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Revista Extensão & Sociedade | VOL X | ANO 2019.

2 | ISSN 2595-0150

Foto: Anderson Felipe

microBIOLOGIA: HIGIENE É CIÊNCIA E


SAÚDE!

A importância da higiene no controle microbiano e


prevenção de doenças
Anderson Felipe da Silva Santos1 1
Licenciado em Ciências Biológicas
Felipe Emanuel Souto Oliveira2 - Mestre em Patologia - Professor
do Instituto Federal de Pernambu-
Brenda Adriele Barros Alves3 co - IFPE.
Íris Laila de Oliveira Ferreira4 2
Técnico em Meio Ambiente - IFPE.
Adenilton Camilo da Silva5 3
Graduanda em Licenciatura em
Ciências Biológicas - Universidade
de Pernambuco/UPE.
RESUMO 4
Estudante do Curso Técnico em

B
Meio Ambiente - IFPE.
oas práticas de higiene são fundamentais para controlar as populações de micror-
ganismos residentes no corpo, no ambiente e nos alimentos que ingerimos, sen- 5
Químico Industrial - Doutor em
Química.
do estes possíveis causadores de doenças. O objetivo deste projeto de extensão foi
sensibilizar a comunidade externa para aquisição de boas práticas de higiene como
hábito necessário à saúde. Foram realizadas durante a vigência do projeto visitas a
escolas públicas e privadas do município de Garanhuns (PE), bem como exposições
no centro da cidade, destinadas a um público mais amplo. Durante as visitas, foram
utilizadas atividades lúdicas e experimentos com meio de cultura para crescimento
bacteriano, além de questionário para avaliação dos impactos do projeto. A educação
em saúde com linguagens e métodos populares se mostra alternativa eficaz para dia-
logar com a população, devendo ser incentivada e difundida.

Palavras-chave: microbiologia; higiene; saúde.

microBIOLOGÍA: ¡HIGIENE ES CIENCIA Y


SALUD! La importancia de la higiene en el control
microbiano y la prevención de enfermedades

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RESUMEN

L as buenas prácticas de higiene son fundamentales para controlar las poblaciones


de microorganismos que residen en el cuerpo, el medio ambiente y los alimentos
que comemos, que pueden causar enfermedades. El propósito de este proyecto de ex-
tensión fue sensibilizar a la comunidad externa para que adquiera buenas prácticas de
higiene como un hábito de salud necesario. Durante el proyecto se realizaron visitas a
escuelas públicas y privadas en el municipio de Garanhuns, así como exposiciones en el
centro de la ciudad, dirigidas a un público más amplio. Durante las visitas, se utilizaron
actividades recreativas y experimentos con un medio de cultivo para el crecimiento bac-
teriano, así como un cuestionario para evaluar los impactos del proyecto. La educación
para la salud con lenguajes y métodos populares demuestra ser una alternativa efectiva
para el diálogo con la población y debe fomentarse y difundirse.

Palabras clave: microBIOLOGÍA; higiene; salud.

microBIOLOGY: HYGIENE IS SCIENCE AND


HEALTH! The importance of hygiene in microbial
control and disease prevention
ABSTRACT

G ood hygiene practices are fundamental to control the populations of microorganis-


ms residing in the body, the environment and the food we eat, which can cause di-
sease. The objective of this extension project was to sensitize the external community to
acquire good hygiene practices as a necessary health habit. Visits to public and private
schools in Garanhuns city were carried out during the project, as well as exhibitions in
the city center, aimed at a wider public. During the visits, playful activities and experi-
ments with culture medium for bacterial growth were used, as well as a questionnaire to
evaluate the impacts of the project. Health education with popular languages and me-
thods proves to be an effective alternative for dialogue with the population and should
be encouraged and disseminated.

Keywords: microBIOLOGY; hygiene; health.

1. INTRODUÇÃO

A população pré-escolar e em idade escolar é uma das principais acometidas por


diversas doenças parasitárias e microbianas (NEVES, 2011). Isto se deve ao fato
de que crianças e adolescentes não apresentam desenvolvimento completo do siste-
ma imune e não adquiriram hábitos adequados de higiene pessoal. Em um estudo
realizado em crianças de 7 a 14 anos, em 10 estados brasileiros, 55,3% dos estudantes
estavam com algum tipo de parasitose intestinal, especialmente ascaridíase, tricu-
ríase e giardíase (ROCHA, 2000). Estes agentes causadores de doença, em sua
maioria microscópicos, passam despercebidos pelas pessoas.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, no quesito higiene, citam que

Ao final do Ensino Fundamental, todos os alunos sejam capazes de


compreender a saúde como direito de cidadania, valorizando ações
de promoção, proteção e recuperação (...) entender que a saúde é
produzida nas relações com o meio físico, econômico e sociocultural,
identificando fatores de risco à saúde pessoal e coletiva presentes no
meio em que se vive; identificar e utilizar formas de intervenção sobre
os fatores desfavoráveis à saúde, agindo com responsabilidade em re-
lação à saúde individual e coletiva. (BRASIL, 1998)

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O município de Garanhuns (PE) tem população estimada de 139 mil habitantes


(IBGE, 2018). Ainda de acordo com dados do IBGE, em 2017 realizaram matrículas
nos níveis fundamental e médio respectivamente 22.484 e 6.025 alunos. Em 2016,
foi registrada uma taxa de 0,8 internações por diarreia para cada mil habitantes, o
que coloca o município na 55ª posição no ranking estadual. A taxa de mortalidade
infantil é de 13,13 óbitos para cada mil nascidos vivos (IBGE). 52,1% dos domicílios
tem esgotamento adequado. A falta de saneamento básico associada a maus hábitos
de higienização e baixa imunidade são fatores preponderantes na aquisição de doen-
ças alimentares, responsáveis pelo alto índice de internações por doença intestinal.
Para muitas destas doenças, contudo, existem formas eficazes de prevenção.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) tem apresentado uma queda dra-


mática na sua cobertura, relacionado à crise na própria saúde pública (STEVANIM,
2019). As causas para este decréscimo na busca por vacinações são inúmeras, dentre
as quais a falsa noção de extinção de doenças como sarampo e poliomielite e a divul-
gação maciça de notícias falsas nas redes sociais.

Neste sentido, a prática de atitudes preventivas, especialmente educação em saú-


de, no que se refere à manipulação, guarda e preparo de alimentos, cuidados com a
água de consumo e higiene pessoal é importante aliada na mudança de comporta-
mentos em direção à promoção de saúde (BARBOSA, 2009). A extensão, portanto,
é aliada importante para socializar e democratizar o conhecimento (STEVANIM,
2019).

A articulação da extensão universitária com as políticas públicas é um elo im-


prescindível na transformação social. A extensão não pode substituir as responsa-
bilidades do Estado na garantia dos direitos dos cidadãos, mas deve auxiliá-lo no
desempenho de suas atribuições (POLÍTICA, 2013).

2. OBJETIVO

O objetivo deste projeto de extensão foi dialogar com a comunidade externa do


IFPE - Campus Garanhuns (PE), gerando conscientização sobre a importância
da higiene básica no controle de microrganismos que residem no corpo, no ambiente
que nos rodeia e nos alimentos e que são fontes de diversas doenças, muitas das quais
passíveis de prevenção.

3. METODOLOGIA
a) Realização de atividades lúdicas

C omo contato inicial com o público, foi utilizada a estratégia de apresentar - atra-
vés de palestra expositivo-dialogada - o conceito de higiene, de algumas doenças
veiculadas por maus hábitos de cuidado pessoal e alimentar, bem como de boas práti-
cas de higiene. A elaboração de teatro de fantoches “Os Três Porquinhos porquinhos
“ (Figura 1), por exemplo, foi pensada como alternativa para este diálogo inicial com
o público dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Figura 1: Contato inicial com o público-alvo através de teatro de fantoches.

Fonte: autoria própria.

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b) Realização de experimento de ubiquidade microbia-


na

U biquidade microbiana é a capacidade dos microrganismos estarem presentes em


todos os lugares. Foi realizado com as turmas visitadas um experimento de se-
meio de microrganismos presentes no ambiente em meio de cultura para bactérias
Plate Count Agar (PCA) previamente esterilizado, isto é, isento de qualquer forma
de vida. Os microrganismos foram coletados pelos estudantes (Figura 2) com swab
estéril de diversos pontos da escola, inoculados em Placas de Petri contendo meio de
cultura (VERMELHO, 2006) e acondicionados em estufa no Laboratório de Micro-
biologia Ambiental do IFPE a 36ºC. Posteriormente, em um segundo momento da
visita às escolas, os resultados do crescimento microbiano foram expostos (Figura
3).
Figura 2: Realização de atividade experimental - semeio de microrganismos em meio de cultura
em diferentes escolas. A) Educandário Santa Clara (Vila do Quartel, Garanhuns - PE). B) Escola
Municipal Ranser Alexandre Gomes (Magano, Garanhuns - PE).

Fonte: autoria própria.

Figura 3: Placas de Petri (meio PCA), com crescimento microbiano.

Fonte: autoria própria.

c) Validação das estratégias utilizadas: jogos e questio-


nários avaliativos

C omo forma de fechamento das visitas às escolas, foram utilizadas estratégias para
avaliar a percepção dos estudantes quanto ao conteúdo abordado. Para esta fi-
nalidade, foram aplicados jogos diversos e questionários avaliativos. Estes últimos
serviram para fornecer dados quantitativos referentes ao projeto. Em uma das esco-
las, foi aplicado o “Bingo higiênico” (Figura 4), atividade na qual os sorteios eram
de palavras relacionadas à higiene, microbiologia e saúde. Outro jogo utilizado foi
o “Perguntas e repostas” (Figura 5), com perguntas sobre os temas trabalhados du-
rante as visitas e respostas do público-alvo. Ganhava a equipe que conseguisse acer-
tar mais perguntas.

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Figura 4: Jogo “Bingo higiênico”.

Fonte: autoria própria.

Figura 5: Jogo “Perguntas e respostas”.

Fonte: autoria própria.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A educação em saúde é um campo multidisciplinar, para o qual convergem con-


cepções diferentes de conhecimento e que visa promover a saúde de toda popu-
lação, não apenas a pessoas com risco de adoecimento ou já doentes (SCHALL &
STRUCHINER, 1999). Esta promissora área de atuação estende-se para além dos
ambientes clínicos, com práticas pedagógicas libertadoras e emancipatórias, visan-
do desenvolver a solidariedade e cidadania.

Essa proposta vem ao encontro do que se propõe a extensão acadêmica:

A ação cidadã das Universidades não pode prescindir da efetiva difu-


são e democratização dos saberes nelas produzidos, de tal forma que
as populações, cujos problemas se tornam objetos da pesquisa acadê-
mica, sejam também consideradas sujeito desse conhecimento, tendo,
portando, pleno acesso às informações resultantes dessas pesquisas.
(POLÍTICA, p. 9, 2013)

Neste sentido, a difusão de conhecimentos sobre higiene pode fomentar a me-


lhora na saúde da população, saúde entendida não apenas como ausência de doença,
mas como a busca por elementos que proporcionem bem-estar físico, social e mental.

Na educação em saúde, o educador em saúde tem a liberdade para escolher as


alternativas didáticas para sua ação, com sensibilidade para o público que se quer
atingir (BARBOSA, 2009).

O teatro, por exemplo, é uma arte dramática, capaz de despertar a criatividade


e o ‘faz-de-conta’, usando como base representações de momentos e situações do

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cotidiano (NAZIMA et al., 2008). O Teatro “Os três Porquinhos porquinhos”, por
exemplo, arrancou intensas risadas das crianças e bastante participação. Da mesma
forma, para gerar aproximação com o público-alvo deste projeto de extensão, o uso
de jogos didáticos mostrou-se uma boa alternativa. Este tipo de atividade é praze-
roso, além de garantir criatividade, raciocínio, dedicação e atenção, bem como ser
gerador de trabalho em equipe (TOSCANI et al, 2007).

Em uma das escolas visitadas, a aplicação de questionário avaliativo do projeto


gerou os seguintes resultados:

• Quando indagados se gostaram da apresentação, 87% dos alunos responde-


ram que amaram o projeto; 9% deles se mostraram surpreendidos com o que
viram.

• Quando indagados se conseguiram entender o conteúdo da apresentação,


100% se expressaram positivamente.

• Quando indagados se poriam em prática melhores hábitos de higiene pessoal


e dos alimentos, 96% deram resposta positiva.

• Sobre a melhor parte do projeto, a maioria dos alunos preferiu o experimento


de ubiquidade microbiana (48%), seguido da visualização do verme Toxocara
spp. (17%) (Figura 7) e da apresentação teatral (9%).
Figura 6: Gráficos obtidos com base nos questionários aplicados na primeira visita à comunidade
externa realizada pelo projeto microBIOLOGIA.

Fonte: autoria própria.


Figura 7: Alunas esboçam reação de interesse e espanto ao visualizar exemplares de vermes
Toxocara spp.

Fonte: autoria própria.

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A preferência dos estudantes pela realização de atividade experimental é de se


esperar, uma vez que esse tipo de atividade é essencial para gerar compreensão dos
conteúdos teóricos, bem como despertar o interesse dos educandos, ao colocá-los
como agentes ativos do processo de construção do conhecimento (KIMURA et al,
2013).

Resultados dos experimentos também foram levados ao centro da cidade em di-


ferentes momentos e expostos para a população em geral, gerando difusão da noção
de ubiquidade microbiana e necessidade de higiene (Figura 8).
Figura 8: Criança observa bactérias em microscópio óptico, em exposição no centro da cidade de
Garanhuns - PE.

Fonte: autoria própria.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O s programas de extensão são aliados fortes para as políticas públicas de edu-


cação em saúde. A difusão de conhecimentos através da extensão, utilizando-
-se de recursos didáticos simples e linguagem acessível, é estratégia importante de
educação popular. O projeto microBIOLOGIA resultou em bons frutos, ao alcançar
a comunidade externa do IFPE e fornecer sensibilização para a importância da higie-
nização no combate a microrganismos causadores de doenças. Estratégias similares
podem ser utilizadas em qualquer programa de educação em saúde.

6. AGRADECIMENTOS

O s autores agradecem à Técnica de Laboratório Mariana Antunes da Cunha Pi-


nheiro e à Divisão de Extensão (DiEx) do Campus Garanhuns do IFPE na pes-
soa de Edvania Kherle pelo apoio prestado ao projeto de extensão.

7. REFERÊNCIAS
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