RESENHA 2 - Bessta Dombo Menete
RESENHA 2 - Bessta Dombo Menete
RESENHA 2 - Bessta Dombo Menete
RESENHA 2
PENTATEUCO
Prof. Daniel Charles Gomes
Maputo
2023
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WALTKE, Bruce K. Comentário do Antigo Testamento - Genesis – Ed. Cultura Cristã.
Bruce K. Waltke, nascido em 30 de agosto de 1930, é um renomado professor de Antigo
Testamento e Hebraico. Com uma carreira acadêmica destacada em instituições como o Dallas
Theological Seminary, ele também foi presidente da Evangelical Theological Society e membro
de comitês de tradução bíblica. Autor premiado, seus trabalhos incluem "Intermediate Hebrew
Grammar" e "An Old Testament Theology".
RESUMO
Segundo o autor, o tema dos primeiros capítulos de Gênesis é a criação, Deus criando o universo
com ordem e vida, moldando o ambiente para diversas formas de vida. Esse cenário é o palco para
a história divina, onde Deus transforma o caos em um universo equilibrado. Ao longo da criação,
Deus revela seu plano que culmina na submissão de todas as criaturas a Cristo. A ordem da criação
reflete nas leis divinas, e desrespeitá-las vai contra a essência da criação. O drama da criação se
entrelaça com a história, atingindo o clímax quando todos reconhecem a autoridade de Cristo.
O esboço proposto pelo autor: Declaração sumária da criação do cosmos 1.1; Estado negativo da
terra antes da criação; 1.2 Criação pela palavra de Deus 1.3-31; Declaração sumária da criação do
cosmos 2.1; Epílogo: repouso sabático 2.2, 3.
Aqui o autor faz uma abordagem dividida em dois pontos: o processo e o progresso da criação.
Sobre o processo da criação o texto afirma que este é dividido em seis dias, cada um segundo um
processo básico da criação. As palavras-chave - “disse”, “separa do”, “chamado”, “viu”, “bom” -,
como ações e pensamentos de Deus, destacam sua presença onipotente e onisciente na criação. O
processo da criação segue tipicamente um processo de anúncio, ordem, separação, informação,
nomeação, avaliação e arcabouço cronológico. Cada dia começa com um anúncio: “E Deus disse.”
O herói da criação é Deus. Cada evento ocorre segundo a expressa vontade de Deus e através da
agência de sua palavra. As palavras poderosas de Deus trazem separação, dividindo dia e noite,
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águas e terra, peixes e aves. As fronteiras são importantes tanto na ordem criada quanto na ordem
social. Quando tudo se mantém em seu devido lugar e não ultrapassa seus limites, há ordem, não
caos. A afirmação do texto bíblico, “E assim Deus fez”, afirma que tudo existe pela expressa
vontade, propósitos e palavra de Deus.
Sobre o progresso da criação, o autor afirma que o narrador de gênesis constrói a história com
crescente detalhe e movimento. O narrador dedica mais tempo e espaço a cada dia até o ápice
máximo da criação, quando cessa o movimento e Deus descansa. O relato da criação é dividido
em duas tríades, as quais se contrastam com o estado informe (tohu) e o incompleto (bohu) da terra
quando a história tem início. A primeira tríade separa o caos informe nas três esferas estáticas. Na
segunda tríade, as esferas casa e proteção da vida são completadas com as formas de movimento
do sol, lua e criaturas viventes. Os habitantes da segunda tríade governam as esferas
correspondentes: o céu, as aves, os mares, os peixes, a terra seca, os animais terrestres, a vegetação
e os seres humanos.
Neste ponto, o autor afirma que, de acordo com o livro de Gênesis, Deus criou o universo em seis
dias. A palavra “princípio” se refere a todo o evento criado, os seis dias da criação, não algo
anterior aos seis dias nem uma parte do primeiro dia. “Deus” elõhim é um nome plural no hebraico
para denotar a majestade de Deus. Este nome representa sua relação transcendente à criação. Ele
é a expressão quintessencial de um ser celestial. O verbo “criou” se refere ao ato completado da
criação. A criação revela o imensurável poder e energia de Deus, sua perplexiva imaginação e
sabedoria, sua imortalidade e transcendência, deixando o finito mortal envolto em mistério. A terra
perdura em parte porque é trazida à existência através da sabedoria de Deus, à qual anexa sua
justiça. Sua criação incorpora tanto aspectos físicos quanto socioculturais da realidade. A frase “os
céus e a terra” representa o cosmos, significando o universo organizado no qual vive a humanidade
De acordo com o autor, o início da história não começa com Deus criando a terra, mas com ela já
presente, porém indistinta e informe. Afirma que, o termo "terra" é usado de várias formas,
significando o cosmos, terra seca e, neste contexto, o planeta em si. A expressão "sem forma e
vazia" indica um estado desordenado, refletindo a ausência de vida. As trevas cobrem a superfície
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do abismo, simbolizando um lugar inóspito para a vida, associado ao mal irracional. O "Espírito
de Deus" paira sobre esse abismo, preparando a terra para ser habitada, como um vento poderoso
ou, como o próprio Espírito divino. O autor compara essa ação à construção do templo cósmico
de Deus, conectando-se à ideia do Espírito capacitando a construção do tabernáculo na terra.
No primeiro dia, Deus, por meio de Sua palavra, traz ordem ao caos, criando luz como símbolo de
vida e estabelecendo Sua soberania. Os "dias" representam ordem divina, não períodos literais. No
segundo dia, Deus forma a atmosfera, separando águas e criando o firmamento, sem avaliação,
pois elementos essenciais ainda não existem. No terceiro dia, Deus permite que a terra produza
vida, sendo agente do poder divino. A avaliação divina ocorre duas vezes, declarando a criação
como boa. No quarto dia, Deus cria luminares no firmamento, refutando divindades pagãs e
designando sol e lua para servir à humanidade. No quinto dia, Deus ordena que as águas produzam
vida pela Sua palavra, incluindo grandes criaturas marinhas, vistas como parte das muitas criaturas
dependentes de Deus. No sexto dia, Deus cria animais, destaca diferenças entre gado e carnívoros,
abençoa peixes e aves por habitarem esferas distintas e cria a humanidade à Sua imagem, com um
duplo mandato. A avaliação final é que a criação é ‘’muito boa’’.
Afirmação Sumária
A afirmação sumária final sublinha que o Criador executara perfeitamente sua vontade com
respeito à primeira tríade.
Neste ponto o autor destaca que o sétimo dia, sétimo dia distinto o que indica sua importância
especial. Neste dia, Deus conclui Sua obra, dedicando-o à santificação do tempo em contraste com
os seis dias anteriores que envolviam subjugar o espaço. Abençoado para o descanso da terra, esse
dia convida a humanidade a seguir o padrão de trabalho e descanso do Criador, reconhecendo Seu
senhorio. A ausência de "tarde e manhã" sugere a persistência da ordenança do sábado,
incentivando a participação e apontando para o descanso sabático eterno. Deus abençoa e santifica
o sétimo dia, conferindo-lhe singularidade no relato bíblico da criação, estabelecendo a ideia de
uma semana de sete dias, particular a Israel, e instituindo o descanso sabático como um santuário
temporal para o povo descansar semanalmente com Ele.
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Reflexões Teológicas sobre o prólogo
De acordo com o autor, a existência de Deus é axiomática e autoevidente e seu caráter se revela
na interação com a criação.
Apesar do autor de genesis não abordar a origem do caos antes da criação, enfatiza a limitação e
controle de Deus sobre as condições hostis à vida. O estado pré-criação sugere que o que é hostil
à vida não é resultado do pecado humano. A resposta de Deus a Jó destaca que as forças caóticas
são um mistério, mas operam dentro das restrições divinas. O controle de Deus é evidente na
limitação do mar pela terra e das trevas pela luz da manhã.
Segundo o autor, a palavra divina não apenas chama o mundo à existência, mas também convoca
Abraão e a igreja. O narrador não explica a origem do mal moral, exemplificado por Satanás, mas
ressalta que o pecado humano impacta a ecologia, conforme evidenciado em Gênesis 3.17 e no
relato de Noé. A criação é unida a Deus pela palavra, e os produtos da criação são interligados.
Cristo, como o Logos de Deus, ilustra poderosamente essa conexão, unindo o povo ao Deus Triúno
por meio da palavra.
O autor também enfatiza que, a compreensão da imagem de Deus é crucial para o entendimento
do destino e da relação com Deus. A visão que temos de nós mesmos molda nossa natureza e
influencia nossa vida espiritual. A imagem de Deus confere dignidade e significado, permitindo-
nos viver em relação com Deus e exercer domínio sobre a terra. A compreensão cristã da imagem
de Deus é distinta do pensamento da Nova Era; somos feitos à imagem de Deus, mas não somos
Deus. A imagem não é apagada após a queda e continua em cada indivíduo, sendo plenamente
cumprida em Cristo.
Em relação ao sábado, o autor afirma que, como observado na criação e na tradição judaica, é um
dia significativo para reconhecer a importância do tempo, descansar e lembrar da obra de Deus.