cobertura vacinal.
Responsável:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
Auxiliar de Enfermagem, técnico de enfermagem e Enfermeiro
Materiais:
• Cartão ou caderneta da Criança e do adolescente
• Livro registro
• Cartão do Adulto e do idoso
• Cartão da Gestante
• Boletim Diário de Vacinação
• Boletim Mensal de Doses Aplicadas
• Formulário para Avaliação de imunobiológicos sob suspeita
• Boletim de movimento Mensal de Imunobiológicos e Insumos
• Mapa para Controle Diário de Temperatura
• Ficha de Investigação de Eventos Adversos Pós-Vacinação
Descrição:
– Preenchimento do Cartão de Registro da Vacinação

423
Os dados de identificação registrados no Cartão da Criança e no livro
de registro são copiados da Certidão de Nascimento. O responsável
pelo registro deve copiar da Certidão os seguintes dados: o nome da
criança, a data do nascimento e nome dos pais, registrando-os a
caneta, assim como dados referentes ao parto, peso e apgar que deve
ser copiado do documento hospitalar.
Observações:
• No caso dos dados serem obtidos por meio de informação verbal,
anotar os dados a lápis e aguardar a apresentação de documento para
confirmação e registro a caneta.
• O endereço é anotado a lápis para permitir mudanças posteriores. No
Livro de Registro também é anotado o número da matricula na UBS,
a localização do domicílio, telefone para facilitar por ocasião da
busca de faltosos, principalmente em áreas não urbanizadas como
favelas, invasões, periferias e na área rural e outras referências.
• Os imunobiológicos administrados são registrados a caneta,
incluindo a data (dia, mês e ano), o lote da vacina, a assinatura, além
do carimbo de identificação do serviço de saúde.
• A data do aprazamento (dia, mês e ano) é registrada a lápis,
orientando o usuário ou responsável quanto ao retorno.
Salas Informatizadas: alimentar o sistema de informação,
atualizando os registros anteriores e a vacina administrada.
Arquivo da Sala de Vacinação: O arquivo da sala de vacinação é o
local destinado à guarda e à classificação dos impressos utilizados
para o registro das atividades, com o objetivo de:

424
• Centralizar todos os dados registrados;
• Controlar o comparecimento da clientela à vacinação;
• Identificar e possibilitar a convocação dos faltosos à vacinação;
• Disponibilizar informações para o monitoramento e avaliação das
atividades.
São também arquivados na sala de vacinação, em pastas com
identificação:
1. Os formulários utilizados para o registro das informações sobre os
imunobiológicos estocados, recebidos (notas), distribuídos,
remanejados ou devolvidos;
2. O controle diário da temperatura;
3. O registro diário de vacinação;
4. O registro mensal.
Busca de Faltosos
A busca de faltosos deverá ser feita mensalmente, através da Equipe
Saúde da Família ou de acordo com as possibilidades da equipe de
saúde. Para fazer a busca deve-se adotar, entre outros, os seguintes
mecanismos ou estratégias:
• Ir à casa do faltoso (visita domiciliar);
• Fazer ligação ao telefone de contato do responsável;
• Alertar por meio de alto-falantes volantes ou fixos (em feiras, por
exemplo), em programas de rádio, nas igrejas, escolas, ou por meio
dos grupos e organizações da comunidade, a necessidade de manter
a vacinação em dia.
• Colocar listagens de faltosos na porta do serviço de saúde ou
em locais de movimento na comunidade.

425
17 POP - LIMPEZA NA SALA DE VACINAÇÃO

Definição
Descrição da técnica e periodicidade de limpeza na sala de vacinação
Objetivos
• prevenir infecções cruzadas;
• proporcionar conforto e segurança à clientela e à equipe de
trabalho;
• manter um ambiente limpo e agradável.
Responsável:
Administrador e enfermeiro
Execução do procedimento: Auxiliar de serviços
Materiais
• Balde (2 a 10 litros);
• Calçado fechado;
• Desinfetante (hipoclorito de sódio a 1%, água sanitária), se
necessário;
• Escova de mão;
• Esponja;
• Luva para limpeza;
• Pano de chão (limpos);
• Pano de limpeza;
• Pá para lixo;
• Rodo;
• Sabão líquido;

426
• Saco descartável para lixo;

Descrição:
A limpeza da sala de vacinação é feita diariamente, no final do turno
de trabalho, e sempre que necessário.
Uma vez por semana o chão é lavado com água e sabão.
A limpeza terminal deve ser feita quinzenalmente, quando, então, são
limpos o teto, as paredes, as janelas, as luminárias, as lâmpadas e as
portas. Para executar a limpeza da sala de vacinação, o funcionário
deve:
• Estar uniformizado e com os equipamentos de proteção
individual necessário (luvas e calçados);
• Lavar as mãos;
• Calçar as luvas para iniciar a limpeza;
• Organizar os materiais necessários;
• Recolher o lixo do cesto, fechando o saco corretamente, e a caixa de
perfuro-cortante (já fechada adequadamente por um profissional da
enfermagem).

Observação:
• O saco de lixo é descartável e nunca deve ser reutilizado;
• Todo resíduo infectante a ser transportado é acondicionado em saco
plástico branco e impermeável;
• Para garantir a segurança não misturar os vários tipos de lixo;

427
• Fechar e vedar completamente os sacos plásticos antes de encaminhá-
los para o transporte.
• Limpar os cestos de lixo com pano úmido;
• Iniciar a limpeza pelo teto;
• Limpar as luminárias lavá-las com sabão, secando-as em seguida;
• Limpar janelas, vitrôs e esquadrias internas e externas com pano
úmido e finalizar com pano seco;
• Limpar as paredes e os interruptores de luz com pano úmido;
• Lavar as pias e torneiras com esponja, água e sabão, enxaguar e secar;
• Limpar o chão com pano úmido e, em seguida, passar pano seco.
• Não varrer o chão para evitar a dispersão do pó no ambiente.
• Fazer a limpeza do fundo para a saída, tantas vezes quantas forem
necessárias, até que o ambiente fique limpo (três vezes no mínimo).

428
18 POP - SETOR DE MEDICAÇÃO

Definição:
É a organização do setor de medicação visando à realização dos
procedimentos com qualidade e segurança.
Objetivos:
Organizar o setor de forma a garantir a qualidade e a continuidade do
tratamento prescrito.
Responsável:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
Auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem e enfermeiro.
Materiais:
1. Medicamentos
2. Seringas
3. Agulhas
4. Escalpes
5. Algodão
6. Álcool a 70%
7. Garrote (tubo de látex)
8. Cuba rim
9. Equipo (macro e micro gotas)
10. Suporte de soro
11. Braçadeira
12. Sabão liquido

429
13. Esparadrapo/micropore
14. Caixa para descarte de material perfuro cortante
15. Divã
16. Escada 02 degraus
17. Torpedo de oxigênio para transporte
18. Caixa de emergência
19. Aspirador
20. Tábua
21. Esfigmomanômetro
22. Estetoscópio
23. Equipamentos / materiais de emergência
Descrição:
1. Fazer limpeza concorrente do setor de medicação diariamente com
água, sabão e álcool a 70% nas superfícies;
2. Realizar a limpeza dos armários e gabinetes semanalmente com
solução alcoólica a 70%, mantendo o local limpo e organizado;
3. Verificar a existência e a quantidade de materiais e medicamentos e
fazer a reposição, se necessário, conforme padrão estabelecido;
4. Checar conforme lista de padronização, que deve estar afixada no
local, os medicamentos e materiais da assistência em emergência,
semanalmente;
5. Testar diariamente os equipamentos de emergência;
6. Realizar semanalmente a lavagem das almotolias com água e sabão.
Realizar a secagem e fazer a desinfecção na solução de hipoclorito

430
de sódio a 0,5% por 30 minutos. Acondicionar as almotolias em
recipiente tampado, após a secagem;
7. Preencher as almotolias com volume mínimo de solução e sua
reposição deverá ser semanal;
8. Levantar semanalmente a validade das medicações, utilizando
primeiramente aqueles com menor prazo de validade;
9. Manter-se atento as especificações do fabricante quanto à utilização
da caixa para perfuro cortante, para não haver sobrecarga desta
capacidade;
10. Atentar para as normas de biossegurança, não realizar o reencape das
agulhas.
Observação: A solução de hipoclorito de sódio para desinfecção das
almotolias deverá ser trocada a cada 6 horas, devido a sua
instabilidade.

431
19 POP - SALA DE EXPURGO

Definição:
É a descrição sistematizada das atividades de higienização e
organização da sala de expurgo.
Objetivo:
Manter o ambiente limpo e organizado para execução das etapas de
recepção, higienização, descontaminação ou esterilização de artigos
contaminados visando à prevenção e controle das Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).
Responsável pela supervisão:
Enfermeiro
Responsável pela execução do procedimento:
Auxiliar e técnico de enfermagem
Materiais:
1. Sabão líquido ou solução desincrostante (detergente enzimático)
2. Álcool a 70%
3. EPI (avental impermeável, luva de borracha cano longo, sapatos
fechados impermeáveis e óculos protetor)
4. Esponjas
5. Escovas
6. Papel toalha
7. Pia ou tanque
8. Mesa auxiliar ou bancada
9. Recipiente plástico com tampa

432
10. Saco plástico de lixo azul e branco (até 20 litros)
Descrição:
1. Fazer limpeza concorrente diariamente da sala de expurgo com água
e sabão. Na presença de sangue, excreção ou secreção deverá ser feita
a desinfecção com hipoclorito de sódio a 1%, deixando agir por 10
minutos e se necessário fazer fricção mecânica com esponja, escova
ou vassoura;
2. Manter a sala limpa e organizada;
3. Recolher ao término de cada turno todos os artigos utilizados na
rotina de serviço da unidade para processo de lavagem, desinfecção
e esterilização dos artigos críticos inclusive instrumental
odontológico;
4. Os resíduos (lixo) devem ser segregados e acondicionados
corretamente, sendo transportados em recipiente adequado, nunca
ultrapassando 2/3 da sua capacidade, o saco plástico deve ser fechado
com nó e levado imediatamente à sala de resíduos ou lixeira;
5. Remover os resíduos observando a periodicidade e horários de
acordo com a necessidade do serviço;
6. Limpar e desinfectar imediatamente a área no caso de rompimento
do saco de lixo;
7. Observar as normas de separação de materiais;
8. Higienizar as mãos ainda enluvadas removendo o excesso de
contaminação para posterior higienização das luvas;
9. Retirar os EPI´s na sala, higienizá-los e mantê-los em local
apropriado para secagem;

433
10. Higienizar as mãos.

OBSERVAÇÃO:
1. Nas unidades onde não exista sala específica para lavagem do
material contaminado, adequar a rotina ás condições locais.
2. O expurgo deve ser separado da sala de esterilização.

434
20 POP - PREPARO DO MATERIAL OU INSTRUMENTAL

Definição:
É a sistematização do preparo do instrumental ou material em
embalagem adequada para proceder a esterilização.
Objetivos:
Prevenir e ou controlar as Infecções Relacionadas a Assistência à
Saúde (IRAS)
Responsável para Supervisão:
Enfermeiro
Responsável pelo procedimento:
Auxiliar e técnico de enfermagem
Materiais:
1. Papel grau cirúrgico
2. Tesoura
3. Fita teste
4. Seladora, em caso de papel cirúrgico
5. Detergente enzimático
6. Compressa
7. Escova e esponja
Descrição do Procedimento:
• Imergir em solução desincrostante (limpador enzimático) por 02 a 05

minutos;
• Fazer fricção mecânica;

• Enxaguar abundantemente em água corrente;

435
• Enxugar com Compressa;

• Embalar e identificar adequadamente o material (data, tipo de material,

rubrica do responsável pelo preparo)


• Transportar o material para a sala de esterilização

Observações:
• Substituir o instrumental danificado

• Observar a compatibilidade do processo a ser utilizado e o artigo

• Utilizar o processo de esterilização para os artigos críticos e

semicríticos (maior risco de infecção).

436
• 21 POP - SALA DE ESTERILIZAÇÃO

Definição:
É a sistematização das etapas que irão viabilizar a esterilização
utilizando agentes físicos ou químicos.
Objetivos:
Garantir o atendimento ao cliente com segurança e qualidade.
Responsável pela Supervisão:
Enfermeiro
Responsável pelo procedimento:
Auxiliar e técnico de enfermagem
Materiais:
1. Autoclave;
2. Integradores químicos e biológicos;
3. Estufa;
4. Armário para armazenamento e estocagem;
5. Mesa auxiliar;
6. Incubadoras.
Descrição da Rotina:
1. Fazer diariamente a limpeza concorrente da sala de
esterilização com água e sabão, em seguida passar álcool a 70% nas
superfícies.
2. Manter a sala limpa e organizada;
3. Checar o funcionamento da autoclave;

437
4. Proceder diariamente a limpeza interna e externa da autoclave
com água e sabão neutro e em seguida pano úmido;.
5. Proceder semanalmente a rotina de monitoramento da
autoclave teste biológico
(ATTEST)e diariamente com os indicadores químicos;
6. A unidade deverá manter datados, assinados e arquivados, os
indicadores químicos utilizados;
7. Se os indicadores não apresentarem resultados positivos para o
processo de esterilização, não considerar os artigos estéreis e
providenciar a revisão do processo e manutenção da autoclave;
8. Checar a validade do agente químico padronizado;
9. Proceder a limpeza terminal da autoclave conforme
especificações do fabricante.
Descrição do procedimento:
1. Colocar na autoclave artigo embalado e identificado
adequadamente;
2. Dispor os pacotes dentro da câmara, deixando espaço entre eles
para facilitar a drenagem do ar e a penetração do vapor;
3. Colocar pacotes mais leves sobre os mais pesados;
4. Evitar encostar os pacotes nas paredes da câmara;
5. Utilizar até 2/3 de capacidade do aparelho evitando sobrecarga;
6. Colocar bacias e cubas em posição horizontal;
7. Realizar os testes com indicadores biológicos e químicos
conforme especificações;

438
8. Ligar o aparelho conforme instruções do fabricante, fixadas em
local de fácil acesso; Aguardar o ciclo de esterilização, observando se
a temperatura e pressão corretas foram atingidas;
9. Terminado o ciclo e após o manômetro ter indicado ausência
total de pressão, entreabrir a porta por 10 minutos ou conforme
orientação do fabricante.
10. Realizar a higienização das mãos para retirar os artigos estéreis
da câmara;
11. Não colocar os pacotes quentes em superfícies frias, para evitar
a condensação do vapor que ainda resta dentro deles,
12. Verificar a integridade dos pacotes;
13. Datar e assinar os pacotes após processo de esterilização;
14. Estocar os materiais esterilizados em local fechado e sem
presença de umidade;
15. Armazenar o material sendo que os artigos com vencimento
mais breve deverão ser colocado na frente daqueles cujo prazo de
validade for maior (prazo máximo de validade 07 dias);
16. Armazenar somente materiais que tenham sido identificados
corretamente;
17. Manter os pacotes íntegros e secos e não misturar com artigos
não estéreis.

439
22 POP - LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES

Definição:
É a padronização das etapas para a realização dos procedimentos de
limpeza e desinfecção de superfícies Relacionadas à Assistência à
Saúde.
Objetivos:
Definir a execução e a periodicidade do procedimento para garantir
o atendimento seguro ao cliente e ao profissional.
Responsável pela Supervisão:
Enfermeiro
Responsável pelo procedimento:
Auxiliar e técnico de enfermagem
Materiais:
1. Água
2. 03 Panos limpos
3. Luva de borracha
4. Álcool a 70%
5. (Hipoclorito de sódio 1% ) para utensílios com secreção)
6. Sabão líquido
7. Balde
8. Papel toalha
Descrição da limpeza da superfície sem secreção:
1. Preparar o material de acordo com o procedimento (balde,
água, sabão e etc);
2. Calçar as luvas de borracha;
440
3. Umedecer um pano limpo em solução de água e sabão e
realizar a limpeza com bastante pressão utilizando sempre o mesmo
sentido, de uma extremidade para outra e do mais alto para o mais
baixo;
4. Umedecer um pano limpo em água limpa e realizar a retirada
do sabão respeitando as orientações acima;
5. Realizar a secagem com um pano limpo e seco;
6. Higienizar as mãos;
Descrição da desinfecção:
1. Preparar o material para a desinfecção após a limpeza de
acordo com o procedimento:
- Superfície sem secreção - Álcool a 70% e pano limpo;
- Superfície com secreção – Hipoclorito de sódio a 1%, papel
toalha e pano limpo.
2. Calçar as luvas:
3. Para superfície com secreção proceder a retirada da mesma
com papel toalha;
4. Colocar o hipoclorito de sódio 1% no local onde estava a
secreção. Aguardar 10 minutos e proceder á limpeza conforme
descrito acima,
5. Proceder a limpeza com água e sabão - conforme as
orientações acima;
6. Realizar a desinfecção das superfícies antes de iniciar o turno
de trabalho;
7. Recolher os panos de limpeza e fazer a higienização ou
encaminhar para lavanderia:
8. Higienizar as mãos.

441
23 POP - RECEBIMENTO DE MATERIAL
CONTAMINANTE, INFECTANTE E PERFUROCORTANTE
DE USO DOMICILIAR

Definição:
Estabelecer nas Unidades de Saúde, o fluxo de recebimento do
material dejeto residencial (contaminantes, infectantes e
perfurocortantes) dos pacientes portadores de diabetes e insulino-
dependentes.
Objetivos:
Oferecer destino adequado para o material contaminado e segundo
Normas de Biossegurança.
Responsáveis:
Todos os profissionais de saúde e usuários.
Execução do procedimento:
Todos os usuários que necessitarem deste serviço
Materiais:
1. Frascos de parede rígida com tampa
Descrição do procedimento:
–A UBS deverá:
1. Orientar o usuário quanto à devolução dos resíduos
domiciliares infectantes, perfurocortantes de uso do portador de
diabetes (seringas, agulhas, algodão e fitas de glicemia) quando da
sua ida à Unidade Básica de Saúde de sua área de abrangência;
2. Orientar o usuário a entregar o material infectante em
recipiente de plástico rígido, com tampa rosqueada e preenchido
apenas 2/3 de sua capacidade;
3. Receber os frascos dos pacientes e acondicionar em local
apropriado (saco plástico branco de lixo e lixeira hospitalar).

442
24 POP - SETOR DE COLETA DE EXAMES
LABORATORIAIS

Definição:
È a organização do fluxo dos exames de laboratório na Unidade de
Saúde.
Objetivos:
Definir a organização do setor necessária à adaptação das
características locais da UBS, equação de funcionários, dinâmica de
rotinas, supervisão sistematizada na manutenção da qualidade e
integridade do material biológico.
Responsáveis:
Enfermeiro
Execução do procedimento:
Auxiliar, técnico de enfermagem e enfermeiro
Materiais:
1. Tubos para coleta de exames
2. Agulhas para a coleta a vácuo
3. Scalpes
4. Garrote
5. Seringas
6. Algodão
7. Álcool 70%
8. Adaptador para coleta à vácuo
9. Caixa de isopor
10. Gelox

443
11. Braçadeira
12. Caixa de descarte para material perfuro-cortante
13. Fita adesiva
14. Etiquetas para identificação
154. Luvas de procedimento
16. Impressos/caderno para registro
17. Grade para suporte dos tubos
18. Coletor Universal
19. Esparadrapo
20. Papel Lençol
21. Sacos de lixo branco
22. Papel toalha
23. Sabão líquido
Descrição do procedimento:
1. Preparar a sala que será usada, no dia anterior ao da coleta,
organizando e abastecendo de materiais necessários; o que deverá ser
feito pelo auxiliar de enfermagem;
2. Receber o usuário, checando o preparo adequado para o
exame; levantando o rol de exames a serem realizados e orientando
para os procedimentos;
3. Registrar os exames em impressos ou cadernos destinados
para tal;
4. Receber materiais coletados (fezes, urina e escarro)
identificando-os e armazenando nas caixas do laboratório;

444
5. Identificar os tubos para a coleta de exames (bioquímica,
sorologia, hematologia e outros), relacionando a quantidade de
exames/tubos;
6. Receber o usuário no setor de coleta de sangue, orientar o
procedimento a ser realizado, checando se os tubos estão
corretamente identificados;
7. Colher o material segundo técnica específica;
8. Realizar as coletas domiciliares de acordo com a rotina
estabelecida na Unidade de Saúde; 9. Acondicionar os tubos após a
coleta, em recipiente próprio para o transporte ao laboratório e
conferi-los;
10. Realizar o descarte de material perfurocortante, respeitando
as normas de biossegurança;
11. Afixar em local de fácil acesso aos funcionários as
normatizações de encaminhamento às Unidades de Referência, em
caso de acidente biológico;
12. Checar o retorno dos resultados dos exames em caderno
próprio de registro; não esquecendo de anotar exames não realizados,
realizados de forma indevida, etc;
Observações:
• Macas, cadeiras e braçadeiras devem ser mantidas
limpas, e deve-se providenciar sua imediata descontaminação caso
ocorra contaminação com material biológico (desinfecção com água
sanitária ou hipoclorito a 1%);
• Os resíduos gerados no posto de coleta deverão ser
segregados de acordo com as normas de biossegurança;
445
• O acondicionamento bem feito e o preparo correto
da amostra permite a qualidade da análise;
• As amostras devem ser protegidas da exposição da luz
solar, quando a técnica assim exigir, por exemplo, na determinação
de bilirrubinas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº 7498, 25 de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a


regulamentação do exercício de enfermagem.

BRASIL. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a


Lei nº. 7498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício
de enfermagem, e dá outras providências.

BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução


358 de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da
Assistência de Enfermagem. Brasília-DF, 2009.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).


Higienização das Mãos em Serviços de Saúde. Brasília: ANVISA.
2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Normas e


Procedimentos para Vacinação. Brasília: Ministério da Saúde.
2014.
446
BRASIL. Ministério da Saúde. Controle dos Cânceres do Colo de
Útero e de Mama. Brasília: Ministério da Saúde. 2013. Caderno de
Atenção Básica n. 13.

BRASIL. Ministério da Saúde. Hipertensão Arterial Sistêmica.


Brasília: Ministério da Saúde. 2006. Caderno de Atenção Básica n.
37.

BRASIL. Ministério da Saúde. Rastreamento. Brasília: Ministério


da Saúde. 2010. Cadernos de Atenção Primária, n. 29.

Brasil. Ministério da Saúde. Atenção à demanda espontânea na


APS. Brasília: Ministério da Saúde. 2010. Cadernos de Atenção
Primária, n. 28.

SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo. Manual


Técnico: normatização das rotinas e procedimentos de
enfermagem nas Unidades Básicas de Saúde. São Paulo: Secretaria
Municipal da Saúde, 2006.

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ANEXO A – PORTARIA Nº 1.294
PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA
FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE

PORTARIA Nº 1.294, DE 02 DE OUTUBRO 2012.

Institui o Protocolo de Enfermagem na Atenção Básica de Saúde


e Ambulatórios do Município de Teresina - Fundação Municipal
de Saúde e dá outras providências.
Considerando o disposto no art, 11, inciso II, alínea “c”, da Lei
nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a
regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras
providências.
Considerando o disposto no art, 8º, inciso II, alínea “c”, do
Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987, que regulamenta a Lei
nº 7.498/86.
Considerando o disposto na Resolução COFEN nº 358/2009, que
trata da Sistematização da Assistência de Enfermagem/Processo de
Enfermagem.
Considerando o disposto na Portaria Ministerial nº 2.488, de 21 de
outubro de 2011, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica,
estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da
Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e Equipes
de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), dentre outros.
Considerando o disposto no Decreto nº 7.508, de 28 de junho de
2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990,
para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS), o

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planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação
interfederativa, e dá outras providências.
Considerando os “Cadernos de Atenção Básica” instituídos pelo
Ministério da Saúde (MS), e os manuais e portarias normativas do
Ministério que tratam da Atenção Básica de Saúde (ABS).
Considerando que o enfermeiro é preparado e tem lei de exercício
profissional que o respalda, garantindo ao usuário ser assistido com
segurança e qualidade, evitando uso indevido de medicamento e
consequências nocivas a sua saúde.
Considerando a necessidade de organizar a Atenção Básica de Saúde
de Teresina com garantia de um cuidado integral, da clínica ampliada
e da integração da equipe de Saúde da Família.
Considerando a importância e resolutividade do trabalho do
profissional enfermeiro no âmbito do SUS, e como membro da
equipe de saúde, faz-se necessário normatizar as atividades dos
enfermeiros nos programas de saúde pública e ambulatórios da rede
municipal de saúde, e já previsto em Lei.
Considerando a necessidade de apoiar ações e atividades de
promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, reabilitação e
recuperação da saúde, e de facilitar e ampliar o acesso da população
aos serviços de saúde pública.
RESOLVE:
Art. 1º - Normatizar, no âmbito da Fundação Municipal de Saúde /
Sistema Único de
Saúde, o Protocolo de Enfermagem na Atenção Básica de Saúde
e Ambulatórios do Município de Teresina.
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Art. 2º - Ficam os profissionais enfermeiros por ocasião da Consulta
de Enfermagem autorizados a prescrever e transcrever
medicamentos, solicitar exames laboratoriais e radiológicos
complementares padronizados nos Programas de Saúde Pública
fixados pelo Ministério da Saúde, pelos Programas Municipais e/ou
neste Protocolo de Enfermagem instituído.
Art.3º- Ficam os profissionais enfermeiros autorizados também, a
prescrever outros medicamentos de uso nas Unidades Básicas de
Saúde e serviços da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de
Teresina, e que são estabelecidos no Protocolo de Enfermagem
Municipal.
Parágrafo único - Os itens que tratam este artigo referem-se à
prescrição de antipiréticos e analgésicos, visto que o uso indevido
traz risco à população e podem ser adquiridos em qualquer drogaria
e farmácias sem nenhum controle ou prescrição médica.
Art.4º - Os medicamentos referidos no Protocolo de Enfermagem
Municipal são de uso no SUS/MS e estão listados na Relação
Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME) e caso haja mudanças, a referência será sempre o
RENAME vigente e a ANVISA, visto atualização do protocolo.
Art.5º - Para atender ao Protocolo de Enfermagem Municipal,
quanto a questão da marcação de encaminhamentos e exames
solicitados pelo enfermeiro na Consulta de Enfermagem, a
Coordenação de Gestão do Serviço Único de Saúde (CGSUS)/FMS
promoverá adequação da rede SUS de Teresina e Central de
Marcação de Consultas básicas e especializadas(médicas), de modo
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a garantir o encaminhamento do usuário para especialidades médicas
e para outros profissionais de saúde, no âmbito do SUS e Prefeitura
Municipal de Teresina/FMS.
Parágrafo único - A Central de Regulação de Consultas do Município
de Teresina deverá se organizar para atender a demanda de
encaminhamentos para especialidades médicas e outras, feita pelo
enfermeiro, sejam elas nas unidades municipais, estaduais, federais
e/ou privadas conveniadas com SUS de Teresina.
Art.6º - Fica autorizado o recebimento de medicamentos, prescritos
e/ou transcritos pelo enfermeiro e padronizados nos Programas de
Saúde Pública/MS, pela rede de farmácias conveniadas com SUS de
Teresina.
Art.7º - Fica parcialmente revogada a Portaria/PRES/FMS nº 284/92,
28 de dezembro de 1992, apenas nos itens que tratam da atuação do
enfermeiro (Consulta de Enfermagem) na atenção básica e a nível
ambulatorial.
Art.8º - Revogadas as disposições em contrário, a presente portaria
entrará em vigor nesta data.
Publique-se e cumpra-se.
Teresina, 02 de outubro de 2012.
JOÃO RODRIGUES FILHO
PRESIDENTE DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE
TIAGO DE SOUSA MACEDO
SUPERINTENDENTE DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE
SAÚDE

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