AULA3 - Transtorno Do Espectro Autista
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TRANSTORNO DO ESPECTRO
AUTISTA
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aplicar os instrumentos para definir o PEI. Já o plano de ensino propriamente dito
pode ser aplicado por outros, como pais, professores e mediadores.
Uma última observação quanto às avaliações de intervenção: é necessário
entender que não se trata de instrumentos para medir coeficiente de inteligência
ou nível de desenvolvimento infantil. A intenção, geralmente, é detectar hábitos,
comportamentos, marcos de desenvolvimento que ainda não foram atingidos pela
pessoa com TEA.
Saiba mais
2.1 VP-MAPP
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portanto pode ser utilizado até a adolescência, eventualmente até mesmo para
adultos.
O VB-MAPP foi desenvolvido por Mark Sundberg em 2008.
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Saiba mais
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Quadro 1 – Exemplo de ficho de mando
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Para o nível III (30-48 meses), o exemplo tem, além da observação, itens
com comandos e testes.
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2.2 ABLLS-R
Mais uma sigla chegando a nossas aulas (e teremos outras tantas adiante).
Para crianças com TEA um pouco maiores, pode ser aplicado a ABLLS-R
(Assessment of basic language and learning skills), ou “Avaliação de linguagem
básica e habilidades de aprendizagem revisada”.
Os protocolos de avaliação geralmente são apresentados em livros ou
outro tipo de documento nos quais encontramos embasamentos, descrição da
proposta, modelos de fichamento, de marcação e escalas de resultados. No caso
do ABLLS-R, são dois documentos que abrangem 544 habilidades relacionadas
a habilidades básicas de aprendizagem e de linguagem. As habilidades estão em
25 áreas de prioridades educacionais, tais como habilidades de ouvinte, de
falante, habilidades motoras.
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As fichas de avaliação apresentam de forma minuciosa cada
comportamento e o avaliador tem no inventário as instruções específicas para
aplicação, observação, anotação e análise.
Nas últimas décadas, as teorias comportamentais, principalmente o ABA
(Análise do Comportamento Aplicada), têm sido a principal referência para o
tratamento do TEA pelos resultados apresentados e validação no meio científico.
Isso não quer dizer que outras opções estejam descartadas e é possível que
mudanças aconteçam pelo volume de estudos na área, principalmente nos
Estados Unidos.
Não há como negar que as propostas de avaliações na abordagem
comportamental são detalhadas e abrangentes no que diz respeito ao
comportamento verbal – base para aquisição da linguagem e comunicação – e a
comportamentos básicos para aprendizagem. Assim, as avaliações citadas nesta
aula e outras como PEAK (protocolo de linguagem que avalia 184 habilidades
mais complexas) ou Essential for Living (rastreia habilidades funcionais,
apropriado para crianças e adultos com quadros moderados e graves) são válidas
para entender melhor cada caso. Fornecem um mapa para estabelecer objetivos
e metas de intervenção. Avaliações como essas podem até mesmo atender
crianças típicas com dificuldade de aprendizagem.
As avaliações orientam na elaboração do currículo que pode atender mais
adequadamente a criança com TEA. É preciso lembrar que um currículo
convencional para crianças típicas geralmente está voltado para habilidades
acadêmicas, no entanto, muitas das crianças com TEA estão defasadas
justamente naquilo que outras crianças adquirem naturalmente. Um exemplo é a
capacidade de imitar, de prestar atenção ou de fixar o olhar no rosto de uma
pessoa. São as habilidades desenvolvimentais, muitas delas básicas para
relacionamento e comunicação, deficitárias no TEA. Portanto, o currículo escolar
convencional dificilmente atenderá uma criança com TEA. Assim, o
desenvolvimento de planos de ensino individuais são fundamentais para atendê-
las.
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Nessa tarefa, também existem métodos que podem oferecer opções e orientações
já testadas e estabelecidas. Assim como na avaliação, as teorias
comportamentais e base experimental da Análise do Comportamento Aplicada
(ABA) sustentam algumas das propostas mais utilizadas e com bons resultados
documentados e sistematizados.
Escolhemos para detalhar na aula dois métodos fundados da análise
comportamental com propósitos e faixas etárias diferenciadas. A intenção é
mostrar possiblidades e rumos da intervenção em TEA. O primeiro é estruturado
e o segundo é o naturalístico. Em seguida, explicaremos essas diferenças
conceituais e práticas decorrentes.
O método Teacch (Treatment and Education of Autistic and Related
Communication Handicapped Children) é um dos mais conhecidos. Traduzido
como “Tratamento e educação para crianças autistas e com outros prejuízos de
comunicação”, a base conceitual está no behaviorismo e na psicolinguística. A
abordagem é clínica somada à educacional, portanto envolve diretamente a
escola e educadores, além da família.
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comunicação. Possui uma escala para detectar nível de desenvolvimento em
dimensões de análise como coordenação motora fina e ampla, coordenação
visuomotora, performance cognitva. Tem uma segunda escala para
comportamento como afeto, brincadeira e linguagem. Assim, durante a avaliação,
a criança realiza tarefas ou observa-se seu comportamento, e há uma escala
específica para cada área investigada.
Como as demais avaliações com base behaviorista, o PEP-R tem várias
fichas e instrumentos de registro: ficha de dados de identificação; inventário de
comportamentos de infância e adolescências (questionário para problemas de
comportamento e interação social); matrizes progressivas coloridas (para verificar
os progressos intelectuais, para faixa etária de 5 a 11 anos); perfil
psicoeducacional revisado propriamente dito, que
Crédito: Tartila/Shutterstock.
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desejadas para ABA. Assim, para considerar que a aprendizagem aconteceu, o
comportamento deve ser reproduzido espontaneamente em outras condições.
Mello (2007) também revela evidências de que a criança constrói significados e
adquire habilidades com as intervenções.
Ainda mais uma observação: assim como os demais instrumentos com
base comportamental, os registros no Método Teacch são exaustivos, tanto no
que se refere às tentativas quanto aos resultados.
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(ponto nevrálgico do TEA) mediadas pelo afeto positivo, promovendo aquisição
da linguagem e a comunicação.
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que não falam ou que precisam organizar a fala. Talvez você já conheça a parte
mais visível da técnica – cartões de figuras (ilustrações) que são utilizadas pelas
crianças para comunicação.
Saiba mais
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aplicado pelos pais e voltado para a regulação sensorial (Andrade et at., 2016).
Todos fazem parte de um procedimento maior de intervenção.
Existem outros tantos tratamentos específicos, voltados para muitos dos
sintomas e manifestações de cada pessoa com TEA, como as terapias
comportamentais ou analíticas, atividades com fisioterapeuta ou educador físico,
terapeutas comportamentais e fonoaudiólogos. Encerramos esta aula cientes de
que mostramos apenas a ponta do iceberg das possibilidades de intervenção e
que, nas próximas aulas, alguns outros caminhos também serão apresentados.
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REFERÊNCIAS
MELLO, A. M. S. Autismo: guia prático. 7. ed. São Paulo: AMA; Brasília: Corde,
2007.
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