Poesias Projeto Jesum
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I – POEMAS SELECIONADOS
DILÚVIO (*)
Penso no Mar
e na sua imensidão
ou talvez imensidade
deste amor/amar.
O amor é o dilúvio
A imensidade das águas
Inunda, transborda
E refrigera a alma
Incendiada
(*) “Comparai-me o mar com o dilúvio. O mar tem praias, porque tem limite; o dilúvio, porque
era mar sem limite, não tinha praias”
A imensidade de Deus – “O sensível, o imaginário, o existente e o possível, o finito e o infinito,
tudo enche, tudo inunda, por tudo se estende, e até onde? ” (p.288)
Padre Antonio Vieira (1679) – Os Sermões III. Erechim: Edelbra, 1998.
MATINAL II
E se todas as manhãs fossem
que nem essas tardes
que se fazem preguiçosas?
Então, seriam manhas.
NOTURNO
Nenhuma noite
Sequer deito eu
Sem levar para cama um verso
Sem levar comigo o meu amor
Com seus beijos longos
Nenhuma noite
Sossego sem rimar no leito
O verbo te adorar.
DEDUTIVO
Por causa do passado,
passatempo,
tudo é passageiro.
Por conta do estranho,
estranhamento,
tudo é estrangeiro.
Em virtude deste amor,
encantamento,
Tudo é canteiro.
ESPERANÇOSO
Caso o acaso
acaso nos una
conquistaremos a lua.
Caso o acaso
não baste o bastante.
Caso nosso amor
não compense o instante.
NÁUSEAS
Saltitante entre as marquises
O desespero revelado de cada dia
Aqui jaz a substância humana
Armazenada em programas de computador
E a carne meus amigos...
A carne finge que é bela.
Crônicas do massacre urbano e livre
O amor enlatado e vendido com etiquetas de 1ª qualidade
Aqui descreve-se a moral do ocidente escrita em boas maneiras.
O MAR
O horizonte que se vê
Diante do mar
é um lastro dourado
é o azul profundo
que se abisma no infinito
O anil difuso
que se precipita interminável
e dilui suavemente no anoitecer
rubror fecundo
até amanhecer celeste e germinal
Mar horizontal
estado solar
sal de todo sal
horizonte
quando sempre
fonte da eterna fonte
GRANDE DESERTO DAS MATAS DO CERRADO
Sertão grande
cerrado
mata verde
ouro verde
aos poucos
dourando no grão de soja
ouro da cor de ouro
moeda
metal vil e afiado
abrindo novas feridas
na terra
terra vermelha
em breve verde
em breve ouro
da cor de ouro
cor da moeda
da cor de deserto
deserto de bichos
da mata de antes
deserto de almas
de tudo de antes
hoje apenas divisas
e desequilíbrio
da balança ambiental.
TEMPO REI
Reina o tempo indestrutível
Na planície da eternidade
No trono sagrado de todo tempo verbal
Reinado do tempo
As horas mudas, cegas e surdas
Pressentem novas e repetidas auroras
após o sol e a lua
acima do bem e do mal
Reina o tempo
O velho cavalheiro
De brasão místico e indecifrável
De um infinito ao outro
Tempo ao tempo
além do após
hálito úmido na cauda do vento
soprado no tempo
BOA SAFRA
Pela boa vontade
Pela boa palavra
Pela boa acolhida
O mediterrâneo é azul
o atlântico é azul
mar ou oceano
independente das geografias
e das convenções de Genebra
o mar é azul como o firmamento alpino.
É a continuidade do céu
o manto úmido
espelhado
espalhado
na superfície
turqueza azul
e diluviana
Daqui T.Vejo
desfazer-se em menos
de mil e uma noites.
Se bem-me-quer
ou Maomé quer
te querem escombros sob scuds
sob patriots americano-sionistas.
De muito vale,
a direção que levam.
HONRA AO MÉRITO
Você fez o que podre
retalhou a África
Você fez o que podre
viciou a China
Você fez o que podre
varreu as minas do Peru
Você fez o que podre
jogou Napalm na Indochina
Você fez o que podre
tirou a pátria dos Curdos
Você fez o que podre
matou as crianças do Chile
Você fez o que podre
A FRAGILIDADE DEMOCRÁTICA
Pergunta o camponês:
- quantas vacas para ordenhar?
Pergunta o segundo ministro:
-quantos cabras para ordenar?
LIBERATION I
Na Palestina
na Cisjordânia
na Jerusalém de sempre
todo comunicado oficial provoca pânico
vem sempre explodindo
e seguido de porrada
LIBERATION II
Na Palestina,
em Jerusalém
Davi e Golias
são da mesma tribo
tribal, caninos e canibais
e o grão de mostarda,
quem diria é maior do que da fé de todos
e não há mandamento
só (in)fundamentos
uma babel,
um vale de lágrimas,
pavimentado pelas sagradas autoridades
elas mesmas, bestas do apocalipse.
ESCOLA ATIVA
Nossa escola é engraçada
as crianças riem para as paredes
e as paredes que tem ouvidos
ouvem um murmúrio de sede.
Na escola engraçada
em constante ebulição
a matéria atomizada
é motivo de paixão.
EDIFÍCIO
No sexagésimo andar
atrás da aurora boreal
por trás do eclipse astral
E então
Mesmo não existindo heróis
E existindo as Brigadas Vermelhas, OLP, CIA e KGB
Um dia será razão
Pra se viver um verão
(Refrão)
Um dia de verão será sempre sol
E então
Um dia será razão
Pra se viver um verão
Se me pegam, me levam
Me batem, me sufocam
Não sei porque sou violento
Só sei que passo fome
Só sei que passo fome
Só sei que passo fome
REFRÃO
Sei que vai chover
E é tempo de dizer
Que eu amo você
No fino equilíbrio
Na ponta da sapatilha do balé
De Maiakovski, Malinowski e Bukowski
2010 Publica o livro “(in) certos versos e alguma (p)rosa. Palmas – Tocantins.
Editora.