PRT Cpam 017 Manejo Clinico Da Covid 19 Versao 3
PRT Cpam 017 Manejo Clinico Da Covid 19 Versao 3
PRT Cpam 017 Manejo Clinico Da Covid 19 Versao 3
TRIÂNGULO MINEIRO
HOSPITAL DE CLÍNICAS
Tipo do PRT.CPAM.017 - Página 1/18
PROTOCOLO
Documento
Título do MANEJO CLÍNICO DA COVID-19 Emissão: 21/7/2023 Próxima revisão:
Documento Versão: 3 21/7/2025
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................3
2. VIROLOGIA BASICA, TRANSMISSÃO E SINTOMATOLOGIA..........................................................................3
3. QUADRO LABORATORIAL ...........................................................................................................................6
4. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................................7
5. FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO E ESTRATIFICAÇÃO ..............................................................................8
6. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR...................................................................................................8
7. TRATAMENTO ............................................................................................................................................9
8. PRECAUÇÕES, ISOLAMENTO E VACINAÇÃO .............................................................................................14
9. NOVAS VARIANTES ...................................................................................................................................15
10. REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................................15
11. HISTÓRICO DE ELABORAÇÃO/REVISÃO...................................................................................................17
SIGLAS/CONCEITOS
Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATB – Antibiótico
AVC - Acidente vascular cerebral
CDC - Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos
CPAM – Comissão de Protocolos Assistenciais Multiprofissionais
CT - Tomografia
DIP – Doenças Infecciosas e Parasitárias
Ebserh – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
ECG - Eletrocardiograma
FAD - Federal Drug Administration
FiO2 – Fração de Injeção de Oxigênio
FR - Frequência Respiratória
HC-UFTM – Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
HNF - Heparina não fracionada
IDSA - Infectious Diseases Society of America
IMC - Índice de Massa Corporal
OMS - Organização Mundial de Saúde
PAD – Pressão Arterial Diastólica
PaO2 – Pressão arterial de oxigênio
PAS – Pressão Arterial Sistólica
PRT – Protocolo
SatO2 - Saturação de Oxigênio
SDRA - Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
SG – Síndrome Gripal
STGQ – Setor de Gestão da Qualidade
SUS - Sistema Único de Saúde
SVSSP – Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente
TFGe - Taxa de Filtração Glomerular Estimada
UI – Unidades Internacionais
VM – Ventilação Mecânica
1. INTRODUÇÃO
No fim de 2019, o Novo Coronavírus foi nomeado como SARS-CoV-2. Este Novo
Coronavírus produz a doença classificada como Covid-19, sendo agente causador de uma série de
casos de pneumonia na cidade de Wuhan (China). Até junho de 2023 tem-se relatado 767.984.989
casos confirmados no mundo com 6.900.000 mil mortes. Várias estratégias de manejo foram
testadas cientificamente e aprovadas para uso em casos específicos. Sabe-se que a taxa global de
vacinação levou à queda substancial das taxas de hospitalização e óbito.
Sua letalidade varia, principalmente, conforme a faixa etária, condições clínicas
associadas e, no momento, status vacinal. Portanto, com as novas evidências, mudanças constantes
da pandemia e diversidade de condutas na prática clínica, torna-se necessário avaliar as evidências
já publicadas e formular recomendações para que os profissionais de saúde possam ofertar um
tratamento adequado.
O quadro clínico, típico de uma SG, pode variar seus sintomas desde uma
apresentação leve e assintomática (não se sabe a frequência), principalmente em jovens adultos
e crianças, até uma apresentação grave, incluindo choque séptico e falência respiratória. A maior
parte dos casos em que ocorreu óbito foi em pacientes com alguma condição clínica de risco pré-
existente (10,5% doença cardiovascular, 7,3% diabetes, 6,3% doença respiratória crônica, 6%
hipertensão e 5,6% câncer), obesidade e/ou idosos.
Pneumonia grave
• Adolescente ou adulto com febre, sintomas respiratórios e Frequência Respiratória (FR) >
30mpm - movimento respiratório por minuto, Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo
(SDRA), Saturação ≤ 93% em ar ambiente;
• Criança com tosse, dispneia + cianose central < 90%, SDRA, sinais de pneumonia com sinais
de alerta – letargia, convulsões, dificuldade de sucção;
• SDRA;
• Sepse e choque séptico.
• Uso de corticoides por mais do que 15 dias (prednisona > 40 miligramas - mg/dia ou
hidrocortisona > 160mg/dia ou metilprednisolona > 32mg/dia, dexametasona > 6mg/dia);
• Outros imunossupressores;
• Doenças autoimunes;
• Imunodeficiência congênita.
3. QUADRO LABORATORIAL
As alterações em exames complementares mais comuns são os infiltrados bilaterais nos
exames de imagem de tórax, linfopenia no hemograma e aumento da proteína C-reativa.
A doença apresenta fundamentalmente complicações respiratórias: pneumonia e SDRA.
Figura 1. Gravidade da doença. Adaptado de Hasan K et al. Heart and Lung Transplantation, 2020
Essas recomendações de exames com possível caráter prognóstico não devem ser
aplicadas a todos os pacientes, mas sim reservadas, principalmente, àqueles com indicação de
internação e com doença potencialmente grave. Mesmo nesses pacientes, seu uso deve ser
individualizado de acordo com o quadro clínico-epidemiológico. Devido ao grande número de
estudos e trabalhos em curso no mundo, essas sugestões podem rapidamente se alterar, levando
ao uso de novos marcadores, ou mesmo ao desuso de alguns destes.
Gasometria arterial
Eletrocardiograma (ECG), se necessário
Fonte: própria.
4. DIAGNÓSTICO
O diagnóstico sindrômico (SG) depende da investigação clínico-epidemiológica e do
exame físico. O diagnóstico laboratorial para identificação do vírus SARS-CoV-2 é realizado por meio
das técnicas de RT-PCR em tempo real ou teste rápido de antígenos. RT-PCR em tempo real (RT-
PCR) é considerado padrão ouro para a identificação do novo coronavírus (SARS CoV-2).
Entretanto, o uso dos testes rápidos de antígeno se tornou rotineira e difundida. Em áreas onde a
Covid-19 está amplamente disseminada, um ou mais resultados negativos de um mesmo caso
suspeito não descartam a possibilidade de infecção pelo vírus SARS-CoV-2. Vários fatores podem
levar a um resultado negativo em um indivíduo infectado, incluindo:
• Má qualidade da amostra, contendo pouco material do paciente (como controle, considerar
determinar se existe DNA humano adequado na amostra, incluindo um alvo humano no teste de
PCR);
• A amostra foi coletada em uma fase muito precoce ou tardia da infecção;
• A amostra não foi manuseada e enviado adequadamente.;
• Razões técnicas inerentes ao teste, por exemplo, mutação do vírus ou inibição de PCR.
Dessa forma, se um resultado negativo for obtido de um paciente com alta
probabilidade de suspeita de Covid-19, particularmente, quando foram analisadas apenas amostras
do trato respiratório superior, indica-se, se possível, coletar amostras de vias respiratórias inferiores
e testar novamente. Os testes sorológicos se tornaram pouco úteis e não são recomendados de
rotina.
Figura 2.
Fluxograma de
testagem e
alocação de
paciente com
suspeita de
Covid-19. Fonte:
própria
✓ *Lembrar: o valor de SatO2 pode variar a depender das doenças subjacentes do paciente,
por exemplo paciente com doença pulmonar crônica.
✓ **Lembrar: Esses pacientes podem ter uma apresentação atípica.
• Considerar Internação em Unidade de Terapia Intensiva nos seguintes casos:
✓ Sem melhora da saturação de oxigênio apesar da oferta de O2 (SatO2 <92% com oferta de
5L/min);
✓ Esforço ventilatório (uso de musculatura acessória, tiragem intercostal, batimento de asa
nasal) apesar da oferta de O2;
✓ Relação pO2/FiO2 < 200;
✓ Insuficiência Respiratória - VM invasiva;
✓ Sinais de disfunção orgânica aguda (hipotensão arterial, alteração da perfusão periférica,
alteração do nível de consciência, oligúria, insuficiência hepática, entre outros).
7. TRATAMENTO
Tratamento de suporte deve ser ofertado a todos pacientes, medidas adicionais
seguirão os critérios descritos, a seguir. Até a presente data, a OMS, Organização Pan-americana de
Saúde e outros órgãos Internacionais (FAD - Federal Drug Administration, CDC - Centros de Controle
e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e IDSA - Infectious Diseases Society of America) e as
Sociedades Brasileiras: de Infectologia, de Pneumologia e Tisiologia e Saúde da Família e
Comunidade, não recomendam o uso profilático de nenhum medicamento e as restrições para o
uso terapêutico dos medicamentos em uso “off label”.
Contraindicações: gestantes, crianças, início após 5 dias de sintomas, Peso< 40 kg, insuficiência
renal grave (Taxa de Filtração Glomerular Estimada - TFGe <30 ml/min).
D) Corticoides
✓ Indicado apenas para pacientes com necessidade de oxigenoterapia suplementar.
✓ Primeira opção: DEXAMETASONA 6mg/dia EV ou VO por 10 dias.
✓ Outras opções: metilprednisolona 30mg/dia ou Prednisona 40mg/dia ou Hidrocortisona 160 mg.
E) Antimicrobianos
Estudos apontam coinfecção em apenas 3 a 8% dos casos. Iniciar antimicrobianos APENAS SE
SUSPEITA OU DIAGÓSTICO de infecção bacteriana.
F) Profilaxia Antitrombótica
INDICAÇÃO: Para todos os pacientes com idade superior a 18 anos e peso > 40kg gravemente
enfermos por COVID 19.
ESQUEMA RECOMENDADO:
• Heparina NÃO FRACIONADA (HNF) subcutânea: 5.000UI 8/8h
10.000UI 12/12 (Índice de Massa Corporal - IMC > 40) OU
• ENOXAPARINA: 40mg 1X/dia (≤ 80 Kg)
60mg 1X/dia (80 a 120 Kg)
40mg 12/12h (≥ 120 Kg)
Situações especiais:
✓ Se Clearance de Creatinina < 30ml/min: usar heparina não fracionada na dose de 5000UI
12/12h com ajuste posterior se necessário.
✓ Se gestante/puérpera: HNF – 5.000UI 8/8h 7.500UI 12/12h
✓ Se gestante/puérpera < 50Kg: HNF – 5.000UI 12/12h
✓ Se gestante/puérpera IMC > 40: HNF – 10.000UI 12/12h
Figura 6. Fonte:
Ministério da
saúde Brasil
2022.
9. NOVAS VARIANTES
As novas variantes do SARS-CoV-2, assim como em outros vírus, possuem a tendência
de se transformar constantemente por meio de mutações, que são eventos naturais e esperados
dentro da evolução de um vírus e, portanto, novas variantes tendem a surgir com o passar do
tempo. Embora a maioria das mutações emergentes não tenha impacto significativo na
disseminação do vírus, algumas mutações ou combinações de mutações podem fornecer ao vírus
uma vantagem seletiva, como maior transmissibilidade ou a capacidade de evitar a resposta imune
do hospedeiro. A OMS avalia rotineiramente se as variantes do SARS-CoV-2 resultam em alterações
na transmissibilidade, apresentação clínica e gravidade da doença ou se tem impacto por exemplo,
no diagnóstico, tratamento e vacinas.
10. REFERÊNCIAS
1) Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com COVID-19 – Capítulo 2:
Tratamento Farmacológico, CONITEC, Ministério da Saúde, Brasil. 2021
2) NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020 – 25/02/2021. Orientações para serviços
de saúde: medidas de prevenção e controle que devem ser adotadas durante a assistência aos casos
suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2).
3) https://pebmed.com.br/anticoagulacao-na-covid-19-quais-as-recomendacoes-mais-
recentes-de-guidelines-e-sociedades/
4) MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Infecção Humana pelo SARS-COV-2 (Doença
pelo coronavírus-COVID-19). 2020, 25p.
http://ameci.org.br/wpcontent/uploads/2020/03/Protocolo_Coronavirus_2020_arquivo_vers%C3
%A3o_final.pdf
5) MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Plano Estadual de
Contingência para Emergência em Saúde Pública. Infecção humana pelo SARS-CoV-2, fev. 2020. 48p.
https://www.saude.mg.gov.br/images/noticias_e_eventos/000_2020/jan_fev_mar/13-02-PLANO-
DE-CONTINGENCIA-novo-coronavirus-MINAS-GERAIS-EM-REVIS--O.pdf
6) MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Centro de Operações de
Emergências em Saúde Pública | COE-COVID-19. Plano de Contingência Nacional para Infecção
Humana pelo novo Coronavírus (COVID-19), fevereiro 2020.
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/fevereiro/13/plano-contingencia-
coronavirus-COVID19.pdf