Segundo o professor Rui de Souza Josgrilberg, no livro Nós e a Missão, “A missão é a
razão principal da existência da comunidade de fé... Tudo o que se faz na comunidade é
feito em função da Missão.” Neste sentido, toda a ação da Igreja, seus planejamentos e
objetivos devem girar em torno da missão.
Para facilitar a compreensão do seu objetivo missionário, algumas comunidades de fé
têm o costume de elaborar uma declaração de propósitos. Esta declaração de propósitos
tem a finalidade de nort
Segundo o professor Rui de Souza Josgrilberg, no livro Nós e a Missão, “A missão é a
razão principal da existência da comunidade de fé... Tudo o que se faz na comunidade é
feito em função da Missão.” Neste sentido, toda a ação da Igreja, seus planejamentos e
objetivos devem girar em torno da missão.
Para facilitar a compreensão do seu objetivo missionário, algumas comunidades de fé
têm o costume de elaborar uma declaração de propósitos. Esta declaração de propósitos
tem a finalidade de nort
Segundo o professor Rui de Souza Josgrilberg, no livro Nós e a Missão, “A missão é a
razão principal da existência da comunidade de fé... Tudo o que se faz na comunidade é
feito em função da Missão.” Neste sentido, toda a ação da Igreja, seus planejamentos e
objetivos devem girar em torno da missão.
Para facilitar a compreensão do seu objetivo missionário, algumas comunidades de fé
têm o costume de elaborar uma declaração de propósitos. Esta declaração de propósitos
tem a finalidade de nort
Segundo o professor Rui de Souza Josgrilberg, no livro Nós e a Missão, “A missão é a
razão principal da existência da comunidade de fé... Tudo o que se faz na comunidade é
feito em função da Missão.” Neste sentido, toda a ação da Igreja, seus planejamentos e
objetivos devem girar em torno da missão.
Para facilitar a compreensão do seu objetivo missionário, algumas comunidades de fé
têm o costume de elaborar uma declaração de propósitos. Esta declaração de propósitos
tem a finalidade de nort
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O QUE É MISSÃO?
Produzido pelo Pr. Genildison da Silva Ribeiro, ex-aluno da FaTeo (formandos de
1999), pastor da 4ª Região Eclesiástica da Igreja Metodista (MG/ES) Segundo o professor Rui de Souza Josgrilberg, no livro Nós e a Missão, “A missão é a razão principal da existência da comunidade de fé... Tudo o que se faz na comunidade é feito em função da Missão.” Neste sentido, toda a ação da Igreja, seus planejamentos e objetivos devem girar em torno da missão. Para facilitar a compreensão do seu objetivo missionário, algumas comunidades de fé têm o costume de elaborar uma declaração de propósitos. Esta declaração de propósitos tem a finalidade de nortear os projetos e a forma da igreja agir, ela também tem a finalidade de facilitar a compreensão dos seus membros quanto ao objetivo principal de sua existência. Neste caso, todos os projetos, teologia e ação da Igreja devem girar em torno desta declaração de propósitos. O Deus missionário que aparece de Gênesis a Apocalipse em nossas Bíblias, é sempre aquele que vem até nós, nos transforma pelo seu poder restaurador e por fim nos envia. Não dá pra fugir desta dinâmica. Envolver-se com o Deus da Bíblia significa estar sujeito e disposto ao envio missionário. “Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Ex 3. 10). Biblicamente e teologicamente, não dá pra envolver-se com aquele que é o Grande Missionário e não ser influenciado ou impactado pelo amor à missão. Entender o significado Bíblico, Teológico e Prático da missão é de vital importância para nós, especialmente neste curso, para entendermos o que de fato significa Evangelizar. Segundo consta num dos nossos documentos (PVMI): “A Evangelização, como parte da Missão, é encarnar o amor Divino nas formas mais diversas da realidade humana, para que Jesus Cristo seja confessado como Senhor, Salvador, Libertador e Reconciliador. A Evangelização sinaliza e comunica o amor de Deus na vida humana e na sociedade através de adoração, proclamação, testemunho e serviço” (grifo meu). Segundo o Plano para Vida e Missão da Igreja, a Evangelização é apenas uma parte da missão, ela não é a missão, a missão é algo bem mais abrangente, maior. De certa forma, a Evangelização é um agente da missão, e para que este agente desempenhe sua tarefa adequadamente, é preciso que nós compreendamos o verdadeiro sentido da missão. Para isso, eu gostaria de extrair alguns fatores que são importantes para o nosso estudo baseado na experiência de Moisés com Deus: Êxodo capítulo 3 e 4. 1- Deus vai Sempre ser o Missionário por Excelência A missão vai ter sempre o seu início naquele que é o missionário por excelência, o próprio Deus. Neste caso, precisamos entender com clareza que “a missão é anterior ao povo de Israel e a Igreja; ela começou com Deus em sua interação de Criador e com o seu amor”. A missão nasce então, do envolvimento de Deus com sua criação, trata-se de um envolvimento profundo, um envolvimento de amor cuja finalidade é a promoção do ser humano. O que deve mover o ardor missionário e com ele a evangelização, não é o desejo de encher a igreja de membros, mas o amor pelas almas associado ao desejo de promovê-las. Isto é, elevar seu nível e qualidade de vida. Trata-se aqui de pensarmos em missão num sentido integral, cuja finalidade é a promoção total do ser humano, envolvendo-o e transformando-o no âmbito religioso, social, político, étnico e ético. Quando analisamos a Palavra de Deus, nela nós percebemos que o primeiro gesto missionário de Deus aconteceu na criação. Depois de ter criado todas as coisas através da Palavra. Deus decide criar o ser humano. Mas esta criação se dá de forma especial. O texto bíblico nos diz: “façamos o homem...” (Gn 1. 27). Este ser humano foi feito. Não de qualquer forma, mas muito bem trabalhado... À imagem de Deus... Ao criar o ser humano, de forma única e especial, do barro, Deus estava envolvendo-se com ele no sentido de promovê-lo. Na criação, Deus tem suas mãos envolvidas pela humanidade e a humanidade é envolvida pelas mãos de Deus. Paulo também utiliza uma expressão que é interessante no grego: “Pois somos feitura dele...” poiema (feitura) trata-se de uma palavra bem sugestiva, que nos remete a um tipo de criação realizada num momento de profundo amor ou inspiração, quase um poema. Participar da missão significa participar ao lado de Deus de sua intenção de promover e amar o ser humano. Neste sentido, a missão da Igreja e ao seu lado a evangelização, vão ser sempre um movimento voltado para a promoção da vida e da dignidade do ser humano no seu mais alto nível. Neste caso, a evangelização não acontece apenas no âmbito pessoal, individual, mas ela alcança: A cultura; A política; A ética e a moral. A Igreja é conclamada por Jesus a ser sal a luz no “mundo”. Ela é desafiada a transformar não somente as pessoas, mas o meio em que a Igreja e cada pessoa está inserida. 2 - Participar da Missão Implica num Despertamento e num Encontro com o Deus Missionário Nós poderíamos dividir a vida de Moisés em três fases importantes: 1ª fase: seu nascimento e criação no Egito; 2ª fase: descoberta de sua identidade israelita, a morte do Egípcio e a fuga para o deserto de Mídiã, ali ele vive por aproximadamente 40 anos; 3ª fase: o encontro com Javé e o envolvimento no projeto de libertação do povo (Êxodo) Gostaria de chamar a atenção de todos para a 2ª e 3ª fase da vida de Moisés. A descoberta da identidade Israelita de Moisés Moisés é o grande líder de Israel, e o movimento liderado por ele, o Êxodo, constitui-se na base de toda a formação teológica do povo de Israel. Após uns 40 anos de vida, sob o cuidado da realeza egípcia, Moisés descobre que é um filho adotado, e que o seu verdadeiro povo era o povo que estava sendo oprimido ali no Egito. Os israelitas eram seus verdadeiros irmãos e irmãs, gente de sua gente... Esta descoberta o fez sentir algo diferente, a ponto dele levantar-se contra um dos soldados de faraó e mata-lo (Ex 2. 11-12) para defender um israelita. O envolvimento missionário surge quando descobrimos que o outro é gente de nossa gente. O relato diz que o feito foi descoberto, Moisés foge para Midiã e ali fica cerca de 40 anos. Durante todo esse tempo Moisés não se lembrou ou não se preocupou com a situação do seu povo. Entretanto, tudo mudou em sua vida a partir do momento em que ele teve seu despertamento através do encontro com Javé. Foi justamente a partir do seu encontro com Deus que Moisés aceita o desafio e se envolve plenamente com a Missão. Moisés nos ensina duas lições: Envolvimento com a missão sem envolvimento com Deus não perdura: Acho que a grande dificuldade da Igreja e de muitos em diversos momentos reside nesta questão. Nós descobrimos que aqueles que estão oprimidos são nossos irmãos e irmãs, ficamos revoltados e interessados em ajudar, nos envolvemos por um breve momento. Mas em meio aos desafios fugimos nos acomodamos e nos esquecemos. Nesta fase de sua vida Moisés ainda não conhecia a Javé. Participar plenamente da missão implica num encontro com Javé: Foi no encontro com Deus que Moisés se envolveu definitivamente com a missão. Foi no diálogo com Javé que Moisés redescobriu que o seu povo ficara no Egito. E que era preciso retornar e participar do movimento de libertação do povo. 3- A Missão Exige Envolvimento Pleno Não é possível fazer missão sem se envolver plenamente na missão. Moisés teve de voltar para o Egito. Ele não podia fazer missão em Midiã. Nós nos enganamos quando pensamos que é possível fazer missão sem sair da Igreja. A missão, e associada a ela, a evangelização deve acontecer onde o povo oprimido está. A missão não acontece dentro da Igreja, mas no mundo. No lugar onde o povo oprimido levanta o seu clamor. Este tipo de envolvimento pleno é-nos demonstrado pelo próprio Deus: No ato da criação: ao moldar o ser humano no barro: Deus se mistura à nossa humanidade e a nossa humanidade se mistura com Deus; Esta mistura ganha seu ápice na Encarnação do Verbo ( Jesus); Nos verbos apresentados a Moisés: Eu vi a aflição do meu povo; Eu ouvi o seu clamor; Eu desci pra livrá-lo da mão dos seus exatores. Sem um envolvimento pleno não há possibilidade da realização da missão. E nós devemos ter em mente que, em primeiro lugar, este envolvimento pleno parte do próprio Deus. E o nosso envolvimento é motivado pela certeza que Deus já está envolvido no projeto de libertação do ser humano; Ele desceu para promover o livramento, ou à luz do Evangelho de João: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós...” (Jo 1. 14). O Deus da Bíblia vai ser sempre conhecido como uma presença viva “Eu estou porque Estou” (Ex 3. 14). A Igreja precisa redescobrir o Deus do Êxodo (Javé) e o Deus Encarnado (Jesus). Algo que tem me preocupado muito nos últimos dias, especialmente refletindo mais sobre a missão e a evangelização, é o fato de que uma boa parte da teologia que é pregada, ensinada e cantada em nossas comunidades de fé fala ou transmite a idéia de um Deus puramente transcendente. Embora a transcendência seja sempre um elemento característico de Deus. O apóstolo Paulo canta esta inacessibilidade profunda em sua carta aos Romanos: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos”(Rm 11. 33). É preciso termos em mente que este Deus inacessível em sua transcendência se fez carne e habitou entre nós. Ele assumiu nossa humanidade para nos revestir de sua divindade. Ficar preso ou enfatizar apenas a transcendência de Deus em muitos casos significa tirar Deus do nosso meio e aprisioná-lo no céu. É muito bom cantarmos com a Ana Paula Valadão: “Quero subir, ao monte santo de Sião e entoar um novo cântico ao meu Deus”. Mas também é preciso cantar: Quero descer do monte santo de Sião e encontrar o povo do Senhor... No Egito. Porque Javé ouviu o seu clamor e desceu do monte de Sião para livrá-lo da mão dos seus exatores. Este tipo de teologia que nos tem sido ensinada é comodista e não reflete a vontade e o desejo de Deus. O encontro com o Senhor no monte é necessário, mas para nos revelar que Javé é aquele que desce, e nos chama para descermos com ele: “Vem, agora, e eu te enviarei a faraó... Eu serei contigo...” (Ex 3. 10a e 12b). O Deus da Bíblia vai ser sempre uma presença viva. E esta presença vai sempre motivar o ser humano à missão. A verdadeira missão/evangelização deve obedecer à dinâmica da ação instituída por Deus: Eu vi a aflição do meu povo: na experiência do Êxodo, Deus nos mostra como deve acontecer a missão. Ela nasce em primeiro lugar da percepção. “Eu vi a aflição...” Sem percepção não há missão. Se a igreja não ver as situações de sofrimento e se estas situações não incomodar seu coração, ela nunca irá fazer missão. Eu ouvi o seu clamor: a missão é desenvolvida não sobre os interesses da Igreja, mas em torno das necessidades do ser humano. “Eu ouvi o seu clamor...” acima de tudo, a igreja precisa entender qual é o clamor do mundo, do país, da cidade, do bairro. É em torno do clamor do ser humano que nós devemos levar a mensagem de libertação e salvação. No Egito, o povo clamava por libertação, por dignidade, e foi em torno desta necessidade que Moisés e Arão proclamaram as palavras de Javé. Não é à toa que Jesus ao proferir seu primeiro discurso na Galiléia disse: Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça; bem-aventurados os que choram etc. Ele estava falando para um povo que necessitava de tudo isso. É em torno do clamor do ser humano que nós devemos desenvolver a nossa mensagem na missão, porque se a nossa mensagem não for de encontro com a necessidade deste povo, ele não nos ouvirá nem participará conosco do projeto/processo de libertação. “Aqueles(as) que se dispuseram a pregar e testificar ouviram não apenas o chamado de Deus, mas, também o clamor do povo”. Eu desci para livrá-lo: Este é o principal gesto, o mais significativo, Deus não vê de longe, nem tão pouco ouve ou fala de longe, Ele se aproxima e faz com que seus enviados (Moisés e Arão) se aproximem também. A missão acontece no Egito, e não em Midiã. É preciso sair do comodismo e do aconchego de Midiã e ir para o Egito. A Igreja só vai aprender a fazer missão quando ela sair de dentro de si e envolver-se na lama daqueles que amassam o barro dos tijolos do sofrimento e da dor impostos pelo sistema de Faraó. Neste sentido, o projeto missionário da igreja deve nascer não dentro dela, mas dentro da realidade da comunidade que ela quer alcançar. 4- O Objetivo da Missão é Implantar o Reino de Deus Agora podemos definir o que é missão: “Nosso Deus é um Deus missionário, e sua missão é implantar o seu Reino na terra.” Tanto no Antigo Testamento, quanto no Novo Testamento, a intenção do coração de Deus, do começo até o fim dos tempos é Salvar o Mundo. Neste sentido, a razão da existência da Igreja, ou tudo o que ela pensa e faz deve girar em torno da missão de Deus. A evangelização deve obedecer a este princípio maior e motor. A mensagem proclamada na evangelização deve refletir o projeto missionário de Deus: Implantar o Reino. Neste caso, o Reino de Deus é maior do que a Igreja, especialmente a Igreja Metodista. Assim, “a finalidade da Missão não é angariar discípulos. Fazer discípulos significa preparar os homens que reconhecem a ação de Deus afim de que eles participem da Missão”. O objetivo da Missão é implantar o Reino de Deus. O objetivo do discipulado é capacitar e equipar aqueles que entenderam o objetivo da missão e desejam participar dela. A missão exige envolvimento com o ser humano e a denúncia do sistema teológico/ideológico/social que o oprime. A implantação do Reino de Deus torna-se então sinônimo de missão. Quando falamos do Reino, falamos em primeiro lugar de justiça, dignidade e restauração da vida. O que despertou o desejo e o interesse do povo de aderir ao movimento instituído por Moisés foi a promessa da restauração da dignidade e da justiça na vida doe todos, representada pela presença de Javé e pela promessa de saída do Egito.