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CONTEXTUALIZANDO
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conectado a ele. Assim, medir a satisfação do cliente passa por uma experiência
maior, que somente o funcionamento técnico do produto possui.
Sabe-se que a qualidade e a produtividade andam lado a lado. A
excelência, por sua vez, é alcançada quando se investe em capacitação de
colaboradores, quando os desperdícios são eliminados e quando melhora-se a
produtividade dos processos. Como consequência, os produtos e serviços
apresentam melhor qualidade, integralmente.
Pensando no longo prazo, investir em um sistema de gestão robusto,
envolvendo todos os níveis da organização, de modo que todos sintam-se
responsáveis pelas suas entregas, pode trazer retornos e sistematização eficaz
dos processos, promovendo a melhoria contínua sustentável.
Muitas empresas que trabalham com qualidade relatam os benefícios de
implementar um sistema de gestão. Esses benefícios trazem implicações tanto às
empresas, quanto a seus colaboradores.
Como resultado, os indicadores, tanto os de qualidade quanto os
financeiros, poderão trazer resultados satisfatórios. No longo prazo, podem se
tornar referência de classe mundial. Além disso, para a empresa e para seus
colaboradores, a execução de processos se torna mais eficiente e simples,
diminuindo o estresse de trabalhar sob pressão.
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Lembramos que o cliente, hoje, pode estar em qualquer lugar do mundo,
devido à globalização impulsionada pelo advento das tecnologias. Caso a
empresa decida por um processo de internacionalização, precisa entender melhor
as questões culturais do mercado em que pretende atuar.
Ao longo desse processo de transformação, para atender o cliente e
superar suas expectativas, requer-se uma gestão de qualidade eficiente, visando
uma qualidade estratégica que possa auxiliar a empresa conectar seus objetivos
estratégicos e seus programas e projetos, trazendo como resultado final produtos
e/ou serviços que sejam de interesse do público-alvo.
Lembramos que o público-alvo pode estar em qualquer parte do globo. O
sucesso ou insucesso em questão passam pela compreensão do que o cliente
deseja receber como produto e/ou serviço. Nesse contexto, os requisitos de
qualidade são de suma importância para determinar quais ações e estratégia são
as mais adequadas para atender os clientes.
Para que se atinja o resultado esperado, a empresa precisa determinar um
sistema de gestão de qualidade, contemplando a capacitação dos colaboradores,
incluindo seus líderes e investindo em infraestrutura adequada, como sistemas,
processos e suporte para atendimento.
A qualidade sempre foi (e continua sendo) um fator determinante para que
o cliente escolha uma empresa como fornecedora da sua matéria-prima, produtos
e/ou serviços. “Neste ambiente competitivo, surge o cliente mais exigente em
relação à qualidade do produto e dos serviços que vai consumir. Em resumo, a
qualidade passou a ser o principal diferencial não só dos produtos em si, mas,
sobretudo, dos serviços oferecidos pelas empresas” (Hargreaves et al, 2001, p.
12).
Devido à revolução tecnológica, as empresas precisam reinventar seus
modelos de negócios e aprender a lidar com clientes, que a cada dia mais estão
conectados a diversos dispositivos. Para encontrar o cliente e fazer que ele se
interesse por seu produto e/ou serviço, é necessário usar de inteligência e de
informação para abordá-lo com maior assertividade, ou seja, para que se tenha
uma abordagem diferenciada.
É válido lembrar que um padrão de qualidade normalmente é entendido
como um produto e/ou serviço bem concebido, que atende a uma especificação
determinada e satisfaz os seus clientes. Considerando tais requisitos, pode-se
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dizer que uma experiência positiva por parte do cliente está atrelada ao
atendimento de suas necessidades implícitas e explícitas.
As necessidades implícitas são aquelas aquilo que os clientes desejam,
mas que não estão escritas em documentos formais, pois estão ligadas ao
subjetivo. Apesar da subjetividade em jogo, é preciso considerá-las para
lançamento de um produto e/ou serviço. Em relação às necessidades explícitas,
elas são formais, registradas e especificadas em projetos, manuais e em material
de marketing.
Partindo desse pressuposto, entende-se que o diferencial está na
capacidade de a empresa entender o cliente e o que o impulsiona para a escolha
de um produto/serviço. O passo seguinte deve ser a implantação de um sistema
de gestão eficaz, que leve em conta tais necessidades.
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Com isso, aumentaram-se as exigências, e também as reclamações. Para
melhorar o atendimento, alguns padrões começaram a ser estabelecidos e
algumas inspeções implementadas.
No entanto, foi na era da qualidade total que realmente ocorreram as
grandes mudanças nas empresas com relação à maneira como a qualidade
deveria ser tratada. Ou seja, só então a qualidade passou a ser enxergada como
responsabilidade de todos e não de um departamento específico. Essa nova
maneira proporcionou a aplicação de metodologias, ferramentas e técnicas que
permitiram à organização entregar ao cliente a qualidade que ele espera.
Segundo Oliveira (2014, p. 94), “a qualidade total é a preocupação com a
qualidade em todas as atividades das empresas, buscando sistematicamente o
zero defeito pela melhoria contínua dos processos de produção”.
A evolução da qualidade, destacada mundialmente, foi mais lenta em
alguns países, como é o caso do Brasil, que se industrializou bem mais tarde em
comparação a muitos países europeus, por exemplo. No Brasil, o processo foi
impulsionado pelas indústrias automobilísticas.
O processo de crescimento econômico brasileiro, depois de 1956,
direcionado pelo governo na época, deu um salto na qualidade. No entanto, sem
grande base tecnológica e infraestrutura, não se manteve o crescimento
sustentável. Somente com a abertura dos mercados, a partir da década de 1990,
é que os produtos brasileiros passaram a ser expostos a outros mercados e
clientes. Por outro lado, o país começou a receber uma quantidade maior de
produtos importados; com isso, as empresas brasileiras amargamente
identificaram que a qualidade de seus produtos e/ou serviços eram inferiores se
comparados aos concorrentes.
Sabe-se que este foi um dos fatores que levou muitas empresas a uma
corrida por entender melhor como os concorrentes conseguiam índices de
qualidade mais elevados. Com muito aprendizado, os processos foram
melhorados. Atualmente, os coeficientes de qualidade alcançados pelas
empresas brasileiras são comparados aos padrões internacionais.
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As empresas contribuíram muito para a evolução da qualidade, mas é
preciso dar crédito também às instituições de ensino técnico, tecnológico e
universitário. Em conjunto, elas criaram muitos métodos, técnicas e ferramentas
de qualidade que são usadas até os dias de hoje.
Para entender como o pensamento da qualidade foi formado e como os
diversos autores auxiliaram nas mudanças transformadoras vivenciadas nas
diferentes eras da qualidade, temos que entender um pouco o pensamento dos
principais “gurus da qualidade”.
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(corretiva); isso vai mais além: uma gestão de qualidade robusta consiste em
trabalhar com a melhoria contínua. Certamente, trabalhar sob essa perspectiva
exige a conexão entre clientes, empresas e colaboradores, o que exige também
líderes engajados com suas equipes e uma mudança de postura no que diz
respeito à qualidade.
Para isso, as empresas precisam buscar melhorar seus processos, para
que as oportunidades sejam identificadas e solucionadas de modo que o
desempenho da empresa melhore. Otimizar os processos que agregam valor aos
clientes envolve também a eliminação dos desperdícios, para que os produtos
e/ou serviços sejam entregues com a qualidade esperada.
O sistema TPS (Sistema Toyota de Produção) definiu esses desperdícios
como sete:
1. Processamento desnecessário;
2. Movimentação;
3. Estoque;
4. Superprodução;
5. Espera;
6. Defeitos;
7. Transporte.
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a empresa precisa estar preparada para oferecer serviço de qualidade, para que
haja uma segunda compra – ou seja, o sistema deve se retroalimentar, para que
a qualidade da cadeia de valor seja garantida.
Quando cada colaborador, departamento, lideranças e equipes entendem
sua participação no processo, a empresa pode afirmar que a cultura da qualidade
está enraizada e está sendo desenvolvida.
Dentre todos os fatores relacionados, pode-se concluir que é de suma
importância um sistema de gestão da qualidade que seja a mola propulsora para
a cultura da qualidade. Com um sistema de gestão adequado, os produtos e
serviços oferecidos são melhorados continuamente. Como consequência, os
resultados serão melhores. Vale lembrar que o conceito de qualidade tem
evoluído rapidamente nos últimos anos, e normas como a ISO têm ajudado a criar
padrões adequados para que as empresas possam competir igualmente em
mercados globais.
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Os padrões podem ser encontrados em diversos segmentos, com o
objetivo de entregar a qualidade de produtos, com segurança para os
compradores, por meio de documentos técnicos em que as regras de execução
são esclarecidas.
Foi com a produção em série que muitos padrões foram criados,
principalmente os aplicados para áreas automobilísticas. Destaca-se inicialmente
a criação da IEC – Comissão Internacional de Eletrotécnica, em Londres, em
1906. Temos também a Anacom, órgão que tem como objetivo preparar normas
internacionais no que se refere a elétricos, eletrônicos e tecnologias.
A padronização é necessária para que o controle da qualidade possa ser
estabelecido, porque os processos (tanto fabris quando de serviços) precisam de
padrões para a busca do zero defeito. Para tanto, a empresa precisa de um
sistema de gerenciamento de padrões, que podem ser beneficiados por um bom
sistema de gestão.
Para as empresas que têm sistemas certificados, o uso de normas ajuda a
sustentar uma imagem para o cliente, de que seus produtos e serviços seguem
padrões que entregam com confiabilidade. Afinal, é o que está estabelecido nos
contratos. Muitos clientes preferem não comprar produtos que possam ter uma
qualidade duvidosa, pois a compra de produtos/serviços está atrelada à
satisfação.
As organizações que decidem pela internacionalização, por uma
certificação internacional, devem traçar um caminho para viabilizar a entrada
nesse ambiente. Cabe também salientar que existem diversos níveis de
normatizações, e órgãos locais em diferentes países que são responsáveis pela
sua criação e divulgação. No Brasil, esse órgão é a ABNT – Associação Brasileira
de Normas Técnicas.
No site da ABNT, é possível encontrar mais detalhes sobre os níveis de
normalização, desde o empresarial até os internacionais.
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Figura 3 – Níveis de normalização
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aceitas pelo mercado global, e tem como objetivo auxiliar as empresas na
preparação, no planejamento e no gerenciamento de um sistema de gestão.
São vários os benefícios com a normalização. Dentre eles, podemos citar:
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Definir claramente a participação da gerência, pois este é considerado um
fator de criticidade para o sucesso. Se isso não ocorrer, as chances de
insucessos são enormes;
Identificar quais são os principais requisitos, com foco no cliente, na
legislação, entre outros;
É de suma importância a definição do escopo do Sistema de Gestão. Esse
parâmetro é o primeiro a delimitar a área de atuação ou de exclusão, se
necessário;
O próximo passo consiste em definir os processos e os procedimentos que
vão auxiliar na execução. Alguns procedimentos são mandatórios, por isso,
precisam ser identificados no início do projeto;
Treinar e capacitar os colaboradores é uma demanda essencial. Os
procedimentos podem ser usados para facilitar esta tarefa;
Escolher um órgão que certificará a empresa. Este órgão pode também ser
usado para consultoria se for julgado necessário;
Identificar e capacitar uma equipe de auditores internos para a realização
de auditorias;
As oportunidades de melhorias encontradas durante as auditorias internas
precisam ser gerenciadas para que as ações corretivas sejam
implementadas;
O sistema de gestão precisa ser revisado com frequência para garantir a
maturidade do sistema e sua melhoria contínua.
Assim que a empresa sentir que está preparada, poderá solicitar uma
auditoria de certificação, chamada de Etapa 1, em que a verificação é documental.
Essa revisão já é realizada pelo órgão certificador, para verificação inicial do
atendimento aos requisitos da norma. Neste momento, é entregue um relatório
com os pontos levantados durante o processo. A empresa terá, assim, a
oportunidade de implementar melhorias.
A etapa final passa pela certificação Etapa 2, que consiste na auditoria final,
com apresentação de evidências e entrevistas com os colaboradores. Em caso
de atendimento aos requisitos da norma, a empresa é recomendada a receber o
selo.
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FINALIZANDO
LEITURA COMPLEMENTAR
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VITURI, D. W.; ÉVORA, Y. D. M. Gestão da Qualidade Total e enfermagem
hospitalar: uma revisão integrativa de literatura. Rev. Bras. Enferm., Brasília, v. 68,
n. 5, set./out. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v68n5/0034-
7167-reben-68-05-0945.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2018.
Saiba mais
COMO criar cultura da qualidade. Gizelda Barreto, 12 abr. 2018. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=l7yKQSWmVJE>. Acesso em: 24 jun. 2018.
COMO implantar ISO 9001 Na Sua Empresa Sozinho. Elizeu Junior, 29 set. 2016.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-W6n8pgkSg4>. Acesso em:
24 jun. 2018.
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REFERÊNCIAS
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