D Transmissi Veis e Epidemiologia

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Doenças transmissíveis e

Epidemiologia

SAÚDE PÚBLICA, EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA


Departamento Universitário de Saúde Pública

2018 | 2019
Doenças transmissíveis e epidemiologia
MENSAGENS CHAVE
 Surgem novas doenças transmissíveis, outras
reaparecem devido a mudanças sociais e ambientais.

 Carga das doenças transmissíveis é uma ameaça


contínua para a saúde pública em todos os países.

 Os métodos epidemiológicos permitem a vigilância, a


prevenção e o controle de surtos das doenças
transmissíveis.

 O Regulamento Sanitário Internacional tem por objetivo


facilitar o controle de novas epidemias.
A epidemiologia desenvolveu-se devido à grande
contribuição das doenças transmissíveis

Epidemiologia desenvolve-se a partir do estudo de surtos e


da interação entre agentes, vetores e reservatórios

Descrição das circunstâncias associadas ao aparecimento


de epidemias nas populações humanas (guerra, migração,
fome, desastres naturais...) aumenta a capacidade de
controlar a sua dispersão através da vigilância, prevenção,
quarentena e tratamento
Doenças transmissíveis e epidemiologia
Carga das doenças transmissíveis

Estimativa global da carga das doenças transmissíveis é


dominada pelo VIH/SIDA, tuberculose e malária

Doenças emergentes transmissíveis (febres hemorrágicas,


Síndrome Respiratória Aguda Severa...) ou que reaparecem (difteria,
febre amarela, carbúnculo, dengue, influenza...) são uma grande carga
sobre os sistemas de saúde (particularmente nos países em
desenvolvimento)
Doenças transmissíveis e epidemiologia
Carga global das doenças transmissíveis

Óbitos anuais: 14,2 milhões


30% em todo o mundo e 39% da carga global de incapacidade
Responsáveis por metade das mortes prematuras
A maioria dos óbitos por doenças infeciosas (80%) deve-se a:
 Infeção respiratória aguda (3,8 milhões)
 VIH/SIDA (2,8 milhões)
 Doenças diarreicas (1,7 milhão)
 Tuberculose (1,6 milhão)
 Malária (1 milhão)
 Sarampo (800.000)

Maioria das mortes são nos países em desenvolvimento


Projeção mundial das principais causas de óbito em todas as idades,
2005: total de óbitos 58 milhões
Doenças transmissíveis: ameaça à segurança da humanidade e
aos sistemas de saúde

Têm potencial para Países desenvolvidos ainda


ameaçar a segurança das têm elevada morbilidade
populações

Países em desenvolvimento Métodos epidemiológicos


lutam contra transmissíveis usados na investigação e
mas as mortes por doenças controle são um desafio,
crónicas aumentam mas em geral são rápidos e
rapidamente (centros funcionam com recursos
urbanos) limitados
Doenças Transmissíveis e Epidemiologia

DEFINIÇÕES
Doenças transmissíveis e epidemiologia
Carga global das doenças transmissíveis
Doença transmissível (ou infeciosa)
doença causada pela transmissão de um agente patogénico específico para
um hospedeiro susceptível. Os agentes infeciosos podem ser transmitidos para
o Homem de forma direta (de um homem ou animal infetado) ou indireta (por
vetores, partículas aéreas, outros veículos).
Doença contagiosa
doença que pode ser transmitida pelo toque ou contato direto entre humanos,
sem necessidade de um vetor ou veículo interveniente.
Exemplos:
 malária é transmissível, mas não contagiosa
 sarampo e a sífilis são transmissíveis e contagiosas
 intoxicação estafilocócica: ingestão de alimentos contaminados com uma
toxina que a bactéria (S. aureus) produz (doença é provocada pela infeção
+ efeito tóxico de compostos químicos que produz).
Epidemiologia Básica. Bonita R., Beaglehole R., Kjellstrom T. WHO. 2ª edição,
S.Paulo.Santos 2010.
Modos de Transmissão
Transmissão direta imediata - contato direto
Contato físico entre a fonte primária da infeção e o novo
hospedeiros (ex. DST).

Transmissão direta mediata (mãos, secreções, fómites)


Não há contato físico entre a fonte primária da infeção e o novo
hospedeiro
Transmissão por meio das secreções oronasais suspensas na
atmosfera ou por contato pelas mãos e utensílios contaminados
(ex. tuberculose)
O quê?
De onde?
Transmissão indireta Para onde?
Malária, Shistossomíase, Doença de Chagas... Por que meios?

Transmissão vertical (via materna – leite, placenta)


VIH/SIDA, sífilis congénita
Distinção entre os tipos de Cadeia de infeção
transmissão é importante para o Processo de transmissão
controle de doenças
Transmissão direta Transmissão indireta
 Mãos  Veículos (alimentos
 Beijo contaminados, água, toalhas,
 Relação sexual instrumentos agrícolas...)
 Outro contacto (p. ex. durante  Vetores (insetos, animais)
o parto, atos médicos,  Aérea, longa distância (poeira,
injeções, amamentação) gotículas)
 Aérea, curta distância  Parenteral (injeção com
(gotículas, tosse, espirro) seringa contaminada)
 Transfusão (sangue)
 Transplacentária
O segundo elo na cadeia de infeção é a
transmissão ou difusão do agente infecioso
para o ambiente ou para outra pessoa
Cadeia de infeção
O Processo de transmissão
Transmissão direta Transmissão indireta
 Do agente infecioso de  Por vetor (agente
um hospedeiro ou carregado por um inseto
reservatório para uma ou animal para um
porta de entrada (contato hospedeiro suscetível que
direto). pode ou não multiplicar-se
 Transfusão de sangue e no vetor)
infeção transplacentária  Aérea de longa distância
da mãe para o feto
na disseminação de
podem ser importantes
formas de transmissão pequenas gotículas
direta (facilitadas por poeiras)
para uma porta de entrada
(trato respiratório)
Transmissão indireta - Shistossomíase
Doença de Chagas

Transmissão indireta
Cadeia de transmissão
Hospedeiro
Hospedeiro Reação do hospedeiro à
Pessoa ou animal que infeção
proporciona um local Determinada pela interação
adequado para o com o agente e o modo de
crescimento e transmissão. Varia da infeção
multiplicação, em inaparente a formas clínicas
condições naturais de um severas
agente infecioso. O ponto Período de incubação
de entrada no hospedeiro Tempo decorrido entre a
varia de acordo com o entrada do agente infecioso e
agente (pele, mucosa, o aparecimento dos primeiros
tratos respiratório e sinais e sintomas. Pode variar
gastrointestinal, sangue) de poucas horas (intoxicação
alimentar por estafilococos)
até muitos anos (SIDA)
Cadeia de transmissão
Hospedeiro

Grau de resistência do hospedeiro depende da


imunização ou exposição prévia ao agente

Imunização protege indivíduos suscetíveis da


doença transmissível. Vacina pode ser:
 um agente infeccioso vivo modificado (sarampo);
 uma suspensão de organismos mortos (coqueluche);
 uma toxina inativada (tétano);
 um polissacarídeo bacteriano.
Cadeia de infeção
Ambiente: papel no desenvolvimento das transmissíveis

Fatores que podem influenciar os estágios na cadeia de


infeção

condições sanitárias
temperatura
poluição aérea
qualidade da água
fatores socioeconómicos
densidade populacional, nível de aglomeração, pobreza
Dois fatores vivos envolvidos na cadeia de transmissão

Epidemiologia Básica. Bonita R., Beaglehole R., Kjellstrom T. WHO. 2ª edição,


S.Paulo.Santos 2010.
Processo
Unitário de
Transmissão

Epidemiologia Básica. Bonita R., Beaglehole R., Kjellstrom T. WHO. 2ª edição,


S.Paulo.Santos 2010.
Vetor
inseto ou animal que carrega o agente infecioso de pessoa para pessoa.

Veículo
Objeto ou elemento contaminado (roupas, talheres, água, alimentos,
sangue, soluções parenterais, instrumentos cirúrgicos, ...).

Epidemiologia Básica. Bonita R., Beaglehole R., Kjellstrom T. WHO. 2ª edição,


S.Paulo.Santos 2010.
Elos de Transmissão de Bio-agentes patogénicos: esquema geral de
transmissão

Epidemiologia Básica. Bonita R., Beaglehole R., Kjellstrom T. WHO. 2ª edição,


S.Paulo.Santos 2010.
Cadeia de infeção

Doenças transmissíveis ocorrem como


resultado de uma interação entre

Agente infecioso
Processo de transmissão
Hospedeiro
Ambiente
Doenças transmissíveis
Cadeia de infeção e controlo da doença
 Controle da doença envolve mudanças de um ou
mais elementos da cadeia de infeção
• influenciados pelo ambiente
• cursam silenciosamente ou como doença severa (até à
morte)

 Epidemiologia esclarece o processo de infeção


• desenvolve, implementa e avalia medidas de controle

 Pode ser possível controlar a doença com limitado


conhecimento de sua cadeia específica de infeção
Cadeia de infeção: agente infecioso

Infeção
Entrada e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infecioso no hospedeiro.
Infeção não equivale a doença (algumas infeções não produzem doença clínica)

Período de transmissibilidade
Período durante o qual o agente infecioso pode ser transferido de uma pessoa infetada a outra

Propriedades dos bio-agentes (amplificadas ou não, dependendo da resposta do


hospedeiro e do ambiente)
– Infetividade
– Patogenicidade
– Virulência
– Dose infetante
– Poder invasivo
– Imunogenicidade
Veículo
Material contaminado que é o meio mecânico
utilizado para transporte e introdução do agente
infecioso no hospedeiro suscetível (água, leite,
alimentos, objetos contaminados...)

Veículo transportador e indutor


bio-agente é passivamente levado e introduzido no
hospedeiro “transmitido por”
Exemplos: cólera, tétano...
Veículo (continuação)
Veículo Suporte “através de”:
solo (ancilostomose)
água: (shistossomíase)
Ar: aerossóis
Primários – gotículas de flugge
Secundários (núcleos de Wells)
Fatores que poderão
gerar epidemias

Preparo de alimentos em processo de deterioração


Refrigeração inadequada
Vasilhames contaminados
Período de validade vencido
História natural da doença
No estado inicial de saúde o organismo sadio
encontra agentes patogénicos ou fatores de risco,
interage com eles e provoca:


perturbações leves estágios avançados

alterações irreversíveis

Epidemiologia Básica. Bonita R., Beaglehole R.,


Kjellstrom T. WHO. 2ª edição, S.Paulo.Santos 2010.
Doença infeciosa
Incubação
período entre a exposição ao agente e o aparecimento de sinais e
sintomas.

Transmissibilidade
período durante o qual o agente infecioso pode ser transmitido.

Isolamento
segregação da pessoa durante o período de transmissibilidade.

Epidemiologia Básica. Bonita R., Beaglehole R., Kjellstrom T. WHO. 2ª edição,


S.Paulo.Santos 2010.
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
 Reservatório  Resistência
 Fonte de infeção  Suscetibilidade
 infetividade  Resistência natural
 Patogenicidade  Resistência adquirida
 Virulência  Indivíduo imune
 Dose infetante  Imunidade
 Poder invasivo
 Imunogenicidade

Epidemiologia Básica. Bonita R., Beaglehole R., Kjellstrom T. WHO. 2ª edição,


S.Paulo.Santos 2010.
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
 Reservatório
 habitat natural do agente e pode incluir humanos, animais e
fontes ambientais

 Fonte de infeção
 pessoa ou objeto de onde o hospedeiro adquire a doença

Conhecimento do reservatório e da fonte é


necessário para desenvolver medidas efetivas de
controle

Fonte de infeção pode ser o portador


Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Portador
pessoa infetada que não mostra evidência de doença clínica

 duração do estado de portador varia entre


diferentes agentes

 pode ser assintomático durante todo o período de


infeção, ou limitado a uma fase da doença

 Desempenha importante papel na disseminação


global do VIH (longos períodos sem sintomas)
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Infetividade
Capacidade de certos organismos de penetrar e se
desenvolverem ou multiplicarem no hospedeiro,
ocasionando infeção.

Pode ser baixa (fungos ...) ou alta (vírus gripe...)

Com o passar do tempo o agente etiológico


adapta-se ao hospedeiro vai tendo flutuações
epidémicas até ser endémico
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Infetividade
Capacidade de certos organismos de penetrar e se
desenvolverem ou multiplicarem no hospedeiro,
ocasionando infeção.

Pode ser baixa (fungos ...) ou alta (vírus gripe...)

Com o passar do tempo o agente etiológico


adapta-se ao hospedeiro vai tendo flutuações
epidémicas até ser endémico
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Patogenicidade
Capacidade do agente infecioso de, uma vez instalado no
organismo do homem, produzir sintomas em maior ou menor
proporção nos hospedeiros infectados (doença).

Exemplos:
 Sarampo: todos os sinais e sintomas em 100% dos casos.
 Poliomielite – 1% dos infetados desenvolve a paralisia.

casos da doença
Patogenicidade = ---------------------------- x 100
nº total de infetados
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Virulência
capacidade de um bio-agente produzir casos graves ou fatais.
varia de muito baixa a muito alta.
uma vez que um vírus tenha sido atenuado e seja de baixa
virulência, pode ser usado para imunização.

Exemplos
 raiva – alta virulência
 virus do sarampo – baixa virulência (mas alta infetividade e alta
patogenicidade)

casos graves e letais


Virulência = --------------------------------------- x 100
total de casos da doença
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Dose infectante
quantidade requerida do agente etiológico para causar
uma infeção num indivíduo suscetível.

Exemplos:
 1 picada de mosquito infetado = malária
 milhares de picadas = filariose
 Botulismo dose única e letal de alimento contaminado
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Poder invasivo
capacidade que o parasita tem de se difundir, através
de tecidos, órgãos e sistemas anatomo-patológicos do
hospedeiro.

Exemplos:
 tecidos superficiais – Ténia
 Vasos linfáticos – peste bubónica
 Órgãos – tuberculose pulmonar
 Corrente sanguínea – septicemia / meningococémia
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Imunogenicidade ou poder imunogénico
capacidade que tem o bio-agente para induzir
imunidade no hospedeiro

Exemplo:
 rubéola, sarampo, varicela – alto poder imunológico
 rinofarifite aguda ou salmonela – conferem imunidade
temporária aos hospedeiros
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Resistência
É o sistema de defesa com o qual o organismo impede
a difusão ou a multiplicação de agentes infeciosos que
o invadiram, ou os efeitos nocivos dos seus produtos
tóxicos.
Associada ao estado de nutrição, integridade de pele e
mucosas, capacidade de reação e adaptação aos
estímulos do meio, fatores genéticos, estados atual de
saúde, estresse ou imunidade específica.
 Ver Norma 004/2013 de 21/02/2013 da DGS sobre vigilância
epidemiológica das resistências aos antimicrobianos
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Susceptibilidade
Considerando a espécie como sendo suscetível a
determinadas infecções e considerando que, dentro da
mesma espécie, alguns indivíduos são resistentes,
segue que os indivíduos não-resistentes serão
indivíduos suscetíveis.
Indivíduo suscetível é aquele que não possui
resistência a determinado agente patogénico e que, por
esta razão, pode contrair a doença, se posto em
contato com o mesmo.
Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Resistência natural

 capacidade de resistir à doença independentemente


de anticorpos ou da reação específica dos tecidos

 resulta de fatores intrínsecos do hospedeiro,


anatómicos ou fisiológicos

 pode ser genética ou adquirida, permanente ou


temporária

 tem caráter inespecífico


Nomenclatura do agente e do
hospedeiro
Imunidade
 estado de resistência (geralmente associado à presença de
anticorpos específicos do microrganismo responsável por
determinada doença infeciosa ou sobre as suas toxinas).

 imunidade passiva humoral de curta duração (dias a vários meses)


é obtida natural (transferência mãe – filho) ou artificialmente
(inoculação de anticorpos protetores específicos: soro hiperimune
ou imunoglobulina humana)

 imunidade ativa (dura anos) é adquirida natural (consequência de


infeção) ou artificialmente (inoculação de parte ou totalidade do
agente)
Doenças transmissíveis - epidémicas e endémicas

EPIDEMIA
Ocorrência numa região ou comunidade de um número de
casos de doença transmissível excessivos, em relação ao que
normalmente seria esperado

Exige descrição
do período
da região geográfica
de outras particularidades da população onde ocorrem casos
Doenças transmissíveis – Epidemia
Número de casos necessários Sarcoma de Kaposi em Nova York
para definir uma epidemia
varia com
 agente
 tamanho
 tipo e suscetibilidade da
população exposta
 momento e local da
ocorrência da doença,
 frequência usual da doença
na região, no mesmo grupo
populacional, durante a Um pequeno número de casos de uma
mesma parte do ano doença que não tinha ocorrido
previamente na região, pode ser o
suficiente para constituir a ocorrência de
uma epidemia
EPIDEMIA

Dinâmica é determinada
 características do seu agente
 modo de transmissão
 suscetibilidade dos hospedeiros humanos

Vacinas
 meio mais efetivo de prevenir doenças infeciosas
 funcionam tanto em nível individual (previnem ou atenuam a doença
no indivíduo exposto ao patogénico) como populacional (afetam a
imunidade herdada)
Imunidade herdada. Os círculos pretos mostram os indivíduos infectados com uma doença
contagiosa, os círculos brancos referem-se aos indivíduos não afetados e o círculo cinza
mostra as pessoas que estavam imunes. As setas mostram a direção da transmissão. Em A,
todos os indivíduos são suscetíveis e todos foram afetados; em B, apenas um indivíduo
estava imune, mas ainda assim quatro ficaram protegidos, apesar de três serem suscetíveis
Epidemia de fonte comum

Indivíduos suscetíveis são expostos simultaneamente a uma fonte


de infeção, o que resulta num aumento rápido do número de casos,
geralmente em poucas horas.

Epidemia de cólera em
Londres, agosto e
setembro de 1854
Epidemia por contágio ou propagada

Curva epidemiológica de SARS no


 Doença transmitida de uma pessoa Canadá 2003
para outra: o incremento inicial no
número de casos é lento.
 Número de indivíduos suscetíveis e
potenciais fontes de infeção são os
principais fatores que determinam a
propagação da epidemia.

SARA foi inicialmente reconhecida como


uma ameaça global em março de 2003.
Espalhou-se para 26 países, afetando
homens e mulheres adultos, com um
quinto dos casos ocorrendo em
trabalhadores da saúde.
Doenças endémicas

Quando numa área geográfica ou grupo


populacional há um padrão de ocorrência
relativamente estável com elevada incidência
ou prevalência

Se ocorrerem mudanças nas condições do


hospedeiro, do agente ou do ambiente, uma
doença endémica pode tornar-se epidémica
Óbitos por varíola em alguns países europeus, 1900-1919

País População em Número de óbitos


1918 (milhões)
1900-04 1905-09 1910-14 1915-19
Finlândia 3 295 155 182 1.605
Alemanha 65 165 231 136 1.323
Itália 34 18.590 2.149 8.773 17.453
Rússia 134 218.000 221.000 200.000 535.000*

* Inclui casos não fatais

Epidemia do VIH tornou-se endémica em


muitas áreas, enquanto noutras ainda
ocorrem epidemias em populações que não
tinham sido previamente expostas
51
Doença infeciosa que se torna endémica

Malária e dengue
mosquito é vetor, áreas endémicas são limitadas por condições
climáticas:

 Região muito fria ou seca


mosquito não consegue sobreviver ou reproduzir-se e doença não se
torna endémica

 Aquecimento global muda o clima em zonas do mundo e


facilita surgirem áreas endémicas de certas doenças (e a
sua disseminação em novas áreas)
Infeções emergentes e re-emergentes (últimas décadas séc. XX)

Emergiram ou reemergiram mais de 30% de transmissíveis


desconhecidas ou que estavam sob controle

Virais: VIH/SIDA, febres virais hemorrágicas, Ébola, Marburg, Dengue,


nova variante da doença de Creutzfeldt-Jacob em humanos (após um
surto de encefalopatia bovina espongiforme), Influenza A...
Bacterianas: carbúnculo, cólera, peste, doença Lyme, brucelose, úlcera
de Buruli
Parasitárias: malária, tripanossomíase, leishmaniose e dracunculose

Ameaças para a saúde da humanidade no século XXI >>>


coordenação internacional para o efetivo controle e
resposta
Infeções emergentes e re-emergentes

 Algumas doenças emergentes parecem ser genuinamente novas,


outras parecem existir desde sempre (febre viral ...)

 Algumas devem-se a mudanças ecológicas ou ambientais (que


aumentam o risco de infeções no Homem) ou à melhoria na
capacidade de as detectar

 Mudanças no hospedeiro, nas caraterísticas do agente ou nas


condições ambientais são responsáveis por epidemias como a
difteria, a sífilis e a gonorreia (1990 nos países do leste europeu)
Rede Mundial de Alerta e Resposta a Surtos Epidémicos
GOARN: Global Outbreak Alert and Response Network

Criada para dar resposta a doenças epidémicas e


emergentes

Estrutura de colaboração entre instituições e rede


de recursos humanos e técnicos para uma rápida
identificação, confirmação e resposta a surtos de
importância internacional
55
Rede Mundial de Alerta e Resposta a Surtos Epidémicos
GOARN: Global Outbreak Alert and Response Network

Contribui para a segurança da saúde global


 Combate a dispersão internacional de surtos
 Assegura assistência técnica para alcançar rapidamente regiões
afetadas
 Contribui para preparar e aumentar a capacidade de resposta a
epidemias a longo prazo

Todos os países são obrigados a informar a OMS dos


casos de doenças prejudiciais e potenciais para a saúde
pública, de acordo com o Regulamento Sanitário
Internacional
Regulamento Sanitário Internacional - objetivo

Objetivo
Maximizar a proteção contra a dispersão internacional de
doenças, enquanto minimiza a interferência sobre o
comércio e as viagens internacionais

Finalidade
Controlar situações de emergência para a saúde pública
mundial, independente do patogénico
Regulamento Sanitário Internacional

Obriga os países a
notificar à OMS todas as situações de emergência para a
saúde pública mundial
verificar a ocorrência de surtos quando solicitado pela
OMS
ter capacidade para detetar rapidamente e responder aos
eventos
cooperar com a rápida avaliação e assistência aos eventos
Investigação e controle de epidemias

Passos, em sequência ou simultaneamente


1. investigação preliminar
2. identificação e notificação de casos
3. coleta e análise de dados
4. manejo e controle
5. divulgação de resultados e
acompanhamento (vigilância e resposta)
Investigação e controle de epidemia
Estágio inicial da investigação
 Verificar diagnóstico de casos suspeitos

 Confirmar que existe epidemia

 Formular hipóteses sobre a fonte e a disseminação da doença


(podendo resultar em medidas imediatas de controle)
 Registos iniciais podem ser observações feitas por um pequeno número de
agentes comunitários de saúde ou dados coletados pelo sistema de rotina
de notificação de doenças infeciosas
 Por vezes, são necessários relatórios de várias comunidades
 número de casos de uma área pode ser muito pequeno para chamar a atenção
sobre uma epidemia
Identificação dos casos
Novos casos
sistematicamente
identificados (definição clara Necessário contar
do que vem a ser um caso) criteriosamente todos os casos

Coletadas informações Se confirmada, prioridade é


detalhadas em pelo menos estabelecer controle
uma amostra dos casos
Epidemias contagiosas graves
Primeiros casos são,
geralmente, apenas uma exigem acompanhar contatos
pequena proporção do total dos doentes (limitar a
disseminação)
Manejo e controlo dos casos

Tratar casos, prevenir a difusão da Essencial informar profissionais de


doença e monitorizar efeitos das saúde e público das causas
medidas de controle prováveis, do risco de contrair a
doença, e dos passos para o controle
Medidas de controle dirigidas contra
a fonte e a difusão da infeção Imunização
(proteção das pessoas expostas)  fundamental para prevenir e
controlar doenças infeciosas
Em alguns casos é preciso remover a  programas de vacinação
fonte de infeção sistemática podem ser muito
 alimentos contaminados retirados do efetivos
comércio
Exemplo de informação ao público numa epidemia de cólera
Vigilância epidemiológica

Medidas de controle implementadas


=
vigilância continua
(assegurar aceitabilidade e efetividade)

pode exigir programas de imunização em larga escala,


acompanhamento epidemiológico e estudos laboratoriais
Vigilância epidemiológica

Vigilância em saúde
coleta, análise e interpretação sistemática de dados em saúde para
planear, implementar e avaliar as atividades em saúde pública.
Dados serão disseminados

Mecanismos de vigilância
 notificação compulsória de algumas doenças
 registos de doenças específicas (base populacional ou hospitalar)
 pesquisas populacionais repetidas ou contínuas
 agregação de dados que mostram padrões de consumo e
atividade económica
Usos da vigilância epidemiológica

 identificar casos isolados ou agrupados


 avaliar o impacto de eventos para a saúde pública e as
suas tendências
 medir fatores de risco
 monitorizar a efetividade
 avaliar o impacto de medidas de prevenção e controle,
estratégias de intervenção e mudanças nas políticas de
saúde
 planear e fornecer cuidados aos doentes
Vigilância epidemiológica na prática

 Sistema sentinela de informação em saúde (utilizado para


fornecer informações adicionais)

 Rede sentinela mantém uma amostra da população sob vigilância


(fornecendo registos sistemáticos e padronizados sobre doenças
específicas e procedimentos nos cuidados primários de saúde)

 Retorno da informação ocorre regularmente e participantes têm


normalmente um contato permanente com investigadores

 Ex. Programa Nacional de Controlo da Tuberculose (DGS)


Fatores que influenciam a efetividade dos sistemas de vigilância

Fatores ou elemento Efetivo Inefetivo


Número de condições Poucas Muitas
Quantidade de informação para cada caso Pouca Muita
Demanda do responsável pela notificação Pequena Muito complexa leva tempo
Interesse de quem decide no dado da vigilância Alto Pequeno
Objetivos da vigilância Claros Não claros
Estratégia de notificação de condições sérias, mas Informação Notificação completa
comuns suficiente para
alcançar objetivos
e tomar decisões
Utilidade do dado para a equipe local Alta Pequena
O uso é limitado à análise do dado e arquivamento Dados bem usados Uso limitado dos dados
Utilidade para ações preventivas de quem decide Alta Pequena

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