Fichas Sobre Provas

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FICHAS SOBRE PROVAS – LIVRO NESTOR TÁVORA E ROSMAR ALENCAR

Prova (Introdução e Conceitos)


 Prova é tudo aquilo que contribui para a formação do convencimento do
magistrado.
 Exclusionary rules: regras de exclusão de provas ilícitas, também chamadas
regras de proteção.
 A prova pressupõe procedimento contraditório, em regra produzida no curso de
processo instaurado perante magistrado, com a participação dos litigantes =
contraditório real. Quando produzida antes do processo, exigirá o contraditório
posterior = diferido ou postergado.
Conceitos importantes:

 Elementos de informação: são os documentos e outros registros colhidos em


procedimento diverso do judicial, sem observância atinente ao contraditório.
Exemplo: colhidos no IP.

 Meios de provas: são os instrumentos processuais disponíveis para a produção


da prova dentro do processo, com contraditório (endoprocessual) = meio de
prova de primeiro grau.

 Meios de obtenção de prova ou meios de investigação de prova : fora do


processo (extraprocessual), são técnicas de investigação. Exemplo:
interceptação telefônica.

 Fontes de prova: é a pessoa, ou coisa da qual emana a prova = sujeito de prova.

 Sucedâneos probatórios: consistem em provas secundárias, em sentido


incompleto, em que nelas estão ausentes uma ou mais notas que compõe o
conceito de prova – artigo 155, CPP – não são capazes, de por si só,
fundamentarem uma acusação, podendo ser usados apenas para reforçar
argumentos fundados em prova primária.
 O destinatário direto da prova é o magistrado, sendo as partes destinatárias
indiretas.
 O artigo 156 do CPP confere alguns poderes instrutórios ao juiz, como ordenar a
produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, e realização
de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. Este artigo deve ser lido
com cuidado, ao entendimento de que os poderes instrutórios do juiz no CPP
servem apenas para preservação das provas urgentes e relevantes, sendo uma
atuação COMPLEMENTAR, RESIDUAL, SUPLETIVA e SUBSIDIÁRIA.
 Objeto DA prova: são os fatos relevantes. É a coisa, o fato, o acontecimento que
deve ser conhecido pelo juiz

 Objeto DE prova: diz respeito ao que é pertinente ser provado, é saber o que
precisa provar, o que, por exclusão, elimina o que a parte não precisa perder
tempo em demonstrar, pois a lei dispensa.
Dispensam prova:
- o direito, como regra.
- fatos notórios.
- fatos axiomáticos ou intuitivos.
- fatos inúteis.
- presunções legais.

Vedação Probatória: (artigo 157, CPP)


 Provas ilícitas: são aquelas que violam disposições de direito material ou
princípios constitucionais penais. Exemplo: confissão obtida mediante tortura;
interceptação telefônica realizada sem autorização judicial.
Consequências: a prova deve ser DESENTRANHADA dos autos, não podendo ser
parâmetro para fundamentar decisões.

 Provas ilegítimas: violam normas processuais e os princípios constitucionais da


mesma espécie. Exemplo: laudo pericial subscrito por apenas um perito não
oficial. Há também a classificação das provas irregulares, que se enquadram
como ilegítimas, pois são aquelas permitidas pela legislação processual, mas na
sua produção, as formalidades legais são desatendidas.
Consequência: a consequência estará afeta ao plano do reconhecimento da
nulidade absoluta, ou mera irregularidade.

 Temos como teoria principal no tema de provas ilícitas, a TEORIA DOS FRUTOS
DA ÁRVORE ENVENENADA: para esta teoria, de origem na Suprema Corte
Americana, a prova ilícita produzida (árvore) tem o condão de contaminar
todas as provas dela decorrentes (frutos). Existindo prova ilícita, as demais
provas dela derivadas estarão maculadas no seu nascedouro – artigo 157, §1º,
CPP.
Dela, teremos outras teorias decorrentes, que são LIMITAÇÕES: buscam afastar
a ilicitude e aproveitar a prova:

Teoria da Fonte Não haverá contaminação se existirem outras provas no


Independente/Prov processo, absolutamente independentes das ilícitas.
a absolutamente Não há nexo de causalidade entre elas.
independente: Admitida pelo ordenamento jurídico no artigo 157, §§1º e 2º
do CPP e aceita pelo STF.
A prova ilícita é isolada, e as demais provas obtidas
independem de sua contribuição.
Descoberta Se a prova, que circunstancialmente, decorre da prova
inevitável ou ilícita, seria conseguida de qualquer maneira, por atos de
exceção da fonte investigação válidos, ela será aproveitada, eliminando-se
hipotética qualquer contaminação. Se uma determinada prova viria
independente: aos autos de qualquer maneira, o vínculo entre a prova
originária ilícita e a derivada não deve levar à mácula desta
última.
Há nexo de causalidade entre elas (prova ilícita e prova
descoberta), mas ele não é decisivo.
O encontro dos demais elementos probatórios era questão
de tempo.
Admitida pelo ordenamento jurídico no artigo 157, §1º, CPP.
Teoria da mancha É possível que o vínculo entre a prova ilícita e a derivada seja
purgada, tão tênue ou superficial, que não acabe ocorrendo
contaminação contaminação. Evita-se assim, a declaração de ilicitude de
expurgada, conexão prova que decorra de ilícita, se o vínculo entre ambas, em
atenuada: que pese existiu, é por demais superficial.
Não adotada.
Teoria construída pela jurisprudência norte-americana.
Boa-fé, exceção da Objetiva-se aqui evitar o reconhecimento da ilicitude da
boa-fé: prova, caso os agentes de polícia ou da persecução, tenham
atuados destituídos do dolo de infringir a lei, pautados
verdadeiramente em situações de erro.
Teoria da Reconhecida pela jurisprudência brasileira, de construção
proporcionalidade/ alemã, utilizada na apreciação da prova ilícita. Essa teoria,
da razoabilidade/ como criada na Alemanha, visa essencialmente equilibrar os
do interesse direitos individuais com os interesses da sociedade, daí
predominante porque rejeita a vedação irrestrita do uso da prova ilícita.
(Professor Leonardo Desse modo, se a prova é ilícita, seria preciso ponderar os
Barreto) interesses em jogo para avaliar a possibilidade de sua
utilização.
Vem sendo admitida de modo excepcional, mas com
restrições, ou seja, apenas em benefício dos direitos do réu
inocente que produziu tal prova para a sua absolvição.

Sistemas de apreciação da prova:


 Sistema da certeza moral do juiz, da íntima convicção, secunda conscientia: o
juiz está absolutamente livre para decidir, dispensado de motivar sua decisão,
valendo-se até mesmo do que não está nos autos, trazendo ao processo seus
pré-conceitos e crenças pessoais. Exemplo: Tribunal do Júri, atuação dos jurados.

 Sistema da certeza moral do legislador, das regras legais ou da prova tarifada:


a lei estipula o valor de cada prova, estabelecendo inclusive hierarquia entre
estas, aniquilando praticamente a margem de liberdade apreciativa do
magistrado.
 Sistema do convencimento motivado ou persuasão racional: é o sistema reitor
no Brasil, estando o juiz livre para decidir e apreciar as provas que lhe são
apresentadas, desde que o faça de forma motivada.

Princípios da Prova:
 Princípio da autorresponsabilidade das partes: as partes assumem as
consequências de sua inanição.
 Princípio da audiência contraditória: toda prova produzida deve ser
submetida ao crivo do contraditório, com oportunidade de manifestação da
prova contrária.
 Princípio da aquisição ou comunhão: a prova não pertence à parte e sim ao
processo.
 Princípio da oralidade: dele decorrem os princípios da concentração, da
imediatidade e da identidade física do julgador.
 Princípio da proporcionalidade: a regra é a publicidade dos atos, com
hipóteses excepcionais de sigilo.

Classificação da prova:
Quanto ao objeto:

 Direta ou positiva: refere-se diretamente ao fato probando, por si o


demonstrando. Tem o escopo de evidenciar a afirmação do fato probando,
de forma positiva.

 Indireta, negativa ou contrária: refere-se a outro acontecimento que, por


ilação, nos leva ao fato principal – prova contrária, ou com sinal negativo.
Exemplo: indícios (elementos cicuncidantes ao fato probando).
Quanto ao efeito ou valor:

 Não plena ou indiciária: é a prova limitada quanto à profundidade,


permitindo, por exemplo, a decretação das medidas cautelares.

 Plena: é aquela necessária para condenação, imprimindo no julgador, um


juízo de certeza quanto ao fato apreciado.
Quanto ao sujeito da causa:

 Real: é aquela emergente do fato, trata da prova em si considerada, em que


consiste o material produzido. Exemplo: fotografia, pegadas.

 Pessoal: é a que decorre do conhecimento de alguém, em razão do thema


probandum. Exemplo: confissão, testemunha, declarações da vítima.
Quanto à possibilidade de renovação em juízo:

 Repetível: é a prova que pode ser reproduzida em juízo, sem que haja perda
de seu valor. Exemplo: prova testemunhal, em regra.

 Irrepetível ou não repetível: é a prova que é produzida a partir de fonte


probatória perecível ou passível de perecimento ou destruição. Exemplo:
exame sobre lesões corporais.
Quando à forma ou aparência:

 Testemunhal: a prova se revela no processo pela afirmação de uma pessoa,


independentemente, tecnicamente, de ser testemunha ou não. Exemplo:
interrogatório do réu.
 Documental: é o elemento que irá condensar graficamente a manifestação
de um pensamento. Exemplo: contrato.

 Material: simboliza qualquer elemento que corporifica a demonstração do


fato. Exemplo: corpo de delito. Pode ser própria (a coisa é apresentada para
contestação), do juiz, ou imprópria (feita por peito, materializada por ficção
jurídica).
Quanto ao momento procedimental:

 Cautelar, preparatória ou antecipada: produzida no curso da investigação,


ou seja, antes da deflagração do processo penal, em razão de necessidade
concernente ao risco de perecimento probatório, ou para obtenção de
maiores elementos. Exemplo: interceptação.

 Cautelar incidental ou antecipação probatória: produzida no curso do


processo, cuidando-se de antecipação probatória que implica não seguir
estritamente o rito procedimental. Exemplo: artigo 366, CPP.
Quanto à previsão legal:

 Nominada: a legislação prevê o meio de prova, com a indicação de seu


nomem juris, podendo deixar ou não em aberto a sua produção, podendo
ser:

a) Típica: possui nome e modo de produção previstos na legislação.


Exemplo: prova testemunhal.

b) Atípica: tem o nome previsto, mas não possui seu procedimento


especificado para a legislação, ou seja, sua forma de produção é livre.
Exemplo: reprodução simulado dos fatos.

 Inominada: trata-se de prova que não é vedada por lei, ou pelos bons
costumes, embora não haja forma legal expressa.
Quanto à finalidade da prova:

 Anômala: trata-se do desvio de finalidade da prova, consistente no uso de


meio de prova previsto no ordenamento jurídico, em substituição a outro
meio também previsto no sistema e que seria mais apropriado ao fim
almejado. Produzida com vício mais grave que a prova irritual, eivada de
nulidade absoluta, pois ocorre a substituição de uma prova por outro, com
nomen juris diverso. Há desvio de finalidade.

 Irritual: é a prova produzida sem observância de seu procedimento legal, do


seu rito previsto em lei. Configura prova ilegítima, mas poderá ser validada
se atingir o fim sem violar direitos fundamentais. Nulidade relativa. Não há
alteração da prova em si, a prova continua com o mesmo nomem juris,
mantendo sua essência.
Quanto à imposição legal da forma da prova:

 Prova legal, positiva, tarifada: quando a lei exige que só se comprove um


fato por determinado meio de prova. Exemplo: comprovação do estado civil.

 Prova legal negativa: para alguns atos, a lei pode limitar a cognição do juiz.
Exemplo: artigo 155 do CPP – confissão por si só, não embasa decreto
condenatório.

Ofendido Testemunha
NÃO tem o compromisso de dizer a Possui o dever legal de dizer a verdade
verdade, não respondendo por crime de do que souber ou for perguntado,
falso testemunho. podendo responder por crime de falso-
Mas poderá responder por denunciação testemunho.
caluniosa. Se regularmente intimada, a testemunha
A ausência da oitiva do ofendido deixar de comparecer sem motivo
constitui nulidade relativa, dependendo justificado, o juiz poderá requisitar à
da demonstração do prejuízo. autoridade policial a sua apresentação
Se for intimado e deixar de comparecer, ou determinar seja conduzida por oficial
poderá ser conduzido coercitivamente de justiça, que poderá solicitar auxílio da
(artigo 201, §1º, CPP). força pública.
Será comunicado dos atos processuais Além de ser conduzida coercitivamente,
relativos ao ingresso e à saída do o CPP traz previsão em relação à
acusado da prisão, à designação de data testemunha faltosa, a aplicação de
para audiência e à sentença e multa, condenação ao pagamento das
respectivos acórdãos que a mantenham custas e da diligência e possibilidade de
ou modifiquem, sendo que tais responder por crime de desobediência.
comunicações serão feitas no endereço
por ele indicado, admitindo-se, por sua
opção, o uso de meio eletrônico (artigo
201, §§2º e 3º).

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