8076 26619 1 PB
8076 26619 1 PB
8076 26619 1 PB
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a
egrégia Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar
provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Os
Srs. Ministros Denise Arruda, José Delgado, Francisco Falcão e Luiz Fux votaram
com o Sr. Ministro-Relator.
Brasília (DF), 15 de fevereiro de 2005 (data do julgamento).
Ministro Teori Albino Zavascki, Relator
DJ de 07.03.2005
REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
RELATÓRIO
o Sr. Ministro Teori Albino Zavascki: Trata-se de agravo regimental (fls. 177/
182) contra decisão monocrática cuja ementa é a seguinte:
"Tributário e Processual Civil. Contribuição previdenciária. Imunidade.
Art. 195, § 70., da CF/1988. Pedido de tutela antecipada. Agravo de instrumen-
to. Recurso especial. Superveniência de sentença na ação. Perda de objeto.
1. A sentença na ação em que se anteciparam os efeitos da tutela passa a
ser o título a partir do qual se realiza a execução provisória. Com sua super-
veniência, restam prejudicados os recursos interpostos em face da decisão in-
terlocutória que deferira a liminar.
2. Recurso especial a que se nega seguimento (CPC, art. 557, caput)."
(Fls. 173/175)
o agravante alega, essencialmente, que ajurisprudência do STJ consolidou-se
no sentido contrário ao que ficou decidido, sendo que os recentes julgados dessa
Corte têm confirmado o posicionamento de que "a superJeniência de sentença de
procedência não prejudica o recurso interposto contra a decisão interlocutória que
concedeu a antecipação de tutela, porquanto esta não antecipa simplesmente a
sentença de mérito, mas sim a própria execução dessa sentença, que, por si só, não
produziria os efeitos que irradiam da tutela antecipada. Logo, ainda que prolatada
sentença de mérito, persiste o interesse na cassação da decisão que antecipou os
efeitos da tutela pleiteada" (fl. 178). Requer, ao final, a reconsideração da decisão
agravada e, conseqüentemente, o seguimento do recurso especial.
É o relatório.
VOTO
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a
egrégia Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, vencido o Sr.
Ministro-Relator, dar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto-vista do
Sr. Ministro Teori Albino Zavascki. Votaram com o Sr. Ministro Teori Albino Zavas-
cki (voto-vista) os Srs. Ministros Luiz Fux (voto-vista), Denise Arruda (RISTJ, art.
162, § 2D, segunda parte) e José Delgado.
Brasília (DF), 03 de março de 2005 (data do julgamento).
Ministro Teori Albino Zavascki, Relator
DJ de 04.04.2005
RELATÓRIO
da ora agravada, por entender que, extinto o processo sem julgamento do mérito, é
de ser deferido o levantamento do depósito efetuado pelo contribuinte para suspen-
são da exigibilidade do crédito tributário.
Sustenta a agravante que o depósito efetuado para suspender a exigibilidade
do crédito tributário é feito em garantia da Fazenda, de forma que só ser
levantado parte após a sentença final transitada em julgado. Alega que,
extinto o processo sem julgamento do a sentença não foi favorável ao
não sendo o caso de levantamento do depósito, mas de sua conver-
são em renda da União.
Em mesa, para julgamento.
É o relatório.
El\lffiNTA
Processual Civil e Tributário. Agravo regimental. Recurso especial.
Mandado de segurança. do processo sem julgamento do mérito.
Levantamento do depósito efetuado para suspensão da exigibilidade do
crédito tributário. Possibilidade. Conversão em renda da União. Impossi-
bilidade.
I - A egrégia Primeira Seção desta Corte pacificou o entendimento
no sentido de que, em se tratando de extinção do mandado de segurança,
sem julgamento do é de ser deferido o levantamento do depósito
efetuado contribuinte para suspensão da exigibilidade do crédito
tributário, sendo inadmissível a sua conversão em renda da União. Pre-
cedentes: REsp n. 258. 751/SP' Relator Ministro Francisco Peçanha Mar-
tins, DJ de 30.09.2002; EREsp n. 270.083/SP, Relatora Ministra Eliana
Calmon, DJ de 02.09.2002; REsp n. 267.587/SP' Relator Ministro Milton
Luiz Pereira, DJ de 27.11.2000 e REsp n. 177.684/SP, Relator Ministro
Paulo Gallotti, DJ de 1°.08.2000.
II - Agravo regimental improvido.
VOTO-VENCIDO
VOTO-VISTA
contribuinte se este obtiver sentença favorável à sua pretensão, e devendo, nos de-
mais casos, ser convertido em renda da União.
O Relator, Ministro Francisco Falcão, negou provimento ao agravo, reiteran-
do as razões expendidas na decisão monocrática.
Pedi vista.
2. O depósito do montante integral do crédito tributário, na forma do art.
151, lI, do CTN, é faculdade de que dispõe o contribuinte para suspender sua
exigibilidade. Uma vez realizado, porém, o depósito passa a cumprir também a
função de garantia do pagamento do tributo questionado, ficando o seu destino
vinculado ao resultado da demanda. Ao enfrentar o tema, perante o TRF da 4a
Região, como Relator dos Embargos Infringentes n. 95.04.36954, Primeira Seção
(RTRF-4a, 28/300), sustentei:
"Observo, outrossim, que o depósito - cuja realização é direito do con-
tribuinte - constitui, à sua vez, uma garantia do Fisco. Explica-se a inexigi-
°
bilidade do crédito tributário nestes casos porque, com depósito, o Fisco
obtém, na prática, a mesma garantia que obteria com a penhora de dinheiro,
caso ajuizasse a execução. Efetuada a penhora, os demais atos executivos
estariam igualmente suspensos, se o contribuinte interpusesse embargos. Em
outras palavras: com o depósito e o ajuizamento da ação pelo contribuinte, as
partes assumem situação jurídica exatamente idêntica à que assumiriam com
a penhora e o ajuizamento de embargos de devedor. Esta é a razão pela qual
a lei suspende, em tais casos, a exigibilidade do crédito. Inquestionável, por-
tanto, que o depósito constitui garantia do Fisco, que não poderá ser fraudada
por meios indiretos. O levantamento do valor, pelo depositante, nas hipóteses
de extinção do processo sem julgamento de mérito, certamente pode constituir
forma de fraudar a garantia. Não teria sentido, por exemplo, devolver o depó-
sito ao contribuinte caso este, passados vários anos ou, como no caso, após a
sentença denegatória do mandamus, simplesmente desistisse da segurança.
Em casos tais, sendo garantia, o destino do depósito há de ser tratado da
mesma forma como trata a penhora em caso de embargos do devedor: a sua
liberação dependerá, necessariamente, da procedência da ação. Em casos de
desistência ou de outra forma de extinção do processo sem julgamento do
mérito, há de se manter a eficácia da garantia' (RTRF-4a ,10/299-300). Conti-
nuo pensando da mesma maneira, até porque as causas da extinção do pro-
cesso sem julgamento de mérito são invariavelmente imputáveis ao autor da
ação, nunca ao réu. Admitir-se que, em tais casos, o autor é que deve levantar
o depósito, significaria dar-lhe comando sobre o destino da garantia que ofe-
receu, ou seja, significaria retirar da garantia toda a sua substância, o que
não teria sentido algum. Na verdade, o autor não tem o direito - ou a facul-
dade de, a seu critério, retirar a garantia dada, notadamente porque ela ope-
rou, contra o réu, os efeitos próprios de impedi-lo de tomar qualquer provi-
dência no sentido de cobrar o crédito tributário ou mesmo de, por outra for-
ma, garanti-lo". Desse modo, a lógica do sistema impõe, como princípio, a
conclusão a que chegou a Turma no precedente acima referido: só com o
julgamento de mérito em seu favor é que o autor poderá reaver o valor depo-
sitado.
2. Alega-se, contudo, que se a parte foi considerada ilegítima para figu-
rar no pólo passivo, não tem ela direito a levantar a quantia depositada. O
argumento não favorece a tese da agravante. Com efeito, em mandado de
segurança, é importante distinguir o conceito de parte do conceito de autori-
dade coatora. Parte é a pessoa jurídica que suportará as conseqüências da
eventual procedência da demanda. É ela, por isso mesmo Ce não a autoridade
coatora) quem pode interpor recurso. A autoridade impeu·ada, que é simples-
mente órgão daquela pessoa jurídica, legitima-se exclusivamente para repre-
sentá-la na prestação das informações, sem, com isso, transformar-se em par-
te. Aliás, o depósito judicial, nesses casos, é feito em favor da pessoa jurídica
credora da exação questionada - no caso a União - e não da autoridade
impetrada.
(omissis).
Os fundamentos do precedente são aplicáveis, de um modo geral, ao
caso concreto. Aqui também houve outorga de garantia ao Fisco, garantia que
operou os efeitos contra o Fisco, especialmente o de suspender a exigibilidade
do crédito tributário. Assim ressalvadas as óbvias situações em que a improce-
dência da ação ou a extinção do processo decorram do reconhecimento de que
a pessoa de direito público não é parte da relação de direito material questio-
nada (e, portanto, não é parte legítima para responder à demanda) - em
todos os demais casos o depósito judicial somente poderá ser levantado
contribuinte que, no mérito, se consagrar vencedor".
O acórdão recebeu a seguinte ementa:
"Tributário. Processo Civil. Depósito judicial do valor do tributo questio-
nado. Destino, em caso de extinção do processo sem julgamento do mérito.
1. O autor tem o direito - ou a faculdade - de efetuar ou não o depó-
sito judicial do valor do tributo questionado; porém, não tem nem o direito,
nem a faculdade, de, a seu critério, retirar a garantia dada, notadamente
porque, suspendendo a exigibilidade do crédito, ela operou, contra o réu, os
JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA TURMA
VOTO-VISTA
o Sr. Ministro Luiz Fux: Trata-se de agravo regimental interposto pela Fazen-
da Nacional contra decisão monocrática, da relatoria do eminente Ministro Fran-
cisco Falcão, que deu provimento ao recurso especial de FN Negócios e Participa-
ções SIA autorizando-a a proceder ao levantamento de depósito judicial tendo em
vista que o mandado de segurança impetrado pela empresa fora extinto sem julga-
mento do mérito, sob os seguintes fundamentos:
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a
egrégia Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhe-
cer parcialmente do recurso especial do Estado do Paraná e, nessa parte, negar-lhe
provimento; conhecer em parte do recurso especial de Rodovias Integradas do Para-
ná SI A e, na parte conhecida, dar-lhe pardal provimento; conhecer em parte dos
recursos especiais do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER e
da União e, na parte conhecida, dar-lhes provimento, e conhecer e prover o recurso
especial do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná - DER/PR,
JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA TURMA
tudo nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator. Os Srs. Ministros Denise Arruda,
José Delgado, Francisco Falcão e Luiz Fux votaram com o Sr. Ministro-Relator.
Sustentaram oralmente o Dl'. Romeu Felipe Bacellar Filho, pelas Rodovias Integra-
das do Paraná S/A, e o Dr. Douglas Vitoriano LocateIi, pela União.
Brasília (DF), 19 de abril de 2005 (data do
Ministro Teori Albino Zavascki, Relator
DJ de 16.05.2005
alternativa para o trânsito dos veículos, impossibilitando desta forma que a popula-
ção de menor poder aquisitivo se Ioco mova sem o pagamento do pedágio, fica
prejudicado o seu direito de livre locomoção, como no caso em questão" (fi. 1.528);
(f) por restringir também a circulação de riquezas, a cobrança do pedágio ofende o
direito de todos os usuários da BR-369, independentemente de sua condição econô-
mica; (g) por força do art. 5l1, lI, da Constituição Federal, "os brasileiros e estran-
geiros residentes no País só podem ser compelidos a usufruir de um determinado
serviço público se esta compulsoriedade resultar de uma lei, formal e materialmen-
te constitucional" (fi. 1.532). Foram parcialmente providos os embargos de decla-
ração, para fazer constar do dispositivo do acórdão da apelação o provimento
parcial do apelo do autor e para "substituir no voto (fi. 1.532) a expressão 'incons-
titucional' por 'ilegalidade'" (fi. 1.620), anotando o TRF que (a) "em momento
algum mencionou-se, no acórdão hostilizado, o reconhecimento da indigitada
inconstitucionalidade", mas "procedeu-se, isto sim, o exame da matéria
controvertida à luz da legislação infraconstitucional sob o enfoque do Texto
Maior", razão pela qual é despiciendo o procedimento previsto pelo art. 481 da Lei
Adjetiva" (fIs. 1.616/1.617); (b) o art. 9l1, § 1l1, da Lei n. 8.987/1995, segundo o
qual "somente nos casos expressamente previstos em lei, sua cobrança [da tarifa]
poderá ser condicionada à existência de serviço público alternativo e gratuito para
o usuário", é de "restrita aplicação, não isentando a Administração Pública (conce-
dente do serviço) de disponibilizar via alternativa gratuita" (fi. 1.617).
Contra esse acórdão dirigem-se cinco recursos especiais. No primeiro (fls.
1.630/1.669), Rodovias Integradas do Estado do Paraná S/A, com amparo nas alí-
neas a e c do permissivo constitucional, aponta, além de divergência jurisprudencial,
ofensa aos arts. 311 e 301, V, e 460 do CPC, e negativa de vigência à Lei n. 8.987/
1995, aduzindo, em suma, que (a) o Ministério Público não tem legitimidade para
a presente ação, em que não se busca tutelar direitos difusos, e sim direitos indivi-
duais homogêneos, disponíveis, em relação aos quais há clara identificação dos
sujeitos, e que são, sob o aspecto objetivo, divisíveis, podendo ser satisfeitos ou
lesados de forma individualizada; (b) a despeito de terem sido indicadas diversas
ações idênticas à presente, ajuizadas também pelo Ministério Público, o TRF deixou
de reconhecer a configuração de litispendência; (c) "a decisão prolatada em favor
do autor/recorrido tem natureza diversa da pedida, condenando-se os réus em
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado" (fi. 1.649); (d)
a exigência do pedágio ampara-se em contrato de concessão para execução de obra
e prestação de serviços, precedido de concorrência internacional, celebrado entre a
recorrente e o Estado do Paraná; (e) o art. 9l1, § lll, da Lei n. 8.987/1995 afasta a
exigência de que exista serviço público alternativo e gratuito para autorizar a
JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA TURMA
cobrança de tarifa que remunere o serviço prestado pela concessionária, salvo ex-
pressa determinação legal; (f) são inaplicáveis ao caso as disposições do Código de
Defesa do Consumidor. lndicajulgados do TJ/RS em que se decidiu pela desneces-
sidade de disponibilização de rodovia alternativa, para a cobrança do pedágio.
No segundo (fls. 1.887/1.897), fundado nas alíneas a e c, o Departamento de
Estradas de Rodagem do Estado do Paraná aponta, além de dissídio pretoriano,
ofensa ao art. 9'\ § 1l\ da Lei n. 8.987/1995, afirmando que somente nos casos
expressamente previstos em lei a cobrança do pedágio poderá ser condicionada à
oferta ao usuário de serviço público alternativo gratuito.
O terceiro recurso (fls. 1.900/1.906), oferecido pelo Estado do Paraná, baseia-
se nas alíneas a e c da previsão constitucional, indicando, ao lado do dissídio
jurisprudencial, violação aos arts. 535, lI, e 334 do CPC, sob alegação, em síntese,
de que (a) é nulo o acórdão que julgou os embargos de declaração, por ter deixado
de sanar as nulidade apontadas pelo ora recorrente; (b) "o acórdão recorrido atri-
buiu, com base em notícia divulgada em jornal, notoriedade às condições de preca-
riedade das estradas de rodagem do Paraná, c. .. )
conferindo notoriedade a fato que
não possui tal atributo" (fi. 1.905). Pede a anulação do acórdão do TRF.
No quarto apelo (fls. 1.924/1.944), o Departamento Nacional de Estradas de
Rodagem, com fulcro na alínea a, indica ofensa aos arts. 1.0. e 5.0. da Lei n. 9.277/
1996,267, VI, do CPC, 9.0., § 1.0., da Lei n. 8.987/1995, aduzindo, essencialmente,
que (a) é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da ação, por haver delega-
do ao Estado do Paraná, com base na autorização da Lei n. 9.277/1996, a admi-
nistração do trecho de rodovia federal em que está instalado o pedágio; (b) nos
termos do art. 5.0. da Lei n. 9.277/1996, a União somente pode destinar recursos
financeiros à conservação de rodovias que não estejam sob a responsabilidade de
concessionários; (c) não há, no caso concreto, exigência de oferta de via alterna-
tiva; (d) dispõe o art. 150 da CF que, "sem prejuízo de outras garantias assegura-
das ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios: c. .. )V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por
meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público"; (e) o uso dos
bens públicos pode ser gratuito ou remunerado.
Por fim, o quinto recurso especial (fls. 1.963/1.983), interposto pela União,
reproduz aquele apresentado pelo DNER.
O Ministério Público Federal apresentou contra-razões, pedindo a confirma-
ção do julgado (fls. 2.011/2.030).
É o relatório.
VOTO
o Sr. Ministro Teori Albino Zavascki (Relator): 1. Não pode ser conhecido o
recurso especial de Viapar com relação ao tema da litispendência, porque sobre a
como violado
150: "... é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: C.. ) V -
estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interes-
taduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de
vias conservadas pelo Poder Público".
Assim, a contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como con-
dição para a cobrança de pedágio não pode ser considerada exigência constitucio-
nal. Ela, ademais, não está prevista em lei ordinária. A Lei n. 8.987/1995, que
regulamenta a concessão e permissão de serviços públicos, nunca impôs tal exigên-
cia. Pelo contrário, nos termos do seu art. 9.Q, § 1.Q, (introduzido pela Lei n. 9.648/
1998), "a tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente nos
casos expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à exis-
tência de serviço público alternativo e gratuito para o usuário."
Não se desconhece a polêmica a respeito do tema, anterior ao advento da Lei
n. 9.648/1998. De acordo com Flávio Amaral Garcia, a questão a respeito da
obrigatoriedade ou não da existência de via alternativa gratuita para que se possa
cobrar pedágio nas rodovias concedidas é "problemática que decorre da linha de
pensamento C.. ) segundo a qual a inexistência de via alternativa obsta o exercício
do direito fundamental de ir e vir", e ainda da consideração de que é necessária a
via alternativa "para descaracterizar a compulsoriedade do pedágio e, assim, a
contrario sensu, enquadrá-lo como tarifa e não como taxa" ("Regulação Jurídi-
ca das Rodovias Concedidas", Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro: 2004, p.158).
No sentido deste último argumento chegou a se pronunciar o STF, na apreciação da
Medida Cautelar na ADln n. 800/RS, Pleno, DJ de 18.12.1992.
Outro argumento invocado prendia-se à interpretação do art. 7.Q, III, da Lei n.
8.987/1995, que, em sua redação original, dispunha que "sem prejuízo do disposto
na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos usuários:
C.. ) IH - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha, observadas as normas
do poder concedente", norma da qual se procurou "extrair C..) a inteligência de que
só poderia haver concessão remunerada se houvesse alternativa do serviço sem ônus
para o usuário" ("Concessão de Serviços Públicos - Comentários às Leis ns. 8.987
e 9.074 (Parte Geral), com as modificações introduzidas pela Lei n. 9.648, de
27.05.1998", Malheiros Editores, São Paulo: 1998, p. 45).
A esse respeito, tem razão aquele autor quando sustenta, com apoio em
Antônio Carlos Cintra do Amaral, que a expressão legal "liberdade de esco-
lha" referia-se à possibilidade de opção pelo usuário entre serviços prestados em
regime de competição, estando diretamente vinculada à noção de não-exclusivi-
dade da concessão. E "mesmo esta liberdade de escolha entre os prestadores de
serviço somente seria admissível para os serviços públicos que comportassem
1101
RSTJ, a. 17, (191): 71-178, julho 2005 I
REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ de 17.05.;W04
VOTO
EMENTA
DJ de 17.05.2004
RELATÓRIO
VOTO
ElVIENTA
ACÓRDÃO
DJ de 28.03.2005
RELATÓRIO
O Sr. Ministro Luiz Fux: Trata-se de recurso especial interposto pela Caixa
Econômica Federal- CEF contra acórdão proferido pelo egrégio Tribunal Regio-
nal Federal da la Região, assim ementado:
"Consignação em pagamento - Levantamento do depósito inicial -
Desistência da ação - Inaplicabilidade do art. 899, § lU, do Código de Pro-
cesso Civil.
1. O art. 899, § lU, do Código de Processo Civil, revela verdadeira faculda-
de ao consignado para retirar a quantia depositada, bastando, para tanto, ao
alegar a insuficiência do depósito e requerer o levantamento, liberar parcial-
mente o consignante da soma que depositou, prosseguindo a demanda quanto à
parcela controvertida.
2. Entretanto, se a parte requer a desistência da ação, inaplicável o men-
cionado dispositivo eis que com a extinção do processo não há que se falar em
liberação parcial do consignante.
3. Apelação provida."
Opostos embargos de declaração, assim se manifestou a Corte de origem:
"Embargos de declaração - Ausência dos vícios processuais que ense-
jam sua interposição.
1. Não colhe omissão, contradição ou obscuridade o acórdão que
explicitamente decide a demanda em desacordo com a compreensão da
embargante.
2. Os embargos declaratórios não se prestam à reforma do julgamento.
3. Embargos rejeitados."
JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA TURMA
Consta dos autos que Harry D'Avila Lopes Rocha e outro ajuizaram ação de
consignação em pagamento em face da Caixa Econômica Federal- CEF, visando
ao depósito em juízo de prestações relativas a financiamento pelo Sistema
Financeiro de Habitação - SFH obedecido o Plano de Equivalência Salarial.
Após a realização da perícia, a qual, segundo consta da sentença à fl. 293,
concluiu pelo depósito a menor do que realmente devido, os autores requereram a
desistência da ação, com o levantamento das quantias depositadas, tendo a CEF
discordado do pedido.
O juízo de primeiro grau, homologando a desistência, extinguiu o processo
sem julgamento de mérito, mas determinou que as quantias depositadas fossem
levantadas pela ré.
Em sede de apelação, a sentença foi reformada para garantir aos consignantes
o levantamento dos valores depositados, na forma da ementa acima transcrita.
Nas razões do recurso especial, a CEF alegou a violação do art. 899, § 1'1, do
CPC, argumentando que:
"a norma legal inserida no § 1'1, do art. 899, do CPC estabeleceu que
após a alegação de insuficiência do depósito poderá o réu levantar desde logo
a quantia ou a coisa depositada, ou seja, antes da apreciação do meritum
causae. Assim, se o réu pode levantar o montante depositado no curso da
ação, com mais razão ainda poderá fazê-lo havendo sua desistência, eis que
trata-se de parcela sobre a qual não há controvérsia.
(. .. )
Diante disso, resta claro, que o valor depositado pertence ao consignado,
tanto que o depósito feito em juízo visa, justamente, excluir débitos do consig-
nante. Assim, tem-se que a permissão para que este levante o numerário seria
fazer com que o sistema de jurisdição fosse desvirtuado de sua função, pois o
credor ficaria sem receber o seu suposto crédito, enquanto o devedor consegui-
ria ganhar tempo, persistindo com a pecúnia sem a quitação almejada."
O prazo para contra-razões transcorreu in albis (certidão de fi. 353).
O recurso especial foi admitido na instância de origem.
É o relatório.
VOTO
É claro que, se outra defesa tiver sido alegada em concurso com aquela
consistente na insuficiência do depósito, em princípio o levantamento deste
não será desde logo admissível: p. ex., se o réu alega também que não é
credor." ('~ Reforma do Código de Processo Civil". São Paulo, Malheiros, 5-'1
ed., pp. 275/276).
Na mesma esteira, a jurisprudência da Corte:
"Processo Civil. Tributário. Ação de consignação em pagamento. Nature-
za e finalidade. Utilização para consignar valor de tributo. Possibilidade.
1. O depósito em consignação é modo de extinção da obrigação, com
força de pagamento, e a correspondente ação consignatória tem por finalida-
de ver atendido o direito - material- do devedor de liberar-se da obrigação
e de obter quitação. Trata-se de ação eminentemente declaratória: declara-se
que o depósito oferecido liberou o autor da respectiva obrigação.
2. Com a atual configuração do rito, a ação de consignação pode ter
natureza dúplice, já que se presta, em certos casos, a outorgar tutelajurisdicio-
nal em favor do réu, a quem assegura não apenas a faculdade de levantar, em
caso de insuficiência do depósito, a quantia oferecida, prosseguindo o processo
pelas diferenças controvertidas (CPC, art. 899, § la), como também a de obter,
em seu favor, título executivo pelo valor das referidas diferenças que vierem a
ser reconhecidas na sentença (art. 899, § 2D).
(. .. )
5. Recurso especial provido." (REsp n. 659.779/RS, Primeira Turma,
Relator Ministro Teori Albino Zavazcki, DJ de 27.09.2004)
"Processual Civil. SFH. Ação consignatória. Litispendência. Complemen-
tação do depósito. Possibilidade.
C·.)
2. Alegada a insuficiência do depósito, o autor poderá complementá-lo
em dez dias podendo o réu levantar a parte já oferecida, prosseguindo o feito
quanto ao restante controvertido.
3. Recurso especial conhecido e provido." (REsp n. 90.166/RS, Segunda
Turma, Relator Ministro Francisco Peçanha Martins, DJ de 18.11.1996)
"Processo Civil. Consignação em pagamento. Depósito insuficiente. CPC,
arts. 891, 896 e 899. Doutrina. Precedente. Improcedência.
I - O depósito insuficiente, na ação de consignação em pagamento, acar-
reta a sua improcedência, quando não exercida a faculdade de complementa-
ção prevista no caput do art. 899 do Código de Processo Civil.
EMENTA
DJ de 28.04.2004
o ora recorrente, inconformado, ajuizou ação para reposição das perdas in-
flacionárias, o que foi obtido pela sentença proferida em fevereiro de 2000, com a
determinação a que a Sudam - Superintendência de Desenvolvimento da Amazô-
nia, promovesse a liberação em seu favor dos valores correspondentes à correção
monetária das aludidas parcelas.
A sentença foi mantida pelo Tribunal a quo.
Não obstante, a esta constatação, na execução da sentença tanto o juízo mo-
nocrático como o Tribunal resolveram imprimir à execução o que dispõe o art. 730
do CPC, submetendo o pagamento à devida inscrição em precatório.
O recorrente alega que os valores devem ser liberados na forma do art. 632 do
CPC, uma vez que o Finam continua em vigência até 2013 e seus recursos devem ser
utilizados para os projetos de investimento aprovados pela extinta Sudam, seja para
projetos de reformulação, de parcelas que ainda faltam ser liberadas, ou ainda de
parcelas de correção monetária oriundas de decisões judiciais como a do
recorrente.
Sustenta que, se existem fundos do Finam, estes devem ser liberados, não
devendo tais recursos partirem do orçamento da União Federal.
Finalmente, alega que indicado o rito do art. 632 do CPC, haveria o recorrente
de pleitear o cumprimento da decisão através da inventariança da extinta Sudam,
e, em caso de não-cumprimento pelo operador do Finam, ou seja, o Banco da
Amazônia.
Pugna pela reforma do acórdão para que os recursos em apreço sejam supor-
tados pela Finam, com a manutenção do rito previsto no art. 632 do cpc.
Em suas contra-razões, a União louva o decisum objurgado afirmando que,
em se tratando de cobrança contra a União, deverá ser adotado o rito do art. 100 da
CE
Parecer do MPF pelo não-conhecimento do recurso.
É o relatório.
VOTO
El\/IEN""TA
ACÓRDÃO
DJ de 25.04.2005
o Sr. Ministro Luiz Fux: Cuida-se de recurso especial interposto pela União,
com fundamento na alínea a do permissivo constitucional, em face de acórdão
prolatado pelo egrégio Tribunal Regional Federal da 4a Região, cuja ementa restou
assim vazada:
"Constitucional e Administrativo. Transporte rodoviário de passageiros
sem ato e outorga do Poder Público. Interesse das comunidades atendidas pela
linha interestadual. Omissão abusiva do Poder Público, que não promove lici-
tações no setor há muitos anos.
1. Comprovado que a autora opera no transporte coletivo interestadual,
pela via rodoviária, há mais de oito anos, e que atende a inúmeras comunidades
com a linha que executa, em mais de um Estado da Federação, em itinerário
que não coincide com o de nenhum permissionário ou de serviço de transporte
interestadual, é de ser reconhecido o direito de dar continuidade à execução do
serviço, enquanto permanecer inerte o Poder Público na realização de licitação
para outorga a particulares do trecho percon-ido ou outro equivalente. Prece-
dentes do STF (SS n. 516-2) e desta Corte (AI n. 98.04.06602-S/PR)
2. Situação em que a autora demonstra, mediante declarações de diver-
sos dirigentes e parlamentares municipais, e de representantes da sociedade, a
necessidade e a importância do serviço, no desenvolvimento da região ..
3. Diante da omissão do poder concedente, e de in-egulares pron-ogações
de permissões outorgadas a particulares, que também são beneficiados, sem
procedimento licitatório, com a absorção de novos trechos nos que já estão
autorizados a executar, em contrariedade à lei de concessões e permissões,
não pode o Poder Judiciário, sob o manto da reserva dos poderes, omitir-se,
permitindo a subversão dos princípios da igualdade e da legalidade.
4. Afasta-se da sentença a condição resolutiva consistente no eventual
indeferimento do pedido de abertura de licitação, formulado na via adminis-
trativa, dadas as peculiaridades da atuação administrativa na hipótese.
5. Decisão não impede o Poder Público, por seus órgãos de fiscalização,
de exercer o poder de polícia, a fim de garantir o bem-estar da coletividade
que faz uso do serviço.
VOTO
IH - (omissis)
IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário,
mediante licitação da prestação de serviços públicos, feita pelo poder
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para
seu desempenho, por sua conta e risco.
Art. 14. Toda concessão de serviço ou não da execução
de obra pública, será objeto de prévia licitação, nos termos da legislação
pria e com observância dos princípios da legalidade,
igualdade, do julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento
convocatório.
Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, projetos, obras e des-
pesas ou investimentos já efetuados, vinculados à concessão, de utilidade para
a licitação, realizados poder concedente ou com a sua autorização, esta-
rão à disposição dos interessados, devendo o vencedor da licitação ressarcir os
dispêndios correspondentes, especificados no edital.
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada mediante con-
trato de adesão, que observará os termos desta lei, das demais normas perti-
nentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabili-
dade unilateral do contrato pelo poder concedente.
Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nesta lei.
Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas anteriormente à
entrada em vigor desta lei consideram-se válidas pelo prazo fixado no contra-
to ou no ato de outorga, observado o disposto no art. 43 desta lei.
§ 1!l Vencido o prazo de concessão, o poder concedente procederá a sua
licitação, nos termos desta lei.
§ 2!l As concessões em caráter precário, as que estiverem com prazo
vencido e as que estiverem em vigor por prazo indeterminado, inclusive por
força de legislação anterior, permanecerão válidas pelo prazo necessário à
realização dos. levantamentos e avaliações indispensáveis à organização das
licitações que precederão a outorga das concessões que as substituirão, prazo
esse que não será inferior a 24 (vinte e quatro) meses.
Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de serviços públicos outorga-
das sem licitação na vigência da 'Constituição de 1988.
Parágrafo único. Ficam também extintas todas as concessões outorgadas
sem licitação anteriormente à Constituição de 1988, cujas obras ou serviços
não tenham sido iniciados ou que se encontrem paralisados quando da entra-
da em vigor desta lei.
VOTO
o Sr. Ministro Teori Albino Zavascki: Sr. Presidente, não se pode confundir o
direito coletivo à obtenção de um adequado serviço público com um pretenso direi-
to subjetivo de explorar clandestinamente o serviço público de transporte coletivo.
JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA TURMA
Quem tutela o direito coletivo (inclusive para, se for o caso, impor ao Estado
as providências necessárias à prestação adequada do serviço de transporte público)
é o Ministério Público e os demais legitimados pela lei. Não o particular.
Acompanho o voto de V. Exa . por esses fundamentos, dando provimento ao
recurso especial.
VOTO-VISTA
o Sr. Ministro José Delgado: O Expresso Princesa dos Campos S/A ingressou,
em data de 12.01.1998, com ação ordinária contra a União Federal e o DNER
formulando o seguinte pedido (fls. 13/14):
"Forte pois, em tudo que foi alegado e forte na prova documental anexa
e sobretudo nos princípios que norteiam a ação cautelar pedimos o deferimen-
to da liminar, determinando-se à ré que;
Não obste a operação da ligação Capanema - PR - São Paulo - SP,
com as seções: Planalto - PR, Realeza - PR, Santa Izabel - PR, Salto do
Lontra - PR, Dois Vizinhos - PR, Chopinzinho - PR, Guarapuava - PR,
Ponta Grossa - PR, Campo Largo - PR, Curitiba - PR, e Registro - Sp, até
que seja convocada licitação pública para regularização da linha.
Deferida a liminar, requeremos a expedição de ofício ao Departamento
de Transportes Rodoviários, órgão do Ministério dos Transportes (União Federal),
que encama o poder concedente, ofício que a própria autora se compromete a
entregar a quem de direito.
O objeto da ação principal será a anulação de multas impostas pelo
DNER na tentativa de impedir o funcionamento da linha, bem como pedido de
regularização (ordinária/declaratória) definitiva da linha com a convocação
de licitação.
Explicamos que o DNER constitui-se em mero agente fiscalizador do
Ministério dos Transportes, não detendo nenhum poder de gerência do siste-
ma, poder este afeto ao DTRlMinistério dos Transportes.
Isto posto, requer-se a citação da ré, para que em prazo legal venha
responder ao aqui legado, sob as penas de revelia e confissão.
Protestamos finalmente pela produção de toda prova em direito admissí-
vel, especialmente depoimento pessoal de representante legal da ré, oitiva de
testemunhas e juntada de novos documentos.
Requer-se finalmente a procedência da ação e confirmação da liminar
em sentença, para que tenha eficácia até julgamento da ação principal, con-
denando-se a ré às custas do processo e honorários de advogado."
129
RSTJ, a. 17, (191): 71-178, julho 2005 1
REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ de 25.04.2005
JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA TURMA
RELATÓRIO
o Sr. Ministro Luiz Fux: Trata-se de recurso especial (fls. 187/194) interposto
pela Cooperativa de Consumo dos Condutores Autônomos de Brasília Ltda - Coo-
bras, com fulcro no art. 105, alínea a, da Constituição Federal, contra acórdão
proferido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, assim ementado:
"Ação civil pública. Livre concorrência. Apelação cível. Coobras. Tercei-
ro prejudicado. Entidade de classe. Ausência de legitimação. Autorização ex-
pressa.
l. Em ação civil pública, se presente interesse de classe ou categoria
econômica, impõe-se, tanto à parte como ao terceiro, autorização expressa de
seus associados/cooperativados para a defesa desse interesse, sem a qual não
possui representação para apelar em nome de terceiros.
2. Recurso não conhecido." (FI. 179)
Noticiam os autos que o Ministério Público do Distrito Federal Federal ajuizou
ação civil pública, com pedido de tutela antecipada, em face do Distrito Federal,
com o objetivo de defender a livre concorrência e os direitos dos consumidores, ao
fundamento de que o Departamento de Concessões e Permissões da Secretaria de
Transportes estava penalizando os taJcistas que ofereciam descontos nas suas tarifas,
utilizando-se, para tanto, de errônea interpretação da Lei Distrital n. 2.469/1999.
O Juiz Singular julgou procedente em parte o pedido, confirmando a tutela
concedida antecipadamente, para declarar o direito dos taxistas no oferecimento
de descontos nas tarifas fixadas, em ordem a prestigiar os valores constitucionais
da livre concorrência e dos direitos dos consumidores, destacando ter sido a maté-
ria submetida a julgamento do Cade (Ministério da Justiça), onde se obteve igual
entendimento.
Irresignada a Cooperativa de Consumo dos Condutores Autônomos de Brasília-
Coobras, na qualidade de terceiro prejudicado, interpôs apelação perante o Tribu-
nal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, aduzindo que a concessão de descon-
tos superiores a 30% (trinta por cento) configura redução abusiva e predatória em
relação aos pequenos do ramo e prejudica a livre concorrência, tendo em vista que
somente as grandes empresas pedem praticar referidos descontos.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal não conheceu do recurso, nos termos
da ementa acima transcrita.
A Cooperativa de Consumo dos Condutores Autônomos de Brasília - Coo-
bras, em suas razões de recurso especial, sustenta que o acórdão hostilizado violou
os seguintes dispositivos legais:
VOTO
"O Direito Processual Civil vive um período que pode ser considerado de
crise. Após século e meio de fecunda elaboração douninária e atualização legis-
lativa, de uns tempos para cá as atenções - tanto dos doutrinadores, quanto
dos legisladores - voltam-se para o aspecto da eficiência. As preocupações
com a efetividade do processo a fim de, por seu intermédio, serem obtidas
soluções prontas e eficazes, foram alcançadas ao primeiro plano das
cogitações. Tendo em vista essa tomada de posições, afigura-se conveniente
tomar a focalizar tema que sempre ocupou a atenção dos estudiosos: o forma-
lismo e a burocracia na realização do Direito através do Processo.
C.. )
Formalismo, apesar das objeções, 'deriva de forma', vocábulo, este últi-
mo, que sabidamente pode significar tanto a 'substância' como simplesmente
a 'forma' em si mesma. Da forma foi dito admiravelmente que é 'inimiga
jurada do arbítrio' e 'irmã gêmea da liberdade'. 'O formalismo', diz Carlos
Alberto Álvaro de Oliveira, 'reveste-se de poder ordenador e organizador,
que restringe o arbítrio judicial, promove a igualdade das partes e empresta
maior eficiência ao processo, tudo com vistas a incentivar a justiça do provi-
mento judicial'. Por isso mesmo, louvado em lições abalizadas, afirma ele que
'o princípio do rigor formal é a espinha dorsal do processo', idéia que 'só no
procedimento se concretiza, o que o toma, por sua vez, a espinha dorsal do
formalismo, pois seria impensável o processo sem determinada ordem de atos
e paralela distribuição de poderes entre seus sujeitos'.
Mas assim como sucede na preparação dos alimentos, ou dos medica-
mentos, é essencial que a dosagem dos ingredientes corresponda ao fim pre-
tendido, sob pena de este não só não ser alcançado, como o resultado final ser
maléfico à saúde do destinatário. Por isso ressaltam os doutores a necessidade
de respeitar-se o 'princípio fundamental da adequação, também chamado de
adaptabilidade', que corresponde precisamente ao cuidado na dosagem, sob
pena de tanto a forma quanto o formalismo falharem ao fim a que estão
destinados e se converterem em motivo de dano ao processo e a seu objetivo.
'Formalismo excessivo', ou 'excesso ritual', são males que a todo custo cumpre
evitar.
c. .. )
Ao passo que o trepidante mundo contemporâneo busca a simplicidade,
a eficiência para alcançá-las emprega com intensidade crescente os instru-
mento que o progresso da ciência e da técnica estão a oferecer, procura o
resultado enfim, no que tange ao direito essa preocupação parece não atrair
Com isso, revela o mestre que a lei não deve ser, e não é, inflexível como
às vezes os intérpretes afirmam. Comporta ela certa elasticidade, mais
até do que a referida por Carnelutti. Mais do que isso: revela o mestre que é
possível evoluir no sentido de simplificar o processo e deixar de
dezenas de procedimentos ditos especiais, visto que após a fase inicial
tendem eles a adotar o rito ordinário, o que é marca de sua
Somente os que não comportam essa adaptação, os infungíveis, devem ser
regulados à parte.
Tem-se pois que a concepção dos ritos processuais é influenciada -
pode-se dizer que é determinada - pela relação substancial a lhe constituir o
objeto. Mas é igualmente certo, e inegável, que também as conveniências: de
natureza processual- que facilitam a realização do Direito pela viajurisdicio-
na1- influem, seja na construção de distintos tipos de procedimento, seja na
sua simplificação, de que é exemplo flagrante a ulterior adoção do rito ordi-
nário como regra geral nos procedimentos especiais fungíveis.
Ora, tendo chegado a esse ponto, é hora de pensar em ir avante e tentar
abolir as dezenas de ritos peculiares - às vezes apenas inicialmente fJ'-'_CUH-C
VOTO-VISTA
EMENTA
DJ de 1] .04.2005
RELATÓRIO
- Art. 2.0 "O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que
se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados
com atualização monetária e juros, de modo a assegurar a cobertura de suas
obrigações (. .. )".
- Art. 9.0, § 1.0, "A rentabilidade média das aplicações deverá ser sufici-
ente à cobertura de todos os custos incorridos pelo Fundo e ainda à formação
de reserva técnica para o atendimento de gastos eventuais não previstos, sendo
da Caixa Econômica Federal o risco de crédito".
- Art. 9.0: ( ... )
§ 2.0 Os recursos do FGTS deverão ser aplicados em habitação, sanea-
mento básico e infra-estrutura urbana. As disponibilidades financeiras devem
ser mantidas em volume que satisfaça as condições de liquidez e remuneração
mínima necessária à preservação do poder aquisitivo da moeda.
§ 3.0 O programa de aplicações deverá destinar, no mínimo 60 (sessenta)
por cento para investimentos em habitação popular.
§ 4.0 Os projetos de saneamento básico e infra-estrutura urbana, financi-
ados com recursos do FGTS, deverão ser complementares aos programas ha-
bitacionais".
Em suas razões, alega, em síntese que:
a) não merece prosperar a respeitável decisão que julgou extinta a ação
rescisória, pois colide frontalmente com literal disposição de Lei Federal, qual
seja, o art. 113, § 2.0, do Código de Processo Civil;
b) a decisão recorrida não se encontra em conformidade com ajurispru-
dência emanada dos tribunais.
c) ao violar o art. 2.0 e o art. 9.0, § 1.0, da Lei n. 8.036/1990, a decisão
rescindenda, contrariou à posição pacificada no âmbito desta Corte e também
no STF, implicando em vulneração ao princípio da manutenção do equilíbrio
econômico do FGTS.
Transcorreu in albis o prazo para apresentar contra-razões (fl. 184 v).
Interposto, concomitantemente, recurso extraordinário pela CEF (fls. 176/180).
Juízo de admissibilidade positivo, somente para o especial à fl. 185.
É o relatório.
VOTO
O Sr. Ministro José Delgado (Relator): O recurso merece ser conhecido, porém,
improvido.
As razões que sustentam o aresto atacado devem ser registradas (fls. 149/151 v.):
"Preliminarmente, consigno pela inaplicabilidade da decretação da re-
velia em ações rescisórias, tendo em vista o objeto de tais demandas que visam
à modificação da res judicata. Neste sentido, leciona José Carlos Barbo-
sa Moreira, in "Comentários ao Código de Processo Civil", vol V, Ed. Foren-
se, 6.a. ed., RJ 1994:
"Impende ainda assinalar que nem todas as hipóteses de extinção
do feito contempladas nos arts. 267 e 269 são concebíveis na ação resci-
sória. Assim, por exemplo, não se admite a celebração de compromisso
para que se decida em juízo arbitral se a sentença deve ou não ser rescin-
dida; portanto, não há que cogitar da aplicação do art. 267, n. VIL Do
mesmo modo, sendo indisponível o objeto do iudicium rescindens,
não pode o réu reconhecer validamente o pedido de rescisão, de sorte
que fica preexcluída a incidência do art. 269, n. lI.
Por igual razão, parece-nos que a revelia não produz, na rescisória,
o efeito previsto no art. 319 (cf. o art. 320, n. . Daí serem inaplicáveis
as disposições dos Capítulos IV e V que com tal efeito se relacionam
(arts. 324 e 330, n. II). Aliás, o Código, no dispositivo ora comentado,
não contém remissão ao Capítulo onde se localiza o art. 319; afasta,
portanto, a incidência das regras que, nos dois outros capítulos, com
aquele se articulam. Conclui-se que, na rescisória, o julgamento anteci-
pado da lide unicamente pode ocorrer nos casos do art. 330, n. L"
Estampa ajurisprudência:
"Processual Civil. Ação rescisória. Contestação apresentada a deso-
raso Revelia. Efeitos. Inexistência. (CPC, art. 320, . Falsidade de prova
e erro de fato (CPC, art. 485, incisos VI e IX); não-demonstração e exis-
tência de pronunciamento judicial sobre o fato.
1. Na ação rescisória é pacífico na doutrina e na jurisprudência
não se aplicam os efeitos da revelia. A resjudicata é de ordem pública.
Assim por se tratar de 'direitos indisponíveis' (CPC, art. 320, não se
pode presumir verdadeiro o fato alegado pelo autor e não-contrariado
pelo réu. Mister se faz a prova por quem alega (CPC, art. 333, I)".
(ST J, AR n. 193/SP' Primeira Seção, Relator Ministro Adhemar Maciel,
DJ de 05.03.1990)
'1\ção rescisória - Propriedade industrial- Marca de indústria e comér-
cio - Caducidade - Força maior - Art. 485, V, do CPC - Alegada violação
JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA TURMA
aos arts 153, § 4u , da CF anterior, 2u , 128, 262 a 264, 282, 293 e 460, do
CPC, 88, § lU, e 94, do CPI - Revelia - Improcedência
I - Preliminarmente, embora caracterizada a revelia, no caso, consoante
a doutrina, seus efeitos (art. 319 do CPC) não alcançam o pleito, porque em
sede de ação rescisória o que importa, em regra, é a preservação da coisa
julgada, em respeito ao princípio da sua imutabilidade, sendo a rescindibili-
dade do julgado a exceção".
(STJ, AR n. 213/RJ, Segunda Seção, Relator Ministro Waldemar Zveit-
ter, DJ de 19.02.1990)
Concedo o benefício da assistência judiciária gratuita a Neuri Antônio
Prior, José Dailce Nogueira Borges, Amador Joaquim Mineiro, Juracy Martins,
Sebastião Pereira e Florindo Rosa Machado, nos moldes da Lei n. 1.060/1950.
Passo a analisar o cabimento da rescisória na espécie.
Anoto, por relevante, que, após o julgamento dos apelos por este colendo
Regional, os autos da ação originária subiram ao egrégio Superior Tribunal
de Justiça, onde o eminente Relator, Ministro Francisco Falcão, com fulcro no
art. 557 do Código de Processo Civil e na Súmula n. 83 daquela Corte, apreci-
ando os tópicos aventados pela recorrente, negou seguimento ao recurso espe-
cial interposto pela ora autora.
Tal fato tem por inviabilizar o pleito ora ambicionado, na medida em
que o julgado proferido por este Sodalício foi expressamente apreciado pela
decisão de mérito terminativa emitida naquela Corte e, que deveria ser objeto
da rescisória, deslocando-se, pois, a competência para o processamento e o
julgamento da demanda, por força de disposição constitucional:
':t\rt. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar originariamente:
c. .. )
e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados.
C.. )
Neste sentido, precedente deste Tribunal:
':t\ção rescisória. Acórdão do Superior Tribunal de Justiça. Art 105,
inciso I, alínea e, da Constituição Federal de 1998.
Por expressa disposição constitucional, o Superior Tribunal de Jus-
tiça é competente para processar e julgar originariamente, as ações res-
cisórias de seus julgados."
1147
RSTJ, a. 17, (191): 71-178, julho 2005 I
REVISTA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
EMENTA
ACÓRDÃO
DJ de 11.04.2005
JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA TURMA
o Sr. Ministro José Delgado: Trata-se de recurso especial (fls. 255/276) fundado
nas alíneas a e c do perrnissivo constimcional interposto Fantini Indúsnia
e Comércio Ltda em face de acórdãos proferidos Tribunal de do Estado
do Maranhão, assim ementados:
- da apelação 213/214):
"Direito Tributário e Processual CiviL cível. Mandado de segu-
rança preventivo. Ilegitimidade passiva ad causam. Lei em tese. Falta de
interesse de agir. Ausência de prova r"'CL,,,~nC'T'T' da situação fática caracte-
e certo.
Tem legitimidade passiva ad causam para o mandado de segurança, a
autoridade indicada impetrante como coatora, ao as
informações de estilo, esta não só assume a defesa do ato atacado como tam-
bém não revela o nome daquela que o teria praticado.
O interesse de agir constitui uma das condições gerais da ação, e se
revela pela coexistência dos valores representativos do trinômio necessidade,
utilidade e adequação, em situação em que se busca uma providênciajurisdi-
cional tendente a satisfazer uma pretensão de direito material posta emjuízo.
A falta de demonstração, de plano, do direito e certo alegado no
mandado de segurança preventivo, mediante prova pré-constituída da situação
concreta de ato de autoridade potencialmente ameaçador a direito líquido e
certo da impetrante impõe a denegação da ordem impetrada, por ausência de
requisito de mélito dessa ação especial, que não abre espaço para dilação
probatória e nem se presta a atacar lei em tese (Súmula n. 266-STF).
Recurso conhecido e provido."
- dos embargos de declaração (fi. 244):
"Processual Civil. Apelação. Embargos de declaração. Pressupostos.
Ausência. Prequestionamento de matéria federal.
A ausência de pressuposto específico toma imperativa a rejeição liminar
dos embargos de declaração opostos, visto não se prestar essa modalidade
recursal ao reexame da matéria decidida, como é o caso da pretensão veicula-
da nestes autos.
Não são protelatórios os embargos de declaração opostos com o mani-
festo propósito de prequestionar matéria de trato federal tendente a viabilizar
o manejo de recurso especial.
Embargos rejeitados".
VOTO
plano. Se depender de comprovação posteri07; não é líquido nem certo, para fins de
segurança. Evidentemente, o conceito de liquidez e certeza adotado pelo legislador
do mandado de segurança não é o mesmo do legislador civil (CC, art. 1.533). É um
conceito impróprio - e mal-expresso - alusivo à precisão e comprovação
e situações que ensejam o exercício desse direito.
Por se exigir situações e fatos comprovados de plano é que não há
no mandado de segurança. apenas, uma dilação para
sobre as alegações e provas oferecidas pelo com subse-
manifestação do Ministério Público sobre a pretensão do postulante. Fixada
a lide nestes termos, advirá a sentença considerando unicamente o direito e os fatos
comprovados com a inicial e as de Segurança,
Civil Habeas Data", 2P Malheíros
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por una-
nimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Minis-
tro-Relator. Os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux, Temi Albino Zavascki e
Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro-Relator.
Brasília 17 de revereiro de 2005 (data do julgamento).
Ministro José Delgado, Relator
DJ de 18.04.2005
O Sr. Ministro José Delgado: Cuida-se de recurso especial (fls. 227í235) com
fulcro no art. 105, inciso III, alínea a, da Constituição Federal de 1988, interposto
pelo Estado de São Paulo em face de acórdão proferido pelo TJíSP, assim ementado
211):
JURISPRUDÊNCIA DA PRIMEIRA TURMA
VOTO
sumulada em Tribunal superior ou decidida em Plenário pelo STF. Para ser mais
específico, assinalo que a sentença concessiva da ordem de segurança não foi funda-
da em jurisprudência plenária ou súmula do STF ou, em súmula de Tribunal
superior nos exatos termos exigidos pelo § 3° do art. 475 do Código de Processo Civil.
No que atinente ao § 2°, a indagação surge em face de dois aspectos: o caráter
especial da LMS e a inexistência de valor da causa, passível de ser aferido.
No meu sentir a questão deve ser analisada com temperamentos.
Os Tribunais têm considerado, em sua maioria, que como o art. 12 da Lei n.
1.533/1951 estabelece a remessa da sentença concessiva da ordem sem
restrição de valor, encontra-se em sua eficácia sob o de que sendo
lei especial, prevalece em relação à lei geral.
Transcrevo, por oportuno, trecho de artigo publicado na Revista Dialética de Direito
Processual n. 15, de autOlla de Douglas de Oliveira em que se diz:
"Com a inércia do Legislativo, o rigor peculiar no trato, desta vez, não
ocorreu. A alteração introduzida no art. 475 do CPC passou a ter vigência
concomitante com o art. 12 da Lei do Mandado de Segurança,
discussões de certa forma linearaes dos em face,
rigorosa e excessiva obediência ao preceito de que a regra geral não prevalece
em relação à especial, ao que parece, ao largo da relevância de que revestem
as questões que fundamentaram o presente estudo, calcadas em eloqüentes
posições doutrinárias do maior gabarito.
Tanto é verdade que o TRF da 3-'1 Região, em acórdão lavrado pelo
Desembargador Federal Nery Júnior que no afã de afastar a incidência do art.
475 do CPC, deixou expresso que: 'está sendo submetido ao grau por
força da legislação especial que rege o mandado de segurança (art. 12, pará-
grafo único, da Lei n. 1.533/195
O Superior Tribunal de Relator Ministro Felix da
Turma, não discrepa do entendimento: 'A existência de regra específica acerca
do reexame necessário das sentenças concessivas de mandado de segurança
(art. 12 da Lei n. 1.531/1951) afasta a incidência do art. 475, do CPC de
aplicação subsidiária.'
Ou, no contexto do Ministro Jorge Scartezzini:
'a remessa necessária de sentença concessiva em mandado de segu-
rança é disciplinada pelo parágrafo único do art. 12 da Lei n. 1.531/
1951, regra especial que deve prevalecer sobre a regra processual civil
(art. 475, do CPC), de natureza genérica ... '